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Direito Processual Civil 15.03.

2019 - Aula 2

Teoria Geral do Recurso

Devemos começar pelos […] recursais. Toda vez que você interpuser um recurso, sempre ele
vai se a dois tipos. Há uma análise inicial do seu recurso. Em um primeiro momento, é o chamado
juízo de admissibilidade (também conhecido como juízo de conhecimento).

O que vai ocorrer nesse momento - quando você interpõe? O juíz (pode ser o próprio juíz,
pode ser o desembargador, ministro… enfim, independentemente da instância em que você estiver)
vai analisar se estão presentes os requisitos formais. Vai analisar se o recurso é tempestivo, se você
pagou o preparo, se o recurso é o adequado e por ai vai indo. Ou seja, primeiro ele vai analisar os
requisitos formais, se você observou as regras para interposição daquele recurso. Lembrando que eu
comentei na aula passada, estamos falando em teoria geral. Ou seja, o relator, o desembargador, o
ministro ou até mesmo o juiz que vai analisar os requisitos formais genéricos. O que eu quero dizer
com isso? Quando nós começarmos a falar nas aulas de recursos específicos: vamos falar de apelação,
recurso especial, extraordinário e por aí vai, além desses requisitos que vamos começar a falar agora,
teremos outros. Então nós temos requisitos genéricos e específicos.

Hoje, por enquanto, vamos falar só dos genéricos, que tão dentro da ideia da teoria geral. Ou
seja, todo recurso, não há exceção quanto a isso, vai ter que observar os requisitos genéricos e
dependendo do recurso, você vai ter que acrescentar a essa ideia requisitos específicos.

Superada essa admissibilidade, começa a análise de mérito. Análise […] do recurso. Se


passar na admissibilidade, como a gente fala no linguajar do dia a dia, se for […], se for admitido o
meu recurso, entra a análise de mérito. Não sei se você vai ganhar mérito, pode ser provido ou
improvido, qual é a diferença? Precisamos nos habituar com o linguajar. É a mesma coisa que falar:
nego conhecimento, foi inadmitido, foi conhecido. Você vai ter que organizar isso no seu raciocínio e
você vai usar isso na prova, na vida jurídica.

Todo recurso que você for interpor, o cara vai dizer: nego conhecimento inadmito o presente
recurso… Ele está falando de admissibilidade. Falando sobre algum requisito, que em algum
requisito formal você deu mole, não observou na interposição e ele está sendo inadmitido. A questão
de fundo, que está sendo discutida por trás (ex: se você tem direito a indenização, se ela está muito
alta, precisa ser reduzida…) nem foi lida, porque você já morreu na admissibilidade.

Quando falamos em mérito, […], por exemplo, o Tribunal veio a dar provimento ao recurso,
veio a negar provimento, foi improvido, são sinônimos. Estou dando exemplos para vocês entenderem
a linguagem que a gente tá falando aqui.

A pessoa interpôs recurso ao tribunal que veio a dar provimento: “dou provimento ao recurso,
reformando a sentença aumentando a indenização para trinta mil reais.” Veja que um prejudica o
outro. Não existe recurso que se dá provimento tendo ele sido inadmitido. Se o recurso já foi
inadmitido, não existe análise de mérito. Ou seja, só tem análise de mérito para recurso conhecidos.
Tendo sido admitido, entra na análise de mérito.
Vamos listar aqui os requisitos e nós iremos, nas próximas aulas, falar disso.
Requisitos
● Cabimento
● Legitimidade
● Interesse
● Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos
● Tempestividade
● Preparo
● Regularidade formal

A matéria é complexa, tem muita coisa e esses são só os genéricos. Depois iremos falar dos
específicos de cada recurso. Depois isso fica automático, no estágio você aprende a fazer isso
normalmente. Primeiro você já conta o prazo, depois vai saber o recurso no automático. No primeiro
momento é complicado, mas depois você percebe que vai ficando mais fácil.

