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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 

MÓDULO 1 – EPIDEMIOLOGIA GERAL 
CASO 01 – HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA  
EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE  
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA  
MEDIDAS PREVENTIVAS  
CASO 02 – MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIA  
MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIA  
TIPOS DE MÉTODOS DE ESTUDO NA EPIDEMIOLOGIA  
EVIDÊNCIAS/NÍVEL DE EVIDÊNCIA  
GRAU DE RECOMENDAÇÃO  
ENSAIO CLÍNICO – FASES  
REVISÃO SISTEMÁTICA  
METANÁLISE  
ESTUDOS MULTICÊNTRICOS  
VIES  
CASO 03 – INDICADORES DE SAÚDE  
INDICADORES DE SAÚDE  
GRUPOS DE INDICADORES DE SAÚDE  
NÚMERO ABSOLUTO X NÚMERO RELATIVO  
INDICADOR X ÍNDICE  
COEFICIENTE X TAXA X ÍNDICE  
PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE  
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO X TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA X TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA  
CURVA DE MORTALIDADE PROPORCIONAL  
CASO 04 – DOENÇAS INFECCIOSAS  
INFECÇÃO E DOENÇA INFECCIOSA  
PERÍODO DE INCUBAÇÃO E DE TRANSMISSIBILIDADE  
DOENÇAS QUARENTENÁVEIS E DE ISOLAMENTO  
A CADEIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS  
VETORES  
DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES  
ENDEMIA, SURTO, EPIDEMIA E PANDEMIA  
CASO 05 – DOENÇAS E AGRAVOS NÃO­TRANSMISSÍVEIS (DANT)  
CARACTERIZAÇÃO DAS DANT  
MAGNITUDE DAS DANT  
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DANT  
INTERVENÇÕES PARA PREVENÇÃO DE DANT E PROMOÇÃO DA SAÚDE  
ETIOLOGIA – ESCLARECIMENTOS  
CASO 06 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA  
BASES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS  
PROPÓSITOS E FUNÇÕES  
COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES  
UTILIZAÇÃO DO ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA  
NORMATIZAÇÃO  
RETROALIMENTAÇÃO DO SISTEMA  
AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA  
CASO 07 – VIGILÂNCIA SANITÁRIA  
A VIGILÂNCIA SANITÁRIA  
LOCAIS DE ATUAÇÃO  
OBJETIVOS, NOÇÕES E FUNÇÕES  
INSTRUMENTOS PARA AÇÃO  
EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (SNVS)  
 
   


 
EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
CASO 01 – HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE 
● Conceito  de  saúde:  Completo   estado  de  bem‐estar   físico,   mental  e   social,  não  apenas  ausência de  
doença. 
● Conceito  de  epidemiologia:  Estudo  dos  fatores  que  determinam  a  frequência  e  a distribuição das 
doenças nas coletividades humanas. Estuda os problemas de saúde em grupos de pessoas.  
● Objetivos da epidemiologia: 
1. Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas; 
2. Proporcionar dados para planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle  e 
tratamento das doenças; 
3. Identificar fatores etiológicos no surgimento de enfermidades. 
 
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
Processo no qual o ser  humano passa por  múltiplas situações, que exigem do seu meio  interno um 
trabalho de compensações  e adaptações  sucessivas. A questão saúde x doença, portanto, não é um problema 
de  presença/ausência, mas um equilíbrio dinâmico de fatores que constituem a história natural da doença. A 
HND  trata‐se  de  como  o  processo  patológico  ocorreria  sem  interferências, ou seja,  sem haver tratamento, 
prevenção...  
Divide‐se em  dois períodos: ​pré­patológico​,  ou epidemiológico, ​patológico​. Abrange dois domínios 
que se  completam mutuamente: o meio ambiente, onde ocorrem as pré‐condições, e o meio interno, onde se 
processam modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas progressivamente. Constitui um tríade: meio 
ambiente, agente etiológico e suscetível, podendo haver um vetor no processo. 
O  período  pré‐patológico  contem a ​fase de suscetibilidade​,  inicial, ou de  fatores ambientais.  Nela, 
não  há doença propriamente dita, mas há  condições que favorecem o seu aparecimento. As pessoas, contudo, 
não   apresentam   o  mesmo  risco  de  adoecer:  "um  dos  princípios  básicos  do  raciocínio  epidemiológico  
baseia‐se  na constatação de que  as  pessoas não  nascem iguais nem  vivem iguais. Muitas passam  as vidas em 
condições  ou  possuem  características   e  atributos  ou  hábitos  que  facilitam  ou  dificultam  a  ocorrência  de 
danos à saúde: são os fatores de risco ou de proteção. 
Já  o  período  patológico  contem  as  seguintes  fases:  de  ​interação  estímulo­suscetível​,  de  ​alterações 
fisio­histo­biológicas ​(juntas, formam a fase  ​pré­clínica​), de ​sinais e sintomas​, ou  ​clínica​, e a de ​cronicidade​, ou 
de ​incapacidade residual​. 

Na fase  ​pré­clínica​, não há sintomas, mas  o  organismo já  apresenta alterações patológicas. Ou seja, 


embora ainda não sejam percebidos os sintomas, já há algo fora do normal ocorrendo no organismo. A etapa 
vai desde o início do processo patológico até o aparecimento de sintomas. 
Na  fase  ​clínica​,   a  doença  já   se  encontra  em  estágio  adiantado,  exteriorizando‐se  através  dos 
sintomas. É nesta fase que o indivíduo procura o atendimento médico. 
Na  fase  de  ​incapacidade  residual​,  se  a  doença  não  progrediu  até  a  morte  ou  não  houve  cura 
completa, as alterações anatômicas e funcionais se estabilizam e voltam ao normal, podendo deixar sequelas. 
Existem  também  períodos  específicos, conhecidos como  de incubação e de latência. O ​período de incubação 
(infecciosas)  é o intervalo entre a exposição efetiva do hospedeiro suscetível a um agente biológico e o início 
dos  sinais  e  sintomas   clínicos  da doença nesse hospedeiro.. Já  o ​período  de  latência   ​(não‐infecciosas) é  o 
intervalo entre a exposição a agentes químicos tóxicos e o início dos sinais e sintomas. 
Há também padrões de progressão nas doenças, que podem ser separados em cinco categorias: 
a. evolução aguda e fatal; 
b. evolução  aguda,  clinicamente 
evidente, mas com recuperação; 
c. evolução  subclínica,  que  acontece  
sem que  o  doente perceba sintomas 
da doença; 


 
EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
d. evolução  crônica  progressiva  com  óbito 
em longo prazo; 
e. evolução  crônica  com  períodos 
assintomáticos.   


 
EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
O  homem,  assim  como   o  meio  ambiente,  é  participante  intrínseco  tanto   na  HND   quanto  na 
prevenção  de  patologias.   Com   base  na   história   natural  da   doença,  o  homem  tem   parte durante  o período 
pré‐patológico  ‐ nas   interações  BEINGS  (Biológico,   Envoltório/ambiente,  Imunidade,   Nutrição,  Genético  e  
Social)   e medidas  de  prevenção  primária ‐  e  o  patológico,  através  das  medidas  secundária  e  terciária  de  
prevenção, aliadas aos fatores BEINGS, sempre presentes na HND. 
 
MEDIDAS PREVENTIVAS 
São  medidas  preventivas  aquelas  usadas  para  evitar  as  doenças  ou  suas  consequências,  além  de 
trata‐las.  Podem  ser  classificadas  em   inespecíficas  ou  específicas.  ​Medidas  inespecíficas​, gerais  ou  amplas 
promovem o bem‐estar das pessoas. Já as ​medidas específicas ​ou restritas incluem as técnicas próprias para 
lidas com cada dano à saúde em particular. 
As  medidas  de  prevenção,  com   base  nas fases da  HND,  situam‐se em todo  o processo,  sendo cada 
tipo em uma fase distinta. Existem 3 tipos de prevenção: ​primária​, ​secundária​ e ​terciária​.  
A primária ocorre  no  estágio pré‐patológico, e  tem como  objetivo eliminar  os fatores de  risco para 
impedir  o  contagio  pelo  homem.  Comporta  dois  níveis  de  prevenção:  ​1º  ­  ​promoção  à  saúde  (educação 
sanitária, saneamento básico, uso da camisinha, etc.) e ​2º​ ­ ​proteção específica​ ​(vacinação, por exemplo). 
Na prevenção  secundária, que  ocorre nas  fases pré‐clínica  e  clínica, o objetivo é  detectar a doença e 
tratá‐la  o  mais  rápido  possível.  Assim,  é  dividida  em ​3º ­  ​diagnóstico  e tratamento precoces ​(exames de 
rastreamento) e ​4º​ ­ ​limitação do dano​. 
Já  na  prevenção  terciária,  há  o  ​5º​ ​e  último  nível  de  prevenção  ‐  ​reabilitação​,  ou  seja,   evitar 
complicações e sequelas. 
Há  também  outro  critério  de  classificação  de  prevenção, mais  restrito, o qual engloba as medidas 
praticadas por indivíduos  que, no momento, não sentem os efeitos de uma doença. Estas  medidas dirigem‐se 
à  diminuição  do  risco  de  aparecerem  futuras  doenças.  São  as  medidas   universais,  seletivas  e 
individualizadas.  
As  ​medidas  universais  são  recomendadas   a  todas  as  pessoas,  pois os  benefícios ultrapassam  em 
muito  os  custos  e  riscos.  Aplicadas  com ou sem  assistência profissional (ex: higiene,  dieta e  exercícios). As 
medidas seletivas  são  aconselhadas a subgrupos,  a segmentos  populacionais com alto risco  de adoecer (ex: 
proteção  no  trabalho,  vacinação  antirrábica   em  animais  e abstinência  de álcool e fumo em grávidas). Já  as 
medidas  individualizadas​, são aplicadas unicamente na  presença de  uma condição  que coloca o individuo 
em alto  risco  para o desenvolvimento  futuro  da doença (ex: quimioprofilaxia contra a tuberculose, controle 
da hipertensão e da hipercolesterolemia). 

As medidas de  ​profilaxia podem e  devem ser utilizadas com  a finalidade de  impedir ou diminuir  o 


risco de transmissão  de uma  doença. Consistem em um conjunto de  atividades,  no  sentido de proteger uma 
população  da ocorrência  ou  da evolução de um fenômeno desfavorável à  saúde. Profilaxia é, na  realidade,  o 
conjunto de medidas visando a prevenção da doença em nível populacional. 
A  pesquisa  científica pode  compreender  e  analisar  melhor  todo  o  processo conforme surgirem os 
avanços científico‐tecnológicos, utilizando‐os,  dessa maneira,  para otimizar as medidas preventivas  de uma 
maneira geral. 
   


 
EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
CASO 02 – MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIA 
MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIA 
A  ​Medicina  Baseada  em  Evidências  (MBE)  é   definida  como  o  elo  entre  a  boa   pesquisa  científica e  a 
prática  clinica.   A  MBE  utiliza  provas  científicas  existentes   e  disponíveis  no   momento,  com  boa  validade  
interna   e  externa,  para  a   aplicação  de  seus  resultados  na  prática  clínica.  Quando   é  abordado  o  tema  do 
tratamento e fala‐se em ​evidências​, elas relacionam‐se com a efetividade, eficiência, eficácia e segurança: 
­ Eficácia​:  indica a  utilidade ou o benefício (ex: procedimento clínico), quando aplicado em condições 
bem  controladas.  Para ser  eficaz, o procedimento deve ser  capaz de produzir  o efeito desejado, em situações 
"ideais de uso". Trata‐se do resultado obtido em "laboratório"; 
­ Efetividade​:  é  o   grau  em que uma determinada intervenção, procedimento ou serviço  produz um 
resultado  benéfico,  quando  empregado  no  "mundo  real",  em  uma  população  bem  definida;  é  o  resultado 
verdadeiramente  observado  nas  condições  habituais  de   uso,  por  isso a  efetividade  está muito relacionada 
com o dia a dia das pessoas; 
­ Eficiência​:  refere‐se  aos  efeitos  alcançados  em  relação  ao  esforço  despendido,   em  termos  de 
recursos  e  tempo  utilizados;  é  o  resultado  obtido,  tendo  em  conta  os  insumos  empregados.  Avalia‐se  o 
custo‐benefício  final  do  que  foi  pesquisado  ou  da   experiência,  levando  em  conta  o   custo,  o  tempo   e  o 
resultado de tais estudos, decidindo, assim, se eles são realmente eficientes para a saúde da população; 
­ Segurança​:  significa  que uma intervenção  possui características confiáveis que tornam improváveis 
a ocorrência de efeitos indesejáveis para o paciente. 
A MBE é uma abordagem para a tomada de decisões em que o médico  usa a melhor evidência disponível, 
em consulta com  o paciente, ou no  planejamento da saúde, para decidir sobre a opção que  se adapte melhor à 
situação.  
O seu uso exige compreensão acerca das seguintes questões: 
­ Quando  possível,  os  profissionais  da  saúde  devem  utilizar  informações  provenientes  de  estudos  
sistemáticos,   reprodutíveis  e  sem  tendenciosidade,  de  forma  a  aumentar  a  confiança  no  prognóstico,  na 
eficácia da terapia e na utilidade dos testes diagnósticos. 
­ A compreensão da fisiopatologia é necessária, mas insuficiente para a prática clínica. 
­ A  compreensão  de  determinadas  regras  de  evidência  é necessária para  avaliar e aplicar de forma 
efetiva a literatura médica. 
 
