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HISTÓRIA DA LITERATURA
PORTUGUESA
(RECAPITULAÇÃO)
RENASCENÇA
Vol. I I
3.ª Edição
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RENASCENÇA
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§I
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Ourivisis e Esculptores
São mais sotis e melhores.
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escrevia Amador de los Rios: «Portugal, região tomada aos Mouros pelas armas
de Castela, e povoado por colónias galegas; reino devido à generosidade um tanto
indiscreta de Afonso VI, não podia de nenhum modo renegar a sua origem,
nem também quebrar em um só dia o laço das suas mais vitais tradições.»
(Hist. da Literatura españ., t. VI, p. 22.) Como se podem acumular tantos contra-
sensos históricos sob uma erudição espessa!
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10 Desfaz este asserto uma carta de Lope de Vega (na Filomena, Carta 9.ª,
a D. Juan de Arguijo, p. 188, ed. Barcelona, 1621) em que traz estas palavras
de um português: «Dois favores devo a Deus, o não ter nascido idiota, nem
castelhano.»
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Na noite de S. João
É o tomar dos amores,
Que dá o damo á dama
Um raminho de flores.
(Villa Nova de Gaya.)
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Voss’alteza me perdoe,
eu acho muyto danado
este feyto processado
em que manda que rasoe.
(Canc. Ger., fl. 201, col. 5.)
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E vimos singularmente
Fazer Representações,
De estylo mui eloquente,
De mui nobres invenções,
E feitas por GIL VICENTE
Elle foi o que inventou
Isto cá, e o usou
Com mais graça e mais doutrina,
Posto que Juan del Enzina
O Pastoril começou.
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Gil Vicente vinte mil réis para ajuda do casamento de Filipa Borges sua irmã».
E efectivamente se efectuou a mercê assinada em 25 de Setembro de 1525:
«Gil Vicente, mestre da balança» fez declaração de ter recebido essa quantia,
casando sua irmã com Estêvão de Aguiar Godinho. Aqui se enlaçam as famí-
lias do poeta e do ourives, pois D. António de Meneses, neto de Filipa Borges,
casou com Valéria Vicente ou Borges, filha do poeta dos autos.
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O Mestre de Santiago
De quem sempre mercê vejo.
(Romance à Morte de D. Manuel.)
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Lopes Vieira: «Na nossa hora incerta, ao mesmo tempo triste e renascente,
consolemo-nos com estas belas redondilhas do Vaqueiro.» Idem, Revista de
Guimarães, vol. XIX, n.° 2.
Passada a revolução de 5 de Outubro de 1910, e já na hora renascente, foi
representada em Novembro de 1911, no Teatro da República, o Auto da Bar-
ca do Inferno, e impresso na Editora, in-8.° pequeno de 74 pp.
O Fidalgo presunçoso = da Farsa dos Almocreves. = Adaptação de C. Mar-
ta. Lisboa, 1912. In-16.º, de 32 pp.
29 Hist. da Literatura Portuguesa, p. 43. (trad. inglesa, 1804).
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Vi acabado um desejo,
Outro maior começado.
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A prophecia é cumprida
que me Pierio foi dar,
Vendo-me a barba pungida. 34
Tomando-me pelo braço
Pierio, então me levou
D’alli um grande pedaço,
Onde melhor sombra achou.
E mandando-me assentar,
Elle tambem se assentou,
E antes de começar,
Para mim um pouco olhou,
E a voltas de chorar;
..................................................................
«Vejo-te cá pola edade
De uma nuvem negra, cercado,
Vejo-te sem liberdade,
De tua terra desterrado
E mais da tua vontade.
..................................................................
Hasde morrer de uma dôr,
De que agora andas bem fóra,
Por isso vive em temor,
Que não sabe homem aquella hora
Que lhe hade vir o amor.
Não pôde já longe vir,
Jano, aquisto que te digo;
Veio-te a barba pungir,
Olha como andas, comtigo.
