Sie sind auf Seite 1von 16

PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA

Economia Informal de Quixadá: Atividade e Fatores


Psicossociais para a Saúde de Trabalhadores
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do projeto: Economia Informal de Quixadá: Atividade e Fatores


Psicossociais para a Saúde de Trabalhadores
Duração do projeto: Início: Fev / 2019 Término: Dez / 2019
Curso: Psicologia
Palavras-chave: Psicologia do Trabalho; Saúde dos Trabalhadores; Informalidade;

Resumo do projeto: As modificações técnicas e cientificas ocasionaram novas


experiências na organização do trabalho produtivo, exigindo
capacitação e eficiência. Com isso, para garantir a
empregabilidade, constitui-se um amplo e complexo campo de
trabalho informal, marcado por condições precárias de produção
e direitos. O objetivo deste projeto é compreender essa realidade
e as influências que suas interações provocam na saúde do
sujeito, no contexto de Quixadá. A atividade em condições
informais é objeto de estudo neste projeto de pesquisa. Portanto,
faz-se necessário incluir no campo das psicologias o
entendimento sobre o desenvolvimento da atividade prática
cotidiana em seu intercurso dinâmico acerca a realidade política,
material, relacional, necessidades, percepções e objetivos dos
diversos trabalhadores que se encontram em situação de
informalidades.

Edital: Edital PIC 2019


1. INTRODUÇÃO

Devido ao avanço técnico-científico e impulsionado pela necessidade de competição


mundial por mercados consumidores se observa no cenário mundial, principalmente a partir
da década de 1970, novas experiências na organização do trabalho produtivo, frequentemente
entendidas como uma forma de reestruturação produtiva (Harvey, 2000).
Aliadas à tecnologia e à sua intensa utilização para substituir a mão de obra humana,
destacam-se neste contexto a flexibilização e a precarização das condições de trabalho como
realidades contingentes de uma nova morfologia do trabalho (Antunes, 2005). Os formatos de
filiação ao emprego, desde então, têm passado por significativas mudanças, exigindo maior
compromisso de tempo e maior emprego da capacidade intelectual. Discursos de capacitação,
qualidade e produtividade marcam a ação dos trabalhadores na atualidade, objetivando
eficiência e subjetivando insegurança pela perda do emprego (Nardi, 2006).
A organização produtiva no decorrer da “sociedade salarial” (Castel, 2010) favorece a
construção de um modelo hegemônico regulatório dos contratos e compromissos dos
trabalhadores. No entanto, para grande quantidade de pessoas que não se adequam aos
padrões de competência (Perrenoud, 2000) em favor de garantir empregabilidade, engendra-se
o amplo e complexo campo da economia informal. Comumente rechaçada à força de trabalho
com maior vulnerabilidade social, menor escolaridade e limitadas experiências, trabalhar
informalmente consiste para milhões de pessoas na alternativa necessária para permitir sua
sobrevivência.
A atividade de trabalho em condições de informalidade é o objeto de estudo neste projeto
de pesquisa. Propõe-se que sua observação seja elaborada a partir dos recursos teórico e
metodológicos da Psicologia Social do Trabalho, em interface com contribuições vindas da
Psicologia Histórico-Cultural.
No âmbito da ciência psicológica, mais precisamente no campo das “psicologias do
trabalho” (Sato, 2013), este projeto assume a premissa de que as organizações coletivas de
trabalho ultrapassam o entendimento de estrutura física e hierárquica, comum ao modelo
industrial. De outra forma, as organizações de trabalho são aqui abordadas como “fenômeno
psicossocial” (Spink, 1996), ou seja, como processo sistêmico de relações sociais e simbólicas
próprio a determinado grupo de pessoas que assumem diferentes funções em busca de um
objetivo em comum.
2. JUSTIFICATIVA

