Edição Porto • Ano XXX • n.º 10.

581 • 1,70€ • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos:

ntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Direct
Directora de Arte: Sónia Matos

Nick Drnaso O Inimigo

Público
A novela Visitantes
gráfica que do Museu
Berardo
é uma das vão ser
revelações considerados
grandes
do ano devedores
Ípsilon
Íp da banca

Vai ser preciso trabalhar até aos

69 para evitar buraco nas pensões
Estudo inovador defende que aumentar a idade da reforma em três anos é o caminho mais eficaz para
garantir sustentabilidade. Segurança Social pode entrar em “défices crónicos” já em 2028 Economia, 24/25
HANNAH MCKAY/REUTERS

PS quer travar
nomeações de
familiares até
Julian Assange ao quarto grau
A história Socialistas avançam com
proposta, direita diz que o
da detenção Parlamento não tem poder
para legislar sobre o tema p14
anunciada
do criador
da WikiLeaks
Mundo, 30/31
“Brexit” Não há
luz no fundo do
túnel mas há
novo adiamento
Apesar das enormes
resistências de Macron,
há um novo prazo. Porém,
está tudo em aberto p2 a 4

Golpe militar
afastou ditador
do Sudão há 30
anos no poder
Conselho militar vai
governar o país durante dois
anos, mas manifestantes
opõem-se p28 ISNN-0872-1556

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2 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
DESTAQUE
CONSELHO EUROPEU
Impasse no “Brexit”.
Há um túnel e não
há luz para sair
Câmara dos Comuns faz pausa até 23 de Abril. May ainda
espera conseguir fazer aprovar o seu acordo e evitar participar
nas eleições europeias. Mas o tempo não corre a favor
Maria João Guimarães
A
Câmara dos Comuns ouviu
ontem a primeira-ministra
britânica, Theresa May,
defender o adiamento do
prazo do “Brexit” que con-
seguiu de Bruxelas, mas
continua a não se vislumbrar um
caminho viável para fora do impasse
e que permita concretizar a saída do
Reino Unido da União Europeia.
Além da extensão de seis meses,
nada mudou nem na política interna
do Reino Unido, nem no que está em
cima da mesa para ser aprovado pela
Câmara dos Comuns. O acordo que
a União Europeia oferece mantém-se
o mesmo, e May continua a enfrentar
uma grande oposição a que este acor-
do seja aprovado pelo Parlamento.
Neste momento há duas hipóteses
para o processo do “Brexit” ter um
desfecho a curto prazo: May conse-
gue fazer aprovar o seu acordo antes
de 22 de Maio e evita ter de participar
nas eleições europeias; ou o Governo
britânico decide não participar nas
eleições britânicas e sai sem acordo
a 1 de Junho — a participação nas elei-
ções foi a única condição da União
Europeia para a extensão do prazo.
May está apostar na primeira.
Insiste que o Reino Unido “ainda
pode sair a 22 de Maio e não ir a estas
eleições europeias” — para isso seria
necessário que o Parlamento apro-
vasse o acordo que já foi três vezes
rejeitado.
Se não acontecer nenhuma destas
hipóteses, abre-se um novo período
de discussão no Reino Unido — e se
do lado da União Europeia já foi dito
e repetido que o acordo de saída não
está aberto a renegociação, do lado
britânico responsáveis políticos,
especialmente os defensores de um
“hard Brexit”, continuam a debater
como se fosse possível renegociar.
Este acordo diz respeito às condições
de saída, direitos de cidadãos, e a
garantia de que não haverá um
regresso a uma fronteira entre a Irlan-
da (UE) e a Irlanda do Norte (Reino
Unido).
O que está, sim, aberto a negocia-
ção é a futura relação entre o Reino
Unido e a União Europeia — May acor-
dou com a UE uma declaração polí-
tica para esta relação, mas esta será
iniciada apenas depois da saída.
A BBC resume que há três corren-
tes entre os deputados — os que que-
rem sair já, incluindo alguns que o
fariam mesmo sem acordo; os que
aceitam sair mas preferiam uma rela-
ção próxima com a União Europeia,
com uma união aduaneira por exem-
plo; e os que querem reverter o “Bre-
Theresa May já tinha
reconhecido que participar nas
eleições europeias seria “o
símbolo mais forte do falhanço
político” do Parlamento. Agora,
o Reino Unido está confrontado
com esse falhanço, a menos que
aconteça um milagre
xit” e manter o Reino Unido na União
Europeia.
Em cada votação no Parlamento,
não tem sido possível conseguir
nenhuma maioria para um caminho
a seguir — e, segundo a BBC, os depu-
tados têm Æcado cada vez mais
entrincheirados nas suas posições.
“Não vai ser fácil encontrar-se um
acordo nos próximos meses.”
Na Câmara dos Comuns, May
defendeu a sua decisão de pedir o
adiamento mesmo que este implicas-
se a participação nas eleições, o que
prometera não fazer. Ainda a semana
passada, disse: “A ideia do povo bri-
tânico ir às urnas para eleger eurode-
putados três anos depois de votar
para deixar a União Europeia dá que
pensar. Não poderia haver um sím-
bolo mais forte do falhanço político
colectivo do Parlamento.” Acrescen-
tou agora que nada é mais urgente do
que conseguir a saída, sublinhando
que quer ratiÆcar um acordo o mais
rapidamente possível para evitar par-
ticipar nas eleições para o Parlamen-
to Europeu, a 23 de Maio.
Uma sondagem publicada na quar-
ta-feira mostrava um cenário desola-
dor para os conservadores caso par-
ticipassem nas eleições, com 23% dos
votos contra 28% para o Labour. Um
partido recém-criado por Nigel Fara-
ge para o “Brexit” teria 10% dos votos

JULIEN WARNAND/EPA
e o seu antigo partido, UKIP (Partido
para a Independência do Reino Uni-
do) teria 8%. Os conservadores arris-
cam ser ainda penalizados nas elei-
ções locais de 2 de Maio.
O líder do Partido Trabalhista,
Jeremy Corbyn, disse que “o segundo
adiamento no espaço de uma quin-
zena é resultado não só de um falhan-
ço diplomático, mas é um novo mar-
co na má gestão do Governo de todo
o processo do ‘Brexit’”.
Apesar disso, tanto Corbyn como
May disseram que iriam continuar
conversações que poderiam permitir
ao Labour apoiar o acordo na Câma-
ra dos Comuns em troca de garantias
em que no futuro o Reino Unido se
mantenha na união aduaneira ou de
que qualquer acordo seria sujeito a
um segundo referendo.
Ninguém ganhou
Quem é que ganhou com esta exten-
são?, pergunta o Financial Times.
“Talvez ninguém. May sobrevive,
mas mais fraca. Os seus opositores,
incluindo Jeremy Corbyn, Boris
Johnson e os que fazem campanha
por um segundo referendo — estão
mais fortes, mas não têm um cami-
nho claro para conseguir o seu objec-
tivo.” Todos vão continuar a lutar por
mais vantagem para o seu campo.
“Outra extensão do artigo 50.º pare-
ce relativamente provável.”
May tem vindo a sobreviver, mas
poucos acreditam que ainda esteja
no cargo em Outubro. Por outro lado,
com este período de adiamento, não
haveria tempo suÆciente para eleger
um novo líder (May só pode ser afas-
tada da liderança do partido a partir
de Dezembro), nem de preparar um
segundo referendo (que o Governo
diz que precisariam de seis meses
para realizar um novo referendo).
O deputado conservador eurocép-
tico Bill Cash chegou mesmo a per-
guntar a May, na sessão dos Comuns,
se ela se iria afastar. “Acho que sabe
a resposta a isso”, disse simplesmen-
te a primeira-ministra.
No Ænal da sessão, Theresa May
deixou o mote para os próximos tem-
pos: que a pausa até 23 de Abril possa
trazer um avanço decisivo: “Nessa
altura, vamos então decidir encon-
trar um modo de sair deste impasse,
para que possamos sair da União
Europeia com um acordo tão depres-
sa quanto possível”, declarou.
mguimaraes@publico.pt
O pior que nos pode acontecer é
a 31 de Outubro estarmos aqui, a
uma hora semelhante a esta, a
tirar uma conclusão semelhante
António Costa
Primeiro-ministro
Mais seis meses para desfazer
(ou prolongar?) o impasse
Rita Siza, Bruxelas
U
ma nova cimeira de emergên-
cia e um terceiro adiamento
da data do “Brexit” conti-
nuam a ser uma possibilida-
de dentro de seis meses. Mas
o que os 27 chefes de Estado
e de governo da UE, incluindo o recal-
citrante Emmanuel Macron, concluí-
ram foi que esse é um risco que vale
a pena correr para prevenir a separa-
ção do Reino Unido sem o conforto e
a protecção do acordo de saída. Essa
nunca será a opção dos europeus.
Por isso, na quarta-feira à noite (e
madrugada de quinta) os líderes euro-
peus assumiram temporariamente o
controlo sobre o processo do “Bre-
xit”, mas apenas para poder passar
de novo a bola para o lado do Reino
Unido. “A UE não escolherá nunca o
no-deal, mas só o Reino Unido pode
evitar o no-deal”, acentuava uma fon-
te europeia, no momento em que a
discussão ainda se fazia em torno de
duas hipóteses: o prolongamento do
prazo para as negociações, ou um
“Brexit” abrupto e caótico hoje.
Como lembraram os líderes euro-
peus, é a Londres que compete a
escolha do regime para o divórcio:
amigável, com o acordo de saída; liti-
gioso, num quadro de no-deal, ou
então nenhum. A reconciliação é uma
opção sempre em aberto. A mensa-
gem da UE é que também deve ser
encarada como uma opção política.
É nesse sentido que se deve ler a
decisão dos 27 de adiar a data da deci-
são do Reino Unido até dia 31 de Outu-
bro. Uma solução de compromisso
que surgiu para manter as três alter-
nativas (deal, no-deal ou no-“Brexit”)
em cima da mesa durante o processo
que se adivinha muito difícil em Lon-
dres. Em Bruxelas, onde o consenso
tem sido a regra, já não foi nada fácil.
À medida que o tempo corria, sem
qualquer vislumbre de uma decisão,
porta-vozes tentavam assegurar aos
jornalistas que, apesar das “visões
distintas”, os parceiros continentais
tinham o mesmo entendimento sobre
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 3
a necessidade de apoiar a líder britâ-
nica e dar mais tempo ao Reino Uni-
do. “Há uma diferença de apreciação,
não de objectivos”, assinalavam.
Theresa May passou mais de uma
hora a responder ao interrogatório
dos aliados, que a pressionaram para
obter garantias e clariÆcações que
justiÆcassem outra mudança do
calendário do “Brexit” — embora nin-
guém estivesse verdadeiramente dis-
posto a negar o pedido. Mas de repen-
te a resposta Æcou pendurada, por
causa das divergências sobre o “grau
da extensão”, conÆrmou o primeiro-
ministro, António Costa.
Uma extensão curta — como aque-
la que pediu a primeira-ministra bri-
tânica, ou defendiam os líderes da
França e da Áustria — “limitava as
opções e matava o processo, tornan-
“Sem um plano
credível, não faz
sentido prolongar
este processo”, dizia
Macron, muito
crítico da “confusão
de Londres”
do muito provável o no-deal, precisa-
mente o cenário que se pretende
evitar”, explicou ao PÚBLICO um
diplomata europeu envolvido nas
negociações. Mas uma extensão mais
longa — como defendiam 17, entre os
quais Portugal e a Alemanha — “que
não venha acompanhada de garantias
sérias e um plano concreto do Reino
Unido, faz algum sentido?”, pergun-
tava a delegação francesa numa altu-
ra em que o debate entre os líderes já
levava horas e pela primeira vez se
perspectivava uma fractura séria no
conselho. A resposta do Presidente
francês, já depois da meia-noite, con-
tinuava a ser que não. “Sem um plano
credível, não faz sentido prolongar
este processo”, argumentava Macron,
que insistia que “o funcionamento da
UE não pode ser perturbado pela con-
fusão que existe em Londres” e avisa-
va que o “Brexit” não pode continuar
a ter “uma gestão indeÆnida”.
E nem mesmo após uma revisão
das conclusões, para fortalecer os
compromissos exigidos aos britânicos
de que organizarão as eleições euro-
peias e “actuarão de forma constru-
tiva e responsável (...) na observância
do dever de cooperação leal”, Macron
dava sinais de ceder. “Já não há
nenhum racional diplomático para a
posição de Macron”, reparavam,
incrédulos, alguns observadores das
representações nacionais. “Estamos
reféns de um pequeno grupo francó-
fono que se quer mostrar difícil num
espectáculo para consumo interno”,
lamentava outra fonte, invocando a
desproporção entre o grupo que
apoiava um prazo mais distendido e
as vozes que pareciam irredutíveis.
O impasse acabou por ser ultrapas-
sado à boa maneira salomónica, com
um meio-termo. Seis meses podem
ser suÆcientes para desfazer o blo-
queio, mas também podem prolongar
o impasse, reconheceu Donald Tusk,
que apelou a que os britânicos não
desperdicem este tempo.
Numa pequena conquista, Tusk
conseguiu levar avante a sua ideia da
Çexibilidade: o “Brexit” acontecerá
no primeiro dia do mês seguinte à
ratiÆcação do acordo na Câmara do
Comuns. Isso quer dizer que o Reino
Unido ainda poderá sair a 1 de Maio,
se May forjar uma maioria para um
derradeiro “meaningful vote”.
“O que nos convenceu foi que, pela
primeira vez em dois anos, ela come-
çou a negociar com o Labour para
construir uma maioria”, revelou um
ainda ensimesmado Macron. “Não sei
se vai dar resultado, mas também não
é minha tarefa fazer previsões”, atirou.
“O pior que pode acontecer é no dia
31 de Outubro estarmos aqui, a uma
hora semelhante a esta, a tirar uma
conclusão semelhante à que estamos
a tirar agora”, disse António Costa,
bem perto das três da madrugada.
rsiza@publico.pt
4 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

DESTAQUE
CONSELHO EUROPEU
O “Brexit” não é o único problema da Europa. Nem o maior
ALASTAIR GRANT/REUTERS
Conselho Europeu de quarta-feira,
Æxando o dia 31 de Outubro como a
próxima deadline. A grande maioria
dos líderes pretendia um adiamento
mais longo, pelo menos até ao Ænal
do ano.
Opinião Há bons argumentos para não
Teresa de Sousa adiar eternamente o “Brexit”, um
dos quais é, aliás, comum a vários

1.
O Financial Times
descrevia recentemente
o Presidente francês,
Emmanuel Macron,
como um misto de De
Gaulle e Jacques Delors
com um tudo-nada de Napoleão.
Faz algum sentido, embora o olhar
de um britânico sobre um francês
(e vice-versa) tenha sempre alguma
coisa de especial, de tal modo é
longa e complexa a relação entre as
duas velhas nações europeias
“irmãs-inimigas”. De Gaulle é a
sombra perene de todos os
habitantes do Eliseu na V
República — o molde a partir do
qual cada um deles encarna a
França. O general que resgatou a
honra da França na II Guerra tinha
um olhar céptico sobre a
integração europeia e via a adesão
do Reino Unido como “cavalo de
Tróia” da América, que queria
manter a uma certa distância.
Vetou a entrada do Reino Unido até
sair do Eliseu, em 1968. Delors
entra na deÆnição do diário
britânico, porque não há qualquer
dúvida sobre o forte europeísmo
de Macron, aliás, o único líder de
um grande país que tem uma
agenda ambiciosa para a Europa.
Napoleão é apenas um adorno
histórico, que ajuda a sublinhar “la
grandeur de la France”, mesmo
que o imperador-revolucionário
tenha sido vencido no mar e em
terra pela Royal Navy e pelo Royal
Army. Na Europa, a História está
sempre presente, para o bem e
para o mal.
2. Tudo isto vem a propósito da
forte oposição de Macron ao
adiamento do prazo de saída do
Reino Unido, que acabou por
obrigar a um compromisso, no
governos: libertar a União Europeia
de uma persistente perda de tempo
com uma questão que domina a
agenda europeia há dois anos. É
uma razão válida, mas que não
conta toda a história.
3. Em teoria, nada levaria Macron
a querer encerrar o dossier o mais
depressa possível, mesmo que à
custa de um “no deal”. O Reino
Unido foi e pode continuar a ser
visto em Paris como um contrapeso
ao excesso de inÇuência alemã na
Europa, ajudando a reequilibrar o
eixo central da integração. Com um
factor adicional: quando a França
participa ou lidera uma operação
militar no âmbito da União ou da
ONU, é com o Reino Unido que
conta e se entende directamente.
Foi sempre assim. Paris e Londres
assinaram um tratado de defesa ao
tempo de Sarkozy e Cameron, que
inclui não apenas uma forte
cooperação entre os respectivos
exércitos, como uma agenda
comum para as indústrias de defesa,
em que ambos dominam. O tratado
está um pouco esquecido. Mas Paris
tem perfeita consciência que
durante muitos anos não terá um
parceiro à sua altura na União
Europeia.
Alguns dos argumentos de
Macron são válidos e foram
contemplados nas conclusões da
cimeira — por exemplo, o
compromisso de que Londres não
será um obstáculo às decisões do
Conselho Europeu, nomeadamente
no que toca à constituição da
próxima Comissão, que deveria
estar apta a funcionar a 1 de
Novembro. Deveria, porque, a
avaliar pelos resultados mais
prováveis das eleições europeias,
nada será pacíÆco no próximo PE. A
ratiÆcação da escolha de quem
presidirá à Comissão, com o
enfraquecimento relativo das
grandes formações pró-europeias,
vai exigir um consenso maior do que
o habitual. E imagina-se que os
comissários que alguns
Estados-membros, como a Polónia,
a Hungria ou a Itália, vão escolher se
arriscam a provocar forte polémica
durante as audições no PE.
O principal argumento de Macron
resume-se a uma frase: a Europa
tem de estar livre para se dedicar à
sua ambiciosa agenda para o futuro.
É verdade e o Presidente francês
tem, pelo menos, a ambição, as
propostas e a noção clara de que, se
os europeus continuam a navegar
em águas paradas, um dia destes
perdem o controlo sobre o seu
próprio destino. Mas o Reino Unido
é o principal entrave a que se tomem
decisões importantes sobre o futuro
da União? Olhando com olhos de ver
para a realidade, não é preciso
esperar pelos bloqueios londrinos
para constatar, infelizmente, um
crescente desentendimento entre
Paris e Berlim num número cada vez
maior de dossiers. Da reforma do
euro à política de defesa, passando
pelas questões energéticas ou os
equilíbrios internos das economias
europeias. É um mau sinal, é
verdade. Mas não Æcará resolvido no
dia em que o Reino Unido sair.
Também pesou certamente na
resistência de Macron a necessidade
de falar para dentro da França (o
que não é um exclusivo), depois do
desgaste provocado pela erupção
dos gilets jaunes. E, regressando ao
molde inicial, o sistema francês
exige um presidente forte, não
contra a Europa, mas capaz de
liderar a Europa.
4. Ao contrário do que é costume,
a chanceler alemã foi para a cimeira
sem uma posição deÆnida — na
expectativa do que iria ouvir e,
sobretudo, com a intenção de não
abrir mais uma frente de conÇito
com Macron. Mas a primeira volta à
mesa não poderia ter sido mais
clara: uma enorme maioria defendia
um adiamento longo do Artigo 50.º
para dar ao Reino Unido o tempo
que precisasse para os vários
cenários possíveis. E há ainda
líderes europeus, a começar por
Donald Tusk e a acabar em António
Costa, que não querem pôr de lado a
possibilidade de o Reino Unido
acabar por Æcar. Como resumiu
Tusk, é preciso não humilhar o
Reino Unido e não esquecer os
milhões de britânicos que se
mobilizaram para impedir a saída.
O “Brexit” é apenas a
manifestação mais evidente e com
mais consequências, dado o peso do
país, de um mal que corrói a Europa
e as suas democracias, da França à
Áustria, passando pela Polónia,
Hungria, Itália, não poupando quase
ninguém. Esse mal é o
nacionalismo. Uma reviravolta no
Reino Unido seria a maior das boas
notícias para o combater. Além
disso, Macron não é De Gaulle.
Nunca vetaria um adiamento, nem
deixaria a sua cadeira vazia.
Jornalista
teresa.de.sousa@publico.pt
6 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

ESPAÇO PÚBLICO
A alegria do plantel do Eintracht Frankfurt ao
saber que lhe tinha calhado em sorte o
Benfica na Liga Europa revelou-se uma
sobranceria precipitada depois de ontem o clube da
Luz ter imposto uma pesada derrota aos alemães,
que só não carimba a passagem às meias-finais
devido à “maldade” de Gonçalo Paciência. O Benfica
aproveitou bem o facto de o Eintracht ter passado a
jogar com dez desde muito cedo e João Félix, com
João Félix três golos, foi o que mais brilhou. (Págs. 46/47) J.J.M.
O veterano repórter fotográfico
norte-americano é o vencedor do prémio
principal do concurso World Press Photo
2019, com uma fotografia de uma criança
hondurenha a chorar convulsivamente enquanto a
mãe é revistada na fronteira entre o México e os
Estados Unidos por uma agente. Uma imagem que
expressa bem o drama que vivem os imigrantes da
América Latina e Central que tentam entrar no país
John Moore do Presidente Trump. (Págs. 34/35) J.J.M.

O mistério de António Costa

povo que sofre com os déspotas e
prospera com um governo justo, o
povo cujo coração você quer
conquistar.”
O político António Costa também
David Pontes tem crescido em mistério nos
Editorial últimos tempos. Um dos maiores é
transformar as eleições europeias
num plebiscito ao Governo. É sabido
que quando as europeias são
próximas e antecedem as legislativas
servem como uma espécie de
almofada para o protesto contra
quem está no poder. Por isso
quando o livrou dos “déspotas” da
troika e governou de forma que
todos prosperassem. Se for esse o
caso, é melhor que alguém o
aconselhe a ser um pouco como
Lord Varys e a arranjar uns
“passarinhos” que lhe vão ao ouvido

H
á personagens muitos ricos na
Guerra dos Tronos, mas poucos
tão políticos e misteriosos
como Lord Varys, conselheiro
de reis que ajuda a subir e a
apear do trono sem que se perceba
muito bem quais são as suas reais
motivações. Questionado sobre isso
pela última pretendente, Daenerys
Targaryen, Varys responde da
seguinte forma: “Quer saber com
quem está a minha verdadeira
lealdade? Não com nenhum rei, nem
nenhuma rainha, mas com o povo. O
sem dúvida o da escolha de Pedro
Marques para cabeça de lista às
europeias. Ninguém lhe consegue
vislumbrar especial carisma ou peso
político num ministro, que, apesar
das inaugurações, deixa pouca obra
para mostrar. Não percebem os
comentadores e não percebem os
militantes, nomeadamente os
autarcas, que nunca morreram de
amores pelo responsável das
Infra-Estruturas e que são decisivos
em qualquer campanha eleitoral.
Agora, Costa decidiu acrescentar
mais uma camada de mistério, ao
torna-se um mistério perceber por
que razão Costa decidiu desperdiçar
essa válvula de escape. Será que
elevou a fasquia porque percebeu o
fraco candidato que tem e necessita
de animar a “máquina” partidária,
perante a qual não se pode arriscar
a vencer por “poucochinho”? Perde
obviamente a discussão sobre a
Europa que queremos, embrulhada
numas pré-legislativas, mas isso é
inevitável porque tanto Rui Rio
como o CDS já aceitaram ir a jogo.
Outra hipótese é ele acreditar que
já conquistou o “coração do povo”
sussurrar o que se passa no país,
porque não há Æabilidade popular
nestes tempos em que reina a
volatilidade política. Saia da bolha
da capital já agora, peça a alguém
que não tenha medo da verdade,
aquilo que Daenerys Targaryen
pediu a Lord Varys no Ænal da
conversa: “Jura que se alguma vez
eu falhar ao povo não conspirarás
nas minhas costas. Vais olhar-me
nos meus olhos e dizer-me a
verdade.”
david.pontes@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Joe Berardo e dívidas
vencidas
O senhor Joe Berardo não é
comendador? Portanto, poderá ter
umas dívidas vencidas, mas
acabará por liquidar a totalidade
depois de uma profunda
remodelação e reestruturação da
mesma. Tudo o que fez foi com
boas intenções de ajudar o país e o
povo, mesmo as obras que fez na
sua fracção sem concordância
prévia da AG de condóminos. O
comendador até emprestou os
quadros para educar o povo. O que
não se aprova antes aprova-se
depois. E quem autorizou os tais
empréstimos? Já devolveram os
prémios de gestão por
incompetência? Muito silêncio. Não
posso falar do assunto, porque está
em “segredo de justiça”. Falta uma
selÆe com o Presidente? O meu
populismo é que é bom? Chega?
Joaquim Leite Pinheiro, Maia
Maçonaria, Opus Dei
e família Eanes
O PÚBLICO de 9/4 traz um artigo,
assinado por Ana Sá Lopes (A.S.L.),
que refere “guerras” nos maçons do
GOL (Grande Oriente Lusitano) por
este organizar um jantar para
angariação de fundos para o
Instituto de Apoio à Criança,
criação da agora sua presidente
honorária, Manuela Ramalho Eanes
(M.R.E.). As críticas, mormente por
parte Luís Fagundes Duarte,
também conhecido “intramuros”
por “venerável Almeida Garret” (os
nomes que esta gente arranja!),
aduzem o facto de isto se parecer
com as obras do tristemente
célebre Movimento Nacional
Feminino. Mas as razões serão
outras, mais atinentes ao facto de
M.R.E. ser católica e, muito
provavelmente, da Opus Dei e esta
ser uma inimiga Ægadal da
Maçonaria. Deixo de lado o facto
estranho de todos sabermos que
padres, bispos e cardeais terem
sido ou serem maçons, pois isso são
guerras entre essas sociedades
secretas/discretas e... elas que se
“amanhem”. E atenho-me ao facto
da ligação da família Eanes à Opus
Dei, para dizer esse facto, tão
omisso na opinião publicada, e que
é mais que demonstrado (e A.S.L.
fá-lo, felizmente) pelo
doutoramento serôdio de António
Ramalho Eanes na Universidade de
Navarra que pertence à Opus Dei, a
qual não costuma abrir mão da
formação das suas elites que depois
se “inÆltram” na sociedade sob
anonimato que é muito mais
estratégico que a prática de
humildade... tal e qual a maçonaria.
Fernando Cardoso Rodrigues, Porto
Elevação na política
Já não suporto ler, ouvir ou ver os
comentários sobre as nomeações
políticas. Importante, sim, é
debater, apreciar, propor, sugerir o
que foi feito e o que se deve fazer
para servir o país. Mas não, nisso
nem se fala, apenas as nomeações
para cargos de conÆança política
como se quem exerce o poder
devesse nomear adversários
políticos. Tudo serve para que
alguns proclamem
irracionalmente que “os políticos
são todos iguais” e que o melhor é
não ir votar, apesar de haver
alternativas para punir quem
exerce mal o poder.
Fui testemunha há quase meio
século de um caso exemplar
quanto aos efeitos de adversários
políticos em cargos ministeriais. A
nomeação de gente de conÆança
para cargos políticos tem muita
importância. E não confundir com
emprego público que, aqui sim, a
nomeação deve obedecer a
critérios de rigorosa isenção.
Manuel Gaspar Martins, Porto
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 7

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

O andebol português está a viver um O homem que dirigia o Sudão há 30 anos na

momento ímpar, devido ao forte
investimento que os clubes têm feito nos
últimos anos mas também ao trabalho feito na
selecção. E foi nesta que Portugal alcançou ontem
um feito histórico, ao vencer a França (33-27),
actual campeã do mundo. A selecção nacional deu
assim um passo de gigante na qualificação para o
Euro 2020, liderando o grupo com triunfos nos três
Paulo Pereira jogos disputados. (Pág. 48) J.J.M.
sequência de um golpe militar foi ontem
deposto pelos militares, o que não deve travar
os protestos nas ruas que levaram à destituição do
Presidente, já que os manifestantes são contra esta
solução que só promete eleições para daqui a dois
anos. O Tribunal Penal Internacional há muito que
quer julgar Bashir pela responsabilidade na
campanha de violações, morte e pilhagens contra
Omar al-Bashir civis no Darfur. (Pág. 28) J.J.M.

ESCRITO NA PEDRA
Cheiro dos
O hipócrita é um santo pintado; tem as mãos postas,
mas não ora; o livro na mão, mas não lê; os olhos no chão, percebes
mas não se desestima Padre Manuel Bernardes (1644-1710)

SEM COMENTÁRIOS EUROPEU DE GINÁSTICA ARTÍSTICA NA POLÓNIA

MARCIN BIELECKI/EPA

EM PUBLICO.PT
Eslováquia escolheu
a primeira Presidente
O que o país procurava na luta contra a
corrupção e o populismo encontrou na
primeira mulher Presidente da Europa
Central: Zuzana Caputova. publico.pt/p3
Na Dinamarca, uma torre
leva-nos em espiral panorâmica
acima das copas das árvores
É a nova atracção do maior parque de
aventuras do país. Como será o passeio em
cenário primaveril? publico.pt/fugas
A anorexia de Teresa Procopiak
“tinha voz, cara e corpo”
Do Outro Lado do Espelho é o primeiro livro
autobiográfico sobre a luta contra a
anorexia, travada durante dez anos pela
autora. publico.pt/culto
A
Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem
cabei de comer uns percebes
acabados de apanhar e cozer.
Trazem-me um toalhete
perfumado para esfregar nos
dedos. Eu desespero.
Não é uma toalha molhada
em água quente. Não é o lavabo
tradicional com água morna e
um quarto de limão. É um
papelinho encharcado em
fedor pseudoÇoral, ideal para desinfectar as
unhas de um Caniche.
Cheiro os meus dedos. Cheiram a mar. Não
é essa a ideia? Não é por isso que os
percebeiros arriscam a vida? Não foi por isso
que gastei tanto dinheiro a comprá-los?
Em que mundo torto e confuso é que eu
preÆro ter nos dedos o cheiro de um covil de
depilação na República Dominicana ao
cheiro do oceano Atlântico?
Não é que não se pudesse fazer a coisa
bem feita. A Shopping.pt vende uma caixa de
10 toalhitas perfumadas com água de colónia
4711 por 3 euros. São ideais para refrescar a
cara ou as mãos. O cheiro é maravilhoso. É
preciso não ligar ao preço (excessivamente
baixo) da 4711 para lhe dar o devido valor.
Fala-se pouco no cheiro das coisas. Há
uma razão para comer mariscos com as
mãos, sejam camarões ou lavagantes. As
nossas narinas agradecem os cheiros que
lhes chegam pelos nossos dedos,
contribuindo muitíssimo para o prazer de
comer. Uma simples mola de roupa chega
para impedir o nariz de funcionar. Veja-se
então o mal e pouco que sabem o vinho, o
café, os percebes.
A poluição aromática existe. Os vinhos
baratos estão cheios de aromas industriais,
Ængimentos de manga e de baunilha. Os
toalhetes que nos trazem nas marisqueiras
são uma contradição, uma invasão industrial
— e uma ofensa.
8 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
ESPAÇO PÚBLICO
A legitimidade democrática
da endogamia política
1.
Nuno Garoupa
Jano
Há duas semanas, a “cleptocracia
de qualidade” coincidiu com duas
notícias importantes. Por um
lado, Æcámos a saber que aÆnal o
novo regime de
incompatibilidades dos
deputados, com um atraso de três
anos, mantém a acumulação para
as sociedades de advogados, até
com novas oportunidades. Por
outro lado, o PS insistia então que o
nepotismo endogâmico que o caracterizou
nesta legislatura é uma coisa absolutamente
natural. Sobre o primeiro tema já Susana
Peralta escreveu aqui a semana passada e
não há muito a acrescentar —
evidentemente que os deputados estarão
cheios de boas intenções, mas a opacidade
misteriosamente continua (basta comparar
a informação disponibilizada pelo
Parlamento Europeu e pela Assembleia da
República sobre os rendimentos dos
deputados). Sobre o segundo tema o guião
monótono e habitual foi seguido à risca —
primeiro negar, depois minimizar, de
seguida “claquizar” até ao limite do possível
e, Ænalmente, legislar. E aí esta segunda
saga — o “familygate” — entronca na
primeira — a revisão do regime de
incompatibilidades dos deputados. E as
duas sagas cruzam-se com o célebre código
de conduta aprovado em setembro de 2016.
O tal dos bilhetes de futebol. Estas três sagas
mediáticas terminam curiosamente sempre
da mesma forma — mais e mais leis. Até ao
caso seguinte.
2. Mas tanto o “familygate” como o
enredo da transparência têm um aspeto
muito positivo. ClariÆcam. E clariÆcar é
importante em vésperas de eleições. Claro
que tanto o PS como a direita já entraram na
narrativa habitual de Ængir que eles são a
alternativa mútua — o PS diz que é preciso
penalizar a direita pela forma vergonhosa
como tem usado a política de casos, porque
não conseguem reconhecer os enormes
méritos da ação governativa (o “familygate”
seria, pois, uma campanha tenebrosa
inventada pela direita e não decorre de
forma alguma da meia centena de nomes
que já são conhecidos); a direita pede o voto
contra a imoralidade do PS (o “job for the
boys” teria aparentemente começado em
janeiro de 2016; o tal passado cavaquista em
matéria de nomeações familiares estaria de
alguma forma convenientemente prescrito
RUI GAUDÊNCIO
e já não contaria politicamente em 2019). Se
esta técnica de comunicação eleitoral
resultou já tantas vezes antes, é
absolutamente natural que PS, PSD e CDS
insistam nela.
3. Como dizia certeiramente Vital Moreira
há uns dias, aliás, discordando da minha
sugestão de “kakistocracia”, “a endogamia
do sistema político é essencialmente
produto da cultura política estabelecida e
da estabilidade das opções eleitorais, pelo
que, ressalvado qualquer imprevisível
choque político, ela é relativamente imune a
mudanças institucionais”. Por outras
palavras, enquanto a cultura dos partidos
for a que é atualmente ou as opções
eleitorais continuarem a ser exatamente as
mesmas, nada mudará substantivamente
nesta matéria.
Uma possibilidade é acreditar que o PS,
PSD e CDS vão transformar a tal cultura
política na próxima legislatura ou na
seguinte. Ou algum dia. No fundo, para
aqueles eleitores que entendem que estes
três partidos merecem o benefício da
dúvida ao Æm de 45 anos (ou para quem a
endogamia política simplesmente não é um
tema prioritário), as eleições oferecem uma
excelente oportunidade para renovar a sua
conÆança nesses três partidos (assim
Æzeram cerca de 3,8 milhões de eleitores em
2015), reavivando a óbvia legitimidade
democrática da cultura política vigente.
Ressalvada a possibilidade de algum
choque exógeno (que parece altamente
improvável neste momento), aos eleitores
que entendem que a endogamia política é
uma questão grave para a democracia (com
ou sem defeitos
Aos eleitores “kakistocráticos”), e
para quem o PS, PSD
maior partido da área política. Por outro
lado, existem muitas alternativas no boletim
4. Não penso que umas eleições possam
ser um teste ao país que merecemos,
que entendem e CDS já não de voto para quem não quer abster-se ou mas sim ao país que queremos. E
que a merecem qualquer votar em branco/nulo (protestos querermos uma democracia com os atuais
benefício da dúvida absolutamente compreensíveis, mas que níveis de endogamia política, de
endogamia (grupo em que estou não retiram deputados ao PS, PSD e CDS e promiscuidade e de opacidade é
política é grave obviamente incluído que pouca eÆcácia política mostraram até perfeitamente legítimo. Mas mesmo que
para a há muitos anos),
resta apenas o
ao momento). É verdade que os 380 mil
eleitores que optaram por pequenos
essa seja a vontade livremente expressa pela
maioria democrática em outubro próximo,
democracia caminho de partidos em 2015 ainda incomodaram penso que continuará a existir lugar para o
resta apenas o desestabilizar as
opções eleitorais
pouco (apenas um deputado do PAN), mas
basta recordar que eram apenas 130 mil em
excelente trabalho de organizações como a
Associação Transparência e Integridade. A
caminho de tradicionais. 2005 para perceber a tendência. legitimação democrática da endogamia
desestabilizar Por um lado, com À esquerda, para quem anda descontente política não invalida que quem discorda
a persistência da com o Bloco (depois do caso Robles) dela deva desistir da sua luta. Pelo
as opções “geringonça” e com a CDU (com as confusões em contrário. Agora o que, sim, deixa de fazer
eleitorais durante toda uma Loures), tem para já outras opções como o sentido é a lengalenga infantil do “nós e
tradicionais legislatura Æcou
claro que não
PAN ou o Livre. À direita, Ænalmente, há
agora a possibilidade de escolher novos
eles”. Porque “nós” sabemos o que
precisamos de saber — aliás, desta vez a
importa qual é a partidos como a Iniciativa Liberal, Aliança e endogamia política está absolutamente
lista mais votada no o Chega. E, ao centro, para além de todos os clariÆcada para todos — e somos livres de
dia das eleições, mas partidos já mencionados, também podemos votar no “neles” que queremos.
quem tem maioria olhar para o Nós, Cidadãos! e para o JPP
de mandatos — (partidos, aliás, com uma câmara municipal Professor na George Mason University,
acabou, pois, a cada, mas sem qualquer visibilidade Scalia Law School; escreve
utilidade de votar no mediática até ao momento). quinzenalmente à sexta-feira

