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A RESTRIÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

Art. 18.º CRP


Importância dos direitos fundamentais

✓ Os direitos fundamentais são posições jurídicas positivas e individuais face ao


Estado. Ter um direito fundamental poderá significar ter um trunfo contra o
Estado, contra o Governo legitimado democraticamente, o que, num regime
político que se baseia na regra da maioria pode significar ter um trunfo contra a
maioria (mesmo que esta decida de acordo com procedimentos democráticos).

✓ Sem um ambiente de cultura de direitos fundamentais não pode existir


verdadeiramente uma democracia.

Mas, por outro lado…

✓ Os direitos fundamentais não são absolutos nem ilimitados – pelo contrário,


são limitados interna (para assegurar os mesmos direitos a todas as outras
pessoas humanas – princípio da dignidade humana) e também externamente
(para assegurar outros direitos e interesses legalmente protegidos a todos)

Regra

✓ «não seria possível a vida colectiva se não fossem previstos mecanismos de


limitação material dos direitos fundamentais genericamente proclamados, com
o intuito primordial de assegurar a própria efectividade da respectiva tipologia
no seu conjunto» - Professor Jorge Bacelar Gouveia

Princípio da dignidade da pessoa humana

✓ «Artigo 1.º da CRP

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa


humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma
sociedade livre, justa e solidária.»

A dignidade da pessoa humana é o suporte da República Portuguesa,


a sua verdadeira base, ainda antes de se considerar a vontade
popular que caracteriza a democracia.

A restrição de direitos fundamentais nunca poderá colocar em causa


o próprio princípio da dignidade da pessoa humana, pois, ao
estarmos a colocá-lo em causa estaríamos a colocar também em
causa todos os outros direitos fundamentais e, por sua vez, a destruir
uma das bases que caracteriza a essência da República Portuguesa.

Ainda antes das restrições:

Restringir um direito fundamental não é o mesmo que:

✓ Delimitar o âmbito de cada direito fundamental (maior especificação do


conteúdo de cada direito para evitar considerar situações protegidas por
direitos fundamentais aquelas que o legislador constituinte não quis proteger,
afastando as situações que são apenas aparentes colisões de direitos)

✓ Harmonizar direitos fundamentais que colidam (quando há intervenção do


poder judicial para resolver conflitos concretos entre o direito fundamental de
um sujeito e o mesmo ou outro direito fundamental ou interesse legalmente
protegido de outro sujeito)

Restrições

✓ Restrição: intervenção do poder legislativo para permitir o respeito e a


efectividade de todos os direitos fundamentais a todas as pessoas, pelo menos,
no seu conteúdo essencial

✓ Poder de restrição de direitos fundamentais (tanto direitos, liberdades e


garantias como direitos económicos, sociais e culturais) atribuído ao poder
legislativo, enquanto poder vinculado (só sendo possível nas situações em que
estejam cumpridos todos os requisitos)

✓ A restrição é diferente da delimitação do âmbito de cada direito fundamental,


da harmonização entre direitos fundamentais em colisão, mas também da
suspensão – a restrição tem carácter permanente e parcial (uma restrição não
pode ser uma supressão)

Competência para restringir e tipos de restrições

✓ Restrições de direitos, liberdades e garantias – reserva relativa de competência


da AR (art. 165º, 1, b) da CRP)

✓ Restrições de direitos económicos, sociais e culturais – competência


concorrencial da AR e do Governo
✓ Restrições objectivas – determinadas situações; restrições subjectivas –
determinadas (categorias de) pessoas

Elementos vinculados das restrições: art. 18º da CRP

«Artigo 18.º - Força jurídica

1. Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias


são directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas.

2. A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos


expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se
ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses
constitucionalmente protegidos.

3. As leis restritivas de direitos, liberdades e garantias têm de revestir carácter


geral e abstracto e não podem ter efeito retroactivo nem diminuir a
extensão e o alcance do conteúdo essencial dos preceitos constitucionais.»

