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RESUMO PARA A 2ª AVALIAÇÃO DE

História do Direito Brasileiro


PROFESSOR: Marcus Seixas
ALUNO: ERIC ANDRADE
Este resumo abrange os seguintes assuntos:
 A Lei da Boa Razão e a reforma do ensino jurídico.
 As Limitações às Liberdades dos Colonos; Período Joanino.
 A Constituição de 1824.
 Direito criminal e privado no Império.
Eric Carvalho de Andrade 1
Resumo AV2 HDB

A era Pombalina e o direito português


Em meados do séc. XVIII, com a forte atuação política do Marquês de Pombal (1699-1782), Portugal recebeu grande
influência das correntes doutrinárias que, desde o século XVI, estavam a construir a moldura político-jurídica da
Europa moderna, ou seja, o Estado iluminista, caracterizado pelo absolutismo político do monarca e pelas reformas
política, social, cultural, econômica e até religiosa, com o objetivo de reorganizar a sociedade em conformidade com
normas racionais.

A Lei da Boa Razão


Acreditando no poder da razão e na capacidade da lei para reformar a sociedade, surgiu a obra modernizadora de
Pombal. A Lei da Boa Razão, de 18 de agosto de 1769, elaborada nesse processo, é o mais importante documento
dessa era. Redefiniu a teoria das fontes do direito, tornando-se documento chave para a compreensão do
bacharelismo liberal na cultura jurídica brasileira do século XIX, com consequências até a atualidade.

Pombal definiu que a criação de leis não era função exclusiva do rei, entretanto queria centralizar e homogeneizar as
leis vigentes. Para isso, ele mudou as fontes do direito antes prevista pela Ordenação Filipina, proibindo a utilização
de estilos a fim de evitar inúmeras interpretações locais e, além disso, criou restrições consideráveis aos costumes,
sendo que só podiam ser usados aqueles que eram consolidados por mais de 100 anos, sendo necessário provar, por
meio de documentos e outras fontes, que se trata efetivamente de um costume.

Em relação ao direito romano, Pombal tinha uma visão negativa deste, sendo, para ele, a sua utilização prejudicial.
Portanto, acaba com a exclusividade de Bártolo e Acúrsio e, em relação aos outros juristas, o critério para utilizar as
opiniões do direito romano tinham que perpassar pela boa razão baseada no direito natural. Surge então o
problema de qual seria o conteúdo do jus naturalismo, surgindo inúmeras obras e opiniões de juristas e professores
que divergiam entre si.

Percebe-se que a força do pombalismo estava na crítica do saber jurídico tradicional, e que na prática buscava a
certeza jurídica e a limitação do arbítrio dos juízes, resultando, portanto, na restrição dos costumes e do direito
romano, enquanto que o uso dos estilos totalmente proibidos.

Fonte complementar: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/a-lei-da-boa-razao-e-a-formacao-do-direito-brasileiro/1668

A reforma do ensino jurídico


Com toda essa mudança no direito português feito pelo Marquês de Pombal, tornou-se necessário também uma
reforma no ensino jurídico para que as novas gerações de juristas fossem já adaptadas a essa nova forma de
raciocinar o direito. Pombal expulsa os jesuítas responsáveis pelo ensino jurídico assumindo, ele mesmo, essa
função.

O acesso às universidades era muito restrito por conta dos custos, localização (Coimbra), vestes diferenciadas (as
chamadas vestes talares) e, além disso, os livros também eram muito caros, por serem copiados à mão. Já em
relação ao ingresso na universidade, esse dependia de alguns exames os quais eram feitos nos chamados
“vestíbulos”, onde exigiam conhecimentos bastante eruditos dos candidatos.

