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LOGISTICA

EMPRESARIAL
PROF. EDELVINO
RAZZOLINI FILHO
LOGISTICA EMPRESARIAL – PROF. EDELVINO RAZZOLINI FILHO 2

LOGÍSTICA EMPRESARIAL

1 INTRODUÇÃO

A Logística Empresarial é uma disciplina em franca evolução e já conta com


sólida base teórico-empírica na formação de seus conceitos e definições mais usu-
ais.
Desde tempos remotos que as atividades logísticas vêm sendo desenvolvi-
das, mesmo que não recebessem essa denominação. Porém, sempre foi necessário
transportar coisas de um lugar para outro, armazenar coisas para utilização futura,
proteger essas coisas em algum tipo de embalagem e, ainda, inúmeras outras ativi-
dades essencialmente logísticas.
Porém, ao longo do tempo essa disciplina tem amadurecido e solidificado
seus conceitos e bases teóricas de sustentação, como veremos ao longo deste ma-
terial.
Atualmente, a logística é percebida como importante ferramental para a com-
petitividade organizacional, uma vez que consegue agregar valor aos produtos atra-
vés da criação de utilidades (de tempo: colocando o produto na hora certa; de lugar:
o produto no lugar certo; e, de condição de uso: garantindo a integridade física dos
produtos).

2 CONCEITO DE LOGÍSTICA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Historicamente, as atividades logísticas sempre existiram e encontraram sua


maior evolução nas atividades militares. Os escritos de Sun Tzu no famoso livro “A
Arte da Guerra” são repletos de exemplos de atividades logísticas, recomendadas
como essenciais para se vencer batalhas e guerras. Os escritos de Von Clausevitz,
importante obra de estudos nas academias militares ao redor do mundo, também
são repletos de exemplos de atividades logísticas. Porém, o termo logística surge
pela primeira vez no livro Précis de l’art de la guerre, do Barão Antoine Henri Jomini,
biógrafo de Napoleão e teórico militar, uma vez que no exército francês existia o
cargo de Major dês Logis, que era responsável por providenciar suprimentos (ali-
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mentos, vestimentas etc.) para as tropas. Acredita-se que esta expressão tenha de-
rivado do verbo francês loger que apresenta o significado de abrigar ou acolher
(RAZZOLINI FILHO, 2006).
Modernamente, ainda segundo Razzolini Filho (2006), o Tenente Coronel da
marinha norte-americana Cyrus Thorpe, publicou um manual de logística que deixou
o âmbito militar e disseminou-se, também, no ambiente empresarial norte americano
no pós-guerra. Assim, a logística sai do ambiente estritamente militar e ganha espa-
ço no ambiente organizacional de forma mais ampla.
No ambiente empresarial a logística vicejou e evoluiu rapidamente, ganhando
maior impulso à medida que os recursos da tecnologia da informação também evolu-
íam. Atualmente, com o suporte dos recursos tecnológicos, a logística empresarial
ocupa papel de destaque nas estratégias competitivas das organizações.

2.1 CONCEITO DE LOGÍSTICA

A logística empresarial teve seu conceito evoluindo desde sua saída do âmbi-
to militar, de forma que acompanhasse a evolução dinâmica dos mercados e das
organizações.
Existe uma entidade, com sede nos Estado Unidos da América, que congrega
profissionais, pesquisadores, organizações e todos os demais interessados no tema
logística empresarial. Essa entidade chamava-se CLM – Council of Logistics Mana-
gement e, atualmente, denomina-se CSCMP – Council of Supply Chain Manage-
ment ou seja, é o Conselho dos Administradores de Cadeias de Suprimentos. É o
CSCMP que periodicamente realiza grandes encontros para discutir a situação da
logística ao redor do mundo e, ainda, estabelecer os conceitos que são adotados
pelos profissionais e organizações.
Num primeiro momento, o conceito de logística estava mais relacionado a
questões operacionais. O então CLM definia a logística como um conjunto de ativi-
dades voltadas para a movimentação eficiente de produtos acabados desde a linha
de produção de uma organização até seus clientes finais. Em alguns casos, o con-
ceito também admitia a movimentação de materiais desde um fornecedor até o início
do processo produtivo. Esse “conjunto de atividades” a que se referia o CLM incluía
as atividades de armazenagem, transporte, gerenciamento de materiais, embala-
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gens protetoras aos produtos ou materiais, o controle de inventários, previsões de


vendas e serviço a clientes.
Ou seja, em um estágio inicial o conceito de logística era essencialmente ope-
racional, implicando em um conjunto de atividades que deviam ser desempenhadas
para garantir que o produto saísse da organização e chegasse aos seus clientes.
Porém, com a evolução dos mercados e das organizações o conceito de logística foi
evoluindo, passando por estágios que permitem perceber essa evolução.
Ballou (1993), em um dos primeiros livros estrangeiros traduzidos e publica-
dos no Brasil, assim define logística:
A Logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e
armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisi-
ção da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos
de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito
de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razo-
ável.

Pelo conceito de Ballou (cujo original em inglês é de 1989), percebe-se que


não ocorre uma evolução significativa em relação ao conceito original do CSCMP,
continuando a enfatizar as atividades operacionais.
Por outro lado, Christopher (1997), autor britânico, define logística da seguinte
forma:
A Logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movi-
mentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os
fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de
marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura
através do atendimento dos pedidos a baixo custo.