O uso de saias
e a Constituição
A
Francisco Teixeira da Mota
Escrever Direito
Charter Day School (CDS), na
cidade de Leland, na Carolina
do Norte, EUA, é uma escola
pública sob gestão privada que
se rege por valores tradicionais.
Os quatro compromissos dos
alunos na escola são:
“manter-me saudável em corpo,
mente e espírito”, “ser verdadeiro
em todos os meus trabalhos”, “ser
virtuoso em todas as minhas acções” e “ser
obediente e leal às autoridades”. Os
estudantes da CDS têm de respeitar um
código de vestuário que se destina a “instilar
a disciplina e a manter a ordem” para “que a
aprendizagem dos estudantes não seja
prejudicada”. O uso do uniforme também é
referido como ajudando “a promover um
sentido de orgulho e um espírito de equipa, já
que cada estudante é membro de uma equipa
académica”. O uniforme das raparigas obriga
à utilização de saias, constituindo uma falta
disciplinar, que pode levar até à expulsão, o
seu não uso.
Em 2016, três alunas, de cinco, dez e 14
anos, apoiadas e representadas pela
American Civil Liberties Union (ACLU) e por
um escritório de advogados, processaram
judicialmente a CDS. Alegavam as alunas que
a obrigação de utilização de saias as
perturbava, incomodava e discriminava em
relação aos rapazes. Tinham frio no inverno,
tinham de estar atentas às posições em que
se sentavam prejudicando a sua atenção às
aulas e tinham de evitar certas actividades
físicas. Esta exigência da CDS constituía uma
discriminação em função do sexo proibida
pelo princípio da igualdade consagrado na
14.ª Emenda à Constituição
norte-americana. Pretendiam, assim, que
essa exigência fosse afastada do código de
vestuário da CDS. O processo Peltier vs.
Charter Day School, Inc. correu num
tribunal da Carolina do Norte e foi decidido
no dia 29 de Março pelo juiz Malcom J.
Howard.
Para os representantes da escola, não fazia
qualquer sentido retirar essa regra do
regulamento. Os pais e as crianças, quando
se inscreviam, já sabiam que tinham de a
respeitar. E escolhiam a CDS porque sabiam
que a mesma tinha melhores resultados nos
exames do que as escolas públicas normais
da região. Para os representantes da CDS, as
regras estabelecidas quanto ao uniforme
sustentavam, de forma inseparável, o
modelo educacional de valores tradicionais
que a caracterizava. E as diferenças de
exigências do uniforme masculino e
feminino contribuíam para um ambiente
disciplinado em que havia respeito mútuo
entre os rapazes e as raparigas. Defenderam,
mesmo, que a exigência da utilização de
saias para as raparigas contribuía para os
melhores resultados nos exames.
As crianças contestatárias não punham
em causa que a CDS tivesse o direito a impor
um código de vestuário que, de resto, era
bastante extenso e ia desde os sapatos — que
tinham de ser fechados — até à maquilhagem
— só admitida a partir de certa idade e,
obrigatoriamente, conservadora —,
passando pelos acessórios — sendo proibidas
as jóias mas sendo autorizado o uso de
relógios de pulso. O que punham em causa,
tão-somente, era a obrigação de usar saias.
De resto, o uso obrigatório de saias era,
muitas vezes, posto de lado, como nas aulas
de Educação Física ou nas actividades de
campo e em dias especiais. Pelo que,
contrariamente ao que aÆrmavam os
representantes da CDS, não se podia dizer
que as saias fossem essenciais para o
projecto educativo da CDS, que corria bem
também nesses dias...
O juiz Malcom J. Howard, depois de ouvir
toda a prova, considerou que as autoras da
acção tinham provado que as raparigas da
CDS estavam sujeitas
a obrigações de
vestuário —
utilização de saias —
que as impediam de
brincar livremente
Uma boa no recreio, as
notícia vinda obrigavam a
sentar-se de forma
dos EUA para desconfortável nas
quem prefere aulas e a terem de
estar a pensar na
a liberdade forma como se
e a igualdade sentavam em vez de
estarem atentas às
no sistema aulas e, ainda, as
de ensino sujeitavam a frio no
Inverno ou à
obrigação de usar
diversas e
incómodas leggings
debaixo das saias.
Mais considerou que
os responsáveis da
escola não tinham
provado que os rapazes tivessem de se
sujeitar a custos semelhantes. Assim,
concluiu que a obrigação de usar saias na
CDS era inconstitucional por violação do
princípio da igualdade perante a lei. Uma
boa notícia para quem prefere a liberdade e
a igualdade...
(Em Inglaterra, há um interessante estudo
sobre esta matéria da Plan International UK
que revela que um terço das raparigas com
uniformes escolares são assediadas na rua.)
Advogado. Escreve à sexta-feira
O coração negro
da nossa galáxia
Pedro Filipe Soares
A negação da ciência é uma
arma política da extrema-
A
-direita, apostada em impor a
sua nefasta ideologia
descoberta foi extraordinária e
correu o mundo. A foto de um
anel de luz mostrava onde se
escondia o buraco negro. Pela
primeira vez, conseguiu-se
colocar em imagem o que há
cerca de 100 anos foi previsto
por Albert Einstein.
A fotograÆa é a capacidade
de captar a luz de um momento
e deixar esse registo para a história. Coisa
difícil quando nem a luz resiste à sedução
de um buraco negro. Por isso mesmo, a
fotograÆa não é do buraco negro mas da sua
moldura dourada. Neste caso, o círculo
marca o lugar.
A prova serve para conÆrmar a Teoria da
Relatividade Geral avançada por Einstein. Já
tinha sido possível ouvir “ouvir” buracos
negros com a detecção das ondas
gravitacionais e dar mais passos para essa
conÆrmação teórica, mas era fundamental
conÆrmar a geometria deste corpo celeste,
o que só foi possível agora.
Como isto se relaciona com a nossa forma
de ver o mundo? A resposta mais simples é
dada por Carl Sagan, o astrónomo que
escreveu o maravilhoso Cosmos, quando
aÆrmou que “antes de Einstein defendia-se
que existiam sistemas de referência
privilegiados e coisas tais como o espaço
absoluto e o tempo absoluto. O ponto de
partida de Einstein foi que, qualquer que
fossem os sistemas de referência, todos os
observadores (fosse qual fosse a sua
localização, velocidade ou aceleração)
veriam as leis fundamentais da natureza da
mesma forma”. Uma conclusão que
conÆrma a teoria da unidade da matéria. No
já velhinho debate entre materialismo e
idealismo, é mais um momento histórico
que comprova que apenas o materialismo
tem validade.
Mas, os acasos históricos estão cheios de
signiÆcado e ironia. O mesmo mundo que
festeja o enorme avanço cientíÆco está
confrontado com uma brutal negação da
ciência à escala global. Nos Estados Unidos
da América, o Presidente Trump nega as
alterações climáticas e coloca-se acima da
realidade e do conhecimento cientíÆco.
Tenho um “instinto natural para a ciência”,
disse Trump para demonstrar como a sua
opinião se sobrepõe às provas dos
cientistas. O seu vice-presidente, Mike
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 9
ESPAÇO PÚBLICO
Pence, rejeita a Teoria da Evolução de
Charles Darwin, abraçando o criacionismo
e favorecendo a sua introdução nos
sistemas oÆciais de ensino. São estes alguns
dos inimigos da ciência.
Contudo, a relação difícil de
governantes com a ciência não é apenas
do domínio estadunidense. Ironia ainda
maior foi a apresentação do novo ministro
da Educação do Brasil, Abraham
Weintraub, no mesmo dia em que se deu a
conhecer a fotograÆa do buraco negro.
Apresentado como discípulo zeloso de
Olavo de Carvalho, o guru do Presidente
brasileiro Jair Bolsonaro, tem nesse cartão
de visita uma profunda marca ideológica e
uma negação da ciência. Pedra de toque
do pensamento de Olavo de Carvalho é a
seguinte aÆrmação: “Então um cidadão
chamado Albert Einstein (...) achou que
era preferível modiÆcar a física inteira só
para não admitir que não havia provas do
heliocentrismo”. Sim, o heliocentrismo
que Olavo de Carvalho quer colocar em
causa é a aÆrmação de que a Terra gira em
torno do Sol.
A negação da ciência é uma arma
política da extrema-direita, apostada em
impor os seus dogmas e a sua nefasta
ideologia. Os exemplos acumulam-se e
devem merecer toda a nossa atenção. O
populismo parte do desconhecimento e
do preconceito para fazer o seu caminho,
negar a realidade é só um segmento desse
trajeto. As fake news são, por isso, uma
decorrência
natural de quem
não tem pejo ou
pudor em
distorcer factos e
Se lhes é tão inventar mentiras.
Se lhes é tão
natural negar a natural negar a
ciência, porque ciência, porque
seria anormal seria anormal
deturpar a verdade
deturpar a a seu bel-prazer?
verdade a seu Contra a ciência e
contra a realidade:
bel-prazer? eis o retrato da
extrema-direita.
A primeira
imagem de um
buraco negro
mostra como a
realidade se impõe,
avassaladora,
independente da vontade humana. A nossa
galáxia desvendou toda a beleza do seu
coração negro e permitiu alcançarmos mais
uma preciosa lição: podem tentar negar a
ciência, et pur si muove.
Presidente do Grupo Parlamentar do
Bloco de Esquerda. Escreve à sexta-feira
10 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
POLÍTICA
“O essencial da convergência
com a UE está garantido”
Ulisses Correia e Silva O primeiro-ministro de Cabo Verde
antecipa, em entrevista ao PÚBLICO, a cimeira com António
Costa que começa hoje em Lisboa e fala da ambição da quase
integração de Cabo Verde na União Europeia
Entrevista
António Rodrigues
O ministro dos Negócios
Estrangeiros de Cabo Verde
disse, em Janeiro, que 2019 será
um ano importante para o seu
país ao nível da cooperação.
Estamos a intensificar as nossas
relações diplomáticas e
diversificando-as, não é por acaso
que temos estado a fazer investidas
importantes nos EUA,
recentemente em Israel e nos países
da União Europeia. E, com uma
distinção importante, Portugal. Por
razões várias, históricas, culturais,
de cumplicidade, e porque as
relações diplomáticas, o diálogo
político, as relações económicas e
de investimento e o facto de termos
uma diáspora antiga e muito
importante em Portugal. Temos um
forte Programa Estratégico de
Cooperação, assinado na última
cimeira, realizada na Praia, para o
período 2017-2021.
Esse programa é de 120 milhões
de euros, no entanto, até agora,
apenas foram disponibilizados
24 milhões de euros.
O programa não é só de desembolso
financeiro, tem várias acções que
diria intangíveis e têm a ver com
todo o trabalho de assistência
técnica de cooperação, num diálogo
permanente. A possibilidade de
definirmos áreas de
desenvolvimento importantes,
como o sector da segurança e
defesa, numa cooperação para
melhorarmos a nossa acção na Zona
Económica Exclusiva muito vasta de
Cabo Verde. Temos de ver isto
numa óptica muito mais alargada
do que de meras transferências
financeiras. A partilha de
informação é muito mais
importante. E temos cooperação na
educação, no domínio da ciência e
inovação, da saúde, energia e
ambiente, mesmo no ordenamento
do território.
Mas a ideia é que esses 120
milhões de euros sejam
investidos até 2021.
Claro e temos ainda dois anos.
Estamos tranquilos, as coisas estão
a correr bem, vamos fazer agora
uma avaliação, para as afinações
que for preciso fazer.
Quais serão as grandes linhas
desta cimeira?
Cabo Verde quer aprofundar uma
parceria estratégica com a UE e a
nossa perspectiva é de uma relação
tripartida, Cabo Verde-Portugal-UE,
particularmente na concretização
daquilo que é a nossa ambição, a de
termos — não diria uma integração,
porque não somos um país europeu
— uma quase integração económica
no espaço da UE. Não estamos
focados apenas na cooperação para
o desenvolvimento, porque
sabemos que tem os seus limites,
estamos focados em criar condições
para mais investimentos, mais
comércio, mais turismo, mais trocas
de experiência de ciência e
tecnologia, de inovação, que
possam melhorar as condições
endógenas do país para um
crescimento mais acelerado.
A crise política por que passa
actualmente a UE não vos leva a
refrear essa ambição de
aprofundar a integração?
O projecto da UE é independente
das conjunturas. Temos uma
relação que já vem de há alguns
anos, o grosso do investimento em
Cabo Verde vem da Europa, como
mais de 80% do nosso comércio, o
essencial do turismo também.
Temos a nossa moeda [escudo]
indexada ao euro desde 1998, os
indicadores da economia
cabo-verdiana estão relacionados
com os critérios de Maastricht.
Portanto, a aproximação
económica é uma evidência e
queremos aprofundá-la em outras
áreas, nomeadamente tendo maior
acesso ao conhecimento, à ciência,
à tecnologia. Utilizamos os padrões
mais elevados a nível de segurança
no nosso país, especialmente nas
nossas fronteiras, tendo em conta a
nossa opção de criar um hub aéreo
na ilha do Sal. O nosso interesse
estratégico está no Atlântico médio,
a Europa, África e as Américas,
particularmente os EUA e o Brasil,
isso é que justifica esta nossa
aproximação e interesse em
aprofundar essas relações.
A dívida pública de Cabo Verde
continua muito elevada e uma
das questões que tinha ficado da
cimeira do Sal, em 2017, era a
possibilidade de Portugal
perdoar uma dívida de 200
milhões de euros a Cabo Verde.
Isso tem a ver com o programa Casa
Para Todos [construção de
habitação social nas zonas
periféricas], financiado pelo
Governo em funções na altura, do
PAICV. Tem tido um impacto
importante, mas com problemas
relativamente à concepção. Temos
estado a negociar com o Governo
português uma solução que possa
minorar os impactos desse
programa no stock da dívida
cabo-verdiana. Essa dívida foi
contraída junto da banca, com
bonificação de taxa de juro.
Qualquer acção tem de passar pelas
duas valências. Estava a contar sair dessa lista
Os parceiros internacionais de cinzenta de jurisdições fiscais
Cabo Verde estão preocupados não cooperantes da UE,
com os atrasos no cumprimento divulgada no mês passado?
das reformas exigidas. Não, não. É um processo. Há um
Há aqui duas questões, uma tem a O essencial do conjunto de reformas que
ver com a classificação de Cabo produzem resultados a prazo e
Verde na lista da transparência nosso interesse estou convencido que já na próxima
financeira, em que estamos na lista estratégico está no classificação estaremos numa
cinzenta. Estamos a trabalhar com o situação mais confortável.
apoio do Ministério das Finanças de Atlântico médio e a A ajuda do Banco Mundial está
Portugal e já adoptámos um UE é um elemento congelada por causa da
conjunto de medidas que nos reestruturação da companhia
permitirá cumprir os requisitos e importante dessa aérea de Cabo Verde, em que
sair da lista cinzenta. Em relação às relação, por passo está a privatização?
finanças públicas, o país está a Estava congelada, já não está. Há
crescer cinco vezes mais do que no questões de compromisso com o Banco Mundial
período de 2009 a 2015 — passou de localização e por para o reforço orçamental, que
cerca de 1% para 5,5%, dados de acontecerá este ano. A TACV está
2018. O défice orçamental médio questões de num processo de privatização. Há
anual baixou para 3,1%. O stock da interesse pouco mais de um mês fizemos com
dívida tem-se reduzido. A nossa o parceiro estratégico do grupo,
meta é chegarmos aos 100% ou económico Icelandair, a alienação de 51% do
menos no horizonte de 2023-2024. capital. É um bom parceiro que nos

vai apoiar na operacionalização do
hub da ilha do Sal. Este passo foi
decisivo para reforçarmos a
confiança dos parceiros externos,
porque a TACV representava um
passivo financeiro e um risco fiscal
muito elevados para o país. A
segunda fase vai ser a alienação dos
49% através de 10% da participação
para trabalhadores emigrantes e
39% colocados na bolsa de valores.
Não receia perder a companhia
de bandeira?
Não vamos ficar sem companhia de
bandeira. Temos um contrato de
privatização que defende os
interesses estratégicos do país e
temos um parceiro fortemente
engajado na viabilização da
companhia e na operacionalização
de um conceito de hub aéreo, onde
o transporte é apenas uma das
componentes. Depois, vamos ter a
concessão da gestão dos aeroportos
ANTÓNIO COTRIM/LUSA
e do handling para investir na
modernização e expansão do
sector. Com a dívida pública, o
investimento público não seria
possível. Assim, poderemos
aproveitar a localização
geoestratégica de Cabo Verde entre
a Europa, África e as Américas.
Um dos objectivos do seu
Governo é conseguir mobilidade
para os cabo-verdianos dentro
da UE. Como está o processo?
Manifestámos várias vezes à UE essa
nossa intenção, temos estado a
fazer uma campanha muito forte
em países europeus,
particularmente em países de Leste,
onde Cabo Verde não é muito
conhecido, e o acolhimento tem
sido muito favorável. Agora, é
preciso ter em conta que o contexto
hoje na UE não torna fácil a
realização dessa pretensão.
O facto de terem em 2019
A cooperação com
Portugal
ultrapassa de
longe a expressão
Änanceira
isentado de vistos os cidadãos
europeus de 32 países é uma
forma de tentar obter a
reciprocidade?
Nós tomámos a medida
independentemente de haver
reciprocidade. É do interesse de
Cabo Verde fazer com que haja um
instrumento incentivador do
turismo, do livre comércio e
facilitador de investimentos. A
abertura à entrada de cidadãos da
UE retira duas coisas, a barreira
administrativa que o visto provoca e
a barreira psicológica do espaço e,
com isso, fazemos circular não
apenas o turismo, mas homens de
negócio, cientistas, académicos, o
cidadão comum.
Disse que o futuro do acordo
cambial com Portugal pode ir até
à quase integração na zona euro.
Temos o essencial da convergência
com o espaço da UE garantido e não
é por acaso que estamos a fazer um
esforço para baixar o défice
orçamental e a dívida para garantir
a paridade fixa que temos com a
Europa, que cria confiança e
elimina riscos cambiais das
operações. Cabo Verde sempre foi e
queremos que seja cada vez mais
um espaço cosmopolita. O essencial
do nosso interesse estratégico está
no Atlântico médio e a UE é um
elemento importante dessa relação,
por questões de localização e por
questões de interesse económico;
os EUA, por interesse de defesa e
segurança, particularmente da
nossa Zona Económica Exclusiva. E
a África continental.
Cabo Verde assumiu a
presidência da CPLP com o
objectivo de fomentar o
processo de livre circulação,
conseguirá concretizá-lo?
Acho possível e estamos a trabalhar
para que aconteça. Este mês haverá
a primeira reunião de ministros da
Administração Interna da CPLP. Os
constrangimentos de circulação
amputam o conceito de
comunidade. Salvaguardando
aquilo que é o interesse de cada um
dos países quanto às regras
mínimas de segurança, creio que
teremos condições de desenvolver
este espaço, que a língua como
elemento de ligação, com laços de
cultura e de história, por isso,
apostamos na mobilidade cultural,
no conceito de mercado único da
cultura, com a livre circulação de
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 11
Doze acordos
assinados amanhã
O
s Governos de Portugal e
de Cabo Verde vão assinar
amanhã, em Lisboa, no
fim da 5.ª Cimeira
Luso-Cabo-Verdiana, pelo
menos 12 instrumentos
diplomáticos, entre os quais
um plano de acção, dez
protocolos e uma carta de
compromissos sobre áreas que
cobrem nove ministérios de
cada um dos lados.
O plano de acção é para o
turismo e envolve os
Transportes de Cabo Verde e
segue-se ao concurso
internacional ganho há um ano
pela empresa portuguesa
Transinsular para a concessão
do serviço público de
transporte marítimo inter-ilhas.
Os protocolos prevêem a
criação de um serviço central
para as migrações;
continuação de formação
técnico-policial; apoio no
sector da justiça; qualificação
da administração pública;
informatização do registo
criminal (só o civil está
informatizado); reforço técnico
das capacidades
cabo-verdianas para o
desenvolvimento curricular
para o ensino secundário;
apoio para a institucionalização
de um sistema nacional de
avaliação externa dos alunos;
um protocolo entre a Fundação
para a Ciência e Tecnologia de
Portugal e o Gabinete de
Ciência, Tecnologia e Inovação
de Cabo Verde e outro entre o
Instituto Superior de
Agronomia português e o
Ministério da Educação
cabo-verdiano. A carta de
compromisso é sobre o Plano
Nacional de Leitura e a Rede de
Bibliotecas Escolares.
A delegação de Cabo Verde
tem 44 membros, entre os
quais seis ministros. O actual
Programa Estratégico de
Cooperação (PEC) para Cabo
Verde tem um orçamento de
120 milhões de euros para
2017-2021. Bárbara Reis
Leia a entrevista na íntegra em
www.publico.pt
bens de arte e de cultura.
O facto de Portugal estar
integrado na UE e no espaço
Schengen não torna isso difícil?
Pode ser um constrangimento, mas
há espaço e condição para o fazer,
mesmo dentro do enquadramento
de Portugal no espaço Schengen.
Ou seja, nunca seria uma
mobilidade total na CPLP?
Seria de livre circulação e de livre
residência no espaço lusófono da
CPLP. A livre residência cria
condições para a livre circulação.
A CPLP desenvolveu todo o seu
potencial nestes quase 23 anos?
É melhor ter a CPLP do que não ter.
O esforço que tem sido feito tem
sido meritório, há um potencial a
ser desenvolvido em todos os
domínios, no reforço da língua, em
termos económicos, culturais. É
importante termos um espaço de
concertação diplomática e política.
A organização continua a não ter
um papel político importante
em África e no Atlântico.
Tem, talvez não tenha é tanta
visibilidade como poderia ter. É
uma entidade que hoje tem cada
vez mais países observadores,
porque gera interesse. Se há países
da Ásia, da Europa, da África, que
não são membros, não partilham a
língua portuguesa, mas estão
representados, por algum motivo é.
A Guiné Equatorial continua a
ter presos políticos, mantém a
pena de morte, o regime segue
fechado. Pode dizer-se que todos
os objectivos generosos por trás
da sua aceitação como membro
da CPLP não foram alcançados?
A Guiné Equatorial podia ganhar
muito se realmente aproveitasse o
espaço da CPLP para fazer
progressos na área dos direitos
humanos, abolindo a pena de
morte, tendo um regime
democrático mais forte, lutando
contra a pobreza, com um
crescimento económico inclusivo.
O espaço da CPLP pode ser de facto
impulsionador, mas é preciso que a
outra parte também faça o seu
caminho, acelerando o processo
das reformas necessárias.
Independentemente das condições
em que a Guiné Equatorial entrou
para a CPLP, é preferível que a
pressão seja feita desde dentro, do
que deixar o país isolado.
antonio.rodrigues@publico.pt
12 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
POLÍTICA
O que fazer com Cabo Verde se tudo
corre bem? Uma festa
É com euros e música que se faz a diplomacia entre Portugal e Cabo Verde. A 5.ª cimeira bilateral vai
centrar-se na discussão sobre os 120 milhões de euros da cooperação, mas começa com um concerto
Bárbara Reis
A 5.ª cimeira entre Portugal e Cabo
Verde, que começa hoje em Lisboa,
vai seguir o roteiro clássico dos
encontros de alto nível, com reu-
niões e a assinatura de protocolos,
mas inclui um extra especial: uma
grande festa.
Não será a habitual recepção oÆ#
cial, para a qual são convidados
alguns diplomatas, artistas e empre-
sários. Será mais aberta e ambiciosa.
Num gesto raro em Portugal, o
Governo de António Costa vai ofere-
cer à comunidade cabo-verdiana que
vive no país uma festa com um con-
certo de uma hora, que abre com as
batucadeiras Vozes d’África e fecha
com Lura, da geração pós-Cesária
Évora, que canta sobretudo morna
e coladeiras.
O primeiro-ministro pensou abrir
os jardins de São Bento para a festa,
mas o plano foi alterado para a Estu-
fa Fria por se antecipar chuva. Espe-
ram-se entre 500 e mil pessoas, dis-
se ao PÚBLICO o embaixador de
Cabo Verde em Portugal, Eurico
Monteiro.
Das dezenas de cimeiras bilaterais
nas quais o Governo de Portugal foi
anÆtrião, incluindo os aliados da
Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP), só há memória
de uma festa em 2009, oferecida pelo
então primeiro-ministro José Sócra-
tes na bilateral com Cabo Verde em
Lisboa, mas não desta dimensão.
Incluir um concerto nesta 5.ª Cimei-
ra Luso-Cabo-Verdiana é provavel-
mente uma questão de reciprocidade,
regra da diplomacia. Quando Cabo
Verde recebe, há sempre música.
Em Julho de 2018, para a 12.ª Con-
ferência de Chefes de Estado e de
Governo da CPLP, em Santa Maria,
ilha do Sal, houve um concerto de
Tito Paris, um dos nomes mais inter-
A música de Cabo Verde vai ecoar na Estufa Fria
nacionais da música cabo-verdiana.
Em Abril de 2017, quando o Presiden-
te Marcelo Rebelo de Sousa fez a
primeira visita de Estado a Cabo Ver-
de foi levado ao festival Atlantic
Music Expo, onde dançou com Lura,
foi recebido na assembleia municipal
de São Vicente com um concerto de
Constantino, Vojinha e Xanta e o jan-
tar também incluiu um concerto nos
jardins do palácio presidencial com
centenas de convidados. Uns meses
antes, na 4.ª cimeira bilateral, Braz
Andrade cantou durante o almoço
oferecido a António Costa na Cidade
Velha e Kaku Alves cantou durante o
jantar no palácio da Cidade da Praia.
“Fazemos muito esta implicação
com a música”, diz o embaixador
Eurico Monteiro. Na perspectiva de
Lisboa, esta é também uma forma de
a comunidade cabo-verdiana ver ao
vivo os seus artistas e políticos. Há
cerca de um milhão de cabo-verdia-
nos que vivem no estrangeiro
(incluindo as 1.ª, 2.ª e 3.ª gerações),
Estou no
aquecimento para
vir cá festejar o Dia
de Portugal
Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente da República
JOSÉ SARMENTO MATOS
250 mil dos quais em Portugal.
Novo perÄl de Cabo Verde
A 5.ª cimeira bilateral começa hoje
às seis da tarde com o concerto na
Estufa Fria e é seguida de um jantar
privado num restaurante. Os dois
primeiros-ministros e as suas dele-
gações vão estar na festa. Amanhã,
os trabalhos começam às 9h30 nos
vários ministérios envolvidos na coo-
peração bilateral e às 11h as duas
delegações juntam-se no Palácio Foz.
É aí que Costa e Ulisses Correia e Sil-
va assinam mais de dez instrumentos
diplomáticos, todos ligados à coope-
ração.
A cooperação portuguesa em Cabo
Verde tem um orçamento de 120
milhões de euros para cinco anos e
centra-se em cinco áreas: justiça e
segurança; educação, cultura, ciên-
cia e inovação; saúde e assuntos
sociais; energia e ambiente; e Ænan-
ças públicas-sector privado. O actual
Programa Estratégico de Cooperação
(PEC) 2017-2021 para Cabo Verde
segue a controversa lógica interna-
cional da “gestão por resultados”.
Todos os anos, os dois países reú-
nem-se para um ponto de situação,
veriÆcar o que está a andar e decidir
novos projectos.
É o caso de amanhã, quando for
assinado um protocolo para montar
um serviço central para as migra-
ções, “importante porque Cabo Ver-
de está a mudar de perÆl”, disse ao
PÚBLICO o embaixador Eurico Mon-
teiro. “Há anos que somos um país
de emigrantes, mas começamos a ser
um país de imigrantes.” O diploma-
ta, ex-ministro da Justiça, Adminis-
tração Pública e do Trabalho e depu-
tado pelo Movimento para a Demo-
cracia (MdP), partido do actual
primeiro-ministro, calcula que há
pelo menos dez mil imigrantes no
país, vindos sobretudo da Nigéria,
Guiné-Bissau, Senegal e Mali, e que
trabalham no turismo, a maior parte
nas ilhas do Sal e da Boavista. Estes
novos imigrantes entraram ao abrigo
do acordo de livre circulação (condi-
cionada à prova de capacidade de
auto-sustentação) que Cabo Verde
tem com a Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental.
Há anos que somos
um país de
emigrantes, mas
começamos a ser
um país de
imigrantes
Eurico Monteiro
Embaixador de Cabo Verde em
Portugal
“Sabemos o que é chegar a um
país novo e ter de bater a várias por-
tas, como o emprego, crédito, segu-
rança social e diferentes tipos de
documentação. Conhecemos bem os
problemas dos emigrantes. Os pro-
blemas são típicos e as soluções tam-
bém”, diz Eurico Monteiro. “A imi-
gração é nova em Cabo Verde, mas a
solução é conhecida: dar uma res-
posta integrada.”
Além deste protocolo, há mais
dois que abrem dossiers ainda não
abrangidos pela cooperação portu-
guesa, embora dentro das grandes
áreas prioritárias: o reforço técnico
das capacidades nacionais para o
desenvolvimento curricular para o
ensino secundário e o projecto de
informatização do registo criminal.
Todos os outros são, nas palavras do
representante do Governo cabo-ver-
diano, “actualizações” de progra-
mas existentes.
Uma parte da cooperação de Por-
tugal é feita através de apoio directo
para o orçamento do Estado de Cabo
Verde: 2,5 milhões de euros entre
2017 e 2021, distribuídos em tranches
anuais de meio milhão de euros. Está
acordado desde 2008 que estes fun-
dos são destinados ao sector da segu-
rança, descrito na documentação
oÆcial como “um desaÆo multidi-
mensional internacionalmente reco-
nhecido que inÇuencia directamen-
te o desenvolvimento”. O actual PEC
é o sucessor do antigo Programa
Indicativo de Cooperação (PIC) assi-
nado em 2012 pelo anterior ministro,
Paulo Portas, com o então ministro
cabo-verdiano Jorge da Silva Borges,
para quatro milhões de euros de
apoio directo, um milhão por ano
entre 2012 e 2015.
Depois de França, Brasil e EUA, este
ano o Presidente português vai cele-
brar o 10 de Junho em Cabo Verde.
breis@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 13

POLÍTICA
DANIEL ROCHA

PSD propõe redução de 50%

Breves
Defesa
Antigos combatentes
vão ter estatuto
e cartão especial
O Governo aprovou ontem o
Jorge Costa vai dirigir a campanha do Bloco às europeias Estatuto de Antigo
Combatente que concretiza o
nas portagens das ex-Scut
para compensar
“desigualdades” dos passes
tos pendulares mais fracos, são os
Parlamento desvalidos e os parentes pobres” da
Sofia Rodrigues solução de descontos nos passes
desenhada pelo Governo.
Partido também quer Nesse sentido, o PSD propõe, atra-
descontos de 50% no preço vés de um projecto de resolução (o
Governo é que tem a competência
dos bilhetes de comboio para alterar as portagens), uma redu-
regionais e intercidades ção de 50% das ex-Scut (e outras vias
fora de Lisboa e Porto do género) fora das duas áreas metro-

BE distancia-se do reconhecimento do Estado a

quem combateu “ao serviço
de Portugal”, sendo também
O PSD propõe uma redução de 50%
no preço das portagens das ex-Scut
politanas. Um desconto que pode
chegar aos 75% no caso dos veículos
eléctricos. Questionado sobre qual o

PS na campanha criado um cartão especial para

aqueles militares. O diploma
cria novos instrumentos,
(de 75% para veículos eléctricos) nos
territórios do interior e no custo dos
bilhetes de comboios regionais e
custo Ænanceiro desta medida, Carlos
Peixoto referiu não estar contabiliza-
do, mas lembrou estudos de 2015

para as europeias como o plano de apoio aos

Eleições
Maria João Lopes
O deputado Jorge Costa é o
director de campanha do
BE nas eleições europeias.
O mandatário é o actor
António Capelo
A estratégia do Bloco de Esquerda
para as eleições europeias está a ser
delineada. Com o bloquista Jorge
mostrar como as posições “fortes”
que assumiram, em questões, por
exemplo, como o salário mínimo,
tiveram frutos, mas foram feitas
“contra a pressão das instituições
europeias sobre o Governo”.
“A presença do BE num acordo de
maioria permitiu que, face a essas
pressões fortíssimas, o BE tivesse
garantido que o Governo português
actuava autonomamente e no senti-
do correcto. Nem sempre foi possí-
vel”, diz Jorge Costa, referindo-se,
por exemplo, a algumas soluções
antigos combatentes em
situação de sem-abrigo e
incorpora instrumentos de
apoio económico e social
desenvolvidos pelo Ministério
da Defesa Nacional. No novo
Estatuto de Antigo
Combatente fica ainda
definido que se passará a
assinalar o “Dia Nacional do
Combatente” a 11 de
Novembro, data do armistício
que pôs fim à I Guerra Mundial.
Partidos
Actriz Rita Salema
intercidades para todos os utilizado-
res. As medidas foram apresentadas
na manhã de ontem por deputados
sociais-democratas eleitos por terri-
tórios de baixa densidade.
Carlos Peixoto, vice-presidente da
bancada, e eleito pela Guarda, susten-
tou que a redução dos passes sociais
é uma medida “claramente positiva”,
mas que “não é territorialmente justa
nem verdadeiramente nacional”. Na
conferência de imprensa, no Parla-
mento, na qual também marcaram
presença deputados do PSD eleitos
por Portalegre, Évora e Castelo Bran-
co (faltou Bragança), Carlos Peixoto
considerou que os “territórios de bai-
xa densidade, os que têm movimen-
sobre uma redução de 30% que apon-
tavam para um efeito orçamental
neutro, já que os descontos eram
compensados por um aumento da
utilização das auto-estradas.
Os descontos nas ex-Scut não
seriam apenas para os residentes dos
territórios de baixa densidade, apli-
car-se-iam a todos, mas apenas nas
vias fora das áreas metropolitanas,
para não travar os “Çuxos turísticos”,
segundo o vice-presidente da banca-
da social-democrata, que rejeita estar
a contrariar o princípio do utilizador-
pagador das auto-estradas defendido
pelo PSD.
srodrigues@publico.pt

Costa na direcção de campanha, o encontradas para a banca. é a mandatária da PUBLICIDADE

caminho assentará em alguns eixos:
terá um código de conduta para as
redes sociais; privilegiará o contacto
próximo com os eleitores; sublinha-
rá o papel do partido na chamada
“geringonça” e nas conquistas sociais
que daí advieram; e deixará clara a
diferença de posições entre o PS e o
BE em temas europeus.
“Temos posições claras sobre as
questões europeias e sobre os efeitos
perversos que os tratados têm tido
no país. Os outros partidos também
têm tido posições claríssimas. O
debate europeu vai fazer-se, nesta
campanha, entre o BE e as forças que
protagonizaram o alinhamento acrí-
tico em relação às instituições euro-
peias e que trouxeram diÆculdades
ao país. Isto aplica-se ao PSD e ao
PS”, explica Jorge Costa, director de
campanha e deputado.
Isso não signiÆca que o BE deixe
de mostrar o que considera terem
sido as conquistas desta solução de
governo. Mas, mais do que isso, quer
mostrar o papel que o partido teve
na chamada “geringonça”. Quer
O BE privilegiará o contacto pró-
ximo com os eleitores, voltando às
ruas, como em campanhas anterio-
res, e usando as redes sociais. “O BE
vai tentar ter uma campanha que
recolha a melhor experiência de
anos anteriores, no contacto estreito
com pessoas, dos sectores popula-
res. Os últimos anos foram ricos nes-
se contacto com vários sectores pro-
Æssionais. Queremos ouvir as pes-
soas, os problemas delas, saber o
que viram de positivo da actuação
do BE e dos acordos, a par do debate
sobre a Europa e sobre o país, num
quadro de uma Europa em turbulên-
cia e em crise”, explica o bloquista,
sublinhando que o slogan “Lado a
lado”, que já está em outdoors, resu-
me bem o espírito da campanha.
Quanto às redes sociais, o BE deci-
diu criar um código de conduta e
gostava que houvesse um “compro-
misso formal de recusa de campanha
suja, dizendo os termos em que as
redes sociais serão usadas”.
mjlopes@publico.pt
Aliança às europeias
A actriz Rita Salema é a
mandatária do partido Aliança
às europeias, anunciou ontem
o partido liderado por Pedro
Santana Lopes. “Acredito em
pessoas e acredito em
projectos novos que podem
fazer a diferença e mudar o
que precisa de ser mudado”,
afirma Rita Salema num
comunicado divulgado pela
Aliança. “Há momentos em
que é preciso sermos
protagonistas e pormos as
nossas forças, capacidade,
saberes, disponibilidade ao
serviço das causas e das
equipas em que acreditamos.
Paulo Sande e toda a lista da
Aliança para as europeias
mostram que é possível trazer
gente nova, competente e
com provas dadas para a
política”, acrescenta a nota
enviada às redacções.
PRÉMIO
ISABEL 0. AGUIAR BRANCO( SILVA
Patrocínio
Fundação Eng. António de AlmeidD
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WƌŽŵŽǀŝĚŽ ƉĞůŽ ĞŶƚƌŽ ĚĞ >ŝƚĞƌĂƚƵƌĂ WŽƌƚƵŐƵĞƐĂ Ğ ĂƉŽŝĂĚŽ ƉĞůĂ
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14 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
POLÍTICA
PS quer limitar nomeações, incluindo
de primos, mas só legaliza o familygate
Socialistas pretendem discutir o assunto na Comissão da Transparência, cujos trabalhos se arrastam
há três anos, mas a direita defende que o Parlamento não tem competência para legislar sobre isto
Nomeações
Maria Lopes
À mesma hora em que em Belém se
fechava o escândalo que o primeiro-
ministro traçara como a linha verme-
lha para as relações no Governo — um
primo ter nomeado outro —, com a
tomada de posse do novo secretário
de Estado do Ambiente, o PS entre-
gava no Parlamento um projecto de
lei que impede nomeações de fami-
liares directos e até aos primos nos
gabinetes de apoio aos titulares de
cargos políticos.
Talvez não tenha sido coincidên-
cia. É que, nesse momento, o Gover-
no cabia a 100% nos novos limites
que os socialistas querem impor. Ou
seja, nada teria de mudar no execu-
tivo se estas regras entrassem em
vigor amanhã, e até viriam legitimar
todas as nomeações em actuais gabi-
netes ministeriais que levantaram
polémica nas últimas semanas. E,
assim, o PS tenta dar ao Governo o
banho de ética que tem ameaçado
manchar os resultados rosa nas elei-
ções já de Maio e de Outubro.
A proposta do PS prevê que os
membros do Governo não possam
nomear para o exercício de funções
nos seus gabinetes os seus cônjuges
ou unidos de facto e os Ælhos destes,
os seus ascendentes e descendentes,
os seus sogros, os irmãos e respecti-
vos cônjuges e unidos de facto, os
seus parentes até ao quarto grau na
linha colateral (os primos directos),
nem as pessoas com quem tenham
uma relação de adopção, tutela ou
apadrinhamento civil (padrinhos e
aÆlhados).
Esta inibição aplica-se a todo o
Governo mas também aos gabinetes
de apoio aos titulares de cargos polí-
ticos e públicos, incluindo as casas
Civil e Militar da Presidência da
República, os gabinetes da Assem-
bleia da República, dos parlamentos
dos Açores e da Madeira, assim como
dos respectivos grupos parlamenta-
res, e ainda dos órgãos das autar-
quias locais. E aplica-se ainda às
nomeações feitas pelos membros do
Governo para o exercício de cargos
de direcção superior, que também
não podem participar nas delibera-
Tomada de posse de novo membro do Governo pretende encerrar capítulo das nomeações polémicas
Marcelo quer proibir familiares em Belém
M
arcelo Rebelo de Sousa
entregou ontem, na
reunião semanal com o
primeiro-ministro, uma
proposta que ele próprio redigiu
de alteração à orgânica da
Presidência da República na
qual se proíbe qualquer
nomeação de familiares para
cargos em Belém. “Esta matéria
está nas mãos dos partidos, do
Governo e do Parlamento,
excepto numa parte que diz
respeito à Presidência da
República e em que eu tenho
praticamente pronto já um
projecto de diploma, mas que
tem de ser submetido ao
Governo porque o Presidente
não tem poderes legislativos,
sobre um regime de
impedimentos na Presidência”,
disse Marcelo Rebelo de Sousa
aos jornalistas, em Lisboa.
O anteprojecto impede a
nomeação de cônjuges e todos
os familiares em linha recta e
colateral, sem limite de grau,
para qualquer cargo em Belém.
Mas vai mais longe ao impedir a
nomeação de qualquer pessoa
que viva em economia comum
com o Presidente.
Marcelo quer, desta forma, dar
o exemplo ético daquilo que
entende ser desejável em
política: que ninguém possa
nomear parentes, seja qual for o
cargo ou grau de parentesco, ou
pessoas muito próximas. A
proposta não contém qualquer
indicação sobre como evitar
nomeações cruzadas porque na
Presidência a única pessoa que
pode nomear é o próprio chefe
de Estado. Leonete Botelho
MIGUEL MANSO
ções do Conselho de Ministros que
envolvam os seus familiares.
Apesar de não haver qualquer
proibição de nomeações cruzadas
(como um ministro nomear o Ælho
de outro para seu assessor, por exem-
plo), há uma nova regra de transpa-
rência: a nomeação de um cônjuge,
pais, avós, Ælhos ou netos, irmãos ou
cunhados de um membro do Gover-
no para o gabinete de outro membro
do Governo tem de ser publicitada
no respectivo site do executivo. Uma
regra que os socialistas foram
“beber” à chamada “lei Macron” —
que é, no entanto, menos restritiva
no leque de familiares não nomeá-
veis. As restrições também vão mais
longe do que as previstas no Código
de Processo Administrativo.
A violação destas regras obriga à
demissão de quem fez a nomeação e
determina a nulidade da mesma.
O deputado socialista Pedro Del-
gado Alves, que resumiu o sentido da
proposta do PS no Ænal da reunião
da bancada de ontem, na qual esta
tinha sido delineada, e depois na
Comissão da Transparência, aprovei-
tou para vincar que no actual Gover-
no “não há nenhum caso de nomea-
ções cruzadas relatado recentemen-
te”, rejeitando que o caso da mulher
do ministro Pedro Nuno Santos no
gabinete de Duarte Cordeiro se pos-
sa considerar uma nomeação cruza-
da “como as onze do passado, essas,
sim, revelando um eventual cruza-
mento”. Uma bicada a Cavaco Silva,
que negou casos destes no seu exe-
cutivo quando aÆnal eles existiam.
Pedro Delgado Alves vincou a
“total abertura” do PS para discutir
o assunto, defendeu que são “peque-
nas alterações” e desaÆou os outros
partidos a apresentarem propostas
— em especial o PSD, o CDS e até o
Bloco, os principais críticos do já
designado familygate. A intenção do
PS é debater a proposta na Comissão
da Transparência, como até propôs
o primeiro-ministro, mas a direita
não está para aí virada — e a decisão
vai depender de Ferro Rodrigues.
Além das críticas, PSD e CDS aponta-
ram problemas legais.
A quem compete?
A lebre foi levantada pelo secretário-
geral José Silvano. O dirigente social-
democrata criticou a iniciativa do PS,
defendendo que as normas sobre as
nomeações são “competência exclu-
siva do Governo”, pelo que só ele as
pode “resolver”. “O PSD quer saber
o que abrange, se é tudo; só vale a
pena aprovar legislação que resolva
todas as situações”, avisou Silvano,
colocando a fasquia bem alta. Depois
de ler a proposta, diria que ela “nem
resolve os ministros casados ou pai
e Ælha, nem as nomeações cruzadas”.
Também o presidente da Comissão
da Transparência, Marques Guedes,
disse: “A separação de poderes não
permite ” que o Parlamento altere as
regras dos gabinetes ministeriais.
Vânia Dias da Silva (CDS) argumen-
tou que “a questão da família do PS
é de bom senso; não se pode legislar.
Tem é de haver uma sanção política”,
e recusou mais trabalho para a
comissão. “Quem criou o problema
foi o Governo, cabe-lhe a ele resolvê-
lo; não é uma lei que o resolve.”
maria.lopes@publico.pt

