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30/07/2012
1
Chapter 1
√
2 −b ± b2 − 4ac
ax + bx + c = 0 =⇒ x = (1.1.1)
2a
surgem raízes do tipo z = x + iy onde x, y ∈ R. Denotamos,
Note que "i" nunca se torna real através de multiplicação por números
reais. De fato, ∀α ∈ R∗ (onde R∗ denota o conjunto dos números reais
excluido zero), nós temos que α.i ∈
/ R. Isso implica que se z = x + iy =
0 =⇒ x, y = 0.
1. ∀a ∈ R, ∀z = x + iy ∈ C , a.z → ax + iay ,
2. ∀z1 = x1 +iy1 ∈ C , ∀z2 = x2 +iy2 ∈ C , z1 +z2 = (x1 +x2 )+i(y1 +y2 ) ∈ C .
Note que C pode ser visto como um espaço vetorial de dimensão 2 sobre
o corpo R (veja nos apêndices uma revisão sobre isso).
2
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 3
z1 .z2 = z3 (1.1.4)
= x1 x2 − y1 y2 + i(x1 y2 + y1 x2 ) (1.1.6)
= x3 + iy3 =⇒ x3 ≡ x1 x2 − y1 y2 , y3 ≡ x1 y2 + y1 x2 (1.1.7)
y x
z=α . +i (1.1.9)
α α
x 2
2
+ αy
p
Suponha agora que α seja tal que,
α = 1, isto é, α = x2 + y 2 .
2 2
Agora, uma vez que cos θ + sen θ = 1, ∀θ ∈ R, sempre podemos escrever
x/α = cosθ e y/α = senθ e assim
p
z = x2 + y 2 (cosθ + isenθ) (1.1.10)
p
= 2 2
x + y eθ (1.1.11)
= |z| eθ (1.1.12)
p
onde |z| = x2 + y 2 é o módulo de z , θ = arctan(y/x) é o argumento de z (veja
Fig. (1.1.2) para uma ilustração no plano complexo), e eθ ≡ cosθ + isenθ ∈ C .
Note que |eθ | = 1.
Vamos tentar entender um pouco mais sobre esse eθ . Primeiro, note que
∀θ1 , θ2 ∈ R, eθ1 .eθ2 = eθ1 +θ2 (prove isso!!!). Agora, veja que ∀z = x + iy temos
que
x0
0 xcosθ − ysenθ
z = = . (1.1.16)
y0 xsenθ + ycosθ
x0
xcosθ − ysenθ x
= = Â(θ) . (1.1.17)
y0 xsenθ + ycosθ y
z1 .z2 = z3 . (1.1.19)
z1 pode ser visto como uma operação (ou operador) que leva z2 em z3 . Suponha
agora que ∃z4 tal que z4 .z3 = z2 . Mas como z3 = z1 .z2 temos que
z −1 .z = 1 (1.1.22)
−1 ∗ ∗
(z .z).z = z (1.1.23)
−1 ∗ ∗
z .(z.z ) =z (1.1.24)
z −1 |z|2 = z ∗ = x − iy (1.1.25)
Ex: Seja z 6= 0. Na forma polar onde z = |z|eθ mostre que z −1 é dado por
z −1 = e−θ /|z|.
Vamos usar isso para relembrar como provamos armações usando indução
matemática.
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 7
2) Assuma que a armativa de ordem n seja válida. Use isso para vericar
se isso implica que a armativa subsequente de ordem n+1 seja válida. Caso
isso aconteça, dizemos que a armativa é válida ∀n ≥ n0 .
1.1.7 Raízes
Para um dado z∈C queremos agora calcular z 1/n onde n é um inteiro positivo.
As coisas simplicam bastante na representação polar. De fato, se z = |z|eθ
vemos que z 1/n = |z|1/n eθ/n+2πk/n onde k é um número inteiro (isso ocorre
porque e2πk = 1 quand k é inteiro).
Vemos então que a n-ésima raiz da unidade é dada por
2πk 2πk
11/n = cos + isen k = 0, . . . , n − 1. (1.1.30)
n n
e elas correspondem aos vértices do polígono regular inscrito num círculo de raio
1. Veja na Fig. (1.1.3) um exemplo onde temos um triângulo inscrito no círculo.
f : C −→ C (1.2.1)
Note que, uma vez que f (z) ∈ C , sempre podemos escrever f (z) = Re f (z) +
iIm f (z), onde Re f (z), Im f (z) ∈ R.
Para car mais clara a idéia de mapeamento, imagine um ponto z0 no plano
complexo z (veja a Fig. (1.2.1) abaixo). Seja agora w ≡ f (z). O que a f faz é
mapear z0 no plano z em w0 = f (z0 ) no plano w. Por exemplo: seja f (z) = z 2 .
Então , f leva i no plano z em −1 no plano w.
Figure 1.2.1: Uma função w = f (z) leva pontos no plano z em pontos no plano
w.
∞
X xn
ex = . (1.2.3)
n=0
n!
∞
X zn
ez = . (1.2.4)
n=0
n!
∞
X (iy)n
eiy = (1.2.5)
n=0
n!
∞ ∞
X (iy)2n X (iy)2n+1
= + (1.2.6)
n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
∞ ∞
X (−1)n y 2n X (−1)n y 2n+1
= +i (1.2.7)
n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
= cos y + isen y , (1.2.8)
Prove que: ei(z1 +z2 ) = eiz1 eiz2 e (eiz )n = einz , para n inteiro positivo.
ez − e−z ez + e−z
senhz ≡ coshz ≡ (1.2.10)
2 2
Figure 1.3.2: O limite que dene a derivada de uma função complexa não pode
depender do caminho escolhido para chegar em z.
Denindo, u(x, y) ≡ Ref (z) e v(x, y) = Imf (z), onde u, v ∈ R2 , temos que
df (z) ∂v ∂u
= −i . (1.3.7)
dz ∂y ∂y
Entretanto, esses limites tem que ser idênticos para que o limite exista. Então,
∂u ∂v ∂v ∂u
+i = −i . (1.3.8)
∂x ∂x ∂y ∂y
ou
∂u ∂v ∂u ∂v
= , =− . (1.3.9)
∂x ∂y ∂y ∂x
Essas são as famosas condições de Cauchy-Riemann (embora elas tenham sido
descobertas provavelmente por Gauss).
∂u ∂v ∂v ∂u
, , , (1.3.10)
∂x ∂y ∂x ∂y
existem e são contínuas então f = u + iv é diferenciável como uma função
complexa de duas variáveis reais. Isso signica que nós podemos aproximar a
variação de f da seguinte forma
∂f ∂f
δf = δx + δy + O(δ 2 ) (1.3.11)
∂x ∂y
∂f ∂f
= δz + ∗ δz ∗ + O(δ 2 ) (1.3.12)
∂z ∂z
onde δz = δx + iδy e δz ∗ = δx − iδy . Assim, podemos denir
∂f 1 ∂f ∂f
≡ −i , (1.3.13)
∂z 2 ∂x ∂y
∂f 1 ∂f ∂f
≡ +i . (1.3.14)
∂z ∗ 2 ∂x ∂y
Agora impomos que f não depende de z ∗ . Assim, ∂f /∂z ∗ = 0 e assim
1 ∂ ∂
+i (u + iv) = 0 (1.3.15)
2 ∂x ∂y
ou
∂u ∂v ∂v ∂u
− +i + = 0. (1.3.16)
∂x ∂y ∂x ∂y
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 13
d n
z = nz n−1 (1.3.17)
dz
d
senz = cosz , (1.3.18)
dz
d df (z) dg(z)
[f (z)g(z)] = g(z) + f (z) . (1.3.19)
dz dz dz
É importante ressaltar que a derivada de uma função real é uma pro-
priedade local no ponto. Para uma função de uma variável complexa,
analiticidade é uma propriedade não somente local mas também controla
o comportamento da função numa região .
