Sie sind auf Seite 1von 5

Caminho de Perfeição

Dicas práticas para rezar


Nesta última aula de nosso curso sobre o “Caminho de Perfeição”,
Padre Paulo Ricardo faz um resumo da doutrina espiritual de Santa
Teresa de Jesus e dá dicas práticas para você rezar e crescer na
intimidade com Deus.

Não se chega à vida mística, enquanto não se toma verdadeiramente de assalto a vida
espiritual, com o propósito de se fazer, pelo menos, 2h de oração por dia. É o que Santa
Teresa comenta, de relance, em uma de suas obras (cf. Livro da Vida, VIII, 6) e é o mínimo
que todos os grandes autores místicos propõem para quem quer começar a ter uma vida
espiritual séria. A quem ama pouco [1] e costuma tudo antepor a Cristo (cf. Lc 14, 15-24),
parece muito. Mas esse preceito está intimamente ligado ao terceiro mandamento do
Decálogo, da observância do repouso sabático. Como explica o Doutor Angélico (cf. Summa
Theologiae, II, II, q. 35, a. 3, ad 1), esse descanso é apenas um símbolo daquele repouso
espiritual que toda alma deve buscar em Deus, através da vida de oração.

Por isso, este curso não trata sobre a vida mística; concentra-se tão somente nas orações
dos principiantes, já que é nas primeiras moradas que se encontra a maior parte das
pessoas em graça habitual. Ao invés de falar sobre os fenômenos extraordinários que
experimentam os adiantados – alimentando a imaginação e a curiosidade das pessoas –, é
preciso cumprir a tarefa inicial e perseverar nela, com determinada determinação, até que
se atinja o termo pretendido.

Um auxílio extraordinário que Cristo instituiu para isso foi a Comunhão sacramental, e é
esse o instrumento que se quer apresentar nesta aula como método prático para o
crescimento espiritual, pois, a quem quer que se proponha a progredir, tendo aprendido a
bem comungar, basta que estenda aquele fervor e aquela devoção com que recebe a Santa
Comunhão para todas as atividades do seu dia, cumprindo o preceito do Senhor, que
mandava que se orasse sempre (cf. Lc 18, 1), e estando constantemente unido a Ele,
ininterruptamente.

São duas, portanto, as intenções desta aula: ensinar (i) a comungar bem e (ii) a reproduzir
essa união/comunhão com Deus na vida de oração.

Antes de qualquer coisa, é preciso entender que o sacramento da Eucaristia age, na alma de
quem o recebe, ex opere operato, ou seja, por virtude da própria humanidade de Cristo, de
onde brota a força de todos os Sacramentos. Na Comunhão, "enquanto o calor natural não
consumir os acidentes do pão, o bom Jesus está conosco" (C. de Perf., XXXIV, 8); a única
coisa que quem comunga deve fazer é dispor-se interiormente para receber esse tão
elevado hóspede.

Uma ajuda nesse sentido é a prática da comunhão espiritual, vivamente recomendada


pelos santos e pela própria Teresa d'Ávila (cf. C. de Perf., XXXV, 1). Nesse caso, porém –
assim como nos outros momentos de oração que se tem ao longo do dia –, a humanidade
de Cristo age ex opere operantis, isto é, não mais por força sacramental, senão por um
esforço do orante que reza. É este quem – obviamente amparado pela graça – age para
reproduzir na sua vida o mesmo fervor que experimentou durante a Comunhão, entrando
em contato com a carne gloriosa do Ressuscitado.

Ninguém se espante com essa afirmação. De fato, mesmo estando no Céu, a carne do
Redentor é sempre o instrumento de que a Santíssima Trindade Se serve para tocar as
almas humanas e cumulá-las com as graças celestes. É o que Santa Teresa atesta quando
afirma que absolutamente ninguém deve afastar-se da humanidade de Cristo, mesmo que
esteja em moradas superiores (cf. Livro da Vida, XXII; Moradas VI, 7, 5-6), e também o que
Santo Tomás de Aquino desenvolve de modo magistral em sua Suma de Teologia (cf. III, q.
43, a. 2; q. 48, a. 6), ao chamar a humanidade de Cristo de "divinitatis instrumentum".

Será tanto maior a união da alma a essa santíssima carne, quanto maior e mais intenso for
o seu desejo de Deus, diz Santa Teresa:

"Sua Majestade age com muita misericórdia diante de todos os que Ele deseja que
entendam que está presente no Santíssimo Sacramento. Mas deixar que O vejam
às claras, comunicar Suas grandezas e dar dos Seus tesouros Ele reserva àqueles
que percebe que O desejam muito, porque esses são os seus verdadeiros amigos"
(C. de Perf., XXXIV, 13).

Como se manifestam ditos desejos, é matéria a que responde o Pe. Reginald Garrigou-
Lagrange, ao explicar quais as "condições para fazer uma comunhão fervorosa" [2]:

Esses santos desejos, condição de uma fervorosa comunhão, hão de manifestar-


se, em primeiro lugar, descartando todo apego ao pecado venial, à maledicência, à
inveja, à vaidade, à sensualidade etc. Essa afeição é menos repreensível em um
cristão de poucas luzes que em outros que receberam graças abundantes às que

não se mostram muito agradecidos. Se ditas negligência e ingratidão


aumentassem, fariam com que a comunhão fosse cada vez menos proveitosa.
Para que esta seja fervorosa, há que combater-se a afeição às imperfeições, é dizer,
a um modo imperfeito de operar, como acontece nos que, tendo recebido cinco
talentos, trabalham como se só possuíssem três (modo remisso) e só lutam contra
seus defeitos. A afeição às imperfeições se revela também no andar atrás de certas
satisfações naturais e lícitas, mas inúteis, como por exemplo, tomar certos
refrescos sem os quais se poderia passar. Fazer o sacrifício de tais satisfações seria
coisa muito agradável a Deus e a alma, mostrando assim maior generosidade,
receberia na comunhão graças mais abundantes. Não nos é lícito esquecer que
nosso modelo é o próprio Salvador, que se sacri cou até a morte na Cruz, e que
devemos trabalhar por nossa saúde e pela do próximo, empregando os meios de
que lançou mão nosso divino Salvador. O distanciamento do pecado venial e das
imperfeições é, contudo, uma disposição negativa.