TIPOS DE MÉTODOS DE ESTUDO NA EPIDEMIOLOGIA 
● Estudos  descritivos​:  são  a  primeira  fase   na  obtenção  de  conhecimento.  Informam  sobre  a 
distribuição de um evento na população de  maneira quantitativa, podendo ser de incidência  ou  prevalência. 
Não  há  um  grupo‐controle  para  comparação   dos  resultados,  sendo,  portanto,  considerados  ​estudos  
não­controlados​.  A  população utilizada pode ser composta tanto por apenas indivíduos  doentes, quanto por 
apenas indivíduos sadios, como também pela mistura de ambos os grupos. 
● Estudos  analíticos​:  segunda  fase  na  obtenção  de  conhecimentos  sobre  um  tema.  As  pesquisas  
analíticas,  diferentemente  das   descritivas,   seguem  a   uma  ou  mais  questões,  as  hipóteses,  que  relacionam 
causa e  efeito (ex: obesidade > diabetes?  Fumo  >  câncer? Vacina > Prevenção?). Neste tipo de estudo, há um 
grupo­controle​, que  serve  de comparação com  o grupo  de estudo. Os diferentes tipos  de estudos analíticos 
se formam pela maneira com que os grupos de estudo e controle são organizados. 
­ Ensaio  clínico  randomizado​:  parte‐se  da  causa  em 
direção   ao  efeito.  Os grupos de  estudo e controle são  formados  
aleatoriamente,  com  o  objetivo  de  formar  grupos semelhantes. 
Em  seguida,  faz‐se  a  intervenção,  avaliando  os  resultados  em 
apenas um dos grupos, servindo o outro para comparação. 
­ Estudo  de  coorte​:  aqui  também  parte‐se da  causa  em 
direção   ao  efeito.  A  diferença  está  em  não   haver  alocação 
aleatória da exposição. Os grupos são formados por  observação das situações  reais, permitindo comparações  
como a seguinte: obesos x operados x os que recusam a cirurgia. 
­ Estudo  de  caso­controle​:  este  tipo  de  estudo,  diferentemente  dos  demais,  parte  do  efeito  em 
direção  à causa. É, portanto uma pesquisa etiológica do tipo retrospectiva, de trás para frente. Nesse sentido, 
pode apenas ser realizada após o efeito já ter ocorrido. 


 
EPIDEMIOLOGIA GERAL 

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­ Estudo  transversal​:  nesta  modalidade,  causa  e  efeito  são  identificados   ao  mesmo  tempo.  Ao 
contrário  dos   métodos  anteriores,  é  somente  a  análise  dos  dados  que  permite  identificar  os  grupos  de 
interesse,   expostos,  não‐expostos,  doentes  e  sadios,  de  modo  a  investigar  a  associação  entre  exposição  e 
doença.   


 
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● Estudos  ecológicos  (ou  estatísticos,  de  grupos):  diferentemente  dos  outros  tipos  de  estudos,  os 
estudos  ecológicos  não  têm  como  unidade  de  observação  o  indivíduo,  mas  o   ​grupo  de  indivíduos​. 
Denomina‐se  ​variável ecológica aquela que descreve o que ocorre num  conjunto de indivíduos. Neste estudo, 
os dados já estão agregados e não se sabe se um dado indivíduo tem esta ou aquela característica.  
 
EVIDÊNCIAS/NÍVEL DE EVIDÊNCIA 
A  ​evidência  surge  como  produto  de  estudos  ou  experiências.  Quanto  mais  sério,  padronizado, 
rigoroso e metodológico for o estudo, maior  será a  importância da evidência obtida. Atualmente os diferentes  
tipos  de  evidência  são  classificados  em  ​níveis​,  que  vão  de  1  (melhor)  a  5.  A  classificação  permite   que as 
evidências  sejam identificadas  com base na relevância e  confiabilidade  para futuros usos, como em  estudos, 
pesquisas, trabalhos e recomendações, por exemplo. 
 
GRAU DE RECOMENDAÇÃO 
O  ​grau  de  recomendação  é  um  parâmetro,   com  base  nas  evidências  científicas,  aplicado  a  um 
parecer (recomendação), que  é emitido  por uma determinada  instituição ou sociedade. Esse parecer leva em 
consideração  critérios  como  viabilidade,  custos, questões  políticas, características  de uma  população,  além 
das  evidências  científicas.   Por  isso  o  grau  de  recomendação  pode  variar  amplamente  entre  as  diversas 
instituições. 


 
EPIDEMIOLOGIA GERAL 

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ANDRÉ BIONE 
 
ENSAIO CLÍNICO – FASES 
Um ensaio  clínico é qualquer investigação  em  seres humanos,  objetivando descobrir ou verificar os 
efeitos  farmacodinâmicos,  farmacológicos,  clínicos  e  outros efeitos de  produto,  além  de identificar  reações 
adversas ao produto em investigação, com o objetivo de averiguar sua segurança e eficácia. 
Fase pré­clínica​: Aplicação de nova molécula em animais,  após  identificada em experimentações in 
vitro  como  tendo  potencial  terapêutico.  ​Fase  clínica  I​:  farmacocinética  no  ser  humano  (metabolismo  e 
biodisponibilidade);  Segurança  em  indivíduos  sadios;  ​Fase  II​:  Estudo  Terapêutico  Piloto;  Segurança  e 
eficácia  em  pacientes;  ​Fase  III​:  Estudo  Terapêutico  Ampliado;   Eficácia  do  medicamento  comparada   entre 
países,  multicêntrico;  ​Fase  IV​:  pesquisa  após  aprovação  para  comercialização  do  produto;  Efetividade  e 
segurança ou teste no mundo real 
 
REVISÃO SISTEMÁTICA 
O  propósito de uma  ​revisão  sistemática é resumir a melhor pesquisa disponível sobre uma questão 
específica. Isto é feito por meio da síntese dos resultados de diversos estudos. 
Uma  revisão  sistemática utiliza procedimentos  transparentes para  encontrar, avaliar e sintetizar os 
resultados  de  pesquisa  relevantes.  Os  procedimentos   são  explicitamente   definidos  antecipadamente,  de 
modo a assegurar que  o  exercício é  transparente e pode ser replicado. Esta prática também é projetado para  
minimizar  o  preconceito. Estudos incluídos em uma revisão são rastreados quanto à qualidade, de modo que 
os  resultados de  um  grande  número  de estudos possam  ser combinados. A revisão em pares (peer review) é 
uma  parte fundamental do processo: pesquisadores  independentes e qualificados controlam  os métodos do 
autor e os resultados. 
Uma revisão sistemática deve ter: 
­ Critérios de inclusão/exclusão claros e transparentes 
­ Uma estratégia de busca explícita 
­ Codificação e análise sistemática de estudos incluídos 
­ Meta‐analise* (quando possível) 
 
METANÁLISE 
Metodologia  em  que  os  resultados de  ​estudos que ​abordam  a mesma questão  e empregam métodos 
similares  são  combinados  para  aumentar  a  força  estatística   e,   dessa   forma,  uma  conclusão  mais  definitiva 
pode ser obtida. As melhores metanálises utilizam‐se de estudos controlados e aleatorizados.  
 
ESTUDOS MULTICÊNTRICOS 
Nos  ​estudos  multicêntricos  ​pesquisadores  de  diferentes  centros  de  pesquisa,   com  interesses  e 
habilidades  similares,  trabalham  juntos  em  um mesmo problema​. Desse  modo, há  a produção  dos dados  em 
diferentes  locais, sendo necessária  a transmissão dos  dados entre  os centros  envolvidos no estudo, além de 
haver um grande número de pesquisadores envolvidos.  
Ensaios  clínicos  multicêntricos  são  considerados  o  padrão  ouro  em  pesquisa  clínica.  São 
extremamente úteis em  pesquisa  de doenças  raras, na  avaliação  de novos fármacos e de novas  terapias. Por 
atender  comunidades  distintas  ao  mesmo  tempo  coletando  dados  de  diversas  regiões  geográficas,  seus 
resultados podem ser interpretados como válidos para a população em geral.  
Apresentam como vantagem principal  a redução no tempo de experimento porém são de alto custo 
e  alta complexidade. Exigem a monitorização  constante do desenvolvimento  do protocolo, da coleta de  dados 
e calibração constante dos pesquisadores participantes. 
 
VIES 
‐  ​Viés   de  seleção​:  é  um  tipo  de  erro  ocasionado  pela  ​forma  como  os  grupos  a  serem   estudados  são 
selecionados ou perdidos  durante o  estudo​. Nesse  tipo de viés  ocorre uma  distorção  do resultado em virtude 
de a população efetivamente pesquisada não representar a população planejada para o estudo. 
‐  ​Viés   de  aferição​:  ocorre  quando  as  ​informações  necessárias  ao   estudo  são  medidas  ou   informadas  
erroneamente​. O vício na aferição  se  deve ao fato  de entrevistadores e/ou casos saberem  que grupo é caso e  
que  grupo  é  controle, o que facilita aos casos informarem diferentemente seus hábitos,  por exemplo, e  aos 
entrevistadores insistirem em determinado ponto com os casos. 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
‐  ​Viés   de  confusão​:  ocorre  quando  ​existe   um  fator  de confusão distribuído  de modo  diferente nos grupos a 
serem   comparados  e  que  produz  o  desfecho  clínico​.  A   confusão  acontece  quando  se  conclui  que o desfecho 
clínico é resultado do fator em estudo, quando na verdade é resultado do fator de confusão.   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
CASO 03 – INDICADORES DE SAÚDE 
INDICADORES DE SAÚDE 
Permitem que se conheçam as condições de saúde  de uma  determinada  comunidade ou população, 
fornecendo  informações  sobre  as  principais  doenças  e  danos  à  saúde  que   a  afetam,  os  grupos  mais 
suscetíveis,  as  faixas  etárias  mais  atingidas,  os   riscos  mais  relevantes,  e  ajudando  a  identificar  os  fatores 
determinantes das doenças, permitindo que se criem mecanismos mais eficazes de prevenção.  
A  partir  da  análise  desses  dados  é  que  poderão  ser   definidas  as   prioridades,  estabelecidas   as 
políticas de saúde pública e avaliados os serviços de saúde que estão sendo prestados.  
Os principais indicadores de  saúde são os  de mortalidade, morbidade, nutrição e os demográficos e 
sociais, além dos serviços  de saúde e dos indicadores positivos de saúde. Podem ser agrupados em positivos, 
do tipo bem‐estar, qualidade de vida e normalidade, e negativos, como a mortalidade e a morbidade. 
 