Pode-se perceber uma evolução no conceito, uma vez que o autor fala em
“gerenciamento estratégico”. Ou seja, Christopher confere à logística um novo papel,
o de contribuir com a estratégia organizacional.
Mais recentemente o CSCMP (2003), redefiniu a logística da seguinte forma:
a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e
controla o fluxo e armazenamento, à jusante1 e reverso, eficientes e efica-
zes dos bens e serviços, bem como as informações relacionadas, desde o
ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às
exigências dos clientes

Este conceito acompanha, uma vez mais, a evolução dos mercados; pois,
atualmente, se discute a necessidade das organizações competirem em redes. Ou

1
Jusante = sentido em que vaza a maré, ou que um curso d’água flui desde sua nascente.
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seja, não são mais organizações isoladas que concorrem entre si e, sim, as cadeias
produtivas (ou redes de empresas) que concorrem umas com as outras. Ou seja, o
conceito atualmente em voga admite que a logística é uma parte de um processo
mais abrangente dentro de uma cadeia de suprimentos, de forma que se entende a
necessidade de envolvimento com as demais áreas funcionais da organização.
Porém, por mais paradoxal que possa parecer, o conceito de logística não
descarta a necessidade de se desempenhar atividades para que a logística atinja
seus objetivos. Ou seja, as atividades operacionais continuam existindo, assim como
no passado, embora tenham adquirido uma conotação estratégica. Assim, é neces-
sário compreender quais são e como interagem as atividades logísticas para atingir
os objetivos desse importante sistema organizacional.

2.2 ATIVIDADES LOGÍSTICAS

Todos os conceitos de logística, vistos no tópico anterior, reportam-se à exis-


tência de “fluxos” (físicos e de informações) logísticos. Ora, os fluxos existem dentro
de processos e, por sua vez, os processos pressupõem a existência de atividades.
Assim, são com as atividades logísticas que ocorrem as interfaces com as diferentes
áreas organizacionais e com os clientes que a logística consegue atingir seus objeti-
vos e auxiliar a organização a atingir os objetivos maiores de lucratividade.
Quando falamos em atividades logísticas, queremos nos referir àquelas ativi-
dades operacionais que colocam em funcionamento efetivo o sistema logístico. É
pela realização de atividades complexas e integradas que as organizações fazem
movimentar seus processos operacionais para atingirem os objetivos que estabele-
cem. Com isso, as atividades logísticas, para efeitos didáticos, podem ser divididas
em dois grandes grupos: a) atividades primárias; e, b) atividades de apoio ou secun-
dárias.
Segundo Ballou (1993, p. 24-27), são as atividades logísticas que sustentam
o sistema logístico. Para entendermos essas atividades, vamos apresentá-las indivi-
dualmente e, na sequência, apresentarmos o interrelacionamento entre elas.

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2.2.1 Atividades Primárias

As atividades ditas primárias são aquelas que apresentam interface com ou-
tras áreas funcionais da organização e/ou de outras organizações, se interrelacio-
nam com o ambiente externo organizacional e são mais facilmente percebidas pelos
clientes.
Essas atividades são três: o processamento de pedidos, a armazenagem e o
transporte.

Processamento de Pedidos – é a atividade que dá início a todo o processo logístico


na organização, significa receber o pedido do cliente, analisar os dados do pedido e
do cliente, conferir as questões relacionadas ao crédito etc., e encaminhar o pedido
para o sistema de armazenagem, onde ocorrerão as demais atividades;
Armazenagem – também denominada manutenção de estoques, é a atividade onde
ocorrerá a separação, o faturamento e a entrega dos pedidos aos clientes. Os sis-
temas de armazenagem atuais são modernos, altamente informatizados e prepara-
dos para agilidade e flexibilidade necessárias aos processos integrados; e,
Transporte – entendido como a atividade logística responsável por deslocar os mate-
riais e/ou produtos acabados ao longo da cadeia de suprimentos. O transporte cons-
titui-se um sistema a parte, que depende de infra-estrutura disponibilizada, geral-
mente, pelo poder público, como estradas, terminais portuários e aeroportuários en-
tre outros recursos.
Porém, as atividades primárias, embora fundamentais, não acontecem isola-
damente. Elas dependem de outras atividades que suportam o seu funcionamento.
Essas atividades são chamadas de apoio, ou secundárias, conforme veremos na
continuação.