A terra extranha irás
Por teu gado não perderes,
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35 Sousa Viterbo, que deu notícia dos documentos de 1506, 1507 e 1511
que afastaram Sancho Tavares para a África e Índia, não tirou a luz neles
contida e escreveu: «o seu falecimento deixou de ser um obstaculo, e o buco-
lico poeta podia emfim realisar a sua mais ardente aspiração. Não se sabe
que outro poder, occulto embaraçasse o intento dos dois amantes, attraídos por
uma paixão irresistivel. O sr. dr. Theophilo Braga pretende identificar por
causa do anagramma, Inez Alvares, mãe de Joanna Tavares, com Enis ama
de Aonia, aquella seductora imagem que allucinou a phantasia do pastor Bim-
narder. Esta identidade nem por hypotheses creio eu, se deve admittir, pois
chega a ser um repugnante absurdo, que a mãe se transformasse em alcaio-
ta, procurando impudicamente consolar a filha com a risonha perspectiva dos
amores adulterinos». É um corolário moral, alheio aos factos implícitos.
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No sé como no llorava,
Sabes porque suspirava?
Porque aqui cantó Ribero,
Aqui nuestro amo escuchava,
Rodeado de pastores,
Colgados de Ia su bocca,
Cantando el los sus amores.
Gente de firmeza poca,
Que le dió tantos loores
Y aora ge los apoca.
(Ed. Sá de Mir., p. 116.)
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Delfim Guimarães considera este romance uma «enfiada de rimas sem senso
comum e infamíssima imitação», etc. (p. 97).
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No se me acuerda de mas,
Ni de mi, ni de Ribero
Amigo i buen compañero,
Quan presto dejado me has!
Bien pensé que mas d’espacio
Duraria
Nuestra dulce compañia
Fue Ia tu muerte el palacio.
(Op. cit., p. 697.)
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Um coitado de um pastor
Triste, mal aventurado,
Vencido de grande dor.
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Com palavras mui cansadas,
A quantos via passar,
Com vozes desesperadas
Os fazia esperar.
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Viu passar um amigo
Afastado do caminho,
Caminho do seu perigo,
Que tambem se ia queixando,
De grande mal que sentia,
E com elle se ajuntando,
Estiveram todo o dia
Um ao outro consolando.
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FIM
Agora me deixarão
Esperanças vagarosas;
Agora se acabarão
As vontades rigorosas
Que tanta pena me dão.
Deixai-me cuidados vãos,
Desejos desesperados;
Olhos mal aventurados,
Quanto me foreis mais sãos
Se vos tivera quebrados.
De si ella o desterrou
Pera longe terra estranha,
Seu mal o acompanhou;
Sobre uma magua tamanha
Camanha magua ajuntou;
Vendo-se assim desterrado,
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Lima, que publicou esta Relação, acompanha este texto com a nota: «Dava-se
naquele tempo o nome de Africanos aos homens de armas portugueses que
militavam nas guerras de África, em Marrocos e toda a Mauritânia.» Ensaio
sobre a Estatística das Possessões Portuguesas, liv. III, p. II, p. 28. — A Relação é
rigorosamente do tempo de Bernardim Ribeiro.
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Em 1908 apareceu em Lisboa um livro por Delfim Guimarães, Ber-
nardim Ribeiro (O Poeta Crisfal), em que, pela voz dos noticiários jornalísticos,
apurou «que Bernardim Ribeiro e Christovam Falcão são uma mesma enti-
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Filhas do Conde-Prior
Sam duas aqui entradas
Nam têm inda servidor;
E uma d’ellas ousadas
Que é d’isso merecedor.
Gentil molher, despejada,
Da outra nam digo nada,
Vá na conta do que calo…
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Os Carvalhos e os Carneiros
Da Beira, Entre Douro e Minho,
São mui bons qua no seu ninho,
Aos fidalgos e escudeiros.
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3.º O poeta abandonou a corte até 1524, em que D. João III o chamou
novamente para seu secretário; e só podia encontrar aí a D. Leonor de Mas-
carenhas que em 1526 partia para Castela com a infanta D. Isabel, e já nota-
bilizada pelo seu voto infantil de castidade perpétua. Como conciliou isto com
o casamento de Joana descrito na novela das Saudades, que fundamenta as
desgraças de Bernardim Ribeiro?