GRUPOS DE INDICADORES DE SAÚDE 
Mortalidade​:  é  o  mais  empregado   e  o  primeiro  a  ter   sido  utilizado   em  avaliações  de   saúde  coletiva.  ​É o 
indicador  que  revela  diversas  informações  acerca  do   óbito  em  uma  dada  comunidade​,  sendo a mortalidade 
infantil,  materna  e  a  esperança  de  vida  os   mais  ressaltáveis.  A  sua  análise  permite  chegar  a  importantes 
conclusões:  elevadas  taxas  de  mortalidade  por   causas  evitáveis,  por  exemplo,  indicam   baixos  níveis 
sanitários  e  sociais  da  população.  A  transição da  mortalidade é lenta,  por isso ​tem  maior  utilidade quando 
analisada a longo prazo​. 
Morbidade​:  também  de  extrema  importância,   as   estatísticas  de  morbidade  expressam  a  situação  das 
doenças  na população. Elas ​permitem analisar  os riscos de adoecer a que  as pessoas estão expostas, preparar 
na  investigação  dos  fatores  determinantes  e   escolher  as  ações  saneadoras  adequadas​.   Comparadas  às  de  
mortalidade,  a  transição  das  medidas  de  morbidade  são  ​mais  sensíveis na  expressão de  mudanças de  curto  
prazo​. A ​prevalência (número de pessoas, em uma determinada população, que tem uma doença  ou condição 
específica em um ponto do tempo) e a ​incidência (número de novas ocorrências de doença, lesão ou morte na 
população estudada, no período estudado) são medidas de frequência da morbidade. 
Nutrição​:  permite numerosas conclusões, podendo a avaliação do estado nutricional ser indiretas ou  diretas. 
A  avaliação  indireta faz uso de  indicadores  de outros  campos, como o de  mortalidade e renda  ​per  capita​,  e 
auxilia na  escolha de indicadores diretos. Estes  enfocam as  ​avaliações dietéticas ​(determinam a natureza e a 
quantidade  dos  alimentos  consumidos  pela  população),  ​clínicas  (detectam  sinais  e  sintomas  da  presença 
excessiva  ou  da  deficiência  e  um  ou  mais   nutrientes  no  organismo) e ​laboratoriais (amostras  de sangue e 
urina, por exemplo, que detectam alteração de nutrientes, importantes no diagnóstico precoce). 
Indicadores  demográficos​:  permitem  estimar  as  condições   de  saúde  da  população.  A  mortalidade   e  a 
esperança   de  vida  são  importantes  indicadores  demográficos,  como  também  são  valiosos  os  níveis  de 
fecundidade, natalidade,  e a composição da  população em termos  de idade  e sexo. ​Indicadores demográficos 
servem   de  fundamento  para  o  planejamento,  pois,  mesmo  sem  informação  sobre  os  problemas  de  saúde  ou 
coleta de dados adicionais, esses indicadores justificam, no mínimo, medidas básicas de saúde coletiva​. 
Indicadores  sociais​:  coadjuvantes,  indiretos,  mas  também  importantes no planejamento  da saúde,  são os 
indicadores  sociais.  ​Aqui,  as   condições  socioeconômicas  se  mostram  intimamente  ligadas  à  saúde.  Estes 
indicadores  são  estreitamente  relacionados,  mas  nem  sempre  unânimes  em  concordância,  já  que  medem 
diferentes  aspectos  da   vida  social​.  Indicadores  sociais   podem  combinar  uma   série  de  índices,  como  o  de 
alfabetização,   mortalidade  infantil   e  materna,  renda  ​per capita​, esperança  de vida e até o da proporção de 
crianças em idade escolar fora de escolas. 
Indicadores  ambientais​:  famosos indicadores ambientais são as condições  de moradia  e do peri‐domicílio 
(entorno  da moradia, ambiente). São ​essenciais na cobertura e  qualidade  do saneamento básico e, quando se 
referem  a este  aspecto, denominam‐se  ​INDICADORES SANITÁRIOS​. A  indústria e  a  urbanização têm grande 
poder  de  alterar  o  meio  ambiente,  seja   no  solo,  na  água  ou  no  ar.  Por  isso  a  grande  ​necessidade  destes 
indicadores para o planejamento e vigilância de medidas preventivas e saneadoras imediatas. 
Indicadores  dos  serviços  de  saúde​:  este  tipo  de   indicador  reflete,  necessariamente,  o  que  ocorre  na 
assistência  à saúde. É, basicamente, um olhar sobre  a gestão de  saúde pública. Subdivide‐se em Indicadores 
de   Insumos,  de  Processo  e  de  Resultados/Impacto.  De  forma  resumida,  estas   subdivisões  compreendem, 
respectivamente:  ​os  materiais,  recursos  humanos  e  financeiros  aplicados;  de  que   maneira  estão  sendo 
aplicados; e, finalmente, que resultados estão provocando. 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
Indicadores  positivos de  saúde​: este tipo de  indicador é bem  diferente dos demais,  pois se relaciona com  
uma  ideologia  diferenciada.  Enquanto  a  maioria  dos  profissionais  esta  familiarizada  com  um  enfoque “de 
risco“,  com  uma   epidemiologia  da  doença”,  há  a  "​epidemiologia  da  saúde​",  com  a  qual  se  relacionam  os 
indicadores  positivos,  ​que   avaliam, por  exemplo,  a qualidade de vida,  o  bem‐estar e  a normalidade,  ou  seja, 
aspectos  que  propiciam  saúde​.  Na epidemiologia,  um  bom exemplo  de dado indicador positivo de  saúde é  a 
avaliação da qualidade de vida dos pacientes no período pós‐operatório de um procedimento de risco.   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
NÚMERO ABSOLUTO x NÚMERO RELATIVO 
Os  ​valores  absolutos   representam  os  dados  obtidos  diretamente  de  uma fonte  de informação  ou 
através  de   observações.  Eles  têm  limitações,  pois  não  se  apoiam  em  pontos  de  referência  que  permitam 
melhor conhecimento da situação, como por exemplo, bairro, estado etc. 
Já  quando  esses  valores  absolutos  são  trabalhados,  representados  através  de   uma  fração   com 
denominadores  fidedignos,  passam  a  ser  chamados   ​valores   relativos​.  São   expressos  em  relação  a outros 
valores absolutos que guardam  entre si alguma forma de relação  coerente, por isso, valor relativo  serve para 
facilitar as comparações e interpretações. 
 
INDICADOR x ÍNDICE 
Indicador​:  tem  a  conotação  de  revelar  a  situação  de  saúde  de  um  indivíduo  ou  da  população. O 
termo  é  usado  para representar ou medir aspectos não observados diretamente, tais quais, por exemplo, a 
saúde,  normalidade,  a  qualidade  de  vida  e  própria  felicidade.  É  importante   frisar  que  o  indicador   inclui  
apenas um aspecto, é ​unidimensional​, por exemplo: Indicador de Mortalidade / Indicador de Felicidade. 
Índice​:  expressa  situações  ​multidimensionais​,  pois  incorpora  diferentes  indicadores  em   uma 
medida,  como,  por  exemplo,  o  índice  de  morbimortalidade,  que,  tal  como   a  designação  traduz,  incorpora 
tanto o impacto das doenças (morbidade) quanto o dos óbitos que incidem em uma população (mortalidade). 
 
COEFICIENTE x TAXA x ÍNDICE 
A  frequência  relativa  pode   ser  expressa  de  duas  formas:  coeficiente  (ou  taxa)  e  índice.   Nos 
coeficientes​,  o  número  de  casos  é  relacionado  ao  tamanho  da  população  da  qual   eles  procedem.  No 
numerador,  coloca‐se o número de casos  detectados.  Já no denominador, o tamanho da  população sob  risco 
de sofrer o evento colocado no numerador. ​Coeficiente e taxa​ ​são sinônimos 
Em ​índices​, por outro lado, o número de casos não é relacionado à população da qual eles procedem.  
Assim,  eles  não  medem  risco  e,  sim,  a  relação  entre  os  eventos.  No  numerador,  coloca‐se  o  número  de 
eventos de um certo tipo; no denominador, o número de  outro tipo  de evento.  Duas situações podem ocorrer, 
dependendo de os casos colocados no numerador estarem ou não incluídos no denominador. 
 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE 

 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL: (x1.000)  
Nº total de óbitos 
População total, na metade do período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR SEXO: (x1.000) 
Nº de óbitos de um dado sexo 
População do mesmo sexo, na metade do período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR IDADE: (x100 mil) 
Nº de óbitos em dado grupo etário 
População do mesmo grupo etário, na metade do período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSA: (x100 mil) 
Nº de óbitos por determinada causa (ou grupo de causas) 
População na metade do período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE MATERNA: (x1.000) 
Nº de óbitos por causas ligadas à gravidez, parto e puerpério 
Nº de nascidos vivos, no período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL: (x1.000) 
Nº de óbitos de crianças menores de um ano de idade 
Nº de nascidos vivos, no período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL: (x1.000) 
Nº de óbitos de crianças nas 1os 4 semanas de vida 
Nº de nascidos vivos, no período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL PRECOCE: (x1.000) 
Nº de óbitos de crianças na primeira semana de vida 
Nº de nascidos vivos, no período 
 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL TARDIA: (x1.000) 
Nº de óbitos de crianças na 2ª, 3ª e 4ª semanas de vida 
Nº de nascidos vivos, no período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE PÓS‐NEONATAL: (x1.000) 
Nº de óbitos de crianças de 28 dias até um ano de idade 
Nº de nascidos vivos, no período 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE PERINATAL: (x1.000)  
Nº de óbitos fetais (22 semanas) e da primeira semana de vida 
Nº de nascidos vivos e natimortos, no período 
 
COEFICIENTE DE NATIMORTALIDADE: (x1.000) 
Nº de natimortos 
Nº de nascidos vivos e de natimortos, no período 
 
COEFICIENTE DE LETALIDADE: (x100 ou x1000) 
Nº de óbitos por determinada doença 
Nº de casos da mesma doença 
 
MORTALIDADE PROPORCIONAL POR CAUSAS: (x100) 
Nº de óbitos por determinada causa (ou grupo de causas) 
​Todos os óbitos, no período 
 
MORTALIDADE PROPORCIONAL ‐ MENORES DE 1 ANO: (x100) 
Nº de óbitos de crianças menores de um ano de idade 
​Todos os óbitos, no período 
 
MORTALIDADE PROPORCIONAL DE 50 ANOS OU MAIS: (x100) 
Nº de óbitos de maiores de 50 anos (SWAROOP UEMURA) 
Todos os óbitos, no período 
 
   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO x TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA x TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA 
O  ​perfil  epidemiológico  representa as doenças mais  frequentes num determinado espaço  e período  
de   tempo.  Já  a   ​transição  epidemiológica  é  a  mudança  nos  padrões  de  mortalidade   e  morbidade de  uma 
comunidade.  Ocorre  junto  à  transição   demográfica.  Ela  incorpora  as  mudanças  dos  padrões  de  saúde  e 
doença,  mortalidade,  fecundidade   e  estrutura  por  idades,   além  dos  determinantes  socioeconômicos, 
ecológicos, de estilo de vida e de suas consequências para os grupos populacionais.  
Basicamente,  caracteriza‐se pela  evolução progressiva de um perfil de  alta mortalidade por doenças 
infecciosas  para  um  outro  onde  predominam  os  óbitos  por  doenças  cardiovasculares,   neoplasias,  causas 
externas  e  outras  doenças  consideradas  crônico‐degenerativas.   São  vários  fatores   que  interagem  para 
determinar  um novo perfil epidemiológico,  como:  modos de  produção econômica e de reprodução  humana 
(fertilidade, mortalidade e migração), avanço tecnológicos, etc. 
Na população brasileira o processo engloba três mudanças básicas: 
­ substituição,  entre  as  primeiras  causas  de   morte, das doenças  transmissíveis (doenças infecciosas) por 
doenças não transmissíveis; 
­ deslocamento  da  maior  carga  de  morbimortalidade  dos  grupos  mais  jovens   (mortalidade   infantil)  aos 
grupos mais idosos; 
­ transformação  de  uma  situação  em  que  predomina  a   mortalidade  para  outra  em  que  a  morbidade 
(doenças crônicas) é dominante. 
Modelos de transição epidemiológica: 
1) Clássico: nas duas  primeiras décadas do século XX as doenças degenerativas substitui as infecciosas  como 
principais causas de mortalidade (ex.: Suécia e Estados Unidos). 
2) Acelerado:  é  o   mesmo  processo  do  primeiro  modelo  (mudança   das  causas   de  mortalidade),  porém 
aconteceu mais tardiamente e em um período de tempo menor. (ex.: Japão). 
3) contemporâneo/atrasado: a transição epidemiológica é ainda mais recente ou ainda não se completou. 
*Obs.: modelo  polarizado prolongado‐   há países, como o Brasil, que não se encaixa nesses modelos e por 
isso denomina‐se que  esteja ocorrendo um "novo  modelo de transição". Isso ocorre porque eles possuem  as 
seguintes características: 
1) Sobreposição de etapas: doenças infecto‐parasitárias e crônico‐degenerativas coexistindo. 
2) Movimento  de  contra‐transição  devido  o   ressurgimento  de  algumas   doenças,   porém  sem  grande 
interferência na mortalidade (ex.: dengue). 
3) Transição prolongada já que não há uma perspectiva de resolução dos problemas 
À  medida  que  os países  atingem níveis de desenvolvimento mais elevados,  as  melhorias das  condições 
sociais,  econômicas  e   de  saúde  causam  a  transição  de  um  padrão  de  expectativa  de  vida baixa,  com altas 
taxas de  mortalidade por doenças  infecciosas e  parasitárias em faixas de  idade precoces, para  um  aumento 
das mortes por doenças não transmissíveis (doenças degenerativas e de causa externa). 
Fases da transição demográfica: 
­ fase   pré­industrial   ou primitiva: na  qual  há um equilíbrio  populacional, em que  as  taxas  de natalidade e 
mortalidade, principalmente infantil, são elevadas. 
­ fase   intermediária  ​(divergência  de  coeficientes):  na  qual  as  taxas  de  natalidade  permanecem  altas 
enquanto decrescem as taxas de mortalidade(explosão populacional). 
­ fase  intermediária ​(de convergência de coeficientes): quando a natalidade passa a diminuir em ritmo mais 
acelerado que a mortalidade, cujo efeito mais notável é o ''envelhecimento'' da população. 
­ Fase   de  estabilização   demográfica​:  as  taxas  de crescimento ficam  próximas  de 0%.  Ela é  o resultado da  
tendência  iniciada na terceira  fase: o declínio da fecundidade e a ampliação  da expectativa média de  vida 
que acentuou o envelhecimento  da população. As taxas de natalidade e de mortalidade se aproximaram a  
tal  ponto que  uma praticamente anula o efeito da outra. Esta  é a situação encontrada  há pouco mais de 
uma década em diversos países europeus. 
No  fim  desse  processo,  há  um  retorno   ao  equilíbrio  populacional,  denominado   fase  moderna  ou 
pós‐transição, com aproximação  dos coeficientes só  que em níveis muito mais  baixos. Dessa  forma,  os valores 
de fecundidade se aproximam do nível de reposição e a esperança de vida aumenta.   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
CURVA DE MORTALIDADE PROPORCIONAL 
 