2.2.2 Atividades Secundárias

As atividades secundárias são aquelas que oferecem suporte às atividades


primárias (por isso, também denominadas de apoio), e que garantem a eficiência
dos sistemas logísticos. Essas atividades são: o armazenamento (na entrada), a a-

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quisição (compras), embalagem de proteção, manuseio, manutenção de informa-


ções e programação do produto.
Armazenamento (na entrada) – esta atividade está relacionado com os estoques de
entrada na organização, como matérias-primas e insumos, além de embalagens e
produtos em processo;
Aquisição (compras) – é a atividade responsável por tornar os materiais disponíveis
ao sistema logístico, responsabilizando-se pela seleção, desenvolvimento e manu-
tenção de fornecedores devidamente qualificados. Para atingir seus fins, a atividade
deve realizar a programação das compras, negociar as condições comerciais com os
fornecedores e, ainda, realizar o necessário acompanhamento (follow up);
Embalagem de proteção – como a atividade responsável por garantir a integridade
física dos materiais e/ou produtos. Assim, o sistema logístico deve preocupar-se em
garantir projetos de embalagens que assegurem manuseio e movimentação sem
danos físicos aos materiais/produtos;
Manuseio – ocorre dentro do sistema de armazenagem, no processo produtivo e,
ainda, ao longo da cadeia de suprimentos nas diferentes interfaces existentes. O
manuseio deve ser cuidadosamente planejado para, também, garantir a integridade
física dos materiais sob sua responsabilidade;
Manutenção de informações – é a atividade responsável pela geração, análise e dis-
seminação de informações relacionadas com os custos e o desempenho do sistema
logístico visando assegurar sua eficiência. Servem para alimentar o processo de
planejamento e o controle logístico como forma de garantir eficiência e efetividade
no gerenciamento das atividades logísticas (primárias e secundárias); e,
Programação do produto – significa que é necessário gerenciar adequadamente o
fluxo de saída dos produtos acabados da organização em direção ao mercado. Por-
tanto, a programação do produto está intimamente relacionada com o fluxo de distri-
buição.
Essas atividades se interrelacionam com o objetivo de oferecer um determi-
nado nível de serviço aos clientes da organização.

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2.2.3 Nível de Serviço

Nível de serviço deve ser entendido como todos os atos praticados pela orga-
nização para conseguir que um produto, ou grupo de produtos, satisfaça às necessi-
dades, desejos e expectativas dos clientes. Também pode ser entendido como um
indicador da eficácia do estoque no atendimento às demandas dos clientes.
Neste entendimento é possível depreender duas coisas essenciais: - a de-
manda de serviço, que é a definição das características desejadas pelo cliente para
o serviço que atenda às suas demandas conforme sua expectativa em termos de
pagamento por isso; e, - a meta de serviço entendida como os valores e característi-
cas relevantes estabelecidos como objetivo para o conjunto de parâmetros que ca-
racterizam o serviço oferecido aos clientes. Isso permite concluir que o nível de ser-
viço pode ser entendido como o grau em que se cumpre a meta de serviço estabele-
cida.
Como as atividades logísticas são exercidas para oferecer um nível de serviço
elevado aos clientes da organização, é preciso compreender que essas atividades
se interrelacionam de forma a garantir níveis de serviço elevados.
Esse interrelacionamento das atividades logísticas é a forma como as ativida-
des logísticas se integram e como cada uma delas oferece suporte à outra. Por e-
xemplo, o transporte precisa de embalagens protetoras adequadas e manuseio cui-
dadoso para garantir integridade física dos materiais transportados. Isso pode ser
percebido na figura a seguir:

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Nível de
Serviço

Figura 01: Relações entre as atividades primárias e de apoio e o Nível de Serviço.


Fonte: BALLOU (1993)

A figura permite perceber que existem duas atividades secundárias para a-


poiar cada uma das atividades primárias. Assim, a obtenção (ou aquisição) e a ar-
mazenagem de matérias-primas e produtos em processo são responsáveis por ga-
rantir um processamento de pedidos rápido e com qualidade. A manutenção de in-
formações e a programação do produto suportam a armazenagem dos produtos a-
cabados, como o manuseio e a embalagem sustentam transportes eficientes.

1.3 OBJETIVOS DA LOGÍSTICA

De forma resumida, é possível afirmar que o escopo da logística é assegurar


disponibilidade. Disponibilidade de materiais e/ou de produtos acabados, no momen-
to em que sejam necessários, onde forem necessários, com a qualidade e o custo
corretos.

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Isso significa que os objetivos dos sistemas logísticos são, em essência, os


seguintes:

Oferecer elevados níveis de serviço


Objetivos dos
sistemas
logísticos Apresentar Custos Operacionais Baixos
(o mínimo possível)

Figura 02: Objetivos dos Sistemas Logísticos

Os objetivos da logística podem ser definidos como um “conflito”, uma vez


que são contraditórios entre si. Pois, por um lado se pretende oferecer o mais alto
nível de serviço aos clientes e, por outro, apresentar o mais baixo custo operacional
possível. Isso significa que a organização precisa equilibrar esses dois objetivos em
termos de garantir que, pelos menores custos totais ofereça um nível de serviço que
satisfação às necessidades, desejos e/ou expectativas dos clientes.
Como é fácil concluir, isso é extremamente difícil de ser conseguido, uma vez
que ao aumentar os níveis de serviço (aquele “ato ou conjunto de atos”) sempre se
incorre em aumento de custos. Assim, é preciso adequar os níveis de serviços a
preços que os clientes estejam dispostos a pagar, uma vez que as decisões desses
clientes sempre acontecem a partir de uma relação custo-benefício.
O nível de serviço é oferecido pelas diferentes áreas da logística, que também
podem ser entendidas como subsistemas dentro do sistema logístico, conforme ve-
remos na continuação.

