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1. Origem da criminologia
Topinard foi quem primeiro utilizou o termo Criminologia. O reconhecimento adveio em 1885 com a obra
Criminologia de Garofalo. Há divergência quanto à origem da Criminologia, se o nascimento veio no séc. XIX, com a
escola positivista de Lombroso, ou no séc. XVIII, com a Escola Clássica de Beccaria.
a. Em 1764 – quando da publicação da obra: Dos delitos e das penas, de Cesare Bonesana (Beccaria). Defendida pelos
criminólogos da reação social, com perspectiva histórica, para os críticos, como: Roberto Bergalli, Juan Bustos Ramirez
e Cirino dos Santos.
b. Em 1876 – quando da publicação da obra: O homem delinquente, de Lombroso. Defendida pelos criminólogos
etiológicos. Molina entende a etapa pré-científica advinda com a escola Clássica e a etapa científica advinda com a
Escola Positivista, estando aí a linha divisória.
c. Em 1484 – quando da publicação da obra: Malleus Malleficarum, de Kramer e James Sprenger, que segundo
Zaffaroni, foi o primeiro discurso criminógeno. Também Nilo Batista.
a. Criminologia Clássica
Surge no séc. XVIII. Beccaria é um de seus precursores. Propõe a restrição da pena de morte e a supressão de
todo tipo de pena de suplícios (físicas), mantendo-se a pena de morte para casos excepcionais. Propõe celeridade na
aplicação das penas, mas que a mesma não necessita ser cruel. Intimidação através da rápida aplicação das penas.
Prevenção geral negativa. Estudava o crime. O crime era percebido como ente jurídico, opção de escolha pessoal do
indivíduo em face do livre arbítrio.
- Postulados: construiu-se uma abordagem liberal ao direito criminal, a utilidade do direito de punir pautada
no direito social.
- Método: dedutivo.
b. Criminologia Positivista
Mudança radical de pensamento. Ascensão de um modelo higienista. Adveio no fim do séc. XIX, com
Lombroso. Trouxe a influência da medicina legal e o cientificismo para a Criminologia. Tem com objeto de estudo o
criminoso. Análise da ossatura dos indivíduos, marcando características físicas, do que seriam os criminosos. Afirma
ter encontrado a chamada fosseta occipital média. Num cadáver chamado “Vilela” afirmou ter encontrado a
“degenerescência” humana, Teoria do atavismo. Nina Rodrigues, foi um dos grandes expoentes da criminologia
positivista no Brasil. Tem como matrizes, Comte, Darwin e Spencer.
Ferri conteve ideias de Lombroso, corrigiu suas teses do criminoso nato, apoiando-se nos fatores exógenos,
socioeconômicos e culturais. Abrandamento das teorias lombrosianas.
- Postulados: o crime se explicava pelo estudo ontológico, da essência do ser, natural; paradigma etiológico.
- Função da pena: prevenção especial (negativa - pela neutralização individual; positiva – pela correção).
- Método: indutivo-experimental.
- Disciplinas que interagiam: Antropologia e Medicina social (Lombroso); Sociologia (Ferri); Direito (Garofalo).
c. Criminologia Crítica:
Séc. XX – A criminologia crítica, com o materialismo político, entende o crime como político, cultural, dinâmico
e relativo. O crime não é qualidade do ato, é ato qualificado como criminoso. O crime nasce da elaboração legislativa,
a partir de conflitos na estrutura social. Portanto, o controle social é quem cria o crime. Trabalha a partir do modelo
da reação social. Tem como matrizes: Becker – desenvolveu o conceito de rotulação; Goffman – desenvolveu o
conceito de estigma; Chapman - desenvolveu o conceito de estereótipo.
“A criminologia crítica vincula o fenômeno criminoso à estrutura das relações sociais. São criminosos e
criminógeno os sistemas que produzem, por suas estruturas econômicas e sociais e superestruturas jurídicas e
políticas, as condições necessárias e suficientes para a existência do comportamento desviante.” (Juarez Cirino dos
Santos).