Em resolução publicada no ano de 2005, a OIT propõe que, substituindo o termo setor
informal, “a expressão economia informal refere-se a todas as atividades econômicas de
trabalhadores e unidades econômicas que não são abrangidas, em virtude da legislação ou da
prática, por disposições formais”. (OIT, 2005, p. 6-7). Sendo assim, a economia informal não
representa um setor específico, mas sim uma série de atividades produtivas que existem em
paralelo - e em complementariedade - aos diversos setores da economia que atuam
regulamentados por dispositivos legais.
No Brasil, de acordo com dados do IPEA (2016), ao final do ano de 2015, cerca de 45,1%
da PEA1 brasileira estava em condições de informalidade2. Apesar deste grande contingente
de trabalhadores, tal realidade tem se encontrado à margem das prioridades das pesquisas
científicas - que por várias décadas estiveram comprometidas com um modelo hegemônico de
gestão e pelo utilitarismo (Sato, 2003; Spink, 2009). Esta marginalização tem conferido à
economia informal uma dimensão de invisibilidade: “Há um mercado de trabalho, invisível,
mantido e reproduzido por pessoas que se vinculam a comunidades e redes de relações
interpessoais. Nele, trabalho no mercado formal, informal, emprego e desemprego convivem
sem barreiras” (Sato, 2013, p.106).
Portanto, conhecer a importância de investigar sobre aspectos estruturantes e
organizativos da economia informal, frente à considerável participação desta realidade na
PEA em todo mundo, é um relevante papel cientifico pautado pela crítica e reflexão sobre os
caminhos que o trabalho tem percorrido na economia capitalista.
Sendo assim, defende-se a relevância no estudo teórico e empírico sobre a atividade
prática do trabalho em condições de informalidade para a compreensão, a partir do ponto de
vista dos próprios trabalhadores, sobre os principais determinantes (históricos, sociais e
objetais) que envolvem a saúde orgânica e mental destes sujeitos.

1
População Economicamente Ativa (PEA): número de habitantes em idade e condições físicas para exercer
algum ofício no mercado de trabalho.
2
A quantificação estatística deste público torna-se um problema para os órgãos oficiais de pesquisa, pois a
informalidade não pode ser identificada pelo recolhimento de impostos trabalhistas (registros da RAIS) e nem
pela movimentação de contratações via carteira profissional (registro do CAGED). A mensuração dos
trabalhadores informais só é possível por meio da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) e
prospecções estatísticas de acordo com o crescimento da população e o avanço de determinados setores da
economia.
3. PROBELMATIZAÇÃO

Apesar de a economia informal representar, já desde a década de 1980, preponderante


parcela produção econômica de diversos países capitalistas no canário mundial (OIT, 2002),
observa-se que pouco se considera este segmento nas pesquisas científicas no campo da
Psicologia do Trabalho. O interesse específico pelas aplicações do saber psicológico nas
organizações formais de trabalho tem caracterizado aquilo que os autores têm denominado de
“psicologia do emprego”. Compreende-se que a dialética entre o Homem e o ambiente social
deve considerar a totalidade das experiências transformadoras de produção da natureza e da
própria subjetividade. Portanto, faz-se necessário incluir no campo das psicologias o
entendimento sobre o desenvolvimento da atividade prática cotidiana em seu intercurso
dinâmico acerca a realidade material, relacional, necessidades, percepções e objetivos dos
diversos trabalhadores que se encontram em situação de informalidades. O questionamento
sobre a realidade destes trabalhadores no sentido compreender as influências que suas
interações cotidianas implicam na saúde (orgânica e mental), bem como o nível de
participação destes sujeitos nas políticas sociais, consiste numa problematização necessária
para o avanço metodológico da Psicologia Social do Trabalho.
4. OBJETIVOS

4.1 GERAL
Identificar empiricamente e analisar teoricamente as condições estruturais e sociais que
influenciam a saúde de trabalhadores informais em Quixadá/CE no contexto de suas
atividades cotidianas, considerando as interfaces entre as suas possibilidades e limitações de
ação produtiva em comparação aos aspectos do trabalho decente definidos pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT).