Socialistas recuam
e apresentam proposta
para limitar a actuação
dos deputados advogados
Transparência
Maria Lopes
PS quer voltar à sua
proposta inicial, mas terá
de recorrer ao plenário,
porque o CDS recusou
novas mexidas
É um novo recuo do PS, desta vez
para voltar à sua proposta inicial de
limitar a actividade dos deputados-
advogados. Depois das críticas por
terem aceitado apoiar o PSD numa
alteração de última hora que man-
tém a possibilidade de os deputados
exercerem advocacia em escritórios
que façam contratos com o Estado,
os socialistas vão levar ao plenário a
sua primeira proposta, aprovada nas
votações indiciárias em Fevereiro.
O objectivo é que os deputados
fiquem impedidos de “integrar ou
prestar quaisquer serviços a socie-
dades civis ou comerciais” que exer-
çam funções de consultoria, emitam
pareceres ou exerçam o “patrocínio
judiciário” em processos, em qual-
quer foro, a favor ou contra o Estado
ou quaisquer entes públicos.
Porém, para o conseguir, o PS vai
ter de recorrer para o plenário da
assembleia, avocando a sua propos-
ta que foi chumbada na votação indi-
ciária. É que o presidente da comis-
são, Marques Guedes (PSD), só
admitia fazer novas votações se
todos os partidos concordassem e o
CDS recusou voltar a mexer nos tex-
tos já aprovados. Mas a norma pas-
sará, mesmo que o PSD vote contra
ou se abstenha, uma vez que o PS
tem consigo o Bloco e o PCP nesta
matéria.
O deputado Pedro Delgado Alves
justiÆcou o voto do PS que permitiu
a aprovação da norma que admite a
conjugação das funções parlamen-
tares e de advocacia com as dúvidas
então levantadas pelo PSD. “Nas
votações Ænais, o PSD tinha uma
dúvida sobre a constitucionalidade
do alargamento destas inibições
também à totalidade da sociedade
[de advogados] e, de facto, numa
primeira avaliação pareceu-nos pru-
dente fazer o escrutínio.”
Mas, depois de analisado o resto
do articulado, o PS considera agora
que já existem “mecanismos que
permitem a suspensão ou mesmo a
saída da sociedade por parte de
quem quer vir desempenhar uma
função pública”. “Manifestamente,
a solução que tínhamos anterior-
mente é mais sólida no sentido de
não gerar dúvidas ou interpretação
sobre o alcance das incompatibilida-
des”, argumentou Delgado Alves.
“Vamos repor aquela que era a
proposta inicial e o alargamento à
totalidade da sociedade, uma vez
que existe a Ægura da exoneração da
quota do sócio ou da suspensão da
mesma, de permitir que a sociedade
não Æque numa situação de prejuí-
zo, mas garantindo também que há
incompatibilidade do mandato,
quando esteja em causa qualquer
litígio que tenha que ver com uma
entidade pública”, justiÆcou ainda.
Apesar de não ser uma proibição
total de haver deputados que acu-
mulem com a actividade de advoga-
do, na prática, esta norma reduz
muito a capacidade de acção dos
deputados advogados, já que será
difícil encontrar escritórios de advo-
cacia que não litiguem contra o
Estado.
Como não é permitido mudar
questões que alterem o sentido dos
diplomas, também terá de ser vota-
da em plenário a introdução no regi-
me do lobby da obrigação de, nas
reuniões entre lobbyistas e políticos
ou a administração pública, Æcar
indicada a data e o objecto do encon-
tro, mas também a “matéria e a enti-
dade” cujo interesse está a ser repre-
sentado. Nesta proposta, porém, o
PS está dependente da mudança do
sentido de voto do PSD, já que o Blo-
co e o PCP são contra o diploma.
Pedro Delgado Alves falou
sobre o recuo dos socialistas
Martins Pereira ilibou Azeredo Lopes no caso do encobrimento
Ministro não sabia
de encenação, diz
chefe de gabinete
Tancos
Nuno Ribeiro
Martins Pereira não viu, na
leitura do memorando da
PJM, qualquer sinal de
ilicitude face às orientações
da Procuradoria
O chefe de gabinete de Azeredo
Lopes garantiu ontem que o então
ministro da Defesa Nacional não teve
conhecimento da encenação da Polí-
cia Judiciária Militar (PJM) para a
recuperação do material roubado
em Tancos. “Nunca tive conheci-
mento disso, creio que o senhor
ministro também não, nunca falá-
mos disso”, reiterou o tenente-gene-
ral António Martins Pereira sobre a
Operação Húbris, que levou à consti-
tuição de arguidos de responsáveis
da PJM. Ou seja, que ele e o seu
ministro desconheciam o modus ope-
randi da recuperação do material.
Martins Teixeira conÆrmou uma
reunião em Outubro de 2017, dois
dias após a recuperação do material,
com o coronel Luís Vieira, então à
frente da PJM, e o investigador major
Vasco Brazão. Também conÆrmou
que na reunião recebeu uma Æta do
tempo e um memorando. “O docu-
mento não era timbrado nem assina-
do, pareceu-me feito com alguma
pressa e para apoio à conversa.”
“Passei os olhos pelo documento.
O que me chamou a atenção foi que
alguém foi ao lado de lá [Margem
Sul] fazer uma chamada. Perguntei
se era para fazer de relay e acenaram
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 15
JOÃO RELVAS/LUSA
com a cabeça”, prosseguiu. Ou seja,
o telefonema anónimo que deu con-
ta da localização do material era
imposto pelo informador. “Não con-
segui descortinar que se tratava de
um encobrimento ou encenação, foi
uma operação na qual o informador
exigiu um conjunto de requisitos
para dar a informação.” Foi esta a
sua leitura. “Deixaram-me com a
indicação que depois o devia des-
truir”, relatou aos deputados. O que
não fez.
O chefe de gabinete recordou ain-
da a reunião de 4 de Julho em Tan-
cos, com destacados intervenientes,
entre os quais o Presidente da Repú-
blica. “A questão foi mencionada e
abordada”, disse sobre as queixas da
PJM por a Procuradoria-Geral da
República (PGR) ter entregado o caso
à PJ. Sobre uma distribuição de tare-
fas — com Belém a contactar a PGR;
e o ministro da Defesa a sua colega
da Justiça —, foi cauto. “Não tenho
ideia de essas ideias terem Æcado tão
deÆnidas”, sintetizou, referindo-se
à versão de uma audição anterior em
que o Presidente da República admi-
tira essa diligência.
Essa audição levou Marcelo Rebe-
lo de Sousa a emitir uma nota:
“Como o Presidente da República já
disse várias vezes, no Ænal da visita
a Tancos, o então ministro da Defesa
trouxe para junto de si o então direc-
tor da Polícia Judiciária Militar. O
Presidente da República disse-lhe
que haveria de o receber oportuna-
mente, audiência que acabou por
nunca se realizar.”
nribeiro@publico.pt
POLÍTICA
Manuel
Pizarro
embaraça
partido
Assiduidade
Margarida Gomes
O líder do PS-Porto integra
lista europeia e assessora o
Centro Hospitalar de São
João, onde é acusado de
falta de assiduidade
O alto comissário da Convenção
Nacional da Saúde (CNS), Manuel
Pizarro, é acusado de falta de assidui-
dade ao trabalho no Centro Hospitalar
de São João, no Porto, onde é assessor
do conselho de administração. Pizar-
ro faz parte de um grupo de pessoas
que não faz registo biométrico de
entrada ao serviço, o que lhe permite
trabalhar noutros sítios, nomeada-
mente na Casa de Saúde da Trindade
como director clínico, e participar nas
reuniões da Câmara do Porto, onde é
vereador sem pelouros.
O caso foi divulgado ontem pela
revista Sábado e, ao que foi possível
apurar, o PS Æcou incomodado com
a notícia que envolve o número nove
da lista do PS às europeias. Fonte
socialista lembrava ao PÚBLICO que
“Manuel Pizarro vai andar na rua a
fazer campanha e isto pode prejudi-
car eleitoralmente o partido”. Outro
socialista questionava: “Como é que
alguém que é cabeça de lista do PS às
europeias, alto comissário da CNS,
vereador da Câmara do Porto, que foi
secretário de Estado da Saúde e é pre-
sidente da federação do PS-Porto,
pode faltar ao trabalho e ter a sua pre-
sença registada?”
“Pouco põe os pés no hospital, não
é grande exemplo para um ex-secre-
tário de Estado do sector. Parece
achar que, por ser quem é, não tem
deveres mínimos de assiduidade. O
caso é conhecido há muito por toda a
gente no São João. E deu-me uma tra-
balheira arranjar os registos”, aÆrma
José Azevedo, do Sindicato dos Enfer-
meiros, à Sábado.
Especialista em medicina interna,
Pizarro é assessor do conselho de
administração do centro hospitalar e
tem isenção de horário, pelo que o
registo biométrico “não constituiu
medida adequada de assiduidade” e
“não está a ser usado”, diz a revista.
O PÚBLICO questionou Manuel
Pizarro, que não quis fazer comentá-
rios sobre o caso.
mgomes@publico.pt
16 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
POLÍTICA
O primeiro-ministro
deve ganhar mais?
Face à possibilidade de alguns juízes virem a ganhar mais
do que o primeiro-ministro, o PÚBLICO ouviu várias
personalidades sobre o vencimento do chefe do Governo
Classe política
Filipa Almeida Mendes
e Maria João Lopes
A discussão sobre a proposta do PS
— que prevê o aumento dos salários
dos juízes dos tribunais superiores
num máximo de cerca de 500 euros
brutos por mês, o que signiÆca que
alguns magistrados passariam a
ganhar mais do que o primeiro-minis-
tro — vai além do Parlamento. Levan-
ta-se a questão: deverá o salário do
primeiro-ministro ser actualizado?
O tema não é consensual. Os parti-
dos que apoiam a solução de Governo
não vêem qualquer urgência na ques-
tão e arrumam-na para o lado. “O
aumento do salário do primeiro-mi-
nistro não é uma prioridade. O que é
uma prioridade é o aumento dos salá-
rios que ganham menos na sociedade
portuguesa”, diz o deputado bloquis-
ta José Manuel Pureza.
O PCP prefere nem sequer comen-
tar a ideia. O deputado António Filipe
diz apenas que o partido não está a
preparar qualquer proposta nesse
sentido.
É mais ao centro e à direita que o
vencimento do primeiro-ministro é
uma questão. Paula Teixeira da Cruz,
advogada e antiga ministra da Justiça,
no Governo de Passos Coelho, enten-
de que toda a casa precisa de um tecto,
embora este não deva Æcar demasiado
baixo. “Eu penso que o princípio de
manter o tecto do salário do primeiro-
ministro é correcto, mas também pen-
so, com toda a certeza, que o salário
do primeiro-ministro actualmente não
corresponde à exigência das funções”,
explica, recordando que “já vão mui-
tos anos” desde que o vencimento do
chefe do Governo foi congelado.
A antiga ministra não tem dúvidas
de que os juízes também não “estão a
receber aquilo que deveriam rece-
ber”. Os ajustamentos devem ser fei-
tos, diz, “se as possibilidades do país
o permitirem”, tendo em atenção “a
economia de esforço do país”.
Mas quanto ganha, aÆnal, o primei-
ro-ministro? O PÚBLICO pegou na lei
e, partindo do salário do Presidente
da República, fez as contas: o salário-
base do chefe de Governo é, assim, de
5436,61 euros, valor a que se juntam
2174,65 euros de despesas de repre-
sentação. Isto signiÆca que, aplicando
o corte de 5% em vigor, o primeiro-
ministro aufere actualmente 7610,96
euros, antes de impostos. Quando
este corte deixar de ser aplicado, o
salário-base passará a ser 5722,75; as
despesas de representação terão o
valor de 2289,10 e o total chegará,
então, a 8011,85 euros brutos.
António Pires de Lima, militante do
CDS e antigo ministro da Economia,
acha que o primeiro-ministro e os
políticos em geral “ganham pouco”.
Mas considera que “esse problema
não deve contaminar o resto da admi-
nistração pública” e que “determina-
das funções — como já aconteceu com
os administradores das entidades
reguladoras — devem ter salários com-
petitivos”. “Eu vejo o problema, mas
acho que não se deveria limitar os
salários dos juízes, porque a origem
do problema é o baixo salário do pri-
meiro-ministro”, sublinha Pires de
Lima. Quanto ao nível salarial da clas-
se política, observa que “é um proble-
ma que se arrasta na sociedade por-
tuguesa há vinte anos”. “Aquilo que
acho estranho é que os próprios polí-
ticos não tenham a coragem de denun-
ciar a situação e de propor medidas
para a corrigir”, diz.
Salientando que, “às vezes, quase
Torna-se mais
avisado não
aumentar os
salários dos
magistrados
para além
daquilo que são
as remunerações
do Presidente
da República e do
primeiro-ministro,
diz Pedro Adão
e Silva
DANIEL ROCHA
parece que os próprios políticos estão
interessados nesta mediania e medio-
cridade de salários”, o antigo governan-
te explica que isto acaba por ser um
factor de exclusão. “O papel dos políti-
cos não é submeterem-se àquilo que é
politicamente correcto ou politicamen-
te conveniente. Neste caso, aquilo que
é prejudicado, de uma forma objectiva,
ao longo já de muitos anos, é o exercí-
cio e a oportunidade de pessoas com
outro tipo de exigências se dedicarem
em exclusivo à actividade política”,
argumenta o militante do CDS.
“Quando aceitei ser ministro de um
Governo, aceitei também ter um cor-
te nas minhas condições remunerató-
rias de 80% ou 90%”, explica. Mas
apesar de o ter aceitado, diz, não
defende que essa seja a regra, “até
porque há pessoas muito competen-
tes e com alguma vontade de partici-
parem na vida política do país que não
estão em condições de fazer esse
sacrifício”.
“Aceitamos que em exercícios de
responsabilidade no sector privado
ou no desporto se paguem salários
competitivos, às vezes milionários, e
depois essas mesmas pessoas, o mes-
mo povo, acha que os políticos even-
tualmente devem ser miseravelmente
pagos”, diz.
O ex-ministro da Economia defende
que os salários, “nomeadamente das
pessoas que exercem cargos governa-
tivos e dos deputados que estão em
exclusivo na função política, para além
de outros cargos eventualmente ao
nível autárquico”, deveriam ser revis-
tos, assim como alguns cargos na
administração pública, como é o caso
dos juízes. Porém, explica que este é
“um plano que, se calhar, não pode
ser executado num só dia”. O objecti-
vo, a longo prazo, seria caminharmos
para “uma situação de maior valoriza-
ção e remuneração” e “para patama-
res mais competitivos e mais dignos,
que permitissem que as funções polí-
ticas pudessem ser mais valorizadas e
também atrair outro tipo de pessoas
que assim não têm condições de exer-
cer a vida política em Portugal.”
Por outro lado, Marcos Perestrello,
ex-secretário de Estado da Defesa
Nacional e deputado do PS, entende O vencimento do primeiro-ministro sofre cortes desde 2010

que “é preciso ter uma visão sistémica
do problema”. Para tal, diz ao PÚBLI-
CO, “é preciso coragem política que
até hoje tem faltado”, fazendo ecoar
a palavra demagogia.
“Os responsáveis políticos, ao longo
dos anos, têm embarcado num dis-
curso demagógico em torno da ques-
tão dos rendimentos dos titulares de
cargos políticos. Nas actuais circuns-
tâncias não se pode exigir a determi-
nadas carreiras qualiÆcadas da função
pública que Æquem amarradas à
demagogia e à incapacidade que mui-
tos dos responsáveis políticos têm tido
de enfrentar esse problema”, sublinha
Marcos Perestrello.
Já Pedro Adão e Silva, professor do
ISCTE-IUL doutorado em Ciências
Sociais e Políticas e militante do PS,
explica ao PÚBLICO que o centro da
questão está no facto de “os valores
das remunerações terem como tecto
referencial o salário do Presidente da
República”.
“Manifestamente acho difícil que
haja cargos e funções da administra-
ção pública que ultrapassam o salário
do primeiro-ministro ou do Presiden-
te da República. E como há um pro-
blema com as progressões nas carrei-
ras, na fase Ænal das carreiras, em
várias proÆssões, não apenas nas
magistraturas — isto é, nos últimos
anos de carreira as progressões sala-
riais são quase inexistentes — isto por-
ventura obriga a mexer na remunera-
ção do Presidente da República e do
primeiro-ministro”, diz o especialista
em ciências políticas.
Para o militante do PS, o problema
está, neste momento, “nos políticos
com funções executivas, não nos
deputados”. “Nos deputados o que é
preciso é até uma simpliÆcação das
remunerações e maior transparência
na maneira como se formam as remu-
nerações dos deputados, não acho
que seja adequado falar de aumen-
tos”, diz. Porém, salienta que, “nal-
gum momento” será necessário dis-
cutir sobre as funções executivas,
entre as quais secretários de Estado e
ministros, pois “do ponto de vista das
exigências e da responsabilidade, as
remunerações não são adequadas”.
“O número de pessoas disponíveis
para ter responsabilidades governati-
vas em Portugal tem baixado e a ques-
tão da remuneração começa também
a ser um problema porque, no sector
privado, para funções que não são
comparáveis mas com algum tipo de
equivalência, as remunerações são
melhores”, conclui.
Também na administração pública,
explica, há uma discussão constante
“sobre saber se se aumentam mais os
salários baixos ou se, pelo contrário,
se aumentam os salários das funções
de direcção e cargos de cheÆa”. “A
opção tem sido sempre aumentar
mais os salários mais baixos e temos
o problema de alguma desnatação das
cheÆas da administração pública e das
funções mais qualiÆcadas e, portanto,
há aí um problema remuneratório”,
acrescenta.
Ainda assim, Pedro Adão e Silva crê
que não existem “condições sociais
nem políticas” para se discutir sobre
um aumento dos salários dos repre-
sentantes políticos. “Há uma descon-
Æança e um desprestígio da política e
dos políticos que inviabiliza essa dis-
cussão. De tal forma que, se bem per-
cebo, ainda não foram repostos os
cortes aos salários dos políticos,
enquanto os de todos os outros gabi-
netes já foram devolvidos”, nota.
“A pior coisa que os políticos
podiam fazer era abrir uma discussão
sobre as remunerações dos políticos.
Mas eu acho que, não sendo possível
abrir essa discussão (porque acho que
não é), é preferível manter alguma
racionalidade na forma como os salá-
rios são calculados. Na verdade, ter
aqui uma proÆssão que pode, no Ænal
da carreira, ter remunerações supe-
riores às dos políticos introduz irracio-
nalidade na organização”, diz. Por
isso, conclui Pedro Adão e Silva, não
havendo condições para se ter esta
discussão, “se calhar torna-se mais
avisado não aumentar os salários dos
magistrados para além daquilo que
são as remunerações do Presidente da
República e do primeiro-ministro”.
Em 2016, também Ferro Rodrigues,
presidente da Assembleia da Repúbli-
ca, defendeu em entrevista ao Expres-
so a reposição de um regime de apoios
Ænanceiros a ex-deputados e ex-gover-
nantes, sublinhando, à data, que “os
ordenados que os deputados recebem
são maiores que os de muitos portu-
gueses mas inferiores aos de deputa-
dos de outros países da Europa com
praticamente o mesmo nível de des-
envolvimento” e que “os políticos não
podem ser colocados perante a ideia
de que é mau haver subvenções vita-
lícias, é mau sair para uma empresa
privada, e é tudo mau”.
filipa.mendes@publico.pt
mjlopes@publico.pt
O QUE ELES DIZEM
Prioridade é o aumento
dos salários que ganham
menos na sociedade
portuguesa
José Manuel Pureza
Deputado do Bloco
de Esquerda
É preciso coragem
política que até hoje
tem faltado
Marcos Perestrello
Deputado do PS
A pior coisa que os
políticos podiam fazer
era abrir uma discussão
sobre as remunerações
dos políticos
Pedro Adão e Silva
Profissão
Quase parece que os
próprios políticos estão
interessados nesta
mediania e mediocridade
de salários
António Pires de Lima
Ex-ministro da Economia, CDS
Quando aceitei ser
ministro, aceitei
também ter um corte
nas minhas condições
remuneratórias de 80%
ou 90%
Idem
dem
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 17
7610
euros é a remuneração mensal,
antes de impostos, do
primeiro-ministro, já com o
corte de 5% aplicado desde
2010 aos salários dos políticos
Jerónimo fez as pazes com Costa
Hora H
Helena Pereira
A política tem coisas
enternecedoras. Há paixões, zangas
e alianças. Mesmo em documentos
oÆciais, extensos e por vezes
indecifráveis como os comunicados
do comité central do PCP.
No ano passado, os comunistas
estavam irritados com o
primeiro-ministro, olhavam para ele
e parecia que só viam defeitos. O
comunicado da reunião de Julho
repetia 21 vezes que o PS se tinha
colocado não apenas ao lado do PSD
de Rui Rio, mas, pior — na liturgia da
Soeiro Pereira Gomes — ao lado do
CDS de Assunção Cristas. A
mensagem era clara: Costa pouco se
diferenciava da direita e tudo o de
bom, e “de esquerda”, que o
Governo Æzera tinha sido graças ao
PCP. No início de Janeiro do ano
passado, alertavam para os riscos do
ressurgimento de um novo bloco
central. Havia um perigo sério de
Costa aliar-se ao PSD.
Eis que subitamente (quase) tudo
mudou. Esta semana, o comité
central, que se reúne normalmente
de seis em seis meses, foi muito
mais brando com o PS. Mas que
aconteceu à “persistência do
Governo minoritário do PS em
opções e políticas que não rompem
com décadas de política de direita
e que mantém e agrava os
problemas do país”? Não, não é
uma frase de 1980 nem de 2014. É
de Julho de 2018, quando a
“geringonça” fazia o seu caminho
com uma solidez inimaginável no
momento da sua criação.
Nessa altura, o Verão do ano
passado, Jerónimo de Sousa e o PCP
estavam preocupados com a
negociação do Orçamento do
Estado para 2019 — o último da
legislatura. Agora, estão mais
preocupados com a campanha
eleitoral (para as europeias de Maio
POLÍTICA
e para as legislativas de Outubro). O
que interessa é puxar os galões por
tudo o que pode render votos: “A
redução do preço dos passes
sociais; a eliminação do Pagamento
Especial por Conta para micro,
pequenos e médios empresários; o
aumento extraordinário das
pensões de reforma e a majoração
dos abonos de família; a redução do
IRS decorrente do alargamento do
número de escalões e de redução
das taxas; o novo impulso na
valorização remuneratória na
Administração Pública, em Maio.” E
não atacar os parceiros dessa
solução inédita.
E é carinhosa a forma como os
comunistas lembram também o
seu contributo para o crescimento
da economia: “Na verdade, o
crescimento médio anual do PIB,
que nos últimos três anos foi de
2,3% ao ano — contrastando com o
crescimento médio anual de
apenas 0,5% entre 2013 e 2015 —,
teve na procura interna, e em
especial no consumo privado,
associado ao rendimento
disponível das famílias, elemento
determinante.”
Se há dúvidas sobre se o PCP
tentará reeditar a “geringonça”
depois das eleições de Outubro, o
órgão máximo do partido entre
congressos aponta o caminho: “Aos
trabalhadores e ao povo está
colocada a opção de escolher
avançar e não de andar para trás.” O
que é o mesmo que dizer que
pequeninos passos em frente são
sempre melhores do que deixarmos
que alguém nos empurre para atrás.
Mas, atenção, não são só estas as
novidades que o último comité
central traz. Recupera também uma
expressão que há muito o PCP não
empregava desta forma: há em
Portugal uma real ameaça de
“soluções de carácter populista e
fascizante”. Sim, vale a pena ler os
longos comunicados da Soeiro
Pereira Gomes. E não, o PCP não é
um partido adormecido ou
completamente parado no tempo.
Jornalista. Escreve à sexta-feira
helena.pereira@publico.pt
18 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

SOCIEDADE
Alegre desistiu de recurso contra
militar. Supremo julgou na mesma
O histórico socialista avançou com um recurso contra militar para receber 75 mil euros, mas depois
decidiu desistir. Em Março recebeu uma sentença. Tribunal diz que foi “lapso”
DANIEL ROCHA

Justiça
Sónia Trigueirão
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ)
proferiu uma decisão a 13 de Março
sobre um recurso do histórico socia-
lista Manuel Alegre já depois de este
ter desistido do mesmo em Agosto de
2018. O gabinete de comunicação do
STJ conÆrmou, explicando que se
tratou de “um lapso” e que a decisão,
que negava provimento ao pedido do
ex-político, já foi anulada.
Na origem de todo este processo
estiveram diversos artigos escritos
por Brandão Ferreira, entre 2010 e
2011, contra Manuel Alegre. Os artigos
foram publicados no jornal O Diabo e
no blogue O Novo Adamastor. O mili-
tar acusava o então candidato à Pre-
sidência da República de incitar “à
deserção das tropas portuguesas e ao
não cumprimento do dever militar”
durante a Guerra Colonial, de apoiar
e promover “actos de sabotagem con-
tra o esforço de guerra português” e
de, em resumo, ter cometido actos de
traição à pátria. Alegre processou-o.
E teve início um processo que se tem
vindo a arrastar.
O político recorreu da decisão do
Tribunal da Relação de Lisboa (TRL)
que, em Maio de 2016, condenara o
tenente-coronel Brandão Ferreira a
pagar-lhe 25 mil euros por difamação
e não os 75 mil que Alegre exigia. Mas A 13 de Março, Manuel Alegre foi surpreendido com uma sentença que não lhe dava razão
desistiu do recurso em Agosto do ano
passado. Brandão Ferreira pagou cerca de 34 militar, explicou ao PÚBLICO que o nulidade da sentença ainda no TRL,
Contudo, a 13 de Março último foi
Manuel Alegre diz mil euros. Agora, em declarações ao representante do histórico socialista o tenente-coronel avançou para o
surpreendido com uma sentença que apenas que, para PÚBLICO, relembrou que foi “absol- pediu a nulidade dessa sentença, ale- Tribunal Constitucional (TC) com o
não lhe dava razão: “Considerando a vido em primeira instância”, em 2014, gando que não tinha sido devidamen- argumento de que havia inconstitu-
matéria de facto provada e de acordo
ele, este assunto e que “estranhamente a Relação pro- te notiÆcado do parecer do Ministério cionalidade porque estava em causa
com os critérios supra-referidos, mos- está “encerrado”, duziu dois acórdãos”. Público e que isso constituíra uma uma violação do principio do juiz
tra-se justa, equilibrada e proporcio- Foi em Fevereiro de 2015 que o TRL irregularidade. O tribunal aceitou o natural, uma vez que o processo foi
nal a quantia de 25 mil euros Æxada
na medida em que conÆrmou a absolvição do ex-militar argumento. entregue a outro juiz, que não o ori-
no acórdão recorrido a título de já recebeu a decidida na primeira instância: “No Entretanto, o juiz desembargador, ginal.
indemnização por danos patrimo- caso dos autos, não se nos aÆgura Carlos Benido, que tinha assinado a O argumento não foi colhido, uma
niais sofridos pelo demandante
indemnização (de estarmos perante um ataque pessoal sentença que absolvia o militar jubi- vez que, perante a jubilação do juiz e
cível”, lê-se na decisão do Supremo, 25 mil euros) e que gratuito mas antes estamos perante lou-se e o recurso foi novamente a impossibilidade deste continuar, a
que acabou por ser anulada a 20 de uma invectiva política que transborda redistribuído a outro juiz. redistribuirão do processo foi feita
Março.
desistiu de pedir com frequência para o plano pessoal: Em 2016, já numa nova sentença, dentro das regras, entenderam os
Ao PÚBLICO, Alegre disse apenas os 75 mil euros são esses os riscos do jogo político e Brandão Ferreira foi condenado ao juízes do TC.
que, para ele, este era “assunto encer- do livre debate de ideias que consti- pagamento de 25 mil euros por difa- O militar ainda recorreu ao Tribu-
rado”, na medida em que já recebeu
no ano passado tuem as garantias de uma sociedade mação. Alegre recorreu para o STJ, nal Europeu dos Direitos Humanos,
a indemnização (25 mil euros) e que democrática”, lia-se. Conta Brandão porque queria os 75 mil euros e não mas o processo não foi aceite por ter
desistiu de pedir os 75 mil euros no Ferreira que este acórdão, que o apenas os 25 mil, mas desistiu no ano entrado fora do prazo.
ano passado. absolvia, foi anulado. passado.
Com custas judiciais e multas, Alexandre Lafayette, advogado do Depois de requerer, sem êxito, a sonia.trigueirao@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 19

SOCIEDADE

Marroquino que acusa Grupo para a alimentação

compatriota de
terrorismo contradiz-se
em tribunal
Julgamento
Ana Henriques
Juiz de instrução Ivo Rosa já
tinha assinalado
fragilidades no depoimento
daquela que é a principal
testemunha da acusação
A principal testemunha de acusação
do caso do cidadão marroquino acu-
sado de terrorismo, o sexagenário
Abdessalam Tazi, entrou ontem em
contradição em tribunal.
Mohamed El Hanafi acusa o com-
patriota Tazi de ter feito uma lavagem
cerebral ao irmão Hicham, detido em
França pelo mesmo tipo de crime,
para o converter às Æleiras do auto-
proclamado Estado Islâmico. Tazi e
Julgamento decorre no Campus
da Justiça, em Lisboa
saudável quer ver
universitários a comer melhor
Saúde
Patrícia Carvalho
Avaliação da Estratégia
para a Alimentação
saudável recomenda
rótulos mais
compreensíveis
O grupo de trabalho responsável pela
Estratégia Integrada para a Alimenta-
ção Saudável (EIPAS) quer contribuir
para a “deÆnição de linhas estratégi-
cas para a melhoria da oferta alimen-
tar nas instituições públicas de ensino
superior”, por considerar que os estu-
dantes universitários “podem ser
considerados um grupo de risco para
hábitos alimentares desadequados e
aumento de peso”. Esta é uma das
conclusões do relatório que analisa a
progressão da EIPAS no segundo
semestre de 2018.
O grupo propõe também alterações
no rótulos dos alimentos e lembra um
estudo que demonstrou a incapaci-
dade de muitos portugueses em
entender “o actual modelo de rotula-
gem nutricional, uma vez que 40%
dos inquiridos” demonstraram não a
compreender. A Direcção-Geral da
Saúde (DGS) está analisar os resulta-
dos desse trabalho para recomendar
ao Governo um modelo a aplicar.
“Não temos dúvidas de que o actual
não cumpre a sua função. Uma gran-
de percentagem da população não
consegue interpretar a informação.
Conseguimos comparar dois alimen-
tos e comparar o sal ou açúcar, mas
grande parte da população não con-
segue perceber se a quantidade é
baixa, moderada ou excessiva”, assu-
me a nova directora do Programa
Nacional para a Alimentação Saudá-
vel da DGS, Maria João Gregório.
No relatório de avaliação à EIPAS,
ontem tornado público, é também
revelado que a a anunciada monito-
rização do cumprimento das metas
deÆnidas para a redução do açúcar,
sal e gordura nos produtos alimenta-
res será feita pela empresa Nielsen,
em parceria com a DGS e o Instituto
Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
com Ana Maia
patricia.carvalho@publico.pt
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Hicham chegaram a viver juntos em Hicham a aliciá-lo com a “vida boa”

quartos alugados em Aveiro, sendo
suspeitos de ter preparado em Portu-
gal ataques em solo europeu que aca-
baram por nunca vir a ter lugar. Ape-
sar de terem permanecido em terri-
tório nacional ao abrigo do estatuto
de refugiados e dos seus magros ren-
dimentos, viajaram por vários países
da Europa e da América do Sul.
Com 30 anos, Mohamed El HanaÆ
chegou a Portugal em 2015, cerca de
ano e meio depois do irmão Hicham.
Diz que não o reconheceu, quando
o visitou em Aveiro. “Parecia que
estava a falar com outra pessoa. Em
Marrocos levava uma vida “normal”,
“bebia álcool ao Æm-de-semana” e
tinha namoradas. Quando o encon-
trou em Portugal, admirou-se ao
perceber que falava muito de reli-
gião. “Mudou completamente, só
falava da jihad.”
Conta que tanto ele como Tazi o
terão tentado convencer a juntar-se à
“guerra santa” e a viajar para a Síria,
país onde Hicham lhe contou que
tinha estado durante dois meses, em
treinos. “Achei estranho que andas-
sem sempre com as carteiras cheias
de dinheiro. Diziam que se vivia bem
na Síria, que havia trabalho, que se
praticava o islão e se ganhava no míni-
mo 1900 euros por mês”, disse tam-
bém o marroquino, que é serralheiro
de proÆssão e mora com a mulher nos
arredores de Lisboa.
O problema é que, quando foi inter-
rogado pelos procuradores que inves-
tigaram este caso, na fase de instrução
do processo, Mohamed El HanaÆ
assegurou que tinha sido sempre
de que podia usufruir na Síria. “A mim
o Tazi nunca me disse para ir para a
Síria”, aÆrmou de forma peremptória
quando foi inquirido em 2018. Porém,
naquela altura foi interrogado na pre-
sença do arguido, de quem aÆrma ter
medo, ao contrário do que sucedeu
ontem no Campus da Justiça.
Estas contradições não escaparam
ao advogado do arguido, Lopes Guer-
reiro, que, mesmo sem entrar em
detalhes, assinalou que esta é a ter-
ceira versão dos factos apresentada
por Mohamed El HanaÆ. De resto, o
juiz de instrução do caso, Ivo Rosa,
que não pronunciou Tazi para ser
julgado por terrorismo, mas foi
depois ultrapassado pelo Tribunal da
Relação nessa decisão, já assinalara
que o depoimento que fora prestado
apresentava “com algumas fragilida-
des”, precisamente em virtude das
suas contradições. O serralheiro con-
ta ainda que as mulheres da sua famí-
lia — a mãe, as quatro irmãs e as res-
pectivas Ælhas — rumaram todas à
Síria também por inÇuência de Tazi
e de Hicham. Agora querem sair de lá
e não as deixam, garante. “Tazi tem
de pagar pelo que fez à minha famí-
lia”, observa.
Preso preventivamente na cadeia
de alta segurança de Monsanto, o
arguido sempre negou qualquer liga-
ção ao Daesh. Quanto às acusações
do compatriota, diz que é uma vin-
gança por nunca ter alinhado nos
negócios de tráÆco de droga em que
o outro o queria envolver.
abhenriques@publico.pt
20 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
SOCIEDADE
InterRail gratuito chega a mais
40 mil jovens de 18 anos.
Objectivo é vir a oferecê-lo a todos
Juventude
Carlos Cipriano,
em Bruxelas
Projecto-piloto já permitiu
oferecer passes grátis a
milhares de jovens
europeus. “É uma prenda”
pela chegada à idade adulta
Há 16 milhões de euros disponíveis
este ano para garantir passes de
InterRail gratuitos a 40 mil jovens
europeus de 18 anos. As candidatu-
ras arrancam a 2 de Maio e decor-
rem até dia 16 desse mês. Mas a
intenção da Comissão Europeia é
vir a universalizar esta medida e
fazer com que o InterRail seja uma
espécie de “direito adquirido” para
qualquer cidadão no ano em que
chega à idade adulta. Em 2019
podem concorrer os jovens nasci-
dos entre 2 de Julho de 2000 e 1 de
Julho de 2001.
O programa DiscoverEU foi lança-
do em Junho do ano passado, na
sequência de uma proposta do Par-
lamento Europeu, que assegurou um
Ænanciamento de 12 milhões de
euros para esse ano. A 1.ª fase garan-
tiu passes grátis a 15 mil jovens de 18
anos que tiveram a hipótese de viajar
de Julho de 2018 a Outubro desse
ano. Uma segunda fase de candida-
turas decorreu ainda em Novembro.
Concorreram 80 mil, segundo dados
da Comissão Europeia. Conseguiram
um passe grátis 14.500, dos quais 291
portugueses (tinham concorrido
6300). Têm de os usar agora, entre
Abril e Outubro deste ano.
“É uma grande etapa da vida deles,
é o momento em que passam a ter
mais responsabilidades e isto é uma
prenda por terem chegado à comu-
nidade dos adultos”, diz Natascha
Sander, técnica da direcção-geral
para a Educação, Juventude, Despor-
to e Cultura, da Comissão Europeia.
O terceiro round de candidaturas
começa já em Maio. Os passes per-
mitem viajar (sobretudo) de comboio
em 31 países. Haverá um sorteio, sen-
do o número dos passes a oferecer
em cada país deÆnido em função do
número de habitantes. Os interessa-
dos têm de ter 18 anos, nacionalidade
de um dos Estados-membros da
União Europeia (UE), inscrever-se e
responder a um pequeno questioná-
rio no site do DiscoverEU. Terão de
Próxima fase de candidaturas ao programa europeu arranca em Maio
viajar entre Agosto deste ano e Janei-
ro do próximo. É possível estar no
Natascha Sander considera que a
experiência-piloto tem vindo a reve-
estrangeiro até um mês, mas o núme- lar-se um êxito. Agora, está em dis-
ro de dias que se pode efectivamen-
te passar a viajar é de sete. O Inter-
cussão o seu prolongamento por
mais sete anos. Em Maio, a Comissão
Rail que é oferecido custa 258 propôs 700 milhões de euros para o
euros. período 2021-2027. Se o Parlamento
Europeu e o Conselho aprovarem a
proposta, mais 1,5 milhões de jovens
de 18 anos poderão viajar nesse
Passes InterRail vendidos período de sete anos, segundo as
nos últimos anos pela CP contas da Comissão. O montante é
São maioritariamente adquiridos ainda insuÆciente para abranger
por jovens com idades inferiores todos os europeus de 18 anos (esti-
a 28 anos (cerca de 80%) ma-se que sejam necessários 1500
milhões de euros por ano para “uni-
versalizar” o InterRail para todos).
2014 2285 Mas essa é a meta assumida pela
Comissão.
2015 2482 O PÚBLICO questionou a CP sobre
quantos portugueses foram já abran-
gidos pela iniciativa da UE que ofe-
2016 1836 rece passes grátis no conjunto das
duas fases de candidaturas que já
decorreram. Mas a CP não dispõe
2017 1563 dessa informação. Já sobre os passes
InterRail vendidos em Portugal nos
2018 1135 últimos anos, nota-se uma tendên-
cia para uma diminuição desde
2015. Nesse ano tinham sido 2285 e
Fonte: CP PÚBLICO
no ano passado 1135. “Estes passes
PAULO PIMENTA
em Portugal são maioritariamente
adquiridos por jovens com idades
inferiores a 28 anos (cerca de 80%),
adultos até aos 59 anos e adultos
acompanhados de crianças até aos
11 anos (cerca de 16%) e por seniores
a partir dos 60 anos, que represen-
tam cerca 4% das vendas totais”, faz
ainda saber a CP.
O alargamento do programa impli-
cará também um aprofundamento
da distribuição das suas receitas
entre os operadores ferroviários
envolvidos. Os jovens do Norte da
Europa viajam preferencialmente
para os países do Sul ou do Leste e
os destes últimos acabam por evitar
estadias nos destinos mais caros. O
resultado é uma maior procura sobre
os caminhos-de-ferro dos países
mediterrânicos e os do Leste.
A Comissão quer ainda melhorar
o programa. Pretende que as regiões
e as cidades possam acolher os
jovens com actividades sociais e cul-
turais, aprendizagem de línguas e até
facilidades no alojamento.
O PÚBLICO viajou a convite do
Centro de Informação Europe
Direct do Oeste e Lezíria do Tejo
Breves
Arouca
ME investiga alegado
abuso sexual no
interior de escola
O Ministério da Educação
“instaurou um inquérito” a um
caso de um alegado abuso
sexual de uma aluna do 5.º ano
no interior da Escola
Secundária de Arouca, que
terá ocorrido no início de Abril.
A decisão foi tomada após
notícias na comunicação
social. A situação também
está a ser investigada pelo
Ministério Público. Em
declarações à Lusa, a directora
da secundária de Arouca disse
esta semana que a suspeita de
terem ocorridos abusos na
escola é “totalmente falsa”.
Um dos responsáveis da
associação de estudantes
disse que apresentou este
caso à vice-directora da
escola, a 3 de Abril, mas que
lhe foi dito que eram “boatos”.
Trabalho
ACT participa caso
de funcionária
despedida ao MP
A Autoridade para as
Condições de Trabalho (ACT)
remeteu uma participação ao
Ministério Público sobre os
“factos e circunstâncias
relacionados com o processo
de assédio moral” que envolve
a trabalhadora Cristina
Tavares e a corticeira de onde
foi despedida, a Fernando
Couto – Cortiças S.A., de
Santa Maria da Feira. A
informação consta duma
resposta do Ministério do
Trabalho a uma pergunta do
grupo parlamentar do PS
sobre os “graves abusos”
exercidos pela empresa sobre
a trabalhadora. A corticeira foi
alvo de processos de
contra-ordenação por parte da
ACT, que fez ainda queixa à
Comissão de Protecção de
Dados “por uso indevido do
sistema de videovigilância”.

