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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

BACHARELADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS

DISCIPLINA “POLÍTICAS E SISTEMAS CONTEMPORÂNEOS DE JUSTIÇA


CRIMINAL - HUM040406

RESUMO DO TEXTO: “QUE HEMOS HECHO?

AUTOR: CARLOS BASOMBRIO IGLESIAS

ANA PAULA SCHNECK DA SILVA


CÁSSIA L DA FONSECA FERNANDES
GABRIELLE MEDEIROS FIGUEIRA DOS SANTOS
OLIVIA MARIA JUNQUEIRA TROMBINI
LUISA BARRETO CARVALHO

PORTO ALEGRE, 30 DE ABRIL DE 2019


QUE HEMOS HECHO? Reflexiones spbre respuestas y politicas públicas
frente al incrmento de la violência delincuencial em América Latina

Nos últimos 20 anos, a América Latina se tornou a região mais violenta do


mundo. A cada dia que passa, o crime está mais no centro das preocupações públicas
e no foco das demandas dos cidadãos sobre o estado.

As altas taxas de homicídios divulgadas pelos noticiários, preocupam tanto os


moradores de localidades onde os dados são mais alarmantes, quanto os de locais
onde a situação é menos grave. Tal situação gera em ambas populações sensação
de insegurança e impunidade.

Estamos diante de um dos problemas mais sérios e intratáveis da região; e o


contraste com outros problemas sérios na América Latina é notável Dados apontados
pela organização privada sem fins lucrativos Latinobarómetro Corporation (sede no
Chile) mostram que a preocupação com a insegurança vem superando a preocupação
com os problemas econômicos da América Latina.

O autor afirma que o texto tem o objetivo de mostrar as políticas públicas que
estão sendo realizadas pelo Estado, a sociedade civil, os organismos internacionais,
meios de comunicação e instituições de ensino para conter o avanço da violência,
bem como a eficácia delas.

I – PRÁTICAS ILEGAIS FORA DA LEI

- O período dos anos 70 e 80, sob o qual diversas cidades da América Latina
estiveram sob governos autoritários e com pouca preocupação e respeitos à
democracia e aos direitos humanos, facilitou a prática de diversas ações ilegais.

a) Eliminação física dos suspeitos de crimes

No período em questão era possível (e também aceitável) O Estado e a


sociedade considerar como política eficaz de segurança eliminar aqueles indivíduos
que ignoram a lei e a ordem. Nesse contexto, em algumas cidades do Brasil e
Colômbia formaram-se grupos clandestinos que executaram uma verdadeira limpeza
social, matando pessoas, incluindo crianças e adolescentes, que por sua situação
social, como a pobreza, eram considerados futuros criminosos. Os casos mais
horrendos de práticas como estas aconteceram no Rio de Janeiro; é sabido que em
Medellin, Bogotá e Cali operações de limpeza social se estruturaram no mesmo
período. Não é possível descartar a ocorrência em outras cidades e países, ainda em
menor escala.

A situação foi denunciada em Brasília no ano de 1989 durante o Primeiro


Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua. Até então, as autoridades
ignoravam o problema, que o governo do Rio de Janeiro se esforçou para fazer
parecer que se tratava de guerra entre os traficantes de drogas. Conforme o Diário
Hoy Ecuador “Extermínio de Menores Pobres” publicado em 31 de julho de 1993, a
polícia militar foi apontada como principal responsável pelo assassinato de 7 mil
menores entre os anos de 1988 e 1991.

Na Colômbia este fenômeno de violência iniciou seu desenvolvimento na


cidade de Pereira no ano de 1979, a partir de uma medida de segurança pública que
visava neutralizar o aumento desenfreado de assaltantes. Muitos foram marcados no
rosto com tinta indelével para serem facilmente identificados. As ações foram se
tornando mais drásticas e logo foram descobertos uma quantidade de corpos que a
princípio pareciam casos isolados, mas que foram identificados como início de uma
prática executada pelos “Esquadrões da Morte”. Não demorou muito foram localizados
outros corpos com mãos amarradas e sinais de tortura em estradas e lugares isolados.

Em 2009 a Human Rights Watch - organização internacional não-


governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos – analisou
51 casos em que a polícia havia executado supostos delinquentes e informado que as
vítimas haviam sido mortas em confrontos armados por resistência à prisão. Nestes,
33 casos a perícia criminal confrontou a versão oficial dos fatos e os relatórios de
autópsia apontaram que em 17 dos casos a polícia havia disparado contra as vítimas
à queima roupa.