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C) ZAGAIS DA ESTREMADURA
(DISCÍPULOS DE SÁ DE MIRANDA)
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Liamos os Assolanos
De Bembo, engenho tão raro,
N’estes derradeiros annos,
E os pastores italianos
Do bom velho Sanazzaro.
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primitivo.
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(Son. XXVIII.)
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54 Op. cit., t. VII, fl. 215 v.º Na Ed. Michaëlis, p. 524, são as ests. I e III. Eis
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Yo leí de limosines
sus cadencias logicales,
de las artes liberales
Prosas, Cantos é Ladines. 57
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Yo me iba, la mi madre,
a Santa Maria del Pino,
vi andar una serrana
bien á cerca del camino.
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CRISTÓVÃO FALCÃO
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sem maior exame por T. Braga, se vê que o poeta era então de menor idade,
visto que era representado por procurador do pai. E é interessante obser-
var, que neste documento, de onde decorre a menoridade de Falcão em 1527, é
que se fundava o infatigável polígrafo para datar daquela época a frequên-
cia do poeta no Paço = e as suas relações com Bernardim e Miranda = não
há nada que estranhar uma vez que, segundo resulta do estudo do
sr. Delfim Guimarães, Falcão não podia ter sido amigo e companheiro de Ber-
nardim e Miranda, pela desproporção de idade entre estes e aquele» (Esta-
do de S. Paulo, de 27-III-907).
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Além deste filho, tiveram outros muitos, entre os quais se enumeram
Diogo Brandão Sanches e Fernão Brandão, tios de Maria a do Crisfal. Nada tem
que ver com esses dois poetas do Cancioneiro Geral, Fernão Brandão e Diogo
Brandão, filhos de João Brandão, o velho contador do Porto. Esta homoní-
mia explica o equívoco de Alão de Morais na Pedatura Lusitana.
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65 Os homónimos são:
— Luís da Silva, filho de Tristão da Silva e de D. Margarida de Arca (pri-
mo de D. Maria Brandão).
— Luís da Silva, filho de Fernão de Oliveira e Sousa e D. Guiomar da
Silva, com moradia na casa do rei D. Manuel.
66 Arquivo Histórico, vol. VI, p. 442. Braamcamp Freire infere que João
Brandão, dois meses e meio depois do fim de Agosto, já era falecido. Todos
estes dados nos trazem por aproximações sucessivas à verdade.
67 Arquivo Histórico, vol. VII, p. 321.
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Já começo de acabar,
E nenhuma cousa acabo,
Por que vim a começar
Em males que não tem cabo
Nem lh’o posso desejar.
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Muito a vi eu mudada,
Mas comtudo conheci
Ser a minha desejada
A que, assim vendo, vi,
A vista no chão pregada,
Com o seu cantar pensoso,
E passadas esquecidas
A o tom d’elle medidas,
Vestida vir de arenoso
As mãos nas mangas metidas.
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Depois de me visto ter,
E já que, me conhecia,
Lagrimas lhe vi correr
Dos olhos, que não movia
De mim, sem nada dizer,
Eu lhe disse: — Meu desejo,
(Vendo-a tal com assás dôr)
Desejo do meu amor,
Crerei eu a o que vejo,
Ou crerei ao meu temor?
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«Por ti me vi desterrada
Em estas extranhas terras
De d’onde eu sou criada,
E, por ti, entre estas serras,
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E dizendo: « Oh mesquinha!
Como pude ser tão crúa!»
Bem abraçado me tinha,
A minha bocca na sua,
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71O grande poeta João de Deus em uma poesia a Pedro Soriano (A. P. S.),
condenado por uma aventura de amores, exprimia este mesmo pensamento:
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Quizera-o consolar,
Mas em cujo poder ia,
Não me deu a mais logar,
Que ouvir-lhe que dizia
— Oh Guiomar, Guiomar,
Em ti puz minha esperança,
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aludem a uma cantiga de Bernardim Ribeiro, provando com isso que a can-
tiga do Crisfal, estrofes 63 a 66, lhe pertence: «Ora essa Cantiga de Bernar-
dim Ribeiro é precisamente uma das que constituem a Égloga Crisfal, e que
o poeta faz cantar á personagem que figura com o nome de Maria. — Isto é,
Maria voltava a repetir a Cantiga que já havia garganteado.
