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GEISA ALMEIDA MUNIZ PASSOS

A PERCEPÇÃO DA FAMÍLIA ACERCA DO PARENTE


DEPRESSIVO

Artigo apresentado à Faculdade de Tecnologia e Ciências de Jequié para fim


avaliativo do Componente Curricular
“Trabalho de Conclusão de Curso” como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel em Psicologia.

Orientador: Prof. ​Tarcísio Pereira Guedes

JEQUIÉ
2013
2

FOLHA DE APROVAÇÃO

GEISA ALMEIDA MUNIZ PASSOS

A PERCEPÇÃO DA FAMÍLIA ACERCA DO PARENTE DEPRESSIVO

Monografia do Curso de Psicologia da Faculdade de Tecnologia e Ciências/Unidade


de Jequié-BA, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Psicologia.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________
Tarcísio Pereira Guedes
Especialista em Neuropsicologia
Docente da Faculdade de Tecnologia e Ciências/Jequié-BA
Orientador

______________________________________________
Angélica da Silva Calefano
Docente da Faculdade de Tecnologia e Ciências/Jequié-BA
Especialista em Neuropsicologia
2º Membro

_______________________________________________
Dahiana Gonçalves Galvão Oliveira
Docente da Faculdade de Tecnologia e Ciências/Jequié-BA
Especialista em Psicologia Organizacional
3º Membro

Jequié, 04 de Dezembro de 2013.


3

Dedico este trabalho a Deus, a minha família, aos meus Docentes,


colegas e amigos.
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus e aos meus familiares. Ao querido


orientador e Professor Tarcísio Pereira Guedes, pela dedicação, paciência e
orientação que tornaram possível a conclusão deste artigo.
A banca examinadora pela compreensão, aos professores do Colegiado de
Psicologia pelos ensinamentos, conselhos e colaboração.
Aos colegas, valeu pelo incentivo e apoio constante, o exemplo de amizade e
companheirismo levarei no meu coração.
A Coordenadora do Colegiado de Psicologia Prof. Dra. Paula Chiarett.

A todos vocês muito obrigada!


5

Sumário

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................ 9
3 METODOLOGIA............................................................................................... 12
4 DISCUSSÃO..................................................................................................... 13
5 CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 16
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 18
6

A PERCEPÇÃO DA FAMÍLIA ACERCA DO PARENTE DEPRESSIVO

1
Geisa Almeida Muniz Passos
2
Tarcísio Pereira Guedes

RESUMO

A depressão tem alto impacto na vida do paciente e de seus familiares, com


significativo comprometimento nos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas
de funcionamento. A falta de autoconhecimento e de conhecimento científico
favorece atitudes preconceituosas que são percebidas também em relação aos
deprimidos. O desânimo, o isolamento e o desinteresse por questões importantes
como família, emprego e saúde, sem uma explicação clara e objetiva, fazem com
que a pessoa com depressão seja vista como “preguiçosa”, “acomodada”, como
alguém cheio de “frescuras” ou que “não tem o que fazer”. Aqueles que pensam
dessa forma, desconhecem a força que esse transtorno pode exercer sobre o ser
humano, trazendo-lhe a sensação de desamparo e descrença diante da vida.
Partindo desse pressuposto, o referido trabalho de pesquisa tem como objetivo
compreender a percepção da família acerca do parente depressivo, bem como os
impactos da doença no âmbito familiar e a participação da mesma no processo de
diagnóstico e no tratamento do indivíduo com depressão. O trabalho desenvolvido
trata-se de um estudo qualitativo exploratório, realizado por meio de uma pesquisa
bibliográfica.

Palavras-chave​: Depressão, Percepção, Família.

ABSTRACT
Depression has a high impact on the life of patients and their families, with significant
impairment in social, occupational and other areas of functioning. The lack of
self-knowledge and of scientific knowledge encourages biased attitudes that are
perceived in relation to depressed. The discouragement, the isolation and the lack of
interest by important issues such as family, employment and health, without a clear
and objective explanation, make the person with depression is seen as "lazy",
"accommodated", as someone full of "frills" or that "there's nothing to do". Those who
think this way, unaware of the force that this disorder can exert on the human being,
bringing you the feeling of helplessness and disbelief in the face of life. Starting from
this assumption, this research aims to understand the perception of family about the
relative depression, as well as the impacts of the disease on the family and the
participation of the same in the process of diagnosis and treatment of individuals with
depression. The work this is a qualitative study, carried out by means of a
bibliographical research.
Keywords: Depression, perception, Family.