Passou a admissibilidade, no mérito você pode estar visando, buscando a reforma da decisão,
alterar o conteúdo da decisão, a invalidação (anular a decisão que foi dada) ou esclarecer ou integrar a
decisão. Vamos começar a falar desses aspectos:

Cabimento

Ou seja, a adequação do recurso, a interposição do recurso apropriado contra aquela decisão.


Por exemplo: artigo 1009. Geralmente, a partir do 1009, você tem os recursos em espécie ( apelação,
agravo de instrumento, agravo interno, embargos de declaração…).

“Art. 1.009. Da sentença cabe apelação”. Ele acabou de te explicar a adequação. Agora o
artigo “Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre”. E assim a vida vai indo. O “Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo
interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.”

Ou seja, o código geralmente, nos primeiros artigos de cada recurso em espécie ele já traz a
adequação. Nem sempre é tão claro desse jeito. Grosso modo, a adequação nada mais é do que o
manejo do recurso apropriado contra a decisão. Não é assim de qualquer maneira vai e interpõe o
recurso que você acha que é. A lei vai dizer qual recurso cabível. Ou por exemplo, já vai mudar
quando você estudar outra matéria, isso é processo civil. No “Art. 1.009. Da sentença cabe apelação”,
isso não é uma regra absoluta, se for pra processo de trabalho é recurso [...], processo penal tem outra
coisa. Isso é adequação, cada matéria vai ter a sua!
A adequação é o cabimento. O que é o cabimento? É a interposição do recurso
adequado, é o manejo do recurso apropriado. Em outras palavras, se o juiz da sentença e você
interpõe agravo de instrumento, não dá nem para começar a brincadeira. A primeira coisa que o cara
vai olhar vai ser : agravo, sentença? Tchau! Morreu na praia. Decisão […] “Inadmito o recurso por
não ser o recurso adequado nos termos do artigo 1.015.” No próximo faça direito, porque não vai dar
certo esse. Roudou. Só que aí tem algumas coisas mais complicadas, não é tão simples assim, até
porque um erro assim, dificilmente alguém vai cometer. A gente tá falando aqui, mas vocês já tinham
uma noção de que sentença cabe apelação, da interlocutória cabe agravo. Tão grosseiramente assim, o
advogado talvez não cometa, mas tem algumas coisas mais complexas.
Exemplo:

Tenho a minha petição inicial, o processo tá andando e tenho a sentença. (Nem tudo é tão
simples assim, precisamos nos organizar que é confuso). Tudo que o juiz for proferindo ao longo do
processo, sem terminar com o processo, nós chamamos de interlocutórias. As interlocutórias (artigo
203, $2, do CPC) são as decisões proferidas ao longo do processo, sem encerrar com ele. A ideia
central é essa do finalzinho. Interlocutória é aquela decisão que não põe fim ao processo. Quando
o juiz puser fim ao processo, tá dando uma sentença ( artigo 203, $ 1, CPC). O primeiro ponto é
esse. Identificar direito o que é uma sentença e o que é uma decisão interlocutória.

Tome cuidado com o seguinte: tem interlocutórias que parecem sentenças e se você for
numa dessas vai abortar. Se for ajuizada uma ação que tem dano material, dano moral e dano estético,
por exemplo. É uma ação de dano moral comum, de dia a dia. O cara foi ao hospital fazer um
atendimento médico, o atendimento foi horrível, teve um erro médico e gerou danos morais pelo
atendimento mal feito e demorado e pior, quando foi feito, deixou sequelas que geraram transtornos,
danos estéticos. Ele ajuizou uma ação pedindo essas três verbas (dano material, dano moral e dano
estético), o processo foi andando … vamos imaginar o seguinte: o réu contestou só discutindo dano
moral e dano estético. O que aconteceu com o dano material? Como o réu não impugnou, o dano
material se tornou incontroverso. O juiz então, diante desse fato, já julga o dano material, já que o réu
já concordou. Aí o juiz: “julgo procedente o dano material. Condeno o réu in R$10.000,00”. Só julgou
o dano material. Continua o processo em relação ao dano moral e estético. O juiz julgou, teve
julgamento. Qual é o recurso cabível? Essa decisão é uma interlocutória ou uma sentença?