1.4 SUBSISTEMAS LOGÍSTICOS

A Logística Empresarial é entendida como um conceito amplo, que inclui as


atividades logísticas executadas para atingir um nível de serviço elevado, por um
preço que os clientes estejam dispostos a pagar. Assim, esse conceito implica que a
logística perpassa toda a organização, de forma que todo o sistema organizacional é
afetado pelas atividades logísticas, distribuídas em subsistemas responsáveis por
etapas dentro do processo organizacional todo.

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Os subsistemas logísticos são divisões funcionais dentro de um sistema mais


amplo. Assim, para que o sistema logístico funcione, existem alguns subsistemas
que se incumbem de executar atividades específicas dentro da cadeia de suprimen-
tos, quais sejam: - Logística de Suprimentos; - Logística de Produção; - Logística de
Distribuição; - Logística de Pós-Venda; e, - Logística Reversa. Esses subsistemas
logísticos podem ser percebidos na figura a seguir.

Logística de
SUPRIMENTOS

Logística de
PRODUÇÃO

LOGÍSTICA Logística de
EMPRESARIAL DISTRIBUIÇÃO

Logística de
PÓS-VENDA

Ambiente Organiza- Logística


cional Interno REVERSA

Ambiente de
Operações

Figura 03: Os Subsistemas logísticos e seu ambiente

A figura permite perceber que o sistema logístico faz parte do ambiente orga-
nizacional devendo, portanto, interagir com os demais subsistemas organizacionais
(marketing, produção, finanças, recursos humanos etc.) e, ainda, com o ambiente
operacional externo (onde se encontram os operadores logísticos, bancos, segura-
doras, concorrentes, clientes, canal de distribuição etc.).
Nas próximas unidades, trataremos de cada um desses subsistemas isola-
damente.

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2 LOGÍSTICA DE SUPRIMENTOS

Quando se fala em suprimentos imediatamente nos vem à mente a questão


do abastecimento. Ou seja, pensamos em como fazer para garantir os recursos ne-
cessários aos sistemas de produção. Portanto, a logística de suprimentos é o sub-
sistema responsável por garantir que os sistemas de produção terão à sua disposi-
ção as matérias-primas e demais insumos, no momento em que necessitarem, com
a qualidade desejada e com os menores custos possíveis.
O processo de suprimentos inicia quando alguma outra área da organização
emite uma solicitação de materiais de escritório, peças de reposição, matérias-
primas, insumos, equipamentos, máquinas e outros. Esse processo somente se en-
cerra quando a área solicitante recebe o material, informa que o mesmo foi entregue
conforme as especificações estabelecidas e autoriza o pagamento.
As principais atividades desse subsistema podem ser relacionadas como
pesquisar, escolher, desenvolver e manter cadastrados fornecedores que possam
atender às necessidades da organização em termos de materiais necessários para o
sistema de produção (matérias-primas, materiais auxiliares e todos os demais insu-
mos utilizados na organização).
Outra atividade fundamental no subsistema logística de suprimentos é elabo-
rar e gerenciar processos de avaliação de desempenho que permitam acompanhar a
performance dos fornecedores para assegurar que eles possam acompanhar a evo-
lução da organização de forma estável e contínua.
Além disso, a logística de suprimentos deve controlar e gerenciar os arma-
zéns e seus respectivos estoques, tanto na entrada quanto durante o processo pro-
dutivo, gerenciando os estoques de produtos em processo (WIPs2)

2.1 SELEÇÃO, DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE FORNECEDORES

Uma das atividades mais importantes da logística de suprimentos é garantir


que a organização conte com fornecedores capacitados, prontos para atender às
necessidades da produção em termos de matérias-primas e insumos com a qualida-

2
WIP – Work in Process ou Work in Progress, refere-se aos produtos que estão em elaboração
dentro do processo produtivo.
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de necessária e no momento em que a organização precise. Assim, é fundamental


que se realize a seleção, o desenvolvimento e a manutenção de fornecedores quali-
ficados para tanto.
Segundo Bertaglia (2003, p. 159), “selecionar os provedores de manter rela-
cionamentos duradouros é de fundamental importância para obter vantagem compe-
titiva nesse processo”.
Assim, o processo deve iniciar com uma análise permanente do ambiente em
que a organização atua, visando monitorar possíveis fornecedores. Identificando-se
esses possíveis fornecedores eles devem ser selecionados segundo critérios pré-
estabelecidos pela organização. Aqueles eventuais fornecedores que não atendam
aos pré-requisitos podem passar por um processo de desenvolvimento, com o obje-
tivo de qualificá-los a fornecer para a organização.
Tendo os fornecedores devidamente qualificados, cabe à logística de supri-
mentos a sua manutenção em condições permanentes de atendimento. Isso signifi-
ca que os mesmos devem ser avaliados permanentemente, o que significa que a
organização deve possuir um sistema de avaliação de desempenho.