∂2u ∂2u
= (1.3.20)
∂x∂y ∂y∂x
∂v ∂v
dv = dx + dy (1.3.23)
∂x ∂y
∂u ∂u
= − dx + dy . (1.3.24)
∂y ∂x
Z (x2 ,y2 )
∂u ∂u
v(x2 , y2 ) − v(x1 , y1 ) = − dx + dy . (1.3.25)
(x1 ,y1 ) ∂y ∂x
A integral acima não depende do caminho tomado entre (x1 , y1 ) e (x2 , y2 ) pois
∂ ∂u ∂ ∂u
− − = −∇2 u = 0 . (1.3.26)
∂y ∂y ∂x ∂x
~
(∇u).( ~ = ∂u ∂v + ∂u ∂v .
∇v) (1.3.27)
∂x ∂x ∂y ∂y
Agora, seja f = u + iv uma função analítica na região que engloba a interseção .
Nesse caso, podemos usar as condições de Cauchy-Riemann (1.3.9) para mostrar
que
~ ~ = ∂v ∂v ∂v ∂v
(∇u).( ∇v) − = 0. (1.3.28)
∂y ∂x ∂x ∂y
Então, na interseção entre as curvas ~
∇u ~ . Em aplicações
∇vé perpendicular a
em problemas de eletrostática no plano, a superfície u(x, y) = constante poderia
estar associada com uma superfície equipotencial enquanto v(x, y) = constante
daria as linhas de campo elétrico.
Re{dz1 dz2∗ }
cos (θ1 − θ2 ) = (1.3.29)
|dz1 ||dz2 |
Re{dw1 dw2∗ }
cos (φ1 − φ2 ) = . (1.3.30)
|dw1 ||dw2 |
então
Assim, vemos que o coseno da diferença dos ângulos não muda perante uma
aplicação conforme (note que é necessário que f 0 (z0 ) 6= 0).
Para uma função de variável real f (x), a integral dessa função num intervalo
onde x ∈ [a, b] é dada por
Z b n
X
I= dx f (x) = lim f (xk )dxk (1.4.1)
a n→∞
k=1
Pn
onde limn→∞ k=1 dxk = b − a. A integral de uma função real pode ser vista
como um funcional linear que leva um elemento f (x) do espaço de funções em
um número real. Note também que a integral de uma função real pode ser vista
como uma integral de linha ao longo do eixo real.
Para f (z) ∈ C , denimos a integral ao longo de uma curva orientada C como
(veja Fig. (1.4.1))
Z N
X
dz f (z) = lim f (zk )dzk . (1.4.2)
C N →∞
k=1
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 17
Figure 1.4.2: Se toda curva fechada C contida em D tem seu interior também
contido em D (como na gura do lado esquerdo), dizemos que D é simplesmente
conexo. Intuitivamente, vemos que essa região não contém buracos. Por outro
lado, na gura do lado direito o domínio D não é simplesmente conexo.
I I I I
dz f (z) = (dx + idy)(u + iv) = (udx − vdy) + i (udy + vdx) . (1.4.5)
C C C C
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 18
H
Teorema de Morera: Se f (z) é contínua em D e se C f (z)dz = 0 para
todo caminho simples fechado C em D com interior em D , então f (z) é analítica
em D . Prove esse teorema!!!
Para
R x uma função real de uma variável, é sempre possível encontrar F (x) =
0 0
a
dx f (x ) onde dF (x)/dx = f (x) (teorema fundamental do c'alculo).
Algo semelhante ocorre para funções complexas. Se f (z) é analítica em
uma região D simplesmente conexa então , pelo teorema de Cauchy, numa
H
curva fechada C ≡ ∂D temos que dz f (z) = 0, o que implica em dizer
C
que
Z z
f (z 0 )dz 0 (1.4.10)
z0
não depende da trajetória seguida de z0 até z. Assim, nesse caso ∃F (z)
também analítica em D da forma
Z z
dF (z)
F (z) = f (z 0 )dz 0 =⇒ = f (z) . (1.4.11)
z0 dz
Seja C um caminho qualquer que pode ser escrito como a união de dois
caminhos C1 e C2 (claramente,
S a orientação dos caminhos tem que ser
R R
denida), isto é, C = C1 C2 . C
Nesse caso,
C1
f (z)dz = f (z)dz +
R
C2
f (z)dz . Esta propriedade está no coração da nossa denição de integral
no plano complexo.
Suponha que tenhamos uma f (z) analítica num contorno C fechado e no inte-
rior da região delimitada por
H C (veja Fig. (1.5.1)). Pelo teorema de Cauchy,
C
dz f (z) = 0. Agora, imagine que denimos a função
f (z)
g(z) ≡ . (1.5.1)
z − z0
Agora, g(z) não é analítica em z0 (a função e sua derivadas não estão denidas
em z = z0 ). Assuma que z0 não está sobre o contorno C . Agora, podemos
esperar que em geral
I
f (z)
dz 6= 0 . (1.5.2)
C z − z0
De fato, mostraremos a seguir a fórmula integral de Cauchy:
I
f (z)
= 2πif (z0 ) (1.5.3)
C z − z0
onde f (z) é analítica em C , que pode ser qualquer contorno fechado que envolve
z0 .
onde C20 é o caminho C2 com sentido inverso. Note que C1 e C20 são , de fato,
caminhos completamente arbitrários (de mesmo sentido) que envolvem o ponto
z0 mas o valor de suas integrais é o mesmo. Assim, vemos que seja lá o que for o
valor dessa integral, claramente esse número não depende do contorno fechado
escolhido que envolve z0 .
f (z)
H
Já que podemos escolher qualquer caminho fechado para calcular I≡C z−z0
,
vamos usar C20 como sendo um círculo em volta de z0 de raio R e, assim, den-
imos z = z0 + Reiθ (veja Fig. (1.5.5)). Então , temos que
2π 2π
f (z0 + Reiθ ) Reiθ
I Z Z
f (z)
I= dz =i idθ =i dθf (z0 + Reiθ ) .
0
C2 z − z0 0 Reiθ 0
(1.5.5)
Agora, note que I não depende do contorno usado, o que signica que podemos
tomar por exemplo R → 0. Assim,
Z 2π Z 2π
iθ
I = lim i dθf (z0 + Re ) = f (z0 )i dθ = 2πi f (z0 ) , (1.5.6)
R→0 0 0
nos dá Z 2π
1
f (z0 ) = dθf (z0 + reiθ ) . (1.5.8)
2π 0
Fazemos agora f (z) = u(x, y) + iv(x, y) e assim temos
Z 2π
1
u(x0 , y0 ) = dθ u(x0 + rcosθ, y0 + rsenθ) (1.5.9)
2π 0
Z 2π
1
v(x0 , y0 ) = dθ v(x0 + rcosθ, y0 + rsenθ) (1.5.10)
2π 0
onde as funções u e v são harmônicas uma vez que f (z) é analítica. Podemos
reescrever as equações acima como
Z
1
u(x0 , y0 ) = d` u (1.5.11)
2πr C
Z
1
v(x0 , y0 ) = d` v (1.5.12)
2π C
onde C é o círculo de raio r centrado em (x0 , y0 ) ∈ R2 . q.e.d.