1
​Discente do Curso de Psicologia da FTC-Jequié.
2
​Docente do Curso de Psicologia da FTC-Jequié.
7

1 INTRODUÇÃO

O histórico de depressão entre a população tem aumentado


consideravelmente, se tornando um dado preocupante para a saúde pública. A
Organização Mundial de Saúde indica que, nas próximas décadas cerca de 3 a 5%
da população geral será afetada pela depressão em algum momento da sua vida. De
acordo com estimativas, até 2020 se persistirem as tendências atuais de transição
demográfica, e epidemiológica, a carga da depressão subirá a 5,7% da carga total
de doenças, haverá uma mudança nas necessidades de saúde da população
mundial devido ao fato de as doenças como a depressão estar substituindo os
tradicionais problemas das doenças infecciosas e de má nutrição. Em 2020, a
depressão só perderá para doenças cardíacas isquêmicas (BAHLS, BAHLS 2002).
A depressão pode ser caracterizada, segundo o DSM-IV (APA, 2000), como
um episódio depressivo em um período mínimo de duas semanas, ao qual o
individuo apresenta humor deprimido, perda de interesse ou prazer por quase todas
as atividades na maior parte do dia, causando prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas relevantes na vida.
A depressão é um transtorno causado por uma complexa interação entre
fatores orgânicos, psicológicos, ambientais e espirituais, caracterizado por angústia,
rebaixamento do humor e pela perda de interesse, prazer e energia diante da vida.
Teodoro (2009) mostra que o quadro depressivo está voltado para a
intercomunicação de uma gama de fatores como genes, hormônios,
neurotransmissores, nutrientes celulares, substâncias químicas, autoestima,
pensamentos, personalidade, crenças, reações emocionais, conflitos inconscientes,
fatores socioculturais e ambientais e vinculações espirituais.
Como as pessoas são diferentes, esses sintomas variam. As causas podem
ter origem em fatores genéticos, histórico familiar, medicamentoso, uso de drogas
(incluindo álcool), assim como também algumas situações de vida como estresse,
situação econômica, desemprego, rompimento de relacionamentos afetivos. O luto,
a perda de alguém querido também pode provocar uma fase depressiva, mas que
com o passar do tempo e tratamento adequado, ameniza e permite ao indivíduo
voltar às suas atividades e ao convívio social (ALMEIDA, 2009).
8

Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10.4) da


Organização Mundial de Saúde (OMS, 1997), o número e a gravidade dos sintomas
permitem classificar o episódio depressivo em três graus: leve, moderado ou grave.
Os critérios mínimos para o diagnóstico de episódio depressivo envolvem dois dos
três sintomas principais (humor deprimido, perda de interesse ou prazer e energia
reduzida), podendo ser acompanhado de outros sintomas citados a seguir:
concentração e atenção assim como autoestima e autoconfiança reduzidas, aliadas
à interferência funcional ou social. O humor depressivo varia pouco de dia para dia
ou segundo as circunstâncias e pode vir associado aos sintomas ditos “somáticos”, a
exemplo de perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce (várias horas
antes da hora habitual de despertar), agravamento matinal da depressão, lentidão
psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido.
Há um estigma significativo associado à depressão em todo o globo. As
pessoas frequentemente acreditam que a depressão é um sinal de fraqueza ou de
preguiça. Segundo Dalgalarrondo (2000), a depressão pode ser causada por vários
fatores em conjunto, como o desequilíbrio químico no cérebro, herança genética,
características psicológicas e situações emocionais estressantes. Muitas pessoas
não procuram tratamento porque ficam constrangidas ou pensam que vão superar
sozinhas o problema. O tratamento com medicamentos associados à psicoterapia
pode ajudar muito.
Quem sofre com esta condição sabe o quanto é doloroso e incapacitante, mas
o sofrimento não é exclusivo de quem tem depressão, é também dos familiares e
das pessoas mais próximas, que sofrem por ver um ente querido doente e muitas
vezes também sofrem por não saber como lidar com a doença. Mas qual é o papel
da família? O que fazer para ajudar alguém com depressão?
Segundo Teodoro (op. cit.), a depressão vem a ser um enorme “buraco”, pois
adentra a vida do indivíduo, e sua escala não é nada animadora quando vista lá do
fundo, onde na maioria das vezes, o reestabelecimento do equilíbrio emocional
depende muito do apoio da família e de ajuda profissional.
A família é considerada o primeiro núcleo socializador do indivíduo, é ela
responsável pela formação do indivíduo e sua inserção na sociedade. Representa
um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e
9