2.2 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE FORNECEDORES

Avaliar o desempenho dos fornecedores é fundamental para saber se os


mesmos estão atendendo a contento as necessidades da organização, a partir de
indicadores que permitam mensurar a performance dos fornecedores.
Segundo Razzolini Filho (2006, p. 51), “os indicadores de desempenho são
medidas que buscam medir a eficiência de um dado processo ou operação em rela-
ção à utilização de recursos”. Ou seja, é necessário avaliar se os fornecedores estão
possibilitando à organização racionalizar os recursos envolvidos no processo de su-
prir as demandas da produção em relação aos objetivos pré-estabelecidos. A figura
a seguir permite compreender como funciona o processo de avaliação de desempe-
nho:

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Objetivos / Metas
Definem Padrões de
Referência
Benchmarking

Avaliação do
Serviços Logísticos Desempenho Desvios

Analisar
Causas
Corrigir Problemas

Figura 04: A Origem e os Fluxos do Processo de Avaliação


Fonte: Razzolini Filho (2006, p. 85)

Conforme a figura permite perceber, o processo de avaliação inicia-se a partir


da definição de objetivos e metas a serem atingidos e das práticas de benchmarking,
que permitem construir os padrões de referência que servirão como orientadores
para a avaliação do desempenho dos sistemas logísticos (no caso, dos fornecedo-
res). Os serviços logísticos são então executados e avalia-se seu desempenho, bus-
cando identificar eventuais desvios em relação ao que foi estabelecido como meta a
ser atingida. Caso sejam constatados desvios em relação ao planejado, analisam-se
as causas dos desvios e isso realimenta o processo para redesenhar os serviços
logísticos, se necessário, e redefinir os padrões de referência, também caso neces-
sário.
Alguns aspectos importantes a serem considerados no desempenho dos for-
necedores podem ser: - capacidade; - flexibilidade operacional e de processos; - a-
tendimento (nível de serviço); - tempos (de processamento, entrega etc.); - custos.
Adotando-se critérios de avaliação de desempenho, a perspectiva é de me-
lhoramentos na cadeia de suprimentos como um todo, agregando-se valor aos clien-
tes finais.

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2.3 GERENCIAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUES

Outra importante função da logística de suprimentos é gerenciar e controlar


adequadamente os estoques à disposição da organização, uma vez que os esto-
ques representam o maior volume de recursos financeiros no ativo circulante.
Essencialmente, os estoques funcionam como reguladores de fluxo, uma vez
que os tempos de ciclo em cada elo da cadeia de suprimentos são diferentes. As-
sim, os estoques funcionam como reservas de tempo, ou seja, enquanto se aguarda
o recebimento de materiais do elo imediatamente antecessor na cadeia de supri-
mentos se consome os materiais disponíveis no estoque.
Porém, existem várias razões para se manter estoques: - economia de esca-
la; - estabelecer equilíbrio entre a oferta e a demanda; - por razões de especializa-
ção; - para proteção contra incertezas; - regular o fluxo nas interfaces da cadeia de
suprimentos.
Para se obter economia de escala, compram-se quantidades economicamen-
te vantajosas, ou seja, volumes que permitem ganhos no transporte e no próprio
processo de compras.
O estabelecimento do equilíbrio entre a oferta e a demanda implica que as
duas coisas não acontecem simultaneamente, exigindo a formação de estoques pa-
ra equilibrar as diferenças de tempo entre os dois momentos.
Existem situações em que as organizações instalam unidades especializadas
na produção de determinados itens, exigindo estoques também especializados.
Os estoques formados como proteção contra incertezas são decorrência das
inúmeras possibilidades que podem impactar nos tempos de ciclo de ressuprimen-
tos, como greves (internas ou externas), faltas de matéria-prima, eventuais aumen-
tos de preços, aumentos de demanda não previstos, sazonalidade na oferta de ma-
térias-primas entre outros motivos.
Como elemento regulador do fluxo, conforme já comentado, os estoques a-
gem nas seguintes interfaces: - fornecedor-suprimentos; - suprimentos-produção; -
produção-vendas; - vendas-distribuição. Isso acontece em virtude das diferenças
entre cada um dos tempos de ciclo nessas interfaces.

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A partir da necessidade de se formar estoques, é necessário um adequado


controle desses estoques, utilizando-se métodos adequados para a armazenagem e
para a entrada e saída dos materiais.

2.3.1 Gestão de Compras

Por fim, mas não menos importante, uma das funções da logística de supri-
mentos é realizar as compras de todos os materiais necessários ao funcionamento
da organização. Compras é a atividade logística que visa assegurar a disponibilida-
de dos materiais corretos (com todas as características de qualidade desejáveis), no
momento certo, no lugar certo ao preço mais adequado (melhor relação custo-
benefício).
Em virtude do elevado número de itens geralmente comprados, sua represen-
tatividade em termos financeiros é elevada e, com isso, ocupa um papel estratégico
no gerenciamento organizacional. O volume de compras impacta sobre o fluxo de
caixa das organizações, podendo comprometer seus demais compromissos financei-
ros.
A função compras é parte integrante da cadeia de suprimentos e deve ocu-
par-se da previsibilidade da necessidade da reposição de materiais, estimando o
impacto de eventuais faltas de materiais, tendo como principais objetivos: - adminis-
trar os níveis de estoques; - suprir as necessidades da produção; - investir em com-
pras o mínimo indispensável (gerenciando os volumes comprados); - obter condi-
ções de compras que apresentem uma boa relação custo-benefício; - desenvolver
os fornecedores; - cuidar dos aspectos da qualidade; e, - monitorar tendências.
Isso significa que a função compras deve administrar corretamente as neces-
sidades de materiais em relação aos tempos de ressuprimento, mantendo organiza-
dos os arquivos com registros históricos do comportamento da demanda; realizar,
ainda, as aquisições de patrimônio, pesquisar permanentemente novos fornecedo-
res.
A função de pesquisa na área de compras implica na investigação permanen-
te como uma condição básica, que deve realizar: - estudo dos materiais; - estudo de
processos; - análises econômicas; - análise de custos e preços; - análise de emba-
lagens; - estudo de modais de transporte; etc.
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Isso implica na necessidade de manter um sistema de informações com: -


