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Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco e Bruna Pinotti

Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia da Paraíba

IFPB
Pedagogo

JN009-19
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
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OBRA

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB

Pedagogo

Edital nº 147/2018 de 27 de dezembro de 2018

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Legislação do Serviço/Servidor Público Federal - Profª Bruna Pinotti
Conhecimentos Específicos - Elaboração Interna

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Erica Duarte
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Danna Silva

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e interpretação de textos........................................................................................................................................................................01
Gêneros textuais......................................................................................................................................................................................................................03
Fatores de textualidade.........................................................................................................................................................................................................03
Ortografia oficial......................................................................................................................................................................................................................06
Acentuação gráfica.................................................................................................................................................................................................................09
Emprego da crase....................................................................................................................................................................................................................12
Pontuação...................................................................................................................................................................................................................................14
Concordância nominal e verbal.........................................................................................................................................................................................17
Regência nominal e verbal...................................................................................................................................................................................................24
Relações sintático-semântico-discursivas no processo argumentativo.............................................................................................................29

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


Direito Constitucional: Direito e Garantias Fundamentais (art. 5º ao 17 da C.F.); .........................................................................................01
Da Administração Pública (art. 37 ao 41 da C.F.); ......................................................................................................................................................22
Da Ordem Social (art. 205 ao 216, 218, 219, 225 ao 232 da C.F.); .......................................................................................................................24
Dos Crimes contra a Administração Pública (art. 312 ao 327 do Código Penal); ..........................................................................................30
Improbidade Administrativa: Lei nº 8.429/92; ............................................................................................................................................................37
Lei nº 8.112 e alterações posteriores: Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição (art. 5º ao 39 da Lei nº
8.112/90); ...................................................................................................................................................................................................................................48
Dos Direitos e Vantagens (art. 40 ao 115 da Lei 8.112/90); ...................................................................................................................................88
Do Regime Disciplinar (art. 116 ao 142 da Lei nº 8.112/90);..................................................................................................................................88
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal: Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, e
suas atualizações.....................................................................................................................................................................................................................89

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Constituição da República Federativa do Brasil (Capítulo III, Seção I – Da Educação);................................................................................01
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e atualizações;........................................................................................03
Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (Resolução CNE/CEB nº 2/2012);.................................................................................20
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Resolução CNE/CEB Nº 6/2012);........26
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos
– Proeja (Decreto nº 5.840/2006);.....................................................................................................................................................................................35
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec (Lei nº 12.513/2011);.............................................................37
Níveis e Modalidades da Educação Nacional;..............................................................................................................................................................42
Didática e currículo;................................................................................................................................................................................................................55
Currículo integrado;................................................................................................................................................................................................................62
Trabalho como princípio educativo e Pesquisa como princípio pedagógico;.................................................................................................64
Planejamento do ensino;......................................................................................................................................................................................................66
Avaliação da aprendizagem;...............................................................................................................................................................................................68
Tecnologias da informação e da comunicação no trabalho pedagógico;........................................................................................................73
Gestão escolar democrática e participativa. ................................................................................................................................................................75
Educação inclusiva..................................................................................................................................................................................................................82
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos .......................................................................................................................................................................01


Gêneros textuais......................................................................................................................................................................................................................03
Fatores de textualidade ........................................................................................................................................................................................................03
Ortografia oficial .....................................................................................................................................................................................................................06
Acentuação gráfica ................................................................................................................................................................................................................09
Emprego da crase ...................................................................................................................................................................................................................12
Pontuação ..................................................................................................................................................................................................................................14
Concordância nominal e verbal ........................................................................................................................................................................................17
Regência nominal e verbal ..................................................................................................................................................................................................24
Relações sintático-semântico-discursivas no processo argumentativo ............................................................................................................29
Compreender significa
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE
O texto diz que...
TEXTOS É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
O narrador afirma...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
3. Erros de interpretação
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio-
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de  Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar do contexto, acrescentando ideias que não estão no
e decodificar). texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. pela imaginação.
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com  Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
é um conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli-
para o entendimento do tema desenvolvido.
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
 Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
contexto original e analisada separadamente, poderá ter
clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
um significado diferente daquele inicial.
questão.
Intertexto - comumente, os textos apresentam referên-
cias diretas ou indiretas a outros autores através de cita- Observação:
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a óti-
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação ca do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova de
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par- concurso, o que deve ser levado em consideração é o que
tir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamen- o autor diz e nada mais.
tações), as argumentações (ou explicações), que levam ao
esclarecimento das questões apresentadas na prova. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
 Identificar os elementos fundamentais de uma pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o vai dizer e o que já foi dito.
tempo).
 Comparar as relações de semelhança ou de dife- São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles,
renças entre as situações do texto. está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblí-
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado quo átono. Este depende da regência do verbo; aquele, do
com uma realidade. seu antecedente. Não se pode esquecer também de que os
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. pronomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso
 Parafrasear = reescrever o texto com outras pa- a necessidade de adequação ao antecedente.
lavras. Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
1. Condições básicas para interpretar coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância,
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literário a saber:
(escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do mas depende das condições da frase.
texto) e semântico; capacidade de observação e de síntese; qual (neutro) idem ao anterior.
capacidade de raciocínio. quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
2. Interpretar/Compreender o objeto possuído.
LÍNGUA PORTUGUESA

como (modo)
Interpretar significa: onde (lugar)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quando (tempo)
Através do texto, infere-se que... quanto (montante)
É possível deduzir que... Exemplo:
O autor permite concluir que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
aparecer o demonstrativo O).

1
4. Dicas para melhorar a interpretação de textos sua humanidade, o homem desiguala-se, singulariza-se em
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral sua individualidade. O direito é o instrumento da fraterni-
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos can- zação racional e rigorosa.
didatos na disputa, portanto, quanto mais informação você O direito à vida é a substância em torno da qual todos os
absorver com a leitura, mais chances terá de resolver as direitos se conjugam, se desdobram, se somam para que o
questões. sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizável
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- de justiça social.
rompa a leitura. Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a reve-
forem necessárias. lação da justiça. Quando os descaminhos não conduzirem
 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma a isso, competirá ao homem transformar a lei na vida mais
conclusão). digna para que a convivência política seja mais fecunda e
 Volte ao texto quantas vezes precisar. humana.
 Não permita que prevaleçam suas ideias sobre Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º.
as do autor. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
 Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- 1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão
lhor compreensão. Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1 (com adap-
 Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado tações).
de cada questão.
 O autor defende ideias e você deve percebê-las. Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano
 Observe as relações interparágrafos. Um parágra- tem direito
fo geralmente mantém com outro uma relação de conti-
nuação, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobrevi-
bem essas relações. vência das espécies.
 Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário
seja, a ideia mais importante. para defender seus interesses.
 Nos enunciados, grife palavras como “correto” c) de demandar ao sistema judicial a concretização de seus
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora direitos.
da resposta – o que vale não somente para Interpretação de d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos
Texto, mas para todas as demais questões! direitos de outros.
 Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na
principal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão. essência de todos os direitos.
 Olhe com especial atenção os pronomes relati-
vos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., Resposta: Letra E. O ser humano tem direito a uma vida
chamados vocábulos relatores, porque remetem a outros digna, adequada, para que consiga gozar de seus direi-
vocábulos do texto. tos – saúde, educação, segurança – e exercer seus deve-
res plenamente, como prescrevem todos os direitos: (...)
SITES O direito à vida é a substância em torno da qual todos
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- os direitos se conjugam (...).
gues/como-interpretar-textos
http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-melho- 2. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Cespe
rar-a-interpretacao-de-textos-em-provas – 2017)
http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-para-
-voce-interpretar-melhor-um.html Texto CG1A1BBB
http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
tao-117-portugues.htm Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição da
República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.” Em virtude
EXERCÍCIOS COMENTADOS desse comando, afirma-se que o poder dos juízes emana
do povo e em seu nome é exercido. A forma de sua inves-
1. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Cespe tidura é legitimada pela compatibilidade com as regras do
LÍNGUA PORTUGUESA

– 2017) Estado de direito e eles são, assim, autênticos agentes do


poder popular, que o Estado polariza e exerce. Na Itália,
Texto CG1A1AAA isso é constantemente lembrado, porque toda sentença é
dedicada (intestata) ao povo italiano, em nome do qual é
A valorização do direito à vida digna preserva as duas faces pronunciada.
do homem: a do indivíduo e a do ser político; a do ser em si Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do pro-
e a do ser com o outro. O homem é inteiro em sua dimen- cesso. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com
são plural e faz-se único em sua condição social. Igual em adaptações).

2
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, 1. As tipologias textuais se caracterizam pelos as-
pectos de ordem linguística
a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel com
fundamento no princípio da soberania popular. Os tipos textuais designam uma sequência definida pela
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo natureza linguística de sua composição. São observados as-
voto popular, como ocorre com os representantes dos pectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações logicas.
demais poderes. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argumentativo/
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros, dissertativo, injuntivo e expositivo.
exercem o poder que lhes é conferido em nome de seus
nacionais. A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da magistra- demarcados no tempo do universo narrado, como
tura e o sistema democrático. também de advérbios, como é o caso de antes, agora,
e) os magistrados brasileiros exercem o poder constitucio- depois, entre outros: Ela entrava em seu carro quando
nal que lhes é atribuído em nome do governo federal. ele apareceu. Depois de muita conversa, resolveram...
B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Resposta: Letra A. A questão deve ser respondida se- descrevem características tanto físicas quanto psi-
gundo o texto: (...) “Todo o poder emana do povo, que o cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados no
nos termos desta Constituição.” Em virtude desse coman- presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os cabelos
do, afirma-se que o poder dos juízes emana do povo e mais negros como a asa da graúna...”
em seu nome é exercido (...). C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
assunto ou uma determinada situação que se almeje
3. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – SUPERIOR – desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela
CESPE – 2017 – ADAPTADA) No texto CG1A1BBB, o vo- acontecer, como em: O cadastramento irá se prorro-
cábulo ‘emana’ foi empregado com o sentido de gar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se esqueça
de fazê-lo, sob pena de perder o benefício.
a) trata. D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma
b) provém. modalidade na qual as ações são prescritas de for-
c) manifesta. ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos no
d) pertence. imperativo, infinitivo ou futuro do presente: Misture
e) cabe. todos os ingrediente e bata no liquidificador até criar
uma massa homogênea.
Resposta: Letra B. Dentro do contexto, “emana” tem o E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-
sentido de “provém”. -se pelo predomínio de operadores argumentativos,
revelados por uma carga ideológica constituída de
argumentos e contra-argumentos que justificam a
GÊNEROS TEXTUAIS; FATORES DE posição assumida acerca de um determinado assun-
TEXTUALIDADE to: A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez
mais para conquistar seu espaço no mercado de traba-
lho, o que significa que os gêneros estão em comple-
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL mentação, não em disputa.

A todo o momento nos deparamos com vários textos, 2. Gêneros Textuais


sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença São os textos materializados que encontramos em nosso
do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo cotidiano; tais textos apresentam características sócio-co-
que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes municativas definidas por seu estilo, função, composição,
interlocutores são as peças principais em um diálogo ou conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita culinária,
em um texto escrito. e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, piada, de-
É de fundamental importância sabermos classificar os bate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc.
textos com os quais travamos convivência no nosso dia a A escolha de um determinado gênero discursivo depen-
dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais de, em grande parte, da situação de produção, ou seja, a
e gêneros textuais. finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu-
LÍNGUA PORTUGUESA

Comumente relatamos sobre um acontecimento, um tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi- texto, etc.
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a esfe-
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém ras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exemplo,
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas são comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais,
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica são
naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis- comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enciclo-
sertação. pédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência.

3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FORMAS DE SE GARANTIR A COESÃO ENTRE OS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- ELEMENTOS DE UMA FRASE OU DE UM TEXTO:
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.  Substituição de palavras com o emprego de sinô-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gra- nimos - palavras ou expressões do mesmo campo
mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jé- associativo.
sus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.  Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (des-
SITE gastar / desgaste / desgastante).
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-textual.  Emprego adequado de tempos e modos verbais:
htm Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
 Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
Observação: Não foram encontradas questões abran- posições, artigos:
gendo tal conteúdo. O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Pre-
COESÃO E COERÊNCIA sidente Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumpri-
mentava as pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos guarda respeito por elas.
mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão  Uso de hipônimos – relação que se estabelece com
do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que base na maior especificidade do significado de um
estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel
falado - são os referentes textuais, que buscam garantir (mais genérico).
a coesão textual para que haja coerência, não só entre os  Emprego de hiperônimos - relações de um termo
elementos que compõem a oração, como também entre a de sentido mais amplo com outros de sentido mais
sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam- específico. Por exemplo, felino está numa relação de
bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado hiperonímia com gato.
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-  Substitutos universais, como os verbos vicários.
cesso têm com o tema.
AJUDA DA ZÊ:
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
ginária - composta de termos e expressões - que une os
no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo fa-
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
zer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque preci-
de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
so. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”, evitando
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
repetição desnecessária.
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases, tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais,
orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor- conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan-
re daí a coerência textual. do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se
apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe- cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter-
rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um relação entre as duas orações).
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
prejudica o entendimento do texto. Construído com os Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro-
elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal. priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
não se constrói com um amontoado de palavras e orações. progressão textual, dada sua característica: são elementos
Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência que não significam, apenas indicam, remetem aos compo-
e independência sintática e semântica, recobertos por unida- nentes da situação comunicativa.
des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”. Já os componentes concentram em si a significação. Eli-
Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é sa Guimarães ensina-nos a esse respeito:
imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases “Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam
LÍNGUA PORTUGUESA

estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se os participantes do ato do discurso. Os pronomes demons-
de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre trativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como
os elementos que compõem a estrutura textual. os advérbios de tempo, referenciam o momento da enuncia-
ção, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou pos-
terioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (pre-
sente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias,
antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo ano,
depois de (futuro).”

4
A coerência de um texto está ligada: 2. (EBSERH – Conhecimentos Básicos para todos os
1. à sua organização como um todo, em que devem estar Cargos de Nível Superior – Cespe – 2018 – adaptada)
assegurados o início, o meio e o fim;
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto Texto CB1A1AAA
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamen-
tada em comprovações, apresentação de estatísticas, Já houve quem dissesse por aí que o Rio de Janeiro é a ci-
relato de experiências; um texto informativo apresenta dade das explosões. Na verdade, não há semana em que os
coerência se trabalhar com linguagem objetiva, deno- jornais não registrem uma aqui e ali, na parte rural.
tativa; textos poéticos, por outro lado, trabalham com A ideia que se faz do Rio é a de que é ele um vasto paiol, e
a linguagem figurada, livre associação de ideias, pa- que vivemos sempre ameaçados de ir pelos ares, como se
lavras conotativas. estivéssemos a bordo de um navio de guerra, ou habitando
uma fortaleza cheia de explosivos terríveis.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Certamente que essa pólvora terá toda ela emprego útil;
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática mas, se ela é indispensável para certos fins industriais, con-
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa vinha que se averiguassem bem as causas das explosões, se
Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. são acidentais ou propositais, a fim de que fossem removi-
das na medida do possível. Isso, porém, é que não se tem
SITE dado e creio que até hoje não têm as autoridades chegado
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ a resultados positivos.
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html Entretanto, é sabido que certas pólvoras, submetidas a
dadas condições, explodem espontaneamente, e tem sido
essa a explicação para uma série de acidentes bastante do-
lorosos, a começar pelo do Maine, na baía de Havana, sem
EXERCÍCIOS COMENTADOS esquecer também o do Aquidabã.
Noticiam os jornais que o governo vende, quando avaria-
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Ces- da, grande quantidade dessas pólvoras.
pe – 2014 – adaptada) Tudo indica que o primeiro cuidado do governo devia ser não en-
tregar a particulares tão perigosas pólvoras, que explodem assim
Hoje, todos reconhecem, porque Marx impôs esta demons- sem mais nem menos, pondo pacíficas vidas em constante perigo.
tração no Livro II d’O Capital, que não há produção possível Creio que o governo não é assim um negociante ganancio-
sem que seja assegurada a reprodução das condições ma- so que vende gêneros que possam trazer a destruição de
teriais da produção: a reprodução dos meios de produção. vidas preciosas; e creio que não é, porquanto anda sempre
Qualquer economista, que neste ponto não se distingue zangado com os farmacêuticos que vendem cocaína aos
de qualquer capitalista, sabe que, ano após ano, é preciso suicidas. Há sempre no Estado curiosas contradições.
prever o que deve ser substituído, o que se gasta ou se usa
na produção: matéria-prima, instalações fixas (edifícios), Lima Barreto Pólvora e cocaína In: Vida urbana, 5/1/1915
instrumentos de produção (máquinas) etc. Dizemos: qual- Internet: <www dominiopublico gov br> (com adaptações)
quer economista é igual a qualquer capitalista, pois ambos
exprimem o ponto de vista da empresa. A correção gramatical do penúltimo parágrafo do texto se-
ria preservada, embora seu sentido fosse alterado, caso o
Louis Althusser. Ideologia e aparelhos ideológicos do Esta- advérbio “não” fosse deslocado para imediatamente após
do. 3.ª ed. Lisboa: Presença, 1980 (com adaptações). “governo”.

Resposta: Certo. Voltemos ao texto: (...) Tudo indica que


Julgue os itens a seguir, a respeito dos sentidos do texto o primeiro cuidado do governo devia ser não entregar a
acima. particulares tão perigosas pólvoras, que explodem assim
No texto, os termos “matéria-prima”, “instalações fixas sem mais nem menos, pondo pacíficas vidas em constante
(edifícios)” e “instrumentos de produção (máquinas)” são perigo. Façamos a alteração proposta: o primeiro cuidado
exemplos de “meios de produção”. do governo não devia ser entregar... Haveria correção
gramatical, mas mudaríamos o sentido do texto, já que
( ) CERTO ( ) ERRADO no original o que se quer dizer é o primeiro cuidado do
LÍNGUA PORTUGUESA

governo deve ser o de não entregar a particulares; com


Resposta: Certo. Voltemos ao texto: (...) é preciso prever a alteração: o primeiro cuidado do governo não deve ser
o que deve ser substituído, o que se gasta ou se usa na o de entregar a particulares, ou seja, ele tem que tomar
produção: matéria- -prima, instalações fixas (edifí- cuidado com outras coisas primeiramente, depois com
cios), instrumentos de produção (máquinas) etc. este fato.
Os dois-pontos são utilizados para exemplificar o ter-
mo antecedente (produção), portanto a afirmação está
correta.

5
3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)  Quando o prefixo termina com vogal que se junta
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a totali- com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétri-
dade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção co - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que  No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de Exemplos: ficasse, falasse.
alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em
todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação São escritos com C ou Ç e não S e SS
do mundo.  Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Re-  Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
nascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Juçara, caçula, cachaça, cacique.
Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).  Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, ca-
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O niço, esperança, carapuça, dentuço.
riso”.  Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
( ) CERTO ( ) ERRADO  Após ditongos: foice, coice, traição.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
Resposta: Certo. Vamos ao texto: O riso é tão universal to(r): marte - marciano / infrator - infração / absorto
como a seriedade; ele abarca a totalidade do universo – absorção.
(...). Os termos destacados se relacionam. O pronome
“ele” retoma o sujeito “riso”. B) O fonema z

São escritos com S e não Z


ORTOGRAFIA OFICIAL.  Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: fre-
guês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta  Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, meta-
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem morfose.
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são  Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
grafados segundo acordos ortográficos. quiseste.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-  Nomes derivados de verbos com radicais termina-
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, dos em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / em-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é preender - empresa / difundir – difusão.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e,  Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
mologia (origem da palavra).  Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina
1. Regras ortográficas com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar –
pesquisar.
A) O fonema S
São escritos com Z e não S
São escritas com S e não C/Ç  Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de ad-
 Palavras substantivadas derivadas de verbos com jetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori-
pretensão / expandir - expansão / ascender - ascensão gem não termine com s): final - finalizar / concreto
/ inverter - inversão / aspergir - aspersão / submergir – concretizar.
- submersão / divertir - diversão / impelir - impulsivo  Consoante de ligação se o radical não terminar com
/ compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / con- Exceção: lápis + inho – lapisinho.
sentir – consensual.
C) O fonema j
LÍNGUA PORTUGUESA

São escritos com SS e não C e Ç


 Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi- São escritas com G e não J
nem em gred, ced, prim ou com verbos terminados  Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
por tir ou - meter: agredir - agressivo / imprimir - im- gesso.
pressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder  Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
- excesso / percutir - percussão / regredir - regressão  Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
/ oprimir - opressão / comprometer - compromisso / poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege,
submeter – submissão. foge.

6
Exceção: pajem.
#FicaDica
 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
litígio, relógio, refúgio. Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, ortografia de uma palavra, há a possibilidade
mugir. de consultar o Vocabulário Ortográfico da Lín-
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, gua Portuguesa (VOLP), elaborado pela Acade-
surgir. mia Brasileira de Letras. É uma obra de referên-
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical termi- cia até mesmo para a criação de dicionários,
nado com j: ágil, agente. pois traz a grafia atualizada das palavras (sem
o significado). Na Internet, o endereço é www.
São escritas com J e não G academia.org.br.
 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
boia, manjerona. 2. Informações importantes
 Palavras terminadas com aje: ultraje.
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
D) O fonema ch núncias diferentes para palavras com a mesma significação:
aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze, de-
São escritas com X e não CH pendurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, infarto/
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, relampejar/
xucro. relampear/relampar/relampadar.
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, la- Os símbolos das unidades de medida são escritos sem
gartixa. ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plural,
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. 120km/h.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
São escritas com CH e não X haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chas- 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
si, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. quatro segundos).
O símbolo do real antecede o número sem espaço:
E) As letras “e” e “i” R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
vertical ($).
 Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. Alguns Usos Ortográficos Especiais
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve- 1. Por que / por quê / porquê / porque
mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e
-uir: trai, dói, possui, contribui. POR QUE (separado e sem acento)

É usado em:
FIQUE ATENTO! 1. interrogações diretas (longe do ponto de interroga-
Há palavras que mudam de sentido quando ção) = Por que você não veio ontem?
substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
(superfície), ária (melodia) / delatar (denun- a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
ciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à tona), que faltara à aula ontem.
imergir (mergulhar) / peão (de estância, que 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = Ig-
anda a pé), pião (brinquedo). noro o motivo por que ele se demitiu.
LÍNGUA PORTUGUESA

POR QUÊ (separado e com acento)

Usos:
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = Você
faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê?

7
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) 4. Hífen

Usos: O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para


1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi-
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escrita dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos
(pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto final) (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a
= Compre agora, porque há poucas peças. translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se-
2. como conjunção subordinativa causal, substituível parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro).
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
que se antecipou. A) Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica:
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
1. Em palavras compostas por justaposição que formam
Usos: uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “razão” unem para formam um novo significado: tio-avô,
ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Geralmente porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel, se-
é precedido por artigo = Não sei o porquê da discussão. É gunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, pri-
uma pessoa cheia de porquês. meiro-ministro, azul-escuro.
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoo-
2. ONDE / AONDE lógicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbo-
ra-menina, erva-doce, feijão-verde.
Onde = empregado com verbos que não expressam a 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
ideia de movimento = Onde você está? cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número,
recém-casado.
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
que expressam movimento = Aonde você vai? mas exceções continuam por já estarem consagradas
pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-per-
3. MAU / MAL feito, pé-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa,
deus-dará.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se como 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-
qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um mau ele- -Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas com-
mento. binações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria,
Angola-Brasil, etc.
Mal = pode ser usado como 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, “logo per- quando associados com outro termo que é ini-
que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. ciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-ra-
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi cional, etc.
mal na prova? 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor,
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal não 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-
compensa. -natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- 10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático,
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hos-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São pitalar, super-homem.
Paulo: Saraiva, 2010. 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação termina com a mesma vogal do segundo elemento:
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-obser-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, vação, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira


Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
Saraiva, 2002.

SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
tografia

8
#FicaDica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Lembrete da Zê!
Ao separar palavras na translineação (mudan-
ça de linha), caso a última palavra a ser escrita 1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
seja formada por hífen, repita-o na próxima pe – 2013 – adaptada)
linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório e,
ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima linha A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatenados
escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos de co-
linhas). Devido à diagramação, pode ser que a municação, os quais são indispensáveis para que os sujeitos
repetição do hífen na translineação não ocorra do processo tomem conhecimento dos atos acontecidos no
em meus conteúdos, mas saiba que a regra é correr do procedimento e se habilitem a exercer os direitos
esta! que lhes cabem e a suportar os ônus que a lei lhes impõe.
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações).

B) Não se emprega o hífen: No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguintes.
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo ter- nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar o
mina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à demanda
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: e o trecho “tomem conhecimento dos atos acontecidos no
antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema,
correr do procedimento” fosse, por sua vez, substituído por
minissaia, microrradiografia, etc.
conheçam os atos havidos no transcurso do acontecimento.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo
termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
( ) CERTO ( ) ERRADO
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação,
autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, pluria-
Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a in-
nual, autoescola, infraestrutura, etc.
tenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a pri-
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
meira substituição fosse feita, o trecho estaria incorreto
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” ini-
gramatical e coerentemente. Portanto, nem há a neces-
cial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
sidade de avaliar a segunda substituição.
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
ção, coexistir, etc. ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
de composição: pontapé, girassol, paraquedas, para-
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
quedista, etc.
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
to, benquerer, benquerido, etc.
isso, vamos às regras!
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
1. Regras básicas
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
A acentuação tônica está relacionada à intensidade
pressuposto, propor.
com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso,
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-huma-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
no, super-realista, alto-mar.
intensidade, são denominadas de átonas.
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, antis-
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
séptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, ultras-
das como:
som, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, autoa-
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
juda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – papel
LÍNGUA PORTUGUESA

Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima sílaba:


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
SITE
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ortografia
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.

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2 Os acentos 2.2 Regras especiais

A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
“i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas le- abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
tras representam as vogais tônicas de palavras como de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além palavras paroxítonas.
da tonicidade, timbre aberto: herói – céu (ditongos
abertos).
B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras FIQUE ATENTO!
“a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fecha- Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos
do: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs. estiverem em uma palavra oxítona (herói) ou
C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a” monossílaba (céu) ainda são acentuados: dói,
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles escarcéu.
D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
mente abolido das palavras. Há uma exceção: é
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios Antes Agora
estrangeiros: mülleriano (de Müller)
E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam assembléia assembleia
vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã idéia ideia

2.1 Regras fundamentais geléia geleia


jibóia jiboia
A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas apóia (verbo apoiar) apoia
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu-
ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém. paranóico paranoico
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se- 2.3 Acento Diferencial
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se- Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
guidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas e/ou tempos verbais. Por exemplo:
terminadas em: Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
i, is: táxi – lápis – júri do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum tivo do mesmo verbo).
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – fór- Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
ceps terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Os demais casos de acento diferencial não são mais uti-
lizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substantivo),
#FicaDica pelo (preposição). Seus significados e classes gramaticais
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que são definidos pelo contexto.
esta palavra apresenta as terminações das Polícia para o trânsito para que se realize a operação
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, conjun-
inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará ção (com relação de finalidade).
mais fácil a memorização!

#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando a Quando, na frase, der para substituir o “por”
sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quan- por “colocar”, estaremos trabalhando com um
to à regra de acentuação: todas as proparoxítonas verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos, “por”
são acentuadas, independentemente de sua termi- é preposição: Faço isso por você. / Posso pôr
nação: árvore, paralelepípedo, cárcere. (colocar) meus livros aqui?

10
2.4 Regra do Hiato Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segunda vir). A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá acento: reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles
saída – faísca – baú – país – Luís obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm.
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estive- coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
rem seguidas do dígrafo nh: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
ra-i-nha, ven-to-i-nha. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem Paulo: Saraiva, 2010.
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando SITE
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas): http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.
htm
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Sauípe Sauipe
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Ces-
pe – 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido:
conformidade com a mesma regra ortográfica.

Antes Agora ( ) CERTO ( ) ERRADO


crêem creem
Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona ter-
lêem leem minada em ditongo / “história” - acentua-se a paroxíto-
vôo voo na terminada em ditongo
enjôo enjoo
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona ter-
minada em ditongo.
Observação: nestes casos, admitem-se as separações
#FicaDica
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxíto-
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos nas.
que, no plural, dobram o “e”, mas que não re-
cebem mais acento como antes: CRER, DAR, 2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
LER e VER. Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento
gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
Repare: ( ) CERTO ( ) ERRADO
O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
Elza lê bem! / Todas leem bem! Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os = proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma re-
garotos deem o recado! gra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”).
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem
tarde! acento gráfico com base na mesma regra de acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, gráfica.
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou
LÍNGUA PORTUGUESA

“i” não serão mais acentuadas: ( ) CERTO ( ) ERRADO

Antes Depois Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada em


apazigúe (apaziguar) apazigue ditongo; diária = paroxítona terminada em ditongo; pa-
ciência = paroxítona terminada em ditongo. Os três vo-
averigúe (averiguar) averigue cábulos são acentuados devido à mesma regra.
argúi (arguir) argui

11
4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As Não me esqueço da viagem a Roma.
palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com a Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
mesma regra de acentuação gráfica. mais vividos.
Nas situações em que o nome geográfico se apresentar
( ) CERTO ( ) ERRADO modificado por um adjunto adnominal, a crase está con-
firmada.
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em “o”; Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
só = monossílaba terminada em “o”; céu = monossílaba praias.
terminada em ditongo aberto “éu”.

#FicaDica
EMPREGO DA CRASE. Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra
Crase quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro- Quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá
nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com crase. Veja:
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais). Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que,
Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às Irei à Salvador de Jorge Amado.
quais.
O uso do acento indicativo de crase está condicionado A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no- aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido. gente exigir complemento regido da preposição “a”.
Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige Entregamos a encomenda àquela menina.
complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido (preposição + pronome demonstrativo)
é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s). Iremos àquela reunião.
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- (preposição + pronome demonstrativo)
tratada recentemente.
Após a junção da preposição com o artigo (destacados Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian-
entre parênteses), temos: ça. (àquelas que eu ouvia quando criança)
(preposição + pronome demonstrativo)
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada
recentemente.
A letra “a” que acompanha locuções femininas (adver-
biais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento grave:
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, classi-
 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
fica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referimos
pressas, à vontade...
a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o
 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome
cura de...
demonstrativo aquela (àquela).  locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
Observações importantes: Cuidado: quando as expressões acima não exercerem a
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns: Eu adoro a noite!
 Substitui-se a palavra feminina por uma masculina Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
crase está confirmada. preposição.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os dados foram solicitados à diretora.


Os dados foram solicitados ao diretor. Casos passíveis de nota:
 No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na  A crase é facultativa diante de nomes próprios femi-
expressão “voltar da”, há a confirmação da crase. ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Faremos uma visita à Bahia.  Também é facultativa diante de pronomes possessi-
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) vos femininos: O diretor fez referência a (à) sua em-
presa.

12
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fi-  Não ocorre crase antes de pronomes que requerem
cará aberta até as (às) dezoito horas. o uso do artigo.
 Constata-se o uso da crase se as locuções preposi- Os livros foram entregues a mim.
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se im- Dei a ela a merecida recompensa.
plícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Tenho
compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à moda  Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
de Luís XV) à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad- uso da crase está confirmado no “a” que os antecede,
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, obser- no caso de o termo regente exigir a preposição.
vamos a queima de fogos a distância. Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma  Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi em sentido genérico ou indeterminado:
arremessado à distância de cem metros. Estamos sujeitos a críticas.
Refiro-me a conversas paralelas.
 De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
-, faz-se necessário o emprego da crase. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ensino à distância. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Ensino a distância. coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
 Em locuções adverbiais formadas por palavras repe- Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
tidas, não há ocorrência da crase. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Ela ficou frente a frente com o agressor. Paulo: Saraiva, 2010.
Eu o seguirei passo a passo.
SITE
Casos em que não se admite o emprego da crase: http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
html
Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Antes de verbos no infinitivo.
Ele estava a cantar. 1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Ces-
Começou a chover. pe – 2014 – adaptada) O acento indicativo de crase em
“à humanidade e à estabilidade” é de uso facultativo, razão
Antes de numeral. por que sua supressão não prejudicaria a correção grama-
O número de aprovados chegou a cem. tical do texto.
Faremos uma visita a dez países.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Observações:
 Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Resposta: Errado. Retomemos o contexto: (...) O uso in-
nando como uma locução adverbial feminina – ocor- devido de drogas constitui, na atualidade, séria e persis-
rerá crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. tente ameaça à humanidade e à estabilidade das estrutu-
 Diante de numerais ordinais femininos a crase está ras e valores políticos (...).
confirmada, visto que estes não podem ser empre- O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já que
gados sem o artigo: As saudações foram direcionadas os termos “humanidade” e “estabilidade” complemen-
à primeira aluna da classe. tam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?” = a
 Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando regência nominal pede preposição.
essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
dos exaustos a casa. 2. (TCE-PA – Conhecimentos Básicos – AUDITOR DE
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto adno- CONTROLE EXTERNO – EDUCACIONAL – Cespe –
minal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaustos 2016)
à casa de Marcela.
LÍNGUA PORTUGUESA

Texto CB1A1BBB
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa- Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com o
ram a terra, já era noite. funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que es-
Contudo, se o termo estiver precedido por um determi- touraram o limite de gastos com pessoal fixado pela Lei
nante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Respon-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. sabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria legis-
O astronauta voltou à Terra. lação destinada a assegurar, como alegam, maior rigor na

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gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de respon- Resposta: Errado. “deu início à sua caminhada cósmi-
sabilidade fiscal para, segundo argumentam, fortalecer a ca” – o uso do acento indicativo de crase, neste caso, é
estrutura legal que protege o dinheiro público do mau uso facultativo (antes de pronome possessivo).
por gestores irresponsáveis.
Examinando-se a situação financeira dos estados que pre-
param sua versão da lei de responsabilidade fiscal, fica di- PONTUAÇÃO.
fícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, quando
entrou em vigor a LRF, esses estados, como os demais,
estão sujeitos a regras precisas para a gestão do dinheiro Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
público, para a criação de despesas e, em particular, para servem para compor a coesão e a coerência textual, além
os gastos com pessoal. Por que, tendo descumprido al- de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
gumas dessas regras, estariam interessados em torná-las Um texto escrito adquire diferentes significados quando
ainda mais rigorosas? pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis pelo depende, em certos momentos, da intenção do autor do
dinheiro público que, por alguma razão, não a cumpriram. discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente
De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa, se nem relacionados ao contexto e ao interlocutor.
nas condições atuais esses responsáveis estão sendo ca-
pazes de cumpri-la? O problema não está na lei. Mudá-la 1. Principais funções dos sinais de pontuação
pode ser o pretexto não para torná-la mais rigorosa, mas
para atribuir-lhe alguma flexibilidade que a desfigure. O A) Ponto (.)
verdadeiro problema é a dificuldade do setor público de  Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
adaptar suas despesas às receitas em queda por causa da cerrando o período.
crise.  Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adapta- período, este não receberá outro ponto; neste caso,
ções). o ponto de abreviatura marca, também, o fim de
período. Exemplo: Estudei português, matemárica,
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da constitucional, etc. (e não “etc..”)
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo defi-  Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
nido feminino determinando o substantivo “receitas”. ponto, assim como após o nome do autor de uma
citação:
( ) CERTO ( ) ERRADO Haverá eleições em outubro
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão
Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di- Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às  Os números que identificam o ano não utilizam pon-
receitas em queda por causa da crise = quem adapta, to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os
adapta algo/alguém A algo/alguém. números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.

3. (Fnde – Técnico em Financiamento e Execução de B) Ponto e Vírgula (;)


Programas e Projetos Educacionais – cespe – 2012)  Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
O emprego do sinal indicativo de crase em “adequando importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os
os objetivos às necessidades” justifica-se pela regência do ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos genero-
verbo adequar, que exige complemento regido pela pre- sos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão
posição “a”, e pela presença de artigo definido feminino pelo pão a alma...” (VIEIRA)
antes de “necessidades”.  Separa partes de frases que já estão separadas por
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros,
( ) CERTO ( ) ERRADO montanhas, frio e cobertor.
 Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
Resposta: Certo. Adequar o quê? – os objetivos (objeto tivos, decreto de lei, etc.
direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) necessida- Ir ao supermercado;
des – objeto indireto. A explicação do enunciado está Pegar as crianças na escola;
LÍNGUA PORTUGUESA

correta. Caminhada na praia;


Reunião com amigos.
4. (Tribunal de Justiça-se – Técnico Judiciário – cespe
– 2014 – adaptada) No trecho “deu início à sua cami- C) Dois pontos (:)
nhada cósmica”, o emprego do acento grave indicativo de  Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Cou-
crase é obrigatório. tinho trata este assunto:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agradam:
( ) CERTO ( ) ERRADO chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.

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 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es- 2. Para marcar inversão:
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
rotina de sempre. A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
 Em frases de estilo direto Depois das sete horas, todo o comércio está de portas
Maria perguntou: fechadas.
- Por que você não toma uma decisão? B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
D) Ponto de Exclamação (!)
 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me casar maio de 1982.
com você!
 Depois de interjeições ou vocativos 3. Para separar entre si elementos coordenados (dis-
Ai! Que susto! postos em enumeração):
João! Há quanto tempo! Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
E) Ponto de Interrogação (?)
 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. 4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós quere-
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze- mos comer pizza; e vocês, churrasco.
vedo)
5. Para isolar:
F) Reticências (...)
 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá- A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasi-
pis, canetas, cadernos... leira, possui um trânsito caótico.
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
dizer... é verdad... Ah!”
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este Observações:
mal... pega doutor? Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa, latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dis-
depois, o coração falar... pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc.
predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.
G) Vírgula (,)
As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
Não se usa vírgula
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você
Separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
falou isso para ela?!
gam-se diretamente entre si:
Temos, ainda, sinais distintivos:
1. Entre sujeito e predicado:
 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), separa-
Todos os alunos da sala foram advertidos.
ção de siglas (IOF/UPC);
Sujeito predicado  os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
2. Entre o verbo e seus objetos: opção aos parênteses, principalmente na matemáti-
O trabalho custou sacrifício aos realiza- ca;
dores.  o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
V.T.D.I. O.D. O.I. nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um
nome que não se quer mencionar.
Usa-se a vírgula:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Para marcar intercalação: Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- Paulo: Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

dância, vem caindo de preço. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- SITE
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
não querem abrir mão dos lucros altos. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.
htm

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2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária –
Cespe – 2017 – adaptada)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Texto 1A1AAA
1. (STJ – Conhecimentos Básicos para o Cargo 1 –
Cespe – 2018 – adaptada) Após o processo de redemocratização, com o fim da ditadu-
ra militar, em meados da década de 80 do século passado,
Texto CB1A1CCC era de se esperar que a democratização das instituições ti-
vesse como resultado direto a consolidação da cidadania —
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes reve- compreendida de modo amplo, abrangendo as três catego-
laram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram rela- rias de direitos: civis, políticos e sociais. Sobressaem, porém,
tos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam da problemas que configuram mais desafios para a cidadania
cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha cadeira brasileira, como a violência urbana — que ameaça os direi-
de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos sofridos, tos individuais — e o desemprego — que ameaça os direitos
aflitos. As angústias dos que se sentavam à minha frente, sociais.
por diversas vezes, me escoltaram até minha casa e pas- No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir de
saram a ser companheiras de noites de insônia. Não ha- 1980, impacto do processo de modernização pelo qual o
via outra solução a não ser escrever. Era preciso colocar no país passou. Isso sugere que o boom do consumo colocou
papel e compartilhar a dor daquelas pessoas que, mesmo em circulação bens de alto valor e, consequentemente, au-
ao fim do processo e com a sentença prolatada, não me mentou as oportunidades para o crime, inclusive porque
deixavam esquecê-las. a maior mobilidade de pessoas torna o espaço social mais
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas, anônimo, menos supervisionado.
esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co- Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de casa. dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. O
O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas mu- objetivo em relação à criminalidade torna-se bem menos
lheres, havia se transformado no pior dos mundos. ambicioso: o controle. A prisão ganha mais importância na
modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla necessidade
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sentavam
dessa nova cultura: castigo e controle do risco. Essa postura
à minha frente, os relatos se transformavam em desabafos
às vezes proporciona controle, porém não segurança, pois o
de uma vida inteira. Era preciso explicar, justificar e muitas
Estado tem o poder limitado de manter a ordem por meio
vezes se culpar por terem sido agredidas. A culpa por ter
da polícia, sendo necessário dividir as tarefas de controle
sido vítima, a culpa por ter permitido, a culpa por não ter
com organizações locais e com a comunidade.
sido boa o suficiente, a culpa por não ter conseguido man-
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pública
ter a família. Sempre a culpa. e garantia dos direitos individuais: os desafios da polícia em
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for- sociedades democráticas. In: Revista Brasileira de Segurança
ça externa como se somente nós, juízes, promotores e ad- Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. 84-5
vogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo de (com adaptações).
violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela vio-
lência invisível. No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos in-
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias troduzem
além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com
adaptações). a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
b) resultados da “consolidação da cidadania”.
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen- c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
tido de “nós”. algo “amplo”.
d) uma generalização do termo “direitos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO e) objetivos do “processo de redemocratização”.

Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che-


gavam à Justiça buscando uma força externa como se so- Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso SEM-
mente nós, juízes, promotores e advogados, pudéssemos PRE durante seu concurso. O texto é a base para encon-
não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os ter- trar as respostas para as questões!): (...) abrangendo as três
LÍNGUA PORTUGUESA

mos entre vírgulas servem para exemplificar quem são categorias de direitos: civis, políticos e sociais. Os dois-pon-
os “nós” citados pela autora ( juízes, promotores, advo- tos introduzem a enumeração dos direitos; apresenta-os.
gados).
3. (Aneel – Técnico Administrativo – cespe – 2010)
Vão surgindo novos sinais do crescente otimismo da in-
dústria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se
às exportações. “O comércio mundial já está voltando a se
abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de pesqui-

16
sas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da 1. Concordância Verbal
Fonseca, para explicar a melhora das expectativas dos indus-
triais com relação ao mercado externo. É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria não seu sujeito.
se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois elas já
eram francamente otimistas. Há algum tempo, a pesquisa da 1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
CNI, realizada mensalmente a partir de 2010, registra grande O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
otimismo da indústria com relação à demanda interna. Tra- em número e pessoa. Veja os exemplos:
ta-se de um sentimento generalizado. Em todos os setores A prova para ambos os cargos será aplicada
industriais, a expressiva maioria dos entrevistados acredita às 13h.
no aumento das vendas internas. 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).

O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas por Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
tratar-se de um vocativo. 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural

( ) CERTO ( ) ERRADO 1.1.1. Casos Particulares

Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de A) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade
gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio- de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...)
nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar a seguida de um substantivo ou pronome no plural, o
melhora das expectativas. O termo em destaque não está verbo pode ficar no singular ou no plural.
exercendo a função de vocativo, já que não é utilizado A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
para evocar, chamar o interlocutor do diálogo. Sua função Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
é de aposto – explicar quem é o gerente executivo da CNI. proposta.

4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho – Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do trecho dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
“Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as mais co- los destruiu / destruíram o monumento.
muns em todo o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse
uma vírgula logo após a palavra “vinhos”. Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a uni-
( ) CERTO ( ) ERRADO dade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos
elementos que formam esse conjunto.
Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre sujei-
to e predicado, a não ser que se trate de um aposto (1), B) Quando o sujeito é formado por expressão que indi-
predicativo do sujeito (2), ou algum termo que requeira ca quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos
estar separado entre pontuações. Exemplo: O Rio de Ja- de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o
neiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os meninos, verbo concorda com o substantivo.
ansiosos (2), chegaram! Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL. Olimpíadas.

Observação:
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos que
Concordância Verbal e Nominal exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais de um co-
lega se ofenderam na discussão. (ofenderam um ao outro)
Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos. C) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
ral, a concordância deve ser feita levando-se em con-
LÍNGUA PORTUGUESA

No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na ter- ta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o
ceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, os verbo deve ficar no singular; com artigo no plural, o
concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreensivos” verbo deve ficar o plural.
está concordando em gênero (masculino) e número (plural) Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
com o substantivo a que se refere: concurseiros. Nesses dois Estados Unidos possui grandes universidades.
exemplos, as flexões de pessoa, número e gênero se corres- Alagoas impressiona pela beleza das praias.
pondem. A correspondência de flexão entre dois termos é a As Minas Gerais são inesquecíveis.
concordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

17
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou  Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de singular:
vós”, o verbo pode concordar com o primeiro prono- Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
me (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome Nem uma das que me escreveram mora aqui.
pessoal.
Quais de nós são / somos capazes?  Quando “um dos que” vem entremeada de substan-
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? tivo, o verbo pode:
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
vadoras. o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que
faça o mesmo).
Observação: 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a in-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma
clusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou
condição).
escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”,
ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e nada
fizeram”, frase que soa como uma denúncia. verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Vossa Excelência está cansado?
no singular, o verbo ficará no singular. Vossas Excelências renunciarão?
Qual de nós é capaz?
Algum de vós fez isso. I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
acordo com o numeral.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Deu uma hora no relógio da sala.
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo Deram cinco horas no relógio da sala.
deve concordar com o substantivo. Soam dezenove horas no relógio da praça.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Baterão doze horas daqui a pouco.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. Observação:
1% do eleitorado aceita a mudança. Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
1% dos alunos faltaram à prova. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
 Quando a expressão que indica porcentagem não é Soa quinze horas o relógio da matriz.
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com
o número. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
25% querem a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular.
1% conhece o assunto. São verbos impessoais: Haver no sentido de existir;
Fazer indicando tempo; Aqueles que indicam fenô-
 Se o número percentual estiver determinado por menos da natureza. Exemplos:
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á Havia muitas garotas na festa.
com eles: Faz dois meses que não vejo meu pai.
Os 30% da produção de soja serão exportados.
Chovia ontem à tarde.
Esses 2% da prova serão questionados.
1.2. Sujeito Composto
F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
singular. A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Fui eu que paguei a conta. a concordância se faz no plural:
Fomos nós que pintamos o muro. Pai e filho conversavam longamente.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. Sujeito
Sou eu quem faz a prova.
LÍNGUA PORTUGUESA

Não serão eles quem será aprovado. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Sujeito
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
mir a forma plural. B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encanta- maticais diferentes, a concordância ocorre da se-
ram os poetas. guinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
Este candidato é um dos que mais estudaram! prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua
vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:

18
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão. Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
Primeira Pessoa do Plural (Nós) no singular.

Tu e teus irmãos tomareis a decisão.  Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem
Segunda Pessoa do Plural (Vós) outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
Um ou outro compareceu à festa.
Pais e filhos precisam respeitar-se. Nem um nem outro saiu do colégio.
Terceira Pessoa do Plural (Eles)
 Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
Observação: no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é  Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar cebem um mesmo grau de importância e a palavra
de “tomaríeis”.
“com” tem sentido muito próximo ao de “e”.
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
O pai com o filho montaram o brinquedo.
passa a existir uma nova possibilidade de concor-
O governador com o secretariado traçaram os planos
dância: em vez de concordar no plural com a tota-
para o próximo semestre.
lidade do sujeito, o verbo pode estabelecer concor-
dância com o núcleo do sujeito mais próximo. O professor com o aluno questionaram as regras.
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência. Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
Compareceram todos os candidatos e o banca. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Compareceu o banca e todos os candidatos. O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos para
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân- o próximo semestre.
cia é feita no plural. Observe: O professor com o aluno questionou as regras.
Abraçaram-se vencedor e vencido.
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expressões
1.2.1. Casos Particulares “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos adver-
biais de companhia. Na verdade, é como se houvesse uma
 Quando o sujeito composto é formado por núcleos inversão da ordem. Veja:
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no sin- “O pai montou o brinquedo com o filho.”
gular. “O governador traçou os planos para o próximo semes-
Descaso e desprezo marca seu comportamento. tre com o secretariado.”
A coragem e o destemor fez dele um herói. “O professor questionou as regras com o aluno.”

 Quando o sujeito composto é formado por núcleos Casos em que se usa o verbo no singular:
dispostos em gradação, verbo no singular: Café com leite é uma delícia!
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- O frango com quiabo foi receita da vovó.
do me satisfaz.
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expres-
 Quando os núcleos do sujeito composto são unidos
sões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não somen-
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de
te”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, o verbo
acordo com o valor semântico das conjunções:
ficará no plural.
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe-
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. Nordeste.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- tícia.
LÍNGUA PORTUGUESA

ção”. Já em:
Juca ou Pedro será contratado. Quando os elementos de um sujeito composto são re-
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpía- sumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
da. feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
na vida das pessoas.

19
1.2.2 Outros Casos B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente,
O Verbo e a Palavra “SE” com o que estiver no plural:
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas Os livros são minha paixão!
de particular interesse para a concordância verbal: Minha paixão são os livros!
A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
B) quando é partícula apassivadora. Quando o verbo SER indicar
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e  horas e distâncias, concordará com a expressão nu-
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter- mérica:
ceira pessoa do singular: É uma hora.
Precisa-se de funcionários. São quatro horas.
Confia-se em teses absurdas. Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme-
tros.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver-
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos  datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o estar expressa ou subentendida:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos:
Construiu-se um posto de saúde. Hoje é dia 26 de agosto.
Construíram-se novos postos de saúde. Hoje são 26 de agosto.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas.  Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade
e for seguido de palavras ou expressões como pouco,
#FicaDica muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no
singular:
Para saber se o “se” é partícula apassivadora Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra- Duas semanas de férias é muito para mim.
se construída for “compreensível”, estaremos
diante de uma partícula apassivadora; se não,  Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
o “se” será índice de indeterminação. Veja: for pronome pessoal do caso reto, com este concor-
Precisa-se de funcionários qualificados. dará o verbo.
Tentemos a voz passiva: No meu setor, eu sou a única mulher.
Funcionários qualificados são precisados (ou Aqui os adultos somos nós.
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
tacado é índice de indeterminação do sujeito. Observação:
Agora: Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
Vendem-se casas. sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com o
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção pronome sujeito.
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi- Eu não sou ela.
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva. Ela não é eu.
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan-
ça? Agora é só memorizar!)  Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o
verbo SER concordará com o predicativo.
O Verbo “Ser” A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- O Verbo “Parecer”
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução ver-
sujeito. bal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
LÍNGUA PORTUGUESA

 Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona


Quando o sujeito ou o predicativo for: o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.

A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER  A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
concorda com a pessoa gramatical: sofre flexão:
Ele é forte, mas não é dois. As crianças parece gostarem do desenho.
Fernando Pessoa era vários poetas. (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho aas
A esperança dos pais são eles, os filhos. crianças)

20
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
FIQUE ATENTO! O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER vo não for acompanhado de nenhum modificador:
fica no singular. Por exemplo: As paredes pa- Água é bom para saúde.
rece que têm ouvidos. (Parece que as paredes O adjetivo concorda com o substantivo, se este for mo-
têm ouvidos = oração subordinada substantiva dificado por um artigo ou qualquer outro determinativo:
subjetiva). Esta água é boa para saúde.

D) O adjetivo concorda em gênero e número com os


pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
Concordância Nominal trou-as muito felizes.

A concordância nominal se baseia na relação entre no- E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
mes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes DE + adjetivo, este último geralmente é usado no
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: masculino singular: Os jovens tinham algo de miste-
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um rioso.
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal. F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun-
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a
seguintes regras gerais: que se refere:
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando Cristina saiu só.
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas Cristina e Débora saíram sós.
denunciavam o que sentia.
Observação:
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
concordância pode variar. Podemos sistematizar essa nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
flexão nos seguintes casos: Eles só desejam ganhar presentes.

 Adjetivo anteposto aos substantivos:


O adjetivo concorda em gênero e número com o subs- #FicaDica
tantivo mais próximo.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
Encontramos caída a roupa e os prendedores. a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se
Encontramos caído o prendedor e a roupa. de advérbio, portanto, invariável; se houver
coerência com o segundo, função de adjetivo,
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa- então varia:
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. Ele está só descansando. (apenas descansando)
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. - advérbio

 Adjetivo posposto aos substantivos: Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula de-
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo pois de “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
ou com todos eles (assumindo a forma masculina Ele está só, descansando. (ele está sozinho e des-
plural se houver substantivo feminino e masculino). cansando)
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. G) Quando um único substantivo é modificado por dois
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as
construções:
Observação:  O substantivo permanece no singular e coloca-se
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
LÍNGUA PORTUGUESA

pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois espanhola e a portuguesa.
substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado no  O substantivo vai para o plural e omite-se o arti-
plural masculino, que é o gênero predominante quando há go antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola
substantivos de gêneros diferentes. e portuguesa.
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adje-
tivo fica no singular ou plural.
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).

21
1. Casos Particulares
#FicaDica
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
saberei que se trata de um advérbio, não de
 Estas expressões, formadas por um verbo mais um adjetivo: “A candidata está um pouco nervosa”.
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
referem possuir sentido genérico (não vier precedido
Alerta - Menos
de artigo).
É proibido entrada de crianças.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
Em certos momentos, é necessário atenção.
sempre invariáveis.
No verão, melancia é bom.
Os concurseiros estão sempre alerta.
É preciso cidadania.
Não queira menos matéria!
Não é permitido saída pelas portas laterais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
verbo como o adjetivo concordam com ele.
Paulo: Saraiva, 2010.
É proibida a entrada de crianças.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Esta salada é ótima.
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
A educação é necessária.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
São precisas várias medidas na educação.
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
SITE
te
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e núme-
ro com o substantivo ou pronome a que se referem.
Seguem anexas as documentações requeridas. EXERCÍCIOS COMENTADOS
A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Muito obrigadas, disseram as senhoras.
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
Seguem inclusos os papéis solicitados.
pe – 2013) Formas de tratamento como Vossa Excelência
Estamos quites com nossos credores.
e Vossa Senhoria, ainda que sejam empregadas sempre na
segunda pessoa do plural e no feminino, exigem flexão
Bastante - Caro - Barato - Longe
verbal de terceira pessoa; além disso, o pronome possessi-
vo que faz referência ao pronome de tratamento também
Estas palavras são invariáveis quando funcionam como
deve ser o de terceira pessoa, e o adjetivo que remete ao
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan-
pronome de tratamento deve concordar em gênero e nú-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu-
mero com a pessoa — e não com o pronome — a que se
merais.
refere.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro-
( ) CERTO ( ) ERRADO
nome adjetivo)
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordâncias
As casas estão caras. (adjetivo)
verbal e nominal ao se utilizar pronome de tratamento
Achei barato este casaco. (advérbio)
devem ser na terceira pessoa e concordar em gênero
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
(masculino ou feminino) com a pessoa a quem se di-
rige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – concordará
Meio - Meia
com quem está se falando: uma mulher ou um homem /
“Vossa Santidade trouxe seus pertences?” / “Vossas Se-
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
nhorias gostariam de um café?”.
LÍNGUA PORTUGUESA

concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi


meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece invariá-
vel: A candidata está meio nervosa.

22
2. (Prefeitura de São Luís-MA – Conhecimentos Bá- 3. (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-
sicos Cargos de Técnico Municipal – Nível Médio – mércio Exterior – Analista Técnico Administrativo –
Cespe – 2017) cespe – 2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita
com os resultados das negociações”, o adjetivo estará cor-
Texto CB3A2BBB retamente empregado se dirigido a ministro de Estado do
sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve concordar
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos es- com a locução pronominal de tratamento “Vossa Excelên-
tão na base das Constituições democráticas modernas. A cia”.
paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o reco-
nhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos em ( ) CERTO ( ) ERRADO
cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo tempo,
o processo de democratização do sistema internacional, Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for
que é o caminho obrigatório para a busca do ideal da paz do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto; mas,
perpétua, não pode avançar sem uma gradativa ampliação se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá flexão de
do reconhecimento e da proteção dos direitos humanos, gênero: satisfeito. O pronome de tratamento é apenas a
acima de cada Estado. Direitos humanos, democracia e paz maneira como tratar a autoridade, não regendo as de-
são três elementos fundamentais do mesmo movimento mais concordâncias.
histórico: sem direitos humanos reconhecidos e protegi-
dos, não há democracia; sem democracia, não existem as 4. (Abin – Agente Técnico de Inteligência – cespe –
condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos. 2010 – adaptada) (...) Da combinação entre velocidade,
Em outras palavras, a democracia é a sociedade dos cida- persistência, relevância, precisão e flexibilidade surge a no-
dãos, e os súditos se tornam cidadãos quando lhes são ção contemporânea de agilidade, transformada em principal
reconhecidos alguns direitos fundamentais; haverá paz es- característica de nosso tempo.
tável, uma paz que não tenha a guerra como alternativa, A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramatical
somente quando existirem cidadãos não mais apenas des- para o texto, ser flexionada no plural, para concordar com
te ou daquele Estado, mas do mundo. “velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilida-
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson de”
Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adapta-
ções). ( ) CERTO ( ) ERRADO

Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A2BBB, Resposta: Errado. O verbo está concordando com o ter-
os termos “não há” e “não existem” poderiam ser substituí- mo “combinação”, por isso deve ficar no singular.
dos, respectivamente, por
a) não existe e não têm.
b) não existe e inexiste. 5. (Tribunal de Contas do Distrito Federal-df – Co-
c) inexiste e não há. nhecimentos BÁSICOS – ANALISTA DE ADMINIS-
d) inexiste e não acontece. TRAÇÃO PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – cespe – 2014
e) não tem e não têm. – adaptada) (...) Há décadas, países como China e Índia
têm enviado estudantes para países centrais, com resultados
Resposta: Letra C. muito positivos.(...)
Busquemos o contexto: A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída
- sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não por Fazem.
há democracia = poderíamos substituir por “não exis-
te”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sentido ( ) CERTO ( ) ERRADO
de “existir”)
- sem democracia, não existem as condições mínimas Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empregado
para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis- no sentido de tempo passado, não sofre flexão. Portan-
tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural, já to, sua forma correta seria: “faz décadas”.
que devemos concordar com “as condições mínimas”. A
única “troca” adequada seria o verbo “haver” – que pode
ser utilizado com o sentido de “existir”. Teríamos: sem
LÍNGUA PORTUGUESA

direitos humanos reconhecidos e protegidos, inexiste de-


mocracia; sem democracia, não há as condições mínimas
para a solução pacífica dos conflitos.

23
Fui ao teatro.
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Comparecer
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome em ou a.
(regência nominal) e seus complementos. Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl-
timo jogo.
1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
B) Verbos Transitivos Diretos
A regência verbal estuda a relação que se estabelece
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- Os verbos transitivos diretos são complementados por
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
o que corresponde à diversidade de significados que estes gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
forem empregados. podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
tentar. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
do ou prazer”, satisfazer. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
dar a alguém”. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
O conhecimento do uso adequado das preposições é eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- como o verbo amar:
do dito. Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Cheguei ao metrô. Amo aquela moça. / Amo-a.
Cheguei no metrô. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. Observação:
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
A voluntária distribuía leite às crianças. para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos ad-
A voluntária distribuía leite com as crianças. nominais):
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial).
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos C) Verbos Transitivos Indiretos
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes Os verbos transitivos indiretos são complementados
formas em frases distintas. por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
A) Verbos Intransitivos regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são
LÍNGUA PORTUGUESA

Os verbos intransitivos não possuem complemento. É o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re-
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos
Chegar, Ir de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- lhe, lhes.
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
indicar destino ou direção são: a, para.

24
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Na utilização de pronomes como complementos, veja
as construções:
Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos. bre eles)

Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen- Observação:


tos introduzidos pela preposição “a”: A mesma regência do verbo informar é usada para os
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Comparar
Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
quem” ou “ao que” se responde. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondi ao meu patrão. uma criança.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura. Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
Observação: forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan- pessoa.
do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
analítica: Pedi-lhe favores.
O questionário foi respondido corretamente. Objeto Indireto Objeto Direto
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Objeto Indireto Oração Subordinada Substan-
tos introduzidos pela preposição “com”.
tiva Objetiva Direta
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
A construção “pedir para”, muito comum na linguagem
nam para uma minoria privilegiada.
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta.
No entanto, é considerada correta quando a palavra licença
D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
estiver subentendida.
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta-
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
indireto relacionado a pessoas. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).

Agradeço aos ouvintes a audiência. Preferir


Objeto Indireto Objeto Direto Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indi-
reto introduzido pela preposição “a”:
Paguei o débito ao cobrador. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Objeto Direto Objeto Indireto Prefiro trem a ônibus.

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Observação:


com particular cuidado: Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
Agradeci o presente. / Agradeci-o. termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes,
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. existente no próprio verbo (pre).
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as. Mudança de Transitividade - Mudança de Significado
LÍNGUA PORTUGUESA

Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.


Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi-
Informar dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen-
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin-
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. guístico muito importante, pois além de permitir a correta
Informe os novos preços aos clientes. interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, es-
preços) tão:

25
Agradar Custar
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
acariciar, fazer as vontades de. ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas
Sempre agrada o filho quando. e verduras não deveriam custar muito.
Aquele comerciante agrada os clientes.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido duzida de infinitivo.
pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes. Muito custa viver tão longe da família.
O cantor não lhes agradou. Verbo Intransitivo Oração Subordinada
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: O
cantor desagradou à plateia. Custou-me (a mim) crer nisso.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Aspirar tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o
ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) A Gramática Normativa condena as construções que
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como pessoa: Custei para entender o problema.
ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspirávamos a = Forma correta: Custou-me entender o problema.
ele)
Implicar
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, as Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são utilizadas,
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. Veja o exem-
implicavam um firme propósito.
plo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
B) ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
Assistir
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar as-
Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
sistência a, auxiliar.
envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econô-
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. micas.

Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
estar presente, caber, pertencer. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
Assistimos ao documentário. não trabalhasse arduamente.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino. Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intransi- anos.
tivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar in-
troduzido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada Obedecer - Desobedecer
cidade. Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.
Chamar Ninguém desobedece às leis.
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar
a atenção ou a presença de. Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá chamá-la. “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Proceder
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresen- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
LÍNGUA PORTUGUESA

tar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo pre- cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
posicionado ou não. segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto
A torcida chamou o jogador mercenário. adverbial de modo.
A torcida chamou ao jogador mercenário. As afirmações da testemunha procediam, não havia
A torcida chamou o jogador de mercenário. como refutá-las.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Você procede muito mal.
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.

26
Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.

Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto
brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

2 Regência Nominal
LÍNGUA PORTUGUESA

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

27
Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será comple-
tiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralela-
mente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LÍNGUA PORTUGUESA

Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

28
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais
EXERCÍCIO COMENTADO (sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe sentido global:
– 2014 – adaptada) A) frases interrogativas = o emissor da mensagem for-
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e mula uma pergunta: Que dia é hoje?
persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das es- B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz
truturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais um pedido: Dê-me uma luz!
de todos os Estados e sociedades. Suas consequências in- C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um esta-
fligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e do afetivo: Que dia abençoado!
não são detidas por fronteiras: avançam por todos os cantos D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
da sociedade e por todos os espaços geográficos, afetan- prova será amanhã.
do homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, inde-
pendentemente de classe social e econômica ou mesmo de Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
idade. Questão de relevância na discussão dos efeitos adver-
sujeito e predicado.
sos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico de
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente de cará-
em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
ter transnacional — com a criminalidade e a violência. Esses tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
social e econômica interna, devendo o governo adotar uma que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
postura firme de combate ao tráfico de drogas, articulando- a declaração do que se atribui ao sujeito.
-se internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar Quando o núcleo da declaração está no verbo (que indi-
e otimizar seus mecanismos de prevenção e repressão e ga- que ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signifi-
rantir o envolvimento e a aprovação dos cidadãos. cativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>. em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
“com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
vocábulo “conexos”. (predicado verbal)
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o núcleo
( ) CERTO ( ) ERRADO é “fácil” (predicado nominal)
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância na por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas completo. O período pode ser simples ou composto.
é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes
conexos — geralmente de caráter transnacional — com a Período simples é aquele constituído por apenas uma
criminalidade e a violência. oração, que recebe o nome de oração absoluta.
O termo está se referindo à associação – associação do Chove.
tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminalida- A existência é frágil.
de (2) (associação daquilo [1] com isso [2]) Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.

Período composto é aquele constituído por duas ou


mais orações:
RELAÇÕES SINTÁTICO-SEMÂNTICO- Cantei, dancei e depois dormi.
DISCURSIVAS NO PROCESSO Quero que você estude mais.
ARGUMENTATIVO.
1.1. Termos da Oração

1.1.1 Termos essenciais


Frase, oração e período
LÍNGUA PORTUGUESA

O sujeito e o predicado são considerados termos essen-


1. Sintaxe da Oração e do Período
ciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis para a
formação das orações. No entanto, existem orações forma-
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para das exclusivamente pelo predicado. O que define a oração
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por é a presença do verbo. O sujeito é o termo que estabelece
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- concordância com o verbo.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou O candidato está preparado.
muito ontem à noite. Os candidatos estão preparados.

29
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candidato” Mas:
é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, denomi- Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
nada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, es- Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
tabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo no
singular: candidato = está). O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
A função do sujeito é basicamente desempenhada por ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora- refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
palavras substantivadas (derivação imprópria) também po- Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina-
dem exercer a função de sujeito. do de duas maneiras:
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
tantivo) A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
plo: substantivo) Bateram à porta;
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do nistro.
sujeito.
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples ou
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado composto:
pode ser simples ou composto. Os meninos bateram à porta. (simples)
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
possível identificar claramente a que se refere a concor-
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
Estão gritando seu nome lá fora. verbos que não apresentam complemento direto:
Trabalha-se demais neste lugar. Precisa-se de mentes criativas.
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- Vivia-se bem naqueles tempos.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Trata-se de casos delicados.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Sempre se está sujeito a erros.
sublinhei os núcleos dos sujeitos:
Nós estudaremos juntos. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
A humanidade é frágil. indeterminação do sujeito.
Ninguém se move.
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predica-
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo) do, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A mensa-
As crianças precisam de alimentos saudáveis. gem está centrada no processo verbal. Os principais casos
de orações sem sujeito com:
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre-  os verbos que indicam fenômenos da natureza:
senta mais de um núcleo. Amanheceu.
Alimentos e roupas custam caro. Está trovejando.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.  os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a tempo em geral:
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o Está tarde.
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do Já são dez horas.
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Faz frio nesta época do ano.
desinência verbal ou pelo contexto. Há muitos concursos com inscrições abertas.
Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu) Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
LÍNGUA PORTUGUESA

Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na primei- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
ra pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segunda do um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
singular (tu) ou do plural (vós), desde que os pronomes não aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
estejam explícitos. do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito do sujeito numa oração é o seu predicado.
na desinência verbal “-mos” Chove muito nesta época do ano.
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- Houve problemas na reunião.
nência verbal “-ais”

30
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predicado. O verbo do predicado verbo-nominal é sempre signi-
Na segunda oração, “problemas” funciona como objeto di- ficativo, indicando processos. É também sempre por in-
reto. termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
As questões estavam fáceis! termo a que se refere.
Sujeito simples = as questões O dia amanheceu ensolarado;
Predicado = estavam fáceis As mulheres julgam os homens inconstantes.

Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
Sujeito = uma ideia estranha duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
Predicado = passou-me pelo pensamento ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
verbal e outro nominal.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
também se as palavras que formam o predicado referem- o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres 1.2 Termos integrantes da oração
de opinião.
Predicado Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
complemento nominal são chamados termos integrantes da
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que oração.
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se ligam Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
direta ou indiretamente ao verbo. bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
A cidade está deserta. Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento mente, por intermédio de preposição.
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo O objeto direto é o complemento que se liga direta-
do sujeito). mente ao verbo.
Houve muita confusão na partida final.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo sig- Queremos sua ajuda.
nificativo um verbo:
Chove muito nesta época do ano. O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
Estudei muito hoje! A) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Compraste a apostila? referentes a pessoas:
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem (o objeto é direto, mas como há preposição, denomina-
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro- -se: objeto direto preposicionado)
cessos.
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- a Vossa Senhoria.
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei-
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação). (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, a crise)
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
sujeito: Os dados parecem corretos. Gosto de música popular brasileira.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, andar, Necessito de ajuda.
ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como elemento
LÍNGUA PORTUGUESA

de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas. 1.2.1 Objeto Pleonástico


A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos pleo-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta násticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o objeto,
dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No pre- antecipado para o início da oração; em seguida, ele é repe-
dicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao su- tido através de um pronome oblíquo. É à repetição que se
jeito ou ao complemento verbal (objeto). dá o nome de objeto pleonástico.

31
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçalves Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo
Dias) “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo
objeto pleonástico que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira
passei o dia mal-humorado.
Ao traidor, nada lhe devemos. O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor
na oração, em:
O termo que integra o sentido de um nome chama-se A) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
complemento nominal, que se liga ao nome que comple- nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
ta por intermédio de preposição: com o mundo.
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
“necessária” coisas: amor, arte, ação.
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo” C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
tudo forma o carnaval.
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
Os termos acessórios recebem este nome por serem ex-
plicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo – este, ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
sem relação sintática com outros temos da oração. relação sintática com outro termo da oração. A função de
vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o pel na linguagem.
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função João, venha comigo!
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais Traga-me doces, minha menina!
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a
pé àquela velha praça. 1.4 Períodos Compostos

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1.4.1 Período Composto por Coordenação
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que O período composto se caracteriza por possuir mais de
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também uma oração em sua composição. Sendo assim:
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma ora-
e os pronomes adjetivos. ção)
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
amigo de infância. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas orações)
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
O adjunto adnominal se liga diretamente ao substanti- protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
vo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi- ções).
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo. Há dois tipos de relações que podem se estabelecer en-
O poeta português deixou uma obra originalíssima. tre as orações de um período composto: uma relação de
O poeta deixou-a. coordenação ou uma relação de subordinação.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad- Duas orações são coordenadas quando estão juntas
junto adnominal) em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am-
O poeta português deixou uma obra inacabada. bas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
O poeta deixou-a inacabada. Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do (Período Composto)
objeto) Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um 2. Irei à praia.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se re-
LÍNGUA PORTUGUESA

laciona apenas ao substantivo. Separando as duas, vemos que elas são independentes.
Tal período é classificado como Período Composto por
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, Coordenação.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter- Quanto à classificação das orações coordenadas, temos
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindé-
-feira, passei o dia mal-humorado. ticas.

32
A) Coordenadas Assindéticas Podemos modificar o período acima. Veja:
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas Quero ser aprovado.
através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas. Oração Principal Oração Subordinada
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
A análise das orações continua sendo a mesma: “Quero”
B) Coordenadas Sindéticas é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subor-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas dinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordinada
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso, a con-
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As junção “que”, conectivo que unia as duas orações, desa-
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin- pareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa
co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) são
explicativas. chamadas de orações reduzidas ou implícitas (como no
exemplo acima).
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
Observação:
 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
As orações reduzidas não são introduzidas por conjun-
principais conjunções são: e, nem, não só... mas também,
ções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente,
não só... como, assim... como.
introduzidas por preposição.
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
Comprei o protetor solar e fui à praia. A) Orações Subordinadas Substantivas
A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
 Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte-
suas principais conjunções são: mas, contudo, toda- grante (que, se).
via, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim, se-
não. Não sei se sairemos hoje.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. Oração Subordinada Substantiva
Li tudo, porém não entendi!
Temos medo de que não sejamos aprovados.
 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: Oração Subordinada Substantiva
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
quer...quer; seja...seja. Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde,
 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: como).
suas principais conjunções são: logo, portanto, por
fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos- O garoto perguntou qual seu nome.
posto ao verbo). Oração Subordinada Substantiva
Passei no concurso, portanto comemorarei!
A situação é delicada; devemos, pois, agir. Não sabemos quando ele virá.
Oração Subordinada Substantiva
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas Subs-
na verdade, pois (anteposto ao verbo). tantivas
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
Conforme a função que exerce no período, a oração su-
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
bordinada substantiva pode ser:
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
1.4.2 Período Composto Por Subordinação
verbo da oração principal:
Quero que você seja aprovado! É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Oração principal oração subordinada Sujeito
LÍNGUA PORTUGUESA

Observe que na oração subordinada temos o verbo É fundamental que você compareça à
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular reunião.
do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por Oração Principal Oração Subordinada Substantiva
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver- Subjetiva
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

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FIQUE ATENTO!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos um
período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:

 Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.

 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

 Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer


Convém que não se atrase na entrevista.
Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do singular.

2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:


Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:


 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O pes-
soal queria saber quem era o dono do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu não
sei por que ela fez isso.

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.

Meu pai insiste em meu estudo.


Objeto Indireto

Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste nisso)


Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por preposição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal
LÍNGUA PORTUGUESA

Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Sentimos orgulho disso.)


Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações su-
bordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário
levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro
complementa um verbo; o segundo, um nome.

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5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo da oração principal.


Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo

(Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

B) Orações Subordinadas Adjetivas


Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações
vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra cons-
trução, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita pelo
pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma função sin-
tática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação” é sujeito,
então o “que” também funciona como sujeito).

FIQUE ATENTO!
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser substituí-
do por: o qual - a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

FORMA DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS

Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações
subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas reduzidas,
que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa das
formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
LÍNGUA PORTUGUESA

No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo
“que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adjetiva
reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.

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1. Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas que indicam uma circunstância referente, via de regra, a
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da
Na relação que estabelecem com o termo que caracte- exata compreensão da circunstância que exprime.
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou minha vida.
especificam o sentido do termo a que se referem, indivi- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
dualizando-o. Nestas orações não há marcação de pausa, nha vida.
sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem
também orações que realçam um detalhe ou amplificam No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
dados sobre o antecedente, que já se encontra suficiente- to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
mente definido. Estas orações denominam-se subordina- ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
das adjetivas explicativas. “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, ob-
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva tendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
No período acima, observe que a oração em destaque vida.
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
universo de homens, isto é, não se refere a todos os ho- introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mens, mas sim àquele que estava passando naquele mo- preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
mento.
Observação:
Exemplo 2: A classificação das orações subordinadas adverbiais é
O homem, que se considera racional, muitas vezes age feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos ad-
animalescamente. verbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
2. Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici- A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do que
“homem”. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
nativa causal: porque. Outras conjunções e locuções cau-
Saiba que: sais: como (sempre introduzido na oração anteposta à ora-
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da ção principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto que.
oração principal por uma pausa que, na escrita, é represen- As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
tada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja Já que você não vai, eu também não vou.
indicada como forma de diferenciar as orações explicativas
das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas A diferença entre a subordinada adverbial causal e a sin-
por vírgulas; as restritivas, não. dética explicativa é que esta “explica” o fato que aconteceu
na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta a
C) Orações Subordinadas Adverbiais “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela se
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce subordina. Repare:
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. 1. Faltei à aula porque estava doente.
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor- de estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con- 2, a oração sublinhada relata um fato que aconteceu
LÍNGUA PORTUGUESA

junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como depois, já que primeiro ela chorou, depois seus olhos
acontece com as coordenadas sindéticas). ficaram vermelhos.
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequência,
D) Oração Subordinada Adverbial é efeito do que se declara na oração principal. São
A oração em destaque agrega uma circunstância de introduzidas pelas conjunções e locuções: que, de for-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- ma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estrutu-
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios ras tão...que, tanto...que, tamanho...que.

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Principal conjunção subordinativa consecutiva: que Fiz o bolo conforme ensina a receita.
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm di-
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- reitos iguais.
cretizando-os.
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que se
de Infinitivo) declara na oração principal. Principal conjunção su-
bordinativa final: a fim de. Outras conjunções finais:
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe que, porque (= para que) e a locução conjuntiva para
como necessário para a realização ou não de um que.
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
na oração principal. H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou seja,
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, Principal locução conjuntiva subordinativa propor-
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, cional: à proporção que. Outras locuções conjuntivas
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). proporcionais: à medida que, ao passo que. Há ainda
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, as estruturas: quanto maior...(maior), quanto maior...
certamente o melhor time será campeão. (menor), quanto menor...(maior), quanto menor...
Caso você saia, convide-me. (menor), quanto mais...(mais), quanto mais...(menos),
quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
da oração principal, isto é, admitem uma contradição mos.
ou um fato inesperado. A ideia de concessão está À medida que lia mais culto ficava.
diretamente ligada ao contraste, à quebra de expec-
tativa. Principal conjunção subordinativa concessiva: I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
embora. Utiliza-se também a conjunção: conquanto expresso na oração principal, podendo exprimir no-
e as locuções ainda que, ainda quando, mesmo que, ções de simultaneidade, anterioridade ou posterio-
se bem que, posto que, apesar de que. ridade. Principal conjunção subordinativa temporal:
Só irei se ele for. quando. Outras conjunções subordinativas tempo-
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir rais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: assim que,
só se realizará caso essa condição seja satisfeita. logo que, todas as vezes que, antes que, depois que,
Compare agora com: sempre que, desde que, etc.
Irei mesmo que ele não vá. Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- 3. Orações Reduzidas
cessiva.
Observe outros exemplos: As orações subordinadas podem vir expressas como re-
Embora fizesse calor, levei agasalho. duzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas no-
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- minais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conectivo
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) subordinativo que as introduza.
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais É preciso que se estude = oração desenvolvida (presen-
comparativas estabelecem uma comparação com a ça do conectivo)
ação indicada pelo verbo da oração principal. Princi-
pal conjunção subordinativa comparativa: como. Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
Você age como criança. (age como uma criança age) É preciso estudar = oração subordinada substantiva
subjetiva reduzida de infinitivo
 geralmente há omissão do verbo. É preciso que se estude = oração subordinada substan-
LÍNGUA PORTUGUESA

tiva subjetiva
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para 4. Orações Intercaladas
a execução do que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa: São orações independentes encaixadas na sequência do
conforme. Outras conjunções conformativas: como, período, utilizadas para um esclarecimento, um aparte, uma
consoante e segundo (todas com o mesmo valor de citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou travessões.
conforme). Nós – continuava o relator – já abordamos este assunto.

37
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “servir”
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indiretos.
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, ( ) CERTO ( ) ERRADO
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Resposta: Errado.
São Paulo: Saraiva, 2002. imagina uma literatura = transitivo direto
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
SITE (transitivo direto e indireto)
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra- pode servir de caminho = intransitivo
se-periodo-e-oracao
ARGUMENTAÇÃO

EXERCÍCIOS COMENTADOS O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma


informação a alguém. Quem se comunica pretende criar
uma imagem positiva de si mesmo por exemplo, a de um
1. (Cnj – Técnico Judiciário – cespe – 2013 – adapta-
sujeito educado, ou inteligente, ou culto; quer ser aceito,
da) Jogadores de futebol de diversos times entraram em
deseja que o que diz seja admitido como verdadeiro. Em
campo em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do
síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem o desejo
Campeonato Nacional em apoio à campanha que visa redu-
zir o número de pessoas que não possuem o nome do pai em de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele
sua certidão de nascimento. (...) propõe.
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em Se essa é a finalidade última de todo ato de comuni-
sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula cação, todo texto contém um componente argumentativo.
porque tem natureza restritiva. A argumentação é o conjunto de recursos de natureza lin-
guística destinados a persuadir a pessoa a quem a comu-
( ) CERTO ( ) ERRADO nicação se destina. Está presente em todo tipo de texto
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par- e visa a promover adesão às teses e aos pontos de vista
ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome defendidos.
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma As pessoas costumam pensar que o argumento seja
vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizando apenas uma prova de verdade ou uma razão indiscutível
a informação, o que dará a entender que TODAS as pes- para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é
soas não têm o nome do pai na certidão. mais que isso: como se disse acima, é um recurso de lin-
guagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo
2. (Instituto Rio Branco – Admissão à Carreira de Di- que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que está
plomata – cespe – 2014 – adaptada) sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma li- de recursos de linguagem.
teratura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho Para compreender claramente o que é um argumento,
universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas. é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do sé-
Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, culo lV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos
por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crô- são úteis quando se tem de escolher entre duas ou mais
nica é um gênero menor. coisas”.
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo assim, Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e
ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir de ca-
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não preci-
minho não apenas para a vida, que ela serve de perto, mas
samos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenha-
para a literatura. Por meio dos assuntos, da composição
mos de escolher entre duas coisas igualmente vantajosas,
solta, do ar de coisa sem necessidade que costuma assumir,
a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar
ela se ajusta à sensibilidade de todo dia. Principalmente
porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso sobre qual das duas é mais desejável. O argumento pode
modo de ser mais natural. Na sua despretensão, humaniza; então ser definido como qualquer recurso que torna uma
LÍNGUA PORTUGUESA

e esta humanização lhe permite, como compensação sor- coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua
rateira, recuperar com a outra mão certa profundidade de no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o in-
significado e certo acabamento de forma, que de repente terlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais provável
podem fazer dela uma inesperada, embora discreta, candi- que a outra, mais possível que a outra, mais desejável que
data à perfeição. a outra, é preferível à outra.
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São O objetivo da argumentação não é demonstrar a ver-
Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adaptações). dade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como ver-
dadeiro o que o enunciador está propondo.

38
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argu- Tipos de Argumento
mentação. O primeiro opera no domínio do necessário,
ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva Já verificamos que qualquer recurso linguístico desti-
necessariamente das premissas propostas, que se deduz nado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enun-
obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocínio ciador é um argumento. Exemplo:
lógico, as conclusões não dependem de crenças, de uma
maneira de ver o mundo, mas apenas do encadeamento de 1. Argumento de Autoridade
premissas e conclusões.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte enca- É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reco-
deamento: nhecidas pelo auditório como autoridades em certo domí-
nio do saber, para servir de apoio aquilo que o enunciador
A é igual a B. está propondo. Esse recurso produz dois efeitos distintos:
A é igual a C. revela o conhecimento do produtor do texto a respeito do
Então: C é igual a A. assunto de que está tratando; dá ao texto a garantia do
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigato- autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um
riamente, que C é igual a A. amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
Outro exemplo: verdadeira. Exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. “A imaginação é mais importante do que o conheci-
A vaca é um ruminante. mento.”
Logo, a vaca é um mamífero.
Quem disse a frase não fui eu, foi Einstein. Para ele,
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a con- uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
clusão também será verdadeira. conhecimento. Nunca o inverso.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Alex José Periscinoto.
Nele, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por In: Folha de S. Paulo. 30 ago.1993, p. 5-2.
isso, devese mostrar que ela é a mais desejável, a mais pro-
vável, a mais plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma pro- A tese defendida nesse texto é que a imaginação é
paganda dizendose mais confiável do que os concorrentes mais importante do que o conhecimento. Para levar o audi-
porque existe desde a chegada da família real portuguesa tório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais célebres
ao Brasil, ele estará dizendonos que um banco com quase cientistas do mundo. Se um físico de renome mundial disse
dois séculos de existência é sólido e, por isso, confiável. isso, então as pessoas devem acreditar que é verdade.
Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso ar- 2. Argumento de Quantidade
gumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo
seja mais confiável do que outro fundado há dois ou três maior número de pessoas, o que existe em maior núme-
anos. ro, o que tem maior duração, o que tem maior número de
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa adeptos etc. O fundamento desse tipo de argumento é que
quase impossível, tantas são as formas de que nos vale- mais melhor. A publicidade faz largo uso do argumento de
mos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a outra. quantidade.
Por isso, é importante entender bem como eles funcionam.
Já vimos diversas características dos argumentos. É 3. Argumento do Consenso
preciso acrescentar mais uma: o convencimento do inter-
locutor, o auditório, que pode ser individual ou coletivo, É uma variante do argumento de quantidade. Funda-
será tanto mais fácil quanto mais os argumentos estiverem mentase em afirmações que, numa determinada época,
de acordo com suas crenças, suas expectativas, seus valo- são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam com-
res. Não se pode convencer um auditório pertencente a provações, a menos que o objetivo do texto seja compro-
uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomina. Será var alguma delas. Parte da ideia de que o consenso, mesmo
mais fácil convencêlo valorizando coisas que ele conside- que equivocado, corresponde ao indiscutível, ao verdadei-
ra positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com ro e, portanto, é melhor do que aquilo que não desfruta
LÍNGUA PORTUGUESA

frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as
Nos Estados Unidos, essa associação certamente não sur- afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido
tiria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma e de que as condições de vida são piores nos países sub-
forma que no Brasil. O poder persuasivo de um argumento desenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém, correse o
está vinculado ao que é valorizado ou desvalorizado numa risco de passar dos argumentos válidos para os lugares-
dada cultura. comuns, os preconceitos e as frases carentes de qualquer
base científica.

39
4. Argumento de Existência Imaginese que um médico deva falar sobre o estado
de saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fa-
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil zêlo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira
aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo seria infinitamente mais adequada para a persuasão do que
que é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria a segunda, pois esta produziria certa estranheza e não criaria
popular enuncia o argumento de existência no provérbio uma imagem de competência do médico:
“Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. ▪ Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e le-
Nesse tipo de argumento, incluemse as provas docu- vando em conta o caráter invasivo de alguns exames,
mentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações etc.) a equipe médica houve por bem determinar o inter-
ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma afir- namento do governador pelo período de três dias, a
mação genérica. Durante a invasão do Iraque, por exem- partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
plo, os jornais diziam que o exército americano era muito ▪ Para conseguir fazer exames com mais cuidado e por-
mais poderoso do que o iraquiano. Essa afirmação, sem ser que alguns deles são barras-pesadas, a gente botou o
acompanhada de provas concretas, poderia ser vista como governador no hospital por três dias.
propagandística. No entanto, quando documentada pela Como dissemos antes, todo texto tem uma função argu-
comparação do número de canhões, de carros de combate, mentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
de navios etc., ganhava credibilidade.
comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro
que pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação ar-
5. Argumento quase lógico
gumentativa.
A orientação argumentativa é certa direção que o falante
É aquele que opera com base nas relações lógicas, traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de
como causa e efeito, analogia, implicação, identidade etc. um homem público, pode ter a intenção de criticálo, de ridi-
Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, di- cularizálo ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
versamente dos raciocínios lógicos, eles não pretendem O enunciador cria a orientação argumentativa de seu
estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas texto dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo
sim instituir relações prováveis, possíveis, plausíveis. Por certos episódios e revelando outros, escolhendo determina-
exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- das palavras e não outra. Veja:
tão A é igual a C”, estabelecese uma relação de identidade “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu trocavam abraços afetuosos.”
é meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas
uma identidade provável. O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais noras e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria
facilmente aceito do que um texto incoerente. Vários são escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria
os defeitos que concorrem para desqualificar o texto do utilizado o termo até que serve para incluir no argumento
ponto de vista lógico: fugir do tema proposto, cair em con- alguma coisa inesperada.
tradição, tirar conclusões que não se fundamentam nos Além dos defeitos de argumentação mencionados
dados apresentados, ilustrar afirmações gerais com fatos quando tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos
inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações citar outros:
indevidas. ▪ Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido
tão amplo, que serve de argumento para um ponto de
6. Argumento do Atributo vista e seu contrário. São noções confusas, como paz,
que, paradoxalmente, pode ser usada pelo agressor e
É aquele que considera melhor o que tem proprieda- pelo agredido. Essas palavras podem ter valor positivo
(paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carrega-
des típicas daquilo que é mais valorizado socialmente, por
das de valor negativo (autoritarismo, degradação do
exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que é mais
meio ambiente, injustiça, corrupção).
refinado é melhor que o que é mais grosseiro etc.
▪ Uso de afirmações tão amplas, que podem ser der-
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequên- rubadas por um único contraexemplo. Quando se diz
cia, celebridades recomendando prédios residenciais, pro- “Todos os políticos são ladrões”, basta um único exem-
dutos de beleza, alimentos estéticos etc., com base no fato plo de político honesto para destruir o argumento.
de que o consumidor tende a associar o produto anuncia- ▪ Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora
LÍNGUA PORTUGUESA

do com atributos da celebridade. do contexto adequado, sem o significado apropriado,


Uma variante do argumento de atributo é o argumento vulgarizandoas e atribuindolhes uma significação sub-
da competência linguística. A utilização da variante culta e jetiva e grosseira. É o caso, por exemplo, da frase “O
formal da língua que o produtor do texto conhece a norma imperialismo de certas indústrias não permite que ou-
linguística socialmente mais valorizada e, por conseguin- tras cresçam”, em que o termo imperialismo é descabi-
te, deve produzir um texto em que se pode confiar. Nesse do, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado
sentido é que se diz que o modo de dizer dá confiabilidade visando a reduzir outros à sua dependência política e
ao que se diz. econômica”.