Além de todas essas demandas, a jornada de estudos era de 5 horas por dia e havia exames semanais (sabatinas),
mensais e anuais, os quais, se reprovado, o aluno era expulso da universidade. As aulas eram baseadas nas
escolásticas, onde os assuntos eram abordados a partir de problematizações e disputationes entre dois alunos
(debates).
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Resumo AV2 HDB

Todo esse modelo será alterado por Pombal, surgindo então as matérias efetivamente de direito nacional
(tributário, privado e etc) e as aulas passam a ser sequenciais ao invés de inúmeras problematizações acerca de
determinados temas. Os livros de direito, que antes possuíam uma linguagem barroca e analisavam casos concretos
para ensinar as leis, passam a ser escritos pelos próprios professores (os chamados manuais), torando-se, assim,
mais acessível aos alunos, pois eram copiados a mão pela imprensa da própria faculdade. Além de matérias de
direito nacional, foram criadas também as de direito natural, direito romano e história do direito.

Período joanino no Brasil

Antecedentes
Antes da vinda da Família Real para o Brasil, não havia uma grande distinção entre o direito praticado no Brasil e em
Portugal. A princípio, se tratava da mesma legislação, diferentemente da Espanha, a qual aplicava leis específicas
para as suas colônias (Leys de las índias).

Apesar disso, havia leis portuguesas específicas para o Brasil, que limitavam os seus direitos. Essas normas não se
destinavam aos “brasileiros”, até porque não havia essa identidade, e sim para determinadas áreas, ou seja, são leis
territoriais e impessoais.

→ Havia três tipos de limitações:

1. De ordem comercial;
2. De ordem econômica / comercial;
3. De ordem intelectual.

As primeiras se referem às regras que impedem um livre comércio no Brasil, o qual possuía um monopólio com a
metrópole, ou seja, só era possível o trocas econômicas com Portugal. Esse regime de monopólio poderia
eventualmente ser suspenso temporariamente por meio de uma autorização de uma autoridade de alta patente,
como o governador geral da colônia.

As segundas limitações se referem a “indústria” como sendo um setor da economia, sendo permitido apenas o
extrativismo animal, vegetal e mineral.

No que se refere às limitações de ordem intelectual, era proibido a instalação de instituições de ensino nas colônias,
sendo vedada a livre circulação de livros, a fim de evitar ideias revolucionárias e subversivas. Para isso, havia um
index que proibia especificamente alguns livros. Era proibido também a existir imprensa no Brasil, sendo que todo
material impresso circulante era produzido em Portugal.

A vinda da Coroa portuguesa para o Brasil


Quando, por conta da pressão do império napoleônico, a Coroa portuguesa foge de Portugal ao Brasil, acontece uma
grande transformação física e cultural brasileira.

Portugal sempre via as suas colônias apenas como uma forma de lucrar, sem fim civilizatório, dando origem cidades
com uma estrutura precária. Com a vinda da Coroa para o Brasil, essa mentalidade muda a fim de que se produzam
melhoramentos de ordem cultural (construção de teatros, monumentos e faculdades) e estrutural (construção de
vias, saneamento básico e melhoras da infraestrutura). Além dessas mudanças estruturais, era necessária também
uma mudança legislativa. Na Rua do Chile, D. João VI assinou a carta de abertura dos portos às nações amigas que,
naquele momento, era apenas a Inglaterra. Foram suspendidas também as limitações industriais, sendo passando
a ser instaladas fábricas no Brasil.
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Em relação às proibições de ordem intelectual, elas foram quase que todas revogadas, surgindo às primeiras
faculdades. Entretanto, a limitação que parcialmente permaneceu foi em relação à imprensa, onde permaneceu a
censura. Para que uma publicação fosse aprovada, era necessário que ela passasse por três instâncias: a permissão
da Coroa, do Sto. Ofício e da mesa da consciência e ordem.

Constituição brasileira de 1824


A Constituição de 1824 foi outorgada em 25 de março, durante o governo de D. Pedro I. Em seu preâmbulo, é
passada a impressão de que essa legislação fora fruto de uma extensa e ampla deliberação política com participação
de todos os cidadãos. Entretanto, esse texto foi encaminhado apenas a algumas câmaras municipais, sendo que,
grande parte destas o rejeitaram. Portanto, na prática, na elaboração da Constituição brasileira de 1824, não houve
essa ampla participação e deliberação pregada por ela.