4.2 ESPECÍFICOS
- Empreender programa de estudo sistemático sobre as categorias: atividade prática,
trabalho informal, saúde dos trabalhadores e trabalho decente.
- Realizar levantamento de informações estatísticas sobre o mercado de trabalho de
Quixadá com o objetivo de agrupar dados secundários que favoreçam na compreensão da
realidade econômica local quanto as (in)formalidades.
- Elaborar e validar questionário estruturado que será aplicado em diferentes
segmentos de trabalhadores informais de Quixadá, selecionados mediante levantamento
amostral. O questionário será elaborado com base nas quatro categorias teóricas explicadas no
primeiro objetivo específico.
- Elaborar e publicar relatórios e resultados da pesquisa a fim de divulga-los em
periódicos e eventos temáticos sobre as ciências do trabalho, bem como servir de subsídio
para discussões sobre as realidades e demandas dos trabalhadores informais quanto a políticas
públicas trabalho e seguridade social.
5. REFERENCIAL TEÓRICO

O cenário de crescente flexibilidade nas relações contratuais do trabalho assalariado tem


exigido por parte da Psicologia Social maior enfoque crítico quanto aos reflexos desta
realidade na subjetividade dos trabalhadores (Alonso, 2002; Antunes, 1999; Bernardo, 2009;
Castillo, 1988; Nardi, 2006; Veronese, 2003).
Aceitando a tese de que a categoria trabalho permanece central para a organização
social (Antunes, 2005; Mészaros, 2002; Salazar, 2009), revela-se nas últimas décadas que a
sociedade salarial tem sofrido intensa transformações desde o início do processo denominado
como reestruturação produtiva (Harvey, 1992). No campo da Psicologia Social os fenômenos
do atual contexto do trabalho têm sido pesquisados “a partir de categorias que lhe são próprias
como: identidade, subjetividade, memória, representações e interações sociais” (Sato, 2013, p.
101).
As consequências da reestruturação produtiva têm eliminado as possibilidades de que o
mundo do trabalho possa evoluir para o pleno emprego, principalmente nos países da América
Latina. Observa-se que em muitos casos não há mesmo qualquer regulação contratual ou
política pública que protejam os direitos dos trabalhadores, o que abrange a realidade da
economia informal. Os diversificados modos de trabalho em condições de informalidade têm
constituído aquilo que Peter Spink denomina de nanoeconomia, ou seja, “batalha cotidiana
para criar possibilidades de [...] sobreviver e de garantir a sustentação familiar” (Spink, 2009,
p. 231)
As pesquisas do trabalho informal têm sido desenvolvidas no âmbito da Psicologia
Social do Trabalho através de estudos sobre questões como: cotidiano, organização,
cooperação, competição, negociações, autogestão, estratégias de ação, micropolítica. (Esteves,
2002; Oliveira & Leiner, 2009; Sato, 2007; 2013; Sato, Bernardo, Oliveira, 2008; Sato &
Esteves, 2002; Sato & Oliveira, 2008).
Este projeto de pesquisa se concentra nas contribuições da Psicologia Social que
abordam “os fenômenos organizativos a partir de seus determinantes sociais” (Sato, Bernardo,
Oliveira; 2008). Desta forma, partindo do ponto de vista dos trabalhadores, torna-se possível
compreender o cotidiano das interações sociais e simbólicas implicadas na atividade de
trabalho informal. Tais interações são permeadas de história, vivências, sentidos e (inter)
subjetividade; bem como de materialidade e objetivos – “aspirações dos trabalhadores”
(Idem). Para abordar a dimensão objetal da atividade se considera úteis alguns subsídios
vindos da Psicologia Histórico-Cultural.