informações sobre o controle de inventário; - arquivos com registros históricos dos
materiais comprados; - arquivo de ordens de compra / pedidos de fornecimento; -
relatórios gerenciais e operacionais; - fichas de fornecedores; etc.
Em síntese, o planejamento de compras deve seguir um esquema como o
representado na figura a seguir.

D
E Equilibrar neces- P
M Analisar Analisar sidades de mate- Elaborar L
A necessidades restrições riais com capa- Plano de A
N de materiais de recursos cidade de supri- Suprimentos N
D mento. O
A
Figura 05: Planejamento de Suprimentos
Fonte: Bertaglia (2003, p. 152)

A figura permite perceber que tudo inicia-se com informações sobre a deman-
da, analisando-se as necessidades de materiais decorrentes dessa informação, es-
tudo das restrições de recursos existentes na organização, busca-se equilibrar as
necessidades de materiais com a capacidade de suprir essas necessidades e, en-
tão, elabora-se o plano de suprimentos.
Depois, existe a interface da logística de suprimentos com a produção, sobre
o que se discorre na seqüência.

3 LOGÍSTICA DE PRODUÇÃO

Quando se fala de produção, imediatamente todos a associam ao processo


de transformação de matérias-primas e demais insumos em produtos acabados,
uma vez que essa é a atribuição da função produção dentro das organizações. Po-
rém, a logística de produção tem o papel de gerenciar o manuseio e movimentação
de matérias-primas e demais insumos e os produtos em processo dentro do proces-
so produtivo.
A função da logística de produção é um componente crítico para estabelecer
as ligações entre a manufatura e os recursos de distribuição que vão resultar na
configuração das decisões relacionadas com a produção. Com o surgimento de no-
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violação dos direitos de autor (Lei n.º 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
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vas formas de fabricação, é essencial pensar em como obter vantagens competitivas


no mercado e, então, a logística deve atuar nos processos produtivos de forma a
buscar obter essas vantagens.
Portanto, a logística de produção é responsável por garantir que o manuseio e
a movimentação interna de materiais3 dentro dos processos produtivos, ocorra sob a
ótica da competitividade, buscando reduzir os tempos no processo, de forma a ga-
rantir que tais materiais estejam disponíveis no momento em que sejam necessários,
com a qualidade desejada e ao mínimo custo possível.
Portanto, o objetivo maior desse subsistema logístico é manusear, movimen-
tar e controlar os estoques desses materiais, visando sua redução para minimizar
seu impacto sobre os custos, avaliando “todos os elementos que se caracterizam
como recursos necessários para a produção do produto, considerando aqueles que
realmente agreguem valor” (BERTAGLIA, 2003, p. 154).

3.1 MANUSEIO DE MATERIAIS

Genericamente, quase não se distinguem as atividades de manuseio e movi-


mentação, uma vez que a movimentação inclui o manuseio. Porém, é importante
esclarecer que manuseio de materiais é a atividade que ocorre em espaço condizen-
te com os movimentos do corpo humano, ou seja, ocorre em espaço mensurável em
centímetros, dentro da área de trabalho dos operadores. Implica no manuseio dos
materiais dentro do processo produtivo, transferindo de um posto de trabalho a outro
sem o auxílio de equipamentos.
O manuseio deve acontecer de forma a garantir a qualidade do material e sua
integridade física, disponibilizando-o ao processo seguinte de forma rápida, segura e
econômica. Para tanto, os processos devem ser desenhados de forma a garantir a
maior economia operacional possível.
Por outro lado, a movimentação implica em espaços maiores e, ainda, em
volumes de materiais também de maior monta (em termos de tamanho e peso), con-
forme veremos no próximo tópico.

3
Materiais entendidos como matérias-primas, insumos e produtos em processo
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3.2 MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