Comprehende-se que um poeta faça allusão a uma Cantiga extranha,
mas o que não é racional é admitir-se que alguem digno do nome de escrip-
tor se aproprie de uma composição alheia, reproduzindo-a integralmente,
sem dizer: agua vae.» (Op. cit., p. 188.)
Contra esta arbitrária atribuição pergunta o Dr. Raul Soares: «Mas onde
se encontra essa Cantiga destacada da Egloga, e attribuida ao delicado can-
tor da Menina e Moça? É o que não nos informa o livro; e quer-nos parecer,
a despeito dos seus termos positivos, que o sr. D. Guimarães — conjecturou
apenas.» (Folhetim no Estado de S. Paulo, de 27-III-909.)
Pelo facto de em um mote velho se celebrarem Uns olhos verdes rasgados
(verso de Bernardim Ribeiro), que estavam agravados, concluiu que a cantiga
intercalada no Crisfal era um plágio de Cristóvão Falcão, ou então que tal
intercalação o inibia de ser autor da égloga.
73 Sobre os montes d’Arrabida viçosos.
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de 1908).
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Cantaremos á porfia
Los hijos de Dona Sancha.
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85 Joseph de Perrott cita o texto alemão do Dr. Grane, Leipzig, 1905, p. 144
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A ESCOLA VICENTINA
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88 Vêm resumidos nos Contos Tradicionais do Povo Português, II, n.os 151 a 167.
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Eu te vi já em Arronches
ser cativo de um Sequeira…
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Nasceste de regateira
e teu pae lançava solas,
d’onde apprendeste parólas
e os anexins da ribeira
do que cá tinhas escolas.
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E porém, se tu praguejas
da mãe que te trouxe em si,
como não dirás de mi?
Mas já sei que são invejas
que o mundo sabe de ti.
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Pariome madre
huma noche escura.
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Fio-me no castelhano,
Fio-me em ser novidade…
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Olha o menino-cego,
Que em teu peito assentado,
Quer ser de ti cantado
Ora em repouso, ora em desasocego;
(Ode III.)
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93 No nobiliário de Meireles, tít. Ferreiras Leites, seu avô paterno foi Rui
Ferreira, instituidor do Hospital de S. André, em Leiria, que deixou em mor-
gado a seus descendentes; e avós maternos João Fróis de Brito, de Torres
Novas, e Leonor Varela (fl. 213).
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(Son. XIII.)
(Son. XXII.)
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«Parece dizer, que aos vinte e nove annos a sua fortuna ti-
nha melhorado em resultado do despacho. — Com os seus 50$
de ordenado annual e desembargador, na pujança dos vinte e
nove annos, queria uma esposa e então pedia a Deus que o
guiasse. — Não deixou o poeta algum Soneto commemorativo
da sua felicidade como esposo de Maria Pimentel viva. É que
ella viveu tão pouco tempo, que lhe não deu uma vaga para
idealisar alegrias que o embargavam pela sensação. A mulher
que se deseja poetisa-se angelicalmente; a que se possue adora-se
humanamente; e a que se amou e se perdeu volta em espirito á
poesia da saudade […]. Os Sonetos da sua dor são primorosos,
são as joias de toda a sua alma, as unicas pouco maculadas da
rapsodia dos latinos.» (Narcót., p. 178.) Durou três anos esse
período de ventura; não houve filhos que vivificassem as suas
saudades. Em 1557 achava-se Ferreira em Lisboa, donde reme-
te uma carta ao Dr. António de Castilho, datada de 3 de Julho,
e começa a coligir e coordenar os seus versos, com o título de
Poemas Lusitanos. Pela dedicatória deste livro em 1598 se lê: «Es-
teve este livro por espaço de quarenta annos, assi em vida de meu
pite, como depois do seu falecimento, offerecido por vezes a se im-
primir.» Vê-se que desde 1558 tinha Ferreira a sua obra pronta
para se imprimir, tirando-se daí a prova de que a tragédia Cas-
tro estava já escrita, e determinada a época em que fora lida por
Diogo Bernardes.