Nas curvas  do tipo I, típicas de regiões subdesenvolvidas, com nível de saúde muito baixo, nota‐se o 
predomínio  de  óbitos  de  adultos  jovens,  possivelmente  devido  a  contribuição   maciça  de  várias   doenças 
transmissíveis endêmicas, como, por exemplo, malária, febre tifoide, cólera e verminoses. 
Nas curvas  do tipo II (curva  em  J  invertido), nível de saúde baixo, o predomínio de  óbitos reside  nas 
faixas  infantil  e  pré‐escolar,  nas  quais  a   desnutrição  e  as  diarreias   consistem  a  raiz  dos  altos  índices  de 
mortalidade infantil proporcional. 
Nas  curvas   do  tipo  III  (ou  em  U),  nível  de   saúde  regular,  se  observa   que  a   proporção  dos  óbitos 
infantis já está  em menor  percentagem do que no tipo II. No tipo III,  é nítido  o aumento da percentagem de 
óbitos de pessoas de 50 e mais anos de idade, fato este que reflete uma certa melhoria do nível de saúde. 
As curvas  do  tipo IV (ou em J),  indicam o melhor nível  de saúde,  com baixa  proporção  de óbito dos 
grupos infantil, pré‐escolar ou jovem e o predomínio quase absoluto de óbitos de pessoas idosas. 
Essas  curvas  são ótimos  meios de comparação entre a defasagem  no  âmbito da  saúde entre países 
subdesenvolvidos  e  desenvolvidos.  São  também   utilizadas  para   comparar  a  evolução   da  saúde  em  países 
durante os anos, relacionando‐as à melhoria da saúde.   

18 
 
EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
CASO 04 – DOENÇAS INFECCIOSAS 
INFECÇÃO e DOENÇA INFECCIOSA 
Uma  ​infecção ​é o processo pelo qual um agente biológico penetra, desenvolve‐se ou multiplica‐se no 
organismo  de  outro   ser vivo. Pode ser imperceptível  ou  evoluir clinicamente,  sendo este  caso uma  ​doença 
infecciosa​. ​A maioria das doenças infecciosas está ligada à pobreza e ao subdesenvolvimento. 
­ Doenças  agudas  e  crônicas​:  doenças  crônicas  são  as  doenças  que  se  desenrolam  a longo prazo, 
enquanto as agudas são de curta duração. 
­ Infestação​: pessoas/animais – artrópodes no corpo ou vestes. Obj. e locais – artróp. e roedores. 
● Doença  Infecciosa  e  Parasitária (DIP)  – Classificação Internacional  de Doenças: ​Denominação 
empregada  na  Classificação  Internacional  de  Doenças  (CID). No entanto,  nem todas  as  doenças infecciosas 
estão incluídas, como a meningite bacteriana, que faz parte das Doenças do Sistema Nervoso. 
● Doença  Transmissível:   ​Expressão  muito   empregada em saúde pública.  São doenças  transmitidas 
entre seres humanos, de animais para seres  humanos, trazidas por insetos ou  outros vetores, ou transmitidas 
pelo ar, água ou solo. São, basicamente, doenças cujo agente etiológico é vivo e transmissível. 
● Doença  Contagiosa/Infectocontagiosa:  ​Doenças  infecciosas  cujos  agentes etiológicos atingem os 
sadios através do contato direto. Toda doença contagiosa é infecciosa, mas o inverso não é verdadeiro. 
As  doenças  infecciosas  podem  assumir 
várias  formas.  Uma  doença  ​manifesta   apresenta 
todas  as  características  que   lhe   são  típicas.   Por 
outro lado,  na infecção ​inaparente o indivíduo não 
apresenta sinais e  sintomas clínicos, mas  pode transmitir o agente aos suscetíveis com a mesma intensidade 
da  doença  manifesta. A doença  em forma ​latente  representa um período  de equilíbrio no qual não há sinais 
clínicos e  o doente não é uma fonte de contagio. Na forma ​abortiva ​(ou ​frustra​),  nem todos os sinais clínicos 
emergirão  acima  do  horizonte  clínico.  Já o modo  ​fulminante é  o que ocorre de maneira notavelmente grave 
com coeficiente de letalidade elevado. 
 
PERÍODO DE INCUBAÇÃO E DE TRANSMISSIBILIDADE 
O  ​período  de   incubação  é  o  intervalo  de  tempo  que  decorre  entre  a  exposição  a  um  agente 
infeccioso  e o aparecimento  de sinais ou sintomas da doença. Dependendo  da doença e do caso, pode variar 
de   algumas  horas  (cólera)  até  meses  ou  anos  (hanseníase,  AIDS).  O  ​período  de  transmissibilidade​,  por 
outro lado,  é o período durante  o qual  o  agente  infeccioso pode ser transferido, direta ou indiretamente, de 
uma pessoa infectada a outra, de um animal ao homem, ou mesmo do homem a um artrópode. 
 
DOENÇAS QUARENTENÁVEIS E DE ISOLAMENTO 
As  ​doenças  quarentenáveis  podem levar à  restrição de atividades dos doentes durante o período 
máximo de incubação, a  fim de evitar a propagação de uma doença (ex: peste bubônica e febre  amarela). Já as  
doenças   de  isolamento   exigem  a  segregação   dos  indivíduos  doentes  durante  o  período   de 
transmissibilidade, em lugar e condições que evitem a transmissão direta  
ou  indireta  do  agente  infeccioso  a  indivíduos  suscetíveis  (ex:  raiva  e 
difteria).  Dependendo  da  forma  de  transmissão,  as  doenças  requerem 
diferentes tipos de isolamento. 
 
A CADEIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS 
Segundo  o  modelo  da  ​tríade  epidemiológica​,  para  que  haja 
infecção,   é  necessária  a  presença  de:  1.  agente  específico;  2.  meio 
ambiente  propício  à  transmissão;  3.  hospedeiro  suscetível.  A   interação 
destes  três elementos é representada pela ​cadeia epidemiológica  ou  de 
infecção,   que  contem   seis  componentes  básicos:  agente  etiológico, 
reservatório e fonte de infecção, porta  de saída do agente do  reservatório, 
vias de transmissão, porta de entrada no hospedeiro, e hospedeiro. 
● Agente  etiológico:  ​o  agente  infeccioso  está  presente  no 
organismo  e   é  responsável  pelo  processo   infeccioso.  É  um  vírus,  bactéria,  fungo,  protozoário  ou  helminto  
que,  através  das  formas  que assume no ciclo  reprodutivo, pode ser introduzido em outro ser vivo,  onde se 
desenvolve   ou  se multiplica,  podendo  gerar uma  patologia, doença infecciosa,  que é  também transmissível. 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
Propriedades‐  ​Infectividade​:  capacidade  de  se  instalar  no  hospedeiro  e  se  desenvolver  ou  multiplicar; 
Patogenicidade​:  ​capacidade  de  produzir  sintomas  da  doença;  ​Virulência​:  capacidade  de  produzir  casos 
graves  ou  fatais;  ​Antigenicidade  ​ou   ​imunogenicidade​:  capacidade  de  induzir  imunidade  no  hospedeiro; 
Mutagenicidade​:  capacidade  de  alterar  características  genéticas próprias; ​Vulnerabilidade a  antibiótico  e 
demais  substâncias;  ​Dose  infectante​:  quantidade  do  agente  necessária  para  iniciar  uma   infecção;  ​Poder 
invasivo​: capacidade de se difundir através do organismo do hospedeiro.   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
● Reservatório​:  local  apropriado para que os  agentes vivam e se reproduzam, 
como  o  ser   humano,  animais  ou  vegetais. O  animal ou  homem  pode estar doente  ou  
ser  um  portador.  ​Portador  é  aquele  que  ​alberga  o   agente  da  doença,  mas  não 
apresenta sintomas clínicos. As fontes de infecção são: o homem (seja em fase 
clínica  e  subclínica,   seja  em  estado  de portador), animais e o ambiente, que 
pode, por exemplo, conter esporos como forma de resistência do agente. 
● Porta  de  saída​:  Enquanto  os  agentes  estiverem  confinados  no 
reservatório,  não  há  progresso   na  cadeia.  ​Substrato  é o material  produzido 
em  processo  fisiológico  ou patológico  que carrega consigo  formas  do agente 
infectante  (ex:  escarro,  esperma,  pus,  sangue,  suor  e   urina).Ao  sair  para  o 
ecossistema,  o  agente  poderá  passar por  vida livre  no  ecótopo (ecossistema 
abiótico),  na  superfície  de  um  vetor  mecânico,  ou  em   um   hospedeiro 
intermediário.  
A  saída  se  dá  por:  ​a.  ​Eliminação  natural​,  em  que  o   organismo 
infectado  expele  para  o exterior contingentes de bioagentes infectantes sem 
interferência  de  auxílios   externos,  geralmente  pelos  orifícios  naturais  ou 
lesões  expostas;  ​b. ​Extração mecânica​, pelo qual os bioagentes são retirados 
do  hospedeiro  junto  ao  substrato,  por  intermédio  de  agentes  vivos   ou 
inanimados;  ​c.  ​Morte  de  infectados​,  que se dá  com a morte do hospedeiro e 
seu uso como alimento (ex: carne de porco e boi). 
Estágio  do  agente  infeccioso   no  ambiente  –  ​Maturação​:  algumas 
formas  de   vida  dependem  do  ecótopo  para  amadurecerem  e  se  tornarem 
infectantes, seja  para um hospedeiro  definitivo, seja  para um vetor  biológico 
(ascaridíase, esquistossomose);  ​Multiplicação​:  comum no caso das bactérias 
e  fungos;  ​Desenvolvimento​:   1.  O  bioagentes  não  tem  condições   de  viver  
nenhuma  de  suas  etapas  biológicas  fora  de  um  hospedeiro;  2.  O  agente, 
através  de   seus  estágios  biológicos,  deve  passar  parte  de   seu  ciclo em  vida 
livre  e  parte  em   vida  parasitária.   ​Propagação​:   multiplicação   sem 
desenvolvimento.  A  população  de  agentes,  que  tem  aceso  ao  hospedeiro 
intermediário,  reproduz  indivíduos  idênticos  e  estes  dão  origem  a  outros. 
Depois  de  algum  tempo,  pouco  indivíduos  tornam‐se  uma  carga  de   grande  
poder infectante; b. ​Desenvolvimento cíclico​: sem  multiplicação. O  indivíduo que teve acesso  ao hospedeiro 
passa por  uma série de mudas,  cumprindo os  estágios  biológicos do seu ciclo  vital No final  do  ciclo, o nº de 
indivíduos produzidos é igual  ao  daqueles que tiveram acesso ao hospedeiro = sem  multiplicação.; c.  Ciclo 
propagativo​:   multiplicação   com  desenvolvimento.  A  multiplicação  do  agente   infeccioso  é  procedida  por 
etapas evolutivas do ciclo biológico  
Ao  final  da  parte  do ciclo  no hospedeiro  intermediário, a  carga infectante  do  agente é bem  maior 
que a extraída da  fonte  de infecção.  Uma vez saído do  organismo parasitado, o agente pode ser infectante ou 
contaminante.  Será  ​infectante  para  hospedeiros  intermediários  que  funcionem  como  vetores  biológicos, 
hospedeiros  intercalados ou hospedeiros primários. Será  ​contaminante para elementos físicos do ecótopo, 
hospedeiros  que o mantenham  na superfície externa ou  que lhe deem passagem  no trato gastrintestinal, sem 
serem infectados. 
● Transmissão  ​(de   agentes  infecciosos)​:  processo  em  que  o  agente  infeccioso,  oriundo  de  um 
indivíduo infectado,  com passagem ou não  por intermediários  vivos ou objetos  e materiais inanimados, tem 
acesso ao meio interno de um novo hospedeiro. 
Fatores inanimados,  quando  agentes de transmissão, são chamados de ​veículos​. Estes são objetos ou 
materiais  contaminados  que  sirvam  de  meio  mecânico,  auxiliando  um  agente  infeccioso  no  transporte  e 
introdução num hospedeiro suscetível.  Os  principais veículos são alimentos, fomites (inclusive nas infecções 
hospitalares),  água  para  beber,  ar  atmosférico  e  transfusão   de  sangue.  Denomina‐se  ​contaminação  a 
presença  de  agentes  infecciosos  na  superfície  do  corpo,  fomites  ou  alimentos.  ​Poluição  é  a  presença   de 
substâncias  nocivas,  mas  não  necessariamente  infecciosas  no  ambiente.  A  contaminação  na  sup. do corpo 
não implica um estado de portador. 
Veículo   Transportador  e  Introdutor  ​(​transmitido  por/pelo)​:  o  agente  infeccioso é  transportado e 
introduzido  passivamente no hospedeiro suscetível (ex: ​Vibrio cholerae – ​hospedeiro > vômito e fezes > água 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
potável  >  novo  hospedeiro).  ​Veículo  Suporte  ​(​transmitido  através  de​):  nem  transporta, nem introduz. É o  
meio  físico  que  coloca  em  comunicação   os  fatores  envolvidos  no  processo  transmissivo  (ex:  ​Schistosoma 
mansoni  –  ​esquistossomose  –  água,   ​Necator  americanus  ​–  ancilostomose  –  solo).  ​Aerossóis  primários  e  
secundários​:  micropartículas  de   secreções  ou   excreções.  Os  primários  são   os  que  transitam  diretamente 
para  o  suscetível,  enquanto  que os secundários são  os que dessecam e se misturam à  poeira, por  exemplo,  
para, possivelmente atingir um suscetível.  
● Porta  de  entrada​:  ​as  portas  de  entrada  são  os  orifícios  naturais, 
mucosas,  pele  ou  soluções  de  continuidade  com  a  pele.   ​Acesso  ao  Novo 
Hospedeiro​:  ​a​.  ​Diretamente  de  outro  indivíduo  da  mesma  espécie 
anteriormente  infectado (gonorreia); ​b​.  ​Diretamente da  mãe  para  o feto por 
via  placentária  (sífilis,  rubéola);  ​c​.  ​Diretamente  de  indivíduos  de  outra  
espécie,  igualmente  suscetível   ​(raiva);  ​d​.   Introduzido  por  ação   ou  com  a 
contribuição de um vetor  biológico infectado (doença de Chagas); ​e​. ​Trazido  
em  algum substrato por um vetor mecânico (tracoma); ​f​. ​Veiculado por algum  
elemento  não  vivo  do   ecótopo,  seja  físico  ou   biológico,  como  mão,  objetos  e 
alimentos contaminados​ (infecções hospitalares);  
Mecanismos  de  penetração   ​a​.  ​Ingestão  ​(água,  alimentos,  objetos  –   ascaridíase,  amebíase,  giardíase, 
cólera,  poliomielite);  ​b.  ​Inalação  através  das  vias  respiratórias  superiores  ​(tuberculose,  hanseníase);  ​c. 
Transmissão  da  mãe   para  o  feto  por   via  transplacentária  ​(toxoplasmose,   rubéola,  sífilis);  ​d.  ​Penetração 
através  das mucosas  ​(gonorreia,  doença de Chagas);  ​e. ​Penetração através de solução de continuidade na pele 
(tétano,  doença  de  Chagas);  ​f.  ​Deposição  sobre  a pele  seguida de ​propagação localizada ​(dermatomicoses  – 
fungos);  ​g​.  ​Penetração  ativa por  alguma forma de  sobrevivência  do bioagente  patogênico (Esquistossomose, 
ancilostomose);  ​h.  ​Introdução  no  organismo,  com  auxílio  de   objetos  e  instrumentos  ​(orifícios  naturais, 
perfurações  cirúrgicas  ou  acidentais  –  endoscopias);  ​i.   ​Introdução  em  tecido  muscular  ou  na  corrente 
sanguínea,  por picada  de  inseto ou  por mordedura de animais ​(filariose, leishmaniose,  raiva); ​j. ​Ingestão com 
tecido animal utilizado como alimento ​(teníase). 
a) Hospedeiro:  ​aquele  que,  em   condições  naturais,   penetrado  por  bioagentes  patogênicos,  concede 
subsistência  a estes, permitindo‐lhes  seu  desenvolvimento ou multiplicação. Há outra terminologia, ​espécie 
refratária​,  a  que  inviabiliza  seu   desenvolvimento  ou  multiplicação.  O  ​indivíduo suscetível  é a  pessoa  ou 
animal sujeitos a  uma infecção. O ​indivíduo resistente é aquele que, através de algum mecanismo  natural ou 
através  de   imunização  artificial,  tornou‐se  capaz  de  impedir  o  desenvolvimento,  em  seu  organismo   de 
agentes infecciosos.   ​Indivíduo  não­infectado​: aquele  pertencente  a uma espécie suscetível que não alberga 
um  determinado  agente  infeccioso;  ​Indivíduo  infectado​:  aquele  que  alberga  um  agente  infeccioso   e 
apresenta  infecção  inaparente   ou  manifestações  da  doença.  Neste  último  caso,  pode  se  chamar  ​paciente 
enfermo  ​ou  ​caso  de  doença   infecciosa​;  ​Indivíduo  infectante​:  aquele  do   qual  o  agente  infeccioso  possa ser 
adquirido   em  condições  naturais;   ​Suspeito​:  aquele  cuja  história  clínica  e  sintomatologia  indicam  estar 
acometido  por alguma  doença ou  tê‐la em  incubação; ​Portador​: indivíduo infectado  que alberga um agente 
infeccioso de uma doença, sem apresentar sintomas e constituindo fonte potencial de infecção. 
Imunidade  Passiva  Ativa 
Natural  Adquirida por via transplacentária  Adquirida como consequência de infecção 
Artificial  Adquirida por aplicação de soro  Induzida pela aplicação de vacina 
Propriedades  do  hospedeiro  ​–  ​Resistência​:  ​sistema  de  defesa  com  o  qual   o  organismo  impede  a  
difusão ou a multiplicação de agentes  infecciosos  que o invadiram, ou os  efeitos  nocivos dos seus  produtos 
tóxicos.  É  associada à  nutrição, integridade da pele e  mucosas,  fatores genéticos,  estado  de saúde, estresse, 
imunidade   específica;  ​Suscetibilidade​:   grau  de  sujeição  a  uma  doença;   ​Resistência  natural​:  tem  caráter 
inespecífico.   É  a  capacidade  de  resistir  à  doença  independente  de  anticorpos  ou  reações  específicas; 
Imunidade​:  estado  de  resistência, geralmente  associado  a anticorpos que possuem  ação específica  sobre o  
microrganismo  causador  da  doença.  O  ​indivíduo  imune  é  aquele  que  possui  anticorpos  protetores 
específicos ou imunidade  celular, capaz  de reagir  eficazmente  para prevenir uma infecção ou doença clínica 
quando exposto ao agente infeccioso. 
 
MODOS DE TRANSMISSÃO 
Transmissão Horizontal​:  o  agente  infeccioso é  passado de uma  pessoa   outra.  Pode  ser  direta imediata  ou 
indireta, tanto através de um substrato ambiental como por meio de um vetor. 
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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
Transmissão Direta Imediata​: um substrato vital, eliminado por um indivíduo infectado em relação  íntima  
com  o  suscetível  (relações  sexuais,  mordedura,  beijo),  leva consigo  o  agente  patogênico,  sem passagem no 
meio ambiente,  até o  meio interno  do  suscetível, estabelecendo  a infecção (gonorreia, sífilis, herpes genital,  
cancro mole, tricomoníase, candidíase, AIDS). 
Transmissão  Direta  Mediata​:  um  substrato   vital,  eliminado  por  um  indivíduo  infectado,  próximo  a  um 
suscetível,  leva  consigo o  agente patogênico,  com passagem reduzida pelo meio  ambiente até o meio interno  
do  suscetível,  onde  estabelece  a  infecção.  Doenças  transmitidas   por  contato  imediato  ou  mediato  são 
denominadas  doenças  contagiosas.  (mãos,  fomites,   secreções  oronasais  – sarampo, tuberculose pulmonar, 
hanseníase, tracoma). 
 
Transmissão  Indireta​:  bioagentes patogênicos, montados  ou  não no substrato com  o  qual  são  eliminados, 
necessitam de  um  suporte  mediador, veículo ou hospedeiro intermediário,  para percorrer toda ou parte  da 
distância  que  separa  o  infectado   do  suscetível   e  estabelecer  a  infecção   (hospedeiro  intercalado  ‐  
esquistossomose, vetor biológico ‐ doença de Chagas, veículo ‐ cólera). 
Transmissão  Vertical​:  ocorre  durante  o  processo  de  reprodução  (através  de  esperma  ou   óvulo), 
desenvolvimento fetal ou parto (AIDS, sífilis, rubéola). 
 
VETORES  
Vetores  ​são  seres  vivos  que  veiculam  o  agente  desde  o  reservatório  até  o  hospedeiro  potencial. 
Vetores  mecânicos  são  os  transportadores  de  agentes,  geralmente  insetos,  que  os  carreiam  nas  patas,  
probóscides, asas ou trato gastrintestinal contaminados e onde não há multiplicação ou 
modificação  do  agente.  ​Vetores  biológicos  são  aqueles   em  que  os  agentes   desenvolvem  algum  ciclo  vital 
antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro. 
 
DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES 
Doenças infecciosas emergentes  são as que surgiram  recentemente (nas  últimas 2 décadas) numa  
população  ou  as  que ameaçam se expandir  em  um  futuro  próximo.  ​Doenças  infecciosas reemergentes são 
aquelas  causadas  por  microrganismos  bem  conhecidos  que  estavam  sob  controle,  mas  tornaram‐se 
resistentes  às  drogas   antimicrobianas  comuns,  como  a  malária  e  a  tuberculose,  ou  estão  se  expandindo 
rapidamente em incidência ou em área geográfica, como a cólera na América. 
 
ENDEMIA, SURTO, EPIDEMIA e PANDEMIA 
­ Endemia  ‐  É  a  ocorrência  de  determinada  doença  que  acomete  sistematicamente populações em 
espaços  característicos  e  determinados,  no  decorrer  de   um   longo   período,  (temporalmente 
ilimitada), e que mantem uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicas e 
sazonais. 
­ Epidemia  –  É  a  ocorrência  em  uma   comunidade  ou  região  de  casos  de   natureza  semelhante, 
claramente  excessiva em relação  ao esperado. O  conceito operativo usado na epidemiologia  é:  uma 
alteração,  espacial  e  cronologicamente  delimitada,  do  estado  de  saúde‐doença  de uma  população, 
caracterizada  por   uma  elevação  inesperada  e  descontrolada  dos  coeficientes  de  incidência  de 
determinada  doença,  ultrapassando  valores  do  limiar  epidêmico  preestabelecido  para   aquela 
circunstancia e  doença. Devemos tomar cuidado com  o  uso do  conceito de epidemia lato‐sensu que 
seria a ocorrência de doença em grande numero de pessoas ao mesmo tempo. 
­ Surto   é  a  ocorrência   de  dois  ou  mais  casos  epidemiologicamente  relacionados  –  Alguns  autores  
denominam   surto  epidêmico,  ou   surto,  a  ocorrência   de  uma  doença  ou  fenômeno  restrita   a  um 
espaço  extremamente  delimitado:   colégio,  quartel,  creches,   grupos  reunidos  em  uma  festa,   um  
quarteirão, uma favela, um bairro etc. 
­ Pandemia  ‐  caracterizada  por  uma  epidemia com  larga  distribuição geográfica, atingindo mais  de 
um pais ou de um continente.   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
CASO 05 – DOENÇAS E AGRAVOS NÃO‐TRANSMISSÍVEIS (DANT) 
CARACTERIZAÇÃO DAS DANT 
As  primeiras  referencias  às  doenças   não‐transmissíveis  remetiam  para  o  grupo  das  chamadas 
“Doenças Crônicas Não‐Transmissíveis” (DCNT), cujas doenças são caracterizadas por: 

 
b) História natural prolongada; 
c) Multiplicidade de fatores de risco complexos; 
d) Interação de fatores etiológicos conhecidos e desconhecidos; 
e) Causa necessária desconhecida; 
f)Especificidade de causa desconhecida; 
g) Ausência de participação ou participação duvidosa de microrganismos entre os determinantes; 
h) Longo período de latência; 
i)Longo curso assintomático; 
j)Curso clínico em geral lento, prolongado e permanente; 
k) Manifestações clínicas; 
l)Lesões celulares irreversíveis; 
m) Evolução para graus variados de incapacidade ou morte. 
 