Soluções da equação de Laplace não toleram máximos ou mínimos locais -
qualquer extremo só pode ocorrer na fronteira. Prove essa armação !!!!!
f (z 0 )dz 0
I
df (z) d 1
= (1.5.17)
dz dz 2πi C z 0 − z
I
df (z) 1 d 1
= dz 0 f (z 0 ) (1.5.18)
dz 2πi C dz z 0 − z
f (z 0 )
I
df (z) 1
= dz 0 0 . (1.5.19)
dz 2πi C (z − z)2
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 23
Figure 1.6.1: f (z) é analítica sobre C e dentro da região delimitada por esse
círculo. A função possui uma singularidade em z1 que está fora da região denida
por C.
Ex: Use a idéia acima para provar que, em geral, se f (z) for analítica suas
n derivadas são dadas por
dn f (z) f (z 0 )
I
n!
f (n) (z) ≡ = dz 0 . (1.5.20)
dz n 2πi C (z 0 − z)n+1
onde C pode ser qualquer contorno fechado que envolve z.
Note que, de fato, a analiticidade de f (z) em z implica não somente na ex-
istência de f 0 (z) mas também na existência de todas as derivadas da função em
z. Claramente, todas essas derivadas também são funções analíticas.
f (z 0 )dz 0
I
1
f (z) = (1.6.1)
2πi C z0 − z
f (z 0 )dz 0
I
1
f (z) = (1.6.2)
2πi C (z 0 − z0 ) − (z − z0 )
f (z 0 )dz 0
I
1
f (z) = h i. (1.6.3)
2πi C (z 0 − z0 ) 1 − zz−z 0 −z
0
0
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 24
∞ n
z − z0
I
1 0 0
X
f (z) = dz f (z ) . (1.6.5)
2πi C n=0
z 0 − z0
Essa soma converge e assim podemos trocar a ordem da soma com a da integral.
Assim,
∞ ∞
f (z 0 ) f (n) (z0 )
I
X 1 X
f (z) = dz 0 0 n+1
(z − z0 )n
= (z − z0 )n
n=0
2πi C (z − z0 ) n=0
n!
(1.6.6)
que é a série de Taylor da função analítica f (z) em torno de z0 .
Esse resultado acima é baseado somente na hipótese de que f (z) é analítica
para |z − z0 | < |z1 − z0 |. É possível mostrar que essa série, quando existe,
é única (PROVE ISSO!!!!).
1 2π f (reiθ ) 2π
f (reiθ )
Z Z
1
|an | = idθ = dθ . (1.6.8)
2π 0 rn einθ 2πrn
0 einθ
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 25
Pn Pn
Devido a desigualdade triangular k=1 zk | ≤R | k=1 |zk |, e pelo
R fato de que
a integral é o limite de uma soma, vemos que | g(z)dz| ≤ |g(z)dz| para
γ γ
qualquer função g(z) e contorno γ . Assim, vemos que
1 2π
Z 2π
f (reiθ )
Z
1 M (r)
|an | = dθ inθ ≤ dθ |f (reiθ )| ≤ . (1.6.9)
2πrn 0 e 2πrn 0 rn
Prova: Dizer que f (z) é limitada em todo o plano complexo signica dizer
que ∃M ∈ R tal que |f (z)| ≤ M para todo z . Porém se esse for o caso, de
acordo com o resultado para |an | da série de Taylor de uma função analítica
que encontramos acima, vemos que se a função for analítica em todo o plano
signica dizer que limr→∞ |an | ≤ limr→∞ M/rn = 0, ∀n > 0, ou seja, a1 = a2 =
a3 = . . . = 0. Então nesse caso, f (z) = a0 = cte. q.e.d.
k
PN
Prova: Primeiro, note que f (z) =
k=0 ck z é analítica para todo z de mó-
dulo nito. Suponha que o polinômio de ordem N não possua nenhuma raiz.
Assim, 1/f (z) é analítica e limitada quando |z| → ∞. Então , 1/f (z) seria uma
constante de acordo com o teorema de Liouville. Claramente esse não é o caso e
assim vemos que f (z) tem que ter pelo menos uma raiz, que chamaremos dez1 .
Nesse caso, podemos denir g(z) ≡ f (z)/(z − z1 ), que é um polinômio de ordem
N − 1. Novamente, assuma agora que g(z) não possua nenhuma raiz. Assim,
1/g(z) seria limitada e portanto uma constante, o que não pode ser verdade.
Dessa forma, vemos que g(z) deve ter pelo menos uma raiz, que chamaremos
de z2 . Denimos agora o polinômio de ordem N − 2 , h(z) ≡ g(z)/(z − z2 ).
Seguindo o mesmo procedimento, vemos que f (z) tem exatamente N raízes zj ,
j = 1, . . . , N , ou seja, qualquer polinômio
QN de ordem N pode ser escrito como
um produto de suas raízes, f (z) = cN j=1 (z − zj ).
PN
k
Ex: Seja k=0 ck z um polinômio qualquer de ordem
f (z) = N. Ache os
coecientes ck em termos das N raízes zj (Vieta, 1579).
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 26
Agora vamos ver um pouco sobre séries innitas, suas propriedades, e também
alguns truques que podemos usar para expressar essas somas em termos de
funções conhecidas.
Uma sequência innita de números complexos {zn } = {z1 , . . . , zn } converge
para o limite complexo nito z se |zn − z| < ε, para n 1 e ε positivo e ε 1.
Por outro lado, podemos reformular a questão sobre a convergência de uma série
complexa em termos de um problema semelhante envolvendo sequências reais:
Prova: Suponha que ∃ ε 1 tal que |xn −x| < ε/2 e |yn −y| < ε/2. Se Re zn
converge para x e Im zn converge para y então |zn − z| = |(xn − x) + i(yn − y)| ≤
|xn − x| + |yn − y| < ε. Reciprocamente, se |zn − z| < ε então necessariamente zn
está dentro do círculo de raio ε em torno de z . Assim, ca claro que |xn − x| < ε
e |yn − y| < ε q.e.d.
Muitos dos teoremas sobre sequências reais são aplicáveis para séries com-
plexas (uma boa discussão sobre séries reais para os ns desse curso pode
ser encontrada no livro de Arfken e Weber, cap. 5).
P∞
Uma série innita de números complexos
PN k=1 zk é convergente se a sequên-
cia {SN } de suas somas parcias SN = k=1 zk for uma sequência
P∞ convergente.
Uma vez que o limite S = limN →∞ SN exista, entãoS = k=1 zk .
1 1 1 1
Ex: 1− 2 + 3 − 4 + 5 − . . . = ln 2.
Se a sequência das somas parciais não convergir, dizemos que a série é di-
vergente (o que não quer dizer que ela seja inútil, como veremos em breve).
Entretanto, temos que ser muito cuidadosos com séries divergentes.
1 1 1 1
PN
1
Ex: A famosa série harmônica k=1 n = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 +
limN →∞
. . . → ∞P
. Prove que a série harmônica diverges logaritmicamente, isto é,
N
limN →∞ k=1 n1 = limN →∞ ln N + termos finitos.
P∞
não converge, dizemos que k=1 zk converge condicionalmente.
P∞ (−1)n+1
Ex: Considere a série convergente n=1 n = 1 − 21 + 13 − 41 + 15 − . . . =
P∞ (−1)n+1 P∞
ln 2. Note que a correspondente série dos módulos n=1 n = n=1 1/n
é a série harmônica, que diverge.
(−1)n+1 P∞
Ex: Vamos considerar a série convergente n=1 . Vimos acima que
n
ela é condicionalmente convergente. Somando os termos da maneira usual en-
1 1 1 1
contramos 1 − + − + − . . . = ln 2. Agora, suponha que resolvemos somar
2 3 4 5
os seus termos da seguinte forma
1 1 1 1 1 1 1
S = 1− − + − − + − + ... (1.7.1)
2 4 3 6 8 5 10
1 1 1 1 1
= − + − + + ... (1.7.2)
2 4 6 8 10
1 1 1 1 1 1
= 1 − + − + − . . . = ln 2 (1.7.3)
2 2 3 4 5 2
Para quaisquer séries innitas, pode-se criar uma nova série ao se reagrupar
seus termos na realização da soma. Uma série converge incondicionalmente se
qualquer rearranjo dos termos da série dene uma nova série com a mesma pro-
priedade de convergência da série original. Séries que convergem absolutamente
também convergem incondicionalmente. Em geral, a adição dos termos de uma
série innita é associativa somente para séries absolutamente convergentes.