40
A boa argumentação é aquela que está de acordo com I – argumentação: anotar todos os argumentos a favor
a situação concreta do texto, que leva em conta os compo- de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que
nentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se adote a posição totalmente contrária;
dirige a comunicação, o assunto, por exemplo). II – contraargumentação: imaginar um diálogodebate
Convém ainda alertar que não se convence ninguém e quais os argumentos que essa pessoa imaginária
com manifestações de sinceridade do autor (como eu, possivelmente apresentaria contra a argumentação
que não costumo mentir...) ou com declarações de certe- proposta;
za expressas em fórmulas feitas (como estou certo, creio III – refutação: argumentos e razões contra a argumen-
firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda tação oposta.
a certeza etc). Em vez de prometer, em seu texto, sincerida-
de e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve A argumentação tem a finalidade de persuadir, portan-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas to, argumentar consiste em estabelecer relações para tirar
qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. conclusões válidas, como se procede no método dialético.
A argumentação é a exploração de recursos para fazer pa- O método dialético não envolve apenas questões ideoló-
recer verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar gicas, geradoras de polêmicas. Tratase de um método de
a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. investigação da realidade pelo estudo de sua ação recípro-
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e ex- ca, da contradição inerente ao fenômeno em questão e da
pressa um ponto de vista, acompanhado de certa funda- mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
mentação, que inclui a argumentação, questionamento, Descartes (15961650), filósofo e pensador francês,
com o objetivo de persuadir. Argumentar é o processo pelo criou o método de raciocínio silogístico, baseado na dedu-
qual se estabelecem relações para chegar à conclusão, com ção, que parte do simples para o complexo. Para ele, ver-
base em premissas. Persuadir é um processo de convenci- dade e evidência são a mesma coisa, e pelo raciocínio tor-
mento, por meio da argumentação, no qual se procura con- nase possível chegar a conclusões verdadeiras, desde que
vencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e o assunto seja pesquisado em partes, começandose pelas
seu comportamento.
proposições mais simples até alcançar, por meio de dedu-
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão
ções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
válida, expõemse com clareza os fundamentos de uma ideia
é fundamental determinar o problema, dividilo em partes,
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada pas-
ordenar os conceitos, simplificandoos, enumerar todos os
so do raciocínio empregado na argumentação. A persua-
seus elementos e determinar o lugar de cada um no con-
são não válida apoiase em argumentos subjetivos, apelos
junto da dedução.
subliminares, chantagens sentimentais, com o emprego de
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental
“apelações”, como a inflexão de voz, a mímica e até o choro.
para a argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes
Alguns autores classificam a dissertação em duas moda-
lidades, expositiva e argumentativa. Esta exige argumenta- propôs quatro regras básicas que constituem um conjunto
ção, razões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra de reflexos vitais, uma série de movimentos sucessivos e
é informativa, apresenta dados sem a intenção de conven- contínuos do espírito em busca da verdade:
cer. Na verdade, a escolha dos dados levantados, a maneira I – evidência;
de expôlos no texto já revelam uma “tomada de posição”, a II – divisão ou análise;
adoção de um ponto de vista na dissertação, ainda que sem III – ordem ou dedução;
a apresentação explícita de argumentos. Desse ponto de vis- IV – enumeração.
ta, a dissertação pode ser definida como discussão, debate,
questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A li- omissão e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração
berdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente pode quebrar o encadeamento das ideias, indispensável
para organizar um texto dissertativo. É necessária também a para o processo dedutivo.
exposição dos fundamentos, os motivos, os porquês da de- A forma de argumentação mais empregada na reda-
fesa de um ponto de vista. ção acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras
Podese dizer que o homem vive em permanente atitu- cartesianas, que contém três proposições: duas premissas,
de argumentativa. A argumentação está presente em qual- maior e menor, e a conclusão. As três proposições são enca-
quer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela deadas de tal forma, que a conclusão é deduzida da maior
melhor se evidencia. por intermédio da menor. A premissa maior deve ser uni-
LÍNGUA PORTUGUESA

Para discutir um tema, para confrontar argumentos e versal, emprega todo, nenhum, pois alguns não caracteriza
posições, é necessária a capacidade de conhecer outros a universalidade.
pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma dis- Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedu-
cussão impõe, muitas vezes, a análise de argumentos opos- ção (silogística), que parte do geral para o particular, e a
tos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade aprendese indução, que vai do particular para o geral. A expressão
com a prática. Um bom exercício para aprender a argumen- formal do método dedutivo é o silogismo. A dedução é
tar e contraargumentar consiste em desenvolver as seguin- o caminho das consequências, baseiase em uma conexão
tes habilidades: descendente (do geral para o particular) que leva à conclu-

41
são. Segundo esse método, partindose de teorias gerais, de Existem, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
verdades universais, podese chegar à previsão ou determi- fundamentais, que contribuem para a descoberta ou com-
nação de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio provação da verdade: análise, síntese, classificação e defini-
vai da causa para o efeito. Exemplo: ção. Além desses, existem outros métodos particulares de
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, univer- algumas ciências, que adaptam os processos de dedução
sal) e indução à natureza de uma realidade particular. Pode-
Fulano é homem (premissa menor = particular) se afirmar que cada ciência tem seu método próprio de-
Logo, Fulano é mortal (conclusão) monstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese,
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, a classificação e a definição são chamadas métodos siste-
baseiase em uma conexão ascendente, do particular para o máticos, porque pela organização e ordenação das ideias
geral. Nesse caso, as constatações particulares levam às leis visam sistematizar a pesquisa.
gerais, ou seja, parte de fatos particulares conhecidos para Análise e síntese são dois processos opostos, mas in-
os fatos gerais, desconhecidos. O percurso do raciocínio se terligados; a análise parte do todo para as partes, a sín-
faz do efeito para a causa. Exemplo: tese, das partes para o todo. A análise precede a síntese,
O calor dilata o ferro (particular);
porém, de certo modo, uma depende da outra. A análise
O calor dilata o bronze (particular);
decompõe o todo em partes, enquanto a síntese recom-
O calor dilata o cobre (particular);
põe o todo pela reunião das partes. Sabese, porém, que o
O ferro, o bronze, o cobre são metais;
Logo, o calor dilata metais (geral, universal). todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amontoado de
válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem or-
premissas também o forem. Se há erro ou equívoco na ganizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem
apreciação dos fatos, pode-se partir de premissas verdadei- de relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria
ras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, desse modo, reconstruído.
o sofisma. Uma definição inexata, uma divisão incompleta, a Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do
ignorância da causa, a falsa analogia são algumas causas do todo por meio da integração das partes, reunidas e relacio-
sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção deliberada de nadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstru-
enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem essas ção, pressupõe a análise, que é a decomposição. A análise,
intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de no entanto, exige uma decomposição organizada, é preciso
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo saber como dividir o todo em partes. As operações que se
simples de sofisma no seguinte diálogo: realizam na análise e na síntese podem ser assim relacio-
Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? nadas:
– Lógico, concordo.
Você perdeu um brilhante de 40 quilates? - Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
– Claro que não! - Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
- Então você possui um brilhante de 40 quilates...
A análise tem importância vital no processo de cole-
Exemplos de sofismas: ta de ideias a respeito do tema proposto, de seu desdo-
I – Dedução: bramento e da criação de abordagens possíveis. A síntese
Todo professor tem um diploma (geral, universal); também é importante na escolha dos elementos que farão
Fulano tem um diploma (particular); parte do texto.
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa);
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal
II – Indução:
ou informal. A análise formal pode ser científica ou expe-
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
rimental; é característica das ciências matemáticas, físico-
(particular);
-naturais e experimentais. A análise informal é racional ou
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (par-
ticular); total, consiste em “discernir” por vários atos distintos da
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. atenção os elementos constitutivos de um todo, os diferen-
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. tes caracteres de um objeto ou fenômeno.
(geral – conclusão falsa). A análise decompõe o todo em partes, a classificação
estabelece as necessárias relações de dependência e hie-
LÍNGUA PORTUGUESA

Notase que as premissas são verdadeiras, mas a conclu- rarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se
são pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma intimamente, a ponto de se confundir uma com a outra,
são professores; nem todas as cidades têm uma estátua do contudo são procedimentos diversos: análise é decompo-
Cristo Redentor. Cometese erro quando se faz generaliza- sição e classificação é hierarquisação.
ções apressadas ou infundadas. A “simples inspeção” é a Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e
ausência de análise ou análise superficial dos fatos, que leva fenômenos por suas diferenças e semelhanças; fora das
a pronunciamentos subjetivos, baseados nos sentimentos ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por meio
não ditados pela razão. de um processo mais ou menos arbitrário, em que os ca-

42
racteres comuns e diferenciadores são empregados de
modo mais ou menos convencional. A classificação, no rei-
no animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros
e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
características comuns e diferenciadoras. A classificação
dos variados itens integrantes de uma lista mais ou menos
caótica é artificial.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, ca-
minhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo,
queijo, relógio, sabiá, torradeira.
I – Aves, Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá;
II – Alimentos, Batata, Leite, Pão, Queijo; É muito comum formular definições de maneira defei-
III – Mecanismos, Aquecedor, Barbeador, Relógio, Tor- tuosa, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o
radeira; todo em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente
IV – Veículos, Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. incorreto; quando é advérbio de tempo, não representa o
gênero, a espécie, a gente é forma coloquial não adequa-
Os elementos desta lista foram classificados por ordem da à redação acadêmica. Tão importante é saber formular
alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabele- uma definição, que se recorre a Garcia (1973, p.306), para
cer critérios de classificação das ideias e argumentos, pela determinar os “requisitos da definição denotativa”. Para ser
ordem de importância, é uma habilidade indispensável exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
para elaborar o desenvolvimento de uma redação. Tanto I – o termo deve realmente pertencer ao gênero ou clas-
faz que a ordem seja crescente, do fato mais importante se em que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em
para o menos importante, ou decrescente, primeiro o me- que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é um
nos importante e, no final, o impacto do mais importante; instrumento ou ferramenta ou instalação”;
é indispensável que haja uma lógica na classificação. A ela- II – o gênero deve ser suficientemente amplo para in-
boração do plano compreende a classificação das partes e cluir todos os exemplos específicos da coisa definida, e
subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem obede- suficientemente restritos para que a diferença possa ser
cer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) percebida sem dificuldade;
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo III – deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em
na introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, verdade, definição, quando se diz que o “triângulo não
para expressar um questionamento, devese, de antemão, é um prisma”;
expor clara e racionalmente as posições assumidas e os IV – deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não
argumentos que as justificam. É muito importante deixar constitui definição exata, porque a recíproca, “Todo ser
claro o campo da discussão e a posição adotada, isto é, vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e
esclarecer não só o assunto, mas também os pontos de não é homem);
vista sobre ele. V – deve ser breve (contida num só período). Quando a
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da definição, ou o que se pretenda como tal, é muito longa
linguagem e consiste na enumeração das qualidades pró- (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se explica-
prias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o ção, e também definição expandida;
elemento conforme a espécie a que pertence, demonstra: a VI – deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o
característica que o diferencia dos outros elementos dessa termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o
mesma espécie. gênero) + adjuntos (as diferenças).
Entre os vários processos de exposição de ideias, a de-
finição é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito As definições dos dicionários de língua são feitas por
das ciências. A definição científica ou didática é denotativa, meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação me-
ou seja, atribui às palavras seu sentido usual ou consensual, talinguística que consiste em estabelecer uma relação de
enquanto a conotativa ou metafórica emprega palavras de equivalência entre a palavra e seus significados.
sentido figurado. Segundo a lógica tradicional aristotélica, A força do texto dissertativo está em sua fundamen-
a definição consta de três elementos: tação. Sempre é fundamental procurar um porquê, uma
I – o termo a ser definido; razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto de
II – o gênero ou espécie; vista deve ser demonstrada com argumentos válidos. O
LÍNGUA PORTUGUESA

III – a diferença específica. ponto de vista mais lógico e racional do mundo não tem
valor, se não estiver acompanhado de uma fundamentação
O que distingue o termo definido de outros elementos coerente e adequada.
da mesma espécie. Veja a classificação dos termos da frase Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
a seguir: clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-
mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara
e pode reconhecerse facilmente seus elementos e suas rela-
ções; outras vezes, as premissas e as conclusões organizamse

43
de modo livre, misturandose na estrutura do argumento. Por Entre outros tipos de argumentos empregados para
isso, é preciso aprender a reconhecer os elementos que cons- aumentar o poder de persuasão de um texto dissertativo
tituem um argumento: premissas/conclusões. Depois de reco- encontram-se:
nhecer, verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em
seguida, avaliar se o argumento está expresso corretamente; se Argumento de autoridade: O saber notório de uma
há coerência e adequação entre seus elementos, ou se há con- autoridade reconhecida em certa área do conhecimento
tradição. Para isso é que se aprendem os processos de raciocí- dá apoio a uma afirmação. Dessa maneira, procura-se tra-
nio por dedução e por indução. Admitindose que raciocinar é zer para o enunciado a credibilidade da autoridade citada.
relacionar, concluise que o argumento é um tipo específico de Lembre-se que as citações literais no corpo de um texto
relação entre as premissas e a conclusão. constituem argumentos de autoridade. Ao fazer uma ci-
a) Procedimentos Argumentativos tação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na
Constituem os procedimentos argumentativos mais linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
empregados para comprovar uma afirmação: exem- explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de
plificação, explicitação, enumeração, comparação.
argumento tem mais caráter confirmatório que comproba-
b) Exemplificação
tório.
Procura justificar os pontos de vista por meio de
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispen-
exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões
comuns nesse tipo de procedimento: mais importan- sam explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é acei-
te que, superior a, de maior relevância que. Emprega- to como válido por consenso, pelo menos em determinado
mse também dados estatísticos, acompanhados de espaço sociocultural. Nesse caso, incluem-se:
expressões: considerando os dados; conforme os da-
dos apresentados. Fazse a exemplificação, ainda, pela - A declaração que expressa uma verdade universal (o
apresentação de causas e consequências, usandose homem, mortal, aspira à imortalidade);
comumente as expressões: porque, porquanto, pois - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
que, uma vez que, visto que, por causa de, em virtude postulados e axiomas);
de, em vista de, por motivo de. - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é
c) Explicitação de natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem ra-
O objetivo desse recurso argumentativo é explicar ou zões que a própria razão desconhece); implica apre-
esclarecer os pontos de vista apresentados. Podese ciação de ordem estética (gosto não se discute); diz
alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemu- respeito à fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
nho e pela interpretação. Na explicitação por defini- parece absurdo).
ção, empregamse expressões como: quer dizer, de-
nominase, chamase, na verdade, isto é, haja vista, ou Comprovação pela experiência ou observação: A ver-
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: dade de um fato ou afirmação pode ser comprovada por
conforme, segundo, na opinião de, no parecer de, con- meio de dados concretos, estatísticos ou documentais.
soante as ideias de, no entender de, no pensamento Comprovação pela fundamentação lógica: A compro-
de. A explicitação se faz também pela interpretação, vação se realiza por meio de argumentos racionais, basea-
em que são comuns as seguintes expressões: parece, dos na lógica: causa/efeito; consequência/causa; condição/
assim, desse ponto de vista. ocorrência.
d) Enumeração Fatos não se discutem; discutemse opiniões. As decla-
Fazse pela apresentação de uma sequência de ele- rações, julgamento, pronunciamentos, apreciações que ex-
mentos que comprovam uma opinião, tais como a
pressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua
enumeração de pormenores, de fatos, em uma se-
validade comprovada, e só os fatos provam. Em resumo
quência de tempo, em que são frequentes as expres-
toda afirmação ou juízo que expresse uma opinião pes-
sões: primeiro, segundo, por último, antes, depois,
soal só terá validade se fundamentada na evidência dos
ainda, em seguida, então, presentemente, antigamen-
te, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos ar-
sucessivamente, respectivamente. Na enumeração gumentos, porém, pode ser contestada por meio da con-
de fatos em uma sequência de espaço, empregam- traargumentação ou refutação. São vários os processos de
se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, contraargumentação:
adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capi- Refutação pelo absurdo: refutase uma afirmação de-
tal, no interior, nas grandes cidades, no sul, no leste. monstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Comparação é a contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula


Analogia e contraste são as duas maneiras de se “O lobo e o cordeiro”;
estabelecer a comparação, com a finalidade de Refutação por exclusão: consiste em propor várias hi-
comprovar uma ideia ou opinião. Na analogia, são póteses para eliminá-las, apresentandose, então, aquela
comuns as expressões: da mesma forma, tal como, que se julga verdadeira;
tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- Desqualificação do argumento: atribuise o argumento
belecer contraste, empregamse as expressões: mais à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindose a
que, menos que, melhor que, pior que. universalidade da afirmação;

44
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: IV – enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento
consiste em refutar um argumento empregando os teste- social;
munhos de autoridade que contrariam a afirmação apre- V – comparar a vida de hoje com os diversos tipos de
sentada; vida do passado; apontar semelhanças e diferenças;
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste VI – analisar as condições atuais de vida nos grandes
em desautorizar dados reais, demonstrando que o enun- centros urbanos;
ciador baseouse em dados corretos, mas tirou conclusões VII – como se poderia usar a ciência e a tecnologia para
falsas ou inconsequentes. Por exemplo, se na argumenta- humanizar mais a sociedade.
ção afirmouse, por meio de dados estatísticos, que “o con- Conclusão:
trole demográfico produz o desenvolvimento”, afirma-se VIII – a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefí-
que a conclusão é inconsequente, pois se baseia em uma cios/consequências maléficas;
relação de causaefeito difícil de ser comprovada. Para con- IX – síntese interpretativa dos argumentos e contra-ar-
traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvol- gumentos apresentados.
vimento é que gera o controle demográfico”.
Apresentamse aqui sugestões possíveis para desenvol- Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano
ver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao de redação: é um dos possíveis.
desenvolvimento de outros temas. Elegese um tema, e, em
seguida, sugeremse os procedimentos que devem ser ado-
tados para a elaboração de um Plano de Redação.

O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-


lução tecnológica
Questionar o tema, transformálo em interrogação, res-
ponder a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o
porquê da resposta, justificar, criando um argumento básico;
Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento bá-
sico e construir uma contra argumentação; pensar a forma
de refutação que poderia ser feita ao argumento básico e
tentar desqualificá-la (rever tipos de argumentação);
Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de
ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema
(as ideias podem ser listadas livremente ou organizadas
como causa e consequência);
Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e
com o argumento básico;
Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhen-
do as que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias
transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam e
corroboram a ideia do argumento básico;
Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando
uma sequência na apresentação das ideias selecionadas,
obedecendo às partes principais da estrutura do texto, que
poderia ser mais ou menos a seguinte:

Introdução:
I – função social da ciência e da tecnologia;
II – definições de ciência e tecnologia;
III – indivíduo e sociedade perante o avanço tecnoló-
gico.
LÍNGUA PORTUGUESA

Desenvolvimento:
I – apresentação de aspectos positivos e negativos do
desenvolvimento tecnológico;
II – como o desenvolvimento científico-tecnológico
modificou as condições de vida no mundo atual;
III – a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tec-
nologicamente desenvolvida e a dependência tecnoló-
gica dos países subdesenvolvidos;

45
HORA DE PRATICAR!

1. (MAPA – Auditor Fiscal Federal Agropecuário – Médico Veterinário – Superior – ESAF – 2017) Assinale a opção
que apresenta desvio de grafia da palavra.
A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional chinesa que favorece a regularização dos processos fisiológicos do corpo,
no sentido de promover ou recuperar o estado natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preventivamente (1) para evitar
o desenvolvimento de doenças, como terapia curativa no caso de a doença estar instalada ou como método paliativo (2) em
casos de doenças crônicas de difícil tratamento. Tem também uma ação importante na medicina rejenerativa (3) e na reabili-
tação. O tratamento de acupuntura consiste na introdução de agulhas filiformes no corpo dos animais. Em geral são deixadas
cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é dolorosa para os animais e é possível observar durante os tratamen-
tos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras de que o tratamento está atingindo o efeito terapêutico (5) desejado.
Disponível: <http://www.veterinariaholistica.net/acupuntura-fitoterapia-e-homeopatia.html/>. Acesso em 28/11/2017. (Com adaptações)

a) (1)
b) (2)
c) (3)
d) (4)
e) (5)

2. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área Administrativa – Médio – FCC – 2017) Respeitando-se as
normas de redação do Manual da Presidência da República, a frase correta é:

a) Solicito a Vossa Senhoria que verifique a possibilidade de implementação de projeto de treinamento de pessoal para
operar os novos equipamentos gráficos a serem instalados em seu setor.
b) Venho perguntar-lhe, por meio desta, sobre a data em que Vossa Excelência pretende nomear vosso representante na
Comissão Organizadora.
c) Digníssimo Senhor: eu venho por esse comunicado, informar, que será organizado seminário, sobre o uso eficiente de
recursos hídricos, em data ainda a ser definida.
d) Haja visto que o projeto anexo contribue para o desenvolvimento do setor em questão, informamos, por meio deste
Ofício, que será amplamente analisado por especialistas.
e) Neste momento, conforme solicitação enviada à Vossa Senhoria anexo, não se deve adotar medidas que possam com-
prometer vossa realização do projeto mencionado.

3. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) Analise as assertivas abaixo:

I. O ladrão era de menor.


II. Não há regra sem exceção.
III. É mais saudável usar menas roupa no calor.
IV. O policial foi à delegacia em compania do meliante.
V. Entre eu e você não existe mais nada.

A opção que apresenta vícios de linguagem é:

a) I e III.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
d) I, III, IV e V.
e) III, IV e V.
LÍNGUA PORTUGUESA

4. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que todas
as palavras estão corretas:

a) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.


b) supracitado – semi-novo – telesserviço.
c) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
d) contrarregra – autopista – semi-aberto.
e) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.

46
5. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) O uso correto do porquê está na opção:

a) Por quê o homem destrói a natureza?


b) Ela chorou por que a humilharam.
c) Você continua implicando comigo porque sou pobre?
d) Ninguém sabe o por quê daquele gesto.
e) Ela me fez isso, porquê?

6. (TJ-PA – Médico Psiquiatra – Superior – VUNESP – 2014)

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão da língua por-
tuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que um evento está prestes
a acontecer

a) anúncio ... A ... Iminente.


b) anuncio ... À ... Iminente.
c) anúncio ... À ... Iminente.
d) anúncio ... A ... Eminente.
e) anuncio ... À ... Eminente.

7. (CEFET-RJ – REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO – 2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir.
A macro-história da humanidade mostra que todos encaram os relatos pessoais como uma forma de se manterem vivos. Des-
de a idade do domínio do fogo até a era das multicomunicações, os homens tem demonstrado que querem pôr sua marca no
mundo porque se sentem superiores.
A palavra que NÃO está grafada corretamente é

a) macro-história.
b) multicomunicações.
c) tem.
d) pôr.
e) porque.

8. (Liquigás – Profissional Júnior – Ciências Contábeis – cegranrio – 2014) O grupo em que todas as palavras estão
grafadas de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa é

a) gorjeta, ogeriza, lojista, ferrujem


LÍNGUA PORTUGUESA

b) pedágio, ultrage, pagem, angina


c) refújio, agiota, rigidez, rabujento
d) vigência, jenipapo, fuligem, cafajeste
e) sargeta, jengiva, jiló, lambujem

47
9. (SIMAE – Agente Administrativo – ASSCON-PP – 12. (TRT-2ª REGIÃO-SP – Técnico Judiciário - Área
2014) Assinale a alternativa que apresenta apenas palavras Administrativa – Médio – FCC – 2014) Está redigida
escritas de forma incorreta. com clareza e em consonância com as regras da gramática
normativa a seguinte frase:
a) Cremoso, coragem, cafajeste, realizar;
b) Caixote, encher, análise, poetisa; a) Queremos, ou não, ele será designado para dar a palavra
c) Traje, tanger, portuguesa, sacerdotisa; final sobre a polêmica questão, que, diga-se de passa-
d) Pagem, mujir, vaidozo, enchergar; gem, tem feito muitos exitarem em se pronunciar.
b) Consultaram o juíz acerca da possibilidade de voltar
10. (Receita Federal – Auditor Fiscal – ESAF – 2014) atraz na suspensão do jogador, mas ele foi categórico
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de quanto a impossibilidade de rever sua posição.
grafia de palavra inserido na transcrição do texto. c) Vossa Excelência leu o documento que será apresentado
em rede nacional daqui a pouco, pela voz de Sua Exce-
A Receita Federal nem sempre teve esse (1) nome. Secretaria lência, o Senhor Ministro da Educação?
da Receita Federal é apenas a mais recente denominação d) A reportagem sobre fascínoras famosos não foi nada
da Administração Tributária Brasileira nestes cinco séculos positiva para o público jovem que estava presente, de
de existência. Sua criação tornou-se (2) necessária para mo- que se desculparam os idealizadores do programa.
dernizar a máquina arrecadadora e fiscalizadora, bem como e) Estudantes e professores são entusiastas de oferecer aos
para promover uma maior integração entre o Fisco e os Con- jovens ingressantes no curso o compartilhamento de
tribuintes, facilitando o cumprimento expontâneo (3) das projetos, com que serão também autores.
obrigações tributárias e a solução dos eventuais problemas,
bem como o acesso às (4) informações pessoais privativas 13. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014)
de interesse de cada cidadão. O surgimento da Secretaria A acentuação correta está na alternativa:
da Receita Federal representou um significativo avanço na
facilitação do cumprimento das obrigações tributárias, con- a) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
tribuindo para o aumento da arrecadação a partir (5) do b) platéia – tuiuiu – instrui-los.
final dos anos 60. c) ponei – geléia – heroico.
(Adaptado de <http://www.receita.fazenda.gov.br/srf/his- d) eles têm – ele intervém – ele constrói.
torico.htm>. Acesso em: 17 mar. 2014.) e) lingüiça – feiúra – idéia.

a) (1). 14. (EBSERH – HUCAM-UFES – Advogado – AOCP –


b) (2). 2014) A palavra que está acentuada corretamente é:
c) (3).
d) (4). a) Históriar.
e) (5). b) Memórial.
11. (Estrada de Ferro Campos do Jordão-SP – Ana- c) Métodico.
lista Ferroviário – Oficinas – Elétrica – IDERH – 2014) d) Própriedade.
Leia as orações a seguir: e) Artifício.
Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____ compa-
nhias. (mas/más) 15. (prodam-am – assistente – funcab – 2014 – adap-
A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enorme. tada) Assinale a opção em que o par de palavras foi acen-
(cumprimento/comprimento) tuado segundo a mesma regra.
Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ está
vazia. (despensa/dispensa). a) saúde-países
b) Etíope-juízes
Completam, correta e respectivamente, as lacunas acima os c) olímpicas-automóvel
expostos na alternativa: d) vocês-público
e) espetáculo-mensurável
a) mas – cumprimento – despensa.
b) más – comprimento – despensa. 16. (Advocacia Geral da União – Técnico em Conta-
c) más – cumprimento – dispensa. bilidade – idecan – 2014) Os vocábulos “cinquentenário”
LÍNGUA PORTUGUESA

d) mas – comprimento – dispensa. e “império” são acentuados devido à mesma justificativa. O


e) más – comprimento – dispensa. mesmo ocorre com o par de palavras apresentado em

a) prêmio e órbita.
b) rápida e tráfego
c) satélite e ministério.
d) pública e experiência.
e) sexagenário e próximo.

48
17. (Rioprevidência – Especialista em Previdência So- 23. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab
cial – ceperj – 2014) A palavra “conteúdo” recebe acen- – 2014) Assinale a alternativa em que todas as palavras
tuação pela mesma razão de: foram acentuadas segundo a mesma regra.

a) juízo a) indivíduos - atraí(-las) - período


b) espírito b) saíram – veículo - construído
c) jornalístico c) análise – saudável - diálogo
d) mínimo d) hotéis – critérios - através
e) disponíveis e) econômica – após – propósitos
24. (Corpo de Bombeiros Militar-pi – Curso de For-
18. (Ministério do Meio Ambiente – icmbio – cespe – mação de Soldados – uespi – 2014) “O evento promove
2014) A mesma regra de acentuação gráfica se aplica aos a saúde de modo integral.” A regra que justifica o acen-
vocábulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”. to gráfico no termo destacado é a mesma que justifica o
acento em:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) “remédio”.
19. (Prefeitura de Balneário Camboriú-sc – Guarda b) “cajú”.
Municipal – fepese – 2014 – adaptada) Assinale a alter- c) “rúbrica”.
nativa em que todas as palavras são oxítonas. d) “fráude”.
e) “baú”.
a) pé, lá, pasta
b) mesa, tábua, régua 25. (TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa
c) livro, prova, caderno – Médio – FGV – 2015)
d) parabéns, até, televisão Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no signo
e) óculos, parâmetros, título de Gêmeos e vai movimentar tudo o que diz respeito à sua
vida profissional e projetos de carreira. Os próximos dias se-
20. (Advocacia Geral da União – Técnico em Comu- rão ótimos para dar andamento a projetos que começaram
nicação Social – idecan – 2014) Assinale a alternativa há alguns dias ou semanas. Os resultados chegarão rapida-
em que a acentuação de todas as palavras está de acordo mente”.
com a mesma regra da palavra destacada: “Procuradorias
comprovam necessidade de rendimento satisfatório para re- O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a” com
novação do FIES”. acento grave indicativo da crase – “diz respeito à sua vida
profissional”. A frase abaixo em que o emprego do acento
a) após / pó / paletó grave da crase é corretamente empregado é:
b) moído / juízes / caído
c) história / cárie / tênue a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis;
d) álibi / ínterim / político b) começaram à chorar assim que leram as previsões;
e) êxito / protótipo / ávido c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer;
21. (Prefeitura de Brusque-sc – Educador Social – fe- d) o leitor estava à procura de seu destino;
pese – 2014) Assinale a alternativa em que só palavras e) o astrólogo previa o futuro passo à passo
paroxítonas estão apresentadas. 26. (Prefeitura de Sertãozinho-SP – Farmacêutico –
Superior – VUNESP – 2017) O sinal indicativo de crase
a) facilitada, minha, canta, palmeiras está empregado corretamente nas duas ocorrências na al-
b) maná, papá, sinhá, canção ternativa:
c) cá, pé, a, exílio
d) terra, pontapé, murmúrio, aves a) Muitos indivíduos são propensos à associar, inadvertida-
e) saúde, primogênito, computador, devêssemos mente, tristeza à depressão.
b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento, por
22. (Ministério do Desenvolvimento Agrário – Téc- isso almejam à pílula da felicidade.
nico em Agrimensura – funcab – 2014) A alternativa c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga,
que apresenta palavra acentuada por regra diferente das pode-se, à primeira vista, pensar em depressão.
LÍNGUA PORTUGUESA

demais é: d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios às


pessoas antes da realização de exames acurados.
a) dúvidas. e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que existem
b) muitíssimos. 121 milhões de pessoas à serem tratadas de depressão.
c) fábrica.
d) mínimo.
e) impossível.

49
27. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área 31. (CONAB – Contabilidade – Superior – IADES –
Administrativa – Médio – FCC – 2017) É difícil planejar 2014 – adaptada) Considerando o trecho “atualizou os
uma cidade e resistir à tentação de formular um projeto de dados relativos à produção de grãos no Brasil.” e conforme a
sociedade. norma-padrão, assinale a alternativa correta.
O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o verbo
sublinhado acima seja substituído por: a) a crase foi empregada indevidamente no trecho.
b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo de
a) não acatar. crase.
b) driblar. c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do
c) controlar. sinal indicativo de crase continuaria obrigatório.
d) superar. d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referentes, o
e) não sucumbir. uso do sinal indicativo de crase passaria a ser facultativo.
e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediatamente
28. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área antes de “produção”, o uso do sinal indicativo de crase
Administrativa – Médio – FCC – 2017) A frase em que seria facultativo.
há uso adequado do sinal indicativo de crase encontra-se
em: 32. (Sabesp-SP – atendente a clientes – Médio – fcc
– 2014 – adaptada) No trecho Refiro-me aos livros que
a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com maior foram escritos e publicados, mas estão – talvez para sempre
força na Hollywood do século 21. – à espera de serem lidos, o uso do acento de crase obedece
b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agregou à mesma regra seguida em:
à máxima.
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem em a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como
histórias já testadas e aprovadas. evitá-la.
d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido
de teatro. efeito.
e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos em c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à novela.
alguns estúdios. d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha
fórmula.
29. (Prefeitura de Marília-SP – Auxiliar de Escrita – e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor-
Médio – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que rigidas.
o sinal indicativo de crase está empregado corretamente.
33. (TRT-AL – Analista Judiciário – Superior – FCC–
a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o amor 2014) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chine-
de infância. sas...
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de comple-
uma nova remessa de cartas. mento que o da frase acima está em:
c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico-
lógico. a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo à b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
diversas cartas. Idade Média.
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem no- c) ... viajavam por cordilheiras...
vas amizades. d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
30. (prefeitura de são Paulo-sp – técnico em saúde – e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
laboratório – médio – vunesp – 2014) Reescrevendo-se
o segmento frasal – ... incitá-los a reagir e a enfrentar o 34. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE –
desconforto, ... –, de acordo com a regência e o acento indi- UFAL – 2014) Na afirmação abaixo, de Padre Vieira,
cativo da crase, tem-se: “O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o picaram
a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o substantivo
a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do desconforto, ... “espinhos” tem, respectivamente, função sintática de,
b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do desconforto, ...
LÍNGUA PORTUGUESA

c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do desconforto, ... a) objeto direto/objeto direto.


d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do desconforto, ... b) sujeito/objeto direto.
e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do desconforto, .. c) objeto direto/sujeito.
d) objeto direto/objeto indireto.
e) sujeito/objeto indireto.

50
35. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE – 39. (trt-13ª região-pb – Técnico Judiciário – Tecnolo-
UFAL – 2014) No texto, “Arranca o estatuário uma pedra gia da Informação – Médio – fcc – 2014) Ao mesmo
dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois que tempo, as elites renunciaram às ambições passadas...
desbastou o mais grosso, toma o maço e cinzel na mão para O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de comple-
começar a formar um homem, primeiro membro a membro mento que o grifado acima está empregado em:
e depois feição por feição.”
VIEIRA, P. A. In Sermão do Espírito Santo. Acervo da Acade- a) Faltam-nos precedentes históricos para...
mia Brasileira de Letras b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro...
A oração sublinhada exerce uma função de c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa si-
tuação...
a) causalidade. d) As redes sociais eram atividades de difícil implementação...
b) conclusão. e) ... como se imitássemos o padrão de conforto...
c) oposição.
d) concessão. 40. (Cia de Serviços de Urbanização de Guarapuava-
e) finalidade. -pr – Agente de Trânsito – consulplam – 2014) Quanto
à função que desempenha na sintaxe da oração, o trecho
em destaque “Tenho uma dor que passa daqui pra lá e de lá
36. (EBSERH – HUCAM-UFES – Advogado – Superior pra cá” corresponde a:
– AOCP – 2014) Em “Se a ‘cura’ fosse cara, apenas uma
pequena fração da sociedade teria acesso a ela.”, a expressão a) Oração subordinada adjetiva restritiva.
em destaque funciona como: b) Oração subordinada adjetiva explicativa.
c) Adjunto adnominal.
a) objeto direto. d) Oração subordinada adverbial espacial.
b) adjunto adnominal.
c) complemento nominal.
d) sujeito paciente.
e) objeto indireto.
GABARITO
37. (EBSERH – HUSM-UFSM-RS – Analista Adminis-
trativo – Jornalismo – Superior – AOCP – 2014) 1 C
“Sinta-se ungido pela sorte de recomeçar. Quando seu filho 2 A
crescer, ele irá entender - mais cedo ou mais tarde -...” 3 D
No período acima, a oração destacada:
4 A
a) estabelece uma relação temporal com a oração que lhe 5 C
é subsequente.
b) estabelece uma relação temporal com a oração que a 6 A
antecede. 7 C
c) estabelece uma relação condicional com a oração que 8 D
lhe é subsequente.
d) estabelece uma relação condicional com a oração que 9 D
a antecede. 10 C
e) estabelece uma relação de finalidade com a oração que
lhe é subsequente. 11 B
12 C
38. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab 13 D
– 2014) O termo destacado em: “As pessoas estão sempre
muito ATAREFADAS.” exerce a seguinte função sintática: 14 E
15 A
a) objeto direto.
b) objeto indireto. 16 B
LÍNGUA PORTUGUESA

c) adjunto adverbial. 17 A
d) predicativo. 18 CERTO
e) adjunto adnominal.
19 D
20 C
21 A

51
22 E ANOTAÇÕES
23 E
24 E
___________________________________________________
25 C
26 C ___________________________________________________
27 E ___________________________________________________
28 D ___________________________________________________
29 B
___________________________________________________
30 A
31 E ___________________________________________________

32 D ___________________________________________________
33 E ___________________________________________________
34 C
___________________________________________________
35 E
___________________________________________________
36 C
37 A ___________________________________________________
38 D ___________________________________________________
39 A
___________________________________________________
40 A
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA

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___________________________________________________

52
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Direito Constitucional: Direito e Garantias Fundamentais (art. 5º ao 17 da C.F.); .........................................................................................01


Da Administração Pública (art. 37 ao 41 da C.F.); ......................................................................................................................................................22
Da Ordem Social (art. 205 ao 216, 218, 219, 225 ao 232 da C.F.); .......................................................................................................................24
Dos Crimes contra a Administração Pública (art. 312 ao 327 do Código Penal); ..........................................................................................30
Improbidade Administrativa: Lei nº 8.429/92; ............................................................................................................................................................37
Lei nº 8.112 e alterações posteriores: Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição (art. 5º ao 39 da Lei nº
8.112/90); ...................................................................................................................................................................................................................................48
Dos Direitos e Vantagens (art. 40 ao 115 da Lei 8.112/90); ...................................................................................................................................88
Do Regime Disciplinar (art. 116 ao 142 da Lei nº 8.112/90);..................................................................................................................................88
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal: Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, e
suas atualizações.....................................................................................................................................................................................................................89
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITO E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ART. 5º AO 17 DA C.F.);

Antes de ingressarmos no estudo da temática proposta pelo edital, importante justificar o motivo pelo qual os tópicos
foram unificados. Cumpre destacar que a Constituição Federal trata os direitos individuais e coletivos dentro do capítulo I do
Título II chamado de “Dos Direitos e garantias fundamentais”. Portanto, didaticamente se torna indispensável a unificação
de tais temas.

#FicaDica
O presente estudo tem por finalidade a análise pormenorizada de todos os incisos previstos no art. 5º da
Constituição Federal; referido artigo elenca os direitos e os deveres individuais e coletivos, assegurando-os
a todos que estejam em território nacional, seja brasileiro nato, naturalizado ou mesmo estrangeiro por
motivos diversos. Cada inciso receberá o comentário pertinente.

Título II
Dos direitos e garantias fundamentais

Capítulo I
Dos direitos e deveres individuais e coletivos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estran-
geiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e ga-
rantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação
coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as
invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefôni-
cas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei es-
tabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

1
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
em locais abertos ao público, independentemente de informações de seu interesse particular, ou de interesse
autorização, desde que não frustrem outra reunião coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, Estado;
vedada a de caráter paramilitar; XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de do pagamento de taxas:
cooperativas independem de autorização, sendo veda- a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa
da a interferência estatal em seu funcionamento; de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito teresse pessoal;
em julgado; XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judici-
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a ário lesão ou ameaça a direito;
permanecer associado; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
XXI - as entidades associativas, quando expressamente jurídico perfeito e a coisa julgada;
autorizadas, têm legitimidade para representar seus fi- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
liados judicial ou extrajudicialmente; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a orga-
XXII - é garantido o direito de propriedade; nização que lhe der a lei, assegurados:
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; a) a plenitude de defesa;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- b) o sigilo das votações;
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou c) a soberania dos veredictos;
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta contra a vida;
Constituição; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- pena sem prévia cominação legal;
de competente poderá usar de propriedade particu- XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
lar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se réu;
houver dano; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em direitos e liberdades fundamentais;
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
de penhora para pagamento de débitos decorrentes e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os da lei;
meios de financiar o seu desenvolvimento; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utili- tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
zação, publicação ou reprodução de suas obras, trans- ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
missível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
a) a proteção às participações individuais em obras evitá-los, se omitirem;
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coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação
inclusive nas atividades desportivas; de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- constitucional e o Estado democrático;
mico das obras que criarem ou de que participarem XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre- podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
sentações sindicais e associativas; do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendi-
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus- das aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
triais privilégio temporário para sua utilização, bem do valor do patrimônio transferido;
como proteção às criações industriais, à propriedade XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos entre outras, as seguintes:
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen- a) privação ou restrição da liberdade;
volvimento tecnológico e econômico do País; b) perda de bens;
XXX - é garantido o direito de herança; c) multa;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no d) prestação social alternativa;
País será regulada pela lei brasileira em benefício do e) suspensão ou interdição de direitos;
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes XLVII - não haverá penas:
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ; a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos ter-
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa mos do art. 84, XIX;
do consumidor; b) de caráter perpétuo;

2
c) de trabalhos forçados; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
d) de banimento; guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
e) cruéis; ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegali-
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos dis- dade ou abuso de poder;
tintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para pro-
sexo do apenado; teger direito líquido e certo, não amparado por habeas
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade corpus ou habeas data , quando o responsável pela ile-
física e moral; galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
possam permanecer com seus filhos durante o período poder público;
de amamentação; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impe-
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturali- trado por:
zado, em caso de crime comum, praticado antes da na- a) partido político com representação no Congresso Na-
turalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico cional;
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo
crime político ou de opinião; menos um ano, em defesa dos interesses de seus mem-
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão bros ou associados;
pela autoridade competente; LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
sem o devido processo legal; exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrati- prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
vo, e aos acusados em geral são assegurados o contra- cidadania;
ditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela LXXII - conceder-se-á habeas data :
inerentes; a) para assegurar o conhecimento de informações rela-
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas tivas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
por meios ilícitos; bancos de dados de entidades governamentais ou de
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito caráter público;
em julgado de sentença penal condenatória; b) para a retificação de dados, quando não se prefira
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
lei; ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pú- nio público ou de entidade de que o Estado participe, à
blica, se esta não for intentada no prazo legal; moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao pa-
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro- trimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo com-
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse provada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
social o exigirem; sucumbência;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judici- gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

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ária competente, salvo nos casos de transgressão militar LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-
ou crime propriamente militar, definidos em lei; diciário, assim como o que ficar preso além do tempo
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se en- fixado na sentença;
contre serão comunicados imediatamente ao juiz com- LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres,
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indi- na forma da lei:
cada; a) o registro civil de nascimento;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os b) a certidão de óbito;
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e ha-
assistência da família e de advogado; beas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon- exercício da cidadania.
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela assegurados a razoável duração do processo e os meios
autoridade judiciária; que garantam a celeridade de sua tramitação.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun-
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem damentais têm aplicação imediata.
fiança; § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do res- não excluem outros decorrentes do regime e dos prin-
ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável cípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; em que a República Federativa do Brasil seja parte.

3
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di- - 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade difusa.
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Proteção do homem em sua forma coletiva, grupos,
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos não mais individualmente.
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes Característica: proteção do homem em grupos. Ex: di-
às emendas constitucionais. reito ao meio ambiente equilibrado, direito a paz.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. Conclusão
A visão dos direitos fundamentais em termos de gera-
Histórico ções indica a evolução desses direitos no tempo. Cada di-
- Direitos Fundamentais reito de cada geração interage com os das outras e, nesse
Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não são processo, dá-se à compreensão.
sempre os mesmos em todas as épocas. Porém devem
constar obrigatoriamente em textos constitucionais consi-
Características dos direitos fundamentais
derados democráticos; constando referidos direitos podem
anuir que aquela constituição está alicerçada nos pilares da
- Universais e absolutos
democracia.
A questão da universalidade: direito previsto para todo
Dignidade humana: foi impulsionada pelo cristianismo,
uma vez que segundo essa religião o homem era feito a ima- homem, ainda que nem todo homem o exerça.
gem e semelhança de Deus. Sendo assim, ganhou uma pro- Absoluto: os direitos fundamentais não são absolutos,
teção especial no texto da Constituição. Importante lembrar apesar de gozarem de prioridade absoluta sobre qualquer
que falar em dignidade humana é falar em garantir o direito outro direito.
do indivíduo ter direitos – iguais entre seres humanos.
Positivação dos direitos fundamentais: Bill of Rights, De- - Historicidade
claração da Virgínia, Declaração Francesa. Tais documentos Os direitos fundamentais são um conjunto de facul-
trataram de positivar direitos que naturalmente são ineren- dades e instituições que somente faz sentido num deter-
tes ao homem. minado contexto histórico. A história permite entender a
Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois existência de cada um dos direitos.
deveres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo A história explica que os direitos possam ser apregoa-
estão ordenados de modo a melhor cuidar de seus cida- dos em certa época, desaparecendo em outras, ou se mo-
dãos. É a demonstração clara do pacto social firmado en- dificam no tempo. Verifica-se, portanto, a evolução dos
tre os indivíduos e o Estado – é a cessão de parte de suas direitos fundamentais.
liberdades, entregando-as ao Estado de modo que este,
em contrapartida, devolva algo que seja positivo – como, - Inalienabilidade e Indisponibilidade
por exemplo, proíbe-se (exceto as possibilidade previstas Inalienável: o titular do direito não pode impossibilitar
na lei) da autotutela (exercício da autodefesa) entregando o exercício para si mesmo. Encontra fundamento no valor
essa função ao Estado para que este exerça a tutela da se- da dignidade humana. A indisponibilidade gera nulidade
gurança do indivíduo. de qualquer disposição contratual feita.
Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.: manifes-
Geração de Direitos Fundamentais tação religiosa em templo religioso diverso do seu.
- 1ª Geração de direitos: são postulados de abstenção
dos governantes se obrigando a não intervir na vida
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- Direitos humanos são direitos postulados em bases


pessoal de cada indivíduo. Indispensável a todos os jusnaturalistas, contam índole filosófica e não pos-
homens. Como por exemplo, direito a vida, ou seja,
suem como característica básica a positivação numa
salvo em situações específicas, o Estado não privará
ordem jurídica particular.
o indivíduo de seguir sua vida.
- Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos re-
Característica: universal; não ocasiona desigualdade so-
lacionados com posições básicas das pessoas, ins-
cial. Ex: liberdade,
critos em diplomas normativos de cada Estado. São
- 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade do
direitos que vigem numa ordem jurídica concreta,
povo de não apenas ter liberdade, mas outros direi-
tos que o conduzem a exercer a liberdade, seguir sua sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e
vida, com dignidade. São os valores sociais variados, no tempo.
importando intervenção ativa do Estado na vida eco- - Vinculação dos Poderes Públicos
nômica com o viés de proporcionar justiça social. O fato de os direitos fundamentais estarem previstos
Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex: na Constituição torna-os parâmetros de organização e de
igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São limitação dos poderes constituídos. A constitucionalização
chamados de direitos sociais não por serem direitos da co- dos direitos fundamentais impede que sejam considerados
letividade, mas por alusão ao termo justiça social. Os titu- meras autolimitações dos poderes constituídos - dos Pode-
lares são os próprios indivíduos singularizados, apesar dos res Executivo, Legislativo e Judiciário -, passíveis de serem
mesmos poderem se voltar a coletividade. alteradas ou suprimidas ao talante destes.

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- Aplicabilidade imediata Por fim, o direito à propriedade abarca o último
As normas que definem direitos fundamentais são nor- grupo dos direitos fundamentais. A CF/88 confere a todo
mas de caráter preceptivo, e não meramente programáti- cidadão o direito à propriedade privada, particular. Porém,
co. Explicita-se, além disso, que os direitos fundamentais se importante que aquele que detenha a propriedade se
fundam na Constituição, e não na lei - com o que se deixa atente para a função social que a mesmo carrega.
claro que é a lei que deve mover-se no âmbito dos direitos I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
fundamentais, não o contrário. ções, nos termos desta Constituição;
A Constituição brasileira de 1988 filiou-se a essa Neste inciso está insculpido o princípio da isonomia,
tendência, conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que que é exatamente o tratamento igualitário, para todos,
se diz que “as normas definidoras dos direitos e garantias vedada qualquer forma de discriminação – modalidade
fundamentais têm aplicação imediata”. O texto se refere de preceito universal. Segundo a Declaração Universal dos
aos direitos fundamentais em geral, não se restringindo direitos do homem, “todos os seres humanos nascem livres
apenas aos direitos individuais. e iguais em dignidade e direitos.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e alguma coisa senão em virtude de lei;
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do Eis o princípio da legalidade. Referido princípio limita
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à toda forma de arbitrariedade; evidente que o convívio em
propriedade, nos termos seguintes: sociedade pressupõe o aceite de determinadas regras de
O caput do art. 5º é talvez um dos mais importantes convívio. Porém, tais regras derivam de autoridade com
artigos do texto constitucional, para não dizer o principal competência para tanto que agem de maneira impessoal
artigo da constituição federal. Esse artigo nos elenca cinco e geral.
grupos de direitos que são amplamente protegidos pela III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
nossa lei maior. A saber: mento desumano ou degradante;
- Direito à vida (integridade física e moral), - direito à Entende-se por tortura qualquer forma de castigo
corpóreo agressivo, violento, que utilize de qualquer
liberdade (manutenção de qualquer forma de mani-
instrumento mecânico ou psicológico levando aquele
festação do indivíduo), - direito à igualdade (o tra-
que está sendo torturado praticar ato que não o faria
tamento da lei é conferido igualmente para todos),
se estivesse em condições normais. A tortura é crime
- direito à segurança (direito de todos – necessidade
inafiançável e insuscetível de fiança.
de leis que definam crimes e sanções) e – direito à
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
propriedade (propriedade particular, privada, desde
dado o anonimato;
que atendida sua função social). É a liberdade conferida ao indivíduo para que o mesmo
O direito à vida pressupõe a negativa do Estado de possa expressar de qualquer forma o que pensa a respeito
promover qualquer ato que ofenda a integridade física de religião, política, ciência ou qualquer outro instituto.
ou moral do indivíduo; por esta razão, proíbe-se a tortura Importante lembrar que essa liberdade de manifestação
ou qualquer exposição vexatória. Também não permite está condicionada ao não anonimato; deste modo, todos
que a vida chegue ao fim se não pelas causas naturais – podem se manifestar sendo porém vedada a manifestação
caso venha ocorrer, o Estado oferece sanções àquele que anônima.
promoveu o encurtamento da vida humana. Também importante lembrar que a liberdade de
No que tange a liberdade, pode o indivíduo fazer tudo manifestação protegida pela CF/88 não protege a prática de
aquilo que a lei não proíbe, tem a faculdade de decidir os crimes sob a argúcia da liberdade. Qualquer manifestação
rumos de sua própria vida. Por esta razão sua liberdade de ofensiva a terceiros que fira sua honra, imagem ou

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locomoção é amplamente protegida; dentro do conceito integridade poderá ser punida pela lei.
de liberdade se enquadra o direito a manifestação de toda V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
espécie: religiosa, de pensamento, de associação, ou seja, agravo, além da indenização por dano material, moral
a todos é conferido o direito de expor seus pensamentos e ou à imagem;
suas escolhas. Neste ponto é importante demonstrar que A CF/88 assegura o direito de resposta proporcional
essa liberdade de expressão não pode ocasionar danos a ao agravo. Assim, aquele que causar prejuízo a outrem
outrem de modo que se assim o fizer, estará praticando tem assegurado para si o direito a indenização por dano
ato contra terceiros e por isso poderá ser responsabilizado. material ou moral. O prejuízo a que se refere o inciso V pode
A igualdade também é dos pilares dos direitos patrimonial ou não. Prejuízo de ordem não patrimonial é
fundamentais. Por conta desse princípio a lei deve conferir aquele causado por pessoa (física ou jurídica) que ofenda
tratamento igualitário para todos; assim, não se permite liberdade, honra, família ou profissão de determinado
qualquer espécie de distinção da lei, além de vedar toda indivíduo.
espécie de discriminação. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
A segurança é outro importante direito fundamental, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
pois compreende não apenas aquela que visa a proteção e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
patrimonial (seja ele material ou mesmo imaterial), mas culto e a suas liturgias;
também a segurança jurídica. Deste modo, todo cidadão VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
deve ter conhecimento das leis que regem o país para que assistência religiosa nas entidades civis e militares de
não “sejam mais pegos de surpresa”. internação coletiva;

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VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a lei estabelecer;
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- Toda atividade profissional exercida espontaneamente
tiva, fixada em lei; pelo indivíduo é respeitada pela CF/88, inclusive aquelas não
Assegurada a plena liberdade de consciência, ofertando classificadas para efeito de registro em carteira de trabalho.
a lei de proteção aos locais de culto e suas liturgias. Esse Assim, em se tratando de atividade lícita poderá o indivíduo
inciso compreende três formas de liberdade: crença, culto exercê-la livremente.
e organização religiosa. A possibilidade de escolher qual XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e res-
religião seguir, ou mesmo não seguir nenhuma religião guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer-
está amparada pela liberdade de crença. Porém, importante cício profissional;
destacar que a liberdade de escolher sua própria religião Tem esse inciso a função de afastar o indivíduo da
não pode servir de amparo ao embaraçamento daquele que censura; permite-se a liberdade de expressão do indivíduo
pretende praticar outra religião. desde que não venha a ferir direitos de outrem.
A assistência religiosa é assegurada a quem dela queira XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo
fazer uso; logo, não será ofertada assistência religiosa sem a de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
anuência do interessado. entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Por fim, sob o tópico “religião”, importante fazer menção É a possibilidade conferida em tempos de paz a todos os
ao direito de professar ou não qualquer religião inclusive indivíduos de circular livremente no território nacional sem
exercer suas práticas, com cultos. Importante lembrar que a qualquer limitação, nos termos da lei.
prática religiosa amparada pela CF/88 não pode se confundir XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
com aquelas práticas consideradas ilegais para o direito em locais abertos ao público, independentemente de
brasileiro, como por exemplo aquelas que leva a necessidade autorização, desde que não frustrem outra reunião an-
de sacrifício humano. Neste caso, sendo considerado crime teriormente convocada para o mesmo local, sendo ape-
o encurtamento da vida, não será amparado o sacrifício pela nas exigido prévio aviso à autoridade competente;
O direito de reunião vem estampado no art. 5º como
liberdade religiosa.
modalidade de direito fundamental para demonstrar
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artísti-
a força da democracia. Por conta desse direito, todos
ca, científica e de comunicação, independentemente de
podem reunir-se em local público com finalidades diversas,
censura ou licença;
independentemente de autorização. É necessário, no
Este inciso é autoexplicativo. No que tange a liberdade
entanto, que aqueles que desejam se reunir comuniquem
de expressão é importante destacar alguns institutos
autoridade competente, especialmente para não ferir direitos
legislativos que conferem regulamentação ao tema, como daqueles que previamente se decidiram pela reunião em
por exemplo, a lei de imprensa (Lei 5.250/67), Lei de Direitos local da vontade de ambos. Assim, desde que pacificamente,
autorais (Lei 9.610/98) entre outras. sem armas, indivíduos podem se reunir em locais públicos,
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra necessitando apenas informar as autoridades. Não é
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni- necessário autorização do poder público, mas apenas sua
zação pelo dano material ou moral decorrente de sua comunicação.
violação; XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela vedada a de caráter paramilitar;
podendo penetrar sem consentimento do morador, sal- XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
vo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para pres- cooperativas independem de autorização, sendo veda-
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tar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; da a interferência estatal em seu funcionamento;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co- XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
municações telegráficas, de dados e das comunicações dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em jul-
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de gado;
investigação criminal ou instrução processual penal; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
É inviolável tudo aquilo que não pode ser entregue ao permanecer associado;
público, que merece ser preservado. Sempre que violada XXI - as entidades associativas, quando expressamente
a honra, a imagem, a vida privada, sem consentimento do autorizadas, têm legitimidade para representar seus fi-
indivíduo, a este caberá indenização pelo dano material liados judicial ou extrajudicialmente;
ou moral pelo ato cometido. No que tange ao domicílio, Referidos incisos tratam da questão da associação.
este poderá ser violado a qualquer horário sempre que Em primeiro, a associação é livre, não podendo ninguém
caso de flagrante delito ou desastre, ou ainda no caso de ser compelido a associar-se se assim não desejar. As
determinação judicial, neste último caso apenas durante o associações poderão ser criadas para fins lícitos; de forma
dia (06h00 as 18h00). alguma será autorizado funcionar associações com objetivos
Das formas de comunicação, sejam elas por paramilitares (corporações privadas de nacionais ou também
correspondência, comunicação telegráfica ou telefônica, de estrangeiros normalmente aparelhados por uniformes e
somente a última, por determinação judicial, poderá ser armamentos militares sem contudo pertencer aos quadros
parcialmente quebrada, com prazo de duração. das forças armadas).

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Importante também explicar que a necessidade pública
#FicaDica ocorre sempre que o Estado se coloca diante de uma
Cumpridos tais requisitos, poderá a associação situação extremamente urgente que não pode ser adiada.
funcionar sem, inclusive, sofrer qualquer A utilidade pública é quando impõe ao Poder Público a
interferência do Estado; no entanto, por meio possibilidade de propor o uso de determinado bem em
de decisão judicial transitada em julgada contrapartida a oferta de alguma serviço que seja útil para a
poderá ser dissolvida a associação ou ter suas coletividade. Por fim, tem interesse social aquilo que venha
atividades suspensas. Além das associações a trazer melhorias as classes menos privilegiadas.
também possíveis as cooperativas com XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de uti-
objetivos diferentes das associações. lização, publicação ou reprodução de suas obras, trans-
missível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras co-
XXII - é garantido o direito de propriedade; letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclu-
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; sive nas atividades desportivas;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou mico das obras que criarem ou de que participarem aos
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- criadores, aos intérpretes e às respectivas representa-
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta ções sindicais e associativas;
Constituição; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- triais privilégio temporário para sua utilização, bem
de competente poderá usar de propriedade particu- como proteção às criações industriais, à propriedade
lar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
houver dano; distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em volvimento tecnológico e econômico do País;
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto Esse conjunto de incisos trata dos direitos autorais; são
de penhora para pagamento de débitos decorrentes os frutos a serem colhidos por aqueles que desenvolvem
de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os trabalho intelectual. Referidos direitos versam sobre o
meios de financiar o seu desenvolvimento; ineditismo da obra; importante lembrar que os sucessores
do autor permanecerão recebendo a título universal os
Os incisos acima compõem o grupo dos direitos louros da obra daquele que sucedeu.
individuais e coletivos voltados à propriedade. A CF/88 A marca também é protegida em todo território nacional
confere a todos o direito de propriedade, ter para si e o seu uso exclusivo a quem dela fez o registro; esse tema
propriedade particular (privada); no entanto, o uso deve consta inserido na seara do direito empresarial, em especial
atender a função daquela propriedade. Assim, por exemplo, no código de propriedade industrial.
determinada propriedade rural deve atender sua finalidade, XXX - é garantido o direito de herança;
qual seja, produção de riqueza por meio do agronegócio XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
(seja para o próprio sustento ou comércio com terceiros). País será regulada pela lei brasileira em benefício do
Não exercendo sua função social, a propriedade poderá cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
ser destacada do patrimônio daquele indivíduo. Em seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;
outras palavras, a propriedade urbana exerce sua função Entende-se por herança a totalidade dos bens móveis
e imóveis deixados por aquele que veio a falecer, também

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social quando atende às exigências fundamentais de
organização da cidade expressas em seu plano diretor; já a chamado de de cujus. Aquele que vier a suceder o falecido
propriedade rural exercerá sua função social quando fizer o poderá aceitar a herança, renunciá-la ou mesmo imitir-se na
aproveitamento correto dos recursos naturais, preservando posse.
o meio ambiente e protegendo relações de trabalho e XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
exploração que favoreçam o bem estar dos proprietários e do consumidor;
dos trabalhadores. Enquadra-se no conceito de consumidor a coletividade
de pessoas, ainda que não seja possível determiná-las, que
tenham participado de uma relação de consumo composta
por fornecedor e consumidor.
#FicaDica No Brasil, as relações de consumo são disciplinadas pelo
O direito à propriedade também poderá ser Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, além de outras
relativizado quando o Estado necessitar de cuja matéria é mais específica como leis relacionadas a crimes
determinada propriedade, bem ou serviços contra ordem tributária, ordem econômica, entre outras.
prestados por particular, mediante indenização. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
A CF/88 autoriza o poder público a se utilizar informações de seu interesse particular, ou de interes-
da propriedade particular na iminência ou na se coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
ocorrência de alguma situação que ofereça lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
perigo à coletividade. cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socieda-
de e do Estado;

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XXXIV - são a todos assegurados, independentemente XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
do pagamento de taxas: XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa dos direitos e liberdades fundamentais;
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; A exceção ao princípio da irretroatividade, anteriormente
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, explicado, é exatamente com relação ao benefício para o
para defesa de direitos e esclarecimento de situações réu.
de interesse pessoal; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
Essência da democracia, ao cidadão cabível a proteção e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
do seu direito de manter-se informado de tudo aquilo da lei;
que envolve tanto o Estado como seu próprio nome. Ato XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
contínuo, protege-se também o direito de petição ao tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
indivíduo; assim, todo aquele que pretender buscar pela ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
tutela jurisdicional do Estado ou mesmo acessar legislativo os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
e executivo, terá assegurado seu direito de petição. dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judici- evitá-los, se omitirem;
ário lesão ou ameaça a direito; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
jurídico perfeito e a coisa julgada; ordem constitucional e o Estado democrático;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
O Brasil adota uma jurisdição. Assim, não serão tolerados podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
tribunais de exceção ou o exercício de juízes ad-hoc, do perdimento de bens ser, nos termos da lei, esten-
voltados a julgar um ou outro caso. Marco da democracia, didas aos sucessores e contra eles executadas, até o
onde a lei vale para todos e todos devem cumpri-la. Uma limite do valor do patrimônio transferido;
lei nova não pode prejudicar direitos já conquistados pelo
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adota-
indivíduo sob pena de ferir o pacto social firmado entre o
rá, entre outras, as seguintes:
indivíduo e o Estado – aceitando mudanças sem previsão
a) privação ou restrição da liberdade;
legal estar-se-ia referendando arbitrariedades – é o
b) perda de bens;
chamado princípio da irretroatividade. Vale lembrar que, em
c) multa;
se tratando de retroação benéfica da lei, nenhum obstáculo
d) prestação social alternativa;
se imporá. Portanto, uma crime praticado cuja pena seja
e) suspensão ou interdição de direitos;
alta passe por um abrandamento dessa pena por nova lei,
XLVII - não haverá penas:
aquilo punido nos moldes da lei antiga será beneficiado
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
pela novel legislação.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a or- termos do art. 84, XIX;
ganização que lhe der a lei, assegurados: b) de caráter perpétuo;
a) a plenitude de defesa; c) de trabalhos forçados;
b) o sigilo das votações; d) de banimento;
c) a soberania dos veredictos; e) cruéis;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos dis-
tintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
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contra a vida;
O júri é o formato mais antigo de tribunal. Compostos por sexo do apenado;
pessoas comuns, chamados de jurados, formam o conselho XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
de sentença, cuja função principal é opinar pela culpa ou física e moral;
não do indivíduo que praticou um crime doloso contra a L - às presidiárias serão asseguradas condições para
vida. Serão escolhidos 07, dentre 21 pessoas a comporem que possam permanecer com seus filhos durante o pe-
o conselho de sentença. Aos jurados é assegurado o sigilo ríodo de amamentação;
das votações e ao réu a plenitude de defesa; ao júri, como Rol de incisos relacionados a seara do direito penal e
um todo, assegurado a soberania do veredicto. O tribunal direito processual penal. As penas no Brasil são definidas
do júri funcionará sempre que houver um crime doloso pela CF/88; assim, possível apenas as penas de privação
contra a vida. ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem alternativa e suspensão parcial ou temporária de direitos.
pena sem prévia cominação legal; Toda pena diferente destas não será autorizada pela
Também chamado de princípio da legalidade. Por este legislação infraconstitucional em especial aquelas que
princípio o indivíduo só poderá responder criminalmente levem a morte, tortura, caráter perpétuo, trabalho forçado,
por alguma conduta por ele praticado se esta conduta cruéis ou de banimento. Inserido no sistema prisional, ao
houver sido considerada crime antes de sua prática. Ou indivíduo assegurado respeito a sua integridade física e
seja, a conduta definida como crime deve ser anterior a moral. Para as mulheres, tratativa diferenciada em períodos
sua prática. de amamentação, podendo ficar com seu filho.

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LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes da por ordem escrita e fundamentada de autoridade ju-
naturalização, ou de comprovado envolvimento em diciária competente, salvo nos casos de transgressão
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
da lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
crime político ou de opinião; competente e à família do preso ou à pessoa por ele
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão indicada;
pela autoridade competente; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
Os incisos acima compõem a proteção do direito à quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
nacionalidade. Ao brasileiro nato (aquele que nasceu assistência da família e de advogado;
em território brasileiro – respeitada exceção em que os LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
genitores, estrangeiros, estão a serviço de seu país – ou sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
aquele tem por seus genitores algum, ou ambos, brasileiros) LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
não será autorizada a extradição. Portanto, o brasileiro nato autoridade judiciária;
não será extraditado em hipótese alguma. O naturalizado, LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela manti-
em regra não será extraditado; salvo se houver praticado do quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
crime comum antes de sua naturalização ou comprovado sem fiança;
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
afins. responsável pelo inadimplemento voluntário e inescu-
Outra vedação à extradição é aquela solicitada em razão sável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
de estrangeiro ter praticado crime político ou de opinião Rol de incisos que garante direitos àqueles que
em seu país de origem. Por defendermos a liberdade de estiverem presos. Em regra, o indivíduo somente será preso
manifestação, seja ela qual for, asseguramos também ao por determinação judicial ou em caso de flagrante delito.
estrangeiro esse direito. Aquele que vier a ser preso indicará alguém de sua família
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus ou qualquer outro sobre a prisão. Além da assistência da
bens sem o devido processo legal; família e de advogado, terá o preso direito de permanecer
Este inciso revela em simples palavras que ninguém em silêncio.
pode “ser pego de surpresa”, que “as regras do jogo” devem LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
ser cumpridas. Logo, tanto a privação da liberdade como guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
a privação de bens deve observar o cumprimento de um ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegali-
processo judicial e o esgotamento das formas de defesa. dade ou abuso de poder;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra- LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para pro-
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con- teger direito líquido e certo, não amparado por habeas
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a corpus ou habeas data , quando o responsável pela ile-
ela inerentes; galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
por meios ilícitos; do poder público;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
em julgado de sentença penal condenatória; petrado por:

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LVIII - o civilmente identificado não será submetido a a) partido político com representação no Congresso
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; Nacional;
Rol de incisos que estipulam regras aos processos b) organização sindical, entidade de classe ou asso-
judiciais ou administrativos. Princípios de extrema ciação legalmente constituída e em funcionamento há
importância, o contraditório e a ampla defesa derivam do pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
princípio da legalidade. Assim, ao indivíduo garantido o membros ou associados;
direito de se defender e ofertar contestação a tudo quanto LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
a ele estiver sendo alegado. que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
pública, se esta não for intentada no prazo legal; prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos à cidadania;
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte- LXXII - conceder-se-á habeas data :
resse social o exigirem; a) para assegurar o conhecimento de informações re-
Cabe ao Ministério Público o exercício das ações lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
penais públicas. No entanto, a lei faculta ao indivíduo, ou bancos de dados de entidades governamentais ou
nas hipóteses previstas em lei, a possibilidade do próprio de caráter público;
indivíduo intentar a ação. Em regra, todos os atos são b) para a retificação de dados, quando não se prefira
públicos, resguardada a defesa da intimidade e do interesse fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administra-
social do indivíduo. tivo;

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LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor III - fundo de garantia do tempo de serviço;
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô- IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni-
nio público ou de entidade de que o Estado participe, ficado, capaz de atender às suas necessidades vitais
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
da sucumbência; preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincu-
Este rol de incisos apresentam os remédios lação para qualquer fim;
constitucionais. São eles, habeas corpus, habeas data, V - piso salarial proporcional à extensão e à complexi-
mandado de segurança, mandado de injunção e ação dade do trabalho;
popular, cada qual disciplinado por lei específica. VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral convenção ou acordo coletivo;
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re- VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
cursos; os que percebem remuneração variável;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju- VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo integral ou no valor da aposentadoria;
fixado na sentença; IX - remuneração do trabalho noturno superior à do
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po- diurno;
bres, na forma da lei: X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
a) o registro civil de nascimento; crime sua retenção dolosa;
b) a certidão de óbito; XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincula-
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e ha- da da remuneração, e, excepcionalmente, participação
beas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao na gestão da empresa, conforme definido em lei;
exercício da cidadania. XII - salário-família pago em razão do dependente do
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
são assegurados a razoável duração do processo e os XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun- a compensação de horários e a redução da jornada,
damentais têm aplicação imediata. mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado
não excluem outros decorrentes do regime e dos prin- em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-
cípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais ciação coletiva;
em que a República Federativa do Brasil seja parte. XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di- aos domingos;
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin- no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva- XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
lentes às emendas constitucionais. menos, um terço a mais do que o salário normal;
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. do salário, com a duração de cento e vinte dias;
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Regras gerais a respeito dos direitos fundamentais. XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me-
Dos direitos sociais diante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
a segurança, a previdência social, a proteção à mater- meio de normas de saúde, higiene e segurança;
nidade e à infância, a assistência aos desamparados, na XXIII - adicional de remuneração para as atividades pe-
forma desta Constituição. (Artigo com redação dada nosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) XXIV - aposentadoria;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
além de outros que visem à melhoria de sua condição desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
social: creches e pré-escolas;
I - relação de emprego protegida contra despedida ar- XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co-
bitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple- letivos de trabalho;
mentar, que preverá indenização compensatória, den- XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
tre outros direitos; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in- do empregador, sem excluir a indenização a que este
voluntário; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

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XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das rela- VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
ções de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos tado nas organizações sindicais;
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado
dois anos após a extinção do contrato de trabalho; a partir do registro da candidatura a cargo de direção
a) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº 28, ou representação sindical e, se eleito, ainda que su-
de 2000) plente, até um ano após o final do mandato, salvo se
b) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº 28, cometer falta grave nos termos da lei.
de 2000) Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício -se à organização de sindicatos rurais e de colônias de
de funções e de critério de admissão por motivo de pescadores, atendidas as condições que a lei estabe-
sexo, idade, cor ou estado civil; lecer.
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
a salário e critérios de admissão do trabalhador porta- aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
dor de deficiência; exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, dele defender.
técnico e intelectual ou entre os profissionais respec- § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
tivos; disporá sobre o atendimento das necessidades inadiá-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou veis da comunidade.
insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba- § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de penas da lei.
aprendiz, a partir de quatorze anos; Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
vínculo empregatício permanente e o trabalhador avul- em que seus interesses profissionais ou previdenciários
so. sejam objeto de discussão e deliberação.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra- Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos emprega-
balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos dos, é assegurada a eleição de um representante des-
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, tes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o en-
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi- tendimento direto com os empregadores.
ções estabelecidas em lei e observada a simplificação
do cumprimento das obrigações tributárias, principais Direitos sociais em espécie (11 espécies): os direitos
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas sociais “disciplinam situações subjetivas pessoais ou
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, grupais de caráter concreto”. Tratam-se de prestações
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência positivas do Estado a serem implementadas, no sentido
social. (Parágrafo único com redação dada pela Emen- de possibilitar busca por melhores condições de vida. São
da Constitucional nº 72, de 2013) irrenunciáveis. Ao contrário dos direitos individuais que se
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob- apresentam pelo “não fazer” do Estado, no que tange aos
servado o seguinte: direitos sociais, estes demandam o “agir” do Estado.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a Rol de direitos sociais
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão - Art. 6
competente, vedadas ao poder público a interferência - Art. 7 a 11

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e a intervenção na organização sindical; - Art. 193 a 232 (Da ordem Social)
II - é vedada a criação de mais de uma organização Cláusula pétrea? Art. 60 §4 IV
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria Destinatários dos direitos sociais: todos os indivíduos,
profissional ou econômica, na mesma base territorial, especialmente os hipossuficientes. Aqueles que necessitam
que será definida pelos trabalhadores ou empregado- da ação positiva do Estado.
res interessados, não podendo ser inferior à área de Modalidades do artigo 6º (círculo virtuoso) (rol
um Município; exemplificativo)
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes- 5 - Educação
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em 2 – Saúde (art. 196 a 200)
questões judiciais ou administrativas; 3 - Alimentação
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em 7 - Trabalho
se tratando de categoria profissional, será desconta- 4 - moradia
da em folha, para custeio do sistema confederativo da 11 - Lazer
representação sindical respectiva, independentemente 10 - Segurança
da contribuição prevista em lei; 9 - Previdência Social
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se 1 - Proteção a maternidade e a infância
filiado a sindicato; 8 - Assistência aos desamparados (art. 194 e 195)
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas ne- 6 - Transportes
gociações coletivas de trabalho;

11
Educação – direito de todos / dever do Estado e da família: exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Ver
art. 205 a 214.
- Educação de baixa qualidade = reflexos políticos negativos. Ex: referendo / plesbicito.
Saúde – direito de todos / dever do Estado: redução do risco de doenças e acesso universal aos serviços de saúde. Ver
art. 196
- SUS – Art. 200: atendimento integral, com prioridade para atividades preventivas.
- Judicialização do direito a saúde. (problemas de gestão)
Alimentação – Comissão de Direitos Humanos da ONU (1993). EC 64/2010. Direito a alimentação adequada, ou seja,
inerente a dignidade da pessoa humana e indispensável.
Trabalho – instrumento para assegurar uma existência digna. Governo, política econômica não recessiva, possibilitando
a busca por empregos.
Moradia - promover programas de construção de moradias e melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico. Princípios: intimidade, privacidade, inviolabilidade de domicílio.
Impenhorabilidade do bem de família
Regra geral: impenhorabilidade.
Exceções: fiador em contrato de aluguel, devedor de IPTU, pagamento de débitos trabalhistas aos trabalhadores
domésticos do imóvel. E imóvel de maior valor?
Lazer – função urbanística do Estado. O lazer interfere nas condições de trabalho e de vida do ser humano.
Segurança: também presente no artigo 5. Porém, lá com as características de garantia individual. Já como social, volta-se
a segurança pública.
Previdência social: direitos relacionados com a seguridade social. Erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as
desigualdades sociais e promover o bem de todos.
Proteção a maternidade e a infância: dois aspectos:
Direito previdenciário: assistência pelo afastamento, desoneração do empregador.
Direito assistencial: estatuto da juventude.
Assistência aos desamparados: ver art. 203 V – LOAS. Garantir o sustento, provisório ou permanente, dos que não têm
condições para tanto. Não significa estabelecer boas condições de vida, mas condições suficientes para manutenção de
sua dignidade.
Transporte: transporte público tem influência direta em outros aspectos da vida dos cidadãos. Ex: evasão escolar;
trabalho; bem estar.
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Direitos relativos aos trabalhadores

Quem é empregado? Pessoa física presta serviços de natureza não eventual para um empregador mediante salário. Como
se identificar um contrato de trabalho? Caráter personalíssimo, subordinação, remuneração e permanência de vínculo.
Art. 7 cabível para empregado urbano ou rural que preencha as características acima.
Direitos das relações individuais de trabalho (exemplos)
- Proteção contra dispensa arbitrária, sem justa causa.
- Seguro desemprego
- Fundo de garantia
- Salário mínimo fixado em lei.
- Piso salarial
- 13 Salário
- remuneração trabalho noturno
- repouso semanal
- Férias
- Licença gestante
Atenção para o Art. 7 parágrafo único: empregado doméstico.
Direitos das relações coletivas
- direito de associação profissional ou sindical;
Vedado impedir a criação
Liberdade de ser associado ou não

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Possibilidade de cobranças para custos
Vedação de dispensa de empregado sindicalizado
- direito de greve;
Cabe aos empregados decidir o momento oportuno e a pauta de reinvindicações. Alguns serviços são considerados
essenciais, necessários. Nesse caso, a lei definirá que tipo de serviço será considerado essencial.
- direito de substituição processual;
Legitimidade dos sindicatos para a representação dos empregados sindicalizados.
- direito de participação;
Participação de trabalhadores em colegiados de órgãos públicos em assuntos de interesse da categoria.
- direito de representação classista.
Empresas com mais de 200 empregados podem eleger um representante para estabelecer diálogo com empregadores.

Capítulo III
Da nacionalidade

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço
de seu país;

13
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de de deveres. Referida associação - entre indivíduo e Estado
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço é que determina e permite a identificação dos sujeitos
da República Federativa do Brasil; que compõe a dimensão pessoal do Estado, um dos
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de seus elementos constitutivos básicos”. Trata-se de direito
mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição previsto no artigo 15 da Declaração Universal dos Direitos
brasileira competente ou venham a residir na República do Homem.
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois - Elementos do Estado: território, soberania e povo.
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; - Vínculo político e social: nacionalidade. (obs:
II - naturalizados: nacionalidade ≠ nação).
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade Modalidades de aquisição da nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua - Primária: nascimento do indivíduo.
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e - Secundário: obtida voluntariamente pelo indivíduo –
idoneidade moral; Ex: casamento.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes Critérios para determinar nacionalidade
na República Federativa do Brasil há mais de quinze - Jus soli: indivíduo nascido em território específico.
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que - jus sanguinis: prioriza laços familiares, filiação.
requeiram a nacionalidade brasileira. Apátridas: conhecidos por serem aqueles que não
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no detêm pátria por não se enquadrarem no critério previsto
País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, para aquisição da nacionalidade. Os poliapátridas são
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os aqueles que preenchem tanto os critérios para aquisição
casos previstos nesta Constituição. de nacionalidade do Estado que nasceu como no Estado
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre de origem dos pais.
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição. Exemplo: nascido em território estrangeiro que adota
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
com exclusividade o critério jus sanguinis; ou ainda pelo
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
cancelamento da naturalização cujo país não admite dupla
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
naturalização. Atualmente os países adotam critérios
III - de Presidente do Senado Federal;
mistos.
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
1) Espécies de nacionalidade
VI - de oficial das Forças Armadas;
- Originária: é aquela que se adquire pela ocorrência
VII – de Ministro de Estado da Defesa.
do fato natural (nascimento). Trata-se de um meio
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que: involuntário.
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença - Secundária: trata-se, normalmente, de ato voluntário.
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse A naturalização decorre da vontade do interessado de
nacional; compor o povo de um Estado específico.
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela Hipóteses de aquisição
lei estrangeira; - Originária
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b) de imposição de naturalização, pela norma


estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou para
o exercício de direitos civis;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da
República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão ter símbolos próprios.

Direitos de nacionalidade
Introdução
Conceitos importantes: segundo Nathália Masson,
entende-se por nacionalidade o “vínculo jurídico-político
que liga o indivíduo a um determinado Estado, comando-o
um componente do povo, o que o capacita a exigir a - Critério jus soli
proteção estatal, a fruição de prerrogativas ínsitas à Trata-se de critério territorial. Será considerado nato
condição de nacional, bem como o sujeita ao cumprimento o indivíduo nascido em território nacional; independe da

14
nacionalidade de seus ascendentes. O que faz parte do território nacional?
Território nacional: - Terras delineadas pelos limites geográficos do país
- rios, baías, golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial;
Atenção! Extensão ficcional:
É o ato de reconhecer como parte do território nacional os navios e as aeronaves públicos (ou requisitados) brasileiros,
onde quer que se encontrem, assim como os navios privados brasileiros em alto mar, as aeronaves privadas brasileiras em
voo sobre o alto mar e as embarcações privadas estrangeiras em mar (ou espaço aéreo) brasileiro.
Obs: se o nascido for filho de estrangeiros a serviço do seu país de origem, não haverá o reconhecimento da nacionalidade.
Ex: casal de suíços a serviço da Suíça (o mesmo não se pode falar daqueles a serviço de empresa privada ou outro país)
concebem seu filho em solo brasileiro – o filho, ainda que nascido em território no Brasil não será brasileiro. No exemplo
acima, caso um dos genitores seja brasileiro, o fato do outro cônjuge estar a serviço de seu país, será o nascido brasileiro.
- Critério jus sanguinis
Trata-se de uma espécie de mitigação do critério territorial com a finalidade de se evitar a existência de apátridas.
Oportuno registrar que esse critério não se resume sozinho. Sempre dependerá da conjugação com alguns elementos:
- Critério funcional: um dos pais brasileiros (ou ambos) a serviço do Brasil. Ex: nascido em território estrangeiro, filho de
um dos pais (ou ambos) brasileiro, estando este a serviço do país. Mesmo não nascendo em território brasileiro, será
considerado brasileiro nat.

- Registro em repartição brasileira: criança nascida no estrangeiro, filho de brasileiro (ou ambos), com registro de
nascimento feito em repartição brasileira competente, como por exemplo, embaixada ou consulado. Em tempo, esse direito
foi suprimido e posteriormente reinserido no texto em 2007.

- Opção após maioridade: nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe (ou ambos) brasileiro, resolve residir, após a
maioridade, no Brasil. Esta poderá fazer a opção de se registrar como brasileira.

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

- Secundária
- Tácita: países com número de nacionais inferior ao desejado; caso não declare o estrangeiro sua intenção de permanecer
estrangeiro, automaticamente se torna nacional daquele país. (não aceito no Brasil).
- Expressa (duas formas: ordinária / extraordinária).
Ordinária
- Estatuto do Estrangeiro:
Residência permanente por mais de 04 anos
Capacidade Civil

15
Domínio da língua VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta
Exercício da profissão e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Pre-
Bons procedimentos sidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal
Boa saúde. e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com
- Países de língua Portuguesa: mandato de três anos, vedada a recondução.
Residência permanente por no mínimo 01 ano 3º) Extradição (brasileiro nato não pode ser extraditado).
Demais condições apontadas acima. No que tange ao naturalizado, a CF/88 permitiu a extradição
- Radicação precoce: do naturalizado em duas situações).
Vem residir no Brasil antes de completar 05 anos. - Crime comum antes da naturalização.
Necessário requerimento de naturalização - Envolvimento comprovado com o tráfico ilícito de
Prazo: 02 anos a partir da maioridade (18 anos). entorpecentes ou drogas afins.
- Conclusão ensino superior: 4º) Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
Estrangeiros vindo a residir no país antes da maioridade; sonora e de sons e imagens.
Conclusão ensino superior instituição nacional; - Privativo de brasileiros natos ou naturalizados há mais
Requisição nacionalidade até 01 ano formado. de 10 anos.
- Procedimento
Tem natureza administrativa uma vez que todo o 3) Perda do Direito de Nacionalidade
procedimento ocorre no Ministério da Justiça até decisão Previsão: art. 12 §4º CF/88
final do Presidente da República; a entrega, porém, é feita Hipóteses:
pela Justiça Federal. Trata-se de ato ex nunc. - Cancelamento por sentença judicial (atividade nociva
Extraordinária ao interesse nacional:
- Quinze anos de residência ininterrupta Ordem pública ou segurança nacional) Chamada de
- Ausência de condenação penal perda-punição.
- Requerimento de naturalização. - Aquisição voluntária de nova nacionalidade (perda
mudança). Vale tanto para natos como naturalizados.

4) Quase naturalização
Segundo Nathália Masson, “o texto constitucional, se
houver reciprocidade em favor de brasileiros residentes em
Portugal, os portugueses que aqui residam terão tratamento
jurídico similar ao dispensado ao brasileiro naturalizado,
sem precisarem, para isso, de se submeterem a qualquer
procedimento de naturalização. Como a reciprocidade
existe, os portugueses residentes na República Federativa
do Brasil em caráter permanente poderão comparecer
ao Ministério da Justiça, munidos de documento que
comprove a nacionalidade portuguesa, a capacidade civil
2) Diferença de tratamento (natos e naturalizados)
e a admissão na República Federativa do Brasil em caráter
Vedação: nos termos do art. 5º, desdobrado no art.
permanente, para requerer a quase nacionalidade”.
12§2º da Constituição Federal. Exceções:
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

1º) Cargos: Presidente da República e aqueles em sua Capítulo IV


linha de sucessão, além dos cargos responsáveis pela Dos direitos políticos
Segurança Nacional:
- Presidente da República e Vice-Presidente da Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
República, universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
- Presidente da Câmara dos Depurados, Presidente do para todos, e, nos termos da lei, mediante:
Senado Federal e Ministro do STF, I - plebiscito;
- Membro da carreira diplomática, II - referendo;
- Oficial das Forças Armadas e III - iniciativa popular.
- Ministro de Estado da Defesa. § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
2º) Conselho da República: art. 89 VII (formação) I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
I - o Vice-Presidente da República; II - facultativos para:
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; a) os analfabetos;
III - o Presidente do Senado Federal; b) os maiores de setenta anos;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Deputados; § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangei-
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; ros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
VI - o Ministro da Justiça; os conscritos.

16
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: II - incapacidade civil absoluta;
I - a nacionalidade brasileira; III - condenação criminal transitada em julgado, en-
II - o pleno exercício dos direitos políticos; quanto durarem seus efeitos;
III - o alistamento eleitoral; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - a filiação partidária; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
VI - a idade mínima de: Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Trata-se de prerrogativa do direito de nacionalidade. É
Estado e do Distrito Federal; assegurado a determinado grupo de pessoas chamados
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado de cidadãos. São os meios pelos quais o povo exerce sua
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de soberania, ou seja, a soberania popular. É a exteriorização
paz; da vontade do povo na condução da coisa pública.
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de #FicaDica
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
Nacionalidade ≠ Cidadania: segundo José
houver sucedido ou substituído no curso dos manda-
Afonso da Silva, “a nacionalidade é o vínculo
tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
ao território estatal por nascimento ou por
sequente.
naturalização, tem status político”; cidadania
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
“qualifica os participantes da vida do Estado, é
da República, os Governadores de Estado e do Distrito
atributo das pessoas integradas na sociedade
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
estatal, atributo político decorrente do direito
mandatos até seis meses antes do pleito.
de participar no governo e direito de ser
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
ouvido pela representação política”.
lar, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do
E continua:
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi-
“Cidadão, no direito brasileiro, é o indivíduo que seja
tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo
titular dos direitos políticos de votar e ser votado e suas
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes consequências. Nacionalidade é o conceito mais amplo do
condições: que cidadania, e é pressuposto desta, uma vez que só o
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá titular da nacionalidade brasileiro poder ser cidadão”.
afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agrega- 1. Regime democrático
do pela autoridade superior e, se eleito, passará auto- - Democracia direta: exercício do poder diretamente
maticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. pelo povo, sem intermediários.

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de - Democracia representativa: povo elege seus
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de representantes.
proteger a probidade administrativa, a moralidade - Democracia participativa: sistema híbrido; parte
para o exercício do mandato, considerada a vida pre- exercida diretamente pelo povo e parte pelos representantes
gressa do candidato, e a normalidade e legitimidade eleitos pelo povo.
das eleições contra a influência do poder econômico
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
na administração direta ou indireta.
#FicaDica
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Modelo brasileiro: democracia participativa –
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da CF Art. 1º par. Único e Art. 14.
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em Democracia direta (institutos)
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da - Plesbicito, referendo, participação popular e ação po-
lei, se temerária ou de manifesta má-fé. pular.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja Plesbicito e referendo: ambos são formas de consulta
perda ou suspensão só se dará nos casos de: ao povo de matéria de extrema relevância (ex: siste-
I - cancelamento da naturalização por sentença transi- ma de governo; desarmamento). O que os difere é o
tada em julgado; momento em que essa consulta é feita.

17
- Plesbicito (consulta prévia): primeiro ocorre a consulta - Nacionalidade brasileira (excluídos os estrangeiros)
popular para só então ser tomada a decisão política. - Idade mínima de 16 anos
Ex: sistema de governo. Facultativo: entre 16 e 18 anos; acima de 70 anos.
- Referendo (consulta a posteriori): primeiro é tomada Obrigatório: entre 18 e 70 anos.
a decisão política para então ser levada a apreciação - Não ser conscrito (serviço militar obrigatório): o
do povo que poderá ratificar ou rejeitar. Ex: desarma- conscrito não poderá votar. E se por acaso o conscrito se
mento. engajar no serviço miltar permanente? São obrigados a se
- Iniciativa popular: apresentação de projeto de lei para alistarem como eleitores
a Câmara dos Deputados, subscrito por no mínimo - Soberania Popular: exercida pelo sufrágio universal e
1% do eleitorado brasileiro, distribuídos por no míni- pelo voto direto e secreto. É possível classificar a sobe-
mo 5 estados com não menos de 0,3% dos eleitores rania como: una, indivisível, inalienável e imprescritível.
de cada um deles. - Sufrágio: direito que o cidadão possui de participar
- Ação popular: Lei 4.717/65 da organização política estatal. É a permissão para
eleger e/ou ser eleito. Sufrágio universal: “quando se
outorga o direito de votar a todos os nacionais de
um país, sem restrições derivadas das condições de
#FicaDica nascimento, de fortuna e capacidade especial”.
Atenção! Uma vez proclamado o resultado do - Direito de voto e escrutínio: o voto é uma das formas
plesbicito ou do referendo, seria possível sua do exercício do sufrágio; é o instrumento pelo qual
alteração por meio de Emenda Constitucional ou se exterioriza sua vontade. Tem por características:
Lei? Não. Tais medidas seriam inconstitucionais. direto, secreto, Periódico e universal. No Brasil, tem
Logo, a democracia direta prevalece sobre a por característica ser personalíssimo e obrigatório. A
representativa. Sua mudança poderia ocorrer
apenas após nova consulta popular.
obrigatoriedade do voto é cláusula pétrea? Não, nos
termos do art. 60 §4º II.

Conceitos (Teoria Geral do Estado) #FicaDica


Cidadania: capacidade de possuir direitos políticos, votar Características do voto: direto, secreto, universal
e ser votado. e periódico.
Sufrágio: direito de votar e ser votado.
Voto: modo pelo qual se exerce o sufrágio.
Escrutínio: modo pelo qual se exercita o voto.
- Direto: o eleitor vota diretamente no candidato. Obs:
eleição indireta – possível. Vacância do cargo de pre-
2. Classificação dos Direitos Políticos sidente e vice presidente nos dois últimos anos de
Memorizar: mandato – eleição realizada pelo Congresso nacio-
nal.
- Secreto: veda-se a publicidade do voto. Votação parla-
mentar: aberta. O sigilo do voto deverá ser assegura-
do e, adotadas as seguintes providências:
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

- Isolamento em cabine indevassável


- Verificação documental e sua autenticidade
- Urna que assegure a inviolabilidade.
- Universal: direcionada a qualquer cidadão, sem discri-
minação de natureza econômica, social, racial.
- Periódica: posto que o mandato é por prazo determi-
nado.
Eleitorado: conjunto de todos aqueles que detém o di-
reito ao sufrágio. A organização brasileira é da se-
2.1 Positivos (liberdade do cidadão participar ativamente guinte forma:
da vida pública) - Circunscrições eleitorais: nas eleições presidenciais a
Ativo: direito de votar, capacidade de ser eleitor, circunscrição será o país; nas eleições federais e esta-
alistabilidade. duais a circunscrição será o estado e nas municipais
Passivo: direito de ser votado, elegibilidade. o próprio município.
- Ativa (pressupostos para votar) – Palavra chave: alista- - Zonas eleitorais: unidades territoriais de natureza ju-
bilidade (capacidade de ser eleitor). risdicional sob a titularidade de um juiz de direito.
- Alistamento eleitoral: qualificação e inscrição da pes- - Seções eleitorais (de 300 a 400 eleitores)
soa como eleitor perante a Justiça Eleitoral (título de - Passiva (pressupostos para ser votado) – Palavra cha-
eleitor) ve: elegibilidade

18
Condições de elegibilidade (capacidade de ser eleito)
- Nacionalidade: brasileira
- Pleno exercício dos direitos políticos
- Alistamento eleitoral
- Domicílio eleitoral na circunscrição (onde for concorrer ao mandato)
- Filiação partidária
- Idade Mínima:
35 – Presidente, vice, senador.
30 – Governador e vice.
21 – Deputados estaduais e federais, prefeito e vice.
18 – Vereador.

#FicaDica

2.2 Direitos Políticos Negativos


Podem ser definidas como as suspensões e/ou privações de direitos políticos. Atenção! Segundo Nathália Masson,
“importante, desde já, deixar firmado que a cassação dos direitos políticos, consistente na retirada arbitrária dos direitos,
engendrada por perseguições ideológicas, tão típicas dos períodos de hiato constitucional (antidemocráticos), é vedada
pela atual Constituição de 1988”.
- Inelegibilidade (Art. 14 §4º a 8º)
Absolutas: impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo, taxativamente previstas na CF/88.
- Inalistável: se não pode ser eleitor, não pode se eleger (estrangeiros e conscritos).
- Analfabeto: pode se alistar, mas não pode ser eleito.
- Relativas: impedimento eleitoral para algum cargo eletivo ou mandato, em função de situações em que se encontre o
cidadão candidato, previstas na CF/88 ou lei complementar.
- Em razão da função exercida:
- Referente ao mesmo cargo: - Chefes do executivo nas 03 esferas, não podem ser eleitos para um terceiro mandato.

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(subsequente e sucessivo).
- Referente a outro cargo (desincompatibilização).
- Prefeito profissional: cumpre dois mandatos, transfere seu domicílio para concorrer ao terceiro. Impossibilidade tanto
para o próprio município como para diverso.
- Desincompatibilização: afastamento das funções por 06 meses para concorrer a outros cargos. Ex: é deputado, quer
concorrer para prefeito.
- Grau de parentesco.
- Cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau. (presidente, governador e prefeito).

- Conhecida como inelegibilidade reflexa, haja vista incidir sobre terceiros, isto é, “refletir” em indivíduos em razão do
parentesco, da afinidade ou da condição de cônjuge que possuem freme a um chefe do Poder Executivo.
- Candidato for militar.
- Menos de 10 anos de atividade: afastamento definitivo.
- Mais de 10 anos: afastamento temporário. Se eleito, inatividade.
- Outras inelegibilidades previstas pela LC 64/90
- Probidade administrativa
- Moralidade
- Normalidade e legitimidade das eleições.

19
3. Perda dos direitos políticos os seguintes preceitos:
Definitiva. I - caráter nacional;
- Cancelamento da naturalização II - proibição de recebimento de recursos financeiros
- Recusa de cumprir obrigação imposta a maioria de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi-
- Perda da nacionalidade em razão de ter adquirido outra. nação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
4. Suspensão dos direitos políticos IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Temporária. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia
- Incapacidade civil absoluta para definir sua estrutura interna e estabelecer regras
- Condenação criminal definitiva. sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
- Improbidade administrativa. permanentes e provisórios e sobre sua organização e
- Exercício de direitos políticos em outro país. Pode vo- funcionamento e para adotar os critérios de escolha e
tar em Portugal, suspende o direito de votar no Brasil. o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
#FicaDica sem obrigatoriedade de vinculação entre as candida-
turas em âmbito nacional, estadual, distrital ou muni-
Não existe “cassação” de direitos políticos. cipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de
Ou poderá ocorrer a perda ou mesmo a disciplina e fidelidade partidária. (Parágrafo com reda-
suspensão. O termo cassação pressupõe ato ção dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
unilateral em contraditório e ampla defesa, § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personali-
ferindo os alicerces da democracia. dade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus es-
tatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidá-
5. Das Eleições rio e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da
Segundo José Afonso da Silva, “as eleições são lei, os partidos políticos que alternativamente: (“Caput”
procedimentos técnicos para a designação de pessoas para do parágrafo com redação dada pela Emenda Consti-
um cargo (outras maneiras de designação são a sucessão, a tucional nº 97, de 2017)
cooptação, a nomeação, a aclamação) ou para a formação I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputa-
de assembleias. Eleger significa, geralmente, expressar uma dos, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
preferência entre alternativas, realizar um ato formal de distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
decisão”. Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
Reeleição: “possibilidade que a Constituição reconhece ao votos válidos em cada uma delas; ou (Inciso acrescido
titular de um mandato eletivo de pleitear sua própria eleição pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
para um mandato sucessivo ao que está desempenhando”. II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Fe-
derais distribuídos em pelo menos um terço das unida-
des da Federação. (Inciso acrescido pela Emenda Cons-
titucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os re-
quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
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mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato,


a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa
Majoritário: “a representação, em dado território, cabe ao filiação considerada para fins de distribuição dos recur-
candidato ou candidatos que obtiveram a maioria (absoluta/ sos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tem-
relativa) dos votos. O Brasil consagra o sistema majoritário por po de rádio e de televisão. (Parágrafo acrescido pela
maioria absoluta (com dois turnos se preciso) para a eleição Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
de Presidenta e Vice-Presidente da República, de Governador
e Vice-governador de estado e de Prefeito e Vice-Prefeito Instrumento indispensável no regime democrático por
municipal e por maioria relativa para a eleição de Senadores”. ser responsável pela organização da vontade popular na
Proporcional: utilizado para as eleições de deputados busca de realização de projetos comuns. Vale lembrar que
federais, estaduais e para vereadores. o exercício da cidadania não se faz exclusivamente através
de partidos políticos; no entanto, o exercício desse mister
Capítulo v quando estivermos diante da elegibilidade, a filiação
Dos partidos políticos partidária se torna obrigatória – requisito indispensável.
Atualmente o Brasil tem 35 partidos políticos registrados
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção no Tribunal Superior Eleitoral, sendo o PMDB o partido mais
de partidos políticos, resguardados a soberania nacio- antigo, registrado em 30/06/1981, seguido neste mesmo
nal, o regime democrático, o pluripartidarismo, os di- ano pelos Partidos PTB (03/11/81) e PDT (10/11/1981) e
reitos fundamentais da pessoa humana e observados o partido político mais jovem é o PMB (Partido da Mulher

20
Brasileira) registrado em 29/09/2015.
Conceito EXERCÍCIO COMENTADO
A Professora Nathália Masson, destaca em sua obra
conceito de Georg Jellinek, segundo o qual os partidos 1) Aplicada em: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª RE-
políticos podem ser definidos como “grupos políticos GIÃO Prova: Técnico Judiciário - Segurança e Transporte.
formados sob a influência de convicções comuns voltadas Considerando o que dispõe a Constituição Federal de
para cercos fins políticos, que se esforçam para realizar”. 1988 (CF) sobre direitos humanos, julgue o item que se se-
Em regra, esses grupos têm por base concepções políticas gue. Desde que não frustrem outra reunião anteriormen-
ou interesses políticos comuns. te convocada para o mesmo local, todos podem reunir-se
A lei 9.096/95, também chamada de “Lei dos Partidos em locais abertos ao público, independentemente de au-
Políticos” também tratou de conceituar os partidos torização, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
políticos no Brasil. Nos termos do art. 1º desta lei, “o competente.
partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-
se a assegurar, no interesse do regime democrático, a ( ) Certo ( ) Errado
autenticidade do sistema representativo e a defender os
direitos fundamentais definidos na Constituição Federal”. Resposta: Certo - Trata-se de direito fundamental pre-
Natureza Jurídica visto no art. 5º XVI que aborda o direito de reunião.
Pessoa Jurídica de Direito Privado. Sua organização está Todos podem se reunir pacificamente, sem armas, em
prevista no texto da Constituição Federal, lhes assegurando locais públicos; não necessitam de autorização do poder
autonomia, liberdade de criação, fusão, incorporação público, mas sim a sua comunicação para evitar frustrar
e extinção, além de resguardar a soberania nacional, o outra reunião já previamente agendada.
regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos
fundamentais. Essa pessoa jurídica deve ser registrada em 2) Aplicada em: 2017Banca: CESPEÓrgão: TCE-PE Prova:
Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas e os estatutos do Analista de Gestão – Julgamento.
partido registrados no TSE. Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deve-
- Requisitos a serem observados quando de sua criação res individuais e coletivos, julgue o item a seguir.
- Caráter Nacional: evitar partidos com projetos A liberdade para o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
regionais ou mesmo municipais. profissão está condicionada ao atendimento das qualifica-
- Critério: 0,5% dos votos válidos nas últimas eleições ções profissionais estabelecidas por lei, mas nem todos os
para a Câmara dos Deputados, distribuídos no mínimo ofícios ou profissões, para serem exercidos, estarão sujeitos
entre 1/3 dos estados-membros (9 estados) e, em cada à existência de lei.
estado, 1/10 dos eleitores daquele estado.
- Proibição de recebimento de recursos financeiros de ( ) Certo ( ) Errado
entidades ou governos estrangeiros ou de subordinação
Vedado receber qualquer recurso de entidade ou Resposta: Certo - A constituição coloca no art. 5º XIII
governo estrangeiro, pois o aceite poderia tornar o partido que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
subordinado a estes apoiadores. É uma forma indireta de profissão; porém, algumas profissões podem ser regula-
também proteger a soberania nacional. mentadas por lei infraconstitucional. É o caso, por exem-
- Prestação de constas à Justiça Eleitoral plo, do exercício da advocacia que além da conclusão do
Com o propósito de afastar o abuso do poder econômico, bacharelado em direito, necessário aprovação no exame

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


tudo aquilo que for recebido deve ser apresentado em da OAB.
forma de prestação de contas para a justiça eleitoral. Esta
prestação vem disciplinada pela lei 9.504/97 em seus arts. 3) Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Pro-
17 a 27. va: Investigador de Polícia.
Características dos Partidos Políticos Entre os direitos sociais previstos pela Constituição Federal
Autonomia: o Estado evitará intervir em qualquer de 1988 (CF) inclui-se o direito à
partido político, posto que os mesmos possuem liberdade
para definir sua estrutura, organização e funcionamento. a) amamentação aos filhos de presidiárias.
Por esta razão as coligações eleitorais são possíveis. b) moradia.
Fidelidade Partidária: sua não observância acarreta c) propriedade.
a perda do mandato de Deputado Federal e de Senador d) gratuidade do registro civil de nascimento.
se estes trocarem de partido sem justa causa. Sobre a e) assistência jurídica e integral gratuita.
fidelidade partidária, importante consignar que:
- a vaga do titular do mandato parlamentar pertence à Resposta: Letra B - Nos termos do art. 6º são direitos
coligação e não ao partido político. sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
- Reconhecida a justa causa, afastamento da perda do moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
mandato eletivo. social, a proteção à maternidade e à infância, a assistên-
cia aos desamparados, na forma desta Constituição.
4) Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova:

21
Agente de Inteligência. I - os cargos, empregos e funções públicas são aces-
Julgue o item seguinte, relativo ao direito de nacionalidade. síveis aos brasileiros que preencham os requisitos es-
Filho de brasileiros nascido no estrangeiro que opte pela tabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
nacionalidade brasileira não poderá ser extraditado, uma forma da lei;
vez que os efeitos dessa opção são plenos e têm eficácia II - a investidura em cargo ou emprego público depende
retroativa. de aprovação prévia em concurso público de provas ou
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a com-
( ) Certo ( ) Errado plexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
Resposta: Certo - Brasileiro nato não poderá ser extradi- declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
tado, salvo se vier a perder, nos casos previsto na Consti- III - o prazo de validade do concurso público será de até
tuição Federal, a sua nacionalidade. O naturalizado tam- dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
bém não será extraditado, exceto se pratica comprovada IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
de crime comum antes de sua naturalização ou tráfico de convocação, aquele aprovado em concurso público
ilícito de drogas e entorpecentes. de provas ou de provas e títulos será convocado com
prioridade sobre novos concursados para assumir cargo
5) Aplicada em: 2017Banca: CESPE Órgão: TRE-TO Pro- ou emprego, na carreira;
va: Analista Judiciário - Área Administrativa. V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
A perda ou a suspensão dos direitos políticos do eleitor por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
ocorrerá se: em comissão, a serem preenchidos por servidores de
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
a) sua naturalização for cancelada por sentença transitada previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
em julgado. direção, chefia e assessoramento;
b) for-lhe imposta condenação criminal, ainda que seja VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
passível de recurso. associação sindical;
c) ele completar setenta anos de idade. VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
d) ele completar oitenta anos de idade. limites definidos em lei específica;
e) sobrevier-lhe, por qualquer motivo, incapacidade civil VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
relativa. públicos para as pessoas portadoras de deficiência e de-
finirá os critérios de sua admissão;
Resposta: Letra A - Nos termos do art. 15 é vedada a IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tem-
cassação de direitos políticos, mecanismo característico po determinado para atender a necessidade temporária
de períodos de regimes ditatoriais, desvinculados da de- de excepcional interesse público;
mocracia. No entanto, possível a suspensão ou a perda X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio
nas seguintes hipóteses: de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixa-
I - cancelamento da naturalização por sentença transita- dos ou alterados por lei específica, observada a iniciativa
da em julgado; privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual,
II - incapacidade civil absoluta; sempre na mesma data e sem distinção de índices;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquan- XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,
to durarem seus efeitos; funções e empregos públicos da administração direta,
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IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37 AO ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
41 DA C.F.); outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
Capítulo VII Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
Da administração pública mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
Seção I subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
Disposições gerais do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargado-
res do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
Art. 37. A administração pública direta e indireta de vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri- em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
de e eficiência e, também, ao seguinte: Defensores Públicos;

22
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pa- e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
gos pelo Poder Executivo; educativo, informativo ou de orientação social, dela não
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- podendo constar nomes, símbolos ou imagens que ca-
quer espécies remuneratórias para o efeito de remune- racterizem promoção pessoal de autoridades ou servi-
ração de pessoal do serviço público; dores públicos.
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III
público não serão computados nem acumulados para implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
fins de concessão de acréscimos ulteriores; responsável, nos termos da lei.
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de car- § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usu-
gos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o ário na administração pública direta e indireta, regu-
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, lando especialmente:
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos pú- públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser-
blicos, exceto, quando houver compatibilidade de horá- viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió-
rios, observado em qualquer caso o disposto no inciso dica, externa e interna, da qualidade dos serviços; (II
XI: - o acesso dos usuários a registros administrativos e a
a) a de dois cargos de professor; informações sobre atos de governo, observado o dis-
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou posto no art. 5º, X e XXXIII;
científico; III - a disciplina da representação contra o exercício ne-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissio- gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
nais de saúde, com profissões regulamentadas; administração pública.
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
funções e abrange autarquias, fundações, empresas pú-
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias,
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
prejuízo da ação penal cabível.
poder público;
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí-
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fis-
citos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
cais terão, dentro de suas áreas de competência e juris-
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respec-
dição, precedência sobre os demais setores administra-
tivas ações de ressarcimento.
tivos, na forma da lei;
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di-
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autar-
reito privado prestadoras de serviços públicos respon-
quia e autorizada a instituição de empresa pública, de derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
sua atuação; § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, ao ocupante de cargo ou emprego da administração
a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no direta e indireta que possibilite o acesso a informações
inciso anterior, assim como a participação de qualquer

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privilegiadas.
delas em empresa privada; § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financei-
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as ra dos órgãos e entidades da administração direta e
obras, serviços, compras e alienações serão contratados indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
mediante processo de licitação pública que assegure firmado entre seus administradores e o poder público,
igualdade de condições a todos os concorrentes, com que tenha por objeto a fixação de metas de desem-
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, penho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualifi- 1998)
cação técnica e econômica indispensáveis à garantia do I - o prazo de duração do contrato;
cumprimento das obrigações. II - os controles e critérios de avaliação de desempe-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Es- nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades gentes;
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por III - a remuneração do pessoal.”
servidores de carreiras específicas, terão recursos priori- § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas pú-
tários para a realização de suas atividades e atuarão de blicas e às sociedades de economia mista, e suas subsi-
forma integrada, inclusive com o compartilhamento de diárias, que receberem recursos da União, dos Estados,
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
convênio. de despesas de pessoal ou de custeio em geral.

