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1. INTRODUÇÃO
O estresse pode ser considerado como marca do século XXI. Neste, o cotidiano
acelerado somado a todos os mecanismos desenvolvidos por meio da tecnologia tem um
forte impacto na vida da população. Tais fatores desencadeiam o que antes era tratado
como parte de características relacionadas ao instinto de sobrevivência. Com isso, o
estresse deixa de ser uma resposta padrão a níveis peculiares de pressão, passando a ser
comum e até banalizado por aqueles que o sentem.
Por outro lado, a mulher que se vê compelida a viver a dupla jornada muitas
vezes não possui muitas opções que possam sanar suas necessidades econômicas, visto
que as oportunidades no mundo trabalhista não costumam suprir a demanda
populacional que busca por uma vaga. Motivo que leva muitas mulheres a buscarem
outras formas para obter a renda da qual precisam, como a prostituição.
Com essa discussão acerca dos motivos que ainda tornam possíveis a
naturalização dessa condição imposta a mulher, como um preço a ser pago pela sua
decisão de fazer parte do mercado de trabalho, damos um passo para que seja possível
resolver essa realidade que é fruto de problemas existentes no corpo social. Para isso se
faz necessário parar e observar como as questões de gênero influenciam na saúde física
e mental, afetando a subjetividade da mulher sobre seu papel na sociedade. Sendo
fundamental analisar a forma como a cultura patriarcal, a partir das suas necessidades,
oprime a mulher e suas próprias decisões.
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tratadas, foi possível concluir a partir do artigo que, mesmo estando numa situação
oposta ao ideal de mulher, espera-se que a mulher cumpra seu papel da mãe que se
sacrifica em prol dos filhos, independente das consequências sociais, físicas ou mentais
acarretadas.
A prostituição é uma das profissões mais antigas existentes e, apesar de ter sido
tratada de diferentes maneiras durante a história, continua sendo uma atividade que traz
complicações que vão além dos problemas que envolvem a honra da mulher. No artigo
“Minha profissão é ser mãe dos meus moleques!: Um relato sobre o sentimento de
família, maternidade e honra entre mulheres prostitutas na cidade de Marília-SP” de
Natália Cristina M. Sganzella sugere que a maternidade organiza a vida dessas
mulheres, o relato de uma delas trata a gravidez como motivo de afastamento das
drogas. Entretanto, outras falas da mesma são sobre os maus tratos que sofre de seu
companheiro, que é visto como um fardo a ser suportado pela oportunidade de tê-lo ao
seu lado. A sua profissão e, inconscientemente, a forma como a “honra” do homem está
associada a monogamia por parte da mulher é um dos motivos que os levam às brigas.
Sendo assim, a vulnerabilidade em relação às drogas e a violência doméstica são pontos
que vão além das necessidades de uma sociedade que, mais do que tratar seus
problemas, deseja maquiá-los, oferecendo profissões de risco às mulheres pela falta de
oportunidade e exercendo preconceitos baseados em uma cultura que se encontra
completamente desatualizada.
A profissão tratada deve ser vista como uma opção possível das mulheres que a
fazem e essa escolha deve ser peremptoriamente respeitada. Porém antes de fazer uso de
qualquer preceito culturalmente instituído pela sociedade, devemos refletir sobre
questões de saúde e segurança do próprio ser humano em questão. Estar sujeita a
práticas violentas por parte dos clientes e de doenças sexualmente transmissíveis são
questões que vão além de qualquer consideração moral e ideológica sobre a qualidade
de tal profissão. Sendo necessária a instauração de políticas de inserção da mulher no
mercado de trabalho que, não só a afastem das dificuldades de viver por meio da
prostituição, mas que também ofereçam oportunidades de emprego e salário tão amplos
quanto é para um homem.
Além disso, a entrevistada Fabiana, que trabalha como prostituta, alegou não
encontrado outras opções de emprego quando se viu com um filho para sustentar e
sendo menor de idade, afirmando que “ [...] eu não tive opção. Numa cidade grande,
sem conhecer ninguém. Só tinha isso como profissão que eu pudesse fazer, entendeu?”.
Contudo, segundo a entrevistada, a maior parte das mulheres que se prostitui é motivada
pela renda maior do que conseguiria em outro emprego; ela afirmou que “a maioria das
meninas aqui é porque a renda é maior”.