Porque é que o #MeToo
é mais do que uma caricatura
Opinião
Júlia Garraio
Pacheco Pereira (P.P.) acusou
recentemente o #MeToo de ser
reacionário, puritano e hostil à
heterossexualidade, num texto
que reduz um movimento diverso
e complexo, nas suas tantas
expressões geográÆcas, a uma
caricatura.
Antes de tudo, uma clariÆcação:
nada na identidade sexual de P.P.
inviabiliza ou desvaloriza o seu
contributo para o debate. Casos
mediáticos pós-#Metoo como os
que atingiram Kevin Spacey e Avital
Ronnel envolveram precisamente
alegadas vítimas masculinas. O
problema do texto de P.P. tão-
-pouco se prende com a falta de
“experiência vivida” que
supostamente legitima a palavra. O
que torna o seu texto tão
problemático é a forma como
invisibiliza questões centrais do
#MeToo e, nesse esforço, ecoa
certos lugares-comuns que tanto
têm contribuído para a
perpetuação da cultura machista
que P.P. diz repudiar.
Os começos do #MeToo
levam-nos à ativista negra
norte-americana Tarana Burke. Em
2006, perante a dimensão de
assédio e violência sexual que
atingia jovens negras de meios
sociais desfavorecidos, lançou a
campanha MeToo no MySpace,
com o objetivo de criar empatia
com e entre quem sofrera abuso
sexual. Era um movimento
direcionado às vítimas, que
assumia que a capacidade de estas
mulheres superarem as suas
experiências traumáticas passava
por serem ouvidas com empatia, o
que as ajudaria a libertar-se do
isolamento e a lidar com a dor e o
sentimento de injustiça. Em 2017,
no contexto das denúncias ao
produtor de Hollywood Harvey
Weinstein, o #MeToo tornou-se
viral. Tarana Burke reconheceu
que, apesar de o meio
socioeconómico e as identidades
envolvidas serem tão diferentes —
nesse momento, as denúncias
provinham de atrizes famosas que
nunca tinham sofrido racismo —,
estava perante uma constelação
que Burke conhecia tão bem do seu
trabalho comunitário: relações
laborais marcadas por fortes
desigualdades que permitiam a
homens em lugares de poder
assediar, chantagear e violar
mulheres jovens em situação
laboral subalterna.
Sabemos que Tarana Burke tem
tecido várias críticas a alguns
caminhos e manifestações do
#MeToo, sobretudo à obsessão
incriminatória de alguma
comunicação social sensacionalista
na cobertura dos casos mais
mediáticos. Burke não deixou,
todavia, de apoiar o movimento,
incentivando-o sobretudo por, ao
criar espaço para discutir as várias
dimensões do assédio e da
violência sexual, estar a fomentar
um debate necessário capaz de
contribuir para a mudança social.
Nesse sentido, tem-se esforçado,
juntamente com outras ativistas,
por reclamar o potencial
emancipatório do movimento: por
um lado, insistindo na necessidade
de o movimento voltar a centrar-se
nas questões estruturais que fazem
com que sejam maioritariamente
mulheres a trabalhar em sectores
laborais desfavorecidos,
frequentemente racializadas ou
com estatuto precário (por
exemplo, imigrantes), as principais
vítimas de assédio e violência
sexual; por outro, apelando a que o
movimento volte a ter como foco as
vítimas de abuso (e não os alegados
agressores), investindo em centros
e programas de apoio às vítimas.
Em suma, exortando a que se
reforcem os mecanismos para
escutar e prestar apoio a quem
sofreu abuso sexual.
Lendo textos como o de P.P.
percebemos como estamos longe
destes objetivos. Ao falar da
“facilidade em acusar sem provas
que sejam mais do que
impressões, quase sempre a
posteriori”, P.P. verbaliza uma
preocupação legítima (o perigo de
rumores e acusações infundadas
passarem por factos
comprovados) numa
argumentação que, porém,
escamoteia os contextos
complexos que fazem com que
tantas vítimas de violência sexual
falem das suas experiências
apenas a posteriori e na sequência
de revelações semelhantes por
parte de outras alegadas vítimas.
Idealmente viveríamos num
mundo em que toda e qualquer
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 21
LUCY NICHOLSON/REUTERS
pessoa alvo de abuso sexual fosse
capaz de reportar o caso de
imediato às autoridades de
maneira a que se pudessem
recolher provas materiais. Não é
essa realidade. Como sabemos, o
medo de represálias, a vergonha, o
sentimento de ter sido
parcialmente responsável pelo
abuso (consumo de álcool, uma
boleia, uma certa roupa...) levam
muitas vítimas a não denunciarem
os casos de imediato. Muitas
outras não têm simplesmente
oportunidade de fazer a denúncia.
Muitas vezes as vítimas falam dos
É possível ser-se
crítico do #MeToo e
combater a cultura
machista? Sim, e
até necessário, mas
não nos termos
propostos por
Pacheco Pereira
SOCIEDADE
abusos sexuais apenas após longos
anos assombrados por estados
depressivos associados a stress
pós-traumático, que a certo
momento as impelem a denunciar.
Noutras é a sensação de que
“Ænalmente” estão perante um
ambiente recetivo às suas
histórias. É neste sentido que o
testemunho “em cadeia” pode ser
tão importante para ajudar as
vítimas a lidarem com as
inevitáveis acusações de calúnia. E
foi este o grande contributo do
#MeToo: criou espaço para ouvir
com empatia histórias silenciadas
durante tanto tempo; criou debate
público sobre as relações de poder
que moldam o assédio e a
violência sexual no quotidiano.
Sabemos que o senso comum
tende a empolgar o número de
denúncias falsas. Sabemos que a
maioria das situações de assédio e
violência sexual não são sequer
levadas a julgamento. Sabemos que
são maioritariamente as mulheres
que denunciam, e não os homens
denunciados, que vêem as suas
vidas e as suas carreiras destruídas.
Weinstein continua a ser a exceção,
não a regra. Perceber as razões
destas situações obriga-nos a olhar
para tudo o que P.P. teima em
omitir do seu texto: por um lado, as
relações de poder e as
desigualdades socioeconómicas
que envolvem grande parte das
situações de assédio e abuso
sexual; por outro, como a cultura
da violação se sustenta em
imaginários tradicionais que
teimam em estabelecer uma linha
irrevogável entre uma minoria de
“verdadeiras vítimas” (as violadas
“a sério”, capazes de exibir marcas
de violência física inegável no
corpo) e uma multidão de “outras”,
os “casos duvidosos” que pouco
mais têm do que o seu testemunho
e o seu sofrimento, e que põem em
causa a “normal ordem das coisas”.
Em suma, é possível ser-se crítico
do #MeToo e combater a cultura
machista? Sim, sem dúvida, é
possível e até necessário, mas não
nos termos propostos por P.P.
As opiniões veiculadas neste
texto dizem respeito
exclusivamente à autora
Investigadora do Centro de
Estudos Sociais
22 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

LOCAL
Em Famalicão há um labirinto
onde se viaja pela história da arte
Inaugurado no dia 1 de Abril, o Labirinto das Artes inclui um percurso por dez salas que retrata a evolução
das artes visuais, das gravuras pré-históricas às correntes modernas
DR

Educação
Tiago Mendes Dias
O Labirinto das Artes abriu as portas
há quase duas semanas numa quin-
ta situada a apenas três quilómetros
da cidade de Famalicão, mas envol-
vida num cenário rural, verde, de
Çores e de árvores. Um dos salões
que ali existem transformou-se para
acolher um caminho que retrata a
história do desenho, da pintura e de
outras artes visuais.
Organizado cronologicamente, o
labirinto exige sucessivos zigueza-
gues para as paredes revelarem as
formas, os padrões e as cores que
marcam os diferentes períodos da
história da humanidade: o percurso
mostra a arte das civilizações egíp-
cia, grega e romana, a inÇuência
religiosa na arte gótica e a profundi-
dade existente nas pinturas renas-
centistas, antes de chegar aos sécu-
los XIX e XX e a correntes como o
pós-impressionismo, representado
por um dos campos pintados por
Van Gogh, o cubismo, o surrealismo
e a arte abstracta.
O labirinto é, no entanto, circular.
Começa com gravuras de animais
nas paredes irregulares, numa alu-
são à arte rupestre da Pré-História
e termina com um rosto cravado
numa parede, numa homenagem a
Vhils e às intervenções artísticas nas
cidades do século XXI. “As cidades Apesar de estar aberto ao público em geral aos fins-de-semana, o Labirinto das Artes foi pensado sobretudo para receber alunos
são as cavernas de hoje, onde os
artistas intervêm”, aÆrmou ao em Famalicão é o resultado de uma euros), tendo procurado retratar da Póvoa de Varzim, mostrou-se artístico entre os alunos que visitem
PÚBLICO Joana Brito, a directora ideia que surgiu há três anos. Além cada período artístico com as técni- agradada com a narrativa que encon- o espaço, a Casa ao Lado decidiu
artística da cooperativa A Casa ao de terem concebido o percurso, os cas que lhe correspondem. Para trou. “Gostei muito de toda a cor que criar programas anuais especíÆcos
Lado. seis elementos que formam A Casa outro dos elementos da cooperativa, vi na sala egípcia. Fiquei com uma para cada uma das correntes artísti-
A conÆguração do Labirinto das ao Lado também o executaram com Ricardo Miranda, o espaço procura noção mais profunda da história da cas ali patentes. Entre Abril de 2019
Artes, acrescentou a artista plástica, recurso a fundos próprios (40.000 transmitir uma história que explica arte”, disse ao PÚBLICO. e Abril de 2020, a cooperativa vai
procura mostrar que “a intervenção as transições de umas correntes debruçar-se sobre a arte rupestre,
artística no seio de uma comunida- artísticas para outras e representa, Um lugar para educar com palestras e oÆcinas de litogra-
de” já existe desde o Paleolítico e
enquadra-se simultaneamente no
O labirinto começa assim, “a evolução do homem atra-
vés da evolução do traço”.
Apesar de estar aberto ao público
em geral aos Æns-de-semana, o Labi-
vura, cravação, pirogravura, pintura
mural e modelação.
trabalho desenvolvido pela coope- com alusões à Ontem, o artista acompanhou um rinto das Artes foi pensado sobretu- Criado com o apoio de parceiros
rativa em Famalicão — já protagoni-
zou algumas intervenções artísticas
arte rupestre e grupo de sete pessoas numa visita,
iluminando com uma lanterna os
do para receber alunos, da pré-es-
cola até ao 12.º ano, salientou Joana
como a Comissão Nacional da
UNESCO, o Museu das Artes para
na cidade, como a que aconteceu termina com um pormenores que, a seu ver, melhor Brito. “O espaço tem como objectivo Crianças (CMA), em Nova Iorque, e
em Agosto de 2018, nas torres do
Bairro das Lameiras. “As técnicas a
rosto cravado explicavam as características de
cada um dos períodos artísticos. A
reforçar alguns dos conteúdos abor-
dados nos currículos escolares,
o Museu Pedagógico de Arte Infantil
(MuPAI), em Madrid, o Labirinto das
que recorremos, como a pintura numa parede, atmosfera de cada sala era ainda introduzindo conceitos habitual- Artes espera receber 2500 visitas em
mural ou os graêti, não são novas
ou sequer recentes.”
numa homenagem moldada por um som alusivo a esse
período. Concluído o percurso,
mente mais ausentes da esfera cur-
ricular”, salientou Joana Brito.
2019 e aumentar esse número nos
anos seguintes, assumiu a directora
O circuito histórico agora patente a Vhils Felisbela Ferreira, que se deslocou Para aprofundar o conhecimento artística.

Bombeiros Voluntários Portuenses
festejam 95 anos
com murais de arte urbana
Cultura
As portas por onde saem
os veículos de socorro estão
pintadas com desenhos
coloridos e referentes
à acção dos bombeiros
Os Bombeiros Voluntários Portuenses
celebram amanhã os 95 anos da cor-
poração com a inauguração de cinco
murais pintados por artistas urbanos,
através de um projecto que preten-
deu transformar o quartel num espa-
ço mais acolhedor e dinâmico.
“Queríamos dinamizar o quartel
para apoiar uma corporação que pas-
sa 365 dias por ano, 24 horas por dia,
aqui”, explicou à Lusa Tiago Almen-
dra, segundo vice-presidente daque-
le corpo de bombeiros da cidade do
Porto e intermediário entre a corpo-
ração e os artistas.
As portas por onde saem os veícu-
los de socorro dos Bombeiros Volun-
tários Portuenses estão agora pinta-
das com desenhos coloridos e refe-
rentes à actuação dos bombeiros.
“Transformámos, com recurso à arte
urbana, a segunda casa dos nossos
bombeiros, que agora é um espaço
acolhedor e dinâmico”, disse o vice-
presidente.
The Caver, FEDOR, mynameis-
notSEM, Mariana PTKS, Virus e Los
Pepes são os seis artistas voluntários
que renovaram cinco murais do quar-
tel.
“O projecto começou no ano pas-
sado e foi-se concretizando com ajuda
de muitos parceiros. Dado o cariz
social do projecto, a empresa BASA
(Book a Street Artist) dinamizou todos
os meios e ajudou-nos a reunir condi-
ções para ter patrocínios”, explicou
o responsável.
O segundo vice-presidente dos
Voluntários Portuenses salientou o
esforço dos artistas “que deram o seu
trabalho de forma gratuita” e que,
“em três tardes, Æzeram o projecto
Urban FireÆghters (bombeiros urba-
nos) acontecer”.
“Como o material foi todo disponi-
bilizado pelos patrocínios, até o leque
de cores disponível aos artistas era
limitado”, aÆrmou Almendra.
O projecto, que utilizou 83 latas de
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 23
spray e 135 litros de tintas, foi pensado
pela equipa da direcção dos Voluntá-
rios Portuenses para ser “uma surpre-
sa para a corporação”, “mas a certo
ponto não foi possível guardar esse
momento, porque começaram a apa-
recer os artistas e os materiais no
quartel e os bombeiros perceberam
que era uma surpresa”, explicou o
vice-presidente. “Quando os traba-
lhadores se aperceberam [das pintu-
ras], Æcaram muito entusiasmados,
acolheram de bom grado esta nossa
iniciativa”, destacou.
Virus, artista portuense, explicou
à Lusa que no seu mural pretendeu
transformar a imagem da “chama,
que é algo sempre associado a expe-
riências más”. Decidindo “dar um
twist [mudança, em tradução livre] a
LOCAL
esse conceito”, a sua pintura em tons
de azul e roxo representa agora “a
alma portuguesa como a grande cha-
ma que existe”.
“Representei a alma de Portugal
com padrões que simbolizam a nossa
cultura, tanto os padrões do [sector]
têxtil como as escamas que represen-
tam a nossa cultura pesqueira, até às
bagas de uva que simbolizam o nosso
vinho”, explicou Virus, autor daque-
la pintura urbana na qual inscreveu
“Alma é chama”.
Com 95 anos, a corporação iniciou
a sua actividade na Rua do Bolhão,
passando em 1933 para um edifício
na Rua de Fernandes Tomás. As
actuais instalações na zona industrial
do Porto, na freguesia de Ramalde,
foram inauguradas em 1993.
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24 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

ECONOMIA
Reforma aos 69 anos permite
adiar déƊce do sistema de pensões
Estudo inovador diagnostica o aparecimento de “déÄces Retrato do sistema de pensões português
crónicos” no sistema português de pensões dentro de 10 anos. Evolução da despesa em pensões na União Europeia de 2000 a 2015
E avança com soluções, destacando a maior eÄcácia do Em % do PIB 2000 2007 2015
aumento da idade da reforma face a outras opções analisadas 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Irlanda
DANIEL ROCHA Chipre
Islândia
Segurança Social Roménia
Pedro Ferreira Esteves Estónia
Eslováquia
Lituânia
Problema: o sistema previdencial da Malta
Segurança Social português está Rep. Checa
cada vez mais perto de cair num Hungria
Luxemburgo
cenário de déÆces permanentes que, Espanha
dependendo da utilização da almo- Letónia
fada do Fundo de Estabilização, Portugal
pode chegar já em 2028. Solução: a Dinamarca
Finlândia
mais eÆcaz, aumentar a idade da Bélgica
reforma em três anos; as menos eÆ# Suécia
cazes ou mais problemáticas, subir Reino Unido
as contribuições para o sistema ou Eslovénia
abrandar o ritmo de aumentos das Grécia
Países Baixos
pensões. Este é o quadro traçado Zona euro
pelo estudo sobre a “Sustentabilida- Alemanha
de Ænanceira e social do sistema de Polónia
pensões português”, encomendado A idade da reforma em vigor é de 66 anos e cinco meses França
Itália
pela Fundação Francisco Manuel dos Áustria
Santos, e que recupera mais uma vez as medidas a serem implementadas meses em vigor em 2019 — colocaria Bulgária
o modelo sueco como a solução mais a partir de 2025. a idade da reforma na casa dos 69 Croácia
radical para resolver o identiÆcado O estudo clariÆca, desde logo, que anos no momento em que se come-
desequilíbrio crónico da Segurança “dos três cenários analisados, o çariam a criar os primeiros “déÆces Evolução do valor médio das pensões
Social em Portugal. aumento da idade de reforma é aque- crónicos” no sistema (2028, sem a Preços de 2018, em euros 2020 2030 2040 2050
O estudo — que recorre a um mode- le que parece oferecer um maior utilização do FEFSS — Fundo de Esta-
lo inédito em Portugal de micro-simu- potencial para melhorar a sustenta- bilização Financeira da Segurança SEGURANÇA SOCIAL
lação dinâmica (DYNAPOR) — identi- bilidade Ænanceira do sistema de Social, que adia a abertura desse 1200
Æca, através de uma análise prospec- pensões”. A base desta medida assen- “buraco” para 2039).
900
tiva da evolução do Regime ta “num aumento de três anos da No entanto, embora realcem que
Previdencial da Segurança Social, que idade de reforma” que permitiria “o aumento da idade de reforma 600
o equilíbrio entre as responsabilida- “adiar o aparecimento de déÆces cró- reforçaria a capacidade de proteger
des com pensões futuras e as receitas nicos no Regime Previdencial da os indivíduos contra uma quebra 300
em contribuições não conseguirá Segurança Social para além de 2070”. abrupta de rendimentos na passagem 0
“evitar o surgimento de déÆces no Embora a análise tenha arrancado à reforma”, os autores do estudo tam- Velhice Sobrevivência Invalidez absoluta Invalidez relativa
Regime Previdencial da Segurança com um cenário de aumento da idade bém reconhecem que esta mudança
Social, que se estimam ter início no da reforma em quatro anos, a suges- no sistema “diminuiria marcadamen-
Ænal da próxima década (2028) e que tão Æxa a subida em três anos, o que te a adequação das futuras pensões Despesa com pensões SISTEMA SUECO
esgotarão os fundos do FEFSS [almo- — dado os actuais 66 anos e cinco (…) e ainda colocaria pressões que Em milhões Em % do PIB Despesa em pensões
fada do sistema] pouco mais de uma poderiam resultar no aumento da de euros nos dois cenários
década depois”. pobreza entre os pensionistas”. E 40.000 Em milhões de euros
Perante este diagnóstico, os autores deixam um alerta: “O efeito esperado
do documento — coordenado por do aumento da idade de reforma Cenário base Cenário alternativo
Amílcar Moreira, doutorado em Polí-
O aumento da depende da capacidade da economia
35.000

tica Social pela Universidade de Bath idade de reforma para manter os trabalhadores mais 30.000
35.000
— propõe um cenário base de solu- velhos no mercado de trabalho.” Sob
ções para tentar adiar a formação de
reforçaria a pena de a medida “expor os trabalha-
30.000
25.000
um buraco no equilíbrio do sistema capacidade de dores mais velhos a períodos de inac- 25.000
(que começa a formar-se em 2028 e tividade forçada, reduzindo o univer-
alarga-se até 10 mil milhões em 2050)
proteger contra so de potenciais contribuintes para o
20.000 13,3
20.000
com três medidas de efeitos e eÆcácia uma quebra sistema”. Adicionalmente, “a absor-
15.000 10 15.000
diversos: subir a idade da reforma; ção desta oferta adicional de mão-de-
aumentar as contribuições; cortar o
abrupta de obra poderá desencadear pressões
2020 2070 2020 2070

valor das pensões futuras; com todas rendimentos para reduzir os salários na economia, Fonte: Estudo Sustentabilidade do sistema de pensões português
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 25

Estudo reconhece que o aumento

da idade da reforma tem efeitos
negativos na adequação das futuras
pensões e obriga a manter os
trabalhadores mais velhos no
mercado de trabalho

diminuindo então as contribuições de vida de uma amostra representa-

Modelo sueco reduz para o sistema”.
No que diz respeito às outras medi-
tiva da população portuguesa usada
pelo Instituto Nacional de Estatística,

Evolução do número de pensionistas

despesa em 15% das — cortar o valor das pensões (atra- até 2070. E essa radiograÆa mostra
vés da redução de 0,1 a 0,5 pontos uma diminuição, entre 2020 e 2070,

A
Em milhões % da população introdução em Portugal percentuais da taxa de formação da população portuguesa de 10,2
de um sistema de anual da pensão) e aumentar as con- milhões para 7,9 milhões de pessoas,
4 40 pensões semelhante ao tribuições de trabalhadores e empre- acompanhada de “uma redução da
que vigora na Suécia gadores (entre 0,5 e 2,5 pontos per- população activa em cerca de 37% e
permitiria uma “redução centuais) — o estudo reconhece virtu- de um aumento da proporção de pes-
3 30 significativa” da despesa com des, mas alerta para os riscos. Por um soas com 65 ou mais anos (de 22%
pensões, atingindo uma lado, “aumentar as contribuições para para 36%)”.
poupança de 15% em 2070. o sistema seria mais eÆciente a adiar Em paralelo, “entre 2020 e 2045,
2 20 Mas, ao mesmo tempo, levaria o aparecimento de déÆces crónicos o número de pensionistas deverá
2020 2030 2040 2050 2060 2070 a uma redução do valor das no sistema e a prolongar a vida útil do crescer de forma signiÆcativa: de cer-
pensões na ordem dos 28%, FEFSS”. Por outro, “no longo prazo, ca de 2,7 milhões para 3,3 milhões”.
obrigando 66% dos a imposição de cortes nas pensões Apesar da previsível quebra poste-
Saldo financeiro do regime Transferências do
pensionistas a recorrer a asseguraria uma redução mais expres- rior, “em 2070, mais de um terço da
previdencial da Segurança Social Orçamento do Estado
apoios financiados pelo siva dos déÆces no Regime Previden- população receberá, no mínimo,
Em milhões de euros Em millhões de euros Orçamento do Estado. A cial da Segurança Social”. No entanto, uma pensão”. Assim, até 2045, pelo
Antes do FEFSS Depois do FEFSS Antes do FEFSS Depois do FEFSS conclusão consta da parte final “os cenários que implicam uma redu- menos, “a despesa em pensões, em
do estudo desenvolvido pela ção do ritmo de crescimento do valor valores absolutos, deverá crescer
2000 12.500 equipa do investigador Amílcar das pensões teriam consequências substancialmente”.
0
Moreira que decidiu avaliar os mais gravosas para a sustentabilidade Por outro lado, “o aumento expec-
10.000
efeitos da introdução do do sistema de pensões, nomeadamen- tável do valor das pensões da Segu-
-2000 modelo sueco já em 2025. te no que se refere à adequação das rança Social (a preços constantes) não
-4000 7500 O documento parte do pensões e à taxa de pobreza entre os se traduzirá numa melhoria da ade-
princípio de que o novo pensionistas, com 65 ou mais anos”. quação das mesmas, dado que, ape-
-6000
5000 modelo entraria em vigor em Já “o aumento das contribuições reve- sar do aumento das pensões, estas
-8000 2025 e aplicar-se-ia apenas ao lou ser o menos eÆcaz na redução da não conseguirão acompanhar a dinâ-
-10.000 2500 cálculo das novas pensões da necessidade de transferências do mica dos salários”.
2020 2070 2020 2070 Segurança Social, com um Orçamento do Estado”. Finalmente, a Taxa Bruta de Subs-
período de transição de dez Depois de enquadradas estas medi- tituição das novas Pensões de Velhice
anos para proteger os direitos das, o estudo — que será apresentado da Segurança Social vai manter-se
2060 2070 adquiridos dos trabalhadores hoje — avança para exploração do relativamente estável depois de 2030,
próximos da idade da reforma. modelo sueco como aquele que variando entre os 66% e 69%”. E,
CGA Para “facilitar a transição” entre melhores resultados apresenta no “tendo em conta a dinâmica assumi-
1200 sistemas, o modelo também equilíbrio do sistema. Um modelo da nos rendimentos de trabalho e das
deixaria de fora os grupos mais que implica uma alteração profunda pensões, estima-se que a percenta-
900
vulneráveis. do regime vigente em Portugal, com gem de pensionistas (com idade igual
600 Na prática, este modelo a criação de um plano de poupança- ou superior a 65 anos) em risco de
assenta em três pilares: uma reforma obrigatório (PPR), em regime pobreza possa aumentar”.
300 “pensão-base” financiada pelo de capitalização e com recurso ao Este é o quadro deÆnido com base
0 regime de repartição; um sector privado, tudo concentrado num cenário macroeconómico cen-
Pensão social Velhice Sobrevivência plano de pensão privado numa conta denominada “PPR pre- tral assumido pela Comissão Euro-
de velhice obrigatório (pensão premium) mium”. “A introdução de um sistema peia (2017), com uma diminuição da
financiado em regime de inspirado no modelo sueco em Por- população em idade activa que limi-
capitalização; e um tugal permitiria uma redução signiÆ# tará, de forma decisiva, o potencial
Impacto sobre o valor das pensões complemento de pensão cativa da despesa em pensões, que de crescimento da economia portu-
Em milhões de euros (pensão mínima garantida) atingiria, em 2070, poupanças na guesa. Para além de assentar em pro-
financiado pelos impostos e ordem dos 15%.” Para além disso, esta jecções relativamente optimistas da
Cenário base Pensionista por velhice (Sistema de Contas Nacionais)
sujeito a condição de recursos. solução — polémica e que tem vindo Comissão Europeia quanto ao cresci-
Pensionista por velhice Pensionista por velhice (Sistema de Contas Nacionais) O principal impacto do novo a separar as águas ideológica e politi- mento da produtividade e dos salários
(benefício definido) + Premium sistema é sentido no valor camente, nos últimos anos, em Por- em Portugal.
médio das pensões, que tugal — “possibilitaria ainda uma O estudo tem ainda como pressu-
1200 sofreria uma quebra redução do tamanho dos déÆces do posto central a ideia de que “o sistema
1000 acentuada. As vantagens sistema quando se esgotassem os fun- de pensões exigirá transferências
800 sentem-se, sobretudo, no dos do FEFSS”. (ver texto anexo). avultadas para cobrir os déÆces Ænan-
600 equilíbrio financeiro, já que um ceiros da CGA (primeiro) e da Segu-
sistema inspirado no modelo Mais pensionistas até 2045 rança Social (depois), assim como o
400
sueco permitirá “uma redução As conclusões do estudo partem de custo das prestações não contributi-
200
2020 2030 2040 2050 2060 2070
substancial na despesa em uma radiograÆa exaustiva do sistema vas do sistema”.
pensões”. português a partir da utilização do
PÚBLICO
DYNAPOR, que simula as trajectórias pedro.esteves@publico.pt
26 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
ECONOMIA
Cresap quer consequências para
quem falhar nomeações em 45 dias
Comissão responsável pelo recrutamento de altos dirigentes defende que devem ser clariÄcadas as
consequências quando os ministros não cumprem prazos. Governo não tem intenção de alterar a lei
Administração pública
Raquel Martins
A Comissão de Recrutamento e Selec-
ção para a Administração Pública
(Cresap) quer que sejam clariÆcadas
as consequências do incumprimento
do prazo de 45 dias dado aos mem-
bros do Governo para nomear os
dirigentes de topo do Estado, depois
de lhes ter enviado a lista com os três
Ænalistas.
Esta é uma das mudanças no Esta-
tuto do Pessoal Dirigente (EPD) que a
comissão deixa no relatório de activi-
dades de 2018 enviado ao Parlamen-
to. Porém, do lado do Governo, não
há intenção de fazer alterações nesta
fase da legislatura, com o Ministério
das Finanças a aÆrmar que o dossier
não consta do seu programa.
O limite temporal foi introduzido
no EPD em 2015 e determina que “a
substituição cessa imperativamente
se, no prazo de 45 dias após a entrega
pelo júri da proposta de designação
(…), o membro do Governo que tenha
o poder de direcção ou de superin-
tendência e tutela sobre o serviço ou
órgão a que respeita o procedimento
concursal não tiver procedido à desi-
gnação”. Embora o prazo esteja ins-
crito na lei, não é competência da
Cresap apurar se ele é respeitado, não
se conhece quem o veriÆca e também
não estão previstas consequências
para os membros do Governo que
não o cumpram.
No relatório enviado ao Parlamen-
to, a Cresap pretende também evitar
que os dirigentes em regime de subs-
tituição se eternizem nos lugares e
defende a abertura imediata dos con-
cursos após a sua nomeação.
A nomeação em substituição é usa-
da em caso de ausência ou impedi-
mento do titular do cargo ou quando
o lugar é deixado vago. De acordo
com o EPD, a substituição cessa quan-
do o titular do lugar retoma funções
ou passados 90 dias após a vacatura
do lugar, excepto se estiver a decorrer
um concurso para o preencher. Na
prática, os membros do Governo têm
90 dias para abrir o concurso e duran-
te esse período o dirigente em substi-
tuição acaba por ganhar experiência,
o que o coloca em vantagem em rela-
DANIEL ROCHA
ção a outras pessoas que se candida-
tem ao cargo.
O relatório da Cresap não dá conta
de quantos dos 243 candidatos aos
lugares de topo seleccionados em
2018 para integrarem as listas envia-
das ao Governo estavam em substi-
tuição, nem quantos dos que foram
designados passaram pelo lugar a
concurso. Porém, em anos anterio-
res, e quando a comissão era dirigida
por João Bilhim, foi assumido que
90% dos candidatos designados esta-
vam em substituição no lugar que
depois ocuparam.
Sem intenção de mudar a lei
A comissão dirigida por Maria Júlia
Ladeira propõe ainda mudanças na
publicitação dos concursos. Agora, a
lei determina que os concursos sejam
publicados no Diário da República e,
posteriormente, na bolsa de emprego
público (BEP) e, pelo menos, na pla-
taforma electrónica do Governo e em
duas outras plataformas electrónicas,
durante dez dias. As publicitações
não são feitas directamente pela Cre-
sap, mas pela Direcção-Geral da
Administração e do Emprego Público
e, no relatório, não Æca claro o que
deve ser alterado.
Na sua análise, a
Cresap pretende
também evitar
que os dirigentes
em regime
de substituição
se eternizem
nos lugares
Outra das propostas passa pela
revisão da obrigatoriedade de os diri-
gentes intermédios participarem nos
concursos. Estes dirigentes são auto-
maticamente incluídos na lista de
candidatos, podendo desistir até à
realização da entrevista, mas também
aqui Æca por perceber qual a solução
defendida pela comissão e se preten-
de o Æm da obrigatoriedade.
O PÚBLICO questionou o Minis-
tério das Finanças sobre se é inten-
Ministério das Finanças não tem intenção de mudar as regras ção do executivo alterar o Estatuto
do Pessoal Dirigente ou a forma
como são seleccionados os altos
dirigentes dos organismos públicos,
em linha com as propostas da Cre-
sap. Fonte oÆcial respondeu que a
matéria “não consta do programa
do Governo”, deixando antever que
as propostas enviadas ao Parlamen-
to não encontram eco no Governo,
apesar de em reuniões com os sin-
dicatos já ter sido assumido pela
secretária de Estado da Administra-
ção Pública a necessidade de refor-
çar a transparência dos processos
de recrutamento.
Quanto ao funcionamento da
comissão, criada pelo Governo do
PSD-CDS, o relatório propõe a reno-
vação da plataforma informática que
apoia os concursos, a desmateriali-
zação da emissão de pareceres e o
reforço dos recursos humanos na
área do direito e da gestão dos recur-
sos humanos.
No documento enviado ao Parla-
mento, a Cresap dá conta da sua acti-
vidade ao longo do ano passado, des-
tacando o facto de ter conseguido
concluir concursos que tinham sido
solicitados em 2015, 2016 e 2017 e que
estavam por fechar, “o que constituía
um dos objectivos”. Além disso, refe-
re, “foi possível reduzir o tempo de
execução dos procedimentos concur-
sais” que entraram em 2018.
Em 2018 foram desenvolvidos 149
concursos: 63 vinham do ano ante-
rior, 75 eram novos e 11 relativos a
repetições de aviso de abertura. Con-
cluíram-se 96 concursos (a maioria
nas áreas da saúde, da economia e da
segurança social). A comissão apre-
sentou 81 listas de Ænalistas ao Gover-
no, envolvendo 243 candidatos, e até
Ænal do ano passado foram publica-
dos 68 despachos de nomeação em
Diário da República, tendo Æcado por
publicar apenas 13.
A Cresap foi criada em 2011 com o
objectivo de seleccionar os dirigentes
da administração pública de forma
independente, mas por diversas vezes
o seu papel tem sido criticado por
causa do modelo que vigora e pelo
modo como é posto em prática. Sen-
do que nem sempre os governos
seguem a sua decisão.
raquel.martins@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 27

ECONOMIA

A hotelaria do Algarve
está a prever que a
e
ocupação na Páscoa se
o
aproxime dos 100%
a

Breves
Habitação
Preço das casas sobe Empresas Fisco vai passar a enviar retrato da saúde financeira
em Portugal acima
PAULO PIMENTA

da média europeia
Os preços das habitações em
Portugal aumentaram 9,3% nos
últimos três meses de 2018,
face a igual período de 2017,
acima dos 4,2% registados quer
na zona euro quer na União
Europeia (UE), divulgou ontem
o Eurostat. Face ao trimestre
anterior, os preços progrediram
2% em Portugal, 0,7% na zona
euro e 0,6% na UE.

ARI
Investimento
dos vistos gold
cai 33% até Março
Nos primeiros três meses do
ano, o investimento proveniente
do mecanismo de Autorização
de Residência para Actividade
de Investimento (ARI),
conhecido como vistos gold,
totalizou 196,85 milhões de A Autoridade Tributária e com indicadores sobre a saúde sociedades podem recorrer. O hoje, 12 de Abril. O que significa
euros, menos 33% face aos Aduaneira (AT) vai passar a ter financeira de cada empresa e decreto-lei do Governo foi que o fisco enviará até 31 de
293,89 milhões registados no a responsabilidade de enviar informação complementar publicado ontem no Diário da Dezembro de 2019 o primeiro
período homólogo de 2018. todos os anos um diagnóstico sobre mecanismos a que as República, entrando em vigor relatório informativo.

OCDE Trabalho Mar Agro-química

Portugueses
recebem 73,4%
do salário bruto
Dados ontem divulgados pela
Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Económico
mostram que os impostos e as
contribuições para a Segurança
Social absorveram, em média,
26,6% do salário bruto dos
portugueses em 2018, tendo
em conta um trabalhador com
salário médio e sem filhos.
Custo horário da
mão-de-obra sobe
abaixo da UE
O custo horário da mão-de-obra
(excluindo os sectores da
agricultura e administração
pública) em Portugal subiu de
uma média de 14 euros para 14,2
euros, a quarta menor
percentagem homóloga
europeia: 1,4%. Na zona euro, a
média foi de 30,6 euros (+2,7%)
e na UE de 27,4 euros (+2,2%).
Sobrepesca no Monsanto/Bayer
Atlântico Nordeste condenado por
recua para 40% tribunal francês
A sobrepesca no Atlântico Um tribunal de Lyon decidiu
Nordeste — que abrange as ontem que a companhia
águas continentais e dos Monsanto, do grupo Bayer, foi a
arquipélagos portugueses — causa da doença neurológica
decresceu de 75% para cerca de de Paul François, um agricultor
40% entre 2007 e 2017 nos que apresentara a primeira
stocks para os quais há dados, queixa à justiça em 2012,
segundo um relatório da considerando que o pesticida
Comissão Europeia, ontem Lasso não estava devidamente
noticiado pela Lusa. identificado e rotulado.
28 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

MUNDO
Bashir caiu mas os sudaneses
rejeitam um governo militar
Intervenção do Exército afastou Omar al-Bashir, que dirigia o Sudão com mão de ferro desde 1989.
Conselho militar vai governar o país durante dois anos, mas manifestantes opõem-se
REUTERS

África
João Ruela Ribeiro
Ao Æm de três décadas no poder, o
ditador do Sudão, Omar al-Bashir, foi
deposto e preso pelo Exército, que
anunciou a abertura de um ciclo de
“transição política”. Mas para os
milhares de manifestantes que pre-
cipitaram a queda de um dos
homens-fortes de África o dia da sua
saída deixou um amargo de boca e
inaugurou um período de enorme
incerteza.
A conÆrmação do afastamento do
líder autoritário surgiu através do
“número dois” do regime, o vice-
presidente e ministro da Defesa,
Awad Mohamed Ahmed Ibn Auf,
numa muito aguardada declaração
televisiva. Auf fez igualmente uma
série de anúncios, entre os quais a
declaração do estado de emergência
com imposição de recolher obriga-
tório, a suspensão imediata da Cons-
tituição, a formação de um “conse-
lho militar” para governar o país
durante um período de dois anos,
após os quais serão marcadas elei-
ções presidenciais.
O ministro conÆrmou ainda a
libertação dos presos políticos e o
encerramento do espaço aéreo e dos
portos por 24 horas. Sobre o para-
deiro de Bashir, que é acusado de
crimes contra a humanidade e geno- Os manifestantes festejaram a deposição de Bashir, mas voltaram aos protestos contra um possível governo militar
cídio pelo Tribunal Penal Internacio-
nal, Auf apenas disse que o ex-Presi- agências noticiosas descreviam deze- tuídas por outras cinco ou seis pes- tos e o Exército acabou por sair em
dente se encontra num “local segu- nas de milhares de pessoas a cantar soas de dentro do regime”, aÆrmou, defesa da população.
ro”. Os militares também invadiram e a dançar, enquanto outras passa- citado pelo Guardian, o porta-voz O episódio tornou a deposição de
a sede do Movimento Islâmico, uma vam de carro a buzinar. da Associação Sudanesa de ProÆs- Bashir bastante provável e a pressão
organização criada por Bashir para sionais, Ahmed al-Montasser, umas das ruas aumentou de intensidade.
alargar a base de apoio do seu Parti- O regime continua Protestos continuam das organizações na linha da frente Mas o movimento que precipitou o
do do Congresso Nacional.
Fazendo eco de muitas das preo-
o mesmo, apenas Porém, o júbilo dos manifestantes
que há vários dias acampavam em
dos protestos contra Bashir. Ao Æm
de dias dos mais históricos no
Æm do regime não deseja um governo
de militares. “A geração que lidera a
cupações dos manifestantes, Auf cinco ou seis torno da sede do Ministério da Defe- Sudão, entre os manifestantes a insurreição nasceu e cresceu duran-
disse que as Forças Armadas estavam
“há muito tempo a observar o que se
pessoas foram sa, onde é a residência do Presiden-
te, depressa foi substituído pelo
ideia dominante era a de persistir
nas ruas.
te os 30 anos do regime de Bashir”,
observa o investigador do Instituto
tem passado no Estado e a corrup- substituídas por protesto. A formação de um governo A situação de Bashir tornou-se Internacional de Estudos Estratégi-
ção”. “Os pobres estão mais pobres
e os ricos continuam ricos e, portan-
outras cinco ou militar para tutelar o país foi de ime-
diato rejeitada pelos organizadores
insustentável depois de meses de
protestos, com origem na subida
cos da Universidade de Essex,
Andrew Tchie, num artigo no site The
to, não há as mesmas oportunidades seis pessoas de da manifestação, que receiam a dos preços do pão, que culminaram Conversation. “Os manifestantes são
para as pessoas”, declarou o chefe
da hierarquia militar.
dentro do regime substituição de um autoritarismo
por outro.
nos últimos dias com um acampa-
mento nas proximidades de um
sobretudo jovens proÆssionais que
foram directamente afectados pelas
Várias horas antes de ter sido con- Ahmed al-Montasser “Não aceitamos um governo do quartel do Exército. A repressão políticas de islamização e arabização
Ærmada, já as ruas de Cartum e de Presidente da Associação Exército nos próximos dois anos. O levada a cabo pelas Forças de Segu- do regime”, acrescenta.
outras cidades se enchiam de pes- Sudanesa de Profissionais regime continua o mesmo, apenas rança Rápida, uma unidade militar
soas a celebrar a queda de Bashir. As cinco ou seis pessoas foram substi- leal a Bashir, deixou mais de 20 mor- joao.ruela@publico.pt

Breves
Israel
Comissão Eleitoral
israelita diz que há 15
mil votos por contar
A Comissão Eleitoral de Israel
diz que há ainda 15 mil votos
por contar das eleições de
terça-feira. E um dos partidos
de direita no limitar de atingir
os 3,25% necessários para
entrar no Parlamento, o Nova
Direita, dos ministros Naftali
Bennet (Educação) e Ayelet
Shaked (Justiça), exigia ontem
uma recontagem — parecia
não ter conseguido os votos
suficientes. Sem este partido a
maioria do novo Governo que
deverá ser dirigido, de novo,
por Benjamin Netanyahu, fica
reduzida a 64 deputados em
120. E o líder de um dos
partidos que o vai apoiar,
Moshe Kahlon, tem
condicionado esse apoio a não
haver uma acusação judicial
contra Netanyahu.
Previsão
Banco Mundial alerta
para crescimento
da pobreza em África
Em 2030, nove em cada dez
pessoas consideradas pobres
estarão a viver em África,
especialmente na África
subsariana, afirmou ontem o
presidente do Banco Mundial,
David Malpass, durante a sua
primeira conferência de
imprensa no cargo, deixando
um alerta para o crescimento
acelerado dos índices de
pobreza extrema no
continente. Apesar de o
número de pessoas a viver
nestas condições ter descido
desde os anos 1990, o banco
considera muito preocupante
que a maioria dos actuais sete
milhões de pobres estejam
principalmente concentrados
no continente africano.
Malpass era vice-secretário
para assuntos internacionais
do Tesouro dos EUA e foi eleito
na semana passada.
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 29
Cruz Vermelha
vai triplicar ajuda
para a Venezuela
Crise humanitária
João Ruela Ribeiro
Banco Mundial diz que
também pretende um
“envolvimento profundo”
na ajuda para a Venezuela,
mas não fala sobre Guaidó
O Comité Internacional da Cruz Ver-
melha (CICV) anunciou ter chegado
a acordo com o Governo venezuela-
no para desbloquear mais de 20
milhões de euros para ajuda huma-
nitária. Também o Banco Mundial
revelou estar preparado para apoiar
o país que enfrenta uma grave crise
humanitária.
O acordo foi concluído após uma
visita de cinco dias do presidente da
organização, Peter Maurer, à Vene-
zuela durante a qual se encontrou
com o Presidente, Nicolás Maduro.
“Alegra-me ver que as autoridades
estão dispostas a trabalhar connosco
para fazer frente às necessidades
humanitária que identiÆcámos de
forma consensual”, disse Maurer,
através de um comunicado citado
pelo jornal El Universal. A Cruz Ver-
melha pretende triplicar o orçamen-
to que destina à Venezuela e que será
de cerca de 21,8 milhões de euros.
No total, a ajuda da Cruz Vermelha
irá apoiar 28 hospitais e oito centros
de saúde, que “vão beneÆciar de for-
mação, água e materiais médicos e
higiénicos”.
Referindo-se às negociações, Madu-
ro disse que a ajuda “respeita a sobe-
rania” da Venezuela e é concedida
“sem politização de qualquer tipo”.
O Presidente venezuelano acrescen-
tou que toda a ajuda é bem-vinda,
“desde que seja legal”.
Também o Banco Mundial se mos-
trou disponível para Æcar “profunda-
mente envolvido” na ajuda humani-
tária para a Venezuela, de acordo com
o recém-nomeado presidente, David
Malpass. Porém, qualquer decisão
sobre o reconhecimento do auto pro-
clamado Presidente venezuelano,
Juan Guaidó, irá depender dos accio-
nistas da instituição, acrescentou.
Luta pela ajuda
A distribuição de ajuda humanitária
na Venezuela tornou-se um dos cam-
pos de batalha mais disputados no
combate pela legitimidade que
domina o país desde o início do ano.
MUNDO
Em Janeiro, o presidente da Assem-
bleia Nacional, Juan Guaidó, acusou
Maduro de “usurpação” e assumiu
a presidência interina do país. Em
poucos dias, meia centena de países,
incluindo os EUA, Canadá, a maioria
da União Europeia e vários latino-
americanos, anunciaram o reconhe-
cimento de Guaidó como chefe de
Estado legítimo.
Porém, para além do apoio inter-
nacional, Guaidó — que, com grande
parte da liderança da oposição na
prisão, se tornou o protagonista
anti-Maduro — dispõe de poucos
instrumentos para exercer o contro-
lo efectivo sobre as instituições do
país. O executivo, os tribunais, as
forças de segurança e, de forma
decisiva, as Forças Armadas, perma-
necem Æéis ao sucessor de Hugo
Chávez.
Neste contexto, Guaidó fez da dis-
tribuição da ajuda humanitária
internacional um dos grandes objec-
tivos para exercer a sua legitimidade
e, em Fevereiro tentou viabilizar a
entrada de camiões através da fron-
teira colombiana. O Exército, contu-
do, obedeceu às ordens de Maduro
e manteve as fronteiras fechadas.
A Venezuela sofre uma crise
humanitária sem precedentes, com
grande parte da população sem
acesso a bens alimentares básicos e
medicamentos, fruto da inÇação
galopante dos últimos anos. Porém,
o regime de Maduro aponta o dedo
às sanções internacionais e durante
muito tempo recusou sequer admi-
tir a necessidade de recorrer a ajuda
humanitária.
O presidente da Cruz Vermelha
com Nicolás Maduro
30 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
MUNDO
Assange: a história de uma detenção
anunciada, depois de elogios de Trump
Em 2016, o então candidato do Partido
Republicano elogiou a WikiLeaks em
público várias vezes. Mas a divulgação de
segredos da CIA, em Março de 2017, irritou
Pompeo e selou o destino de Assange
WikiLeaks
Alexandre Martins
Em menos de três anos, as declara-
ções de amor que Donald Trump fez
à WikiLeaks, em plena campanha
eleitoral para a presidência dos EUA,
transformaram-se num pesadelo para
o fundador da organização, Julian
Assange. Ontem, ao Æm de quase sete
anos de asilo na embaixada do Equa-
dor em Londres, o australiano que
vive entre a imagem do incansável
lutador pela liberdade de expressão
e o rótulo de perigoso rebelde antia-
mericano, foi arrastado para a rua
por agentes da polícia britânica e
recebeu duas ordens de detenção —
uma delas pode vir a resultar na sua
extradição para os EUA.
À saída da embaixada, um Assange
de aspecto envelhecido nos seus 47
anos parecia resistir aos polícias.
Numa das mãos, levava uma mensa-
gem que falava por ele: um livro do
escritor norte-americano Gore Vidal,
conhecido por deÆnir os EUA como
um império onde a “velha república
americana” foi substituída por “um
estado de segurança nacional”.
A detenção de Assange era espera-
da a qualquer momento desde a
semana passada, depois de um repre-
sentante do Governo do Equador ter
dito à WikiLeaks que o australiano iria
ser expulso da embaixada “numa
questão de dias” e que já havia acordo
para a sua detenção.
Segundo a Polícia Metropolitana de
Londres, essa detenção deu-se depois
de os agentes terem sido “convida-
dos” a entrar na embaixada pelo
embaixador, que tinha acabado de
anular o direito a asilo concedido a
Assange em 2012. Já na rua, Assange
foi detido por violação das condições
de liberdade sob Æança, em 2012,
quando se refugiou na embaixada do
Equador após os tribunais terem deci-
dido que deveria ser extraditado para
a Suécia. Por essa altura, era procura-
do na Suécia para responder a acusa-
ções de abusos sexuais e temia ser
extraditado para os EUA assim que
chegasse ao país nórdico.
Nos sete anos seguintes, foi conse-
guindo resistir às tentativas do Reino
Unido para o extraditar. Até agora:
ontem, depois de ter sido detido por
violação da liberdade condicional,
recebeu outra ordem de detenção, a
pedido dos EUA, por “conspiração
para entrar num computador conÆ#
dencial do Governo americano”. Nes-
se processo, os EUA pedem a extradi-
ção de Assange.
Vai Æcar detido pelo menos até 2 de
Maio, quando conhecerá a sentença
por violação da liberdade condicional
em 2012 (crime menor, punível com
multa ou até um ano de prisão).
Há muito que se especulava sobre
a existência de uma acusação nos
EUA contra Assange, nunca conÆrma-
da pelas autoridades. Em Novembro,
foi revelado um documento de acu-
sação do Departamento de Justiça
com o nome de Assange, mas relacio-
nado com um caso diferente — na
altura, admitiu-se que um erro de
cópia tinha acabado por conÆrmar
que havia mesmo uma acusação con-
tra Assange. Ontem, soube-se que a
acusação foi formalizada há mais de
um ano, a 6 de Março de 2018.
“A acusação alega que, em Março
de 2010, Assange participou numa
conspiração com Chelsea Manning,
uma antiga analista de informação no como qualquer outra publicação mas chegaram à conclusão de que era conjunto de documentos conhecido
Exército dos EUA, para a ajudar a reconhecida pelo seu trabalho jorna- arriscado acusar uma organização como “Vault 7” — detalhes sobre a
decifrar uma palavra-passe de um lístico — e não como uma organização que podia ser equiparada a uma capacidade de a CIA fazer vigilância
computador classiÆcado do Departa- apostada em prejudicar os EUA, empresa de media, abrindo um pre- electrónica e ciberguerra. Nessa altu-
mento de Defesa”, lê-se no documen- como defende o Departamento de cedente para futuras acusações con- ra, o director da CIA era Mike Pom-
to de acusação. Chelsea Manning — na Estado norte-americano. A advogada tra jornais em relação aos quais não peo, o homem que declararia guerra
altura conhecida como Bradley Man- de Assange sublinhou isso mesmo há dúvida sobre as suas intenções. a Assange e que viria a ser fundamen-
ning — esteve sete anos na prisão por ontem, ao dizer que a detenção “esta- Com a chegada de Donald Trump tal para a detenção de ontem, quase
violação da Lei de Espionagem. Foi belece um precedente para que qual- ao palco da política norte-americana, um ano depois de ter visto os seus
ele quem, em 2010, pôs a WikiLeaks quer jornalista possa ser extraditado houve duas fases distintas. Primeiro, poderes ampliados com a nomeação
debaixo dos radares ao entregar à para os EUA por publicar informação um período de admiração, no auge para secretário de Estado.
organização centenas de milhares de verdadeira sobre os EUA”. da campanha de 2016, que chegou a Mas em 2016 tudo era diferente — e
documentos, de comunicações diplo- ser visto como um sinal de que um até Pompeo, então um congressista
máticas a registos de possíveis crimes De Trump a Pompeo presidente Trump poderia vir a per- do Partido Republicano, dizia que as
de guerra cometidos por militares dos Mas a forma como Assange e a sua doar Assange; depois, em Março de revelações da WikiLeaks deviam
EUA no Iraque e Afeganistão. WikiLeaks são vistos a partir de 2017, com Trump já na Casa Branca, levar ao afastamento de Hillary Clin-
Julian Assange e os seus defensores Washington nem sempre foi igual. No houve uma mudança que culminou ton da campanha e provavam que o
dizem que a WikiLeaks é uma empre- tempo do presidente Obama, as auto- com a detenção de ontem. Partido Democrata estava a prejudi-
sa de media, que deve ser tratada ridades desejavam capturar Assange, Nesse mês, a WikiLeaks revelou um car o candidato Bernie Sanders.

