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UFRN/CCHLA/DEPARTAMENTO DE LETRAS

DISCIPLINA: LET0419 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO ARGUMENTATIVO


PERÍODO LETIVO: 2018.2 DATA: 13/8/2018
ALUNO(A):______________________________________________________________________________CURSO: LETRAS
ATIVIDADE 2

Analise, comparativamente, as cartas abertas aqui transcritas, considerando os seguintes aspectos:


1. o jogo de interlocução (marcas do diálogo estabelecido com o destinatário explícito);
2. a intenção comunicativa da publicação;
3. a estrutura composicional de cada carta (elementos textuais e paratextuais, estrutura argumentativa);
4. a imagem (o ethos) que pode ser construída do remetente a partir de seu discurso (atente para as escolhas
léxico-gramaticais);
5. as estratégias de linguagem persuasivas.

CARTA 1 8 março de 2018

Carta aberta: respeito

Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br 08 Mar, 2018

Pensei muito se devia ou não escrever esta carta aberta. Ao escrever, um monte de gente vai me odiar, muitos
vão ficar bravos. Mas, vendo o que vem acontecendo com nosso esporte e seus resultados, prefiro a ira de alguns
do que dar as costas e ser mais um que vive do sistema do faz de conta, ou que vê e não tem coragem de encarar.
A palavra respeito no tênis me foi ensinada no primeiro dia que entrei em uma quadra. José Flávio Nunes me
disse. Respeite este esporte sagrado, respeite seus adversários e respeite a história do esporte.
Todos devem saber que venho batendo bola com a molecada. Hoje foi o dia mais triste que vivi desde que
começou. Se entro aqui para bater palma, falar das coisas lindas que venho vivendo, entro também para mostrar o
lado ruim. Foi pedido que eu abrisse um horário para jogar com um grupo de meninos que jogam muito bem. Dos
melhores meninos que temos no Brasil. Pedido pesado. Marquei hoje às 14:00h, desmarquei reuniões, me
compliquei com meus filhos e minha esposa para estar lá na hora certa. Eu fui. Alguém mais foi? Alguém me avisou?
Um contratempo, um erro de comunicação, um lapso... Não importa. Ninguém foi, ninguém ligou. Culpa dos
meninos? Não. Nem um pouco. Eles estavam jogando. Culpa dos técnicos.
Quando faço uma entrevista e digo que nosso tênis está atrasado, que precisamos evoluir, tomei porrada de todo
lado da classe de treinadores de tênis. Quando fui ao encontro nacional da CBT, em dezembro, muitos me olharam
com a cara torta e fizeram comentários como: 'já que ele é tão bom, que pegue a meninada toda'. Quando se critica,
a primeira reação é achar que eu sou do contra, que quero sacanear, que tenho algum interesse. Aqui valem
algumas ressalvas. Primeiro: não quero ser capitão da Davis. Segundo: não quero um cago político. Terceiro: não
me preocupo se ajudam ou não os meus sobrinhos. Quarto: não falo para me promover. Então, por que você fala,
Fino? Porque eu amo o meu esporte. Eu vivo dele e ele é meu sustento.
Hoje, saindo da quadra, percebi uma coisa muito triste. Será que nossos técnicos realmente respeitam nossa
história? Será que eles acham que podemos de alguma maneira ajudar? Tenho minhas dúvidas. Quantas vezes
esses técnicos que hoje têm bons jogadores na mão me ligaram, ligaram para o Guga, para o Saretta, para o Jaime,
para o Koch, Kiki, para o Ricardinho e trocaram informações? A sensação que tenho é que, no nosso país, as
pessoas (técnicos) acham que fomos 1, 25, 34 ou top 50 porque nos deram os pontos. No fundo, não sabemos
nada. Pergunto. Quem sabe são vocês?
Duro? Sim. Muito duro. Mas o tênis brasileiro tem história e nós fazemos parte dela, e está na hora de começar
a respeitar a história de TODOS. Como queremos que nossos tenistas tenham engajamento, brilho nos olhos, se
os técnicos deles não respeitam a história do nosso tênis?
Eu teria dado o que fosse para poder conversar com um ex-25 do mundo. Eu paro tudo que posso quando estou
conversando com o Guga (como estive na piscina e nos cafés da manhã no Rio Open). Cada frase do Thomaz Koch
e história me alimenta, cada segundo com o Kiki é uma aula de tênis e de vida. Aí eu pergunto.
Vivemos a era dos técnicos que sabem tudo. Mas os resultados estão aí é não enganam quem entende do
esporte. Vocês também são responsáveis. Venho falando em troca, em debate, em união. Um dia teremos que fazer
isso ou quem sabe resetar e fazer uma grande limpa.
Abraço a todos.
Disponível em: <http://www.espn.com.br/blogs/fernandomeligeni/753236_carta-aberta-respeito> Acesso em: 31 jul. 2018.