A coleccionação dos Poemas Lusitanos foi um refúgio moral
para o poeta na sua inesperada viuvez inconsolável. Na Elegia V,
o mais «sentido trecho de poesia que nos deixou o século XVI»,
no dizer de Camilo, vê-se o estado de sua alma neste lance:
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Op. cit., p. IX. Este documento foi publicado pelo Dr. Prisbech, na edi-
ção das Poesias, de 1897, como descoberto pelo Dr. Sousa Viterbo, p. XL, nota.
D. Pascuala Coutinho de Gusmão era filha de D. Jerónimo Coutinho;
além desta filha D. Mariana Coutinho, que casou com Francisco de Miranda,
teve mais: João Caminha, que morreu na Índia, Fr. Luís, frade de Santo
Agostinho, e outro que serviu na Índia (Colec. Pombalina, ms. 421, fl. 68 v.º).
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97 Ibid., p. VII.
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99 Rimas Várias. Flores de Lima, p. 221, ed. 1770 — No Ano Histórico lê-se
que Bernardes faleceu em 30 de Agosto de 1596 (vê-se que foi erro, por 1605).
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tudos Livres).
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Oh rio Leça,
Como corres manso!
Se eu tiver descanso,
Em ti se começa.
A aurora em nascendo,
Quando estás mais liso,
Com alegre riso
Em ti se está vendo.
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101 O Dr. Sousa Viterbo achou a endecha completa, com a versão latina
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Torre do Tombo, ms. 169, fls. 132 e 133 (ap. Arq. Hist, vol. I, p. 288).
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Eis o diploma, publicado por Sousa Viterbo: «Eu El Rey, faço saber a
vos feytor e officiaes da casa da India e Myna, que ey por bem e me praz de
fazer mercê a Jorge de Monte Moor, criado da princeza mynha muito ama-
da e prezada filha, da escrevanynha de hô dos navios da carreira da Myna,
por hua viagem por ida e vinda e com o ordenado conteudo no Regimento
depois de compridas as provisões que das taes escrevanynhas tiver passadas
a outras pessoas feytas antes deste. Noteficovolo asy e mando, que tanto
que pela dita maneira ao dito Jorge de Monte mor couber entrar na dita es-
crevanynha o metaes em posse d’ella e lhe deyxes ir servir e aver o dito
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ordenado como dito he, e os proes e precalços que lhe dereytamente perten-
cerem sem nyso lhe ser posto duvida nem embargo algum, por que asy he
minha Mercê, e elle jurará na Chancellaria que bem e verdadeiramente a
sirva. Antonio de Mello o fez em Almeirim a xiiij dias de março de jbelj.
André Soares o fez escrever.» Torre do Tombo, Chanc. de D. João III, Doa-
ções, liv. 62, fl. 167. Ap. Viterbo, id., p. 256.
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Embora a carta não esteja datada, tem escrito no verso o ano de 1557:
«Señora — Monte maior tiene ay a su padre y desea mucho que el Rey my
señor le haga merced de un oficio que pide: suplico a V. Al. sea servida de
aiudarle con su alteza pera que le haga la merced que oviere lugar que pera
mi será muy grande toda la que V. Al. le hiziere en esto; nuestro señor guar-
de a V. Al. como yo deseo — besa las manos a V. Al. — la princesa.»
(Sobrescrito) Reyna mi señora 1577. — Sousa Viterbo, Archivo Historico
Portuguez, vol. I, p. 256.
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§ II
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A) VIDA DO POETA
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Casos idênticos esclarecem esta data de Camões. O poeta Ronsard
nasceu em 11 de Fevereiro de 1524 e, referindo em uma epístola ao seu amigo
Belleau o dia do seu nascimento, escreve:
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(Canc. XI.)
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.................................... a vingança
Não a quizera tanto á vossa custa.
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119 Pelo casamento da princesa D. Maria com Filipe II ficaria este her-
deiro do trono de Portugal, não havendo sucessão; ela morreu em 1545.