“WikiLeaks, eu amo a WikiLeaks!”,
disse o então candidato do Partido
Republicano à Casa Branca, Donald
Trump, num comício em Outubro de
2016, a pouco menos de um mês do
dia das eleições presidenciais.
Nesse curto período, Trump refe-
riu-se à WikiLeaks pelo menos 164
vezes, de acordo com um levanta-
mento feito pelo site de notícias
Think Progress.
Entre Julho e Novembro do ano
anterior, a organização criada por
Assange em 2006 tinha revelado uma
torrente de emails do Partido Demo-
crata e do então director de campa-
nha da candidata Hillary Clinton,
John Podesta — que indicavam que o
partido estaria a beneÆciar Clinton
Assange
parece mais
velho do que
os seus 47
anos, após
sete anos na
embaixada do
Equador
HENRY NICHOLLS/REUTERS
em detrimento do candidato mais
progressista, Bernie Sanders.
Por essa altura, ainda sob a Presi-
dência Obama, já os serviços secre-
tos diziam que a WikiLeaks tinha
recebido aqueles e outros documen-
tos de agentes russos. Essa acusação
seria formalizada pelo procurador
especial Robert Mueller, no meio da
investigação sobre as suspeitas de
conspiração entre a campanha de
Trump e a Rússia. Em Julho de 2018,
Mueller acusou 12 agentes russos de
passarem documentos a uma “Orga-
nização 1”, identiÆcada pelos jornais
norte-americanos como sendo a
WikiLeaks.
alexandre.martins@publico.pt
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 31
MUNDO
Enquanto a
WikiLeaks estiver O hacker nómada que acabou
sob ameaça, encurralado numa embaixada
também estará a
liberdade de
expressão e a
saúde de todas as Liliana Borges
nossas sociedades Há quase sete anos que o número 3
de Hans Crescent, no bairro de
Knightsbridge, em Londres, era a
A Google é morada de Julian Assange. O co-fun-
dador da WikiLeaks estava aí fechado
extremamente desde Junho de 2012 na embaixada
ambiciosa. Quer do Equador, sedentarização forçada
para um homem que se habituara
invadir todos os desde cedo a ser nómada.
A Ægura de Assange é distintiva.
cantos do mundo. Pálido e cabelos brancos, tomou o
Saber tudo o que apelido do padrasto: Richard Brett
toda a gente está a Assange. O pai biológico, John Ship-
ton, separou-se da mãe ainda antes
fazer. (...) A Google de Julian nascer — só o conheceria aos Julian Assange
é o maior golpe 25 anos. Os primeiros anos de vida
foram passados na estrada, a acom- australiana entrou-lhe pela casa em
de espionagem panhar a mãe, Christine, e o padrasto, Melbourne. Apreenderam-lhe o com-
de sempre e as que dirigia uma companhia de teatro
itinerante. Quando tinha oito anos, o
putador e foi acusado de mais de duas
dezenas de crimes. No entanto, o juiz
pessoas estão casal separou-se num processo hostil do caso considerou que Assange ain-
que obrigou a mãe e os dois Ælhos a
voluntariamente fugir e a viverem escondidos — duran-
da era um jovem e que tinha sido
movido apenas por um “instinto
a contribuir te cinco anos habitaram numa velha curioso”. Acabou por pagar apenas
para isso quinta de produção de ananases, em
Horseshoe Bay, numa ilha ao largo de
uma pequena multa.
O episódio valeu-lhe de lição e
Queensland, na Austrália. “Tinha o “aprendeu a ser mais discreto”, como
meu próprio cavalo e construí a confessaria anos mais tarde. O nome
Para mim minha jangada. Pescava e descia por de Assange só regressaria à ribalta em
a questão é como minas e túneis”, recordava em entre-
vista à New Yorker em 2010: “Era pra-
2006, quando co-fundou o site de
denúncias WikiLeaks, que ganharia
evitar o ticamente o Tom Sawyer.” notoriedade em 2010, quando difun-
totalitarismo. Cedo aprendeu a questionar a auto-
ridade. A mãe acreditava que a “edu-
diu um vídeo em que mostrava solda-
dos americanos a disparar contra
Com os avanços cação formal” dada nas escolas lhe civis no Iraque, entre outros 500 mil
tecnológicos incutiria um respeito “pouco saudá-
vel” pelas forças da lei. Por isso, e
documentos secretos sobre a guerra
do Iraque e do Afeganistão. Nesse
estamos porque até aos 14 anos mudou 37 ano, Assange chegou a estar nomeado
rapidamente a vezes de escola, Assange estudou em
casa, através de cursos por corres-
para Nobel da Paz. Paradoxalmente,
foi a partir daí que a sua vida não vol-
chegar a um nível pondência. “Passava grande parte do tou a ter tranquilidade.
de centralização tempo em bibliotecas, de uma prate-
leira para a outra, à procura dos livros
Em 2012, refugiou-se na embaixada
do Equador, depois de a justiça britâ-
global, com muito que encontrava nas citações e seguia nica ter ditado a sua extradição para
poucos centros de essa bibliograÆa”, recordava.
Aos 16 anos, a mãe deu-lhe um
a Suécia, onde era suspeito de viola-
ção e de outros crimes sexuais que
poder. Precisamos computador. E foi pouco tempo sempre negou, alegando que as acu-
de encontrar depois que começou a hackear sob o
nome de “Mendax” e com um grupo
sações eram politicamente motiva-
das. O processo acabaria arquivado,
alternativas de amigos que se intitulava “Interna- mas Assange não voltou a sair da
tional Subversives” (subversivos inter- embaixada até ontem.
Julian Assange nacionais). Com 20 anos, já casado e
Co-fundador da WikiLeaks com um Ælho, Daniel, a polícia federal liliana.borges@publico.pt
32 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

CIÊNCIA

Um ficou na Terra,
outro foi para o espaço
O que nos ensinaram
os gémeos Kelly sobre
a saúde espacial
O mesmo ADN, um ambiente diferente: Scott passou 340 dias no espaço, Mark Äcou
em Terra. O isolamento, as alterações genéticas e o enfraquecimento cardiovascular
são os principais desaÄos que os astronautas enfrentam no espaço — e há que estudar
os seus efeitos na saúde humana, se o objectivo é chegar a Marte Scott Kelly com fruta que tinha acabad

como o corpo humano se adapta ao muita pequena — não é fácil encontrar Ir ao espaço pode parecer um sendo inevitável a integração do seu
Claudia Carvalho Silva ambiente de voo espacial”, resume a gémeos idênticos que também sejam sonho, mas regressar a Terra é um gémeo na narrativa. Scott diz que o
cientista da NASA Jenn Fogarty em astronautas, e esta era “uma oportu- pesadelo. É o que conta Scott Kelly irmão o conhece melhor do que qual-

E
m nome da ciência, dois
gémeos astronautas servi-
ram de cobaias para a
NASA: um passou um ano
no espaço, na Estação
Espacial Internacional
(ISS, na sigla em inglês), e
o outro Æcou em Terra,
como controlo da expe-
riência. Três anos depois
de Scott Kelly ter regressado a Terra
da sua missão de um ano, o estudo
completo com as conclusões sobre as
consequências no corpo humano de
uma longa estadia no espaço é publi-
cado hoje na revista Science. É revela-
do que grande parte dos efeitos nega-
tivos da viagem espacial — e eles exis-
tem — é revertido após o regresso a
Terra, mas alguns mantêm-se.
Este é um estudo “sem preceden-
tes”, não só por ter dois gémeos como
objecto de estudo e por ter sido a esta-
dia espacial mais longa de um huma-
no, mas também por envolver vários
aspectos da biologia humana que aju-
darão a prever as respostas do corpo
em futuras missões interplanetárias.
“Este estudo mostra a resiliência e
robustez a nível molecular da forma
comunicado.
Desde amostras de sangue a análi-
ses cognitivas, os dois gémeos idênti-
cos foram sujeitos a testes antes,
durante e depois da missão — num
total de 27 meses. O corpo humano
em microgravidade mudou: a visão
de Scott Kelly Æcou afectada, o seu
sistema imunitário permaneceu fun-
cional, houve mudanças na sua acti-
vidade (expressão) genética — mas
91% voltou ao normal depois de seis
meses em Terra —, os telómeros (as
“pontas protectoras” dos cromosso-
mas) cresceram no espaço e diminuí-
ram no regresso.
O estudo, em suma, aponta para
que não haja diferenças signiÆcativas
na saúde do astronauta, mas estas
consequências negativas para quem
passa mais de seis meses no espaço
não devem ser ignoradas e devem ser
prevenidas. Nas conclusões do Estu-
do sobre Gémeos da NASA (Twins
Study, no original), o balanço é posi-
tivo: com base nos dados recolhidos,
a vida no espaço pode ser mantida e
é viável, mesmo em voos longos.
Ainda assim, há que ter cautela: os
cientistas referem que a amostra é
nidade única” para a NASA — e que há
sempre a possibilidade de estes efei-
tos não estarem directamente relacio-
nados com as viagens espaciais. Os
investigadores alertam que são pre-
cisos mais estudos do género em
astronautas que permaneçam duran-
te mais de 12 meses no espaço para
conÆrmar algumas das pistas agora
avançadas.
“Ter astronautas gémeos é muito
raro. Scott e Mark são os primeiros.
Ainda que haja outros astronautas
que tenham um gémeo, não há casos
em que ambos os gémeos idênticos
também fossem astronautas”, explica
a NASA.
Mark e Scott Kelly, agora reforma-
dos, são dois norte-americanos gene-
ticamente idênticos que viveram em
dois ambientes distintos: enquanto
Mark Kelly fazia a sua vida na Terra,
Scott viveu a bordo da ISS durante
340 dias e tornou-se o norte-america-
no que mais tempo passou em órbita;
Mikhail Kornienko, o cosmonauta
russo da agência espacial Roscosmos,
partilhou a missão com Kelly e passou
o mesmo tempo no espaço. Regres-
saram à Terra a 2 de Março de 2016.
no seu livro Endurance — Um Ano no
Espaço, Uma Vida de Descobertas
(publicado em 2017 pela editora Lua
de Papel). “Agora que estou Ænal-
mente de volta não parece real”,
escrevia. Passada a euforia de regres-
sar são e salvo, estranhava tudo, até
a gravidade — durante dias sentia que
o chão se mexia debaixo dos pés, que
já não sabia caminhar. Tinha enjoos,
dores, tonturas, inchaços, não con-
seguia ver bem. “Todos os músculos
e articulações protestam contra a
pressão esmagadora da realidade”,
relatava.
Além de todos os riscos de viver
num “contentor de metal” que via-
ja a mais de 28 mil quilómetros por
hora, há efeitos negativos que per-
duram mesmo depois do regresso
à Terra, e são parecidos com os do
envelhecimento; exemplo disso é a
perda de massa muscular e óssea,
ou o enfraquecimento cardiovascu-
lar.
O livro de Scott Kelly é não só uma
porta de entrada para a experiência
de viver um ano no interior da ISS,
mas também uma viagem pela sua
vida e pelo seu percurso proÆssional,
quer outra pessoa. Além da ligação
fraternal, têm uma ligação genética
incontornável: pouco antes de passar
um ano no espaço, Scott Kelly rece-
beu o diagnóstico de cancro da prós-
tata. Avisou o irmão gémeo, que des-
cobriu que também o tinha.
Scott Kelly já tinha estado quatro
vezes no espaço e, numa delas, pas-
sou 159 dias na ISS, entre 2010 e 2011.
Dessa vez, sentiu alguns efeitos
quando desceu ao planeta através da
cápsula russa Soiuz, “mas nada
como isto”.
O que aconteceu ao corpo?
Já era sabido que o ambiente espacial
causa perda de densidade óssea, um
maior risco de doenças cardiovascu-
lares ou cancro, assim como pertur-
bações no desempenho cognitivo.
Agora, os resultados deste novo estu-
do estão em sintonia com os resulta-
dos preliminares: Scott e Mark conti-
nuam a ser gémeos idênticos, o seu
ADN estrutural não mudou.
Como explica a NASA, houve uma
mudança na expressão genética
devido à forma como o corpo reage
ao ambiente que o circunda — o que

do de chegar à estação espacial em Agosto de 2015; e o astronauta com o seu irmão gémeo Mark Kelly
Agora que estou de
volta, todos os
músculos e
articulações
protestam contra a
pressão esmagadora
da realidade
Scott Kelly
Astronauta
também pode acontecer em casos
de stress, não só numa viagem espa-
cial. No início, a sequenciação do
genoma dos dois irmãos já tinha
permitido descobrir que cada
gémeo tinha “centenas de mutações
únicas no seu genoma”, variantes
que são deÆnidas pelos cientistas
como sendo normais. Resumindo,
viver no espaço tinha causado alte-
rações epigenéticas — na expressão
e funcionamento dos genes —, mas
isso não alterou o ADN propriamen-
te dito.
A investigadora Susan Bailey, da
Universidade do Colorado (EUA),
estudou os telómeros dos gémeos, as
tais “pontas” que protegem os cro-
mossomas da degradação; com a
idade, os telómeros tendem a dimi-
nuir. No espaço, porém, os telómeros
de Scott Kelly aumentaram de tama-
nho (pelo menos do que se viu nos
seus glóbulos brancos), mas voltaram
NASA
ROBERT MARKOWITZ/NASA
a diminuir quando voltou à Terra. E
mais: alguns Æcaram ainda mais
pequenos do que antes de Scott ir um
ano para o espaço. Como os telóme-
ros curtos agravam o risco de “enve-
lhecimento acelerado” e de doenças
cardiovasculares ou cancro, o seu
estudo é benéÆco não só para os
astronautas, como para quem está na
Terra.
Houve também um espessamento
do nervo da retina de Scott e surgi-
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 33
ram dobras na membrana coróide
do olho — estas alterações já tinham
sido detectadas noutros astronautas
homens, mas não em mulheres. No
seu livro, Scott Kelly diz que a visão
é uma das coisas que mais sentiu
afectada e que, depois das suas cinco
missões, isso nem sempre melhorou
quando chegou à Terra. No espaço,
sentia ainda uma pressão constante
na cabeça, quase como se estivesse
a fazer o pino 24 horas por dia.
O estudo menciona também as
alterações na Çora intestinal de Scott
Kelly, mas os investigadores asseve-
ram que tal pode acontecer aos huma-
nos em Terra quando confrontados
com situações de stress. Além disso,
o sistema imunitário funciona de
igual forma: foi administrada uma
vacina contra a gripe nos dois gémeos,
e foi tão eÆcaz em Terra como no
espaço.
Com futuras viagens a Marte, este
estudo torna-se pertinente para ana-
lisar o impacto das missões espaciais
de longa duração. Até hoje, 559 huma-
nos estiveram no espaço, mas poucos
em missões de longa duração.
Viagens longas — ir a Marte e voltar
pode levar um total de dois a três anos
— têm pela frente um conjunto de
factores que podem prejudicar a saú-
de humana: a exposição a radiação,
o isolamento, a distância à Terra, a
baixa gravidade e a presença constan-
te em espaços conÆnados. No livro,
Scott Kelly confessa que o isolamento
o deixava de rastos. Em órbita, sentia
sobretudo falta da natureza, mas Æca-
va maravilhado sempre que olhava
para a Terra — e dizia-se abismado
com o pensamento de que todas as
pessoas, vivas ou mortas, estão ali.
Quanto à radiação, os astronautas
estão expostos a 30 vezes mais radia-
ção do que o normal, o equivalente a
dez radiograÆas ao tórax por dia.
Como é a vida lá em cima
O livro Endurance está pontuado de
curiosidades que põem em contras-
te o quotidiano da Terra com aquele
de quem vive no espaço: quando
lavam os dentes, os astronautas têm
de engolir a pasta. A urina é transfor-
mada em água potável através de um
processador que a destila. Há barras
de metal por todos os módulos para
que os astronautas se possam segu-
rar, e os novos tripulantes são sem-
pre desajeitados, batem em tudo à
sua passagem, escreve Kelly. Comer
“não é divertido”, é um processo
cauteloso. Há trutas em lata, queijo
processado, comida desidratada,
mas também recebem fruta e vege-
tais — para Scott, a melhor comida é
a dos europeus.
Durante a sua estadia no espaço,
Scott esteve sempre envolvido em
experiências cientíÆcas, sobretudo
relacionadas com os efeitos da gravi-
dade: plantou alfaces (e comeu-as),
dissecou ratos, tirou sangue a si mes-
mo — por vezes, Æcavam gotas de
sangue a Çutuar. Recolher amostras
no espaço é um “desaÆo”, como se lê
no estudo: as amostras recolhidas por
Scott Kelly ora eram congeladas a 80
graus Celsius negativos dentro da ISS,
ou eram enviadas para Terra, demo-
rando 45 horas a chegar.
Mesmo isolado, Scott Kelly conta
que tinha acesso às redes sociais, que
via Ælmes e jogos de futebol — e até A
Guerra dos Tronos — e ainda que votou
nas eleições intercalares dos Estados
Unidos, mesmo a partir do espaço.
Por dia, todas as actividades na
estação são cronometradas ao minu-
to e os astronautas da NASA têm direi-
to a 60 minutos de conversa com a
família e os amigos. Os quartos dão à
justa para cada astronauta e para o
seu saco-cama, para dois computa-
dores (onde vêem os emails e traba-
lham) e algumas roupas e objectos
pessoais.
As decisões tomadas no espaço são
sempre controladas a 400 quilóme-
tros, na Terra. “A tendência da NASA
para uma excessiva cautela e análise
é um aspecto simultaneamente posi-
tivo e negativo”, escreve Scott Kelly.
“Não me parece que o centro de con-
trolo tenha em consideração o facto
de que o nosso tempo e energia tam-
bém são recursos que não devem ser
desperdiçados”, critica.
“As caminhadas espaciais são mui-
to mais arriscadas do que qualquer
outra coisa que façamos enquanto
estamos em órbita”, diz Scott.
Requer horas de preparação e de
atenção, envolvendo dezenas de pes-
soas na Terra, levam fatos de milhões
de dólares que são difíceis de vestir
e manusear e uma fralda. Têm de
estar concentrados o dia todo e não
podem comer, só beber água por
uma palhinha, caminham mais com
as mãos do que com os pés. Na sua
primeira caminhada, Scott Æcou
impressionado com os estragos na
estação: “Há mais de 15 anos que vai
sendo atingida por micrometeoros e
destroços espaciais, provocando-lhe
pequenas mossas, riscos e até bura-
cos.” Estar na imensidão do espaço
é “antinatural”.
A ISS tem um ruído constante dos
ventiladores e um cheiro próprio,
resultante da libertação de gases do
equipamento — Scott compara-o ao
cheio de um carro novo, a que se jun-
ta um ligeiro odor corporal e a lixo. Já
o espaço, diz, tem um cheiro “incon-
fundível”: um misto de metal e odor
a queimado.
Scott Kelly acha estranho que a ISS
não seja pilotada. Como é controlada
por computadores a bordo e na Ter-
ra, o astronauta considera-a mais
como um navio a navegar pelo espaço
do que um avião. Ainda assim, para
ele não é um mero “objecto”, mas sim
“um lugar”.
claudia.silva@publico.pt
34 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

CULTURA
Uma migrante hondurenha
de dois anos chora na foto do ano
O fotógrafo americano John Moore venceu o concurso World
Press Photo 2019 com uma imagem que mostra os custos
humanos da política de Trump para controlar a imigração
PIETER TEN HOOPEN/AGENCE VU/CIVILIAN ACT

Fotojornalismo
Luís Miguel Queirós
A imagem de uma criança hondure-
nha de dois anos, Yolanda Sanchez, a
chorar convulsivamente enquanto a
sua mãe é revistada, à noite, na fron-
teira entre o México e os Estados Uni-
dos, por uma agente da patrulha
fronteiriça americana, captada no dia
12 de Junho de 2018 pelo fotógrafo
John Moore, venceu ontem o prémio
principal do concurso World Press
Photo, tendo sido eleita a fotograÆa
do ano.
Correspondente da Getty Images
desde 2005, Moore é um veterano
repórter fotográÆco norte-america-
no, que trabalhou em dezenas de
países dos cinco continentes e que se
vem dedicando há uma década, des-
de que regressou ao seu país, a acom-
panhar os imigrantes da América
Latina e da América Central que ten-
tam entrar nos Estados Unidos pela
fronteira com o México. A fotograÆa
agora premiada foi tirada, junto à
cidade fronteiriça texana de McAllen, Sanchez, agachada, a tirar os cordões detidas, mas que só não se tinham
quando a apregoada política de “tole- das pequeninas sapatilhas cor-de-rosa mantido juntas por um breve espaço
rância zero” imposta por Donald de Yolanda. de tempo.
Trump estava a ser cada vez mais ata- Se este prestigiado prémio vem A indignação internacional contra
cada por organizações de direitos agora trazer notoriedade mundial à a prática de separar as crianças dos
humanos, que acusavam o governo fotograÆa de Moore, a verdade é que seus progenitores, a que esta fotogra-
americano de ter separado milhares esta tivera já ampla divulgação, sobre- Æa viera dar mais visibilidade, levou
de crianças dos seus familiares, tudo nos Estados Unidos, onde a cho- Trump a rever a sua política e a apro-
enviando pais e Ælhos para centros de rosa Yolanda, recortada da imagem var, no dia 20 de Junho, um decreto
detenção diferentes e impedindo-os original e posta a encarar um Trump presidencial que só permitia às auto-
de manterem qualquer contacto. de expressão vagamente intrigada, ridades alfandegárias separarem os
Whitney C. Johnson, que presidiu chegou à capa da Time e esteve mes- menores das respectivas famílias em
ao júri que escolheu esta imagem — os mo na origem de um pedido de des- casos excepcionais. A referida capa depois?” A fotojornalista brasileira Ten Hoopen que também aborda,
prémios do World Press Photo foram culpas da revista. As datas são impor- da Time chegaria às bancas já depois Alice Martins, que integrou o júri, diz como o de John Moore, a imigração
anunciados ao início da noite de tantes para se perceber a controvér- disso, no dia 2 de Julho, e o artigo a que “esta fotograÆa mostra um tipo para os Estados Unidos. Este fotógra-
ontem em Amesterdão —, lembra que sia. John Moore fez a sua reportagem que dizia respeito sugeria que Yolanda diferente de violência, que é psicoló- fo holandês radicado na Suécia acom-
a fotograÆa do ano deve ser “sur- no dia 12 de Junho e explicou que tinha sido separada da mãe, o que gica”, e observa: “Diz-nos logo tanto panhou uma caravana de milhares de
preendente, única, relevante e receava que Sandra e Yolanda, das levou o próprio John Moore a pedir à acerca da história e, ao mesmo tem- hondurenhos que partiu em Outubro
memorável”, qualidades que reco- quais não soubera mais nada, vies- revista que corrigisse a informação. po, faz-nos sentir ligados a ela”. de 2018 rumo aos Estados Unidos,
nhece neste trabalho de Moore, no sem a ser separadas e enviadas para Embora as declarações do júri do atraindo pelo caminho migrantes da
qual salienta “pormenores interes- diferentes centros de detenção. Um World Press Photo não reÆram direc- Salvar o mundo do caos Nicarágua, de El Salvador ou da Gua-
santes”, como o uso de luvas pela cenário então extremamente plausí- tamente este historial, Whitney C. O fenómeno das migrações, sejam temala. Pela sua dimensão invulgar,
agente que revista a imigrante hon- vel, já que isso mesmo sucedera com Johnson alude a ele quando pergunta, elas resultantes de conÇitos armados esta caravana foi frequentemente
durenha e o facto de os cordões do muitas outras famílias nas mesmas num depoimento gravado em vídeo: ou motivadas por razões de sobrevi- utilizada por Trump para justiÆcar a
calçado da mãe e da Ælha terem sido condições. Mas a circulação interna- “Como é que, ao olhar para esta foto- vência económica, dominou, aliás, o necessidade de endurecer a política
removidos. Noutra fotograÆa da mes- cional que a imagem teve logo nessa graÆa, poderíamos não sentir que concurso World Press Photo deste de imigração americana e para sus-
ma reportagem, publicada no dia 20 altura levou o governo americano a aquela criança está a sofrer uma expe- ano, que atribuiu o prémio de repor- tentar o seu projecto de construção
de Junho de 2018 na edição digital da reagir rapidamente, assegurando que riência traumática, independente- tagem, uma categoria inaugurada de um muro ao longo de toda a fron-
revista Atlantic, vê-se a mãe, Sandra mãe e Ælha tinham efectivamente sido mente do que possa ter acontecido nesta edição, a um trabalho de Pieter teira com o México.
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 35

Yolanda Sanchez chora ao ver a

mãe revistada na fronteira dos
Estados Unidos — a foto do ano
reflecte o drama das migrações
na América Latina, tal como a
série vencedora da categoria
reportagem (à esquerda). Em
baixo, a poluição nas Filipinas
segundo o português Mário
Cruz e o caso Khashoggi
JOHN MOORE/GETTY IMAGES MÁRIO CRUZ

CHRIS MCGRATH/GETTY IMAGES

E como nota um dos jurados, o
fotógrafo ganês Nana KoÆ Acquah,
há fotograÆas que, não testemunhan-
do directamente o fenómeno das
migrações, nos “levam às suas raí-
zes”. O seu comentário referia-se a
uma das candidatas a foto do ano,
uma imagem do italiano Marco Gua-
lazzini que mostra um rapaz nigeria-
no a andar junto a um muro graÆtado
com desenhos de granadas e outras
armas, mas serviria, por exemplo,
para outra nomeada na categoria
principal, a fotograÆa que o sírio
Mohammed Badra tirou a vítimas de
um alegado ataque com armas quí-
micas a receberem tratamento em
Ghouta, junto à zona oriental de
Damasco.
Entre as seis concorrentes a fotograÆa
do ano conta-se ainda uma imagem
de Brent Stirton, da Getty Images,
protagonizada por uma das muitas
mulheres sul-africanas envolvidas
num revolucionário e bem-sucedido
projecto comunitário que conÆou a
equipas exclusivamente femininas a
defesa ambiental de vastas zonas sel-
vagens outrora nas mãos dos caçado-
res de troféus. A fotograÆa de Stirton
perdeu para a de John Moore, mas
venceu na categoria de ambiente,
onde competiu com uma imagem do
fotojornalista português Mário Cruz
que mostra um criança Ælipina dor-
mindo no meio de uma lixeira, uma
fotograÆa que integra o seu trabalho
em torno dos Ælipinos forçados a vive-
rem com níveis de poluição extrema,
a que chamou Living Among What’s
Left Behind e que deu origem a uma
exposição inaugurada há dias no Palá-
cio Anjos, em Algés.
A imagem da fotojornalista franco-
espanhola Catalina Martin-Chico de
uma ex-guerrilheira das FARC (Forças
Armadas Revolucionárias da Colôm-
bia) na fase Ænal da gravidez — satisfei-
ta pelo facto de a trégua acordada com
o governo lhe ter permitido Ænalmen-
te ter um Ælho — foi outras das seis
nomeadas para fotograÆa do ano, tal
como a fotograÆa em que o australiano
Chris McGrath, correspondente da
Gettty Images na Turquia, mostra o
momento em que um homem de fato
e gravata fecha um portão para impe-
dir o acesso dos repórteres que
cobrem o desaparecimento do jorna-
lista saudita Jamal Khashoggi no con-
sulado da Arábia Saudita em Istambul.
Khashoggi entrou no edifício no dia 2
de Outubro de 2018 e nunca mais foi
visto, tendo fontes anónimas da polícia
turca aÆrmado que o jornalista teria
sido assassinado no interior do consu-
lado e que o seu corpo teria sido pos-
teriormente desmembrado. O governo
saudita começou por garantir que Kha-
shoggi deixara o consulado vivo, mas
acabou por admitir duas semanas mais
tarde que o jornalista fora efectiva-
mente morto, segundo esta última
versão por estrangulamento.
“Esta fotograÆa captura a história
num só relance”, diz Alice Martins. E
Nana KoÆ Acquah usa a mesma ima-
gem, que venceu na categoria de notí-
cias, para deixar um aviso: “Acho que
as pessoas não têm noção de quão
rapidamente o mundo se afundaria
no caos se os jornalistas fossem impe-
didos de fazer o seu trabalho”.
lmqueiros@publico.pt
36 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
CULTURA
O Jazz em Agosto viverá em 2019
sob o signo da resistência
Abre com as Songs of Resistance de Marc Ribot, fecha com Marie Holvorson. Pelo meio, Heroes Are Gang
Leaders, Burning Ghosts, Ambrose Akinmusire e Nicole Mitchell levam à Gulbenkian protestos e utopias
Música
Mário Lopes
Terá, para arranque, as Songs of
Resistance de Marc Ribot. Passará
pela música dos Heroes Are Gang
Leaders, criada sob a inÇuência de
Amiri Baraka, pela intensidade e
veia reivindicativa dos Burning
Ghosts e pelo caldeirão jazz-funk-
hip-hop que Ambrose Akinmusire
cozinhou para combater em som o
racismo institucionalizado no seu
país, os Estados Unidos. Terminará
com um regresso, o da guitarrista
Mary Holvorson, agora a apresentar
Code Girl. O mote está perfeitamen-
te deÆnido: o Jazz em Agosto 2019
viverá “sob o signo da resistência e
do grito colectivo clamando por um
mundo mais justo”.
De 1 a 11 de Agosto, na Fundação
Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a
música reÇectirá a turbulência do
mundo. Os dias do Jazz em Agosto
serão feitos de concertos que expri-
mem desejo de mudança e progres-
so, protagonizado por artistas que
procuram fazer da sua música factor
de evolução social e estética. Muito
adequado, portanto, que Marc Ribot
seja chamado a inaugurar o festival
com Songs of Resistance, o álbum em
que o guitarrista, visita habitual do
festival — cá o vimos há um ano, por
exemplo, na edição dedicada a John
Zorn —, reuniu músicos como Tom
Waits, Steve Earle, Tift Merritt ou
Meshel Ndegeocello para recuperar
canções de intervenção de vários
tempos e geograÆas (do movimento
dos direitos civis americanos, da
Guerra Civil Espanhola, da revolta
mexicana, das resistências da
Segunda Guerra Mundial) e para
criar novas composições, inspiradas
por aquelas, mas reÇexo do nosso
tempo.
“Quando Trump foi eleito, senti a
necessidade de agir politicamente”,
dizia Marc Ribot ao Ípsilon em Feve-
reiro, quando se apresentou no gnra-
tion, em Braga, com os seus Ceramic
Dog. Songs of Resistance foi conse-
quência directa dessa chamada à
acção. No AnÆteatro ao Ar Livre,
para dar voz às resistências, terá a
seu lado o baterista Ches Smith, e
A música de Nicole Mitchell, flautista e compositora nova-iorquina, propõe a utopia de um outro mundo
também Jay Rodriguez (saxofone,
Çauta), Brad Jones (contrabaixo) e
Reinaldo de Jesus (percussão).
A palavra ganhará protagonismo,
um dia depois, com os Heroes Are
Gang Leaders, e no Æm-de-semana
seguinte, dia 10, com Ambrose
Akinmusire. Os primeiros nasceram
após a morte do poeta, dramaturgo e
activista Amiri Baraka, em 2014, como
forma de continuar a dar vida ao seu
espírito insubmisso, à sua voz da
consciência afro-americana. O rasti-
lho deu-se com o encontro entre o
saxofonista James Brandon Lewis e o
poeta e fotógrafo Thomas Sayers Ellis
e a explosão criativa concretizou-se,
como ouvido em The Amiri Baraka
Sessions, editado este ano, num com-
bo de 12 elementos, entre músicos e
vocalistas, que ritmam as palavras em
cadência hip-hop, que trazem o jazz
O próximo Jazz em
Agosto quer
constituir um
“grito colectivo
clamando por um
mundo mais justo”
para a boca de cena, que cruzam lin-
guagens para que os versos falados e
as palavras cantadas ganhem uma
ressonância maior. Quanto a Akinmu-
sire, traz ao Jazz em Agosto o seu
quarto álbum de estúdio, Origami
Harvest, projecto ambicioso que teve
como ponto de partida a constatação
de que, nos Estados Unidos, um
homem negro tem de se moldar aos
preconceitos e às expectativas que a
sociedade cria para ele — daí a refe-
rência no título à arte japonesa de
trabalhar o papel.
Furacões e tempestades
Da esfera de John Zorn, ou seja, com
ligações à sua casa, a editora Tzadik,
chegam, no dia 3, os Burning Ghosts
e a sua música verdadeiramente
incendiária, explosão punk e cadên-
cia metal no coração de um corpo
jazz, que constitui sensação no
underground de Los Angeles, e houve
quem perguntasse se estamos peran-
te os Rage Against the Machine do
jazz, argumentando que o álbum
homónimo do quarteto “está a par
dos esforços politicamente motivados
da New Thing, estendendo até ao
novo milénio as inovações de luminá-
rias como Max Roach e Archie Shepp”
DR
(Troy Collins na All About Jazz).
Poucos dias depois da passagem do
furacão Burning Ghosts, nova tem-
pestade se levantará. A responsabili-
dade é de Théo Ceccaldi, o violinista
francês que, depois de passagens
anteriores pelo festival, integrado na
Orchestre National de Jazz ou enquan-
to líder dos Petite Moutarde, traz a
Lisboa o seu grupo FREAKS. O bap-
tismo é perfeito tendo em conta a
música criada, que ouviremos dia 8
— Ceccaldi e o quinteto que o acom-
panha mostram-se uma frenética
centrifugadora estética onde se agi-
tam espectros de Stravinski, klezmer,
punk, jazz, Zappa e Carl Stalling. Nos
FREAKS, o activismo é estético: repre-
sentam a vanguarda como acção
revolucionária, aponta o comunicado
de apresentação do festival.
O concerto de encerramento do
festival, dia 11, terá como protagonis-
ta Mary Holvorson, regressada após
ter participado activamente na edição
2018, desta vez para apresentar Code
Girl — e será a sua segunda subida a
palco nesta edição, já que antes inte-
grará a formação do baterista Tomas
Fujiwara, que apresentará Triple Dou-
ble no dia 9. Em Code Girl, destacado
como um dos melhores álbuns jazz
do ano passado nas listas do Ípsilon,
a guitarrista, considerada uma das
mais singulares improvisadoras da
sua geração, acrescenta ao seu grupo
Amirtha Kidambi, formada na tradi-
ção musical indiana, para dar voz às
letras que escreveu.
Por um outro mundo
Para trás terão Æcado, neste Jazz em
Agosto, a electrónica de câmara da
norueguesa Maja S. K. Ratkje (dia 2),
o encontro saxofone/bateria do casal
Ingrid Laubrock (autora de Contem-
porary Chaos Practices, melhor álbum
jazz de 2018 para o Ípsilon) e Tom
Rainey (dia 3) ou o encontro imperdí-
vel, no mesmo dia, entre quatro músi-
cos de destaque no actual cenário jazz
português: Ricardo Toscano, Rodrigo
Pinheiro, Miguel Mira e Gabriel Fer-
randini. Teremos ouvido o guitarrista
francês Julien Desprez e os seus ABA-
CAXI (dia 8), teremos sido abalados,
dia 9, pelo encontro de percussionis-
tas protagonizado por Joey Baron
(Naked City, John Zorn Masada) e
Robyn Schulkowsky (Stockhausen,
Xenakis, Morton Feldman), teremos
descoberto a que soam em conjunto
uma harpa eléctrica, a de Zeena
Parkins, colaboradora de Björk, e
uma bateria, a de Bruce Chase, mem-
bro fundador dos Yeah Yeah Yeahs
(dia 10). E teremos na memória o con-
certo que se propõe reunir num mes-
mo momento o activismo político e a
agitação estética. Acontece dia 4, e
tem a Çautista e compositora Nicole
Mitchell como protagonista.
Nova-iorquina de 52 anos e vasta
discograÆa, é autora de Mandorla
Awakening II: Emerging Worlds, álbum
e novela que apresentará no Jazz Em
Agosto. Encomendado pelo Museu de
Arte Contemporânea de Chicago, é
um objecto ambicioso e inspirado
onde convivem o legado do jazz afro-
cêntrico, farrapos de música clássica,
deleites orientais, balanço funk, pai-
sagens de Æcção cientíÆca e a força da
palavra falada. Tudo reunido, uma
música múltipla, desaÆante e onírica
imaginando a utopia possível de um
outro mundo. Muito de acordo, por-
tanto, com a ambição anunciada no
mote deste 36.º Jazz em Agosto.
mario.lopes@publico.pt
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 37

CULTURA

A iraniano-egípcia Lafawndah actua

esta noite no Arquipélago — Centro
es
de Artes Contemporâneas, nos
Açores, no âmbito do Festival Tremor
A

Breves
Prémio
Margarida Cordeiro Assédio sexual Geoffrey Rush ganha processo contra o Daily Telegraph
vence prémio Aurélio
DYLAN COKER /EPA

da Paz dos Reis

A realizadora Margarida
Cordeiro recebe hoje o Prémio
Aurélio da Paz dos Reis,
atribuído no âmbito da Mostra
Internacional de Filmes de
Escolas de Cinema (MIFEC),
numa sessão que se iniciará às
14h30 no Cinema Trindade, no
Porto, com a exibição do filme
Trás-os-Montes (1976), que
realizou com António Reis.

Cinema
Realizadores vão
programar exibição
de curtas-metragens
Para assinalar os seus 20 anos, a
Agência da Curta-Metragem
convidou um conjunto de
realizadores a escolherem
curtas-metragens nacionais,
que serão exibidas, ao longo
deste ano, em 21 festivais. O O actor australiano Geoèrey que em 2017 o acusara de ter em 2015. Numa decisão de que o diário, a pagar ao actor 850 mil
projecto arranca no domingo no Rush venceu ontem um processo assediado sexualmente a actriz jornal deverá agora recorrer, o dólares australianos (cerca de
Festival Luso-Brasileiro de Santa judicial de difamação contra o Eryn Jean Norvill durante uma tribunal australiano condenou o 540 mil euros) por “danos à sua
Maria da Feira. jornal inglês Daily Telegraph, produção de Rei Lear em Sidney, grupo News Corp, que detém o reputação”.