Aluno responde: “ em relação ao dano material seria apelação, só nessa matéria.” Professor:
“hmm e o restante?” Não é nem em relação ao dano material, só tem dano material! Ele não julgou
outra coisa. Isso é o que chamamos de julgamento parcial do mérito. O juiz pode julgar parcela
do mérito? Tá no 355 do CPC. Esse artigo passou a admitir que o juíz vai liberando tudo que ele
tiver condição de decidir, vai fracionando o mérito, vai fatiando o mérito para diminuir o trabalho.
Pra que deixar o processo gigantesco pra no final decidir tudo? Se já tem que pode ser decidido,
decide e acabou. Ele ta julgando só o dano material, é um julgamento parcial do mérito.

Aí o aluno tinha respondido, cabe apelação. E ai? Se ele está dizendo que cabe apelação, está
dizendo que isso é uma sentença. Vocês concordam? Seguem o relator? Não! Gente: sentença é a
decisão que encerra o processo! Isso acabou com o processo? Não! Então acabou, a discussão é essa!
Não pode esquecer isso: interlocutória não encerra, sentença encerra o processo. Aquela decisão
encerrou o processo? Não! Então é uma decisão interlocutória. Se é uma interlocutória, você só pode
cogitar agravo de instrumento.

Continuando no exemplo: mais a frente, o juiz decidiu que era possível decidir sobre o dano
moral. Acabou o processo? Não! Então é a mesma conversa. Foi uma decisão interlocutória, cabe
agravo de instrumento. Um dia acabou essa história, julgou o dano estético. Acabou o processo? Sim!
Então vai ser sentença e vai caber apelação. Tudo gira em torno desse artigo 203. Sem estresse:
sentença é o ato que encerra o processo. Se não encerrar o processo, essa decisão é uma interlocutória.

Daremos mais um passo agora. Cabe agravo de instrumento em todas as


interlocutórias?
Pergunta: cada recurso vai ser julgado por um juízo diferente? Não!! Exemplo: meu processo
está na 3ª Vara Cível, no meio do caminho ele decide uma coisa, continua o processo e os recursos
subsequentes irão para mesma câmara que o primeiro tiver ido! O primeiro recurso gera a
prevenção artigo 938.

No código passado o conceito de sentença e interlocutória era mais complicado, mais


controverso. Agora ficou mais fácil. A decisão interlocutória é aquela que impulsiona o processo,
alavanca o processo. Ele termina sentenciando.

Pergunta: e se acontecer da sentença ser julgada antes dos agravos? No caso ele teria perdido
o objeto do agravo? Resposta: não! Não é comum, mas acontece também. Perceba que o legislador
está permitindo o fracionamento do mérito. Isso é o avanço da teoria os capítulos da decisão. Nós
somos apegados a ideia de que o juiz julga tudo de uma vez só, mas isso gera problemas. Você
tem que entender que, mesmo sendo um processo só, eu tenho capítulos autônomos dentro de
cada processo. Autônomos, independentes e sem relação nenhuma com outro. Então nada
impede que de cada capítulo desses que forem sendo julgados, eu tenha um recurso diferente,
em momentos distintos, pode ser que de um para o outro, tenha um intervalo de seis meses, vai
depender do andamento do processo. Isso é irrelevante. Tenho capítulos distintos durante o
processo. É a chamada teoria dos capítulos do processo, da decisão da sentença […]