Havia um receio muito grande de o Brasil, mesmo declarado independente, se subordinasse ao reino de Portugal.
Esse medo era presente por conta de D. Pedro I, apesar de ser imperador do Brasil, ainda ser o príncipe herdeiro da
monarquia de Portugal, sendo que em nenhum momento ele abdicara desse direito. Portanto o receio era de que o
imperador quisesse governar as duas nações e, consequentemente, prejudicando-as. Nesse contexto, o artigo
primeiro da constituição surge como uma tentativa de sanar esse problema, ao passo que declara que os brasileiros
formam uma nação livre e independente que não admite laços com outras nações.

Art. 1. O IMPERIO do Brazil é a associação Politica de todos os Cidadãos Brazileiros. Elles formam uma Nação
livre, e independente, que não admitte com qualquer outra laço algum de união, ou federação, que se
opponha á sua Independencia.

No artigo terceiro é definido o modelo de Estado:

Art. 3. O seu Governo é Monarchico Hereditario, Constitucional, e Representativo.

Monárquico: o imperador é uma espécie de rei;

Hereditário: o título de imperador é transmitido por meio da sucessão;

Constitucional: monarquias constitucionais se opõem às monarquias absolutistas, pois o poder do soberano


é limitado pelo texto da constituição;

Representativo: sendo essa uma grande novidade no Brasil, pois durante o período colonial brasileiro não
existia nenhum órgão de representação popular, o povo agora poderia ter voz na política por meio de órgãos
representativos.

Em relação à liberdade religiosa, o artigo quinto traz algumas tentativas de modernização ao passo que mantem-se
conservadora em outros aspectos. Nesse artigo, é declarado que existe uma religião oficial do Estado (Estado
confessional) ao passo que também existia uma possibilidade de os cidadãos do império assumirem outra religião
divergente, porém de forma bastante limitada.

Art. 5. A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras
Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma
alguma exterior do Templo.
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Nesse trecho é explicito que não era permitida a manifestação de outras crenças de forma pública, não podendo
haver sinais, simbologias ou coisas que possam indicar que estava ocorrendo um culto ou ritual religioso. Em outros
artigos, havia uma proibição de posse de alguns cargos públicos por conta da religião do indivíduo, como, por
exemplo, para ser um deputado (artigo 95).

A cidadania brasileira é fundada no artigo sexto da constituição, onde é adotado como critérios de nacionalidade o
de territorial e sanguíneo.

Art. 6. São Cidadãos Brazileiros

I. Os que no Brazil tiverem nascido, quer sejam ingenuos, ou libertos, ainda que o pai seja estrangeiro,
uma vez que este não resida por serviço de sua Nação.

II. Os filhos de pai Brazileiro, e Os illegitimos de mãi Brazileira, nascidos em paiz estrangeiro, que vierem
estabelecer domicilio no Imperio.

III. Os filhos de pai Brazileiro, que estivesse em paiz estrangeiro em sorviço do Imperio, embora elles não
venham estabelecer domicilio no Brazil.

IV. Todos os nascidos em Portugal, e suas Possessões, que sendo já residentes no Brazil na época, em que se
proclamou a Independencia nas Provincias, onde habitavam, adheriram á esta expressa, ou tacitamente pela
continuação da sua residencia.

[aqui a constituição trata da possibilidade da naturalização de cidadania brasileira]

V. Os estrangeiros naturalisados, qualquer que seja a sua Religião. A Lei determinará as qualidades precisas,
para se obter Carta de naturalisação.

A Constituição de 1824 traz uma novidade em relação à monarquia do Antigo Regime quando, no artigo 10, são
indicados os poderes políticos no Brasil, sendo estes: legislativo, moderador, executivo e judicial. Com isso, é
formalizada a separação de poderes.

Os artigos 11 e 12 denotam a ideia de que o poder emana do povo:

Art. 11. Os Representantes da Nação Brazileira são o Imperador, e a Assembléa Geral.

Art. 12. Todos estes Poderes no Imperio do Brazil são delegações da Nação.

A Assembleia Geral era um órgão bicameral, e se dividia em Câmara dos Deputados e Senado.