Cineclubismo Política cultural Música Artes plásticas

Dia do Cineclube
será comemorado
a 14 de Abril
Evocando a fundação em
França, a 14 de Abril de 1907, do
primeiro cineclube do mundo, a
Federação Portuguesa de
Cineclubes instituiu essa data
como o Dia do Cineclube, que
se assinala este ano pela
primeira vez. O programa de
comemorações, que abre já
hoje, envolverá 23 cineclubes.
Ministros da Cultura
da CPLP reúnem-se
hoje em Cabo Verde
A declaração da Cidade da Praia
e da Cidade Velha como capitais
da cultura da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa no
biénio que terminará em 2020
será hoje oficializada durante a
11.ª reunião dos ministros da
Cultura da CPLP, que decorre em
Cabo Verde, onde Portugal estará
representado por Graça Fonseca.
Lena d’Água lança Duas galerias
em Maio o disco portuguesas
Desalmadamente presentes na Art Basel
Lena d’Água regressa aos discos As galerias Pedro Cera e
este ano com Desalmadamente, Cristina Guerra serão as únicas
que será lançado a 10 de Maio, a representar Portugal
anunciou a editora Universal. A na Art Basel, uma das mais
cantora, que não editava um importantes feiras de arte do
novo disco há três décadas, mundo, cuja próxima edição
celebrizou-se nos anos 1980 decorrerá em Basileia, na Suíça,
enquanto vocalista dos Salada de entre 13 e 16 de Junho. As 290
Frutas, com temas como Se cá galerias seleccionadas abarcam
nevasse e Olhò o robot. 34 países.
 SPIROU E FANTÁSIO ESTãO DE VOLTA...
AO MUNDO

Á L B U MO
DUPL
A
E M C A PA
+1A1R,T9A,024€ABR DUR
QU COM O PÚ
BLICO COLECÇÃO SPIROU E FANTÁSIO, DE FRANQUIN.
Um clássico mundial da BD infanto-juvenil (que os pais vão querer roubar)

Para as crianças, aventuras fantásticas. Para os adultos, humor inteligente. Para todos, um clássico
©DUPUIS 2019, by Franquin

sempre jovem – e, para muitos, um dos vértices da “Sagrada Trindade” da BD franco-belga clássica,
a par de Tintin e Astérix. 80 anos depois da sua criação, o Público e a ASA juntaram-se para o levar
numa viagem pelo mundo à boleia das aventuras de Spirou, do seu amigo inseparável Fantásio
e do esquilo Spip. Embarque nesta história, todas as Quartas, com o Público.
Colecção de 11 títulos. PVP unitário 11,90€. Preço total da colecção 130,90 €. Periodicidade semanal às Quartas-feiras,
e n t r e 24 d e A b r i l e 3 d e J u l h o d e 2 0 1 9 . L i m i t a d o a o s t o c k e x i s t e n t e .
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 39

Rua Júlio Dinis, n.º 270, Tel. 22 615 10 00

Bloco A, 3.º Piso
4050-318 Porto
lojaporto@publico.pt
De seg a sex das 09H às 18H
CLASSIFICADOS

CONVOCATÓRIA

Ao abrigo do disposto n.º 2, do artigo 17.º dos Estatutos, convoco a Assem-
bleia Geral do Club Portuense a reunir em sessão ordinária, no dia 6 de Maio
de 2019, pelas 20H30, na sede social, à Rua Cândido dos Reis, n.º 24, no Porto,
com a seguinte ORDEM DE TRABALHOS:
1.º - Discussão e votação do Relatório e Contas da Direcção do exercício de
2018, e do respectivo Parecer do Conselho Fiscal.
2.º - Discussão e votação da proposta da Direcção de alteração do valor das
quotas e condições de pagamento.
3.º - Outros assuntos de ordem geral relativos ao Club Portuense, que os só-
cios queiram propor à discussão, mas sem caracter deliberativo.
Se à hora designada não estiver presente o número de sócios necessário para
ser considerada regularmente constituída, nos termos do n.º 1, do art.º 19.º
dos Estatutos, a Assembleia funcionará em segunda convocação com qual-
quer número de sócios, uma hora depois da designada, ou seja, às 21H30, no
mesmo local e com a mesma Ordem de Trabalhos, de acordo com o n.º 2 da
citada disposição.
O Relatório e contas, o Parecer do Conselho Fiscal e a proposta de alteração
do valor das quotas e condições de pagamento, estarão disponíveis e poderão
ser consultados na secretaria do Club Portuense, a partir do dia 16 de Abril
de 2019.
Porto e Club Portuense, 11 de Abril de 2019
O Presidente da Mesa da Assembleia Geral,
Dom Diogo António de Azeredo e Noronha de Brito e Faro
CONVOCATÓRIA ASSEMBLEIA GERAL
Com a finalidade de serem discutidas as matérias previs-
tas no Artigo 28.º (n.º 1 – b), dos Estatutos da GDA, e tendo
em atenção o disposto nos seus Artigos 23.º (n.º 2); 26.º
(n.ºs 1 e 2); 27.º e 28.º (n.ºs 4 e 5), convocam-se todos os
cooperadores para uma ASSEMBLEIA GERAL, a realizar
em 2 de maio de 2019, pelas 15 horas, nas instalações da
GDA – Avenida Defensores de Chaves, n.º 46, em Lisboa,
com a seguinte
ORDEM DE TRABALHOS
1. Apreciar e votar o Relatório de Gestão e Contas, do exer-
cício de 2018, bem como, o Parecer do Conselho Fiscal.
2. Informações gerais.
NOTA: A partir de 24 de abril p.f., os documentos referidos em 1. estarão à
disposição dos cooperadores na GDA/Lisboa e GDA/Porto, podendo ser
solicitado, atempadamente, o seu envio por via eletrónica ou postal.
Lisboa: Avenida Defensores de Chaves, n.º 46 A/B, 1000-120 Lisboa – Tel. 218 411 650
Porto: Praça Carlos Alberto, 123 – 4º Andar – Sala 41 / 48, 4050-293 Porto Tel. 222 085 578
Município de Almeirim
Dá-se conhecimento público de que se encontra aberto AVISO
processo de recrutamento de pessoal em regime de Abertura de procedimento concursal para constituição de reser-
comissão de serviço para a NOVA FCSH para: vas de recrutamento de postos de trabalho no Mapa de Pessoal
do Município de Almeirim, para a carreira e categoria de Assis-
• 1 vaga de Dirigente Intermédio de 2.º grau (m/f), tente Operacional, na modalidade de contrato de trabalho em
referência CT-DI-002/2019/DBD ao qual podem funções públicas por tempo indeterminado, para a Divisão de
candidatar-se indivíduos que reúnam as condições Ambiente e Obras Municipais, com funções/atividades de Pe-
dreiros, Serventes e Operador de Máquinas (condutor de máqui-
fixadas no aviso disponível no endereço http://fcsh. nas pesadas e veículos especiais)
unl.pt/faculdade/recursos-humanos/concursos/nao- Conforme aviso deste município, publicado no Diário da República,
docentes II Série, n.º 70, em 9 de Abril de 2019, Aviso n.º 6530/2019, encontra-
O prazo-limite para a submissão das candidaturas é 6 -se aberto procedimento concursal para constituição de reservas de
recrutamento para o Mapa de Pessoal do Município de Almeirim em
dias úteis a contar da data da publicação do presente
regime de contrato de trabalho em funções públicas por tempo inde-
anúncio. terminado, pelo prazo de 10 dias úteis, contados a partir da data da
publicação no Diário da República do aviso de abertura, para posto
de trabalho de assistente operacional, para o mapa de pessoal do
Município de Almeirim, para a Divisão de Ambiente e Obras Munici-
pais, com as funções enquadradas e inseridas na atividade de Pe-
dreiros, Serventes e Operadores de Máquinas (condutor de máqui-
nas pesadas e veículos especiais) daquela divisão, no Anexo I à Lei
n.º 35/2014, de 20 de Junho para a respetiva carreira, e as inseridas
na atividade técnica daquele serviço, bem como as adequadas ao
perfil de competências previstas no Regulamento de Organização
dos Serviços Municipais quanto à Divisão em que se insere, sendo
o nível de formação exigido o Grau de complexidade funcional 1.
A formalização das candidaturas deve respeitar o conteúdo do refe-
rido aviso de abertura, pelo que é obrigatória a sua consulta, nomea-
damente para observância dos prazos de candidatura aí descritos.
As candidaturas, efetuadas em suporte de papel através do formulá-
rio tipo, de utilização obrigatória, disponível na página eletrónica da
autarquia, no endereço http://www.cm-almeirim.pt devem ser reme-
tidas ao Presidente da Câmara Municipal de Almeirim, sob registo e
com aviso de receção, para Rua 5 de Outubro, 2080-052 ALMEIRIM,
ou entregues pessoalmente no serviço de Expediente do Município
de Almeirim, no período de expediente (das 9h às 12h30m e das
14h às16h).
Quaisquer outras informações podem ser solicitadas no serviço de
recursos humanos do Município, durante o horário de expediente
(das 9h às 12h30m e das 14h às17h30m), ou para o seguinte ende-
reço: recursoshumanos@cm-almeirim.pt.
Almeirim, 9 de Abril de 2019.
O Presidente da Câmara,
Pedro Miguel César Ribeiro

Público, 12/04/2019

Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares CARTA FECHADA

Por determinação do Exmo. Sr. Administrador Judicial, vai proceder à venda dos bens infra
identificados, na modalidade de Carta Fechada, integrantes da seguinte Massa Insolvente:
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS
Bens Móveis | Viatura da marca Nissan AdRA - Águas da Região de Aveiro, S.A.
DE ROMEU DE CORREIA
Insolvência de Maria Clara Moreira Lda.
AVISO DE ABERTURA DE PROCEDIMENTO Proc. n.º 4576/18.8T8VIS - Tribunal Judicial da Comarca de Viseu - Juízo de
CONCURSAL PARA DIRETOR Comércio do Viseu - Juiz 1 CONCURSO PÚBLICO
DO AGRUPAMENTO Verba 1: Diversos bebedouros e comedouros para aviário.
Valor Mínimo: 7.000,00€ (sete mil euros)
De acordo com o disposto no artigo 22.º do Decreto- Verba 2: Viatura ligeira de mercadorias da marca “Nissan”, matrícula: 16-31-RJ do ano de Águas Residuais de Ouca (PAR 011) – Vagos
-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, alterado pelo Decre- 2001 (elevado estado de degradação). Prorrogação do prazo
to-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho, torna-se público Valor Mínimo: 50,00€ (cinquenta euros)
que foi publicado no Diário da República, 2.ª Série, Visitas: Por marcação prévia Disponível através de www.acingov.pt
N.º 70, de 9 de abril de 2019, o Aviso n.º 6511/2019, Regulamento / Condições de Venda
de abertura do procedimento concursal para eleição
1. Os interessados na aquisição dos bens deverão remeter as propostas por escrito, via
do diretor do Agrupamento de Escolas de Romeu CTT, até ao dia 13 de maio de 2019, para o escritório da Encarregada de Venda, sito na
Correia. Rua de S. Pedro, n.º 41 – Guarda Nova – 2430-162 Marinha Grande, ou entregues por mão
A entrega de candidaturas decorre no prazo de 10 até à hora da sua abertura a realizar no dia 16 de maio de 2019 às 15h00, no escritório do
dias úteis, a contar do dia seguinte ao da publicação Exmo. Sr. Administrador Judicial, sito na Rua 5 de outubro, n.º 29, 2725-270 Mem Martins.
do referido aviso. 2. As propostas deverão conter os seguintes elementos: identificação do proponente Designação do contrato:
(nome ou denominação social, morada, n.º de contribuinte, telefone/telemóvel, email);
Feijó, 11 de abril de 2019 identificação do processo; identificação da verba, e respetivo valor proposto. No exterior do Objeto do contrato:
A Presidente do Conselho Geral envelope terá de constar a identificação do processo e assinalado com a menção proposta
em carta fechada.
Berta Maria Soares Vieira da Silva
3. Os bens serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus
ou encargos.
4. Ao valor da adjudicação acresce comissão de 10% acrescida de IVA à taxa legal em vigor,
referente ao pagamento dos serviços prestados pela Leiloexpert, Lda. Extrato do regulamento:
EDIFÍCIO DIOGO CÃO Não dispensa a consulta das restantes condições de venda em www.leiloexpert.pt. Data limite de entrega de propostas:
DOCA DE ALCÂNTARA NORTE, LISBOA Extrato do regulamento: Não dispensa a consulta das restantes condições de venda
(JUNTO AO MUSEU DO ORIENTE) disponíveis em www.leiloexpert.pt.
HORÁRIO: 2.ª – 6.ª FEIRA: 9H – 19H Rua de S. Pedro, n.º 41, Guarda Nova
SÁBADO: 11H – 17H 2430-162 Marinha Grande
www.leiloexpert.pt | www.leiloexpert-vendas.pt | Email: geral@leiloexpert.pt
Contactos: 244 838 127 / 967 257 029 / 967 626 816 / 961 445 566
Para mais informações consulte www.acingov.pt ou ligue 234 910 200
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
40 • Público ClassiÄcados • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
DIREÇÃO-GERAL DOS ESTABELECIMENTOS ESCOLARES
- AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MIRA
ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS AVISO MUNICÍPIO DE ANADIA
ANÚNCIO Nos termos da Lei n.º 35/2014 de 20 de junho e do disposto na Portaria CÂMARA MUNICIPAL
Nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 100.º do Estatuto da Ordem dos Médi-
n.º 83-A/2009, de 22 de janeiro com as alterações que lhe foram introdu- CONTRIBUINTE 501 294 163
cos Dentistas (OMD) aprovado pela Lei n.º 124/2015, de 2 de setembro, que proce- zidas pela Portaria n.º 145-A/2011, de 6 de Abril, torna-se público que se
de à terceira alteração ao Estatuto da Ordem dos Médicos Dentistas, através da Lei encontra aberto pelo prazo de 10 dias úteis a contar da publicação em AVISO
n.º 110/91, de 29 de agosto, alterada pelas Leis n.ºs 82/98, de 10 de dezembro, e Diário da República, concurso, para preenchimento de 3 postos de tra-
44/2003, de 22 de agosto, no sentido de o adequar, à Lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro balho, para a carreira e categoria de Assistente Operacional em regime Para os devidos efeitos se torna público que se encontra
e artigo 3.º, n.º 2 do Regulamento da Ação Disciplinar da OMD (regulamento interno de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado. aberto procedimento concursal comum de recrutamento,
n.º 606/2016, de 23 de junho), na sequência da devolução pelos serviços postais das
respetivas notificações postais, são por este meio notificados seguintes os arguidos: Mira, 10 de março de 2019 para ocupação de 2 postos de trabalho, para a carreira
NÚMERO PROCESSO NOME PROFISSIONAL
O Diretor - Fernando Manuel Cortez Rovira e categoria de assistente técnico, em regime de contrato
Q1 - 2017 Simões Valente de trabalho em funções públicas por tempo indetermina-
Q16 - 2017 Natália de Castro Machado
TRIBUNAL JUDICIAL COMARCA DE VILA REAL do conforme aviso n.º 6395/2019 publicado na 2.ª Série
Q108 - 2017 Kelly Castro
JUIZO DE COMPETÊNCIA GENÉRICA DE ALIJÓ do Diário da República n.º 69 de 08/04/2019.
Q120 - 2017 Eduardo Guedes Borges
Q24 - 2017 Júlio Sérgio PROCESSO N.º 58/17.3T8ALJ – C Paços do Município de Anadia, 08 de abril de 2019
Q41 - 2017 Márcia Cabrelli Insolvente: Ana Cristina Pinhel Teixeira A Presidente da Câmara
Q42 - 2017 Júlio Ribeiro Silva
Q122 - 2017 Silvia Rusu Maria da Conceição Ferreira dos San- do número do processo” a que se des- Eng.ª Maria Teresa Belém Correia Cardoso
Q135 - 2017 José Carlos Pérez Florido tos, administradora da insolvência, tinam.
Q9 - 2017 Miguel Pinto Cardoso nomeada no processo de insolvência *As propostas terão de conter, no seu
Q18 - 2017 José Carlos Martins Ferreira n.º 58/17.3T8ALJ que corre termos no interior sob pena de serem excluídas,
Tribunal Judicial Comarca de Vila Real - os seguintes elementos: nome do pro-
Q128 - 2017 André Gonçalves Soares
Juízo de Competência Genérica de Alijó ponente ou denominação social, mora-
Q40 - 2017 Inês Resina onde foi declarada insolvente Ana Cristi- da, número de contribuinte (NIF/NIPC), MINISTÉRIO DS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS
Q51 - 2017 José Meneses na Pinhel Teixeira, vai proceder à VENDA telefone, identificação do processo, o
Secretaria-Geral
Q117 - 2017 Ana Isabel Portugal EXTRAJUDICIAL POR PROPOSTA EM valor oferecido por extenso em euros e
Q138 - 2017 João Primo CARTA FECHADA do seguinte: acompanhadas de cheque caução (vi-
Q14 - 2017 Ricardo Fernandes IMÓVEL: sado ou bancário), no montante de 20% Programa de Estágios Profissionais em Embaixadas, Consu-
Q19 - 2017 Darlene Macedo
‘’Casa de Habitação de r/c, 1.º andar, do valor proposto emitido à ordem da lados, Missões e Representações Portuguesas (PEPAC-MNE)
garagem e logradouro, sito na Rua Cimo «Massa Insolvente de Ana Cristina Pi-
Q32 - 2017 Mourié Laurent do Povo n.º 4, Casas da Serra, 5070-202 nhel Teixeira» ou garantia bancária de
Q38 - 2017 Lídia Alves
Ministério dos Negócios Estrangeiros abre 85 vagas para jo-
Alijo, da União das Freguesias de Carlão igual valor.
Q43 - 2017 Ricardo M. Nepomuceno e Amieiro e inscrito na matriz sob artigo *As propostas recolhidas serão abertas vens licenciados
Q110 - 2017 Francisco Cruz 1114 (anterior art.º 1080 da freguesia de no escritório da Administradora de Insol-
Q127 - 2017 António Rocha Carlão) e descrita na Conservatória do vência no dia 23 de Maio de 2019 pelas O Ministério dos Negócios Estrangeiros vai promover a IV Edição do Pro-
Registo Predial de Alijó sob o n.º 1713 14h30m e na presença dos proponentes grama PEPAC-MNE. As candidaturas decorrem entre 16 de abril e 30 de
Q132 - 2017 Paloma Inés Paz
da referida freguesia’’. que queiram estar presentes.
Q15 - 2017 Alexandre Sousa Valor-Base da Venda: 57.000,00€ - *A adjudicação do bem será feita à pro- abril de 2019.
Q73 - 2017 Patrícia Teles Pimenta Aguiar Art.º 886- A n.º 3 al b) do CPC posta de maior valor, igual ou superior Este Programa enquadra-se na Iniciativa Emprego Jovem, parte integran-
Q92 - 2017 Eric Frasson Valor Mínimo Anunciado: 48.450,00€ ao valor anunciado, havendo propostas
Equivalente a 85% do Valor-Base - de igual valor e sem prejuízo do disposto
te do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (PO ISE), cujo
Q12 - 2017 Giuseppe Bruni
Q97-2017 Dulce Armendariz art.º 889, n.º 2 do CPC no artigo 164 n.º 2, 3 e 4 do CIRE, pro- financiamento advém de fundos comunitários.
ceder-se-á a uma licitação apenas entre
Q113-2017 José Pedro Bernardino - Consigna-se que o bem será vendido
esses proponentes.
São elegíveis os licenciados com idade até aos 30 anos (ou 35 anos no
Q56 - 2017 Luís Pedro Faria de Abreu no estado legal e físico em que se en- caso de serem portadores de incapacidade permanente igual ou superior
contra estando dispensada a correspon- *O restante preço será liquidado no pra-
Q29 - 2017 Marcos Maciel zo máximo de 30 dias, mediante cheque a 60%).
dentes licença de utilização/ construção
Q89 - 2017 Carolina Zaccari visado ou bancário, após a notificação
certificado energético e ou outros(as) O PEPAC-MNE destina-se a apoiar a formação profissional nas principais
Q69 - 2017 Maura Cardoso constituindo ónus do adquirente a respe- ao proponente, cuja proposta tenha sido
Q54 - 2017 Sofia Félix tiva legalização/ obtenção das mesmas. aceite. áreas de atuação da política externa portuguesa - diplomacia económica
- É da responsabilidade do adquirente *Se não for possível realizar a escritura e diplomacia política e apoio consular. Cada candidato poderá apenas
Q93 - 2017 Juraci Lopes
por razões imputáveis ao promiten-
de que Conselho Deontológico e de Disciplina da OMD procedeu ao julgamento dos
todos os custos inerentes à compra, no-
te-comprador, este perderá o sinal já
concorrer a uma destas áreas, tendo em conta a sua formação académi-
meadamente as obrigações fiscais escri-
processos disciplinares acima identificados instaurados no âmbito da ação disciplinar entregue. *Caberá ao Mmo. Juiz do pro- ca, segundo o disposto na Portaria n.º 259/2014, de 15 de dezembro, na
tura, registos da compra, cancelamento
previsto nos artigos 13.º, n. º 1, alínea b), e 83.º, n.º 5 do Estatuto da OMD e artigo dos ónus… etc. cesso de insolvência a resolução de to- redação dada pela Portaria n.º 103/2019, de 9 de abril.
31.º do Regulamento da Ação Disciplinar da OMD, e deliberou pela aplicação aos das e quaisquer questões surgidas, que
arguidos acima indicados, da Pena Disciplinar de SUSPENSÃO, pelo período de 2 REGULAMENTO: não estejam contempladas no presente Os métodos de seleção são a avaliação curricular e a entrevista. Esta
(dois) anos, prevista no artigo 83.º, n.º 1, alínea d), por força do n.º 5 do mesmo artigo, *As propostas deverão ser rececionadas regulamento. última é conduzida por comissões especializadas em cada uma das áreas
conjugado com o disposto no artigo 13.º, n.º1, alínea b), todos do Estatuto da OMD ou entregues no escritório da A.I. impe- Para qualquer informação e agenda-
rativamente até às 12h30m do dia 23
de estágio.
Os fundamentos da aplicação das penas disciplinares constam dos respetivos Acór- mento da visita ao imóvel deverá con-
dãos e Relatórios, podendo ser levantados na Sede da OMD, sita na Av. Dr. Antunes de Maio de 2019 num envelope fecha- tactar para o Fax: 256 375 762 / E-mail: Os estagiários beneficiam de uma bolsa mensal em função do país no
Guimarães, nº 463, na cidade do Porto, nos dias úteis durante o horário de funciona- do, ao cuidado da Administradora de conceicaosantos2@gmail.com, telemó-
Insolvência para a Rua S. Nicolau, n.º 2,
qual o estágio decorre e de um subsídio de refeição. Usufruem ainda
mento dos serviços administrativos (09h00 às 18h00). vel: 967698243.
Ficam ainda notificados, que nos termos do disposto no artigo 90.º, n.º 1, in fine, do 1.º andar, sala 103, 1.º andar, 4520-248 de um seguro obrigatório de acidentes de trabalho, assim como de uma
A Administradora de Insolvência
Estatuto da OMD, as sanções disciplinares iniciam a produção dos seus efeitos 15 Santa Maria da Feira.
Maria da Conceição Ferreira dos Santos
viagem de ida e volta entre Portugal e o local do estágio.
dias após a publicação do presente edital. *No envelope deve constar a seguinte
Porto, 18 de maio de 2018 – O Conselho Deontológico e de Disciplina. referência: “Proposta de Aquisição e Público, 12/04/2019 - 1.ª Pub. As candidaturas à IV Edição do PEPAC-MNE são submetidas entre os
dias 16 de abril e 30 de abril de 2019, através da plataforma eletrónica
disponível para o efeito em: https://www.bep.gov.pt/pages/PEPAC/MNE/
Default.aspx.
Com a duração de um ano, estes estágios profissionais têm início a 15
de outubro de 2019.

Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de
Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única
organização em Portugal, de âmbito nacional, especificamente constituída para promover a qualidade de vida EMPREGO
das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio
Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade.
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e
europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de É ALTURA DE MUDAR
DE EMPREGO?
Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos.
Contactos
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL INSCREVA-SE EM EMPREGO.PUBLICO.PT
Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org EM PARCERIA COM
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org
 Público ClassiÄcados • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 41

INSOLVÊNCIA DE FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO FECHADO PROMOVEST

COMARCA DE LISBOA - INSTÂNCIA CENTRAL - 1ª SEC. COMÉRCIO - J5 - PROCESSO N.º 25280/16.6T8LSB

VENDA DE IMÓVEIS – PROPOSTA EM CARTA FECHADA

Por determinação do Administrador da Insolvência, com a aprovação da Comissão de Credores, e credor garantido por hipoteca, procede-se à venda mediante receção
de propostas em carta fechada, dos bens que a seguir se identificam, conforme as condições expressas no presente anúncio:

Imóveis:
LOTE COMPOSTO POR:
- VERBA 5: Prédio urbano denominado “Lote 7/8” sito em Ladeira do Batista, freguesia de Coimbra (Almedina – Sé Velha), concelho de Coimbra, descrito na Primeira Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o número 208,
inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 4721, melhor identificado no auto de apreensão, para onde se remete (cfr. certidão do registo predial com o código de acesso PP-1792-43861-060302-000208); – Valor avaliação: € 2.754
662,71 (dois milhões setecentos e cinquenta e quatro mil seiscentos e sessenta e dois euros e setenta e um cêntimos);
- VERBA 6: Pédio urbano denominado “Lote 9/10” sito em Ladeira do Batista, freguesia de Coimbra (Almedina – Sé Velha), concelho de Coimbra, descrito na Primeira Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o número 209,
inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 4722, melhor identificado no auto de apreensão, para onde se remete (cfr. certidão do registo predial com o código de acesso PP-1792-43870-060302-000209);– Valor avaliação: € 2.754
662,71 (dois milhões setecentos e cinquenta e quatro mil seiscentos e sessenta e dois euros e setenta e um cêntimos);
- VERBA 7: Prédio urbano denominado “Lote 11/12” sito em Ladeira do Batista, freguesia de Coimbra (Almedina – Sé Velha), concelho de Coimbra, descrito na Primeira Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o número 210,
inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 1196, melhor identificado no auto de apreensão, para onde se remete (cfr. certidão do registo predial com o código de acesso PP-1792-43888-060302-000210); – Valor avaliação: € 2.754
662,71 (dois milhões setecentos e cinquenta e quatro mil seiscentos e sessenta e dois euros e setenta e um cêntimos);
- VERBA 8: Prédio urbano denominado “Lote 13” sito em Ladeira do Batista, freguesia de Coimbra (Almedina – Sé Velha), concelho de Coimbra, descrito na Primeira Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o número 211, inscrito
na respetiva matriz predial sob o artigo 1200, melhor identificado no auto de apreensão, para onde se remete (cfr. certidão do registo predial com o código de acesso PP-1792-43896-060302-000211); – Valor avaliação: € 2.182 877,63
(dois milhões cento e oitenta e dois mil oitocentos e setenta e sete euros e sessenta e três cêntimos);
- VERBA 9: Prédio urbano denominado “Lote 14” sito em Ladeira do Batista, freguesia de Coimbra (Almedina – Sé Velha), concelho de Coimbra, descrito na Primeira Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o número 212, inscrito
na respetiva matriz predial sob o artigo 1204, melhor identificado no auto de apreensão, para onde se remete (cfr. certidão do registo predial com o código de acesso PP-1792-43900-060302-000212); – Valor avaliação: € 2.182 877,63
(dois milhões cento e oitenta e dois mil oitocentos e setenta e sete euros e sessenta e três cêntimos);
- VERBA 10: Prédio urbano denominado “Lote 15” sito em Ladeira do Batista, freguesia de Coimbra (Almedina – Sé Velha), concelho de Coimbra, descrito na Primeira Conservatória do Registo Predial de Coimbra sob o número 213,
inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 1208, melhor identificado no auto de apreensão, para onde se remete (cfr. certidão do registo predial com o código de acesso PP-1792-43918-060302-000213); – Valor avaliação: € 2.182
877,63 (dois milhões cento e oitenta e dois mil oitocentos e setenta e sete euros e sessenta e três cêntimos).

Valor mínimo da venda conjunta dos imóveis: € 14.812.621,02 (catorze milhões oitocentos e doze mil seiscentos e vinte e um euros e dois cêntimos)

Visitas: Data e hora a acordar com Administrador Judicial

Informações: Jorge Calvete (Administrador Judicial)
Contactos: 244801349
Morada: Rua Arq.º Camilo Korrodi, Terraços do Marachão, Lote 4, 2.º E 12, 2400-111 Leiria
E-mail: calvete@causaefeito.pt
Consulta e download do Auto de apreensão dos bens em venda: www.jorgecalvete.pt

REGULAMENTO E CONDIÇÕES DA VENDA

1) Os Imóveis acima identificados encontram-se apreendidos a favor da massa insolvente e melhor identificados no Auto de Apreensão de Bens;
2) O Auto de Apreensão de bens encontra-se à disposição para consulta dos interessados no escritório do Administrador da Insolvência, sito na Rua Arq. Camilo Korrodi, Terraços do Marachão, Lote 4, 2º E 12, 2400-111 Leiria, entre as
9h e as 18h00m em qualquer dia útil, até ao dia útil anterior ao termo limite do prazo para apresentação de propostas, com possibilidade de download em www.jorgecalvete.pt;
3) Os supra referidos Imóveis inserem-se no loteamento cujo licenciamento pela Câmara Municipal de Coimbra se encontra titulado pelo alvará de loteamento n.º 438 de 8 de novembro de 1999, objeto de aditamentos em 25 de setembro
de 2000, 11 de junho de 2002, 25 de novembro de 2002 e 22 de dezembro de 2004;
4) Os supra referidos imóveis, que compõem o empreendimento “Jardins do Mondego”, serão alienados no seu conjunto;
5) Os interessados na aquisição dos imóveis devem remeter as propostas reduzidas a escrito, por carta fechada, entregue em mão ou enviada via correio registado com aviso de receção, contendo a referência ”Insolvência de FUNDO DE
INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO FECHADO PROMOVEST”, para o domicílio profissional do Administrador da Insolvência, de Lisboa, sito em Av. Fontes Pereira de Melo, n.º 35, 17.º A e B, tendo que ser rececionadas impreterivelmente até às
12h do dia 30-04-2019, sendo que a abertura das propostas rececionadas será efetuada no referido domicílio profissional do Administrador no dia 30-04-2019, pelas 12h;
6) Com a apresentação das propostas, devem os interessados entregar cheque bancário, emitido à ordem da Massa Insolvente de FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO FECHADO PROMOVEST, no valor de 5% do valor da proposta;
7) Os bens são vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos inerentes à compra;
8) As propostas terão de conter, sob pena de serem excluídas, os seguintes elementos:
a) Identificação do proponente (nome ou denominação social, morada, n.º de contribuinte, telefone e fax);
b) Declaração de aceitação integral das presentes condições;
c) Declaração de aceitação de todos os ónus e encargos que impendem sobre os imóveis, incluindo de que tem conhecimento do processo n.º 772/18.6T8LSB, a correr termos no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, Juízo
Central Cível, Juiz 16;
d) Declaração de exoneração do Administrador da Insolvência e da Massa Insolvente de qualquer responsabilidade relacionada com o aludido litígio e quaisquer problemas relacionados com o licenciamento ou controlo prévio de
operações urbanísticas nos imóveis;
e) Identificação do valor oferecido por extenso, expresso em Euros.
9) Serão imediatamente excluídas as propostas de valor inferior ao valor mínimo;
10) Qualquer credor ou proponente poderá assistir à abertura das propostas;
11) Os cheques bancários remetidos pelos proponentes excluídos ou preteridos serão devolvidos aos mesmos no prazo de cinco dias úteis, a contar a partir da decisão do Administrador da Insolvência a respeito da proposta vencedora;
12) O proponente vencedor procederá ao pagamento do remanescente do preço (isto é, a diferença entre (i) o montante titulado por cheque bancário entregue conjuntamente com a proposta de aquisição e (ii) o preço total) na data da
escritura pública de aquisição / transmissão dos imóveis, igualmente por meio de cheque bancário à ordem da massa insolvente, ou no caso de ser o credor hipotecário, em alternativa ao pagamento do remanescente do preço, poderá
entregar garantia autónoma à primeira solicitação (a ser emitida por uma entidade financeira ou bancária ou por qualquer outra entidade considerada idónea para o efeito pelo Senhor Administrador da Insolvência e pela comissão de
credores), que garanta os restantes 95% do preço;
13) A retirada de alguma proposta entregue ou o incumprimento do dever de celebração da escritura de compra e venda implica a perda do valor dos montantes entregues pelo respetivo proponente, a favor da massa insolvente;
14) Na data da abertura das propostas, será lavrada uma ata da respetiva sessão da abertura de propostas, com a descrição das propostas e montantes entregues. A ata e as propostas serão de imediato remetidas aos autos do processo
de insolvência para consulta pelos credores e demais interessados;
15) Eventuais direitos de preferência serão acautelados e respeitados nos termos legais;
16) A celebração da escritura será notificada ao comprador com uma antecedência mínima de 15 dias, ou menos, caso seja esse o entendimento entre as partes.
42 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
SAIR
CINEMA
Porto
Cinemas Nos Alameda Shop e Spot
R. dos Campeões Europeus, 28-198. T. 16996
Diamantino M14. 13h30, 15h50, 18h20,
21h20, 00h05; Capitão Marvel M12. 21h,
24h; Snu M12. 12h50, 15h20, 17h50, 20h20,
22h50; Greta - Viúva Solitária M12. 13h50,
16h30, 19h05, 21h35, 00h10; Nós M16. 23h;
Dumbo M6. 11h, 14h, 17h, 20h (V.Port./2D),
23h10 (V.Orig./2D); Cai na Real, Corgi M6.
10h50, 13h20, 16h, 18h35 (V.Port./2D);
Lugares Sagrados M12. 13h10, 15h40, 18h10,
21h10, 23h40; Parque das Maravilhas M6.
10h40, 13h, 15h30, 18h, 20h30 (V.Port./2D)
Medeia Teatro Municipal Campo Alegre
R. das Estrelas. T. 226063000
Almas Mortas M16. 18h30 (1.ª Parte);
Piazzolla - Os Anos do Tubarão 22h
Trindade
R. Dr. Ricardo Jorge. T. 223162425
Trás-os-Montes 14h30 (entrada gratuita);
Festa do Cinema Italiano (Vários horários);
Fevereiros M12. 20h20; Diamantino M14.
21h45; Cafarnaum M14. 16h; Mirai 16h50;
Ayka M16. 18h35; Anoitecer M12. 14h20
Aveiro
Cinemas Nos Glicínias
C. C. Glicínias - Aradas . T. 16996
Capitão Marvel M12. 21h10, 00h10; Nós M16.
22h; Dumbo M6. 14h20, 17h30 (V.Port./2D),
20h50, 23h50 (V.Orig./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 14h10, 16h40, 19h10 (V.Port./2D);
Samitério de Animais M16. 13h40, 16h10,
19h, 22h10; Shazam! M12. 13h50, 17h20,
20h40, 23h55; After M14. 13h20, 16h, 18h40,
21h20, 24h; Hellboy M16. 14h30, 17h40, 21h,
00h05; Parque das Maravilhas M6. 14h,
16h20, 18h50 (V.Port./2D)
Braga
Cinemas Nos Braga Parque
R. dos Congregados, S. Victor. T. 16996
Ladrões de Tuta e Meia M12. 20h50, 23h30;
Capitão Marvel M12. 13h50, 17h, 20h40,
23h40; Greta - Viúva Solitária M12. 12h50,
15h35, 18h10, 21h, 24h; Nós M16. 21h50,
00h35; Dumbo M6. 10h40, 12h40, 15h20,
18h20 (V.Port./2D), 21h20, 00h15 (V.
Orig./2D); Cai na Real, Corgi M6. 10h30,
13h, 15h40, 18h (V.Port./2D); Samitério de
Animais M16. 14h10, 16h40, 19h10, 22h,
00h40; Shazam! M12. 14h, 17h10, 21h10,
00h20; After M14. 13h40, 16h20, 19h,
21h40, 00h30; Hellboy M16. 12h30, 15h30,
18h30, 21h30, 00h25; Parque das
Maravilhas M6. 11h10, 13h30, 16h, 18h40 (V.
Port./2D)
Cineplace - Braga
C. C. Nova Arcada, Av. De Lamas nº 100.
Diamantino M14. 19h50, 21h50, 23h55;
Astérix: O segredo da Poção Mágica M6.
12h45 (V.Port./2D); Como Treinares o Teu
Dragão: O Mundo Secreto M6. 13h10,
15h20, 17h30 (V.Port./2D); O Filme Lego
2 M6. 12h50, 15h05, 17h25 (V.Port./2D);
Capitão Marvel M12. 13h20, 16h, 18h40,
21h20, 23h55; Greta - Viúva Solitária M12.
15h, 17h10, 19h30, 21h40, 23h50; Nós M16.
21h20, 23h45; Dumbo M6. 13h40, 16h10,
18h40 (V.Port./2D), 21h10 (V.Orig./2D);
Ayka M16. 19h50; Cai na Real, Corgi M6.
13h40, 15h40, 17h40, 19h40 (V.Port./2D);
Samitério de Animais M16. 13h10, 15h20,
17h30, 19h40, 21h50, 00h05; Shazam! M12.
13h30, 16h10, 21h30, 00h10 (2D), 18h50
(3D); Marnie e os Amigos M6. 13h10 (V.
Port./2D); After M14. 14h10, 16h30, 18h50,
21h10, 23h30; After M14. 21h40, 00h10;
Hellboy M16. 14h, 16h30, 19h, 21h30, 24h;
Lugares Sagrados M12. 15h10, 17h20,
19h30, 21h40, 24h; Piercing M18. 22h,
23h50; Parque das Maravilhas M6. 13h20,
15h20, 17h20, 19h20 (V.Port./2D);
Shazam! M12. 23h40
Castelo Branco
Cinemas Cinebox
Av. General Humberto Delgado. T. 760789789
Dumbo M6. 18h50 (V.Port./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 14h (V.Port./2D); Shazam! M12.
21h30, 00h20; After M14. 14h, 16h20, 21h40,
00h10; Hellboy M16. 16h15, 18h50, 21h35,
00h10; Parque das Maravilhas M6. 14h20,
16h40, 19h10 (V.Port./2D)
Coimbra
Cinemas Nos Alma Shopping Coimbra
R. General Humberto Delgado, 207. T. 16996
Diamantino M14. 14h, 16h40, 19h15, 21h50,
00h15; Capitão Marvel M12. 22h10; Snu M12.
14h20, 16h50, 19h20, 22h, 00h25; Greta -
Viúva Solitária M12. 13h35, 16h05, 18h40,
21h10, 23h40; Nós M16. 13h20, 16h, 18h50,
21h45, 00h30; Dumbo M6. 14h10, 17h (V.
Port./2D), 20h40, 23h50 (V.Orig./2D); Cai na
Real, Corgi M6. 14h30, 17h20, 19h35 (V.
Port./2D); After M14. 13h40, 16h20, 19h,
21h40, 00h20; Anoitecer M12. 14h15, 17h30,
20h50, 00h05; Lugares Sagrados M12.
13h30, 16h25, 18h55, 21h30, 24h; Parque das
Maravilhas M6. 13h50, 16h10, 18h30, 21h,
23h30 (V.Port./2D)
Cinemas Nos Fórum Coimbra
Fórum Coimbra. T. 16996
Capitão Marvel M12. 14h50, 18h, 21h, 23h50;
Dumbo M6. 14h30, 17h30 (V.Port./2D), 21h10,
00h10 (V.Orig./2D); Kursk M14. 21h30, 00h15;
Samitério de Animais M16. 13h40, 16h30, 19h,
21h40, 00h25; Shazam! M12. 13h50, 17h10,
21h20, 00h20; Hellboy M16. 14h20, 17h20,
20h50, 23h40; Parque das Maravilhas M6.
14h, 16h40, 19h10 (V.Port./2D)
Covilhã
Cineplace - Serra Shopping
Avenida Europa, Lt 7 - Loja A102.
Capitão Marvel M12. 21h30, 00h05;
Dumbo M6. 13h50, 16h20 (V.Port./2D); Cai na
Real, Corgi M6. 13h20, 15h20, 17h20 (V.
Port./2D); Shazam! M12. 13h30, 16h10, 18h50,
21h30, 00h10; After M14. 19h20, 21h40, 24h;
Hellboy M16. 18h50, 21h20, 24h; Parque das
Maravilhas M6. 13h30, 15h30, 17h30, 19h30
(V.Port./2D)
Figueira da Foz
Centro de Artes e Espectáculos
da Figueira da Foz
R. Abade Pedro. T. 233407200
A Pereira Brava M14. 21h30
Cinemas Nos Foz Plaza
C. C. Foz Plaza, R. Condados. T. 16996
Capitão Marvel M12. 21h10, 24h; Snu M12.
21h35, 23h50; Dumbo M6. 15h, 17h50 (V.
Port./2D), 21h, 23h40 (V.Orig./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 12h50, 15h35, 18h (V.Port./2D);
Shazam! M12. 12h30, 15h20, 18h20, 21h20,
00h10; Hellboy M16. 12h40, 15h30, 18h30,
21h30, 00h20; Parque das Maravilhas M6.
13h, 15h10, 18h10 (V.Port./2D)
Gondomar
Cinemas Nos Parque Nascente
Praceta Parque Nascente, nº 35. T. 16996
Diamantino M14. 13h50, 16h20, 22h10,
00h35; Destino: Casamento M12. 22h50;
Ladrões de Tuta e Meia M12. 20h40, 23h20;
Capitão Marvel M12. 14h, 17h, 22h30; Greta -
Viúva Solitária M12. 13h30, 16h, 18h50, 21h50,
00h30; Nós M16. 14h30, 17h30, 20h30,
23h30; Dumbo M6. 10h40, 13h40, 16h40,
19h50 (V.Port./2D); Cai na Real, Corgi M6.
10h50, 13h10, 15h40, 18h10 (V.Port./2D);
Samitério de Animais M16. 14h10, 16h30,
19h20, 22h, 00h40; Shazam! M12. 12h20,
15h10, 18h, 21h, 00h15; After M14. 13h20,
15h20, 18h30, 21h20, 24h; Hellboy M16.
12h40, 15h30, 18h20, 21h30, 00h25; Lugares
Sagrados M12. 13h, 16h10, 19h, 21h40, 00h10;
Piercing M18. 20h; Parque das
Maravilhas M6. 10h30, 12h50, 15h, 17h20,
19h40, 21h45, 23h50 (V.Port./2D)
Em estreia
lazer@publico.pt
After
De Jenny Gage. Com Peter
Gallagher, Jennifer Beals, Selma
Blair, Dylan Arnold. EUA. 2019.
106m. Drama, Romance. M14.
Aos 18 anos de idade, Tessa tem o
mundo aos pés. Inteligente, gentil
e cheia de sonhos, entra na
faculdade já com o futuro
delineado na sua cabeça. Mas
tudo muda quando conhece um
colega de curso cuja fama de
rebeldia e insubordinação
simultaneamente a atraem e
intimidam.
Anoitecer
De Laszló Nemes. Com Susanne
Wuest, Vlad Ivanov, Urs Rechn,
Juli Jakab. HUN/FRA. 2018.
142m. Drama. M12.
Hungria, vésperas da Primeira
Grande Guerra. Depois de passar
a infância num orfanato, a jovem
Irisz Leiter regressa a Budapeste
empenhada em arranjar emprego
como modista na mais elegante
fábrica de chapéus da cidade, em
tempos propriedade dos próprios
pais. Ao buscar pistas sobre o
passado, vai descobrir segredos
inesperados.
Greta - Viúva Solitária
De Neil Jordan. Com Chloë
Grace Moretz, Maika Monroe,
Zawe Ashton. IRL/EUA. 2018.
98m. Drama, Terror. M12.
Frances, cuja mãe morreu
recentemente, é uma jovem
mulher a viver em Nova Iorque
que um dia encontra uma mala no
metro. Devolve-a à sua dona, uma
misteriosa e solitária viúva
francesa que dá aulas de piano, e
começa a aproximar-se dela.
Hellboy
De Neil Marshall. Com Milla
Jovovich, David Harbour, Ian
McShane, Daniel Dae Kim,
Sasha Lane. EUA. 2019. 120m.
Acção, Aventura. M16.
Hellboy nasceu durante a
Segunda Grande Guerra, nas
profundezas do Inferno, e foi
trazido à Terra para fazer o Mal.
Quando soldados Aliados o
encontram nas ruínas de uma
igreja, salvam-no e ajudam-no a
desenvolver as suas capacidades
sobrenaturais. Apesar do seu
aspecto diabólico, Hellboy
cresce e transforma-se num
monstro humanizado, que luta
do lado do Bem.
Lugares Sagrados
De Amanda Sthers. Com Tom
Hollander, Jonathan Rhys
Meyers, James Caan, Rosanna
Arquette. BEL/FRA. 2018.
100m. Drama. M12.
Harry Rosenmerck é um
cardiologista de origem judia
que um dia toma uma decisão
drástica: abandona toda a sua
vida nos EUA e viaja até Israel, a
Terra Prometida dos seus
ancestrais, onde monta um
negócio de criação de suínos.
Parque das Maravilhas
Com Sofia Mali (Voz), Jennifer
Garner (Voz), Ken Hudson
Campbell (Voz). EUA/ESP.
2019. 85m. Animação,
Comédia. M6.
Com uma imaginação
transbordante, a pequena June
diverte-se a inventar histórias e
lugares onde todos vivem em
paz e harmonia. Entre as suas
criações mais interessantes está
um enorme parque de diversões
cheio de escorregas, rodas
gigantes, jardins e animais
falantes.
Greta - Viúva
Solitária
Guarda
Cineplace - Guarda
C.C. Vivaci. T. 271212140
Capitão Marvel M12. 21h20, 23h55;
Dumbo M6. 14h, 16h30 (V.Port./2D); Cai na
Real, Corgi M6. 13h20, 15h20, 17h20 (V.
Port./2D); Shazam! M12. 13h30, 16h10, 21h30,
00h10 (2D), 18h50 (3D); After M14. 19h20,
21h40, 00h05; Hellboy M16. 19h, 21h30, 24h;
Parque das Maravilhas M6. 13h10, 15h10,
17h10, 19h10 (V.Port./2D)
Guimarães
Castello Lopes - Espaço Guimarães
R. 25 de Abril, 1 - Silvares. T. 253539390
Destino: Casamento M12. 21h10, 23h40;
Capitão Marvel M12. 13h, 18h30; Captive
State - Cercados M12. 23h50; Dumbo M6.
13h10, 15h30, 17h50, 21h20 (V.Port./2D); Cai na
Real, Corgi M6. 13h10, 15h10, 17h10 (V.
Port./2D); Shazam! M12. 19h, 21h50, 00h20;
After M14. 15h40, 21h30, 24h; Hellboy M16.
13h30, 16h, 18h40, 21h40, 00h10; Parque das
Maravilhas M6. 13h20, 15h20, 17h20, 19h20 (V.
Port./2D)
Castello Lopes - Guimarães Shopping
Lugar das Lameiras. T. 253520170
Diamantino M14. 00h20; Nós M16. 21h20,
23h50; Dumbo M6. 13h20, 16h, 18h40 (V.
Port./2D), 21h15, 23h40 (V.Orig./2D); Cai na
Real, Corgi M6. 13h10, 15h10, 17h15, 19h15 (V.
Port./2D); Samitério de Animais M16. 21h35,
24h; Shazam! M12. 13h, 15h45, 18h30, 21h25,
00h10; After M14. 13h30, 16h10, 18h45,
21h40; Hellboy M16. 13h15, 15h50, 18h50,
21h30, 00h15; Parque das Maravilhas M6.
13h25, 15h25, 17h25, 19h25 (V.Port./2D)
Maia
Cinemas Nos MaiaShopping
MaiaShopping, Lugar de Ardegaes. T. 16996
Ladrões de Tuta e Meia M12. 21h20, 00h10;
Capitão Marvel M12. 21h25, 00h20;
Dumbo M6. 13h20 , 16h, 18h45 (V.Port./2D);
Cai na Real, Corgi M6. 13h30, 15h50, 18h10 (V.
Port./2D); Shazam! M12. 13h40, 16h40, 21h,
24h; Hellboy M16. 13h10, 16h, 18h50, 21h40,
00h30; Parque das Maravilhas M6. 13h50 ,
16h20, 18h40, 21h10, 23h50 (V.Port./2D)
Orient Cineplace - Mira Maia Shopping
Mira Maia Shopping, Estrada Real nº 95 - Lugar
das Guardeiras. T. 229419241
Capitão Marvel M12. 21h30, 00h05;
Dumbo M6. 13h50, 16h20 (V.Port./2D); Cai na
Real, Corgi M6. 13h20, 15h20, 17h20 (V.
Port./2D); Shazam! M12. 13h30, 16h10, 18h50,
21h30, 00h10; After M14. 19h20, 21h40, 24h;
Hellboy M16. 18h50, 21h20, 23h50; Parque
das Maravilhas M6. 13h30, 15h30, 17h30,
19h30 (V.Port./2D)
Matosinhos
Cinemas Nos Marshopping
IKEA Matosinhos, Av. Óscar Lopes. T. 16996
Destino: Casamento M12. 20h50, 23h10;
Dumbo M6. 12h40, 15h30, 18h20 (V.Port./2D),
21h30, 00h15 (V.Orig./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 13h30, 15h50, 18h30 (V.Port./2D);
Samitério de Animais M16. 14h10 , 16h20 ,
19h10 , 22h , 00h20; Shazam! M12. 12h35,
15h20, 18h10, 21h, 00h10; After M14. 13h10,
16h, 18h40, 21h20, 23h55; Hellboy M16. 13h,
16h10, 18h50, 21h50, 00h35; Parque das
Maravilhas M6. 12h50, 15h, 17h10, 19h20,
21h40, 23h50 (V.Port./2D); Hellboy M16. Sala
IMAX ?12h30, 15h10, 18h, 21h10, 24h
Cinemas Nos NorteShopping
NorteShopping, R. Sara Afonso. T. 16996
Greta - Viúva Solitária M12. 13h30, 15h50,
18h40, 21h20, 23h40; Nós M16. 13h20, 16h,
18h50, 21h40, 00h20; Dumbo M6. 10h30,
12h40, 15h30, 18h30 (V.Port./2D), 21h, 24h (V.
Orig./2D); Cai na Real, Corgi M6. 10h50,
13h10, 15h40, 18h (V.Port./2D); Samitério de
Animais M16. 20h50, 00h15; Shazam! M12.
12h20, 15h, 17h50, 21h50, 00h35; After M14.
12h50, 15h20, 18h10, 21h10, 23h50;
Hellboy M16. 12h30, 15h25, 18h20, 21h30,