4.1 A atividade de trabalho segundo a Psicologia Histórico-Cultural


Com o objetivo de construir uma Psicologia que assume o materialismo histórico e
dialético como método para abordar a consciência humana, os pesquisadores da Psicologia
Histórico-Cultural apontam ênfase no conceito da atividade prática como o veículo de
mediação para a vida psíquica (Vygostsky, 1991, 1995; Leontiev, 1972, 1983, 1995). Tal
premissa se ancora no princípio marxista que não é a consciência dos homens que determina o
seu ser, mas pelo contrário, seu ser é que determina sua consciência (Marx, 1993).
A relação ativa do ser humano com o mundo, mediada pelos objetos e pela linguagem,
possui então dupla função. Como aponta Vygotsky (1991, p.148 – tradução nossa) “se
examinarmos as formas iniciais da atividade, veremos que estão divididas em sua função
executora e diretiva”. A função executora está relacionada ao aspecto objetal da atividade, a
prática material com a realidade. Já a função diretiva está vinculada à intencionalidade
socialmente significada desta atividade, seu objetivo funcional.
No intercurso dialético entre sujeito e objeto configura-se uma estrutura geral da
atividade Leontiev (1972, 1983), cujo estudo de seus elementos contribui para consolidação
do método marxista no campo da Psicologia científica. Tais elementos são: percepção ativa,
atividade objetal, instrumentos, linguagem, reflexos psicológicos, necessidades vitais,
necessidades funcionais, ação, objetivo, operações e condições.
Para as finalidades deste projeto de pesquisa não é possível a delimitação precisa dos
elementos mencionados acima, mas sim apresentá-los como possibilidade de critérios para a
observação da atividade prática no cotidiano dos trabalhadores em condições de
informalidade. Sendo assim, tais critérios podem auxiliar na compreensão sobre o processo de
desenvolvimento da atividade (Leontiev, 1995, 2005), ou seja, a relação direta dos sujeitos
com as condições históricas, sociais e objetais.
Torna-se ainda interessante agregar ao quadro teórico contribuições da Clínica da
Atividade (Clot, 2007; 2010) acerca da “função psicológica do trabalho”. Os argumentos da
Psicologia Histórico-Cultural são reiterados por Clot quando aponta a atividade dirigida como
objeto de análise:

Definimos a função psicológica do trabalho no interior de uma Psicologia Histórico-


Cultural que atribui um lugar central às realidades matérias e simbólicas do mundo
exterior. [...]. É, portanto, entorno do conceito de atividade que esboçamos o campo do
que é para nós a psicologia do trabalho [...]. Para tentar abordar essa relação entre o
dado e criado, propomos considerar agora o trabalho como uma atividade dirigida em
situação real (Clot, 2007, p. 93- 94).

Complementando, Clot define que a atividade “(...) é triplamente dirigida [...]. Na


situação vivida, ela é dirigida não só pelo comportamento do sujeito ou dirigida por meio do
objeto da tarefa, mas também dirigida aos outros” (2007, p. 97). As três direções da atividade
prática (sujeito, objeto e outros) interagem numa dinâmica simbólica de significados que
norteiam as operações de um coletivo de trabalhadores.
As três direções da atividade indicam que em qualquer análise situada deve-se levar em
consideração que o sujeito da ação possui dois pressupostos principais: por um lado, a sua
relação com os objetos instrumentais e signos de linguagem (que para o autor representam
instrumentos de comunicação); e, por outro lado, a relação do sujeito com outros sujeitos, ou
mais precisamente, com a atividade prática dos outros sujeitos coparticipantes do mesmo
contexto situacional. Esta “dupla vida da ação” (Clot, 2007, p. 154) corresponde também a
uma dupla zona de desenvolvimento potencial a qual o sujeito da ação poderá desenvolver em
sua atividade prática.
Acerca da dupla zona de desenvolvimento potencial, Clot (2007) afirma ainda sobre as
possibilidades de desenvolvimento da atividade a partir das transformações na interação entre
as diferentes direções da ação. Ou seja, a dinâmica entre sujeito, objeto e outros pode ser
reconfigurada e as diferentes possibilidades decorridas desta transformação representam
aquilo que ele denomina de real da atividade. Este termo consiste nas realidades possíveis da
atividade dirigida, ou seja, “o real da atividade é aquilo que não se fez, aquilo que não se pode
fazer, aquilo que se busca fazer sem consegui [...], aquilo que se pensa ou que se sonha poder
fazer” (Clot, 2007, p.116).
Para este projeto de pesquisa, tão interessante como abranger a dimensão do real
vivenciado (condições objetais e sociais da ação), é considerar as possibilidades de
transformação desta realidade por parte dos trabalhadores. “O homem está a cada minuto
pleno de possibilidades não realizadas” (Vygotsky, 1995, p.41). Tais possibilidades estão no
dia a dia destes sujeitos e movimentam as suas ações em busca dos objetivos esperados.
6. METODOLOGIA EMPREGADA