O artigo 15 traz as competências da Assembleia Geral e, no inciso VIII, é declarado que compete a ela fazer leis,
interpretá-las, suspendê-las e revoga-las.

Observações:

 O poder legislativo é uma atribuição da Assembleia Geral, não sendo mais uma função do soberano;
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 Diferente do que ocorre atualmente, onde os tribunais e os juízes fixam a interpretação das leis, era a
Assembleia Geral que tinha essa função.

Os deputados possuíam um mandato de quatro anos, enquanto os senadores possuíam cargo vitalício. Isso acabou
gerando uma situação em que a Câmara dos Deputados possuía uma maior agilidade no que se refere às
deliberações sobre as leis, enquanto o Senado, justamente por conta dos senadores possuírem cargo vitalício,
demorava muitos anos para se aprovar um projeto de lei. Outra característica que diferenciava o Senado e a Câmara
dos deputados, fruto desse tempo de mandato, era a instabilidade de cada um dos órgãos. Enquanto o Senado
pouco tinha a sua composição alterada, a Câmara dos Deputados era renovada a cada quatro anos.

No artigo 45 é tratado dos requisitos para tornar-se senador. Os critérios utilizados são:

 Nacionalidade: é necessário ser cidadão brasileiro;


 Etário: idade acima de quarenta anos;
 Intelectual: pessoa com “saber, capacidade, e virtudes”;
Observação: esse critério fazia com que pessoas com pouco engajamento político ficasse de fora do
processo eleitoral.
 Econômico: “Que tenha de rendimento anual (...) a soma de oitocentos mil réis.”.

No artigo 90 e 91 é tratado o tema das eleições primárias.

As eleições primárias, também chamadas de assembleias paroquiais, aconteciam nas paróquias, pois, naquela
época, não existia título eleitoral ou documento de identidade, ficando essa tarefa a cargo dessas instituições
religiosas.

Podiam ser votados nessas eleições primárias aqueles que seguissem determinados critérios de acordo o artigo 91:

Art. 91. Têm voto nestas Eleições primarias

I. Os Cidadãos Brazileiros, que estão no gozo de seus direitos politicos.

II. Os Estrangeiros naturalisados.

Observação: no artigo 45 não é autorizado estrangeiros naturalizados serem votados para o cargo de
Senador.

Estão excluídos de votar nas Assembleias Paroquiais, de acordo com o artigo 92:

Art. 92. São excluidos de votar nas Assembléas Parochiaes.

I. Os menores de vinte e cinco annos, nos quaes se não comprehendem os casados, e Officiaes Militares,
que forem maiores de vinte e um annos, os Bachares Formados, e Clerigos de Ordens Sacras.

II. Os filhos familias, que estiverem na companhia de seus pais, salvo se servirem Officios publicos.
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III. Os criados de servir, em cuja classe não entram os Guardalivros, e primeiros caixeiros das casas de
commercio, os Criados da Casa Imperial, que não forem de galão branco, e os administradores das fazendas
ruraes, e fabricas.

IV. Os Religiosos, e quaesquer, que vivam em Communidade claustral.

V. Os que não tiverem de renda liquida annual cem mil réis por bens de raiz, industria, commercio, ou
Empregos.

Observações:
 Menores de 25 anos eram proibidos de votar com exceção dos casados, os militares maiores de 21,
bacharéis formados e os clérigos de ordem sacra;
 “Filhos famílias” (pessoas que, mesmo sendo maior de idade, ainda vivem sobre o teto de seus pais) não
podiam votar;
 O voto não era pessoal, ou seja, um por pessoa; e sim era um voto familiar que, no caso, um voto por
família, exceto aqueles que eram servidores públicos, que votavam independente disso;
 Os criados de servir, que eram funcionários profissionais caseiros prestadores de pequenos serviços (como,
por exemplo, um secretário ou um jardineiro), não podiam votar exceto os guarda livros, os primeiros
caixeiros das casas de comercio, os criados da casa imperial e os administradores das fazendas rurais;
 Os religiosos eram impedidos de votar e quaisquer pessoas que vivam em comunidades de clausura, isto é,
relativamente isolados da política;
 Era necessária uma renda a partir de 100mil réis para poder votar.

