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DEBATE SOCIALISTA SOBRE O CÁLCULO ECONOMICO EXPLICADO

Fonte: http://everything.explained.today/Socialist_calculation_debate/
Tradudor: Daniel Souza

O debate sobre o cálculo socialista (às vezes conhecido como o debate do cálculo
econômico) foi um discurso sobre como uma economia socialista realizaria cálculos
econômicos, dada a ausência da teoria do valor, do dinheiro, dos preços financeiros dos
bens de capital e da propriedade privada dos bens dos meios de produção. Mais
especificamente, o debate estava centrado na aplicação do planejamento econômico para
a alocação dos meios de produção como um substituto para o mercado capitalista, e se tal
arranjo seria ou não superior ao capitalismo em termos de eficiência e produtividade.
Um aspecto central do debate dizia respeito ao papel e ao alcance da teoria do valor
em uma economia socialista.
Embora as contribuições para a questão da coordenação econômica e do cálculo sob
o socialismo existissem dentro do movimento socialista anterior ao século XX, a expressão
debate sobre o cálculo socialista surgiu na década de 1920, começando com a crítica ao
socialismo de Ludwig von Mises. O debate histórico foi lançado entre a escola austríaca de
economia, representada por Ludwig von Mises e Friedrich Hayek, que argumentaram
contra a viabilidade do socialismo, e entre economistas neoclássicos e economistas
marxistas, mais notavelmente Cläre Tisch (como um precursor), Oskar Lange, Abba Lerner,
Fred M. Taylor, Henry Douglas Dickinson e Maurice Dobb, que assumiram a posição de
que o socialismo era tanto viável quanto superior ao capitalismo.
O debate era popularmente visto como um debate entre os defensores do capitalismo
e os defensores do socialismo, mas na realidade uma parte significativa do debate era
entre socialistas que tinham opiniões diferentes sobre a utilização de mercados e dinheiro
em um sistema socialista e em que medida a teoria do valor continuaria a operar em uma
hipotética economia socialista. Os socialistas geralmente ocupavam uma das três
posições principais em relação à unidade de cálculo, incluindo a visão de que o dinheiro
continuaria sendo a unidade de cálculo do socialismo; que o tempo de trabalho seria uma
unidade de cálculo; ou que o socialismo seria baseado no cálculo in natura ou no cálculo
realizado em espécie.
O debate entre os socialistas existe desde o surgimento do movimento socialista mais
amplo entre aqueles que defendem o socialismo de mercado, as economias centralmente
planejadas e o planejamento econômico descentralizado. Recentes contribuições para o
debate no final do século 20 e início do século 21 envolvem propostas para o socialismo de
mercado e o uso de tecnologia da informação e rede distribuída como base para o
planejamento econômico descentralizado.

1. Criações e primeiras contribuições


Karl Marx e Friedrich Engels realizaram uma ampla caracterização do socialismo,
caracterizando-o por alguma forma de propriedade pública ou comum dos meios de
produção e autogestão do trabalhador dentro de empreendimentos econômicos, e onde a
produção de valor econômico para o lucro seria substituída por um valor ex ante produzido
diretamente para uso, que implicava alguma forma de planejamento econômico e
crescimento planejado no lugar da dinâmica de acumulação de capital e, portanto, a
substituição da produção baseada em commodities e a alocação baseada no mercado dos
fatores de produção ao planejamento consciente.
Embora Marx e Engels nunca tenham elaborado as organizações específicas que
existiriam no socialismo ou em processos de planejamento em um sistema socialista, suas
amplas caracterizações lançaram as bases para a concepção geral do socialismo como
um sistema econômico desprovido da teoria do valor e do direito de acumulação e,
principalmente, onde a categoria de valor foi substituída por cálculo em termos de
unidades naturais ou físicas, de modo que a alocação, produção e distribuição de recursos
seriam consideradas assuntos técnicos a serem realizados por engenheiros e
especialistas técnicos.
Uma visão alternativa do socialismo prefigurando os modelos neoclássicos do
socialismo de mercado consistia em concepções de socialismo de mercado baseadas na
teoria econômica clássica e no socialismo ricardiano, em que os mercados eram utilizados
para alocar bens de capital entre cooperativas de trabalhadores numa economia de livre
mercado. As principais características desse sistema envolviam a propriedade direta dos
trabalhadores dos meios de produção através de cooperativas de produtores e
consumidores e a conquista de mercados genuinamente livres, eliminando os efeitos
distorcivos da propriedade privada, a desigualdade decorrente da apropriação privada de
lucros e juros a uma classe rentista, captura regulatória e exploração econômica. Essa
visão foi exposta pela filosofia Mutualista e foi severamente criticada pelos marxistas por
falhar em abordar as questões fundamentais do capitalismo envolvendo instabilidade
decorrente da operação da teoria do valor, crises causadas por excesso de acumulação de
capital e falta de controle consciente sobre o produto excedente. Como resultado, essa
perspectiva desempenhou pouco ou nenhum papel durante o debate sobre o cálculo
socialista no início do século XX.
Os primeiros argumentos contra a utilização do planejamento econômico central para
uma economia socialista foram trazidos pelos proponentes do planejamento econômico
descentralizado ou do socialismo de mercado, incluindo Leon Trotsky, Peter Kropotkin e
Pierre-Joseph Proudhon. Em geral, argumentou-se que formas centralizadas de
planejamento econômico que excluíssem a participação dos trabalhadores envolvidos nas
indústrias não seriam suficientes para captar quantidades adequadas de informações para
coordenar uma economia de maneira eficaz, ao mesmo tempo em que minam o socialismo
e o conceito de autogestão do trabalhador e a tomada de decisão democrática, central
para o socialismo. No entanto, nenhum esboço detalhado para o planejamento econômico
descentralizado foi proposto por esses pensadores neste momento.