Esta sobrecarga gera na mulher um grande mal-estar, já que elas não dão conta
de lidar com tanto fardo. Ambas entrevistadas alegaram sentir estresse e cansaço;
Patrícia inclusive alegou que “[...] me mantenho calma pra não entrar em desiquilíbrio e
não perder a saúde, mas tem horas me sinto um pouco cansada, um pouco estressada”,
além de “É um estresse grande, tem dias que dá vontade de sentar e chorar, porque eu
não dou conta”. Já Fabiana alegou uma situação um pouco mais grave, dizendo quando
lhe foi perguntado sobre a sua saúde: “Horrível. Totalmente abalada. Minha estrutura
mental, não só a minha, mas das outras meninas também. Totalmente abalada”. Pode-se
verificar na fala de ambas as entrevistadas as consequências dessa dupla jornada
desgastante a qual a mulher é submetida na contemporaneidade.
Portanto, é notável que apenas o fato de ser mulher já traz uma carga, visto que
algumas ações do homem não geram as mesmas consequências que na vida feminina; o
que é verificável na fala de Patrícia em “O homem já não teria isso, porque é aquela
história: o homem até ajuda em casa, mas não é obrigação dele. Se eu fosse homem,
acho que seria mais de boa”. Tal situação nos revela o quanto o machismo é presente e
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A fim de ilustrar como esta dupla jornada se dá na vida da mulher, foi usado o
filme “Não sei como ela consegue”. A filme conta a história de Kate Reddy (Sarah
Jessica Parker), uma mulher que trabalha em uma firma financeira, e devido a isso viaja
constantemente a trabalho. E além de trabalhar, Kate é casada e mãe de duas crianças,
uma menina de 6 anos e um menino de 2 anos. Devido ao ritmo de trabalho intenso que
ela leva, Kate vive uma rotina bastante corrida, tendo que se desdobrar entre as suas
obrigações na firma em que trabalha, o papel de mãe e o de esposa; sendo a todo
momento duramente criticada por diversas pessoas, desde a sua sogra até uma das mães
de um aluno no colégio de sua filha, passando até mesmo por um colega de trabalho.
“Não sei como ela consegue” é um claro retrato não só da maternidade nos dias
contemporâneos, mas também do papel da mulher na sociedade atualmente, onde a
conciliação entre múltiplas tarefas já se tornou algo corriqueiro. E isso torna a rotina de
uma mulher que trabalha e é mãe ou casada extremamente desgastante, como pode ser
percebido em diversos momentos no longa-metragem. Como, por exemplo, logo na
primeira sequência do filme, onde Kate mesmo voltando cansada para casa após uma
viagem de trabalho, está preocupada em conseguir uma torta para sua filha levar para
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um evento da escola. E essa rotina de múltiplas tarefas é comum a muitas mulheres nos
dias atuais.
Além disto tudo, a protagonista precisa lidar uma pressão vinda desses diversos
“setores” de sua vida, com a sua filha que fica triste por a mãe está constantemente
viajando e suas constantes reuniões em Nova York. Isso causa um verdadeiro dilema na
vida de Kate, pois ao menos tempo que ela quer estar presente para seus filhos, ela
deseja também realizar-se profissionalmente. O que faz questionar a sua habilidade
como mãe e também ter a sensação de que está perdendo momentos importantes com a
sua família devido ao trabalho.
Dito isto, é possível dizer que essas questões presentes no filme mostra o quão
problemático é esse pensamento sexista na qual a nossa sociedade foi construída, e que
ainda é bastante presente mesmo nos dias atuais. Mesmo tendo conquistado uma maior
independência financeira e melhores oportunidades no mercado de trabalho, a mulher
ainda é extremamente cobrada em relação ao cuidado com o lar; lhe é exigido que além
de trabalhar, ela dê conta de cuidar dos filhos e da casa, o que não se vê sendo cobrado
dos homens. E isso é visível no filme em falas da sogra de Kate e de seu colega de
trabalho, Bunce (Seth Meyers).
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Por esta razão, em vista dessas diferenças entre homens e mulheres perante os
olhos da sociedade, as pautas feministas a respeito de igualdade se fazem tão
necessárias. Pois é injusto exigir da mulher cada vez mais atribuições enquanto do
homem se é exigido apenas “colocar comida na mesa”.