23
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos CAPÍTULO II
de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. DA SEGURIDADE SOCIAL
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na SEÇÃO I
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos DISPOSIÇÕES GERAIS
em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
neração. O título VIII, que aborda a ordem social, traz este
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites re- tripé no capítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”:
muneratórios de que trata o inciso XI do caput deste ar- saúde, previdência e assistência social.
tigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e
fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relati-
Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsí- vos à saúde, à previdência e à assistência social.
dio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- da lei, organizar a seguridade social, com base nos se-
tésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do guintes objetivos:
Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto I - universalidade da cobertura e do atendimento;
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi-
e Distritais e dos Vereadores. ços às populações urbanas e rurais;
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, au- III - seletividade e distributividade na prestação dos be-
tárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, nefícios e serviços;
aplicam-se as seguintes disposições: IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou V - equidade na forma de participação no custeio;
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; VI - diversidade da base de financiamento;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do VII - caráter democrático e descentralizado da adminis-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar tração, mediante gestão quadripartite, com participa-
pela sua remuneração;
ção dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposen-
III - investido no mandato de Vereador, havendo com-
tados e do Governo nos órgãos colegiados. 
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remunera-
a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
ção do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade,
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
será aplicada a norma do inciso anterior;
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
e das seguintes contribuições sociais:
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
contado para todos os efeitos legais, exceto para promo- I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equi-
ção por merecimento; parada na forma da lei, incidentes sobre: 
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de a) a folha de salários e demais rendimentos do traba-
afastamento, os valores serão determinados como se no lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
exercício estivesse. física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo em-
pregatício; 
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b) a receita ou o faturamento; 
DA ORDEM SOCIAL (ART. 205 AO 216, 218, c) o lucro; 
219, 225 AO 232 DA C.F.) II - do trabalhador e dos demais segurados da previ-
dência social, não incidindo contribuição sobre apo-
sentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
TÍTULO VIII previdência social de que trata o art. 201; 
Da Ordem Social III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de
CAPÍTULO I quem a lei a ele equiparar. 
DISPOSIÇÃO GERAL § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios destinadas à seguridade social constarão
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do dos respectivos orçamentos, não integrando o orça-
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. mento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será
Ordem social é a expressão que se refere à organização elaborada de forma integrada pelos órgãos responsá-
da sociedade, proporcionando o bem-estar e a justiça so- veis pela saúde, previdência social e assistência social,
cial. Neste sentido, invariavelmente seus vetores se ligam tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na
aos direitos econômicos, sociais e culturais, bem como aos lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área
direitos difusos e coletivos (notadamente ambiental). a gestão de seus recursos.

24
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da segu- Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram
ridade social, como estabelecido em lei, não poderá con- uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem
tratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou um sistema único, organizado de acordo com as seguin-
incentivos fiscais ou creditícios. tes diretrizes:
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a ga- I - descentralização, com direção única em cada esfera
rantir a manutenção ou expansão da seguridade social, de governo;
obedecido o disposto no art. 154, I. II - atendimento integral, com prioridade para as ativida-
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social des preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a corres- III - participação da comunidade.
pondente fonte de custeio total. § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos ter-
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só mos do art. 195, com recursos do orçamento da seguri-
poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data dade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e
da publicação da lei que as houver instituído ou modifica- dos Municípios, além de outras fontes. 
do, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, «b». § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social pios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos
as entidades beneficentes de assistência social que aten- de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de
dam às exigências estabelecidas em lei. percentuais calculados sobre: 
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário ru- I – no caso da União, a receita corrente líquida do respec-
rais e o pescador artesanal, bem como os respectivos côn- tivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15%
juges, que exerçam suas atividades em regime de econo- (quinze por cento);  
mia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto
para a seguridade social mediante a aplicação de uma alí- da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155
quota sobre o resultado da comercialização da produção e e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso
farão jus aos benefícios nos termos da lei.  I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput
transferidas aos respectivos Municípios; 
deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo di-
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o pro-
ferenciadas, em razão da atividade econômica, da utiliza-
duto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
ção intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da
156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, in-
condição estrutural do mercado de trabalho. 
ciso I, alínea b e § 3º.
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recur-
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a
sos para o sistema único de saúde e ações de assistência
cada cinco anos, estabelecerá:
social da União para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;  
respectiva contrapartida de recursos.  II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos
contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos
artigo, para débitos em montante superior ao fixado em Municípios, objetivando a progressiva redução das dis-
lei complementar.  paridades regionais; 
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das
os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distri-
b; e IV do caput, serão não-cumulativas.  tal e municipal; 

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§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde pode-
substituição gradual, total ou parcial, da contribuição inci- rão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de
dente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita combate às endemias por meio de processo seletivo pú-
ou o faturamento.  blico, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
SEÇÃO II § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
DA SAÚDE salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, ga- comunitário de saúde e agente de combate às endemias,
rantido mediante políticas sociais e econômicas que visem competindo à União, nos termos da lei, prestar assistên-
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao cia financeira complementar aos Estados, ao Distrito Fe-
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua deral e aos Municípios, para o cumprimento do referido
promoção, proteção e recuperação. piso salarial.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no
saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que
lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, de- exerça funções equivalentes às de agente comunitário
vendo sua execução ser feita diretamente ou através de de saúde ou de agente de combate às endemias poderá
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito perder o cargo em caso de descumprimento dos requisi-
privado. tos específicos, fixados em lei, para o seu exercício. 

25
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. A terceirização e a colaboração de agentes privados nas
§ 1º As instituições privadas poderão participar de for- políticas de saúde pública é autorizada pela Constituição,
ma complementar do sistema único de saúde, segundo sem prejuízo da atuação direta do Estado (art. 197, CF).
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou Sendo assim, ou o próprio Estado implementará as políti-
convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e cas ou fiscalizará, regulamentará e controlará a implemen-
as sem fins lucrativos. tação destas por terceiros.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma
auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins rede hierarquizada e regionalizada de ações e serviços
lucrativos. públicos de saúde, devendo seguiras seguintes diretrizes:
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de em- “descentralização, com direção única em cada esfera de
presas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no governo”, de forma que haverá direção do SUS nos âm-
País, salvo nos casos previstos em lei. bitos municipal, estadual e federal, não se concentrando
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que o sistema numa única esfera; “atendimento integral, com
facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias hu- prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
manas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, serviços assistenciais”, do que se depreende que a preven-
bem como a coleta, processamento e transfusão de san- ção é a melhor saída para um sistema eficaz, não havendo
gue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comer- prejuízo para as atividades repressivas; e “participação da
comunidade”. Com efeito, busca-se pela descentralização a
cialização.
abrangência ampla dos serviços de saúde, que devem em
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
si também ser amplos – preventivos e repressivos, sendo
outras atribuições, nos termos da lei:
que todos agentes públicos e a própria comunidade devem
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e subs-
se envolver no processo.
tâncias de interesse para a saúde e participar da produ- O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito
ção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, da seguridade social, que também abrange a previdência e
hemoderivados e outros insumos; a assistência social, sendo financiado com este orçamento,
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemio- nos moldes do artigo 198, §1º, CF. 
lógica, bem como as de saúde do trabalhador; A questão orçamentária de incumbência mínima de
III - ordenar a formação de recursos humanos na área cada um dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º
de saúde; do artigo 198, CF. 
IV - participar da formulação da política e da execução Correlato à participação da comunidade no SUS, tem-se
das ações de saneamento básico; o artigo 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF. 
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvi- Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no cam-
mento científico e tecnológico e a inovação; po da assistência à saúde, questão regulamentada no arti-
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o go 199, CF. Do dispositivo depreende-se uma das questões
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e mais polêmicas no âmbito do SUS, que é a complementa-
águas para consumo humano; ridade do sistema por parte de instituições privadas, me-
VII - participar do controle e fiscalização da produção, diante contrato ou convênio, desde que sem fins lucrativos
transporte, guarda e utilização de substâncias e produ- por parte destas instituições. Em verdade, é muito comum
tos psicoativos, tóxicos e radioativos; que hospitais de ensino de instituições particulares com
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele cursos na área de biológicas busquem este convênio, en-
compreendido o do trabalho. contrando frequentemente entraves que não possuem na-
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

tureza jurídica, mas política.


Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e Finalizando a disciplina do direito à saúde na Constitui-
que mais necessitam de investimento estatal na atualidade ção, que vem a ser complementada no âmbito infraconsti-
é o direito à saúde. Não coincidentemente, a maior parte tucional pela Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, prevê
o artigo 200 as atribuições do SUS.
dos casos no Poder Judiciário contra o Estado envolvem a
invocação deste direito, diante da recusa do Poder públi-
SEÇÃO III
co em custear tratamentos médicos e cirúrgicos. Em que
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
pese a invocação da reserva do possível, o Judiciário tem
se guiado pelo entendimento de que devem ser reservados Art. 201. A previdência social será organizada sob a for-
recursos suficientes para fornecer um tratamento adequa- ma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
do a todos os nacionais. obrigatória, observados critérios que preservem o equi-
O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o as- líbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da
pecto repressivo, propiciando a cura de doenças, mas tam- lei, a: 
bém o preventivo. Sendo assim, o Estado deve desenvolver I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e
políticas sociais e econômicas para reduzir o risco de doen- idade avançada; 
ças e agravos, bem como para propiciar o acesso universal II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
e igualitário aos serviços voltado ao seu tratamento. (art. III - proteção ao trabalhador em situação de desempre-
196, CF). go involuntário; 

26
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependen- mente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residên-
tes dos segurados de baixa renda;  cia, desde que pertencentes a famílias de baixa renda,
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o salário-mínimo. 
disposto no § 2º.  § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferen- que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências
ciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiá- inferiores às vigentes para os demais segurados do regi-
rios do regime geral de previdência social, ressalvados me geral de previdência social. 
os casos de atividades exercidas sob condições especiais Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quan- complementar e organizado de forma autônoma em re-
do se tratar de segurados portadores de deficiência, nos lação ao regime geral de previdência social, será faculta-
termos definidos em lei complementar.  tivo, baseado na constituição de reservas que garantam
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con- o benefício contratado, e regulado por lei complementar. 
tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá § 1° A lei complementar de que trata este artigo assegu-
valor mensal inferior ao salário mínimo.  rará ao participante de planos de benefícios de entida-
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para des de previdência privada o pleno acesso às informa-
o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, ções relativas à gestão de seus respectivos planos. 
na forma da lei.  § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para condições contratuais previstas nos estatutos, regula-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, mentos e planos de benefícios das entidades de previ-
conforme critérios definidos em lei. dência privada não integram o contrato de trabalho dos
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência participantes, assim como, à exceção dos benefícios con-
social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa cedidos, não integram a remuneração dos participantes,
participante de regime próprio de previdência.  nos termos da lei. 
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio- § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre-
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal e
dezembro de cada ano.  Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públi-
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de pre- cas, sociedades de economia mista e outras entidades
vidência social, nos termos da lei, obedecidas as seguin- públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação
tes condições:  na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta poderá exceder a do segurado. 
anos de contribuição, se mulher;  § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusi-
anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limi- ve suas autarquias, fundações, sociedades de economia
te para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para mista e empresas controladas direta ou indiretamente,
os que exerçam suas atividades em regime de economia enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de pre-
familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro vidência privada, e suas respectivas entidades fechadas
e o pescador artesanal.  de previdência privada. 
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo § 5º A lei complementar de que trata o parágrafo ante-
anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor rior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercí- permissionárias ou concessionárias de prestação de ser-
cio das funções de magistério na educação infantil e no viços públicos, quando patrocinadoras de entidades fe-
ensino fundamental e médio.  chadas de previdência privada. 
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a con- § 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste
tagem recíproca do tempo de contribuição na adminis- artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos
tração pública e na atividade privada, rural e urbana, membros das diretorias das entidades fechadas de pre-
hipótese em que os diversos regimes de previdência so- vidência privada e disciplinará a inserção dos partici-
cial se compensarão financeiramente, segundo critérios pantes nos colegiados e instâncias de decisão em que
estabelecidos em lei. seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação. 
§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do
trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime A previdência social e a assistência social se diferenciam
geral de previdência social e pelo setor privado.  principalmente porque a previdência social volta-se ao pa-
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer gamento de aposentadoria e benefícios aos seus contri-
título, serão incorporados ao salário para efeito de con- buintes, ao passo que a assistência social tem por foco a
tribuição previdenciária e consequente repercussão em oferta de amparo mínimo aos que não contribuíram para a
benefícios, nos casos e na forma da lei.  seguridade social.
§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão pre- O artigo 201, CF, trabalha com a organização da previ-
videnciária para atender a trabalhadores de baixa renda dência social em regime geral, de caráter contributivo e fi-
e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusiva- liação obrigatória, sendo que devem ser adotados critérios

27
de preservação de equilíbrio financeiro e atuarial. Nota-se SEÇÃO IV
que todos os trabalhadores ficarão vinculados ao regime e DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
prestarão contribuição a ele, não havendo a opção de dele
se desvincular. No mais, são previstas como campos de Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
atendimento pela previdência: “I - cobertura dos eventos necessitar, independentemente de contribuição à seguri-
de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção dade social, e tem por objetivos:
à maternidade, especialmente à gestante;  III - proteção I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; adolescência e à velhice;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
dos segurados de baixa renda;  V - pensão por morte do III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras
e dependentes, observado o disposto no § 2º” (ou seja, não de deficiência e a promoção de sua integração à vida
se aceitando valor inferior ao salário mínimo). comunitária;
Os critérios para a concessão de aposentadoria são uni- V - a garantia de um salário mínimo de benefício men-
tários, em regra, conforme o §1º do artigo 201, CF. sal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo comprovem não possuir meios de prover à própria ma-
de salário de contribuição ou rendimento é de 1 salário nutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme
mínimo (artigo 201, §2º, CF). dispuser a lei.
Os salários de contribuição serão atualizados (artigo Art. 204. As ações governamentais na área da assistência
201, §3º, CF) e os benefícios serão devidamente reajustados social serão realizadas com recursos do orçamento da se-
(artigo 201, §4º, CF), tudo com vistas à preservação do valor guridade social, previstos no art. 195, além de outras fon-
real da contribuição e do benefício. tes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
Integrante de regime próprio de previdência não pode I - descentralização político-administrativa, cabendo
se vincular como segurado facultativo, prestando contri- a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
buições autônomas, ao regime geral (artigo 201, §5º, CF), o coordenação e a execução dos respectivos programas às
que geraria uma indevida cumulação de benefícios. esferas estadual e municipal, bem como a entidades be-
neficentes e de assistência social;
Aposentados e pensionistas também fazem jus ao dé-
II - participação da população, por meio de organiza-
cimo terceiro salário, denominado gratificação natalina, a
ções representativas, na formulação das políticas e no
ser calculado com base no valor dos proventos do mês de
controle das ações em todos os níveis.
dezembro de cada ano (artigo 201, §6º, CF). 
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito
O §7º do artigo 201, CF fixa as condições para a aposen-
Federal vincular a programa de apoio à inclusão e pro-
tadoria pelo regime geral de previdência social. Professor
moção social até cinco décimos por cento de sua receita
de ensino infantil, fundamental e médio, que tenha exclu-
tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no
sivamente desempenhado estas funções, tem o tempo de
pagamento de: 
contribuição reduzido em 5 anos (30 anos para homem e I - despesas com pessoal e encargos sociais; 
25 anos para mulher). II - serviço da dívida; 
Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em III - qualquer outra despesa corrente não vinculada dire-
períodos diferentes de sua vida contributiva, estes regimes tamente aos investimentos ou ações apoiados. 
se compensarão, ou seja, o tempo de um se acrescerá no
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

outro (artigo 201, §9º, CF). A disciplina da assistência social se dá nos artigos 203 e
A questão de verba destinada à cobertura do risco de 204 da Constituição. Resta evidente o caráter não contribu-
acidente de trabalho é disciplinada no §10 do artigo 201, tivo do sistema, que se guia pelo princípio da fraternidade,
CF. Atualmente, a Lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o seguro fazendo com que os que possuem melhores condições de
de acidentes do trabalho a cargo do INPS e dá outras pro- contribuir o façam e que os que não possuem recebam a
vidências. partir da contribuição destes um tratamento digno mínimo
Quanto à incorporação de ganhos habituais ao salário, de suas necessidades.
prevê o §11 do artigo 201, CF pela incorporação para efeito Do disposto, destaque para o inciso IV do artigo 204,
de contribuição previdenciária e consequente repercussão CF, que aborda o Benefício de Prestação Continuada – BPC,
em benefícios, nos casos e na forma da lei. “instituído pela Constituição Federal de 1988 e regulamen-
Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é a tado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº
disciplina do artigo 201, §§ 12 e 13, CF. 8.742/1993; pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011,
Por seu turno, o artigo 202, CF volta-se ao regime de que alteram dispositivos da LOAS e pelos Decretos nº
previdência privada, que pode se organizar de forma autô- 6.214/2007 e nº 6.564/2008.
noma e possui caráter complementar e facultativo. O BPC é um benefício da Política de Assistência Social,
Com efeito, a Lei Complementar nº 109, de 29 de maio que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema
de 2001, dispõe sobre o Regime de Previdência Comple- Único de Assistência Social – SUAS e para acessá-lo não é
mentar e dá outras providências. necessário ter contribuído com a Previdência Social. É um
benefício individual, não vitalício e intransferível, que asse-

28
gura a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo ao 2. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014)
idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa Entre as competências constitucionalmente atribuídas ao
com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de Sistema Único de Saúde, encontram-se as seguintes;
longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sen-
sorial, os quais, em interação com diversas barreiras, po- a) participar da formulação da política e da execução das
dem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade ações de saneamento básico; e estimular a participação
em igualdade de condições com as demais pessoas. Em direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros
ambos os casos, devem comprovar não possuir meios de na assistência à saúde no País
garantir o próprio sustento, nem tê-lo provido por sua fa- b) colaborar na proteção do meio ambiente, nele compre-
mília. A renda mensal familiar per capita deve ser inferior a endido o do trabalho; e apoiar a habilitação e a reabili-
1/4 (um quarto) do salário mínimo vigente. tação das pessoas com deficiência e a promoção de sua
A gestão do BPC é realizada pelo Ministério do Desen- integração à vida comunitária.
volvimento Social e Combate à Fome (MDS), por intermédio c) participar da formulação da política e da execução das
da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), que é ações de saneamento básico; e apoiar a habilitação e a
responsável pela implementação, coordenação, regulação, reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção
financiamento, monitoramento e avaliação do Benefício. A de sua integração à vida comunitária.
operacionalização é realizada pelo Instituto Nacional do d) ordenar a formação de recursos humanos na área de
Seguro Social (INSS). saúde; e estimular a participação direta ou indireta de
Os recursos para o custeio do BPC provêm da Seguri- empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
dade Social, sendo administrado pelo MDS e repassado ao no País.
INSS, por meio do Fundo Nacional de Assistência Social e) colaborar na proteção do meio ambiente, nele compre-
(FNAS). Atualmente são 3,6 milhões (dados de março de endido o do trabalho; e participar do controle e fiscali-
2012) beneficiários do BPC em todo o Brasil, sendo 1,9 mi- zação da produção, transporte, guarda e utilização de
lhões pessoas com deficiência e 1,7 idosos”1. substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos.

Resposta: Letra E. Neste viés, o artigo 200, CF prevê: “Ao


sistema único de saúde compete, além de outras atribui-
EXERCÍCIO COMENTADO ções, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e subs-
1. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014) tâncias de interesse para a saúde e participar da produ-
No que concerne à previsão constitucional acerca da segu- ção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
ridade social, é INCORRETO afirmar que: hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemioló-
a) a seguridade social engloba os direitos relativos à saúde, gica, bem como as de saúde do trabalhador;
à previdência e à assistência social. III - ordenar a formação de recursos humanos na área de
b) constitui um, entre vários, dos objetivos da seguridade saúde;
social a universalidade da cobertura e do atendimento. IV - participar da formulação da política e da execução
c) o caráter democrático e descentralizado da administra- das ações de saneamento básico;
ção, um dos objetivos constantes na organização da se- V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvi-
guridade social, é realizado através da gestão tripartite mento científico e tecnológico;

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


nos órgãos colegiados, com participação dos trabalha- VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
dores, dos empregadores e do governo. controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
d) a participação no custeio da seguridade social deve ser águas para consumo humano;
realizada de forma equânime entre os participantes. VII - participar do controle e fiscalização da produção,
e) constitui um, entre vários, dos objetivos da seguridade transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
social a uniformidade e a equivalência dos benefícios e psicoativos, tóxicos e radioativos;
serviços às populações urbanas e rurais. VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele com-
preendido o do trabalho”. Conforme grifos, as atribuições
Resposta: Letra C. Observando o artigo 194, parágrafo descritas na alternativa “E” estão corretas.
único, VII, CF é possível perceber que a alternativa “C”
está incorreta: “Compete ao Poder Público, nos termos da
lei, organizar a seguridade social, com base nos seguin-
tes objetivos: [...] caráter democrático e descentralizado
da administração, mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados”. Logo,
os aposentados estão incluídos e a gestão é quadripartite.
1 http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassisten-
ciais/bpc

29
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO até a metade se da modificação ou alteração resulta
PÚBLICA (ART. 312 AO 327 DO CÓDIGO dano para a Administração Pública ou para o adminis-
PENAL); trado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou do-


TÍTULO XI cumento
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento,
CAPÍTULO I de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
DOS CRIMES PRATICADOS inutilizá-lo, total ou parcialmente:
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRA- Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
ÇÃO EM GERAL constitui crime mais grave.

Peculato Emprego irregular de verbas ou rendas públicas


Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di- Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou diversa da estabelecida em lei:
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Concussão
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indi-
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário públi- retamente, ainda que fora da função ou antes de assu-
co, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou mi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida-
de que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Excesso de exação
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
Peculato culposo
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra-
crime de outrem:
voso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº
Pena - detenção, de três meses a um ano.
8.137, de 27.12.1990)
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a pu- Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re-
nibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
imposta. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher
Peculato mediante erro de outrem aos cofres públicos:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utili- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
dade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
outrem: Corrupção passiva
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Inserção de dados falsos em sistema de informa- antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem inde-
ções (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) vida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul-
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevida- ta. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
mente dados corretos nos sistemas informatizados ou § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conse-
bancos de dados da Administração Pública com o fim quência da vantagem ou promessa, o funcionário re-
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) pratica infringindo dever funcional.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou re-
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) tarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem:
Modificação ou alteração não autorizada de sistema Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema Facilitação de contrabando ou descaminho
de informações ou programa de informática sem auto- Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
rização ou solicitação de autoridade competente: (In- prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Re-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e dação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

30
Prevaricação § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (In-
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevida- cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento mento e empréstimo de senha ou qualquer outra for-
pessoal: ma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. de informações ou banco de dados da Administração
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluí-
a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita do pela Lei nº 9.983, de 2000)
a comunicação com outros presos ou com o ambiente § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administra-
externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). ção Pública ou a outrem:  (Incluído pela Lei nº 9.983,
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (In-
Condescendência criminosa cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no Violação do sigilo de proposta de concorrência
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrên-
não levar o fato ao conhecimento da autoridade com- cia pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de de-
petente: vassá-lo:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Advocacia administrativa Funcionário público
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
privado perante a administração pública, valendo-se efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
da qualidade de funcionário: remuneração, exerce cargo, emprego ou função públi-
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. ca.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da mul- cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
ta. e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de ativida-
Violência arbitrária de típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou 9.983, de 2000)
a pretexto de exercê-la: § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
pena correspondente à violência. pantes de cargos em comissão ou de função de direção
ou assessoramento de órgão da administração direta,
Abandono de função sociedade de economia mista, empresa pública ou fun-
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos dação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei
permitidos em lei: nº 6.799, de 1980)
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: CAPÍTULO II

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
de fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Usurpação de função pública
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou pro- Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
longado Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exer-
cê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente Resistência
que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, median-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. te violência ou ameaça a funcionário competente para
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Violação de sigilo funcional Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar- Pena - reclusão, de um a três anos.
-lhe a revelação: § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, das correspondentes à violência.
se o fato não constitui crime mais grave.

31
Desobediência IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário alheio, no exercício de atividade comercial ou indus-
público: trial, mercadoria de procedência estrangeira, desacom-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. panhada de documentação legal ou acompanhada de
documentos que sabe serem falsos. (Redação dada
Desacato pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efei-
função ou em razão dela: tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
o exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº
Tráfico de Influência  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
9.127, de 1995) § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de desca-
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou minho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário
Contrabando
público no exercício da função: (Redação dada pela Lei
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
nº 9.127, de 1995) (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído
ta. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº
o agente alega ou insinua que a vantagem é também 13.008, de 26.6.2014)
destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contraban-
9.127, de 1995) do; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Corrupção ativa que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008,
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omi- de 26.6.2014)
tir ou retardar ato de ofício: III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul- destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
ta. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
dever funcional. cadoria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014)
Descaminho V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de alheio, no exercício de atividade comercial ou indus-
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou trial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído
pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se
às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

nº 13.008, de 26.6.2014)
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra-
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008,
de 26.6.2014) Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami- Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) pública ou venda em hasta pública, promovida pela
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de administração federal, estadual ou municipal, ou por
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar con-
no exercício de atividade comercial ou industrial, mer- corrente ou licitante, por meio de violência, grave
cadoria de procedência estrangeira que introduziu ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
clandestinamente no País ou importou fraudulenta- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
mente ou que sabe ser produto de introdução clan- além da pena correspondente à violência.
destina no território nacional ou de importação frau- Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
dulenta por parte de outrem; (Redação dada pela Lei abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
nº 13.008, de 26.6.2014) oferecida.

32
Inutilização de edital ou de sinal § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário do reajuste dos benefícios da previdência social.  (In-
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
por determinação legal ou por ordem de funcionário
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: CAPÍTULO II-A
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
Subtração ou inutilização de livro ou documento (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente,
livro oficial, processo ou documento confiado à custó- Corrupção ativa em transação comercial internacio-
dia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular nal
em serviço público: Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indi-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não retamente, vantagem indevida a funcionário público
constitui crime mais grave. estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 9.983, de 2000) 10467, de 11.6.2002)
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social pre- Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (In-
videnciária e qualquer acessório, mediante as seguin- cluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
tes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter-
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de ço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
documento de informações previsto pela legislação nário público estrangeiro retarda ou omite o ato de
previdenciária segurados empregado, empresário, tra- ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Incluí-
balhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este do pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000) Tráfico de influência em transação comercial inter-
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios nacional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
da contabilidade da empresa as quantias descontadas Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si
dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem
tomador de serviços;  (Incluído pela Lei nº 9.983, de ou promessa de vantagem a pretexto de influir em
2000) ato praticado por funcionário público estrangeiro no
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros au- exercício de suas funções, relacionado a transação co-
feridos, remunerações pagas ou creditadas e demais mercial internacional:  (Incluído pela Lei nº 10467, de
fatos geradores de contribuições sociais previdenciá- 11.6.2002)
rias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul- ta. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontanea- o agente alega ou insinua que a vantagem é também
mente, declara e confessa as contribuições, impor- destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


tâncias ou valores e presta as informações devidas à nº 10467, de 11.6.2002)
previdência social, na forma definida em lei ou regula-
mento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000) nº 10467, de 11.6.2002)
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli- Art. 337-D. Considera-se funcionário público estran-
car somente a de multa se o agente for primário e de geiro, para os efeitos penais, quem, ainda que tran-
bons antecedentes, desde que:  (Incluído pela Lei nº sitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em-
9.983, de 2000) prego ou função pública em entidades estatais ou em
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) representações diplomáticas de país estrangeiro.  (In-
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- cluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público es-
previdência social, administrativamente, como sendo o trangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. empresas controladas, diretamente ou indiretamente,
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) pelo Poder Público de país estrangeiro ou em orga-
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua fo- nizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº
lha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 10467, de 11.6.2002)
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a
pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

33
CAPÍTULO III prova destinada a produzir efeito em processo penal ou
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA em processo civil em que for parte entidade da adminis-
tração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei
Reingresso de estrangeiro expulso nº 10.268, de 28.8.2001)
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangei-
ro que dele foi expulso: Coação no curso do processo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim
nova expulsão após o cumprimento da pena. de favorecer interesse próprio ou alheio, contra auto-
ridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona
Denunciação caluniosa ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po- administrativo, ou em juízo arbitral:
licial, de processo judicial, instauração de investigação Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade pena correspondente à violência.
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de
que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, Exercício arbitrário das próprias razões
de 2000) Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satis-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. fazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se permite:
serve de anonimato ou de nome suposto. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é além da pena correspondente à violência.
de prática de contravenção. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so-
Comunicação falsa de crime ou de contravenção mente se procede mediante queixa.
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando- Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa pró-
-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe pria, que se acha em poder de terceiro por determina-
não se ter verificado: ção judicial ou convenção:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Auto-acusação falsa Fraude processual


Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime ine- Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de pro-
xistente ou praticado por outrem: cesso civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o
perito:
Falso testemunho ou falsa perícia Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a ver- Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
dade como testemunha, perito, contador, tradutor ou efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as pe-
intérprete em processo judicial, ou administrativo, in- nas aplicam-se em dobro.
quérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela
Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Favorecimento pessoal
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pú-
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) blica autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

o crime é praticado mediante suborno ou se cometido § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
processo penal, ou em processo civil em que for parte § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen-
entidade da administração pública direta ou indireta. dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de
(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) pena.
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou Favorecimento real
declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-au-
28.8.2001) toria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer o proveito do crime:
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comu-
ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de nicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização le-
28.8.2001) gal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação 12.012, de 2009).
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto pela Lei nº 12.012, de 2009).
a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter

34
Exercício arbitrário ou abuso de poder Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de li- Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o ad-
berdade individual, sem as formalidades legais ou com vogado ou procurador judicial que defende na mesma
abuso de poder: causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcioná- Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
rio que: Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a restituir autos, documento ou objeto de valor proba-
estabelecimento destinado a execução de pena privati- tório, que recebeu na qualidade de advogado ou pro-
va de liberdade ou de medida de segurança; curador:
II - prolonga a execução de pena ou de medida de se- Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
gurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
de executar imediatamente a ordem de liberdade; Exploração de prestígio
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou cus-
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer ou-
tódia a vexame ou a constrangimento não autorizado
tra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão
em lei;
do Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
tradutor, intérprete ou testemunha:
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de se- Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
gurança Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço,
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le- se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilida-
galmente presa ou submetida a medida de segurança de também se destina a qualquer das pessoas referidas
detentiva: neste artigo.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por Violência ou fraude em arrematação judicial
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
pena é de reclusão, de dois a seis anos. judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou lici-
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli- tante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
ca-se também a pena correspondente à violência. oferecimento de vantagem:
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou além da pena correspondente à violência.
guarda está o preso ou o internado.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da Desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus-
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de pensão de direito
três meses a um ano, ou multa. Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade
ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
Evasão mediante violência contra a pessoa judicial:
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
usando de violência contra a pessoa: CAPÍTULO IV
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
correspondente à violência.
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Arrebatamento de preso
Contratação de operação de crédito
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do po-
der de quem o tenha sob custódia ou guarda: Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena crédito, interno ou externo, sem prévia autorização le-
correspondente à violência. gislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.  (Incluído
Motim de presos pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
ou disciplina da prisão: autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou ex-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da terno: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pena correspondente à violência. I – com inobservância de limite, condição ou montante
estabelecido em lei ou em resolução do Senado Fede-
Patrocínio infiel ral; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procura- II – quando o montante da dívida consolidada ultrapas-
dor, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo sa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei
patrocínio, em juízo, lhe é confiado: nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

35
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a Oferta pública ou colocação de títulos no merca-
pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) do (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
a pagar, de despesa que não tenha sido previamen- pública ou a colocação no mercado financeiro de títu-
te empenhada ou que exceda limite estabelecido em los da dívida pública sem que tenham sido criados por
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) lei ou sem que estejam registrados em sistema centra-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (In- lizado de liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei nº
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 10.028, de 2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
Assunção de obrigação no último ano do mandato pela Lei nº 10.028, de 2000).
ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri-
gação, nos dois últimos quadrimestres do último ano
EXERCÍCIOS COMENTADOS
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa
ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso res-
te parcela a ser paga no exercício seguinte, que não 01) POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDE-
tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de RAL – CESPE – 2004:
caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) O perdão do ofendido é o ato por meio do qual o pró-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído prio ofendido ou o seu representante legal, após o início
pela Lei nº 10.028, de 2000) da ação penal, desiste de seu prosseguimento. Aceito pelo
Ordenação de despesa não autorizada (Incluído acusado, implicará na extinção da punibilidade, desde que
pela Lei nº 10.028, de 2000) o crime seja apurado por meio de ação penal privada.
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) ( ) Certo ( ) Errado
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído Resposta: Certo. A perempção ocorre pela inércia da
pela Lei nº 10.028, de 2000) vítima, fato que não pode ser verificado na questão. A
renúncia, por sua vez, somente pode ser realizada an-
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº tes do oferecimento da denúncia (não precisa ser aceita
10.028, de 2000) pelo réu). O perdão, por sua vez, pode ser ofertado após
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito o início da ação penal.
sem que tenha sido constituída contragarantia em va-
lor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na 02) POLÍCIA FEDERAL – AGENTE FEDERAL DA POLÍ-
forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) CIA FEDERAL – CESPE – 2000:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In- A restituição dos valores apropriados por X, antes do rece-
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000) bimento da denúncia, excluiria o tipo subjetivo do delito,
sendo causa de extinção da punibilidade.
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela
Lei nº 10.028, de 2000) ( ) Certo ( ) Errado
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
mover o cancelamento do montante de restos a pagar Resposta: Errado. Este é um caso de arrependimento
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluí- posterior, que pode apenas reduzir a pena do acusado.
do pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (In-
cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

Aumento de despesa total com pessoal no último


ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº
10.028, de 2000)
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou
da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000))
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
pela Lei nº 10.028, de 2000)

36
Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: LEI Nº são obrigados a velar pela estrita observância de princípios
8.429/92; 4. no trato dos assuntos que lhe são afetos, são princípios
expressos na lei de improbidade:
Legalidade: Os atos da Administração Pública devem
1. OBJETIVO DA LEI estar previstos em lei. Tudo que não estiver juridicamente
Essa lei tem como escopo prever as sanções aos permitido estará juridicamente proibido, com as ressalvas
agentes públicos que incorrerem em ato de improbidade legais.
administrativa no exercício de mandato, cargo, emprego Impessoalidade: Todos devem ser tratados da mesma
ou função na administração pública direta (União, Estados maneira, não importa o nível hierárquico ou a relação com
/ Distrito Federal e Municípios) e indireta (Autarquias, o órgão ou entidade, a urbanidade, o respeito, a educação
Sociedade de Economia Mista, Empresa Pública e são exemplos de primados básicos que devem reger as
Fundações), além de adotar providências correlatas. relações visando a impessoalidade, por este princípio o
agente público não pode favorecer um (s) em detrimento
2 – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS de outro (s).
Para facilitar seu entendimento, primeiramente você Moralidade: Os atos da Administração devem
deve entender o significado da palavra agente público. corresponder ao que a sociedade entende como correto,
Conforme previsto no artigo 2º da lei Reputa-se agente como justo, como aceitável. Decorrência deste princípio
público, para os efeitos desta lei, todo aquele que não pode, por exemplo o agente público colocar uma
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, imagem pornográfica na sua mesa de trabalho.
por eleição, nomeação, designação, contratação ou Publicidade: Os atos da Administração Pùblica devem
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, ser públicos, ou seja, devem estar disponíveis para que a
cargo, emprego ou função nos órgãos e entidades da sociedade possa promover o seu próprio controle, para
Administração Pública direta e indireta. promover a publicidade várias ações são adotadas, como
O ato de improbidade poderá ser praticado por qualquer exemplo a publicação em Diário Oficial.
agente público, seja ele um servidor ou não, deste modo, O princípio da Eficiência foi introduzido de maneira
qualquer agente público poderá ser sujeito ativo de tal ato, explícita na Constituição Federal em data posterior a
além disso, As disposições desta lei são aplicáveis, no que edição da lei, motivo pelo qual ele encontra-se implícito
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, no texto da lei de improbidade, mas aplicável tendo em
induza ou concorra para a prática do ato de improbidade vista a expressa disposição na Constituição Federal com o
ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. advento da Emenda Constitucional nº 19/1998.
O órgão ou entidade que sofra um ato de improbidade Havendo a prática de um ato definido como de
é definido como sujeito passivo. Poderão ser sujeitos improbidade e havendo lesão ao patrimônio público, seja
passivos do ato de improbidade os órgãos e entidades por uma ação ou omissão, por dolo (vontade) ou culpa
da Administração Direta e Indireta dos 3 (três) poderes (negligência, imprudência ou imperícia) do agente público
e das 3 (três) esferas - União, Estados / Distrito Federal e ou de terceiro, deverá ser efetuado o integral ressarcimento
Municípios - empresa incorporada ao patrimônio público do dano causado.
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário público
haja participado ou participe com mais de cinquenta FIQUE ATENTO!
por cento (50%) do patrimônio ou da receita anual, bem

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


Ao investigar um ato de improbidade que
como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
cause prejuízo ao patrimônio público ou
concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por
que ensejar enriquecimento ilícito, caberá
cento (50%) do patrimônio ou da receita anual, limitando-
a autoridade administrativa responsável
se, quando houver participação menor que cinquenta por
pelo inquérito representar ao Ministério
cento (50%), a sanção patrimonial à repercussão do ilícito
Público, para a indisponibilidade de bens
sobre a contribuição dos cofres públicos.
do indiciado, essa medida visa evitar que o
agente ativo do ato de improbidade aliene
seus bens de maneira fraudulenta visando
dar ineficácia a eventual determinação de
recomposição ao erário ou perda de bens.
Esta indisponibilidade de bens recairá sobre
bens que assegurem o integral ressarcimento
do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito.

37
O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio 2. 2017 - FCC - Técnico: Área Administrativa - DPE-RS
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às O zelador de uma escola pública, ocupante de cargo co-
cominações desta lei até o limite do valor da herança, isto missionado de Chefe de Vigilância, reside nas dependên-
que dizer que, se o valor a ser restituído ao patrimônio cias do equipamento público, em uma modesta construção
público for superior ao valor da herança deixada pelo de erguida no mesmo terreno, a fim de vigiar e controlar o
cujus, o herdeiro não estará obrigado a recompor este acesso ao equipamento público. Descobriu-se, no entanto,
prejuízo com seu próprio patrimônio. que o mesmo alugava um dos espaços anexos da esco-
No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente la para funcionamento, em algumas noites da semana, de
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores uma casa de jogos de azar clandestina. No que se refere à
acrescidos ao seu patrimônio. tipificação da conduta do zelador,

a) em razão da função desempenhada, enquadra-se no


#FicaDica conceito de agente público e, como tal, sua conduta
tipifica-se como ato de improbidade que gera enrique-
As disposições da Lei de Improbidade, no que
cimento ilícito, já tendo sido demonstrado o dolo do
couber, serão aplicadas àqueles que, mesmo servidor.
não sendo agente público, induza, concorra ou b) pode configurar infração disciplinar ou mesmo criminal,
se beneficie com o ato. mas não se tipifica como ato de improbidade, na medida
em que não houve qualquer prejuízo ao erário.
c) se enquadra como ato de improbidade que atenta contra
os princípios da Administração pública e, em se tratando
EXERCÍCIO COMENTADO de infração de mera conduta, basta a demonstração de
culpa para a imposição de sanção.
1. 2017 - FCC - Técnico Judiciário - Segurança - TRT - d) este não pode ser equiparado a agente público para fins
24ª REGIÃO (MS) de configuração de ato de improbidade, tampouco ser
punido disciplinar ou criminalmente, razão pela qual
Considere a seguinte situação hipotética: Roberto é ser-
resta apenas a possibilidade de exoneração do mesmo.
vidor público municipal, responsável pela arrecadação de
e) configura ato de improbidade que atenta contra os prin-
tributos. Em determinada data, Roberto incorporou ao seu
cípios da administração, mas para sua configuração e
patrimônio, o montante de R$ 100.000,00 proveniente de
efetivo sancionamento, demanda o envolvimento de
arrecadação tributária municipal, utilizando posteriormen-
algum servidor estatutário ou celetista, pois o zelador
te a citada quantia para a compra de um veículo particular,
exercia apenas função pública, não se enquadrando no
a ele destinado. Em razão do ocorrido, foi processado por
conceito de agente público.
improbidade administrativa. A propósito dos fatos e, nos
termos da Lei n° 8.429/1992, Resposta: Letra A. O zelador é considerado como agen-
te público para os efeitos da lei, o artigo 2º da lei define
a) o ato ímprobo em questão comporta a medida de indis- agente público como sendo:
ponibilidade de bens. Todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
b) para configurar o ato ímprobo em questão, exige-se sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
conduta culposa, isto é, não se faz necessário dolo para contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
sua caracterização. vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entida-
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c) as disposições da Lei de Improbidade não se aplicam des mencionadas no artigo anterior.


a Roberto, por ser parte ilegítima para figurar no pólo O ato configura ato de improbidade na modalidade de
passivo de tal ação. enriquecimento ilícito
d) para configurar o ato ímprobo em questão, exige-se
dano ao erário. 03. 2017 - UFU-MG - Técnico de Laboratório - Veterinária
e) caso Roberto venha a falecer, seu sucessor não estará Configura-se improbidade administrativa
sujeito a qualquer cominação prevista na Lei de Impro-
bidade. a) somente se houver lesão ao Erário.
b) somente se houver enriquecimento ilícito.
Resposta: Letra A. O ato comporta o requerimento de c) somente se retardar ou deixar de praticar, indevidamen-
indisponibilidade de bens, conforme preceitua o art. 7º te, ato de ofício.
da lei. O ato de enriquecimento exige a conduta dolo- d) somente se praticada por agente público ou com a par-
sa, o que torna a alternativa b) errada. Roberto é sim ticipação deste.
considerado agente público, vez que é servidor público
municipal. A lei de Improbidade determina que a carac- Resposta: Letra D. Os atos de improbidade são classifi-
terização do ato de improbidade independe de dano ao cados em 4 modalidades de acordo com a lei, o prejuízo
erário, art. 21, I, da lei. Os sucessores estão obrigados às ao erário e o enriquecimento ilícito são apenas duas mo-
cominações da lei até o limite do valor do patrimônio dalidades, além disso, o art. 21 da Lei de Improbidade
transferido. determina:

38
A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
salvo quanto à pena de ressarcimento; qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à
Deixar de praticar ato é apenas uma conduta descrita evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
na modalidade de ato de improbidade que afronta aos VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade
princípios da administração. de consultoria ou assessoramento para pessoa física
ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingi-
3. DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA do ou amparado por ação ou omissão decorrente das
A Lei de Improbidade define os atos de improbidade em atribuições do agente público, durante a atividade;
4 modalidades. Tratadas a seguir. IX - perceber vantagem econômica para intermediar a
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer
3.1 Dos Atos de Improbidade Administrativa que natureza;
Importam Enriquecimento Ilícito X - receber vantagem econômica de qualquer nature-
O art. 9º da lei define os atos que importam za, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício,
enriquecimento ilícito, note que os verbos que caracterizam providência ou declaração a que esteja obrigado;
a conduta são: receber, perceber, utilizar, adquirir, aceitar, XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio
incorporar e usar. Para diferenciar dos demais atos de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
improbidade, lembre-se que nesta modalidade o agente patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta
aumentou seu patrimônio ou deixou de utilizá-lo, quando lei;
deveria, provocando assim um enriquecimento ilícito. XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
Art. 9º da lei 8.429/1992. valores integrantes do acervo patrimonial das entida-
Constitui ato de improbidade administrativa importando des mencionadas no art. 1° desta lei.
enriquecimento ilícito receber qualquer tipo de vantagem Esses atos, já elencados, são um rol exemplificativo, ou
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, seja, poderão ser praticados outros atos de improbidade
mandato, função, emprego ou atividade nos órgãos e que não necessariamente esses exemplos trazidos por ela.
entidades mencionados, e notadamente: Exemplo: Servidor que recebe dinheiro para utilizar
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem mó- maquinário público de terraplanagem, um trator, para
vel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, fazer serviços na casa de seu primo, sem obedecer ao que
direta ou indireta, a título de comissão, percentagem,
as leis, normas ou regulamentos determinam.
gratificação ou presente de quem tenha interesse, dire-
to ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por
3.2 Dos Atos de Improbidade Administrativa que
ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
Causam Prejuízo ao Erário
público;
Os atos que causam prejuízo ao erário, vão, em regra,
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
caracterizar violações aos princípios da administração,
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
contudo, também irão dilapidar o erário público, ponto
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas en-
tidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor em que diferenciam-se.
de mercado; Art. 10º da lei.
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, Constitui ato de improbidade administrativa que causa
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,

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por preço inferior ao valor de mercado; malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres dos
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, má- órgãos e entidades referidas na lei, e notadamente:
quinas, equipamentos ou material de qualquer natu- I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a in-
reza, de propriedade ou à disposição de qualquer das corporação ao patrimônio particular, de pessoa física
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores inte-
o trabalho de servidores públicos, empregados ou ter- grantes do acervo patrimonial das entidades mencio-
ceiros contratados por essas entidades; nadas no art. 1º desta lei;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prá- jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valo-
tica de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de res integrantes do acervo patrimonial das entidades
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância
ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
VI - receber vantagem econômica de qualquer nature- à espécie;
za, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer despersonalizado, ainda que de fins educativos ou as-
outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qua- sistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimô-
lidade ou característica de mercadorias ou bens forne- nio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º
cidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e
desta lei; regulamentares aplicáveis à espécie;

39
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou lo- XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela admi-
cação de bem integrante do patrimônio de qualquer nistração pública com entidades privadas sem a estrita
das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a observância das normas pertinentes ou influir de qual-
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior quer forma para a sua aplicação irregular.
ao de mercado; XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela admi-
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação nistração pública com entidades privadas sem a estrita
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado; observância das normas pertinentes ou influir de qual-
VI - realizar operação financeira sem observância das quer forma para a sua aplicação irregular.
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia in- Estes vinte e um (21) incisos também são um rol
suficiente ou inidônea; exemplificativo.
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a Exemplo: Servidor que utiliza maquinário público de
observância das formalidades legais ou regulamenta- terraplanagem, por exemplo um trator, para fazer serviços
res aplicáveis à espécie; na casa de seu primo, sem obedecer ao que as leis, normas
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de ou regulamentos determinam.
processo seletivo para celebração de parcerias com
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevi- 3.3 Dos Atos de Improbidade Administrativa
damente; Decorrentes de Concessão ou Aplicação Indevida de
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não Benefício Financeiro ou Tributário
autorizadas em lei ou regulamento; Esta modalidade de ato, fora incluída, posteriormente a
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou edição da lei, dentro da seção II A.
renda, bem como no que diz respeito à conservação do Art. 10A.
patrimônio público; Constitui ato de improbidade administrativa qualquer
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a
e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de
sua aplicação irregular;
julho de 2003.
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
Exemplo: servidor que concede indevidamente benefício
enriqueça ilicitamente;
tributário para administrado para que ele pague o Imposto
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço parti-
Sobre Serviços de Qualquer Natureza com alíquota inferior
cular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de
ao que é determinado. Note que a diferença do primeiro
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
exemplo consiste no recebimento da vantagem indevida.
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta
lei, bem como o trabalho de servidor público, empre- 3.4 Dos Atos de Improbidade Administrativa que
gados ou terceiros contratados por essas entidades. Atentam Contra os Princípios da Administração Pública
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que te- A Administração Pública é norteada por princípios,
nha por objeto a prestação de serviços públicos por temos os princípios constitucionais expressos e implícitos,
meio da gestão associada sem observar as formalida- além disso, outras leis regularão princípios norteadores,
des previstas na lei; como exemplo a lei que regula o processo administrativo
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público em âmbito federal. São exemplos de princípios tratados
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem expressamente na lei de improbidade: a legalidade, a
observar as formalidades previstas na lei. impessoalidade, a publicidade e a honestidade.
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XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a Art. 11º da lei.
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos contra os princípios da administração pública qualquer
transferidos pela administração pública a entidades ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
privadas mediante celebração de parcerias, sem a ob- imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e
servância das formalidades legais ou regulamentares notadamente:
aplicáveis à espécie; I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regula-
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou mento ou diverso daquele previsto, na regra de com-
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores petência;
públicos transferidos pela administração pública a en- II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
tidade privada mediante celebração de parcerias, sem de ofício;
a observância das formalidades legais ou regulamenta- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
res aplicáveis à espécie; em razão das atribuições e que deva permanecer em
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com segredo;
entidades privadas sem a observância das formalida- IV - negar publicidade aos atos oficiais;
des legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; V - frustrar a licitude de concurso público;
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado
análise das prestações de contas de parcerias firmadas a fazê-lo;
pela administração pública com entidades privadas; VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimen-

40
to de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, atos oficiais, quando não acobertados por sigilo, confi-
teor de medida política ou econômica capaz de afetar gura ato de improbidade, em regra, na modalidade de
o preço de mercadoria, bem ou serviço. atos que atentam contra a administração.
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fis-
calização e aprovação de contas de parcerias firmadas 2. 2017 - VUNESP- Escrevente Técnico Judiciário - TJ-SP
pela administração pública com entidades privadas. Suponha que Secretário da Fazenda de um estado qual-
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de quer da Federação aceite exercer, nas horas vagas, conco-
acessibilidade previstos na legislação. mitantemente ao exercício do cargo público, atividades de
A expressão notadamente no “caput” denota o caráter consultoria a empresas sujeitas ao recolhimento do ICMS,
exemplificativo deste rol. tributo estadual. Nesse caso, à luz do previsto na Lei Fede-
Exemplo: Servidor que nega publicidade a uma ral n° 8.429/92, a conduta descrita pode ser considerada
informação pública que não está acobertada sob nenhum
grau de sigilo. a) ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da Administração Pública.
b) ato de improbidade administrativa que importa enrique-
#FicaDica cimento ilícito.
c) indiferente, pois não caracteriza nenhuma das hipóteses
Um ato pode ser qualificado e mais de de ato de improbidade administrativa previstas.
uma modalidade, por exemplo, um ato de d) ato de improbidade administrativa decorrente de con-
improbidade, praticado, que importe em cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro ou
enriquecimento ilícito, ele, em regra, também tributário.
contrariará algum princípio da administração, e) ato de improbidade administrativa que causa prejuízo
para não se confundir e acertar este tipo de ao Erário.
questão, você deve identificar qual penalidade
é mais grave poderá ser imputada ao agente e Resposta: Letra B. A Lei de Improbidade define como
caracterizar o ato nessa modalidade. sendo ato de Improbidade na modalidade de enriqueci-
mento ilícito no art. 9º, VIII:
Aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con-
sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica
EXERCÍCIO COMENTADO que tenha interesse suscetível de ser atingido ou ampa-
rado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
agente público, durante a atividade;
1. 2017 - COMPERVE- - Técnico do Ministério Público
Estadual - Área Administrativa - MPE RN 3. 2017 - VUNESP - Agente Previdenciário - IPRESB - SP
Improbidade administrativa pode ser definida como atua- Considere a seguinte situação hipotética: servidor do Insti-
ção contrária à honestidade e à correção de atitude, sendo tuto de Previdência Social dos Servidores de Barueri utiliza
também chamada de corrupção administrativa. Com rela- a máquina copiadora e papel sulfite, existentes na reparti-
ção aos atos de improbidade administrativa, matéria regu- ção, para tirar cópias de material que empregará em aulas
lada pela lei 8.429/92, voluntárias sobre cidadania, que ministra, gratuitamente,
aos sábados, fora do horário do expediente. A conduta do

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a) utilizar em serviço particular o trabalho de terceirizado servidor, à luz da Lei Federal n° 8.429/92,
da administração direta não configura ato de improbi-
dade administrativa. a) constitui ato de improbidade administrativa que importa
b) o servidor público pode ser responsabilizado por atos de enriquecimento ilícito.
improbidade administrativa, sendo vedado o enquadra- b) constitui ato de improbidade administrativa que causa
mento dos demais agentes na referida lei. prejuízo ao erário.
c) o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio pú- c) constitui ato de improbidade administrativa que atenta
blico ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comi- contra os princípios da Administração Pública.
nações da lei até o limite do valor da herança. d) constitui ato de improbidade administrativa decorrente
d) negar publicidade aos atos oficiais, embora seja consi- de concessão ou aplicação indevida de benefício finan-
derado ato ofensivo aos princípios da administração pú- ceiro ou tributário.
blica, não constitui ato de improbidade administrativa. e) não constitui ato de improbidade, pois o uso não era em
proveito próprio, mas sim de quaisquer cidadãos que
Resposta: Letra C. Alternativa a) errada, pois poderá frequentem o curso.
configurar ato de improbidade na modalidade de enri- O servidor praticou ato de improbidade na modalidade de
quecimento ilícito, conforme art. 9º, IV da lei. A expres- enriquecimento ilícito, uma vez que utilizou em serviço
são agente público abarca também os servidores, contu- particular material público. Art. 9º, VI:
do, não se limita a eles. O sucessor responde até o limite
do valor do patrimônio transferido. Negar publicidade a Resposta: Letra A. Utilizar, em obra ou serviço parti-

41
cular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de de dano ao erário / causador de enriquecimento ilícito.
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de b) atentatório aos princípios da administração / causador
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta de enriquecimento ilícito / causador de dano ao erário.
lei, bem como o trabalho de servidores públicos, em- c) causador de dano ao erário / atentatório aos princípios
pregados ou terceiros contratados por essas entidades; da administração / causador de enriquecimento ilícito.
d) causador de enriquecimento ilícito / causador de dano
4. 2017 - FGV - TRT - 12ª Região - Técnico Judiciário - ao erário / atentatório aos princípios da administração.
Área Administrativa e) causador de dano ao erário / causador de enriquecimen-
José, servidor público federal ocupante do cargo de Técni- to ilícito / atentatório aos princípios da administração.
co Judiciário do TRT, recebeu, para si, a quantia de cinco mil
reais em dinheiro, a título de presente, de um reclamante Resposta: Letra D. Receber vantagem econômica, mes-
em uma reclamação trabalhista, para agilizar a tramitação mo que indiretamente para omitir declaração a que
de seu processo no cartório judicial da Vara do Trabalho. esteja obrigado configura ato que importa em enri-
Posteriormente, José se arrependeu e não alterou a ordem quecimento ilícito, houve um aumento de patrimônio
natural de processamento dos feitos de sua responsabi- indevido. Ordenar a realização de despesas não auto-
lidade, mas não devolveu o valor recebido ao particular. rizadas, causa prejuízo ao erário e negar publicidade a
No caso em tela, de acordo com as disposições da Lei nº atos oficiais fere o princípio da publicidade.
8.429/92 e com a jurisprudência:
4. DAS PENAS
a) José cometeu ato de improbidade administrativa, por As responsabilidades são independentes, portanto
conduta dolosa, ainda que não tenha havido prejuízo as sanções penais, civis e administrativas não possuem
ao erário, mas o particular não pode responder por im- dependência, em regra.
probidade porque não é agente público; Art 12º:
b) José não cometeu ato de improbidade administrativa, Independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o
por arrependimento eficaz, já que não cumpriu o pro-
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
metido ao reclamante e porque não houve prejuízo ao
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
erário, e o particular também não pode responder por
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
improbidade, pois não é agente público;
I - na hipótese de enriquecimento ilícito, perda dos
c) José cometeu crime de improbidade administrativa, por
bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
conduta dolosa, ainda que não tenha havido prejuízo
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda
ao erário, e o particular responde pelo mesmo crime,
da função pública, suspensão dos direitos políticos de
em concurso de agentes, pois é considerado agente pú-
oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
blico por equiparação legal; vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de
d) José cometeu ato de improbidade administrativa, por contratar com o Poder Público ou receber benefícios
conduta dolosa que importou seu enriquecimento ilíci- ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta-
to, sendo o prejuízo ao erário prescindível para a confi- mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
guração do ato ímprobo, e o particular também respon- qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
de por improbidade porque concorreu para o ato; II - na hipótese prejuízo ao erário, ressarcimento in-
e) José e o particular praticaram, em concurso de agentes, tegral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos
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crime de improbidade administrativa, na modalidade ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circuns-


culposa, porque houve dano moral ao erário que deve tância, perda da função pública, suspensão dos direitos
ser objeto de ressarcimento por parte dos agentes. políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil
de até duas vezes o valor do dano e proibição de con-
Resposta: Letra D. O ART. 9º da lei, define as condutas tratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
que configuram o enriquecimento ilícito, elemento ne- incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamen-
cessário é o dolo, diferente do prejuízo ao erário que te, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
é prescindível, dispensável. O particular responde tam- seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
bém pelo ato de improbidade. III - na hipótese de ofensa aos princípios da administra-
ção pública, ressarcimento integral do dano, se houver,
5. 2017 - FCM - IF - Assistente em Administração perda da função pública, suspensão dos direitos políti-
Nos termos da Lei n° 8.429/1992, receber vantagem eco- cos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de
nômica indiretamente para omitir declaração a que esteja até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo
obrigado, ordenar a realização de despesas não autori- agente e proibição de contratar com o Poder Público
zadas em lei e negar publicidade aos atos oficiais consti- ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credití-
tuem, respectivamente, os seguintes atos de improbidade cios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
administrativa: de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de três anos.
a) atentatório aos princípios da administração / causador IV - na hipótese de Concessão ou Aplicação Indevida

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de Benefício Financeiro ou Tributário, perda da função nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilí-
pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a cito sobre a contribuição dos cofres públicos.
8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor d) Como as sanções por ato de improbidade administra-
do benefício financeiro ou tributário concedido. tiva apenas são aplicáveis a agentes públicos, eventual
Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em particular que induza ou concorra para a prática de ato
conta a extensão do dano causado, assim como o proveito ímprobo apenas poderá ser responsabilizado na esfera
patrimonial obtido pelo agente. criminal.
e) Determinado agente público tornou-se réu em ação de
improbidade administrativa. Segundo o Ministério Pú-
#FicaDica blico, o aludido servidor teria causado lesão ao erário
em razão de perda patrimonial de bens móveis do Es-
Perda Dos Bens Ou Valores Acrescidos tado do Acre. Durante o curso do processo judicial, o
Ilicitamente Ressarcimento Integral Do controle interno do órgão ao qual o servidor está lotado
Dano Perda Da Função Pública Suspensão concluiu que o referido ato ímprobo não causou prejuí-
Dos Direitos Políticos Pagamento De Multa zo ao erário. A partir desta informação superveniente do
Proibição De Contratar órgão de controle interno, não deverá haver aplicação
Enriquecimento Ilícito X Se Houver X 08 – das sanções por ato de improbidade administrativa ao
10 Anos Até 3 Vezes O Valor Do Acrécimo agente público processado.
Patrimonial 10 Anos
Prejuízo Ao Erário Se Houver X X 05 – 08 Anos Resposta: Letra C. O sucessor será está sujeito às san-
Multa Civil De Até 2 Vezes O Valor Do Dano 5 ções até o limite da herança. Prejuízo ao erário acarreta
Anos ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou va-
Benefício Tributário X 05 - 08 Anos Multa Civil lores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer
De Até 3 Vezes O Valor Do Benefício esta circunstância, perda da função pública, suspensão
Atentatório Aos Princípios Se Houver X 03 – 05 dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento
Anos Multa Civil De Até 100 Vezes O Valor Da de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibi-
Remuenração 3 Anos ção de contratar com o Poder Público ou receber bene-
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indi-
retamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos.
EXERCÍCIO COMENTADO Aquele que induzir, participar ou beneficiar também res-
ponde pelas sanções previstas na lei. As sanções previs-
1. 2017 - IBADE - Agente de Polícia Civil - PC-AC tas em lei independem de prejuízo ao erário.
Relativamente às disposições da Lei n° 8.429/1992, que
trata da improbidade administrativa, assinale a alternativa 2. 2017 - UECE-CEV - Socioeducador - SEAS - CE
correta. No que diz respeito a atos de improbidade administrativa,
assinale a opção que completa, correta e respectivamente,
a) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio pú- as lacunas do seguinte dispositivo legal:
blico ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às san- “Os atos de improbidade administrativa importarão a
ções de improbidade --administrativa independente- ________________¹ dos direitos políticos, a perda da fun-

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mente de limites, como o valor da herança. ção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
b) Os atos de improbidade administrativa que importem mento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
prejuízo ao erário poderão resultar na perda dos bens ________________²”.
ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, res-
sarcimento integral do dano, quando houver, perda da a) suspensão¹ — afastando-se a ação penal cabível²
função pública, suspensão dos direitos políticos de oito b) perda¹ — sem prejuízo da ação penal cabível²
a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o c) suspensão¹ — sem prejuízo da ação penal cabível²
valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar d) perda¹ — afastando-se a ação penal cabível²
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que Resposta: Letra C. Os direitos políticos são suspensos,
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma- cuidado, eles não são cassados, além disso, as respon-
joritário, pelo prazo de dez anos. sabilidades, administrativa, civil e criminal são indepen-
c) Estão sujeitos às sanções da Lei de Improbidade Ad- dentes.
ministrativa os atos ímprobos praticados contra o pa-
trimônio de entidade que receba subvenção, benefício
ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem
como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com menos de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se,

43
3. 2017 - VUNESP - Escrevente Técnico Judiciário - TJ-SP
Assinale a alternativa que corretamente discorre sobre as FIQUE ATENTO!
penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa. Na hipótese que o agente público se recusar
a prestar a declaração de bens, dentro do pra-
a) No caso de condenação por ato de improbidade admi- zo determinado, ou a prestar falsa será punido
nistrativa decorrente de concessão ou aplicação indevi- com a pena de demissão a bem do serviço pú-
da de benefício financeiro ou tributário, não cabe a apli- blico, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
cação da pena de perda da função pública. tendo em vista o caráter da independência en-
b) A aplicação das penas previstas na Lei de Improbidade tre as responsabilidades civil, administrativa e
Administrativa impede a aplicação das demais sanções criminal, quando couberem e com as ressalvas
penais, civis e administrativas previstas em legislação es- legais.
pecífica.
c) Na fixação das penas previstas na Lei de Improbidade
Administrativa, o juiz levará em conta a extensão do 6. DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL
dano causado, assim como o proveito patrimonial ob- Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
tido pelo agente. administrativa competente para que seja instaurada
d) A pena de proibição de contratar com o Poder Público investigação destinada a apurar a prática de ato de
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, improbidade.
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de Essa representação deverá conter alguns requisitos:
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, terá o pra- 1) Deve ser escrita ou reduzida a termo e assinada;
zo máximo de 2 (dois) anos. 2) Deve conter a qualificação do representante;
e) As penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa 3) Deve conter informações sobre o fato e sua autoria
deverão ser aplicadas cumulativamente, exceto quando 4) Haver a indicação das provas de que tenha conheci-
se tratar de ato de improbidade administrativa que aten- mento.
te contra os princípios da Administração Pública.
A autoridade administrativa rejeitará a representação,
Resposta: Letra C. No caso de condenação por ato de em despacho fundamentado, se esta não preencher os
improbidade administrativa decorrente de concessão ou requisitos acima.
aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário, A rejeição da representação pela autoridade
cabe a aplicação da pena de perda da função pública. As administrativa não obsta a representação ao Ministério
responsabilidade são independentes. A pena de proibi- Público, nos termos do art. 22 da lei de improbidade.
ção de contratar com o Poder Público ou receber bene- Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indi- determinará a imediata apuração dos fatos que, serão
retamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica processados de acordo com o processo disciplinar definido
da qual seja sócio majoritário, terá o prazo máximo de pelas Leis que regulam o Regime Jurídico do Servidores
10 anos. Não existe a exceção prevista na alternativa e). Públicos, por exemplo, servidores federais serão regulados
pela Lei 8.112/1990, servidores estaduais serão regulados
5. DA DECLARAÇÃO DE BENS pelos Estatutos de cada Estado e, em se tratando de
Para que o agente público possa tomar posse ou entrar servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos
em exercício, ele deverá apresentar uma declaração dos disciplinares.
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, essa A apuração de infração disciplinar é feita em regra através
declaração será anualmente atualizada e também na data de processos investigatórios denominados Sindicância ou
em que o agente público deixar o exercício do mandato, Processo Administrativo Disciplinar, sendo escolhido um ou
cargo, emprego ou função. A atualização da declaração a outro de acordo com a penalidade a ser aplicada. Quando
que se refere a lei poderá ser feita com a entrega da cópia da instauração destes procedimentos há a nomeação de
da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da uma comissão, dentre as atribuições desta comissão,
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto previstas na lei de improbidade está dar conhecimento ao
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas
necessárias atualizações da existência de procedimento administrativo para apurar
A declaração compreenderá imóveis, móveis, a prática de ato de improbidade, e ainda, representar ao
semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que
espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro
ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, O
filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência pedido de seqüestro será processado de acordo com o
econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
utensílios de uso doméstico. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas
poderá, a requerimento, designar representante para
acompanhar o procedimento administrativo.

44
Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o
exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos EXERCÍCIO COMENTADO
da lei e dos tratados internacionais.
A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta 1. 2017 - VUNESP - Escrevente Técnico Judiciário - TJ-SP
pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, O procedimento administrativo previsto na Lei Federal n°
dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. 8.429/92, destinado a apurar a prática de ato de improbi-
É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações dade,
de Improbidade Administrativa.
A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as a) será iniciado por representação, que será escrita ou re-
ações necessárias à complementação do ressarcimento do duzida a termo, podendo o representante permanecer
patrimônio público. anônimo, se assim o desejar.
No caso de a ação principal ter sido proposta pelo b) poderá acarretar o exame e o bloqueio de bens, contas
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indicia-
§ 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. do no exterior, se for o caso.
O Ministério Público, se não intervir no processo como c) poderá compreender o decreto de sequestro dos bens
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamen-
de nulidade. te ou causado dano ao patrimônio público.
A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo d) impedirá a apuração dos fatos pelo Ministério Público,
para todas as ações posteriormente intentadas que caso se conclua pela improcedência das acusações.
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. e) deverá ser levado ao conhecimento do Ministério Públi-
A ação será instruída com documentos ou justificação co e do Tribunal ou Conselho de Contas, pela Comissão
que contenham indícios suficientes da existência do Processante.
ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas Resposta: Letra E. A representação não pode ser anô-
provas, observada a legislação vigente, inclusive as nima. O procedimento administrativo não poderá acar-
disposições inscritas nos artigos. 16 a 18 do Código de retar o no bloqueio de bens, contas bancárias e apli-
Processo Civil. cações financeiras mantidas pelo indiciado ou terceiros
Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá- no exterior, para que isso aconteça deve ser feita uma
la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer representação ao Ministério Público ou à Procuradoria
manifestação por escrito, que poderá ser instruída com para manifestação judicial. Não impede a apuração dos
documentos e justificações, dentro do prazo de quinze fatos pelo Ministério Público.
dias.
Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, 2. 2017 - VUNESP - Escrevente Técnico Judiciário - TJ-SP
em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido No processo judicial de improbidade administrativa, o Mi-
da inexistência do ato de improbidade, da improcedência nistério Público
da ação ou da inadequação da via eleita.
Recebida a petição inicial, será o réu citado para a) se não intervir no processo como parte, atuará obrigato-
apresentar contestação. riamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo b) atuará somente como fiscal da lei, mas promoverá as

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


de instrumento. ações necessárias à complementação do ressarcimento
Em qualquer fase do processo, reconhecida a do patrimônio público.
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o c) atuará somente como autor, não intervindo se a pessoa
processo sem julgamento do mérito. jurídica interessada propuser a ação ordinária.
Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas d) é o único legitimado a propor a ação ordinária, dentro
nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
caput e § 1o, do Código de Processo Penal. e) poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar
Para os efeitos deste artigo, também se considera ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao in-
pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no teresse público, a juízo do Procurador Geral de Justiça.
pólo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do
art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de Resposta: Letra A. No processo judicial o Ministério Pú-
julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de blico age ou como parte ou como fiscal da lei. A pessoa
2016) jurídica interessa pode figurar no pólo ativo. O Ministé-
A sentença que julgar procedente ação civil de rio Público não pode abster-se de contestar o pedido
reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos
ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão
dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica
prejudicada pelo ilícito.

45
3. 2017 - FCM - IF - Assistente em Administração
Segundo o que determina a Lei nº 8.429, de 2 de junho de #FicaDica
1992, é INCORRETO afirmar que
O dano ao patrimônio público é prescindível
a) o Ministério Público, se não intervir no processo como para aplicação das sanções previstas em lei.
parte, atuará, obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob
pena de nulidade. Art. 22º
b) o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio pú- Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
blico ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comi- Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
nações da Lei de Improbidade Administrativa até o limi- administrativa ou mediante representação formulada
te do valor da herança. de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar
c) qualquer autoridade, desde que noticiada acerca de ato a instauração de inquérito policial ou procedimento
ímprobo causador de lesão ao erário ou de enriqueci- administrativo.
mento ilícito, poderá representar ao Juiz de Direito para
a indisponibilidade de bens do indiciado.
d) as ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas EXERCÍCIO COMENTADO
na Lei de Improbidade Administrativa podem ser pro-
postas em até cinco anos, após o término do exercício 1. 2017 - FCM - IF - Assistente em Administração
de mandato de cargo em comissão ou de função de A respeito da Lei de Improbidade Administrativa, é correto
confiança. afirmar que
e) a sentença que julgar procedente a ação civil de repa-
ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos a) a prisão é uma sanção prevista na Lei nº 8.429/92 em
ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos decorrência da prática de ato de improbidade adminis-
bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica pre- trativa.
judicada pelo ilícito. b) o Ministério Público, se não intervir no processo como
parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei, sob
Resposta: Letra C. Não é qualquer autoridade, são
pena de nulidade.
exemplos de pessoas que poderão figurar no pólo pas-
c) os atos de improbidade administrativa são divididos em
sivo O Ministério Público e a pessoa jurídica interessada,
duas classes: aqueles que importam em enriquecimento
não confunda com o direito de qualquer pessoa levar
ilícito e aqueles que causam prejuízo ao erário.
ao conhecimento da autoridade competente ato de im-
d) a ausência de formalidades na representação, para que
probidade.
seja instaurada investigação destinada a apurar a prática
de ato de improbidade, se dá em razão da universalida-
7. DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
A Lei de improbidade define alguns crimes. de do acesso à transparência na administração pública.
Art. 19º da lei. e) será punido com advertência o agente público que se
Constitui crime a representação por ato de improbidade recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo
contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o determinado, ou cuja prestação seja falsa.
autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. Resposta: Letra B. Detenção e não prisão. Os atos de
Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a improbidade são divididos em 4 classes. Na representa-
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à ção os requisitos devem ser preenchidos e não ignora-
imagem que houver provocado. dos. A penalidade para o agente público que se recusar
A perda da função pública e a suspensão dos direitos a prestar declaração dos bens, dentro do prazo deter-
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da minado, ou cuja prestação seja falsa será punido com
sentença condenatória, ou seja, só se efetivam a partir da demissão, a bem do serviço público.
decisão da qual já não caiba mais recurso.
A autoridade judicial ou administrativa competente 8. DA PRESCRIÇÃO
poderá determinar o afastamento do agente público A prescrição é um instituto do direito que ocasiona a
do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo perda do direito de punir do Estado pelo decurso de lapso
da remuneração, quando a medida se fizer necessária à temporal, perdeu o prazo, perdeu o direito de punir.
instrução processual. Art. 23.
As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previs-
Art. 21º tas nesta lei podem ser propostas:
A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: I - até cinco anos após o término do exercício de man-
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio públi- dato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
co, salvo quanto à pena de ressarcimento;. II - dentro do prazo prescricional previsto em lei espe-
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão cífica para faltas disciplinares puníveis com demissão
de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de a bem do serviço público, nos casos de exercício de
Contas. cargo efetivo ou emprego.

46
III - até cinco anos da data da apresentação à adminis- ca, sendo necessário, dentre outros elementos, conduta
tração pública da prestação de contas final pelas enti- meramente culposa para a configuração do ato ímprobo.
dades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei. d) que importa enriquecimento ilícito, sendo necessário,
dentre outros elementos, a conduta dolosa para a con-
9. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS figuração do ato ímprobo.
Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. e) que importa enriquecimento ilícito, sendo necessário,
Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho dentre outros elementos, conduta meramente culposa
de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais para a configuração do ato ímprobo.
disposições em contrário.
Resposta: Letra D. O recebimento de vantagem econô-
mica para tolerar a prática de atividades ilegais constitui
EXERCÍCIO COMENTADO ato de improbidade na modalidade de enriquecimento
ilícito, que exige o dolo como elemento.
1. 2017 – UFES - Assistente em Administração
Sobre a Lei de Improbidade Administrativa, analise as se- 3. Ano: 2017Banca: UFU-MGÓrgão: UFU-MGProva:
guintes afirmativas: Técnico em Radiologia
I.. É vedada a transação, o acordo ou a conciliação nas Configura-se improbidade administrativa
ações de improbidade administrativa.
II. Constitui crime a representação por ato de improbidade a) somente se houver lesão ao Erário.
contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o b) somente se praticada por agente público ou com a par-
autor da denúncia o sabe inocente. ticipação deste.
III. A aplicação das sanções previstas na Lei de Improbida- c) somente se houver enriquecimento ilícito.
de Administrativa independe da aprovação ou rejeição das d) somente se se retardar ou deixar de praticar, indevida-
contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou mente, ato de ofício.
Conselho de Contas.
É CORRETO o que se afirma em Resposta: Letra B. A aplicação das sanções independe
da ocorrência de lesão ao erário, com exceção do res-
a) I, apenas. sarcimento. São 4 modalidades. Várias são as condutas
b) I e II, apenas. que caracterizam.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Resposta: Letra E. Os acordos, conciliações e transações


não serão permitidos nas ações de improbidade. A re-
presentação, sabendo da inocência do acusado consti-
tui crime. A aplicação das sanções previstas na Lei de
Improbidade Administrativa independe da aprovação
ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno

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ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas, ou ainda, do
prejuízo ao erário.

2. 2017 - FCC - TRT - 24ª REGIÃO - Técnico Judiciário -


Área Administrativa
Onofre, auditor fiscal da Receita Federal, recebeu vantagem
econômica para tolerar a prática de contrabando, razão
pela qual foi processado por improbidade administrativa.
Nos termos da Lei no 8.429/1992, a conduta de Onofre
insere-se expressamente na modalidade de ato de impro-
bidade administrativa

a) causador de prejuízo ao erário, não sendo necessária a


efetiva ocorrência de prejuízo ao erário para que reste
configurado o ato ímprobo.
b) causador de prejuízo ao erário, sendo necessário, dentre
outros elementos, a conduta dolosa para a configuração
do ato ímprobo.
c) que atenta contra os princípios da Administração públi-

47
remoção é o deslocamento do servidor; redistribuição é o
LEI Nº 8.112 E ALTERAÇÕES POSTERIORES: deslocamento de um cargo para outro órgão; substituição
DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, é a mudança de uma pessoa que está ocupando cargo de
REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO (ART. 5º chefia ou direção por outra.
AO 39 DA LEI Nº 8.112/90);
Capítulo I
Do Provimento
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
Segundo Hely Lopes Meirelles2, provimento “é o ato pelo
Das Disposições Preliminares qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a
designação de seu titular”, podendo ser originário ou inicial se
Título I o agente não possui vinculação anterior com a Administração
Capítulo Único Pública; ou derivado, que pressupõe a existência de um
Das Disposições Preliminares vínculo com a Administração, o qual pode ser horizontal, sem
ascensão na carreira, ou vertical, com ascensão na carreira.
Art. 1o  Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em Seção I
regime especial, e das fundações públicas federais. Disposições Gerais
Art. 2o  Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa le-
galmente investida em cargo público. Art. 5o  São requisitos básicos para investidura em cargo
Art. 3o  Cargo público é o conjunto de atribuições e res- público:
ponsabilidades previstas na estrutura organizacional I - a nacionalidade brasileira;
que devem ser cometidas a um servidor. Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com um
Parágrafo único.  Os cargos públicos, acessíveis a todos Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade de cidadão.
os brasileiros, são criados por lei, com denominação
própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para II - o gozo dos direitos políticos;
provimento em caráter efetivo ou em comissão. Direitos políticos são os direitos garantidos ao cidadão
Art. 4o  É proibida a prestação de serviços gratuitos, sal- que envolvem sua participação direta ou indireta nas decisões
vo os casos previstos em lei. políticas do Estado. No Brasil, se encontram nos artigos 14 e
15 da Constituição Federal.
Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o
conjunto de regras referentes a todos os aspectos da relação
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
entre o servidor público e a Administração. Envolve tanto
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
questões inerentes à ocupação do cargo quanto direitos e
deveres, entre outras. cargo;
Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior,
direta quanto para a indireta. conforme a complexidade das funções do cargo.
A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo,
caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em V - a idade mínima de dezoito anos;
comissão, quando por uma relação de confiança o superior VI - aptidão física e mental.
puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupando § 1o  As atribuições do cargo podem justificar a exigência
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

aquela posição de chefia. de outros requisitos estabelecidos em lei.


Todo serviço público será remunerado pelos cofres P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de membros
públicos. do Ministério Público ou da Magistratura.

§ 2o  Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado


#FicaDica
o direito de se inscrever em concurso público para provi-
Cargo público = atribuições + responsabilidades mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com
Modalidades = efetivo ou em comissão a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas
serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas
oferecidas no concurso.
Formas de provimento e vacância dos cargos públicos Cotas para deficientes.

Título II § 3o  As universidades e instituições de pesquisa científica


Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e e tecnológica federais poderão prover seus cargos com
Substituição professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo
com as normas e os procedimentos desta Lei.
Basicamente, provimento é a ocupação do cargo Exceção ao inciso I do art. 5°.
por uma pessoa, transformando-a em servidora pública;
enquanto vacância é o que se dá quando um cargo fica livre; 2 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi-
leiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

48
Art. 6o  O provimento dos cargos públicos far-se-á me- pagamento do valor fixado no edital, quando indis-
diante ato da autoridade competente de cada Poder. pensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
Art. 7o  A investidura em cargo público ocorrerá com isenção nele expressamente previstas.
a posse. Art. 12.  O concurso público terá validade de até 2
(dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez,
Por investidura entende-se a instalação formal em um por igual período.
cargo público, o que se dará quando a pessoa for empossada. § 1o  O prazo de validade do concurso e as condições
de sua realização serão fixados em edital, que será pu-
Art. 8o  São formas de provimento de cargo público: blicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de
I - nomeação; grande circulação.
II - promoção; § 2o   Não se abrirá novo concurso enquanto houver
III e IV - (Revogados) candidato aprovado em concurso anterior com prazo
V - readaptação; de validade não expirado.
VI - reversão;
VII - aproveitamento;
No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
VIII - reintegração;
pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
IX - recondução.
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
Detalhes adiante. atividade profissional também é considerado.
O edital delimita questões como valor da taxa de
Seção II inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
Da Nomeação validade.

Art. 9o  A nomeação far-se-á: Seção IV


I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado Da Posse e do Exercício
de provimento efetivo ou de carreira;
II - em comissão, inclusive na condição de interino, Art. 13.  A posse dar-se-á pela assinatura do respecti-
para cargos de confiança vagos.  vo termo, no qual deverão constar as atribuições, os
Parágrafo único.  O servidor ocupante de cargo em deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes
comissão ou de natureza especial poderá ser nomea- ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados uni-
do para ter exercício, interinamente, em outro cargo de lateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os
confiança, sem prejuízo das atribuições do que atual- atos de ofício previstos em lei.
mente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remu- § 1o  A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
neração de um deles durante o período da interinidade. da publicação do ato de provimento.
§ 2o  Em se tratando de servidor, que esteja na data de
O cargo em comissão é temporário e não depende de publicação do ato de provimento, em licença prevista
concurso público. Se o servidor for nomeado para outro nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóte-
cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira ses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas «a», «b», «d», «e» e
interina (temporária), mas somente poderá receber «f», IX e X do art. 102, o prazo será contado do término
remuneração por um deles, o que optar. do impedimento.

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


§ 3o  A posse poderá dar-se mediante procuração es-
Art. 10.  A nomeação para cargo de carreira ou cargo
pecífica.
isolado de provimento efetivo depende de prévia habi-
§ 4o  Só haverá posse nos casos de provimento de car-
litação em concurso público de provas ou de provas e
go por nomeação.
títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo
§ 5o  No ato da posse, o servidor apresentará declara-
de sua validade.
Parágrafo único.  Os demais requisitos para o ingresso ção de bens e valores que constituem seu patrimônio
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante e declaração quanto ao exercício ou não de outro car-
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as di- go, emprego ou função pública.
retrizes do sistema de carreira na Administração Públi- § 6o  Será tornado sem efeito o ato de provimento se a
ca Federal e seus regulamentos. posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.

Seção III O termo de posse é dotado de conteúdo específico. É


Do Concurso Público possível tomar posse mediante procuração específica. Não
há posse nos cargos em comissão. A declaração de bens
Art. 11.  O concurso será de provas ou de provas e títu- e valores visa permitir a verificação da situação financeira
los, podendo ser realizado em duas etapas, conforme do servidor, de forma a perceber se ele enriqueceu
dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano desproporcionalmente durante o exercício do cargo.
de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao

49
Art. 14.  A posse em cargo público dependerá de pré- Se o servidor estava em exercício em outro município
via inspeção médica oficial. e é convocado por publicação para retomar a posição
Parágrafo único.  Só poderá ser empossado aquele que superior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode
for julgado apto física e mentalmente para o exercício desistir, se quiser.
do cargo.
Art. 19.  Os servidores cumprirão jornada de trabalho
Art. 15.  Exercício é o efetivo desempenho das atribui- fixada em razão das atribuições pertinentes aos res-
ções do cargo público ou da função de confiança. pectivos cargos, respeitada a duração máxima do tra-
§ 1o  É de quinze dias o prazo para o servidor empossa- balho semanal de quarenta horas e observados os limi-
do em cargo público entrar em exercício, contados da tes mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias,
data da posse.  respectivamente. 
§ 2o  O servidor será exonerado do cargo ou será tor- § 1o  O ocupante de cargo em comissão ou função de
nado sem efeito o ato de sua designação para função confiança submete-se a regime de integral dedicação
de confiança, se não entrar em exercício nos prazos ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo
previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18. ser convocado sempre que houver interesse da Admi-
§ 3o  À autoridade competente do órgão ou entidade nistração.
para onde for nomeado ou designado o servidor com- § 2o  O disposto neste artigo não se aplica a duração de
pete dar-lhe exercício.  trabalho estabelecida em leis especiais.
§ 4o  O início do exercício de função de confiança coin- Art.  20.   Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
cidirá com a data de publicação do ato de designação, para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a está-
salvo quando o servidor estiver em licença ou afasta- gio probatório por período de 24 (vinte e quatro) me-
do por qualquer outro motivo legal, hipótese em que ses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão
recairá no primeiro dia útil após o término do impedi- objeto de avaliação para o desempenho do cargo, ob-
mento, que não poderá exceder a trinta dias da publi- servados os seguinte fatores: 
I - assiduidade;
cação. 
II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
Nota-se que para as funções em confiança não há prazo
IV - produtividade;
de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não existe
V - responsabilidade.
nestas funções. Então, o prazo para exercício será o do dia
§ 1o  4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
da publicação do ato de designação.
gio probatório, será submetida à homologação da au-
toridade competente a avaliação do desempenho do
Art. 16.  O início, a suspensão, a interrupção e o reinício servidor, realizada por comissão constituída para essa
do exercício serão registrados no assentamento indivi- finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o
dual do servidor. regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem pre-
Parágrafo  único.   Ao entrar em exercício, o servidor juízo da continuidade de apuração dos fatores enume-
apresentará ao órgão competente os elementos ne- rados nos incisos I a V do caput deste artigo.
cessários ao seu assentamento individual. § 2o  O servidor não aprovado no estágio probatório
Art. 17.  A promoção não interrompe o tempo de exer- será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
cício, que é contado no novo posicionamento na car- anteriormente ocupado, observado o disposto no pa-
reira a partir da data de publicação do ato que promo- rágrafo único do art. 29.
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

ver o servidor. § 3o  O servidor em estágio probatório poderá exercer


quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
Na promoção não há nova posse. Então, o servidor não ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão
tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no dia da ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido
publicação do ato. a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Na-
tureza Especial, cargos de provimento em comissão do
Art.  18.   O servidor que deva ter exercício em outro Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de
município em razão de ter sido removido, redistribu- níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. 
ído, requisitado, cedido ou posto em exercício provi- § 4o  Ao servidor em estágio probatório somente pode-
sório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de rão ser concedidas as licenças e os afastamentos pre-
prazo, contados da publicação do ato, para a retomada vistos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim
do efetivo desempenho das atribuições do cargo, in- afastamento para participar de curso de formação de-
cluído nesse prazo o tempo necessário para o desloca- corrente de aprovação em concurso para outro cargo
mento para a nova sede. na Administração Pública Federal.
§ 1o  Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença § 5o  O estágio probatório ficará suspenso durante as
ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este ar- licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, §
tigo será contado a partir do término do impedimento. 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em
§ 2o  É facultado ao servidor declinar dos prazos esta- curso de formação, e será retomado a partir do térmi-
belecidos no caput. no do impedimento. 

50
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a Seção VII
disciplina do estágio probatório mudou, notadamente Da Readaptação
aumentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista
que a norma constitucional prevalece sobre a lei federal, Art. 24.  Readaptação é a investidura do servidor em
mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com
disposto no artigo 41 da Constituição Federal: a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
mental verificada em inspeção médica.
Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exer- § 1o   Se julgado incapaz para o serviço público, o
cício os servidores nomeados para cargo de provimen- readaptando será aposentado.
to efetivo em virtude de concurso público. § 2o  A readaptação será efetivada em cargo de
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese
gado; de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas
II - mediante processo administrativo em que lhe seja atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.
assegurada ampla defesa; Se o funcionário deixa de ter condições físicas ou
III - mediante procedimento de avaliação periódica de psicológicas para ocupar seu cargo, deverá ser readaptado
desempenho, na forma de lei complementar, assegura- para cargo semelhante que não exija tais aptidões. Ex.:
da ampla defesa. funcionário trabalhava como atendente numa repartição,
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser- se movimentando o tempo todo e sofre um acidente,
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocu- ficando paraplégico. Sua capacidade mental não ficou
pante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de ori- prejudicada, embora seja inconveniente ele ter que fazer
gem, sem direito a indenização, aproveitado em outro tantos movimentos no exercício das funções. Por isso, pode
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
ser reconduzido para outro cargo técnico na repartição
proporcional ao tempo de serviço.
que seja mais burocrático e exija menos movimentação
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida-
física, como o de assistente de um superior.
de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
Seção VIII
seu adequado aproveitamento em outro cargo.
Da Reversão
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
Art. 25.  Reversão é o retorno à atividade de servidor
comissão instituída para essa finalidade.
aposentado: 
Seção V I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
Da Estabilidade insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou 
II - no interesse da administração, desde que: 
Art.  21.   O servidor habilitado em concurso público e a) tenha solicitado a reversão; 
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá b) a aposentadoria tenha sido voluntária; 
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos c) estável quando na atividade;
de efetivo exercício.  d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos an-
teriores à solicitação; 

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


e) haja cargo vago.
FIQUE ATENTO! § 1o  A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
Vale o prazo de 3 anos, conforme Constituição resultante de sua transformação.
Federal (artigo 41 retrocitado). § 2o  O tempo em que o servidor estiver em exercício
será considerado para concessão da aposentadoria.
§ 3o   No caso do inciso I, encontrando-se provido o
Art. 22.  O servidor estável só perderá o cargo em virtude cargo, o servidor exercerá suas atribuições como ex-
de sentença judicial transitada em julgado ou de processo cedente, até a ocorrência de vaga. 
administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada § 4o  O servidor que retornar à atividade por interesse
ampla defesa. da administração perceberá, em substituição aos pro-
ventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que
Seção VI voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natu-
Da Transferência reza pessoal que percebia anteriormente à aposenta-
doria. 
Art. 23. (Execução suspensa) § 5o  O servidor de que trata o inciso II somente terá
os proventos calculados com base nas regras atuais se
permanecer pelo menos cinco anos no cargo. 
§ 6o  O Poder Executivo regulamentará o disposto nes-
te artigo. 

51
Art. 26. (Revogado) Art. 31.  O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
Art. 27.  Não poderá reverter o aposentado que já tiver determinará o imediato aproveitamento de servidor
completado 70 (setenta) anos de idade. em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos ór-
gãos ou entidades da Administração Pública Federal.
Merece destaque a impossibilidade de cumulação da Parágrafo único.  Na hipótese prevista no § 3o  do art.
aposentadoria com a remuneração caso o servidor retorne 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser
às funções. mantido sob responsabilidade do órgão central do Sis-
tema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC,
Seção IX até o seu adequado aproveitamento em outro órgão
Da Reintegração ou entidade.
Art. 32.  Será tornado sem efeito o aproveitamento e
Art. 28.  A reintegração é a reinvestidura do servidor cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
resultante de sua transformação, quando invalidada a junta médica oficial.
sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
com ressarcimento de todas as vantagens. Servidor posto em disponibilidade não é servidor
§ 1o  Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor aposentado. É apenas um servidor aguardando que surja
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos um posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir,
arts. 30 e 31. deverá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a
§ 2o  Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual disponibilidade, deixando de ser servidor público.
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem
direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, Capítulo II
ou, ainda, posto em disponibilidade. Da Vacância

Se um servidor for injustamente demitido e a sua Art. 33.  A vacância do cargo público decorrerá de:
demissão for invalidada, será reinvestido no cargo, sendo I - exoneração;
totalmente ressarcido (por exemplo, recebendo os salários II - demissão;
do período em que foi afastado). Caso o cargo esteja III - promoção;
extinto, será posto em disponibilidade; caso o cargo exista IV e V - (Revogados)
e alguém o estiver ocupando, este será retirado do cargo, VI - readaptação;
devolvendo-o ao seu legítimo titular. VII - aposentadoria;
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
Seção X IX - falecimento.
Da Recondução Art. 34.  A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedi-
do do servidor, ou de ofício.
Art. 29.  Recondução é o retorno do servidor estável ao Parágrafo único.  A exoneração de ofício dar-se-á:
cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro batório;
cargo; II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
II - reintegração do anterior ocupante. em exercício no prazo estabelecido.
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Parágrafo único.  Encontrando-se provido o cargo de


origem, o servidor será aproveitado em outro, obser- Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de
vado o disposto no art. 30. ofício se não for habilitado no estágio probatório e se não
entrar em exercício no prazo legal.
Como visto, quando um servidor é promovido ele se
sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado, Art. 35.  A exoneração de cargo em comissão e a dis-
voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém pensa de função de confiança dar-se-á: 
estiver ocupando o cargo de um servidor que tenha I - a juízo da autoridade competente;
sido injustamente demitido, quando este voltar deverá II - a pedido do próprio servidor.
desocupar o cargo. Se a posição antes ocupada não estiver
livre, deverá ser reaproveitado em outro cargo semelhante. Como o cargo em comissão refere-se a uma relação de
confiança para com a autoridade competente, esta poderá
Seção XI exonerar o servidor.
Da Disponibilidade e do Aproveitamento

Art. 30.  O retorno à atividade de servidor em disponi-


bilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis
com o anteriormente ocupado.

52
Resposta: Errado. O erro da assertiva está em descre-
#FicaDica ver a reintegração, não a reversão, conforme artigo 28,
Lei nº 8.112/1990: “A reintegração é a reinvestidura do
Formas de provimento servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no
- Originário cargo resultante de sua transformação, quando invalida-
• Nomeação – Em caráter efetivo ou em da a sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
comissão com ressarcimento de todas as vantagens”.
- Derivado
• Promoção – Ascensão do cargo ocupado 3) (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL
para um cargo sucessivo e ascendente, possível DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL - CESPE/2017) Com
quando o servidor tiver seu cargo estruturado base na Lei nº 8.112/1990 e no regime jurídico aplicável aos
em carreira. agentes públicos, julgue o item a seguir.
• Aproveitamento – Retorno de um servidor Servidor aposentado por invalidez poderá retornar à ati-
posto em disponibilidade. vidade caso junta médica oficial declare insubsistentes os
• Readaptação – Realocação de servidor motivos da sua aposentadoria, hipótese em que se proce-
que tenha se tornado deficiente para cargo derá à reversão do servidor.
compatível.
• Reintegração – Retorno de servidor a cargo ( ) Certo ( ) Errado
anteriormente ocupado ou em cargo resultante
de sua transformação quando invalidada a Resposta: Certo. A hipótese é de reversão, conforme
decisão de sua demissão. artigo 25, I, Lei nº 8.112/1990: “Reversão é o retorno
• Recondução – Retorno de servidor a cargo à atividade de servidor aposentado: I - por invalidez,
anteriormente ocupado em decorrência de quando junta médica oficial declarar insubsistentes os
inabilitação no estágio probatório de outro motivos da aposentadoria”.
cargo ou por ter o ocupante anterior sido
reintegrado. Dos Direitos e Vantagens
• Reversão – Retorno do servidor ao cargo
ocupado quando anteriormente aposentado Título III
por invalidez, caso cesse a doença ou condição Dos Direitos e Vantagens
incapacitante.
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor
público, para em seguida trazer seus deveres e proibições.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Resume Carvalho Filho3: “os direitos sociais
constitucionais são objeto da referência do art. 39, §3°,
1) (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - CES- CF, o qual determina que dezesseis dos direitos sociais
PE/2018) Acerca do regime jurídico dos servidores públi- outorgados aos empregados sejam estendidos aos
cos federais, julgue o item a seguir. servidores públicos. Dentre esses direitos estão o do salário
A investidura em cargo público ocorre com a nomeação mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°, VIII);
devidamente publicada em diário oficial. o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-

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família (art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de
( ) Certo ( ) Errado licença à gestante (art. 7°, XVIII) e outros mencionados no
dispositivo constitucional. [...] Além disso, há vários direitos
Resposta: Errado. Nos termos do artigo 7o, Lei nº de natureza social relacionados nos diversos estatutos
8.112/1990: “A investidura em cargo público ocorrerá funcionais das pessoas federativas. É nas leis estatutárias
com a posse”. que se encontram tais direitos, como o direito às licenças,
à pensão, aos auxílios pecuniários, como o auxílio-funeral e
2) (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA o auxílio-reclusão, à assistência, à saúde etc.”
- CESPE/2018) Julgue o seguinte item de acordo com as
disposições constitucionais e legais acerca dos agentes pú- Capítulo I
blicos. Do Vencimento e da Remuneração
A reversão constitui a reinvestidura do servidor estável no
cargo anteriormente ocupado, e ocorre quando é invalida- Art. 40.  Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
da a demissão do servidor por decisão judicial ou adminis- exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
trativa. Nesse caso, o servidor deve ser ressarcido de todas Art. 41.  Remuneração é o vencimento do cargo efeti-
as vantagens que deixou de perceber durante o período vo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
demissório. estabelecidas em lei.
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
( ) Certo ( ) Errado administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

53
§ 1o  A remuneração do servidor investido em função ou Art. 44.  O servidor perderá:
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62. I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não motivo justificado; 
exige concurso público. Ver art. 62 adiante. II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos
atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as conces-
§ 2o  O servidor investido em cargo em comissão de sões de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a na hipótese de compensação de horário, até o mês
remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela
art. 93. chefia imediata. 
O funcionário é servidor público, mas foi concursado Parágrafo único.  As faltas justificadas decorrentes de
para cargo diverso, em outro órgão ou entidade, sendo caso fortuito ou de força maior poderão ser compen-
nomeado para outro cargo, que é de comissão. sadas a critério da chefia imediata, sendo assim consi-
deradas como efetivo exercício. 
§ 3o  O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- Somente não geram perda de remuneração as faltas
tagens de caráter permanente, é irredutível. justificadas e devidamente compensadas.
Irredutibilidade de vencimentos: não podem ser
diminuídos. Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judi-
cial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração
§ 4o  É assegurada a isonomia de vencimentos para car- ou provento.
gos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalva- consignação em folha de pagamento em favor de ter-
das as vantagens de caráter individual e as relativas à ceiros, a critério da administração e com reposição de
natureza ou ao local de trabalho. custos, na forma definida em regulamento.
Mesmo cargo ou semelhante = mesmo vencimento. § 2º O total de consignações facultativas de que trata
o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento)
§ 5o  Nenhum servidor receberá remuneração inferior
da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento)
ao salário mínimo. 
reservados exclusivamente para: I - a amortização de
Direito ao salário mínimo.
despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
Art.  42.   Nenhum servidor poderá perceber, mensal-
cartão de crédito.
mente, a título de remuneração, importância superior
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
à soma dos valores percebidos como remuneração, em
autorização do servidor.
espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos
Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do
Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Art. 46.  As reposições e indenizações ao erário, atu-
Federal. alizadas até 30 de junho de 1994, serão previamen-
Parágrafo único.  Excluem-se do teto de remuneração te comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao
as vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. pensionista, para pagamento, no prazo máximo de
Estabelece o teto de remuneração, ou seja, o máximo trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do in-
que um funcionário pode receber. Neste sentido, o art. 37, teressado. 
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de § 1o  O valor de cada parcela não poderá ser inferior
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

cargos, funções e empregos públicos da administração ao correspondente a dez por cento da remuneração,
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer provento ou pensão. 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e § 2o  Quando o pagamento indevido houver ocorrido
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e no mês anterior ao do processamento da folha, a re-
dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou posição será feita imediatamente, em uma única par-
outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente cela.
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer § 3o  Na hipótese de valores recebidos em decorrência
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do serão eles atualizados até a data da reposição. 
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o Art.  47.   O servidor em débito com o erário, que for
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco dias para quitar o débito. 
centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Parágrafo único.  A não quitação do débito no prazo
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. 
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Débito com o erário = dívida com o Estado.
Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos”.