Teste da razão
P∞
2. : Se limn→∞ |zn+1 /zn | = c e c < 1 então n=1 zn con-
+
verge absolutamente. Se c = 1 ou c → ∞ então a série diverge. Se
c = 1− então o teste é inconclusivo.
P∞
Ex: A série geométrica n=0 zn |z| < 1. De
converge absolutamente para
fato, usando o teste da razão vemos que limn→∞ |zn+1 /zn | = |z|, o que
mostra que a série converge absolutamente quando |z| < 1. Vemos então
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 28
Teste da raiz:
P∞
3. Se |zn |1/n ≤ r < 1 para n → ∞ então P n=1 zn converge
∞
absolutamente. Se |zn |1/n ≥ r > 1 para n → ∞, então n=1 zn diverge.
P∞
Em geral, se limn→∞ zn 6= 0, a série n=1 zn diverge.
Pn
Ex: As somas parciais da série geométrica fn (z) = k=0 z k forma polinômios
que convergem para f (z) = 1/(1 − z) se n → ∞para |z| < 1. De fato, para
|z| < 1
∞
2 1 X
n
fn (z) = 1 + z + ... + z = − zk (1.7.4)
1−z
k=n+1
∞
1 X
= − z n+1 zk (1.7.5)
1−z
k=0
1 z n+1
= − (1.7.6)
1−z 1−z
e, assim, limn→∞ fn (z) = 1/(1 − z). Dizemos nesse caso que f (z) = 1/(1 − z) é
a soma da série geométrica quando |z| < 1.
A sequência de funções {fn (z)} converge uniformemente para uma função
f (z) em uma região Ω se ∃ε 1 tal que |fn (z) − f (z)| < ε para n > N e ∀z ∈ Ω
(onde N é um inteiro positivo).
vez pior quando |z| se encontra cada vez mais próximo de 1 (isso signica que
nesse caso precisamos incluir cada vez mais termos na série para alcançar uma
dada precisão ε).
Teste M de Weierstrass:
P∞
n=1 fn (z) é uniformemente
A série de funções
convergente em uma região Ω se ∃Mn > 0 (que são constantes) tais que |fn (z)| ≤
P∞
Mn , ∀z ∈ Ω e a série n=1 Mn for convergente. Prove esse resultado usando o
teste da comparação .
Teorema de Weierstrass:
P∞
Se os termos da série de funções n=1 fn (z)
são analíticos no inteiror de uma curva C simples e fechada e também sobre ela,
e a além disso a série convergir uniformemente sobre C, então sua soma é uma
função analítica (sobre C e dentro da região delimitada pela mesma) e a série
pode ser diferenciada ou integrada um número arbitrário de vezes.
Z x
x
dx0 S(x0 ) = x + x2 + x3 + . . . = (1.7.7)
0 1−x
e depois derivar
Z x
d 0 0 d x 1
S(x) = dx S(x ) = = . (1.7.8)
dx 0 dx 1−x (1 − x)2
Ex: Ache a expressão fechada que soma a série f (θ) = 1 + acosθ + a2 cos2θ +
. . ., onde a, θ ∈ R. Novamente, o primeiro passo é determinar a região de con-
vergência da série em questão . Note que f (θ) = Re 1 + aeiθ + ae e2iθ + . . . .
Pelo teste da razão vemos que essa série converge para |a| < 1, embora θ possa
de fato ser qualquer número real. De fato, uma análise mais cuidadosa revela
que essa série não é nada mais nada menos do que
= Re 1 + aeiθ + ae e2iθ + . . .
f (θ) (1.7.9)
1 1 − acosθ
= Re iθ
= . (1.7.10)
1 − ae 1 + a2 − 2acosθ
(1.7.11)
1 2 3
Ex: Some a série S =
2! + 3! + 4! + . . .. Veja que essa série converge
absolutamente pelo teste da razão . Nesse caso é conveniente denir a função real
2 3
3x4
f (x) = x2! + 2x
3! + 4! + . . ., que converge absolutamente ∀x ∈ R (porém nito).
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 30
Figure 1.7.1: Duas placas condutoras planas (sem carga) e paralelas separadas
por uma distância L no vácuo.
Agora, usando esse teoriam aqui no nosso caso envolvendo as placas condu-
toras, vemos que o potencial eletrostático φ obedece a equação de Laplace na
região entre e sobre as placas. Nas placas condutoras (que formam a fronteira
da região ), φ é uma constante. A solução φ = constante resolve a equação de
Laplace na região de interesse e dá o valor correto do campo na fronteira. De
acordo com o teorema da unicidade, essa solução é de fato única. Assim, vemos
que o campo eletrostático ~ = −∇φ
E ~ =0 e portanto não existem força entre as
placas.
Entrentanto, se você de fato zer esse aparato experimental cuidadosamente
você será capaz de medir uma pequena atração entre as placas que cai muito
rapidamente com L !!!!!! Essa força atrativa entre as placas é um efeito pura-
mente quântico originalmente proposto pelos físicos holandeses Casimir e Polder
em 1948. A medição desse efeito somente foi feita, de forma sucientemente acu-
rada, em 1997 no Los Alamos National Laboratory nos EUA.
Infelizmente, a física necessária para a compreensão do efeito Casimir está
muito além do que pode ser discutido nesse curso. A idéia básica é que a presença
dessa condição de contorno que ~ = 0
E nas placas afeta o vácuo quântico e
existem mais pares de partículas e anti-particulas sendo criados na região fora
das placas do que dentro, o que gera um tipo de pressão efetiva que causa a
atração entre as placas.
Entretanto, é possível saber pelo menos a forma da força entre as placas
diretamente usando análise dimensional. De fato, vamos tentar estimar a
densidade de energia por unidade de área entre as placas E/A. Usando que a
unidade de momento angular é h̄ = 6.63 × 10−34 m2 Kg/s e que a única escala de
comprimento que pode denir essa densidade supercial de energia é a distância
L entre as placas, vemos quer
E h̄ c
∼α 3 (1.7.13)
A L
onde c é a velocidade da luz no vácuo e α é um número adimensional. Note que
F d E α
a densidade supercial de força entre as placas será
A = − dL A ∼ L4 . Assim,
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 32
vemos que o sinal de α determina se vai haver atração or repulsão entre as placas!
o que leva a uma densidade de força F (s)/A. Note que quando lims→0 F (s)/A =
F/A, que é a densidade de força física que queremos calcular. A integral sobre
ξ pode ser facilmente calculada, o que nos dá
∞
E(s) h̄ c1−s π 2−s 1 X 3−s
=− n . (1.7.16)
A 2L3−s 3 − s n=1
P∞
3−s
Vamos trabalhar um pouco agora com esse monstro n=0 n . No limite em
que s=0 essa série claramente diverge. Vamos ser expertos e pretender que
não sabemos nada sobre o valor de
P∞ s. Lembrando da denição da função zeta
z
de Riemann ζ(z) = n=1 1/n , vemos que
∞
E E(s) h̄ c1−s π 2−s 1 X 3−s h̄ cπ 2
= lim = − lim n = − ζ(−3) . (1.7.17)
A s→0 A s→0 2L3−s 3 − s n=1 6L3
Usando que ζ(−3) = 1/120 vemos que a densidade de força entre as placas é
h̄ cπ 2
atrativa e igual à F/A = −
240L4 , o que foi comprovado experimentalmente.