Para o embasamento metodológico desse projeto será inicialmente realizado


levantamento de dados estatísticos em relação ao mercado de trabalho no contexto do Ceará,
do Sertão Central e, mais especificamente, do município de Quixadá. Tais informações podem
ser obtidas a partir solicitação formal à Coordenação de Estudos e Análises do Mercado de
Trabalho do Instituto do Desenvolvimento do Trabalho (IDT), organização social executora
do Sistema Nacional do Emprego (SINE) no Estado do Ceará.
As informações estatísticas serão importantes para o delineamento amostral da
quantidade e tipos de ocupação que os pesquisadores devem considerar para aplicação dos
questionários estruturados. A quantidade e estratificação amostral devem ser fundamentadas
na última versão da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) contínua,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em complementariedade
com a Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED), realizada pelo Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Em paralelo às solicitações formais para compreensão sobre o mercado de trabalho na
Região do Sertão Central e, mais especificamente, de Quixadá, os pesquisadores estarão
engajados na elaboração de questionário estruturado para ser aplicado na amostra estratificada
desenhada. Este questionário terá como objetivo coletar informações sobre três dimensões:
a) Condições físicas e sócias de trabalho. A apreensão sobre a dimensão cotidiana destes
trabalhadores consiste numa prerrogativa metodológica para compreensão local sobre as
rotinas pragmáticas da vida objetiva e social destes sujeitos. Investigar sobre os processos
organizativos de trabalho permitirá aproximação sobre a efetividade, zonas de aprendizado,
sentidos, limitações e possibilidades de desenvolvimentos produtivo. Para fundamentação
desta dimensão utilizaremos as contribuições da Psicologia Social do Trabalho sobre a
categoria cotidiano, bem como as contribuições da Psicologia Histórico-Cultural sobre o
desenvolvimento objetivo e social da atividade dirigida.
b) Saúde dos trabalhadores. Explorar a dimensão da saúde orgânica e mental de
trabalhadores informais significa um avança verdadeiramente inovados para as ciências do
trabalho. Não há pesquisas, metodologicamente definidas, neste campo ainda. Compreender
sobre os determinantes sociais que influenciam a saúde destes trabalhadores consiste num
avanço empírico de investigação pautado na realidade de boa parte da PEA de Quixadá. Para
a fundamentação dos itens estruturados no questionário acerca esta dimensão utilizaremos as
recomendações do Conselho Federal e Psicologia (CFP) sobre a Saúde de Trabalhadores, os
marcos legais da regulamentação nacional acerca as condições de trabalho, diversos estudos
teóricos e empíricos publicados por pesquisadores da área, bem como os argumentos da
Medina Social Latino-Americana sobre os determinantes sociais para a saúde.
c) Direitos sociais do cidadão brasileiro. Está na Constituição Federal (Artigo 6º) a
descrição de todos os direitos sociais atribuídos aos cidadãos do Brasil. Na prática, sabemos
que boa parte da população não recebe tais direitos pela ineficiência do Estado em suprir tais
demandas. Sabemos que a atenção aos direitos sociais consiste numa importante prerrogativa
para compreensão sobre a saúde orgânica e social de qualquer cidadão. Dentro do escopo
amostral e objetivos desta pesquisa, propomos a compreensão sobre a cidadania e autonomia
produtiva dos trabalhadores informais de Quixadá. Esta dimensão consiste num interesse
particular para as políticas públicas federais, estaduais e municipais, já que grande parte
destes trabalhadores utilizam os serviços públicos de saúde, educação, segurança, previdência,
etc, mas não contribuem com o recolhimento de impostos importantes para a manutenção e
qualidade destes serviços.
O instrumento de pesquisa, antes de ser amplamente aplicado, será validado segundo as
orientações metodológicas em ciências humanas e sociais, passando inclusive por período de
pré-testes e possíveis revisões. A aplicação do questionário acontecerá de maneira presencial,
na qual os pesquisadores se deslocarão até feiras, comércio, serviços e residências onde
acontecem as atividades produtivas de informalidade. Os aplicadores estarão orientando os
sujeitos pesquisados caso haja alguma dúvida. Todos os sujeitos deverão assinar Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e suas identidades não serão divulgadas.
Os resultados quantitativos da pesquisa serão analisados à luz de preceitos teóricos e
metodológicos escolhidos para a fundamentação deste estudo. Os dados passarão por análise
estatística diferencial através do Software SPSS. A publicação dos resultados parciais e finais
respeitarão o cronograma de pesquisa pré-determinado, apresentado a seguir.
7. CRONOGRAMA