No Peru, nos anos de 2007 e 2008 o coronel PNP Elídio Espinoza comandou
um grupo de executores. A situação foi resultado direto do Decreto Legislativo 982 de
julho de 2007, que eximia de responsabilidade penal os policiais que “matassem no
cumprimento de seus deveres e fazendo uso de suas armas registradas”.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos alertou em seu Relatório


sobre Segurança Pública e Direitos Humanos que as políticas de segurança pública
implementadas na América Latina não seguem os padrões internacionais em matéria
de direitos humanos .Em muitos casos, em nome da prevenção e controle do crime e
violência, se apela para o uso de força ilegal e arbitrária, pois a pesar dos avanços
políticos e das reformas constitucionais, as forças de segurança ainda preservam
características autoritárias. Enfim, as instituições de segurança pública não
desenvolveram capacidades para responderem de forma eficaz agindo na prevenção
dos crimes e da violência.

Segundo a opinião do autor, duas razões principais são responsáveis pela


diminuição das práticas ilegais de violência utilizadas pela polícia. A primeira é a
recusa moral da sociedade aos métodos e uma comoção por algumas vítimas que
poderiam ser inocentes, o que ocasionou uma intensa atividade de denúncia à
comunidade internacional de direitos humanos. E a segunda razão é que os métodos
envolvendo práticas ilegais de violência se mostraram ineficazes, não reduzindo os
índices de criminalidade em nenhuma das localidades onde aconteciam as práticas.

b) Regulamentação ilegal do delito por parte da polícia

A proteção e a conivência são fatores que estimularam as práticas ilegais e até


mesmo a corrupção dentro da polícia.

O tráfico de drogas, o roubo de veículos , a prostituição e exploração sexual,


entre outros, são exemplos de ações ilegais que constituíram a o “crime organizado”
como uma espécie de empresa econômica de caráter criminal, que tiveram seu
crescimento motivado pelo aumento da marginalidade urbana, mas principalmente por
receberem a proteção por parte da polícia.

Nos anos 90, nas favelas do Rio de Janeiro, a polícia iniciou um processo de
oferecer proteção aos moradores e comerciantes, mediante pagamentos, contra a
ação dos traficantes. Associados a políticos e deputados, os policiais formaram uma
poderosa organização chamada “Liga da Justiça” que operava através de grupos
armados conhecidos como “milícias”.

A ação das milícias atinge diversos setores nas comunidades que estão
dominadas. Os grupos controlam serviços como a distribuição de gás, instalações
clandestinas de internet e televisão a cabo e até mesmo vans para transporte público.
O México e Peru são outros exemplos de países que tiveram graves problemas
de envolvimento da polícia em atividades criminosas.

c) Os linchamentos

Os linchamentos são práticas originadas como uma reação desesperada das


populações que se sentem desamparadas pelo Estado. São observadas geralmente
em comunidades rurais e cidades pobres de países como Guatemala, Equador e
zonas andinas do Peru e Bolívia, cujos habitantes utilizam como alternativa para
preservação de seu pouco patrimônio, bem como manutenção da paz e tranquilidade.

Entre março de 1994 e 2008, o Equador registou 163 casos de linchamentos,


com o total de 153 mortes.

Na Guatemala, estatísticas do Grupo de Apoyo Mutuo, registrou 110 casos de


linchamento, com 28 mortes.

Na zona indígena de Puno, Peru, entre 2008 e setembro de 2009, foram


registrados 44 linchamentos. Nessa localidade a população costuma fazer justiça com
as próprias mãos, se alguém é pego roubando, é preso a um poste, podendo ser
queimado vivo.

Nas localidades, não foram constatadas evidências de que a prática do


linchamento solucionou o problema da criminalidade.

II) POLÍTICAS DE MAO DURA DENTRO DA LEY

Este segundo grupo de medidas que também podem ser chamadas de


“Políticas de Tolerância Zero”, são diferentes das anteriormente mencionadas pois
normalmente são ações legítimas e amparadas pela lei. A justificativa para sua
utilização é que o garantismo penal – modelo prega a existência de um sistema
jurídico que se guie pela defesa dos inocentes. Isto é, toda a estrutura deve se guiar
de forma a impedir (ou reduzir ao máximo) a possibilidade de punição a um inocente,
ainda que ao custo da impunidade de um culpado. – favorecem o delinquente e
prejudica a sociedade. As medidas são divididas em 4 tipos.

a) Aumento das penas


Em diversos países da América Latina a aplicação de penas mais altas têm
sido utilizadas como uma estratégia para desestimular a criminalidade, bem como
para satisfazerem o desejo de justiça das vítimas.

No Panamá em outubro de 2009, a Assembleia Nacional aprovou uma proposta


que incluiu o acúmulo ilimitado de anos de prisão por homicídios acompanhados por
sequestro, violência sexual, tráfico de drogas e crimes contra o Estado, entre outros.