Note que a força vai a zero quando a distância entre as placas é tão grande que
podemos tomar efetivamente h̄ = 0. O fato de que h̄ é muito pequeno torna
esse efeito muito difícil de ser medido.
Agora, você deve estar se perguntando, o que aconteceu com o innito???
Não era para a coisa divergir quando aquele s lá fosse para zero???? Bom, eu
não posso dizer mais nada sobre isso agora. Vocês vão ter que esperar pelo seu
curso de teoria de campos na pós-graduação para entender o que houve nesse
processo de regularização daquela soma divergente. O que eu posso dizer é: não
houve truque, tudo é de fato bem denido sicamente. Eletrodinâmica quântica
é a teoria física mas bem sucedida que possuímos. Aguardem e vocês verão :D
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 33
Seja Ω um domínio conexo (veja uma breve discussão sobre espaços conexos
e etc no apêndice). Se duas funções analíticas f (z) e g(z) coincidem em uma
vizinhança de um ponto z0 ∈ Ω, então f (z) e g(z) são idênticas em Ω.
P∞ n
P n n
Ex: Considere as séries f (z) = n=0 z e g(z) = i n=0 i (z − i − 1) . A
série f (z) converge quando |z| < 1, ou seja, quando z está dentro de um círculo
de raio 1 em volta da origem, que chamaremos aqui de região Ω1 (veja Fig.
(1.8.1)).
Por outro lado, vemos pelo teste da razão que a série g(z) converge quando
|z − i − 1| < 1, ou seja, quando z está dentro de um círculo de raio 1 centrado
em z = 1 + i, que chamaremos aqui de região Ω2 (veja Fig. (1.8.2)).
Entretanto, já que a série f (z) converge em Ω1 , podemos armar que nessa
2 1
região f (z) = 1 + z + z + . . . =
1−z . Analogamente, na região Ω2 podemos
i 1
fazer g(z) = i[1 + i(z − 1 − i) + . . .] =
1−i(z−1−i) = 1−z . Considere agora a
Fig. (1.8.3) onde desenhamos as duas regiões . Existe uma região de interseção
1
T
Ω 3 ≡ Ω1 Ω2 onde tanto f (z)
T quanto g(z) são iguais a 1−z . Dessa forma,
vemos que f (z) = g(z) em Ω1 Ω2 .
Dizemos que g(z) é a continuação analítica em Ω2 da série f (z) denida Ω1
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 34
1
(e vice-versa). Ao mesmo tempo, a função
1−z é a continuação analítica, válida
em todo o espaço, das funções f e g.
Neste exemplo que discutimos acima, as dias séries podem ser somadas de
1
forma que obtemos uma expressão fechada
1−z . Em geral, as somas de séries
não precisam ser necessariamente expressas em termos de funções elementares.
Mesmo quando isso não é possível, o procedimento de continuação analítica
sempre pode ser feito a partir de uma série que converge em um pequeno domínio
e daí contruímos uma função que é bem denida em todo o espaço, exceto em
pontos singulares tais como pólos e cortes. Pode-se em geral emendar os discos
de convergência envolvidos um a um.
Vimos anteriormente que uma dada função analítica em uma certa região Ω
possui uma representação em termos de uma única série de Taylor ao redor de
qualquer ponto em Ω e essa série converge. Entretanto, devido ao teorema de
Liouville, sabemos que a o único tipo de função que pode ser analítica em todo
o plano complexo é a função constante. Assim, em geral lidaremos com funções
que possuem algum tipo de singularidade no plano complexo. Por exemplo,
vimos a função h(z) = 1/(1 − z) que é analítica ∀z ∈ C excluindo o ponto z = 1.
Dentro do disco denido por |z| < 1 (que dene o raio de convergência da série
P∞ n
geométrica), h(z) pode ser representada pela série geométrica n=0 z . Para
|z| > 1, essa série não converge e assim, ela não constitui uma representação da
função h(z).
Considere agora uma função f (z) que possua uma singularidade em z0 ∈ C
mas seja analítica dentro e sobre a região denida pelos círculos C1 de raio r1
0
e C2 de raio r2 tal que r2 < r1 (veja Fig. (1.9.1)). Vamos chamar essa região
anular (que é uma conexa mas não é simplesmente conexa) de Ω.
Seja agora z ∈ Ω. Note que Ω poderia ser construída via o limite ε → 0
S 0S S
do contorno C = C1 C2 C3 C4 , que é a fronteira da região Ωε . De fato,
limε→0 Ωε = Ω (veja Fig. (1.9.2)).
Agora podemos usar a fórmula integral de Cauchy em Ωε
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 35
Figure 1.9.1: Região anular Ω compreendida entre os círculos C1 e C20 onde f (z)
é analítica.
Figure 1.9.2:
S Região anular Ωε cuja fronteira é dada por C =
C20
S S
C1 C3 C4 .
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 36
f (z 0 )
I
1
f (z) = dz 0 0 (1.9.1)
2πi C z −z
f (z 0 ) f (z 00 )
Z Z
1 1
= dz 0 0 − dz 00 00 (1.9.2)
2πi C1 z −z 2πi C2 z −z
0
(z 0 )
Z Z
1 f (z ) 1 f
+ dz 0 0 + dz 0 0 (1.9.3)
2πi C3 z −z 2πi C4 z −z
onde C2 é um caminho idêntico a C20 mas orientado no sentido oposto (por isso
temos o sinal de menos acima na frente da integral sobre C2 ). Tomando ε→0
obtemos
f (z 0 ) f (z 00 )
Z Z
1 1
f (z) = dz 0 0
− dz 00 . (1.9.4)
2πi C1 z −z 2πi C2 z 00 − z
∀z 0 ∈ C1 temos que |z 0 − z0 | > |z − z0 | e, analogamente,
Agora, veja que
para ∀z ∈ C2 temos |z 00 − z0 | < |z − z0 |. Então , para a integral ao longo de
00
C1 temos que
∞
1 1 1 1 X (z − z0 )n
= = = (1.9.5)
z0 − z z 0 − z0 − (z − z0 ) z 0 − z0 1 − z−z (z 0 − z0 )n+1
h i
0
0 n=0 z −z0
∞
1 1 −1 1 X (z 00 − z0 )n
= = = − .
z 00 − z z 00 − z0 − (z − z0 )
h i
z − z0 1 − z000 −z0 n=0
(z − z0 )n+1
z −z0
(1.9.6)
Então , vemos que
∞ ∞
(z − z0 )n (z 00 − z0 )n
Z Z
1 0
X
0 1 00 00
X
f (z) = dz f (z ) + dz f (z )
2πi C1 n=0
(z 0 − z0 )n+1 2πi C2 n=0
(z − z0 )n+1
(1.9.7)
e, trocando a ordem da integral pela soma em cada termo, obtemos
∞ ∞
X X bn
f (z) = an (z − z0 )n + (1.9.8)
n=0 n=1
(z − z0 )n+1
f (z 0 )dz 0
I
1
an = , n = 0, 1, . . . (1.9.9)
2πi C1 (z 0 − z0 )n+1
e I
1
bn = dz 00 f (z 00 ) (z 00 − z0 )n−1 , n = 1, . . . . (1.9.10)
2πi C2
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 37
Figure 1.9.3: A série de Laurent é denida usando uma curva fechada qualquer
C denida numa região anular.