Fev Mar Abril Maio Jun Jul Agos Set Out Nov Dez
ATIVIDADE 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019

Estudo teórico
e metodológico
Coleta de
dados
secundários
junto aos
órgãos de
pesquisa
Elaboração e
validação de
questionário
Delineamento
amostral
estratificado
Aplicação de
questionário
na amostra
Elaboração de
relatórios
parcial e final
Produção
cientifica para
publicação em
revistas e
eventos
8. RESULTADOS ESPERADOS

Os principais resultados esperados são:

a) Delineamento estatístico acerca o mercado de trabalho da Região do Sertão


Central. A pesquisa traz como resultado inicial a descrição estatística acerca a realidade
formal e informal no mercado de trabalho da região do Sertão Central cearense, mais
especificamente do município de Quixadá. Este delineamento estatístico será útil, além dos
objetivos deste projeto de pesquisa, para a compreensão do cenário produtivo e das inserções
profissionais de toda a região onde a Unicatólica atua. Servindo para outros estudos e
projeções de planejamento da IES.

b) Inovação nos estudos sobre a economia informal. Quase metade da população


economicamente ativa brasileira é composta por trabalhadores do segmento informal.
Adentrar na compressão quantitativa e qualitativa deste segmento populacional representa um
avanço para as ciências do trabalho no âmbito do Sertão Central. Poucos são os centros
universitários que estão se dedicando a estes estudos e a Unicatólica pode adentrar neste
cenário de pesquisas e publicações de elevada relevância nacional.
9. REFERÊNCIAS

Alonso M. E. & Pozo, C. (2002). Aproximación psicosocial a la salud labo. Conceptos,


factores de riesgo y formación en prevención de riesgos laborales. Almería: Gutenberg

Antunes, R. L. C. (2005). O Caracol e Sua Concha: Ensaios Sobre a Nova Morfologia do


Trabalho. São Paulo: Boitempo.

Antunes, R. (1999). Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do


trabalho. São Paulo: Boitempo.

Bernardo, M. H. (2009). Trabalho duro, discurso flexível: uma análise das contradições do
toyoismo a parir da vivência dos trabalhadores. São Paulo: Expressão Popular.

Castel, R. (2010) As metamorfoses da Questão Social: Uma Crônica do Salário: tradução de


Iraci D. Poleti. 9ª edição – Petrópolis, RJ: Vozes.

Castillo, J. J. (1998). A la búsqueda del trabajo perdido. Madrid: Tecnos.

Clot, Y. (2007). A Função Psicológica do Trabalho. Petrópolis: Vozes.

Clot, Y. (2010). Trabalho e Poder de Agir. Belo Horizonte: Febrefactum.

Esteves, E. G. (2002). Emprego versus trabalho associado: despotismo e política na atividade


humana de trabalho, Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 5, 51-56.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA. (2016). Nota Técnica: Análise da


Dinâmica do Emprego Setorial de 2014 a 2015. Brasília, 2016

Harvey, D. (2000). A condição pós-moderna(9a ed.). São Paulo: Loyola, 2000.