No Peru em setembro de 2010, foi aprovada uma modificação no Código Penal


que estabeleceu o aumento da pena em dois terços em caso de reincidência no crime,
podendo chegar à pena perpétua,

Em setembro de 2010 o congresso de El Salvador promulgou a Ley Antimaras,


que criminalizou as disputas e o pertencimento a grupos, gangues, e outras
organizações de natureza criminosa, as penas incluíam a perda da propriedade sobre
os bens e o bloqueio de contas bancárias.

Especialistas afirmam que as medidas de aumento de pena são ineficazes


devido à incapacidade de aplicação pelo sistema penal, gerando um alto índice de
impunidade.

Uma investigação do Observatório Venezuelano mostrou que entre 2007 e


2009 de cada 100 homicídios 91 ficaram impunes.

Outra crítica recebida pela prática, é a possibilidade de aumento dos crimes


mais violentos, uma vez que diminui a distância entra penas de crimes mais graves e
os mais leves. Por exemplo, um criminoso pode preferir praticar um roubo com morte,
pois do contrário a vítima poderia identificá-lo. No Peru, por exemplo a pena máxima
por roubo agravada pela possibilidade de reincidência é de 25 anos e para homicídio
de 35 anos.

b - Redução da maioridade penal

-Embora maioria dos países Latino-americanos observem a Convenção Dos


Direitos da Criança, que estabelece critérios sobre a proteção dos direitos de crianças
e adolescentes, é possível perceber uma forte tendência para redução da maioridade
penal; contrariando o tratado e causando uma controvérsia na opinião pública.
Isso ocorre pois é cada vez mais frequente a prática de crimes por jovens
menores de 18 anos, muitas vezes em associação com adultos. Nestes casos, os
jovens tem tratamento diferenciado valendo-se da prerrogativa da Convenção.

Países como Chile e Argentina já discutem a possibilidade da redução da


responsabilidade penal para 14 anos.

c –Aumento da população encarcerada

Fazendo uma comparação entre a população da América Latina e as taxas de


criminalidade, em termos gerais, o número de pessoas encarceradas é relativamente
baixo. Este fato é consequência da baixa efetividade do sistema judicial.

Os EUA por exemplo, possuem cerca de 3 milhões de pessoas presas, isso


representa em torno de 3,2% da população adulta e torna os EUA o país com maior
número de pessoas encarceradas per capita.

Para os defensores da medida, alguns dados demonstram a efetividade da


prática, como por exemplo o Estado de São Paulo, no qual o aumento do número de
vagas ocupadas nos presídios – de 1999 a 2009 o número de presos aumentou em
180% - coincidiu com uma redução significativa da criminalidade.

A grande concentração de pessoas encarceradas, aliadas à infraestrutura


precária dos presídios, como por exemplo falta de funcionários especializados, as
péssimas condições de saúde e higiene e a superlotação; geraram um problema muito
difícil de ser administrado: a formação de associações ou facções. Um dos casos mais
conhecidos é o PCC – Primeiro Comando da Capital – que opera como uma grande
organização criminosa dentro dos presídios de São Paulo, promovendo disputas
internas e confrontos que muitas vezes terminam em homicídios que elevam o índice
de mortes no país.

Os especialistas contrários ao aumento da população reclusa, alegam que a


medida é altamente ineficaz pois o encarceramento deveria servir como reeducação
para facilitar a reintegração na sociedade, no entanto, os presídios operam como
verdadeiras universidades que promovem a especialização dos presos em crimes
mais violentos e também despertam o ressentimento dos reclusos contra a sociedade.
III) DIVERSAS MODALIDADES DE SEGURANÇA PRIVADA

A contratação de empresas que oferecem serviços de segurança privada é um


fenômeno de crescimento a nível mundial, e na América Latina.

Em alguns países onde o número de pessoas que trabalham nas empresas de


segurança particular supera o efetivo de policiais. No Chile, por exemplo, existem três
vezes mais vigilantes privados do que policiais.

O serviço de segurança privada oferece uma série de problemas, dentre os


quais a falta de regulamentação que define os limites de atuação e a participação e
cooperação com as autoridades policiais.

A maioria das empresas privadas possui armamento em quantidade e calibre


superior à polícia.

O fato de algumas pessoas possuírem condições financeiras para garantir sua


segurança fora dos serviços públicos oferecidos pelo Estado, pode se converter em
um fator de estratificação, aumentando os níveis de desigualdade e exclusão social.

Outra forma de privatização da segurança geralmente utilizado pela população


mais pobre e fracamente atendida pelo Estado, é a organização de associações e
brigadas de segurança pública. Nesses casos, as pessoas dedicam parte de seu
tempo para a atividade de proteção coletiva dos locais onde vivem.