00h30; Parque das Maravilhas M6. 10h40,
13h, 15h10, 17h30, 19h40, 22h, 23h20 (V.
Port./2D)
Paços de Ferreira
Cinemas Nos Ferrara Plaza
Ferrara Plaza. T. 16996
Ladrões de Tuta e Meia M12. 21h50, 00h30;
Capitão Marvel M12. 21h20, 00h10;
Dumbo M6. 13h20, 16h, 18h40, 21h40, 00h25
(V.Orig./2D); Cai na Real, Corgi M6. 13h10,
15h20, 17h50 (V.Port./2D); Shazam! M12. 15h,
18h10, 21h10, 24h; Hellboy M16. 13h30, 16h10,
18h50, 21h30, 00h20; Parque das
Maravilhas M6. 13h40, 15h40, 18h (V.Port./2D)
Penafiel
Cinemax - Penafiel
Ed. Parque do Sameiro. T. 255214900
Diamantino M14. 13h; Dumbo M6. 19h30 (V.
Port./2D); Cai na Real, Corgi M6. 11h (V.
Port./2D); Samitério de Animais M16. 19h30,
00h20; Shazam! M12. 17h, 21h50; After M14.
15h, 17h20, 21h40, 24h; Hellboy M16. 14h30,
21h40, 00h10; Parque das Maravilhas M6.
13h, 15h30,17h30,19h20 (V.Port./2D)
São João da Madeira
Cineplace - São João da Madeira
São João da Madeira.
Ladrões de Tuta e Meia M12. 1h10, 23h40;
Capitão Marvel M12. 16h10, 21h20, 24h;
Nós M16. 21h20, 23h45; Captive State -
Cercados M12. 18h50; Dumbo M6. 16h20 (V.
Port./2D), 18h50 (V.Orig./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D);
Samitério de Animais M16. 15h10, 17h20,
19h30, 21h40, 23h50; Shazam! M12. 16h,
21h30, 00h10 (2D), 18h40 (3D)
Viana do Castelo
Cineplace - Viana do Castelo
Avª General Humberto Delgado. T. 258100260
Capitão Marvel M12. 13h30; Dumbo M6.
13h50, 16h20 (V.Port./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 13h20, 15h20, 17h20 (V.Port./2D);
Samitério de Animais M16. 21h50, 00h05;
Shazam! M12. 16h0, 18h50, 21h30, 00h10;
After M14. 19h20, 21h40, 24h; Hellboy M16.
18h50, 21h20, 23h50; Parque das
Maravilhas M6. 13h40, 15h40, 17h40, 19h40
(V.Port./2D)
Vila Nova de Gaia
Cinemas Nos GaiaShopping
Av. Descobrimentos, 549. T. 16996
Ladrões de Tuta e Meia M12. 13h30, 16h10,
19h, 21h50, 00h30; Capitão Marvel M12.
21h15, 00h10; Nós M16. 20h40, 23h40;
Dumbo M6. 12h45, 15h45, 18h35 (V.Port./2D);
Cai na Real, Corgi M6. 13h05, 15h20, 17h40 (V.
Port./2D); Samitério de Animais M16. 14h20,
17h, 19h30, 22h10, 00h45; Shazam! M12.
14h50, 18h10, 21h10, 00h15; After M14. 13h20,
15h50, 18h30, 21h20, 24h; Hellboy M16. 12h35,
15h10, 18h, 21h, 23h50; Hellboy M16. 13h,
15h40, 18h40, 21h30, 00h20; Parque das
Maravilhas M6. 13h10, 15h30, 17h50, 20h30,
23h10 (V.Port./2D)
UCI Arrábida
Arrábida Shopping.
O Carteiro de Pablo Neruda M12. 13h35,
16h20, 18h55, 21h35, 00h10; Réplicas M12.
00h25; Diamantino M14. 14h05, 16h35, 19h10,
21h45, 00h25; Destino: Casamento M12.
14h10, 16h40, 19h05, 21h30, 00h10; Correio
de Droga M14. 13h35, 16h15, 18h50, 21h30,
00h25; Green Book - Um Guia Para a
Vida M12. 13h15, 16h10, 19h, 21h45, 00h35;
Ladrões de Tuta e Meia M12. 13h50, 19h05,
00h15; Vice M14. 19h05; Capitão Marvel M12.
13h20, 16h10, 18h55, 21h40,0 0h30; Snu M12.
16h25, 21h40; Greta - Viúva Solitária M12.
13h45, 16h05, 18h30, 21h20, 00h05; Tito e os
Pássaros M6. 14h15 (V.Port./2D); Nós M16.
16h20, 21h55, 00h45; Captive State -
Cercados M12. 21h55, 00h40; Dumbo M6.
13h30, 16h15, 18h45 (V.Port./2D), 13h50,
16h30, 19h05, 21h30, 21h50, 00h25, 00h40 (V.
Orig./2D); Kursk M14. 13h25, 16h05, 21h40,
00h20; Cai na Real, Corgi M6. 13h35, 16h25,
18h50 (V.Port./2D); Samitério de Animais M16.
13h40, 16h15, 18h50, 21h30, 00h30;
Shazam! M12. 13h15, 16h10, 19h05, 21h45,
00h15; Besta M16. 19h; After M14. 13h55,
16h30, 19h, 21h55, 00h20; Hellboy M16.
13h35, 16h20, 19h10, 22h, 00h45;
Anoitecer M12. 14h, 17h30, 21h15, 00h20;
Lugares Sagrados M12. 13h55, 16h30, 19h,
21h25, 00h05; Parque das Maravilhas M6.
13h40, 16h, 18h30, 21h25 (V.Port./2D)
Vila Real
Cinemas Nos Nosso Shopping
C. C. Dolce Vita Douro, Lj. 244. T. 16996
Ladrões de Tuta e Meia M12. 23h; Capitão
Marvel M12. 21h, 24h; Dumbo M6. 14h20,
17h10, 19h50 (V.Port./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 13h40, 16h10, 18h20 (V.Port./2D);
Samitério de Animais M16. 13h, 15h50, 18h50,
21h50, 00h35 ; Samitério de Animais M16.
13h50, 16h40, 19h30, 22h10, 00h30 ;
After M14. 13h20, 16h, 18h40, 21h30, 00h10;
Hellboy M16. 13h05, 15h40, 18h30, 21h20,
00h20; Parque das Maravilhas M6. 13h10,
15h30, 17h50, 20h20, 22h30 (V.Port./2D)
Viseu
Cinemas Nos Fórum Viseu
Fórum Viseu. T. 16996
Ladrões de Tuta e Meia M12. 21h40, 00h25;
Snu M12. 13h50, 16h10, 18h30, 21h30, 24h;
Greta - Viúva Solitária M12. 14h20, 17h, 19h25,
21h50, 00h15; Dumbo M6. 14h, 16h50 (V.
Port./2D), 21h, 23h50 (V.Orig./2D); Cai na Real,
Corgi M6. 13h30, 15h55, 18h20 (V.Port./2D);
Hellboy M16. 14h30, 17h30, 21h20, 00h10;
Parque das Maravilhas M6. 14h10, 16h30,
18h50, 21h10, 23h30 (V.Port./2D)
Cinemas Nos Palácio do Gelo
Est. Nelas, Qt. Alagoa. T. 16996
Nós M16. 21h50, 00h35; Parque das
Maravilhas M6. 12h40, 15h, 17h20, 19h40 (V.
Port./2D)
TEATRO
Porto
Ateneu Comercial do Porto
Rua Passos Manuel, 44. T. 223395410
Diet Plan for the Western Man De Carlos
Azeredo Mesquita. Enc. Luísa Saraiva. Com
Carlos Azeredo Mesquita, Luísa Saraiva. De
11/4 a 13/4. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 19h.
Conferência-performance. M/6.
Duração: 1h15.
Mala voadora.porto
Rua do Almada, 277. T. 211924218
Sheherazade - A Milésima Segunda História
de Xerazade + Desfile Provisório + Haiku De
Susana Paixão (Sheherazade), Joana
Mont’Alverne (Desfile Provisório), Joana
Magalhães (Haiku). De 12/4 a 14/4. 6ª, Sáb e
Dom às 21h.
Teatro Carlos Alberto
Rua das Oliveiras, 43. T. 223401900
Pathos De 10/4 a 13/4. 4ª, 5ª e 6ª às 21h. Sáb às
19h. M/16
Teatro Nacional São João
Praça da Batalha. T. 223401900
O Resto Já Devem Conhecer do Cinema De
Martin Crimp. Enc. Nuno Carinhas e Fernando
Mora Ramos. Com António Afonso Parra, Ana
Cunha, Carlos Borges, Fábio Costa, Fernando
Mora Ramos, Isabel Lopes, Joana Carvalho,
João Cardoso, Jorge Mota, Manuel Petiz,
Pedro Frias, Sara Barros Leitão, Mafalda
Taveira, Marta Taveira, Sofia Nero Guimarães,
Maria Luís Cardoso . De 27/3 a 14/4. 4ª e
Sáb às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Dom às 16h. M/12.
Coimbra
Convento de São Francisco
Av. Marnoco e Sousa, 34 . T. 239792550
Frei Luís de Sousa Enc. Miguel Loureiro. Com
Álvaro Correia, Ângelo Torres, Carolina
Amaral, Gustavo Salvador Rebelo, João
Grosso, Maria Duarte, Rita Rocha, Sílvio Vieira,
Tónan Quito. Dia 12/4 às 21h30. M/12.
O Teatrão
Rua Pedro Nunes. T. 239714013
Richard’s Enc. Marco Antonio Rodrigues.
Com Cláudia Carvalho, Isabel Craveiro,
Margarida Sousa e Mónica Cadete. De 4/4 a
18/4. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 19h.
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
A. D. Afonso Henriques, 701. T. 253424700
O Convidador de Pirilampos De 6/4 a 12/4.
Sáb às 11h. 6ª às 15h. Dia 12/4 às 10h30
(escolas). Duração: 40 min. M/4.
Póvoa de Varzim
Casino da Póvoa
E. Casino da Póvoa de Varzim. T. 252690888
Insónia De 12/4 a 13/4. 6ª e Sáb às 22h. M/14.
Santa Maria da Feira
Europarque - Centro de Congressos
Espargo de Baixo. T. 256370200
Paixão de Cristo Dia 12/4 às 21h30.
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 43
Viana do Castelo
Teatro Municipal Sá de Miranda
Rua Sá de Miranda. T. 258809382
Rottweiler De Guillermo Heras. Comp.:
Teatro do Noroeste – Centro Dramático de
Viana. Enc. Ricardo Simões. De 27/3 a 13/4. 4ª,
5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30 (excepto
30 Março). Dom às 16h (dia 31 Março).
Vila Nova de Famalicão
Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão
Pq. de Sinçães. T. 252371297
Peça para Duas Personagens Enc. Ivo
Alexandre. Com Anabela Faustino e Ivo
Alexandre. De 11/4 a 12/4. 5ª e 6ª às 21h30.
M/12
Vila Real
Teatro de Vila Real
Alameda de Grasse. T. 259320000
A Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e
do Gordo Sancho Pança De António José da
Silva. Comp.: Teatro do Bolhão. Enc. Kuniaki
Ida. Dia 12/4 às 21h30 (Vinte e Sete - Festival de
Teatro 2019). M/12.
MÚSICA
Porto
Coliseu do Porto
Rua Passos Manuel, 137. T. 223394940
Parsifal Com Coro do Teatro Nacional de São
Carlos, Orquestra Sinfónica Portuguesa. Com
Erin Caves, Ante Jerkunica, Michael Kraus,
Sónia Alcobaça. Mús. Richard Wagner. Dia
12/4 às 21h. Concerto de Páscoa.
Arcos de Valdevez
Casa das Artes de Arcos de Valdevez
Jardim dos Centenários. T. 258520520
Paião Dia 12/4 às 22h. Tributo a Carlos Paião.
Braga
Theatro Circo
Avenida da Liberdade, 697. T. 253203800
Chassol Dia 12/4 às 21h30. Apresentação de
“Big Sun”.
Castelo Branco
Cine-Teatro Avenida
Av. General Humberto Delgado. T. 272349560
Eldbjorg Hemsing e Orquestra Filarmónica
Portuguesa Maestro Osvaldo Ferreira. Dia
12/4 às 21h30.
Coimbra
Salão Brazil
Largo do Poço, 3 (1º andar). T. 239837078
Sensible Soccers Dia 12/4 às 22h.
Apresentação de “Aurora”.
Covilhã
Teatro das Beiras
Travessa da Trapa, 2. T. 275336163
Mano a Mano Dia 12/4 às 21h30 (Festival
Y#15). Duração: 80 min. M/6
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
Avenida D. Afonso Henriques, 701. T.
253424700
WestWay Lab Festival 2019 De 10/4 a 13/4. 4ª
a Sáb às 21h30 (vários locais). Concertos de
Jacco Gardner (dia 10); Violetta Zironi (dia 11);
Vaarwell, Marta Pereira da Costa, Neev, Sarah
MacDougall, Megan Nash, The East Pointers,
Les Deuxluxes, Tribe Royal (dia 12); Tashi Wada
Group feat. Julia Holter, The Black Mamba,
Whales, Batida, Captain Boy, Mister Roland,
Paraguaii (dia 13).
SAIR
FARMÁCIAS
Porto - Serviço Permanente
Guarani - R. de Pedro Hispano, 367
- Tel. 226079900 Vaz Teixeira
- R. do Heroísmo, 54 - Tel. 225372851
Vila Nova de Gaia - Serviço Permanente
Liga Associação dos Socorros Mútuos
- R. do Marquês de Sá da Bandeira, 344
- Tel. 223770190 Do Outeiro (Pedroso)
- RUA DO OUTEIRO, 406 - Tel. 227836078
Matosinhos - Serviço Permanente
Cunha - R. de S. Roque, 133 - Tel. 229380139
Coimbra - Serviço Permanente
Adriana - Pç. da República, 20/22 - Tel.
239823609 São Martinho (S. Martinho do Bispo)
- Ladeira S. Martinho, 33 - Tel. 239802420
Braga - Serviço Permanente
Brito (São João do Souto)
- Av. da Liberdade, 777 - Tel. 253262685
Outras Localidades - Serviço Permanente
Águeda - Ala Aguiar da Beira - Dornelas ,
Portugal Albergaria-a-Velha - Martins Ferreira
Alfandega da Fé - Graça Alijó - de Favaios
(Favaios) , Espirito Santo Ldª (Sanfins do Douro),
Nova Vilar de Maçada (Vilar de Maçada) Almeida
- Cunha , Moderna (Vilar Formoso) Amarante -
Campo da Feira (São Gonçalo) Amares - Pinheiro
Manso Anadia - Central (Ancas/Paredes do
Bairro) Arcos de Valdevez - Santa Bárbara
Arganil - Moderna Armamar - Batista Ramalho
Arouca - Gomes de Pinho Aveiro - Peixinho
Baião - Barbosa (Campelo) , Rocha Barros (Eiriz)
Barcelos - Filipe Boticas - S. Cristovão Bragança
- Confiança Cabeceiras de Basto - Azevedo
Carvalho Caminha - Beirão Rendeiro , Brito (Vila
Praia de Âncora) Cantanhede - Central
Carrazeda de Ansiães - Veiga Castelo de Paiva -
Central , Pinho Lopes (Oliveira do Arda), Marques
Lopes (Santa Maria de Sardoura) Celorico da
Beira - Barreiros Celorico de Basto - Neves
Ferreira Chaves - Mariz Cinfães - Vieira Marques
Condeixa-a-Nova - Ferreira Espinho - Machado
(Paramos) Esposende - Monteiro Estarreja -
Campos Fafe - da Cumieira Felgueiras - Mendes
Figueira da Foz - Almeida Sousa (Maiorca)
Figueira de Castelo Rodrigo - Moderna Fornos
de Algodres - Central Freixo de Espada à Cinta -
Guerra Góis - da Serra (Alvares) , Coroa, Frota
Carvalho (Vila Nova do Ceira) Gondomar - Cruz
Maia Gouveia - Patrício , Central (Melo -
Gouveia), Albuquerque (Moimenta da Serra),
Pedroso (Vila Nova de Tazem) Guarda - da Sé
Guimarães - Nobel (São Paio) Ílhavo - Diniz
Gomes Lamego - Cardoso Lousã - Serrano
Lousada - Ribeiro S.A Macedo de Cavaleiros -
Nova Maia - Do Lidador (Ardegães) Manteigas -
Ascensão Marco de Canavezes - Abílio de
Miranda e Filho Mealhada - Miranda, Suc. Meda
- Pereira Mesão Frio - Nova de Mesão Frio Mira -
Matilde Soares Miranda do Corvo - Antunes ,
Borges (Semide - Miranda do Corvo) Miranda do
Douro - Miranda (Mirando do Douro) Mirandela -
Morais Sarmento Mogadouro - Nova Moimenta
da Beira - Moderna , César (Leomil) Monção -
Vale de Mouro (Tangil) Mondim de Basto - Nova
Mondim Montalegre - Martins
Montemor-o-Velho - Abel Brandão Murça -
Nossa Senhora de Fátima Murtosa - Portugal
Oliveira de Azemeis - Moderna Oliveira do
Bairro - Tavares de Castro Oliveira do Hospital -
Figueira Dinis Ovar - Manuel Joaquim Rodrigues
Paços de Ferreira - Antero Chaves Pampilhosa
da Serra - do Zêzere (Dornelas do Zêzere) ,
Central Paredes de Coura - Ribeiro Penacova -
Penacova Penafiel - Oliveira Penedono - Rua
Penela - Penela Peso da Régua - Central Pinhel -
Central , Da Misericórdia (Alverca da Beira),
Moderna (Pínzio) Ponte da Barca - Saúde Ponte
de Lima - Dona Teresa Póvoa de Lanhoso - S.
José Póvoa de Varzim - Mariadeira Resende -
Nova de Resende (Lugar do Paço) Ribeira de
Pena - De Cerva (Cerva) , Borges de Figueiredo
Sabrosa - Macedo Morais , Vieira Barata Sabugal
- Lucinda Moreira , Aldeia Velha (Aldeia Velha),
Higiene (Souto) Santa Maria da Feira - Araújo
Santa Marta de Penaguião - Santa Eulália
(Cumieira) , Douro (Santa Marta Penaguião)
Santo Tirso - Fernandes Machado São João da
Madeira - Laranjeira São João da Pesqueira -
Ferronha e Silva (Ervedosa) Seia - Sena , Popular
(Loriga), Paranhense (Paranhos da Beira), Neves
Rodrigues (Pinhanços), do Alva (Sandomil), De
São Romão (São Romão) Sernancelhe -
Confiança , Mota (Vila da Ponte) Sever do Vouga
- Martins Soure - Ygeia Tábua - Simões Ferreira
Tabuaço - Confiança Tarouca - Augusta
(Salzedas) , Moderna Terras de Bouro - Alvim
Barroso (Covas) Torre de Moncorvo - Avenida
Trancoso - Macedo de Crespo , Pereira (Vila
Franca das Naves) Trofa - Maia , Pereira da Costa,
Sanches, São Romão (São Romão Coronado)
Vagos - Tavares Vale de Cambra - Teixeira da
Silva Valença - Central Valongo - De Sobrado
Valpaços - Nova de Valpaços Viana do Castelo -
Simões Vieira do Minho - Martins Vila do Conde
- Vital Vila Flor - Vaz Vila Nova de Cerveira -
Cerqueira, Suc. , Nova de Cerveira Vila Nova de
Famalicão - Calendário Vila Nova de Foz Côa -
Barreira Vila Nova de Poiares - Martins Pedro (S.
Miguel de Poiares) , Santo André Vila Pouca de
Aguiar - Central Vila Real - Araucaria Vila Verde -
Da Misericórdia Vimioso - Liberal , Ferreira
(Argozelo) Vinhais - Afonso , de Rebordelo
(Rebordelo) Vizela - Ferreira (Caldas de Vizela)
Paredes - Central Sobreira (Sobreira) Vagos -
Viva
44 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
FICAR
CINEMA
Missão: Impossível — Fallout
TVC1, 21h30
Três unidades de plutónio são
roubadas por um grupo terrorista.
Ethan Hunt recebe, então, a
missão de recuperá-las. Mas, num
momento decisivo, ao invés de
cumpri-la, opta por salvar a vida
do seu colega Luther Stickell.
Falhada a missão, Ethan passa a
estar sob investigação por parte
dos seus superiores da CIA. No
entanto, decide completá-la por
conta própria. Colaborando com
uns e perseguido por outros de
todas as facções, entre notícias
falsas e jogos duplos, Ethan Hunt
estará numa corrida em
contra-relógio para evitar uma
catástrofe a nível mundial. Escrita
e dirigida por Christopher
McQuarrie, a continuação da saga
Missão: Impossível, com Tom
Cruise como Ethan Hunt.
O Workshop
TVC2, 22h
É Verão em La Ciotat, uma cidade
francesa costeira, próxima de
Marselha. Um grupo de jovens
inicia um curso de escrita criativa
com a célebre Olivia Dejazet. Entre
eles está Antoine, um rapaz
revoltado, de origem humilde, que
ali se encontra a contragosto. A
ideia do curso é desenvolver entre
eles um romance policial que
inclua aspectos da cidade e da
comunidade em que cada um se
insere. Mas quando, num rasgo de
inspiração, Antoine apresenta à
turma um texto de teor racista,
vê-se imediatamente ostracizado
por todos os outros. Olivia, apesar
de desagradada com o tema, vê
nessas palavras um pedido de
ajuda e interessa-se pelo rapaz.
Com realização do multipremiado
cineasta Laurent Cantet, um Ælme
que analisa a multiculturalidade
francesa e as suas dicotomias.
Amarcord
RTP2, 22h57
Um retrato do dia-a-dia da pequena
cidade de Rimini, em Itália, em
1930, do ponto de vista de um
jovem estouvado. Uma mistura
entre fantasia e realidade trazida
pela mão do mestre Fellini, que se
baseou nas próprias recordações,
quando era adolescente na era de Il
Duce. Com personagens bizarros,
entre professores assustadores,
padres pomposos e familiares
doidos, Fellini faz um retrato
irónico de uma época conturbada,
na iminência da II Guerra Mundial,
com o jovem herói e protagonista a
viver os seus dias de juventude de
forma despreocupada com os seus
amigos. Um dos Ælmes mais
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.10
Bem-Vindos a Beirais 15.49 Agora Nós
17.30 Portugal em Directo 18.56 O
Preço Certo 19.54 Direito de Antena
19.59 Telejornal 21.00 Sexta às 9 21.34
Joker 22.29 Dois Minutos Para Mudar
de Vida 22.43 Teorias da Conspiração
23.29 Vejam Bem- Marco Paulo:
Maravilhoso Coração 0.29 África
Minha 3.23 Televendas
RTP 2
6.32 Repórter África - 2ª Edição 7.00
Espaço Zig Zag 10.45 Rapazes do Nada
11.16 Carlos Saura - Photographer
Journey of a Book 12.09 What’s Up -
Olhar a Moda 12.33 Esec-Tv 12.57
Monstrolândia 13.10 CJ a DJ 13.23
Garfield 14.00 Sociedade Civil: Jardins
Zoológicos 15.03 A Fé dos Homens
15.37 Eco-Lógica 16.06 Sonhar o
Futuro 16.58 Espaço Zig Zag 20.57
Rapazes do Nada 21.30 Jornal 2 22.13
Parentes Próximos 22.57 Amarcord
0.59 Portugal Culto e Oculto 1.29
Sociedade Civil 2.31 Euronews 4.23
Portugueses pelo Mundo
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.15 Alô
Portugal 10.15 O Programa da Cristina
13.00 Primeiro Jornal 14.15 Linha
Aberta 15.10 Amor Maior 15.40 Mar
Salgado 16.15 Júlia 18.10 Avenida Brasil
19.10 Quem Quer Namorar com o
Agricultor? - Diário 19.57 Jornal da
Noite 21.55 Alma e Coração 22.55
Vidas Opostas 23.55 Segundo Sol
0.45 Linha Aberta 1.45 Quem Quer
Namorar com o Agricultor? - Diário
2.45 Amor Dentro de Campo
TVI
6.30 Diário da Manhã 10.00 Você na
TV! 13.00 Jornal da Uma 15.00 Maria
Madalena 16.15 A Tarde é Sua 18.14
Belmonte 19.13 Inspector Max 19.57
Jornal das 8 21.55 Valor da Vida 23.00
A Teia 0.00 Onde está Elisa? 0.24
Chicago Fire T3 1.30 1000 à Hora -
Especial Páscoa 2.50 Remédio Santo
4.12 Amanhecer 4.45 TV Shop
TVC1
10.20 47 Metros de Terror 11.55 Proud
Mary - A Profissional 13.30 O
Os mais vistos da TV
Quarta, 10 de Abril
% Aud. Share
Valor da Vida II
Jornal das 8
TVI
TVI
11,5
9,7
24,1
21,0
Alma e Coração SIC 9,6 20,1
Jornal da Noite SIC 9,4 20,3
Quem quer namorar... SIC 9,1 25,0
FONTE: CAEM
Guarda-Costas e o Assassino 15.30
Rampage - Fora de Controlo 17.20
Assassino Americano 19.15 Hostis
21.30 Missão: Impossível - Fallout 0.00
12 Indomáveis 2.15 Arranha-Céus
(2015) 4.15 The Forgiven - Redenção
FOX MOVIES
10.58 Amor Aos Pedaços 12.38 Snitch -
Infiltrado 14.18 Limite Vertical 16.10
Assalto Infernal 17.52 O Novo
Namorado da Minha Mãe 19.19
Esquecido 21.15 Perseguição Diabólica
22.51 Cyborg 0.10 D-Tox 1.37 Cobra, O
Braço Forte da Lei 2.57 Invasão EUA
CANAL HOLLYWOOD
10.20 Um Novo Fôlego 12.00 Moulin
Rouge 14.10 A Mulher da Casa 15.55 A
Proposta 17.45 Alvin e os Esquilos (VO)
19.20 O Tesouro 2: Livro dos Segredos
21.30 O Guru 23.30 Hércules - A Lenda
Começa 1.10 Punisher - O Vingador
3.10 Ainda Sei o que Fizeste no Verão
Passado 4.50 Zoom In
AXN
13.43 S.W.A.T.: Força de Intervenção
15.17 The Walk - O Desafio 17.20 S.W.A.T.:
Força de Intervenção 19.50 Mentes
Criminosas 21.30 The Departed - Entre
Inimigos 0.13 Star Trek 2.22 Ronin 4.23
The Blacklist 5.53 Poseidon
AXN BLACK
13.31 Star Trek: O Primeiro Contacto
15.16 Heat - Cidade Sob Pressão 17.59
Operação Flecha Quebrada 19.41 Táxi
de Nova Iorque 21.14 O Atirador (2007)
23.17 Corpo de Delito 0.58 Anónimo
3.02 Básico
AXN WHITE
13.18 O Mentalista 14.03 Paixões
Proibidas 15.55 Aprovado 17.39 O
Mentalista 19.09 A Teoria do Big Bang
21.24 Young Sheldon 21.47 A Teoria do
Big Bang 22.10 Legalmente Loira 23.53
Se Eu Ficar 1.37 Dr. Ken 4.41 The Catch
FOX
13.43 Chicago P.D. 14.28 Hawai Força
Especial 16.02 Investigação Criminal:
Los Angeles 17.36 Chicago P.D. 19.07
Hawai Força Especial 20.48
Investigação Criminal: Los Angeles
RTP1 12,1%
%
RTP2 1,3
SIC 19,3
TVI
17,5
Cabo
35,6
22.30 Corrida Mortal (2008) 0.37
Hitman - Agente 47 2.17 Hawai Força
Especial 3.47 Investigação Criminal:
Los Angeles
FOX LIFE
13.36 Anatomia de Grey 14.21 A
Woman’s Nightmare 15.51 The Psycho
She Met Online 17.21 Kidnapped: The
Hannah Anderson Story 19.08 Ossos
20.47 Anatomia de Grey 22.30 Tudo
Por um Bebé 0.19 Sweetheart Con 1.32
Rainha do Sul 2.58 Anatomia de Grey
4.25 Ossos
DISNEY
15.00 Acampamento Kikiwaka 15.46 A
Raven Voltou 16.10 Gravity Falls 16.55
Mickey Mouse - Edição Especial 17.40
Entrelaçados: A Série 18.05 Phineas e
Ferb 18.32 Elena de Avalor 18.55 Star
Contra as Forças do Mal 19.20 Gravity
Falls 20.07 Miraculous - As Aventuras
de Ladybug 20.30 Elena de Avalor
DISCOVERY
17.30 Alasca: A Última Fronteira 19.15
NASA, Ficheiros Secretos 21.00 A
Minha Família Vive no Alasca 22.55
Yukon Men 0.40 A Minha Família Vive
no Alasca 2.15 Curiosidades da Terra
3.00 Os Caçadores de Mitos 4.30
Guerra de Propriedades
HISTÓRIA
17.21 Em Busca De... 20.51 O Preço da
História 0.21 Forjado no Fogo: Faca Ou
Morte 1.45 Forjado no Fogo 3.50
Alienígenas
ODISSEIA
17.32 Cães Pilotos 18.18 Coreia do Sul
Vista do Céu 19.10 Aviões SOS Viral
19.56 Os Feitos Mais Estranhos das
Guerras Mundiais 20.45 Grandes
Mentiras da História 21.39 Arábia
Saudita: O Reino Sem Mulheres 22.30
Os Feitos Mais Estranhos das Guerras
Mundiais 23.19 Combate Armado: Da
Espada à Metralhadora 0.10 Arábia
Saudita: O Reino Sem Mulheres 1.02
Os Feitos Mais Estranhos das Guerras
Mundiais 1.51 Combate Armado: Da
Espada à Metralhadora 2.42 Aviões
SOS Viral 3.28 Arábia Saudita: O Reino
Sem Mulheres 4.21 Combate Armado:
Da Espada à Metralhadora
populares do cineasta italiano, que
recebeu o Óscar de Melhor Filme
Estrangeiro.
DOCUMENTÁRIO
António Ferreira Gomes
— De Joelhos Diante de Deus,
de Pé Diante dos Homens
RTP Memória, 0h01
Um documentário biográÆco sobre
D. António Ferreira Gomes
(1906-1989), um homem de
“personalidade granítica, capaz de
liberdade e construtor de homens
livres”. A infância em Milhundos,
PenaÆel, o percurso no seminário e
a nomeação como bispo de
Portalegre e Castelo Branco e, mais
tarde, do Porto. Até às eleições de
1958, cujo processo o levou a
redigir a Carta a Salazar,
documento que encerra uma crítica
cerrada à miséria social do povo
português e ao corporativismo do
Estado e à exigência, que viria a
determinar o seu exílio.
INFORMAÇÃO
Fronteiras XXI: Que Apoios
Sociais Teremos?
RTP3, 22h30
De acordo com os dados
disponíveis, quase metade da
população portuguesa viveria na
pobreza sem os apoios do Estado:
mais de dois milhões recebem
pensões de reforma, mais de um
milhão o abono de família, quase
800 mil têm pensões de
sobrevivência e, ao longo de 2018,
cerca de metade dos
desempregados recebia subsídio.
Mas, numa altura em que se
enfrenta o envelhecimento da
população e a consequente redução
de descontos para a Segurança
Social, é importante encontrar
soluções para reformar o sistema.
Um debate com o ex-presidente do
Conselho Económico e Social José
Silva Peneda, o especialista em
desigualdades sociais Carlos
Farinha Rodrigues e o investigador
Amílcar Moreira, autor de um
estudo sobre a sustentabilidade
Ænanceira e social do sistema
nacional de pensões.
MAGAZINE
Sociedade Civil:
Jardins Zoológicos
RTP2, 14h
Em Portugal, há vários parques que
se dedicam todos os dias a
conservar e a dar a conhecer
centenas de espécies. Numa volta a
estes espaços, dá-se a conhecer o
dia-a-dia de quem trata dos animais
e as diÆculdades que enfrenta.
 Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 45

JOGOS

CRUZADAS 10.581 TEMPO PARA HOJE

HORIZONTAIS: 1 - Lavrar. Figura de VERTICAIS: 1 - Estender. Sociedade
retórica em que se simula uma hesitação, Portuguesa de Autores (sigla). 2 - Motejo.
uma dúvida. 2 - Restringir. Organização Pessoa muito fraca e enfermiça (regional).
Mundial de Saúde. 3 - Eles. Filho de burro 3 - Antes do meio-dia. Haste horizontal da Viana do Bragança
e égua ou de cavalo e burra. Espaço co- charrua. Grude. 4 - Víscera dupla. Dirigir Castelo 1º 18º
berto de vegetação no meio de um de- regos de água por. 5 - Nome comum dos 5º 17º
Braga
serto. 4 - Hora canónica, que se canta ou grandes peixes seláquios, caracterizados
3º 20º Vila Real
recita antes das vésperas (corresponde pela sua grande voracidade. 6 - Autores
às 15 horas). Muito grande (Bras.). (abrev.). Oportunidade. Sociedade 15º Porto 5º 19º
5 - Astor (...), músico e compositor Anónima. 7 - Cabo com que se amarra uma 7º 18º
argentino (1921-1992). 6 - Poupança. embarcação à terra pela proa (Náut.).
Viseu
Pátria de Abraão. 7 - Graceja. Batráquio. Trovejar. 8 - A mais pequena unidade de um
3º 18º Guarda
Cabeça (gíria). 8 - Preguiçoso. Época. elemento químico que mantém as proprie- 1,5-2m Aveiro
9 - Forma de nevoeiro tóxico altamente dades desse elemento, sendo com ele 4º 15º
6º 18º Penhas
poluente. Idade. 10 - Esfolar. Adjunto. identificável. Poema lírico. 9 - Roseiral. Veio
11 - Em forma de asa. Movimento da madeira. 10 - Imposto Municipal sobre Douradas
convulsivo. Imóveis. Luz da Lua. República Dominicana Coimbra 3º 12º
(domínio de Internet). 11 - Insultar com 6º 20º
vaias. Ave de rapina. Castelo
Branco
Leiria 6º 21º
Depois do problema resolvido encontre
o título de um filme de Daniel Rosenfeld 4º 19º
(5 palavras).
Santarém
Portalegre
Solução do problema anterior: 7º 23º
9º 19º
HORIZONTAIS: 1 - Creme. FALAR. 2 - Eixo. Molero. 3 - As. Obus. Mat. 4 - Toa. Riste.
5 - Chutar. CI. 6 - Beato. Icor. 7 - Curvo. POUCO. 8 - Arte. Tu. Ra. 9 - Claro. Leira. Lisboa
10 - Aar. Tiara. 11 - Ur. Borralho. 10º 21º
VERTICAIS: 1 - Ceata. Cacau. 2 - Riso. Burlar. 3 - Ex. ACERTAR. 4 - Moo. Haver.
5 - Bruto. Oto. 6 - MUITO. Ir. 7 - Fossa. Pular. 8 - Al. Trio. Era. 9 - Leme. Curial. Setúbal
10 - Ara. Cocar. 11 - Roteiro. Aio. 8º 22º Évora
PROVÉRBIO: Muito falar, pouco acertar. 5º 22º
AMANHÃ

14º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 7º 17º
5º 22º

Dador: Norte terá de jogar um ouro, e a defesa não dei- Problema 1,5-2m
Vul: NS xará escapar a oportunidade para lhe in-
fligir o cabide. 8938 Sagres
Como o naipe de ouros pode, por sua vez, Dificuldade: Faro
10º 18º
NORTE oferecer as vazas que faltam para atingir 10º 22º
as nove que são necessárias, deverá ser o
Fácil
Ƅ 73 15º
Ɔ AK naipe de partida. À segunda vaza, deve 0,5-1m
jogar copa para o Rei e um ouro em dire-
Ƈ Q10763
ƅ QJ108 ção ao Rei da mão. Se Este entrar com o Açores
Ás em falso, o naipe de ouros produzirá as Corvo
quatro vazas que faltam (a não ser que Graciosa
Terceira
OESTE ESTE Oeste tenha quatro cartas de ouros). Se o Solução do Flores
S. Jorge 14º 19º
Ƅ J82 Ƅ K109654 Rei fizer a vaza, volte ao morto no Ás de problema 8936 13º 20º
Ɔ J962 Ɔ 1084 copas e jogue agora para a passagem a
15º 3º
paus, a vaza que faltava já existe. Se em Pico
Ƈ J982 ƇA
ƅ K4 ƅ 762 vez disso, Oeste fizer o Ás sobre o Rei e 1,5-2m
Faial
continuar espadas, Sul deve tentar pri-
meiro um ouro para a Dama. Se o Valete 14º 19º
2,5-3m S. Miguel
SUL não tombar, terá então de se contentar
15º 19º
com a passagem a paus, a hipótese que
Ponta
Ƅ AQ ainda sobra e não a primeira e única! 15º Delgada
Ɔ Q753 1,5-2,5m
Ƈ K54 Considere o seguinte leilão:
Madeira Sta Maria
ƅ A953
Oeste Norte Este Sul
1Ɔ 1Ƅ Porto Santo
passo Problema
Oeste Norte Este Sul passo 3Ɔ passo ? 13º 20º
8939 19º
1Ƈ 2Ƅ X
passo 3ƅ passo 3ST O que marca em Sul com a seguinte Dificuldade:
mão?
Todos passam Difícil Funchal
1,5-2m
0,5-1m 14º 21º
ƄQJ10987 Ɔ- Ƈ A93 ƅJ1043 19º
Leilão: Qualquer forma de Bridge.