Aí  estão  doenças  cardíacas,  cerebrovasculares  e  autoimunes,  cânceres,  diabetes,  hipertensão   etc. 
Recentemente,  tem  sido  adotado  o  agrupamento  de   todas  as  doenças  e  agravos  à   saúde,  de  natureza  
não‐transmissível,  acrescentando‐se  às  DCNT   as  lesões  produzidas  por  acidentes  e  violências,  as  causas 
externas, constituindo as Doenças e Agravos Não‐Transmissíveis (DANT) 
 
MAGNITUDE DAS DANT 
O  impacto  das DANT sobre as sociedades humanas é crescente. Os custos econômicos e sociais delas 
decorrentes  avolumam‐se,  seja  devido à morte prematura  ou  incapacitação definitiva de  pessoas em idade 
produtiva,  ou   ainda  pela  sobrecarga  na demanda  por serviços assistenciais. Vários  estudos indicam  que as 
DANT são importantes problemas de saúde pública no mundo. 
Fatores de risco causadores de DANT que mais se destacam: 

 
1.Hipertensão (13% do total de mortes) 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
2.Hipercolesterolemia (Doenças cerebrovasculares, doenças isquêmicas cardíacas) 
3.IMC elevado (Diabetes melitus, doenças isquêmicas cardíacas, cânceres) 
4.Alimentação inadequada (Neoplasias gastrintestinais, doenças isquêmicas cardíacas, AVCs) 
5.Inatividade física (Câncer de mama, de cólon e do reto, doenças isquêmicas cardíacas) 
6.Tabaco (Doenças vasculares, neoplasias da traqueia, brônquios e pulmão, doenças respiratórias crônicas) 
7.Ingestão  de  álcool  (Neoplasias  do  esôfago  e do fígado,  cirrose  hepática, homicídios, epilepsia e acidentes 
com veículos) 
8. Lesões por acidente de trânsito 
 
 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DANT 
Modelos  epidemiológicos e  Vigilância das  DANT​:  o  modelo ecológico – a tríade epidemiológica – 
nasce  e  se  desenvolve sob a hipótese da unicausalidade, ou seja, uma única causa  leva a um efeito único.  Para 
DCNT,  esse  modelo  é  incapaz  de  apreender  sua  complexa cadeia de  causalidade,  na medida  em que  não é 
possível identificar um único agente como causa.  
Laframboise  ​elaborou  um  binômio  saúde‐doença  chamado  ​campo  da  saúde​,  caracterizado  pelo 
reconhecimento  da  multicausalidade  para  determinação  da  saúde  ou  doença,  estados  relacionados  aos 
seguintes  aspectos:  ​Biologia  humana​:  envolve  os  fatos  que  se  manifestam  como  consequência  da  
constituição orgânica do individuo (herança genética,  envelhecimento, constituição corpórea, mecanismos de 
defesa,  suscetibilidades,  resistências  etc.);  ​Ambiente​:  agrupa   fatores  externos  ao  organismo  –  físicos 
(aspectos  geofísicos),  exposição  a  agentes  poluentes  (pesticidas,  gases)  e  social  (nível,   renda,  ocupação);  
Estilos  de  vida​:  conjunto  das  decisões  que  o  individuo  toma   a respeito da  sua  saúde (atividades de lazer, 
alimentação,  comportamentos  socioculturais);  ​Organização  da atenção  à saúde​: envolve  disponibilidade,  
quantidade e qualidade dos recursos destinados aos cuidados com saúde. 
Objetivos da prevenção e controle das DANT​: de acordo com Doll, são: 
● Reduzir a incidência e a prevalência; 
● Retardar o aparecimento de complicações e incapacidades delas advindas; 
● Aliviar a gravidade; 
● Prolongar a vida com qualidade. 
 
Metodologias e instrumentos para vigilância de DANT 
1. Monitoramento  de   doenças/agravos​:  o  monitoramento  da  morbidade  e  mortalidade   por  dada 
doença  é  essencial  para  o  conhecimento  de  suas  características  epidemiológicas  e  tendências.  Também  é 
necessária   a  estruturação  de   um   sistema  que  realize  a  coleta e  análise  de dados de forma contínua e com  
periodicidade definida. 
2. Monitoramento de fatores de risco 
a. Constitucionais​: sexo, idade, raça e fatores hereditários. Não passíveis de modificação. 
b. Comportamentais​:   tabagismo,  dieta,  sedentarismo,  ingesta  de  álcool,  uso   de  anticoncepcionais. 
Comportamento  e  hábitos  determinados  pelo  ambiente  psicossocioeconômico  do  indivíduo.   Passíveis  de 
modificação. 
c. Patologias  ou  distúrbios  metabólicos​:  hipertensão,  obesidade, hiperlipidemias,  diabetes melitus. 
Fatores de  risco para doenças  cardiovasculares, por  exemplo.  Um fator  de risco  pode ser  a própria doença, 
como a obesidade, que é uma doença, mas também é fator de risco para a diabetes.  
d. Características  socioeconômico­culturais​:  condições  de  inserção  social.  Essas  variáveis   são 
utilizadas para identificar, por exemplo, os grupos sob maior risco de adoecer. 
 
INTERVENÇÕES PARA PREVENÇÃO DE DANT E PROMOÇÃO DA SAÚDE 
Estratégias de prevenção  Prevenção Primária  Prevenção Secundária  Prevenção Terciária 
Situação das pessoas  Suscetíveis  Assintomáticos  Sintomáticos 
Efeitos  Diminuir incidência  Reduzir prevalência  Reduzir complicações 
Prevenção  primária  ​(​mudança  de  estilo  de  vida,  educação  para  a  saúde,  saneamento ambiental e 
saúde   operacional​):  dirigida  às  pessoas  suscetíveis,   antes  que  desenvolvam   uma  doença  em  particular.   A 
divulgação de  recomendações  para  mudanças no estilo  de vida é um exemplo. Para que seja eficaz, é preciso 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
que  haja  articulação  do   setor saúde com  os outros (esportes,  educação, poder legislativo etc.);  ​Secundária  
(​diagnóstico  precoce,  auto­observação,  rastreamento  em   massa,  exame  periódico  de   saúde,  recuperação  da 
saúde​):  “controle  das  doenças.  As  ações  são dirigidas às pessoas  assintomáticas.  O objetivo  é evitar  que se 
tornem  doentes  ou,  caso  adoeçam,  que  ocorra  a  detecção  precoce;  ​Terciária  ​(​reabilitação motora​):  ações 
dirigidas  às  pessoas   que  já  se  apresentam  doentes,   prevenindo  a  ocorrência   de  complicações  e  de  
incapacidade, por meio de assistência com qualidade à saúde. 

 
Estratégias para implementação de programas de prevenção para as doenças não­transmissíveis: 
● Reorientar  o sistema de saúde  incorporando  a prevenção  da doença​,  por intermédio de: alocação  de 
recursos  humanos  nas   atividades  de  prevenção;  treinamento  e  atualização  de  profissionais  de  saúde  e 
demais  funcionários   em  prevenção;  incorporação das atividades  educativas na programação, dentro e  fora 
dos serviços de saúde. 
● Participação  da  comunidade  através  de  suas  organizações,   ​por  meio  de:  envolvimento  das 
organizações  no  diagnostico,   na  analise,  no  planejamento  e   na  execução  do  programa;  capacitação  das 
lideranças  e os voluntários no conhecimento  teórico e no encaminhamento pratico; análise e divulgação dos 
resultados das ações desenvolvidas na comunidade. 
● Aumentar  o nível de informação, na  rede  de  ensino formal  e  informal​, por  meio de: envolvimento da 
rede  de ensino,  capacitando  professores de  diversas disciplinas; busca  da participação de  setores informais, 
futebol, capoeira e outros; proposição de condições que facilitem a prevenção nas escolas. 
● Desenvolver  programas  de  prevenção  nos   locais   de  trabalho  com as seguintes ações: envolvimento 
dos  trabalhadores,  dos  empresários,  dos  sindicatos  e   dos  serviços  de   medicina  do   trabalho;  abordagem 
integrada  através  da prevenção,  reduzindo  os fatores de  risco ambientais e individuais e  da reabilitação dos  
já acometidos; monitoramento através de indicadores econômicos e de saúde. 
● Trabalhar  com  outros  setores  e  buscar  a  adesão  de  parceiros:  líderes  comunitários, representantes 
religiosos  e  de  vários  setores  –  educação,  mídia,  serviço  social,  direito,  esportes,  agricultura,  comercio  e 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
indústria   e  outros  membros  da  comunidade  cientifica  e  cultural;  instituições  governamentais  e 
não‐governamentais,  setor  publico,   setor  privado  e  voluntariado;  administradores,  políticos,  artistas, 
esportistas religiosos e voluntários em geral. 
● Monitorar  os  riscos  e  avaliar  os  resultados  das   ações:  ​envolver  as  organizações  em   geral   na 
elaboração  do  diagnostico  epidemiológico;  monitorar   os  riscos  ambientais  e  individuais  bem  como  os  
agravos; avaliar a  eficácia de programas e  de campanhas especiais;  buscas apoio da universidade  e da rede 
de ensino para essas atividades.   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
ETIOLOGIA – ESCLARECIMENTOS 
1. Fatores causais 
● Agentes​:  para  algumas   doenças  não‐infecciosas,  existe  agente  etiológico  conhecido,   como  o 
mercúrio  e  o   chumbo,  responsáveis  por  intoxicações,  e o silício, além  do  vírus da hepatite B, associado ao 
hepatocarcinoma. Também  há fumo,  álcool, pesticidas,  fertilizantes,  CO, SO​2​, e as radiações. A  maioria  DCNT, 
no entanto, não tem agente responsabilizado como etiológico – o que não quer dizer que este não exista. 
● Exposição  a  fatores  de  risco​:  a 
ausência  de  agente  conhecido  dificulta 
bastante  as  pesquisas  sobre  o   assunto. 
Assim,  o  objetivo   é  a  identificação  dos 
fatores  de  risco  associados  ao 
aparecimento das doenças. 
  Estes  são  as  ​circunstâncias  do 
ambiente  ou  as características das pessoas, 
herdadas  ou  adquiridas,  que   lhes conferem 
uma maior probabilidade de  acometimento, 
imediato ou futuro. 
A intensidade  da exposição aos  fatores de risco pode variar, desde um único  contato (radiação por Cs) 
até reiteradas doses (beber e fumar; inalação de substâncias químicas por trabalhadores industriais). 
● Predisposição  do  organismo​: a  hereditariedade  tem importante papel na explicação de diferenças 
na   frequência  de  danos  à  saúde  na  população.  As  pessoas  variam  na  carga   genética  recebidas  dos 
antepassados, tornando‐as mais ou menos suscetíveis. Isto  vale tanto  para doenças infecciosas quanto para 
DANT. 
● Exposição  x  predisposição​:  as  pessoas  se  expõem  de  maneira  desigual  aos  riscos  e  respondem 
também  de  maneira  não‐uniforme  às  agressões.  Um  misto  de  “exposição”   ambiental  e “predisposição” do 
organismo, em complexa interação, é o que explica o aparecimento da doença. 
Fatores de risco  Doenças 
1. História familiar de doença crônica   
2. Estresse/tipo de personalidade   
3. Vida sedentária/falta de exercício  A – Coronariana 
4. Dieta inadequada  B – Cerebrovascular 
   ­ Excesso de colesterol  C – Câncer 
   ­ Excesso de gordura saturada  D – Diabetes 
   ­ Excesso de determinados nutrientes  E – DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) 
5. Hipercolesterolemia  F – Cirrose 
6. Obesidade   
7. Hábito de fumar   
8. Hipertensão arterial   
9. Exposição a agentes específicos   
● Múltiplas  causa x múltiplos efeitos​: embora a rede  de causas seja útil para refletir a etiologia das 
doenças  crônicas,  ela também é uma  simplificação  da realidade. Os fatores de risco  são associados a  mais de 
uma  doença crônica. A obesidade, por exemplo, é fator de risco tanto para  a afecção coronária como para o  
diabetes. A situação de  dupla vinculação –  tripla, ou mais – é comum aos fatores de risco.  Assim, o modelo  de 
múltiplas causas e  efeitos  reproduz a  situação  da doença com maior  exatidão,  quando comparado à  rede de 
causas.  As relações  múltiplas  entre fatores de risco e doenças  têm uma  importância prática na prevenção: a  
eliminação ou atenuação de um fator de risco tem repercussão positiva em mais de uma doença crônica.   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

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CASO 06 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
BASES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS 
Conceito​:  conjunto  de  ações  que  proporciona  o  conhecimento,  a  detecção  ou  prevenção  de  qualquer  
mudança  nos  fatores   determinantes  e  condicionantes  de  saúde  individual  ou coletiva, com a  finalidade de  
recomendar  e  adotar  as   medidas  de  prevenção  e  controle  das  doenças   ou  agravos.  É,  portanto,  um 
importante instrumento para o planejamento e a organização dos serviços de saúde. 
 