54
Art. 48.  O vencimento, a remuneração e o provento § 1o  Correm por conta da administração as despesas
não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, de transporte do servidor e de sua família, compreen-
exceto nos casos de prestação de alimentos resultante dendo passagem, bagagem e bens pessoais.
de decisão judicial. § 2o  À família do servidor que falecer na nova sede são
assegurados com ajuda de custo e transporte para a
Capítulo II localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano,
Das Vantagens contado do óbito.
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
Art. 49.  Além do vencimento, poderão ser pagas ao de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo
servidor as seguintes vantagens: único do art. 36.
I - indenizações; Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remunera-
II - gratificações; ção do servidor, conforme se dispuser em regulamen-
III - adicionais. to, não podendo exceder a importância corresponden-
§ 1o  As indenizações não se incorporam ao vencimento te a 3 (três) meses.
ou provento para qualquer efeito. Art. 55.  Não será concedida ajuda de custo ao servidor
§ 2o  As gratificações e os adicionais incorporam-se ao
que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de
vencimento ou provento, nos casos e condições indi-
mandato eletivo.
cados em lei.
Art. 56.  Será concedida ajuda de custo àquele que, não
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
Art. 50.  As vantagens pecuniárias não serão compu-
tadas, nem acumuladas, para efeito de concessão de comissão, com mudança de domicílio.
quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, Parágrafo único.  No afastamento previsto no inciso I
sob o mesmo título ou idêntico fundamento. do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão ces-
De acordo com Hely Lopes Meirelles4, “o que caracteriza sionário, quando cabível.
o adicional e o distingue da gratificação é ser aquele que Art. 57.  O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
recompensa ao tempo de serviço do servidor, ou uma custo quando, injustificadamente, não se apresentar na
retribuição pelo desempenho de funções especiais que nova sede no prazo de 30 (trinta) dias.
fogem da rotina burocrática, e esta, uma compensação
por serviços comuns executados em condições anormais Subseção II
para o servidor, ou uma ajuda pessoal em face de certas Das Diárias
situações que agravam o orçamento do servidor”.
Art. 58.   O servidor que, a serviço, afastar-se da sede
Seção I em caráter eventual ou transitório para outro ponto
Das Indenizações do território nacional ou para o exterior, fará jus a pas-
sagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de
Art. 51.  Constituem indenizações ao servidor: despesas extraordinária com pousada, alimentação e
I - ajuda de custo; locomoção urbana, conforme dispuser em regulamen-
II - diárias; to. 
III - transporte. § 1o  A diária será concedida por dia de afastamento,
IV - auxílio-moradia. sendo devida pela metade quando o deslocamento
A leitura da legislação seca permite conceituar e não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União

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diferenciar cada modalidade de indenização. custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias
cobertas por diárias.
Art. 52.  Os valores das indenizações estabelecidas nos
§ 2o  Nos casos em que o deslocamento da sede cons-
incisos I a III do art. 51, assim como as condições para
tituir exigência permanente do cargo, o servidor não
a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento.
fará jus a diárias.
§ 3o  Também não fará jus a diárias o servidor que se
Subseção I
Da Ajuda de Custo deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglo-
meração urbana ou microrregião, constituídas por mu-
Art.  53.   A ajuda de custo destina-se a compensar as nicípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em
despesas de instalação do servidor que, no interesse áreas de controle integrado mantidas com países limí-
do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com trofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, enti-
mudança de domicílio em caráter permanente, vedado dades e servidores brasileiros considera-se estendida,
o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em
no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os
também a condição de servidor, vier a ter exercício na afastamentos dentro do território nacional. 
mesma sede.  Art. 59.  O servidor que receber diárias e não se afastar
4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi- da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-
leiro. São Paulo: Malheiros, 1993. -las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.

55
Parágrafo  único.   Na hipótese de o servidor retornar Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado
à sede em prazo menor do que o previsto para o seu a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em
afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, comissão, função comissionada ou cargo de Ministro
no prazo previsto no caput. de Estado ocupado.
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar
Subseção III 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Mi-
Da Indenização de Transporte nistro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comis-
Art. 60.  Conceder-se-á indenização de transporte ao são ou função comissionada, fica garantido a todos os
servidor que realizar despesas com a utilização de que preencherem os requisitos o ressarcimento até o
meio próprio de locomoção para a execução de ser- valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
viços externos, por força das atribuições próprias do Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colo-
cargo, conforme se dispuser em regulamento. cação de imóvel funcional à disposição do servidor ou
aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sen-
Subseção IV do pago por um mês.
Do Auxílio-Moradia
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia, benefício
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento que é concedido a alguns servidores. Ele serve para ajudar
das despesas comprovadamente realizadas pelo servi- o servidor a arcar com despesas de moradia, seja locando
dor com aluguel de moradia ou com meio de hospeda- um imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio é pago 1 mês
gem administrado por empresa hoteleira, no prazo de depois que o servidor comprovar a despesa que teve. No
um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. entanto, não é qualquer servidor e não é em qualquer
Art. 60-B.  Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor situação que se tem o auxílio-moradia.
se atendidos os seguintes requisitos:  Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas restrições:
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo não haver disponibilidade de imóvel funcional (algum
servidor;  imóvel do poder público com tal finalidade de moradia,
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe dispensando gastos particulares), não se ter tentado
imóvel funcional;  vender ou vendido um imóvel na cidade (evitando que
III  -  o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não tente utilizar o auxílio-moradia como um modo de se
seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador, obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou pessoa
cessionário ou promitente cessionário de imóvel no com quem more não receber auxílio da mesma natureza
Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipóte- (cumulando indevidamente), além do exercício de cargos
se de lote edificado sem averbação de construção, nos de determinada natureza (perceba-se, cargos de relevante
doze meses que antecederem a sua nomeação; direção).
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos
receba auxílio-moradia;  vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o artigo
V - o servidor tenha se mudado do local de residência 60-C está revogado desde 2013.
para ocupar cargo em comissão ou função de confiança
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, Seção II
níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Das Gratificações e Adicionais
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Estado ou equivalentes; 
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão Art. 61.  Além do vencimento e das vantagens previstas
ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes
do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou retribuições, gratificações e adicionais: 
domicílio do servidor;  I - retribuição pelo exercício de função de direção, che-
VII  -  o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha fia e assessoramento; 
residido no Município, nos últimos doze meses, aonde II - gratificação natalina;
for exercer o cargo em comissão ou função de confian- IV  -  adicional pelo exercício de atividades insalubres,
ça, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias perigosas ou penosas;
dentro desse período; e  V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alte- VI - adicional noturno;
ração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.  VII - adicional de férias;
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
de 2006.  IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. 
Parágrafo único.  Para fins do inciso VII, não será con- Gratificações e adicionais descritos em detalhes na
siderado o prazo no qual o servidor estava ocupando própria legislação, conforme se denota abaixo.
outro cargo em comissão relacionado no inciso V. 
Art. 60-C.  (Revogado).

56
Subseção I Art. 69.  Haverá permanente controle da atividade de
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, servidores em operações ou locais considerados peno-
Chefia e Assessoramento sos, insalubres ou perigosos.
Parágrafo único.  A servidora gestante ou lactante será
Art. 62.  Ao servidor ocupante de cargo efetivo inves- afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das
tido em função de direção, chefia ou assessoramento, operações e locais previstos neste artigo, exercendo
cargo de provimento em comissão ou de Natureza Es- suas atividades em local salubre e em serviço não pe-
pecial é devida retribuição pelo seu exercício. noso e não perigoso.
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remune- Art.  70.   Na concessão dos adicionais de atividades
ração dos cargos em comissão de que trata o inciso II penosas, de insalubridade e de periculosidade, serão
do art. 9o.  observadas as situações estabelecidas em legislação
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal No- específica.
minalmente Identificada - VPNI a incorporação da re- Art. 71.  O adicional de atividade penosa será devido
tribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em
assessoramento, cargo de provimento em comissão ou localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos
de Natureza Especial a que se referem os arts. 3º e 10 termos, condições e limites fixados em regulamento.
da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei Art. 72.  Os locais de trabalho e os servidores que ope-
no9.624, de 2 de abril de 1998.  ram com Raios X ou substâncias radioativas serão man-
Parágrafo único.   A VPNI de que trata o  caput  deste tidos sob controle permanente, de modo que as doses
artigo somente estará sujeita às revisões gerais de re- de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo
muneração dos servidores públicos federais.  previsto na legislação própria.
Parágrafo  único.   Os servidores a que se refere este
artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6
Subseção II
(seis) meses.
Da Gratificação Natalina
Subseção V
Art. 63.  A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
Do Adicional por Serviço Extraordinário
doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus
no mês de dezembro, por mês de exercício no respec-
Art. 73.  O serviço extraordinário será remunerado com
tivo ano.
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin- hora normal de trabalho.
ze) dias será considerada como mês integral. Art. 74.  Somente será permitido serviço extraordinário
Art. 64.  A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do para atender a situações excepcionais e temporárias,
mês de dezembro de cada ano. respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jor-
Art. 65.  O servidor exonerado perceberá sua gratifica- nada.
ção natalina, proporcionalmente aos meses de exercí-
cio, calculada sobre a remuneração do mês da exone- Subseção VI
ração. Do Adicional Noturno
Art.  66.   A gratificação natalina não será considerada
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária. Art. 75.  O serviço noturno, prestado em horário com-
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


Subseção III (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acres-
Do Adicional por Tempo de Serviço cido de 25% (vinte e cinco por cento), computando-
Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225- -se cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta
45/01. segundos.
Parágrafo  único.   Em se tratando de serviço extraor-
Subseção IV dinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou sobre a remuneração prevista no art. 73.
Atividades Penosas
Subseção VII
Art.  68.   Os servidores que trabalhem com habituali- Do Adicional de Férias
dade em locais insalubres ou em contato permanente
com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de Art. 76.  Independentemente de solicitação, será pago
vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do ao servidor, por ocasião das férias, um adicional corres-
cargo efetivo. pondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período
§ 1o  O servidor que fizer jus aos adicionais de insalu- das férias.
bridade e de periculosidade deverá optar por um deles. Parágrafo único.  No caso de o servidor exercer função
§ 2o  O direito ao adicional de insalubridade ou pericu- de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo
losidade cessa com a eliminação das condições ou dos em comissão, a respectiva vantagem será considerada
riscos que deram causa a sua concessão. no cálculo do adicional de que trata este artigo.

57
Subseção VIII Capítulo III
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Das Férias

Art. 76-A.  A Gratificação por Encargo de Curso ou Con- Art. 77.  O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
curso é devida ao servidor que, em caráter eventual:  podem ser acumuladas, até o máximo de dois perío-
I - atuar como instrutor em curso de formação, de de- dos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as
senvolvimento ou de treinamento regularmente insti- hipóteses em que haja legislação específica. 
tuído no âmbito da administração pública federal;  § 1o  Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
II - participar de banca examinadora ou de comissão exigidos 12 (doze) meses de exercício.
para exames orais, para análise curricular, para corre- § 2o  É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
ção de provas discursivas, para elaboração de questões serviço.
de provas ou para julgamento de recursos intentados § 3o  As férias poderão ser parceladas em até três eta-
por candidatos;  pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
III - participar da logística de preparação e de reali- interesse da administração pública. 
zação de concurso público envolvendo atividades de É possível impedir que o servidor tire férias por até
planejamento, coordenação, supervisão, execução e 2 períodos se o seu serviço for altamente necessário.
avaliação de resultado, quando tais atividades não esti- Art. 78.  O pagamento da remuneração das férias será
verem incluídas entre as suas atribuições permanentes;  efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respec-
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas tivo período, observando-se o disposto no § 1o  deste
de exame vestibular ou de concurso público ou super- artigo.
visionar essas atividades. §1° e §2°. Revogados.
§ 1o  Os critérios de concessão e os limites da gratifica- § 3o   O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
ção de que trata este artigo serão fixados em regula- comissão, perceberá indenização relativa ao período
mento, observados os seguintes parâmetros:  das férias a que tiver direito e ao incompleto, na pro-
I - o valor da gratificação será calculado em horas, porção de um doze avos por mês de efetivo exercício,
observadas a natureza e a complexidade da atividade ou fração superior a quatorze dias. 
exercida;  § 4o  A indenização será calculada com base na remu-
II - a retribuição não poderá ser superior ao equiva- neração do mês em que for publicado o ato exonera-
lente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, tório. 
ressalvada situação de excepcionalidade, devidamen- § 5o   Em caso de parcelamento, o servidor receberá
te justificada e previamente aprovada pela autoridade o valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da
máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar o Constituição Federal quando da utilização do primeiro
acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho período.
anuais;  Art.  79.   O servidor que opera direta e permanente-
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponde- mente com Raios X ou substâncias radioativas gozará
rá aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de
vencimento básico da administração pública federal:  atividade profissional, proibida em qualquer hipótese
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em a acumulação.
se tratando de atividades previstas nos incisos I e II do Manutenção da saúde do servidor.
caput deste artigo;  Art. 80.  As férias somente poderão ser interrompidas
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se por motivo de calamidade pública, comoção interna,
tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou
caput deste artigo.  por necessidade do serviço declarada pela autoridade
§ 2o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso máxima do órgão ou entidade.
somente será paga se as atividades referidas nos inci- Parágrafo único.  O restante do período interrompido
sos do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo será gozado de uma só vez, observado o disposto no
das atribuições do cargo de que o servidor for titular, art. 77. 
devendo ser objeto de compensação de carga horária O direito individual às férias pode ser mitigado pelo
quando desempenhadas durante a jornada de traba- direito da coletividade de manutenção da paz e da ordem
lho, na forma do § 4odo art. 98 desta Lei.  social.
§ 3o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor
para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como
base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclu-
sive para fins de cálculo dos proventos da aposentado-
ria e das pensões. 

58
§ 1o  A licença somente será deferida se a assistência
#FicaDica direta do servidor for indispensável e não puder ser
prestada simultaneamente com o exercício do cargo
Vantagens: ou mediante compensação de horário, na forma do
- Indenizações (não se incorporam)
disposto no inciso II do art. 44. 
• Ajuda de custo
§ 2o  A licença de que trata o caput, incluídas as prorro-
• Diárias
gações, poderá ser concedida a cada período de doze
• Transporte
meses nas seguintes condições: 
• Auxílio-moradia
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não,
- Gratificações (podem se incorporar)
mantida a remuneração do servidor; e 
• Por direção, chefia e assessoramento
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
• Natalina
remuneração.  
• Por Encargo, de curso ou concurso (não se
incorpora) § 3o  O início do interstício de 12 (doze) meses será
- Adicionais (podem se incorporar) contado a partir da data do deferimento da primeira
• Insalubridade licença concedida. 
• Periculosidade § 4o  A soma das licenças remuneradas e das licenças
• Atividades penosas não remuneradas, incluídas as respectivas prorroga-
• Serviço extraordinário ções, concedidas em um mesmo período de 12 (doze)
• Noturno meses, observado o disposto no § 3o, não poderá ultra-
• De férias passar os limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o. 
• Relativo à natureza ou local de trabalho
Seção III
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
Capítulo IV
Das Licenças Art. 84.  Poderá ser concedida licença ao servidor para
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslo-
Seção I cado para outro ponto do território nacional, para o
Disposições Gerais
exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos
Poderes Executivo e Legislativo.
Art. 81.  Conceder-se-á ao servidor licença:
§ 1o  A licença será por prazo indeterminado e sem re-
I - por motivo de doença em pessoa da família;
muneração.
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou compa-
§ 2o   No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
nheiro;
companheiro também seja servidor público, civil ou
III - para o serviço militar;
IV - para atividade política; militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
V - para capacitação;  dos, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver
VI - para tratar de interesses particulares; exercício provisório em órgão ou entidade da Adminis-
VII - para desempenho de mandato classista. tração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde
Atenção aos motivos que autorizam licença, detalhados que para o exercício de atividade compatível com o seu
a seguir na legislação. cargo. 

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


§ 1o  A licença prevista no inciso I do caput deste artigo
bem como cada uma de suas prorrogações serão pre- Seção IV
cedidas de exame por perícia médica oficial, observado Da Licença para o Serviço Militar
o disposto no art. 204 desta Lei.
§ 3o  É vedado o exercício de atividade remunerada duran- Art. 85.  Ao servidor convocado para o serviço militar
te o período da licença prevista no inciso I deste artigo. será concedida licença, na forma e condições previstas
Art. 82.  A licença concedida dentro de 60 (sessenta) na legislação específica.
dias do término de outra da mesma espécie será con- Parágrafo único.  Concluído o serviço militar, o servidor
siderada como prorrogação. terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassu-
mir o exercício do cargo.
Seção II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família Seção V
Da Licença para Atividade Política
Art. 83.  Poderá ser concedida licença ao servidor por
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos Art. 86.  O servidor terá direito a licença, sem remune-
pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ração, durante o período que mediar entre a sua esco-
ou dependente que viva a suas expensas e conste do lha em convenção partidária, como candidato a cargo
seu assentamento funcional, mediante comprovação eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura pe-
por perícia médica oficial.  rante a Justiça Eleitoral.

59
§ 1o  O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de #FicaDica
direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscali-
zação, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do - Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, Família – justifica-se por problema de saúde
até o décimo dia seguinte ao do pleito.  com um familiar próximo ou dependente legal.
§ 2o  A partir do registro da candidatura e até o décimo Remunerada.
dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, - Licença por Motivo de Afastamento do
assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente Cônjuge – justifica-se por mudança do cônjuge
pelo período de três meses.  de um servidor público de cidade ou país. Não
remunerada.
Seção VI - Licença para o Serviço Militar – justifica-se
Da Licença para Capacitação para o caso de convocação do servidor para o
serviço militar. Não remunerada.
Art.  87.   Após cada quinquênio de efetivo exercício, o - Licença para Atividade Política – justifica-
servidor poderá, no interesse da Administração, afastar- se para o caso de servidor candidato a cargo
-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva re- político eletivo, sendo obrigatório entre o dia
muneração, por até três meses, para participar de curso da candidatura e dez dias após as eleições. Não
de capacitação profissional.  remunerada.
Parágrafo  único.   Os períodos de licença de que trata - Licença para Capacitação – justifica-se para
o caput não são acumuláveis. o aperfeiçoamento profissional do servidor.
Art. 90. (Vetado) Remunerada.
- Licença Para Tratar Interesses Particulares
Seção VII – dispensa justificativa, basta a vontade do
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares servidor. Não remunerada.
- Licença para Desempenho de Mandato
Art. 91.  A critério da Administração, poderão ser conce- Classista – justifica-se para o caso de
didas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que convocação do servidor como responsável
não esteja em estágio probatório, licenças para o tra- por gerir ou representar em tempo integral
to de assuntos particulares pelo prazo de até três anos entidade de classe. Não remunerada.
consecutivos, sem remuneração.  - Licença para Tratamento de Saúde – justifica-
Parágrafo único.  A licença poderá ser interrompida, a se por doença do servidor, sendo necessário o
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse afastamento para tratamento. Remunerada.
do serviço.  - Licença-Gestante ou Adotante – justifica-
se por maternidade, biológica ou adotada.
Seção VIII Remunerada.
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista - Licença-Paternidade – justifica-se por
paternidade, biológica ou adotada.
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem Remunerada.
remuneração para o desempenho de mandato em con-
federação, federação, associação de classe de âmbito
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

nacional, sindicato representativo da categoria ou enti- Capítulo V


dade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar Dos Afastamentos
de gerência ou administração em sociedade cooperativa
constituída por servidores públicos para prestar serviços Seção I
a seus membros, observado o disposto na alínea c do Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Enti-
inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em dade
regulamento e observados os seguintes limites:
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício
2 (dois) servidores; em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em ser-
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; viço social autônomo instituído pela União que exerça
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) asso- atividades de cooperação com a administração pública
ciados, 8 (oito) servidores. federal, nas seguintes hipóteses:
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores I - para exercício de cargo em comissão ou função de
eleitos para cargos de direção ou de representação nas confiança;
referidas entidades, desde que cadastradas no órgão II - em casos previstos em leis específicas.
competente. § 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para ór-
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, poden- gãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou
do ser renovada, no caso de reeleição. dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão

60
ou entidade cessionária, mantido o ônus para o ceden- ofício para localidade diversa daquela onde exerce o
te nos demais casos.  mandato.
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pú-
blica ou sociedade de economia mista, nos termos das Seção III
respectivas normas, optar pela remuneração do cargo Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo acresci-
da de percentual da retribuição do cargo em comissão, Art.  95.   O servidor não poderá ausentar-se do País
a entidade cessionária efetuará o reembolso das des- para estudo ou missão oficial, sem autorização do Pre-
pesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. sidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder
§ 3o  A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Diário Oficial da União.  § 1o  A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
§ 4o  Mediante autorização expressa do Presidente da a missão ou estudo, somente decorrido igual período,
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter será permitida nova ausência.
exercício em outro órgão da Administração Federal di- § 2o  Ao servidor beneficiado pelo disposto neste arti-
reta que não tenha quadro próprio de pessoal, para fim go não será concedida exoneração ou licença para tra-
determinado e a prazo certo.  tar de interesse particular antes de decorrido período
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de res-
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ sarcimento da despesa havida com seu afastamento.
1º e 2º deste artigo.  § 3o  O disposto neste artigo não se aplica aos servido-
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública ou res da carreira diplomática.
de sociedade de economia mista, que receba recursos § 4o   As hipóteses, condições e formas para a auto-
de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da rização de que trata este artigo, inclusive no que se
sua folha de pagamento de pessoal, independem das refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas
disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste em regulamento. 
artigo, ficando o exercício do empregado cedido con- Art. 96.  O afastamento de servidor para servir em or-
dicionado a autorização específica do Ministério do ganismo internacional de que o Brasil participe ou com
Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos o qual coopere dar-se-á com perda total da remune-
de ocupação de cargo em comissão ou função grati- ração.
ficada. 
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- Seção IV
tão, com a finalidade de promover a composição da Do Afastamento para Participação em Programa de
força de trabalho dos órgãos e entidades da Adminis- Pós-Graduação Stricto Sensu no País
tração Pública Federal, poderá determinar a lotação ou
o exercício de empregado ou servidor, independente- Art. 96-A.  O servidor poderá, no interesse da Adminis-
mente da observância do constante no inciso I e nos §§ tração, e desde que a participação não possa ocorrer
1° e 2° deste artigo.  simultaneamente com o exercício do cargo ou me-
diante compensação de horário, afastar-se do exercício
Seção II do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo participar em programa de pós-graduação stricto sen-
su em instituição de ensino superior no País. 

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


Art. 94.  Ao servidor investido em mandato eletivo apli- § 1o  Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
cam-se as seguintes disposições: definirá, em conformidade com a legislação vigente, os
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distri- programas de capacitação e os critérios para participa-
tal, ficará afastado do cargo; ção em programas de pós-graduação no País, com ou
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do sem afastamento do servidor, que serão avaliados por
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera- um comitê constituído para este fim. 
ção; § 2o Os afastamentos para realização de programas de
III - investido no mandato de vereador: mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
a)  havendo compatibilidade de horário, perceberá as servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para
do cargo eletivo; mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído
b) não havendo compatibilidade de horário, será afas- o período de estágio probatório, que não tenham se
tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua re- afastado por licença para tratar de assuntos particu-
muneração. lares para gozo de licença capacitação ou com funda-
§ 1o  No caso de afastamento do cargo, o servidor con- mento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data
tribuirá para a seguridade social como se em exercício da solicitação de afastamento.
estivesse. § 3o Os afastamentos para realização de programas de
§ 2o  O servidor investido em mandato eletivo ou clas- pós-doutorado somente serão concedidos aos servi-
sista não poderá ser removido ou redistribuído de dores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão

61
ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o 76-A desta Lei. 
período de estágio probatório, e que não tenham se Art. 99.  Ao servidor estudante que mudar de sede no
afastado por licença para tratar de assuntos particula- interesse da administração é assegurada, na localidade
res ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos da nova residência ou na mais próxima, matrícula em
anteriores à data da solicitação de afastamento.  instituição de ensino congênere, em qualquer época,
§ 4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos independentemente de vaga.
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que per- Parágrafo único.  O disposto neste artigo estende-se
manecer no exercício de suas funções após o seu retor- ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados
no por um período igual ao do afastamento concedido.  do servidor que vivam na sua companhia, bem como
§ 5o  Caso o servidor venha a solicitar exoneração do aos menores sob sua guarda, com autorização judicial.
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período
de permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá Capítulo VII
ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Do Tempo de Serviço
Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos
com seu aperfeiçoamento.  Art. 100.  É contado para todos os efeitos o tempo de
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que serviço público federal, inclusive o prestado às Forças
justificou seu afastamento no período previsto, aplica- Armadas.
-se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese Art. 101.  A apuração do tempo de serviço será feita
comprovada de força maior ou de caso fortuito, a crité- em dias, que serão convertidos em anos, considerado
rio do dirigente máximo do órgão ou entidade.  o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-gra- Art. 102.  Além das ausências ao serviço previstas no
duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 art. 97, são considerados como de efetivo exercício os
desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.  afastamentos em virtude de:
I - férias;
Capítulo VI II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
Das Concessões órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
Art. 97.  Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor au- III - exercício de cargo ou função de governo ou admi-
sentar-se do serviço: nistração, em qualquer parte do território nacional, por
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; nomeação do Presidente da República;
II - pelo período comprovadamente necessário para IV - participação em programa de treinamento regular-
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em mente instituído ou em programa de pós-graduação
qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela Medi- stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento;
da Provisória nº 632, de 2013) V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : municipal ou do Distrito Federal, exceto para promo-
a) casamento; ção por merecimento;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madras- VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
ta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado
tutela e irmãos. o afastamento, conforme dispuser o regulamento; 
VIII - licença:
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Art.  98.   Será concedido horário especial ao servidor a) à gestante, à adotante e à paternidade;
estudante, quando comprovada a incompatibilidade b) para tratamento da própria saúde, até o limite de
entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo
do exercício do cargo. de serviço público prestado à União, em cargo de pro-
§ 1o  Para efeito do disposto neste artigo, será exigida vimento efetivo; 
a compensação de horário no órgão ou entidade que c) para o desempenho de mandato classista ou partici-
tiver exercício, respeitada a duração semanal do tra- pação de gerência ou administração em sociedade co-
balho. operativa constituída por servidores para prestar servi-
§ 2o  Também será concedido horário especial ao ser- ços a seus membros, exceto para efeito de promoção
vidor portador de deficiência, quando comprovada a por merecimento; 
necessidade por junta médica oficial, independente- d) por motivo de acidente em serviço ou doença pro-
mente de compensação de horário.  fissional;
§ 3º As disposições constantes do § 2º são extensivas e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; 
ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente f) por convocação para o serviço militar;
com deficiência. IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
§ 4o  Será igualmente concedido horário especial, vin- X - participação em competição desportiva nacional
culado à compensação de horário a ser efetivada no ou convocação para integrar representação desportiva
prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempe- nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
nhe atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. lei específica;

62
XI - afastamento para servir em organismo internacio- Art. 108.  O prazo para interposição de pedido de re-
nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere.  consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a con-
Art. 103.  Contar-se-á apenas para efeito de aposenta- tar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da
doria e disponibilidade: decisão recorrida. 
I  -  o tempo de serviço público prestado aos Estados, Art. 109.  O recurso poderá ser recebido com efeito
Municípios e Distrito Federal; suspensivo, a juízo da autoridade competente.
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da Parágrafo  único.   Em caso de provimento do pedido
família do servidor, com remuneração, que exceder a de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses.  retroagirão à data do ato impugnado.
III  -  a licença para atividade política, no caso do art. Art. 110.  O direito de requerer prescreve:
86, § 2o; I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man- cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das
anterior ao ingresso no serviço público federal; relações de trabalho;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
à Previdência Social; quando outro prazo for fixado em lei.
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; Parágrafo único.  O prazo de prescrição será contado
VII - o tempo de licença para tratamento da própria da data da publicação do ato impugnado ou da data
saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” da ciência pelo interessado, quando o ato não for pu-
do inciso VIII do art. 102.  blicado.
§ 1o   O tempo em que o servidor esteve aposentado Art. 111.  O pedido de reconsideração e o recurso,
será contado apenas para nova aposentadoria. quando cabíveis, interrompem a prescrição.
§ 2o  Será contado em dobro o tempo de serviço pres- Art. 112.  A prescrição é de ordem pública, não poden-
tado às Forças Armadas em operações de guerra. do ser relevada pela administração.
Art. 113.  Para o exercício do direito de petição, é asse-
§ 3o  É vedada a contagem cumulativa de tempo de
gurada vista do processo ou documento, na repartição,
serviço prestado concomitantemente em mais de um
ao servidor ou ao procurador por ele constituído.
cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes
Art. 114.  A administração deverá rever seus atos, a
da União, Estado, Distrito Federal e Município, autar-
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
quia, fundação pública, sociedade de economia mista
Art. 115.  São fatais e improrrogáveis os prazos esta-
e empresa pública.
belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.
Capítulo VIII Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de
Do Direito de Petição petição, assegurado a todos: “são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas: a) o direito
Art. 104.  É assegurado ao servidor o direito de reque- de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
rer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou inte- contra ilegalidade ou abuso de poder;”. Os artigos acima
resse legítimo. descrevem o direito de petição específico dos servidores
Art.  105.   O requerimento será dirigido à autoridade públicos.
competente para decidi-lo e encaminhado por inter-
médio daquela a que estiver imediatamente subordi-

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


nado o requerente.
Art. 106.  Cabe pedido de reconsideração à autoridade EXERCÍCIOS COMENTADOS
que houver expedido o ato ou proferido a primeira de-
cisão, não podendo ser renovado.  1) (EBSERH - Analista Administrativo - Administração -
Parágrafo único.  O requerimento e o pedido de recon- CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao regime dos
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão servidores públicos federais e à ética no serviço público.
ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos Em caso de licença por motivo de doença de enteado de
dentro de 30 (trinta) dias. servidor público em estágio probatório, este ficará suspen-
Art. 107.  Caberá recurso:  so, sendo retomado ao término do período da licença.
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in- ( ) Certo ( ) Errado
terpostos.
§ 1o  O recurso será dirigido à autoridade imediatamen- Resposta: Certo. Observe a disciplina da Lei nº
te superior à que tiver expedido o ato ou proferido a 8.112/1990, artigo 20, § 5o: “O estágio probatório ficará
decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às suspenso durante as licenças e os afastamentos previs-
demais autoridades. tos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese
§ 2o   O recurso será encaminhado por intermédio da de participação em curso de formação, e será retoma-
autoridade a que estiver imediatamente subordinado do a partir do término do impedimento”. Neste sentido,
o requerente. o artigo 83 da lei regula: “Poderá ser concedida licença

63
ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou com- ambos deveres e proibições são normas protetivas da boa
panheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito,
e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que os
conste do seu assentamento funcional, mediante com- deveres constam da lei como ações, como conduta positiva;
provação por perícia médica oficial”. as proibições, ao contrário, são descritas como condutas
vedadas ao servidor, de modo que ele deve abster-se de
2) (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) praticá-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não
Acerca do regime jurídico dos servidores públicos federais, de modo exaustivo, porque o servidor deve obediência a
julgue o item a seguir. todas as normas legais ou infralegais, e o próprio inciso
Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as se- III do referido dispositivo é, de certa maneira, uma norma
guintes vantagens: indenizações, gratificações e adicionais, disciplinar em branco5.
incorporando-se as duas últimas ao vencimento ou pro- “Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto
vento, nas condições indicadas em lei. de normas de conduta e de proibições impostas pela lei aos
servidores por ela abrangidos, tendo em vista a prevenção,
( ) Certo ( ) Errado
a apuração e a possível punição de atos e omissões que
possam por em risco o funcionamento adequado da
Resposta: Certo. Disciplina o artigo 49, caput e § 1o, Lei
nº 8.112/1990: “Além do vencimento, poderão ser pagas administração pública, do posto de vista ético, do ponto
ao servidor as seguintes vantagens: I - indenizações; II - de vista da eficiência e do ponto de vista da legalidade.
gratificações; III - adicionais. § 1o As indenizações não se Decorrem, estes dispositivos, do denominado Poder
incorporam ao vencimento ou provento para qualquer Disciplinar que é aquele conferido à Administração com o
efeito”. objetivo de manter sua disciplina interna, na medida em
que lhe atribui instrumentos para punir seus servidores
3) (STM - Analista Judiciário - Área Judiciária - CES- (e também àqueles que estejam a ela vinculados por um
PE/2018) Acerca das regras aplicáveis aos servidores pú- instrumento jurídico determinado - particulares contratados
blicos do Poder Judiciário, e considerando o que dispõe a pela Administração). [...]“O disposto no Título IV da lei nº
Lei nº 8.112/1990 e a Lei nº 11.416/2006, julgue o item a 8.112/90 prevê basicamente um conjunto de obrigações
seguir. impostas aos servidores por ela regidos. Tais obrigações,
A legislação que dispõe sobre o regime estatutário prevê a ora positivas (os denominados Deveres – art. 116), ora
possibilidade de o servidor público, em determinadas hi- negativas (as denominadas Proibições – art. 117) uma vez
póteses, pedir remoção para outra localidade, independen- inadimplidas ensejam sua imediata apuração (art. 143) e
temente do interesse da administração pública. uma vez comprovadas importam na responsabilização
administrativa, a desafiar, então, a aplicação de uma das
( ) Certo ( ) Errado sanções administrativas (art. 127). Não é por outra razão
que o art. 124 declara que a responsabilidade administrativa
Resposta: Certo. Disciplina o artigo 36, III, Lei nº resulta da prática de ato omissivo (quando o servidor
8.112/1990: “Remoção é o deslocamento do servidor, a deixa de cumprir os deveres a ele impostos) ou comissivo
pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com (quando viola proibição) praticado no desempenho do
ou sem mudança de sede. [...] III - a pedido, para outra cargo ou função”6.
localidade, independentemente do interesse da Admi-
nistração: a) para acompanhar cônjuge ou companhei- Capítulo I
ro, também servidor público civil ou militar, de qualquer
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Dos Deveres
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Admi-
Art. 116.  São deveres do servidor:
nistração; b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge,
companheiro ou dependente que viva às suas expensas Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90
e conste do seu assentamento funcional, condicionada à são em muito compatíveis com os previstos no Código
comprovação por junta médica oficial; c) em virtude de de Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder
processo seletivo promovido, na hipótese em que o nú- Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem
mero de interessados for superior ao número de vagas, algumas das condutas esperadas do servidor público
de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou quando do desempenho de suas funções. Em resumo, o
entidade em que aqueles estejam lotados”. servidor público deve desempenhar suas funções com

DO REGIME DISCIPLINAR 5 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime discipli-


nar dos servidores federais. Disponível em: <http://www.
Título IV sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_dos_servido-
Do Regime Disciplinar res_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.
6 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servido-
O regime disciplinar do servidor público civil federal res Públicos da União. Disponível em: <http://www.canal-
está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres dosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>.
e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: Acesso em: 11 ago. 2013.

64
cuidado, rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro dos
que compõe, respeitando as ordens de seus superiores que órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e funções
sejam adequadas às funções que desempenhe e buscando que servem ao cumprimento da vontade do ente estatal.
conservar o patrimônio do Estado. No tratamento do Este escalonamento, posto em movimento, é o que vimos
público, deve ser prestativo e não negar o acesso a até agora chamando de hierarquia. A hierarquia existe
informações que não sejam sigilosas. Caso presencie para que do alto escalão até a prática dos administrados
alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve denunciar. as coisas funcionem. Disso decorre que quando é emitida
Tomam-se como base os ensinamentos de Lima7 a respeito uma ordem para o servidor subordinado, este deve dar
destes deveres: cumprimento ao comando. Porém quando a ordem é
visivelmente ilegal, arbitrária, inconstitucional ou absurda,
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; o servidor não é obrigado a dar seguimento ao que lhe
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime é ordenado. Quando a ordem é manifestamente ilegal?
estatutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às
Há uma margem de interpretação, principalmente se o
atribuições funcionais e também ao cuidado com a
servidor subordinado não tiver nenhuma formação de
economia do material, os bens da repartição e o patrimônio
público. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos ordem jurídica. Logo, é o bom senso que irá margear o
bens e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir que é flagrantemente inconstitucional”.
com dedicação no desempenho das funções do cargo que
ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de posse. V - atender com presteza:
O servidor não é o dono do cargo. Dono do cargo é o Estado a) ao público em geral, prestando as informações re-
que o remunera. Se o referido cargo não lhe pertence, queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
o servidor deve exercer suas funções com o máximo de b)  à expedição de certidões requeridas para defesa
zelo que estiver ao seu alcance. Sua eventual menor de direito ou esclarecimento de situações de interesse
capacidade de desempenho, para não configurar desídia pessoal;
ou insuficiência de desempenho, deverá ser compensada c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
com um maior esforço e dedicação de sua parte. Se um “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
servidor altamente preparado e capaz, vem a praticar atos público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer
que configurem desídia ou mesmo falta mais grave, poderá a imagem desagradável que o mesmo possui perante a
vir a ser punido. Porque o que se julgará não é a pessoa do sociedade. Exige-se que atue com presteza no atendimento
servidor, mas a conduta a ele imputável. O zelo não deve se a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta
limitar apenas às atribuições específicas de sua atividade. engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O
O servidor deve ter zelo não somente com os bens e
servidor público tem que ser expedito, diligente, laborioso.
interesses imateriais (a imagem, os símbolos, a moralidade,
Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do
a pontualidade, o sigilo, a hierarquia) como também para
com os bens e interesses patrimoniais do Estado”. administrado, dificultando a vida de quem necessita de
atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um longo
II - ser leal às instituições a que servir; caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal à públicos, o que deve necessariamente passar por critérios
instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional de valorização dos servidores bons e de treinamento e
é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o qualificação permanente dos quadros de pessoal”.

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


dever de lealdade está inserido no Estatuto como norma
programática, orientadora da conduta dos servidores”. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ra-
zão do cargo ao conhecimento da autoridade superior
III - observar as normas legais e regulamentares; ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao
“A função desta norma é de não deixar sem resposta conhecimento de outra autoridade competente para
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a apuração; 
necessária correlação nesses casos que temos de fazer do “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimento
art. 116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em ao chefe da repartição acerca das irregularidades de que
outra lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”. toma conhecimento no exercício de suas atribuições. Deve
levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sistema
IV  -  cumprir as ordens superiores, exceto quando
hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ou
manifestamente ilegais;
divisões detêm um conhecimento maior de como corrigir
“O servidor integra a estrutura organizacional do órgão
o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a devida
em que presta suas atribuições funcionais. O Estado se
apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de um ato
irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros. Além do
7 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime discipli-
dever de sigilo, há assuntos que exigem certas reservas,
nar dos servidores federais. Disponível em: <http://www.
visando ao bem do serviço público, da segurança nacional
sato.adm.br/artigos/o_regime_disciplinar_dos_servido-
e mesmo da sociedade”.
res_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.

65
VII - zelar pela economia do material e a conservação para beneficiar uma amante ou um parente. Se o agente
do patrimônio público; viola o dever de agir com comportamento incompatível
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela com a moralidade administrativa, poderá estar sujeito a
economia e pela conservação dos bens públicos presta sanção disciplinar. Seu ato ímprobo ou imoral configura o
um desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá chamado desvio de poder, que é totalmente abominável
adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não no Direito Administrativo e poderá ser anulado interna
cumprir o presente dever, quando por descumprimento corporis ou judicialmente através da ação popular, ação de
dele a gravidade do fato implicar a infração a normas mais ressarcimento ao erário e ação civil pública se o ato violar
graves”. direito coletivo ou transindividual”.

VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; X - ser assíduo e pontual ao serviço;


“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se “Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assíduo
passa na repartição, principalmente quanto aos assuntos significa ser presente dentro do horário do expediente. O
oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é aquele
hoje está regulamentado o acesso às informações. servidor que não atrasa seus compromissos. É o que
Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o comparece no horário para as reuniões de trabalho e demais
fornecimento ou divulgação das informações exigem um atividades relacionadas com o exercício do cargo que ocupa.
procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a Embora sejam conceitos diferentes, aqui o dever violado,
informação possa expor a intimidade da pessoa humana. seja por impontualidade, seja por inassiduidade (que ainda
As informações pessoais dos administrados em geral não aquela inassiduidade habitual de 60 dias ensejadora
devem ser tratadas forma transparente e com respeito de demissão), merece reprimenda de advertência, com fins
à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das educativos e de correção do servidor”.
pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais,
segundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção XI - tratar com urbanidade as pessoas;
para o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em “No mundo moderno, e máxime em nossa civilização
termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, podendo ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível.
ter autorizada a divulgação ou o acesso por terceiros Urbano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
quando haja previsão legal. Outra exceção é quando há o da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e
consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem. que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
No caso de cumprimento de ordem judicial, para a defesa públicos”.
de direitos humanos, e quando a proteção do interesse
público e geral preponderante o exigir, também devem ser XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
fornecidas as informações. Portanto, o servidor há que ter de poder.
reserva no seu comportamento e fala, esquivando-se de Parágrafo único.  A representação de que trata o inciso
revelar o conteúdo do que se passa no seu trabalho. Se XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
o assunto pululante é uma irregularidade absurda, deve autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
então reduzir a escrito e representar para que se apure assegurando-se ao representando ampla defesa.
o caso. Deveriam diminuir as conversas de corredor e Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
se efetivar a apuração dos fatos através do processo esta representação será encaminhada a alguém que seja
administrativo disciplinar. Os assuntos objeto do serviço superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direito
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

merecem reserva. Devem ficar circunscritos aos servidores à ampla defesa.


designados para o respectivo trabalho interno, não “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento
devendo sair da seção ou setor de trabalho, sem o trâmite às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
hierárquico do chefe imediato. Se o assunto ou o trabalho, ciência em razão do cargo, principalmente no processo
enfim, merecer divulgação mais ampla, deve ser contatado em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
o órgão de assessoria de comunicação social, que saberá suas vistas. Não é concebível que o servidor se defronte
proceder de forma oficial, obedecendo ao bom senso e às com uma irregularidade administrativa e fique inerte. Deve
leis vigentes”. provocar quem de direito para que a irregularidade seja
sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu círculo
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá representar
ministrativa; aos órgãos superiores. Assim é que o dever de informar
“O ato administrativo não se satisfaz somente com acerca de irregularidades anda de braço dado com o
o ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem dever de representar. Não surtindo efeito a notícia da
que ser compatível com a moralidade administrativa. irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o dever de
O agente deve se comportar em seus atos de maneira representar. O dever de representação não deixa de ser
proba, escorreita, séria, não atuando com intenções uma prerrogativa legal, investindo o servidor de um múnus
escusas e desvirtuadas. Seu poder-dever não pode ser público importante, constituindo o servidor em um curador
utilizado, por exemplo, para satisfação de interesses legal do ente público. O mais humilde servidor passa a ser
menores, como realizar a prática de determinado ato um agente promotor de legalidade. É claro o inciso XII do

66
art. 116 quando diz que é dever do servidor “representar VI  -  cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos
contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. De modo casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que
que também a omissão pode ensejar a representação. seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
A omissão do agente que ilegalmente não pratica ato a Quem é designado para o desempenho de uma função
que se acha vinculado pode até configurar o ilícito penal pública deve desempenhá-la, não podendo designar outra
de prevaricação. O dever de representação deve ser pessoa para prestar seus serviços ou de seu subordinado.
privilegiado, mas deve ser usado com o devido equilíbrio,
não podendo servir a finalidades egoísticas, político- VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia-
partidárias, induzido por inimizades de cunho pessoal, o rem-se a associação profissional ou sindical, ou a par-
que de pronto trespassará o representante de autor a réu tido político;
por prática de abuso de poder ou denunciação caluniosa”. O direito de associação é livre, não podendo um
funcionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical
Capítulo II ou politicamente.
Das Proibições
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun-
Art. 117.  Ao servidor é proibido:  ção de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
Em contraposição aos deveres do servidor público, até o segundo grau civil;
existem diversas proibições, que também estão em boa É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação neto ou descendente, é o termo utilizado para designar
dos deveres ou a prática de alguma das violações abaixo o favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em
descritas caracterizam infração administrativa disciplinar. detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente
“Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, sua no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos.
objetividade e taxatividade, o que veda sua ampliação e O Decreto nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a
o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas visto vedação do nepotismo no âmbito da administração pública
serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, portanto, federal.
ao princípio da reserva legal. O descumprimento dessas Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge,
proibições podem inclusive, ensejar o enquadramento companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
penal do servidor, pois muitas das condutas ali descritas, afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
configuram prática de delito penal”8. nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica,
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem para o exercício de cargo em comissão ou de confiança,
prévia autorização do chefe imediato; ou, ainda, de função gratificada na Administração
Violação do dever de assiduidade. Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios,
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe- compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
tente, qualquer documento ou objeto da repartição; viola a Constituição Federal.” Obs.: se o concurso pedir
Violação do dever de zelo com o patrimônio público. pelo entendimento jurisprudencial, vá pela súmula, mas se
não mencionar nada se atenha ao texto da lei, visto que há
III - recusar fé a documentos públicos; pequenas variações entre o texto da súmula e o da lei.
É dever do servidor público conferir fé aos documentos

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança que IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
seu cargo possui. Violação do dever de transparência. de outrem, em detrimento da dignidade da função pú-
blica;
IV  -  opor resistência injustificada ao andamento de O cargo público serve apenas aos interesses da
documento e processo ou execução de serviço; administração pública, ou seja, da coletividade, não aos
Não cabe impedir que o trâmite da administração seja interesses pessoais do servidor.
alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever de
celeridade e eficiência, bem como de impessoalidade. X - participar de gerência ou administração de socieda-
de privada, personificada ou não personificada, exercer
V - promover manifestação de apreço ou desapreço o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista
no recinto da repartição; ou comanditário;
Violação do dever de discrição. Não cabe ao servidor público administrar sociedade
privada, o que pode comprometer sua eficiência e
imparcialidade no exercício da função pública. No princípio,
8 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servido- ou seja, na redação original do Estatuto era proibida
res Públicos da União. Disponível em: <http://www.canal- apenas a participação do servidor como sócio gerente ou
dosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. administrador de empresa privada, exceto na qualidade
Acesso em: 11 ago. 2013. de mero cotista, acionário ou comanditário. Atualmente, a

67
empresa pode até não estar personificada, por exemplo, XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan-
não estar devidamente constituída e registrada nos órgãos do solicitado.
competentes (Junta Comercial, fisco estadual, municipal, A atualização de dados cadastrais é necessária para
distrital e federal, e órgãos de controle: ambiental, manter a administração ciente da situação de seu servidor.
trabalhista etc.). Comprovada detidamente a gerência ou
administração da sociedade particular em concomitância Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do
com a pretensa carga horária da repartição pública, deve caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: 
ser aplicada a penalidade de demissão. I - participação nos conselhos de administração e fiscal
de empresas ou entidades em que a União detenha,
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a direta ou indiretamente, participação no capital social
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- ou em sociedade cooperativa constituída para prestar
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o serviços a seus membros; e
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; II - gozo de licença para o trato de interesses particula-
Não cabe atuar como procurador perante repartições res, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legisla-
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação ção sobre conflito de interesses. 
como representante de parente até segundo grau (irmãos, Nestes casos, é possível participar diretamente da
ascendentes e descendentes, cônjuges e companheiros). administração de sociedade privada, pois o interesse
estatal não será comprometido.
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; #FicaDica
A percepção de vantagem indevida gerando
enriquecimento ilícito também caracteriza ato de Proibições puníveis com demissão:
improbidade administrativa de maior gravidade, bem - Utilizar recursos pessoais e materiais para
como crime de corrupção passiva. atividades particulares;
- Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado - Proceder de forma desidiosa;
estrangeiro; - Praticar usura;
Trata-se de indício da intenção de praticar atos - Aceitar comissão, emprego, pensão de Estado
contrários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado. estrangeiro;
- Receber propina, comissão, presente ou
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; qualquer outra vantagem;
Usura significa agiotagem, que é o empréstimo - Atuar como procurador ou intermediário
de dinheiro a particulares obtendo juros abusivos em (salvo benefício ou assistência previdenciária
troca. As atividades de empréstimo somente podem de cônjuge, companheiro ou paciente até 2o
ser desempenhadas com fim lucrativo por instituições grau);
credenciadas. - Participar de sociedade privada (gerência/
administração, personificada/não) ou comércio
XV - proceder de forma desidiosa; (salvo acionista, cotista ou comanditário).
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
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XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti- Capítulo III


ção em serviços ou atividades particulares; Da Acumulação
O aparato da administração pública pertence ao
Estado, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constitui-
particulares. ção, é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
cia e transitórias; É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não exceto, quando houver compatibilidade de horários,
cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas observado em qualquer caso o disposto no inciso XI. 
salvo em caso de extrema necessidade. a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom- científico;
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
horário de trabalho; sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
violação ao princípio da imparcialidade.

68
Segundo Carvalho Filho9, “o fundamento da proibição Art. 120.  O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária vestido em cargo de provimento em comissão, ficará
eficiência. Além disso, porém, pode-se observar que o afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó-
Constituinte quis também impedir a cumulação de ganhos tese em que houver compatibilidade de horário e local
em detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] com o exercício de um deles, declarada pelas autorida-
Nota-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. des máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
Em consequência, se a acumulação só encerra a percepção Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for
de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra investido de um cargo em comissão, ficará afastado dos
constitucional proibitiva”. cargos efetivos a não ser que exista compatibilidade de
horários e local com um deles, caso em que se afastará de
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em- somente um cargo efetivo.
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, “Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem da
empresas públicas, sociedades de economia mista da acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
e dos Municípios. constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
A proibição vale tanto para a administração direta República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
quanto para a indireta. constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
servidores públicos, o que se constata observando o
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con- elevado número de processos administrativos instaurados
dicionada à comprovação da compatibilidade de ho- com esse objeto. O sistema adotado pela lei nº 8.112/90
rários. é relativamente brando, quando cotejado com outros
Se o Estado pretende que o desempenho de atividade estatutos de alguns Estados, visto que propicia ao servidor
cumulada não gere prejuízo à função pública, correto que incurso nessa ilicitude diversas oportunidades para
exija a comprovação de compatibilidade de horários; regularizar sua situação e escapar da pena de demissão.
Também prevê a lei em comentário, um processo
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de administrativo simplificado (processo disciplinar de rito
vencimento de cargo ou emprego público efetivo com sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 10.
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de
que decorram essas remunerações forem acumuláveis Capítulo IV
na atividade. Das Responsabilidades
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o agente
se aposente do serviço público e continue o exercendo, Art. 121.  O servidor responde civil, penal e administra-
recebendo aposentadoria e salário. tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omis-
Art.  119.   O servidor não poderá exercer mais de um sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará- prejuízo ao erário ou a terceiros.
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela parti- § 1o  A indenização de prejuízo dolosamente causado
cipação em órgão de deliberação coletiva.  ao erário somente será liquidada na forma prevista no
Cargo em comissão é aquele que não exige aprovação art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execu-

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em concurso público, sendo designado para o exercício por ção do débito pela via judicial.
possuir um vínculo de confiança com o superior. Somente § 2o  Tratando-se de dano causado a terceiros, respon-
é possível exercer 1, salvo interinamente. Da mesma derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
forma, não cabe remuneração por participar de órgão de regressiva.
deliberação coletiva. § 3o  A obrigação de reparar o dano estende-se aos
sucessores e contra eles será executada, até o limite do
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica valor da herança recebida.
à remuneração devida pela participação em conselhos Art. 123.  A responsabilidade penal abrange os crimes e
de administração e fiscal das empresas públicas e so- contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
ciedades de economia mista, suas subsidiárias e con- Art. 124.  A responsabilidade civil-administrativa resul-
troladas, bem como quaisquer empresas ou entidades ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
em que a União, direta ou indiretamente, detenha par- penho do cargo ou função.
ticipação no capital social, observado o que, a respeito, Art. 125.  As sanções civis, penais e administrativas po-
dispuser legislação específica.  derão cumular-se, sendo independentes entre si.
O exercício de função em determinados conselhos de
administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de 10 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servi-
exceção ao caput. dores Públicos da União. Disponível em: <http://www.
9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito canaldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

69
Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servi- Art. 130.  A suspensão será aplicada em caso de reinci-
dor será afastada no caso de absolvição criminal que dência das faltas punidas com advertência e de viola-
negue a existência do fato ou sua autoria. ção das demais proibições que não tipifiquem infração
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili- sujeita a penalidade de demissão, não podendo exce-
zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên- der de 90 (noventa) dias.
cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita A suspensão é uma sanção administrativa intermediária,
de envolvimento desta, a outra autoridade competente aplicável se as práticas sujeitas a advertência se repetirem
para apuração de informação concernente à prática de ou em caso de infração grave que ainda assim não gere
crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, pena de demissão.
ainda que em decorrência do exercício de cargo, em- § 1o   Será punido com suspensão de até 15 (quin-
prego ou função pública. ze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se
Este dispositivo visa garantir que os servidores públicos a ser submetido a inspeção médica determinada pela
denunciem os servidores hierarquicamente superiores. autoridade competente, cessando os efeitos da penali-
Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem ser
dade uma vez cumprida a determinação.
responsabilizados civil, penal ou administrativamente por
Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse que
suspensão.
ela não procedia.
§ 2o  Quando houver conveniência para o serviço, a pe-
Capítulo V nalidade de suspensão poderá ser convertida em mul-
Das Penalidades ta, na base de 50% (cinquenta por cento)  por dia de
vencimento ou remuneração, ficando o servidor obri-
Art. 127.  São penalidades disciplinares: gado a permanecer em serviço.
I - advertência; Se for inconveniente para a administração pública
II - suspensão; abrir mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu
III - demissão; vencimento/remuneração diário pelo número de dias de
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; suspensão. O servidor não poderá se recusar a permanecer
V - destituição de cargo em comissão; em serviço.
VI - destituição de função comissionada.
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que o Art. 131.  As penalidades de advertência e de suspen-
funcionário se portou de forma inadequada e de que são terão seus registros cancelados, após o decurso de
isso não deve se repetir. A suspensão é uma sanção 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectiva-
intermediária, fazendo com que o funcionário deixe de mente, se o servidor não houver, nesse período, prati-
desempenhar o cargo por certo período. Na demissão, o cado nova infração disciplinar.
funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim sanção Parágrafo único.  O cancelamento da penalidade não
mais grave. Outras sanções são cassação da aposentadoria surtirá efeitos retroativos.
ou disponibilidade, destituição do cargo em comissão, O bom comportamento posterior do servidor faz com
destituição da função comissionada. que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspensão
(após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que não
Art. 128.  Na aplicação das penalidades serão conside- significa que o servidor poderá requerer, por exemplo, o
radas a natureza e a gravidade da infração cometida, pagamento referente aos dias que ficou suspenso.
os danos que dela provierem para o serviço público, as
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circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antece-


Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos:
dentes funcionais.
I - crime contra a administração pública;
Parágrafo único.  O ato de imposição da penalidade
Artigos 312 a 326 do Código Penal.
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
sanção disciplinar.  II - abandono de cargo;
De forma fundamentada, justificada, se escolherá III - inassiduidade habitual;
por uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em
praticado. excesso.
IV - improbidade administrativa;
Art. 129.  A advertência será aplicada por escrito, Atos descritos na Lei n° 8.429/92.
nos casos de violação de proibição constante do art. V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever repartição;
funcional previsto em lei, regulamentação ou norma Ausência de discrição no exercício das funções.
interna, que não justifique imposição de penalidade VI - insubordinação grave em serviço;
mais grave. Violação grave do dever de obediência hierárquica.
Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
A norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
violação de dever funcional que não exija sanção mais Ofensa física a servidor ou administrado que não para
grave. se defender.

70
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; § 6o  Caracterizada a acumulação ilegal e provada a
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em ra- má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou
zão do cargo; cassação de aposentadoria ou disponibilidade em rela-
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô- ção aos cargos, empregos ou funções públicas em re-
nio nacional; gime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos
XI - corrupção; ou entidades de vinculação serão comunicados. 
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções § 7o  O prazo para a conclusão do processo administra-
públicas; tivo disciplinar submetido ao rito sumário não excederá
Na verdade, são atos de improbidade administrativa, trinta dias, contados da data de publicação do ato que
então nem precisariam ser mencionados. constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por
até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem.
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. § 8o  O procedimento sumário rege-se pelas disposi-
Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117. ções deste artigo, observando-se, no que lhe for apli-
cável, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e
Art.  133.   Detectada a qualquer tempo a acumulação V desta Lei.
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au- O artigo descreve o procedimento em caso de violação
toridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, do dever de não acumular cargos ilicitamente. No início,
por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar o servidor será notificado para se manifestar optando por
opção no prazo improrrogável de dez dias, contados um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer a opção,
da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará será instaurado processo administrativo disciplinar. Nele, o
procedimento sumário para a sua apuração e regulari- servidor poderá apresentar defesa no sentido de ser lícita
zação imediata, cujo processo administrativo disciplinar a cumulação. Mas até o último dia do prazo para defesa
se desenvolverá nas seguintes fases: o servidor poderá optar por um caso, caso em que o
I - instauração, com a publicação do ato que constituir procedimento se converterá em pedido de exoneração do
a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, cargo não escolhido, presumindo-se a boa-fé do servidor.
e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade
da transgressão objeto da apuração; Art. 134.  Será cassada a aposentadoria ou a disponi-
II - instrução sumária, que compreende indiciação, de- bilidade do inativo que houver praticado, na atividade,
fesa e relatório;  falta punível com a demissão.
III - julgamento. Supondo que o servidor tenha praticado ato punível
§ 1o   A indicação da autoria de que trata o inciso I com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evitará
dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a ma- que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele seria
terialidade pela descrição dos cargos, empregos ou demitido se no exercício das funções.
funções públicas em situação de acumulação ilegal,
dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de Art. 135.  A destituição de cargo em comissão exercido
ingresso, do horário de trabalho e do correspondente por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos
regime jurídico. casos de infração sujeita às penalidades de suspensão
§ 2o  A comissão lavrará, até três dias após a publicação e de demissão.
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que Parágrafo  único.   Constatada a hipótese de que trata
serão transcritas as informações de que trata o pará- este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35

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grafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal será convertida em destituição de cargo em comissão.
do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia Logo, a destituição do cargo em comissão por quem não
imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar de- ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comissionado
fesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na aplicar não só os atos sujeitos à pena de demissão, mas
repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164. também os sujeitos à pena de suspensão.
§ 3o  Apresentada a defesa, a comissão elaborará relató-
rio conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade Art. 136.  A demissão ou a destituição de cargo em co-
do servidor, em que resumirá as peças principais dos missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
autos, opinará sobre a licitude da acumulação em exa- implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
me, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá o ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
processo à autoridade instauradora, para julgamento. Nos casos de demissão e destituição do cargo em
§ 4o  No prazo de cinco dias, contados do recebimento comissão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimento
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua de- do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação penal
cisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § própria.
3o do art. 167.
§ 5o  A opção pelo servidor até o último dia de prazo Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em
para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
converterá automaticamente em pedido de exoneração incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em
do outro cargo. cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.

71
O ex-servidor que tenha se valido do cargo para II  -  pelas autoridades administrativas de hierarquia
lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso
dignidade da função pública ou que tenha  atuado como anterior quando se tratar de suspensão superior a 30
procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, (trinta) dias;
salvo em hipóteses específicas, não poderá ser investido III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
em cargo público federal pelo prazo de 5 anos. forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30
Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço públi- (trinta) dias;
co federal o servidor que for demitido ou destituído do IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos quando se tratar de destituição de cargo em comissão.
I, IV, VIII, X e XI. Presidente da República/Presidentes da Câmara dos
Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes casos, Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tribunais
não caberá jamais retorno ao serviço público federal, diante Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Procurador-Geral
da gravidade dos atos praticados. da República - demissão ou cassação de aposentadoria/
disponibilidade do servidor vinculado ao órgão (sanções
Art. 138.  Configura abandono de cargo a ausência in- mais graves).
tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias Autoridade administrativa de hierarquia imediatamente
consecutivos. inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30 dias (sanção
Conceito de abandono de cargo: ausência intencional de suspensão, de gravidade intermediária, por maior período).
por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão. Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias
Art.  139.   Entende-se por inassiduidade habitual a (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por
falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, menor período).
interpoladamente, durante o período de doze meses. Autoridade que houver feito a nomeação, em qualquer
Conceito de inassiduidade habitual, que também gera cargo de comissão, independente da pena.
demissão: ausência por 60 dias num período de 12 meses
de forma injustificada. Art. 142.  A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inas- demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilida-
siduidade habitual, também será adotado o procedi- de e destituição de cargo em comissão;
mento sumário a que se refere o art. 133, observando- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
-se especialmente que:  III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
I - a indicação da materialidade dar-se-á: 
que o fato se tornou conhecido.
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli-
precisa do período de ausência intencional do servidor
cam-se às infrações disciplinares capituladas também
ao serviço superior a trinta dias; 
como crime.
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão
período igual ou superior a sessenta dias interpolada-
final proferida por autoridade competente.
mente, durante o período de doze meses; § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo come-
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II - após a apresentação da defesa a comissão elabo- çará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à res- Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
ponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças direito de acionar judicialmente.
principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais
legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so- graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de
bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instau- advertência) - Contados da data em que o fato se tornou
radora para julgamento. conhecido pela administração pública.
Por indicação de materialidade, entenda-se Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
demonstração do fato. É preciso indicar especificamente os prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
dias faltados. favoráveis ao servidor.
Adota-se o procedimento do art. 133. Interrupção da prescrição significa parar a contagem do
Art. 141.  As penalidades disciplinares serão aplicadas: prazo para que, retornando, comece do zero. Da abertura
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das da sindicância ou processo administrativo disciplinar até
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e a decisão final proferida por autoridade competente não
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a
de demissão e cassação de aposentadoria ou dispo- contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor
nibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, ação disciplinar.
órgão, ou entidade;

72
Resposta: Errado. De fato, conforme art. 116, XII, Lei
#FicaDica nº 8.112/1990, é dever do servidor “representar contra
Penalidades: ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. Contudo, con-
- Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX; forme art. 117, V, o servidor é proibido de “promover
- Suspensão – reincidência em infração punível manifestação de apreço ou desapreço no recinto da re-
com advertência, incumbência a outro servidor partição”.
de atribuições estranhas ao cargo, exercício de
atividades incompatíveis com cargo ou função; PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
- Demissão – artigo 132, inclusive reincidência
em infração punível com suspensão. Título V
Do Processo Administrativo Disciplinar

Capítulo I
Disposições Gerais
EXERCÍCIO COMENTADO Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari-
dade no serviço público é obrigada a promover a sua
1) (EBSERH - Analista Administrativo – Administração - apuração imediata, mediante sindicância ou processo
CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao regime dos administrativo disciplinar, assegurada ao acusado am-
servidores públicos federais e à ética no serviço público. pla defesa.
A demissão será a penalidade disciplinar cabível para o ser- §§ 1º e 2º (Revogados)
vidor que se recusar a ser submetido a inspeção médica § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação
determinada pela autoridade competente. da autoridade a que se refere, poderá ser promovida
por autoridade de órgão ou entidade diverso daque-
( ) Certo ( ) Errado le em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante
competência específica para tal finalidade, delegada
Resposta: Errado. Preconiza o artigo 130, § 1o, Lei nº em caráter permanente ou temporário pelo Presiden-
8.112/1990: “Será punido com suspensão de até 15 te da República, pelos presidentes das Casas do Poder
(quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar- Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
-se a ser submetido a inspeção médica determinada -Geral da República, no âmbito do respectivo Poder,
pela autoridade competente, cessando os efeitos da pe- órgão ou entidade, preservadas as competências para
nalidade uma vez cumprida a determinação”. o julgamento que se seguir à apuração.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob-
2) (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) jeto de apuração, desde que contenham a identificação
Acerca do regime jurídico dos servidores públicos federais, e o endereço do denunciante e sejam formuladas por
julgue o item a seguir. escrito, confirmada a autenticidade.
O servidor responde apenas administrativamente pelo Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar
exercício irregular de suas atribuições, o qual pode ensejar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia
a aplicação de penalidade disciplinar - até mesmo de de- será arquivada, por falta de objeto.
missão -, que deve, sempre, mencionar o fundamento legal Art. 145. Da sindicância poderá resultar:

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e a causa da sanção. I - arquivamento do processo;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
( ) Certo ( ) Errado são de até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.
Resposta: Errado. A responsabilidade do servidor é, si- Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância
multaneamente, civil, penal e administrativa, conforme não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado
artigo 121, Lei nº 8.112/1990, e as sanções podem ser por igual período, a critério da autoridade superior.
cumuladas, de acordo com o artigo 125 da Lei. O erro Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
está na expressão “apenas”. ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de apo-
3) (EBSERH - TECNÓLOGO EM GESTÃO PÚBLICA - CES- sentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo
PE/2018) No que concerne a direitos, deveres e responsabili- em comissão, será obrigatória a instauração de proces-
dades dos servidores públicos, julgue o próximo item. so disciplinar.
Nos termos da Lei nº 8.112/1990, os deveres do servidor
público incluem representar contra ilegalidade, omissão ou A sindicância é uma modalidade mais branda de apuração
abuso de poder e promover manifestação de apreço no da infração administrativa porque ou gerará a aplicação de
recinto da repartição. uma sanção mais branda, ou apenas antecederá o processo
administrativo disciplinar que aplique a sanção mais grave,
( ) Certo ( ) Errado entendendo-se por sanções mais graves qualquer uma pior

73
do que suspensão por menos de 30 dias (suspensão por Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis-
mais de 30 dias, além de todas as outras que geram perda ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da
do cargo ou da aposentadoria). data de publicação do ato que constituir a comissão,
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as
Capítulo II circunstâncias o exigirem.
Do Afastamento Preventivo § 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem-
po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi- dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.
dor não venha a influir na apuração da irregularidade, a § 2º As reuniões da comissão serão registradas em atas
autoridade instauradora do processo disciplinar pode- que deverão detalhar as deliberações adotadas.
rá determinar o seu afastamento do exercício do cargo,
pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da Este capítulo introduz aspectos sobre o processo
remuneração. administrativo, os quais serão aprofundados adiante e na
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado própria lei nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, administrativo deve garantir a ampla defesa, será conduzido
ainda que não concluído o processo. por uma comissão de 3 membros funcionários estáveis
que decidirão com independência e imparcialidade,
O afastamento preventivo é uma medida cautelar divide-se em 3 fases e possui prazo limite de duração (60,
que impede que o servidor tente influenciar na decisão eventualmente +60).
da apuração de sua infração, podendo ocorrer por no
máximo 60 dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de Seção I
remuneração (afinal, ainda não foi condenado). Do Inquérito

Capítulo III Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin-


Do Processo Disciplinar cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla
defesa, com a utilização dos meios e recursos admiti-
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento desti- dos em direito.
nado a apurar responsabilidade de servidor por infra- Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo
ção praticada no exercício de suas atribuições, ou que disciplinar, como peça informativa da instrução.
tenha relação com as atribuições do cargo em que se Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindi-
encontre investido. cância concluir que a infração está capitulada como
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co- ilícito penal, a autoridade competente encaminhará
missão composta de três servidores estáveis designa- cópia dos autos ao Ministério Público, independente-
dos pela autoridade competente, observado o dispos- mente da imediata instauração do processo disciplinar.
to no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo a tomada de depoimentos, acareações, investigações
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolarida- e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
de igual ou superior ao do indiciado. recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor designa- modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
do pelo seu presidente, podendo a indicação recair em Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom-
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

um de seus membros. panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de


§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou cola- tratar de prova pericial.
teral, até o terceiro grau. § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedi-
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com in- dos considerados impertinentes, meramente protela-
dependência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne- tórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse dos fatos.
da administração. § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co- a comprovação do fato independer de conhecimento
missões terão caráter reservado. especial de perito.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se- Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me-
guintes fases: diante mandado expedido pelo presidente da comis-
I - instauração, com a publicação do ato que constituir são, devendo a segunda via, com o ciente do interessa-
a comissão; do, ser anexado aos autos.
II - inquérito administrativo, que compreende instru- Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
ção, defesa e relatório; a expedição do mandado será imediatamente comuni-
III - julgamento. cada ao chefe da repartição onde serve, com a indica-
ção do dia e hora marcados para inquirição.

74
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re- § 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade ins-
duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo tauradora do processo designará um servidor como de-
por escrito. fensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou igual ou superior ao do indiciado.
que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará rela-
depoentes. tório minucioso, onde resumirá as peças principais dos
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co- autos e mencionará as provas em que se baseou para
missão promoverá o interrogatório do acusado, obser- formar a sua convicção.
vados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158. § 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à inocên-
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles cia ou à responsabilidade do servidor.
será ouvido separadamente, e sempre que divergirem § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a
comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será
transgredido, bem como as circunstâncias agravantes
promovida a acareação entre eles.
ou atenuantes.
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in-
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co-
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas,
missão, será remetido à autoridade que determinou a
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, sua instauração, para julgamento.
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio
do presidente da comissão. O inquérito é uma das fases do processo administrativo
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade disciplinar, obedecendo às regras descritas nesta seção,
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade destacando-se as que tratam da produção de provas.
competente que ele seja submetido a exame por junta
médica oficial, da qual participe pelo menos um médi- Seção II
co psiquiatra. Do Julgamento
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
processado em auto apartado e apenso ao processo Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do rece-
principal, após a expedição do laudo pericial. bimento do processo, a autoridade julgadora proferirá
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formu- a sua decisão.
lada a indiciação do servidor, com a especificação dos § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da
fatos a ele imputados e das respectivas provas. autoridade instauradora do processo, este será encami-
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido nhado à autoridade competente, que decidirá em igual
pelo presidente da comissão para apresentar defesa prazo.
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
vista do processo na repartição. sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co- para a imposição da pena mais grave.
mum e de 20 (vinte) dias. § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cassa-
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo do- ção de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento
bro, para diligências reputadas indispensáveis. caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servidor,
a autoridade instauradora do processo determinará o

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da
seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à
data declarada, em termo próprio, pelo membro da co-
prova dos autos.
missão que fez a citação, com a assinatura de (2) duas
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão,
testemunhas.
salvo quando contrário às provas dos autos.
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obri- Parágrafo único. Quando o relatório da comissão con-
gado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora po-
encontrado. derá, motivadamente, agravar a penalidade proposta,
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a au-
Oficial da União e em jornal de grande circulação na toridade que determinou a instauração do processo ou
localidade do último domicílio conhecido, para apre- outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade,
sentar defesa. total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constitui-
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para ção de outra comissão para instauração de novo pro-
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publi- cesso.
cação do edital. § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nuli-
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- dade do processo.
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na
processo e devolverá o prazo para a defesa. forma do Capítulo IV do Título IV.

75
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamen-
tos individuais do servidor.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público
para instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado volunta-
riamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
demissão, se for o caso.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede de sua repartição, na condição de testemunha, denun-
ciado ou indiciado;
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realiza-
ção de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.

Nesta seção, trata-se do julgamento do processo administrativo disciplinar, que não será feito pela comissão, mas pela
autoridade competente para aplicar a sanção. Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado pelo indiciamento. Se
houver mais de um indiciado e as sanções forem diversas, julga a autoridade de maior nível hierárquico. Ex: autoridade
que pode aplicar suspensão não pode aplicar demissão, de forma que se a um dos indiciados couber demissão será a
autoridade que pode aplicar esta pena que aplicará também a suspensão ao outro indiciado.

Seção III
Da Revisão do Processo

Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos
novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a
revisão do processo.
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a revisão, que requer elementos
novos, ainda não apreciados no processo originário.
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se
autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente providenciará a constituição de comissão, na forma do
art. 149.
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário.
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de provas e inquirição das teste-
munhas que arrolar.
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos.
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que couber, as normas e procedimentos próprios da co-
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missão do processo disciplinar.


Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso do
qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.

Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os
direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.
A revisão do processo consiste na possibilidade do servidor condenado requerer que sua condenação seja revista se
surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Poderá ser
requerida ao ministro de Estado ou autoridade de mesma hierarquia e será apensada ao processo administrativo originário.
O julgamento será feito pela mesma autoridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena deveria ser maior,
não cabe agravar a situação do servidor.

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#FicaDica

Sindicância Inquérito administrativo Procedimento sumário


Prazo 30 + 30 dias 60 + 60 dias 30 + 15 dias
Suspensão por mais de Inassiduidade
30 dias Abandono de cargo
Penalidade/Motivo Suspensão de até 30 dias
Demissão Acumulação ilegal de
Cassação cargos
Comissão 1, 2 ou 3 servidores 3 servidores 2 servidores

EXERCÍCIO COMENTADO
1) (STM - Cargos de Nível Superior - Conhecimentos Básicos - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo ao regime
jurídico dos servidores públicos civis da União, às carreiras dos servidores do Poder Judiciário da União e à responsabilidade
civil do Estado.
No caso de acumulação ilegal de cargos públicos, o servidor será notificado para apresentar opção e, se ele permanecer
omisso, será instaurado procedimento administrativo disciplinar sumário conduzido por comissão composta por dois
servidores estáveis.

( ) Certo ( ) Errado

Resposta: Certo. O número de servidores é dois, conforme artigo 133, I, Lei nº 8.112/1990: “Detectada a qualquer tempo
a acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servi-
dor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data
da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo
processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: I - Instauração, com a publicação do ato que
constituir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade
da transgressão objeto da apuração; [...]”. É a denominada comissão de inquérito, que se difere da comissão de processo
disciplinar.

SEGURIDADE SOCIAL

Título VI
Da Seguridade Social do Servidor

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 183.  A União manterá Plano de Seguridade Social para o servidor e sua família.
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo
na administração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social,
com exceção da assistência à saúde. 
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir em organismo
oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para regime de
previdência social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor
Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do mencionado
regime de previdência. 
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime do
Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição, no mes-
mo percentual devido pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no
exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o segundo dia útil após a data do pagamento das remune-
rações dos servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais quando
não recolhidas na data de vencimento.

77
Art. 184.  O Plano de Seguridade Social visa a dar co- d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
bertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos propor-
família, e compreende um conjunto de benefícios e cionais ao tempo de serviço.
ações que atendam às seguintes finalidades: § 1o  Consideram-se doenças graves, contagiosas ou
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doen- incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tu-
ça, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, berculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla,
falecimento e reclusão; neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença
III - assistência à saúde. de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, es-
Parágrafo único.  Os benefícios serão concedidos nos pondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados
termos e condições definidos em regulamento, obser- avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Sín-
vadas as disposições desta Lei. drome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras
Art. 185.  Os benefícios do Plano de Seguridade Social que a lei indicar, com base na medicina especializada.
do servidor compreendem: § 2o  Nos casos de exercício de atividades consideradas
I - quanto ao servidor:
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses pre-
a) aposentadoria;
vistas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso
b) auxílio-natalidade;
III, «a» e «c», observará o disposto em lei específica.
c) salário-família;
d) licença para tratamento de saúde; § 3o  Na hipótese do inciso I o servidor será submetido
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; à junta médica oficial, que atestará a invalidez quando
f) licença por acidente em serviço; caracterizada a incapacidade para o desempenho das
g) assistência à saúde; atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar
h)  garantia de condições individuais e ambientais de o disposto no art. 24. 
trabalho satisfatórias; Art. 187.  A aposentadoria compulsória será automá-
II - quanto ao dependente: tica, e declarada por ato, com vigência a partir do dia
a) pensão vitalícia e temporária; imediato àquele em que o servidor atingir a idade-limi-
b) auxílio-funeral; te de permanência no serviço ativo.
c) auxílio-reclusão; Art. 188.  A aposentadoria voluntária ou por invalidez
d) assistência à saúde. vigorará a partir da data da publicação do respectivo
§ 1o  As aposentadorias e pensões serão concedidas e ato.
mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se en- § 1o  A aposentadoria por invalidez será precedida de
contram vinculados os servidores, observado o dispos- licença para tratamento de saúde, por período não ex-
to nos arts. 189 e 224. cedente a 24 (vinte e quatro) meses.
§ 2o  O recebimento indevido de benefícios havidos por § 2o  Expirado o período de licença e não estando em
fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado,
do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. o servidor será aposentado.
§ 3o  O lapso de tempo compreendido entre o término
Capítulo II da licença e a publicação do ato da aposentadoria será
Dos Benefícios considerado como de prorrogação da licença.
§ 4o  Para os fins do disposto no § 1o deste artigo,
Seção I
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serão consideradas apenas as licenças motivadas pela


Da Aposentadoria enfermidade ensejadora da invalidez ou doenças cor-
relacionadas.
Art. 186.  O servidor será aposentado: 
§ 5o  A critério da Administração, o servidor em licença
I - por invalidez permanente, sendo os proventos in-
para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez
tegrais quando decorrente de acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou poderá ser convocado a qualquer momento, para ava-
incurável, especificada em lei, e proporcionais nos de- liação das condições que ensejaram o afastamento ou
mais casos; a aposentadoria. 
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com Art. 189.  O provento da aposentadoria será calcula-
proventos proporcionais ao tempo de serviço; do com observância do disposto no § 3o do art. 41,
III - voluntariamente: e revisto na mesma data e proporção, sempre que se
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e modificar a remuneração dos servidores em atividade.
aos 30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; Parágrafo  único.   São estendidos aos inativos quais-
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções quer benefícios ou vantagens posteriormente concedi-
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se pro- das aos servidores em atividade, inclusive quando de-
fessora, com proventos integrais; correntes de transformação ou reclassificação do cargo
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 ou função em que se deu a aposentadoria.
(vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais Art. 190.  O servidor aposentado com provento pro-
a esse tempo; porcional ao tempo de serviço se acometido de qual-

78
quer das moléstias especificadas no § 1o do art. 186 drasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes
desta Lei e, por esse motivo, for considerado inválido legais dos incapazes.
por junta médica oficial passará a perceber provento Art. 200.  O salário-família não está sujeito a qualquer
integral, calculado com base no fundamento legal de tributo, nem servirá de base para qualquer contribui-
concessão da aposentadoria. ção, inclusive para a Previdência Social.
Art. 191.  Quando proporcional ao tempo de serviço, o Art. 201.  O afastamento do cargo efetivo, sem remu-
provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remune- neração, não acarreta a suspensão do pagamento do
ração da atividade. salário-família.
Art. 192. (Vetado).
Art. 193. (Revogado). Seção IV
Art. 194.  Ao servidor aposentado será paga a gratifica- Da Licença para Tratamento de Saúde
ção natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em
valor equivalente ao respectivo provento, deduzido o Art. 202.  Será concedida ao servidor licença para tra-
adiantamento recebido. tamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base
Art.  195.   Ao ex-combatente que tenha efetivamente em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que
participado de operações bélicas, durante a Segunda fizer jus.
Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de Art. 203.  A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
setembro de 1967, será concedida aposentadoria com concedida com base em perícia oficial. 
provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço § 1o   Sempre que necessário, a inspeção médica será
efetivo. realizada na residência do servidor ou no estabeleci-
mento hospitalar onde se encontrar internado.
Seção II § 2o  Inexistindo médico no órgão ou entidade no local
Do Auxílio-Natalidade onde se encontra ou tenha exercício em caráter perma-
nente o servidor, e não se configurando as hipóteses
Art. 196.  O auxílio-natalidade é devido à servidora por previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito atesta-
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente do passado por médico particular.
ao menor vencimento do serviço público, inclusive no § 3o  No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente
caso de natimorto. produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade
§ 1o  Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acres- de recursos humanos do órgão ou entidade. 
cido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. § 4o  A licença que exceder o prazo de 120 (cento e
§ 2o  O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do
servidor público, quando a parturiente não for servi- primeiro dia de afastamento será concedida mediante
dora. avaliação por junta médica oficial. 
§ 5o  A perícia oficial para concessão da licença de que
Seção III trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos
Do Salário-Família de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por
cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o
Art.  197.   O salário-família é devido ao servidor ativo campo de atuação da odontologia. 
ou ao inativo, por dependente econômico. Art. 204.  A licença para tratamento de saúde inferior
Parágrafo único.  Consideram-se dependentes econô- a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser

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micos para efeito de percepção do salário-família: dispensada de perícia oficial, na forma definida em re-
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os gulamento. 
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se es- Art.  205.   O atestado e o laudo da junta médica não
tudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo
qualquer idade; quando se tratar de lesões produzidas por acidente em
II  -  o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante serviço, doença profissional ou qualquer das doenças
autorização judicial, viver na companhia e às expensas especificadas no art. 186, § 1o.
do servidor, ou do inativo; Art. 206.  O servidor que apresentar indícios de lesões
III - a mãe e o pai sem economia própria. orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção
Art. 198.  Não se configura a dependência econômica médica.
quando o beneficiário do salário-família perceber ren- Art. 206-A.  O servidor será submetido a exames mé-
dimento do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclu- dicos periódicos, nos termos e condições definidos em
sive pensão ou provento da aposentadoria, em valor regulamento. 
igual ou superior ao salário-mínimo. Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a
Art. 199.  Quando o pai e mãe forem servidores públi- União e suas entidades autárquicas e fundacionais po-
cos e viverem em comum, o salário-família será pago a derão:
um deles; quando separados, será pago a um e outro, I - prestar os exames médicos periódicos diretamente
de acordo com a distribuição dos dependentes. pelo órgão ou entidade à qual se encontra vinculado
Parágrafo único.  Ao pai e à mãe equiparam-se o pa- o servidor;

79
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação Art. 213.  O servidor acidentado em serviço que neces-
ou parceria com os órgãos e entidades da administra- site de tratamento especializado poderá ser tratado em
ção direta, suas autarquias e fundações; instituição privada, à conta de recursos públicos.
III - celebrar convênios com operadoras de plano de Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta
assistência à saúde, organizadas na modalidade de au- médica oficial constitui medida de exceção e somente
togestão, que possuam autorização de funcionamento será admissível quando inexistirem meios e recursos
do órgão regulador, na forma do art. 230; ou adequados em instituição pública.
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante Art. 214.  A prova do acidente será feita no prazo de
contrato administrativo, observado o disposto na Lei 10 (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o
no 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas exigirem.
pertinentes.
Seção VII
Seção V Da Pensão
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Pa-
ternidade Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas
hipóteses legais, fazem jus à pensão a partir da data de
Art. 207.  Será concedida licença à servidora gestante óbito, observado o limite estabelecido no inciso XI do
por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo caput do art. 37 da Constituição Federal e no art. 2º da
da remuneração. Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004.
§ 1o   A licença poderá ter início no primeiro dia do Art. 216. (Revogado)
nono mês de gestação, salvo antecipação por pres- Art. 217. São beneficiários das pensões:
crição médica. I - o cônjuge;
§ 2o  No caso de nascimento prematuro, a licença terá II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou
início a partir do parto. de fato, com percepção de pensão alimentícia estabe-
§ 3o  No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias lecida judicialmente;
do evento, a servidora será submetida a exame médi- III - o companheiro ou companheira que comprove
co, e se julgada apta, reassumirá o exercício. união estável como entidade familiar;
§ 4o   No caso de aborto atestado por médico oficial, IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos
a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso seguintes requisitos:
remunerado. a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;
Art. 208.  Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servi- b) seja inválido;
dor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias c) tenha deficiência grave; ou
consecutivos. d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos
Art. 209.  Para amamentar o próprio filho, até a idade do regulamento;
de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante V - a mãe e o pai que comprovem dependência econô-
a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que mica do servidor; e
poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora. VI - o irmão de qualquer condição que comprove de-
Art. 210.  À servidora que adotar ou obtiver guarda ju- pendência econômica do servidor e atenda a um dos
dicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão conce- requisitos previstos no inciso IV.
didos 90 (noventa) dias de licença remunerada.  § 1º A concessão de pensão aos beneficiários de que
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Parágrafo único.  No caso de adoção ou guarda judicial tratam os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários
de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo referidos nos incisos V e VI.
de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias. § 2º A concessão de pensão aos beneficiários de que
trata o inciso V do caput exclui o beneficiário referido
Seção VI no inciso VI.
Da Licença por Acidente em Serviço § 3º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a fi-
lho mediante declaração do servidor e desde que com-
Art. 211.  Será licenciado, com remuneração integral, o provada dependência econômica, na forma estabeleci-
servidor acidentado em serviço. da em regulamento.
Art. 212.  Configura acidente em serviço o dano físico Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à
ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, me- pensão, o seu valor será distribuído em partes iguais
diata ou imediatamente, com as atribuições do cargo entre os beneficiários habilitados.
exercido. Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer
Parágrafo  único.   Equipara-se ao acidente em serviço tempo, prescrevendo tão-somente as prestações exigí-
o dano: veis há mais de 5 (cinco) anos.
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova
pelo servidor no exercício do cargo; posterior ou habilitação tardia que implique exclusão
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e de beneficiário ou redução de pensão só produzirá
vice-versa. efeitos a partir da data em que for oferecida.

80
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (qua-
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário conde- renta e três) anos de idade;
nado pela prática de crime de que tenha dolosamente 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
resultado a morte do servidor; de idade.
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se § 1º A critério da administração, o beneficiário de pen-
comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude são cuja preservação seja motivada por invalidez, por
no casamento ou na união estável, ou a formalização incapacidade ou por deficiência poderá ser convocado
desses com o fim exclusivo de constituir benefício pre- a qualquer momento para avaliação das referidas con-
videnciário, apuradas em processo judicial no qual será dições.
assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. § 2º Serão aplicados, conforme o caso, a regra con-
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte tida no inciso III ou os prazos previstos na alínea “b”
presumida do servidor, nos seguintes casos: do inciso VII, ambos do caput, se o óbito do servidor
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária decorrer de acidente de qualquer natureza ou de do-
competente; ença profissional ou do trabalho, independentemente
II - desaparecimento em desabamento, inundação, in- do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais
cêndio ou acidente não caracterizado como em serviço; ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou
III - desaparecimento no desempenho das atribuições de união estável.
do cargo ou em missão de segurança. § 3º Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e
Parágrafo único. A pensão provisória será transforma- desde que nesse período se verifique o incremento mí-
da em vitalícia ou temporária, conforme o caso, de- nimo de um ano inteiro na média nacional única, para
corridos 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o ambos os sexos, correspondente à expectativa de so-
eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que brevida da população brasileira ao nascer, poderão ser
o benefício será automaticamente cancelado. fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato
I - o seu falecimento; do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer Gestão, limitado o acréscimo na comparação com as
após a concessão da pensão ao cônjuge; idades anteriores ao referido incremento.
III - a cessação da invalidez, em se tratando de bene- § 4º O tempo de contribuição a Regime Próprio de Pre-
ficiário inválido, o afastamento da deficiência, em se vidência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdên-
tratando de beneficiário com deficiência, ou o levan- cia Social (RGPS) será considerado na contagem das 18
tamento da interdição, em se tratando de beneficiário (dezoito) contribuições mensais referidas nas alíneas
com deficiência intelectual ou mental que o torne ab- “a” e “b” do inciso VII do caput.
soluta ou relativamente incapaz, respeitados os perío- Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de benefici-
dos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” ário, a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.
e “b” do inciso VII; Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza-
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, das na mesma data e na mesma proporção dos rea-
pelo filho ou irmão; justes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; disposto no parágrafo único do art. 189.
VI - a renúncia expressa; e Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a per-
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os in- cepção cumulativa de pensão deixada por mais de um

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


cisos I a III do caput do art. 217: cônjuge ou companheiro ou companheira e de mais de
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer 2 (duas) pensões.
sem que o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contri-
buições mensais ou se o casamento ou a união estável Seção VIII
tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes Do Auxílio-Funeral
do óbito do servidor;
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do ser-
acordo com a idade do pensionista na data de óbito do vidor falecido na atividade ou aposentado, em valor
servidor, depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições equivalente a um mês da remuneração ou provento.
mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do § 1º No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio
casamento ou da união estável: será pago somente em razão do cargo de maior remu-
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos neração.
de idade; § 2º (VETADO).
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) § 3º O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e
anos de idade; oito) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e pessoa da família que houver custeado o funeral.
nove) anos de idade; Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) será indenizado, observado o disposto no artigo an-
anos de idade; terior.

81
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em ser- § 3o  Para os fins do disposto no  caput  deste artigo,
viço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as ficam a União e suas entidades autárquicas e fundacio-
despesas de transporte do corpo correrão à conta de nais autorizadas a: 
recursos da União, autarquia ou fundação pública. I - celebrar convênios exclusivamente para a  prestação
de serviços de assistência à saúde para os seus servido-
Seção IX res ou empregados ativos, aposentados, pensionistas,
Do Auxílio-Reclusão bem como para seus respectivos grupos familiares de-
finidos, com entidades de autogestão por elas patroci-
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio- nadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente
-reclusão, nos seguintes valores: celebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e
I - dois terços da remuneração, quando afastado por que possuam autorização de funcionamento do órgão
motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determi- regulador, sendo certo que os convênios celebrados
nada pela autoridade competente, enquanto perdurar depois dessa data somente poderão sê-lo na forma da
a prisão; regulamentação específica sobre patrocínio de auto-
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em gestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador,
virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência des-
que não determine a perda de cargo. ta Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios
§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servi- existentes até 12 de fevereiro de 2006; 
dor terá direito à integralização da remuneração, desde II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei
que absolvido. no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos
§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir e seguros privados de assistência à saúde que possuam
do dia imediato àquele em que o servidor for posto em autorização de funcionamento do órgão regulador; 
liberdade, ainda que condicional. III -  (VETADO)  
§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclu- § 4o  (VETADO) 
são será devido, nas mesmas condições da pensão por § 5o  O valor do ressarcimento fica limitado ao total
morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão.
despendido pelo servidor ou pensionista civil com pla-
no ou seguro privado de assistência à saúde. 
Capítulo III
Da Assistência à Saúde
Capítulo IV
Do Custeio
Art. 230.  A assistência à saúde do servidor, ativo ou
inativo, e de sua família compreende assistência mé-
Art. 231. (Revogado).
dica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêu-
tica, terá como diretriz básica o implemento de ações
preventivas voltadas para a promoção da saúde e será
prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta- EXERCÍCIOS COMENTADOS
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado
o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda
na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do 1) (ABIN - AGENTE DE INTELIGÊNCIA - CESPE/2018)
valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus Julgue o item que se segue, a respeito do regime jurídico
dependentes ou  pensionistas com planos ou seguros dos servidores públicos, da Lei de Responsabilidade Fiscal,
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

privados de assistência à saúde, na forma estabelecida da Lei de Improbidade Administrativa e da garantia empre-
em regulamento.  gatícia de servidores efetivos e vitalícios.
§ 1o  Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exi- A despeito do caráter compulsório da aposentadoria aos
gida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência setenta anos de idade, o detentor de cargo público vitalício
de médico ou junta médica oficial, para a sua realização poderá exercê-lo até os oitenta anos de idade.
o órgão ou entidade celebrará, preferencialmente, con-
vênio com unidades de atendimento do sistema público ( ) Certo ( ) Errado
de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas de
utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Resposta: Errado. Disciplina o artigo 186, II, Lei nº
Social - INSS.  8.112/1990: “O servidor será aposentado: [...] II - com-
§ 2o   Na impossibilidade, devidamente justificada, da pulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou tos proporcionais ao tempo de serviço”.
entidade promoverá a contratação da prestação de ser-
viços por pessoa jurídica, que constituirá junta médica
especificamente para esses fins, indicando os nomes e
especialidades dos seus integrantes, com a comprova-
ção de suas habilitações e de que não estejam respon-
dendo a processo disciplinar junto à entidade fiscaliza-
dora da profissão.