A movimentação de materiais envolve todas as atividades necessárias para


deslocar materiais dentro do espaço físico de uma unidade produtiva (uma planta
industrial), entendida como uma fábrica, um complexo industrial ou outra instalação
do gênero. Isso significa que é necessário o apoio de equipamentos como empilha-
deiras, niveladores, caminhões etc.
Importante destacar que transporte, movimentação, armazenagem e manu-
seio possuem norma regulamentadora própria (NR 11), estabelecida pelo Ministério
do Trabalho e Emprego.
Segundo Moura (1998, p. 22-23), quando se implantam bons sistemas de
movimentação ocorre aumento na capacidade de quatro fatores importantes para as
organizações: a) melhor utilização do espaço; b) otimização no layout para reduzir
distâncias e perda de espaço; c) maior utilização do equipamento; e, d) maior velo-
cidade no carregamento e descarregamento de veículos.
Essas melhorias significam que se otimizam os recursos produtivos, diminuin-
do a necessidade de investimentos em ativos permanentes e aumentando a veloci-
dade dos tempos de processamento operacionais (o que implica em diminuição dos
tempos de ciclos logísticos e, como conseqüência, diminuindo a necessidade de
manutenção de estoques).
Menores estoques implicam em menor necessidade de investimentos finan-
ceiros em ativos circulantes e, ainda, no fluxo de caixa das organizações. A maior
velocidade de carga e descarga de veículos demanda, também, menores espaços
para instalação de docas com essa finalidade e liberação dos veículos em menor
tempo, gerando possibilidade de otimização da frota. Portanto, otimizar os processos
de movimentação de materiais gera impactos positivos para todo o sistema logístico
da organização.
Importante ressaltar que as decisões em logística devem sempre levar em
consideração a relação custo-benefício sob a perspectiva do custo total, uma vez
que quando se tomam decisões em um aspecto (ou ponto) do sistema logístico, os
impactos se refletem por todo o sistema, refletindo nos custos totais. Ou seja, as de-
cisões devem ser tomadas considerando-se o custo total e nunca custos isolados.

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Além disso, ainda segundo Moura (1998, p. 23), alguns dos benefícios oriun-
dos de bons processos de movimentação podem ser assim relacionados:

Quadro 01: Alguns Benefícios a se esperar de uma melhor Movimentação de Mate-


riais
• Redução no custo de movimentação
• Economia de espaço
• Redução de estoques, por um melhor controle do estoque
• Redução das perdas decorrentes de movimentação e armazenagem inade-
quadas
• Valorização da classificação da sucata, através de movimentação seletiva
• Redução do trabalho humano e elevação da sua dignidade
• Tornar o trabalho mais interessante e eficaz
• Redução de fadiga
• Tornar o trabalho mais seguro
• Aumento da capacidade produtiva
• Racionalização do fluxo de trabalho
• Melhora da distribuição e dos roteiros
• Melhora da localização e do layout das instalações
• Aumento da eficiência do recebimento e expedição
• Melhor controle administrativo
• Segurança na operação
• Resposta rápida ao cliente
• Flexibilidade em mudar para atender novas necessidades
• Maior satisfação no trabalho
• Redução do investimento

Fonte: Moura (1998, p. 23)


Como se pode perceber, pelos exemplos no quadro, os benefícios de uma
movimentação bem planejada se refletem por todas as áreas da organização, indo
além dos impactos apenas no sistema logístico.
Além do manuseio e da movimentação de materiais ao longo dos processos
produtivos, é necessário considerar a formação de estoques que ocorre enquanto os
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produtos ainda não estão concluídos, ou seja, enquanto os produtos estão sendo
transformados. Assim, o gerenciamento e o controle dos estoques nos processos
produtivos também é relevante para o gerenciamento dos custos industriais, sendo
responsabilidade da logística de produção esse gerenciamento, sobre o que se dis-
corre na continuação.

3.3 GERENCIAMENTO DE ESTOQUES NOS PROCESSOS PRODUTIVOS

Os estoques formados nos processos produtivos são chamados de estoques


de produtos em processo, ou em progresso4. Em virtude de vários fatores (lay out,
equipamentos produtivos, localização, tipo de processo produtivo etc.), a formação
de estoques dentro dos processos produtivos é algo inevitável e precisa ser muito
bem gerenciado para evitar perdas financeiras (ou, no mínimo, elevação dos cus-
tos). Trata-se de gerenciar os estoques de tal forma que as matérias-primas e de-
mais materiais necessários ao processo produtivo estejam disponíveis apenas no
momento em que sejam necessários.
Quando os sistemas logísticos são desenhados de forma a garantir que os
materiais necessários mantenham um fluxo contínuo ao longo do processo produti-
vo, conseguem garantir que os recursos das organizações podem ser otimizados
pela minimização dos estoques ao longo do processo.

4 LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO

Uma das áreas da logística que é mais exigida pelos sistemas organizacio-
nais é exatamente a logística de distribuição ou, simplesmente, distribuição física ou,
ainda, distribuição. Isso decorre do fato que a responsabilidade desse subsistema
logística é entregar os produtos acabados ao longo do canal de distribuição para que
esses cheguem aos clientes finais na forma desejada, com a qualidade esperada ao
mínimo custo possível.
A logística de distribuição deve garantir a criação de três utilidades principais:
- utilidade temporal (o produto na hora certa); - utilidade espacial (produto no lugar
certo); e, - utilidade de uso (o produto em condições de uso). As principais atividades

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WIP – work in process ou work in progress.
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desenvolvidas na distribuição física estão intimamente relacionadas com a armaze-


nagem dos produtos acabados ao longo dos canais de distribuição, o transporte
desses produtos e o controle dos estoques, com o objetivo de minimizar os custos
sem diminuir o nível de serviço oferecido aos clientes.
Trata-se do subsistema logístico que apresenta uma maior interrelação com a
área de marketing, uma vez que atua nos canais de distribuição (construídos pela
área de marketing), procura cumprir as “promessas do marketing” (o marketing ven-
de, a logística entrega), e, ainda, apoio as atividades de marketing que precisem de
suporte logístico.
Como o funcionamento da logística de distribuição ocorre nos canais de dis-
tribuição, é necessário compreender o que são e como funcionam esses canais.