Contribuições neoclássicas iniciais


No início do século 20, Enrico Barone forneceu uma estrutura teórica abrangente para
uma economia socialista planejada. Em seu modelo, assumindo técnicas de computação
perfeitas, equações simultâneas relacionando entradas e saídas a razões de equivalência
forneceriam avaliações apropriadas para equilibrar oferta e demanda.

2. Propostas para contabilidade e cálculo


Cálculo em espécie
Cálculo em espécie, ou cálculo in natura, era frequentemente considerado a forma
padrão de contabilidade que ocorreria em um sistema socialista em que a economia era
mobilizada em termos de unidades físicas ou naturais, em vez de dinheiro e cálculo
financeiro.
Otto Neurath estava convencido de que uma economia socialista deve ser sem
dinheiro porque as medidas de dinheiro não conseguiram captar informações adequadas
sobre o bem-estar material dos consumidores ou não levaram em conta todos os custos e
benefícios da realização de uma determinada ação. Ele argumentou que depender de uma
única unidade - seja horas de trabalho ou quilowatts-hora - seria inadequado, e que a
demanda e os cálculos seriam realizados pelas unidades naturais desagregadas
relevantes (por exemplo, quilowatts, toneladas, metros, etc.).
Na década de 1930, o matemático soviético Leonid Kantorovich demonstrou como
uma economia, em termos puramente físicos, poderia usar um procedimento matemático
determinado para escolher qual combinação de técnicas poderia ser usada para atingir
determinados objetivos de produção ou planejamento.

Debate sobre o uso do dinheiro


Em contraste com Neurath, Karl Kautsky argumentou que o dinheiro teria de ser
utilizado em uma economia socialista. Kautsky afirma que a diferença fundamental entre
socialismo e capitalismo não é a ausência de dinheiro no primeiro; em vez disso, a
diferença importante está na capacidade de o dinheiro se tornar capital sob o capitalismo.
Em uma economia socialista, não haveria incentivo para usar o dinheiro como capital
financeiro, assim o dinheiro teria um papel ligeiramente diferente no socialismo.

Cálculo do tempo de trabalho


Jan Appel elaborou uma contribuição para o debate sobre o cálculo socialista, que
depois passou por um processo de discussão antes de ser publicado como Foundations of
Communist Production and Distribution by the Kommunistische Arbeiter-Union
Deutschlands em 1930. Uma tradução inglesa de Mike Baker foi publicada em 1990. (Não
possue versão em português)

3. Debate Inter-Guerra
Problema de cálculo econômico
O argumento de Ludwig von Mises contra o socialismo foi em resposta a Otto Neurath.
Mises argumentou que o dinheiro e os preços determinados pelo mercado para os meios
de produção eram essenciais para tomar decisões racionais em relação à sua alocação e
uso.

Críticas ao problema de cálculo


Bryan Caplan, um economista anarcocapitalista, criticou a versão do problema de
cálculo adiantado por Mises argumentando que a falta de cálculo econômico torna o
socialismo impossível (não meramente ineficiente). O plano reconhece que o socialismo
torna o cálculo econômico impossível, mas esse problema não pode ser severo o
suficiente para tornar o socialismo impossível ("além do reino da possibilidade").
Por exemplo, ele ressalta que a queda da União Soviética não prova que o cálculo era
a questão principal ali. É mais provável que os problemas resultaram de maus incentivos
decorrentes do sistema político de partido único e do grau de poder concedido à elite
partidária.