Leontiev, A. (1972). Atividade e Consciência. Artigo disponível na internet:


https://www.marxists.org/portugues/leontiev/1972/mes/atividade.htm

Leontiev, A. (1983). Actividad, Conciencia y Personalidad. Cuba: Editorial Pueblo y


Educación.

Leontiev, A. (1990). O Desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Editora Moraes.

Nardi, H. C. (2006). Ética, Trabalho e Subjetividade: Trajetórias de Vida no Contexto das


Transformações do Capitalismo Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRS.

Organização Internacional do Trabalho - OIT. (2005). A OIT e a economia informal: o


trabalho digno e a economia informal resolução da 90ª Conferência Internacional do
Trabalho, 2002: estatísticas de emprego no setor informal.

Oliveira F., Leiner, A. N. (2009). Relações de trabalho, processos cotidianos e


empreendimentos de economia solidária: duas experiências do Programa Oportunidade
Solidária. Cadernos de Psicologia Social do Trabalh; 12 (2), 243-256
Sato, L. (2003). Psicologia, saúde e trabalho: distintas construções dos objetos “trabalho” e
“organizações”. In Z. A. Trindade & A. N. Andrade (Orgs.), Psicologia e saúde: um campo
em construção (pp. 167-178). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Sato, L. (2007). Processos cotidianos de organização do trabalho na feira livre. Psicologia &
sociedade; 19, edição especial: 95-102, 2007

Sato, L. (2013). Recuperando o tempo perdido: a psicologia e o trabalho não regulado.


Cadernos de Psicologia Social do Trabalho. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho; 16
(1), 99-110.

Sato, L. & Esteves, E. (2002). Autogestão – possibilidades e ambigüidades de um processo


organizativo peculiar. São Paulo: CUT (Central Única dos Trabalhadores).

Sato, L. & Oliveira, F. (2008). Compreender a gestão a partir do cotidiano de


trabalho. Aletheia, 27 (1), 188-197.

Sato, l., Hespanhol Bernardo, M. & Oliveira, F. (2008). Psicologia social do trabalho e
cotidiano: a vivência de trabalhadores em diferentes contextos micropolíticos. Psicol. Am.
Lat., México, 15, versão online.

Sato, L. & Souza, M. P. R. (2001). Contribuindo para desvelar a complexidade do cotidiano


através da pesquisa etnográfica em psicologia. Psicologia USP, 12 (2), 29 – 47

Spink, P. K. (1996). Organização como fenômeno psicossocial: notas para uma redefinição da
psicologia do trabalho. Psicologia & Sociedade, 8 (11), 174-192.

Spink, P. K. (2009). Micro cadeias produtivas e a nano-economia: repensando o trabalho


decente. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 12 (2), 227-241

Vygotski, L. S. (1991). Obras Escogidas I. v.1. Madrid: Visor, 287p.

Vygotski, L. S. (1995). Obras Escogidas III. Madrid: Visor, 383p.


10. PLANO INDIVIDUAL DO BOLSISTA

Para melhor embasamento teórico, fazer consulta às teses, dissertações e publicações

acerca das estruturas do trabalho informal, e como essa constituição social pode afetar a saúde

fisiológica e psíquica ao sujeito e as atividades desenvolvidas pelo trabalhador informal.

Conhecer o território de pesquisa e as categorias que constituem os trabalhos informais

que são desenvolvidos na cidade de Quixadá/CE, a partir do conhecimento do campo, será

possível compreender as possibilidades, dificuldades e limitações de prática e se todos esses

aspectos se enquadram no trabalho defendido pela Organização Internacional do Trabalho,

contribuindo assim para elaboração do questionário, que além de conhecer, será produzido

através de um levantamento estatístico em vínculo ao mercado de trabalho no munícipio.

Para a aplicação do questionário, será necessário deslocar-se até os serviços de

atividades produtivas de informalidade, além das orientações a respeito do território e tipo de

trabalhos informais como já citado, é importante destacar a importância da ética profissional

no momento da aplicação do questionário, como deixar claro o objetivo do questionário,

sigilo, explicando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), além de levar em

consideração as especificidades do que entrevistado.

Das könnte Ihnen auch gefallen