PROPÓSITOS E FUNÇÕES 
Propósito​:  elaborar  uma  orientação  técnica  permanente  para  os  profissionais  de saúde, pois, estes, têm a 
responsabilidade   de  decidir  sobre   as   ações  de  controle  de  doenças  e  agravos  a   partir  das  informações 
colhidas.  ​Função  da  vigilância  epidemiológica​:  coletar  e  processar  dados  para  analisa‐los  e  promover 
recomendações  de  medidas   de  controle   e  planejamento  adequado  das  ações  governamentais. 
Posteriormente,  avaliar  a  eficácia  e  a   efetividade  das   medidas  adotadas,  divulgando  as  informações 
pertinentes. 
 
COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES 
A  coleta  de  dados  é  feita  periodicamente  e  ocorre  em  todos  os  níveis  do  sistema  de   saúde.  O  valor  da 
informação depende da precisão com que os dados são gerados. 
Tipos de dados: 
­ Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos: 
o Demográficos:  usados  para  quantificar  os   grupos  populacionais,  através  do  cálculo  de  taxas 
(nascimentos, óbitos, por exemplo); 
o Ambientais: aspectos climáticos e ecológicos; 
o Socioeconômicos: caracterização da dinâmica da população; 
­ Dados  de  morbidade:   permitem  a  detecção  de  problemas  sanitários,  distribuição  de   casos.  São 
oriundos da  notificação  de casos e  surtos, da produção  de serviços ambulatoriais e hospitalares, de 
investigação epidemiológica, da busca ativa de casos, de estudos amostrais e inquéritos; 
­ Dados de mortalidade: indicam a gravidade do fenômeno analisado; 
­ Notificação  de surtos e epidemias: a detecção precoce possibilita a constatação de qualquer início de 
elevação do número de casos. 
 
a. Fontes de dados 
­ Notificação​:  é  a  comunicação   da  ocorrência  de  determinada   doença  ou  agravo  à  saúde  feita  à 
autoridade  sanitária  responsável  por  profissionais  da  saúde  ou  qualquer  cidadão,  para  fins  de  adoção de 
medidas  de  intervenção  pertinentes.   A  ​notificação  compulsória  é  a  principal  fonte  da  vigilância 
epidemiológica   (informação‐decisão‐ação).  O   Ministério  da  Saúde  estabelece  a  lista  das  doenças  de 
notificação  nacional,  mas os estados e  municípios podem  acrescentar a  ela patologias de interesse  regional 
ou  local,  desde  que  justificada   a  sua  necessidade.  A  simples  suspeita  da  doença  dever  ser  notificada;   a 
notificação  tem  que  ser  sigilosa;  o  envio  de  notificações  deve  ser  feito  mesmo  na  ausência  de  casos 
(notificação negativa). 
▪ Magnitude​:   elevada  frequência  de  uma  determinada  doença,  traduz‐se  por  altas  taxas  de 
incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos; 
▪ Potencial de disseminação​: poder de transmissão da doença; 
▪ Transcendência​: expressa‐se por  características subsidiárias, como: ​severidade (medida pelas 
taxas de  letalidade, hospitalização,  sequelas); ​relevância ​social (valor imputado  pela sociedade, 
o  medo  que  as  pessoas  tem  de  serem  acometidas  pela  doença);  ​relevância  ​econômica  (o 
prejuízo social trazido pela redução da força de trabalho, gastos previdenciários); 
▪ Vulnerabilidade​: disponibilidade de instrumentos de prevenção e controle da doença 
▪ Compromissos  internacionais​: cumprimento  de metas internacionais  de controle, eliminação 
ou erradicação de doenças; 
▪ Ocorrência de epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde​: situações emergenciais 
Tais  critérios  devem  ser  considerados  em  conjunto,  mas  a  existência  de  apenas  um  deles  já  é 
suficiente para incluir determinada doença na lista de notificação.   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
b. Outras bases de dados 
­ Laboratórios​: complementam e confirmam o diagnóstico de confirmação de casos; 
­ Investigação  ​epidemiológica​:  trabalho  de  campo  realizado  a  partir  de  casos  notificados   e  que 
objetiva identificar os modos de transmissão, a  fonte de infecção, as características epidemiológicas 
da doença. O objetivo final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos. 
­ Imprensa​ ​e​ ​população​: muitas vezes o primeiro alerta sobre a ocorrência de uma epidemia; 
 
c.Fontes especiais de dados 
­ Estudos   epidemiológicos:  inquérito​:  estudo  seccional,  geralmente  amostral   realizado  quando  as 
informações  existentes  são  inadequadas  ou  insuficientes  devido  à:  notificação  imprópria  ou  deficiente, 
mudança  no  comportamento  epidemiológico da doença, dificuldade  na avaliação de  coberturas vacinais ou 
eficácia  de  vacinas,  etc.;  ​levantamento  epidemiológico​:  Levantamento  epidemiológico:  Não  é  um  estudo 
amostral, mas sim um estudo realizado com base nos dados existentes nos registros dos serviços de saúde ou 
de outras instituições. Destina‐se a complementar informações já existentes; 
­ Sistemas  sentinelas  são  constituídos  por  indicadores  que  não  necessariamente  representam   a 
totalidade  do  evento,  mas  servem de alerta  precoce da vigilância".  Vi que tais  sistemas são mais utilizados 
como  uma  alternativa  de  vigilância  focada  numa  determinada  população,  sobretudo  para  fins  de 
acompanhamento  de  tendências  de  doenças  e monitoramento da prevalência  de resistência a  antibióticos.  
Desse  modo, não  há preocupação  com estimativas  precisas de incidência ou prevalência na população geral. 
Evento sentinela​: detecção de  doença  prevenível, incapacidade, ou morte inesperada, cuja ocorrência serve 
como  um  sinal de alerta  de que a qualidade da  terapêutica ou prevenção de  ser questionada. Toda vez que 
ocorre  um  evento  dessa  natureza  a  vigilância  deve  ser  acionada   para  que  as  medidas  indicadas  sejam 
instituídas.  ​Unidades de saúde  sentinela​: Refere‐se, na grande maioria, aos hospitais que internam doenças 
infecciosas  e  parasitárias  e  informam,  diariamente,   aos  órgãos  de  vigilância,  os  seus  internamentos. 
Vigilância  de  áreas  sentinelas​:  delimitação  de  áreas  específicas  para  monitorar  a  ocorrência   de  certas 
doenças ou alterações na situação de saúde. 
 
UTILIZAÇÃO DO ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 
De investigação de caso: 
1. Coleta de dados: identificação, anamnese, condições sociais, etc. 
2. Pistas: fonte de contagio, ag. Etiológico... 
3. Busca ativa de casos: tratamento da doença e verificação da magnitude local 
4. Processamento e análises parciais dos casos: diagnosticar e planejar de que maneira deve seguir 
5. Encerramento de casos: fichas epidemiológicas, diagnostico final 
6. Etapa final: medidas de prevenção e alerta a órgãos hierárquicos superiores 
 
De epidemia: 
1. Trata‐se realmente de uma epidemia? 
2. O que pode tê‐la causado? 
3. O que pode ser feito para comprovar suas causa? 
4. Como a epidemia pode ser detida e outras similares podem ser prevenidas? 
 
NORMATIZAÇÃO 
Definição  de  normas  técnicas  para  a  uniformização  e  a  comparação  de  dados  e  informações 
produzidos pelo sistema de  vigilância. Também é  importante a  ​definição de caso de  cada doença ou agravo,  
visando  a  padronizar  critérios  diagnósticos  para  a  entrada e a  classificação  final dos casos no sistema.  Em 
geral, os casos  são classificados em suspeitos, compatíveis ou  confirmados. As  definições de caso devem ser  
modificadas  ao   longo   do  tempo,  por   alterações  na  epidemiologia  da  própria   doença,  para  atender  
necessidades de ampliar ou reduzir a sensibilidade ou especificidade do sistema. 
 
RETROALIMENTAÇÃO DO SISTEMA 
Retorno  regular  de  informações  às  fontes   produtoras  através  da   disseminação  periódica  de 
informes epidemiológicos  sobre a situação local, regional, estadual, macrorregional e nacional. Isso motiva os 
notificantes e propicia a coleta de subsídios para reformular normas e ações nos seus diversos níveis. 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Informa  com  precisão  a situação epidemiológica  de determinada  doença ou agravo, o impacto das 
ações de  controle e indicação de  outras medidas necessárias. Também demonstra  os resultados  obtidos para  
justificar os recursos investidos. 
 
Medidas quantitativas: 
Sensibilidade​: capacidade de detectar os casos; 
Especificidade​: capacidade de excluir os não casos; 
Representatividade​:  identificar  os  subgrupos  da  população  atingidos   pelo   caso  (subgrupos  que 
“representam” a doença); 
Oportunidade​: agilidade do sistema de informações. 
Medidas qualitativas: 
Simplicidade​: facilitar as ações do sistema e reduzir os custos; 
Flexibilidade​: capacidade de adaptação do sistema a novos casos epidemiológicos ou operacionais; 
Aceitabilidade​:  disposição  dos  profissionais,  organizações  e  indivíduos  de   participarem  e  utilizarem  o 
sistema. 
 
   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
CASO 07 – VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
A VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
É  o  conjunto  integrado  de  ações  legais,  técnicas  educacionais,  informativas,  de  pesquisa  e  de 
fiscalização,  capaz  de  eliminar,  diminuir  ou  prevenir riscos  à saúde  e de  intervir nos problemas sanitários 
vindos do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.  
A  Vigilância  Sanitária  visa  a   proteger  a  saúde  dos  consumidores, do ambiente e  da população  em 
geral.  Porem,  ela  também  tem  papel  de  mediar  os  interesses  econômicos  e  os  interesses de saúde.  O que 
significa que ela não  somente protege o consumidor,  como  também o produtor.  Isso porque ela permite que 
haja  uma  relação  entre  esses  dois  com  um  mínimo  de  segurança,  que   garante  a  proteção  a  saúde  do 
consumidor   em  relação  aos  serviços/medicamentos   consumidos,  e  ao   produtor  por  exigir  um  nível   de 
qualidade que faz com que ele tenha credibilidade no mercado. 
 
LOCAIS DE ATUAÇÃO 
•  ​Locais  de  produção  e  comercialização  de  alimentos​:   fábricas,  restaurantes,  bares,  produtores  de 
laticínios, mercados, frutaria, açougue, peixaria, matadouro, frigorífico, etc.; 
• ​Lojas e áreas de lazer​: shoppings, cinemas, clubes, ginásios, óticas, postos de gasolina, estádios, etc.; 
• ​Saneamento básico​: redes de esgoto, fornecimento de água, etc.; 
•  ​Locais  públicos​:  escolas,  cemitérios,  presídios,  hospitais,  clínicas,  farmácias,  salões  de  beleza,  asilos, 
rodoviárias, portos, aeroportos, área de fronteira, etc.; 
• ​Fábricas​: de medicamentos, de produtos químicos, de agrotóxicos, de cosméticos, de perfumes, etc. 
 