82
DISPOSIÇÕES GERAIS Todo o conceito de desenvolvimento social se
relaciona com uma ideia consolidada nas premissas do
Título VIII Humanismo que é a de preservação do bem comum
social. Maritain11, tradicional filósofo humanista, ressaltou
Capítulo Único que o fim da sociedade é o seu bem comum e que esse
Das Disposições Gerais bem comum é o das pessoas humanas, que compõem a
sociedade. Assim, ele apontou as características essenciais
Art. 236.  O Dia do Servidor Público será comemorado do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum
a vinte e oito de outubro. deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o
Art.  237.   Poderão ser instituídos, no âmbito dos Po- desenvolvimento delas; respeito à autoridade na sociedade,
deres Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes pois a autoridade é necessária para conduzir a comunidade
incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que
constitui a retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral
respectivos planos de carreira:
os elementos essenciais do bem comum.
I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou tra-
Desenvolvimento social não se dá por si só, é preciso
balhos que favoreçam o aumento de produtividade e a
que o Estado tome providências para que ele ocorra,
redução dos custos operacionais; notadamente por políticas públicas que consolidem as
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mé- premissas da igualdade material: tratando de maneira igual
rito, condecoração e elogio. os que se encontram nas mesmas condições e de maneira
Art. 238.  Os prazos previstos nesta Lei serão contados diversa os que não se encontram.
em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e in- No âmbito do Poder Executivo há um ministério
cluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado, para específico que controla o desenvolvimento social, embora
o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em políticas voltadas a ele se encontrem espalhadas por toda a
que não haja expediente. estrutura governamental. O Ministério de Desenvolvimento
Art. 239.  Por motivo de crença religiosa ou de convicção Social e Combate à Fome coordena inúmeras iniciativas
filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado voltadas ao desenvolvimento social: acesso à informação,
de quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em Brasil sem miséria, segurança alimentar, bolsa família,
sua vida funcional, nem eximir-se do cumprimento de entre outras.12 Contudo, a principal iniciativa voltada ao
seus deveres. desenvolvimento social para os fins do concurso em
Art. 240.  Ao servidor público civil é assegurado, nos questão é a da assistência social, descrita pelo Ministério
termos da Constituição Federal, o direito à livre associa- nos seguintes termos:
ção sindical e os seguintes direitos, entre outros, dela “A assistência social, política pública não contributiva,
decorrentes: é dever do Estado e direto de todo cidadão que dela
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como necessitar. Entre os principais pilares da assistência social
substituto processual; no Brasil estão a  Constituição Federal de 1988, que dá
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano as diretrizes para a gestão das políticas públicas, e a  Lei
após o final do mandato, exceto se a pedido; Orgânica da Assistência Social (Loas), de 1993, que
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sin- estabelece os objetivos, princípios e diretrizes das ações.
dical a que for filiado, o valor das mensalidades e con- A Loas determina que a assistência social seja
tribuições definidas em assembleia geral da categoria. organizada em um sistema descentralizado e participativo,
composto pelo poder público e pela sociedade civil. A

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d) e e) (Revogados).
IV Conferência Nacional de Assistência Social deliberou,
Art. 241.  Consideram-se da família do servidor, além do
então, a implantação do Sistema Único de Assistência
cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas
Social (Suas). Cumprindo essa deliberação, o Ministério
expensas e constem do seu assentamento individual. do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)
Parágrafo único.  Equipara-se ao cônjuge a companhei- implantou o Suas, que passou a articular meios, esforços
ra ou companheiro, que comprove união estável como e recursos para a execução dos programas, serviços e
entidade familiar. benefícios socioassistenciais.
Art.  242.   Para os fins desta Lei, considera-se sede o O Suas organiza a oferta da assistência social em todo o
município onde a repartição estiver instalada e onde o Brasil, promovendo bem-estar e proteção social a famílias,
servidor tiver exercício, em caráter permanente. crianças, adolescentes e jovens, pessoas com deficiência,
idosos – enfim, a todos que dela necessitarem. As ações
2. O servidor público como agente de desenvolvi- são baseadas nas orientações da nova  Política Nacional
mento social. de Assistência Social (PNAS), aprovada pelo Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS) em 2004. 
Desenvolvimento social consiste na evolução dos
componentes da sociedade (capital humano) e na maneira 11 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei
como estes se relacionam (capital social). Em outras natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio
palavras, é a melhoria da sociedade em que vivemos para Editora, 1967.
toda a população. 12 http://www.mds.gov.br/

83
A gestão das ações socioassistenciais segue o previsto
na  Norma Operacional Básica do Suas (NOB/Suas), que
disciplina a descentralização administrativa do Sistema, EXERCÍCIOS COMENTADOS
a relação entre as três esferas do Governo e as formas de
aplicação dos recursos públicos. Entre outras determinações, 1. (DETRAN-DF - Analista - Comunicação Social - CES-
a NOB reforça o papel dos fundos de assistência social como PE/2009) Prestação de contas, transparência e informação
as principais instâncias para o financiamento da PNAS. de qualidade são atributos cada vez mais presentes na co-
A gestão da assistência social brasileira é acompanhada e municação das instituições com os seus públicos. Por meio
avaliada tanto pelo poder público quanto pela sociedade civil, de projetos e de produtos e serviços implantados, a co-
igualmente representados nos conselhos nacional do Distrito municação permite participação, desenvolvimento social,
Federal, estaduais e municipais de assistência social. Esse transformação de realidades e melhores práticas de cida-
controle social consolida um modelo de gestão transparente dania. (Regina E. César. Movimentos sociais, comunidade
em relação às estratégias e à execução da política. e cidadania, In: Relações públicas comunitárias: a comu-
A transparência e a universalização dos acessos aos nicação em uma perspectiva dialógica e transformadora.
programas, serviços e benefícios socioassistenciais, promovidas Orgs: Margarida M. Kunsch, Krohling Kunsch e Waldermar
por esse modelo de gestão descentralizada e participativa, L. Kunsch. São Paulo: Summus, 2007 - com adaptações).
vem consolidar, definitivamente, a responsabilidade do Estado Considerando o texto acima, julgue os próximos itens.
brasileiro no enfrentamento da pobreza e da desigualdade, com Não é possível garantir desenvolvimento social, transfor-
a participação complementar da sociedade civil organizada, mação de realidade ou cidadania se não houver ética.
através de movimentos sociais e entidades de assistência social”.
A respeito da Assistência Social, explica Tavares13: “a fim ( ) Certo ( ) Errado
de atender à demanda por prestações materiais trabalhistas,
de saúde, previdência e educação, as Constituições passaram Resposta: Certo. O desenvolvimento social é propicia-
a atribuir ao Estado a responsabilidade pelo fornecimento de do por fatores como a gestão ética do serviço público,
serviços públicos, o que conduziu a uma inflação normativa pois se esta ocorrer necessariamente haverá um empe-
nem sempre acompanhada de mecanismos eficazes de nho mais efetivo dos recursos públicos, por exemplo.
garantia dos direitos sociais declarados, além do inchaço da
Apenas com desenvolvimento social que se transforma
estrutura administrativa estatal”.
a realidade e apenas com a ética que se desenvolve o
Nesta linha, afirma Couto14: “compõe o direito social a
senso de cidadania. Sendo assim, são todos fatores in-
ideia de que as dificuldades enfrentadas pelos homens para
terligados.
viver com dignidade serão assumidas coletivamente pela
sociedade, com supremacia da responsabilidade de cobertura
3 Saúde e qualidade de vida no serviço público.
do Estado, que deverá criar um sistema institucional capaz de
dar conta dessas demandas”.
Logo, a assistência social é uma atividade tipicamente É preciso garantir ao funcionário público saúde e
voltada ao desenvolvimento social e à promoção do bem qualidade de vida no desempenho de suas atividades, posto
comum em sociedade. Por isso, o funcionário público que se que sem isto ele se verá desmotivado a fazê-lo de maneira
vincule ao serviço social desempenhará funções diretamente efetiva, o que prejudica diretamente sua contribuição
ligadas à promoção do desenvolvimento social. para o desenvolvimento social. Para tanto, a legislação
Por outro lado, bem se sabe que há um inchaço na anteriormente estudada garante um rol de direitos a este
assistência social devido aos inúmeros pedidos de benefícios servidor, estudados na Lei nº 8.112/1990, os quais devem
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sociais, de tal forma que a previdência acaba pagando muito ser respeitados.
mais do que recebe. As situações de conflito que podem Em busca da promoção de uma melhor saúde e
surgir em meio a este impasse tendem a deixar o funcionário qualidade de vida no serviço público, foi elaborada a
público sem fé quanto ao papel social de suas funções. Portaria SEPLAG nº 03/2003, que institui as diretrizes gerais
de promoção da saúde do servidor público federal, cujo
teor segue abaixo:
#FicaDica
PORTARIA NORMATIVA Nº 3, DE 25 DE MARÇO DE 2013
Desenvolvimento social – Propiciado pela
atuação dos servidores públicos no âmbito da Institui as diretrizes gerais de promoção da saúde do
assistência social (ex.: INSS). servidor público federal, que visam orientar os órgãos e
entidades do Sistema de Pessoal Civil da Administração
Federal - SIPEC.
13 TAVARES, Marcelo Leonardo. Previdência e Assis-
tência Social: Legitimação e Fundamentação Consti- A SECRETÁRIA DE GESTÃO PÚBLICA DO MINISTÉRIO
tucional Brasileira. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, no uso das
14 COUTO, Berenice Rojas. O Direito Social e a As- atribuições que lhe confere o artigo 23, inciso I, alínea “a”,
sistência Social na Sociedade Brasileira: Uma Equa- item 7, do Anexo I, do Decreto nº 7.675, de 20 de janeiro
ção Possível? 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006. de 2012, resolve:

84
Art. 1º Ficam instituídas as diretrizes gerais de pro- segurança e dos processos de trabalho, fazendo uso
moção da saúde do servidor público federal a serem da informação e indicadores de saúde como insumos
adotadas como referência nas ações de promoção da para orientar e favorecer a transformação contínua do
saúde dos órgãos e entidades que compõem o Sistema nível de saúde e das condições de vida dos servidores,
de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, na respeitando as necessidades das diferentes etapas do
forma do Anexo. desenvolvimento humano.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua pu-
blicação. Seção II
Dos objetivos
ANA LÚCIA AMORIM DE BRITO
Art. 6º A definição das diretrizes gerais de promoção
ANEXO à saúde do servidor público federal tem por objetivos:
I - o estímulo à oferta de ações de educação em saú-
CAPÍTULO I de e promoção da saúde junto aos servidores públicos
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES federais, em diferentes níveis de prevenção, direciona-
das ao bem-estar, à qualidade de vida e à redução da
Seção I vulnerabilidade a riscos relacionados à saúde, aos seus
Das diretrizes gerais de promoção da saúde do servi- determinantes e condicionantes;
dor público federal II - propiciar aos servidores ambientes de trabalho sau-
dáveis, com o envolvimento destes e dos gestores no
Art. 1º Ficam instituídas as diretrizes gerais de promo- estabelecimento de um processo de melhoria contínua
ção da saúde do servidor público federal, a serem ado- das condições e das relações no trabalho e da saúde,
tadas como referência pelos órgãos e entidades que propiciando bem-estar das pessoas inseridas no con-
compõem o Sistema de Pessoal Civil da Administração texto laboral;
Federal - SIPEC, na forma deste Anexo. III - a melhor compreensão da determinação do proces-
Parágrafo único. As diretrizes integram o conjunto de
so saúde e doença nos servidores públicos e o desen-
ações da Política de Atenção à Saúde e Segurança do
volvimento de alternativas de intervenção que levem à
Trabalho do Servidor Público Federal - PASS, prevista
transformação da realidade, em direção à apropriação,
no Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009, que criou o
pelos servidores, da dimensão humana do trabalho; e
Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor
IV - a intervenção nas determinantes do processo saú-
Público Federal - SIASS.
de e doença e do processo de adoecimento em seus
Art. 2º As diretrizes destinam-se a subsidiar políticas e
aspectos individuais e nas relações coletivas do am-
projetos de promoção da saúde e de qualidade de vida
biente de trabalho; e
no trabalho, a serem implantados de forma descentra-
lizada e transversal, por meio das áreas de gestão de V - a contribuição para a melhoria da qualidade de vida
pessoas, de saúde e de segurança no trabalho, e que dos servidores.
contemplem a gestão participativa.
Art. 3º A concepção que fundamenta estas diretrizes Seção III
prioriza ações voltadas à educação em saúde, à pre- Das premissas e princípios norteadores
venção dos riscos, agravos e danos à saúde do servi-

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dor, ao estímulo dos fatores de proteção da saúde e ao Art. 7º Sem prejuízo dos princípios e diretrizes estabe-
controle de determinadas doenças. lecidos pela Política de Atenção à Saúde e Segurança
Art. 4º As ações de promoção da saúde têm como fina- do Trabalho do Servidor Público Federal e pela Nor-
lidade a melhoria dos ambientes, da organização e do ma Operacional de Saúde do Servidor Público Federal
processo de trabalho, de modo a ampliar a conscienti- (Portaria Normativa SRH nº 3, de 7 de maio de 2010),
zação, a responsabilidade e a autonomia dos servido- para o desenvolvimento de ações de promoção da
res, em consonância com os esforços governamentais saúde, de prevenção de doenças, de melhoria da qua-
de construção de uma cultura de valorização da saúde lidade de vida no trabalho e de educação em saúde,
para redução da morbimortalidade, por meio de hábi- serão observadas as seguintes premissas:
tos saudáveis de vida e de trabalho. I - multideterminação da saúde: a saúde é compreendi-
Parágrafo único. As ações abrangem as mudanças na da como fenômeno decorrente de diversos fatores de
organização e no ambiente de trabalho, com foco na natureza biológica, psicológica e social;
prevenção dos acidentes e das doenças relacionadas II - abordagem biopsicossocial: as equipes multipro-
ao trabalho e na educação em saúde para a adoção de fissionais devem pautar sua atuação na perspectiva
práticas que melhorem as condições e a qualidade de biopsicossocial dos indivíduos, por meio de ações in-
vida no trabalho. terdisciplinares que favoreçam relações entre diferen-
Art. 5º As iniciativas de promoção da saúde devem, tes conhecimentos, considerados os múltiplos fatores
preferencialmente, basear-se em dados epidemiológi- que influenciam a condição de saúde dos servidores
cos e no resultado das avaliações das condições, da em suas relações com o trabalho;

85
III - interdisciplinaridade: a abordagem multiprofissio- CAPÍTULO II
nal sobre as ações e programas de promoção da saúde DAS AÇÕES PROGRAMÁTICAS DE PROMOÇÃO À
deve contemplar os conhecimentos técnicos a partir SAÚDE DO SERVIDOR
de visão interdisciplinar, observada a relação entre as
diferentes áreas do conhecimento e, fundamentalmen- Art. 9º As ações de promoção da saúde devem con-
te, considerado o conhecimento dos servidores para o templar abordagens coletivas que possam influenciar
desenvolvimento das ações e dos programas; ou modificar hábitos individuais e culturas organizacio-
IV - gestão participativa no desenvolvimento das ações: nais, de maneira a favorecer os espaços de convivên-
estabelecimento de espaços coletivos que promovam cia e de produção de saúde, fortalecendo a autonomia
a difusão de conhecimento e a reflexão crítica, assegu- dos servidores e contribuindo com suas competências
rado o direito de participação dos servidores em todas e habilidades.
as etapas do processo de atenção à saúde; § 1º As iniciativas devem zelar pela consistência teóri-
V - ambientes de trabalho saudáveis: as iniciativas de ca e técnica, por intervenções com eficácia conhecida,
promoção da saúde do servidor público federal devem além de considerar impactos positivos, preferencial-
pressupor uma concepção que não se restrinja à au- mente por meio da indicação de resultados mensurá-
sência de doença, mas que seja capaz de atuar sobre veis.
os determinantes da saúde, incidindo a intervenção, § 2º Os projetos e atividades de promoção da saúde
também, sobre as condições de trabalho no serviço devem ser monitorados a partir de indicadores pro-
público; duzidos com essa finalidade, para avaliar os impactos
VI - relação entre atenção à saúde e gestão de pesso- na relação saúde, doença e trabalho, visando rever ou
as: a promoção da saúde deve ser reconhecida como aprimorar as ações, e pelo registro em sistema infor-
uma estratégia fundamental das políticas de gestão de matizado disponibilizado pelo órgão central do SIPEC.
pessoas, como forma de expressão de uma proposta § 3º As ações de promoção da saúde devem, preferen-
abrangente e que busca garantir o equilíbrio entre tra- cialmente, ser realizadas por meio de equipes multi-
balho e saúde e a indissociabilidade entre atenção e profissionais, compostas por um conjunto de servido-
gestão; e res com formação em diversas áreas do conhecimento,
VII - humanização na atenção à saúde. responsáveis pelo desenvolvimento das ações de saú-
Art. 8º As ações de promoção da saúde no âmbito do de e segurança do trabalho, no âmbito das unidades
serviço público federal devem constar dos planos, pro- SIASS, bem como dos órgãos e entidades que com-
gramas, projetos e ações gerenciais dos órgãos que põem o SIPEC.
compõem o SIPEC e ser ofertadas de acordo com os Art. 10. No planejamento das ações de promoção da
seguintes princípios: saúde, assim como daquelas destinadas à prevenção
I - universalidade e equidade: as ações de promoção de riscos e doenças, deverão ser priorizadas as seguin-
da saúde do servidor contemplam todos os servidores tes áreas:
públicos federais; I - saúde do adulto;
II - integralidade das ações: integração do conjunto de II - saúde bucal;
atividades voltadas para os indivíduos e as coletivida- III - saúde do homem;
des, articuladas para potencializar as ações de promo- IV - saúde do idoso;
ção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos V - saúde mental;
servidores; VI - saúde da mulher;
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III - acesso à informação: fornecimento de informações VII - saúde das pessoas com deficiência; e
aos servidores, sobretudo aquelas que ampliem seus VIII - saúde ocupacional.
conhecimentos sobre saúde e aumentem a autono- Parágrafo único. Para as áreas de que trata o caput des-
mia para decisão quanto ao seu estilo de vida, que os te artigo, deverão ser definidas estratégias para grupos
orientem quanto aos procedimentos a serem adotados específicos de servidores, com a finalidade de propiciar
em caso de doenças, acidentes e demais agravos à saú- o desenvolvimento de abordagens e intervenções di-
de e em relação às medidas de prevenção para evitar o ferenciadas.
surgimento de doenças e de situações de risco à saúde; Art. 11. No intuito de viabilizar o cuidado em saúde e
IV - descentralização: as ações voltadas para a saúde do aumentar o impacto dos programas e ações de pro-
servidor serão planejadas e executadas pelas unidades moção da saúde, priorizam-se os seguintes temas de
do SIASS e pelos órgãos e entidades que compõem o interesse:
SIPEC, segundo as prioridades e as necessidades dos I - alimentação saudável;
servidores da área de abrangência, valendo-se dos ser- II - cuidado integral em saúde;
viços de referência e contra-referência; e III - desenvolvimento de habilidades sociais e do tra-
V - comunicação, formação e capacitação: manutenção balho;
de políticas de comunicação, de formação permanente IV - envelhecimento ativo, educação e preparação para
e de capacitação nas áreas de promoção da saúde do a aposentadoria;
servidor. V - gestão integrada de doenças crônicas e fatores de
risco;

86
VI - mediação de conflitos; I - viabilizar ou firmar cooperações técnicas que assegu-
VII - prática corporal e atividade física; rem os meios e recursos necessários para o desenvolvi-
VIII - prevenção da violência e estimulo à cultura da mento de ações de promoção da saúde, em consonân-
paz; cia com o perfil epidemiológico dos servidores, com as
IX - prevenção e controle do tabagismo; características institucionais e especificidades regionais;
X - redução da morbidade em decorrência do uso abu- II - incluir, sistematicamente, ações programáticas dire-
sivo de álcool e outras drogas; cionadas para promoção da saúde dos servidores no
XI - valorização da diversidade humana; planejamento do órgão ou entidade e dos relatórios
XII - prevenção de acidentes de trabalho; e anuais de gestão;
XIII - intervenção nos ambientes e processos de tra- III - assegurar o cumprimento destas diretrizes e promo-
balho com vistas à prevenção de doenças, agravos e ver a formação e capacitação, em conformidade com as
acidentes ocupacionais. orientações das equipes técnicas de vigilância e de pro-
moção da saúde; e
CAPÍTULO III IV - garantir o registro das informações relativas às ações
DAS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS e programas de promoção da saúde no sistema informa-
tizado disponibilizado pelo órgão central do SIPEC.
Art. 12. Na implementação das diretrizes gerais de promo- Art. 15. Na implementação das diretrizes gerais de pro-
ção da saúde do servidor público federal, compete à Se- moção da saúde do servidor público federal, compete às
cretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orça- unidades do SIASS:
mento e Gestão, na qualidade de órgão central do SIPEC: I - coordenar e executar ações voltadas à promoção da
I - aprovar orientações, portarias e outros atos norma- saúde, em especial à melhoria das condições e organi-
tivos complementares a esta Portaria; zação do trabalho, prevenção de acidentes, agravos à
II - manter sistema de registro de informações dos pro- saúde e doenças;
gramas de promoção da saúde; e II - apoiar e supervisionar os órgãos que as compõem no
III - promover, com a colaboração dos setores compe- planejamento, execução e monitoramento das ações de
tentes, o estudo para a provisão de recursos humanos promoção da saúde;
e orçamentários necessários ao desenvolvimento das III - desenvolver estratégias para o recebimento de infor-
ações e atividades de promoção à saúde. mações sobre casos que caracterizam assédio moral no
Art. 13. Na implementação das diretrizes gerais de pro- trabalho e para a adoção das providências cabíveis;
moção da saúde do servidor público federal, compete IV - elaborar o perfil epidemiológico da saúde dos servi-
ao Departamento de Políticas de Saúde, Previdência e dores, a partir de fontes de informação existentes, com
Benefícios do Servidor da Secretaria de Gestão Pública o objetivo de orientar as ações de atenção à saúde do
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: servidor, em especial a intervenção nos ambientes e pro-
I - formular e propor normas e diretrizes para a área de cesso de trabalho; e
promoção da saúde do servidor; V - realizar o registro das informações relativas às ações e
II - promover estudos das legislações relacionadas à programas de promoção à saúde, ofertadas pela unida-
saúde do servidor, no âmbito de sua competência, e de, no sistema informatizado disponibilizado pelo órgão
propor o seu aperfeiçoamento; central do SIPEC.
III - apoiar estudos e pesquisas pertinentes aos pro- Art. 16. Na implementação das diretrizes gerais de pro-
blemas que afetam a segurança e a saúde do servidor, moção da saúde do servidor público federal, compete

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contribuindo para a oferta de programas de promoção às equipes multiprofissionais vinculadas às unidades do
da saúde e prevenção dos agravos; SIASS e aos órgãos e entidades que compõem o SIPEC:
IV - difundir informações que contribuam para a prote- I - planejar e executar ações voltadas para promoção da
ção e promoção da saúde do servidor; saúde, em especial para a melhoria das condições de tra-
V - dar visibilidade às ações e programas de promoção balho, prevenção de acidentes, agravos à saúde e doen-
da saúde ofertados pelos órgãos e entidades da admi- ças relacionadas ao trabalho;
nistração pública federal, a partir das iniciativas regis- II - sistematizar e analisar os dados gerados nas ações de
tradas no sistema informatizado disponibilizado pelo promoção da saúde, notificando os agravos relacionados
órgão central, possibilitando o controle e avaliação da ao trabalho no sistema informatizado disponibilizado
qualidade das ações e programas de promoção à saú- pelo órgão central do SIPEC;
de do servidor; e III - amparar os servidores e indicar-lhes ações de pro-
VI - estabelecer parcerias e intercâmbios técnicos com moção da saúde, preservando o sigilo das informações
organismos e instituições afins, nacionais e internacio- individuais;
nais, para fortalecer a atuação institucional e promover IV - zelar pela integralidade das ações, pela humanização
a capacitação dos colaboradores. do trabalho em saúde, considerando a abordagem mul-
Art. 14. Na implementação das diretrizes gerais de pro- tiprofissional e interdisciplinar; e
moção da saúde do servidor público federal, compete V - realizar o registro das informações relativas às ações
aos dirigentes dos órgãos ou entidades e gestores de e programas de promoção da saúde do servidor no sis-
pessoas ou de recursos humanos: tema informatizado disponibilizado pelo órgão central.

87
CAPÍTULO IV
DO PLANEJAMENTO

Art. 17. No âmbito dos órgãos e entidades que compõem o SIPEC, o planejamento em promoção da saúde requer:
I - o emprego destas diretrizes para a orientação das ações que serão desenvolvidas; e
II - a observância da integralidade do cuidado e dos determinantes sociais e de saúde e, sempre que possível, de acordo
com as necessidades e situações de saúde dos servidores nos diferentes órgãos e entidades compõe o SIPEC.

CAPÍTULO V
DO FINANCIAMENTO

Art. 18. Cabe aos órgãos e entidades no âmbito do SIPEC viabilizarem os meios e os recursos necessários para garantir
a implantação e a implementação das ações de promoção da saúde, com recursos próprios ou oriundos do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão.

CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 19. Os órgãos e entidades integrantes do SIPEC devem observar estas diretrizes na elaboração de orientações e
condutas específicas.
Art. 20. Os órgãos e entidades integrantes do SIPEC deverão elaborar plano de ação, o qual conterá o planejamento de
execução de ações de promoção da saúde.
Art. 21. Os órgãos e entidades integrantes do SIPEC deverão promover a qualificação dos técnicos das áreas de recursos
humanos, de qualidade de vida, de saúde e de segurança do trabalho, a fim de instrumentalizá-los para o cumprimento
destas diretrizes.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (EBC - Técnico de Segurança do Trabalho - CESPE/2011) Acerca de qualidade de vida do trabalhador, julgue os itens
a seguir.
A qualidade de vida no trabalho contribui para a redução do absenteísmo.

( ) Certo ( ) Errado

Resposta: Certo. Absenteísmo é a falta de assiduidade do trabalhador. Quando um trabalhador não tem qualidade em
seu ambiente de trabalho, ele tende a se ausentar mais vezes. Assim, a qualidade de vida reduz o absenteísmo.
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#FicaDica
Saúde e qualidade de vida no serviço público – viabilizam condições para que o servidor consiga promover
o desenvolvimento social.
O servidor público terá saúde e qualidade de vida na medida em que forem assegurados seus direitos,
previstos na Lei nº 8.112/1990.

DOS DIREITOS E VANTAGENS (ART. 40 AO 115 DA LEI 8.112/90); DO REGIME DISCIPLINAR


(ART. 116 AO 142 DA LEI Nº 8.112/90);

Prezado candidato, pode encontrar os tópicos indicados já abordados de maneira específica anteriormente no que diz
respeito a lei 8.112.

88
geral abrange as relações com os utentes dos serviços, os
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO colegas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns
SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER a todos os códigos. As virtudes específicas de cada profissão
representam as variações entre os diversos estatutos éticos.
EXECUTIVO FEDERAL: DECRETO Nº
O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer profissão,
1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994, E SUAS pois representa uma qualidade imprescindível a qualquer
ATUALIZAÇÕES execução de trabalho, em qualquer lugar. O sigilo, todavia,
deixa de ser necessário em profissões que não lidam com
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor confidências e resguardos de direitos” . Por exemplo, o
Público Civil do Poder Executivo Federal. servidor público tem o dever de zelo, genérico, e o dever
de sigilo, específico, já que tem acesso a informações
Consolidando um padrão de comportamento ético, privilegiadas no exercício do cargo.
merece destaque o Decreto nº 1.171/1994 (Código de Ética Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código de
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Ética foi expedido pelo Presidente da República, considerada
Federal), o qual será estudado a partir deste ponto. a atribuição da Constituição Federal para dispor sobre a
Considerados os princípios administrativos basilares organização e o funcionamento da administração pública
do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma federal, conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV -
específico que estabelece a ação ética esperada dos sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir
servidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata- decretos e regulamentos para sua fiel execução; [...] VI - dispor,
se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento
qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria de da administração federal, quando não implicar aumento
profissionais, assemelhando-se no formato aos Códigos de de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b)
Ética que costumam ser adotados para variadas categorias extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos”.
profissionais (médicos, contadores...), mas diferenciando- Exatamente por causa desta atribuição que o Código de Ética
se destes por possuir o caráter jurídico, logo, coativo. em estudo adota a forma de decreto e não de lei, já que as leis
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um são elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional).
Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado
existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos da exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo,
conduta humana podem ser reunidas em um instrumento que se perfaz em decretos regulamentares. Embora sejam
regulador. Tal conjunto racional, com o propósito de factíveis decretos autônomos , não é o caso do decreto
estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação desta em estudo, o qual encontra conexão com diplomas
ciência que se consubstancia em uma peça magna, como como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores
se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupamentos públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade
sociais. Uma espécie de contrato de classe gera o administrativa), além da Constituição Federal. Assim, o
Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização Decreto nº 1.171/94 não é autônomo!
do exercício passam a controlar a execução de tal peça Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas
magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um de conduta, o que gera controvérsias sobre o nível de
indivíduo perante seu grupo e o todo social. O interesse no obrigatoriedade dele. Autores como Azevedo se posicionam
cumprimento do aludido código passa, entretanto, a ser pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decreto 1171
de todos. O exercício de uma virtude obrigatória torna-se é inconstitucional, na medida em que impõe regras de
exigível de cada profissional [...], mas com proveito geral. condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima diz, no
seu art. 5º, diz que ‘ninguém será obrigado a fazer ou

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Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética e de uma
educação pertinente que conduza à vontade de agir, de deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’ e que
acordo com o estabelecido. Essa disciplina da atividade é ‘não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
antiga, já encontrada nas provas históricas mais remotas, prévia cominação legal’. Esta lei citada pelo art. 5º é a norma
e é uma tendência natural na vida das comunidades. É primária, não podendo ser confundida com a possibilidade
inequívoco que o ser tenha sua individualidade, sua forma de ser imposta normas de conduta pela norma secundária.
de realizar seu trabalho, mas também o é que uma norma Assim, não poderia ser imposta nenhuma norma de conduta
comportamental deva reger a prática profissional no que a alguém via Decreto, que é uma norma secundária, porque
concerne a sua conduta, em relação a seus semelhantes” só a norma primária tem esta capacidade constitucional.
. Logo, embora se reconheça que o indivíduo tem Atualmente, com a nova redação do art. 84, inciso VI, dada
particularidades no desempenho de suas funções, isto pela Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de
é, que emprega algo de sua personalidade no exercício 2001, é possível falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível
delas, cabe o estabelecimento de um rol de condutas falar em Decreto como norma primária, para fins de dispor
padronizadas genericamente, as quais correspondem sobre organização e funcionamento da Administração
ao melhor desempenho profissional que se pode ter, um Pública Federal, quando não houver aumento de despesa
desempenho ético. nem criação ou extinção de órgãos públicos, e também
“Para que um Código de Ética Profissional seja para extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos.
organizado, é preciso, preliminarmente, que se trace a Somente uma grande força de interpretação, que chegaria
sua base filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da
exigíveis a serem respeitadas no exercício da profissão, e em CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de conduta

89
para servidores públicos estaria inserta na organização e Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
funcionamento da Administração Pública Federal. Apesar será comunicada à Secretaria da Administração Federal
disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apareceu da Presidência da República, com a indicação dos res-
verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional em pectivos membros titulares e suplentes.
11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de 22 de Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
junho de 1994, quando não havia no ordenamento jurídico blicação.
o Decreto como norma primária. Por isso, o Decreto nº
1.171 não impõe coerção quanto às normas materiais Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e
nele indicadas; impõe tão somente em relação às normas 106° da República.
processuais, como a obrigação de criação de Comissão de ITAMAR FRANCO
Ética por todas as entidades e órgãos públicos federais”. Romildo Canhim
Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato
dos decretos autônomos terem surgido após o Decreto nº Os principais elementos que podem ser extraídos do
1.171/94 não o transforma em norma primária, realmente. preâmbulo do Código de Ética são:
Contudo, trata-se de uma norma secundária que encontra Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente
bases em normas primárias, quais sejam a Lei nº 8.112/90 e a da República à época e, como tal, permanece válido até
Lei nº 8.429/92: na prática, todas as diretrizes estabelecidas que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteúdo
no Código de Ética são repetidas em leis federais e decorrem incompatível (revogação tácita) ou até outro decreto ser
diretamente do texto constitucional. Assim, a adoção da expedido para substituí-lo (revogação expressa). O decreto
forma de decreto não significa, de forma alguma, que aceita, ainda, reformas e revogações parciais: no caso,
suas diretrizes não sejam obrigatórias: o servidor público destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou alguns
federal que desobedecê-las estará sujeito à apuração de incisos do Código e que será estudado oportunamente.
sua conduta perante a respectiva Comissão de Ética, que Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do
artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder
enviará informações ao processo administrativo disciplinar,
regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90
podendo gerar até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a
referem-se aos deveres e proibições do servidor público
pena de censura nos casos menos graves. Não obstante,
federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de
o respeito ao Código gera reconhecimento e é verificado
improbidade administrativa.
para fins de promoção. Isso sem falar na total efetividade
A partir da aprovação do Código de Ética, ele se
das regras determinantes da instituição de Comissões de
tornou obrigatório a todas as esferas da atividade pública.
Ética.
Daí a obrigação de instituir o aparato próprio ao seu
cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões
de Ética, as quais não podem ser compostas por servidores
#FicaDica temporários.
O decreto conferiu um prazo para cada uma das
O Decreto nº 1.171/1994 não é autônomo e
entidades da administração pública federal direta ou
se vincula às disciplinas da Lei nº 8.112/1990
indireta para constituir em seu âmbito uma Comissão de
– Regime Jurídico dos Servidores Públicos
Ética que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com
Civis Federais e da Lei nº 8.429/1992 – Lei de
efeito, não há nenhuma facultatividade quanto ao dever
Improbidade Administrativa.
de respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto na
administração direta quanto na indireta. A Comissão de
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Ética será composta por: três servidores ou empregados


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. A
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em constituição (quando foi criada) e a composição (quem a
vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos compõe) da Comissão deverão ser informadas à Secretaria
arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, da Administração Federal da Presidência da República.
e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,
ANEXO
DECRETA: Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
do Poder Executivo Federal
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que CAPÍTULO I
com este baixa. Seção I
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Das Regras Deontológicas
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta
dias, as providências necessárias à plena vigência do O Direito como valor do justo é estudado pela Filosofia
Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da do Direito na parte denominada Deontologia Jurídica, ou,
respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser- no plano empírico e pragmático, pela Política do Direito
vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou . Deontologia é uma das teorias normativas segundo as
emprego permanente. quais as escolhas são moralmente necessárias, proibidas

90
ou permitidas. Portanto inclui-se entre as teorias morais exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus
que orientam nossas escolhas sobre o que deve ser feito, atos, comportamentos e atitudes serão direcionados
considerada a moral vigente. Por sua vez, a deontologia para a preservação da honra e da tradição dos servi-
jurídica é a ciência que cuida dos deveres e dos direitos dos ços públicos.
operadores do Direito, bem como de seus fundamentos Primeiramente, vale compreender o sentido de algumas
éticos e legais, consolidando o valor do justo. Por isso, os palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender
incisos que se seguem traduzem o comportamento moral autoridade moral; por decoro, compostura e decência; por
esperado do servidor público não só enquanto desempenha zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do efeito
suas funções, mas também em sua vida social. esperado.
Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz respeito Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama
à moral; conjunto de deveres que impõe a certos profissionais de consciência dos princípios morais: sei que devo agir
o cumprimento da sua função. Pode-se dizer ainda que a de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto
deontologia consiste no conjunto de regras e princípios que é, exatamente como o melhor cidadão de bem; no
regem a conduta de um profissional, uma ciência que estuda desempenho das minhas funções, devo me manter sério e
os deveres de uma determinada profissão. O profissional comprometido, desempenhando cada uma das atribuições
brasileiro está sujeito a uma deontologia própria a regular recebidas com o maior cuidado e atenção possível, evitando
o exercício de sua profissão conforme o Código de Ética erros, de modo que o serviço que eu preste seja o melhor
de sua classe. O Direito é o mínimo de moral para que o que eu puder prestar.
homem viva em sociedade e a deontologia dele decorre Não basta que o funcionário aja desta forma no exercício
posto que trata de direitos e deveres dos profissionais que de suas funções, porque ele participa da sociedade e fica
estejam sujeitos a especificidade destas normas. conhecido nela. O desempenho de cargo público, por
O Código de Ética cria regras deontológicas de ética, isto sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma pela
é, cria um sistema de princípios e fundamentos da moral, sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, ou seja,
daí porque não se preocupa com a previsão de punição e livre de vícios e compulsões. Discrição é a palavra-chave
processo disciplinar contra o servidor antiético, apesar de, para a vida particular do servidor público, preservando a
na maioria das vezes, haver coincidência entre a conduta instituição da qual faz parte. Por exemplo, quem se sentiria
antiética e a necessidade de punição administrativa. A bem em ser atendido por um funcionário que é sempre visto
verdadeira intenção do Código de Ética foi estimular os embriagado em bares ou provocando confusões familiares,
órgãos e entidades públicas federais a promoverem o debate por mais que os serviços por ele desempenhados sejam de
sobre a ética, para que ela, e as discussões que dela se extrai, qualidade?
permeie amiúde as repartições, até com naturalidade. O comportamento ético do servidor público na sua
“Muitas são as virtudes que um profissional precisa vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo,
ter para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em houver uma razoável exigência do servidor se comportar
verdade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras
destacam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº
a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria dos 1.171, de 1994, que impõe o comportamento ético e
casos, o sucesso profissional se az acompanhar de condutas moral de todo e qualquer servidor, na sua vida particular,
fundamentais corretas. Tais virtudes básicas são comuns a independentemente da natureza do seu cargo? Quando tal
quase todas as profissões [...]. Virtudes básicas profissionais Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algumas
são aquelas indispensáveis, sem as quais não se consegue “Regras Deontológicas”, quer dizer que o servidor público
a realização de um exercício ético competente, seja qual está envolto em um sistema onde a moral tem forte influência

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


for a natureza do serviço prestado. Tais virtudes devem no desenvolvimento da sua carreira pública. Assim, quem
formar a consciência ética estrutural, os alicerces do caráter passa pelo serviço público sabe ou deveria saber que a
e, em conjunto, habilitarem o profissional ao êxito em seu promoção profissional e o adequado cumprimento das
desempenho” . atribuições do cargo estão condicionados também pela
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que se ética e, assim, pelo comportamento particular do servidor.
seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa buscando
atendimento no órgão público em questão, como eu gostaria II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
de ser tratado? Qual o tipo de funcionário que eu gostaria elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
que fosse responsável pela solução do meu problema? decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
Enfim, basta lembrar da regra de ouro da moralidade, pela injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
qual eu somente devo fazer algo se racionalmente desejar e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
que todas as pessoas ajam da mesma forma - inclusive em o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37,
relação a mim, ou seja, “age de tal modo que a máxima de caput, e § 4°, da Constituição Federal.
tua vontade possa valer-te sempre como princípio de uma Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo
legislação universal” . conceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servidor
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consci- deve sempre escolher o conveniente, o oportuno, o justo
ência dos princípios morais são primados maiores que e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de menor
devem nortear o servidor público, seja no exercício relevância para aquelas fundamentais, que envolvem
do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o a opção pelo justo e honesto. Estes são os principais

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valores morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, seus interesses
preciso escolher acima de tudo entre honesto e desonesto, próprios, quando, entretanto, esses são de natureza pouco
evidencia-se que o Código busca mais do que o respeito à recomendável, ocorrem seriíssimos problemas. Quando o
lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade. trabalho é executado só para auferir renda, em geral, tem
Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao qual seu valor restrito. Por outro lado, nos serviços realizados com
o inciso em estudo faz remissão. amor, visando ao benefício de terceiros, dentro de vasto raio
de ação, com consciência do bem comum, passa a existir a
Art. 37. A administração pública direta e indireta de expressão social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois,
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito variável de acordo com seu alcance em face da comunidade.
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente,
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela
eficiência e, também, ao seguinte: [...] preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocorre
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão com a sua comunidade e muito menos com a sociedade.
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem pre- destino de nações, partindo da ausência de conduta virtuosa
juízo da ação penal cabível. de minorias poderosas, preocupadas apenas com seus
lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano tende
Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses de uma
consequências dos atos de improbidade administrativa, classe, de toda uma sociedade, é preciso que se acomode às
que poderão variar conforme o grau de gravidade (uma normas, porque estas devem estar apoiadas em princípios
das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a devolver o de virtude. Como só a atitude virtuosa tem condições de
dinheiro aos cofres públicos, o que se entende por ressarcir garantir o bem comum, a Ética tem sido o caminho justo,
o erário). adequado, para o benefício geral” .

III - A moralidade da Administração Pública não se limita V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida rante a comunidade deve ser entendido como acrés-
da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equi- cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
líbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode
servidor público, é que poderá consolidar a moralidade ser considerado como seu maior patrimônio.
do ato administrativo. O cidadão paga impostos e demais tributos apenas para
Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera que o Estado garanta a ele a prestação do melhor serviço
particular. O servidor público não deve pensar por uma público possível, isto é, a manutenção de uma sociedade
pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve agir justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que sai dos
de uma forma para beneficiar um particular - ainda que isso bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor público, é
possa ser um bem para ele, é injusto para com a sociedade o que remunera os serviços por ele prestados. Por isso, agir
que uma pessoa seja tratada melhor que a outra. O fim da contra a moral é insultante, mais que um aproveitamento da
atitude do servidor é o bem comum, ou seja, o bem da máquina estatal, é um desrespeito ao cidadão honesto que
coletividade. O coletivo sempre deve prevalecer sobre o paga parte do que recebe ao Estado.
particular. Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir conforme
Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que é o a moralidade administrativa, sob pena de mais que violar
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respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que é a busca a lei, também desrespeitar o bem comum e prejudicar a
do fim da preservação do bem comum. Assim, o respeito sociedade como um todo - inclusive a si próprio.
à lei é fundamental, mas a atitude do servidor não pode No mais, chama-se atenção à vedação de que o servidor
cair numa burocratização sem sentido, ou seja, o respeito receba do particular qualquer verba extra: sua remuneração
às minúcias da lei não pode prejudicar o bem comum, sob já é paga pelo particular, por meio dos impostos, não
pena de violar a moralidade. devendo pretender mais do que aquilo. Isto não significa
que o patrimônio do servidor seja apenas o seu salário -
IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos há um patrimônio inerente à boa prestação do serviço,
tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até proporcionando a melhoria da sociedade em que vive.
por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida,
que a moralidade administrativa se integre no Direito, VI - A função pública deve ser tida como exercício pro-
como elemento indissociável de sua aplicação e de sua fissional e, portanto, se integra na vida particular de cada
finalidade, erigindo-se, como consequência, em fator de servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na
legalidade. conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acres-
O servidor público deve colocar de lado seus interesses cer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no Direito, Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Ética
lembrando que quem paga pelos seus serviços é a lembra que um funcionário público carrega consigo a imagem
sociedade como um todo. “Parece ser uma tendência do da administração pública, ou seja, não é servidor público
ser humano, como tem sido objeto de referência de muitos apenas quando está desempenhando suas funções, mas o

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tempo todo. Por isso, não importa ser o melhor funcionário -o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas
público da repartição se a vida particular estiver devassada, uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Es-
isto é, se não agir com discrição, coerência, compostura e tado, mas a todos os homens de boa vontade que de-
moralidade também na vida particular. Isso implica em ser dicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças
um bom pai/mãe, uma pessoa livre de vícios, um cidadão e seus esforços para construí-los.
reservado e cumpridor de seus deveres sociais. Quem nunca chegou a uma repartição pública ou
cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investi- funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no
gações policiais ou interesse superior do Estado e da serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que
Administração Pública, a serem preservados em pro- ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade,
cesso previamente declarado sigiloso, nos termos da fazendo tudo o possível para ajudá-lo, despendendo o
lei, a publicidade de qualquer ato administrativo cons- tempo necessário e tomando as devidas cautelas.
titui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua O instituto da responsabilidade civil é parte integrante
omissão comprometimento ético contra o bem co- do direito obrigacional, uma vez que a principal
mum, imputável a quem a negar.
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
Como visto, a publicidade é um princípio basilar da
que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante
administração pública, ao lado da moralidade. Como tal,
o pagamento de indenização que se refere às perdas e
caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor público
danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
negar o acesso à informação por parte do cidadão, salvo
em situações especiais. Nota-se que “quando benefícios que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
morais se fazem exigíveis, especificamente, para um decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.
desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só podemos A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
justificar o não cumprimento quando fatores de ordem podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
muito superior o possam impedir, pois o descumprimento os limites da herança, embora existam reflexos na ação
será sempre uma lesão à consciência ética” . que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
ATENÇÃO: O dispositivo autoriza que os atos na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa
administrativos não sejam públicos em situações de autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo
excepcionais, quais sejam segurança nacional, investigações que uma absolvição por falta de provas não o faz).
policiais e interesse superior do Estado e da Administração Genericamente, os elementos da responsabilidade
Pública. civil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o
interesses da própria pessoa interessada ou da Ad- artigo central do instituto da responsabilidade civil, que
ministração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir
estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa
erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
Nação. causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
Mentir é uma atitude contrária à moralidade esperada o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo

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do servidor público, ainda mais se tal mentira se referir à agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou
função desempenhada, por exemplo, negando a prática material, econômico e não econômico).
de um ato ou informando erroneamente um cidadão. Não Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As
existe uma hipótese em que mentir é aceito: não importa
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
se dizer a verdade implicará em prejuízo à Administração
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
Pública.
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto
ofende a integridade dos cidadãos e da própria Nação. casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa clara a formação
Para ser um bom país, não é preciso se fundar em erros ou de uma relação jurídica autônoma entre o Estado e o
mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá-los e agente público que causou o dano no desempenho de
corrigi-los. suas funções. Nesta relação, a responsabilidade civil
será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo do agente pelo dano causado, ao qual foi anteriormente
dedicados ao serviço público caracterizam o esforço condenado a reparar. Direito de regresso é justamente o
pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus direito de acionar o causador direto do dano para obter de
tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe volta aquilo que pagou à vítima, considerada a existência
dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer de uma relação obrigacional que se forma entre a vítima e
bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando- a instituição que o agente compõe.

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Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente em classe profissional, tem seu comportamento específico,
causar aos membros da sociedade, mas se este agente agiu guiado pela característica do trabalho executado. Cada
com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi conjunto de profissionais deve seguir uma ordem que
pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas permita a evolução harmônica do trabalho de todos, a partir
incompatíveis com o comportamento ético dele esperado. da conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho
A responsabilidade civil do servidor exige prévio que conduza a regularização do individualismo perante o
processo administrativo disciplinar no qual seja assegurado coletivo” .
contraditório e ampla defesa. Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é,
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com culpa. é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas
Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que gere negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros sejam
dano ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado), minimizados, a atenção seja uma marca do serviço e a retidão
o servidor terá o dever de indenizar. algo sempre presente. Imprudência, por sua vez, é o agir sem
Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que cuidado, sem zelo, causando prejuízo ao serviço público.
busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto é,
gerar tamanho abalo emocional e psicológico que implique XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de
num dano. Apesar deste dano não ser econômico, isto é, trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que
de a dor causada não ter meio de compensação financeiro quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.
que a repare, o juiz estabelecerá um valor que a compense O servidor público tem obrigação de comparecer
razoavelmente. religiosamente em seu local de trabalho no horário
Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteriza determinado. Todas as ausências devem ser evitadas e,
dano material. No caso, há um correspondente financeiro quando inevitáveis, devem ser justificadas.
direto, de modo que a condenação será no sentido de pagar Os demais funcionários e a sociedade sempre ficam
ao Estado o equivalente ao bem destruído ou deteriorado. atentos às atitudes do servidor público e qualquer percepção
de relaxo no desempenho das funções será observada,
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera notadamente no que tange a ausências frequentes.
de solução que compete ao setor em que exerça suas
funções, permitindo a formação de longas filas, ou qual- XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a es-
quer outra espécie de atraso na prestação do serviço, trutura organizacional, respeitando seus colegas e cada
não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de concidadão, colabora e de todos pode receber colabora-
desumanidade, mas principalmente grave dano moral ção, pois sua atividade pública é a grande oportunidade
aos usuários dos serviços públicos. para o crescimento e o engrandecimento da Nação.
Este inciso é um desdobramento do inciso anterior, O bom desempenho das funções a o agir conforme o
descrevendo um tipo específico de conduta imoral com esperado pela sociedade implica numa boa imagem do
relação ao usuário do serviço público, qual seja a de deixá-lo servidor público, o que permite que ele receba apoio dos
esperando por atendimento que seja de sua competência. demais quando realmente precisar.
Claro, a espera é algo natural, notadamente quando o “É inequívoco que o trabalho individual influencia e recebe
atendimento estiver sobrecarregado. O que o inciso pretende influências do meio onde é praticado. Não é, pois, somente
vetar é que as filas se alonguem quando o servidor enrola no em seu grupo que o profissional dá sua contribuição ou a
atendimento, enfim, age com preguiça e desânimo. sonega. Quando adquire a consciência do valor social de sua
ação, da vontade volvida ao geral, pode realizar importantes
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às or- feitos que alcançam repercussão ampla” .
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dens legais de seus superiores, velando atentamen-


te por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta
negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo #FicaDica
de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e ca-
racterizam até mesmo imprudência no desempenho da As regras deontológicas do Código de Ética
função pública. trazem uma concepção abrangente de deveres
Dentro do serviço público há uma hierarquia, que deve comportamentais do servidor público, que
ser obedecida para a boa execução das atividades. Seria uma adiante são aprofundadas de forma mais
desordem se todos mandassem e se cada qual decidisse que específica no inciso XIV.
função iria desempenhar. Por isso, cabe o respeito ao que o
superior determina, executando as funções da melhor forma
possível. Seção II
“A razão pela qual se exige uma disciplina do homem em Dos Principais Deveres do Servidor Público
seu grupo repousa no fato de que as associações possuem,
por suas naturezas, uma necessidade de equilíbrio que só XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
se encontra quando a autonomia dos seres se coordena Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há
na finalidade do todo. É a lei dos sistemas que se torna continuidade no tratamento do agir moral esperado do
imperiosa, do átomo às galáxias, de cada indivíduo até servidor público. No caso, são elencados alguns deveres
sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a somatória deles essenciais que devem ser obedecidos.

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“Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é de todos; isso
desempenho eficaz da profissão são deveres éticos. Sendo requer vida administrativa e política transparente, numa
o propósito do exercício profissional a prestação de uma disposição a colocar-se a serviço de toda a coletividade” .
utilidade a terceiros, todas as qualidades pertinentes g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-
à satisfação da necessidade, de quem requer a tarefa, ção, respeitando a capacidade e as limitações indivi-
passam a ser uma obrigação perante o desempenho. Logo, duais de todos os usuários do serviço público, sem
um complexo de deveres envolve a vida profissional, sob qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça,
os ângulos da conduta a ser seguida para a execução de sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político
um trabalho” . e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, fun- -lhes dano moral;
ção ou emprego público de que seja titular; Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com
Cabe ao servidor público desempenhar todas as igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale
atribuições inerentes à posição de que seja titular. lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educado
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e caracteriza dano moral, cabendo reparação.
rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamen- h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor
te resolver situações procrastinatórias, principalmente de representar contra qualquer comprometimento in-
diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso devido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;
na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui-
atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; cos, de contratantes, interessados e outros que visem
O desempenho de funções deve se dar de forma obter quaisquer favores, benesses ou vantagens inde-
eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas que vidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéti-
adiam a prestação do serviço público. Procrastinar significa cas e denunciá-las;
enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, lerdear. O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor
Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o que público, pois se ele não existisse as atividades seriam
pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço desempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente.
Isso não significa, contudo, que o servidor deva obedecer
quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive
a todas as ordens sem questioná-las, notadamente
para evitar dano moral ao cidadão.
quando perceber que a atitude de seu superior contraria
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
os interesses do bem comum, nem que deva ter medo de
integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quan-
denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou colegas.
do estiver diante de duas opções, a melhor e a mais
São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos
vantajosa para o bem comum;
superiores ou de pessoas que contratem ou busquem
Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores
serviços do poder público: obtenção de favores, benefícios
morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter da ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou antiéticas. Ao se
pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, sempre deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las.
fazendo a melhor escolha para a coletividade. j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con- específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
da coletividade a seu cargo; públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de pela preservação da sociedade quando exercê-lo.
todos aqueles que cuidam de algo que não lhe pertence. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para

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No caso, o servidor público cuida do patrimônio do Estado. os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral
Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito deste de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n°
patrimônio, relatando a sua situação e garantindo que ele 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
seja preservado. l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, re-
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato fletindo negativamente em todo o sistema;
com o público; m) comunicar imediatamente a seus superiores todo
A atitude ética esperada do servidor público consiste e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público,
em exercer suas funções de forma adequada, sempre exigindo as providências cabíveis;
atendendo da melhor forma possível os usuários. n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba-
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por lho, seguindo os métodos mais adequados à sua orga-
princípios éticos que se materializam na adequada nização e distribuição;
prestação dos serviços públicos; Os três incisos acima reiteram deveres constantemente
Os funcionários públicos nunca podem perder de vista enumerados pelo Código de Ética como o de
o dever ético que eles possuem com relação à sociedade comparecimento assíduo e pontual no local de trabalho,
como um todo, que é o de respeito à moralidade insculpida o de comunicação de atos contrários ao interesse público
no texto constitucional. “A consciência ética busca ser (inclusive os praticados por seus superiores) e o de
cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal um caminho preservação do local de trabalho (mantendo-o limpo e
certo para a ética pública. Vivendo numa República, organizado).

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o) participar dos movimentos e estudos que se relacio- O servidor público deve agir conforme a lei determina,
nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo observando-a estritamente, preservando assim os interesses
por escopo a realização do bem comum; da sociedade.
Frequentemente, são promovidos cursos de v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua clas-
aperfeiçoamento pela própria instituição, sem contar aqueles se sobre a existência deste Código de Ética, estimulando
disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe o seu integral cumprimento.
ao servidor público participar sempre que for benéfico à O Código de Ética é o principal instrumento jurídico que
melhoria de suas funções. trata das atitudes do servidor público esperadas e vedadas.
“O valor do exercício profissional tende a aumentar à É preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar a sua leitura
medida que o profissional também aumentar sua cultura, àqueles que o desconheçam.
especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos
os demais, como são os relativos às culturas filosóficas, Seção III
matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em Das Vedações ao Servidor Público
elites cultas te garantida sua posição social, porque se
habilita às lideranças e aos postos de comando no poder. A XV - É vedado ao servidor público;
especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo impossível Nesta seção, são descritas algumas atitudes que
negar tal evidência [...]” . contrariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa- rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por um
das ao exercício da função; juízo de interpretação das regras éticas até então estudadas.
A roupa vestida pelo servidor público também reflete
sua autoridade moral no exercício das funções. Por exemplo, #FicaDica
é absurdo chegar ao local de trabalho utilizando bermuda
e chinelo, refletindo uma imagem de descaso do serviço Não será necessário gravar todas estas regras
público. As roupas devem ser sóbrias, compatíveis com a se o candidato se atentar ao fato de que elas
seriedade esperada da Administração Pública e de seus se contrapõem às atitudes corretas até então
funcionários. estudadas. Por óbvio, não agir da forma
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de estabelecida caracteriza violação dos deveres
serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce éticos, o que é proibido.
suas funções;
A regulamentação das funções exercidas pelos órgãos
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem-
administrativos está sempre mudando, cabendo ao servidor
po, posição e influências, para obter qualquer favoreci-
público se manter atualizado.
mento, para si ou para outrem;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as ins-
O cargo público é para a sociedade, não para o indivíduo.
truções superiores, as tarefas de seu cargo ou função,
Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevidamente. A
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, esta descrição corresponde o tipo criminal da corrupção
mantendo tudo sempre em boa ordem. passiva, prescrito no Código Penal em seu artigo 317 nos
A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado seguintes termos:
do servidor público, refletindo a prestação do serviço com
eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem comum. Corrupção passiva
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s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, di-
quem de direito; reta ou indiretamente, ainda que fora da função ou an-
As atividades de fiscalização são usuais no serviço público tes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida,
e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos, cabendo ao ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão,
servidor demonstrar que as atividades atribuídas estão sendo de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
prestadas conforme a lei determina.
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo servidores ou de cidadãos que deles dependam;
contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a
serviço público e dos jurisdicionados administrativos; ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento é
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela lei uma clara violação ao dever ético.
ao servidor público para que ele possa bem desempenhar c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coni-
suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, é preciso vente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao
ter razoabilidade, moderação. Assim, quando invocá-las, o Código de Ética de sua profissão;
servidor público será levado a sério. Como visto, é dever do servidor público denunciar
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como
poder ou autoridade com finalidade estranha ao inte- obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir o erro
resse público, mesmo que observando as formalidades do outro é algo solidário, porque todos os erros cometidos
legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei; numa função pública são prejudiciais à sociedade.

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d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer- i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
cício regular de direito por qualquer pessoa, causando- do atendimento em serviços públicos;
-lhe dano moral ou material; Como visto, o funcionário público deve atender com
O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de eficiência o usuário do serviço, prestando todas as informações
forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou da maneira mais correta e verdadeira possível, sem mentiras
material aos usuários e ao Estado. ou ilusões.
Na esfera penal, pode incidir no crime de prevaricação j) desviar servidor público para atendimento a interesse
(art. 319, CP): particular;
Todos os servidores públicos são contratados pelo Estado,
Prevaricação devendo prestar serviços que atendam ao seu interesse. Por
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, isso, um servidor não pode pedir ao seu subordinado que lhe
ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, preste serviços particulares, por exemplo, pagar uma conta
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: pessoal em agência bancária, telefonar para consultórios para
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. agendar consultas, fazer compras num supermercado.
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente au-
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao torizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente
seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento ao patrimônio público;
do seu mister; Os bens que se encontram no local de trabalho pertencem
A incorporação da tecnologia aos serviços públicos, à máquina estatal e devem ser utilizados exclusivamente para
aproximando-o da sociedade, é chamada de governança a prestação do serviço público, não podendo o funcionário
eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com retirá-los de lá. Se o fizer, responde civil e administrativamente,
tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do serviço bem como criminalmente por peculato (art. 312, CP).
prestado.
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca- Peculato
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter- Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
firam no trato com o público, com os jurisdicionados valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
administrativos ou com colegas hierarquicamente su- de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em
periores ou inferiores; proveito próprio ou alheio:
O funcionário público deve agir com impessoalidade na Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
prestação do serviço, tratando todas as pessoas igualmente, § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,
tanto os usuários quanto os colegas de trabalho. embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual- subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, co- próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe pro-
missão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para porciona a qualidade de funcionário.
si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento
da sua missão ou para influenciar outro servidor para Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por
o mesmo fim; abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apreciável
A remuneração do servidor público já é paga pelo economicamente, para proveito próprio ou alheio, por
Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não cabe servidor público que o administra ou guarda.
ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação de seus
serviços, seja solicitando (caso que caracteriza crime de m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âm-

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restando presente o bito interno de seu serviço, em benefício próprio, de pa-
crime de concussão - art. 316, CP). Caso o faça, se sujeitará rentes, de amigos ou de terceiros;
às penas cíveis, penais e administrativas. As informações que são acessadas pelo funcionário
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva público somente devem ser aproveitadas para o bom
encaminhar para providências; desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda que
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas, sem nenhum interesse de obter privilégio econômico, ou seja,
incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (modificar, apenas para aparentar importância por mera vaidade pessoal.
alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) dados É possível que caracterize crime de violação de sigilo funcional
de documentos pode configurar o crime previsto no artigo pois utilizar-se de informações obtidas no âmbito interno da
313-A, do Código Penal: administração, nos casos em que deva ser guardado sigilo
pode caracterizar crime, previsto no artigo 325, do Código
Inserção de dados falsos em sistema de informações Penal:
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado,
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevi- Violação de sigilo funcional
damente dados corretos nos sistemas informatizados Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
ou bancos de dados da Administração Pública com o cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe
fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem a revelação:
ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
(doze) anos, e multa. se o fato não constitui crime mais grave.

97
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).
habitualmente; XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or-
Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, ganismos encarregados da execução do quadro de
valore morais inerentes à boa prestação do serviço público. carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo-
contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pes- ções e para todos os demais procedimentos próprios
soa humana; da carreira do servidor público.
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. fornecerá as informações sobre os funcionários a ela
O servidor público, seja na vida privada, seja no exercício submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para
das funções, não deve se filiar a instituições que contrariem alimentar processo administrativo disciplinar.
a moral, por exemplo, que incitem o preconceito e a XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).
desordem pública. Afinal, o servidor público é um espelho XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Co-
para a sociedade, devendo refletir seus valores tradicionais. missão de Ética é a de censura e sua fundamentação
constará do respectivo parecer, assinado por todos os
CAPÍTULO II seus integrantes, com ciência do faltoso.
DAS COMISSÕES DE ÉTICA A única sanção que pode ser aplicada diretamente
pela Comissão de Ética é a de censura, que é a pena mais
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administra- branda pela prática de uma conduta inadequada que seja
ção Pública Federal direta, indireta autárquica e funda- praticada no exercício das funções. Nos demais casos,
cional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça caberá sindicância ou processo administrativo disciplinar,
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser sendo que a Comissão de Ética fornecerá elementos para
criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar instrução.
e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no Censura é o poder do Estado de interditar ou restringir a
tratamento com as pessoas e com o patrimônio públi- livre manifestação de pensamento, oral ou escrito, quando
co, competindo-lhe conhecer concretamente de impu- se considera que tal pode ameaçar a ordem pública vigente.
tação ou de procedimento suscetível de censura.
“Estabelecido um código de ética, para uma classe,
#FicaDica
cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de
incorrer em transgressão, punível pelo órgão competente, - Todas entidades da administração pública
incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] A federal direta ou indireta devem constituir em
fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de seu âmbito uma Comissão de Ética que irá
classe compreende as fases preventiva (ou educacional) apurar as infrações ao Código de Ética.
e executiva (ou de direta verificação da qualidade das - A Comissão será composta por três servidores
práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se em ou empregados titulares de cargo efetivo ou
parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou seja, da emprego permanente.
educação insuficiente, e outra parte, bem menor, deriva- - A constituição (quando foi criada) e a
se de atos propositadamente praticados. Os órgãos de composição (quem a compõe) da Comissão
fiscalização assumem, por conseguinte, um papel relevante deverão ser informadas à Secretaria da
de garantia sobre a qualidade dos serviços prestados e da Administração Federal da Presidência da
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

conduta humana dos profissionais” . República.


Com efeito, as Comissões de Ética possuem função de
orientação e aconselhamento, devendo se fazer presentes
em todo órgão ou entidade da administração direta ou XXIV - Para fins de apuração do comprometimento éti-
indireta. co, entende-se por servidor público todo aquele que,
A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito preste serviços de natureza permanente, temporária
pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
a instauração desses processos, mediante trabalho de desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
orientação e aconselhamento. A finalidade do código de órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
ética consiste em produzir na pessoa do servidor público ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas
a consciência de sua adesão às normas ético-profissionais públicas e as sociedades de economia mista, ou em
preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito de qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais Este último inciso do Código de Ética é de fundamental
por parte de cada um e, em consequência, o resgate do importância para fins de concurso público, pois define
respeito ao serviço público e à dignidade social de cada quem é o servidor público que se sujeita a ele.
servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla dos “Uma classe profissional caracteriza-se pela
deveres e das vedações previstas, através de um trabalho homogeneidade do trabalho executado, pela natureza do
de cunho educativo com os servidores públicos federais. conhecimento exigido preferencialmente para tal execução

98
e pela identidade de habilitação para o exercício da mesma. Resposta: Certo. O funcionário está subordinado em
A classe profissional é, pois, um grupo dentro da sociedade, sua conduta às leis e ao Código de Ética e não pode
específico, definido por sua especialidade de desempenho desobedecê-los mesmo diante de ordens superiores.
de tarefa” . A previsão decorre ainda do dever previsto no Decre-
Elementos do conceito de servidor público: to nº 1.171/1994 em seu inciso XIV, “i”: “resistir a todas
a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes,
exemplo, prestação de serviços como jurado ou me- interessados e outros que visem obter quaisquer favo-
sário), contrato (contratação direta, sem concurso pú- res, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de
blico, para atender a uma urgência ou emergência) ou ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”.
qualquer outro ato jurídico (é o caso da nomeação por
aprovação em concurso público) - enfim, não importa 3) (SEDF - Analista de Gestão Educacional - Administra-
o instrumento da vinculação à administração pública, ção - CESPE/2017) À luz da legislação que rege os atos ad-
desde que esteja realmente vinculado; ministrativos, a requisição dos servidores distritais e a ética
b) Serviço prestado: permanente, temporário ou excep- no serviço público, julgue o seguinte item.
cional - isto é, ainda que preste o serviço só por um dia, Servidor público apresentar-se ao trabalho com vestimentas
como no caso do mesário de eleição, é servidor público, inadequadas ao exercício do cargo não constitui vedação rela-
da mesma forma que aquele que foi aprovado em con- tiva a comportamento profissional e atitudes éticas no serviço.
curso público e tomou posse; com ou sem retribuição
financeira - por exemplo, o jurado não recebe por seus ( ) Certo ( ) Errado
serviços, mas não deixa de ser servidor público;
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à adminis- Resposta: Errado. Preconiza o Decreto nº 1.171/1994
em seu inciso XIV, “p”: “São deveres fundamentais do
tração direta ou indireta, isto é, a qualquer órgão que
servidor público: [...] p) apresentar-se ao trabalho com
tenha algum vínculo com o poder estatal. O conceito é
vestimentas adequadas ao exercício da função”.
o mais amplo possível, abrangendo autarquias, funda-
ções públicas, empresas públicas, sociedades de econo-
mia mista, enfim, qualquer entidade ou setor que vise
atender o interesse do Estado.

EXERCÍCIO COMENTADO

1) (EBSERH - Analista Administrativo - Administração


- CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao regime
dos servidores públicos federais e à ética no serviço público.
Comissões de ética são obrigatórias para todos os órgãos
da administração pública federal direta, sendo facultativas
para entidades da administração indireta.

( ) Certo ( ) Errado

LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL


Resposta: Errado. A previsão de obrigatoriedade está
expressa no Decreto nº 1.171/1994 em seu inciso XVI:
“Em todos os órgãos e entidades da Administração Pú-
blica Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou
em qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições
delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Co-
missão de Ética [...]”.

2) (STJ - Conhecimentos Básicos - Cargos: 10 e 12 - CES-


PE/2018) Considerando os conceitos, princípios e valo-
res da ética e da moral, bem como o disposto na Lei nº
8.429/1992, julgue o item a seguir.
A consciência moral deve nortear o comportamento do ser-
vidor público, que deve sempre apresentar conduta ética,
ainda que receba ordem hierárquica superior que lhe impo-
nha conduta imoral e antiética.

( ) Certo ( ) Errado

99
7) (FUB - Auxiliar em Administração - CESPE/2016) Em
conformidade com a Lei nº 8.112/1990 e suas alterações,
HORA DE PRATICAR! julgue o item que se segue.
É lícito ao servidor público requerer licença por motivo de
1) (STM - Analista Judiciário - Área Administrativa - doença do seu enteado, desde que este conste de seu as-
CESPE/2018) A respeito do direito administrativo, dos atos sentamento funcional, mediante comprovação por perícia
administrativos e dos agentes públicos e seu regime, julgue médica oficial.
o item a seguir.
Após ser empossado, o servidor que não entrar em exercí-
cio no prazo legal será exonerado.

2) (STM - Analista Judiciário - Área Judiciária - CES- GABARITO


PE/2018) Acerca das regras aplicáveis aos servidores pú-
blicos do Poder Judiciário, e considerando o que dispõe a
Lei nº 8.112/1990 e a Lei nº 11.416/2006, julgue o item a 1 Certo
seguir.
Provimento é o ato emanado da pessoa física designada 2 Errado
para ocupar um cargo público, por meio do qual ela inicia 3 Certo
o exercício da função a que fora nomeada.
4 Certo
3) (TRF 1ª REGIÃO - Conhecimentos Básicos - Cargos de 5 Certo
Nível Médio - CESPE/2017) Tendo como referência o Có- 6 Certo
digo de Conduta da Justiça Federal de Primeiro e Segundo
Graus, as regras para provimento e vacância de cargos pú- 7 Certo
blicos, direitos e vantagens bem como o regime disciplinar
dos servidores públicos, julgue o item a seguir.
Não há vedação para que servidor público que esteja em
gozo de licença para tratar de interesse particular participe
da gerência ou administração de sociedade privada.

4) (EBSERH - Analista Administrativo - Administração


- CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao regime
dos servidores públicos federais e à ética no serviço pú-
blico.
É dever do servidor público facilitar a fiscalização de servi-
ço público cuja prestação esteja sob sua responsabilidade.

5) (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES-


PE/2018) Com base no disposto na Lei nº 8.112/1990, jul-
gue o item seguinte.
LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO/SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL

Apesar de as instâncias administrativa e penal serem inde-


pendentes entre si, a eventual responsabilidade adminis-
trativa do servidor será afastada se, na esfera criminal, ele
for beneficiado por absolvição que negue a existência do
fato ou a sua autoria.

6) (STJ - Analista Judiciário – Administrativa - CES-


PE/2018) Com base no disposto na Lei nº 8.112/1990, jul-
gue o item seguinte.
Será cassada a aposentadoria voluntária do servidor inati-
vo que for condenado pela prática de ato de improbidade
administrativa à época em que ainda estava na atividade.

100
ÍNDICE

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Constituição da República Federativa do Brasil (Capítulo III, Seção I – Da Educação);................................................................................01


Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e atualizações;........................................................................................03
Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (Resolução CNE/CEB nº 2/2012);.................................................................................20
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Resolução CNE/CEB Nº 6/2012);........26
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos
– Proeja (Decreto nº 5.840/2006);.....................................................................................................................................................................................35
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec (Lei nº 12.513/2011);.............................................................37
Níveis e Modalidades da Educação Nacional;..............................................................................................................................................................42
Didática e currículo;................................................................................................................................................................................................................55
Currículo integrado;................................................................................................................................................................................................................62
Trabalho como princípio educativo e Pesquisa como princípio pedagógico;.................................................................................................64
Planejamento do ensino;......................................................................................................................................................................................................66
Avaliação da aprendizagem;...............................................................................................................................................................................................68
Tecnologias da informação e da comunicação no trabalho pedagógico;........................................................................................................73
Gestão escolar democrática e participativa. ................................................................................................................................................................75
Educação inclusiva..................................................................................................................................................................................................................82
§ 1º É facultado às universidades admitir professores,
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
FEDERATIVA DO BRASIL (CAPÍTULO III, § 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
SEÇÃO I – DA EDUCAÇÃO) pesquisa científica e tecnológica.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efeti-


vado mediante a garantia de:
#FicaDica I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
No capítulo III da seção I (Da Educação), no aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive
artigo 206 da Constituição Federal de 1988, são sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
enumerados os princípios a partir dos quais o acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda
ensino deverá ser ministrado no Brasil. Constitucional nº 59, de 2009)
II - progressiva universalização do ensino médio gratui-
to; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14,
de 1996)
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
III - atendimento educacional especializado aos porta-
dores de deficiência, preferencialmente na rede regular
CAPÍTULO III
de ensino;
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crian-
Seção I
ças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela
DA EDUCAÇÃO
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de
e da família, será promovida e incentivada com a cola-
cada um;
boração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimen-
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
to da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania
dições do educando;
e sua qualificação para o trabalho.
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
educação básica, por meio de programas suplementares
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguin-
de material didáticoescolar, transporte, alimentação e
tes princípios:
assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Cons-
I - igualdade de condições para o acesso e permanência
titucional nº 59, de 2009)
na escola;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
público subjetivo.
pensamento, a arte e o saber;
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Po-
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas,
der Público, ou sua oferta irregular, importa responsabi-
e coexistência de instituições públicas e privadas de en-
lidade da autoridade competente.
sino;
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
oficiais;
junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
V - valorização dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com in-
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas
gresso exclusivamente por concurso público de provas e
as seguintes condições:
títulos, aos das redes públicas;
I - cumprimento das normas gerais da educação nacio-
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da
nal; CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
lei;
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Pú-
VII - garantia de padrão de qualidade.
blico.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profis-
sionais da educação escolar pública, nos termos de lei
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino
federal.
fundamental, de maneira a assegurar formação básica
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, na-
trabalhadores considerados profissionais da educação
cionais e regionais.
básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, consti-
adequação de seus planos de carreira, no âmbito da
tuirá disciplina dos horários normais das escolas públi-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
cas de ensino fundamental.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didá-
língua portuguesa, assegurada às comunidades indíge-
tico-científica, administrativa e de gestão financeira e
nas também a utilização de suas línguas maternas e
patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabili-
processos próprios de aprendizagem.
dade entre ensino, pesquisa e extensão.

1
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra es-
nicípios organizarão em regime de colaboração seus sis- cola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Po-
temas de ensino. der Público, no caso de encerramento de suas atividades.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser
dos Territórios, financiará as instituições de ensino públi- destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamen-
cas federais e exercerá, em matéria educacional, função tal e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equaliza- insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas
ção de oportunidades educacionais e padrão mínimo e cursos regulares da rede pública na localidade da re-
de qualidade do ensino mediante assistência técnica e sidência do educando, ficando o Poder Público obrigado
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni- a investir prioritariamente na expansão de sua rede na
cípios; localidade.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo
fundamental e na educação infantil. e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria- por instituições de educação profissional e tecnológica
mente no ensino fundamental e médio. poderão receber apoio financeiro do Poder Público. (Re-
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a dação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de-
finirão formas de colaboração, de modo a assegurar a Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educa-
universalização do ensino obrigatório. ção, de duração decenal, com o objetivo de articular o
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamen- sistema nacional de educação em regime de colabora-
te ao ensino regular.) ção e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de
implementação para assegurar a manutenção e desen-
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de volvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios modalidades por meio de ações integradas dos poderes
vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante públicos das diferentes esferas federativas que condu-
de impostos, compreendida a proveniente de transferên- zam a:
cias, na manutenção e desenvolvimento do ensino. I - erradicação do analfabetismo;
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida II - universalização do atendimento escolar;
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí- III - melhoria da qualidade do ensino;
pios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é IV - formação para o trabalho;
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, V - promoção humanística, científica e tecnológica do
receita do governo que a transferir. País.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino públicos em educação como proporção do produto in-
federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na terno bruto.
forma do art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará Fonte: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino vil_03/constituicao/constituicao.htm
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia
de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano
nacional de educação.
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e EXERCÍCIOS COMENTADOS
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão fi-
nanciados com recursos provenientes de contribuições 1. (IF-SP – Pedagogo – Superior - IF-SP/2018) O Capítulo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

sociais e outros recursos orçamentários. III, da Seção I, do Título VIII, da Constituição da República
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicio- Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, trata, entre
nal de financiamento a contribuição social do salário- outras questões, da Educação em nosso país. Um dos prin-
-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. cípios prevê que o ensino será ministrado com base no (a):
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da
contribuição social do salário-educação serão distribuí- a) Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas ex-
das proporcionalmente ao número de alunos matricula- clusivamente na rede pública de ensino.
dos na educação básica nas respectivas redes públicas b) Gratuidade do ensino público em estabelecimentos ofi-
de ensino. ciais e em instituições educacionais mantidas por orga-
nizações sem fins lucrativos.
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às esco- c) Valorização dos profissionais da educação escolar, ga-
las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitá- rantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingres-
rias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: so preferencialmente por concurso público de provas e
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus títulos, aos das redes públicas.
excedentes financeiros em educação; d) Gestão democrática do ensino público, na forma da lei.

2
Resposta: Letra D. Conforme o Art. 14. da Constituição TÍTULO I
Federal: “ Os sistemas de ensino definirão as normas da DA EDUCAÇÃO
gestão democrática do ensino público na educação bási-
ca, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os Art. 1º A educação abrange os processos formativos que
seguintes princípios: se desenvolvem na vida familiar, na convivência huma-
I - participação dos profissionais da educação na elabora- na, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,
ção do projeto pedagógico da escola; nos movimentos sociais e organizações da sociedade ci-
II - participação das comunidades escolar e local em con- vil e nas manifestações culturais.
selhos escolares ou equivalentes”. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se de-
senvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
2. (IF-BAS – Assistente de Alunos – nível médio - FUNRIO instituições próprias.
/2017) Segundo a Constituição da República Federativa do § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
Brasil (1988), a educação visa ao pleno desenvolvimento trabalho e à prática social.
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho, sendo ela TÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIO-
a) um direito de todos e dever do Estado e da família. NAL
b) somente direito das minorias e dever da sociedade.
c) direito exclusivo a brasileiros natos e dever de todos. Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspi-
d) apenas direito de habitantes das áreas urbanas e dever rada nos princípios de liberdade e nos ideais de solida-
do Estado. riedade humana, tem por finalidade o pleno desenvol-
e) somente direito das crianças e dever das escolas públi- vimento do educando, seu preparo para o exercício da
cas. cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Resposta: Letra A. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes
De acordo com o Art. 205. “A educação, direito de todos princípios:
e dever do Estado e da família, será promovida e incenti- I - igualdade de condições para o acesso e permanência
vada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno na escola;
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercí- II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cio da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA V - coexistência de instituições públicas e privadas de
EDUCAÇÃO NACIONAL (LEI Nº 9.394/96) ensino;
E ATUALIZAÇÕES; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
#FicaDica desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasi- X - valorização da experiência extraescolar;
leira (LDB 9394/96) é a legislação que regula- XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
menta o sistema educacional (público ou pri- práticas sociais.
vado) do Brasil (da educação básica ao ensino XII - consideração com a diversidade étnico-racial.  CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
superior). XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem
ao longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018)

LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 TÍTULO III


DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDU-
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. CAR

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA  Faço saber que o Con- Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguin-
te forma: 
a) pré-escola; 
b) ensino fundamental; 
c) ensino médio; 

3
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
anos de idade;  artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judi-
III - atendimento educacional especializado gratuito ciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição
aos educandos com deficiência, transtornos globais do Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, correspondente.
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, pre- § 4º Comprovada a negligência da autoridade compe-
ferencialmente na rede regular de ensino;  tente para garantir o oferecimento do ensino obrigató-
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental rio, poderá ela ser imputada por crime de responsabili-
e médio para todos os que não os concluíram na idade dade.
própria;  § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de acesso aos diferentes níveis de ensino, independente-
cada um; mente da escolarização anterior.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
dições do educando; Art. 6° É dever dos pais ou responsáveis efetuar a ma-
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e trícula das crianças na educação básica a partir dos 4
adultos, com características e modalidades adequadas (quatro) anos de idade. 
às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se
aos que forem trabalhadores as condições de acesso e Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
permanência na escola; seguintes condições:
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da I - cumprimento das normas gerais da educação nacio-
educação básica, por meio de programas suplementares nal e do respectivo sistema de ensino;
de material didático-escolar, transporte, alimentação e II - autorização de funcionamento e avaliação de quali-
assistência à saúde;  dade pelo Poder Público;
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o pre-
como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de
visto no art. 213 da Constituição Federal.
insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo
de ensino-aprendizagem.
TÍTULO IV
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL
ensino fundamental mais próxima de sua residência a
toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro)
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
anos de idade.
nicípios organizarão, em regime de colaboração, os res-
Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, du- pectivos sistemas de ensino.
rante o período de internação, ao aluno da educação § 1º Caberá à União a coordenação da política nacional
básica internado para tratamento de saúde em regime de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas
hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, confor- e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva
me dispuser o Poder Público em regulamento, na esfe- em relação às demais instâncias educacionais.
ra de sua competência federativa. (Incluído pela Lei nº § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organiza-
13.716, de 2018). ção nos termos desta Lei.

Art. 5° O acesso à educação básica obrigatória é direito Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento)
público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabo-
cidadãos, associação comunitária, organização sindi- ração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

cal, entidade de classe ou outra legalmente constituída


e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público ções oficiais do sistema federal de ensino e o dos Terri-
para exigi-lo.    tórios;
§ 1o O poder público, na esfera de sua competência fe- III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados,
derativa, deverá:  ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvi-
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em mento de seus sistemas de ensino e o atendimento prio-
idade escolar, bem como os jovens e adultos que não ritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função
concluíram a educação básica;  redistributiva e supletiva;
II - fazer-lhes a chamada pública; IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis-
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência trito Federal e os Municípios, competências e diretrizes
à escola. para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensi-
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Pú- no médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
blico assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o
seguida os demais níveis e modalidades de ensino, con- Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimen-
forme as prioridades constitucionais e legais. tos para identificação, cadastramento e atendimento, na

4
educação básica e na educação superior, de alunos com I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
altas habilidades ou superdotação; (Incluído pela Lei nº ções oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os
13.234, de 2015) às políticas e planos educacionais da União e dos Esta-
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a dos;
educação; II - exercer ação redistributiva em relação às suas esco-
VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendi- las;
mento escolar no ensino fundamental, médio e superior, III - baixar normas complementares para o seu sistema
em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando de ensino;
a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabeleci-
ensino; mentos do seu sistema de ensino;
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e V - oferecer a educação infantil em creches e pré-esco-
pós-graduação; las, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das ins- a atuação em outros níveis de ensino somente quando
tituições de educação superior, com a cooperação dos estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua
sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível área de competência e com recursos acima dos percen-
de ensino; tuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e manutenção e desenvolvimento do ensino.
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede mu-
educação superior e os estabelecimentos do seu sistema nicipal. 
de ensino.       Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda,
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Na- por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor
cional de Educação, com funções normativas e de super- com ele um sistema único de educação básica.
visão e atividade permanente, criado por lei.
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
IX, a União terá acesso a todos os dados e informações normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
necessários de todos os estabelecimentos e órgãos edu- incumbência de:
cacionais. I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que financeiros;
mantenham instituições de educação superior. III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-
  -aula estabelecidas;
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui- cada docente;
ções oficiais dos seus sistemas de ensino; V - prover meios para a recuperação dos alunos de me-
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração nor rendimento;
na oferta do ensino fundamental, as quais devem asse- VI - articular-se com as famílias e a comunidade, crian-
gurar a distribuição proporcional das responsabilidades, do processos de integração da sociedade com a escola;
de acordo com a população a ser atendida e os recursos VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus
financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a
Poder Público; frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, execução da proposta pedagógica da escola;
em consonância com as diretrizes e planos nacionais de VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz
educação, integrando e coordenando as suas ações e as competente da Comarca e ao respectivo representante
dos seus Municípios; do Ministério Público a relação dos alunos que apresen- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e tem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de do percentual permitido em lei.
educação superior e os estabelecimentos do seu sistema IX - promover medidas de conscientização, de prevenção
de ensino; e de combate a todos os tipos de violência, especialmen-
V - baixar normas complementares para o seu sistema te a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das
de ensino; escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, de paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018)
respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; 
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
estadual.  I - participar da elaboração da proposta pedagógica do
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as estabelecimento de ensino;
competências referentes aos Estados e aos Municípios. II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a pro-
posta pedagógica do estabelecimento de ensino;
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: III - zelar pela aprendizagem dos alunos;

5
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alu- II - privadas, assim entendidas as mantidas e adminis-
nos de menor rendimento; tradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
além de participar integralmente dos períodos dedica- Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadra-
dos ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento rão nas seguintes categorias: (Regulamento)
profissional; I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as
VI - colaborar com as atividades de articulação da esco- que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas
la com as famílias e a comunidade. físicas ou jurídicas de direito privado que não apresen-
tem as características dos incisos abaixo;
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da II - comunitárias, assim entendidas as que são institu-
gestão democrática do ensino público na educação bá- ídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
sica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais,
os seguintes princípios: sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade man-
I - participação dos profissionais da educação na elabo- tenedora representantes da comunidade; 
ração do projeto pedagógico da escola; III - confessionais, assim entendidas as que são institu-
II - participação das comunidades escolar e local em ídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
conselhos escolares ou equivalentes. pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional
e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior;
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades IV - filantrópicas, na forma da lei.
escolares públicas de educação básica que os integram
progressivos graus de autonomia pedagógica e admi- TÍTULO V
nistrativa e de gestão financeira, observadas as normas DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO
gerais de direito financeiro público. E ENSINO
CAPÍTULO I
Art. 16. O sistema federal de ensino
DA COMPOSIÇÃO DOS NÍVEIS ESCOLARES
compreende:(Regulamento)
Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
I - as instituições de ensino mantidas pela União;
I - educação básica, formada pela educação infantil, en-
II - as instituições de educação superior criadas e manti-
sino fundamental e ensino médio;
das pela iniciativa privada;
II - educação superior.
III - os órgãos federais de educação.
CAPÍTULO II
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Federal compreendem: Seção I
I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, Das Disposições Gerais
pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
II - as instituições de educação superior mantidas pelo Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver
Poder Público municipal; o educando, assegurar-lhe a formação comum indispen-
III - as instituições de ensino fundamental e médio cria- sável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios
das e mantidas pela iniciativa privada; para progredir no trabalho e em estudos posteriores.
IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Fede-
ral, respectivamente. Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em sé-
Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de ries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância re-
educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa pri- gular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

vada, integram seu sistema de ensino. base na idade, na competência e em outros critérios, ou
por forma diversa de organização, sempre que o inte-
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: resse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
I - as instituições do ensino fundamental, médio e de § 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
educação infantil mantidas pelo Poder Público munici- quando se tratar de transferências entre estabelecimen-
pal; tos situados no País e no exterior, tendo como base as
II - as instituições de educação infantil criadas e manti- normas curriculares gerais.
das pela iniciativa privada; § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculia-
III – os órgãos municipais de educação. ridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a crité-
rio do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis o número de horas letivas previsto nesta Lei.
classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
(Regulamento) Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e
I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorpora- médio, será organizada de acordo com as seguintes re-
das, mantidas e administradas pelo Poder Público; gras comuns:

6
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas ho- Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades res-
ras para o ensino fundamental e para o ensino médio, ponsáveis alcançar relação adequada entre o número
distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo de alunos e o professor, a carga horária e as condições
trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exa- materiais do estabelecimento.
mes finais, quando houver; (Redação dada pela Lei nº Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino,
13.415, de 2017); à vista das condições disponíveis e das características
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendi-
primeira do ensino fundamental, pode ser feita: mento do disposto neste artigo.
a) por promoção, para alunos que cursaram, com apro-
veitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino
b) por transferência, para candidatos procedentes de ou- fundamental e do ensino médio devem ter base nacio-
tras escolas; nal comum, a ser complementada, em cada sistema de
c) independentemente de escolarização anterior, me- ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma par-
diante avaliação feita pela escola, que defina o grau de te diversificada, exigida pelas características regionais e
desenvolvimento e experiência do candidato e permita locais da sociedade, da cultura, da economia e dos edu-
sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme re- candos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
gulamentação do respectivo sistema de ensino; § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abran-
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular ger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
por série, o regimento escolar pode admitir formas de pro- matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e
gressão parcial, desde que preservada a sequência do currí- da realidade social e política, especialmente do Brasil.
culo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alu- regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
nos de séries distintas, com níveis equivalentes de adian- educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
tamento na matéria, para o ensino de línguas estrangei- § 3º A educação física, integrada à proposta pedagó-
ras, artes, ou outros componentes curriculares;
gica da escola, é componente curricular obrigatório da
V - a verificação do rendimento escolar observará os se-
educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
guintes critérios:
(Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre
seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
os quantitativos e dos resultados ao longo do período
II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº
sobre os de eventuais provas finais;
10.793, de 1º.12.2003)
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos
com atraso escolar; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que,
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me- em situação similar, estiver obrigado à prática da edu-
diante verificação do aprendizado; cação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outu-
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de prefe- bro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
rência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas institui- VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de
ções de ensino em seus regimentos; 1º.12.2003)
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, con- § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
forme o disposto no seu regimento e nas normas do res- contribuições das diferentes culturas e etnias para a for-
pectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima mação do povo brasileiro, especialmente das matrizes
de setenta e cinco por cento do total de horas letivas indígena, africana e europeia.
para aprovação; § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada
escolares, declarações de conclusão de série e diplomas pela Lei nº 13.415, de 2017)
ou certificados de conclusão de cursos, com as especifi- § 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
cações cabíveis. linguagens que constituirão o componente curricular de
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso que trata o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
I do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no 13.278, de 2016)
ensino médio, para mil e quatrocentas horas, devendo § 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério
os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cin- dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolven-
co anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, do os temas transversais de que trata o caput. (Redação
a partir de 2 de março de 2017. (Incluído pela Lei nº dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
13.415, de 2017) § 8º A exibição de filmes de produção nacional cons-
§ 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de tituirá componente curricular complementar integrado
educação de jovens e adultos e de ensino noturno re- à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição
gular, adequado às condições do educando, conforme o obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. (In-
inciso VI do art. 4o. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) cluído pela Lei nº 13.006, de 2014)

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§ 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluída SEÇÃO II
entre os temas transversais de que trata o caput. (Inclu- DA EDUCAÇÃO INFANTIL
ído pela Lei nº 13.666, de 2018)
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação
caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricu- básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral
lar dependerá de aprovação do Conselho Nacional de da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico,
Educação e de homologação pelo Ministro de Estado da psicológico, intelectual e social, complementando a ação
Educação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) da família e da comunidade. (Redação dada pela Lei nº
12.796, de 2013)
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental
e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obri- Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
gatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de
indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). até três anos de idade;
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este ar- II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cin-
tigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura co) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
que caracterizam a formação da população brasileira, 2013)
a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo
da história da África e dos africanos, a luta dos negros Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo
e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indí- com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei
gena brasileira e o negro e o índio na formação da so- nº 12.796, de 2013)
ciedade nacional, resgatando as suas contribuições nas I - Avaliação mediante acompanhamento e registro do
áreas social, econômica e política, pertinentes à história desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de pro-
do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). moção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro- (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão minis- II - Carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) ho-
trados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial ras, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias
nas áreas de educação artística e de literatura e história de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de
brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). 2013)
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) ho-
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica ras diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, IV - Controle de frequência pela instituição de educação
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (ses-
comum e à ordem democrática; senta por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº
II - consideração das condições de escolaridade dos alu- 12.796, de 2013)
nos em cada estabelecimento; V - Expedição de documentação que permita atestar os
III - orientação para o trabalho; processos de desenvolvimento e aprendizagem da crian-
IV - promoção do desporto educacional e apoio às prá- ça. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
ticas desportivas não-formais.
SEÇÃO III
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população DO ENSINO FUNDAMENTAL
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações
necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração
rural e de cada região, especialmente: de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº
II - organização escolar própria, incluindo adequação do 11.274, de 2006)
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condi- I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
ções climáticas; como meios básicos o pleno domínio da leitura, da es-
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. crita e do cálculo;
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, II - a compreensão do ambiente natural e social, do sis-
indígenas e quilombolas será precedido de manifesta- tema político, da tecnologia, das artes e dos valores em
ção do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que se fundamenta a sociedade;
que considerará a justificativa apresentada pela Secreta- III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
ria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilida-
ação e a manifestação da comunidade escolar. (Incluído des e a formação de atitudes e valores;
pela Lei nº 12.960, de 2014) IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
de solidariedade humana e de tolerância recíproca em
que se assenta a vida social.

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§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o en- II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania
sino fundamental em ciclos. do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão re- capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições
gular por série podem adotar no ensino fundamental o de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
regime de progressão continuada, sem prejuízo da ava- III - o aprimoramento do educando como pessoa huma-
liação do processo de ensino-aprendizagem, observadas na, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
as normas do respectivo sistema de ensino. autonomia intelectual e do pensamento crítico;
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecno-
língua portuguesa, assegurada às comunidades indíge- lógicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
nas a utilização de suas línguas maternas e processos com a prática, no ensino de cada disciplina.
próprios de aprendizagem.
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá
ensino a distância utilizado como complementação da direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
aprendizagem ou em situações emergenciais. conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação,
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obriga- nas seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei
toriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças nº 13.415, de 2017)
e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº
de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Crian- 13.415, de 2017)
ça e do Adolescente, observada a produção e distribui- II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº
ção de material didático adequado. 13.415, de 2017)
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído
como tema transversal nos currículos do ensino funda- pela Lei nº 13.415, de 2017)
mental. IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela
Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é § 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o
parte integrante da formação básica do cidadão e cons- caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino,
titui disciplina dos horários normais das escolas públicas deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum
de ensino fundamental, assegurado o respeito à diver- Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico,
sidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer econômico, social, ambiental e cultural. (Incluído pela
formas de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, Lei nº 13.415, de 2017)
de 22.7.1997) § 2o A Base Nacional Comum Curricular referente ao
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedi- ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práti-
mentos para a definição dos conteúdos do ensino reli- cas de educação física, arte, sociologia e filosofia. (Inclu-
gioso e estabelecerão as normas para a habilitação e ído pela Lei nº 13.415, de 2017)
admissão dos professores. (Incluído pela Lei nº 9.475, de § 3o O ensino da língua portuguesa e da matemática
22.7.1997) será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegu-
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, cons- rada às comunidades indígenas, também, a utilização
tituída pelas diferentes denominações religiosas, para a das respectivas línguas maternas. (Incluído pela Lei nº
definição dos conteúdos do ensino religioso. 13.415, de 2017)
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obrigato-
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental inclui- riamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar
rá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, prefe-
de aula, sendo progressivamente ampliado o período de rencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilida-
permanência na escola. de de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das for- ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
mas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressi- Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a
vamente em tempo integral, a critério dos sistemas de mil e oitocentas horas do total da carga horária do en-
ensino. sino médio, de acordo com a definição dos sistemas de
ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
SEÇÃO IV § 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho es-
DO ENSINO MÉDIO perados para o ensino médio, que serão referência nos pro-
cessos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
com duração mínima de três anos, terá como finalida- § 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar
des: a formação integral do aluno, de maneira a adotar um
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimen- trabalho voltado para a construção de seu projeto de
tos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos
prosseguimento de estudos; e socioemocionais. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)

9
§ 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de ava- § 7º A oferta de formações experimentais relacionadas
liação processual e formativa serão organizados nas re- ao inciso V do caput, em áreas que não constem do Ca-
des de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, tálogo Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para
provas orais e escritas, seminários, projetos e atividades sua continuidade, do reconhecimento pelo respectivo
on-line, de tal forma que ao final do ensino médio o edu- Conselho Estadual de Educação, no prazo de três anos, e
cando demonstre: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) da inserção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos,
I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que no prazo de cinco anos, contados da data de oferta ini-
presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº cial da formação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
13.415, de 2017) § 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se
II - conhecimento das formas contemporâneas de lin- refere o inciso V do caput, realizada na própria institui-
guagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) ção ou em parceria com outras instituições, deverá ser
aprovada previamente pelo Conselho Estadual de Edu-
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela cação, homologada pelo Secretário Estadual de Educa-
Base Nacional Comum Curricular e por itinerários for- ção e certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela
mativos, que deverão ser organizados por meio da oferta Lei nº 13.415, de 2017)
de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância § 9º As instituições de ensino emitirão certificado com
para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de en- validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino
sino, a saber: (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) médio ao prosseguimento dos estudos em nível superior
I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei ou em outros cursos ou formações para os quais a con-
nº 13.415, de 2017) clusão do ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído
II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela pela Lei nº 13.415, de 2017)
Lei nº 13.415, de 2017) § 10. Além das formas de organização previstas no art.
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação 23, o ensino médio poderá ser organizado em módulos e
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) adotar o sistema de créditos com terminalidade especí-
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação fica. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 11. Para efeito de cumprimento das exigências curri-
V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº culares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão
13.415, de 2017) reconhecer competências e firmar convênios com insti-
§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e tuições de educação a distância com notório reconheci-
das respectivas competências e habilidades será feita de mento, mediante as seguintes formas de comprovação:
acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
ensino. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415,
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de de 2017)
2017) II - experiência de trabalho supervisionado ou outra ex-
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de periência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído
2017) pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008) III - atividades de educação técnica oferecidas em outras
§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser com- instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei nº
posto itinerário formativo integrado, que se traduz na 13.415, de 2017)
composição de componentes curriculares da Base Na- IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocupa-
cional Comum Curricular - BNCC e dos itinerários for- cionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
mativos, considerando os incisos I a V do caput. (Reda- V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais
ção dada pela Lei nº 13.415, de 2017) ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de VI - cursos realizados por meio de educação a distância
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do en- ou educação presencial mediada por tecnologias. (Inclu-
sino médio cursar mais um itinerário formativo de que ído pela Lei nº 13.415, de 2017)
trata o caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 12. As escolas deverão orientar os alunos no proces-
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de forma- so de escolha das áreas de conhecimento ou de atua-
ção com ênfase técnica e profissional considerará: Inclu- ção profissional previstas no caput. (Incluído pela Lei nº
ído pela Lei nº 13.415, de 2017) 13.415, de 2017)
I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecen- SEÇÃO IV-A
do parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instru- DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL
mentos estabelecidos pela legislação sobre aprendiza- MÉDIO
gem profissional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
II - a possibilidade de concessão de certificados inter- Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste
mediários de qualificação para o trabalho, quando a Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do
formação for estruturada e organizada em etapas com educando, poderá prepará-lo para o exercício de profis-
terminalidade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) sões técnicas.