Note agora que, uma vez que os integrandos acima e a função f (z) são
analíticos na região anular Ω denida por C1 e C2 , as integrais acima que denem
an e bn são de fato independentes do caminho fechado escolhido, contanto que
ele esteja dentro de Ω. Podemos então trocar C1 e C2 por um caminho fechado
arbitrário Γ, denido dentro da região anular Ω, e ver que a função f (z) pode
ser expressa em termos de uma série ao redor de z0 , chamada série de Laurent
(veja Fig. (1.9.3)
∞
X
f (z) = An (z − z0 )n (1.9.11)
n=−∞
onde
f (z 0 )dz 0
I
1
An = . (1.9.12)
2πi C (z 0 − z0 )n+1
1
Ex: Encontre a série de Laurent para a função f (z) =
z(z−1) ao redor de
z= 0. Primeiro, note que essa função tem singularidades em z = 0 e z = 1. Para
encontrar a série de Laurent dessa função ao redoer de z0 = 0, por simplicidade
vamos tomar como contorno um círculo C centrado em z = 0 com raio r < 1.
Assim, os coecientes dessa série de Laurent são
I
1 dz
An = . (1.9.13)
2πi C z(z − 1)z n+1
I ∞ ∞ I
1 dz X 1 X
An = − zk = − dz z k−n−2 . (1.9.14)
2πi C z n+2 2πi C
k=0 k=0
P∞
An = k=0 δk,n+1 = 0 se n < −1 e An = −1 se n ≥ −1. A série de Laurent de
f (z) ao redor de z = 0 é
1
f (z) = − − 1 − z − z 2 − z 3 − . . . . (1.9.15)
z
Como poderíamos ter feito isso de cabeça? Simples, basta abrir as frações
1 1 1
!!! De fato, note que
z(z−1) = − z + z−1 . O primeiro termo já é o termo com
pólo em zero e está bom do jeito que está. Agora, o segundo termo pode ser
1
expandido em Taylor em z = 0 para encontrar novamente que f (z) = − − 1 −
z
2 3
z − z − z − ....
Fica claro deste exemplo que a série de Laurent não precisa necessaria-
mente ter todos os An 6= 0.
∞
X I ∞
X I
an dz(z − z0 )n−k−1 = bn dz(z − z0 )n−k−1 . (1.9.17)
n=−∞ C n=−∞ C
∞
X
f (z) = An (z − z0 )n . (1.9.18)
n=−∞
Teorema de Picard: Toda função inteira não -constante passa por todos
os números complexos em C com no máximo a exceção de um ponto. Além
disso, em qualquer vizinhança de uma singularidade essencial isolada, f (z) se
torna arbitrariamente próxima de qualquer número complexo com no máximo
a exceção de um ponto em C.
Considere uma função f (z) que possui apenas um pólo isolado em z0 numa
Ω
dada região
P∞ ∈ C . A série de Laurent para essa função é dada por f (z) =
n n
H
n=−∞ An (z − z0 ) . Uma vez que C (z − z0 ) = 2πi δn,−1 para toda curva
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 40
I I ∞
X
f (z)dz = dz An (z − z0 )n (1.10.1)
C C n=−∞
∞
X I
= An dz(z − z0 )n (1.10.2)
n=−∞ C
X∞
= An 2πiδn,−1 (1.10.3)
n=−∞
= 2πi A−1 (1.10.4)
ou I
1
Res f (z0 ) ≡ A−1 = dzf (z) . (1.10.5)
2πi C
1 Isso é uma consequência direta da fórmula integral de Cauchy. De fato, pela fórmula
H
integral de Cauchy, vemos que 2πi 1 = C dz/(z − z0 ), onde C é qualquer contorno fechado
que envolve z0 . n
Agora, a função constante 1 é analítica em todo o espaço e assim, suas
n > 1 temos que C Hdz/(z − z0 )n para todo C . Por outro lado, a função (z − z0 )n para n ≥ 0
H
n
é analítica e assim,
C dz (z − z0 ) = 0 se n ≥ 0 devido ao teorema de Cauchy. Vemos então
n
H
que de fato
C dz/(z − z0 ) = 2πi δn,−1 para todo contorno fechado C que envolve z0 .
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 41
I N I
X
f (z)dz + f (z)dz = 0 (1.10.6)
C k=1 Ck
I N
X
f (z)dz = 2πi Res f (zk ) . (1.10.8)
C k=1
Esse resultado vai ser bastante útil e ele é, de fato, o resultado mais impor-
tante que vimos nesse curso até o momento.
1
f (z) = g(z) (1.10.9)
z − z0
onde g(z) é uma função analítica na vizinhança de z0 , inclusive g(z0 ) 6= 0.
Fazendo a expansão de Taylor da função g(z) em torno de z0 obtemos g(z) =
g(z0 ) + g 0 (z0 )(z − z0 ) + . . . e assim, perto de z0 , temos que
g(z0 )
f (z) = + g 0 (z0 ) + . . . . (1.10.10)
z − z0
Dessa forma, o resíduo da função em z0 é limz→z0 (z − z0 )f (z) = g(z0 ). Ou seja,
para uma função com pólo de ordem 1 em z0 o resíduo será
Res f (z0 ) = lim (z − z0 )f (z) . (1.10.11)
z→z0
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 42
Uma outra forma bem útil para encontrar resíduos de pólos simples pode
ser encontrada da seguinte forma. Novamente, se a função f (z) tem um pólo
simples em z0 , sempre podemos escrever f (z) = g(z)/(z − z0 ). onde g(z) é uma
função analítica na vizinhança de z0 , inclusive g(z0 ) 6= 0. Então ,
d 1 d z − z0
= (1.10.12)
dz f (z) dz g(z)
z=z0 z=z0
1 z − z0 dg(z) 1
= − 2 = (1.10.13)
g(z0 ) g (z0 ) dz z=z0 g(z0 )
1
Res f (z0 ) = lim . (1.10.14)
z→z0 d 1
dz f (z)
Q(z)
Res f (z0 ) = lim . (1.10.15)
z→z0 dP (z)
dz
g(z)
f (z) = (1.10.16)
(z − z0 )k
1 dk−1
(z − z0 )k f (z) .
Res f (z0 ) = lim k−1
(1.10.19)
z→z0 (k − 1)! dz
eiz
Ex: Calcule os pólos e os resíduos de f (z) = z(z 2 +1)2 . OK, a primeira
coisa que devemos notar é que a função eiz é uma função inteira e não estamos
interessados em seu pólo no innito. Vamos então considerar apenas os pólos
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 43
dessa função que estão localizados numa região nita do plano complexo. Para
calcular os pólos, de acordo com as regras mencionadas acima, devemos achar
as raízes do denominador em f. Nesse caso, é fácil ver que as 5 raízes de
z(z 2 + 1)2 = 0 estão localizadas em z = 0, i, i, −i, −i. Agora, qual é a ordem
desses pólos? Perto de z = 0, nossa função se torna f (z ∼ 0) ∼ 1/z + . . . e
assim vemos que z=0 é um pólo simples. Agora, é claro que z = i e z = −1
são pólos de ordem 2, como poderia ser visto imediatamente da estrutura das
raízes. Para o pólo simples em z=0 o resíduo pode ser calculado diretamente
d
(z − i)2 f (z) = −3e−1 /4.
Res f (i) = lim (1.10.21)
z→i dz
Considere a integral:
Z ∞
1
I= dx . (1.11.1)
−∞ 1 + x2
Embora essa integral possa ser feita de de cabeça como veremos depois,
vamos usar esse exemplo simples para ilustrar como podemos usar o teorema dos
resíduos para calcular integrais denidas. Primeiro de tudo, note que podemos
denir I através do limite
Z R
1
I = lim dx . (1.11.2)
R→∞ −R 1 + x2
Agora, nós pegamos o integrando em I e o denimos no plano complexo, o
que signica basicamente em fazer f (x) = 1/(1 + x2 ) =⇒ f (z) = 1/(1 + z 2 ).