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Rosto singular,
Olhos socegados,
Pretos e cansados
Mas não de matar;
Leda mansidão,
Que o siso acompanha…
Presença serena
Que a tormenta amansa…
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............................................. quando
Será o injusto mando executado…
(Cant. X, est. 128.)
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Parnaso, de Camões, vol. I, p. 368. O soneto é do século XVI, atribuído,
e em castelhano. Empregamo-lo como quadro.
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B) A ESCOLA CAMONIANA
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130Ms. da Bibl. Nat. F., fr. 16107. Apud José Caldas, que comenta: «e a
tanto declamar ao vento, permitia-se o ministro do último dos Valois dar o
qualificativo irónico de claquements de langue et cliquetis de ferraille tout cela!»
131 Doc. para la Hist. de España, t. VII, p. 285.
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VOLTA
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Escassamente entrados
Tinha doze annos na florida edade
Já cantando movia
O monte a saudade.
Já os ramos tocar do chão podia.
(Ibid., p. 6.)
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…… oh bella Laura,
Emprega-me essa vida venturosa
Onde ella se restaura,
N’aquella cruz formosa,
Do piloto Jesus náo gloriosa.
(Ib., p. 215.)
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135 Liv. IV dos Autos e Provas de Cursos, de 1591 a 1594, p. 2.ª, fl. 207
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O poema de Alexandre, tão popular na Europa da Idade Média, tem
origens orientais; conheceram-nas em Portugal por influência das nossas
relações marítimas com o Oriente. Em uma carta que Luís Falcão escreveu de
Ormuz a D. João de Castro, em 1546, vem citada uma estorya de Allyxamdre:
«Alleyxes de carualho me dixe da parte de vosa s. que lhe mãodase allyxandre
hem persyo: lla lho mãodo, haindaque has escreturas destes mouros, tenho-as
por menos autentes que has nosas. Nese llyvro vam houtras estoryas ha-fóra
has d’allyxamdre, has quays me parese que follguará mays com ellas etc.»
A esta mesma história alude uma carta de Garcia de la Penha: «Aleyxes carvalho
pedio que a el-rey e goazil hemires hum livro da ystoria dalyxamdre. Com
muyto trabalho acharão hum, que lhe mandão.»
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§ III
O HUMANISMO EM PORTUGAL
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140 Duas vezes é aqui citado o P.e Mestre Baltasar, como autoridade
gramatológica. Não se acha o seu nome na Biblioteca Lusitana, por não ter
deixado escrito impresso ou mesmo inédito. Na Chancelaria do D. Manuel, l. 39,
fl. 76 v.º, acha-se registada uma carta de 24 de Abril de 1521, confirmando a
sua eleição para lente da cadeira de prima da Faculdade de Teologia, vaga pelo
falecimento do Dr. Fr. João Claro. Nas Escolas Gerais do Estudo de Lisboa,
em 14 de Abril desse ano ao geral onde se lê os cânones, sendo reitor Rui
Gonçalves de Maracote, e que se procedera à eleição em que votaram
conselheiros, deputados e escolares; eram também opoentes (opositores)
mestre João Francês, os bacharéis F. Diogo Nogueira, dominicano, e Fr. Luís,
franciscano. Entre 24 votantes, obteve mestre Baltasar 14 votos, e havido
conseguintemente por eleito.
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Livro das Obediências Gerais (extractos de Gabriel Pereira).
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O Dr. António Ferreira, nos Poemas Lusitanos, t. II, 112, lamenta este
retrocesso:
Escuro e triste foi aquelle dia
Em que ao saber e engenho um juiz foi dado,
Que nunca ao claro sol olhos abria.
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151 P.e Manuel Álvares. Natural da ilha da Madeira (n. na Ribeira Nova),
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Synopsis Annalium e Societatis Jesu in Lusitania, aut. P.e António Franco.
Trad. Henriques Leal, Apontamentos, II, 205.
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consultados, escreveu adiante do nome de Pedro Nunes: «In cujus verba juravi.»
Dez anos antes tinha sido impresso em Anvers o Libro de Álgebra, que Pedro
Nunes traduzira em castelhano, julgando que seria mais lido.