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Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, própria e constituirá instrumento para a educação e a
facultativamente, a habilitação profissional poderão ser aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada pela Lei
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino nº 13.632, de 2018)
médio ou em cooperação com instituições especializa- § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
das em educação profissional aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os
estudos na idade regular, oportunidades educacionais
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio apropriadas, consideradas as características do alunado,
será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela seus interesses, condições de vida e de trabalho, median-
Lei nº 11.741, de 2008) te cursos e exames.
I - articulada com o ensino médio; § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso
II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha e a permanência do trabalhador na escola, mediante
concluído o ensino médio. ações integradas e complementares entre si.
Parágrafo único. A educação profissional técnica de ní- § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
vel médio deverá observar: preferencialmente, com a educação profissional, na for-
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curri- ma do regulamento.
culares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
de Educação; Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
II - as normas complementares dos respectivos sistemas supletivos, que compreenderão a base nacional comum
de ensino; do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos ter- em caráter regular.
mos de seu projeto pedagógico. § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível mé- maiores de quinze anos;
dio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B II - no nível de conclusão do ensino médio, para os
desta Lei, será desenvolvida de forma: maiores de dezoito anos.
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha con- § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
cluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado educandos por meios informais serão aferidos e reco-
de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional nhecidos mediante exames.
técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino,
efetuando-se matrícula única para cada aluno; CAPÍTULO III
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
distintas para cada curso, e podendo ocorrer:
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cum-
oportunidades educacionais disponíveis; primento dos objetivos da educação nacional, integra-se
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às
as oportunidades educacionais disponíveis; dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios § 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica
de intercomplementaridade, visando ao planejamento e poderão ser organizados por eixos tecnológicos, possibi-
ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. litando a construção de diferentes itinerários formativos,
observadas as normas do respectivo sistema e nível de
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profis- ensino.
sional técnica de nível médio, quando registrados, terão § 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os
validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de seguintes cursos: CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
estudos na educação superior. I – de formação inicial e continuada ou qualificação pro-
Parágrafo único. Os cursos de educação profissional fissional;
técnica de nível médio, nas formas articulada concomi- II – de educação profissional técnica de nível médio;
tante e subsequente, quando estruturados e organizados III – de educação profissional tecnológica de graduação
em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção e pós-graduação.
de certificados de qualificação para o trabalho após a § 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de
conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que ca- graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que
racterize uma qualificação para o trabalho. concerne a objetivos, características e duração, de acor-
do com as diretrizes curriculares nacionais estabelecidas
SEÇÃO V pelo Conselho Nacional de Educação.
DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destina- articulação com o ensino regular ou por diferentes es-
da àqueles que não tiveram acesso ou continuidade tratégias de educação continuada, em instituições espe-
de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade cializadas ou no ambiente de trabalho. (Regulamento)

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Art. 41. O conhecimento adquirido na educação pro- III - de pós-graduação, compreendendo programas de
fissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser mestrado e doutorado, cursos de especialização, aper-
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para feiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados
prosseguimento ou conclusão de estudos. em cursos de graduação e que atendam às exigências
das instituições de ensino;
Art. 42. As instituições de educação profissional e tecno- IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requi-
lógica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos sitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrí- § 1º. Os resultados do processo seletivo referido no in-
cula à capacidade de aproveitamento e não necessaria- ciso II do caput deste artigo serão tornados públicos
mente ao nível de escolaridade. pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória
a divulgação da relação nominal dos classificados, a
CAPÍTULO IV respectiva ordem de classificação, bem como do crono-
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR grama das chamadas para matrícula, de acordo com os
critérios para preenchimento das vagas constantes do
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: respectivo edital. (Incluído pela Lei nº 11.331, de 2006)
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do (Renumerado do parágrafo único para § 1º pela Lei nº
espírito científico e do pensamento reflexivo; 13.184, de 2015).
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conheci- § 2º No caso de empate no processo seletivo, as insti-
mento, aptos para a inserção em setores profissionais e tuições públicas de ensino superior darão prioridade de
para a participação no desenvolvimento da sociedade matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar
brasileira, e colaborar na sua formação contínua; inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor renda
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação familiar, quando mais de um candidato preencher o cri-
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tério inicial. (Incluído pela Lei nº 13.184, de 2015)
tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse § 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará as
modo, desenvolver o entendimento do homem e do
competências e as habilidades definidas na Base Nacional
meio em que vive;
Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da hu-
Art. 45. A educação superior será ministrada em institui-
manidade e comunicar o saber através do ensino, de pu-
ções de ensino superior, públicas ou privadas, com varia-
blicações ou de outras formas de comunicação;
dos graus de abrangência ou especialização.
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
cultural e profissional e possibilitar a correspondente
concretização, integrando os conhecimentos que vão Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos,
sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistemati- bem como o credenciamento de instituições de educa-
zadora do conhecimento de cada geração; ção superior, terão prazos limitados, sendo renovados,
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo periodicamente, após processo regular de avaliação.
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar (Regulamento)
serviços especializados à comunidade e estabelecer com § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências
esta uma relação de reciprocidade; eventualmente identificadas pela avaliação a que se re-
VII - promover a extensão, aberta à participação da po- fere este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar,
pulação, visando à difusão das conquistas e benefícios conforme o caso, em desativação de cursos e habilita-
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e ções, em intervenção na instituição, em suspensão tem-
tecnológica geradas na instituição. porária de prerrogativas da autonomia, ou em descre-
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimo- denciamento.
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

ramento da educação básica, mediante a formação e a


capacitação de profissionais, a realização de pesquisas responsável por sua manutenção acompanhará o pro-
pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de ex- cesso de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se
tensão que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído necessários, para a superação das deficiências.
pela Lei nº 13.174, de 2015) § 3º No caso de instituição privada, além das sanções
previstas no § 1º, o processo de reavaliação poderá re-
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cur- sultar também em redução de vagas autorizadas, sus-
sos e programas:  pensão temporária de novos ingressos e de oferta de
I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes cursos. (Incluído pela Medida Provisória nº 785, de 2017)
níveis de abrangência, abertos a candidatos que aten- § 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante
dam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de procedimento específico e com a aquiescência da ins-
ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou tituição de ensino, com vistas a resguardar o interesse
equivalente; dos estudantes, comutar as penalidades previstas nos §
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham 1o e § 3º em outras medidas, desde que adequadas para
concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido a superação das deficiências e irregularidades constata-
classificados em processo seletivo; das. (Incluído pela Medida Provisória nº 785, de 2017)

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§ 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Fede- b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular
ral deverão adotar os critérios definidos pela União para de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída
autorização de funcionamento de curso de graduação pela lei nº 13.168, de 2015)
em Medicina. (Incluído pela Lei nº 13.530, de 2017) c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas
em cada curso, as disciplinas que efetivamente ministra-
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, inde- rá naquele curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a
pendente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de qualificação profissional do docente e o tempo de casa
trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado do docente, de forma total, contínua ou intermitente.
aos exames finais, quando houver. (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveita-
de cada período letivo, os programas dos cursos e de- mento nos estudos, demonstrado por meio de provas e
mais componentes curriculares, sua duração, requisitos, outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados
qualificação dos professores, recursos disponíveis e crité- por banca examinadora especial, poderão ter abreviada
rios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos
condições, e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) sistemas de ensino.
primeiras formas concomitantemente: (Redação dada § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
pela lei nº 13.168, de 2015). salvo nos programas de educação a distância.
I - em página específica na internet no sítio eletrônico § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o se- período noturno, cursos de graduação nos mesmos pa-
guinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) drões de qualidade mantidos no período diurno, sendo
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas,
título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº garantida a necessária previsão orçamentária.
13.168, de 2015)
b) a página principal da instituição de ensino superior, Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
bem como a página da oferta de seus cursos aos ingres- quando registrados, terão validade nacional como prova
santes sob a forma de vestibulares, processo seletivo e da formação recebida por seu titular.
outras com a mesma finalidade, deve conter a ligação § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão
desta com a página específica prevista neste inciso; (In- por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por ins-
cluída pela lei nº 13.168, de 2015) tituições não-universitárias serão registrados em univer-
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio sidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
eletrônico, deve criar página específica para divulgação § 2º Os diplomas de graduação expedidos por universi-
das informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei dades estrangeiras serão revalidados por universidades
nº 13.168, de 2015) públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou
d) a página específica deve conter a data completa de equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de
sua última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de reciprocidade ou equiparação.
2015) § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedi-
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de en- dos por universidades estrangeiras só poderão ser reco-
sino superior, por meio de ligação para a página referida nhecidos por universidades que possuam cursos de pós-
no inciso I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) -graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área
III - em local visível da instituição de ensino superior e de conhecimento e em nível equivalente ou superior.
de fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168,
de 2015) Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a
IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hi-
de acordo com a duração das disciplinas de cada curso pótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
oferecido, observando o seguinte: (Incluído pela lei nº Parágrafo único. As transferências  ex officio  dar-se-ão
13.168, de 2015) na forma da lei. (Regulamento)
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração dife-
renciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela Art. 50. As instituições de educação superior, quando da
lei nº 13.168, de 2015) ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do seus cursos a alunos não regulares que demonstrarem
início das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) capacidade de cursá-las com proveito, mediante proces-
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo do- so seletivo prévio.
cente até o início das aulas, os alunos devem ser comu-
nicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, Art. 51. As instituições de educação superior credencia-
de 2015) das como universidades, ao deliberar sobre critérios e
V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela normas de seleção e admissão de estudantes, levarão
lei nº 13.168, de 2015) em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição ensino médio, articulando-se com os órgãos normativos
de ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) dos sistemas de ensino.

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Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplina- § 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser diri-
res de formação dos quadros profissionais de nível supe- gidas a setores ou projetos específicos, conforme acor-
rior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do do entre doadores e universidades. (Incluído pela Lei nº
saber humano, que se caracterizam por: (Regulamento) 13.490, de 2017)
I - produção intelectual institucionalizada mediante o § 3º No caso das universidades públicas, os recursos das
estudo sistemático dos temas e problemas mais relevan- doações devem ser dirigidos ao caixa único da institui-
tes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto ção, com destinação garantida às unidades a serem be-
regional e nacional; neficiadas. (Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017)
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titula-
ção acadêmica de mestrado ou doutorado; Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público
III - um terço do corpo docente em regime de tempo gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial
integral. para atender às peculiaridades de sua estrutura, organi-
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades zação e financiamento pelo Poder Público, assim como
especializadas por campo do saber. (Regulamento) dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu
pessoal.
Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribui-
às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes ções asseguradas pelo artigo anterior, as universidades
atribuições: públicas poderão:
I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e pro- I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e ad-
gramas de educação superior previstos nesta Lei, obede- ministrativo, assim como um plano de cargos e salários,
cendo às normas gerais da União e, quando for o caso, atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos
do respectivo sistema de ensino; (Regulamento) disponíveis;
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, ob- II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformi-
servadas as diretrizes gerais pertinentes; dade com as normas gerais concernentes;
III - estabelecer planos, programas e projetos de pesqui- III - aprovar e executar planos, programas e projetos de
sa científica, produção artística e atividades de extensão; investimentos referentes a obras, serviços e aquisições
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacida- em geral, de acordo com os recursos alocados pelo res-
de institucional e as exigências do seu meio; pectivo Poder mantenedor;
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
em consonância com as normas gerais atinentes; V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; suas peculiaridades de organização e funcionamento;
VII - firmar contratos, acordos e convênios; VI - realizar operações de crédito ou de financiamento,
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de com aprovação do Poder competente, para aquisição de
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições bens imóveis, instalações e equipamentos;
em geral, bem como administrar rendimentos conforme VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras
dispositivos institucionais; providências de ordem orçamentária, financeira e patri-
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma monial necessárias ao seu bom desempenho.
prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser
estatutos; estendidas a instituições que comprovem alta qualifica-
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e ção para o ensino ou para a pesquisa, com base em ava-
cooperação financeira resultante de convênios com enti- liação realizada pelo Poder Público.
dades públicas e privadas.
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários dis- e desenvolvimento das instituições de educação superior
poníveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, de por ela mantidas.
2017)
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; Art. 56. As instituições públicas de educação superior
(Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegu-
II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada rada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de
pela Lei nº 13.490, de 2017) que participarão os segmentos da comunidade institu-
III - elaboração da programação dos cursos; (Redação cional, local e regional.
dada pela Lei nº 13.490, de 2017) Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocupa-
IV - programação das pesquisas e das atividades de ex- rão setenta por cento dos assentos em cada órgão co-
tensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) legiado e comissão, inclusive nos que tratarem da ela-
V - contratação e dispensa de professores; (Redação boração e modificações estatutárias e regimentais, bem
dada pela Lei nº 13.490, de 2017) como da escolha de dirigentes.
VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei
nº 13.490, de 2017)

14
Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino
o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas se- estabelecerão critérios de caracterização das instituições
manais de aulas. (Regulamento) privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atua-
ção exclusiva em educação especial, para fins de apoio
CAPÍTULO V técnico e financeiro pelo Poder Público.
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Parágrafo único.  O poder público adotará, como alter-
nativa preferencial, a ampliação do atendimento aos
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efei- educandos com deficiência, transtornos globais do de-
tos desta Lei, a modalidade de educação escolar ofere- senvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
cida preferencialmente na rede regular de ensino, para própria rede pública regular de ensino, independente-
educandos com deficiência, transtornos globais do de- mente do apoio às instituições previstas neste artigo.  
senvolvimento e altas habilidades ou superdotação.  
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio espe- TÍTULO VI
cializado, na escola regular, para atender às peculiarida- DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
des da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, Art. 61. Consideram-se profissionais da educação esco-
escolas ou serviços especializados, sempre que, em fun- lar básica os que, nela estando em efetivo exercício e
ção das condições específicas dos alunos, não for possível tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: 
a sua integração nas classes comuns de ensino regular. I – professores habilitados em nível médio ou superior
§ 3º § 3º A oferta de educação especial, nos termos para a docência na educação infantil e nos ensinos fun-
do caput deste artigo, tem início na educação infantil e damental e médio; 
estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do II – trabalhadores em educação portadores de diploma
art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação de pedagogia, com habilitação em administração, pla-
dada pela Lei nº 13.632, de 2018) nejamento, supervisão, inspeção e orientação educacio-
nal, bem como com títulos de mestrado ou doutorado
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educan- nas mesmas áreas; 
dos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- III - trabalhadores em educação, portadores de diploma
mento e altas habilidades ou superdotação:  de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim;
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos
organização específicos, para atender às suas necessi- respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos
dades; de áreas afins à sua formação ou experiência profissio-
II - terminalidade específica para aqueles que não pude- nal, atestados por titulação específica ou prática de ensi-
rem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino no em unidades educacionais da rede pública ou priva-
fundamental, em virtude de suas deficiências, e acelera- da ou das corporações privadas em que tenham atuado,
ção para concluir em menor tempo o programa escolar exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art.
para os superdotados; 36; (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
III - professores com especialização adequada em nível V - profissionais graduados que tenham feito complemen-
médio ou superior, para atendimento especializado, bem tação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Na-
como professores do ensino regular capacitados para a cional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
integração desses educandos nas classes comuns; Parágrafo único.  A formação dos profissionais da edu-
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua cação, de modo a atender às especificidades do exercício
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive con- de suas atividades, bem como aos objetivos das diferen-
dições adequadas para os que não revelarem capacida- tes etapas e modalidades da educação básica, terá como
de de inserção no trabalho competitivo, mediante ar- fundamentos:  CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
ticulação com os órgãos oficiais afins, bem como para I – a presença de sólida formação básica, que propicie o
aqueles que apresentam uma habilidade superior nas conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de
áreas artística, intelectual ou psicomotora; suas competências de trabalho; 
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas so- II – a associação entre teorias e práticas, mediante está-
ciais suplementares disponíveis para o respectivo nível gios supervisionados e capacitação em serviço;
do ensino regular. III – o aproveitamento da formação e experiências ante-
riores, em instituições de ensino e em outras atividades.
Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro na-
cional de alunos com altas habilidades ou superdotação Art. 62. A formação de docentes para atuar na educa-
matriculados na educação básica e na educação supe- ção básica far-se-á em nível superior, em curso de licen-
rior, a fim de fomentar a execução de políticas públicas ciatura plena, admitida, como formação mínima para o
destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialida- exercício do magistério na educação infantil e nos cinco
des desse alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em
2015) nível médio, na modalidade normal. (Redação dada pela
lei nº 13.415, de 2017)

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§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Muni- § 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem defini-
cípios, em regime de colaboração, deverão promover a dos em regulamento pelas universidades, terão priorida-
formação inicial, a continuada e a capacitação dos pro- de de ingresso os professores que optarem por cursos de
fissionais de magistério. licenciatura em matemática, física, química, biologia e
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profis- língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
sionais de magistério poderão utilizar recursos e tecno-
logias de educação a distância. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: 
§ 3º  A formação inicial de profissionais de magistério I - cursos formadores de profissionais para a educação
dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamen- básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
te fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a formação de docentes para a educação infantil e para
distância. as primeiras séries do ensino fundamental;
§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí- II - programas de formação pedagógica para portadores
pios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e per- de diplomas de educação superior que queiram se dedi-
manência em cursos de formação de docentes em nível car à educação básica;
superior para atuar na educação básica pública. III - programas de educação continuada para os profis-
§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí- sionais de educação dos diversos níveis.
pios incentivarão a formação de profissionais do magis-
tério para atuar na educação básica pública mediante Art. 64. A formação de profissionais de educação para
programa institucional de bolsa de iniciação à docência administração, planejamento, inspeção, supervisão e
a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de orientação educacional para a educação básica, será
graduação plena, nas instituições de educação superior.  feita em cursos de graduação em pedagogia ou em ní-
§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota vel de pós-graduação, a critério da instituição de ensino,
mínima em exame nacional aplicado aos concluintes garantida, nesta formação, a base comum nacional.
do ensino médio como pré-requisito para o ingresso em
cursos de graduação para formação de docentes, ouvido
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação
o Conselho Nacional de Educação - CNE. 
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, tre-
§ 7o (Vetado). 
zentas horas.
§ 8o Os currículos dos cursos de formação de docentes
terão por referência a Base Nacional Comum Curricular.
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério su-
(Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei nº 13.415,
perior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritaria-
de 2017)
mente em programas de mestrado e doutorado.
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por uni-
Art. 62. A-  A formação dos profissionais a que se refere
o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de con- versidade com curso de doutorado em área afim, poderá
teúdo técnicopedagógico, em nível médio ou superior, suprir a exigência de título acadêmico.
incluindo habilitações tecnológicas.  
Parágrafo único.  Garantir-se-á formação continuada Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização
para os profissionais a que se refere o  caput, no local dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclu-
de trabalho ou em instituições de educação básica e su- sive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do
perior, incluindo cursos de educação profissional, cursos magistério público:
superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós- I - ingresso exclusivamente por concurso público de pro-
-graduação.   vas e títulos;
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive
Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de com licenciamento periódico remunerado para esse fim;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

educação básica a cursos superiores de pedagogia e li- III - piso salarial profissional;
cenciatura será efetivado por meio de processo seletivo IV - progressão funcional baseada na titulação ou habi-
diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) litação, e na avaliação do desempenho;
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput V - período reservado a estudos, planejamento e avalia-
deste artigo os professores das redes públicas munici- ção, incluído na carga de trabalho;
pais, estaduais e federal que ingressaram por concurso VI - condições adequadas de trabalho.
público, tenham pelo menos três anos de exercício da § 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercí-
profissão e não sejam portadores de diploma de gradu- cio profissional de quaisquer outras funções de magisté-
ação. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017) rio, nos termos das normas de cada sistema de ensino.
§ 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta § 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no §
de cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão 8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas
critérios adicionais de seleção sempre que acorrerem aos funções de magistério as exercidas por professores e es-
certames interessados em número superior ao de vagas pecialistas em educação no desempenho de atividades
disponíveis para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei educativas, quando exercidas em estabelecimento de
nº 13.478, de 2017) educação básica em seus diversos níveis e modalidades,

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incluídas, além do exercício da docência, as de direção § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a corre-
de unidade escolar e as de coordenação e assessoramen- ção monetária e à responsabilização civil e criminal das
to pedagógico. autoridades competentes.
§ 3o A União prestará assistência técnica aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desen-
concursos públicos para provimento de cargos dos pro- volvimento do ensino as despesas realizadas com vistas
fissionais da educação.   à consecução dos objetivos básicos das instituições edu-
cacionais de todos os níveis, compreendendo as que se
TÍTULO VII destinam a:
DOS RECURSOS FINANCEIROS I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e
demais profissionais da educação;
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação
instalações e equipamentos necessários ao ensino;
os originários de:
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas vi-
Distrito Federal e dos Municípios;
sando precipuamente ao aprimoramento da qualidade
II - receita de transferências constitucionais e outras e à expansão do ensino;
transferências; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcio-
III - receita do salário-educação e de outras contribui- namento dos sistemas de ensino;
ções sociais; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas
IV - receita de incentivos fiscais; públicas e privadas;
V - outros recursos previstos em lei. VII - amortização e custeio de operações de crédito des-
tinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo;
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de de- VIII - aquisição de material didático-escolar e manuten-
zoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte ção de programas de transporte escolar.
e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Consti-
tuições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos, Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e de-
compreendidas as transferências constitucionais, na manu- senvolvimento do ensino aquelas realizadas com:
tenção e desenvolvimento do ensino público. (Vide Medida I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de en-
Provisória nº 773, de 2017) (Vigência encerrada). sino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino,
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni- qualidade ou à sua expansão;
cípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não II - subvenção a instituições públicas ou privadas de ca-
será considerada, para efeito do cálculo previsto neste ráter assistencial, desportivo ou cultural;
artigo, receita do governo que a transferir. III - formação de quadros especiais para a administração
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impos- pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos;
tos mencionadas neste artigo as operações de crédito IV - programas suplementares de alimentação, assistên-
por antecipação de receita orçamentária de impostos. cia médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e
§ 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes outras formas de assistência social;
V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para
aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada
beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;
a receita estimada na lei do orçamento anual, ajusta-
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educa-
da, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura
ção, quando em desvio de função ou em atividade alheia
de créditos adicionais, com base no eventual excesso de
à manutenção e desenvolvimento do ensino.
arrecadação. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previs- Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e desen-
tas e as efetivamente realizadas, que resultem no não volvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos
atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, se- balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a
rão apuradas e corrigidas a cada trimestre do exercício que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.
financeiro. Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, priorita-
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa riamente, na prestação de contas de recursos públicos,
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição
pios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucio-
educação, observados os seguintes prazos: nais Transitórias e na legislação concernente.
I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de
cada mês, até o vigésimo dia; Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Dis-
II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigési- trito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão míni-
mo dia de cada mês, até o trigésimo dia; mo de oportunidades educacionais para o ensino funda-
III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao mental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno,
final de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente. capaz de assegurar ensino de qualidade.

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Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este arti- TÍTULO VIII
go será calculado pela União ao final de cada ano, com DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
validade para o ano subsequente, considerando varia-
ções regionais no custo dos insumos e as diversas moda- Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colabora-
lidades de ensino. ção das agências federais de fomento à cultura e de as-
sistência aos índios, desenvolverá programas integrados
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar
Estados será exercida de modo a corrigir, progressiva- bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os se-
mente, as disparidades de acesso e garantir o padrão guintes objetivos:
mínimo de qualidade de ensino. I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos,
§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fór- a recuperação de suas memórias históricas; a reafirma-
mula de domínio público que inclua a capacidade de ção de suas identidades étnicas; a valorização de suas
atendimento e a medida do esforço fiscal do respectivo línguas e ciências;
Estado, do Distrito Federal ou do Município em favor da II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o
manutenção e do desenvolvimento do ensino. acesso às informações, conhecimentos técnicos e cientí-
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo será ficos da sociedade nacional e demais sociedades indíge-
definida pela razão entre os recursos de uso constitucio- nas e não-índias.
nalmente obrigatório na manutenção e desenvolvimen-
to do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os
mínimo de qualidade. sistemas de ensino no provimento da educação intercul-
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, tural às comunidades indígenas, desenvolvendo progra-
a União poderá fazer a transferência direta de recursos a mas integrados de ensino e pesquisa.
cada estabelecimento de ensino, considerado o número § 1º Os programas serão planejados com audiência das
de alunos que efetivamente frequentam a escola. comunidades indígenas.
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos
exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos nos Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes
Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino objetivos:
de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua mater-
e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número inferior à na de cada comunidade indígena;
sua capacidade de atendimento. II - manter programas de formação de pessoal especia-
lizado, destinado à educação escolar nas comunidades
Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no arti- indígenas;
go anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento III - desenvolver currículos e programas específicos, ne-
pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto les incluindo os conteúdos culturais correspondentes às
nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais. respectivas comunidades;
IV - elaborar e publicar sistematicamente material didá-
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas tico específico e diferenciado.
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, § 3o No que se refere à educação superior, sem preju-
confessionais ou filantrópicas que: ízo de outras ações, o atendimento aos povos indíge-
I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam nas efetivar-se-á, nas universidades públicas e privadas,
resultados, dividendos, bonificações, participações ou par- mediante a oferta de ensino e de assistência estudantil,
cela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; assim como de estímulo à pesquisa e desenvolvimento
II - apliquem seus excedentes financeiros em educação; de programas especiais.
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Art. 79-A. (Vetado)


Poder Público, no caso de encerramento de suas ativi-
dades; Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de no-
IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos re- vembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.
cebidos.
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento
destinados a bolsas de estudo para a educação básica, e a veiculação de programas de ensino a distância, em
na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação
de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regu- continuada. (Regulamento)
lares da rede pública de domicílio do educando, ficando § 1º A educação a distância, organizada com abertura e
o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na regime especiais, será oferecida por instituições especifi-
expansão da sua rede local. camente credenciadas pela União.
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão § 2º A União regulamentará os requisitos para a reali-
poderão receber apoio financeiro do Poder Público, in- zação de exames e registro de diploma relativos a cursos
clusive mediante bolsas de estudo. de educação a distância.

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§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de § 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, suple-
programas de educação a distância e a autorização para tivamente, a União, devem:
sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de I - (Revogado)
ensino, podendo haver cooperação e integração entre os a) (Revogado) 
diferentes sistemas. (Regulamento) b) (Revogado) 
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento dife- c) (Revogado)
renciado, que incluirá: II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais adultos insuficientemente escolarizados;
de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros III - realizar programas de capacitação para todos os
meios de comunicação que sejam explorados mediante professores em exercício, utilizando também, para isto,
autorização, concessão ou permissão do poder público; os recursos da educação a distância;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino funda-
educativas; mental do seu território ao sistema nacional de avalia-
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder ção do rendimento escolar.
Público, pelos concessionários de canais comerciais. § 4º (Revogado)
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a pro-
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou institui- gressão das redes escolares públicas urbanas de ensino
ções de ensino experimentais, desde que obedecidas as fundamental para o regime de escolas de tempo integral.
disposições desta Lei. § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Esta-
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas dos aos seus Municípios, ficam condicionadas ao cum-
de realização de estágio em sua jurisdição, observada a primento do art. 212 da Constituição Federal e dispositi-
lei federal sobre a matéria. vos legais pertinentes pelos governos beneficiados.

Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, Art. 87.A- (Vetado).  
admitida a equivalência de estudos, de acordo com as
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
normas fixadas pelos sistemas de ensino.
cípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino
às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
partir da data de sua publicação.
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas res-
§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatu-
pectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de
tos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas
acordo com seu rendimento e seu plano de estudos.
dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes
estabelecidos.
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação § 2º O prazo para que as universidades cumpram o dis-
própria poderá exigir a abertura de concurso público de posto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.
provas e títulos para cargo de docente de instituição pú-
blica de ensino que estiver sendo ocupado por professor Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a
não concursado, por mais de seis anos, ressalvados os ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publi-
direitos assegurados pelos arts. 41 da Constituição Fe- cação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino.
deral e 19 do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
sitórias. Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regi-
me anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas
Art. 86. As instituições de educação superior constituí- pelo Conselho Nacional de Educação ou, mediante de-
das como universidades integrar-se-ão, também, na sua legação deste, pelos órgãos normativos dos sistemas de CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
condição de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacio- ensino, preservada a autonomia universitária.
nal de Ciência e Tecnologia, nos termos da legislação
específica. Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

TÍTULO IX Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024,


DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novem-
bro de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de
um ano a partir da publicação desta Lei. 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais leis
desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano e decretos-lei que as modificaram e quaisquer outras
Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os disposições em contrário.
dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mun-
dial sobre Educação para Todos. Fonte: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
§ 2º (Revogado) vil_03/constituicao/constituicao.htm

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Resposta: Letra E. Conforme o Art. 4º “O dever do Esta-
do com educação escolar pública será efetivado mediante
EXERCÍCIO COMENTADO a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
1. (Prefeitura de Itajaí/SC – Professor de Ens. Funda- aos 17 (dezessete) anos de idade”.
mental Geografia – IESES/2013) Leia as assertivas e assi-
nale a alternativa correspondente: 3. (INSS- Analista Pedagogia- Superior - FUNRIO/2017)
I. O direito à educação e o dever do Estado com a edu- Segundo o artigo 24 da Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
cação escolar pública está efetivado em lei, por exemplo, ção Nacional 9394 de 1996, em seu inciso VI, o controle de
mediante a garantia de ensino fundamental obrigatório e frequência dos alunos ficará a cargo da
gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
idade própria. a) secretaria de ensino municipal, conforme o disposto no
II. A União incumbir-se-á de elaborar o Plano Nacional de seu regimento, e exigida a frequência mínima de setenta
Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Fe- e cinco por cento do total de horas letivas para aprova-
deral e os Municípios. ção.
III. Os Municípios incumbir-se-ão de organizar, manter e b) secretaria de ensino estadual, conforme o disposto no
desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus siste- seu regulamento, e exigida a frequência mínima de se-
mas de ensino, integrando-os às políticas e planos educa- tenta e cinco por cento do total de horas letivas para
cionais da União e dos Estados. aprovação.
c) escola, conforme o disposto no seu regimento e nas nor-
a) Duas assertivas estão corretas. mas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequ-
b) As três assertivas estão corretas. ência mínima de setenta e cinco por cento do total de
c) Apenas duas assertivas estão corretas. horas letivas para aprovação.
d) Nenhuma das assertivas está correta. d) escola, conforme o disposto no seu regimento, e exigida
a frequência mínima de oitenta e cinco por cento do to-
Resposta: Letra B. Lei de diretrizes e bases da educa- tal de horas letivas para aprovação.
ção - Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. e) secretaria de educação básica do MEC, conforme o
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública disposto em regimento federal, e exigida a frequência
será efetivado mediante a garantia de: mínima de oitenta e cinco por cento do total de horas
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive letivas para aprovação.
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
Art. 9º A União incumbir-se-á de: Resposta: Letra C. O controle de frequência fica a car-
I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabora- go da escola, conforme o disposto no seu regimento e
ção com os estados, o nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a
Distrito Federal e os municípios; frequência mínima de setenta e cinco por cento do total
Art. 11. Os municípios incumbir-se-ão de: de horas letivas para aprovação.
I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
ções oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os
às políticas e planos educacionais da União e dos estados. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DO
ENSINO MÉDIO (RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº
2. (TJ/GO- Analista Judiciário- Pedagogia- FGV/2017) A
2/2012);
educação escolar, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, é dever da
família e do Estado.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Cabe ao Estado garantir, a partir da nova redação do Art. 4º #FicaDica


da LDB instituída pela Lei nº 12.796, de 2013:
É imprescindível que o MEC articule e
a) educação básica obrigatória e gratuita dos seis aos qua- compatibilize, com estas Diretrizes, as
torze anos de idade; expectativas de aprendizagem, a formação de
b) educação infantil e ensino fundamental obrigatórios e professores, os investimentos em materiais
gratuitos; didáticos, e as avaliações de desempenho e
c) ensino fundamental e ensino médio obrigatórios e gra- exames nacionais, especialmente o ENEM.
tuitos; Com essa compatibilização, o Ensino Médio,
d) educação básica obrigatória e gratuita a todos que de- em âmbito nacional, ganhará coerência e
sejarem cursá-la; consistência, visando à sua almejada qualidade
e) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos social.
dezessete anos de idade.

20
RESOLUÇÃO Nº 2, DE 30 DE JANEIRO 2012 III – o aprimoramento do educando como pessoa huma-
na, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
Define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino autonomia intelectual e do pensamento crítico;
Médio. IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecno-
lógicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
O Presidente da Câmara de Educação Básica do Con- com a prática.
selho Nacional de Educação, em conformidade com o dis-
posto no artigo 9º, § 1º, alínea “c” da Lei nº 4.024/61, de Art. 5º O Ensino Médio em todas as suas formas de ofer-
20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº ta e organização, baseia-se em:
9.131, de 25 de novembro de 1995, nos artigos 22, 23, 24, I – formação integral do estudante;
25, 26, 26-A, 27, 35, 36,36-A, 36-B e 36-C da Lei nº 9.394, II – trabalho e pesquisa como princípios educativos e pe-
de 20 de dezembro de 1996, e tendo em vista o Parecer dagógicos, respectivamente;
CEB/CNE nº 5/2011, homologado por Despacho do Senhor III – educação em direitos humanos como princípio na-
Ministro de Estado da Educação, publicado no DOU de 24 cional norteador;
de janeiro de 2011, resolve: IV – sustentabilidade ambiental como meta universal;
V – indissociabilidade entre educação e prática social,
TÍTULO I considerando-se a historicidade dos conhecimentos e
OBJETO E REFERENCIAL dos sujeitos do processo educativo, bem como entre teo-
CAPÍTULO I ria e prática no processo de ensino-aprendizagem;
OBJETO VI – integração de conhecimentos gerais e, quando for
o caso, técnico-profissionais realizada na perspectiva da
Art. 1º A presente Resolução define as Diretrizes Cur- interdisciplinaridade e da contextualização;
riculares Nacionais para o Ensino Médio, a serem ob- VII – reconhecimento e aceitação da diversidade e da
servadas na organização curricular pelos sistemas de realidade concreta dos sujeitos do processo educativo,
ensino e suas unidades escolares. das formas de produção, dos processos de trabalho e das
Parágrafo único Estas Diretrizes aplicam-se a todas as culturas a eles subjacentes;
formas e modalidades de Ensino Médio, complementa- VIII – integração entre educação e as dimensões do tra-
das, quando necessário, por Diretrizes próprias. balho, da ciência, da tecnologia e da cultura como base
da proposta e do desenvolvimento curricular.
Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para o En- § 1º O trabalho é conceituado na sua perspectiva onto-
sino Médio articulam-se com as Diretrizes Curriculares lógica de transformação da natureza, como realização
Nacionais Gerais para a Educação Básica e reúnem inerente ao ser humano e como mediação no processo
princípios, fundamentos e procedimentos, definidos pelo de produção da sua existência.
Conselho Nacional de Educação, para orientar as po- § 2º A ciência é conceituada como o conjunto de co-
líticas públicas educacionais da União, dos Estados, do nhecimentos sistematizados, produzidos socialmente ao
Distrito Federal e dos Municípios na elaboração, plane- longo da história, na busca da compreensão e transfor-
jamento, implementação e avaliação das propostas cur- mação da natureza e da sociedade.
riculares das unidades escolares públicas e particulares § 3º A tecnologia é conceituada como a transformação
que oferecem o Ensino Médio. da ciência em força produtiva ou mediação do conhe-
cimento científico e a produção, marcada, desde sua
CAPÍTULO II origem, pelas relações sociais que a levaram a ser pro-
REFERENCIAL LEGAL E CONCEITUAL duzida.
§ 4º A cultura é conceituada como o processo de produ-
Art. 3º O Ensino Médio é um direito social de cada pes- ção de expressões materiais, símbolos, representações e CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
soa, e dever do Estado na sua oferta pública e gratuita significados que correspondem a valores éticos, políticos
a todos. e estéticos que orientam as normas de conduta de uma
sociedade.
Art. 4º As unidades escolares que ministram esta eta-
pa da Educação Básica devem estruturar seus projetos Art. 6º O currículo é conceituado como a proposta de
político-pedagógicos considerando as finalidades pre- ação educativa constituída pela seleção de conheci-
vistas na Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da mentos construídos pela sociedade, expressando-se por
Educação Nacional): práticas escolares que se desdobram em torno de co-
I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimen- nhecimentos relevantes e pertinentes, permeadas pelas
tos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o relações sociais, articulando vivências e saberes dos es-
prosseguimento de estudos; tudantes e contribuindo para o desenvolvimento de suas
II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania identidades e condições cognitivas e sócio afetivas.
do educando para continuar aprendendo, de modo a ser
capaz de se adaptar a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores;

21
TÍTULO II Parágrafo único. Em termos operacionais, os compo-
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR E FORMAS DE OFERTA nentes curriculares obrigatórios decorrentes da LDB que
CAPÍTULO I integram as áreas de conhecimento são os referentes a:
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR I – Linguagens:
a) Língua Portuguesa;
Art. 7º A organização curricular do Ensino Médio tem b) Língua Materna, para populações indígenas;
uma base nacional comum e uma parte diversificada c) Língua Estrangeira moderna;
que não devem constituir blocos distintos, mas um todo d) Arte, em suas diferentes linguagens: cênicas, plásticas
integrado, de modo a garantir tanto conhecimentos e, obrigatoriamente, a musical;
e saberes comuns necessários a todos os estudantes, e) Educação Física.
quanto uma formação que considere a diversidade e as II – Matemática.
características locais e especificidades regionais. III – Ciências da Natureza:
a) Biologia;
Art. 8º O currículo é organizado em áreas de conheci- b) Física;
mento, a saber: c) Química.
I – Linguagens; IV – Ciências Humanas:
II – Matemática; a) História;
III – Ciências da Natureza; b) Geografia;
IV – Ciências Humanas. c) Filosofia;
§ 1º O currículo deve contemplar as quatro áreas do d) Sociologia.
conhecimento, com tratamento metodológico que evi-
dencie a contextualização e a interdisciplinaridade ou Art. 10. Em decorrência de legislação específica, são
outras formas de interação e articulação entre diferentes obrigatórios:
campos de saberes específicos. I – Língua Espanhola, de oferta obrigatória pelas unida-
§ 2º A organização por áreas de conhecimento não dilui des escolares, embora facultativa para o estudante (Lei
nem exclui componentes curriculares com especificida- nº 11.161/2005);
des e saberes próprios construídos e sistematizados, mas II – Com tratamento transversal e integradamente, per-
implica no fortalecimento das relações entre eles e a sua meando todo o currículo, no âmbito dos demais compo-
contextualização para apreensão e intervenção na reali- nentes curriculares:
dade, requerendo planejamento e execução conjugados a) educação alimentar e nutricional (Lei nº 11.947/2009,
e cooperativos dos seus professores. que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar
e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da
Art. 9º A legislação nacional determina componentes Educação Básica);
obrigatórios que devem ser tratados em uma ou mais b) processo de envelhecimento, respeito e valorização do
das áreas de conhecimento para compor o currículo: idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir
I – são definidos pela LDB: conhecimentos sobre a matéria (Lei nº 10.741/2003, que
a) o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o dispõe sobre o Estatuto do Idoso);
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade c) Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99, que dispõe so-
social e política, especialmente do Brasil; bre a Política Nacional de Educação Ambiental);
a) o ensino da Arte, especialmente em suas expressões d) Educação para o Trânsito (Lei nº 9.503/97, que institui
regionais, de forma a promover o desenvolvimento cul- o Código de Trânsito Brasileiro);
tural dos estudantes, com a Música como seu conteúdo e) Educação em Direitos Humanos (Decreto nº
obrigatório, mas não exclusivo; 7.037/2009, que institui o Programa Nacional de Direi-
b) a Educação Física, integrada à proposta pedagógica tos Humanos – PNDH 3).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

da instituição de ensino, sendo sua prática facultativa ao


estudante nos casos previstos em Lei; Art. 11. Outros componentes curriculares, a critério dos
c) o ensino da História do Brasil, que leva em conta as sistemas de ensino e das unidades escolares e definidos
contribuições das diferentes culturas e etnias para a for- em seus projetos político-pedagógicos, podem ser inclu-
mação do povo brasileiro, especialmente das matrizes ídos no currículo, sendo tratados ou como disciplina ou
indígena, africana e europeia; com outro formato, preferencialmente, de forma trans-
d) o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indí- versal e integradora.
gena, no âmbito de todo o currículo escolar, em especial
nas áreas de Educação Artística e de Literatura e Histó- Art. 12. O currículo do Ensino Médio deve:
ria brasileiras; I – garantir ações que promovam:
e) a Filosofia e a Sociologia em todos os anos do curso; a) a educação tecnológica básica, a compreensão do sig-
f) uma língua estrangeira moderna na parte diversifica- nificado da ciência, das letras e das artes;
da, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, b) o processo histórico de transformação da sociedade e
em caráter optativo, dentro das disponibilidades da ins- da cultura;
tituição.

22
c) a língua portuguesa como instrumento de comunica- II – no Ensino Médio regular, a duração mínima é de 3
ção, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; (três) anos, com carga horária mínima total de 2.400
II – adotar metodologias de ensino e de avaliação de (duas mil e quatrocentas) horas, tendo como referência
aprendizagem que estimulem a iniciativa dos estudan- uma carga horária anual de 800 (oitocentas) horas, dis-
tes; tribuídas em pelo menos 200 (duzentos) dias de efetivo
III – organizar os conteúdos, as metodologias e as for- trabalho escolar;
mas de avaliação de tal forma que ao final do Ensino III – o Ensino Médio regular diurno, quando adequado
Médio o estudante demonstre: aos seus estudantes, pode se organizar em regime de
a) domínio dos princípios científicos e tecnológicos que tempo integral com, no mínimo, 7 (sete) horas diárias;
presidem a produção moderna; IV – no Ensino Médio regular noturno, adequado às
b) conhecimento das formas contemporâneas de lingua- condições de trabalhadores, respeitados os mínimos de
gem. duração e de carga horária, o projeto político-pedagó-
gico deve atender, com qualidade, a sua singularidade,
Art. 13. As unidades escolares devem orientar a defini- especificando uma organização curricular e metodoló-
ção de toda proposição curricular, fundamentada na se- gica diferenciada, e pode, para garantir a permanência
leção dos conhecimentos, componentes, metodologias, e o sucesso destes estudantes:
tempos, espaços, arranjos alternativos e formas de ava- a) ampliar a duração do curso para mais de 3 (três)
liação, tendo presente: anos, com menor carga horária diária e anual, garan-
I – as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia tido o mínimo total de 2.400 (duas mil e quatrocentas)
e da cultura como eixo integrador entre os conhecimen- horas;
tos de distintas naturezas, contextualizando-os em sua V – na modalidade de Educação de Jovens e Adultos,
dimensão histórica e em relação ao contexto social con- observadas suas Diretrizes específicas, com duração
temporâneo; mínima de 1.200 (mil e duzentas) horas, deve ser espe-
II – o trabalho como princípio educativo, para a com- cificada uma organização curricular e metodológica di-
preensão do processo histórico de produção científica
ferenciada para os estudantes trabalhadores, que pode:
e tecnológica, desenvolvida e apropriada socialmente
a) ampliar seus tempos de organização escolar, com
para a transformação das condições naturais da vida e
menor carga horária diária e anual, garantida sua du-
a ampliação das capacidades, das potencialidades e dos
ração mínima;
sentidos humanos;
VI – atendida a formação geral, incluindo a preparação
III – a pesquisa como princípio pedagógico, possibilitan-
básica para o trabalho, o Ensino Médio pode preparar
do que o estudante possa ser protagonista na investiga-
para o exercício de profissões técnicas, por integração
ção e na busca de respostas em um processo autônomo
com a Educação Profissional e Tecnológica, observadas
de (re)construção de conhecimentos.
IV – os direitos humanos como princípio norteador, de- as Diretrizes específicas, com as cargas horárias míni-
senvolvendo-se sua educação de forma integrada, per- mas de:
meando todo o currículo, para promover o respeito a a) 3.200 (três mil e duzentas) horas, no Ensino Médio
esses direitos e à convivência humana. regular integrado com a Educação Profissional Técnica
V – a sustentabilidade socioambiental como meta uni- de Nível Médio;
versal, desenvolvida como prática educativa integrada, b) 2.400 (duas mil e quatrocentas) horas, na Educação
contínua e permanente, e baseada na compreensão do de Jovens e Adultos integrada com a Educação Profis-
necessário equilíbrio e respeito nas relações do ser hu- sional Técnica de Nível Médio, respeitado o mínimo de
mano com seu ambiente. 1.200 (mil e duzentas) horas de educação geral;
c) 1.400 (mil e quatrocentas) horas, na Educação de Jo-
CAPÍTULO II vens e Adultos integrada com a formação inicial e con- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
FORMAS DE OFERTA E ORGANIZAÇÃO tinuada ou qualificação profissional, respeitado o míni-
mo de 1.200 (mil e duzentas) horas de educação geral;
Art. 14. O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, VII – na Educação Especial, na Educação do Campo, na
concebida como conjunto orgânico, sequencial e articu- Educação Escolar Indígena, na Educação Escolar Qui-
lado, deve assegurar sua função formativa para todos lombola, de pessoas em regime de acolhimento ou in-
os estudantes, sejam adolescentes, jovens ou adultos, ternação e em regime de privação de liberdade, e na
atendendo, mediante diferentes formas de oferta e or- Educação a Distância, devem ser observadas as respec-
ganização: tivas Diretrizes e normas nacionais;
I – o Ensino Médio pode organizar-se em tempos esco- VIII – os componentes curriculares que integram as áre-
lares no formato de séries anuais, períodos semestrais, as de conhecimento podem ser tratados ou como dis-
ciclos, módulos, alternância regular de períodos de es- ciplinas, sempre de forma integrada, ou como unida-
tudos, grupos não seriados, com base na idade, na com- des de estudos, módulos, atividades, práticas e projetos
petência e em outros critérios, ou por forma diversa de contextualizados e interdisciplinares ou diversamente
organização, sempre que o interesse do processo de articuladores de saberes, desenvolvimento transversal
aprendizagem assim o recomendar; de temas ou outras formas de organização;

23
IX – os componentes curriculares devem propiciar a Art. 16. O projeto político-pedagógico das unidades es-
apropriação de conceitos e categorias básicas, e não o colares que ofertam o Ensino Médio deve considerar:
acúmulo de informações e conhecimentos, estabelecen- I – atividades integradoras artístico-culturais, tecnológi-
do um conjunto necessário de saberes integrados e sig- cas e de iniciação científica, vinculadas ao trabalho, ao
nificativos; meio ambiente e à prática social;
X – além de seleção criteriosa de saberes, em termos de II – problematização como instrumento de incentivo à
quantidade, pertinência e relevância, deve ser equilibra- pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e ao desenvolvi-
da sua distribuição ao longo do curso, para evitar frag- mento do espírito inventivo;
mentação e congestionamento com número excessivo III – a aprendizagem como processo de apropriação sig-
de componentes em cada tempo da organização escolar; nificativa dos conhecimentos, superando a aprendiza-
XI – a organização curricular do Ensino Médio deve ofe- gem limitada à memorização;
recer tempos e espaços próprios para estudos e ativi- IV – valorização da leitura e da produção escrita em to-
dades que permitam itinerários formativos opcionais dos os campos do saber;
diversificados, a fim de melhor responder à heteroge- V – comportamento ético, como ponto de partida para
neidade e pluralidade de condições, múltiplos interesses o reconhecimento dos direitos humanos e da cidadania,
e aspirações dos estudantes, com suas especificidades e para a prática de um humanismo contemporâneo ex-
etárias, sociais e culturais, bem como sua fase de desen- presso pelo reconhecimento, respeito e acolhimento da
volvimento; identidade do outro e pela incorporação da solidarie-
XII – formas diversificadas de itinerários podem ser or- dade;
ganizadas, desde que garantida a simultaneidade entre VI – articulação entre teoria e prática, vinculando o tra-
as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e balho intelectual às atividades práticas ou experimen-
da cultura, e definidas pelo projeto político-pedagógico, tais;
atendendo necessidades, anseios e aspirações dos sujei- VII – integração com o mundo do trabalho por meio de
tos e a realidade da escola e do seu meio; estágios de estudantes do Ensino Médio, conforme legis-
XIII – a interdisciplinaridade e a contextualização de- lação específica;
vem assegurar a transversalidade do conhecimento de VIII – utilização de diferentes mídias como processo de
diferentes componentes curriculares, propiciando a in- dinamização dos ambientes de aprendizagem e constru-
terlocução entre os saberes e os diferentes campos do ção de novos saberes;
conhecimento. IX – capacidade de aprender permanente, desenvolven-
do a autonomia dos estudantes;
TÍTULO III X – atividades sociais que estimulem o convívio humano;
DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E DOS SIS- XI – avaliação da aprendizagem, com diagnóstico preli-
TEMAS DE ENSINO minar, e entendida como processo de caráter formativo,
CAPÍTULO I permanente e cumulativo;
DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO XII – acompanhamento da vida escolar dos estudantes,
promovendo o seguimento do desempenho, análise de
Art. 15. Com fundamento no princípio do pluralismo de resultados e comunicação com a família;
ideias e de concepções pedagógicas, no exercício de sua XIII – atividades complementares e de superação das di-
autonomia e na gestão democrática, o projeto político- ficuldades de aprendizagem para que o estudante tenha
-pedagógico das unidades escolares, deve traduzir a sucesso em seus estudos;
proposta educativa construída coletivamente, garantida XIV – reconhecimento e atendimento da diversidade e
a participação efetiva da comunidade escolar e local, diferentes nuances da desigualdade e da exclusão na so-
bem como a permanente construção da identidade en- ciedade brasileira;
tre a escola e o território no qual está inserida. XV – valorização e promoção dos direitos humanos me-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

§ 1º Cabe a cada unidade de ensino a elaboração do seu diante temas relativos a gênero, identidade de gênero,
projeto político-pedagógico, com a proposição de alterna- raça e etnia, religião, orientação sexual, pessoas com
tivas para a formação integral e acesso aos conhecimen- deficiência, entre outros, bem como práticas que contri-
tos e saberes necessários, definido a partir de aprofundado buam para a igualdade e para o enfrentamento de todas
processo de diagnóstico, análise e estabelecimento de prio- as formas de preconceito, discriminação e violência sob
ridades, delimitação de formas de implementação e siste- todas as formas;
mática de seu acompanhamento e avaliação. XVI – análise e reflexão crítica da realidade brasileira, de
§ 2º O projeto político-pedagógico, na sua concepção sua organização social e produtiva na relação de com-
e implementação, deve considerar os estudantes e os plementaridade entre espaços urbanos e do campo;
professores como sujeitos históricos e de direitos, par- XVII – estudo e desenvolvimento de atividades socioam-
ticipantes ativos e protagonistas na sua diversidade e bientais, conduzindo a Educação Ambiental como uma
singularidade. prática educativa integrada, contínua e permanente;
§ 3º A instituição de ensino deve atualizar, periodica- XVIII – práticas desportivas e de expressão corporal, que
mente, seu projeto político-pedagógico e dar-lhe publi- contribuam para a saúde, a sociabilidade e a coopera-
cidade à comunidade escolar e às famílias. ção;

24
XIX – atividades intersetoriais, entre outras, de promo- III – fomentar alternativas de diversificação e flexibili-
ção da saúde física e mental, saúde sexual e saúde re- zação, pelas unidades escolares, de formatos, compo-
produtiva, e prevenção do uso de drogas; nentes curriculares ou formas de estudo e de atividades,
XX – produção de mídias nas escolas a partir da pro- estimulando a construção de itinerários formativos que
moção de atividades que favoreçam as habilidades de atendam às características, interesses e necessidades dos
leitura e análise do papel cultural, político e econômico estudantes e às demandas do meio social, privilegiando
dos meios de comunicação na sociedade; propostas com opções pelos estudantes.
XXI – participação social e protagonismo dos estudan- IV – orientar as unidades escolares para promoverem:
tes, como agentes de transformação de suas unidades a) classificação do estudante, mediante avaliação pela
de ensino e de suas comunidades; instituição, para inserção em etapa adequada ao seu
XXII – condições materiais, funcionais e didático-peda- grau de desenvolvimento e experiência;
gógicas, para que os profissionais da escola efetivem as b) aproveitamento de estudos realizados e de conhe-
proposições do projeto. cimentos constituídos tanto no ensino formal como no
Parágrafo único. O projeto político-pedagógico deve, informal e na experiência extraescolar;
ainda, orientar: V – estabelecer normas complementares e políticas edu-
a) dispositivos, medidas e atos de organização do tra- cacionais para execução e cumprimento das disposições
balho escolar; destas Diretrizes, considerando as peculiaridades regio-
b) mecanismos de promoção e fortalecimento da auto- nais ou locais;
nomia escolar, mediante a alocação de recursos finan- VI – instituir sistemas de avaliação e utilizar os sistemas
ceiros, administrativos e de suporte técnico necessários de avaliação operados pelo Ministério da Educação, a
à sua realização; fim de acompanhar resultados, tendo como referência
c) adequação dos recursos físicos, inclusive organização as expectativas de aprendizagem dos conhecimentos e
dos espaços, equipamentos, biblioteca, laboratórios e saberes a serem alcançados, a legislação e as normas,
outros ambientes educacionais. estas Diretrizes, e os projetos político-pedagógicos das
unidades escolares.
CAPÍTULO II
DOS SISTEMAS DE ENSINO Art. 18. Para a implementação destas Diretrizes, cabe
aos sistemas de ensino prover:
Art. 17. Os sistemas de ensino, de acordo com a legis- I – os recursos financeiros e materiais necessários à am-
lação e a normatização nacional e estadual, e na busca pliação dos tempos e espaços dedicados ao trabalho
da melhor adequação possível às necessidades dos estu- educativo nas unidades escolares;
dantes e do meio social, devem: II – aquisição, produção e/ou distribuição de materiais
I – criar mecanismos que garantam liberdade, autono- didáticos e escolares adequados;
mia e responsabilidade às unidades escolares, fortale- III – professores com jornada de trabalho e formação, in-
cendo sua capacidade de concepção, formulação e exe- clusive continuada, adequadas para o desenvolvimento
cução de suas propostas político-pedagógicas; do currículo, bem como dos gestores e demais profissio-
II – promover, mediante a institucionalização de meca- nais das unidades escolares;
nismos de participação da comunidade, alternativas de IV – instrumentos de incentivo e valorização dos profis-
organização institucional que possibilitem: sionais da educação, com base em planos de carreira e
a) identidade própria das unidades escolares de adoles- outros dispositivos voltados para esse fim;
centes, jovens e adultos, respeitadas as suas condições e V – acompanhamento e avaliação dos programas e
necessidades de espaço e tempo para a aprendizagem; ações educativas nas respectivas redes e unidades es-
b) várias alternativas pedagógicas, incluindo ações, situ- colares.
ações e tempos diversos, bem como diferentes espaços CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
– intraescolares ou de outras unidades escolares e da Art. 19. Em regime de colaboração com os Estados, o
comunidade – para atividades educacionais e sociocul- Distrito Federal e os Municípios, e na perspectiva de um
turais favorecedoras de iniciativa, autonomia e protago- sistema nacional de educação, cabe ao Ministério da
nismo social dos estudantes; Educação oferecer subsídios e apoio para a implementa-
c) articulações institucionais e comunitárias necessárias ção destas Diretrizes.
ao cumprimento dos planos dos sistemas de ensino e
dos projetos político-pedagógicos das unidades escola- Art. 20. Visando a alcançar unidade nacional, respeita-
res; das as diversidades, o Ministério da Educação, em arti-
d) realização, inclusive pelos colegiados escolares e ór- culação e colaboração com os Estados, o Distrito Federal
gãos de representação estudantil, de ações fundamen- e os Municípios, deve elaborar e encaminhar ao Conse-
tadas nos direitos humanos e nos princípios éticos, de lho Nacional de Educação, precedida de consulta públi-
convivência e de participação democrática visando a ca nacional, proposta de expectativas de aprendizagem
construir unidades escolares e sociedade livres de pre- dos conhecimentos escolares e saberes que devem ser
conceitos, discriminações e das diversas formas de vio- atingidos pelos estudantes em diferentes tempos de or-
lência. ganização do curso de Ensino Médio.

25
Art. 21. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2. (SEDF – Professor – Superior - Quadrix – 2017) Julgue
deve, progressivamente, compor o Sistema de Avaliação o próximo item com base nas Diretrizes Curriculares Na-
da Educação Básica (SAEB), assumindo as funções de: cionais para o Ensino Médio e nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a EJA.
I– avaliação sistêmica, que tem como objetivo subsidiar As escolas que ministram o Ensino Médio devem estruturar
as políticas públicas para a Educação Básica; seus projetos político-pedagógicos com base somente na
II– avaliação certificadora, que proporciona àqueles que Resolução n.º 2/2012 (que define as Diretrizes Curriculares
estão fora da escola aferir seus conhecimentos construí- Nacionais para o Ensino Médio), desconsiderando as finali-
dos em processo de escolarização, assim como os conhe- dades previstas para o Ensino Médio na Lei n.º 9.394/1996
cimentos tácitos adquiridos ao longo da vida; (LDBN).
III– avaliação classificatória, que contribui para o acesso
democrático à Educação Superior. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Art. 22. Estas Diretrizes devem nortear a elaboração da Resposta: Errado. De acordo com o Art. 4º desta Reso-
proposta de expectativas de aprendizagem, a formação lução, “As unidades escolares que ministram esta etapa
de professores, os investimentos em materiais didáticos da Educação Básica devem estruturar seus projetos po-
e os sistemas e exames nacionais de avaliação. lítico-pedagógicos considerando as finalidades previstas
na Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Art. 23. Esta Resolução entra em vigor na data de sua Nacional) ” e não “desconsiderando”, conforme men-
publicação, revogando-se as disposições em contrário, cionado no enunciado da questão. Portanto, resposta
em especial a Resolução CNE/CEB nº 3, de 26 de junho errada.
de 1998.

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS


EXERCÍCIOS COMENTADOS PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO (RESOLUÇÃO
CNE/CEB Nº 6/2012);
1. (FUNRIO - Técnico em Assuntos Educacionais – supe-
rior – FUNRIO/2017) A Resolução Nº 2, de 30 de Janeiro
de 2012, que define as diretrizes curriculares para o Ensino
Médio, em seu Título I, Capítulo I, parágrafo único, define
que as Diretrizes aplicam-se a #FicaDica
A Educação Profissional Técnica de Nível
a) modalidades regulares de Ensino Médio e sempre com- Médio é desenvolvida nas formas articulada
plementadas por Diretrizes próprias. e subsequente ao Ensino Médio, podendo a
b) todas as formas e modalidades de Ensino Médio, com- primeira ser integrada ou concomitante a essa
plementadas, quando necessário, por Diretrizes próprias. etapa da Educação Básica.
c) todas as formas de Ensino Médio, complementadas por
Diretrizes próprias.
d) organizações de ensino médio regular, complementa-
das, quando necessário, por Diretrizes próprias. RESOLUÇÃO Nº 6, DE 20 DE SETEMBRO DE 2012
e) todas as organizações de ensino médio, obedecendo as
Diretrizes Nacionais. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional Técnica de Nível Médio.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Resposta: Letra B. Conforme o Art. 1º A presente Reso-


lução define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conse-
Ensino Médio, a serem observadas na organização curri- lho Nacional de Educação, de conformidade com o dispos-
cular pelos sistemas de ensino e suas unidades escolares. to na alínea “c” do § 1º do art. 9º da Lei nº 4.024/61, com a
Parágrafo único Estas Diretrizes aplicam-se a todas as redação dada pela Lei nº 9.131/95, nos artigos, 36-A, 36-B
formas e modalidades de Ensino Médio, complementadas, e 36-C, 36-D, 37, 39, 40, 41 e 42 da Lei 9.394/96, e com
quando necessário, por Diretrizes próprias. fundamento no Parecer CNE/CEB nº 11/2012, homologado
por Despacho do Ministro de Estado da Educação de 31 de
agosto de 2012, publicado no DOU de 4 de setembro de
2012, resolve:

26
TÍTULO I aos itinerários de profissionalização no mundo do tra-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES balho, à estrutura sócio ocupacional e aos fundamentos
CAPÍTULO I científico-tecnológicos dos processos produtivos de bens
OBJETO E FINALIDADE ou serviços, o qual orienta e configura uma trajetória
educacional consistente.
Art. 1º A presente Resolução define as Diretrizes Curri- § 5º As bases para o planejamento de cursos e pro-
culares Nacionais para a Educação Profissional Técnica gramas de Educação Profissional, segundo itinerários
de Nível Médio. formativos, por parte das instituições de Educação Pro-
Parágrafo único. Para os fins desta Resolução, entende- fissional e Tecnológica, são os Catálogos Nacionais de
-se por Diretriz o conjunto articulado de princípios e Cursos mantidos pelos órgãos próprios do MEC e a Clas-
critérios a serem observados pelos sistemas de ensino e sificação Brasileira de Ocupações (CBO).
pelas instituições de ensino públicas e privadas, na or-
ganização e no planejamento, desenvolvimento e ava- Art. 4º A Educação Profissional Técnica de Nível Médio, no
liação da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, cumprimento dos objetivos da educação nacional, articula-
inclusive fazendo uso da certificação profissional de cur- -se com o Ensino Médio e suas diferentes modalidades, in-
sos. cluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA), e com as di-
mensões do trabalho, da tecnologia, da ciência e da cultura.
Art. 2º A Educação Profissional e Tecnológica, nos ter- Parágrafo único. A Educação de Jovens e Adultos deve
mos da Lei nº 9.394/96 (LDB), alterada pela Lei nº articular-se, preferencialmente, com a Educação Profis-
11.741/2008, abrange os cursos de: sional e Tecnológica, propiciando, simultaneamente, a
I - formação inicial e continuada ou qualificação pro- qualificação profissional e a elevação dos níveis de esco-
fissional; laridade dos trabalhadores.
II - Educação Profissional Técnica de Nível Médio;
Art. 5º Os cursos de Educação Profissional Técnica de
III - Educação Profissional Tecnológica, de graduação e
Nível Médio têm por finalidade proporcionar ao estu-
de pós-graduação.
dante conhecimentos, saberes e competências profissio-
Parágrafo único. As instituições de Educação Profissional
nais necessários ao exercício profissional e da cidadania,
e Tecnológica, além de seus cursos regulares, oferecerão
com base nos fundamentos científico-tecnológicos, sócio
cursos de formação inicial e continuada ou qualificação
históricos e culturais.
profissional para o trabalho, entre os quais estão incluí-
dos os cursos especiais, abertos à comunidade, condicio- CAPÍTULO II
nando-se a matrícula à capacidade de aproveitamento PRINCÍPIOS NORTEADORES
dos educandos e não necessariamente aos correspon-
dentes níveis de escolaridade. Art. 6º São princípios da Educação Profissional Técnica
de Nível Médio:
Art. 3º A Educação Profissional Técnica de Nível Médio I - relação e articulação entre a formação desenvolvida
é desenvolvida nas formas articulada e subsequente ao no Ensino Médio e a preparação para o exercício das
Ensino Médio, podendo a primeira ser integrada ou con- profissões técnicas, visando à formação integral do es-
comitante a essa etapa da Educação Básica. tudante;
§ 1º A Educação Profissional Técnica de Nível Médio II - respeito aos valores estéticos, políticos e éticos da
possibilita a avaliação, o reconhecimento e a certifica- educação nacional, na perspectiva do desenvolvimento
ção para prosseguimento ou conclusão de estudos. para a vida social e profissional;
§ 2º Os cursos e programas de Educação Profissional III - trabalho assumido como princípio educativo, tendo
Técnica de Nível Médio são organizados por eixos tec- sua integração com a ciência, a tecnologia e a cultura
nológicos, possibilitando itinerários formativos flexíveis, como base da proposta político-pedagógica e do desen- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
diversificados e atualizados, segundo interesses dos volvimento curricular;
sujeitos e possibilidades das instituições educacionais, IV - articulação da Educação Básica com a Educação
observadas as normas do respectivo sistema de ensino Profissional e Tecnológica, na perspectiva da integração
para a modalidade de Educação Profissional Técnica de entre saberes específicos para a produção do conhe-
Nível Médio. cimento e a intervenção social, assumindo a pesquisa
§ 3º Entende-se por itinerário formativo o conjunto das como princípio pedagógico;
etapas que compõem a organização da oferta da Educa- V - indissociabilidade entre educação e prática social,
ção Profissional pela instituição de Educação Profissional considerando-se a historicidade dos conhecimentos e
e Tecnológica, no âmbito de um determinado eixo tecno- dos sujeitos da aprendizagem;
lógico, possibilitando contínuo e articulado aproveitamen- VI - indissociabilidade entre teoria e prática no processo
to de estudos e de experiências profissionais devidamente de ensino-aprendizagem;
certificadas por instituições educacionais legalizadas. VII - interdisciplinaridade assegurada no currículo e na
§ 4º O itinerário formativo contempla a sequência das prática pedagógica, visando à superação da fragmenta-
possibilidades articuláveis da oferta de cursos de Educa- ção de conhecimentos e de segmentação da organiza-
ção Profissional, programado a partir de estudos quanto ção curricular;

27
VIII - contextualização, flexibilidade e interdisciplinari- habilitação profissional técnica de nível médio ao mes-
dade na utilização de estratégias educacionais favorá- mo tempo em que concluem a última etapa da Educa-
veis à compreensão de significados e à integração entre ção Básica;
a teoria e a vivência da prática profissional, envolvendo b) concomitante, ofertada a quem ingressa no Ensino
as múltiplas dimensões do eixo tecnológico do curso e Médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas
das ciências e tecnologias a ele vinculadas; distintas para cada curso, aproveitando oportunidades
IX - articulação com o desenvolvimento socioeconômi- educacionais disponíveis, seja em unidades de ensino da
co-ambiental dos territórios onde os cursos ocorrem, de- mesma instituição ou em distintas instituições de ensino;
vendo observar os arranjos sócio produtivos e suas de- c) concomitante na forma, uma vez que é desenvolvida
mandas locais, tanto no meio urbano quanto no campo; simultaneamente em distintas instituições educacionais,
X - reconhecimento dos sujeitos e suas diversidades, mas integrada no conteúdo, mediante a ação de convê-
considerando, entre outras, as pessoas com deficiência, nio ou acordo de intercomplementaridade, para a exe-
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida- cução de projeto pedagógico unificado;
des, as pessoas em regime de acolhimento ou internação II - a subsequente, desenvolvida em cursos destinados
e em regime de privação de liberdade, exclusivamente a quem já tenha concluído o Ensino Mé-
XI - reconhecimento das identidades de gênero e étnico- dio.
-raciais, assim como dos povos indígenas, quilombolas e
populações do campo; Art. 8º Os cursos de Educação Profissional Técnica de
XII - reconhecimento das diversidades das formas de Nível Médio podem ser desenvolvidos nas formas articu-
produção, dos processos de trabalho e das culturas a eles lada integrada na mesma instituição de ensino, ou arti-
subjacentes, as quais estabelecem novos paradigmas; culada concomitante em instituições de ensino distintas,
XIII - autonomia da instituição educacional na concep- mas com projeto pedagógico unificado, mediante con-
ção, elaboração, execução, avaliação e revisão do seu vênios ou acordos de intercomplementaridade, visando
projeto político-pedagógico, construído como instru- ao planejamento e ao desenvolvimento desse projeto
mento de trabalho da comunidade escolar, respeitadas a pedagógico unificado na forma integrada.
legislação e normas educacionais, estas Diretrizes Cur-
§ 1º Os cursos assim desenvolvidos, com projetos peda-
riculares Nacionais e outras complementares de cada
gógicos unificados, devem visar simultaneamente aos
sistema de ensino;
objetivos da Educação Básica e, especificamente, do En-
XIV - flexibilidade na construção de itinerários formati-
sino Médio e também da Educação Profissional e Tec-
vos diversificados e atualizados, segundo interesses dos
nológica, atendendo tanto a estas Diretrizes, quanto às
sujeitos e possibilidades das instituições educacionais,
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio,
nos termos dos respectivos projetos político-pedagógi-
assim como às Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
cos;
XV - identidade dos perfis profissionais de conclusão de para a Educação Básica e às diretrizes complementares
curso, que contemplem conhecimentos, competências e definidas pelos respectivos sistemas de ensino.
saberes profissionais requeridos pela natureza do traba- § 2º Estes cursos devem atender às diretrizes e normas
lho, pelo desenvolvimento tecnológico e pelas demandas nacionais definidas para a modalidade específica, tais
sociais, econômicas e ambientais; como Educação de Jovens e Adultos, Educação do Cam-
XVI - fortalecimento do regime de colaboração entre os po, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Qui-
entes federados, incluindo, por exemplo, os arranjos de lombola, educação de pessoas em regime de acolhimen-
desenvolvimento da educação, visando à melhoria dos to ou internação e em regime de privação de liberdade,
indicadores educacionais dos territórios em que os cur- Educação Especial e Educação a Distância.
sos e programas de Educação Profissional Técnica de Ní-
vel Médio forem realizados; Art. 9º Na oferta de cursos na forma subsequente, caso
o diagnóstico avaliativo evidencie necessidade, devem
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

XVII - respeito ao princípio constitucional e legal do plu-


ralismo de ideias e de concepções pedagógicas. ser introduzidos conhecimentos e habilidades inerentes
à Educação Básica, para complementação e atualização
TÍTULO II de estudos, em consonância com o respectivo eixo tec-
ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO nológico, garantindo o perfil profissional de conclusão.
CAPÍTULO I
FORMAS DE OFERTA Art. 10 A oferta de curso de Educação Profissional Téc-
nica de Nível Médio em instituições públicas e privadas,
Art. 7º A Educação Profissional Técnica de Nível Médio em quaisquer das formas, deve ser precedida da devida
é desenvolvida nas formas articulada e subsequente ao autorização pelo órgão competente do respectivo siste-
Ensino Médio: ma de ensino.
I - a articulada, por sua vez, é desenvolvida nas seguin-
tes formas: Art. 11 A oferta da Educação Profissional para os que
a) integrada, ofertada somente a quem já tenha con- não concluíram o Ensino Médio pode se dar sob a forma
cluído o Ensino Fundamental, com matrícula única na de articulação integrada com a Educação de Jovens e
mesma instituição, de modo a conduzir o estudante à Adultos.

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Parágrafo único. As instituições de ensino devem esti- IV - domínio intelectual das tecnologias pertinentes ao
mular a continuidade dos estudos dos que não estejam eixo tecnológico do curso, de modo a emitir progressivo
cursando o Ensino Médio e alertar os estudantes de que desenvolvimento profissional e capacidade de construir
a certificação do Ensino Médio é condição necessária novos conhecimentos e desenvolver novas competências
para a obtenção do diploma de técnico. profissionais com autonomia intelectual;
V - instrumentais de cada habilitação, por meio da vi-
CAPÍTULO II vência de diferentes situações práticas de estudo e de
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR trabalho;
VI - fundamentos de empreendedorismo, cooperativis-
Art. 12 Os cursos de Educação Profissional Técnica de mo, tecnologia da informação, legislação trabalhista,
Nível Médio são organizados por eixos tecnológicos ética profissional, gestão ambiental, segurança do tra-
constantes do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, balho, gestão da inovação e iniciação científica, gestão
instituído e organizado pelo Ministério da Educação ou de pessoas e gestão da qualidade social e ambiental do
em uma ou mais ocupações da Classificação Brasileira trabalho.
de Ocupações (CBO).
Art. 15 O currículo, consubstanciado no plano de curso e
Art. 13 A estruturação dos cursos da Educação Profissio- com base no princípio do pluralismo de ideias e concep-
nal Técnica de Nível Médio, orientada pela concepção ções pedagógicas, é prerrogativa e responsabilidade de
de eixo tecnológico, implica considerar: cada instituição educacional, nos termos de seu projeto
I - a matriz tecnológica, contemplando métodos, téc- político-pedagógico, observada a legislação e o dispos-
nicas, ferramentas e outros elementos das tecnologias to nestas Diretrizes e no Catálogo Nacional de Cursos
relativas aos cursos; Técnicos.
II - o núcleo politécnico comum correspondente a cada
eixo tecnológico em que se situa o curso, que compreen- Art. 16. As instituições de ensino devem formular, coleti-
va e participativamente, nos termos dos arts. 12, 13, 14
de os fundamentos científicos, sociais, organizacionais,
e 15 da LDB, seus projetos político-pedagógicos e planos
econômicos, políticos, culturais, ambientais, estéticos e
de curso.
éticos que alicerçam as tecnologias e a contextualiza-
ção do mesmo no sistema de produção social;
Art. 17 O planejamento curricular fundamenta-se no
III - os conhecimentos e as habilidades nas áreas de
compromisso ético da instituição educacional em rela-
linguagens e códigos, ciências humanas, matemática
ção à concretização do perfil profissional de conclusão
e ciências da natureza, vinculados à Educação Básica
do curso, o qual é definido pela explicitação dos conhe-
deverão permear o currículo dos cursos técnicos de nível
cimentos, saberes e competências profissionais e pesso-
médio, de acordo com as especificidades dos mesmos, ais, tanto aquelas que caracterizam a preparação básica
como elementos essenciais para a formação e o desen- para o trabalho, quanto as comuns para o respectivo
volvimento profissional do cidadão; eixo tecnológico, bem como as específicas de cada ha-
IV - a pertinência, a coerência, a coesão e a consistência bilitação profissional e das etapas de qualificação e de
de conteúdos, articulados do ponto de vista do trabalho especialização profissional técnica que compõem o cor-
assumido como princípio educativo, contemplando as respondente itinerário formativo.
necessárias bases conceituais e metodológicas; Parágrafo único. Quando se tratar de profissões regula-
V - a atualização permanente dos cursos e currículos, mentadas, o perfil profissional de conclusão deve consi-
estruturados em ampla base de dados, pesquisas e ou- derar e contemplar as atribuições funcionais previstas
tras fontes de informação pertinentes. na legislação específica referente ao exercício profissio-
nal fiscalizado. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
Art. 14 Os currículos dos cursos de Educação Profissio-
nal Técnica de Nível Médio devem proporcionar aos es- Art. 18 São critérios para o planejamento e a organização
tudantes: de cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio:
I - diálogo com diversos campos do trabalho, da ciência, I - atendimento às demandas socioeconômico-ambientais
da tecnologia e da cultura como referências fundamen- dos cidadãos e do mundo do trabalho, em termos de com-
tais de sua formação; promisso ético para com os estudantes e a sociedade;
II - elementos para compreender e discutir as relações II - conciliação das demandas identificadas com a voca-
sociais de produção e de trabalho, bem como as espe- ção e a capacidade da instituição ou rede de ensino, em
cificidades históricas nas sociedades contemporâneas; termos de reais condições de viabilização da proposta
III - recursos para exercer sua profissão com competên- pedagógica;
cia, idoneidade intelectual e tecnológica, autonomia e III - possibilidade de organização curricular segundo iti-
responsabilidade, orientados por princípios éticos, esté- nerários formativos, de acordo com os correspondentes
ticos e políticos, bem como compromissos com a cons- eixos tecnológicos, em função da estrutura sócio ocupa-
trução de uma sociedade democrática; cional e tecnológica consonantes com políticas públicas
indutoras e arranjos sócio produtivos e culturais locais;

29
IV - identificação de perfil profissional de conclusão Art. 21 A prática profissional, prevista na organização
próprio para cada curso, que objetive garantir o pleno curricular do curso, deve estar continuamente relacio-
desenvolvimento de conhecimentos, saberes e compe- nada aos seus fundamentos científicos e tecnológicos,
tências profissionais e pessoais requeridas pela natureza orientada pela pesquisa como princípio pedagógico que
do trabalho, segundo o respectivo eixo tecnológico, em possibilita ao educando enfrentar o desafio do desenvol-
função da estrutura sócio ocupacional e tecnológica e vimento da aprendizagem permanente, integra as car-
em condições de responder, de forma original e criativa, gas horárias mínimas de cada habilitação profissional
aos constantes desafios da vida cidadã e profissional. de técnico e correspondentes etapas de qualificação e de
especialização profissional técnica de nível médio.
Art. 19 O Ministério da Educação manterá atualizado o § 1º A prática na Educação Profissional compreende di-
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos organizado por ferentes situações de vivência, aprendizagem e trabalho,
eixos tecnológicos, para subsidiar as instituições educa- como experimentos e atividades específicas em ambien-
cionais na elaboração dos perfis profissionais de con- tes especiais, tais como laboratórios, oficinas, empresas
clusão, bem como na organização e no planejamento pedagógicas, ateliês e outros, bem como investigação
dos cursos técnicos de nível médio e correspondentes sobre atividades profissionais, projetos de pesquisa e/ou
qualificações profissionais e especializações técnicas de intervenção, visitas técnicas, simulações, observações e
nível médio. outras.
§ 1° A atualização regular do Catálogo deve ser realiza- § 2º A prática profissional supervisionada, caracterizada
da de forma participativa, em regime de colaboração com como prática profissional em situação real de trabalho,
as redes, instituições e órgãos especificamente voltados configura-se como atividade de estágio profissional su-
para a Educação Profissional e Tecnológica, representados pervisionado, assumido como ato educativo da institui-
pela Comissão Executiva Nacional do Catálogo Nacional ção educacional.
de Cursos Técnicos de Nível Médio (CONAC), ou similar. § 3º O estágio profissional supervisionado, quando neces-
§ 2º São permitidos cursos experimentais, não constan- sário em função da natureza do itinerário formativo, ou
tes do Catálogo, devidamente aprovados pelo órgão
exigido pela natureza da ocupação, pode ser incluído no
próprio de cada sistema de ensino, os quais serão sub-
plano de curso como obrigatório ou voluntário, sendo rea-
metidos anualmente à CONAC ou similar, para valida-
lizado em empresas e outras organizações públicas e pri-
ção ou não, com prazo máximo de validade de 3 (três)
vadas, à luz da Lei nº 11.788/2008 e conforme Diretrizes
anos, contados da data de autorização dos mesmos.
específicas editadas pelo Conselho Nacional de Educação.
§ 4º O plano de realização do estágio profissional super-
Art. 20 Os planos de curso, coerentes com os respectivos
visionado deve ser explicitado na organização curricular
projetos político pedagógicos, são submetidos à aprova-
ção dos órgãos competentes dos correspondentes Siste- e no plano de curso, uma vez que é ato educativo de
mas de Ensino, contendo obrigatoriamente, no mínimo: responsabilidade da instituição educacional, conforme
I - identificação do curso; previsto no inciso V do art. 20 desta Resolução.
II - justificativa e objetivos; § 5º A carga horária destinada à realização de ativi-
III - requisitos e formas de acesso; dades de estágio profissional supervisionado deve ser
IV - perfil profissional de conclusão; adicionada à carga horária mínima estabelecida pelo
V - organização curricular; Conselho Nacional de Educação ou prevista no Catálo-
VI - critérios de aproveitamento de conhecimentos e ex- go Nacional de Cursos Técnicos para a duração do res-
periências anteriores; pectivo curso técnico de nível médio ou correspondente
VII - critérios e procedimentos de avaliação; qualificação ou especialização profissional.
VIII - biblioteca, instalações e equipamentos;
IX - perfil do pessoal docente e técnico; Art. 22 A organização curricular dos cursos técnicos de
nível médio deve considerar os seguintes passos no seu
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

X - certificados e diplomas a serem emitidos.


§ 1º A organização curricular deve explicitar: planejamento:
I - componentes curriculares de cada etapa, com a indi- I - adequação e coerência do curso com o projeto po-
cação da respectiva bibliografia básica e complementar; lítico-pedagógico e com o regimento da instituição de
II - orientações metodológicas; ensino;
III - prática profissional intrínseca ao currículo, desenvol- II - adequação à vocação regional e às tecnologias e
vida nos ambientes de aprendizagem; avanços dos setores produtivos pertinentes;
IV - estágio profissional supervisionado, em termos de III - definição do perfil profissional de conclusão do cur-
prática profissional em situação real de trabalho, assu- so, projetado na identificação do itinerário formativo
mido como ato educativo da instituição educacional, planejado pela instituição educacional, com base nos iti-
quando previsto. nerários de profissionalização claramente identificados
§ 2º As instituições educacionais devem comprovar a no mundo do trabalho, indicando as efetivas possibilida-
existência das necessárias instalações e equipamentos des de contínuo e articulado aproveitamento de estudos;
na mesma instituição ou em instituição distinta, cedida IV - identificação de conhecimentos, saberes e compe-
por terceiros, com viabilidade de uso devidamente com- tências pessoais e profissionais definidoras do perfil pro-
provada. fissional de conclusão proposto para o curso;

30
V - organização curricular flexível, por disciplinas ou Nível Médio correspondente, ou no respectivo eixo tec-
componentes curriculares, projetos, núcleos temáticos nológico relacionado estreitamente com o perfil profis-
ou outros critérios ou formas de organização, desde que sional de conclusão da especialização.
compatíveis com os princípios da interdisciplinaridade,
da contextualização e da integração entre teoria e práti- Art. 25 Demandas de atualização e de aperfeiçoamento
ca, no processo de ensino e aprendizagem; de profissionais podem ser atendidas por cursos ou pro-
VI - definição de critérios e procedimentos de avaliação gramas de livre oferta, desenvolvidos inclusive no mun-
da aprendizagem; do do trabalho, os quais podem vir a ter aproveitamento
VII - identificação das reais condições técnicas, tecno- em curso de Educação Profissional Técnica de Nível Mé-
lógicas, físicas, financeiras e de pessoal habilitado para dio, mediante avaliação, reconhecimento e certificação
implantar o curso proposto; por parte de instituição que mantenha este curso, desde
VIII - elaboração do plano de curso a ser submetido à que estejam de acordo com estas Diretrizes Curriculares
aprovação dos órgãos competentes do respectivo siste- Nacionais e previstas nos Catálogos Nacionais de Cur-
ma de ensino; sos instituídos e organizados pelo MEC.
IX - inserção dos dados do plano de curso de Educa-
ção Profissional Técnica de Nível Médio, aprovado pelo CAPÍTULO III
respectivo sistema de ensino, no cadastro do Sistema DURAÇÃO DOS CURSOS
Nacional de Informações da Educação Profissional e
Tecnológica (SISTEC), mantido pelo Ministério da Edu- Art. 26 A carga horária mínima de cada curso de Edu-
cação, para fins de validade nacional dos certificados e cação Profissional Técnica de Nível Médio é indicada no
diplomas emitidos; Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, segundo cada
X - avaliação da execução do respectivo plano de curso. habilitação profissional.
§ 1º A autorização de curso está condicionada ao aten- Parágrafo único. Respeitados os mínimos previstos de
dimento de aspirações e interesses dos cidadãos e da duração e carga horária total, o plano de curso técnico
sociedade, e às especificidades e demandas socioeconô- de nível médio pode prever atividades não presenciais,
mico-ambientais. até 20% (vinte por cento) da carga horária diária do cur-
§ 2º É obrigatória a inserção do número do cadastro do so, desde que haja suporte tecnológico e seja garantido o
SISTEC nos diplomas e certificados dos concluintes de atendimento por docentes e tutores.
curso técnico de nível médio ou correspondentes quali-
ficações e especializações técnicas de nível médio, para Art. 27 Os cursos de Educação Profissional Técnica de
que os mesmos tenham validade nacional para fins de Nível Médio, na forma articulada com o Ensino Médio,
exercício profissional. integrada ou concomitante em instituições de ensino
distintas com projeto pedagógico unificado, têm as car-
Art. 23 O Ministério da Educação, no âmbito do SISTEC, gas horárias totais de, no mínimo, 3.000, 3.100 ou 3.200
organiza e divulga o Cadastro Nacional de Instituições horas, conforme o número de horas para as respectivas
de Ensino que ofertam Educação Profissional e Tecnoló- habilitações profissionais indicadas no Catálogo Nacional
gica, cursos de Educação Profissional Técnica de Nível de Cursos Técnicos, seja de 800, 1.000 ou 1.200 horas.
Médio, bem como de estudantes matriculados e certifi-
cados ou diplomados. Art. 28 Os cursos de Educação Profissional Técnica de
Parágrafo único. A inclusão de dados no SISTEC não de- Nível Médio, na forma articulada integrada com o En-
sobriga a instituição educacional de prestar as devidas sino Médio na modalidade de Educação de Jovens e
informações ao censo escolar do Instituto Nacional de Adultos, têm a carga horária mínima total de 2.400 ho-
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), ras, devendo assegurar, cumulativamente, o mínimo de
para fins de estatísticos e de exigência legal, tal como o 1.200 horas para a formação no Ensino Médio, acresci- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
cálculo do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da das de 1.200 horas destinadas à formação profissional
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da do técnico de nível médio.
Educação (FUNDEB). Parágrafo único. Nos cursos do Programa Nacional de
Integração da Educação Profissional com a Educação
Art. 24 Na perspectiva de educação continuada para o Básica, na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos
desenvolvimento pessoal e do itinerário formativo de (PROEJA) exige-se a seguinte duração:
profissionais técnicos e de graduados em áreas correla- I - mínimo geral de 2.400 horas;
tas, e para o atendimento de demandas específicas do II - pode ser computado no total de duração o tempo que
mundo do trabalho, podem ser organizados cursos de venha a ser destinado à realização de estágio profissio-
Especialização Técnica de Nível Médio, vinculados, pelo nal supervisionado e/ou dedicado a trabalho de conclu-
menos, a uma habilitação profissional do mesmo eixo são de curso ou similar nas seguintes proporções:
tecnológico. a) nas habilitações com 800 horas, podem ser computa-
Parágrafo único. A instituição ofertante de curso de Es- das até 400 horas;
pecialização Técnica de Nível Médio deve ter em sua b) nas habilitações com 1.000 horas, podem ser compu-
oferta regular curso de Educação Profissional Técnica de tadas até 200 horas.

31
III - no caso de habilitação profissional de 1.200 horas, prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quanti-
as atividades de estágio devem ser necessariamente adi- tativos, bem como dos resultados ao longo do processo
cionadas ao mínimo de 2.400 horas. sobre os de eventuais provas finais.

Art. 29 Os cursos de Educação Profissional Técnica de Art. 35 A avaliação da aprendizagem utilizada para fins
Nível Médio oferecidos nas formas subsequente e articu- de validação e aproveitamento de saberes profissionais
lada concomitante, aproveitando as oportunidades edu- desenvolvidos em experiências de trabalho ou de estu-
cacionais disponíveis, portanto sem projeto pedagógico dos formais e não formais, deve ser propiciada pelos
unificado, devem respeitar as cargas horárias mínimas de sistemas de ensino como uma forma de valorização da
800, 1.000 ou 1.200 horas, conforme indicadas para as experiência extraescolar dos educandos, objetivando a
respectivas habilitações profissionais no Catálogo Nacio- continuidade de estudos segundo itinerários formativos
nal de Cursos Técnicos instituído e mantido pelo MEC. coerentes com os históricos profissionais dos cidadãos.
§ 1º Os sistemas de ensino devem elaborar diretrizes
Art. 30 A carga horária mínima, para cada etapa com metodológicas para avaliação e validação dos saberes
terminalidade de qualificação profissional técnica pre- profissionais desenvolvidos pelos estudantes em seu iti-
vista em um itinerário formativo de curso técnico de ní- nerário profissional e de vida, para fins de prossegui-
vel médio, é de 20% (vinte por cento) da carga horária mento de estudos ou de reconhecimento dos saberes
mínima indicada para a respectiva habilitação profissio- avaliados e validados, para fins de certificação profissio-
nal no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos instituído nal, de acordo com o correspondente perfil profissional
e mantido pelo MEC. de conclusão do respectivo curso técnico de nível médio.
§ 2º Os sistemas de ensino devem, respeitadas as condi-
Art. 31 A carga horária mínima dos cursos de especiali- ções de cada instituição educacional, oferecer oportunida-
zação técnica de nível médio é de 25% (vinte e cinco por des de complementação de estudos, visando a suprir even-
cento) da carga horária mínima indicada no Catálogo tuais insuficiências formativas constatadas na avaliação.
Nacional de Cursos Técnicos para a habilitação profis-
sional a que se vincula.
Art. 36 Para prosseguimento de estudos, a instituição
de ensino pode promover o aproveitamento de conhe-
Art. 32 A carga horária destinada a estágio profissional
cimentos e experiências anteriores do estudante, desde
supervisionado, quando previsto em plano de curso, em
que diretamente relacionados com o perfil profissional
quaisquer das formas de oferta do curso técnico de nível
de conclusão da respectiva qualificação ou habilitação
médio, deverá ser adicionada à carga horária mínima
profissional, que tenham sido desenvolvidos:
estabelecida para a respectiva habilitação profissional.
I - em qualificações profissionais e etapas ou módulos de
Art. 33 Os cursos técnicos de nível médio oferecidos, na nível técnico regularmente concluídos em outros cursos
modalidade de Educação a Distância, no âmbito da área de Educação Profissional Técnica de Nível Médio;
profissional da Saúde, devem cumprir, no mínimo, 50% II - em cursos destinados à formação inicial e continua-
(cinquenta por cento) de carga horária presencial, sendo da ou qualificação profissional de, no mínimo, 160 horas
que, no caso dos demais eixos tecnológicos, será exigido de duração, mediante avaliação do estudante;
um mínimo de 20% (vinte por cento) de carga horária III - em outros cursos de Educação Profissional e Tecno-
presencial, nos termos das normas específicas definidas lógica, inclusive no trabalho, por outros meios informais
em cada sistema de ensino. ou até mesmo em cursos superiores de graduação, me-
§ 1º Em polo presencial ou em estruturas de laborató- diante avaliação do estudante;
rios móveis devem estar previstas atividades práticas de IV - por reconhecimento, em processos formais de cer-
acordo com o perfil profissional proposto, sem prejuízo tificação profissional, realizado em instituição devida-
mente credenciada pelo órgão normativo do respectivo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

da formação exigida nos cursos presenciais.


§ 2º A atividade de estágio profissional supervisionado, sistema de ensino ou no âmbito de sistemas nacionais
quando exigida, em razão da natureza tecnológica e do de certificação profissional.
perfil profissional do curso, terá a carga horária desti-
nada ao mesmo, no respectivo plano de curso, sempre CAPÍTULO II
acrescida ao percentual exigido para ser cumprido com CERTIFICAÇÃO
carga horária presencial.
Art. 37 A avaliação e certificação, para fins de exercício
TÍTULO III profissional, somente poderão ser realizadas por insti-
AVALIAÇÃO, APROVEITAMENTO E CERTIFICAÇÃO tuição educacional devidamente credenciada que apre-
CAPÍTULO I sente em sua oferta o curso de Educação Profissional
AVALIAÇÃO E APROVEITAMENTO Técnica de Nível Médio correspondente, previamente
autorizado.
Art. 34 A avaliação da aprendizagem dos estudantes § 1º A critério do órgão normativo do respectivo siste-
visa à sua progressão para o alcance do perfil profis- ma de ensino, instituições de ensino que não tenham o
sional de conclusão, sendo contínua e cumulativa, com correspondente curso de Educação Profissional Técnica

32
de Nível Médio, mas ofertem cursos inscritos no mes- § 5º Os históricos escolares que acompanham os cer-
mo eixo tecnológico, cuja formação tenha estreita relação tificados e diplomas devem explicitar os componentes
com o perfil profissional de conclusão a ser certificado, po- curriculares cursados, de acordo com o correspondente
dem realizar os processos previstos no caput deste artigo. perfil profissional de conclusão, explicitando as respec-
§ 2º A certificação profissional abrange a avaliação do tivas cargas horárias, frequências e aproveitamento dos
itinerário profissional e de vida do estudante, visando ao concluintes.
seu aproveitamento para prosseguimento de estudos ou § 6º A revalidação de certificados de cursos técnicos re-
ao reconhecimento para fins de certificação para exercí- alizados no exterior é de competência das instituições
cio profissional, de estudos não formais e experiência no de Educação Profissional e Tecnológica integrantes do
trabalho, bem como de orientação para continuidade de sistema federal de ensino e pelas instituições públicas
estudos, segundo itinerários formativos coerentes com credenciadas pelo órgão normativo do respectivo siste-
os históricos profissionais dos cidadãos, para valorização ma de ensino, conforme suas disponibilidades de pessoal
da experiência extraescolar. docente qualificado nos eixos tecnológicos pertinentes.
§ 3º O Conselho Nacional de Educação elaborará dire-
trizes para a certificação profissional. CAPÍTULO III
§ 4º O Ministério da Educação, por meio da Rede Na- AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉC-
cional de Certificação Profissional e Formação Inicial e NICA DE NÍVEL MÉDIO
Continuada (Rede CERTIFIC), elaborará padrões nacio-
nais de certificação profissional para serem utilizados Art. 39 Na formulação e no desenvolvimento de políti-
obrigatoriamente pelas instituições de Educação Pro- ca pública para a Educação Profissional e Tecnológica,
fissional e Tecnológica do sistema federal de ensino e o Ministério da Educação, em regime de colaboração
das redes públicas estaduais, quando em processos de com os Conselhos Nacional e Estaduais de Educação e
certificação. demais órgãos dos respectivos sistemas de ensino, pro-
§ 5º As instituições educacionais poderão aderir à Rede moverá, periodicamente, a avaliação da Educação Pro-
CERTIFIC e, se acreditadas, poderão realizar reconhe-
fissional Técnica de Nível Médio, garantida a divulgação
cimento para fins de certificação para exercício profis-
dos resultados, com a finalidade de:
sional, de acordo com o respectivo perfil profissional de
I - promover maior articulação entre as demandas so-
conclusão do curso;
cioeconômico-ambientais e a oferta de cursos, do ponto
§ 6º As instituições que possuam metodologias de cer-
de vista qualitativo e quantitativo;
tificação profissional poderão utilizá-las nos processos
II - promover a expansão de sua oferta, em cada eixo
de certificação, desde que autorizadas pelos órgãos nor-
tecnológico;
mativos dos sistemas de ensino, até a elaboração das
diretrizes para a certificação profissional. III - promover a melhoria da qualidade pedagógica e
efetividade social, com ênfase no acesso, na permanên-
Art. 38 Cabe às instituições educacionais expedir e regis- cia e no êxito no percurso formativo e na inserção socio-
trar, sob sua responsabilidade, os diplomas de técnico de profissional;
nível médio, sempre que seus dados estejam inseridos no IV - zelar pelo cumprimento das responsabilidades
SISTEC, a quem caberá atribuir um código autenticador sociais das instituições mediante valorização de sua
do referido registro, para fins de validade nacional dos missão, afirmação da autonomia e da identidade ins-
diplomas emitidos e registrados. titucional, atendimento às demandas socioeconômico-
§ 1º A instituição de ensino responsável pela certificação -ambientais, promoção dos valores democráticos e res-
que completa o itinerário formativo do técnico de nível peito à diferença e à diversidade.
médio expedirá o correspondente diploma de técnico de
nível médio, observado o requisito essencial de conclu- TÍTULO IV
são do Ensino Médio. FORMAÇÃO DOCENTE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
§ 2º Os diplomas de técnico de nível médio devem ex-
plicitar o correspondente título de técnico na respectiva Art. 40 A formação inicial para a docência na Educação
habilitação profissional, indicando o eixo tecnológico ao Profissional Técnica de Nível Médio realiza-se em cur-
qual se vincula. sos de graduação e programas de licenciatura ou outras
§ 3º Ao concluinte de etapa com terminalidade que ca- formas, em consonância com a legislação e com normas
racterize efetiva qualificação profissional técnica para o específicas definidas pelo Conselho Nacional de Educa-
exercício no mundo do trabalho e que possibilite a cons- ção.
trução de itinerário formativo é conferido certificado de § 1º Os sistemas de ensino devem viabilizar a formação
qualificação profissional técnica, no qual deve ser expli- a que se refere o caput deste artigo, podendo ser orga-
citado o título da ocupação certificada. nizada em cooperação com o Ministério da Educação e
§ 4º Aos detentores de diploma de curso técnico que instituições de Educação Superior.
concluírem, com aproveitamento, os cursos de especia- § 2º Aos professores graduados, não licenciados, em
lização técnica de nível médio é conferido certificado de efetivo exercício na profissão docente ou aprovados em
especialização técnica de nível médio, no qual deve ser concurso público, é assegurado o direito de participar ou
explicitado o título da ocupação certificada. ter reconhecidos seus saberes profissionais em processos

33
destinados à formação pedagógica ou à certificação da b) Elementos para compreender e discutir as relações so-
experiência docente, podendo ser considerado equiva- ciais de produção e de trabalho, bem como as especifici-
lente às licenciaturas: dades históricas nas sociedades contemporâneas.
I - excepcionalmente, na forma de pós-graduação lato c) Diálogo com diversos campos do trabalho, da ciência, da
sensu, de caráter pedagógico, sendo o trabalho de con- tecnologia e da cultura como referências fundamentais
clusão de curso, preferencialmente, projeto de interven- de sua formação.
ção relativo à prática docente; d) Recursos para exercer sua profissão com competência,
II - excepcionalmente, na forma de reconhecimento to- idoneidade intelectual e tecnológica, autonomia e res-
tal ou parcial dos saberes profissionais de docentes, com ponsabilidade, orientados por princípios éticos, estéti-
mais de 10 (dez) anos de efetivo exercício como professo- cos e políticos, bem como compromissos com a cons-
res da Educação Profissional, no âmbito da Rede CERTIFIC; trução de uma sociedade democrática.
III - na forma de uma segunda licenciatura, diversa da sua e) Todas as opções estão corretas
graduação original, a qual o habilitará ao exercício docente.
§ 3º O prazo para o cumprimento da excepcionalidade Resposta: Letra E. Conforme o Art. 14 Os currículos dos
prevista nos incisos I e II do § 2º deste artigo para a for- cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio
mação pedagógica dos docentes em efetivo exercício da devem proporcionar aos estudantes:
profissão, encerrar-se-á no ano de 2020. I - diálogo com diversos campos do trabalho, da ciência,
§ 4º A formação inicial não esgota as possibilidades de da tecnologia e da cultura como referências fundamen-
qualificação profissional e desenvolvimento dos profes- tais de sua formação;
sores da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, II - elementos para compreender e discutir as relações so-
cabendo aos sistemas e às instituições de ensino a orga- ciais de produção e de trabalho, bem como as especifici-
nização e viabilização de ações destinadas à formação dades históricas nas sociedades contemporâneas;
continuada de professores. III - recursos para exercer sua profissão com competência,
idoneidade intelectual e tecnológica, autonomia e res-
ponsabilidade, orientados por princípios éticos, estéticos
TÍTULO V
e políticos, bem como compromissos com a construção de
DISPOSIÇÕES FINAIS
uma sociedade democrática;
IV - domínio intelectual das tecnologias pertinentes ao
Art. 41 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Edu-
eixo tecnológico do curso, de modo a permitir progressivo
cação Profissional Técnica de Nível Médio são obrigató-
desenvolvimento profissional e capacidade de construir
rias a partir do início do ano de 2013.
novos conhecimentos e desenvolver novas competências
§ 1º Os sistemas e instituições de ensino que tenham
profissionais com autonomia intelectual;
condições de implantar as Diretrizes Curriculares Nacio- V - instrumentais de cada habilitação, por meio da vivência
nais, poderão fazê-lo imediatamente. de diferentes situações práticas de estudo e de trabalho;
§ 2º Fica ressalvado, aos alunos matriculados no período VI - fundamentos de empreendedorismo, cooperativismo,
de transição, o direito de conclusão de cursos organiza- tecnologia da informação, legislação trabalhista, ética
dos com base na Resolução CNE/CEB nº 4/99, atualiza- profissional, gestão ambiental, segurança do trabalho,
da pela Resolução CNE/CEB nº 1/2005, e regulamenta- gestão da inovação e iniciação científica, gestão de pesso-
ções subsequentes. as e gestão da qualidade social e ambiental do trabalho.
Portanto todas as alternativas contemplam o enunciado.
Art. 42 Esta Resolução entra em vigor na data de sua
publicação, revogadas as disposições em contrário, em 2. (SEDF – Professor – Superior - Quadrix – 2017) Julgue
especial as disposições da Resolução CNE/CEB nº 4/99 e o próximo item com base nas Diretrizes Curriculares Nacio-
da Resolução CNE/CEB nº 1/2005. nais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

A Educação Profissional e Tecnológica abrange os cursos de


Raimundo Moacir Mendes Feitosa formação inicial e continuada ou qualificação profissional,
Educação Profissional Técnica de Nível Médio e Educação
Profissional Tecnológica de graduação e pós-graduação.
EXERCÍCIO COMENTADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

1. (IF-CE - Técnico em Assuntos Educacionais – superior Resposta: Certo. O documento no Art. 2º dispõe: A
- IF-CE/2018) As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional e Tecnológica, nos termos da Lei nº
Educação Profissional Técnica de Nível Médio definem que 9.394/96 (LDB), alterada pela Lei nº 11.741/2008, abran-
os currículos dos cursos de Educação Profissional Técnica ge os cursos de:
de Nível Médio devem proporcionar aos estudantes: I - formação inicial e continuada ou qualificação profis-
sional;
a) Instrumentais de cada habilitação, por meio da vivência II - Educação Profissional Técnica de Nível Médio;
de diferentes situações práticas de estudo e de trabalho. III - Educação Profissional Tecnológica, de graduação e de
pós-graduação.