Agora, note que essa função f (z) tem dois pólos isolados simples (i.e., de ordem
1) em z = ±i. Considere agora o seguinte contorno fechado
S C mostrado na Fig.
(1.11.1). Veja que C = C1 CR onde C1 é contorno sobre o eixo real que vai
de −R até R e CR é o semi-círculo de raio R usado para construir o contorno
fechado total C . Note que como estamos sempre imaginando que R → ∞, vemos
que nesse caso o pólo da função em z = i está dentro da região delimitada por
C . Assim, podemos usar o teorema dos resíduos para armar que
I
I(C) = dzf (z) = 2πi Res f (i) . (1.11.3)
C
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 44
Mas para que eu estou fazendo isso tudo? A coisa vai car clara agora. Note
que
Z Z
dz dz
I(C) = + (1.11.4)
C1 1 + z2 CR 1 + z2
Z R Z
dx dz
= + = Res f (i) . (1.11.5)
−R 1 + x2 CR 1 + z2
Usamos acima que sobre C1 a parametrização mais natural é z = x. Agora,
vemos que
Z R Z
dx dz
I = lim = lim I(C) − . (1.11.6)
R→∞ −R 1 + x2 R→∞ CR 1 + z
2
Podemos então agora calcular o resíduo em z = i através de Res f (i) = limz=i (z−
i)f (z) = 1/2i. Assim, vemos que
Z R Z
dx dz
I = lim = π − lim . (1.11.7)
R→∞ −R 1 + x2 R→∞ C 1 + z 2
R
dz
R
Veremos a seguir que limR→∞ = 0. Primeiro de tudo, uma vez que
CR 1+z 2
CR é um semi-círculo de raio R, a parametrização mais natural para efetuar a
iθ
integral é fazer z = Re onde, devido a orientação , θ ∈ [0, π]. Dessa forma,
vemos que
π
eiθ
Z Z
dz
= iR dθ . (1.11.8)
CR 1 + z2 0 1 + R2 e2iθ
Pela desigualdade triangular, temos que
Z π Z π
iReiθ
Z
dz R
≤ dθ 1 + R2 e2iθ =
dθ √ (1.11.9)
CR 1 + z2 0 0 1 + R 4 + 2R2 cos2θ
isto é
1 π
Z Z
dz R
≤ dθ q . (1.11.10)
CR 1 + z2 R 0 1+ 1
+ 2 R12 cos2θ
R4
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 45
dz
R
Dessa forma, limR→∞ CR 1+z 2
=0 já que seu módulo vai para zero. Assim,
vemos que
Z R
dx
I = lim = π. (1.11.12)
R→∞ −R 1 + x2
Nesse caso talvez tivesse sido mais fácil fazer a integral de cabeça pois sabe-
dx0 1/(1 + x02 ) = tan−1 (x) e assim
R
mos a integral indenida
Z ∞ x→∞
dx π π
I= = tan−1 (x) = − − = π. (1.11.13)
1+x 2 x→−∞ 2 2
−∞
Esse exemplo acima nos sugere uma maneira geral de calcular integrais
denidas do tipo
Z b
I(a, b) = dx f (x) (1.11.14)
a
via teorema dos resíduos nos casos em que podemos calcular todos os pólos e
resíduos da função complexa associada f (z) no plano complexo.
De fato, o primeiro passo consiste em introduzir um contorno fechado C no
plano complexo que seja a união de um contorno sobre o trecho em cima do eixo
real que contém o segmento [a, b] e um outro contorno C0 de forma que
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 46
Z Z b Z N
X
I(C) = f (z)dz = dxf (x) + f (z)dz = 2πi Res f (zk ) (1.11.15)
C a C0 k=1
R∞
Ex: O intervalo (−∞, ∞). Para calcular integrais do tipo
−∞
f (x)dx pode-
mos utilizar o método discutido acima. Claramente, esse método só será útil
quando a integral sobre o C0 escolhido for algum valor nito. De fato, considere
o exemplo
∞
eikx
Z
I= (1.11.16)
−∞ x2 + a2
eikx eikz
onde k, a > 0. f (x) =
x2 +a2 e assim f (z) = z 2 +a2 . Além
Primeiro, vemos que
disso, vemos também que essa função tem dois pólos simples em z = ±ia.
Novamente denimos
R
eikx
Z
I = lim (1.11.17)
R→∞ −R x2+ a2
e podemos escolher o contorno CR como sendo o semi-círculo de raio R no plano
superior de acordo com a Fig. (1.11.3).
Assim, pelo teorema dos resíduos
R
eikz eikx eikz
I Z Z
dz = lim + dz= 2πi Res f (ia) (1.11.18)
C z + a2
2 R→∞ −R x + a2
2
CR + a2 z2
h i
eikz
onde podemos calcular facilmente Res f (ia) = limz→ia (z − ia) (z−ia)(z+ia) =
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 47
e−ak
2ia . Dessa forma, vemos que
∞
eikx eikz
Z Z
π
I= = e−ak − lim dz . (1.11.19)
−∞ x + a2
2 a R→∞ CR z2 + a2
π π
eikz eikR(cosθ+isenθ) eiθ e−kRsenθ eiθ eikRcosθ
Z Z Z
dz 2 = iR dθ = iR dθ .
CR z + a2 0 a2 + R2 e2iθ 0 a2 + R2 e2iθ
(1.11.20)
Novamente, pela desigualdade triangular, temos que
eikz 1 π e−kRsenθ
Z Z
dz ≤ dθ . (1.11.21)
CR
2
z +a 2 R 0 e2iθ + a22
R
Note, entretanto, que como k > 0 e θ ∈ [0, π] temos que kRsenθ ≥ 0 e assim,
Rπ −kRsenθ
no limite que estamos interessados, limR→∞ R1 0 dθ e 2iθ a2 = 0. Dessa forma,
e + R2
ikz
dz ze2 +a2
R
vemos que limR→∞ CR
=0 e assim
R
eikx
Z
π
I = lim = e−ak . (1.11.22)
R→∞ −R x2 + a2 a
1) Se f (z) não possui nenhum pólo em cima do eixo real e lim|z|→∞ f (z) = 0
e k>0 então
Z ∞ X
dx eikx f (x) = 2πi Res f (zj )eikzj
(1.11.23)
−∞ Im(zj )>0
O lema de Jordan:
Z
ikz
π
f (z) ≤ M ax θ∈[0,π] |f (Reiθ )|
dze (1.11.25)
CR k
O lema de Jordan é muito útil pois ele de serve como justicativa rigorasa
e rápida para jogar fora aquelas integrais que só de bater o olho sabemos que
irão para zero quando R → ∞. De fato, é fácil de ver que se
Z ∞ Z x0 −ε Z ∞
P f (x)dx ≡ lim f (x)dx + f (x)dx . (1.11.27)
−∞ ε→0 −∞ x0 +ε
R∞
f (x) é regular
Claramente, se sobre o eixo real,
−∞
f (x)dx faz sentido e
R∞ R∞
P −∞ f (x)dx = −∞ f (x)dx.
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 49
Figure 1.11.4: Contorno fechado C que não inclui o pólo z=0 de eiz /z .
Vamos agora voltar para nossa eix /x. A função associada no plano complexo
iz
é f (z) = e /z . O único pólo que essa função possui é um pólo simples em z = 0.