154 Anais Científicos da Academia Politécnica do Porto, vol. III, pp. 222 a 271.
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E vêde-o, carregado
De annos, lettras e longa experiencia,
Um velho, que ensinado
Das gangeticas Musas na sciencia
Podaliria subtil e arte silvestre
.....................................................................................
Vêde que em vosso tempo se mostrou
O fructo d’aquella Horta, onde florecem
Plantas novas, que os doutos não conhecem.
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156 Scaligerana, p. 79; apud Caillemer, Étude sur Antoine de Govea, p. 33.
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§ IV
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159 Diz ele: «Mihi namque in animo est firmam et facilem quantum possim,
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DAMIÃO DE GÓIS
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com valor autobiográfico: «Viu-se n’esta Mesa hua petição que V.ª Mag.de a
ella remetteu de Diogo do Couto, coronista e guarda-mór da Torre do Tombo
do Estado da India, em que diz que V.ª Mag.de lhe fez mercê do habito da
ordem de xpo, com trinta mil rs. de tença; e por que está nas ditas partes da
India e n’este reino não tem quem corra com sua abonação e possa fazer as
provanças que se requerem, P. a V.ª Mag.de mande passar provisão para na
India onde ha cincoenta annos que vive, se possão fazer, por haver nella muitas
pessoas de sua criação que lhe conheceram Pay, mãi e parentes e supprir na
abonação de seus avós Gaspar do Couto, que foi do Infante Dom Luiz, e
Vasquo Serrão de Calvos, juiz que foi do Terreiro do Triguo d’esta cidade de
Lx.ª que ha mais de cem annos que são falecidos, e com elle ser de settenta os
não conheceu, e não haver hoje quem se lembre d’elles; e constando seu Pay
Gaspar do Couto e sua mãe Isabel Serrão de Calvos serem nobres e sem raça
algôa de mouros nem judeus, e pela opinião que d’elle ha em toda a India, lhe
seja lançado nella o habito e dispensar na edade que o Regimento manda.
— Pareceu que V.ª Mag.de não deve ser servido abrir porta a semelhante
requerimento, como he fazerem-se na India as provanças dos avós do
supplicante que nacerão neste Reino, contra o Regimento que neste caso
V.ª Mag.de tem passado, e fazendo-se as provanças n’elle se terá respeito ao
que allega acerca de se lhe admittir a provança que neste cazo houver logar,
visto a antiguidade de seus avós; e no que toca a edade depois se defirirá a
este requerimento como se costuma fazer. Lx. 8 de fevereiro de 1614.» Mesa
da Consciência e Ordens, Registo de Consultas de 1614 a 1615, fl. 251.
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(Fl. 173.)
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171 Filipe II, depois da ocupação de Portugal, onde se demorou até 1583,
levou para Castela os livros iluminados da Biblioteca Real, como o confessa
em carta às suas filhas, em 4 de Junho de 1582: «tengo libros de pinturas que
llebaré quando baya». Mas antes de Filipe II foram os Espanhóis apossando-se
do Amadis de Gaula, do Palmeirim de Inglaterra, da Castro do Dr. António Ferreira,
da História de Tróia e do Poema do Salado (Cronica de Alfonso Onceno). E pelas
hostilidades entre Inglaterra e Espanha, como ricochete, sofreu Portugal novas
devastações, como «o roubo da Livraria do D. Jeronymo Osorio pelos inglezes,
quando em 25 de julho de 1596, incendiaram e roubaram Faro, sendo levada
para a Universidade de Oxford onde existiu» (Silva Lopes, Corografia do Algarve,
p. 325).
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173 O Dr. João Teixeira Soares escreveu uma memória sobre a descoberta
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Vol. II
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SEGUNDA ÉPOCA
RENASCENÇA
§ I
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C) Sá de Miranda
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CRISTÓVÃO FALCÃO
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A escola vicentina
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§ II
A) Vida do poeta
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B) A escola camoniana
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§ III
O HUMANISMO EM PORTUGAL
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§ IV
DAMIÃO DE GÓIS
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