Mas ela tinha feito uma pergunta. Pode acontecer da primeira instância tramitar mais rápido e
o tribunal ser mais lento. Eu interpus um agravo, que não foi julgado ainda, interpus o segundo
agravo, que também ainda não foi julgado e a primeira instância proferiu uma sentença e a apelação
foi interposta. Isso não atrapalha nada! Os capítulos são autônomos! Quero apenas chamar a
atenção para o seguinte: quando o juiz dá a sentença, ele não se mete no que já decidiu. Cada
capítulo desses tem vida própria, vai transitar julgado, fazer coisa julgada material. Então você
tem uma coisa julgada sobre dano moral, uma coisa julgada sobre dano material e uma coisa
julgada sobre dano estético e assim sucessivamente. Quando eu interpuser a apelação, ela vai julgar
somente o dano estético. O que vai julgar o dano material, vai ser o agravo referente a ele e assim vai
indo. Um não atrapalha o outro.

Mas vai ter o seguinte: vai ter um detalhe. É claro que no tribunal, os julgamentos serão feitos
em ordem. O julgamento do agravo vai ter preferência em relação ao julgamento da apelação. É mais
razoável que seja julgado na ordem cronológica. Chegou primeiro o agravo, julga ele primeiro ele.
Mas e se atrasar tudo? É muito comum as vezes, quando acontecem situações dessas, em que você
tem um acúmulo de recursos no mesmo processo, que o presidente da câmara (todos recursos estão no
mesmo órgão, ele está prevento), na hora do julgamento do primeiro recurso, avalie que tem mais dois
recursos no processo e proponha que seja marcada uma sessão para o mês seguinte, na qual julgarão
os três de uma vez só. É por questão de organização.

Chegamos a parte mais trabalhosa. O CPC resolveu mudar um pouco, dar uma guinada de
raciocínio, em relação ao código passado. Vamos ver isso mais a frente, hoje ainda não é aula de
agravo, mas o melhor exemplo para falar de cabimento, é tratar de agravo e apelação. No CPC 73, nós
tínhamos, na primeira instância, o agravo retido e o agravo de instrumento. Ou seja, contra as
interlocutórias, tínhamos dois recursos, o que era ruim. Era muito comum, na advocacia, por exemplo
o juiz evitar de proferir muitas interlocutórias porque isso naturalmente gerava uma potencialidade
maior de interposição de agravos, o que gerava um acúmulo de recursos. Era comum (surreal!) que no
processo, até chegar a sentença, que o tribunal tivesse julgado oito, nove agravos! É bizarro! Para
depois da sentença interpor apelação, para depois que terminar aqui ir para o STJ e STF. O processo
terminava com vinte recursos.

O que o código novo fez? Revogou o agravo retido. Vocês precisam saber disso. O
agravo retido foi suprimido e o agravo de instrumento, o legislador resolveu dar uma apertada.
O que ele fez? No CPC 73, todas as interlocutórias admitiam agravo de instrumento, no CPC
2015, criou um rol de hipóteses, um catálogo, de interlocutórias agravados. É a famosa lista do
artigo 1.015:

“Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.”

Fato é: a lei criou um catálogo. Você só pode interpor agravo se estiver no rol. Quando o
CPC foi publicado começou a primeira discussão sobre isso. Havia décadas que você fazia agravo de
instrumento contra qualquer interlocutória. O impacto foi muito grande. Teve quem defendesse que o
rol seria exemplificativo, mas tem sentido? Para que criar um rol com onze incisos, tirando o vetado,
com dez incisos, mas se você pegar o último, ele diz: “XIII - outros casos expressamente referidos em
lei.” A lista é enorme! Qualquer lei que preveja um caso de agravo de instrumento ta valendo, ta ai
no artigo 1.015. É evidente que essa tese morreu. Hoje não tem mais (sempre tem os autores do
contra, a doutrina bem minoritária).