Requisitos obrigatórios para restrições (legítimas) de direitos fundamentais:

✓ Casos expressamente previstos (princípio da autorização


constitucional expressa),
✓ Limitar-se ao necessário (princípio da proporcionalidade),
✓ Proteção doutros direitos ou interesses constitucionalmente
protegidos,
✓ Carácter geral e abstrato,
✓ Proibição de retroatividade e de restrição do conteúdo essencial
dos preceitos

Casos expressamente previstos na CRP (princípio da autorização


constitucional expressa)

«A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente


previstos na Constituição»

Limitar-se ao necessário

(princípio da proporcionalidade)
«… devendo as restrições limitar-se ao necessário»…

Protecção doutros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos

«… para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente


protegidos»

Carácter geral e abstracto

«As leis restritivas de direitos, liberdades e garantias têm de revestir carácter geral
e abstracto»

Proibição de retroactividade

«… não podem ter efeito retroactivo»

Proibição de restrição do conteúdo essencial dos preceitos

«… nem diminuir a extensão e o alcance do conteúdo essencial dos preceitos


constitucionais»

Princípio de autorização constitucional expressa

Na prática, esta obrigação levaria a efeitos demasiado gravosos e proibitivos de


uma conveniente composição dos direitos fundamentais com outros direitos e
outros interesses constitucionalmente protegidos, pelo que se deu uma
“suavização interpretativa doutrinária” – solução: princípio de autorização
constitucional tácita (apenas permitida para alguns direitos fundamentais, tendo
sempre em conta o conteúdo material e os valores em causa em cada um)

Princípio de autorização constitucional tácita

Para que não se ultrapassem os limites, que devem estar muito bem definidos
nesta matéria, é habitual, para os direitos fundamentais sem qualquer
possibilidade expressa de restrição, o recurso à DUDH, que permite genericamente
a restrição quando esta tenha como objectivo a protecção de outros direitos e
interesses (em comum com a CRP), mas também de «justas exigências da moral, da
ordem pública e do bem-estar geral numa sociedade democrática».

Princípio da proporcionalidade

Embora seja muitas vezes referido, é importante lembrar o que objectivamente


constitui este princípio:

✓ A adequação ao fim em vista;


✓ A indispensabilidade em relação a esse fim, em comparação com
outros instrumentos possíveis;
✓ A racionalidade em função de balanço entre vantagens e
desvantagens.

Princípio da protecção do núcleo essencial

✓ Teorias absolutas: delimitação abstracta (determinável em abstracto para cada


direito, independentemente das circunstâncias)

✓ Teorias relativas: delimitação concreta (de acordo com o princípio da


proporcionalidade em cada caso)

✓ Esta distinção não tem habitualmente grande relevo prático, uma vez que os
que defendem as teorias relativas costumam fazer uma ponderação através do
princípio da proporcionalidade mas apenas relativamente a um direito
específico (levando sensivelmente às mesmas conclusões).

Conteúdo essencial dos direitos fundamentais na CRP

✓ No entanto, é de entender, através deste artigo, que a CRP pretendeu


afirmar um conteúdo essencial absoluto – a dignidade da pessoa humana,
neste caso – para cada direito fundamental, vedando por completo a
possibilidade de o legislador abusar.
✓ A possibilidade e a legitimidade da restrição terminam onde começa o
conteúdo inatacável dos preceitos constitucionais relativos aos direitos
fundamentais.

Regimes de restrições
✓ Regime geral de restrições: aplicável à maioria das categorias de pessoas

✓ Regimes especiais: determinados funcionários (militares, polícias…);


reclusos; estrangeiros e apátridas; protecção dos indivíduos contra si
próprios (casos de limitação voluntária de direitos fundamentais)

Princípio do não retrocesso social

✓ Uma vez consagrado um direito social, não há possibilidade de “voltar


atrás” com o mesmo

✓ TC considerou que este princípio não existia

✓ Um direito social tem de se adaptar às condições económicas e à


conjuntura do país

Acórdão 509/2002 de 19 de dezembro

✓ TC declara inconstitucional a revogação do rendimento mínimo garantido


para indivíduos com idade entre os 18 e os 25 anos

✓ Invocou o princípio da dignidade da pessoa humana

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