O resíduo é facilmente calculado, Res f (0) = 1. Queremos agora calcular a única
coisa que faz sentido, ou seja, nesse caso o valor principal de Cauchy
∞
eix
Z
P dx . (1.11.28)
−∞ x
−ε Z R
eiz eix eix
I Z
dz = dx + dx (1.11.29)
C z R x ε x
Z iz Z iz
e e
+ + =0
C1 z CR z
∞
eix eiz eiz
Z Z Z
P dx = − lim − lim . (1.11.30)
−∞ x ε→0 C1 z R→∞ CR z
0
eiz
Z Z
iθ
lim = lim i dθ eiεe = −iπ . (1.11.31)
ε→0 C1 z ε→0 π
eiz
R
Pelo lema de Jordan vemos que limR→∞ CR z =0 e, assim, obtemos que
∞
eix
Z
P dx = iπ . (1.11.32)
−∞ x
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 50
∞ Z ∞
eix
Z
sen x 1 1 π
1/2 dx = Im dx = Im{iπ} = (1.11.33)
−∞ x 2 −∞ x 2 2
R∞
assim, vemos que
0
dx sen x/x = π/2. Porque a integral de eix /x tem prob-
lema no eixo real? Não é por causa do seno mas sim por causa do cosseno! De
fato, eix /x = cos x/x + isen x/x e perto de zero cos x/x ∼ 1/x − x/2 + . . ., o
que nos dá aquela singularidade em x = 0.
Z 2π
I= dθ F (cos θ, sen θ) (1.11.34)
0
onde F é uma função qualquer de duas variáveis que podem ser parametrizadas
iθ
+e−iθ
em termos de senos e cossenos. Seja agora z ≡ eiθ , então cos θ = e 2 =
1 1 eiθ −e−iθ 1
2 (z + z ) e sen θ = 2i = 2i (z − z1 ) e dz = izdθ. Agora, nós
podemos
considerar a integral fechada ao longo do círculo de raio 1 centrado na origem e
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 51
assim I
1 dz 1 1 1 1
I= F ( (z + ), (z − )) . (1.11.35)
i C z 2 z 2i z
1 1 1 1 1
Se a função f (z) ≡
iz F ( 2 (z + z ), 2i (z − z )) possui N pólos zk dentro da região
denida pelo círculo |z| = 1 (estamos assumindo que não existem pólos nos
quais |z| = 1), pelo teorema dos resíduos obtemos
N
X
I = 2πi Res f (zk ) . (1.11.36)
k=1
R 2π
Ex: Calcule I = 0
1/(1 − a cos θ) onde 0 < a < 1. Usando o método
apresentado acima, vemos que
I
1 dz 1
I = (1.11.37)
1 − 2 (z + z1 )
a
i C z
Z
2i
= dz 2 . (1.11.38)
C az − 2z + a
√
2i 1 1−a2
Agora, a função
√ az 2 −2z+a tem dois pólos simples em z1 = a + a e z1 =
1 1−a2 2
a − a que são as raízes de az − 2z + a = 0. Agora, quais pólos estarão
dentro da região delimitada pelo círculo de raio 1? Note primeiro que az1 > 1 e
assim z1 > 1. Agora, veja que z1 z2 = 1. Dessa forma, se z1 está fora oz2 com
certeza está dentro. O resíduo da função nesse pólo é
2i 2i i
Res f (z2 ) = lim (z − z2 ) = = −√ .
z→z2 (z − z2 )(z − z1 ) (z2 − z1 )a 1 − a2
(1.11.39)
Vemos então que
(−i) 2π
I = 2πi √ =√ . (1.11.40)
1−a 2 1 − a2
Z ∞
dx
I= a > 0. (1.11.41)
−∞ cosh(ax)
1
Res f (iπ/2a) = lim (1.11.45)
z→iπ/2a d 1
dz f (z)
1 1
= lim = . (1.11.46)
z→iπ/2a d (cosh(az)) ia
dz
I 4 Z
X 2π
lim f (z)dz = lim dz f (z) = 2πiRes f (z0 ) = . (1.11.47)
R→∞ C R→∞ Ck a
k=1
Agora temos que fazer as integrais sobre os diversos caminhos que denem C.
Vamos começar pela integral sobre C2 . Nesse caso, o caminho é uma linha reta
de z = R até z = R + iπ/a e obviamente usaremos a parametrização linear
CHAPTER 1. FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL COMPLEXA 53
Z Z π/a
1
f (z)dz = i dy . (1.11.48)
C2 0 cosh(aR + iay)
Z Z 0
1
f (z)dz = i dy (1.11.49)
C4 π/a cosh(−aR + iay)
Z π/a
1
= −i dy . (1.11.50)
0 cosh(−aR + iay)
∞
dx0
Z Z Z
f (z)dz = = f (z)dz . (1.11.58)
C3 −∞ cosh(ax0 ) C1
Muito legal, não é? Ok, agora cou fácil achar o valor de I. Da equação
(1.11.47) vemos que
Z R I
dx 1 π
I = lim = lim f (z)dz = . (1.11.59)
R→∞ −R cosh(ax) R→∞ 2 C a
Z ∞
dx 1 π π π
I= = + = . (1.11.61)
−∞ cosh(ax) a 2 2 a
Ok, eu acho que nesse exemplo vocês concordariam comigo que é mais fácil
fazer essa integral via resíduo do que saber de cabeça essa anti-derivada!!!!
f : C −→ C (1.11.62)
fig31.jpg
Figure 1.11.7: Linha de corte da função f (z) = z 1/2 que une os pontos de
ramicação em z=0 e |z| → ∞.
1) Translação : w = z + z0 .
Folhas de Riemann
Já que a função z 1/2 é multivalente se não colocarmos a linha de corte, nós
podemos colar duas folhas do plano z ao longo da linha de corte de forma
que o argumento de z possa ir além de 2π ao longo da linha de corte e desça
de 4π da folha de cima para o início da folha de baixo. Dessa forma, obtemos
uma forma contínua e não ambígua de lidar com essa função . Essa nova folha
é chamada de folha de Riemann. Em geral, a estrutura das lhas de Riemann
vai mudar conforme a função multivalente em questão .
Séries de Fourier
57
Appendix A
1. Associatividade ∀a, b, c ∈ A : (a + b) + c = a + (b + c)
2. Elemento neutro do +, ∀a ∈ A: a + 0 = 0 + a = a
3. Existência de simétrico de +, ∀a, b ∈ A: a + b = 0 (único)
4. Comutatividade de +, ∀a, b ∈ A: a + b = b + a
5. Associatividade de . , ∀a, b, c ∈ A: (a.b).c = a.(b.c)
6. Distributividade de . em relação a + (à esquerda e à direita), ∀a, b, c ∈ A:
a.(b + c) = a.b + a.c e (a + b).c = a.c + b.c
Se . é comutativo, i.e., (a.b = b.a) então dizemos que o anel é comutativo.
58
APPENDIX A. ALGUNS CONCEITOS MATEMÁTICOS BÁSICOS 59
(i) (u + v) + w = u + (v + w) (associatividade).
(iv) u + v = v + u (+ é comutativo).
(vi) 1.v = v .
n
X
ak zk = 0 =⇒ ak = 0, ∀k = 1, . . . , n . (A.3.1)
k=1
Figure A.4.2: Podemos levar qualquer curva fechada num ponto de forma con-
tínua sobre a superfície da esfera.
APPENDIX A. ALGUNS CONCEITOS MATEMÁTICOS BÁSICOS 61
Figure A.4.3: O toro não é um espaço simplesmente conexo. Prove essa ar-
mação .
Ex: O toro é um espaço conexo mas não é simplesmente conexo (ver Fig.
(A.4.3)).
Ex: A região anular de um disco (ver Fig. (A.4.4)) é um espaço mas não é
simplesmente conexo. EM geral, se o espaço tem um buraco ele não pode ser
simplesmente conexo.
Ex: O espaço mostrado na Fig. (A.4.5), que é composto pela união dessas
regiões , não é conexo.
APPENDIX A. ALGUNS CONCEITOS MATEMÁTICOS BÁSICOS 62