instituições, Pichon-Rivière (2009) define a família como estrutura social básica, que
se configura pelo entre jogo que constitui o modelo natural de interação em grupo. A
família é caracterizada por um núcleo de pessoas que convivem em determinado
lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou
não) por laços consanguíneos, sendo assim cabe a esse núcleo nutrir e manter o
controle, possibilitando segurança e satisfação de seus membros.
O cuidado torna-se, então, desafiador, porém necessário no contexto da
enfermidade, gerando, infelizmente, uma carga familiar traduzida pelas dificuldades
e desafios experimentados com a cronicidade, distanciando-se cada vez mais de
suas significações básicas (TEODORO, op. cit.).
A motivação por esta temática surgiu a partir das experiências vividas nos
estágios realizados na clínica escola da FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências) e
pela proximidade com familiares de pessoas depressivas, podendo observar que a
família é muito importante no processo de tratamento do depressivo.
Assim, a pesquisa tem como objetivo compreender a percepção da família
acerca do parente depressivo e identificar as transformações ocorridas no âmbito
familiar após o diagnóstico, pois segundo Paim (1993) percepção é o ato pelo qual
tomamos conhecimento de um objeto do meio exterior, considerado como real. Ela
não vem a ser uma cópia, uma fotografia dos objetos do mundo exterior, ou o reflexo
determinado mecanicamente pelo estímulo, ​uma vez que, segundo alguns autores,
toda a família é afetada quando um membro da família encontra-se deprimido, pois
com as mudanças no comportamento e humor do indivíduo, torna-se difícil o
processo de interação do grupo, o que acaba por induzir o grupo familiar em seu
todo a sofrer as consequências da doença.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com alguns estudos, a depressão existe desde a consciência do


homem em relação ao seu próprio eu. A depressão não é uma criação do século
XXI, pois doenças ligadas ao estresse e a ansiedade, incluindo a mesma, têm se
tornado comum em nossa sociedade (SOLOMON, 2010).
10

As estatísticas mundiais, utilizando-se os critérios diagnósticos do Manual


Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais – Quarta Edição (sigla em inglês DSM
IV) aponta para uma incidência de 45% a 50% de patologias psiquiátricas entre as
doenças que ameaçam a vida. Desses diagnósticos, 68% são de síndromes
depressivas (aqui consideradas tanto a depressão-doença quanto a
depressão-sintoma) (APA, op. cit.).
Segundo levantamento da OMS, a depressão maior unipolar é considerada a
primeira causa de incapacidade entre todos os problemas de saúde, além de estar
sendo reconhecida como um problema prioritário de saúde publica
(DALGALARRONDO, 2008).
A depressão é um estado mental que se caracteriza basicamente por tristeza
constante e desinteresse pela maioria dos fatos, objetivos ou subjetivos, que
compõem o dia-a-dia da maioria das pessoas (FIGUEIREDO, 2008).
Apresenta três aspectos essenciais: intensidade, duração e qualidade. A
intensidade pode ser leve, moderada ou grave. As leves desaparecem com rapidez,
enquanto as moderadas e as graves são mais prolongadas, a ponto de exigirem
acompanhamento médico e terapêutico (JOÃO, 1987).
A duração pode ser aguda recorrente ou crônica, já a qualidade pode ser
retardada quando as reações das pessoas se tornam lentas e agitadas quando a
pessoa apresenta um estado de excitação geral (​idem​).
É importante ressaltar que o termo depressão pode ser entendido tanto como
um estado afetivo normal quanto um sintoma, uma síndrome e uma ou várias
doenças. Enquanto síndrome, a depressão inclui não apenas alterações de humor,
mas também vários outros aspectos, incluindo alterações cognitivas, psicomotoras e
vegetativas, como distúrbios no sono e no apetite (DEL PORTO, 2000).
Também podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas
psicóticos, delírios ou alucinações, marcante alteração psicomotora ou estupor e
fenômenos biológicos, neuronais ou neuroendócrinos associados
(DALGALARRONDO, op. cit.).
De acordo com Paim (op. cit.), a depressão em suas formas leves, é
caracterizada por um sentimento de mal- estar, de tristeza, abatimento, e
incapacidade para realizar qualquer atividade. Nas formas graves, observa-se um
11