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5. CONCLUSÃO
Com isso, vemos cada dia mais mulheres com multitarefas sendo obrigadas a
manter alto rendimento em todos os âmbitos, tornando-as assim sobrecarregadas. Na
sociedade machista atual, o sexo feminino se sente na obrigação de dominar todas as
competências da família, enquanto o homem continua no seu lugar de unicamente
provedor do lar. Ou seja, em seguida a conquista da mulher no mercado de trabalho,
essa só acresceu tarefas para si em oposição ao ideal. Esses múltiplos papéis atribuídos
à mulher pela sociedade já deveriam ser substituídos pela distribuição igualitária entre
ambos os sexos, visto que ambos os sexos possuem os mesmos encargos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, Taysa Santos. A condição feminina: dupla jornada de trabalho. III Simpósio
Mineiro de Assistentes Sociais. Minas Gerais, 2013.
SGANZELLA, Natália Cristina Marciola. “Minha profissão é ser mãe dos meus
moleques!”: Um relato sobre o sentimento de família, maternidade e honra entre
mulheres prostitutas na cidade de Marília – SP. Revista do Laboratório de Estudos da
Violência e Segurança. São Paulo, 2009.
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7. APÊNDICES
Entrevistador: Fale sobre seu trabalho: como é, o que faz, cotidiano e rotina de trabalho,
o que gosta, o que não gosta, etc.
E: Atualmente, quais são seus maiores desafios e dificuldades? Como você está lidando
com isso?
P: Conciliar a faculdade com o trabalho. É um estresse grande, tem dias que dá vontade
de sentar e chorar, porque eu não dou conta. São muitas madrugadas com leitura e no
dia seguinte, levantar cedo de novo. Eu tento lidar da melhor maneira possível, mas é
muito estressante. Eu tento fazer meditação, tentei fazer yoga, mas não consegui
encaixar. Enfim, eu tento me manter mais ou menos "zen" pra encarar isso, mas nem
sempre é possível.
P: Meu filho já está na faculdade e não mora comigo, só vem uma vez por mês pra
casa. A minha filha sente muita falta, só moramos nós duas. Final de semana preciso dar
uma atenção redobrada, porque ela sente muito e cobra muito. O restante da família,
alguns me admiram por eu conseguir fazer isso tudo, outros me criticam porque eu não
precisaria estar fazendo isso tudo. Eu poderia ficar só trabalhando, já que eu já tenho
uma faculdade, e não precisaria fazer outra.
P: 14.
P: Sim. Eu moro em apartamento, gostaria até de ir para uma casa, mas não mudo
justamente por ela. Tem porteiro, uma segurança maior. Ela vai à escola de manhã e à
tarde ela fica em casa sozinha. Durante o tempo que estou fora ela fica sozinha.
P: Como eu falei, eu medito, tento me manter "zen", me manter calma. Eu primo muito
pela alimentação pra ter saúde. Eu me mantenho calma pra não entrar em desiquilíbrio
e não perder a saúde, mas tem horas me sinto um pouco cansada, um pouco estressada.
Em termos de saúde, eu tô bem.
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P: Meu ciclo de amigos, a maior parte é da terapia reikiana. Alguns da faculdade, mas,
quando se chega no sétimo período, os amigos se dispersam. As amizades hoje,
basicamente, são do grupo de terapia que eu faço. A gente sempre sai pra conversar,
arejar. Estamos marcando de sair esse final de semana. Enfim, é o lazer que eu tenho. E,
quando eu tenho tempo, faço um piquenique com minha filha, em contato com a
natureza, pra repor as energias.
E: Conte uma situação, em especial, que você vivenciou em seu trabalho e que marcou
a sua vida. O que foi mais marcante nessa vivência?
P: Teve uma situação em que, por eu estar muito esgotada, as vezes até
emocionalmente, por não dar conta de tanta coisa e ter me desdobrar pra fazer tudo, que
saí chorando da escola. Eu sempre quis fazer Psicologia, mas não ter tive oportunidade
de fazer antes por morar distante de uma universidade pública, na minha cidade não
tinha, particular não poderia pagar e era em outra cidade. Então eu optei por fazer
Letras, que é uma área com a qual me identifico bastante, mas não com a sala de aula,
embora eu não deteste dar aula, mas também não amo. Quando eu comecei a Psicologia
foi por justamente pra depois migrar pra uma outra profissão, que eu gosto mais e me
identifico. Nesse dia específico na escola eu saí com o coração acelerado, chorando.