Só que aí começou a discussão séria mesmo. A doutrina estava tranquila: o rol é


TAXATIVO. O legislador escolheu a dedo quais interlocutórias seriam agravadas. Antigamente
o advogado escolhia. O problema é que o legislador brasileiro você sabe como é. O rol não ficou
legal. O legislador tem soberania, mas tem alguns problemas. Tem certas interlocutórias que
não estão no rol que, se você não admitir agravo de instrumento, vai ser um caos. Se não tiver
no 1.015, não cabe agravo de instrumento.

Exemplo: Eu ajuizei uma ação. Nessa mesma ação, o juiz pegou a petição e disse que não era
competente: “Declino da competência.”. Você ajuizou a ação aqui no Rio, mas o juiz acha que o juízo
competente é o do Acre. Mandou pro Acre o processo. O que você faz? Tá no rol do 1.015? Não. Se
não está no 1.015, não cabe agravo de instrumento. Olhe o problema causado: esse processo vai pro
Acre, eu vou me ferrar para acompanhar esse processo e se depois de tudo isso tramitar no Acre, eu
recorrer e chegar o Tribunal para conceder a sentença e dizer que estava errado. Ficou um ano e meio
tramitando no Acre para o Tribunal dizer que estava errado e voltar pro Rio e começar tudo de novo.

Exemplo 2: Foi bem simbólico, o STJ enfrentou esse assunto a pouco tempo, esse exemplo que
foi um dos precursores. Vocês se lembram que o processo judiciário é público, ressalvados casos em
que afetem a intimidade das pessoas, ele será tramitado em segredo de justiça. Sabem o que
aconteceu? Tinha um processo tramitando, mas não era uma das hipóteses previstas na lei,
expressamente, de segredo de justiça, mas os casos de segredo de justiça podem ser avaliados pelo
juiz e ele pode dar segredo de justiça para casos que inicialmente não teriam. Quando envolve
interesse privado da pessoa que não [ …] divulgar. O que aconteceu? O cara tinha ação e pediu pro
juiz não dar publicidade ao processo, pois é uma causa delicada, vai gerar um problema familiar,
pessoal, na minha comunidade, no meu negócio… isso vai me complicar. Só quero que não exponha
os meus votos. Não sei vocês já viram que tem processos que as publicações não saem com o nome
inteiro da pessoa, só com a primeira inicial do ano, colocam o acesso ao processo eletrônico mais
restrito, não é público que qualquer um pode entrar. Hoje é muito sério isso. A publicidade hoje
atingiu níveis muito grande! Hoje você recebe no seu celular petições dos outros advogados, decisão
do juiz… Ontem viralizou na internet uma petição de um advogado pedindo tutela provisória e dizia:
“Excelência, tem tanto fumus boni iuris que tá pegando fogo! Tem uma chama!” . Alguém achou
aquilo engraçado, tirou uma foto e compartilhou, mas imagina o que eu to falando: duas empresas
discutindo um segredo empresarial se alguém tira uma xerox e compartilha, acaba com as duas
empresas! Ai o cara pediu segredo de justiça e o juiz indeferiu. Vai tramitar tudo na publicidade para
ele recorrer depois que tudo já tramitou em publicidade! O rol é taxativo, mas é capenga! É mal feito!
Tem casos em que tem falha.

A doutrina começou a refletir sobre isso: ok, é taxativo, mas a interpretação sempre é
restritiva? Ou seja, exatamente o que ta escrito ou não? Tem uma diferença difícil de se
entender aqui! Prestem atenção! Se estou dizendo que o rol é exemplificativo é que posso trazer
novos casos que sequer foram cogitados pelo legislador. Agora quando eu falo se a interpretação
rol é restritiva ou pode ser extensiva, eu to dizendo os seguinte: dentro das hipóteses que o
legislador criou, eu posso dar uma interpretação mais ampla? Posso!