estado de profundo abatimento, fisionomia triste. O indivíduo depressivo está


dominado por um profundo sentimento de tristeza imotivada, tudo vem lhe parecer
negro, o interesse pela vida desaparece, as percepções são lentas, monótonas, em
relação aos alimentos, para os enfermos, perderam o sabor habitual, expressam um
sentimento de culpabilidade, indignidade e autoacusação, alguns sentem as mãos
frias, além de espasmos vasculares, prisão de ventre, palidez da face, dentre outros
sintomas.
Em determinados casos, sobe a influência de fatores externos e causas
internas temporárias. A depressão pode aumentar a intensidade de modo
considerável, a determinar um estado de elevação da ansiedade, o que pode
ocasionar a tentativa de suicídio por alguns enfermos quando não encontram
solução para o sofrimento intolerável (SOLOMON, op. cit.).
Outras emoções caem no esquecimento, junto com a felicidade. A doença da
mente é uma doença real e pode ter graves impactos no corpo. Os enfermos
deprimidos apresentam alteração nos sentimentos, no sentido de se acharem
incapazes para a prática de qualquer ação. Trata-se de uma incapacidade real. O
que vem causar um profundo sofrimento para o paciente, ser inútil para o mundo
real, o sentimento de não ser capaz, de não poder pensar, de ter perdido a memória
(​idem​).
Embora seja comum o estado depressivo se caracterizar por um sentimento
de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam essa sensação subjetiva de
tristeza. Muitos trazem como sintoma principal a perda da capacidade de
experimentar prazer nas atividades e a redução do interesse pelo ambiente (DEL
PORTO, op. cit.).
Evidências comportamentais tornam-se explicitas, como a perda de energia, a
fadiga, e o cansaço exagerado. O paciente depressivo acredita ter perdido de forma
irreversível a capacidade de sentir alegria ou prazer na vida, tudo passa a ser
percebido como sem vida e sem graça, o mundo é visto como sem cores, sem
alegria. Apresentam comportamentos de lentidão no cumprimento das atividades ou
tarefas e tudo passa a ter o peso de uma terrível obrigação (​idem​).
Porém, a intensidade do conflito interno e sua durabilidade determinarão a
gravidade da depressão, pois algumas pessoas depressivas conseguem continuar
12

desenvolvendo suas atividades diárias, mesmo com certo comprometimento de sua


coerência psíquica e sócio histórica, outros têm maiores dificuldades em suportar a
pressão e apresentam maiores comprometimentos, o que vem caracterizar o
diagnóstico, como leve moderado ou grave (GUARIENTE, 2000).
Do ponto de vista psicológico, as síndromes depressivas estão relacionadas
com experiências de perda. Pois as mesmas tendem a surgir com muita frequência
após perdas significativas, de pessoa muito querida, emprego, moradia, status
socioeconômico, ou de algo puramente simbólico (DALGALARRONDO, op. cit.).
É comum o medo da dor, da dependência, da solidão, da perda, entretanto, a
ocorrência de depressão em indivíduos que vivenciam esses sentimentos varia
muito em função dos recursos próprios de enfrentamento de adversidades, a
chamada resiliência da maturidade, das crenças espirituais, do suporte familiar e
social (FIGUEIREDO, op. cit.).

3 METODOLOGIA

O trabalho desenvolvido seguiu os preceitos do estudo qualitativo


exploratório, por meio de uma pesquisa bibliográfica. Segundo Gil (2002), a pesquisa
exploratória busca proporcionar uma maior familiaridade com o problema, tentando
torná-lo mais explícito. Pode-se dizer que estas pesquisas buscam uma ênfase no
aprimoramento de ideias ou na descoberta de intuições. Seu planejamento é,
portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado.
A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias, trata-se do levantamento
de algumas das bibliografias mais estudadas em forma de livros revistas e
publicações avulsas. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com o
que já foi escrito sobre determinado assunto, com objetivo de permitir ao cientista
poder analisar ou manipular suas informações com outras bibliografias já publicadas
(LAKATOS; MARCONI, 2001).
A elaboração da pesquisa teve como ferramenta embasadora, material já
publicado sobre o tema: livros, artigos científicos, publicações, jornais, revistas e
13

materiais na internet, disponíveis nos seguintes bancos de dados: SCIELO e


PEPSIC.
Para a organização do material, foram realizados alguns refinamentos de
maneira sistemática, para se alcançar o objetivo desejado.
O enfoque da pesquisa foi fundamentado nos princípios da psicologia social
que, de acordo com Michener; ​Delamanter (2005) está voltada para o estudo
sistemático da natureza e de causas do comportamento social humano, não estando
ligada apenas à natureza do comportamento social, mas também enfatizando as
causas desse comportamento, em que uma das suas características principais é
observar o impacto que o indivíduo exerce em outro.