Carteio: Saída: 2Ƅ. Qual a melhor linha de Resposta: Marque 4 espadas. O seu nai- Sol Lua Crescente
jogo? pe de espadas é independente, ou seja,
não necessita de fit para conseguir ali- Nascente 07h05
Solução: No acumular de hipóteses, é Poente 20h10
nhar pelo menos quatro vazas a trunfo. Se Solução do 12 Abr. 20h06
fundamental manobrar os naipes pela or-
dem correta. A regra mais simples e im- o trunfo for copas pouco ou nada se con- problema 8937
seguirá aproveitar deste naipe de espa-
portante é: nunca comece por explorar a
hipótese que depende de uma passagem. das, e sem trunfo também não será me- Marés
Esta mão é um bom exemplo. Se Sul co- lhor. A melhor aposta é espadas, mas se
Leixões Cascais Faro
meçar por ir ao morto em copas para fazer marcar 3 espadas e as repetir novamente
a passagem a paus, estará reduzido a uma pode induzir o seu parceiro a considerar
que é possível ir mais longe. Preia-mar 08h44 2,7 08h20 2,8 08h23 2,7
só hipótese: o Rei de paus bem colocado.
Se a passagem a paus falhar, ficará ape- 21h15 2,8 20h52 2,8 20h58 2,8
nas com oito vazas e sem tempo para ex- Baixa-mar 02h22 1,1 01h57 1,3 01h48 1,2
plorar qualquer outra hipótese, pois a de-
fesa irá insistir em espadas e se tiver nova- 14h46 1,3 14h22 1,4 14h14 1,3
mente a mão conseguirá alinhar as vazas João Fanha/Pedro Morbey
suficientes para o cabide. Eventualmente (bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com Fonte: www.AccuWeather.com
46 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
DESPORTO
N’Dicka estendeu a passadeira
para João Félix fazer história
Numa noite memorável para o jovem
português, o BenÄca derrotou o
Eintracht por 4-2, mas um golo de
Paciência dá esperança aos alemães
4 2
BENFICA EINTRACHT
Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa
Assistência 54.175 espectadores
Benfica Vlachodimos, Corchia (Pizzi,
66’), Rúben Dias, Jardel, Grimaldo,
Fejsa, Samaris a62’ (Zivkovic, 85’),
Gedson; Rafa (Seferovic, 60’), Félix e
Cervi. Treinador Bruno Lage
Eintracht Trapp, Abraham,
Hinteregger, N’Dicka a20’, Da Costa,
Hasebe, Rode (Gacinovic, 85’), Gelson
Fernandes, Kostic, Rebic a25’
(Paciência, 68’) e Jovic a3’ (Guzmán,
60’). Treinador Adi Hutter
Árbitro Anthony Taylor (Inglaterra)
Golos 1-0 por Félix (21’, gp); 1-1 por
Jovic (39’), 2-1 por Félix (43’); 3-1 por
Rúben Dias (50’); 4-1 por Felix (54’); 4-2
por Paciência (72’)
Positivo/Negativo
João Félix
Nas vésperas do jogo
falou-se muito do regresso
de Jovic, mas quem fez
história foi João Félix. Com
o hat-trick marcado aos
alemães, o “79” do Benfica
destronou Eusébio e
passou a ser o mais jovem
de sempre a marcar três
golos nas provas europeias.
Grimaldo
As atenções estarão todas
viradas para Félix, mas
Grimaldo merece
destaque. A defender e a
atacar, o espanhol fez um
jogo praticamente perfeito.
Even N´Dicka
As ambições dos alemães
ficaram comprometidas
quando o defesa, de forma
imprudente, fez penálti e
foi expulso.
Crónica de jogo
David Andrade
Se algum dos grandes clubes euro-
peus ainda tinha dúvidas, a primeira
mão dos quartos-de-Ænal da Liga
Europa terá certamente acabado com
o cepticismo. João Félix mostrou
ontem por que motivo é um dos mais
promissores e cobiçados jogadores
do futebol europeu e, com um hat-
trick e uma assistência, deixou o Ben-
Æca mais perto das meias-Ænais da
competição. Frente a um Eintracht
Frankfurt de muita qualidade — ainda
não tinha qualquer derrota em 2019
—, os “encarnados” sentiram diÆcul-
dades nos primeiros 20 minutos, mas
a expulsou do defesa francês Evan
N´Dicka serviu de rastilho para uma
exibição explosiva de João Félix. Ape-
sar da vitória, por 4-2, o golo de Gon-
çalo Paciência aos 72’ ainda dá espe-
rança aos alemães.
O discurso de Bruno Lage na vés-
pera não teve qualquer novidade.
Como sempre, houve a promessa de
colocar em campo “a melhor equi-
pa”, com o objectivo de “vencer o
jogo”. Mas Lage deixou escapar que
“há uma [competição] que é mais
importante, que é o campeonato”. E
a pouco mais de uma hora de o Ben-
fica começar a lutar por um lugar
entre os quatro melhores da Liga
Europa, o anúncio do “onze” benfi-
quista não deixava dúvidas: O duelo
de domingo, contra o V. Setúbal, tinha
prioridade para Lage. João Félix marcou três dos Eintracht está muito perto de garantir agressiva do Eintracht, que dominava
Tal como tinha acontecido na eli- quatro golos do Benfica frente a sua melhor classiÆcação do último em tudo (posse de bola, remates, can-
minatória anterior frente ao Dinamo ao Eintracht Frankfurt quatro de século. Mas Hütter fez duas tos e faltas), os jogadores do BenÆca
Zagreb, o treinador do BenÆca deixou alterações em relação ao último jogo: respondiam com timidez e aparente
o único jogador de área que tinha dis- saíram Guzmán e Willems; entraram desnorte perante o esquema dese-
ponível no banco (contra os croatas ESTATÍSTICAS Rode e N’Dicka. E o defesa francês, de nhado por Lage. No entanto, aos 20
Jonas foi suplente; frente aos alemães Autor da citação apenas 19 anos, acabou por estar num minutos entraram em acção dos dois
Seferovic começou no banco) e o ata- Profissão
Benfica Eintracht dos momentos decisivos da partida. protagonistas da noite: após uma
58% Posse de bola 42%
que “encarnado” à Europa foi feito Com a táctica habitual de três cen- grande assistência de Félix, Gedson
13 Remates 13
com um meio-campo robusto (Sama-
ris e Fejsa) e um quarteto móvel na
Lor senim zzril eratum
6
3
Remates à baliza
Cantos
4
7
trais e um ataque servo-croata com
muito talento (Rebic, Jovic e Kostic),
surgiu isolado mas foi derrubado por
N´Dicka. Félix não tremeu no frente
frente (Gedson, Cervi, Rafa e Félix). nismodiatem ipit auguerat
477 Passes certos 260 o Eintracht entrou na Luz com auto- a frente com Trapp e começava a
Ao contrário de Lage, o competen-
te técnico austríaco Adi Hütter pare-
praesto dionseq ismod
85% Percentagem de passes certos 74%
36 Recuperações de bola 32
ridade e precisou de cinco minutos
para criar perigo, mas Grimaldo cor-
fazer história.
Em inferioridade numérica, o Ein-
1 Foras de Jogo 1
ceu pouco preocupado com a Bun- Autor
15 da citação
Faltas cometidas 12 rigiu o primeiro erro da noite de Jar- tracht retraiu-se e o BenÆca passou a
desliga, onde a seis jornadas do Æm o Profissão del e adiou o golo de Jovic. À entrada estar confortável. Havia, porém,

PEDRO NUNES/REUTERS
mobilidade a mais e presença na área
a menos do lado “encarnado”,
enquanto a equipa de Frankfurt não
desperdiçava a oportunidade de con-
tra-atacar: aos 39’, Grimaldo voltou a
ser decisivo e desviou o remate de
Rebic. O aviso estava dado, mas não
foi compreendido por Fejsa. No minu-
to seguinte, Fejsa perdeu a bola de
forma infantil e Rebic, com muita
categoria, ofereceu a Jovic a oportu-
nidade de brilhar no regresso ao à Luz
e fazer o seu oitavo golo na prova.
Mas o protagonismo do avançado
sérvio durou pouco, roubado por um
antigo companheiro seu no Seixal.
Numa jogada já vista a nível interno,
Félix fugiu à concorrência e com um
remate colocado de fora da área, vol-
tou a colocar o BenÆca na frente. O
jogo estava partido e a primeira parte
não acabou sem um grande susto
para os “encarnados”, mas Kostic viu
um golo anulado por posição irregu-
lar de Danny da Costa, que segundo
o árbitro assistente terá tapado o
angulo de visão de Vlachodimos.
A vencer por 2-1 e com superiori-
dade numérica, Lage colocou no
início da segunda parte Pizzi e Sefe-
rovic no aquecimento, mas o treina-
dor benÆquista nem precisou de
lançar dois dos seus principais triun-
fos para chegar à goleada. Aos 50’,
Grimaldo marcou um canto, Félix
desviou ao primeiro poste e Rúben
Dias fez o 3-1. Apenas três minutos
depois, o defesa espanhol mostrou
que é dos melhores a assistir no fute-
bol português e ajudou Félix a ins-
crever o seu nome na história do
futebol português: com um remate
rasteiro, o “79” completou o hat-trick
e, superando Eusébio, tornou-se no
mais jovem português a fazer três
golos nas competições europeias.
Com 4-1 e mais um jogador, o Ben-
Æca parecia ter a qualiÆcação para
as meias-Ænais praticamente no bol-
REACÇÕES so, mas o Eintracht, mesmo com
apenas dez jogadores, teve a apti-
dão para conseguir voltar a marcar
“O resultado serve-nos na dois golos no Estádio da Luz que
perfeição. Estamos na podem fazer a diferença na próxima
frente por dois golos. semana: aos 72’, apenas quatro
minutos depois de entrar em cam-
Depois do 4-1, podíamos ter po, Gonçalo Paciência ganhou o
tido outro controlo sobre o duelo com Jardel e de cabeça fez o
golo que retira tranquilidade ao
jogo. O Eintracht chegou ao BenÆca para a viagem a Frankfurt,
4-2 com mérito” mas não evita a primeira derrota em
2019 da equipa de Adi Hütter.
Bruno Lage
Treinador doBenfica dandrade@publico.pt
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 47
13
A jornada de Liga Europa trouxe
13 golos em quatro jogos , sendo
que mais de metade foram
apontados por portugueses:
João Félix (3), Guedes (2), Rúben
Dias (1) e Gonçalo Paciência (1).
Uma noite de Liga Europa
com travo intenso a Champions
Dez minutos depois, o Arsenal, segunda mão uma vitória por 3-1.
Diogo Cardoso Oliveira que nunca perdeu em casa em jogos A primeira parte trouxe um empa-
da Liga Europa, trocou o colectivo te montado a partir da marca dos 11
Para além do espectacular Benfica- pelo individual: Torreira recuperou metros: Gonçalo Guedes fez a recar-
Eintracht, a noite de quartos-de-final a bola em zona adiantada, correu, ga a um penálti de Parejo, aos seis
da Liga Europa trouxe um “travo” driblou e rematou de fora da área, minutos, e o “avô” Cazorla fez o
intenso a Liga dos Campeões. Em beneÆciando, ainda, do desvio em empate aos 36’, também de penálti.
Inglaterra, houve palco de topo, Koulibaly. Já aos 90+1, o ex-BenÆca Wass Æna-
ambiente “no ponto”, treinadores O Arsenal ainda teve mais de meia lizou um contra-ataque, e, aos 90+3,
com grande currículo, equipas de dúzia de boas oportunidades – pode- Guedes fez o seu segundo do jogo
primeira linha europeia e um Arse- ria ter acabado com a eliminatória –, para dar outro conforto ao triunfo
nal a mostrar, em grande parte do frente a um Nápoles modesto, pouco ao Valência, que teve ainda os ex-
jogo, que não merece andar na Liga capaz de incomodar e, sobretudo, BenÆca Rodrigo e Garay no “onze”,
Europa. muito permissivo no número de bolas e Piccini, ex-Sporting, na segunda
Arsenal e Nápoles travaram no que perdeu em zona defensiva. parte.
Emirates, em Londres, um duelo que Ficou um resultado “simpático” Em Praga, o duelo que se previa
caiu para os ingleses, por 2-0, um para os italianos, que não só não ser o mais desequilibrado não con-
resultado que coloca a equipa de fecha a eliminatória como dá aos Ærmou a previsão: o Slavia de Praga
Emery em vantagem e obriga os ita- napolitanos legítima esperança de “aguentou-se” durante 86 minutos
lianos a marcar, pelo menos, dois virar o 2-0 sofrido em Londres. frente ao Chelsea, mas, apesar da
golos na segunda mão, no San Paolo, resistência, acabou por sucumbir ao
na próxima semana. Dois golos de Guedes golo de cabeça de Marcos Alonso.
Ao contrário do que é habitual na Em Espanha, houve um duelo regio- Este resultado mantém tudo em
postura das equipas inglesas na Liga nal. O confronto entre Villarreal e aberto para o jogo de Londres, mas
Europa, Unay Emery, o “senhor Liga Valência, cidades separadas por cer- reforça o claro favoritismo dos ingle-
Europa”, não embarcou em poupan- ca de 60 quilómetros, sorriu à equipa ses.
ças e dotou o seu 3x5x2 das melhores do português Gonçalo Guedes, com
“ferramentas”: nomes como Auba- o Valência a conseguir levar para a diogo.oliveira@publico.pt
meyang, Lacazette, Ramsey ou Ozil IAN WALTON/REUTERS
foram a jogo e o Arsenal beneÆciou da
qualidade técnica dos “artistas”. Fren-
te a um Nápoles algo perdido em cam-
po – que teve o português Mário Rui
na esquerda e Insigne no lugar de
Milik –, os ingleses mostraram-se capa-
zes de encontrar soluções em zonas
ofensivas, quase sempre em triangu-
lações e passes curtos, suportadas,
ainda, nas “cavalgadas” de Maitland-
Niles, desde trás, e na agressividade
de Torreira, na zona central.
Até estes quartos-de-Ænal, três dos
quatro jogos do Nápoles, na Liga
Europa, tiveram golos nos primeiros
15 minutos. Ontem, o pecúlio mante-
ve-se e o jogo abriu com um golo
tremendo do Arsenal, aos 14 minu-
tos. Uma jogada feita quase toda ao
primeiro toque, desde o meio-cam-
po, passando por vários jogadores,
terminou com assistência do jovem
Maitland-Niles para o encosto de
Ramsey. Com o golo de Ramsey Æca,
desde já, o alerta às Æguras públicas
que possam sofrer com a já famosa
“maldição” dos golos do galês. Ramsey marcou o primeiro golo do Arsenal frente ao Nápoles
48 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
DESPORTO
Jogos com história
Os primeiros parágrafos da lenda,
escritos entre duas taças
Futebol internacional
Luís Mateus
No dia 16, volta a haver
Champions, em Camp Nou,
entre Barcelona e
Manchester United. Em
1991, os tempos eram outros
O hooliganismo tem consequências
gravíssimas, em Heysel, na Ænal da
Taça dos Campeões entre Liverpool
e Juventus: 39 mortos, mais de 600
feridos. O futebol inglês Æca de cas-
tigo, sem poder sair da ilha. Vence-
dor de uma Taça que aguenta o
contestado Alex Ferguson ao leme
três anos após a chegada — começa
com uma vitória por 1-0 em
Nottingham, e passa por dois jogos
de repetição, com o Oldham, nas
meias-Ænais, e com o Crystal Palace,
no jogo decisivo —, o Manchester
United aproveita o levantamento da
suspensão europeia. Cinco anos
depois de ter sido eliminado nos
penáltis, na Taça UEFA, pelo Video-
ton, regressa à Taça das Taças, tro-
féu já ganho curiosamente por Fer-
gie, ao serviço do Aberdeen, na Ænal
de Gotemburgo de 1983, frente ao
Real Madrid.
Quatro triunfos afastam os hún-
garos do Pecsi e os galeses do
Wrexham. Finalistas vencidos, os
“dragons” ocupam o lugar do con-
vidado fronteiriço Hereford, que
vence a Taça de Gales, mas está
impedido de se apurar para a Euro-
pa por ser inglês. Nos quartos-de-
Ænal, o Montpellier, com Laurent
Blanc patrão na defesa e o colom-
biano Carlos Valderrama a puxar as
rédeas do ataque, sobe o nível de
exigência: os “red devils” só conse-
guem um empate a um golo em
casa, com Lee Martin, herói da Ænal
da Taça, a introduzir a bola na pró-
pria baliza. A contas com uma lesão
nas costas desde a pré-época, não
volta a ser o mesmo, e a contratação
de Dennis Irwin no ano seguinte
signiÆca o Æm de linha do lateral-
esquerdo em Old Traèord. Na
segunda mão, Clayton Blackmore e
Steve Bruce, este com o 9.º penálti
certeiro da temporada, expressam
em golos uma noite memorável
(0-2).
Mesmo sem o capitão Bryan Rob-
son, suspenso e a testar-se aos
microfones televisivos, segue-se
Robson e Bakero em 1991: o dia em que o “Dream Team” de Cruyff perdeu para o Manchester United
magia, em Varsóvia, com um triun-
fo por 3-1 sobre o Legia. O 1-1 de Old
Traèord, três dias depois de ter per-
dido a Taça da Liga para o Sheêeld
Wednesday, torna-se irrelevante.
O United está na Ænal, e tem pela
frente o Barcelona. O De Kuip, em
Roterdão, é o palco da festa.
Favoritismo catalão
Do lado dos espanhóis, são os turcos
do Trabzonspor, os islandeses do
Fram Reykjavyk, os russos do Dína-
mo de Kiev e os italianos da Juven-
tus a Æcar pelo caminho.
O Barcelona de Johan Cruyè, com
Ronald Koeman e Michael Laudrup
— Hristo Stoichkov não está dispo-
nível —, é favorito. Sete anos antes,
em 1984, nos quartos-de-Ænal da
Alex Ferguson
conÄrma-se em
deÄnitivo, faz-se
lenda. O Barça
“Dream Team”
vencerá no ano
seguinte a Taça
dos Campeões
mesma competição, o primeiro con-
fronto entre os dois gigantes tinha
sido memorável. Depois de uma
derrota por 2-0 em Camp Nou, os
“red devils” venceram o Barça
“romântico” de César Luis Menotti,
com Schuster e Maradona, por
3-0.
Os adeptos acreditam. Mais 25 mil
viajam em “ferries” pelo Mar do
Norte. A chuva até dá mais conforto
aos britânicos. O United, todo de
branco, é um verdadeiro Reino Uni-
do, com sete ingleses, dois galeses,
um escocês e um irlandês.
Vingança servida com golos
A meias entre Steve Bruce e Mark
Hughes, o primeiro golo chega aos
67 minutos, com Busquets perdido
entre os postes. Se o central Æca a
pensar que o golo é seu, o segundo
não deixa dúvidas a ninguém, sete
minutos depois. “Sparky” Hughes
contorna o guarda-redes e emenda
para a baliza de ângulo reduzido. Só
que as certezas duram cinco minutos
apenas, quando um livre de Koeman
reduz para 2-1.
Seguem-se 10 minutos intensos, e
Les Sealey no papel de herói, sema-
nas depois de um corte profundo no
joelho, que lhe expõe o osso — é o
guarda-redes, com a perna forte-
mente ligada, quem se declara apto.
DR
Blackmore tira uma bola de cima da
linha, e os catalães vêem um golo
anulado por fora-de-jogo.
Nada a fazer. É a Robson quem
cabe a honra de levantar o primeiro
troféu europeu desde 1968. Hughes
também se vinga: esteve uma época
ao serviço dos catalães, acabou
emprestado ao Bayern e depois ven-
dido ao United, e agora rouba a Taça
a quem nele não acreditou.
Alex Ferguson conÆrma-se em
deÆnitivo, faz-se lenda. O Barça
“Dream Team” vencerá no ano
seguinte a Taça dos Campeões, em
Wembley, perante a Sampdoria, o
que valoriza ainda mais a vitória bri-
tânica. Depois de ter quebrado o
domínio do Old Firm com o Aber-
deen, alargando o seu crescimento
ao futebol europeu através do triun-
fo na Taça das Taças e na Supertaça
Europeia, é a vez de o escocês elevar
o Manchester United à força mais
poderosa do futebol inglês. Em 1999,
em Camp Nou, a sede do gigante é
saciada com a Liga dos Campeões,
arrebatada no Fergie Time frente ao
Bayern.
Jogos com História é uma
rubrica quinzenal sobre partidas
de futebol memoráveis
Jornalista
Portugal bate
França e
obtém triunfo
inédito
Andebol
Selecção portuguesa de
andebol dá um passo
decisivo rumo ao Euro
2020 com vitória frente aos
campeões do mundo
A selecção portuguesa de andebol deu
ontem um passo gigante na qualiÆca-
ção para o Euro 2020, ao triunfar em
Guimarães sobre a poderosa selecção
francesa, campeã mundial em 2017,
por 33-27 (17-13, ao intervalo).
“Para podermos fazer alguma coi-
sa de interessante, vamos mesmo de
ter de nos superar”. Estas foram as
palavras do seleccionador Paulo
Pereira, antes do jogo, e Portugal
seguiu à risca. Superou-se e fez algo
muito interessante, vencendo uma
equipa que, para o próprio seleccio-
nador nacional, está “seguramente
entre as três melhores do mundo”.
A França apresentou-se pratica-
mente na máxima força, utilizando
todas as principais Æguras — com a
excepção de Nikola Karabatic, que
Æcou fora da Æcha de jogo —, mas foi
insuÆciente para controlar, sobretu-
do, quatro portugueses: o portista
António Areia, com seis golos, Gil-
berto Duarte, com cinco, e Pedro
Portela, com quatro, para além do
guarda-redes Humberto Gomes,
essencial para a equipa nacional,
com várias defesas importantes.
Na qualiÆcação para o Europeu,
esta foi a terceira vitória em outros
tantos jogos, para a formação orien-
tada por Paulo Pereira. Com este
resultado, Portugal é líderar isolado
do Grupo 6 da segunda fase de qua-
liÆcação, com seis pontos, mais dois
que os franceses e mais quatro do
que a Roménia, que bateu a Lituânia,
formação ainda sem pontos.
Portugal está numa posição privi-
legiada no grupo — qualiÆcam-se
directamente os dois primeiros de
cada agrupamento — e, se mantiver
este lugar, conseguirá algo que lhe
escapa desde 2006: marcar presença
no Europeu de andebol. PÚBLICO
Paulo Pereira
50 • Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
DESPORTO
Marco Vaza
“Q
ue merda é
esta?” Foi este
o desabafo de
Charles Bark-
ley, um dos
melhores bas-
quetebolistas
d e s e m p re ,
qu ando um
jovem alemão
alto e lingrinhas fez um afundanço
bem na cara dele. Estávamos em
1997 e um grupo de “estrelas” da
Liga Norte-Americana de Basquete-
bol proÆssional (NBA), que incluía
outras futuras lendas como Michael
Jordan e Scottie Pippen, andava em
digressão pelo mundo. Esse alemão
lingrinhas de 18 anos não só afundou
na cara de Sir Charles como marcou
52 pontos. No Ænal desse jogo, o
sempre directo Barkley foi ter com
ele. “Meu, quem és tu?” “Sou o Dirk
Nowitzki”, respondeu o rapaz.
“Tens de ir jogar para Auburn, a
minha universidade”, retorquiu
Barkley. “Não posso, tenho de cum-
prir serviço militar”, lamentou o
alemão. “Não vais nada. Ninguém
com 2,13m vai para o Exército, não
conseguirias esconder-te em lado
nenhum.”
Nowitzki não foi para Auburn e
também não fez carreira no Exérci-
to, mas no ano seguinte estava a
entrar para a NBA e por lá Æcaria 21
anos para uma carreira brilhante
que lhe reservou um lugar entre os
melhores e como o mais Æel de sem-
pre. Sempre ao serviço dos Dallas
Mavericks, Nowitzki cumpriu na
última madrugada em San Antonio
o seu último jogo com o número 41
dos “Mavs” e deixa a NBA com um
registo impressionante de distin-
ções: um título de campeão, uma
eleição com MVP da época regular
e outra como MVP da Ænal, 14
nomeações para o All-Star, quatro
vezes eleito para a melhor equipa,
além de ser o sexto melhor marca-
dor de sempre da NBA. Só isto garan-
tir-lhe-ia um lugar na galeria das
lendas do basquetebol, mas Nowit-
zki foi mais do que isto.
Nowitzki foi o 41.21.1, três núme-
ros que resumem a sua carreira: foi
o número 41 durante 21 anos com
apenas uma camisola. Nunca na
história da NBA um jogador esteve
tanto tempo ao serviço de uma úni-
ca equipa — o anterior recorde eram
as 20 temporadas de Kobe Bryant
nos Lakers — e talvez ainda estivesse
a pensar jogar mais um ano (ou tal-
vez não). A verdade é que, até ao
último jogo em Dallas, Dirk foi pas-
sando a época sem conÆrmar a nin-
guém que esta ia ser a última. A
cidade que o acolheu durante 21
anos ainda lhe pediu “Mais um
ano!”, mas Dirk, contrariado pelo
Dirk Now
seu próprio corpo, teve de dizer que
não. Depois de ter marcado 30 pon-
tos aos Phoenix Suns, Dirk não sur-
preendeu ninguém. “Como já espe-
ravam, este foi o meu último jogo
em Dallas. Foi uma viagem incrível,
com altos e baixos, e vocês aguen-
taram-me e estiveram sempre ao
meu lado.”
Dirk, o texano
Foi, de facto, uma viagem incrível
para Dirk Werner Nowitzki desde
Wurzburg, uma pequena cidade no
Norte da Baviera, até Dallas, uma
das maiores cidades dos EUA. Filho
o fiel alemão
de um jogador de andebol e de uma
basquetebolista, Dirk só podia mes-
mo dar em desportista, mas cedo
começou a Æcar demasiado alto
para jogar futebol e ténis, os seus
dois primeiros desportos de eleição,
e, aos 13 anos, virou-se para o bas-
quetebol. Dois anos depois já jogava
como proÆssional nos Wurzburg
X-Rays, uma equipa da segunda
divisão alemã, enquanto era estu-
dante de liceu. E as suas notas
sofriam porque o basquetebol se
tornava uma prioridade.
Nowitzki foi-se mantendo um des-
conhecido quase total até ao tal jogo
de 1997 contra as “estrelas” da NBA.
Não foi apenas o afundanço na cara
de Barkley que o colocou no mapa,
mas também a sua capacidade em
marcar pontos longe do cesto. Todas
estas impressões foram mais do que
conÆrmadas no ano seguinte, duran-
te o Nike Hoop Summit, em que uma
selecção de jogadores internacionais
(entre eles um português, José Coe-
lho) derrotou uma selecção de uni-
versitários norte-americanos — o
alemão, que viajou para os EUA à
revelia da sua equipa, liderou a sur-
presa internacional, com 33 pontos
e 14 ressaltos, num jogo realizado em
San Antonio.
No Ænal dos anos 1990, a NBA rara-
mente olhava para a Europa Ociden-
tal como campo de recrutamento —
as excepções foram o holandês Rik
Smits e o alemão Detlef Schrempf.
Quase todos os europeus com maior
sucesso vinham dos países da antiga
Jugoslávia e da União Soviética, como
o sérvio Vlade Divac, os croatas Dra-
zen Petrovic e Toni Kukoc, os litua-
nos Sabonis e Marciulionis, entre
outros, e muitos deles chegavam à
NBA já como jogadores feitos.
Com a sua exibição no Hoop
Summit, a cotação de Nowitzki subiu
rapidamente e choveram ofertas de
universidades norte-americanas e de
algumas das melhores equipas euro-
peias (o Barcelona chegou a estar
interessado), mas o apelo da NBA foi
mais forte. Por recomendação de
Donnie Nelson (Ælho do treinador
Don Nelson e um dos olheiros dos
Mavericks), a equipa de Dallas arris-
cou no adolescente alemão, num
negócio que envolveu várias equipas

witzki
Foram 21 anos na NBA para aquele que
Äcará, seguramente, como um dos
melhores basquetebolistas de sempre.
Só foi campeão uma vez, mas a sua
inÅuência foi muito para lá dos títulos
SOOBUM IM/USA TODAY SPORTS
— Nowitzki foi originalmente esco-
lhido no draft de 1998 na 9.ª posição
pelos Milwaukee Bucks — e que tam-
bém levou para o Texas o base cana-
diano Steve Nash.
O impacto não foi imediato. Nowit-
zki foi um rookie com grandes proble-
mas de adaptação, nada de surpreen-
dente para um jovem alemão de uma
cidade pequena que se via, de repen-
te, numa cidade enorme. E os adep-
tos de Dallas foram rápidos a descar-
tá-lo. Chamavam-lhe “Irk”, sem o D,
porque o alemão não defendia. “A
minha preocupação é que ele era um
rapaz demasiado simpático para ter
instinto matador. Era um rapaz com
um coração enorme. Muitos nas mes-
mas circunstâncias entram com von-
tade de te arrancar o coração”, con-
tou mais tarde à ESPN Donnie Nelson,
que é actualmente o director despor-
tivo dos Mavs .
No seu ano de entrada (uma discus-
são salarial entre patrões e jogadores
levou a que a regular season fosse
mais curta), o alemão teve uma média
de apenas 8,2 pontos e 3,4 ressaltos
por jogo, e as primeiras impressões
indicavam mais um fracasso europeu
no basquetebol norte-americano.
Passar da segunda divisão alemã para
Público • Sexta-feira, 12 de Abril de 2019 • 51
a NBA era, segundo o próprio Nowit-
zki, “saltar de um avião e esperar que
o pára-quedas abrisse”. Chegou a
ponderar regressar a casa.
Na época seguinte, duplicou os
seus números: 17,5 pontos e 6,5 res-
saltos. Este era o Dirk Nowitzki que a
NBA iria ter durante 21 temporadas.
Aqui Æcam alguns números impres-
sionantes dessas mais de duas déca-
das: 1522 jogos de época regular (ter-
ceiro na história da NBA), mais 145 em
play-off; 31.560 pontos (sexto da NBA,
apenas atrás de Jabbar, Malone, Kobe,
LeBron e Jordan), mais 3663 em play-
off; 11.489 ressaltos em época regular,
mais 1446 em play-off. Foi à Ænal em
2006, mas bateu de frente com os
Miami Heat de Shaquille O’Neal e de
um jovem Dwyane Wade, mas teve a
sua vingança em 2011 frente aos mes-
mos Heat, ainda com Wade (também
colocou esta época um ponto Ænal
numa brilhante carreira) e com
LeBron James, sendo eleito o MVP
dessas Ænais que deram aquele que
Duas décadas de Nowitzki
em duas fotografias: de jovem
aspirante a “estrela” do
basquetebol com projecção
global a herói do Texas
GETTY IMAGES
DESPORTO
continua a ser o único título da histó-
ria dos Mavericks.
Dirk Nowitzki foi um dos que mais
contribuíram para expandir os limites
daquilo que um big man pode fazer
na NBA. O alemão foi um “unicórnio”
antes de se começar a falar em “uni-
córnios” a propósito de Kristaps Por-
zingis, um jogador alto que marca
cestos de qualquer lado e com técnica
apurada. Não sendo um mau defen-
sor, essa nunca foi a sua especialida-
de, e nunca teve as armas físicas para
lutar nas tabelas com postes mais
poderosos. Não deixou, no entanto,
de ser um jogador difícil de defender
graças a um lançamento que se tor-
naria a sua marca registada, o que os
americanos chamam fade away, um
lançamento em queda, mas com o
toque especial e único de Nowitzki,
apoiado numa perna — jogadores
como Kevin Durant ou LeBron James
acabariam por adoptar o fade away à
moda de Dirk.
O alemão abriu também o caminho
a várias gerações de talentosos bas-
quetebolistas europeus. Basicamen-
te, “obrigou” a NBA a alargar os seus
horizontes no recrutamento de joga-
dores — os irmãos Gasol, os franceses
Tony Parker e Rudy Gobert ou o grego
Giannis Antetokounmpo têm prova-
do ao longo dos anos que há muito
talento a ser descoberto na Europa.
E Nowitzki vai passar o testemunho
nos Mavericks a duas “estrelas” euro-
peias, o prodígio esloveno Luka Don-
cic e o big man letão Porzingis, o tal
unicórnio que tem um perÆl muito
semelhante ao do alemão.
Tal como tinha sido a sua época de
rookie, a época de despedida de
Nowitzki não fez justiça ao jogador
que foi. Os problemas físicos limita-
ram os minutos e o rendimento, des-
pedindo-se da NBA com a sua pior
época de sempre (7,3 pontos, 3,1 res-
saltos) e sem glória, mas com todos
os campos da NBA a celebrarem a sua
carreira. No seu último jogo em
Dallas, por exemplo, contou com a
presença ao vivo dos seus ídolos de
infância e “estrelas” de outras eras,
como Barkley, Larry Bird, Shawn
Kemp ou Scottie Pippen.
Uma das homenagens mais mar-
cantes realizou-se em Los Angeles,
cortesia de Doc Rivers, treinador dos
Clippers, que pediu um desconto de
tempo quando o jogo já estava decidi-
do para o seu lado, agarrou num
microfone e pediu ao público do Sta-
ples Centre para celebrar o alemão.
Dirk agradeceu a homenagem (e todas
as outras que lhe foram fazendo), mas,
provavelmente, preferia ter ganho
esse jogo. Assim como teria preferido
ter tido uma última campanha com os
Mavericks nos play-off. Mas não é por
isso que vai querer voltar a casa. É
provável que Dirk, o 41.21.1, já seja
mais texano do que alemão.
mvaza@publico.pt
Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

BARTOON LUÍS AFONSO

CONSOANTE MUDA

Dia de Não-“Brexit” à tarde

importante entender o que teria cidadãos — britânicos no minorar os estragos de uma saída Reino Unido.
acontecido se as coisas se continente europeu, e sem acordo — mas apenas de Como Malta — e os restantes
tivessem passado de outra continentais no Reino Unido — forma temporária, sujeita a governos dos vinte e sete —
maneira no Conselho Europeu de Æcariam imediatamente no reciprocidade, e revogável a exerceram essa soberania de
quarta-feira. Imaginemos que um limbo legal e administrativo, com qualquer momento. Não só isto forma responsável, não estamos
país apenas dos vinte e sete — as suas vidas em suspenso. A não seria qualquer “retomar o aqui hoje a viver as últimas horas
Rui Tavares

V
digamos Malta, ex-colónia base legal para o transporte controlo” como seria a situação de pânico antes de uma saída sem
britânica com meio milhão de aéreo a partir do novo país de maior dependência em que acordo. Ainda bem. Mas o preço
ai para três anos, os habitantes — tivesse decidido terceiro para a UE ou a uma sociedade desenvolvida que se paga por isso é uma
britânicos deram a vitória vetar a concessão de qualquer distribuição de isótopos tenha decidido colocar-se sensação de irrealidade em
no referendo de saída da extensão ao Reino Unido. De radioativos (da UE para o novo voluntariamente em era de paz e relação às consequências possíveis
UE a uma campanha que acordo com o Artigo 50.º do país terceiro) para tratamentos fora de bancarrota. desse não-acordo e, por maioria
tinha por slogan “Retomar Tratado da União Europeia, oncológicos deixaria de existir Podemos dizer que este cenário de razão, em relação às razões que
o Controlo”. Anteontem, a nenhum outro Estado nem (porque terminaria o tratado é meramente teórico. Que nem nos trouxeram até aqui.
primeira-ministra britânica instituição da UE o teria podido EURATOM, de que o Reino Unido Malta nem qualquer dos outros Seria importante que os seis
esperou numa sala à parte por que impedir. Como a decisão de também sairia ao mesmo tempo vinte e sete governos tinham meses de extensão agora
vinte e sete outros países extensão tem de ser da saída da UE). Claro que antes qualquer razão para vetar a aprovados servissem a toda a
decidissem se concederiam ao obrigatoriamente unânime, o de tudo isto acontecer teria extensão e forçar o Reino Unido a gente para levar a cabo uma
Reino Unido um adiamento da prazo de saída do Reino Unido havido uma onda de pânico nos uma saída sem acordo da UE (ou à reÇexão sobre a mais importante
saída da União Europeia, e se esse terminaria inexoravelmente hoje, mercados e entre os agentes humilhação de uma revogação dessas razões profundas: uma
adiamento seria curto, ou longo, 12 de abril. A partir desse sociais e económicos. Estaríamos para que o Parlamento britânico já total falta de entendimento do que
ou adiamento nenhum. Theresa momento, o direito europeu agora a viver as últimas horas preparou, aliás, e à revelia do signiÆca a soberania, pelo menos
May disse que não estaria deixaria de se aplicar ao Reino desse caos e é possível que governo de May, legislação de nos dias de hoje. Os brexiteiros
preparada para aceitar qualquer Unido, que passaria a ser um país houvesse tentativas de última prevenção). Mas mesmo que confundiram soberania retórica
adiamento que ultrapassasse a terceiro sem qualquer acordo hora no Parlamento britânico concedêssemos que o cenário é com soberania real e por isso
data de 30 de junho. Os outros com a UE. Isso signiÆca que todas para revogar a notiÆcação de meramente teórico — do ponto de Æcaram à porta da sala à espera de
governos decidiram 31 de outubro, as certiÆcações de produtos saída da UE, jogada in extremis vista político, vá lá, que do ponto aceitar qualquer adiamento que
Dia das Bruxas. Theresa May vindos do Reino Unido para a UE que seria o único gesto unilateral de vista jurídico ele está explícito lhes fosse dado. Mas essa confusão
aceitou avidamente. deixariam de valer a partir das à disposição do Reino Unido para nos tratados —, a pergunta que está longe de ser exclusiva do
Seja isto o que for, “retomar o 23h de hoje, e que os transportes evitar a queda no território do falta fazer é: por que raio vai um debate do “Brexit”, e porque
controlo” não é com certeza. oriundos do outro lado da Mancha não-acordo às 23h de hoje. Se país meter-se à mercê de uma entendê-la é essencial para
Porque o “Brexit” se tornou já teriam de ser inspecionados como isso falhasse, o Reino Unido possibilidade teórica dessas, por desvendar o novelo da política
uma caricatura de si mesmo, e em qualquer outra fronteira do poderia ainda beneÆciar das remota que seja? E a resposta a atual, voltarei a ela numa crónica
porque é fácil passar a acreditar — mundo, daquelas de que medidas de contingência essa pergunta é: naquelas horas de da próxima semana.
erradamente — que foi adiado praticamente já nos esquecemos aprovadas pela UE e pelos quarta-feira, Malta foi, na prática,
para o Dia de São Nunca à Tarde, é na Europa. Cinco milhões de governos dos vinte e sete para muito mais soberana do que o Historiador, fundador do Livre

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