“A criminologia compreende uma série de discursos, conjunto de conhecimentos de diversas áreas, que
buscam explicar o fenômeno criminal através dos saberes das corporações hegemônicas em cada tempo histórico.
São aplicados à análise e crítica do poder punitivo para explicar sua operatividade social e individual, além de viabilizar
a redução em seus níveis de produção e reprodução da violência social.” (Zaffaroni e Nilo Batista).
Atua sob enfoque interdisciplinar associado à Sociologia Crítica, que entende a solução para a criminalidade
pela extinção da exploração econômica. Tem viés marxista. Há crítica à Criminologia do Consenso, em que o delito
coloca-se como fenômeno do modo de produção capitalista. Pauta-se no modelo de conflito social.
- Postulados: tem como base o materialismo histórico. As instituições de poder criam a reação social, que por
processos de definição atribuem a qualidade de crime e o status de criminoso. Desse modo, a reação social é quem
cria a normal penal, e esta é quem cria o crime.
- Função da pena:
- Objeto de estudo: o controle social (e o sistema penal, que está dentro do controle social).
- Adeptos: Walton, Taylor, Young, Baratta, Bricola, Pavarini, Melossi, Zaffaroni, Castro, Del Olmo, Juarez Cirino,
Batista, Karam, Malaguti.
Tem como objetivos a prevenção do delito, daí, diagnosticar o fenômeno criminal, acompanha-lo com
estratégias de intervenção por programas de prevenção do crime pela eficácia do seu controle e custos sociais.
O empirismo consiste em uma doutrina que busca extrair o conhecimento a partir da experiência, mesmo
negando princípios de racionalidade. Consubstancia-se na ciência do ser. Parte da observação e análise do objeto.
O método interdisciplinar, o qual se conecta com outros saberes parciais como: a Psicologia, a Sociologia e a
Biologia, por conexão. O método interdisciplinar difere do multidisciplinar, no qual saberes parciais trabalham lado a
lado, fornecendo diferentes informações sobre tema específico. No método interdisciplinar saberes parciais se
entrelaçam, há cooperação, articulação dos conteúdos que se integram, há reciprocidade de intercâmbios, conexão
profunda e enriquecedora.
Crime
A noção de crime é relativa, advém da reação social, do controle social. O direito penal é quem cria o crime. O
crime não é uma qualidade do ato, é um ato qualificado como criminoso. O crime varia em cada tempo histórico, em
função de certo contexto social. Em uma sociedade conflitiva a noção de crime tem múltiplas interpretações.
Para a Sociologia Criminal, o crime deve ser entendido como conduta desviada. O termo desvio deve substituir
o termo crime, ao verificar que determinados comportamentos infringem o padrão esperado pela sociedade. O
conceito de desvio é mais amplo, e abrange o crime.
Delinquente
O estudo do delinquente passou a um segundo plano. Ocorreu um deslocamento do enfoque para a conduta
delitiva, o controle social e a vítima. Hoje, o delinquente é examinado, para Molina e Gomes, em suas
interdependências sociais como unidades biopsicossociais, e não sob uma perspectiva biopsicopatológica. Embora, a
Psicologia estude a personalidade do desviante.
- Postulados:
- Função da pena:
- Adeptos:
1. TEORIAS DO CONSENSO
Para Durkein a anomia ocasiona o cometimento de crimes. Para o autor, é funcional que pequena parcela da
população viva em anomia e cometa crimes, pois a punição reforça os valores vigentes para o restante da população
(esta é uma das bases filosóficas da finalidade das penas). O crime é uma constante em todas as sociedades regradas.
Para Merton, anomia é o lapso entre a expectativa cultural de sucesso e os meios disponíveis para alcança-lo.
Reação do indivíduo:
a) conformismo;
e) rebelião (pretende-se substituir o valor vigente em busca de uma nova realidade social).