No artigo 94 é trazido a figura do eleitor de província, que era uma espécie de intermediário entre o povo e os
deputados e senadores.

Nas assembleias paroquiais (eleições primárias), aqueles que, dentre o povo, preenchiam os requisitos para poder
votar, não elegiam os deputados e senadores diretamente (o voto era indireto), e sim votavam nos eleitores de
província. Estes, por sua vez, em uma eleição separada, iriam escolher os deputados e senadores.

Art. 94. Podem ser Eleitores, e votar na eleição dos Deputados, Senadores, e Membros dos Conselhos de
Provincia todos, os que podem votar na Assembléa Parochial. Exceptuam-se

I. Os que não tiverem de renda liquida annual duzentos mil réis por bens de raiz, industria, commercio,
ou emprego.

II. Os Libertos.

III. Os criminosos pronunciados em queréla, ou devassa.

Esses eleitores de província eram pessoas que preenchiam a requisitos ainda mais excludentes, sendo necessária:

 Uma renda de 200 mil réis;


 Não podiam ser “libertos” (antigo escravo a quem de algum modo foi concedida a liberdade);
 Não podiam ser criminosos ou revolucionários;
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Em relação aos critérios para poder ser eleito um deputado, o artigo 95 destaca que:

Art. 95. Todos os que podem ser Eleitores, abeis para serem nomeados Deputados. Exceptuam-se

I. Os que não tiverem quatrocentos mil réis de renda liquida, na fórma dos Arts. 92 e 94.

II. Os Estrangeiros naturalisados.

III. Os que não professarem a Religião do Estado.

Para ser deputado era necessário ter todos os requisitos de eleitor de província e, por consequência, ter os
requisitos dos eleitores primários.

Em resumo:

Onde Quem Requisitos


Eleições primárias Eleitores  + de 25 anos, exceto casados, bacharéis, militares com +
(ou paroquiais) de 21 anos e clérigos de ordem sacra.
 + de 100 mil réis
↓elegiam
Eleições de província Eleitores de província  Cidadãos brasileiros ou estrangeiros naturalizados
 + de 200 mil réis
 Não podiam ser ex-escravos
↓elegiam
Câmara dos deputados Deputados  Requisitos para ser um eleitor
 +400 mil réis
 Nascido no Brasil
 Católico
Senado Senadores  Cidadão brasileiro
 + 40 anos
 Intelectual + serviços públicos
 + 800 mil réis

Em relação ao Poder Moderador, o artigo 98 o representa como uma espécie de guardião do equilíbrio e da
harmonia dos demais poderes políticos.

O artigo 101 traz as hipóteses de utilização do poder moderador, sendo sempre uma interferência em um dos
demais poderes.

Art. 101. O Imperador exerce o Poder Moderador

I. Nomeando os Senadores, na fórma do Art. 43.

→ Interferência no poder legislativo

II. Convocando a Assembléa Geral extraordinariamente nos intervallos das Sessões, quando assim o
pede o bem do Imperio.

→ Interferência no poder legislativo

III. Sanccionando os Decretos, e Resoluções da Assembléa Geral, para que tenham força de Lei: Art. 62.
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Resumo AV2 HDB

→ Interferência no poder legislativo

IV. Approvando, e suspendendo interinamente as Resoluções dos Conselhos Provinciaes: Arts. 86, e
87. (Vide Lei de 12.10.1832)

→ Interferência no poder legislativo

V. Prorogando, ou adiando a Assembléa Geral, e dissolvendo a Camara dos Deputados, nos casos, em
que o exigir a salvação do Estado; convocando immediatamente outra, que a substitua.

→ Interferência no poder legislativo

VI. Nomeando, e demittindo livremente os Ministros de Estado.

→ Interferência no poder executivo

VII. Suspendendo os Magistrados nos casos do Art. 154.

→ Interferência no poder judiciário

VIII. Perdoando, e moderando as penas impostas e os Réos condemnados por Sentença.

→ Interferência no poder judiciário

IX. Concedendo Amnistia em caso urgente, e que assim aconselhem a humanidade, e bem do Estado.

Portanto, o Poder mais interferido pelo imperador é o legislativo.