4 DISCUSSÃO

Verificou-se que o objetivo do tratamento antidepressivo é eliminar sintomas e


recuperar a capacidade funcional e social e impedir a recorrência (WANNMACHER,
2004).
Apesar dos avanços da psiquiatria, ainda existe uma decadência em relação
ao número de serviços de saúde mental que oferecem programas específicos de
apoio para os familiares cuidadores e que os aceitam como aliados na elaboração
dos projetos terapêuticos e de reabilitação. Infelizmente, na maioria dos serviços o
único papel reservado para a família é o de agente protetor, ao invés de considerar a
necessidade que eles têm de receber informações sobre a doença e de
expressarem os seus pontos de vista e as suas dificuldades (YACUBIAN; NETO,
2001).
É de suma importância para o depressivo o apoio familiar e social para que
ambos reforcem acerca de sua importância pessoal e das possibilidades de boas
perspectivas da realização do tratamento (MINUCHIN; FISH MAN, 2007).
A família é um grupo natural que através dos tempos tem desenvolvido
padrões de interação. Estes padrões constituem a estrutura familiar e passam a
governar o funcionamento dos membros da família, delimitando sua escala de
comportamento e facilitando sua interação. Uma forma viável de estrutura familiar é
14

necessária para desempenhar suas tarefas essenciais e dar apoio para a


individuação, ao mesmo tempo em que provê um sentido de pertinência (​idem​).
Os membros da família não se experienciam normalmente como parte desta
estrutura familiar. Todo ser humano se vê como uma unidade, um todo, interagindo
com outras unidades. Sabe que influi sobre o comportamento do outro e recebe essa
influência do outro sobre o seu comportamento. E quando interage dentro de sua
família, experiencia o mapeamento do mundo da família (​idem)​ .
A família tem convivido com problemas e desafios, ao ponto de sobreviver de
maneira estressante. O convívio com um depressivo passa a ser muito difícil para o
familiar ou cuidador, pois para o familiar, além de fornecer o suporte emocional,
físico e financeiro ao depressivo, é preciso lidar com as adversidades apresentadas
pelo mesmo durante os momentos de crise, como alucinações, delírios,
agressividade, redução nos cuidados pessoais e recusa ao tratamento, o que é
muito frequente, tornando uma fonte de estresse crônico (YACUBIAN; NETO, op.
cit.).
Muitos familiares, não conhecem acerca da doença, achando que o
depressivo é um incapaz. É de suma importância entender qual a percepção desses
familiares acerca do enfermo, pois segundo Davidoff (2001), a percepção é um
processo cognitivo, uma forma de conhecer o mundo, é um processo que depende
tanto do meio ambiente como da pessoa que o percebe.
Quanto mais a família conhecer sobre a depressão, mais fácil fica a
compreensão de que o comportamento do indivíduo são sintomas de uma doença, a
evitar falsas interpretações sobre a personalidade do deprimido. A compreensão da
doença auxilia os familiares a não gerarem reações agressivas ou raivosas diante da
situação. A família ou pessoas mais próximas podem colaborar com o deprimido,
procuram ter um relacionamento normal, demonstram afeição, respeito, oferecendo
incentivos, elogios, e atividades, não censuram o outro por seu comportamento
depressivo, devem levar a sério comentários sobre pensamentos suicidas muito
frequentes nos pacientes deprimidos (ALMEIDA, op. cit.).
Porém, faz-se necessário uma série de cuidados, pois várias são as atitudes
de familiares ou cuidadores que podem se tornar prejudiciais no processo de
tratamento do depressivo, dentre elas: rejeição, abandono, superproteção,
15

perfeccionismo, comodidade, rigidez, superautoridade, muita permissividade, dentre