IV) FORTALECIMENTO, REFORMAS E MODERNIZAÇÃO DAS POLICIAS

Com o retorno da democracia nos países latino-americanos, foi possível


observar que as polícias não estavam preparadas para enfrentarem os problemas de
segurança que estavam surgindo no novo contexto democrático. A polícia atuava
praticamente na proteção dos interesses do Estado, sem se preocupar com as
necessidades dos cidadãos.

a) As principais experencias

Com o propósito de sanar as limitações, nas últimas décadas vários países


realizaram inúmeros esforços a fim de produzirem reformas e modernizarem suas
polícias.
A Policia Nacional da Colômbia, durante o governo do general Rosso Serrano
e com apoio do governo dos EUA, desenvolveram uma reforma para fortalecimento
da luta contra as drogas.

No Chile, a Policia de Investigações que atuava no final da ditadura de


Pinochet estava desprestigiada e corrompida que se analisou a possibilidade de ser
absorvida pelos Carabineros - polícia militar do Chile -. No entanto a Polícia de
Investigações foi reorganizada e modernizada com bastante êxito.

No Brasil tem ocorrido inúmeros esforços para reformulação das polícias em


níveis estaduais e federal. Atualmente um dos processos que esta se formando é a
criação e desenvolvimento de policias municipais, uma novidade no pais.

A Argentina também tem realizado esforços para a reforma e modernização do


corpo policial. No entanto, algumas disputas políticas entre o governo nacional e
locais tem atrapalhado o processo.

Na Venezuela, onde a situação de insegurança é alarmante, estavam sendo


retomadas iniciativas de reforma policial. Em 2006 a Comissão Nacional para a
Reforma Policial elaborou em diagnóstico e um projeto para a reforma, que acabou
congelada devido problemas políticos. Em 2009 a instalação do Conselho Geral de
Polícia iniciou a implementação do projeto, cujos resultados ainda estavam pendentes
de avaliação.

b) Os temas tratados

Um dos mais importantes aspectos abordados no processo de reformulação


das polícias, é a eliminação do corpo policial de elementos considerados
irrecuperáveis, no caso os que estão envolvidos em esquemas de corrupção.

Também fazem parte do processo de reforma, o aumento do número de


policiais especializados, a alocação de maiores recursos e o uso de tecnologias
modernas.

V) Políticas de Prevenção da violência


A incapacidade de enfrentar os problemas somente com medida policiais na
América Latina, tem levado ao desenvolvimento de ações conceituais, em conjunto
com especialistas da área da saúde que trabalharam sob o ponto de vista
epistemológico na tentativa da prevenção dos crimes. Os especialistas nas áreas
médicas afirmaram que fatores como problemas familiares, pobreza, falta de acesso
à educação, facilidade no acesso à drogas e armas, que devidamente controlados,
podem influenciar na prevenção e perpetuação da criminalidade.

As ações preventivas estão sendo implementada em diversos países da


América Latina, através da parceria entre o Estado e diversos setores da sociedade,
como igrejas, ongs e outras associações, e estão sendo direcionadas aos jovens,
principais vítimas, inclusive da violência familiar. As principais iniciativas têm caráter
micro, para bloquear a violência familiar e oferecer oportunidades de trabalho a para
jovens em situação de vulnerabilidade social

a) Ações de alcance local

Muitos dos programas são desenvolvidos no âmbito local e mostram resultados


concretos em determinados grupos em lugares específicos. No seminário de
prevenção da violência juvenil na América Latina, foram apresentados dois relatos de
experiências importantes e exitosas da América Central. Na Guatemala trabalhos
realizados com meninos e meninas para promover atenção ao desenvolvimento
integra da juventude, foram apresentados pela SODEJU-FUNDAJU - Sociedade Civil
para Desenvolvimento da Juventude - . Em El Savador o CFO – Centro de Formação
e Orientação – desenvolveu um plano estratégico par converter-se em um centro de
formação e orientação em termos de perspectiva de desenvolvimento humano. A
experiência do Grupo Ceiba, Guatemala consiste num acampamento comunitário com
a finalidade de prevenir o dano social da infância e juventude em áreas
marginalizadas. Utiliza a estratégia de atuação em três eixos principais: a rua, a
educação alternativa e a capacitação para o trabalho lícito. Outro exemplo de
importantes técnicas, que vem sendo motivo de grande reconhecimento a nível
nacional e internacional é o Encontro Casa da Juventude no Peru. Promovido pela
Companhia de Jesus, busca vincular e articular pessoas e instituições públicas e
privadas , nacionais e internacionais, no desenvolvimento de melhores capacidades e
oportunidades para jovens e adultos.