Artigo 102 traz as atribuições do Poder executivo, entre elas:

II. Nomear Bispos, e prover os Beneficios Ecclesiasticos.

XIV. Conceder, ou negar o Beneplacito aos Decretos dos Concilios, e Letras Apostolicas, e quaesquer outras
Constituições Ecclesiasticas que se não oppozerem á Constituição; e precedendo approvação da Assembléa,
se contiverem disposição geral.

[As normas canônicas criadas por outros países poderiam ser aplicadas ao Brasil, que era oficialmente
católico, caso houvesse o beneplácito do imperador, que era uma espécie de “permissão” para essas
normas entrarem em vigor no país].

III. Nomear Magistrados.

[Era o imperador que nomeava os cargos públicos, não havendo concursos públicos].

XII. Expedir os Decretos, Instrucções, e Regulamentos adequados á boa execução das Leis.
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Código Criminal de 1830


A Constituição do Império do Brasil, de 1824, determinou que “organizar-se-á o quanto antes um Código Civil, e
Criminal, fundado nas sólidas bases da justiça e equidade” (art. 179, parágrafo 18). Esse código nasce para substituir
o livro V das Ordenações Filipinas, trazendo uma organização semelhante aos atuais códigos.

O artigo primeiro é parecido com o código de 1940, sendo que este possuía alguns acréscimos em relação ao de
1830. Nesse artigo foi instaurado o princípio da legalidade, declarando que não haverá crime ou delito anterior à lei
que o qualifique como tal, ou seja, a lei não retroagia.

Art. 1º Não haverá crime, ou delicto (palavras synonimas neste Codigo) sem uma Lei anterior, que o
qualifique.

É instaurado também o devido processo legal, que é uma garantia para o réu que o seu processo passará por um
trâmite justo, como o direito de ampla defesa, coleta de testemunhas e coleta de provas.

Esse código inova ao tratar o que se faria com os “loucos”, ou seja, pessoas que não possuíam a capacidade mental
em perfeito estado.

Excludente de ilicitude que é quando se retira do mundo jurídico a possibilidade de ser ilícito, ou seja, uma situação
que antes era considerada ilícita agora é justificável em determinadas situações, sendo um exemplo disso é a
legítima defesa.

Esse código Criminal traz os chamados agravantes e atenuantes.

Art. 15. As circumstancias aggravantes, e attenuantes dos crimes influirão na aggravação, ou attenuação das
penas, com que hão de ser punidos dentro dos limites prescriptos na Lei.

Uma característica que se destaca nesse código foi a extinção parcial das penas cruéis, como esquartejamento antes
ou depois da morte. Esse tipo de pena possuía um simbolismo muito forte por trás, o que começa a ser extinto com
esse Código Criminal, que passa a valorizar mais a objetividade. Nesse contexto, as penas, aos poucos, deixam de
serem castigos físicos para serem penas de privação de liberdade.

Entretanto, como dito anteriormente, as penas cruéis vão sendo extintas aos poucos, o que significa que ainda
existiam, mesmo com esse novo Código, penas com um alto teor de crueldade. Exemplo disso é a pena de galés, que
acorrentava os escravos a embarcações enquanto esses faziam trabalhos braçais.

O Código de 1830 também eliminou as mutilações e os castigos corporais, mas manteve as penas de açoites,
aplicada exclusivamente aos escravos, as de morte e de galés. O artigo 60 estipulou que “se o réu for
escravo, e incorrer em pena, que não seja a capital ou de galés, será condenado na de açoites, e depois de os
sofrer, será entregue a seu senhor, que se obrigará a trazê-lo com um ferro, pelo tempo, e maneira que o Juiz
designar” (MORAES, 1923, p. 4).