Modelo de Lange
Oskar Lange respondeu à afirmação de Mises de que o socialismo e a propriedade
social dos meios de produção implicavam que o cálculo racional era impossível,
delineando um modelo de socialismo baseado na economia neoclássica. Lange admitiu
que os cálculos teriam que ser feitos em termos de valor, em vez de usar critérios
puramente naturais ou de engenharia (Nota do tradutor: as vezes até arbitrários), mas
afirmavam que esses valores poderiam ser alcançados sem o mercado capitalista e a
propriedade privada dos meios de produção. Na visão de Lange, esse modelo
qualificava-se como socialista porque os meios de produção seriam de propriedade
pública, com retornos para as empresas públicas que chegam à sociedade como um todo
em um dividendo social, enquanto a autogestão do trabalhador poderia ser introduzida nas
empresas públicas.
Esse modelo passou a ser chamado de “Modelo Lange”. Nesse modelo, um Conselho
Central de Planejamento (CPB) seria responsável por fixar os preços por meio de uma
abordagem de tentativa e erro para estabelecer preços de equilíbrio, efetivamente
executando um leilão walrasiano. Os gerentes das empresas estatais seriam instruídos a
estabelecer preços iguais ao custo marginal (P = MC), de modo que o equilíbrio econômico
e a eficiência de Pareto fossem alcançados. O modelo de Lange foi expandido por Abba
Lerner e ficou conhecido como o teorema de Lange-Lerner.
Paul Auerbach e Dimitris Sotiropoulos criticaram o modelo de Lange por degradar a
definição de socialismo para uma forma de "capitalismo sem mercado de capitalista"
tentando replicar as realizações de eficiência do capitalismo através do planejamento
econômico. Auerbach e Sotiropoulos argumentam que Hayek forneceu uma análise da
dinâmica do capitalismo que é mais consistente com a análise marxista porque Hayek via
as finanças como um aspecto fundamental do capitalismo e qualquer movimento (por meio
de propriedade coletiva ou reforma política) para minar o papel dos mercados de capitais
ameaçam a integridade do sistema capitalista. De acordo com Auerbach e Sotiropoulos,
Hayek dá um endosso inesperado ao socialismo que é mais sofisticado do que a defesa
superficial de Lange do "socialismo".

4. Contribuições contemporâneas
Feedback digital usando a rede
Peter Joseph defende uma transição do relé de dados econômicos fragmentado para
sistemas digitais totalmente integrados e baseados em sensores. Usando uma Internet de
instrumentos sensoriais para medir, rastrear e fornecer informações, isso pode unificar
vários elementos e sistemas diferentes, aumentando bastante o potencial de
conscientização e eficiência.
Em um contexto econômico, essa abordagem poderia retransmitir e conectar dados
sobre a melhor forma de gerenciar recursos, processos de produção, distribuição,
consumo, reciclagem, comportamento de descarte de resíduos, demanda do consumidor e
assim por diante. Esse processo de feedback econômico em rede funcionaria com o
mesmo princípio que os sistemas modernos de estoque e distribuição encontrados nos
principais armazéns comerciais. Muitas empresas usam hoje uma variedade de sensores e
sofisticados meios de rastreamento para entender as taxas de demanda, exatamente o
que têm, onde é ou onde pode estar se movendo e quando se vai. Em última análise, é
uma questão de detalhe e escalabilidade estender esse tipo de consciência para todos os
setores da economia, macro e micro.
Não apenas o preço não é mais necessário para obter um feedback econômico crítico,
mas o preço da informação se comunica é muito atrasado e incompleto em termos de
medidas econômicas necessárias para aumentar drasticamente a eficiência. Os sistemas
de feedback digital em rede, relacionados aos mecanismos, possibilitam monitorar de
maneira eficiente a mudança da preferência, da demanda, do suprimento e do valor do
trabalho do consumidor, virtualmente em tempo real. Além disso, também pode ser usado
para observar outros processos técnicos que o preço não pode, como mudanças nos
protocolos de produção, alocação, meios de reciclagem e assim por diante.
A partir de fevereiro de 2018, agora é possível rastrear trilhões de interações
econômicas relacionadas à cadeia de suprimentos e ao comportamento do consumidor
por meio de sensores e retransmissão digital, como visto com o advento da Amazon Go.

Coordenação cibernética
Paul Cockshott, Allin Cottrell e Andy Pollack propuseram novas formas de
coordenação baseadas na moderna tecnologia da informação para o socialismo não
mercantil. Eles argumentam que o planejamento econômico em termos de unidades
físicas sem qualquer referência a dinheiro ou preços é computacionalmente tratável, dados
os computadores de alto desempenho disponíveis para física de partículas e previsão do
tempo. O planejamento cibernético envolveria uma simulação a priori do processo de
equilíbrio que os mercados idealizados pretendem alcançar.