CARTA 2 27.jul.2018 às 8h56


Carta Aberta dos alunos da Darcy Ribeiro
#AgoraÉQueSãoElas
Em reunião realizada no dia 09 de julho de 2018, 13 alunas da Escola de Cinema Darcy Ribeiro relataram às
turmas de Roteiro, Direção, Montagem e Produção I assédio sofrido pelo professor Rodrigo Fonseca ao longo das
aulas do primeiro semestre do ano corrente.
Rodrigo Fonseca tornou-se professor da turma em março do ano de 2018, aparentemente cordial e prestativo.
Docente notável, sempre tentando aproximar-se e agradar os alunos, levava comida e livros para distribuir durante
as aulas, sempre sorridente e simpático. Mas sua simpatia tinha interesse restrito e direcionado. Desde as primeiras
aulas dava orientações profissionais às suas alunas; os biscoitos e ofertas de livros logo viraram ingressos para
filmes e debates, entradas gratuitas em eventos e cursos, bajulações sem fundamento profissional que poucos ou
nenhum homem recebiam.
A partir disso, as alunas, crendo em sua boa fé, começaram a ver-se em situações constrangedoras. Ligações
durante a madrugada, mensagens abusivas, olhares asquerosos, tentativa de contato físico, perseguição dentro de
eventos. A bondade e atenção viraram constatação: a contribuição dele não era profissional, mas sim, dotada de
interesse sexual, que como nunca foi correspondido, resultou em inúmeras ofensivas por parte do professor.
O docente não respondia mais às perguntas das alunas assediadas, e quando o fazia, era sem seriedade,
demonstrando fúria e imaturidade, colocando-as em posição de extrema opressão. Durante as aulas, fazia piadas
vexatórias com as alunas abordadas, com intenção de humilhação.
Com o tempo as aulas se esvaziaram, muitas mulheres ausentes; mulheres disciplinadas, assíduas, já não
frequentavam as aulas. Um estranhamento começou a ocorrer, e com ele, uma identificação. As alunas começaram
a se falar, e enfim, estavam num grupo de 13 mulheres relatando as mesmas vivências e opressão, do mesmo
assediador.
Durante a reunião, foram relatados inúmeros assédios, desde simples cantadas, presentes dados às alunas pelo
professor, ligações inescrupulosas, ameaçadoras e em horários inapropriados, a uma tentativa de beijo na boca de
uma aluna sem consentimento e perseguição a outra durante um evento. Cabe ressaltar que todas as alunas que
informaram ser comprometidas deixaram de contar com a mesma atenção.
Além dos relatos de assédio sexual, foram presenciados durante as aulas assédio moral, com ameaças de perda
de pontos para quem questionasse o professor em qualquer conceito que não o agradasse. O mais grave ocorreu
no dia 04 de julho, quando o professor disse, grosseiramente e de modo alterado, a um aluno que não responderia
nenhuma pergunta enquanto ele “não sentasse o rabinho na cadeira”. Durante a reunião, outras pessoas
denunciaram falas racistas, xenófobicas, homofóbicas, preconceituosas e intolerantes. Todas travestidas de piada
e licença poética.
Cabe ressaltar que o assédio pode vir de uma atitude verbal ou física, com ou sem testemunhas, e acontecer em
sala de aula, ônibus, ambiente de trabalho, boates, consultórios médicos, na rua, em templos religiosos. O assédio
não tem um local específico. No caso, há clara relação de poder de um professor, reconhecido no mercado,
investindo contra alunas que sentem-se intimidadas com as consequências de suas denúncias.
Quando um homem tem interesse em conhecer uma mulher, ou elogiá-la, ele não lhe dirige palavras que a
exponham ou a façam sentir-se invadida, ameaçada ou encabulada. Caracteriza-se como assédio verbal (artigo 61,
da Lei das Contravenções Penais n. 3.688/1941), quando alguém diz coisas desagradáveis ou invasivas – como
podem ser consideradas as famosas “cantadas” – ou faz ameaças.
Diante dos inúmeros relatos, reiterados de forma contundente e emocionada, a turma comunicou à coordenação
da Escola de Cinema Darcy Ribeiro em uma reunião com a presença de cerca de 80 alunos, naquele mesmo dia,
cobrando providências. Com a gravidade dos fatos e dos inúmeros relatos das alunas, a coordenação se
comprometeu em frente aos presentes a desligar o professor, ratificando que esse tipo de comportamento não pode
ser aceito pela instituição.
Destarte, reiteramos tudo que foi exposto na reunião e com o pronunciamento oficial da escola, para resguardar a
integridade e a honra das alunas denunciantes, que foram vítimas de assédio.
Esta carta não é somente uma denúncia pública e coletiva, mas também uma resposta ao senhor Rodrigo Fonseca.
As vítimas são muitas e estão unidas, fortes e tranquilas de sua postura, contando com o apoio da instituição, de
todos os discentes e da opinião pública.
Não nos intimidaremos. Não nos silenciará. Somos muitos! Ao contrário do que você e muitos imaginam ao
assediar, nós nos falamos e nos cuidamos e denunciamos, sim, cada assédio sofrido. A cada assédio denunciado,
outros tantos aparecem. Não por histeria coletiva, não estamos fantasiando, e não queríamos estar aqui hoje,
perdendo saúde, tempo e vida para berrar os assédios sofridos; queríamos não ter sido, mas fomos, por você.
Os inocentes não ficarão calados, por mais difícil que seja falar.

*Até o momento presente, a carta consta com a assinatura de 56 alunos da Escola de Cinema Darcy Ribeiro.
Disponível em: <https://agoraequesaoelas.blogfolha.uol.com.br/2018/07/27/carta-aberta-dos-alunos-da-darcy-ribeiro/?loggedpaywall> Acesso
em: 31 jul. 2018.

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