Canais de Distribuição

Um canal de distribuição é o caminho, via ou duto através do qual os produtos


seguem em direção aos clientes, no mercado. Para a logística, é importante saber a
localização dos diferentes agentes intervenientes nos canais de distribuição (agen-
tes, atacadistas, distribuidores, varejistas etc.), uma vez que precisará estabelecer
rotas e tempos de atendimento aos diversos clientes localizados nesses canais.
Via de regra, os canais de distribuição podem ser descritos em quatro níveis
distintos: nível zero, um, dois ou três, conforme veremos nas figuras a seguir.

Fabricante Cliente

Figura 06: Canal de Distribuição Nível Zero


O Canal de nível zero recebe esta denominação porque não existe nenhum
intermediário entre o fabricante/produtor e o cliente final. Geralmente, utiliza-se este
canal para produtos exclusivos, de alto valor agregado.

Fabricante Varejista Cliente

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Figura 07: Canal de Distribuição Nível Um


O Canal de nível um recebe esta denominação porque existe apenas um in-
termediário entre o fabricante/produtor e o cliente final.

Fabricante Atacadista Varejista Cliente

Figura 08: Canal de Distribuição Nível Dois

O Canal de nível dois recebe esta denominação porque existem dois interme-
diários entre o fabricante/produtor e o cliente final.

Fabricante Agente Atacadista Varejista Cliente

Figura 09: Canal de Distribuição Nível Três


O Canal de nível três recebe esta denominação porque existem três interme-
diários entre o fabricante/produtor e o cliente final. Esse é o tipo de canal mais indi-
cado para produtos de consumo de massa.
Embora existam os diversos níveis de canais de distribuição, a situação mais
comum é utilizar de canais de distribuição mistos, conforme a figura a seguir nos
deixa perceber.

Fabricante Agente Atacadista Varejista Cliente

Figura 10: Canais de Distribuição Multinível

O que a figura permite perceber é que os fabricantes podem vender direta-


mente para qualquer um dos integrantes da cadeia de distribuição, mudando sua

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estratégia de distribuição, as margens de lucro e outros aspectos relevantes, con-


forme adotem um ou outro nível de distribuição.

5 LOGÍSTICA DE PÓS-VENDA

Uma importante atividade para a logística é oferecer o necessário suporte a


atividade de pós-venda que a organização deve oferecer para seus clientes. Assim,
essas atividades logísticas relacionam-se com a manutenção e o gerenciamento dos
estoques de peças, componentes ou partes para a reposição quando os produtos da
organização assim o exigem.
Isso implica que a logística deve preocupar-se em gerenciar adequadamente
o processo de armazenagem desses materiais, uma vez que, geralmente, eles ficam
em poder de terceiros (os serviços de assistência técnica, por exemplo). Além disso,
o subsistema de pós-venda deve ocupar-se em mensurar a satisfação dos clientes
com os serviços logísticos da organização e, ainda, oferecer atividades eventuais de
apoio ao marketing (por exemplo, disponibilizando displays e materiais promocionais
nos pontos de venda).

6 LOGÍSTICA REVERSA

A logística reversa também é denominada de reciclagem ou reutilização. Tra-


ta-se do subsistema logístico que oferece uma resposta organizacional às deman-
das sociais relacionadas com as questões ecológicas. Esse subsistema logístico se
ocupa de garantir que produtos, embalagens, peças e partes dos produtos sejam
reintegrados ao processo produtivo, em qualquer ponto da cadeia de suprimentos,
para reciclagem, reutilização ou destruição após o uso ou consumo.
O subsistema de logística reversa é fortemente suportado pelas atividades de
armazenagem e de transporte. A logística reversa, segundo o Reverse Logistics
Executive Council – RLEC é definida como

a atividade de planejamento, execução e controle do fluxo de matérias-


primas, produtos em processo e produtos acabados (bem como os fluxos
de informações relacionados), do ponto de consumo ao ponto de origem,
de forma eficiente e eficaz, visando recapturar o valor ou destinar à elimi-
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nação adequada, cuidando do impacto dos custos relacionados a esse


processo (RLEC, 2007) .

Ainda segundo o RLEC, além das atividades de reciclagem e/ou reutilização,


as de remanufatura e/ou recondicionamento de peças, partes, componentes etc.,
também são consideradas como sendo logística reversa.

REFERÊNCIAS

BALLOU, R. H. Logística Empresarial: transportes, administração de materiais e


distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.
BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São
Paulo: Saraiva, 2003.
CHRISTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da cadeia de suprimentos. São
Paulo: Pioneira, 1997.
C.S.C.M.P. – Council of Supply Chain Management Professionals. Glossary of
Logistics. In www.cscmp.org/resource/glossary.asp, Acesso em: 08 nov. 2003.
MOURA, R. A. Sistemas e Técnicas de Movimentação e Armazenagem de Mate-
riais. (Série Manual de Logística, v. 1). São Paulo: IMAM, 1998.
RAZZOLINI FILHO, E. Logística a evolução na Administração – desempenho e
flexibilidade. Curitiba: Juruá, 2006.
RLEC. Reverse Logistics Executive Council. What is Reverse Logistic? Disponível
em http://www.rlec.org/glossary.html. Acesso em 29 nov. 2007.

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