Economia participativa
Propostas de planejamento econômico descentralizado surgiram no final do século XX,
sob a forma de economia participativa e coordenação negociada.

Preços descentralizados e sem mercados


David McMullen argumenta que a propriedade social dos meios de produção e a
ausência de mercados para eles é totalmente compatível com um sistema de preços
descentralizado. Em uma sociedade pós-capitalista, as transações entre empresas
implicariam transferências de propriedade social entre custodiantes, em vez de uma troca
de propriedade. Os indivíduos seriam motivados pela satisfação do trabalho e pelo desejo
de contribuir para bons resultados econômicos, em vez de recompensa material. As
licitações e os preços de oferta visam minimizar os custos e garantir que a produção seja
orientada pela demanda final esperada para o consumo privado e coletivo. Empresas e
startups receberiam seu financiamento de investimento de agências de avaliação de
projetos. A mudança necessária no comportamento humano levaria várias gerações e teria
que superar uma resistência considerável. No entanto, McMullen acredita que o
desenvolvimento econômico e cultural favorece cada vez mais a transição.

Socialismo de mercado
James Yunker argumenta que a propriedade pública dos meios de produção pode ser
alcançada da mesma forma que a propriedade privada é alcançada no capitalismo
moderno através do sistema de acionistas que separa a administração da propriedade.
Yunker postula que a propriedade social pode ser alcançada por meio de um órgão público,
designado Bureau of Public Ownership (Gabinete de Propriedade Pública), que detém as
ações de empresas de capital aberto sem afetar a alocação de capital baseada no
mercado. Yunker denominou esse modelo de socialismo de mercado pragmático e
argumentou que seria pelo menos tão eficiente quanto o capitalismo moderno, ao mesmo
tempo em que proporcionaria resultados sociais superiores, pois a propriedade pública de
empresas grandes e estabelecidas permitiria que os lucros fossem distribuídos entre a
população inteira, em vez de uma classe de herdeiros rentistas.

Projeto do mecanismo
A partir dos anos 1970, novas idéias sobre o debate sobre o cálculo socialista surgiram
da teoria do design de mecanismos. Segundo os teóricos do mecanismo de projeto, o
debate entre Hayek e Lange tornou-se um impasse que durou quarenta anos porque
nenhum dos lados falava a mesma língua que o outro - em parte porque a linguagem
apropriada para discutir o cálculo socialista ainda não havia sido inventada. Segundo
esses teóricos, o que era necessário era uma melhor compreensão dos problemas
informacionais que impedem a coordenação entre as pessoas. Ao fundir a teoria dos jogos
com a economia da informação, o design do mecanismo forneceu a linguagem e a
estrutura em que tanto os socialistas quanto os defensores do capitalismo poderiam
comparar os méritos de seus argumentos. Como Palda (2013) escreve em seu resumo das
contribuições do design de mecanismos para o debate do cálculo socialista, “parecia que o
socialismo e o capitalismo eram bons em coisas diferentes. O socialismo sofreu com a
trapaça, ou "risco moral", mais do que o capitalismo porque não permitiu que os gerentes
de empresas tivessem ações em suas próprias empresas (...) O outro lado do problema do
batismo no socialismo é o problema da mentira ou da "seleção adversa" capitalista. Se os
gerentes de empresas em potencial são bons ou ruins, mas diferenciá-los é difícil, as
perspectivas ruins residem em se tornar parte da empresa. ”

5. Relação com a economia neoclássica


Em seu livro Whither socialism?, Joseph Stiglitz criticou os modelos de socialismo de
mercado da era do debate sobre o cálculo socialista na década de 1930 como parte de
uma crítica mais geral da teoria do equilíbrio geral neoclássico, propondo que os modelos
de mercado fossem ampliados com insights da economia da informação.
Alec Nove e Janos Kornai ocuparam posições semelhantes em relação ao equilíbrio
econômico. Tanto Nove como Kornai argumentaram que, porque o equilíbrio perfeito não
existe, um plano econômico abrangente para a produção não pode ser formulado,
tornando o planejamento ineficaz, assim como as economias de mercado do mundo real
não estão em conformidade com o estado hipotético de competição perfeita. Em seu livro
The Economics of Feasible Socialism, Alec Nove esboçou uma solução envolvendo uma
economia socialista consistindo de uma mistura de planejamento macroeconômico com a
coordenação baseada no mercado para empresas, onde grandes indústrias seriam de
propriedade pública e pequenas e médias empresas organizados como empresas
cooperativas.

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