outras (BUENO, 2009).
Entretanto, Hesse (1987), ressalta que, de acordo com alguns estudos, a
maioria dos depressivos apresenta uma característica comum, a dependência,
assim, deve-se levar em conta que o indivíduo dependente quando não satisfeito fica
propenso a episódios depressivos. A impressão de ser incapaz provoca e intensifica
a conduta depressiva. A superproteção vem a ser um caso tão sério quanto à
rejeição, pessoas superprotegidas revelam de alguma maneira sentimentos de
rejeição para com a pessoa superprotetora, age de forma a fazer algo pelo e para o
outro e, diversas vezes terá uma conduta controladora, autoritária, impositiva,
moralista. Embora, na maioria das vezes, a intenção do familiar ou cuidador seja de
ajudar com essa superproteção. Essa forma de ação sempre irá impedir o
crescimento do outro, e passará a estimular o aparecimento de condutas submissas
associadas ao temor, ansiedade, confusão, culpa. De alguma forma, a pessoa
superprotetora procura controlar o outro indivíduo ou a situação, exclusivamente em
função de um grande medo e sua ansiedade é tão forte que envolve o outro, onde a
tendência do indivíduo é ficar deprimido, e muitas vezes sem saber qual o motivo
aparente.
Algumas terapias, aconselhamentos familiares, ou grupos de apoio, podem
colaborar no entendimento dos aspectos da depressão e numa comunicação mais
eficaz. Esses momentos podem ser uma oportunidade para os familiares passar a
compreender das suas próprias forças e fraquezas. Junto com esses familiares e
com o apoio de um profissional, a depressão é tratada, através de um processo mais
adequado e menos sofrido, para o deprimido e sua família (ALMEIDA, op. cit.).
Enfim, é de suma importância o papel da família diante da manutenção da
saúde do enfermo, apoiar, acolher, compreender, escutar, reconhecer as suas
limitações e as limitações provocadas pela patologia, tentar buscar a reintegração do
indivíduo no meio social, acompanhar nas consultas e terapias, pois essas ações
colaboram para a manutenção da saúde e a prevenção de novos episódios
depressivos (MORENO; ALENCASTRE, 2003).
A falta de disposição, pensamentos pessimistas, diminuição da energia e
cansaço, muitas vezes presentes como sintomas depressivos, podem encontrar
16

respaldo na postura resistente ou não colaborativa de familiares. O paciente


deprimido, que não dispõe do suporte familiar para a realização do tratamento,
passa a enfrentar uma barreira, necessitando de muito esforço para vencer as
limitações causadas pela doença (CUNHA; GANDINI, 2009).
O deprimido acredita ser um peso para os familiares e amigos, muitas vezes
pressupõe a morte como solução para aliviar as pessoas que o assistem na doença,
e ainda apresenta o desejo de por um fim em um estado emocional tão lancinante e
tido como infindável, ou buscam a morte como forma de findar suas supostas culpas
(DEL PORTO, op. cit.).
É importante a família estar implicada no processo de tratamento do indivíduo
depressivo, agir em conjunto com os profissionais de saúde para que se possa obter
sucesso no tratamento e, se necessário, passe do papel de agente cuidador para
paciente, através de terapia familiar, pois em muitos casos, para a cura do paciente,
torna-se necessário a cura da família (ALMEIDA, op. cit.).
Estudos mostram que o tratamento farmacológico combinado com
psicoterapia tem apresentado resultados mais eficientes na redução e prevenção do
reaparecimento de episódios de depressão, do que aqueles apenas
medicamentosos (CARDOSO, 2011).
No tratamento antidepressivo deve-se levar em consideração o ser humano
como um todo incluindo dimensões biológicas, psicológicas e sociais. A terapia deve
abranger todos esses pontos e enfatizar através da psicoterapia mudanças no estilo
de vida e a terapia farmacológica. Porém, é importante mencionar que não se trata a
depressão de forma abstrata, mas sim pacientes deprimidos, contextualizados em
seus meios sociais e culturais. As intervenções psicoterápicas podem ser de
diferentes formatos, como psicoterapia de apoio, psicodinâmica breve, terapia
interpessoal, comportamental, cognitiva comportamental, de grupo, de casais e de
família. Mudanças no estilo de vida deverão ser debatidas com cada paciente, a
objetivar uma melhor qualidade de vida (SOUZA, 1999).
17