As disposições positivas para a comunhão fervorosa são: a humildade (Domine,


non sum dignus), um profundo respeito pela Eucaristia, a fé viva e um desejo
ardente de receber Nosso Senhor que é Pão da vida. Essas condições se resumem
em uma só: ter fome da Santa Eucaristia.

Qualquer manjar é bom quando se tem fome. Um rico, acidentalmente privado de


alimentos e faminto, sente-se feliz se lhe dão um pedaço de pão queimado; nunca
lhe pareceu experimentar coisa mais saborosa. Se tivéssemos fome da Eucaristia,
obteríamos muito mais fruto de nossas comunhões. Recordemo-nos do que era
esta fome em Santa Catarina de Sena: um dia em que cruelmente lhe tinha sido
negada a comunhão, no momento em que o sacerdote partia em dois a hóstia da
missa, desprendeu-se um pedacinho e milagrosamente voou até a santa, em
recompensa por seu ardente desejo de receber Jesus.

Como chegaremos a sentir esta fome da Eucaristia? Consegui-lo-emos se


meditarmos cuidadosamente que sem esse alimento nossa alma morreria
espiritualmente, e fazendo com generosidade alguns sacrifícios todo dia.

Se alguma vez sentimos que nosso corpo se debilita, sem demora lhe
proporcionamos manjares substanciosos que o reconfortam. O manjar por
excelência que restitui as forças espirituais é a Eucaristia. Nossa sensibilidade, tão
inclinada à sensualidade e à preguiça, tem grande necessidade de ser vivificada
pelo contato com o corpo virginal de Cristo, que por amor nosso sofreu os mais
terríveis tormentos. Nosso espírito sempre inclinado à soberba, ao desleixo, ao
esquecimento das verdades fundamentais, à idiotice espiritual, tem grande
necessidade de ser esclarecido pelo contato com a inteligência soberanamente
luminosa do Salvador, que é "o caminho, a verdade e a vida". Também nossa
vontade tem suas falhas; está sem energias e fria porque não tem amor. E esse é o
princípio de todas as suas debilidades. Quem será capaz de devolver-lhe esse
ardor, essa chama essencial, para que sempre vá ascendendo, ao invés de
diminuir? O contato com o Coração Eucarístico de Jesus, fornalha ardente de
caridade, e com sua vontade, incomovivelmente fixa no bem e fonte de mérito de
infinito valor. De sua plenitude todos haveremos de receber, graça sobre graça. Tal
é a necessidade em que nos encontramos desta união com o Salvador, que é o
principal efeito da comunhão.

Se vivêssemos firmemente persuadidos de que a Eucaristia é o alimento essencial


e sempre necessário de nossas almas, nem um só momento deixaríamos de
sentir essa fome espiritual, notável na vida de todos os santos.

Caso a tivermos perdido, é preciso "exercitarmo-nos" para encontrá-la, como se


recomenda às pessoas débeis que se enlanguescem. Mas o exercício espiritual
consiste em oferecer a Deus alguns sacrifícios todo dia; particularmente,
haveremos de renunciar a buscar-nos a nós mesmos nas tarefas em que nos
ocupamos; por esse caminho o egoísmo irá desaparecendo, pouco a pouco, para
dar lugar à caridade, que ocupará o primeiro posto em nossa alma; dessa maneira
deixaremos de preocupar-nos com as nossas ninharias, para pensar mais na
glória de Deus e na salvação das almas. Assim, voltará de novo a fome da
Eucaristia. Para comungar com boas disposições, peçamos a Maria que nos faça
participar do amor com que das mãos de São João recebia a santa comunhão.

Referências

1. Cf. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 529: "A Missa é comprida, dizes, e eu
acrescento: porque o teu amor é curto."

2. GARRIGOU-LAGRANGE, Reginald. Las Tres Edades de la Vida Interior. 3. ed.


Ediciones Desclée de Brouwer: Buenos Aires, p. 483-485.

Bibliogra a

GABRIEL DE SANTA MARIA MADALENA, Frei. Oração e Vida Mística. Cultor de


Livros. 282p.

Santa Teresa de Jesus: Mestra de vida espiritual. Paulus, 1997. 168p.

MARIA-EUGÊNIO DO MENINO JESUS, Frei. Quero ver a Deus (trad. do Carmelo do


Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha). Petrópolis: Vozes, 2015.

MÊS EUCARÍSTICO Edições CNBB


MÊS EUCARÍSTICO. Edições CNBB.

PEDRO PAULO DI BERARDINO, Frei. Itinerário espiritual de Santa Teresa da Ávila.


7.ª ed. Paulus, 2013. 240p.

SESÉ, Bernard.

Teresa de Ávila: Mística e andarilha de Deus. Paulinas. 152p.

Das könnte Ihnen auch gefallen