Naquele momento eu pensei “se eu já queria sair dessa profissão, agora eu tenho
certeza”. Isso ocorreu num dia de terça, que é o pior dia pra mim na escola, eu dou 6
aulas em 3 turmas diferentes, e todas as 3 são impossíveis. Esse momento me marcou
porque, como eu disse, eu tento manter o equilíbrio e, nesse dia, eu saí totalmente
desequilibrada, emocionalmente muito abalada. Eu fiquei uns 3 dias com o coração
acelerado e com vontade de chorar, falando pra mim mesma que eu preciso sair dessa
profissão. Os alunos não querem nada com nada e, quando eles têm uma folga maior, na
semana seguinte parece que eles querem menos ainda. Então eu entrei numa turma, um
aluno em específico agitou um trabalho pra fazer, que eu passei, que não queria fazer e
ficou naquela de deboche e eu tentando me manter calma. Depois eu fui pra outra
turma, também não estavam querendo. Aí eu fui pra pior turma, que é a que fecha com
chave de ouro, e havia uns três agitando a turma, eles estavam muito agitados nesse dia.
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Não aconteceu nada específico, mas você já vem abalado. Então aquele dia foi terrível
pra mim.
P: Eu sou geminiana com lua em Peixes. Então, assim, eu sou muito sonhadora. Eu
sonho em me formar, manter as duas profissões, dando, claro, prioridade às aulas do
EJA, e conciliar com a Psicologia, depois migrar pra psicologia. Na área do trabalho,
sonho em trabalhar com psicologia criminal. Mas também pretendo viajar muito,
descansar muito, fazer cursos na área da terapia holística. Depois, quem sabe, comprar
uma casinha na praia.
P: Depois que eu acabo tudo que eu faço na rua, eu tenho a casa. Tem dias de sábado
que eu tiro pra dar um “faxinão” e eu fico o dia inteiro, perco meu sábado. O homem já
não teria isso, porque é aquela história: o homem até ajuda em casa, mas não é
obrigação dele. Se eu fosse homem, acho que seria mais“de boa”. Não que eu não goste
de ser mulher, eu amo ser mulher, amo mesmo, de verdade. Mas, na sociedade que a
gente vive, realmente tem essa cultura.
P: O meu ex-marido me vê muito com preconceito, porque ele acha que eu tenho que
tomar só conta da minha filha, mas ela já tem 14 anos e pode compreender. Assim, não
tem ele do meu lado mais, não tenho essa figura de um homem pra me ajudar,
principalmente no financeiro. Anteriormente ele me ajudava nas tarefas, só que agora
sou eu pra tudo. Eu tento manter o equilíbrio, tento estar presente da melhor maneira
com a minha filha, tento não deixar de me divertir também, porque se não a gente pira.
b) Entrevista 2
Nome fictício: Fabiana
Entrevistador: Fale sobre seu trabalho: como é, o que faz, cotidiano e rotina de trabalho,
o que gosta, o que não gosta, etc.
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Fabiana: Meu trabalho é fazer programa. No meu trabalho os homens chegam e a gente
vai para o quarto. Tem alguns homens que são complicados, né. Tem alguns que são
homens agressivos, tem outros que são mais carinhos, outros que pedem fantasia
diferente. Todo tipo de fantasia que você imaginar, os homens vêm cá e pedem. E é
complicado porque a gente tem que dividir o tempo, casa e trabalho. Aí a gente trabalha
aqui de dia, como você tá vendo. A gente tá aqui, todo mundo trabalhando. E daqui a
gente já vai pra noite e da noite a gente já vai pra madrugada. Chega em casa cansada e
quase não tem tempo pra nada. Isso é complicado. É um trabalho cansativo e tem que
ter muita paciência.
F: Eu tinha 13 anos e meu pai passou minha guarda pra minha mãe. Eu fui morar com
uma pessoa e tava grávida, então a gente se separou. E aí eu não tive opção. Numa
cidade grande, sem conhecer ninguém. Só tinha isso como profissão que eu pudesse
fazer, entendeu? Foi difícil no começo. Ver os homens chegarem, homem que você
nunca viu na vida, se deitar com um homem que você nunca viu, que você não sente
nada, mas eu tive que fazer. Eu não tinha o que comer, eu não tinha onde dormir. E foi
aí que aconteceram muitas coisas na minha vida.