Olhe o inciso V: “V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de


sua revogação;” Lembram da gratuidade, ne? Ajuizei a ação, sou pobre, não tenho dinheiro, então
peço a gratuidade. Aí o juiz rejeita, vai ter que pagar! Ferrou! Não tenho dinheiro! Interpôs um agravo
pedi gratuidade e o juiz deu. O réu foi citado falou que não fazia jus ao benefício, provou e o juiz
revogou. O problema é que não se limita a isso só. Tem casos em que você não pede gratuidade, pede
parcelamento. A pessoa é de classe média e não tem como pagar à vista as custas e pede um
parcelamento. É possível o parcelamento. Eu peço e o juiz indefere, mas não está no inciso V. Ele não
fala de parcelamento. Se você trabalha com a ideia de uma interpretação mais extensiva, mais ampla,
o Didier ele até chama isso de interpretação temática. Eu concordo totalmente: o que o CPC
trouxe foram temas! Qual é o tema versado no inciso V? Gratuidade. Qualquer decisão que envolva
gratuidade da pra ser pelo inciso V. Qualquer decisão que verse sobre, olhe o caput: “Cabe agravo de
instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:” Essa é a chave. Essa questão
chegou no STJ que criou um outro nome para isso. Aí já é um problema pro direito. Para não dizer
que copiou, a Ministra chamou de taxatividade mitigada, não me pergunte o que significa! Ela
inventou um nome! Se parar pra pensar é contradição total! Não tem sentido! “Taxatividade
mitigada”, então é exemplificativo? Não, não é! O que ela quis dizer com essa expressão? O rol é
taxativo, mas tem casos que não estão ali, mas eu posso criar. Isso é esquisito, mas prevaleceu.
Como assim taxatividade mitigada? Os casos que não estiverem no 1.015, mas que eu não possa
esperar até o final do processo, cabe agravo de instrumento.

Então cabe agravo de instrumento nas hipóteses do 1.015 bem como nas hipóteses em que
eu não possa aguardar até a decisão final. Nas hipóteses em que eu tenho um notório risco de
lesão se eu aguardar até o final, é a taxatividade mitigada. Isso ta tudo errada e é maluquice:
Sim! Mas agora eu ser maluco, você ser maluco, a gente releva, agora um ministro do STF, STJ ser
maluco, é um problema muito sério: ele é o último maluco! Acima dele não tem mais ninguém! Se ele
errou, ta errando por último! É uma prerrogativa só dele! Não temos como revisar a decisão dele! O
que ele disser que é, é.

Eu só vou interpor AI nos casos do 1.015. A taxatividade mitigada! Se não estiver no 1.015, em
hipótese alguma, ainda que se faça uma interpretação mais conveniente, não tem jeito. É um exercício
de paciência: espera. Foi dada decisão interlocutória, exemplo: indeferimento da testemunha. Vai ficar
indeferido. Quando for dada a sentença, da sentença cabe apelação, só que ai, dentro dessa
apelação você está obrigado a falar da interlocutória que não cabia agravo de instrumento. Você
tem interlocutórias agraváveis imediatamente (as do 1.015) e as apeláveis no momento da
sentença. Então olhe o que estamos fazendo hoje: primeiro você tem que identificar o que é uma
interlocutória e o que é uma sentença (artigo 2013, CPC). Interlocutória é aquela decisão
proferida pelo juiz que que não põe fim ao processo. Sentença já é a decisão que encerra o
processo. Segundo ponto: você precisa olhar se essa interlocutória está no artigo 1.015, se
estiver, o recurso é agravo de instrumento. Se eu não fizer o AI, preclusão. Não pode não fazer
AI e depois querer falar na apelação. Na apelação só se admite interlocutória que não esteja no
1.015! Não dá para forçar. Se a interlocutória não está no 1.015 eu não faço nada. Deixo o
processo andar.

Quando sair a sentença, na apelação, você vai falar de interlocutória. Tudo isso que falamos é
adequação. Qual é o recurso adequado contra decisão, ao longo do processo, que indefere a prova
testemunhal? Apelação, no momento em que for proferida a sentença! Não é agravo porque não está
no 1.015.