34
§ 5º Para os fins deste Decreto, a rede de instituições fe-
PROGRAMA NACIONAL DE INTEGRAÇÃO derais de educação profissional compreende a Universi-
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL À dade Federal Tecnológica do Paraná, os Centros Federais
EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE de Educação Tecnológica, as Escolas Técnicas Federais,
DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – as Escolas Agrotécnicas Federais, as Escolas Técnicas
PROEJA (DECRETO Nº 5.840/2006); Vinculadas às Universidades Federais e o Colégio Pedro
II, sem prejuízo de outras instituições que venham a ser
criadas.
DECRETO Nº 5.840, DE 13 DE JULHO DE 2006.
Art. 2º As instituições federais de educação profissio-
nal deverão implantar cursos e programas regulares do
#FicaDica PROEJA até o ano de 2007.
§ 1º As instituições referidas no caput disponibilizarão
nstitui, no âmbito federal, o Programa Nacional ao PROEJA, em 2006, no mínimo dez por cento do to-
de Integração da Educação Profissional com a tal das vagas de ingresso da instituição, tomando como
Educação Básica na Modalidade de Educação referência o quantitativo de matrículas do ano anterior,
de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras ampliando essa oferta a partir do ano de 2007.
providências. § 2º A ampliação da oferta de que trata o § 1o deverá
estar incluída no plano de desenvolvimento institucional
da instituição federal de ensino.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o Art. 3º Os cursos do PROEJA, destinados à formação
disposto nos arts. 35 a 42 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro inicial e continuada de trabalhadores, deverão contar
de 1996, e no Decreto no 5.154, de 23 de julho de 2004, no art. com carga horária mínima de mil e quatrocentas horas,
6o, inciso III, da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, e no assegurando-se cumulativamente:
art. 54, inciso XV, da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994, I - a destinação de, no mínimo, mil e duzentas horas
para formação geral; e
DECRETA: II - a destinação de, no mínimo, duzentas horas para a
formação profissional.
Art. 1º Fica instituído, no âmbito federal, o Programa Na-
cional de Integração da Educação Profissional à Educação Art. 4º Os cursos de educação profissional técnica de ní-
Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - vel médio do PROEJA deverão contar com carga horária
PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas neste Decreto. mínima de duas mil e quatrocentas horas, assegurando-
§ 1º O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e progra- -se cumulativamente:
mas de educação profissional: I - a destinação de, no mínimo, mil e duzentas horas
I - formação inicial e continuada de trabalhadores; e para a formação geral;
II - educação profissional técnica de nível médio. II - a carga horária mínima estabelecida para a respec-
§ 2º Os cursos e programas do PROEJA deverão consi- tiva habilitação profissional técnica; e
derar as características dos jovens e adultos atendidos, e III - a observância às diretrizes curriculares nacionais e
poderão ser articulados: demais atos normativos do Conselho Nacional de Edu-
I - ao ensino fundamental ou ao ensino médio, objeti- cação para a educação profissional técnica de nível mé-
vando a elevação do nível de escolaridade do trabalha- dio, para o ensino fundamental, para o ensino médio e
dor, no caso da formação inicial e continuada de tra- para a educação de jovens e adultos.
balhadores, nos termos do art. 3o, § 2o, do Decreto no CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
5.154, de 23 de julho de 2004; e Art. 5º As instituições de ensino ofertantes de cursos e
II - ao ensino médio, de forma integrada ou concomitan- programas do PROEJA serão responsáveis pela estrutu-
te, nos termos do art. 4o, § 1o, incisos I e II, do Decreto ração dos cursos oferecidos e pela expedição de certifi-
no 5.154, de 2004. cados e diplomas.
§ 3º O PROEJA poderá ser adotado pelas instituições Parágrafo único. As áreas profissionais escolhidas para
públicas dos sistemas de ensino estaduais e municipais a estruturação dos cursos serão, preferencialmente, as
e pelas entidades privadas nacionais de serviço social, que maior sintonia guardarem com as demandas de
aprendizagem e formação profissional vinculadas ao nível local e regional, de forma a contribuir com o for-
sistema sindical (“Sistema S”), sem prejuízo do disposto talecimento das estratégias de desenvolvimento socioe-
no § 4o deste artigo. conômico e cultural.
§ 4º Os cursos e programas do PROEJA deverão ser ofe-
recidos, em qualquer caso, a partir da construção prévia Art. 6º O aluno que demonstrar a qualquer tempo apro-
de projeto pedagógico integrado único, inclusive quando veitamento no curso de educação profissional técnica de
envolver articulações interinstitucionais ou intergover- nível médio, no âmbito do PROEJA, fará jus à obtenção
namentais. do correspondente diploma, com validade nacional, tan-

35
to para fins de habilitação na respectiva área profissio- I – O PROEJA abrange cursos de formação inicial e conti-
nal, quanto para atestar a conclusão do ensino médio, nuada de trabalhadores e de educação profissional técnica
possibilitando o prosseguimento de estudos em nível de nível médio.
superior. II – O PROEJA pode ter seus cursos e programas articulados
Parágrafo único. Todos os cursos e programas do PRO- ao ensino fundamental, considerando as características da
EJA devem prever a possibilidade de conclusão, a qual- clientela a ser atendida.
quer tempo, desde que demonstrado aproveitamento e III – O PROEJA deverá oferecer seus cursos e programas a
atingidos os objetivos desse nível de ensino, mediante partir da construção prévia de projeto pedagógico integra-
avaliação e reconhecimento por parte da respectiva ins- do único.
tituição de ensino.
Está correto o que se afirma em:
Art. 7º As instituições ofertantes de cursos e programas
do PROEJA poderão aferir e reconhecer, mediante ava- a) I, apenas
liação individual, conhecimentos e habilidades obtidos b) II, apenas
em processos formativos extraescolares. c) III, apenas
d) I e II, apenas
Art. 8º Os diplomas de cursos técnicos de nível médio e) I, II e III
desenvolvidos no âmbito do PROEJA terão validade na-
cional, conforme a legislação aplicável. Resposta: Letra E. De acordo com o documento em vi-
gência, segue:
Art. 9º O acompanhamento e o controle social da imple- Art. 1º (...)
mentação nacional do PROEJA será exercido por comitê § 1º O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e progra-
nacional, com função consultiva. mas de educação profissional:
Parágrafo único. A composição, as atribuições e o regi- I - formação inicial e continuada de trabalhadores; e
mento do comitê de que trata o caput deste artigo serão
II - educação profissional técnica de nível médio.
definidos conjuntamente pelos Ministérios da Educação
§ 2º Os cursos e programas do PROEJA deverão consi-
e do Trabalho e Emprego.
derar as características dos jovens e adultos atendidos, e
poderão ser articulados:
Art. 10. O § 2o do art. 28 do Decreto no 5.773, de 9 de
I - ao ensino fundamental ou ao ensino médio, objeti-
maio de 2006, passa a vigorar com a seguinte redação:
vando a elevação do nível de escolaridade do trabalha-
“§ 2º A criação de cursos de graduação em direito e em
dor, no caso da formação inicial e continuada de tra-
medicina, odontologia e psicologia, inclusive em univer-
sidades e centros universitários, deverá ser submetida, balhadores, nos termos do art. 3º, § 2º, do Decreto no
respectivamente, à manifestação do Conselho Federal 5.154, de 23 de julho de 2004;
da Ordem dos Advogados do Brasil ou do Conselho Na- (...)
cional de Saúde, previamente à autorização pelo Minis- § 4º Os cursos e programas do PROEJA deverão ser ofe-
tério da Educação.” (NR) recidos, em qualquer caso, a partir da construção prévia
de projeto pedagógico integrado único, inclusive quan-
Art. 11. Fica revogado o Decreto no 5.478, de 24 de ju- do envolver articulações interinstitucionais ou intergo-
nho de 2005. vernamentais.

Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-


blicação.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Brasília, 13 de julho de 2006; 185o da Independência e


118o da República.

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/decreto/D5840.htm

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (CEFET-RJO - Técnico em Assuntos Educacionais


– Superior – CESGRANRIO/2017) Decreto no 5.840, de
13/07/2006, institui o Programa Nacional de Integração da
Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de
Educação de Jovens e Adultos –– PROEJA. A esse respeito,
considere as afirmativas abaixo.

36
IV - estudante que tenha cursado o ensino médio com-
PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO pleto em escola da rede pública ou em instituições pri-
ENSINO TÉCNICO E EMPREGO – PRONATEC vadas na condição de bolsista integral, nos termos do
(LEI Nº 12.513/2011); regulamento.
§ 1º Entre os trabalhadores a que se refere o inciso II,
incluem-se os agricultores familiares, silvicultores, aqui-
LEI Nº 12.513, DE 26 DE OUTUBRO DE 2011. cultores, extrativistas e pescadores.
§ 2º Será estimulada a participação das pessoas com
#FicaDica deficiência nas ações de educação profissional e tecno-
lógica desenvolvidas no âmbito do Pronatec, observadas
Institui o Programa Nacional de Acesso ao as condições de acessibilidade e participação plena no
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); altera as ambiente educacional, tais como adequação de equi-
Leis no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, que pamentos, de materiais pedagógicos, de currículos e de
regula o Programa do Seguro-Desemprego, o estrutura física.
Abono Salarial e institui o Fundo de Amparo § 3º As ações desenvolvidas no âmbito do Pronatec con-
ao Trabalhador (FAT), no 8.212, de 24 de julho templarão a participação de povos indígenas, comuni-
de 1991, que dispõe sobre a organização da dades quilombolas e adolescentes e jovens em cumpri-
Seguridade Social e institui Plano de Custeio, mento de medidas socioeducativas.
no 10.260, de 12 de julho de 2001, que dispõe § 4º Será estimulada a participação de mulheres respon-
sobre o Fundo de Financiamento ao Estudante sáveis pela unidade familiar beneficiárias de programas
do Ensino Superior, e no 11.129, de 30 de junho federais de transferência de renda, nos cursos oferecidos
de 2005, que institui o Programa Nacional de por intermédio da Bolsa-Formação.
Inclusão de Jovens (ProJovem); e dá outras
providências. Art. 3º O Pronatec cumprirá suas finalidades e objetivos
em regime de colaboração entre a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, com a participação
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- voluntária dos serviços nacionais de aprendizagem, de
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: instituições privadas e públicas de ensino superior, de
instituições de educação profissional e tecnológica e de
Art. 1º É instituído o Programa Nacional de Acesso ao fundações públicas de direito privado precipuamente
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), a ser executado dedicadas à educação profissional e tecnológica, habi-
pela União, com a finalidade de ampliar a oferta de edu- litadas nos termos desta Lei
cação profissional e tecnológica, por meio de progra-
mas, projetos e ações de assistência técnica e financeira. Art. 4º O Pronatec será desenvolvido por meio das se-
Parágrafo único. São objetivos do Pronatec: guintes ações, sem prejuízo de outras:
I - expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cur- I - ampliação de vagas e expansão da rede federal de
sos de educação profissional técnica de nível médio pre- educação profissional e tecnológica;
sencial e a distância e de cursos e programas de forma- II - fomento à ampliação de vagas e à expansão das
ção inicial e continuada ou qualificação profissional; redes estaduais de educação profissional;
II - fomentar e apoiar a expansão da rede física de aten- III - incentivo à ampliação de vagas e à expansão da
dimento da educação profissional e tecnológica; rede física de atendimento dos serviços nacionais de
III - contribuir para a melhoria da qualidade do ensino aprendizagem;
médio público, por meio da articulação com a educação IV - oferta de bolsa-formação, nas modalidades:
profissional; a) Bolsa-Formação Estudante; e CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
IV - ampliar as oportunidades educacionais dos traba- b) Bolsa-Formação Trabalhador;
lhadores, por meio do incremento da formação e quali- V - financiamento da educação profissional e tecnológica;
ficação profissional; VI - fomento à expansão da oferta de educação profis-
V - estimular a difusão de recursos pedagógicos para apoiar sional técnica de nível médio na modalidade de educa-
a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. ção a distância;
VI - estimular a articulação entre a política de educação VII - apoio técnico voltado à execução das ações desen-
profissional e tecnológica e as políticas de geração de volvidas no âmbito do Programa;
trabalho, emprego e renda. VIII - estímulo à expansão de oferta de vagas para as
pessoas com deficiência, inclusive com a articulação dos
Art. 2º O Pronatec atenderá prioritariamente: Institutos Públicos Federais, Estaduais e Municipais de
I - estudantes do ensino médio da rede pública, inclusive Educação; e
da educação de jovens e adultos; IX - articulação com o Sistema Nacional de Emprego.
II - trabalhadores; X - articulação com o Programa Nacional de Inclusão de
III - beneficiários dos programas federais de transferên- Jovens - PROJOVEM, nos termos da Lei no 11.692, de 10
cia de renda; e de junho de 2008.

37
§ 1º A Bolsa-Formação Estudante será destinada aos § 3º O montante dos recursos a ser repassado para as
beneficiários previstos no art. 2o para cursos de educa- bolsas-formação de que trata o caput corresponderá ao
ção profissional técnica de nível médio, nas formas con- número de vagas pactuadas por cada instituição de en-
comitante, integrada ou subsequente, e para cursos de sino ofertante, que serão posteriormente confirmadas
formação de professores em nível médio na modalidade como matrículas em sistema eletrônico de informações
normal, nos termos definidos em ato do Ministro de Es- da educação profissional mantido pelo Ministério da
tado da Educação. Educação, observada a obrigatoriedade de devolução de
§ 2º A Bolsa-Formação Trabalhador será destinada ao recursos em caso de vagas não ocupadas.
trabalhador e aos beneficiários dos programas federais § 4º Os valores das bolsas-formação concedidas na for-
de transferência de renda, para cursos de formação ini- ma prevista no caput correspondem ao custo total do
cial e continuada ou qualificação profissional. curso por estudante, incluídos as mensalidades, encar-
§ 3º O Poder Executivo definirá os requisitos e critérios gos educacionais e o eventual custeio de transporte e
de priorização para concessão das bolsas-formação, alimentação ao beneficiário, vedada cobrança direta aos
considerando-se capacidade de oferta, identificação da estudantes de taxas de matrícula, custeio de material di-
demanda, nível de escolaridade, faixa etária, existência dático ou qualquer outro valor pela prestação do serviço.
de deficiência, entre outros, observados os objetivos do § 5º O Poder Executivo disporá sobre o valor de cada
programa. bolsa-formação, considerando-se, entre outros, os eixos
§ 4º O financiamento previsto no inciso V poderá ser tecnológicos, a modalidade do curso, a carga horária e a
contratado pelo estudante, em caráter individual, ou por complexidade da infraestrutura necessária para a oferta
empresa, para custeio da formação de trabalhadores dos cursos.
nos termos da Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001, § 6º O Poder Executivo disporá sobre normas relativas ao
nas instituições habilitadas na forma do art. 10 desta Lei. atendimento ao aluno, às transferências e à prestação de
contas dos recursos repassados no âmbito do Pronatec.
Art. 5º Para os fins desta Lei, são consideradas modali- § 7º Qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá denun-
dades de educação profissional e tecnológica os cursos: ciar ao Ministério da Educação, ao Tribunal de Contas da
I - de formação inicial e continuada ou qualificação pro- União e aos órgãos de controle interno do Poder Executi-
fissional; e vo irregularidades identificadas na aplicação dos recur-
II - de educação profissional técnica de nível médio; e sos destinados à execução do Pronatec.
III - de formação de professores em nível médio na mo-
dalidade normal. Art. 6o-A. A execução do Pronatec poderá ser realiza-
§ 1º Os cursos referidos no inciso I serão relacionados da por meio da concessão das bolsas-formação de que
pelo Ministério da Educação, devendo contar com carga trata a alínea a do inciso IV do caput do art. 4o aos
horária mínima de 160 (cento e sessenta) horas. estudantes matriculados em instituições privadas de en-
§ 2º Os cursos referidos no inciso II submetem-se às di- sino superior e de educação profissional técnica de nível
retrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho médio, nas formas e modalidades definidas em ato do
Nacional de Educação, bem como às demais condições Ministro de Estado da Educação.
estabelecidas na legislação aplicável, devendo constar § 1º Para fins do disposto no caput, as instituições priva-
do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, organizado das de ensino superior e de educação profissional técni-
pelo Ministério da Educação. ca de nível médio deverão:
§ 3º (VETADO). I - aderir ao Pronatec com assinatura de termo de ade-
são por suas mantenedoras;
Art. 6º Para cumprir os objetivos do Pronatec, a União II - habilitar-se perante o Ministério da Educação;
é autorizada a transferir recursos financeiros às institui- III - atender aos índices de qualidade acadêmica e a ou-
ções de educação profissional e tecnológica das redes tros requisitos estabelecidos em ato do Ministro de Esta-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

públicas estaduais e municipais ou dos serviços nacio- do da Educação; e


nais de aprendizagem correspondentes aos valores das IV - garantir aos beneficiários de Bolsa-Formação aces-
bolsas-formação de que trata o inciso IV do art. 4o desta so a sua infraestrutura educativa, recreativa, esportiva
Lei. e cultural.
§ 1º As transferências de recursos de que trata o caput § 2º A habilitação de que trata o inciso II do § 1o deste
dispensam a realização de convênio, acordo, contrato, artigo, no caso da instituição privada de ensino supe-
ajuste ou instrumento congênere, observada a obriga- rior, estará condicionada ao atendimento dos seguintes
toriedade de prestação de contas da aplicação dos re- requisitos:
cursos. I - atuação em curso de graduação em áreas de conhe-
§ 2º Do total dos recursos financeiros de que trata o ca- cimento correlatas à do curso técnico a ser ofertado ou
put deste artigo, um mínimo de 30% (trinta por cento) aos eixos tecnológicos previstos no catálogo de que trata
deverá ser destinado para as Regiões Norte e Nordeste o § 2o do art. 5o;
com a finalidade de ampliar a oferta de educação pro- II - excelência na oferta educativa comprovada por meio
fissional e tecnológica. de índices satisfatórios de qualidade, nos termos estabe-
lecidos em ato do Ministro de Estado da Educação;

38
III - promoção de condições de acessibilidade e de práti- dantes matriculados em instituições privadas de ensino
cas educacionais inclusivas. superior e de educação profissional técnica de nível mé-
§ 3º A habilitação de que trata o inciso II do § 1o deste dio serão disciplinadas em ato do Ministro de Estado da
artigo, no caso da instituição privada de educação pro- Educação, que deverá prever:
fissional técnica de nível médio, estará condicionada ao I - normas relativas ao atendimento ao aluno;
resultado da sua avaliação, de acordo com critérios e II - obrigações dos estudantes e das instituições;
procedimentos fixados em ato do Ministro de Estado da III - regras para seleção de estudantes, inclusive me-
Educação, observada a regulação pelos órgãos compe- diante a fixação de critérios de renda, e de adesão das
tentes do respectivo sistema de ensino. instituições mantenedoras;
§ 4º Para a habilitação de que trata o inciso II do § 1o IV - forma e condições para a concessão das bolsas,
deste artigo, o Ministério da Educação definirá eixos e comprovação da oferta pelas instituições e participação
cursos prioritários, especialmente nas áreas relaciona- dos estudantes nos cursos;
das aos processos de inovação tecnológica e à elevação V - normas de transferência de curso ou instituição,
de produtividade e competitividade da economia do
suspensão temporária ou permanente da matrícula do
País.
estudante;
VI - exigências de qualidade acadêmica das instituições
Art. 6o-B. O valor da bolsa-formação concedida na for-
de ensino, aferidas por sistema de avaliação nacional e
ma do art. 6o-A será definido pelo Poder Executivo e
seu pagamento será realizado, por matrícula efetivada, indicadores específicos da educação profissional, obser-
diretamente às mantenedoras das instituições privadas vado o disposto no inciso III do § 1o do art. 6o-A;
de ensino superior e de educação profissional técnica VII - mecanismo de monitoramento e acompanhamen-
de nível médio, mediante autorização do estudante e to das bolsas concedidas pelas instituições, do atendi-
comprovação de sua matrícula e frequência em siste- mento dos beneficiários em relação ao seu desempenho
ma eletrônico de informações da educação profissional acadêmico e outros requisitos; e
mantido pelo Ministério da Educação. VIII - normas de transparência, publicidade e divulgação
§ 1º O Ministério da Educação avaliará a eficiência, efi- relativas à concessão das Bolsas-Formação Estudante.
cácia e efetividade da aplicação de recursos voltados à
concessão das bolsas-formação na forma prevista no Art. 7º O Ministério da Educação, diretamente ou por
caput do art. 6o-A. meio de suas entidades vinculadas, disponibilizará re-
§ 2º As mantenedoras das instituições privadas de en- cursos às instituições de educação profissional e tecno-
sino superior e das instituições privadas de educação lógica da rede pública federal para permitir o atendi-
profissional técnica de nível médio disponibilizarão ao mento aos alunos matriculados em cada instituição no
Ministério da Educação as informações sobre os be- âmbito do Pronatec.
neficiários da bolsa-formação concedidas para fins da Parágrafo único. Aplica-se ao caput o disposto nos §§
avaliação de que trata o § 1o, nos termos da legislação 1º a 7º do art. 6º, no que couber.
vigente, observado o direito à intimidade e vida privada
do cidadão. Art. 8º O Pronatec poderá ainda ser executado com a
participação de entidades privadas sem fins lucrativos,
Art. 6o-C. A denúncia do termo de adesão de que trata devidamente habilitadas, mediante a celebração de
o inciso I do § 1o do art. 6o-A não implicará ônus para o convênio ou contrato, observada a obrigatoriedade de
poder público nem prejuízo para o estudante beneficiá- prestação de contas da aplicação dos recursos nos ter-
rio da Bolsa-Formação Estudante, que gozará do benefí-
mos da legislação vigente.
cio concedido até a conclusão do curso.
Parágrafo único. O Poder Executivo definirá critérios
Parágrafo único. O descumprimento das obrigações
mínimos de qualidade para que as entidades privadas CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
assumidas no termo de adesão ao Pronatec sujeita as
a que se refere o caput possam receber recursos finan-
instituições privadas de ensino superior e de educação
profissional técnica de nível médio às seguintes pena- ceiros do Pronatec.
lidades: Art. 9º São as instituições de educação profissional e
I - impossibilidade de nova adesão por até 3 (três) anos tecnológica das redes públicas autorizadas a conceder
e, no caso de reincidência, impossibilidade permanente bolsas aos profissionais envolvidos nas atividades do
de adesão, sem prejuízo para os estudantes já benefi- Pronatec.
ciados; e § 1º Os servidores das redes públicas de educação pro-
II - ressarcimento à União do valor corrigido das Bolsas- fissional, científica e tecnológica poderão perceber bol-
-Formação Estudante concedidas indevidamente, retro- sas pela participação nas atividades do Pronatec, des-
ativamente à data da infração, sem prejuízo do previsto de que não haja prejuízo à sua carga horária regular e
no inciso I. (Incluído pela Lei nº 12.816, de 2013) ao atendimento do plano de metas de cada instituição
pactuado com seu mantenedor, se for o caso.
Art. 6o-D. As normas gerais de execução do Pronatec § 2º Os valores e os critérios para concessão e manuten-
por meio da concessão das bolsas-formação de que tra- ção das bolsas serão fixados pelo Poder Executivo.
ta a alínea a do inciso IV do caput do art. 4o aos estu-

39
§ 3º As atividades exercidas pelos profissionais no âmbi- § 2º Obtida a conciliação, será reduzida a termo e ho-
to do Pronatec não caracterizam vínculo empregatício e mologada por sentença.
os valores recebidos a título de bolsa não se incorporam, § 3º Não efetuada a conciliação, terá prosseguimento o
para qualquer efeito, ao vencimento, salário, remunera- processo de execução.” (NR)
ção ou proventos recebidos.
§ 4º O Ministério da Educação poderá conceder bolsas Art. 13. A Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001, passa
de intercâmbio a profissionais vinculados a empresas de a vigorar acrescida dos seguintes arts. 5o-B, 6o-C, 6o-D
setores considerados estratégicos pelo governo brasilei- e 6o-E:
ro, que colaborem em pesquisas desenvolvidas no âm- “Art. 5o-B. O financiamento da educação profissional e
bito de instituições públicas de educação profissional e tecnológica poderá ser contratado pelo estudante, em
tecnológica, na forma do regulamento. caráter individual, ou por empresa, para custeio da for-
mação profissional e tecnológica de trabalhadores.
Art. 10. As unidades de ensino privadas, inclusive as § 1º Na modalidade denominada Fies-Empresa, a em-
dos serviços nacionais de aprendizagem, ofertantes de presa figurará como tomadora do financiamento, res-
cursos de formação inicial e continuada ou qualificação ponsabilizando-se integralmente pelos pagamentos pe-
profissional e de cursos de educação profissional técnica rante o Fies, inclusive os juros incidentes, até o limite do
de nível médio que desejarem aderir ao Fundo de Finan- valor contratado.
ciamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), de que § 2º No Fies-Empresa, poderão ser pagos com recur-
trata a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, deverão sos do Fies exclusivamente cursos de formação inicial e
cadastrar-se em sistema eletrônico de informações da continuada e de educação profissional técnica de nível
educação profissional e tecnológica mantido pelo Minis- médio.
tério da Educação e solicitar sua habilitação. § 3º A empresa tomadora do financiamento poderá ser
Parágrafo único. A habilitação da unidade de ensino garantida por fundo de garantia de operações, nos ter-
dar-se-á de acordo com critérios fixados pelo Ministé- mos do inciso I do caput do art. 7o da Lei no 12.087, de
11 de novembro de 2009.
rio da Educação e não dispensa a necessária regulação
§ 4º Regulamento disporá sobre os requisitos, condições
pelos órgãos competentes dos respectivos sistemas de
e demais normas para contratação do financiamento de
ensino.
que trata este artigo.”
“Art. 6o-C. No prazo para embargos, reconhecendo o
Art. 11. O Fundo de Financiamento de que trata a Lei
crédito do exequente e comprovando o depósito de 10%
nº 10.260, de 12 de julho de 2001, passa a se denominar
(dez por cento) do valor em execução, inclusive custas e
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
honorários de advogado, poderá o executado requerer
que lhe seja admitido pagar o restante em até 12 (doze)
Art. 12. Os arts. 1o e 6o da Lei no 10.260, de 12 de julho parcelas mensais.
de 2001, passam a vigorar com a seguinte redação: § 1º O valor de cada prestação mensal, por ocasião do
“Art. 1º É instituído, nos termos desta Lei, o Fundo de pagamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa
Financiamento Estudantil (Fies), de natureza contábil, referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Cus-
destinado à concessão de financiamento a estudantes tódia (Selic) para títulos federais acumulada mensal-
regularmente matriculados em cursos superiores não mente, calculados a partir do mês subsequente ao da
gratuitos e com avaliação positiva nos processos condu- consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de
zidos pelo Ministério da Educação, de acordo com regu- 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pa-
lamentação própria. gamento estiver sendo efetuado.
§ 1º O financiamento de que trata o caput poderá be- § 2º Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exequente le-
neficiar estudantes matriculados em cursos da educação vantará a quantia depositada e serão suspensos os atos
profissional e tecnológica, bem como em programas de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executi-


mestrado e doutorado com avaliação positiva, desde vos, mantido o depósito.
que haja disponibilidade de recursos. § 3º O inadimplemento de qualquer das prestações im-
............................................................................................. plicará, de pleno direito, o vencimento das subsequentes
§ 7º A avaliação das unidades de ensino de educação e o prosseguimento do processo, com o imediato início
profissional e tecnológica para fins de adesão ao Fies dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10%
dar-se-á de acordo com critérios de qualidade e requisi- (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e
tos fixados pelo Ministério da Educação.” (NR) vedada a oposição de embargos.”
“Art. 6o ........................................................................ “Art. 6o-D. Nos casos de falecimento ou invalidez per-
§ 1º Recebida a ação de execução e antes de receber manente do estudante tomador do financiamento, de-
os embargos, o juiz designará audiência preliminar de vidamente comprovados, na forma da legislação per-
conciliação, a realizar-se no prazo de 15 (quinze) dias, tinente, o saldo devedor será absorvido conjuntamente
para a qual serão as partes intimadas a comparecer, po- pelo Fies e pela instituição de ensino.”
dendo fazer-se representar por procurador ou preposto, “Art. 6o-E. O percentual do saldo devedor de que tratam
com poderes para transigir. o caput do art. 6o e o art. 6o-D, a ser absorvido pela
instituição de ensino, será equivalente ao percentual do

40
risco de financiamento assumido na forma do inciso VI t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de es-
do caput do art. 5o, cabendo ao Fies a absorção do valor tudo, que vise à educação básica de empregados e seus
restante.” dependentes e, desde que vinculada às atividades desen-
Art. 14. Os arts. 3o, 8o e 10 da Lei no 7.998, de 11 de ja- volvidas pela empresa, à educação profissional e tecno-
neiro de 1990, passam a vigorar com seguinte redação: lógica de empregados, nos termos da Lei no 9.394, de 20
“Art. 3o ......................................................................... de dezembro de 1996, e:
.............................................................................................. 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial;
§ 1º A União poderá condicionar o recebimento da assis- e
tência financeira do Programa de Seguro-Desemprego à 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de es-
comprovação da matrícula e da frequência do trabalha- tudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5%
dor segurado em curso de formação inicial e continuada (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se
ou qualificação profissional, com carga horária mínima destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o
de 160 (cento e sessenta) horas. valor do limite mínimo mensal do salário-de-contribui-
§ 2º O Poder Executivo regulamentará os critérios e re- ção, o que for maior;
quisitos para a concessão da assistência financeira do ...................................................................................” (NR)
Programa de Seguro-Desemprego nos casos previstos
no § 1o, considerando a disponibilidade de bolsas-for- Art. 16. Os arts. 15 e 16 da Lei no 11.129, de 30 de junho
mação no âmbito do Pronatec ou de vagas gratuitas de 2005, passam a vigorar com a seguinte redação:
na rede de educação profissional e tecnológica para o “Art. 15. É instituído o Programa de Bolsas para a Edu-
cumprimento da condicionalidade pelos respectivos be- cação pelo Trabalho, destinado aos estudantes de edu-
neficiários. cação superior, prioritariamente com idade inferior a
§ 3º A oferta de bolsa para formação dos trabalhadores 29 (vinte e nove) anos, e aos trabalhadores da área da
de que trata este artigo considerará, entre outros cri- saúde, visando à vivência, ao estágio da área da saú-
térios, a capacidade de oferta, a reincidência no rece- de, à educação profissional técnica de nível médio, ao
bimento do benefício, o nível de escolaridade e a faixa aperfeiçoamento e à especialização em área profissio-
etária do trabalhador.” (NR) nal, como estratégias para o provimento e a fixação de
“Art. 8º O benefício do seguro-desemprego será cance- profissionais em programas, projetos, ações e atividades
lado: e em regiões prioritárias para o Sistema Único de Saúde.
I - pela recusa por parte do trabalhador desempregado ...................................................................................” (NR)
de outro emprego condizente com sua qualificação re- “Art. 16. ........................................................................
gistrada ou declarada e com sua remuneração anterior; .............................................................................................
II - por comprovação de falsidade na prestação das in- V - Orientador de Serviço; e
formações necessárias à habilitação; VI - Trabalhador-Estudante.
III - por comprovação de fraude visando à percepção in- .............................................................................................
devida do benefício do seguro-desemprego; ou § 4º As bolsas relativas à modalidade referida no inciso
IV - por morte do segurado. VI terão seus valores fixados pelo Ministério da Saúde,
§ 1º Nos casos previstos nos incisos I a III deste artigo, respeitados os níveis de escolaridade mínima requerida.”
será suspenso por um período de 2 (dois) anos, ressalva- (NR)
do o prazo de carência, o direito do trabalhador à per-
cepção do seguro-desemprego, dobrando-se este perío- Art. 17. É criado o Conselho Deliberativo de Formação
do em caso de reincidência. e Qualificação Profissional, com a atribuição de promo-
§ 2º O benefício poderá ser cancelado na hipótese de ver a articulação e avaliação dos programas voltados
o beneficiário deixar de cumprir a condicionalidade de à formação e qualificação profissional no âmbito da
que trata o § 1o do art. 3o desta Lei, na forma do regu- administração pública federal, cuja composição, compe- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
lamento.” (NR) tências e funcionamento serão estabelecidos em ato do
“Art. 10. É instituído o Fundo de Amparo ao Trabalhador Poder Executivo. (Vide Decreto nº 7.855, de 2012)
(FAT), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego,
destinado ao custeio do Programa de Seguro-Desem- Art. 18. Compete ao Ministério da Educação a habilita-
prego, ao pagamento do abono salarial e ao financia- ção de instituições para o desenvolvimento de atividades
mento de programas de educação profissional e tecno- de educação profissional realizadas com recursos fede-
lógica e de desenvolvimento econômico. rais, nos termos do regulamento. (Redação dada pela Lei
...................................................................................” (NR) nº 12.816, de 2013)

Art. 15. O art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de Art. 19. As despesas com a execução das ações do Pro-
1991, passa a vigorar com as seguintes alterações: natec correrão à conta de dotação orçamentária con-
“Art. 28. ........................................................................ signada anualmente aos respectivos órgãos e entidades,
.............................................................................................. observados os limites de movimentação, empenho e
§ 9º .................................................................................. pagamento da programação orçamentária e financeira
.............................................................................................. anual.

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Art. 20. Os serviços nacionais de aprendizagem integram Brasília, 26 de outubro de 2011; 190º da Independência
o sistema federal de ensino na condição de mantenedo- e 123º da República.
res, podendo criar instituições de educação profissional DILMA ROUSSEFF
técnica de nível médio, de formação inicial e continua-
da e de educação superior, observada a competência de
regulação, supervisão e avaliação da União, nos termos
dos incisos VIII e IX do art. 9º da Lei nº 9.394, de 20 de EXERCÍCIO COMENTADO
dezembro de 1996, e do inciso VI do art. 6o-D desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 12.816, de 2013) 1. (IF-AC - Assistente em Administração – Superior - MS
§ 1º As instituições de educação profissional técnica de CONCURSOS/2016) O PRONATEC foi criado pelo Governo
nível médio e de formação inicial e continuada dos ser- Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de
viços nacionais de aprendizagem terão autonomia para cursos de educação profissional e tecnológica. “PRONA-
criação de cursos e programas de educação profissional TEC” significa:
e tecnológica, com autorização do órgão colegiado su-
perior do respectivo departamento regional da entidade. a) Programa Nacional de Tecnologia.
(Incluído pela Lei nº 12.816, de 2013) b) Projeto Nuclear de Atendimento Educacional e de Ca-
§ 2º A criação de instituições de educação superior pelos pacitação.
serviços nacionais de aprendizagem será condicionada à c) Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Em-
aprovação do Ministério da Educação, por meio de pro- prego.
cesso de credenciamento. d) Projeto Nuclear de Ascensão Tecnológica.
§ 3º As instituições de educação superior dos serviços
nacionais de aprendizagem terão autonomia para: Resposta: Letra C. PRONATEC significa Programa Na-
I - criação de cursos superiores de tecnologia, na moda- cional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego.
lidade presencial;
II - alteração do número de vagas ofertadas nos cursos
superiores de tecnologia; NÍVEIS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO
III - criação de unidades vinculadas, nos termos de ato NACIONAL;
do Ministro de Estado da Educação;
IV - registro de diplomas.
§ 4º O exercício das prerrogativas previstas no § 3o de-
penderá de autorização do órgão colegiado superior do #FicaDica
respectivo departamento regional da entidade.
A estrutura e o funcionamento da educação
Art. 20-A. Os serviços nacionais sociais terão autonomia básica apoiam-se numa estrutura definida pela
para criar unidades de ensino para a oferta de educação legislação.
profissional técnica de nível médio e educação de jo-
vens e adultos integrada à educação profissional, desde
que em articulação direta com os serviços nacionais de De início, portanto, é necessário obter um conhecimen-
aprendizagem, observada a competência de supervisão to sobre noções básicas de 30 legislação para entender
e avaliação dos Estados. esse funcionamento.
A estrutura e o funcionamento da educação básica são
Art. 20-B. As instituições privadas de ensino superior definidos legalmente. Por outro lado, apenas a compreen-
habilitadas nos termos do § 2o do art. 6o-A ficam auto- são histórica do tratamento dado à educação nos princi-
rizadas a criar e ofertar cursos técnicos de nível médio, pais diplomas legais que tratam do assunto no país poderá
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

nas formas e modalidades definidas no regulamento, promover o aprendizado e a compreensão adequada da


resguardadas as competências de supervisão e avalia- questão. Por isso, num segundo momento, esse aspecto do
ção da União, previstas no inciso IX do caput do art. 9º tema será devidamente apresentado neste texto.
da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Toda essa trajetória é necessária para entender os caminhos
§ 1º A supervisão e a avaliação dos cursos serão reali- trilhados pela legislação educacional até redundar no atual siste-
zadas em regime de colaboração com os órgãos compe- ma, definido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
tentes dos Estados e do Distrito Federal, nos termos es- – LDBEN, vigente no país atualmente. Os detalhes a respeito do
tabelecidos em ato do Ministro de Estado da Educação. tratamento dado ao assunto nessa lei comporão, portanto, o res-
§ 2º A criação de novos cursos deverá ser comunicada tante deste texto, com ênfase no sistema educacional brasileiro.
pelas instituições de ensino superior aos órgãos com- O tema é de fundamental importância para você, futuro
petentes dos Estados, que poderão, a qualquer tempo, professor, pois a estrutura e o funcionamento da educa-
pronunciar-se sobre eventual descumprimento de requi- ção básica representam o “pano de fundo” de toda a sua
sitos necessários para a oferta dos cursos. atuação profissional no futuro. Há assuntos correlatos que
permeiam o tema. Por isso, aqui e ali será necessário recor-
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- rermos a eles, com o intuito de esclarecer essa questão de
cação. tão grande importância para a sua formação.

42
Legislação é o conjunto de leis que regula certa maté- - a oportunidade;
ria. Assim, legislação educacional é o conjunto de diplomas - a necessidade do projeto de lei.
legais que tratam da Educação. - Promulgação – trata-se da autenticação da regulari-
De modo geral, a disciplina Estrutura e Funcionamento dade da lei e a ordem para a sua execução. É um
da Educação Básica, ora em desenvolvimento, visa propi- ato do poder executivo, pelo qual a lei adquire força
ciar as condições para que você compreenda esse sistema, obrigatória.
reconheça-o como um elemento de reflexão sobre a reali- - Publicação - divulgação da lei em Diário Oficial para
dade educacional brasileira e se sinta estimulado a acom- que se torne conhecida por todos.
panhar as medidas que alteram o sistema, pois isso altera o - Veto - prerrogativa do chefe do Poder Executivo, ou
pano de fundo do seu futuro profissional. seja, sua manifestação contrária à conversão do pro-
Aqui, você tomará conhecimento da evolução histórica jeto de lei em lei. Pode ser em parte ou na sua totali-
da educação brasileira, aprenderá a conceituar palavras- dade. O veto provoca um novo exame da lei no legis-
-chave para a sua formação, como “sistema” e “sistema es- lativo, onde pode ser rejeitado por voto da maioria
colar”, conhecerá alguns dos motivos que levaram à atual dos legisladores.
estrutura administrativa e didática do sistema, entre outros
aspectos relevantes. Evidentemente esse é um processo demorado, afinal,
quanto mais importante for o assunto, a tendência é de
LEGISLAÇÃO – NOÇÕES BÁSICAS que mais acalorados sejam os debates políticos sobre a lei,
pois, nesse processo, agentes sociais de interesses diferen-
Legislação é a “parte da ciência do Direito que se ocupa tes discutem um assunto de interesse comum até chega-
especialmente do estudo dos atos legislativos”. É também rem a um texto final.
“o conjunto das leis que regulam particularmente certa
matéria”. Legislação educacional pode ser definida, por- 2. Classificação e hierarquia das leis
tanto, como o conjunto de diplomas legais e documentos
correlatos que regulam a educação. 2,1, Classificação
Legislar é atribuição do Poder Público, principalmente
do Poder Legislativo. Num regime democrático, inclusive, é Quanto à classificação, há uma relação direta entre os
indelegável a outro poder. diferentes níveis de poder, que podem ser assim sintetiza-
dos:
Legislação é o conjunto de leis que regula - Leis federais – as mais importantes.
certa matéria. Assim, legislação educacional - Leis estaduais – podem complementar as federais,
é o conjunto de diplomas legais que tratam sem contrariá-las.
da Educação. - Leis municipais – podem complementar as estaduais,
sem contrariá-las.
1. Ciclo evolutivo de uma lei
2.2. Hierarquia
No caso brasileiro, a estrutura do sistema escolar é esta-
belecida por um diploma legal específico, chamado “Lei de Quanto à hierarquia entre os diplomas legais, a relação
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN”. Sendo que se estabelece é a seguinte:
assim, é importante contextualizar esse diploma legal de- - Constitucionais – as mais importantes.
nominado “Lei” na estrutura legal vigente no país, para sa- - Complementares – regulamentam normas constitu-
bermos qual o seu poder de influência sobre outros diplo- cionais, ou seja, complementam a Constituição e se
mas legais e o seu grau de importância na hierarquia legal. aderem a ela, como se fossem suas partes integrantes.
A partir do surgimento de uma ideia, até passar a vigo- - Ordinárias – leis comuns que regulamentam disposi- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
rar no país, uma lei passa por etapas de um processo que é tivos constitucionais, porém, sem aderirem à Cons-
apresentado sucintamente a seguir: tituição.
- Iniciativa - pode partir de um legislador (vereador, de-
putado ou senador) ou de todo o Legislativo. Ficou demonstrado que, quanto à hierarquia, as normas
- Discussão - no Legislativo: constitucionais são as mais importantes. A Constituição é
- esfera municipal – Câmara Municipal; entendida como a “Lei Suprema” e fundamental do Esta-
- esfera estadual – Assembleia Legislativa; do e da vida jurídica de um país. Nela são estabelecidas
- esfera federal – Câmara dos Deputados, Senado ou as normas fundamentais, às quais todos os demais diplo-
Congresso Nacional. mas legais devem conformar-se, cumprindo o “princípio de
- Votação - no Legislativo. constitucionalidade”.
- Sanção - prerrogativa do Poder Executivo (Prefeito, A LDBEN é uma lei ordinária federal, portanto, subordi-
Governador ou Presidente). Trata-se da aprovação nada apenas à Constituição Federal e suas leis e decretos-
da deliberação do legislativo, que levará em conta: -leis complementares. Todo o restante da legislação edu-
- a constitucionalidade; cacional do país deve seguir as diretrizes e normas nela
estabelecidas.

43
3. A Educação nas Constituições Brasileiras tituição garantia, também, a existência de colégios e uni-
versidades onde se ensinassem os “elementos das ciências,
No Brasil, em pleno século XXI, a educação escolar ain- belas artes e artes”;
da é um produto social desigualmente distribuído. O aces- 1837 – criação do Colégio Pedro II - instituiu o modelo
so a um padrão elevado de qualidade ainda depende de dos estudos secundários;
fatores como classe socioeconômica, sexo, etnia, local de 1854 – Reforma Couto Ferraz - estruturou a instrução
residência etc. Tais fatores estão diretamente ligados, inclu- primária elementar gratuita, garantida na Constituição, em
sive, ao tipo de rede escolar a ser frequentado, seja pública dois níveis;
ou particular. 1878 – Reforma Leôncio de Carvalho - consagrou o re-
Pode-se afirmar que, a partir de um certo momento da gime de exames parcelados no ensino médio. Em 1889 foi
história (o advento da república), o discurso político que proclamada a república. A partir de então, gradativamen-
insistia sobre a função homogeneizadora e igualitária da te a educação passou a crescer em importância no cená-
escola, que fabrica cidadãos iguais, foi-se esvaziando pro- rio político e social do país. A seguir, são apresentados os
gressivamente de sua substância. Passamos a vivenciar principais fatos ocorridos entre esse momento histórico e a
uma heterogeneidade provocada pela atual fragmentação promulgação da atual Constituição da República Federativa
da estrutura do sistema escolar brasileiro em várias redes, do Brasil, em 1988:
reproduzindo e acentuando as desigualdades sociais e 1889 – Proclamação da República – o advento do novo
comprometendo o desenvolvimento econômico e social regime, num primeiro momento, não trouxe significativas
do país. alterações para a instrução pública.
Como cada rede se dirige a consumidores diferentes, 1891 – promulgação da primeira Constituição da Re-
a estrutura do sistema deixa de ser de livre mercado con- pública Brasileira - a nova Constituição pouco modificou
correncial e passa a acentuar, cada vez mais, disparidades a partilha de atribuições entre o governo central e os go-
sociais que se refletem em estatísticas educacionais muito vernos locais. Mesmo assim, concedeu competência ao
diferenciadas. Congresso Nacional para legislar sobre o ensino superior
A atual estrutura da educação básica é o reflexo de um e estabeleceu ensino leigo, a ser ministrado nos estabele-
histórico de acontecimentos cujas raízes remontam ao des- cimentos públicos;
cobrimento do país. Por isso, na sequência, serão aponta- 1924 – criação da Associação Brasileira de Educação –
dos os principais fatos históricos do processo que geraram ABE – essa agremiação passou a reunir elementos de todo
a atual estrutura: o país na discussão de uma política nacional de educação;
A partir do Descobrimento e até a Independência, o 1930 – fim da chamada “República Velha”: Getúlio Var-
Brasil foi uma colônia de Portugal. Desse modo, não dis- gas no poder – Getúlio pôs fim ao sistema oligárquico e
punha de uma constituição própria. Nesse período, dentre esvaziou o regionalismo, além de redefinir o papel do Esta-
os principais fatos relacionados à educação que ocorreram, do a partir de uma ação mais intervencionista em todos os
destacam-se: setores da vida nacional, sobretudo na educação;
1549 – chegada dos jesuítas ao Brasil – período marca- 1931 – criação do Ministério da Educação e Saúde Pú-
do pela educação para a catequese e a instrução dos “gen- blica e do Conselho Nacional de Educação. Ainda nesse
tios”, através de escolas de primeiras letras e colégios; ano, ocorreu a Reforma Francisco Campos, promovendo a
1759 – expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal educação em caráter nacional;
- tentativa de laicização do ensino. A educação deveria ser 1932 – Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova –
posta a serviço dos interesses civis e políticos do império nesse manifesto, a educação foi reconhecida como direito
lusitano; de todos e dever do Estado;
1808 – chegada da família real ao Brasil – a partir des- 1934 – Constituição outorgada por Vargas – aqui, pela
sa data, a administração de D. João VI passou a privilegiar primeira vez, inúmeros dispositivos constitucionais foram
os estudos técnico-militares e a deixar em plano inferior dedicados à educação, dentre os quais se destacam: a di-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

à instrução elementar. Finalmente, em 1822 o país se tor- fusão, por parte da União e dos estados, da instrução pú-
nou independente, ou melhor, parte integrante do império blica em todos os seus graus; a isenção de qualquer tributo
português. Desde então, passou a ser regido por normas aos estabelecimentos particulares de educação gratuita ou
constitucionais próprias, ou seja, num certo sentido passou profissional, oficialmente considerados idôneos; a criação
a definir o seu próprio futuro em todos os aspectos, inclusi- de fundos para auxílio a alunos necessitados, mediante for-
ve a educação. No período do império, os principais fatos a necimento gratuito de material escolar, bolsas de estudo,
serem destacados são sucintamente apresentados a seguir: assistência alimentar, dentária e médica; estabelecimento
1822 – Independência do Brasil – com o advento da da educação como direito de todos; a liberdade de ensino
independência, surgiu uma nova política para a instrução a todos os graus; o planejamento nacional da educação;
popular; a ministração do ensino em idioma pátrio; a tendência à
1824 – promulgação da Constituição do Império – aqui, gratuidade do ensino posterior ao primário; a laicidade do
pela primeira vez, reconhece-se o direito de todo cidadão ensino primário, secundário, profissional e normal, nas es-
brasileiro à instrução primária gratuita. Este princípio repe- colas públicas; a exigência de concursos de títulos e provas
tiu-se em quase todas as demais constituições brasileiras, para provimento dos cargos do magistério oficial; a liber-
exceto a de 1891, que silenciou a esse respeito. Essa Cons- dade de cátedra; a aplicação de recursos na manutenção e

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desenvolvimento dos sistemas educativos; a destinação de 1961 – promulgação da Primeira Lei de Diretrizes e Ba-
recursos à educação nas zonas rurais; a garantia de ensino ses da Educação Nacional – LDB (Lei 4.024) – finalmente
primário gratuito aos operários ou aos filhos destes, por a educação passa a ter um conjunto de diplomas legais
parte das empresas industriais ou agrícolas; o desenvolvi- que regulam o assunto. Trata-se de um importante passo
mento das ciências, das artes, das letras e da cultura em no sentido da unificação do sistema de ensino e da eli-
geral pelos poderes públicos. minação do dualismo administrativo herdado do Império.
1937 – segunda Constituição outorgada por Vargas – Nesse ano, também foram criados o Conselho Federal de
apesar de restringir liberdades individuais, dedicou alguns Educação e os conselhos estaduais de educação;
dispositivos à educação, dentre os quais se destacam: a 1964 – implantação da Ditadura Militar – a partir dela,
substituição do conceito de educação como “direito de to- passou a ocorrer uma progressiva centralização política e
dos” pelo de educação como “dever e direito natural dos administrativa, na contramarcha do processo de descen-
pais”, atribuindo à família a responsabilidade primeira pela tralização estabelecido pela LDB. Criou-se o Ministério do
educação integral da prole e, ao Estado, o dever de co- Planejamento, que passou a liderar o processo de planeja-
laborar com a execução desta responsabilidade, suprindo mento da educação;
as deficiências e lacunas da educação particular; dedicou 1967 – promulgação da Constituição – com a mudança
atenção à infância e à juventude, ao dispor sobre a garantia imposta pelo regime militar, esperavam-se grandes mu-
da assistência física, moral e intelectual, a ser-lhes prestada danças na Constituição, mas foram mantidos os principais
pelos responsáveis e, na falta destes, pelo Estado; a garan- dispositivos sobre a educação consagrados pela Constitui-
tia de educação de crianças e adolescentes carentes em ção de 1946, com exceção feita ao dispositivo que trata da
estabelecimentos federais, estaduais e municipais; a desti- aplicação de recursos públicos no ensino. Merecem des-
nação do ensino público pré-vocacional e profissional aos taque: a ampliação das possibilidades da iniciativa priva-
menos favorecidos e o ensino particular acadêmico às clas- da, em relação ao desenvolvimento do ensino, garantindo
ses privilegiadas; a obrigatoriedade da educação física, do amparo técnico e financeiro do poder público, inclusive
ensino cívico e dos trabalhos manuais em todas as escolas através de bolsas de estudos; o estabelecimento da faixa
primárias e médias, como requisito para a sua autorização
etária de obrigatoriedade escolar primária, entre os sete e
e reconhecimento; estabelecimento de gratuidade e obri-
os quatorze anos;
gatoriedade do ensino primário; instituição, para os mais
1968 – Promulgação da Lei nº 5.540, que organizou e
ricos, de uma contribuição “módica e mensal” para o caixa
normatizou o ensino superior;
escolar; estabelecimento da laicidade do ensino ministrado
1969 – promulgação da Emenda Constitucional nº 1 –
nas escolas primárias e médias. Esta Constituição omitiu-
esse diploma legal não trouxe, no que se refere à edu-
-se, no entanto, quanto à aplicação de recursos públicos
cação, grandes novidades. Os principais destaques são os
para a manutenção e o desenvolvimento do ensino;
seguintes: acréscimo da expressão “é dever do Estado” ao
1942 – Reforma Gustavo Capanema – por meio dela,
surgiram o “ginásio” e o “colégio”. Dentro do colégio, houve dispositivo que trata do “direito de todos à educação”, o
uma subdivisão em dois cursos: o clássico e o científico. que passou a garantir este direito; a extinção da liberdade
1946 – promulgação da Constituição Pós “Ditadura Var- de cátedra, restringindo a liberdade de comunicação de
gas” - em 1945, após a queda da Ditadura Vargas, retoma- conhecimentos; a omissão sobre a aplicação de recursos
-se a orientação descentralista e liberal da Constituição de tributários ao ensino; a instituição do salário-educação;
1934. Merecem destaque os seguintes dispositivos: estabe- 1971 – promulgação da Segunda LDB brasileira (Lei nº
lecimento de que “cabe à União legislar sobre as diretrizes 5692) – no cerne da ditadura militar, essa lei apresentava
e bases da educação nacional e organizar o sistema fede- uma tendência centralizadora;
ral de ensino, de caráter supletivo, estendendo-se a todo 1982 – promulgação da Lei 7.044 – aboliu a obrigato-
o país, nos estritos limites das deficiências locais (art. 5 e riedade da profissionalização no ensino de segundo grau;
170)”; estabelecimento do princípio da obrigatoriedade do 1983 – promulgação da Emenda Constitucional nº 24 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
ensino primário para todos, com gratuidade nas escolas – recuperou o dispositivo constitucional de 1946, que tra-
públicas; o estabelecimento da laicidade do ensino primá- tava da aplicação de recursos tributários ao ensino;
rio e médio oficial; a prioridade da família na educação; 1988 – promulgação da Constituição da República
a liberdade da iniciativa privada com relação ao ensino; a atualmente em vigor – com o fim da ditadura militar, a
obrigatoriedade da ministração do ensino na língua nacio- nova Carta Magna estabelece que a responsabilidade pela
nal; a vitaliciedade e a liberdade de cátedra; a aplicação de organização dos sistemas de ensino deixa de ser exclusiva
recursos provenientes de impostos no desenvolvimento do dos estados, reconhecendo-se a existência dos sistemas
ensino; o desenvolvimento dos sistemas de ensino federal municipais. Além disso, estabelece a convivência entre as
e dos territórios através de Fundo Nacional; a autonomia redes pública e particular;
dos estados e do Distrito Federal na organização de seus 1996 - promulgação da atual LDB (Lei 9.394) – apoiada
sistemas de ensino; a assistência educacional aos necessi- na nova Constituição, é considerada uma lei completa.
tados; a manutenção obrigatória, por parte das empresas,
do ensino primário gratuito aos servidores e seus filhos;
a criação de institutos de pesquisas; o amparo à cultura
como dever do Estado.

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4. As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacio- - adequação do sistema educacional à política socioeco-
nal – LDBS nômica da época, o chamado “milagre econômico”;
- necessidade de atender à demanda da sociedade por
No total, três leis de diretrizes e bases da educação na- mais escolaridade.
cional foram promulgadas no Brasil, todas em tempos re-
centes, a partir de 1961. Até então, o Brasil possuía apenas Seu grande mérito foi unificar os antigos cursos pri-
leis e decretos que organizavam ou disciplinavam determi- mário e ginasial, transformando-os no “curso de 1º Grau”,
nados níveis de ensino, separadamente. abolindo, assim, as barreiras do exame de admissão.
Seus títulos tratavam de questões específicas de 1º e 2º
4.1. Primeira LDB – Lei Federal nº 4.024, de 20 de Grau, como:
dezembro de 1961 - objetivos desses níveis de ensino;
- objetivos das matérias de ensino;
Esta primeira LDB foi considerada uma lei completa, - mínimo de dias letivos e carga horária anual dos cur-
pois estabelecia diretrizes e bases para toda a educação sos;
nacional, ou seja, para todos os níveis de ensino, desde a - normas para o financiamento desses níveis de ensino;
pré-escola até o ensino superior. Foi apresentada ao Con- - normas para a formação de docentes.
gresso Nacional em 1948 e somente aprovada 13 anos de-
pois, após várias discussões entre os setores interessados Essa lei estabeleceu a seguinte estrutura para o ensino:
da sociedade. - Ensino de 1º Grau – obrigatório e gratuito nas escolas
Seus títulos tratavam de questões educacionais amplas, públicas, com duração de oito anos;
como: - Ensino de 2º Grau – não obrigatório, mas gratuito nas
- os fins da educação; escolas públicas, com duração de 3 a 4 anos e obri-
- o direito à educação; gatoriamente profissionalizante;
- a liberdade do ensino;
- os deveres do Estado para com a educação; A obrigatoriedade da profissionalização do Ensino de
2º Grau foi abolida em 1982, já que fora um completo fra-
Estabeleceu a seguinte estrutura para o ensino: casso, devido à falta de condições e de recursos necessá-
- Cursos rios, por parte da maioria das escolas.
- Primário – obrigatório e gratuito nas escolas públicas, Essa lei, conhecida como “colcha de retalhos”, esteve
com duração de quatro anos. em vigor até 1.996, quando foi aprovada uma nova LDB,
- Ginásio – não obrigatório e gratuito nas escolas públi- em vigor até os dias de hoje.
cas, com duração de quatro anos. Em razão do nú-
mero insuficiente de vagas, havia a necessidade de 4.3. Terceira LDB – Lei Federal nº 9.394 de 20 de de-
realização de “exames de admissão”. zembro de 1.996
- Colegial – Subdividido em “clássico” e “científico”, não
era obrigatório, mas era gratuito nas escolas públi- Trata-se da lei atualmente vigente, que estabelece as di-
cas, com duração de três anos. retrizes e bases da educação nacional e norteia a estrutura
- Superior – não obrigatório e gratuito nas escolas pú- e o funcionamento da educação no país em todos os níveis,
blicas. da Educação Infantil ao Ensino Superior.
De modo geral, a estrutura do ensino apresenta a se-
4.2. Segunda LDB – Lei Federal nº 5.692, de 11 de guinte configuração:
agosto de 1.971 - Educação Básica, compreendendo:
- Educação Infantil – gratuita na escola pública, não
A primeira mudança introduzida, com relação à ante- obrigatória;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

rior, dizia respeito à unificação do ensino primário com o - Ensino Fundamental – gratuito na escola pública e
ginásio, constituindo o primeiro grau, o que significou o obrigatório;
prolongamento da escola única, comum e contínua de oito - Ensino Médio – gratuito na escola pública, não obri-
séries. gatório, mas com tendência à progressiva obri-
Essa lei não renovou toda a anterior, mas vários de seus gatoriedade. Envolve o ensino profissionalizante,
artigos, principalmente os que tratavam dos antigos ensi- desvinculado do propedêutico, sendo que a profis-
nos primário, ginasial e colegial. Revogou 86 artigos da lei sionalização pode-se dar paralelamente ou após o
anterior, sendo que 34 permaneceram em vigor. aluno ter concluído o Ensino Médio.
Essa lei não foi considerada completa, pois limitou-se - Ensino Superior.
a estruturar apenas dois níveis de ensino, não tratando do
ensino superior. Foi elaborada e aprovada durante o regi- A LDB é o diploma legal que define as regras gerais a
me militar, sem discussões ou sugestões por parte da so- serem seguidas nas políticas educacionais do país.
ciedade e por “decurso de prazo”, em 40 dias. A reforma do A elaboração dessa nova LDB surgiu da necessidade da
ensino foi realizada com base em dois eixos: educação atender e adequar-se à realidade brasileira e às
exigências de um mundo cada vez mais globalizado. Do

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mesmo modo, era necessário elaborar uma lei que fosse ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações
mais adequada aos dispositivos constitucionais que tratam da sociedade civil e nas manifestações culturais, o artigo
da educação. procura abranger todas as fontes de estímulo educativo a
A partir da sua entrada em vigor, novas medidas e regu- que estão sujeitos os indivíduos no seu processo formativo.
lamentações vêm surgindo, tanto por parte do Ministério No § 1º, o artigo destaca a abrangência da LDB, que
da Educação quanto do Conselho Nacional de Educação se refere exclusivamente à educação escolar, uma vez que
e dos conselhos estaduais e municipais, visando adequar essa é uma lei destinada a regulamentar a estrutura e fun-
seus dispositivos às condições locais e regionais. cionamento dos sistemas de ensino. As instituições pró-
prias a que se refere este parágrafo são as escolas regulares
5. Breve histórico do encaminhamento e tramitação que integram tais sistemas.
O § 2º, ao declarar que a educação escolar se deve vin-
A atual LDB foi proposta no final de 1988, durante o cular ao mundo do trabalho e à prática social, preconizou a
Governo Sarney, após a promulgação da atual Constituição formação concomitante do cidadão e do trabalhador.
da República.
O então denominado “Projeto de Lei Otávio Elísio” tra- TÍTULO II
mitou no Congresso Nacional e recebeu 1.263 emendas até DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIO-
sua primeira votação na Comissão de Educação do Con- NAL DEFINE OS SEGUINTES PRINCÍPIOS
gresso, cujo relator era o então Deputado Federal Jorge
Hage, em junho de 1990. - igualdade de condições para acesso e permanência
O projeto de lei continuou a ser discutido durante todo na escola;
o governo Collor / Itamar, agora com novo congresso que - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
havia sido reformulado em 1.990. Nesse período, o Senador cultura, o pensamento, a arte e o saber;
Darcy Ribeiro colocou em discussão o seu primeiro projeto - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
sobre o assunto em maio de 1.992, o qual foi aprovado - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
na Câmara dos Deputados em maio de 1.993, tendo como - coexistência de instituições públicas e privadas de en-
relatora da Comissão a Deputada Federal Ângela Amin. No sino;
senado, foi alvo de um Parecer do Senador Cid Saboia em - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
novembro de 1.994, postergando sua aprovação. oficiais;
No Governo F.H.C., em fevereiro de 1.996, o projeto de - valorização do profissional da educação escolar;
lei do Senador Darcy Ribeiro foi aprovado no Senado, ten- - gestão democrática do ensino público;
do ele mesmo como relator, e na Câmara dos Deputados - garantia de padrão de qualidade;
em dezembro de 1.996, tendo como relator o Deputado - valorização da experiência extraescolar;
Federal Jorge Hage. O projeto recebeu a sanção presiden- - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
cial sem vetos e foi publicado no Diário Oficial da União práticas sociais.
em 20 de dezembro de 1.996, passando a vigorar na forma
de lei. E as seguintes finalidades:
- pleno desenvolvimento do educando; • preparação
6. Títulos para o exercício da cidadania;
- qualificação para o trabalho.
Na sequência serão abordados os principais aspectos O artigo 2º caracteriza a educação como dever da famí-
de cada título, no que concerne à sua formação e atua- lia e do Estado. Na verdade, mais que dever, ela é uma fun-
ção profissional. Ressalta-se que é do seu maior interesse ção da família e do Estado, que dela não se podem alienar.
a leitura atenta do conteúdo completo da lei, de modo a Esse artigo trata de três assuntos ao mesmo tempo (dever
propiciar a reflexão adequada. Aqui, serão apenas citados de educar, princípios inspiradores da educação e fins da CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
os principais aspectos e, eventualmente, alguns deles são educação).
comentados. O artigo 3º arrola os princípios que devem presidir a
organização e o funcionamento escolar. Um breve comen-
TÍTULO I tário se faz necessário para um melhor entendimento dos
DA EDUCAÇÃO mesmos.
I- Se o ensino fundamental é obrigatório e universal, há
Basicamente apresenta o conceito do termo “educação” que se insistir nessa igualdade de acesso e permanência
com um sentido bastante amplo e, segundo alguns críticos, a fim de que eventuais diferenças de natureza socioe-
com certa ambiguidade terminológica. Além disso, define conômica não venham a privilegiar uns em detrimento
os limites da lei e registra que a educação escolar deverá dos outros. Não basta oferecer vagas para todos na faixa
vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. etária de 6 a 14 anos na primeira série do ensino funda-
Ao afirmar que a educação é um somatório de proces- mental, também é preciso assegurar a permanência do
sos formativos que ocorrem na sociedade, e se desenvol- educando na escola. É um alerta contra a evasão e pela
vem mediante a interação do educando com a vida fami- retenção escolar.
liar, a convivência humana no trabalho, nas instituições de

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II- A liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, bem - Ensino Fundamental – obrigatório e gratuito nas esco-
como de divulgar a cultura, o pensamento e o saber é las públicas (ou seja, caso não haja vagas, o sistema é
inerente ao sistema democrático e não pode ser cerce- obrigado a criá-las para prover o atendimento nessa
ada de forma alguma. É desse princípio que nasce, por faixa escolar, inclusive para os que a ele não tiveram
exemplo, a possibilidade de haver cursos livres diversos acesso na idade própria);
e o direito da iniciativa privada de implantar rede de - Ensino Médio – progressiva extensão da obrigatorie-
escolas particulares. dade e gratuidade;
III- O pluralismo de ideias e concepções é outro princípio - Educação especial – atendimento especializado gra-
básico da democracia, que deve ser livremente buscado tuito aos educandos com necessidades especiais,
e pesquisado pelo confronto de diferentes ideias e con- preferencialmente na rede regular de ensino.
cepções.
IV- O respeito à liberdade e o apreço à tolerância é con- Deve-se ressaltar que, com base neste título da lei,
sequência do inciso anterior, pois sem o respeito a esse qualquer pessoa pode exigir do Poder Público o direito ao
apreço, o pluralismo se tornaria inviável. acesso ao Ensino Fundamental. Acrescenta-se, ainda, que a
V- A coexistência de instituições públicas e privadas de educação é definida, também, como dever da família, com
ensino reflete, na prática, a liberdade de ensinar. Abrir matrícula a partir dos seis anos (legislação correlativa atua-
escolas é direito de qualquer cidadão, atendidos os re- lizada).
quisitos legais. O Estado, entendido no caso como o Poder Público
VI- A gratuidade do ensino público em estabelecimen- (União, Estados, Município e Distrito Federal), para dar efe-
tos oficiais, expressa a preocupação social da universali- tividade à obrigatoriedade inscrita na Constituição, assu-
zação da oferta de oportunidades educacionais, apesar me o ônus de manter gratuitamente as escolas de ensino
da limitação da capacidade de atendimento das escolas fundamental de qualidade desejável, de modo a assegurar
públicas, devido à escassez dos recursos orçamentários matrícula a todas as crianças em idade escolar, e àquelas
destinados à educação. que não puderam estudar na idade própria. Para que me-
VII- A valorização dos profissionais da educação se faz lhor se cumpra este dever, estados e municípios, com a
urgente na atualidade brasileira. Não se pode ter qua- assistência da União, deverão recensear periodicamente a
lidade de ensino sem se dispor de professores qualifi- população em idade escolar, bem como jovens e adultos
cados. A qualificação docente diz respeito tanto à sua que não estudaram na idade própria, fazer-lhes a chamada
maior titulação, quanto à sua melhor remuneração. pública por ocasião da matrícula e atuar junto a pais e res-
VIII- A gestão democrática visa à participação da comunida- ponsáveis para que os encaminhem à escola.
de escolar – professores, funcionários, alunos, pais ou mem- O Ensino Médio, que sucede ao Fundamental, ainda
bros da comunidade - no governo da escola. Só se aplica apresenta insuficiência de oferta de vagas nas escolas pú-
obrigatoriamente às escolas públicas, por definição constitu- blicas. A lei fala em progressiva extensão da obrigatorieda-
cional (artigo 206, inciso VI da Constituição Federal). de desse ensino, tendo em vista que os países mais avan-
IX- A garantia do padrão de qualidade do ensino supõe çados mantêm escolaridade obrigatória de mais de doze
a formulação desse padrão pelos sistemas de ensino. O anos. Como toda obrigatoriedade passa a implicar gratui-
padrão de qualidade deve conquistar patamares cada dade, há que se estendê-la progressivamente e sem prejuí-
vez mais altos de qualificação pelas escolas. zo de que o ensino fundamental venha a ser plenamente
X- A valorização da experiência extraescolar, não ape- satisfeito em sua demanda.
nas para permitir matrícula inicial dos alunos em séries O atendimento especializado aos educandos com ne-
mais avançadas do processo de escolaridade, ou para cessidades especiais se fará não só gratuitamente, como
eliminar matérias equivalentes do currículo, ou ainda também na escola comum. Somente nos casos extremos é
para a certificação de equivalência com séries e cursos, que se justificaria a oferta de vagas em escolas especiais. O
sobretudo no campo das habilitações profissionais, é um texto legal privilegia o atendimento em classes comuns de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

princípio flexibilizador da ação educativa. alunos e não trata de casos clínicos.


XI- Já comentado no artigo 1º § 2º da mesma Lei. As creches e pré-escolas mantidas pelo Poder Público
atenderão crianças de zero a cinco anos de idade, de modo
TÍTULO III inteiramente gratuito, embora não se trate de nível obri-
DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDU- gatório.
CAR O ensino noturno deverá ser ofertado pelo Poder Pú-
blico, e sua estrutura e funcionamento devem sempre levar
Nesse título define-se “Educação” como “dever do Esta- em conta as condições do aluno. Esse ensino é uma alter-
do”. É importante notar que o Ensino Superior não aparece nativa de escolaridade destinada de preferência aos alunos
nesse título, o que pode significar que não seja dever do trabalhadores e se reveste de um alto sentido social, ga-
Estado. O conteúdo se atém especificamente à Educação rantindo as condições de acesso e permanência na escola.
Básica e define cada elemento da seguinte forma: Além do oferecimento de vagas, no Ensino Fundamen-
- Educação Infantil – atendimento gratuito às crianças tal público, deverá ser garantido o atendimento por meio
de zero a cinco anos (de acordo com a legislação de programas suplementares de material didático, trans-
correlativa mais atualizada); porte, alimentação e assistência à saúde.

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Deverão ainda ser garantidos os padrões mínimos de Caberá à União a coordenação da política nacional de
qualidade de ensino, definidos como a variedade e quan- educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e
tidade mínimas por aluno, de insumos indispensáveis ao exercendo a função normativa, redistributiva e supletiva em
desenvolvimento do processo ensino - aprendizagem. relação às demais instâncias educacionais.
Ainda dentro deste título, a lei estabelece as incumbên-
TÍTULO IV cias dos estabelecimentos de ensino, respeitadas as nor-
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL mas comuns e as do seu sistema de ensino, entre elas a de
elaborar e executar sua proposta pedagógica, administrar
A organização é apresentada para as diferentes esferas seu pessoal e seus recursos financeiros e materiais, assegu-
de governo, definindo os limites de cada sistema e suas rar o cumprimento dos dias letivos, oferecer meios para a
respectivas incumbências, da seguinte forma: recuperação dos alunos, criar processo de integração esco-
- União la X comunidade; também estabelece as incumbências dos
- Sistema federal, que compreende: docentes como: participar da elaboração da proposta pe-
- escolas federais; dagógica da escola, elaborar e cumprir o plano de trabalho,
- escolas particulares de Educação Superior. segundo a proposta pedagógica, zelar pela aprendizagem
dos alunos, estabelecer estratégias de recuperação dos
- Órgãos federais de educação. alunos de menor rendimento, colaborar com as atividades
- Incumbências: de articulação escola X comunidade.
- elaboração do Plano Nacional de Educação, em cola- De acordo com suas peculiaridades, os sistemas de en-
boração com os Estados, Distrito Federal e Municípios; sino definirão as normas da gestão democrática do ensino
- prestar assistência técnica e financeira aos Estados, público, conforme os princípios de participação:
Distrito Federal e Municípios para o desenvolvimen- - dos profissionais da educação na elaboração do pro-
to de seus sistemas de ensino e o atendimento prio- jeto pedagógico da escola;
ritário à escolaridade obrigatória; - das comunidades (escolar e local) em conselhos esco-
- estabelecer competências e diretrizes curriculares lares ou equivalentes.
para assegurar a formação básica comum;
- autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e ava- TÍTULO V
liar, respectivamente, os cursos das instituições de DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO
Educação Superior e os estabelecimentos do seu sis- E ENSINO
tema de ensino.
A educação escolar se divide em:
- Estados - Educação Superior: Envolvem cursos sequenciais por
- Sistema estadual, que compreende: campo do saber, de graduação, extensão e pós-gra-
- escolas estaduais; duação.
- escolas municipais de Educação Superior; - Educação Básica, subdividida em:
- escolas particulares de Ensino Fundamental e médio; - Educação Infantil – como primeira etapa da Educa-
- órgãos estaduais de educação. ção Básica, tem como finalidade o desenvolvimento
- Incumbências: integral da criança até seis anos de idade, em seus
- assegurar o Ensino Fundamental e oferecer com prio- aspectos físico, psicológico, intelectual e social, com-
ridade o ensino médio; plementando a ação da família e da comunidade.
- assegurar a formação dos profissionais da educação; Será oferecida em:
- autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e ava- - pré-escola para crianças de 4 a 5 anos. Nessa etapa
liar os cursos das instituições de Educação Superior e não há obrigatoriedade de cumprir a carga horária
os estabelecimentos do seu sistema de ensino; mínima anual de 800 horas distribuídas nos 200 dias CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
letivos, como não há também avaliação com objetivo
- Municípios de promoção. A avaliação na educação infantil desti-
- Sistema municipal, que compreende: na-se ao acompanhamento e registro do desenvolvi-
- escolas municipais de Educação Básica; — escolas par- mento da criança.
ticulares de Educação Infantil; — órgãos municipais - Ensino Fundamental: Como segunda etapa da edu-
de educação. cação básica, com duração de 9 anos, obrigatório e
- Incumbências: gratuito na escola pública iniciando-se aos 6 anos de
- oferecer Educação Infantil em creches e pré-escolas e, idade, tem como objetivo a formação básica do ci-
com prioridade, o Ensino Fundamental; dadão, mediante:
- autorizar, credenciar e supervisionar os estabeleci- - o desenvolvimento da capacidade de aprender, pelo do-
mentos do seu sistema de ensino. mínio da leitura, da escrita e do cálculo;
- a compreensão do ambiente natural e social, do siste-
Nesse contexto, portanto, a União, os Estados, o Distrito ma político, da tecnologia, das artes e dos valores em
Federal e os Municípios organizarão, em regime de colabo- que se fundamenta a sociedade;
ração, os respectivos sistemas de ensino.

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- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, - domínio dos conhecimentos de filosofia e sociologia,
tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habili- necessários ao exercício da cidadania.
dades e a formação de atitudes e valores;
- o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de Deve também prestar o Exame Nacional do Ensino Mé-
solidariedade humana e de tolerância recíproca em dio – ENEM e participar de processos seletivos para evoluir
que se assenta a vida social. ao Ensino Superior.
O nível médio de ensino comporta diferentes concep-
O Ensino Fundamental é ministrado em língua portu- ções: uma concepção propedêutica destina-se a preparar
guesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização os alunos para o prosseguimento dos estudos no curso
de suas línguas maternas e processos próprios de apren- superior; para a concepção técnica, no entanto, esse nível
dizagem. de ensino prepara a mão de obra; na compreensão hu-
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte in- manística e cidadã, o Ensino Médio é entendido no sentido
tegrante da formação básica do cidadão e constitui disci- mais amplo, que não se esgota nem na dimensão da uni-
plina dos horários normais das escolas públicas de Ensino versidade, nem na do trabalho, mas compreende as duas
Fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural – que constroem e reconstroem pela ação humana, pela
religiosa. Cabe aos sistemas de ensino definir os conteúdos produção cultural do homem cidadão – de forma integrada
do ensino religioso, ouvida a entidade civil, constituída pe- e dinâmica.
las diferentes denominações religiosas. Essa concepção está expressa em alguns documentos
A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo oficiais sobre as competências e habilidades específicas es-
menos 4 horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo peradas do aluno deste nível de ensino. De acordo com as
progressivamente ampliado o período de permanência na Diretrizes Curriculares Nacionais, instituídas pela Resolução
escola para o tempo integral, a critério dos sistemas de en- nº 3, de 26 de junho de 1998, a base nacional comum dos
sino. currículos do Ensino Médio será organizada em áreas de
- Ensino Médio – como etapa final da educação bási- conhecimento, a saber: a) linguagens, códigos e suas tec-
nologias; b) ciências da natureza, matemática e suas tecno-
ca, com duração mínima de 3 anos. Apresenta as se-
logias; c) ciências humanas e suas tecnologias.
guintes finalidades:
Os princípios pedagógicos que estruturam os currículos
- consolidação e aprofundamento dos conhecimentos
do Ensino Médio são: identidade, diversidade, autonomia,
adquiridos;
interdisciplinaridade e contextualização.
- preparação básica para o trabalho e para a cidadania,
Identidade: supõe o reconhecimento das escolas que
para continuar aprendendo;
oferecem esse nível de ensino, como instituições de ensino
- aprimoramento do educando como pessoa humana,
de adolescentes, jovens e adultos, respeitadas suas condi-
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da ções e necessidades de espaço e tempo de aprendizagem.
autonomia intelectual e do pensamento crítico; Diversidade e autonomia: referem-se à diversificação
- compreensão dos fundamentos científico-tecnológi- de programas e tipos de estudos disponíveis, estimulando
cos dos processos produtivos, relacionando a teoria alternativas, de acordo com as características do alunado e
com a prática, no ensino de cada disciplina. das demandas do meio social.
Interdisciplinaridade: relaciona-se ao princípio de que
O currículo do Ensino Médio observará as seguintes di- todo conhecimento mantém diálogo permanente com ou-
retrizes: tros conhecimentos.
- destacará a educação tecnológica básica, a compreen- Contextualização: significa que a cultura escolar deve
são do significado da ciência, das letras e das artes; o permitir a aplicação do conhecimento às situações da vida
processo histórico de transformação da sociedade e cotidiana dos alunos, de forma que relacione teoria e práti-
da cultura; a língua portuguesa como instrumento de ca, vida de trabalho e exercício da cidadania.
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

A LDB estabelece que o Ensino Médio poderá prepa-


cidadania; rar o aluno para o exercício de profissões técnicas, desde
- adotará metodologias de ensino e de avaliação que que atendida a sua formação geral. Essa preparação para o
estimulem a iniciativa dos estudantes; trabalho e a habilitação profissional poderá ser desenvolvi-
- incluirá uma língua estrangeira moderna, como disci- da nos próprios estabelecimentos de Ensino Médio ou em
plina obrigatória, escolhida pela comunidade esco- cooperação com instituições especializadas em educação
lar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das profissional. Essa educação profissional técnica será desen-
disponibilidades da instituição; volvida ou articulada com o Ensino Médio ou subsequen-
- incluirá a filosofia e a sociologia como disciplinas obri- te a ele, em cursos específicos, observados os objetivos e
gatórias em todas as séries do ensino médio. definições contidas nas diretrizes curriculares nacionais,
as normas complementares dos respectivos sistemas de
Ao término do Ensino Médio, o aluno deve demons- ensino e as exigências de cada instituição de ensino, nos
trar: - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que termos de seu projeto pedagógico. Os diplomas de cursos
presidem a produção moderna; de educação profissional técnica de nível médio, quando
- conhecimento das formas contemporâneas de lin- registrados, terão validade nacional e habilitarão ao pros-
guagem; seguimento de estudos na educação superior.

50
A Educação Profissional e Tecnológica integra-se aos Condições que os sistemas de ensino deverão oferecer
diferentes níveis e modalidades de educação e às dimen- para os educandos com necessidades especiais:
sões do trabalho, da ciência e da tecnologia. Abrangerá os - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
seguintes cursos: organização específica para atender às suas neces-
- de formação inicial e continuada ou qualificação pro- sidades;
fissional; - para os alunos que não puderem atingir o nível exi-
- de Educação Profissional técnica de nível médio; gido para a conclusão do ensino fundamental, será
- de Educação Profissional tecnológica de graduação e oferecida a terminalidade específica de acordo com
pós-graduação. suas capacidades;
- os superdotados terão possibilidade de terminar o
A Educação Profissional será desenvolvida em articula- curso em menor tempo;
ção com o ensino regular ou por diferentes estratégias de - professores especializados para atendimento a esse
educação continuada, em instituições especializadas ou no tipo de educando;
ambiente de trabalho. Destina-se ao aluno matriculado no - educação especial para o trabalho e efetiva integra-
Ensino Fundamental, Médio ou Superior, ou egresso deles, ção na vida em sociedade, no trabalho e em cursos
bem como ao trabalhador em geral, jovem ou adulto. posteriores;
Portanto, a Educação Profissional insere-se entre a - acesso do aluno especial aos benefícios dos progra-
Educação Básica e Educação Superior, ou seja, não per- mas sociais suplementares disponíveis para o res-
tence a um ou a outro, especificamente. Essa modalidade pectivo nível do ensino regular.
visa conduzir o aluno ao permanente desenvolvimento de
aptidões para a vida produtiva. Divide-se em três níveis: Instituições privadas sem fins lucrativos, que atendam à
- Básico – visa à qualificação, atualização e profissio- educação especial, poderão ter apoio técnico e financeiro
nalização, apresenta currículo variável e representa do Poder Público. A oferta de educação especial é dever
a educação não formal. Ao final, o aluno recebe um constitucional do estado.
De modo geral, a Educação Básica tem por finalidade o
“certificado de qualificação”.
desenvolvimento do educando, assegurando-lhe a forma-
- Técnico – visa à habilitação profissional. É estudado
ção comum indispensável ao exercício da cidadania e pro-
em módulos, é regido por diretrizes curriculares na-
porcionar meios para progredir no trabalho e em estudos
cionais, sendo que 70% das disciplinas compõem
posteriores.
um currículo básico e 30% das disciplinas são esco-
Deve-se organizar em séries anuais ou semestrais, ci-
lhidas pela escola. Ao final, o aluno recebe um “di-
clos, grupos por idade ou competência, conforme interesse
ploma técnico”.
do processo de aprendizagem. A escola poderá reclassifi-
- Tecnológico – áreas especializadas voltadas a alunos
car os alunos, inclusive quando tratar de transferência, ten-
formados em Ensino Médio ou Técnico. Ao final, o do como base as normas curriculares gerais.
aluno recebe um “diploma de tecnólogo”. O calendário escolar deve ser adequado às peculiaridades
locais, inclusive climáticas e econômicas, da região onde a
Ressalta-se que a Educação Básica envolve, também, a escola se insere, a critério do respectivo sistema de ensino.
Educação de Jovens e Adultos e a Educação Especial. Nos níveis Fundamental e Médio, a carga mínima anual
A Educação de Jovens e Adultos é destinada para edu- será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de
car aqueles que não tiveram, na idade própria, acesso ou duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluindo-se o
continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Mé- tempo reservado aos exames finais.
dio. Preferencialmente deverá articular-se com a Educação O currículo deve ser composto por uma base nacional
Profissional. comum, mais uma parte diversificada, de acordo com as
Haverá exames para a conclusão do Ensino Fundamen- características regionais e locais da sociedade, da cultura, CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
tal e Médio, exigindo, no mínimo, 15 e 18 anos respectiva- da economia e da clientela. Obrigatoriamente os currículos
mente. Também os conhecimentos e habilidades adquiri- devem abranger o estudo de: língua portuguesa, matemá-
dos por meios informais poderão ser aferidos e reconheci- tica, conhecimento do mundo físico e natural, conhecimen-
dos, mediante exames. to da realidade social e política, arte, educação física (facul-
A Educação Especial é a modalidade de educação esco- tativa nos cursos noturnos) e língua estrangeira moderna.
lar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, O ensino da arte constituirá componente curricular obriga-
para alunos portadores de necessidades especiais, com tório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a pro-
início na faixa etária de zero a seis anos. Quando não for mover o desenvolvimento cultural dos alunos. A música deverá
possível a integração dos alunos nas classes comuns de ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo do ensino da arte.
ensino regular, o atendimento educacional será feito em A educação física, integrada à proposta pedagógica da
classes, escolas ou serviços especializados. Quando neces- escola, é componente curricular obrigatório da Educação
sário, haverá serviços de apoio especializado, na escola re- Básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: que cumpra
gular, para atender às peculiaridades dessa clientela. jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; maior
de trinta anos; que estiver prestando serviço militar, que
tenha prole.

51
A escolha obrigatória de pelo menos uma língua estran- TÍTULO VII
geira moderna, a partir da quinta série, ficará a cargo da co- DOS RECURSOS FINANCEIROS
munidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.
Ainda nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Neste título são tratados os dispositivos dos mais fun-
Médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estu- damentais, pois define-se de onde deve vir o dinheiro para
do da história e cultura afro-brasileira e indígena (Lei nº financiar a educação no país.
11.645/2008). Os conteúdos referentes a esses estudos se- São definidos os percentuais constitucionais de recur-
rão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em sos para a educação em geral, as despesas para manuten-
especial nas áreas de educação artística e de literatura e ção e desenvolvimento do ensino, o padrão mínimo de
história brasileiras. oportunidades educacionais para o Ensino Fundamental e
A avaliação deve ser contínua e cumulativa, com preva- o custo mínimo por aluno, de modo a se atingir um mínimo
lência dos aspectos qualitativos e dos resultados ao longo de qualidade no ensino.
do período. A recuperação é obrigatória e, de preferência, Os recursos públicos destinados à educação são ori-
paralela ao período letivo. Há, ainda, a obrigatoriedade de ginados das receitas: de impostos próprios da União, dos
frequência mínima a 75% do total de horas/ano. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; de transfe-
rências constitucionais e outras; do salário-educação e de
TÍTULO VI outras contribuições sociais; de incentivos fiscais e de ou-
PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO tros recursos previstos em lei.
A arrecadação, aplicação desses recursos, repasse de
Nesse título, a LDB aponta os fundamentos para a for- valores, despesas com manutenção e desenvolvimento do
mação de educadores e para a sua valorização. Define ensino, compreendendo aí, entre outras, a remuneração e
como profissionais da educação e objeto das disposições aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissio-
desse título: nais da educação, serão assuntos tratados especificamente
- docentes para a Educação Básica; na disciplina Planejamento e Políticas Públicas da Educação
- docentes para o Ensino Superior; no próximo semestre.
- educadores ligados à:
- administração; TÍTULO VIII
- planejamento; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
- inspeção;
- supervisão; Assuntos de âmbito geral são tratados nesse título.
- orientação. Dentre eles, destacam-se:
- Estabelecimento de programas intensivos de ensino e
A formação de docentes para atuar na Educação Básica pesquisa para oferta de educação escolar bilíngue e
será feita em nível superior, em curso de licenciatura, de intercultural aos povos indígenas.
graduação plena, em universidades e institutos superiores - Incentivo ao desenvolvimento e a veiculação de pro-
de educação, admitida, como formação mínima para exer- gramas de ensino à distância em todos os níveis e
cício do magistério na Educação Infantil e nas quatro pri- modalidades de ensino, e de educação continuada.
meiras séries do Ensino Fundamental, a oferecida na moda- - Permissão de organização de cursos ou instituições de
lidade Normal. (Decreto nº 3276/99-regulamentação). ensino experimentais.
A formação de profissionais de educação para admi- - Aproveitamento dos discentes da educação superior
nistração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas ins-
educacional para a Educação Básica será feita em cursos de tituições, exercendo funções de monitoria, de acordo
graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a com o seu rendimento e seu plano de estudos.
critério da instituição de ensino.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

A formação docente, exceto para a Educação Superior, TÍTULO IX


incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas. DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
A preparação para o exercício do magistério superior
será feita em nível de pós-graduação, prioritariamente em Aqui são tratadas as disposições provisórias, ou seja, por
programas de mestrado e doutorado. tempo definido. É instituída a “década da educação” entre
Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos dezembro de 1.996 e dezembro de 2.006. Nesse período,
profissionais da educação, assegurando-lhes: por exemplo, as instituições escolares devem aproveitar o
- ingresso exclusivamente por concurso público de pro- período de transição estabelecido para adequarem-se às
vas e títulos; novas regras estabelecidas na Lei 9394/96.
- aperfeiçoamento profissional continuado;
- piso salarial profissional; 7. O Sistema Escolar Brasileiro
- progressão funcional baseada na titulação ou habilita-
ção, e na avaliação do desempenho; A estrutura e o funcionamento da educação no Brasil
- período reservado a estudos, planejamento e avalia- são estabelecidos sob a forma de um sistema. Por isso,
ção, incluído na carga de trabalho; num primeiro momento, é necessário entender o conceito
- condições adequadas de trabalho. de sistema.