Esse código é também o primeiro a organizar a questão dos crimes públicos contra o império. (PARTE SEGUNDA
“Dos crimes públicos”)

Outro aspecto importante é que, diferente das Ordenações Filipinas, o Código Criminal passa a ter pessoalidade da
pena, ou seja, ela atinge somente o réu, e não a sua família ou seus descendentes, como ocorrera no Livro V.

Texto recomendado: http://mapa.an.gov.br/index.php/menu-de-categorias-2/281-codigo-criminal


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Código Civil de 1916


Durante todo o Império não houve a formulação de um Código Civil, mesmo com a Constituição de 1824
“ordenando” a criação de um. Por que demorou tanto?

Em 1859, D. Pedro II nomeou Augusto Teixeira de Freitas para criar um rascunho do código civil em até três anos.
Este então criou a obra “Esboços do Código Civil”, que possuia mais de 4000 artigos, sendo alvo de duras críticas,
influenciando Augusto a não terminá-lo. Seu projeto posteriormente se tornou a Consolidação das Leis Civis, que
influênciou a legislação de muitos outros países, servindo, ainda, de base para pesquisas e consultas.

Já o Código Civil de 1916 foi escrito pelo cearense Clóvis Beviláqua, que começou a escrever seu projeto em 1889.
Por conta disso, houve uma distância temporal grande entre a data de sua vigência e a data de sua elaboração,
sendo que, nesse meio tempo, acorreram grandes transformações sociais.

Havia também outra problemática, que era a de que esse Código conteplou muito mais ramos do direito do que
deveria, torando-se o centro de todo o direito privado. Com o passar do tempo, a sociedade foi se especializando,
tornando-se necessário uma maior diferenciação entre direito do trabalho e direito civil, por exemplo.

Poder Judiciário
Artigo 151

Traz a expressão do “poder judicial independente”, a qual é uma novidade histórica;

A ideia de separação dos poderes veio no final do século XVIII;

As decisões do poder judiciário, em regra, não eram objeto de interferência dos outros poderes, exceto no perdão
(posterior ao processo) e a anistia (anterior ao processo), que são cedidos pelo Poder moderador;

Artigo 152

O júri surge na Inglaterra no período medieval, onde os barões, muitas vezes, acusavam os juízes da coroa de agir
com parcialidade. Com o passar do tempo, o baronato inglês exigiu que não só os juízes das coroas fizessem os
julgamentos, mas também seus pares (no sentido de equivalentes), surgindo assim os juris.

Já no Brasil, principalmente na época do Império, havia uma grande estratificação social e, para se tornar um jurado
era necessário ser também um eleitor. Consequentemente, acontecia que a composição dos jurados, advindos de
classes sociais mais altas, desfavoreciam as classes sociais mais baixas, justamente por não gerar a empatia
necessária para ser feita justiça.

Artigo 154

Trata da possibilidade de o Imperador suspender os juízes.

Artigo 158 e Artigo 163

Trata das Relações (tribunais da coroa que existiam no período colonial), que antes só existiam as Relações da Bahia
e do Rio de Janeiro. Estas continuaram a existir no Brasil Império, porém existia também o Supremo Tribunal de
Justiça (que era um tribunal de Cassação).

→ Tribunal de Cassação: a corte de cassação se limitava a verificar se as decisões recorridas advindas das
Relações foram proferidas de acordo com a lei. Esse tribunal anulava as decisões recorridas que foram
erroneamente julgadas e, nesses casos, reencaminhava os processos para outra Relação.
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O Supremo Tribunal de Justiça poderia cassar a decisão em dois casos:

1. Nos casos de injustiça notória: quando havia um erro de aplicação material do direito, isto é,
quando a norma aplicada era inadequada.
2. Nos casos de nulidade manifesta: quando havia um erro de direito processual, isto é, no decorrer do
processo havia um erro.

Supremo tribunal de Justiça


Quando o Supremo Tribunal de Justiça caçava uma
decisão de uma Relação, esta era reencaminhada
para outra Relação de outro Estado para um novo
julgamento. Portanto as Relações eram a última
Relação RJ Relação BA Relação SP
instância de julgamento, porém não eram
soberanas.

Juízes

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