OBJETIVOS, NOÇÕES e FUNÇÕES 
Qualidade,  segurança,  eficácia  e  nocividade  constituem  categorias  operacionais  nas  ações   de 
proteção à  saúde da vigilância sanitária.  ​Qualidade e ​segurança  são requisitos imprescindíveis de todos os 
objetos  relacionados  com  a saúde, sejam  produtos  ou  serviços. Já a  ​eficácia  está vinculada à  finalidade e à 
natureza destes.  A ​nocividade é algo  que deve  ser evitado e, muitas vezes,  punido. Pode ser ​positiva​, quando 
se  reporta  de  fato  à  ação  criminosa  capaz   de  causar  prejuízo  direto  à  saúde,  ou ​negativa​,  quando  a ação 
suprime  ou diminui  a eficácia  conservadora/restauradora  da saúde ou reduz o valor  nutritivo/terapêutico, 
mesmo  que  não   haja  prejuízo  direto  à  saúde.  A   nocividade  também  pode  ​não  decorrer  de  delinquência 
sanitária​, quando há  eventos naturais sobre os produtos  ou  quando  a evolução do  conhecimento científico é 
o que a reconhece. ​Em todos os casos, o produtor/comerciante é responsabilizado. 
Riscos  e  danos  à  saúde  relacionados  ao   consumo  de  produtos/tecnologias/serviços  podem  ser 
decorrentes de  defeitos ou falhas,  como também  podem ser  intrínsecos ao  próprio “produto”.  No  Brasil, as 
funções​ ​da​ ​vigilância​ sanitária são a normatização e o controle sanitário de: 
­ Produtos  de  interesse  da  saúde   (bens,  da  produção,   armazenamento,  guarda,  circulação,  transporte, 
comercialização  e   consumo  de  substâncias  e   suas  matérias‐primas,  processos,  equipamentos  e 
embalagens. 
­ Tecnologias médicas (sangue, tecidos, órgãos, procedimentos, equipamentos e pesquisa); 
­ Serviços direta ou indiretamente relacionados com a saúde, públicos ou privados; 
­ Portos, aeroportos e fronteiras, incluindo meios de transporte, cargas e pessoas; 
­ Aspectos do meio ambiente, processos de trabalho e saúde do trabalhador. 
 
INSTRUMENTOS PARA AÇÃO 
A  atuação  da  vigilância  sanitária  se  dá  com  base  em  legislação  especifica,  cujo  cumprimento  é 
assegurado  pelo  ​poder  público​.  Neste  âmbito,   as   ​liberdades  individuais  são  condicionadas  aos  ​interesses 
coletivos​ (sociedade > indivíduo/instituição). 
A  intervenção  da  vigilância  sanitária,  diante   da  complexidade  e  da   natureza  dos  riscos  que  deve 
prevenir, eliminar ou diminuir, requer o uso concomitante de  vários instrumentos que se complementam em 
um conjunto organizado  de praticas  a serem  desenvolvidas  nas  distintas  instancias  do  Sistema Nacional  de 
Vigilância  Sanitária  (SNVS).  Aqui,  a  legislação  constitui  um  instrumento  imprescindível  para   a  ação.  A 
legislação  sanitária  contém  os  fundamentos jurídicos e técnico‐científicos das  práticas, sendo o apoio e a  
legitimação das intervenções. Os mecanismos de ação da Vigilância Sanitária são: 
­ Fiscalização  sanitária​:  aceita  ou  recusa  produtos/serviços  e  intervém  em  situações  de  risco  à 
saúde.  Verifica o cumprimento das normas estabelecidas para garantir a  proteção à saúde,  como requisitos 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
legais e técnicos para o exercício da atividade (​serviços​).  Também identifica, no  caso de ​produtos​, por meio da 
inspeção​,  falhas  técnicas no processo de produção e  inclusive fraudes,  que podem alterar  as  características 
do produto  e modificar os efeitos benéficos esperados. A  ​inspeção ​é uma prática  de observação sistemática 
destinada  a  examinar  as condições sanitárias e a  conformidade com  padrões  e requisitos  da Saúde Pública  
que visam a proteger a saúde individual e coletiva. 
­ Laboratório​: a  fiscalização apoia‐se no laboratório,  que verifica  a conformidade  dos produtos com  
padrões estabelecidos e as características averbadas nos respectivos registros. 
Tendo em vista sua finalidade, os principais tipos de análises laboratoriais são denominadas: 
• Análises fiscais  – Visam verificar a  conformidade do produto  com seus  padrões  técnico‐sanitários.  Devem 
ser realizados periodicamente; 
• Análise  de controle  – Realizada imediatamente  após a fabricação de um determinado produto em processo 
de   registro,  e   está  destinada  a avaliar a  capacidade  que o produtor  tem de produzir  segundo  os termos  de 
registro; 
• Análise  prévia – Requisito para  o  registro  de um determinado produto ou uma substância a ser utilizada em 
um  produto  ou  embalagem.  É  o  caso  de   um   aditivo  novo  que  ainda  não  consta  nas  listas  de  substâncias 
permitidas. 
O  laboratório central de referência no país é o Instituto  Nacional de Controle de Qualidade  em Saúde 
(INCQS)  e   tem  o  papel  de  fornecer   padrões   de  referência  e  métodos  de  análise  de  produtos,  bem  como 
procedimentos  amostrais  para  servir  de  parâmetro   aos  demais  laboratórios  oficiais  que   integram  a   rede 
laboratorial de apoio às ações de Vigilância Sanitária. 
­ Estudos  epidemiológicos​:  fundamentais  para  elucidar  associações  entre  fatores  de  risco 
relacionados  aos  elementos  sob  vigilância  sanitária  e  determinadas  doenças.  Apresentam  evidência  de  
relação da substância com uma doença ou agravo. 
­ Pesquisas  de  laboratório​:  têm   base  em  experimentos   com  modelos  animais.   São  fundamentais  
para  o estudo de  associações e  para o  estabelecimento de níveis de tolerância  de determinadas substâncias 
incorporadas  a  produtos  de   consumo  humano,  como  aditivos  em  alimentos  e  níveis  de  exposição   no 
ambiente de trabalho. 
­ Monitorização​: objetiva  acompanhar,  avaliar e controlar mediante acompanhamento, de maneira a 
garantir  a  efetividade.  Em  laboratórios,  por  exemplo,  a  monitorização  atua  em  integração  na  medida que 
identifica  riscos  de  agravos  e  garante  a  qualidade  de   produtos,  serviços  e  ambientes.  Muito utilizada, por  
exemplo,  na  rotina   dos  serviços públicos de  abastecimento de água, para  acompanhar a  qualidade da água 
fornecida. 
­ Vigilância  epidemiológica​:  A  vigilância  epidemiológica  é  um  instrumento   de  primordial 
importância  nas  ações  do  campo  da  vigilância  sanitária,  permitindo  acompanhar  doenças  veiculadas  por  
alimentos,  pelo  sangue  e derivados, intoxicações, infecções  hospitalares, efeitos adversos de medicamentos, 
agravos   inusitados  relacionados  com  tecnologias  médicas,  a  exemplo  de  próteses  e   órteses,  fornecendo 
informações valiosas para subsidiar ações de controle sanitário. 
­ Marketing  social,   informação  e  educação  para   a   saúde​:  técnica  de  comunicação  destinada  a 
modificar   atitudes  e  comportamentos  de   "mercados‐alvo",  segundo  artifícios  específicos.  Diferente  do 
marketing comercial, cujo objetivo é satisfazer supostas necessidades e carências do público‐alvo. 
 
SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (SNVS) 
Estrutura  Político­institucional​:  A  lei  orgânica  da  Saúde  8080/90  determina  como  uma  das 
competências  da  direção  nacional  do  Sistema  Único  de  Saúde  definir  e  coordenar  o Sistema  de Vigilância 
Sanitária. 
Integram  o  SNVS  a  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  (Anvisa),  o  Conselho  Nacional   de  Secretários  
Estaduais  de  Saúde  (CONASS),  o  Conselho  Nacional   de  Secretários   Municipais  de  Saúde  (CONASEMS),  os 
órgãos   de  vigilância  sanitária  estaduais,  do  Distrito  Federal  e  dos municípios, os Laboratórios  Centrais de 
Saúde   Pública  (LACENS),  o  Instituto  Nacional   de  Controle  de  Qualidade  em  Saúde  (INCQS),   a  Fundação 
Oswaldo Cruz e os Conselhos de Saúde. 
O  Sistema  engloba  unidades  nos  três  níveis  de  governo  –  federal,  estadual   e  municipal  –  com 
responsabilidades compartilhadas. No nível federal, estão a Agência Nacional  de Vigilância Sanitária (Anvisa)  
e  o Instituto Nacional de  Controle  de Qualidade em  Saúde (INCQS/Fiocruz). No  nível estadual, estão o órgão 
de  vigilância  sanitária  e o Laboratório Central  de Saúde  Pública  (LACENS)  de cada uma das 27 Unidades da 

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

ANDRÉ BIONE 
 
Federação. No nível  municipal,  estão os  serviços de  VISA dos 5561 municípios brasileiros, muitos dos quais 
ainda em fase de organização. 
Anvisa – função: “Promover a  proteção da saúde da  população, por intermédio do controle  sanitário da  
produção  e  comercialização  de  produtos  e  serviços  submetidos   à  vigilância  sanitária,  inclusive  dos  
ambientes,  dos processos, dos insumos e das tecnologias a  eles relacionados, bem como o controle de portos, 
aeroportos e fronteiras” (Lei 9782).   

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EPIDEMIOLOGIA GERAL 

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­ A Anvisa  é caracterizada como  uma entidade  administrativa independente,  uma autarquia  especial 
vinculada  ao  Ministério  da  Saúde.  A  natureza  de  autarquia  especial  é  caracterizada  pela  independência 
administrativa,  autonomia  financeira  e  estabilidade  de  seus  dirigentes.  A  autarquia  é  dirigida   por  uma 
diretoria  colegiada,  composta  de  cinco  membros,  um  dos  quais é  o  diretor‐presidente.  Esses membros são 
indicados e nomeados pelo presidente da república. 
­ A Anvisa  conta, no seu corpo  administrativo, com um Ouvidor, para receber e responder as queixas, 
denúncias   e  interrogações  da  população,  e  um  Conselho  Consultivo  do  qual  participam   entidades 
representativas dos interesses de diversos grupos sociais, setor  produtivo,  comunidade científica, Conselho 
Nacional de Saúde, entidades de defesa do consumidor etc. 
De  um  modo  em  geral,   pode‐se   dizer  que  as   atividades  de  regulamentação,  de  registro  e  de 
autorização e a atuação na área de portos, aeroportos e fronteiras ficam sob a competência do órgão Federal. 
Obs.:  Vale  lembrar  que  além  de  todas  aquelas  funções  da  vigilância  sanitária,  ela  também  é  atuante  na 
intervenção  Estatal  para  garantir  o   atendimento  a  necessidades  de  saúde  ou  resolução de problemas que  
dificultam  a  integralidade  da  atenção.  Um   exemplo  seria  a   política dos medicamentos genéricos  como um 
meio de maior acesso aos remédios à população (diminuição do preço). 
 
Práticas  de  Vigilância   sanitária​:  os  serviços  de  vigilância  sanitária em  geral  organizam  suas práticas em 
função  das  distintas  categorias  de objetos, como produtos, serviços direta e  indiretamente relacionados com 
a saúde, meio ambiente e, na área federal, portos, aeroportos, fronteiras e relações internacionais. 
­ Vigilância e controle sanitário de produtos de interesse da saúde. 
­ Medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos e correlatos; 
­ Controle sanitário de produtos zoosanitários, fitossanitários e agrotóxicos; 
­ Vigilância sanitária de alimentos, bebidas e águas minerais; 
­ Controle sanitário de produtos de origem animal. 
­ Vigilância   sanitária  de   serviços  direta  ou  indiretamente  relacionados  com  a  saúde:  ​as  ações   de 
vigilância sanitária nos serviços  direta ou indiretamente relacionados com  a saúde  devem proteger a  saúde 
das pessoas contra ​iatrogenias – doenças relacionadas com os serviços de saúde  – que podem atingir não só 
usuários  e  trabalhadores  de  saúde,  com  os  circunstantes.  Também   devem  proteger  o  ambiente  e a saúde 
humana de externalidades de  produção de serviços, relacionada aos resíduos dos  serviços de saúde, os  quais 
necessitam de gerenciamento e deposição adequados. 
­ Vigilância   nos  portos,  aeroportos  e  fronteiras  e  relações  internacionais  no  âmbito  da  vigilância 
sanitária​: objetiva  impedir que doenças infectocontagiosas e outros  agravos se disseminem pelo país através 
das fronteiras; também  visa preservar as condições  sanitárias nos  meios de  transporte,  sendo  importante à  
circulação  de  mercadorias  e  pessoas.  Nas  imigrações,  preserva  a  capacidade  de  trabalho  das pessoas  que 
pretendem ingressar no país. 
­ Vigilância sanitária do meio ambiente e ambiente de trabalho. 
 

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