Pergunta: afinal, aquela decisão que declina a competência e indeferiu o pedido de segredo de
justiça? Hoje em dia é por agravo de instrumento? Resposta: sim! Foi definido pelo STJ, é a
taxatividade mitigada.

Pergunta que não consegui ouvir.

Tinha outra discussão também, vamos falar dela na aula de agravo. Outros autores
criaram outro entendimento. Se não cabe AÍ, não posso impetrar um Mandado de Segurança?
Não! Por que tem recurso! Precisamos aguardar a apelação! Não é no momento que você quer!
Tem recurso, precisa aguardar a sentença.

Pergunta: mas e o exemplo do declinio de competencia, ele não está em nenhum inciso, foi só
um caso à parte, mesmo? Resposta: ele está no inciso III. Isso está longe de uma solução segura, mas
olhe o III: “III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem”. Olhem bem pra ele: III - rejeição
da alegação de convenção de arbitragem. A arbitragem é quando as partes contratam um ente,
estabelecem que não irão levar o litígio ao tribunal e vão procurar um tribunal arbitral. Isso é válido.
Eu não concordo com o que eu vou falar, mas quando eu prevejo que não vou pro judiciário,
que vou para arbitragem, eu estou modificando a competência. Eu estou tirando a competência do
litígio de um órgão jurisdicional e delegando para um órgão arbitral. Essa é a chave, pelo STJ. Se esse
inciso versa sobre a competência, resolveu. Se ele é aplicado para a competência arbitral, tem que ser
pra competência jurisdicional!

Pergunta: no caso de indeferimento da testemunha, vai ser na apelação, depois que já saiu a
sentença, mas aí eu vou ouvir a testemunha depois a sentença. Resposta: depois vamos falar disso,
mas o 938, “§ 2o Cumprida a diligência de que trata o § 1o, o relator, sempre que possível, prosseguirá
no julgamento do recurso.” Ele prevê o Tribunal delegar só a oitiva de testemunha ao primeiro grau.
Aí você aproveita pro processo? Entendeu? Indeferiu a testemunha, o processo vai, vai, vai e eu apelo
o Tribunal não manda voltar tudo, o CPC prevê que o próprio tribunal pode colher a oitiva da
testemunha e aproveitar e continuar com o julgamento.

Detalhe: voltando a história da arbitragem, qual é o erro dessa interpretação do STJ? A


convenção da arbitragem não regulamenta a competência e sim a jurisdição! A arbitragem é
um equivalente jurisdicional não é equivalente na competência. Não é que a decisão arbitral tem
eficácia de título judicial, igual a uma sentença. Quando você estabelece a arbitragem você está
estabelecendo a jurisdição e não a competência, a competência vai ser definida dentro da câmara
arbitral. É viagem esse raciocínio, mas é viagem do STJ. Se você trabalhar que a definição ali é sobre
jurisdição, automaticamente, cai por terra o argumento do STJ.

O STJ firmou posição seguindo a tese do Didier de que isso é matéria sobre competência, falou
abertamente: “Inclusive o professor Fredie Didier que defende que a interpretação é temática e esse
inciso fala em competência arbitral, pela isonomia tem que aplicar para competência jurisdicional. “

Tomem cuidado com adequação, com o que é interlocutória e o que é sentença e toma
cuidado com essa dinâmica do 1.015 e do 1.009 §1.

Pensando de maneira mais ampla com essa interpretação da taxatividade mitigada, todo
pensamento que o novo código tentou desconstruir, quando você fala que a taxatividade é mitigada, a
gente tá voltando ao que era no código passado. Porque no código passado você admitia agravo para
qualquer hipótese, agora você admite agravo paras hipóteses da taxatividade mitigada, que no caso
concreto, é a mesma coisa.

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