b) Ações de alcance nacional e regional

Dentre as ações de prevenção que abrangem níveis nacionais e internacionais,


se destaca no Brasil, a campanha para controle e redução de armas em mãos civis.
A ação envolveu um referendo nacional em 2005, no entanto, o resultado não foi o
esperado, pois apenas 36% da população participante foi a favor da proibição do
comércio e porte de armas de fogo. O autor destaca a dispersão cruzada do resultado
no RS (87% escolheram impedir). Contudo o debate sobre as causas da violência e
as medidas para contê-las segue instalado. O Programa Centroamericano para
Controle de Armas Pequenas (CASAC) também desenvolveu um projeto para
fortalecer a legislação para o controle dessas armas, bem como executando
campanhas de destruição das armas em circulação, promovendo uma cultura de paz
e desarmamento.

c) Desenvolvimento da institucionalização de políticas estatais de


prevenção

Para um governo nacional, assumir a focalização em políticas para a prevenção


da violência, é algo lento, sobretudo por se tratar de matéria que requer muito tempo
de maturação, já que se trata de uma inversão. Mesmo assim há avanços no sentido
de incorporar nos países este discurso. As propostas em geral compõem política
complementar, com alcance relativo. Os casos mais interessantes a nível de governo
nacional são políticas públicas consistente e financiadas pelos governos do Chile e
Brasil.

No Chile, a fim de implementar com eficiência as políticas públicas de


prevenção da delinquência e violência, em 2004, o governo promoveu a adoção de
uma Política Nacional de Segurança Pública, que entre outros aspectos, enfatizava
as tarefas de prevenção. A execução das políticas se deu através da ENSP -
Estratégia Nacional de Segurança Pública que atuava promovendo informação,
prevenção, controle, reabilitação, reinserção social e assistência às vítimas, em uma
espécie de “prevenção social e situacional”.
No Brasil, o Governo Federal lançou em 2008 o Programa Nacional de
Segurança Pública e Cidadania (PRONASCI). Uma polítca pública com sentido mais
amplo, que relaciona políticas de segurança com ações sociais, priorizando ações
preventivas e buscando agir nas caudas da violência. Focalizado em jovens de 15 a
29 anos em situação de risco, vem a ser implementado nas 11 regiões metropolitanas
com índices de violência mais elevado. Orçamento 3,7 Milhões de dólares.

Vale destacar que esta ideia de levar até as comunidades os programas sociais
dos órgãos do governo, contando com a participação de organizações da sociedade
civil, devem ser acompanhadas de um trabalho de ações multidisciplinar e não só com
a polícia, sem esquecer das necessárias obras de recuperação do espaço urbano e
melhoria da infraestrutura das comunidades.

VI) Estratégias múltiplas encabeçadas por governos locais

Existiu um importante debate entre os especialistas em segurança pública


sobre a influência das ações tomadas a nível do Governo Nacional (reformas legais e
institucionais, reforço das polícias etc.) e as que se desenvolvem a nível local e de
diferentes dimensões. Embora a discussão seja válida, dados comprovam que quando
se fala sobre histórias bem-sucedidas, de forma parcial ou até mesmo de pouca
duração, as executadas em cidades têm obtido melhor êxito. De forma geral, as
iniciativas temas seguintes características semelhantes:

- São dirigidas por representantes legais, eleitos pelo povo e com relativa
autonomia de suas atribuibuições legais.

- Possuem uma liderança que fortalece a capacidade operacional das polícias,


no caso a polícia local. A função de controle e repressão dos delitos em âmbito local,
tem sido um elemento insubstituível nas experiências bem-sucedidas e são muito bem
conhecidas e avaliadas por suas contribuições na área da prevenção.

- Os representantes locais tem atribuições e capacidades para implementar e


intervir em situações que geram um clima mais favorável a ocorrência de delitos.
Como por exemplo, definir normas e horários de funcionamento de espaços públicos
e locais abertos.
- Estímulo à cidadania que muitas vezes é ligado a iniciativas de polícia
comunitária, e constituem um importante elemento nas estratégias bem-sucedidas.
Esta participação está voltada fundamentalmente a apoiar medidas de prevenção e a
fornecer informações relevantes para os governos locais.

- Produção de campanhas educativas e culturais orientadas pra os valores de


convivência, respeitando os direitos alheios nas circunstâncias da vida cotidiana.

- Melhoras nos sistemas de informação, monitoramento e avaliação das ações


políticas, conforme os casos de êxito que serão exemplificados.

a) A experiência de Cali.