F: Muitas. Tem tantas que não sei te explicar. Tipo, eu fui pra Macaé trabalhar e chegou
lá eu tinha um filho. E eu comecei usar muita droga. Muita droga. Eu me separei e
comecei a montar minha casa todinha. Tudo do bom e do melhor, graças a Deus. Mas aí
eu comecei a cheirar muito, muito, muito. Viciei muito em cocaína. E aí eu tive que
vender tudo e começar tudo de novo. Vim pra cá só com a roupa do corpo e com meu
filho. Sem lugar pra ficar, sem lugar nenhum. E também teve outras coisas. Cliente de
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coloca arma na cara da gente dentro do quarto, entendeu? Uma vez o cliente fez o
programa e depois queria o dinheiro de volta. Aí ele foi e colocou a arma no meu rosto
no quarto e eu tive que devolver o dinheiro. Outra vez eu tive que fazer o programa
grávida e o cara pegou me bateu muito dentro do carro, me jogou pela janela do carro,
me bateu muito. Fui parar no hospital. Clientes que leva a gente para o motel, chega e
deixa a gente no meio do caminho.
F: Horrível. Totalmente abalada. Minha estrutura mental, não só a minha, mas das
outras meninas também. Totalmente abalada. O mundo que a gente vive, o mundo da
pista, da prostituição é complicado. Aqui a gente lida com milícia, com bandido, com
polícia, todo tipo de gente que você imagina, então a estrutura mental da gente tá tudo
abalada. A minha tá. É complicado.
E: Você acha que a falta de oportunidade de emprego para a mulher foi uma das causas
que trouxe você até aqui?
F: Bom. Eu não acho que é falta de oportunidade, não. Acho que a renda que é maior.
No meu caso, quando eu comecei, foi porque realmente eu era de menor, não tinha
emprego. Que vocês sabem que eles não dão emprego pra gente quando a gente é de
menor, né?! No meu caso, foi porque eu era de menor e não sabia fazer nada. Mas a
maioria das meninas aqui é porque a renda é maior.
F: Algumas entendem, outras tem preconceito. Acha que a gente tem que ter tempo.
Acha que é fácil a gente chegar aqui na rua. Acha que é só colocar o pé na rua. Colocou
o pé na rua e acha que a gente vai fazer dois ou três programas assim rápido, mas não é
assim. Tem que ter um certo tempo, tem que esperar. E são muitas mulheres, então. As
pessoas acham que é rápido, fazer, trabalhar e ir embora pra casa, mas não é. Então
algumas pessoas tem preconceito, outras não.
E: Quais são seus maiores desafios e dificuldades e como você lida com isso?
F: O meu maior desafio é a droga. Tentar sair do vício. Tentar te uma família um dia.
Vou tentando. Me esforçando eu sei que um dia eu vou conseguir.
F: Não tenho.
F: Muito preconceito. Eles acham que eu deveria ter outro emprego. Quem tá fora acha
que é fácil, mas a gente que tá aqui sabe que não é. É muito complicado.
F: Ah... Meu sonho é um dia sair daqui, ter um trabalho, ter uma vida normal.
Entendeu? Eu sonho em um dia ir pra igreja. Sei lá. Dar testemunho de tudo o que eu já
passei. Foi muita coisa. Ter uma família, criar meus filhos. Isso. Eu tenho esperança de
que um dia eu vou conseguir.
- Diante da sobrecarga vivenciado pela mulher nos dias atuais, o que pode ser feito para
este quadro ser melhorado?
7.3. Apêndice III: Sinopse do filme “Não sei como ela consegue”
Ficha Técnica: Estados Unidos, 2011. Direção de Douglas McGrath; Roteiro de Aline
Brosh McKenna e Allison Pearson; Produção de Donna Gigliotti; Edição de Camilla
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Contudo, a vida de Kate se torna ainda mais complicada quando ela consegue
uma grande oportunidade no trabalho com o seu projeto sendo aprovado pela empresa;
esse projeto irá requer que Kate viaje constantemente para Nova York a fim de se
encontrar com sócios, investidores e etc. Concomitante a isso, o marido de Kate também
consegue uma grande oportunidade de emprego, o que leva os dois a ficarem bastante
ausente de casa.
Agora Kate precisará balancear as suas novas responsabilidades com seu grande
projeto, uma rotina frenética de trabalho e o cuidado com a sua família.