A desigualdade do sistema punitivo ficou em evidência com o surgimento dos primeiros crimes de “colarinho
branco”. As causas desses crimes é a principal análise da teoria da associação diferencial.
Após a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, o governo americano implanta um pacote de regras
econômicas – New Deal: direitos sindicais, trabalhistas, previdenciários e tipificação de alguns crimes relacionados à
violação dessas regras.
Alguns empresários resolvem burlar essa regulamentação econômica (por ter havido perda em seus lucros),
surgindo assim os primeiros crimes de “colarinho branco” – cometido por pessoa de ata respeitabilidade social no
âmbito de sua atividade profissional.
c) Edwin Sutherland
Sutherland propõe uma etiologia geral para a criminalidade, isto é, que explique tanto o crime de rua quanto
o crime de “colarinho branco”. No livro Crimes de Colarinho Branco. Pesquisou as maiores empresas americanas e
constatou que a esmagadora maioria cometia crimes, mas apenas uma parcela ínfima era punida criminalmente.
Parte do pressuposto que o crime pode ser objeto de um aprendizado, que se dá na imitação de certos
comportamentos. O sujeito se torna criminoso observando o comportamento do outro, fazendo um juízo de custo e
benefício e passando a cometer os crimes.
O crime pode ser objeto de aprendizado. Que se dá pela comunicação do agente com outras pessoas e
posterior imitação de certos comportamentos. Essa comunicação se dá no seio de um grupo delimitado, família,
pessoas próximas, trabalho.
O processo de aprendizagem engloba tanto as técnicas criminosas, como a justificação para a prática das
condutas criminosas. Aprende a burlar e justificar essa conduta. O impulso se dará para a legalidade ou ilegalidade,
em razão de uma interpretação favorável ou desfavorável dos códigos legais (análise do custo-benefício).
f) Tratamento diferencial
- Cifra dourada da criminalidade: ausência dos crimes de colarinho branco nas estatísticas oficiais. O que dificulta o
entendimento por parte da população de que aqueles são crimes de verdade.
- Tendência em usar métodos não penais: o Estado está muito mais interessado em recuperar o dinheiro do que em
punir aqueles agentes.
2. TEORIAS DO CONFLITO
Partem do pressuposto de que a criminalidade é inerente à estrutura social. Tais teorias não são etiológicas,
mas sim interacionistas. A sociedade está dividida em classes em conflito. Interação entre a estrutura social e o
indivíduo considerado criminoso.
“O crime nada mais é do que aquilo que a sociedade define como fato punível”. (Howard Becker)
VITIMOLOGIA
1. Conceito
É a ciência que se ocupa da vítima e da vitimização, cujo objeto é a existência de menos vítimas na sociedade
quando esta tiver real interesse nisso.
2. Evolução e finalidade
Procura entender e analisar as condições e os processos de vitimização pelos quais certos tipos de pessoas e
certas categorias sociais aparecem mais grave e frequentemente como vítimas.
3. Objetos
- Reincidência criminal.
4. Dupla Penal
Criminoso e a vítima. Faz uma classificação que leva em conta a participação ou provocação da vítima: a) vítima
ideal (completamente inocente); b) vítima menos culpada que o criminoso; c) vítima tão culpada quanto o criminoso
(dupla suicida, aborto consentido, eutanásia); d) vítima mais culpada que o criminoso (vítima por provocação); e)
vítima como única culpada (imaginária, simulada, agressora).
1º grupo: criminoso – vítima – criminoso (sucessivamente) = é o criminoso que novamente se torna reincidente após
sofrer um processo de vitimização no cárcere.
2º grupo: criminoso – vítima – criminoso (simultaneamente) = caso de usuário de drogas que é vitima e passa a traficar.
3º grupo: criminoso – vítima (imprevisível) = é a vítima que se torna criminosa por um fator imprevisível, como
linchamento, saque, uso de drogas etc.