Se tornou pioneira em 1992 com a gestão do médico Rodrigo Guerrero como


prefeito da cidade, que fez uso de sua experiência epidemiológica para enfrentar o
problema, cuja taxa de homicídios havia aumentado de 23 a 90 por 100.000 habitantes
entre 1983 e 1993. Suas principais estratégias foram:

- Investigação e estudo sistemático da violência com apresentação semanal


dos dados de forma detalhada para o Conselho Municipal de Segurança e posterior
formação de relatórios para a opinião púbica sobre a qualidade e funcionamento do
sistema

- Fortalecimento institucional da ordem pública com estabelecimento de


reuniões semanais com o Conselho Municipal de Segurança, e a presença dos
diretores das instituições relacionados à segurança pública (Polícia, Direitos
Humanos, Saúde Pública, entre outros) com o objetivo de alcançar uma coordenação
que não existia antes.

- Campanhas públicas através dos meios de comunicação para estímulo da


tolerância e respeito aos direitos dos demais cidadãos.

- Promoção da igualdade e desenvolvimento social através da educação com


a criação de 40.000 novas vagas com as quais se erradicou completamente o déficit
nas instituições de ensino primário. Também foram realizadas ações para ampliação
de serviços públicos como água, luz e telefonia.
- Programas para os jovens, nos quais se considerou prioridade oferecer
trabalho, orientação social e lazer para jovens em 17 bairros da cidade, denominados
Casas da Juventude,

b) Experiencia em Bogotá

Trata-se da mais conhecida e valorizada das experiências locais de redução da


violência e criminalidade. Esta associada às gestões dos prefeitos Antanas Mockus e
Enrique Peñaloza, que durante seus mandatos obtiveram uma importante taxa de
redução de homicídios. Suas principais estratégias firam:

- Em convênio com o Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, foi


estabelecido na cidade um registro contínuo das atividades criminais mais
importantes.

- Promoção da convivência harmônica entre os três sistemas reguladores: lei,


moral e cultura,

- A fim de aprimorar a ação da Polícia Metropolitana, foram colocadas em


prática estratégias de fortalecimento da instituição e modernização das comunicações
com redução do tempo de resposta, ampliação das viaturas, capacitação dos agentes
em universidades.

- Foram desenvolvidos projetos de orientação e redução dos fatores associados


à violência juvenil, como fortalecimento da educação e ocupação do tempo livre.

- Realizaram-se programas de recuperação do espaço público fortalecendo a


convivência nos ambientes comunitários.

c) Experiência em Medelin

A cidade exibia as mais altas taxas de homicídios do mundo. Sabe-se que o


fato estava associado a atuação dos traficantes de drogas.

A prefeitura Municipal reivindicava uma política de prevenção direcionada a


romper o ciclo de violência, executando programas como Frentes Locais de
Segurança, Alertas Comunitários e Planos de Desarmamento. A coordenação das
ações acontecia de forma interativa entre os diversos participantes.
Entre outras ações foram implementados programas direcionados a jovens de
alto risco, monitorando as tendências à criminalidade através do Sistema de
Informação para a Segurança e Convivência. Houve fortalecimento das capacidades
e recursos com apoio municipal através da Empresa Metropolitana de Segurança.

d) A experiência em Diadema em São Paulo.

Foi uma das experiencias mais conhecidas de políticas municipais na área da


segurança. Foi marcada pela liderança do prefeito que definiu a segurança pública
como uma importante pauta de sua agenda política. Iniciou com a participação da
Câmara Municipal no planejamento das ações das polícias civil e militar, e se
fortaleceu com a criação da Coordenação Municipal de Defesa Social e a
reformulação da Guarda Civil Municipal.

Algumas das seguintes ações foram implementadas: criação de lei que


estabelecia o fechamento dos bares às 11 horas da noite, evitando a comercialização
de bebidas alcoólicas à noite. A medida foi iniciada após um diagnóstico de que esse
era o período no qual se concentravam os homicídios. Criação do Projeto Aprendiz,
proposto para a prevenção da violência entre jovens e adolescentes; da Casa Beth
Lobo, dedicada à prevenção da violência contra as mulheres; o monitoramento das
estatísticas criminais pela Guarda Civil Municipal e a realização dos Foros Itinerantes
para tratarem sobre segurança pública em diferentes regiões da cidade. Diferentes
organizações e equipes técnicas colaboraram com as ações.

As ações mostraram resultados muito satisfatórios, com declínio dos índices de


homicídios entre 1999 a 2005, apresentando os seguintes dados: a taxa de homicídios
diminuiu de 110 para cada 100 mil habitantes em 1999 para 34 em cada 100 mil
habitantes em 2004; os assassinatos reduziram de 374 em 1999 a 80 em 2008 e a
violência doméstica reduziu em 90%,

e) A experiência de Belo Horizonte

A experiência de prevenção e controle de homicídios em Belo Horizonte foi


batizada de Programa Fica Vivo. Implantado em agosto de 2002, diferiu dos anteriores
pois se tratava de uma estratégia de intervenção local cuja responsabilidade principal
não era da Câmara Municipal e sim de uma associação que compôs um grupo de
trabalho encarregado da gestão e execução dos trabalhos; entre eles: Centro de
Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade de Minas Gerais
(CRISP), e Câmara Municipal de Belo Horizonte, o Governo Estadual, as Polícias Civil
e Militar, entidades empresariais e a comunidade.