5 CONSIDERAÇÕES

A depressão tem se tornado um fator preocupante para a saúde pública. As


causas da depressão são diferentes para cada indivíduo, pois o modo como os
sintomas se manifestam pode variar. Ela não é fruto de um único fator, alguns
acontecimentos com significado existencial, como o divórcio, fator genético ou a
perda de alguém querido, além de causas físicas, podem desencadear sintomas
depressivos. Filhos pais e parentes de uma pessoa com depressão são duas ou três
vezes mais propensos a desenvolverem o transtorno.
Em geral, os indivíduos depressivos são rotulados como preguiçosos e
desinteressados. Muitas vezes não se compreende que a depressão é uma doença
e que precisa ser tratada.
Grande parte das famílias e cuidadores apresentam dificuldades em lidar com
o depressivo, necessitando de esclarecimentos e orientações sobre como
demonstrar apoio e compreensão, pois, na maioria dos casos o paciente acredita
que as pessoas o veem como louco ou doente mental, o que acaba por dificultar o
tratamento.
As pessoas que sofrem com depressão podem suscitar sentimentos de
frustração, culpa e irritação, por na maioria das vezes familiares e amigos não
entenderem o seu estado emocional. Essa incompreensão e falta de conhecimento
acerca da patologia geram atitudes negativas e prejudiciais, que por não saberem
lidar com o paciente, tratam com indiferença e preconceito, excluindo e achando que
é fingimento do mesmo.
É importante que todos os membros da família compreendam que a pessoa
não é culpada pelo transtorno. A depressão afeta o humor, a visão sobre a vida, o
comportamento e até algumas funções corporais, tais como dormir, comer ou o
próprio nível de energia. A pessoa depressiva geralmente sente tristeza ou
preocupação, além de ter pensamentos negativos e está frequentemente irritável ou
ansiosa, esses fatores tendem a ocasionar um declínio na autoestima.
Deve-se fornecer à pessoa deprimida um ambiente carinhoso e de apoio. É
natural entre os familiares a ansiedade em relação ao tratamento, ambos esperam
18

que os sintomas da depressão desapareçam rapidamente, mas é preciso


reconhecer que o doente irá progredir ao seu próprio ritmo, uma vez que a
depressão afeta toda a família. É no contexto familiar que o depressivo recebe
suporte necessário, influenciando na recuperação. É na família que ele encontra
suprimento de suas demandas e manutenção de sua saúde mental, mesmo
enfrentando dificuldades, estresse, medo de recaídas das crises e sobrecargas.
De acordo com alguns estudos, observou-se que o tratamento farmacológico
associado às psicoterapias mostrou resultados eficientes no tratamento da
depressão.
Por tanto, diante do que foi discutido, é essencial para o sucesso do
tratamento do depressivo o apoio e comprometimento do paciente e da família, além
de profissionais capacitados dispostos a trabalhar em articulação com a equipe
multiprofissional, em busca de objetivar e minimizar os índices estressores, reduzir
os sintomas, conscientizar e informar a família acerca do transtorno e desenvolver
novas estratégias de enfrentamento.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Marcia Regina de Morais. ​Depressão na família​. Trabalho monográfico


apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialização em
Saúde Familiar. Rio de Janeiro. Universidade Candido Mendes, Julho/2009.

APA – American Psychiatric Association. DSM-IV-TR™ - Manual Diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais. ​Trad. Cláudia Dornelles. ​4. ed. Ver. Porto
Alegre, 2000.

BAHLS, F. R. C. BAHLS, S. C. ​Depressão na adolescência: características


clínicas.​ Interação em Psicologia, 2002, 6(1), p. 49-57.

BUENO, J. A. ​Suporte familiar e depressão: um estudo correlacional. Publicado


em 27/ 04/2009. Disponível em:
http://www.webartigos.com/artigos/suporte-familiar-e-depressao-um-estudo-correlaci
onal/17281/​: Acessado em 08/10/2013.

CARDOSO, Luciana Roberta Donola. ​Psicoterapias comportamentais no


tratamento da depressão. ​Psicol. Argum., Curitiba, v. 29, n. 67, out./dez. 2011.
19

CUNHA, M. D. F., GANDINI, R. D. C. ​Adesão e Não-adesão ao Tratamento


Farmacológico para Depressão. ​Psicologia: Teoria e Pesquisa Jul-Set 2009, Vol.
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DALGALARRONDO, Paulo. ​Psicopatologia e semiologia dos transtornos


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DALGALARONDO, Paulo. ​Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais


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DAVIDOFF, Linda L. ​Introdução a Psicologia​: terceira edição. Tradução Lenke


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