Outra especificidade é que a experiência foi fruto de uma metodologia para


solução dos problemas, proposta pela CRISP. A metodologia era composta por 4
etapas para a implantação do Programa Fica Vivo. A primeira foi o mapeamento dos
homicídios e fatores associados aos crimes, definindo as prioridades e
responsabilidades para elaboração das estratégias de intervenção. A próxima etapa
foi a realização da análise dos homicídios e definição dos locais de maior incidência,
suas motivações, o perfil dos autores e das vítimas, bem como a distribuição dos
policiais nos locais apurados. A terceira etapa consistiu na resposta aos problemas
identificados, elaborando e executando um plano de ação, composto por ações
policiais como o aumento da vigilância e a realização de prisões , pela ação de
mediação de conflitos, pela criação de oportunidades sociais de educação e trabalho,
entre outras medidas. A última etapa foi a avaliação do Programa que pretendia gerar
critérios precisos para análise do desempenho e efetividade da intervenção. A
avaliação mostrou uma redução significativa do número de homicídios e outros crimes
nos lugares onde o Programa foi implantado. Também foi possível consolidar a
metodologia de implantação e levar a experiência a outras cidades do estado de Minas
Gerais.

VII) Desenvolvimento de iniciativas e capacidades na sociedade civil

Os problemas de segurança adquiriram importância central para a população,


e os diversos setores da sociedade civil juntamente com o Estado desenvolveram
ações conjuntas para a área de segurança com diferentes níveis de atuação.

Familiares, bem com as vítimas diretas formaram organizações de acordo com


o tipo de violência sofrida, desenvolvendo ações de conscientização da sociedade
sobre os problemas, exercendo pressão sobre o Estado.

Organizações de Direitos Humanos assumiram a causa alertando para os fatos


de abusos de autoridade policial, problemas nos presídios e outros fatores que feriam
os direitos individuais, exigindo criação de políticas públicas específicas para os
casos.
O estudo especializado dos problemas de segurança criou organizações que
se direcionaram para o campo do conhecimento. Diversas ONGs se dedicaram
exclusivamente a investigação sobre a temática da violência.

Com o crescimento da criminalidade, surgiram organizações especializadas na


área da segurança com linhas de pesquisa em políticas públicas, fiscalização e ações
de intervenção nos temas específicos. Destaca-se no Brasil o Núcleo de Estudos da
Violência da Universidade de São Paulo. Foi criado em 1987 no recente período pós
ditadura militar e tinha como preocupação fundamental a existência de graves
violações dos direitos humanos durante o processo de consolidação da democracia,
principalmente na luta contra a criminalidade. Também pode-se destacar a
organização governamental Viva Rio, fundada em dezembro de 1993 no Rio de
Janeiro, que realizava trabalho de campo, pesquisando e formulando políticas
públicas com o objetivo de promover a cultura da paz e desenvolvimento social.

No Brasil, outras importantes ações foram o Instituto Sou da Paz, que buscava
influenciar a atuação do poder público e da sociedade frente a violência,
implementando projetos nas regiões mais afetadas. Também o Centro de Estudos de
Segurança e Cidadania, criado em 2000 na Universidade Candido Mendes, no Rio de
Janeiro, desenvolveu projetos e realizou atividades de formação e difusão de
informações nas áreas de justiça e segurança, sistemas penitenciários e prevenção
da violência.

Nos demais países da América Latina outros projetos merecem destaque:

- No Chile o Centro de Estudos em Segurança Pública (CESC), desenvolveu


um trabalho através da elaboração de políticas públicas e atividades de extensão à
docência. Também no Chile, a Fundação Paz Cidadã, uma instituição sem fins
lucrativos cuja missão é produzir tecnologia e inovação para o aperfeiçoamento das
políticas públicas em matéria de redução dos delitos realiza um trabalho sobre bases
estritamente técnicas sem ideologias políticas.

- Na Argentina, o Instituto Latinoamericano de Segurança e Democracia


(ILSED) cujos objetivos se enquadram no campo dos processos de transformação dos
sistemas de segurança pública, inteligência militar e mais especificamente na
construção de sistemas de segurança eficientes, ágeis e com respeito à dignidade
humana e que atuem de forma transparente.

- No México destaca-se o Instituto para Segurança e Democracia, AC-Insyde


que se define como uma organização autônoma e multidisciplinar preocupara com o
fortalecimento da convivência democrática, e busca gerar espaços idôneos para o
desenvolvimento de ideias inovadoras em torno da segurança pública. Concentram
seu trabalho em realizar uma reforma policial democrática.

- No Peru, a Nossa Cidade, foi criada para ser peça chave no desenvolvimento
de urbano de Lima, se especializando cada vez mais em segurança pública,
produzindo conhecimento, realizando propostas e promovendo iniciativas de base.

A fim de promover proteção, atenção e ajuda às vítimas de violência, foram


desenvolvidas algumas organizações que atuam em casos de violência contra a
mulher e para trabalhar com pessoas que tiveram problemas com a lei e requerem
uma atenção especial para não reincidirem no delito.

Na América Latina, existem inúmeras organizações de prevenção social,


muitas promovidas por igrejas e outras por ONGs, que desenvolvem ações
direcionadas aos setores mais vulneráveis com o propósito de oferecer oportunidades
que os afastem da violência e delinquência.

Algumas empresas desenvolveram ações e organizações criando espaços de


reflexão, propostas e fiscalização das políticas de segurança. Um exemplo é a
Câmara do Comércio de Bogotá (CCB) que desenvolve programas e projetos na
questão da segurança e convivência a fim de melhorar as condições e qualidade de
vida dos cidadãos de Bogotá.

O crescimento dos projetos na área de segurança requereu iniciativas de


coordenação e formação de redes a fim de estabelecer o diálogo e criar sinergias de
aprendizagem ente os diferentes grupos de trabalho seja no mesmo âmbito geográfico
ou temático, a nível nacional e internacional, regional e sub regional. Pode-se citar
como exemplo de espaço de intercâmbio de informações a Comunidade Segura,
promovida pela Viva Rio. Possui uma atuação interacional, com enfoque sobre a
América Latina e nos países do Caribe, promovendo discussões e pesquisas sobre
os temas entre profissionais da segurança, ONGs, movimentos sociais e outras
instituições. No Brasil, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, é um espaço
nacional de referência e cooperação técnica na área de atividades policial e gestão
de políticas de segurança.

VIII) Desenvolvimento de Informação e Conhecimento

As dificuldades de entendimento acerca dos fenômenos enfrentados, bem


como sobre a avaliação das políticas públicas estão diminuindo. Esforços conjuntos
das universidades, setores da sociedade civil e do Estado contribuíram para o
desenvolvimento de ferramentas que puderam avaliar a evolução do aumento da
criminalidade.

Países como Colômbia e Equador formaram parcerias com universidades na


área das ciências sociais para o desenvolvimento de especializações na gestão da
segurança pública. O enfoque científico apresenta a temática da violência como objeto
de estudo, diferentemente da área de segurança privada. Esse enfoque se preocupa
com os meios de comunicação que usam o problema da violência para a construção
do medo como um componente importante da insegurança.

Os métodos científicos são importantes avanços na construção de ferramentas


para medição e auditora da evolução dos fenômenos criminais, São amplamente
conhecidas as dificuldades para encontrar estatísticas policiais confiáveis. Nesse
sentido os países tem realizado importantes esforços para estimular as denúncias de
delitos, que muitas vezes não acontecem por falta de confiança na ação da polícia.

Por vezes, as estatísticas tem se mostrado insuficientes para o mapeamento


das ocorrências. Como nos casos das pesquisas de vitimização, que sempre
apresentam um nível de distorção porque são formuladas com base nos depoimentos
e respostas das pessoas, que podem ser influenciados por diversos fatores. Mesmo
assim, a aplicação das estatísticas são um termômetro para medir a evolução dos
acontecimentos.

Há ainda muito o que melhorar e evoluir no campo da informação e


conhecimento, no entanto é um grande avanço que exista um relativo consenso que
sem ferramentas de medição científica, não se pode desenvolver políticas públicas
adequadas.

Como se pode perceber, as formas de respostas aos problemas da violência


são as mais variadas e distintas possíveis.

Dada a complexidade do problema e as diferentes maneiras como afeta a


sociedade, ele é tratado por inúmeros atores dos mais variados segmentos, que
podem incluir o Estado e outros atores agregados da sociedade civil. Também
requer grande conhecimento científico e experiência para o desenvolvimento de
soluções.

O fortalecimento das instituições, implementação de políticas de prevenção


social e de segurança, bem como o acompanhamento rigoroso, tem se mostrado
como ações bem-sucedidas no controle dos índices de criminalidade.

REFERENCIAS

IGLESIAS, Carlos Basombrio

2010 – Que hemos hecho?: Reflexiones spbre respuestas y politicas públicas frente
al incrmento de la violência delincuencial em América Latina - Programa
Latinoamericano del Woodrow Wilson CenterWashington DC

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