52
Lalande apud Silva (2006) apresenta uma das definições da escola, ou seja: currículo, disciplinas, metodologias, ob-
mais didáticas e de fácil compreensão sobre o termo. Ele jetivos, avaliação e planejamento, num corpo de recursos
o define como “conjunto de elementos, materiais ou não, humanos tecnicamente preparado para alcançar a eficiên-
que dependem reciprocamente uns dos outros, de manei- cia e eficácia desse processo. O corpo normativo de susten-
ra a formar um todo organizado”. Essa definição apresenta tação deste sistema é a LDBEN.
o sistema como um todo formado de partes interdepen- O sistema educacional não formal está vinculado às de-
dentes e harmônicas, mas tem sua atenção voltada apenas mais instituições socialmente reconhecidas como: família,
para o interior do sistema, ignorando o que se passa a sua igreja, mídia, partidos políticos, associações. O processo
volta. ensinoaprendizagem que se estrutura nesse modelo sistê-
Drew apud Silva (2006), em seu conceito, incorpora as mico dispensa o rigor da sistematização das ações presen-
relações com o meio externo à noção de sistema, ao defini- tes no sistema educacional formal, porém o processo de
-lo como “conjunto de componentes ligados por fluxos de aprendizagem se estrutura efetivamente a partir das espe-
energia e funcionando como uma unidade [...] se o sistema cificidades de cada uma dessas instituições.
recebe energia exterior e devolve energia, diz-se que é um O sistema educacional informal se estrutura basicamen-
sistema aberto. Se a energia é retida dentro do sistema, te nas relações interpessoais travadas no cotidiano de cada
diz-se que é um sistema fechado”. indivíduo e se pauta no senso comum, no conhecimento
Assim, um sistema aberto apresenta, necessariamen- ou cultura popular, nas interpretações, nas deduções que o
te, fronteira permeável ao ambiente, ou seja, existe um homem faz das coisas e dos acontecimentos do seu mundo
movimento de entrada e saída de elementos através das diário.
fronteiras. Ele recebe do ambiente externo novos elemen- Sistema de ensino: diz respeito ao “como” o aluno per-
tos (inputs) e devolve ao ambiente produtos do sistema corre o sistema educacional formal em seus diferentes
(outputs). níveis e modalidades. O sistema de ensino pode ter uma
Na realidade, não podem existir sistemas absoluta- composição múltipla, ou seja, admite-se a organização do
mente fechados nem completamente abertos. Um sistema sistema de ensino brasileiro em séries anuais, períodos se-
absolutamente fechado tenderia à destruição (entropia), mestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos,
por não conseguir renovar-se. Um sistema completamente com base na idade, na competência e em outros critérios,
aberto, em que os elementos entrem e saiam livremente, já sempre que o processo de aprendizagem assim recomen-
não seria um sistema, por não conseguir manter um míni- dar (Art. 23 da LDBEN).
mo de organização, sendo assim, o sistema aberto sempre Sistema escolar: diz respeito a uma rede de escolas e
dispõe de um subsistema de fronteira, que lhe permite se- sua estrutura de sustentação.
lecionar os inputs e outputs. (RODRIGUES, 2008) O sistema escolar brasileiro é um sistema aberto, pois
Em geral, o sistema está contido dentro de um sistema se insere num supersistema mais amplo (a sociedade) e
mais amplo, que pode ser chamado de seu “supersistema”. possui subsistemas de fronteira que selecionam os ele-
Por outro lado, ele é constituído de partes que também são mentos que entram e saem do sistema. Como exemplo,
sistemas de menor magnitude e podem ser chamados de podem ser citados os vestibulares e os exames finais, no
subsistemas. caso do Ensino Superior.
A estrutura sistêmica exige, para seu bom funciona- A sociedade insere no sistema escolar alguns elemen-
mento, um conjunto de regras orientadoras, normatizado- tos, dentre os quais se destacam:
ras da vida em sociedade. Isso significa dizer que a base - objetivos – expressam os anseios e as tradições da
de sustentação do supersistema ou macrossistema vem sociedade;
traduzida na Constituição Federal. Nessa mesma linha de - conteúdo cultural – extraído da história e do desen-
compreensão focamos a educação em sua composição for- volvimento tecnológico social, gera os currículos e
mal (escola), e apresentamos como base de sustentação programas;
normativa a LDBEN. - recursos humanos – devem atender às exigências do CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
subsistema de fronteira “seleção de pessoal”;
7.1. Tipos de sistemas existentes em relação à edu- - recursos financeiros – enormes orçamentos públicos
cação e particulares, que tendem a crescer cada vez mais;
- alunos – há uma pressão constante, exercida pela po-
Sistema educacional: é o mais amplo de todos os sis- pulação, para novas oportunidades educacionais, o
temas, pois abrange processos de ensinar e de aprender que gera o gigantismo do sistema;
que tem raiz na família, na escola, nos partidos políticos, na
mídia, nas relações interpessoais, nas associações em ge- No sistema, esses elementos são trabalhados durante
ral. O sistema educacional, portanto, vincula-se à educação anos e saem preparados para cumprir seu novo papel so-
formal, informal e não formal. cial. Assim, após esse período, o sistema escolar devolve
O sistema educacional formal é aquele construído den- à sociedade elementos que propiciam entre outras coisas:
tro da instituição socialmente reconhecida como escola. O - melhoria do nível cultural da população – os alunos,
processo ensinoaprendizagem traduzido por este sistema quando saem do sistema, assumem novos valores,
é obrigatoriamente sistematizado, ou seja, vem organizado novas aspirações e interesses;
dentro de parâmetros específicos encontrados no mundo

53
- aperfeiçoamento individual – se, do ponto de vista comunica diretamente com o Conselho Nacional de Edu-
coletivo, a sociedade vai se aprimorando, o mesmo cação (CNE), o qual possui atribuições normativas, delibe-
ocorre do ponto de vista individual, com a reinserção rativas e de assessoramento ao MEC.
na sociedade de pessoas com uma visão mais ampla No nível estadual, no polo administrativo, temos a Se-
do mundo e de tudo o que a cerca; cretaria Estadual de Educação (SEE), a qual possui, no es-
- formação de recursos humanos – qualificação para o tado, competência no que se refere à administração, coor-
mercado de trabalho, que gera crescimento econô- denação e supervisão das políticas educacionais na sua
mico; esfera. No polo normativo estadual temos o Conselho Es-
- resultados de pesquisas – no Brasil, a maioria das pes- tadual de Educação (CEE), órgão consultivo, deliberativo e
quisas é realizada dentro de universidades, ou seja, fiscalizador do sistema estadual de educação.
dentro do sistema escolar, e seus resultados são de- No nível municipal, temos a Secretaria Municipal de
volvidos à sociedade. Educação (SME), como órgão executivo da administração
do ensino. Como órgão normativo municipal temos o Con-
Outro aspecto relevante é a discussão sobre a termino- selho Municipal de Educação (CME), com competência para
logia correta a se adotar. orientar normativamente toda a rede municipal de ensino.
“Sistema de ensino” é o termo que possui mais adeptos Vários fatores contribuem para que esse conjunto de
no Brasil, além de ser a expressão consagrada na LDB, po- elementos seja reconhecido como um sistema: ele prevale-
rém, para que correspondesse à realidade, teria que abran- ce sobre todo o território nacional, está a serviço da cultu-
ger, além das escolas, professores particulares, catequistas, ra e da sociedade brasileira, baseado numa mesma língua,
entre outros. O termo “sistema educacional”, por sua vez, segue uma legislação comum, apresenta uma articulação
é amplo demais, chegando a confundir-se com a própria entre os níveis e modalidades de ensino etc. No entanto,
sociedade. Assim, parece-nos mais correto utilizar o termo algumas dificuldades ainda debilitam a noção, pois ela ne-
“sistema escolar”, pois reflete mais a realidade do que ele cessariamente deveria incorporar a noção de ordem.
representa, ou seja, uma rede de escolas e a sua estrutura Ainda há um longo caminho a ser percorrido para se
de sustentação. atingir uma condição ideal de funcionamento do sistema.
Isto requereria, por exemplo:
7.2. Estrutura do sistema escolar brasileiro - quantidade suficiente de recursos financeiros;
- pessoal devidamente qualificado e em número ade-
De modo geral, a estrutura do sistema escolar brasileiro quado;
apresenta: - atendimento de 100% da clientela, sem falta nem so-
bra;
- Estrutura propriamente dita – constituída por uma
- atualização constante de currículos e programas;
rede de unidades escolares em seus vários níveis e
- pessoal docente com qualificação adequada às atri-
modalidades, que se dedica à atividade fim do siste-
buições;
ma. Possui uma estrutura didática com duas dimen-
- bons índices de desempenho dos estudantes;
sões:
- ausência de evasão e de repetência;
- vertical – diferentes níveis de ensino (Educação Básica
- formação de profissionais em número adequado às
e Ensino Superior);
necessidades sociais;
- horizontal – diferentes modalidades de ensino (Educa-
- capacitação suficiente para cada indivíduo expressar-
ção de Jovens e adultos, Educação Profissional, Edu- -se por escrito e oralmente com fluência e elegância;
cação Especial, Educação à Distância, etc.). - orientação individual para o exercício de uma vida ple-
- Estrutura de sustentação – refere-se à estrutura ad- na com o emprego dos próprios recursos.
ministrativa e normativa que sustenta o sistema e
compreende:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Ainda estamos muito longe desse patamar, em de-


- elementos não materiais – normas, diplomas legais, corrência de erros acumulados no passado, falta de visão
metodologia de ensino, currículos programas, etc.; adequada e de planejamento. O desafio é grande e o país
- entidades mantenedoras – Poder Público, entidades conta com todos na preparação de uma sociedade melhor,
particulares, autarquias; com base numa educação forte. Este é o estímulo que você
- administração – Ministério da Educação, Conselho deve ter, ao ingressar na carreira docente.
Nacional de Educação, conselhos estaduais e muni-
cipais de educação, secretarias de educação etc. Referência:
SILVA, W. S. da. Estrutura e Funcionamento da Educação
Essa estrutura representada pela esfera administrativa Básica.
do ensino e pela esfera normativa tem vinculação com as *Texto adaptado de SILVA, W. S. da.
diferentes estruturas de poder, ou seja: Poder Federal, Es-
tadual e Municipal. Na esfera federal temos o Ministério da
Educação (MEC), como órgão máximo da administração do
ensino brasileiro, cabendo-lhe formular e avaliar a política
nacional e zelar pela qualidade do ensino. Esse órgão se

54
Portanto, estudar Didática no Ensino Superior, não sig-
nifica acumular informações sobre as práticas e técnicas do
EXERCÍCIO COMENTADO processo de ensino e aprendizagem, mas sim acrescentar
em cada sujeito a capacidade crítica em questionar e fazer
3. (INSS - Analista – Pedagogia - FUNRIO – 2017) Segun- reflexão sobre as informações adquiridas ao longo de todo
do a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394 processo de ensino-aprendizado. Veiga (2010) diz que é
de 1996, em seu artigo 4º, inciso I, a educação básica, obri- preciso “tornar o ensino da Didática mais atraente e respal-
gatória e gratuita, compreende as faixas etárias dos dado nos resultados das investigações envolvendo alunos
em processo de formação”.
a) quatro aos onze anos de idade. Para Rios (2001) “tratar o fenômeno do ensino como
b) cinco aos dezesseis anos de idade. uma totalidade concreta, buscar suas determinações, pen-
c) quatro aos dezessete anos de idade. sá-lo em conexão com outras práticas sociais é o que se
d) seis aos quatorze anos de idade. espera fazer, do ponto de vista de uma concepção crítica
e) cinco aos quinze anos de idade. do trabalho da didática”.
Por muito tempo ensinar era nada mais do que ter conteú-
Resposta: Letra C. Coma nova redação dada pela Lei nº dos para transmitir para os alunos, e estes eram considerados
12.796, de 4-4-2013 o Inciso I do Art. 4º da Lei 9394/96 seres sem luz, incapazes de construir conhecimentos próprios.
passa a ser redigido desta forma: Diz Martins, “historicamente, é muito comum ouvir nos
I – educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos meios educacionais, sobretudo entre alunos, afirmações
dezessete anos de idade, organizada da seguinte forma: como: “aquele professor não tem didática...”; “ele tem co-
- pré-escola; nhecimento, mas não sabe comunicar”; “o professor co-
- ensino fundamental; nhece o assunto da sua matéria, mas não sabe transmitir”.
- ensino médio E acrescenta adiante “a didática é usualmente vista como
sinônimo de métodos e técnicas de ensino e, mais que isso,
que a escola é tida como a instituição que transmite conhe-
DIDÁTICA E CURRÍCULO; cimentos” (2006, p. 75-76).
Contudo, o modo de atuar educacionalmente, requer
adequações ao mundo atual e suas transformações ágeis
A DIDÁTICA COMO DISCIPLINA NA FORMAÇÃO DO que não permitem a estagnação, o que cobra do professor
PROFESSOR uma posição dinâmica frente ao processo educacional.
Segundo Veiga (2004):
Considerada uma ciência que estuda os saberes neces- Enfatizar o processo didático da perspectiva relacional
sários à prática docente a Didática é um dos principais ins- significa analisar suas características a partir de quatros di-
trumentos para a formação do professor, pois é nela que mensões: ensinar, aprender, pesquisar e avaliar. O processo
se baseiam para adquirir os ensinamentos necessários para didático, assim, desenvolve-se mediante a ação reciproca e
a prática. De acordo com Libâneo (1990, p. 26) “a didática interdisciplinar das dimensões fundamentais. Integram-se,
trata da teoria geral do ensino”. Como disciplina é entendi- são complementares.
da como um estudo sistematizado, intencional, de investi-
gação e de prática (LIBÂNEO, 1990). Pimenta et al (2013), também descreve a nova postura
Ainda, nesta mesma linha de pensamento, Pimenta et al da didática diante da importância na formação profissional
(2013, p.146), diz que: quando enfatiza que:
[...] didática é, acima de tudo, a construção de conheci-
mentos que possibilitem a mediação entre o que é preciso
#FicaDica ensinar e o que é necessário aprender; entre o saber estrutu- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
rado nas disciplinas e o saber ensinável mediante as circuns-
A didática, como área da pedagogia, estuda tâncias e os momentos; entre as atuais formas de relação
o fenômeno ensino. As recentes modificações com o saber e as novas formas possíveis de reconstruí-las.
nos sistemas escolares e, especialmente, na área A Didática integra diversas dimensões que buscam uma
de formação de professores configuram uma ligação entre os pares que correspondem ao chamado
“explosão didática”. Sua ressignificação aponta “triangulo didático”. Para Libâneo (2012, p. 1), “os elemen-
para um balanço do ensino como prática social, tos integrantes do triângulo didático – o conteúdo, o pro-
das pesquisas e das transformações que têm fessor, o aluno, as condições de ensinoaprendizagem - ar-
provocado na prática social de ensinar. ticulam-se com aqueles socioculturais, linguísticos, éticos,
estéticos, comunicacionais e midiáticos”.
Veiga (1989, p. 22), sobre a importância da Didática no
Masetto (1997, p. 13), infere que “a didática como re- currículo do professor diz que “o papel fundamental da Di-
flexão é o estudo das teorias de ensino e aprendizagem dática no currículo de formação de professor é o de ser
aplicadas ao processo educativo que se realiza na escola, instrumento de uma prática pedagógica reflexiva e crítica,
bem como dos resultados obtidos”. contribuindo para a formação da consciência crítica”.

55
E, diante desta interação, percebe-se que a construção Ao referir-se a tal assunto Libanêo (2012, p. 16) diz que:
de novos conhecimentos acontece de forma paralela à re- [...] a formação de professores precisa buscar uma unida-
lação professor-aluno, visto que este traz para o cotidiano de do processo formativo. A meu ver essa unidade implica
escolar sua experiência do contexto social em que vive e, em reconhecer que a formação inicial e continuada de pro-
com a ajuda mediadora do professor que deve conhecê-lo fessores precisa estabelecer relações teóricas e práticas mais
enquanto ser social considerando seus conhecimentos pré- sólidas entre a didática e a epistemologia das ciências, de
vios, e ajudando-o, assim, a transformar essas vivências em modo a romper com a separação entre conhecimentos disci-
conhecimentos relevantes dotados de significados. plinares e conhecimentos pedagógico-didáticos.
Nesta perspectiva percebe-se a importância da Didática
Articular teoria e prática, uma relação necessária. visto que ela “se caracteriza como mediação entre as bases
A formação do educador exige uma inter-relação entre teórico-cientificas da educação escolar e a prática docente”
a teoria e a prática, sendo que a teoria se ocupa da pes- (LIBÂNEO, 1990, p. 28).
quisa unindo-se com os problemas reais que surgem na Perrenoud (2000, p. 14), aponta como procedimentos
prática e, esta, por sua vez, se determina pela teoria. da atuação do professor 10 (dez) famílias de competências
De acordo com Guimarães (2004, p. 31): que influenciam a formação contínua do educador:
O que deve mover a discussão dessa temática é o em- Eis as 10 famílias:
penho na formação profissional, é a convicção de que a 1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
educação é processo imprescindível para que o homem so- 2. Administrar a progressão das aprendizagens.
breviva e se humanize e de que a escola é instituição ainda 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferen-
necessária neste processo, enfim, a relevância dessa temá- ciação.
tica está na compreensão da urgência, da complexidade e 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu
da utopia do projeto de escolarização obrigatória e da qua- trabalho.
lidade por uma sociedade efetivamente mais democrática. 5. Trabalhar em equipe.
6. Participar da administração da escola.
Os educadores enquanto seres sociais que transfor-
7. Informar e envolver os pais.
mam a realidade quando realizam sua prática, precisam es-
8. Utilizar novas tecnologias.
tar conscientes da base teórica, a fim de se orientar por ela
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
ao mesmo tempo em que a teoria se alimenta da prática.
10. Administrar sua própria formação contínua.
Freire (1996), aborda a importância da reflexão crítica,
em que professor deve fazer da prática sobre a teoria e
Contudo, muitos profissionais não vêm necessidade em
vice-versa.
se apropriar da teoria como base para suas ações, consi-
Por isso é que, na formação permanente dos professo-
deram a boa atuação como “vocação natural ou somente
res, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre
a prática, é pensando criticamente a prática de hoje ou de da experiência prática, descartando-se a teoria” (LIBÂNEO,
ontem que se pode melhorar a próxima pratica. O próprio 1990).
discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de Entretanto, para Freire (1996), uma verdadeira forma-
tal concreto que quase se confunda com a prática. ção docente acontece somente através de um novo olhar
No mesmo ponto de vista Solé e Coll (1996), também in- sobre a curiosidade epistemológica, pois:
dagam a importância da teoria sobre a prática quando dizem: Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se
Necessitamos de teorias que nos sirvam de referencial alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica
para contextualizar e priorizar metas e finalidades; para a promoção da curiosidade ingênua a curiosidade episte-
planejar a atuação; para analisar seu desenvolvimento e mológica, e de outro, sem o reconhecimento do valor das
modifica-lo paulatinamente, em função daquilo que ocorre emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou
e para tomar decisões sobre a adequação de tudo. adivinhação.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Freire (1996) afirma que, “a reflexão crítica sobre a prá- E, acrescenta a seguir, que “o importante, não resta dú-
tica se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a vida, é não pararmos satisfeitos ao nível das intuições, mas
qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”. submetê-las a análise metodicamente rigorosa de nossa
E reforça a seguir que, “quando vivemos a autenticida- curiosidade epistemológica” (FREIRE, 1996, 51).
de exigida pela prática de ensinar e aprender participamos De acordo com Giroux (1988), as instituições de ensi-
de uma experiência total, diretiva, ideológica, gnosiológi- no se omitem ao negar aos docentes seu verdadeiro pa-
ca, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve pel, que é educá-los como intelectuais, pois ao ignorarem
achar-se de mãos dadas com a decência e com a serieda- a criatividade e o discernimento do professor separa-se a
de” (FREIRE, 1996). teoria da prática.
Um dos campos específicos da Didática aplica-se à Do ponto de vista de Veiga (2010, p. 51) “a tarefa está
constante articulação entre teoria e prática com outras em criar outras práticas, o desafio é construir de modo co-
áreas do conhecimento para assim dar suporte ao profes- letivo uma Didática que faça pensar sobre nossas práticas
sor no desenvolvimento de suas habilidades e competên- pedagógicas”. A autora também se utiliza da afirmação de
cias diante da educação. que a prática pedagógica é também uma dimensão da prá-

56
tica social inserida num contexto social, e que nossa obri- Os professores precisam repensar o modo pelo qual
gação enquanto educadores é possibilitar condições para agem diante da sociedade e qual sua contribuição, uma vez
que ela se realize (VEIGA, 1989). que identidade não é inerente ao ser humano, e sim, uma
Vemos assim que teoria e prática não se dissociam uma posição que se constrói quer seja com certezas e/ou in-
da outra, o que garante um pensamento crítico e uma res- certezas estabelecidas nas relações com a realidade social.
significação de atitude, já que para garantir satisfação na Freire (1996) enfatiza a respeito da formação que “quem
prática é preciso estar numa relação consciente e direta forma se forma e reforma ao formar e quem é formado
com a teoria e basear-se nela em ações educacionais fu- forma-se e forma ao ser formado”.
turas. De acordo com Tardif ():

1. A construção da identidade profissional [...] um professor de profissão não é somente alguém que
aplica conhecimentos produzidos por outros, não é somente
A construção da identidade profissional é um processo um agente determinado por mecanismos sociais: é um ator
de ressignificação em que o sujeito situado se constrói his- no sentido forte do termo, isto é, um sujeito que assume sua
toricamente. pratica a partir dos significados que ele mesmo lhe dá, um
O professor em formação tem que estar ciente sobre sujeito que possui conhecimentos e um saber-fazer prove-
sua reflexão enquanto educador e de sua atualização so- nientes de sua própria atividade e a partir dos quais ele es-
bre o conteúdo aprendido; ele precisa estar em constante trutura e a orienta.
estado de aprendizagem para melhorar suas competências
tanto como profissional, quanto na sua metodologia de No que concerne à identidade profissional do professor
ensino. pode-se dizer que o mesmo tem que ser mais do que um
Libâneo (2001, p. 36) se refere à ação docente quando coadjuvante no ensino, que cativa e tem a atenção do alu-
diz que: no; mais do que isso, tem que promover situações em que
É certo, assim, que a tarefa de ensinar a pensar requer os alunos sejam capazes de construir-se e reconstruir-se a
dos professores o conhecimento de estratégias de ensino partir de uma educação epistemologicamente cientifica,
e o desenvolvimento de suas próprias competências do que garante ao aluno um ensino produtivo e significativo
pensar. Se o professor não dispõe de habilidades de pen- cognitivamente, estabelecendo intrínseca relação com a
samento, se não sabe “aprender a aprender”, se é incapaz solidariedade, a democracia e o desenvolvimento humano
de organizar e regular suas próprias atividades de aprendi- enquanto ser social e histórico.
zagem, será impossível ajudar os alunos a potencializarem Vale dizer que sendo sujeito de sua própria prática, o
suas capacidades cognitivas. professor constrói sua história a partir de seus valores e
Para o autor, a formação docente é um processo peda- atitudes de seu dia a dia como cidadão, fundamentando
gógico, que deve acontecer de forma a levar o professor a assim sua identidade.
agir de maneira competente no processo de ensino (LIBÂ-
NEO, 2001). 2. Considerações finais
Maia, Scheibel e Urban (2009, p. 18), discorrem sobre os
fatores que possibilitam a identidade do professor: A Didática como disciplina, deve desenvolver a capa-
- Significação social da profissão; cidade a crítica dos professores em formação, para que
- Revisão constante dos significados sociais da profis- possam analisar de forma clara e objetiva a realidade do
são; ensino de modo a possibilitar que o educando construa
- Revisão das tradições; seu próprio saber.
- Reafirmação de práticas consagradas culturalmente Entender que a Educação é um processo que faz parte
e que permanecem significativas (resistentes a inovações); do conteúdo global da sociedade significa entender que a
- Significação conferida pelo professor à atividade do- prática pedagógica é parte integrante do todo social. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
cente no seu cotidiano (a visão de mundo do professor); Vale ressaltar que as bases teóricas que influenciam a
- Rede de relações com outros professores, em escolas, prática estão intrinsicamente ligadas à formação da iden-
sindicatos e outros agrupamentos. tidade profissional do professor, visto que, para uma for-
mação completa, é preciso uma visão holística da práxis
Gadotti (2007), diz que “o poder do professor está tanto pedagógica.
na sua capacidade de refletir criticamente sobre a realida- Necessidade indiscutível é a presença do professor na
de para transformá-la, quanto na possibilidade de construir sociedade e, esta presença, se faz pelo trabalho e compro-
um coletivo para lutar por uma causa comum”. metimento em tratar a educação e os valores advindos da
Imbernón (2002) afirma que “[...] ser um profissional da sociedade na qual este profissional se insere.
educação significa participar da emancipação das pessoas. Percebe-se então, a necessidade da constância em bus-
O objetivo da educação é ajudar a tornar as pessoas mais car uma Didática que valorize os envolvidos e transforme
livres, menos dependentes do poder econômico, político e os processos educacionais com propósito de integração.
social. E a profissão de ensinar tem essa obrigação intrín- Sabendo que o fazer pedagógico do professor não se res-
seca”. tringe a um fazer exclusivamente acadêmico, e que é pre-
ciso analisar criticamente o projeto econômico, político e

57
social para atuar satisfatoriamente no contexto atual, que é Lopes (2006), Silva (2005) e Sacristán (2000) afirmam
desafiador diante das mudanças dinâmicas que acontecem que o Currículo não é uma listagem de conteúdos. O cur-
dia após dia. Reconhece-se a Didática como instrumento rículo é processo constituído por um encontro cultural, sa-
que garante a grandiosidade no atendimento educacional. beres, conhecimentos escolares na prática da sala de aula,
locais de interação professor e aluno.
Fonte: BARBOSA, F. A. dos S; FREITAS, F. J. C. de. A Essas reflexões devem orientar a ação dos profissionais
didática e sua contribuição no processo de formação do da educação quanto ao Currículo, além de estimular o valor
professor. formativo do conhecimento pedagógico para os professo-
res, o que realmente nos importa como docentes.

CURRÍCULO E SUAS DEFINIÇÕES


#FicaDica
O debate sobre Currículo e sua conceituação é neces-
Conhecer as teorias sobre o Currículo nos leva
sário para que saibamos defini-lo e para conhecer quais as
a refletir sobre para que serve, a quem serve
teorias que o sustentam na educação. Um Currículo não é
e que política pedagógica elabora o Currículo.
um conjunto de conteúdos dispostos em um sumário ou
índice. Pelo contrário, a construção de um Currículo de-
manda: 1. Teorias do currículo
a) uma ou mais teorias acerca do conhecimento escolar;
b) a compreensão de que o Currículo é produto de um Para Silva (2005) é importante entender o significado
processo de conflitos culturais dos diferentes grupos de teoria como discurso ou texto político. Uma proposta
de educadores que o elaboram; curricular é um texto ou discurso político sobre o currículo
c) conhecer os processos de escolha de um conteúdo porque tem intenções estabelecidas por um determinado
e não de outro (disputa de poder pelos grupos) (LO- grupo social. De acordo com esse autor, uma Teoria do
PES, 2006). Currículo ou um discurso sobre o Currículo, mesmo que
pretenda apenas descrevê-lo tal como é, o que efetivamen-
Para iniciar o debate vamos apresentar algumas defini- te faz é produzir uma noção de currículo. Como sabemos
ções de currículo para compreender as teorias que circu- as chamadas “teorias do currículo”, assim como as teorias
lam entre nós, educadores. De acordo com Lopes (2006, educacionais mais amplas, estão recheadas de afirmações
contracapa): sobre como as coisas devem ser (SILVA, 2005).
[...] o currículo se tece em cada escola com a carga de É preciso entender o que as teorias do currículo pro-
seus participantes, que trazem para cada ação pedagógica duzem nas propostas curriculares e como interferem em
de sua cultura e de sua memória de outras escolas e de ou- nossa prática. Uma teoria define-se pelos conceitos que
tros cotidianos nos quais vive. É nessa grande rede cotidia- utiliza para conceber a realidade. Os conceitos de uma
na, formada de múltiplas redes de subjetividade, que cada teoria dirigem nossa atenção para certas coisas que sem
um de nós traçamos nossas histórias de aluno/aluna e de elas não veríamos. Os conceitos de uma teoria organizam
professor/professora. O grande tapete que é o currículo de e estruturam nossa forma de ver a realidade (SILVA, 2005).
cada escola, também sabemos todos, nos enreda com os
outros formando tramas diferentes e mais belas ou menos Para Silva (2005) as teorias do currículo se caracterizam
pelos conceitos que enfatizam. São elas:
belas, de acordo com as relações culturais que mantemos e
Teorias Tradicionais: (enfatizam) ensino - aprendiza-
do tipo de memória que nós temos de escola [...].
gem-avaliação – metodologia- didática-organização – pla-
Essa concepção converge com a de Tomaz Tadeu da Sil-
nejamento- eficiência- objetivos.
va (2005, p.15):
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Teorias Críticas: (enfatizam) ideologia- reprodução cul-


O currículo é sempre resultado de uma seleção: de um tural e social- poder- classe social- capitalismo- relações
universo mais amplo de conhecimentos e saberes selecio- sociais de produção- conscientização- emancipação- currí-
na-se aquela parte que vai constituir, precisamente o cur- culo oculto- resistência.
rículo. Teorias Pós-Críticas: (enfatizam) identidade – alteridade
As definições de currículo de Lopes (2006) e Silva (2005) – diferença subjetividade - significação e discurso- saber e
são aquelas de Sacristán (2003): poder- representação- cultura- gênero- raça- etnia- sexua-
[...] conjunto de conhecimentos ou matérias a serem su- lidade- multiculturalismo.
peradas pelo aluno dentro de um ciclo-nível educativo ou
modalidade de ensino; o currículo como experiência recria- As teorias tradicionais consideram–se neutras, cientí-
da nos alunos por meio da qual podem desenvolver-se; o ficas e desinteressadas, as críticas argumentam que não
currículo como tarefa e habilidade a serem dominadas; o existem teorias neutras, científicas e desinteressadas, toda
currículo como programa que proporciona conteúdos e va- e qualquer teoria está implicada em relações de poder.
lores para que os alunos melhorem a sociedade em relação As pós-críticas começam a se destacar no cenário na-
à reconstrução da mesma [...] cional, os currículos existentes abordam poucas questões
que as representam. Encontramos estas que dimensões

58
nos PCNS, temas transversais (ética, saúde, orientação rículo faz: uma seleção dentro da cultura daquilo que se
sexual, meio ambiente, trabalho, consumo e pluralidade considera relevante que as novas gerações aprendam.
cultural) e em algumas produções literárias no campo do Esses questionamentos dizem respeito aos conteúdos
multiculturalismo. escolares. Na escola aprendemos a fazer listagens de con-
O que é essencial para qualquer teoria é saber qual co- teúdos e julgamos que eles vão explicar o mundo para os
nhecimento deve ser ensinado e justificar o porquê desses alunos. No entanto, não estamos conseguindo articular es-
conhecimentos e não outros devem ser ensinados, de acor- ses conteúdos com a vida dos nossos alunos. Ultimamente
do com os conceitos que enfatizam. utilizamos de temas transversais, projetos especiais e há
Quantas vezes em nosso cotidiano escolar paramos até sugestões de criar novas disciplinas, como direito do
para refletir sobre Teorias do currículo e o Currículo? Quan- consumidor, educação fiscal, ecologia, para dar conta desta
do organizamos um planejamento bimestral, anual pensa- realidade imediata.
mos sobre aquela distribuição de conteúdo de forma crí- Temos dificuldades de assumirmos estas discussões
tica? Discute-se que determinado conteúdo é importante curriculares devido a uma tradição que designava a outros
porque é fundamento para a compreensão daquele que o seguimentos da educação as decisões pedagógicas ou pela
sucederá no bimestre posterior ou no ano que vem. Alega- falta de tempo, devido as condições do trabalho docente
mos que se o aluno não tiver acesso a determinado con- ou pela falta de conhecimento das propostas políticas-pe-
teúdo não conseguirá entender o seguinte. Somos capazes dagógicas implantadas pelo Governo.
de perceber em nossas atitudes (na prática docente), na Todavia, diante do desafio de ser professor, cabe-nos
forma como abordamos os conteúdos selecionados, um entender quais os saberes socialmente relevantes, quais os
posicionamento tradicional ou crítico? E por que adotamos critérios de hierarquização entre esses saberes/disciplinas,
tal atitude? as concepções de educação, de sociedade, de homem que
Precisamos entender os vínculos entre o currículo e sustentam as propostas curriculares implantadas. Quem
a sociedade, e saber como os professores/as, a escola, o são os sujeitos que poderão definir e organizar o currículo?
currículo e os materiais didáticos tenderão a reproduzir a E quais os pressupostos que defendemos?
cultura hegemônica e favorecer mais uns do que outros. O estudo das teorias do currículo não é a garantia de se
Também é certo que essa função pode ser aceita com pas- encontrar as respostas a todos os nossos questionamentos,
sividade ou pode aproveitar espaços relativos de autono- é uma forma de recuperarmos as discussões curriculares no
mia, que sempre existem, para exercer a contra-hegemo- ambiente escolar e conhecer os diferentes discursos peda-
nia, como afirma Apple. Essa autonomia pode se refletir gógicos que orientam as decisões em torno dos conteúdos
nos conteúdos selecionados, mas principalmente se define até a “racionalização dos meios para obtê-los e comprovar
na forma como os conteúdos são abordados no ensino. seu sucesso” (SACRISTÁN, 2000).
A forma como trabalhamos os conteúdos em sala de
aula indica nosso entendimento dos conhecimentos esco- Para nós, professores, os estudos sobre as teorias do
lares. Demonstra nossa autonomia diante da escolha. poderão responder aos questionamentos da comunidade
SARUP (apud SACRISTÁN, 2000) distingue a perspectiva escolar como: a valorização dos professoras/es, o baixo
crítica da tradicional da seguinte forma: rendimento escolar, dificuldades de aprendizagem, desin-
A finalidade do currículo crítico é o inverso do currículo teresse, indisciplina e outras dimensões. Poderão, sobre-
tradicional; este último tende a “naturalizar” os aconteci- tudo, mostrar que os Currículos não são neutros. Eles são
mentos; aquele tenta obrigar os alunos/a a que questione elaborados com orientações políticas e pedagógicas. Ou
as atitudes e comportamentos que considera “naturais “. seja, é produto de grupos sociais que disputam o poder.
O currículo crítico oferece uma visão da realidade como As reformulações curriculares atuais promovem discus-
processo mutante contínuo, cujo agentes são os seres hu- sões entre posições diferentes, há os que defendem os cur-
manos, os quais, portanto, estão em condição de realizar rículos por competências, os científicos, os que enfatizam
sua transformação. A função do currículo não é “refletir a cultura, a diversidade, os mais críticos à ciência moderna, CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
“uma realidade fixa, mas pensar sobre a realidade social; enfim, teorias tradicionais, críticas e pós-críticas disputam
é demonstrar que o conhecimento e os fatos sociais são esse espaço cheio de conflitos, Como afirma Silva (2005), o
produtos históricos e, consequentemente, que poderiam Currículo é um território político contestado.
ter sido diferentes (e que ainda podem sê-lo). Diante desse complexo mundo educacional de tendên-
cias, teorias, ideologias e práticas diversas, cabe-nos estu-
É por isso que Albuquerque /Kunzle (2006) perguntam: dar para conhecê-las, podendo assim assumir uma condu-
Quando pensamos o currículo tomamos a ideia de ta crítica na ação docente.
caminho: que caminho vamos percorrer ao longo deste
tempo escolar? Que seleções vamos fazer? Que seleções William Pinar (apud LOPES, 2006), estudioso do campo
temos feito? E mais: em que medida nós, professoras/es do currículo, afirma:
e pedagogas/os interferimos nesta seleção? Qual é o co- [...] estudar teoria de currículo, é importante na medida
nhecimento com que a escola deve trabalhar? Quando es- em que oferece aos professores de escolas públicas, a com-
colhemos um livro didático, ele traz desenhado o currículo preensão dos diversos mundos em que habitamos e, espe-
oficial: o saber legitimado, o saber reconhecido que deve cialmente a retórica política que cerca as propostas educa-
ser passado ás novas gerações. Porque isso é que o cur- cionais e os conteúdos curriculares. Os professores de escolas

59
(norte americanas) têm dificuldades em resistir a modismos
educacionais passageiros, porque, em parte não lembram
das teorias e da história do currículo, porque muito frequen- EXERCÍCIOS COMENTADOS
temente não as estudaram [...]
Essa também é a realidade brasileira. Precisamos estudar 1. (ENADE – Pedagogia) O fazer docente pressupõe a re-
nossas propostas curriculares, bem como as teorias do currí- alização de um conjunto de operações didáticas coordena-
culo e tendências pedagógicas para que possamos entender das entre si.
nossa prática e suas consequências aos alunos e docentes. São o planejamento, a direção do ensino e da aprendiza-
Acerca disso, Eisner (apud SACRISTÁN, 2000), pontua gem e a avaliação, cada uma delas desdobrada em tarefas
que: ou funções didáticas, mas que convergem para a realização
[...] que o ensino é o conjunto de atividades que trans- do ensino propriamente dito.
formam o currículo na prática para produzir a aprendiza- Considerando que, para desenvolver cada operação didáti-
gem, é uma característica marcante do pensamento curri- ca inerente ao ato de planejar, executar e avaliar, o profes-
cular atual, interar o plano curricular a prática de ensiná-lo sor precisa dominar certos conhecimentos didáticos, avalie
não apenas o torna realidade em termos de aprendizagem, quais afirmações abaixo se referem a conhecimentos e do-
mas que na própria atividade podem se modificar as pri- mínios esperados do professor.
meiras intenções e surgir novos fins [...] I. Conhecimento dos conteúdos da disciplina que leciona,
A sala de aula é o espaço onde se concretiza o currí- bem como capacidade de abordá-los de modo contextu-
culo e deve acontecer o processo ensino e aprendizagem. alizado.
Este processo acontece não só por meio da transferência II. Domínio das técnicas de elaboração de provas objetivas,
de conteúdos, mas, também pela influência das diversas por se configurarem instrumentos quantitativos precisos e
relações e interações desse espaço escolar, na sala de aula fidedignos.
e na relação professor-aluno. III. Domínio de diferentes métodos e procedimentos de en-
Concordamos que o eixo central do Currículo é diversos sino e capacidade de escolhê-los conforme a natureza dos
conhecimentos. Para defini-lo se faz necessário discutir a temas a serem tratados e as características dos estudantes.
serviço de quem a escola está. Defendemos que o trabalho IV. Domínio do conteúdo do livro didático adotado, que
escolar defina seu Currículo a partir da cultura do aluno, deve conter todos os conteúdos a serem trabalhados du-
respeitando-a, mas sem perder a ênfase no conhecimento rante o ano letivo.
clássico das disciplinas que compõem a grade curricular.
Alguns autores afirmam que o ponto de partida é o alu- É correto apenas o que se afirma em
no concreto. Outros questionam o que sabemos sobre esse
aluno concreto, se realmente partimos dele. E ao questio- a) I e II.
narem afirmam que “a cultura popular é, assim, um conhe- b) I e III.
cimento que deve, legitimamente, fazer parte do Currículo, c) II e III.
pois toda cultura é fruto do trabalho humano”. d) II e IV.
O conhecimento científico é o que dá as explicações e) III e IV.
mais objetivas para a realidade e este é o objetivo principal
da escola. No entanto, é preciso questionar, o que determi- Resposta: Letra B. As afirmações I e III são considera-
na a legitimidade de um conhecimento. das corretas, pois, segundo pressupostos pedagógicos
básicos, conhecer e contextualizar os conteúdos da dis-
Fonte: SABAINI, S. M. G; BELLINI, L. M. Porque estudar ciplina a ser lecionada são tarefas didáticas tão impor-
currículo e teorias de currículo. tantes para o sucesso do ensino e a consequente efe-
tivação da aprendizagem quanto a escolha adequada
Bibliografia dos procedimentos a serem utilizados para o tratamen-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

ALBUQUERQUE, Janeslei A; KUNZLE, Maria Rosa. O cur- to desses mesmos conteúdos. Com relação às demais
rículo e suas dimensões, multirracial e multicultural. In: Ca- afirmações, a segunda aborda as provas objetivas, im-
derno Pedagógico nº 4, APP-SINDICATO 60 ANOS. 2007. portantes instrumentos de avaliação quando considera-
LOPES, Alice C. Pensamento e política curricular – entre- das num contexto de utilização de outros instrumentos
vista com William Pinar. In: Políticas de currículo em múlti- avaliativos também, todos relacionados de acordo com
plos contextos. São Paulo: Cortez, 2006. critérios elencados para a verificação da aprendizagem
SACRISTÁN J. G.; PÉREZ GÓMEZ A. I. Compreender e dos alunos e do desempenho do professor, mas que não
transformar o ensino. Porto Alegre: ArtMed, 2000. se constituem como tarefas didáticas essenciais como o
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade: uma planejamento, a execução e a própria avaliação do ensi-
introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autên- no, sendo esta última entendida neste presente momen-
tica, 2005. to como processo mais amplo do que apenas a escolha
dos instrumentos avaliativos a serem usados. Por último,
com relação à quarta afirmação, considera-se que o livro
didático, embora quando adequado possa se constituir
em importante recurso didático a ser utilizado em sala

60
de aula, não poderá conter toda a gama de conteúdos Efetivamente, a escola contribuía para que a realidade
a ser abordada numa determinada situação pedagógica, social extremamente desigual e injusta fosse perpetuada
em função da necessidade de se utilizar outros recursos e havia necessidade de pensar em como reverter esse
como meios auxiliares para a aprendizagem, inclusive quadro, fazendo-a trabalhar a favor de todos os alunos
considerando que tais recursos possam ser de outras que nela ingressam.
naturezas que não materiais como o livro, quais sejam, Não é difícil compreender por que autores inconforma-
tecnológicas e humanas, por exemplo. dos com as injustiças e as desigualdades sociais, inte-
ressados em denunciar o papel da escola e do currículo
2. (ENADE – Pedagogia) O currículo, há muito tempo, na reprodução da estrutura social e, ainda, preocupados
deixou de ser apenas uma área meramente técnica, vol- em construir uma escola e um currículo afinados com
tada para questões relativas a procedimentos, técnicas e os interesses dos grupos oprimidos passaram a buscar
métodos. Já se pode falar agora em uma tradição crítica apoio em teorias sociais desenvolvidas principalmente
do currículo, guiada por questões sociológicas, políticas e
na Europa para elaborar e justificar suas reflexões e pro-
epistemológicas.
postas.
MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. (Org.) Currículo, cultura e socie-
A década de sessenta irá marcar a história do currículo.
dade.
É nesse período que começa a se esboçar o que viría-
6. ed. Cortez, 2002, p. 7-8 (com adaptações).
mos a chamar de Teoria Crítica do Currículo, fortemen-
Na perspectiva do texto acima, avalie as seguintes asserções. te ancorada na Sociologia, que não se restringirá em
orientar como se constrói um currículo, mas avançará a
O currículo é considerado um artefato social e cultural. discussão perguntando o que faz um currículo? A favor
de quem ele trabalha? A quem pertencem os conheci-
PORQUE mentos veiculados pela escola? A quem interessa o que
a escola ensina?
O currículo não é um elemento inocente e neutro de trans- Althusser, sociólogo francês, mostrará o quanto a escola
missão desinteressada do conhecimento social, pois impli- era decisiva na veiculação da ideologia dominante. Para
ca relações de poder, transmite visões sociais particulares ele, “[...] a escola (mas também outras instituições do Es-
e interessadas, não é um elemento transcendente e atem- tado, como a Igreja e outros aparelhos como o Exército)
poral. ensina o ‘know-how’, mas sob a forma de assegurar a
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. submissão à ideologia dominante ou o domínio de sua
‘prática’” (ALTHUSSER, 1985). Para os sociólogos france-
a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a se- ses Bourdieu e Passeron, (1975), a dinâmica da reprodu-
gunda é uma justificativa correta da primeira. ção social estava centrada no processo de reprodução
b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a cultural. Através de conceitos como capital cultural, re-
segunda não é uma justificativa da primeira. produção, entre outros, mostram como a escola repro-
c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a duzia e introjetava em seus alunos, os valores das classes
segunda, uma proposição falsa. hegemônicas. Para os sociólogos franceses era através
d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, da reprodução da cultura dominante que a reprodução
uma proposição verdadeira. mais ampla da sociedade ficava garantida. Bowles e Gin-
e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são pro- tis (1977) – sociólogos americanos – consideravam que
posições falsas.
a desigualdade na oferta educacional retratava a divisão
social do trabalho e, com seus estudos, denunciaram o
Resposta: Letra A. Resgatando um pouco da história,
papel essencial que a escola desempenhava na aprendi-
é possível identificar algumas características que mar-
zagem das atitudes requeridas, em uma sociedade capi- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
caram profundamente o campo do currículo no início
do século XX. Naquela oportunidade buscava-se trans- talista, para um bom trabalhador.
ferir – para a pedagogia – novas práticas e valores deri- Além dessas contribuições, muitos outros teóricos tam-
vados do mundo industrial, na expectativa de imprimir bém destacavam o papel que a escola desempenhava
um cunho científico à Educação. Nessa lógica, palavras na legitimação das desigualdades – por exemplo, Mi-
como eficiência, eficácia, produtividade, organização e chael Young na Inglaterra, Paulo Freire no Brasil, Michael
desenvolvimento passaram a balizar o currículo escolar. Apple e Henry Giroux nos EUA.
Tal tendência, que surge em reação ao currículo “huma- Observemos a mudança que se opera: de um entendi-
nista”, atravessa boa parte do século XX e ganha corpo, mento de currículo como neutro, inocente, meramen-
também, na Educação Brasileira. Nessa perspectiva con- te técnico, elemento desinteressado de transmissão de
siderada tradicional, o currículo era entendido como um conhecimentos passamos a entendê-lo como eivado de
elemento neutro, desinteressado. relações de poder, historicamente situado, empenhado
No entanto, exatamente por não colocar em questão o em transmitir visões de mundo. Para Goodson (1997, p.
que reproduzia e o que lhe dava sustentação, o currículo 20) “o currículo escolar é um artefato social concebido
se constituía em um elemento poderoso na manutenção para realizar determinados objetivos humanos específi-
de profundas desigualdades. cos”. Logo, social, cultural e politicamente interessado!

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Daí a importância de não se negligenciar, na definição tre as diferentes disciplinas e formas de conhecimento nas
dos currículos, as características dos alunos para os instituições escolares. A ideia de integração em educação é
quais todo o trabalho proposto se destina. também tributária da análise de Bernstein (1996) sobre os
processos de compartimentação dos saberes, na qual ele
DISCUTINDO AS ALTERNATIVAS introduz os conceitos de classificação e enquadramento.
A classificação refere-se ao grau de manutenção de fron-
Pensar no currículo como artefato social e cultural impli- teiras entre os conteúdos, enquanto o enquadramento, à
ca reconhecer a cultura escolar como um componente força da fronteira entre o que pode e o que não pode ser
determinante na definição e organização do currículo transmitido numa relação pedagógica. À organização do
escolar, o qual está “circundado pela ideia de uma se- conhecimento escolar que envolve alto grau de classifica-
leção da cultura, isto é, escolhas que se faz em amplo ção associa-se um currículo que o autor denomina ‘códi-
universo de possibilidades, considerando a cultura como go coleção’; à organização que vise à redução do nível de
espaço em que significados se produzem”. classificação associa-se um currículo denominado ‘código
Estamos falando em escolhas, e as escolhas no campo integrado’.
do currículo sempre envolvem uma posição a respeito Segundo Bernstein, a integração coloca as disciplinas e
de qual conhecimento deve ser ensinado a determi- cursos isolados numa perspectiva relacional, de tal modo
nados grupos, em determinado tempo, considerando- que o abrandamento dos enquadramentos e das classifica-
-se um projeto de homem/mulher que queremos levar ções do conhecimento escolar promove maior iniciativa de
avante. Essas definições não são unânimes, tampouco professores e alunos, maior integração dos saberes escola-
neutras. Elas geram disputas, uma vez que diferentes res com os saberes cotidianos dos alunos, combatendo, as-
grupos tentarão fazer valer o que consideram válido ou sim, a visão hierárquica e dogmática do conhecimento. Em
desejável para compor o currículo. síntese, o autor aposta na possibilidade de os códigos in-
Toda a discussão que fizemos até aqui encaminha para tegrados garantirem uma forma de socialização apropria-
o reconhecimento da alternativa A como a resposta cor- da do conhecimento, capaz de atender às mudanças em
reta à questão. curso no mundo do trabalho mediante o desenvolvimento
A alternativa B é incorreta, pois, apesar de reconhecer de operações globais. Isso contribuiria para a construção
que as duas asserções são verdadeiras, nega a relação de uma educação mais igualitária, visando à superação de
entre elas. É exatamente a partir do momento em que o problemas de socialização diante dos sistemas de valores
currículo passa a ser visto como um artefato social e cul- próprios das sociedades industriais avançadas. Essas análi-
tural que conseguimos percebê-lo como um campo de ses colocam a necessidade de relacionar o âmbito escolar à
luta, como uma verdadeira arena na qual diferentes for- prática social concreta. A proposta de ‘currículo integrado’
mas de perceber o mundo se colocam em disputa para na perspectiva da formação politécnica e omnilateral dos
impor determinados significados, para transmitir deter- trabalhadores incorpora essas análises e busca definir as
minadas visões de mundo, historicamente situadas. finalidades da educação escolar por referência às necessi-
As alternativas C, D e E são incorretas porque as duas dades da formação humana.
asserções apresentadas são verdadeiras e existe uma Com isto, defende que as aprendizagens escolares de-
relação muito clara entre elas, conforme analisado an- vem possibilitar à classe trabalhadora a compreensão da
teriormente. realidade para além de sua aparência e, assim, o desenvol-
vimento de condições para transformá-la em benefício das
suas necessidades de classe. Esta proposta integra, ainda,
CURRÍCULO INTEGRADO; formação geral, técnica e política, tendo o trabalho como
princípio educativo. Desse princípio, que se torna eixo
epistemológico e ético-político de organização curricular,
decorrem os outros dois eixos do ‘currículo integrado’, a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

#FicaDica saber: a ciência e a cultura. O trabalho é o princípio educa-


tivo no sentido ontológico, pelo qual ele é compreendido
O ‘currículo integrado’ organiza o
como práxis humana e a forma pela qual o homem produz
conhecimento e desenvolve o processo
sua própria existência na relação com a natureza e com os
de ensino-aprendizagem de forma que os
outros homens. Sob o princípio do trabalho, o processo
conceitos sejam apreendidos como sistema
formativo proporciona a compreensão da historicidade da
de relações de uma totalidade concreta que se
produção científica e tecnológica, como conhecimentos
pretende explicar/compreender.
desenvolvidos e apropriados socialmente para a transfor-
mação das condições naturais da vida e a ampliação das
capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos.
Santomé (1998) explica que a denominação ‘currículo O sentido histórico do trabalho, que no sistema capita-
integrado’ tem sido utilizada como tentativa de contemplar lista se transforma em trabalho assalariado, também traz
uma compreensão global do conhecimento e de promover fundamentos e orienta finalidades da formação, na medida
maiores parcelas de interdisciplinaridade na sua constru- em que expressa as exigências específicas para o processo
ção. A integração ressaltaria a unidade que deve existir en- educativo, visando à participação direta dos membros da

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sociedade no trabalho socialmente produtivo. Com este distinguir o essencial do assessório, assim como o sentido
sentido, conquanto também organize a base unitária do objetivo dos fatos. Isto dá a direção para a definição de
currículo, fundamenta e justifica a formação específica para componentes curriculares. O método histórico-dialético
o exercício de profissões, entendidas como uma forma define que é a partir do conhecimento na sua forma mais
contratual socialmente reconhecida do processo de com- contemporânea que se pode compreender a realidade e
pra e venda da força de trabalho. Como razão da formação a própria ciência na sua historicidade. Os processos de
específica, o trabalho aqui se configura também como um trabalho e as tecnologias correspondem a momentos da
contexto de formação. A essa concepção de trabalho asso- evolução das forças materiais de produção e podem ser
cia-se a concepção de ciência: conhecimentos produzidos tomados como um ponto de partida histórico e dialético
e legitimados socialmente ao longo da história como re- para o processo pedagógico. Histórico porque o trabalho
sultados de um processo empreendido pela humanidade pedagógico fecundo ocupa-se em evidenciar, juntamente
na busca da compreensão e transformação dos fenômenos aos conceitos, as razões, os problemas, as necessidades e
naturais e sociais. Nesse sentido, a ciência conforma con- as dúvidas que constituem o contexto de produção de um
ceitos e métodos cuja objetividade permite a transmissão conhecimento.
para diferentes gerações, ao mesmo tempo em que podem A apreensão de conhecimentos na sua forma mais ela-
ser questionados e superados historicamente no movimen- borada permite compreender os fundamentos prévios que
to permanente de construção de novos conhecimentos. levaram ao estágio atual de compreensão do fenômeno es-
A formação profissional, por sua vez, é um meio pelo tudado. Dialético porque a razão de estudar um processo
qual o conhecimento científico adquire, para o trabalhador, de trabalho não está na sua estrutura formal e procedimen-
o sentido de força produtiva, traduzindo-se em técnicas tal aparente, mas na tentativa de captar os conceitos que o
e procedimentos, a partir da compreensão dos conceitos fundamentam e as relações que o constituem. Estes podem
científicos e tecnológicos básicos. Por fim, a concepção de estar em conflito ou ser questionados por outros conceitos.
cultura que embasa a síntese entre formação geral e for- O ‘currículo integrado’ organiza o conhecimento e de-
mação específica a compreende como as diferentes formas senvolve o processo de ensino-aprendizagem de forma que
de criação da sociedade, de tal modo que o conhecimento os conceitos sejam apreendidos como sistema de relações
característico de um tempo histórico e de um grupo so- de uma totalidade concreta que se pretende explicar/com-
cial traz a marca das razões, dos problemas e das dúvidas preender. No trabalho pedagógico, o método de exposição
que motivaram o avanço do conhecimento numa socieda- deve restabelecer as relações dinâmicas 4 e dialéticas entre
de. Esta é a base do historicismo como método (GRAMS- os conceitos, reconstituindo as relações que configuram a
CI, 1991) que ajuda a superar o enciclopedismo – quando totalidade concreta da qual se originaram, de modo que o
conceitos 3 históricos são transformados em dogmas – e o objeto a ser conhecido revele-se gradativamente em suas
espontaneísmo – forma acrítica de apropriação dos fenô- peculiaridades próprias (GADOTTI, 1995). A interdisciplina-
menos que não ultrapassa o senso comum. No ‘currículo ridade, como método, é a reconstituição da totalidade pela
integrado’, conhecimentos de formação geral e específicos relação entre os conceitos originados a partir de distintos
para o exercício profissional também se integram. Um con- recortes da realidade; isto é, dos diversos campos da ciên-
ceito específico não é abordado de forma técnica e ins- cia representados em disciplinas. Isto tem como objetivo
trumental, mas visando a compreendê-lo como construção possibilitar a compreensão do significado dos conceitos,
histórico-cultural no processo de desenvolvimento da ciên- das razões e dos métodos pelos quais se pode conhecer
cia com finalidades produtivas. Em razão disto, no ‘currícu- o real e apropriá-lo em seu potencial para o ser humano.
lo integrado’ nenhum conhecimento é só geral, posto que
estrutura objetivos de produção, nem somente específico, Fonte: RAMOS, M. N. Currículo Integrado.
pois nenhum conceito apropriado produtivamente pode
ser formulado ou compreendido desarticuladamente das Disponível em: www.ifpb.edu.br/curriculo-integrado/
ciências e das linguagens. O currículo formal exige a sele- Texto%20-%20Currículo%20Integrado%20e% CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
ção e a organização desses conhecimentos em componen-
tes curriculares, sejam eles em forma de disciplinas, módu-
los, projetos etc., mas a integração pressupõe o reestabele-
cimento da relação entre os conhecimentos selecionados. EXERCÍCIO COMENTADO
Como o currículo não pode compreender a totalidade,
a seleção é orientada pela possibilidade de proporcionar a 1. (IF-RN – Pedagogo – Superior – FUNCERN/2017) So-
maior aproximação do real, por expressar as relações fun- bre a concepção de currículo integrado, analise as afirma-
damentais que definem a realidade. Segundo Kosik (1978), ções a seguir.
cada fato ou conjunto de fatos, na sua essência, reflete I. A concepção de currículo integrado remete à ideia de
toda a realidade com maior ou menor riqueza ou comple- completude, à compreensão das partes em relação ao todo
tude. Por esta razão, é possível que um fato deponha mais ou da unidade dentro da diversidade, com base nos con-
que um outro na explicação do real. Assim, a possibilidade ceitos de Politecnia e Formação Integrada.
de conhecer a totalidade a partir das partes é dada pela II. A concepção de currículo integrado demanda valorização
possibilidade de identificar os fatos ou conjunto de fatos da polivalência, segundo exigências e princípios inerentes
que deponham mais sobre a essência do real; e, ainda, de ao domínio da estrutura lógica, conceitual, investigativa e

63
metodológica dos diversos cursos e atores participantes. O trabalho também se constitui como prática econô-
III. A concepção de currículo integrado compreende a edu- mica porque garante a existência, produzindo riquezas e
cação como uma totalidade social nas múltiplas mediações satisfazendo necessidades. Na base da construção de um
que caracterizam os processos educativos. Nesse sentido, projeto de formação está a compreensão do trabalho no
a formação geral é parte inseparável da formação para o seu duplo sentido – ontológico e histórico.
trabalho. Pelo primeiro sentido, o trabalho é princípio educativo à
IV. A concepção de currículo integrado supera o ser huma- medida que proporciona a compreensão do processo his-
no segmentado historicamente pela divisão social do tra- tórico de produção científica e tecnológica, como conhe-
balho entre o planejar e o executar. Fundamenta-se, pois, cimentos desenvolvidos e apropriados socialmente para a
na priorização do trabalho e da tecnologia, na globalização transformação das condições naturais da vida e a amplia-
das aprendizagens e nas especializações dos saberes. Estão ção das capacidades, das potencialidades e dos sentidos
corretas as afirmações humanos. O trabalho, no sentido ontológico, é princípio e
organiza a base unitária do Ensino Médio.
a) I e III. Pelo segundo sentido, o trabalho é princípio educati-
b) I e II. vo na medida em que coloca exigências específicas para
c) II e IV. o processo educacional, visando à participação direta dos
d) III e IV. membros da sociedade no trabalho socialmente produtivo.
Com este sentido, conquanto também organize a base uni-
Resposta: Letra A. Santomé (1998) explica que a deno- tária, fundamenta e justifica a formação específica para o
minação ‘currículo integrado’ tem sido utilizada como exercício de profissões, estas entendidas como forma con-
tentativa de contemplar uma compreensão global do tratual socialmente reconhecida, do processo de compra e
conhecimento e de promover maiores parcelas de in- venda da força de trabalho.
terdisciplinaridade na sua construção. A integração res- Como razão da formação específica, o trabalho aqui
saltaria a unidade que deve existir entre as diferentes se configura também como contexto. Do ponto de vista
disciplinas e formas de conhecimento nas instituições organizacional, essa relação deve integrar em um mesmo
escolares. Segundo Bernstein, essas análises colocam currículo a formação plena do educando, possibilitando
a necessidade de relacionar o âmbito escolar à prática construções intelectuais mais complexas; a apropriação
social concreta. A proposta de ‘currículo integrado’ na de conceitos necessários para a intervenção consciente na
perspectiva da formação politécnica e omnilateral dos realidade e a compreensão do processo histórico de cons-
trabalhadores incorpora essas análises e busca definir trução do conhecimento.
as finalidades da educação escolar por referência às ne-
cessidades da formação humana. Com isto, defende que 1. Pesquisa como princípio pedagógico
as aprendizagens escolares devem possibilitar à classe
trabalhadora a compreensão da realidade para além de A produção acelerada de conhecimentos, característica
sua aparência e, assim, o desenvolvimento de condições deste novo século, traz para as escolas o desafio de fazer
para transformá-la em benefício das suas necessidades com que esses novos conhecimentos sejam socializados
de classe. de modo a promover a elevação do nível geral de educa-
ção da população. O impacto das novas tecnologias so-
bre as escolas afeta tanto os meios a serem utilizados nas
TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO E instituições educativas, quanto os elementos do processo
PESQUISA COMO PRINCÍPIO PEDAGÓGICO; educativo, tais como a valorização da ideia da instituição
escolar como centro do conhecimento; a transformação
das infraestruturas; a modificação dos papeis do professor
TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO e do aluno; a influência sobre os modelos de organização
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

e gestão; o surgimento de novas figuras e instituições no


#FicaDica contexto educativo; e a influência sobre metodologias, es-
tratégias e instrumentos de avaliação.
A concepção do trabalho como princípio O aumento exponencial da geração de conhecimentos
educativo é a base para a organização e tem, também, como consequência que a instituição escolar
desenvolvimento curricular em seus objetivos, deixa de ser o único centro de geração de informações.
conteúdos e métodos. A ela se juntam outras instituições, movimentos e ações
culturais, públicas e privadas, além da importância que vão
adquirindo na sociedade os meios de comunicação como
Considerar o trabalho como princípio educativo equi- criadores e portadores de informação e de conteúdos de-
vale a dizer que o ser humano é produtor de sua realidade senvolvidos fora do âmbito escolar.
e, por isto, dela se apropria e pode transformá-la. Equivale Apesar da importância que ganham esses novos meca-
a dizer, ainda, que é sujeito de sua história e de sua reali- nismos de aquisição de informações, é importante desta-
dade. Em síntese, o trabalho é a primeira mediação entre o car que informação não pode ser confundida com conhe-
homem e a realidade material e social. cimento. O fato dessas novas tecnologias se aproximarem

64
da escola, onde os alunos, às vezes, chegam com muitas A pesquisa, associada ao desenvolvimento de proje-
informações, reforça o papel dos professores no tocante às tos contextualizados e interdisciplinares/ articuladores de
formas de sistematização dos conteúdos e de estabeleci- saberes, ganha maior significado para os estudantes. Se a
mento de valores. pesquisa e os projetos objetivarem, também, conhecimen-
Uma consequência imediata da sociedade de informa- tos para atuação na comunidade, terão maior relevância,
ção é que a sobrevivência nesse ambiente requer o apren- além de seu forte sentido ético-social.
dizado contínuo ao longo de toda a vida. Esse novo modo É fundamental que a pesquisa esteja orientada por esse
de ser requer que o aluno, para além de adquirir determi- sentido ético, de modo a potencializar uma concepção de
nadas informações e desenvolver habilidades para realizar investigação científica que motiva e orienta projetos de
certas tarefas, deve aprender a aprender, para continuar ação visando à melhoria da coletividade e ao bem comum.
aprendendo. A pesquisa, como princípio pedagógico, pode, assim,
Essas novas exigências requerem um novo comporta- propiciar a participação do estudante tanto na prática pe-
mento dos professores que devem deixar de ser transmisso- dagógica quanto colaborar para o relacionamento entre a
res de conhecimentos para serem mediadores, facilitadores escola e a comunidade.
da aquisição de conhecimentos; devem estimular a realiza-
ção de pesquisas, a produção de conhecimentos e o trabalho
em grupo. Essa transformação necessária pode ser traduzida
pela adoção da pesquisa como princípio pedagógico. EXERCÍCIO COMENTADO
É necessário que a pesquisa como princípio pedagógi-
co esteja presente em toda a educação escolar dos que vi- 1. 01. (IF-RN – Pedagogo – Superior – FUNCERN/2017)
vem/viverão do próprio trabalho. Ela instiga o estudante no Nas diretrizes curriculares para Educação Profissional Téc-
sentido da curiosidade em direção ao mundo que o cerca, nica de Nível Médio, instituídas em 2012, são apresentadas
gera inquietude, possibilitando que o estudante possa ser as dimensões da formação humana, que devem ser con-
protagonista na busca de informações e de saberes, quer sideradas de maneira integrada na organização curricular.
sejam do senso comum, escolares ou científicos. De acordo com as referidas diretrizes, constituem como
Essa atitude de inquietação diante da realidade po- fundamento para a organização e desenvolvimento curri-
tencializada pela pesquisa, quando despertada no Ensino cular desses cursos, em seus objetivos, conteúdos e méto-
Médio, contribui para que o sujeito possa, individual e co- dos,
letivamente, formular questões de investigação e buscar
respostas em um processo autônomo de (re)construção a) o trabalho como princípio educativo e a pesquisa como
de conhecimentos. Nesse sentido, a relevância não está no princípio pedagógico.
fornecimento pelo docente de informações, as quais, na b) a interdisciplinaridade como interligação de fazeres e a
atualidade, são encontradas, no mais das vezes e de forma verticalização como princípio formativo.
ampla e diversificada, fora das aulas e, mesmo, da escola. O c) a política de igualdade na perspectiva da inclusão e o
relevante é o desenvolvimento da capacidade de pesquisa, treinamento básico para o trabalho produtivo.
para que os estudantes busquem e (re)construam conhe- d) a transdisciplinaridade como princípio pedagógico e a
cimentos. pesquisa como princípio científico.

Resposta: Letra A. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais


#FicaDica para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, no
Capítulo II Princípios Norteadores e art. 6°, podemos en-
A pesquisa escolar, motivada e orientada contrar a resposta correta:
pelos professores, implica na identificação art. 6° São princípios da Educação Profissional Técnica
de uma dúvida ou problema, na seleção de Nível Médio: CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
de informações de fontes confiáveis, na (...)
interpretação e elaboração dessas informações III - trabalho assumido como princípio educativo, tendo
e na organização e relato sobre o conhecimento sua integração com a ciência, a tecnologia e a cultura
adquirido.. como base da proposta político-pedagógica e do de-
senvolvimento
IV - articulação da Educação Básica com a Educação Pro-
Muito além do conhecimento e da utilização de equipa- fissional e Tecnológica, na perspectiva da integração en-
mentos e materiais, a prática de pesquisa propicia o desen- tre saberes específicos para a produção do conhecimen-
volvimento da atitude científica, o que significa contribuir, to e a intervenção social, assumindo a pesquisa como
entre outros aspectos, para o desenvolvimento de con- princípio pedagógico.
dições de, ao longo da vida, interpretar, analisar, criticar,
refletir, rejeitar idéias fechadas, aprender, buscar soluções
e propor alternativas, potencializadas pela investigação e
pela responsabilidade ética assumida diante das questões
políticas, sociais, culturais e econômicas.

65
1) Considerar os alunos não como uma turma homogê-
PLANEJAMENTO DO ENSINO; nea, mas a forma singular de apreender de cada um,
seu processo, suas hipóteses, suas perguntas a partir
do que já aprenderam e a partir das suas histórias;
PLANEJAMENTO DE ENSINO E SEUS ELEMENTOS 2) Considerar o que é importante e significativo para
CONSTITUTIVOS aquela turma. Ter claro onde se quer chegar, que re-
corte deve ser feito na História para escolher temá-
Em se tratando da prática docente, faz- se necessário ticas e que atividades deverão ser implementadas,
ainda mais desenvolver um planejamento. Neste caso, o considerando os interesses do grupo como um todo.
ensino, tem como principal função garantir a coerência en- Para considerar os conhecimentos dos alunos é neces-
tre as atividades que o professor faz com seus alunos e, sário propor situações em que possam mostrar os seus co-
além disso, as aprendizagens que pretende proporcionar nhecimentos, suas hipóteses durante as atividades imple-
a eles. Então, pode-se dizer que a forma de planejar deve mentadas, para que assim forneçam pistas para a continui-
focar a relação entre o ensinar e o aprender. dade do trabalho e para o planejamento das ações futuras.
Dentro do planejamento de ensino, deve-se desenvol- É preciso pensar constantemente para quem serve o
ver um processo de decisão sobre a atuação concreta por planejamento, o que se está planejando e para quê vão
parte dos professores, na sua ação pedagógica, envolven- servir as suas ações.
do ações e situações do cotidiano que acontecem através Algumas indagações auxiliam quando se está cons-
de interações entre alunos e professores. truindo um planejamento. Seguem alguns exemplos:
O professor que deseja realizar uma boa atuação do- - O que pretende-se fazer, por quê e para quem?
cente sabe que deve participar, elaborar e organizar pla- - Que objetivos pretendem-se alcançar?
nos em diferentes níveis de complexidade para atender, em - Que meios/estratégias são utilizados para alcançar tais
classe, seus alunos. Pelo envolvimento no processo ensino objetivos?
e aprendizagem, ele deve estimular a participação do alu- - Quanto tempo será necessário para alcançar os obje-
no, a fim de que este possa, realmente, efetuar uma apren- tivos?
dizagem tão significativa quanto o permitam suas possibi- - Como avaliar se os resultados estão sendo alcançados?
lidades e necessidades. É a partir destas perguntas e respectivas respostas que
O planejamento, neste caso, envolve a previsão de re- são determinadas algumas fases dentro do planejamento:
sultados desejáveis, assim como também os meios neces- - Diagnóstico da realidade;
sários para os alcançar. A responsabilidade do mestre é - Definição do tema e Fase de preparação;
imensa. Grande parte da eficácia de seu ensino depende - Avaliação.
da organicidade, coerência e flexibilidade de seu planeja-
mento. Dentro desta perspectiva, Planejar é: elaborar – decidir
que tipo de sociedade e de homem se quer e que tipo de
#FicaDica ação educacional é necessária para isso; verificar a que dis-
tância se está deste tipo de ação e até que ponto se está
O planejamento de ensino é que vai nortear contribuindo para o resultado final que se pretende; propor
o trabalho do professor e é sobre ele que far- uma série orgânica de ações para diminuir essa distância
se-á uma reflexão maior neste texto. e para contribuir mais para o resultado final estabelecido;
executar – agir em conformidade com o que foi proposto; e
avaliar – revisar sempre cada um desses momentos e cada
1. Fases do planejamento de ensino e sua importân- uma das ações, bem como cada um dos documentos deles
cia no processo de ensino e aprendizagem derivados”(GANDIN, 2005, p.23).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

O planejamento faz parte de um processo constante 2. Fases do Planejamento


através do qual a preparação, a realização e o acompanha-
mento estão intimamente ligados. Quando se revisa uma 2.1. Diagnóstico da Realidade
ação realizada, prepara-se uma nova ação num processo
contínuo e sem cortes. No caso do planejamento de ensi- Para que o professor possa planejar suas aulas, a fim de
no, uma previsão bem-feita do que será realizado em clas- atender as necessidades dos seus alunos, a primeira atitude
se, melhora muito o aprendizado dos alunos e aperfeiçoa a a fazer, é “sondar o ambiente”. O médico antes de dizer
prática pedagógica do professor. Por isso é que o planeja- com certeza o que seu paciente tem, examina-o, fazendo
mento deve estar “recheado” de intenções e objetivos, para um “diagnóstico” do seu problema. E, da mesma forma,
que não se torne um ato meramente burocrático, como deve acontecer com a prática de ensino: o professor deve
acontece em muitas escolas. A maneira de se planejar não fazer uma sondagem sobre a realidade que se encontram
deve ser mecânica, repetitiva, pelo contrário, na realização os seus alunos, qual é o nível de aprendizagem em que
do planejamento devem ser considerados, combinados en- estão e quais as dificuldades existentes. Antes de começar
tre si, os seguintes aspectos: o seu trabalho, o professor deve considerar, segundo Turra
et alii, alguns aspectos, tais como:

66
- as reais possibilidades do seu grupo de alunos, a fim acima de tudo, seja analisada durante todo o proces-
de melhor orientar suas realizações e sua integração so; é por isso que se deve planejar todas as ações an-
à comunidade; tes de iniciá-las, definindo cada objetivo em termos
- a realidade de cada aluno em particular, objetivando dos resultados que se esperam alcançar, e que de
oferecer condições para o desenvolvimento harmô- fato possa ser atingível pelo aluno. As atividades de-
nico de cada um, satisfazendo exigências e necessi- vem ser coerentes com os objetivos propostos, para
dades biopsicossociais; facilitar o processo avaliativo e devem ser elaborados
- os pontos de referência comuns, envolvendo o am- instrumentos e estratégias apropriadas para a verifi-
biente escolar e o ambiente comunitário; cação dos resultados.
- suas próprias condições, não só como pessoa, mas
como profissional responsável pela orientação ade- A avaliação é algo mais complexo ainda, pois está liga-
quada do trabalho escolar. da à prática do professor, o que faz com que aumente a
A partir da análise da realidade, o professor tem condi- responsabilidade em bem planejar. Dalmás fala sobre ava-
ções de elaborar seu plano de ensino, fundamenta- liação dizendo que:
do em fatos reais e significativos dentro do contexto Assumindo conscientemente a avaliação, vive-se um
escolar. processo de ação-reflexão-ação. Em outras palavras, parte-
-se do planejamento para agir na realidade sobre a qual se
3. Definição do tema e preparação planejou, analisam-se os resultados, corrige-se o planejado
e retorna-se à ação para posteriormente ser esta novamen-
Feito um diagnóstico da realidade, o professor pode te avaliada.
iniciar o seu trabalho a partir de um tema, que tanto pode Como se pode perceber, a avaliação só vem auxiliar o
ser escolhido pelo professor, através do julgamento da ne- planejamento de ensino, pois é através dela que se perce-
cessidade de aplicação do mesmo, ou decidido juntamente bem os progressos dos alunos, descobrem-se os aspectos
com os alunos, a partir do interesse deles. Planejar dentro positivos e negativos que surgem durante o processo e
de uma temática, denota uma preocupação em não frag- busca-se, através dela, uma constante melhoria na elabo-
mentar os conhecimentos, tornando-os mais significativos. ração do planejamento, melhorando consequentemente a
Na fase de preparação do planejamento são previstos prática do professor e a aprendizagem do aluno. Portanto,
todos os passos que farão parte da execução do trabalho, ela passa a ser um “norte” na prática docente, pois, “faz
a fim de alcançar a concretização e o desenvolvimento dos com que o grupo ou pessoa localize, confronte os resulta-
objetivos propostos, a partir da análise do contexto da rea- dos e determine a continuidade do processo, com ou sem
lidade. Em outras palavras, pode-se dizer que esta é a fase modificações no conteúdo ou na programação”.
da decisão e da concretização das ideias.
A tomada de decisão é que respalda a construção do 5. Importância do planejamento no processo de
futuro segundo uma visão daquilo que se espera obter [...] ensino e aprendizagem
A tomada de decisão corresponde, antes de tudo, ao esta-
belecimento de um compromisso de ação sem a qual o que Nos últimos anos, a questão de como se ensina tem se
se espera não se converterá em realidade. Cabe ressaltar deslocado para a questão de como se aprende. Frequente-
que esse compromisso será tanto mais sólido, quanto mais mente ouvia-se por parte dos professores, a seguinte ex-
seja fundamentado em uma visão crítica da realidade na pressão: “ensinei bem de acordo com o planejado, o aluno
qual nos incluímos. A tomada de decisão implica, portanto, é que não aprendeu”. Esta expressão era muito comum na
nossa objetiva e determinada ação para tornar concretas as época da corrente tecnicista, em que se privilegiava o en-
situações vislumbradas no plano das ideias. sino. Mas quando, ao passar do tempo, foi-se refletindo
Nesta fase, ainda, serão determinados, primeiramente sobre a questão da construção do conhecimento, o ques-
os objetivos gerais e, em seguida, os objetivos específicos. tionamento foi maior, no sentido da preocupação com a CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
Também são selecionados e organizados os conteúdos, os aprendizagem.
procedimentos de ensino, as estratégias a serem utilizadas, No entanto, não se quer dizer aqui que só se deve pen-
bem como os recursos, sejam eles materiais e/ou humanos. sar na questão do aprendizado. Se realmente há a preocu-
pação com a aprendizagem, deve-se questionar se a forma
4. Avaliação como se planeja tem em mente também o ensino, ou seja,
deve haver uma correlação entre ensino-aprendizagem.
É por meio da avaliação que, segundo Lück, poder-se-á: A aprendizagem na atualidade é entendida dentro de
a) demonstrar que a ação produz alguma diferença uma visão construtivista como um resultado do esforço de
quanto ao desenvolvimento dos alunos; encontrar significado ao que se está aprendendo. E esse
b) promover o aprimoramento da ação como conse- esforço é obtido através da construção do conhecimento
quência de sugestões resultantes da avaliação. Além que acontece com a assimilação, a acomodação dos con-
disso, toda avaliação deve estar intimamente ligada teúdos e que são relacionados com antigos conhecimentos
ao processo de preparação do planejamento, princi- que constantemente vão sendo reformulados e/ou “rees-
palmente com seus objetivos. Não se espera que a quematizados” na mente humana.
avaliação seja simplesmente um resultado final, mas

67
Numa perspectiva construtivista, há que se levar em
conta os conhecimentos prévios dos alunos, a aprendiza- AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM;
gem a partir da necessidade, do conflito, da inquietação e
do desequilíbrio tão falado na teoria de Piaget. E é aí que
o professor, como mediador do processo de ensino-apren- O QUE É MESMO O ATO DE AVALIAR A APRENDIZA-
dizagem, precisa definir objetivos e os rumos da ação pe- GEM?
dagógica, responsabilizando-se pela qualidade do ensino.
Essa forma de planejar considera a processualidade da Cipriano Carlos Luckesi
aprendizagem cujo avanço no processo se dá a partir de
desafios e problematizações. Para tanto, é necessário, além A avaliação da aprendizagem escolar se faz presente na
de considerar os conhecimentos prévios, compreender o vida de todos nós que, de alguma forma, estamos compro-
seu pensamento sobre as questões propostas em sala de metidos com atos e práticas educativas. Pais, educadores,
aula. educandos, gestores das atividades educativas públicas e
O ato de aprender acontece quando o indivíduo atua- particulares, administradores da educação, todos, estamos
liza seus esquemas de conhecimento, quando os compara comprometidos com esse fenômeno que cada vez mais
com o que é novo, quando estabelece relações entre o que ocupa espaço em nossas preocupações educativas.
está aprendendo com o que já sabe. E, isso exige que o O que desejamos é uma melhor qualidade de vida. No
professor proponha atividades que instiguem a curiosida- caso deste texto, compreendo e exponho a avaliação da
de, o questionamento e a reflexão frente aos conteúdos. aprendizagem como um recurso pedagógico útil e neces-
Além disso, ao propiciar essas condições, ele exerce um sário para auxiliar cada educador e cada educando na bus-
papel ativo de mediador no processo de aprendizagem do ca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de
aluno, intervindo pedagogicamente na construção que o ser na vida.
mesmo realiza.
Para que de fato, isso aconteça, o professor deve usar
o planejamento como ferramenta básica e eficaz, a fim #FicaDica
de fazer suas intervenções na aprendizagem do aluno. É
através do planejamento que são definidos e articulados A avaliação da aprendizagem não é e não pode
os conteúdos, objetivos e metodologias são propostas e continuar sendo a tirana da prática educativa,
maneiras eficazes de avaliar são definidas. O planejamento que ameaça e submete a todos.
de ensino, portanto, é de suma importância para uma prá-
tica eficaz e consequentemente para a concretização dessa
prática, que acontece com a aprendizagem do aluno. Chega de confundir avaliação da aprendizagem com
Se de fato o objetivo do professor é que o aluno apren- exames. A avaliação da aprendizagem, por ser avaliação,
da, através de uma boa intervenção de ensino, planejar au- é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diversa dos
las é um compromisso com a qualidade de suas ações e a exames, que não são amorosos, são excludentes, não são
garantia do cumprimento de seus objetivos. construtivos, mas classificatórios. A avaliação inclui, traz
para dentro; os exames selecionam, excluem, marginali-
Referência: KLOSOUSKI, S. S.; REALI, K. M. Planejamen- zam.
to de Ensino como Ferramenta Básica do Processo Ensi- No que se segue, apresento aos leitores alguns enten-
no-Aprendizagem. UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato dimentos básicos para compreender e praticar a avaliação
Sensu, 2008. da aprendizagem como avaliação e não, equivocadamente,
como exames.
Antes de mais nada, uma disposição psicológica neces-
sária ao avaliador
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

EXERCÍCIO COMENTADO O ato de avaliar, devido a estar a serviço da obtenção


do melhor resultado possível, antes de mais nada, implica
1. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Superior – a disposição de acolher. Isso significa a possibilidade de
CESPE/2018) A respeito do planejamento na ação docen- tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela
te, julgue o item a seguir. satisfatória ou insatisfatória agradável ou desagradável,
O planejamento de ensino deve ser rígido e absoluto. bonita ou feia. Ela é assim, nada mais. Acolhê-la como está
é o ponto de partida para se fazer qualquer coisa que pos-
( ) CERTO ( ) ERRADO sa ser feita com ela. Avaliar um educando implica, antes
de mais nada, acolhe-lo no seu ser e no seu modo de ser,
Resposta: Certo. O Planejamento escolar é flexível. Or- como está, para, a partir daí, decidir o que fazer.
ganizar e reorganizar faz parte da vida do professor que
deve buscar continuamente novas experiências e estra- A disposição de acolher está no sujeito do avaliador, e
tégias didáticas. A realidade está sempre em movimento não no objeto da avaliação. O avaliador é o adulto da rela-
e o planejamento deve acompanha-la. ção de avaliação, por isso ele deve possuir a disposição de
acolher. Ele é o detentor dessa disposição. E, sem ela, não

68
há avaliação. Não é possível avaliar um objeto, uma pessoa A constatação oferece a ‘base material’ para a segunda
ou uma ação, caso ela seja recusada ou excluída, desde o parte do ato de diagnosticar, que é qualificar, ou seja, atri-
início, ou mesmo julgada previamente. Que mais se pode buir uma qualidade, positiva ou negativa, ao objeto que
fazer com um objeto, ação ou pessoa que foram recusados, está sendo avaliado. No exemplo acima, qualifico a cadeira
desde o primeiro momento? Nada, com certeza! como satisfatória ou insatisfatória, tendo por base as suas
Imaginemos um médico que não tenha a disposição propriedades atuais. Só a partir da constatação, é que qua-
para acolher o seu cliente, no estado em que está; um em- lificamos o objeto de avaliação. A partir dos dados consta-
presário que não tenha a disposição para acolher a sua em- tados é que atribuímos-lhe uma qualidade.
presa na situação em que está; um pai ou uma mãe que
não tenha a disposição para acolher um filho ou uma fi- Entretanto, essa qualificação não se dá no vazio. Ela é
lha em alguma situação embaraçosa em que se encontra. estabelecida a partir de um determinado padrão, de um
Ou imaginemos cada um de nós, sem disposição para nos determinado critério de qualidade que temos, ou que es-
acolhermos a nós mesmos no estado em que estamos. As tabelecemos, para este objeto. No caso da cadeira, ela está
doenças, muitas vezes, não podem mais sofrer qualquer in- sendo qualificada de satisfatória ou insatisfatória em fun-
tervenção curativa adequada devido ao fato de que a pes- ção do quê? Ela, no caso, será satisfatória ou insatisfatória
soa, por vergonha, por medo social ou por qualquer outra em função da finalidade à qual vai servir. Ou seja, o objeto
razão, não pode acolher o seu próprio estado pessoal, pro- da avaliação está envolvido em uma tessitura cultural (teó-
telando o momento de procurar ajuda, chegando ao extre- rica), compreensiva, que o envolve. Mantendo o exemplo
mo de ‘já não ter muito mais o que fazer!’. acima, a depender das circunstâncias onde esteja a cadeira,
A disposição para acolher é, pois, o ponto de partida com suas propriedades específicas, ela será qualificada de
para qualquer prática de avaliação. É um estado psicoló- positiva ou de negativa. Assim sendo, uma mesma cadeira
gico oposto ao estado de exclusão, que tem na sua base poderá ser qualificada como satisfatória para um determi-
o julgamento prévio. O julgamento prévio está sempre na nado ambiente, mas insatisfatória para um outro ambiente,
defesa ou no ataque, nunca no acolhimento. A disposição possuindo as mesmas propriedades específicas. Desde que
para julgar previamente não serve a uma prática de avalia- diagnosticado um objeto de avaliação, ou seja, configura-
ção, porque exclui. do e qualificado, há algo, obrigatoriamente, a ser feito, uma
Para ter essa disposição para acolher, importa estar tomada de decisão sobre ele. O ato de qualificar, por si,
atento a ela. Não nascemos naturalmente com ela, mas sim implica uma tomada de posição – positiva ou negativa –,
a construímos, a desenvolvemos, estando atentos ao modo que, por sua vez, conduz a uma tomada de decisão. Caso
como recebemos as coisas. Se antes de ouvirmos ou ver- um objeto seja qualificado como satisfatório, o que fazer
mos alguma coisa já estamos julgando, positiva ou nega- com ele? Caso seja qualificado como insatisfatório, o que
tivamente, com certeza, não somos capazes de acolher. A fazer com ele? O ato de avaliar não é um ato neutro que se
avaliação só nos propiciará condições para a obtenção de encerra na constatação. Ele é um ato dinâmico, que implica
uma melhor qualidade de vida se estiver assentada sobre na decisão de ‘o que fazer’ Sem este ato de decidir, o ato de
a disposição para acolher, pois é a partir daí que podemos avaliar não se completa. Ele não se realiza. Chegar ao diag-
construir qualquer coisa que seja. nóstico é uma parte do ato de avaliar. A situação de ‘diag-
nosticar sem tomar uma decisão’ assemelha-se à situação
1. Por uma compreensão do ato de avaliar do náufrago que, após o naufrágio, nada com todas as suas
forças para salvar-se e, chegando às margens, morre, antes
Assentado no ponto de partida acima estabelecido, o de usufruir do seu esforço. Diagnóstico sem tomada de de-
ato de avaliar implica dois processos articulados e indisso- cisão é um curso de ação avaliativa que não se completou.
ciáveis: diagnosticar e decidir. Não é possível uma decisão Como a qualificação, a tomada de decisão também não
sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma decisão é se faz num vazio teórico. Toma-se decisão em função de
um processo abortado. um objetivo que se tem a alcançar. Um médico toma de- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
Em primeiro lugar, vem o processo de diagnosticar, que cisões a respeito da saúde de seu cliente em função de
constitui-se de uma constatação e de uma qualificação do melhorar sua qualidade de vida; um empresário toma deci-
objeto da avaliação. Antes de mais nada, portanto, é pre- sões a respeito de sua empresa em função de melhorar seu
ciso constatar o estado de alguma coisa (um objeto, um desempenho; um cozinheiro toma decisões a respeito do
espaço, um projeto, uma ação, a aprendizagem, uma pes- alimento que prepara em função de dar-lhe o melhor sabor
soa...), tendo por base suas propriedades específicas. Por possível, e assim por diante.
exemplo, constato a existência de uma cadeira e seu esta- Em síntese, avaliar é um ato pelo qual, através de uma
do, a partir de suas propriedades ‘físicas’ (suas caracterís- disposição acolhedora, qualificamos alguma coisa (um ob-
ticas): ela é de madeira, com quatro pernas, tem o assento jeto, ação ou pessoa), tendo em vista, de alguma forma,
estofado, de cor verde... A constatação sustenta a configu- tomar uma decisão sobre ela.
ração do ‘objeto’, tendo por base suas propriedades, como Quando atuamos junto a pessoas, a qualificação e a de-
estão no momento. O ato de avaliar, como todo e qualquer cisão necessitam ser dialogadas. O ato de avaliar não é um
ato de conhecer, inicia-se pela constatação, que nos dá a ato impositivo, mas sim um ato dialógico, amoroso e cons-
garantia de que o objeto é como é. Não há possibilidade trutivo. Desse modo, a avaliação é uma auxiliar de uma vida
de avaliação sem a constatação. melhor, mais rica e mais plena, em qualquer de seus seto-

69
res, desde que constata, qualifica e orienta possibilidades levantes, que configurem o estado de aprendizagem do
novas e, certamente, mais adequadas, porque assentadas educando ou dos educandos. Para tanto, necessitamos
nos dados do presente. instrumentos. Aqui, temos três pontos básicos a levar em
consideração: 1) dados relevantes; 2) instrumentos; 3) utili-
2.Avaliação da aprendizagem escolar zação dos instrumentos.

Vamos transpor esse conceito da avaliação para a com- 3. Cada um desses pontos merece atenção
preensão da avaliação da aprendizagem escolar. Tomando
as elucidações conceituais anteriores, vamos aplicar, passo Os dados coletados para a prática da avaliação da
a passo, cada um dos elementos à avaliação da aprendiza- aprendizagem não podem ser quaisquer. Deverão ser co-
gem escolar. letados os dados essenciais para avaliar aquilo que esta-
Iniciemos pela disposição de acolher. Para se processar mos pretendendo avaliar. São os dados que caracterizam
a avaliação da aprendizagem, o educador necessita dispor- especificamente o objeto em pauta de avaliação. Ou seja,
-se a acolher o que está acontecendo. Certamente o edu- a avaliação não pode assentar-se sobre dados secundários
cador poderá ter alguma expectativa em relação a possíveis do ensino-aprendizagem, mas, sim, sobre os que efetiva-
resultados de sua atividade, mas necessita estar disponível mente configuram a conduta ensinada e aprendida pelo
para acolher seja lá o que for que estiver acontecendo. Isso educando. Caso esteja avaliando aprendizagens específicas
não quer dizer que ‘o que está acontecendo’ seja o melhor de matemática, dados sobre essa aprendizagem devem ser
estado da situação avaliada. Importa estar disponível para coletados e não outros; e, assim, de qualquer outra área do
acolhê-la do jeito em que se encontra, pois só a partir daí é conhecimento. Dados essenciais são aqueles que estão de-
que se pode fazer alguma coisa. finidos nos planejamentos de ensino, a partir de uma teoria
Mais: no caso da aprendizagem, como estamos traba- pedagógica, e que foram traduzidos em práticas educati-
lhando com uma pessoa – o educando –, importa acolhê-lo vas nas aulas.
como ser humano, na sua totalidade e não só na aprendi- Isso implica que o planejamento de ensino necessita ser
zagem específica que estejamos avaliando, tais como lín- produzido de forma consciente e qualitativamente satisfa-
gua portuguesa, matemática, geografia.... tória, tanto do ponto de vista científico como do ponto de
Acolher o educando, eis o ponto básico para proceder vista políticopedagógicos.
atividades de avaliação, assim como para proceder toda e Por outro lado, os instrumentos de avaliação da apren-
qualquer prática educativa. Sem acolhimento, temos a re- dizagem, também, não podem ser quaisquer instrumentos,
cusa. E a recusa significa a impossibilidade de estabelecer mas sim os adequados para coletar os dados que estamos
um vínculo de trabalho educativo com quem está sendo necessitando para configurar o estado de aprendizagem
recusado. do nosso educando. Isso implica que os instrumentos: a)
A recusa pode se manifestar de muitos modos, desde sejam adequados ao tipo de conduta e de habilidade que
os mais explícitos até os mais sutis. A recusa explícita se estamos avaliando (informação, compreensão, análise, sín-
dá quando deixamos claro que estamos recusando alguém. tese, aplicação...); b) sejam adequados aos conteúdos es-
Porém, existem modos sutis de recusar, tal como no exem- senciais planejados e, de fato, realizados no processo de
plo seguinte. Só para nós, em nosso interior, sem dizer ensino (o instrumento necessita cobrir todos os conteúdos
nada para ninguém, julgamos que um aluno X ‘é do tipo que são considerados essenciais numa determinada unida-
que dá trabalho e que não vai mudar’. Esse juízo, por mais de de ensino-aprendizagem; c) adequados na linguagem,
silencioso que seja em nosso ser, está lá colocando esse na clareza e na precisão da comunicação (importa que o
educando de fora. E, por mais que pareça que não, estará educando compreenda exatamente o que se está pedindo
interferindo em nossa relação com ele. Ele sempre estará dele); adequados ao processo de aprendizagem do edu-
fora do nosso círculo de relações. Acolhê-lo significa estar cando (um instrumento não deve dificultar a aprendizagem
aberto para recebê-lo como é. E só vendo a situação como do educando, mas, ao contrário, servir-lhe de reforço do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

é podemos compreendê-la para, dialogicamente, ajudá-lo. que já aprendeu. Responder as questões significativas sig-
nifica aprofundar as aprendizagens já realizadas.).
Isso não quer dizer aceitar como certo tudo que vem Um instrumento de coleta de dados pode ser desastro-
do educando. Acolher, neste caso, significa a possibilida- so, do ponto de vista da avaliação da aprendizagem, como
de de abrir espaço para a relação, que, por si mesma, terá em qualquer avaliação, na medida em que não colete, com
confrontos, que poderão ser de aceitação, de negociação, qualidade, os dados necessários ao processo de avalia-
de redirecionamento. Por isso, a recusa consequentemente ção em curso. Um instrumento inadequado ou defeituo-
impede as possibilidades de qualquer relação dialógica, ou so pode distorcer completamente a realidade e, por isso,
seja, as possibilidades da prática educativa. O ato de aco- oferecer base inadequada para a qualificação do objeto da
lher é um ato amoroso, que traz ‘para dentro’, para depois avaliação e, consequentemente, conduzir a uma decisão
(e só depois) verificar as possibilidades do que fazer. também distorcida.
Assentados no acolhimento do nosso educando, pode- Será que nossos instrumentos de avaliação da apren-
mos praticar todos os atos educativos, inclusive a avaliação. dizagem, utilizados no cotidiano da escola, são suficien-
E, para avaliar, o primeiro ato básico é o de diagnosticar, temente adequados para caracterizar nossos educandos?
que implica, como seu primeiro passo, coletar dados re- Será que eles coletam os dados que devem ser coletados?

70
Será que eles não distorcem a realidade da conduta de Deste modo, caso utilizemos uma teoria pedagógica
nossos educandos, nos conduzindo a juízos distorcidos? que considera que a retenção da informação basta para o
Quaisquer que sejam os instrumentos – prova, teste, desenvolvimento do educando, os dados serão qualifica-
redação, monografia, dramatização, exposição oral, ar- dos diante desse entendimento. Porém, caso a teoria pe-
guição, etc. – necessitam manifestar qualidade satisfatória dagógica utilizada tenha em conta que, para o desenvolvi-
como instrumento para ser utilizado na avaliação da apren- mento do educando, importa a formação de suas habilida-
dizagem escolar, sob pena de estarmos qualificando ina- des de compreender, analisar, sintetizar, aplicar..., os dados
dequadamente nossos educandos e, consequentemente, coletados serão qualificados, positiva ou negativamente,
praticando injustiças. Muitas vezes, nossos educandos são diante dessa exigência teórica.
competentes em suas habilidades, mas nossos instrumen- Assim, para qualificar a aprendizagem de nossos edu-
tos de coleta de dados são inadequados e, por isso, os jul- candos, importa, de um lado, ter clara a teoria que utili-
gamos, incorretamente, como incompetentes. Na verdade, zamos como suporte de nossa prática pedagógica, e, de
o defeito está em nossos instrumentos, e não no seu de- outro, o planejamento de ensino, que estabelecemos como
sempenho. Bons instrumentos de avaliação da aprendiza- guia para nossa prática de ensinar no decorrer das unida-
gem são condições de uma prática satisfatória de avaliação des de ensino do ano letivo. Sem uma clara e consistente
na escola. teoria pedagógica e sem um satisfatório planejamento de
ensino, com sua consequente execução, os atos avaliativos
4. Ainda uma palavra sobre o uso dos instrumentos. serão praticados aleatoriamente, de forma mais arbitrária
do que o são em sua própria constituição. Serão praticados
Como nós nos utilizamos dos instrumentos de avalia- sem vínculos com a realidade educativa dos educandos.
ção, no caso da avaliação da aprendizagem? Eles são utili- Realizados os passos anteriores, chegamos ao diagnós-
zados, verdadeiramente, como recursos de coleta de dados tico. Ele é a expressão qualificada da situação, pessoa ou
sobre a aprendizagem de nossos educandos, ou são utili- ação que estamos avaliando.
zados como recursos de controle disciplinar, de ameaça e Temos, pois, uma situação qualificada, um diagnósti-
submissão de nossos educandos aos nossos desejos? Po- co. O que fazer com ela? O ato avaliativo, só se completará,
demos utilizar um instrumento de avaliação junto aos nos- como dissemos nos preliminares deste estudo, com a toma-
sos educandos, simplesmente, como um recurso de coletar da de decisão do que fazer com a situação diagnosticada.
dados sobre suas condutas aprendidas ou podemos utilizar Caso a situação de aprendizagem diagnosticada seja
esse mesmo instrumento como recurso de disciplinamen- satisfatória, que vamos fazer com ela? Caso seja insatisfa-
to externo e aversivo, através da ameaça da reprovação, tória, que vamos fazer com ela? A situação diagnosticada,
da geração do estado de medo, da submissão, e outros. seja ela positiva ou negativa, e o ato de avaliar, para se
Afinal, aplicamos os instrumentos com disposição de aco- completar, necessita da tomada de decisão A decisão do
lhimento ou de recusa dos nossos educandos? Ao aplicar- que fazer se impõe no ato de avaliar, pois, em si mesmo,
mos os instrumentos de avaliação, criamos um clima leve ele contém essa possibilidade e essa necessidade. A avalia-
entre nossos educandos ou pesaroso e ameaçador? Aplicar ção não se encerra com a qualificação do estado em que
instrumentos de avaliação exige muitos cuidados para que está o educando ou os educandos ela obriga a decisão, não
não distorçam a realidade, desde que nossos educandos é neutra. A avaliação só se completa com a possibilidade
são seres humanos e, nessa condição, estão submetidos às de indicar caminhos mais adequados e mais satisfatórios
múltiplas variáveis intervenientes em nossas experiências para uma ação, que está em curso. O ato de avaliar implica
de vida. a busca do melhor e mais satisfatório estado daquilo que
Coletados os dados através dos instrumentos, como está sendo avaliado.
nós os utilizamos? Os dados coletados devem retratar o A avaliação da aprendizagem, deste modo, nos possibilita
estado de aprendizagem em que o educando se encontra. levar à frente uma ação que foi planejada dentro de um arca-
Isto feito, importa saber se este estado é satisfatório bouço teórico, assim como político. Não será qualquer resul- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
ou não. Daí, então, a necessidade que temos de qualificar tado que satisfará, mas sim um resultado compatível com a
a aprendizagem, manifestada através dos dados coleta- teoria e com a prática pedagógica que estejamos utilizando.
dos. Para isso, necessitamos utilizar-nos de um padrão de Em síntese, avaliar a aprendizagem escolar implica es-
qualificação. O padrão, ao qual vamos comparar o estado tar disponível para acolher nossos educandos no estado
de aprendizagem do educando, é estabelecido no plane- em que estejam, para, a partir daí, poder auxiliá-los em
jamento de ensino, que, por sua vez, está sustentado em sua trajetória de vida. Para tanto, necessitamos de cuida-
uma teoria do ensino. Assim, importa, para a prática da dos com a teoria que orienta nossas práticas educativas,
qualificação dos dados de aprendizagem dos educandos, assim como de cuidados específicos com os atos de avaliar
tanto a teoria pedagógica que a sustenta, como o planeja- que, por si, implicam em diagnosticar e renegociar perma-
mento de ensino que fizemos. nentemente o melhor caminho para o desenvolvimento, o
A teoria pedagógica dá o norte da prática educativa e o melhor caminho para a vida. Por conseguinte, a avaliação
planejamento do ensino faz a mediação entre a teoria pe- da aprendizagem escolar não implica aprovação ou repro-
dagógica e a prática de ensino na aula. Sem eles, a prática vação do educando, mas sim orientação permanente para
da avaliação escolar não tem sustentação. o seu desenvolvimento, tendo em vista tornar-se o que o
seu SER pede.

71
5. Concluindo volvidos como também a autoavaliação e a avaliação da
professora, o que justifica a alternativa I como uma das
A qualidade de vida deve estar sempre posta à nossa corretas.
frente. Ela é o objetivo. Não vale a pena o uso de tantos Também se trata de uma avaliação mediadora, que,
atalhos e tantos recursos, caso a vida não seja alimenta- conforme Hoffmann “se desenvolve em benefício do
da tendo em vista o seu florescimento livre, espontâneo educando, [...] das oportunidades que lhes oferecemos
e criativo. A prática da avaliação da aprendizagem, para através de diferentes desafios” (1994), justificando assim
manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do me- a alternativa III, o que explica o item C como resposta
lhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não correta.
voltada para a seleção de uns poucos, como se comportam A alternativa II, pela própria palavra arbitrária, a exclui
os exames. Por si, a avaliação, como dissemos, é inclusiva e, como possibilidade de concepção de avaliação, uma vez
por isso mesmo, democrática e amorosa. Por ela, por onde que tratamos a avaliação como contrária à arbitrarieda-
quer que se passe, não há exclusão, mas sim diagnóstico e de, avaliação como desencadeadora de uma ação de
construção. Não há submissão, mas sim liberdade. Não há conhecimento.
medo, mas sim espontaneidade e busca. Não há chegada Quanto à alternativa IV, também é eliminada pela utili-
definitiva, mas sim travessia permanente, em busca do me- zação da palavra “conservadora”, bem como pelo con-
lhor. Sempre! ceito de avaliação, ainda dentro de uma abordagem tra-
dicional de avaliação e de concepção de conhecimento.
Fonte: Disponível Pátio On-line
Pátio. Porto alegre: ARTMED. Ano 3, n. 12 fev./abr. 2006. 2. (ENADE – Pedagogia) A avaliação da aprendizagem ga-
nhou um espaço tão amplo nos processos de ensino que
nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada
EXERCÍCIOS COMENTADOS por uma “pedagogia do exame”.

PORQUE
1. (ENADE – Pedagogia) Entre os instrumentos utilizados
no processo ensino-aprendizagem, a professora Cida, ao fi-
No processo de avaliação do ensino e da aprendizagem
nal de cada ciclo avaliativo, realiza uma “roda de conversa”
da maioria das escolas brasileiras, predomina a utilização
com seus alunos para discutir as aprendizagens construí-
da avaliação diagnóstica em detrimento da classificatória.
das, levando em consideração o desempenho individual, a
participação e interesse nas aulas, as relações interpessoais
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
vivenciadas e as atitudes conquistadas. Os alunos avaliam
seu próprio desempenho, avaliam o professor, e esse, por
sua vez, avalia a turma. a) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a se-
gunda é uma justificativa correta da primeira.
Essa prática de avaliação está associada a quais concep- b) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a
ções? segunda não é uma justificativa correta da primeira.
I. Democrática, embasada na autoavaliação e no saber- c) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a
-fazer dos alunos. segunda, uma proposição falsa.
II. Arbitrária, centrada no exercício de poder e na imposição d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda,
de ideias da professora sobre o grupo. uma proposição verdadeira.
III. Mediadora, centrada na troca de ideias, pontos de vista e) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são pro-
e reflexão sobre o percurso da aprendizagem. posições falsas.
IV. Conservadora, centrada em momentos pontuais para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

discussão e classificação de desempenho individual e com- Resposta: Letra C. As questões de asserção e razão são
portamentos. formadas por duas afirmações, sendo a segunda a ra-
zão ou a justificativa para a primeira. Também podem
É correto apenas o que se afirma em ser duas afirmativas que se complementam ou não ou
também duas proposições falsas ou uma proposição
a) II. verdadeira e outra falsa (VIANNA, 1982).
b) IV. A questão 25 apresenta duas proposições: a primeira é
c) I e III. verdadeira, pois só examinamos os alunos com os ob-
d) I e IV. jetivos de aprovação ou reprovação, ou seja, o ato de
e) II e III. examinar está voltado para o passado, na medida em
que “[...] se deseja saber do educando somente o que
Resposta: Letra C. A referida questão aborda a Avalia- ele já aprendeu; o que ele não aprendeu não traz ne-
ção da Aprendizagem escolar em uma visão democrá- nhum interesse” (LUCKESI, 2012). Essa é a concepção da
tica, uma vez que possibilita a participação de todos os maioria dos professores e o que vem sendo utilizado nas
alunos, não só no que se refere aos conteúdos desen- escolas, ou seja, uma avaliação classificatória.

72
A segunda proposição é falsa, pois a maioria das esco-
las ainda vem utilizando o modelo classificatório. Além #FicaDica
de falsa a proposição contradiz a primeira. Portanto, a
alternativa correta é a C, pois afirma que a primeira as- (...) A tecnologia amplia as condições de acesso
serção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma às fontes de informações, mas não há nenhuma
proposição falsa. garantia que tal recurso seja suficiente, por si
As demais alternativas são erradas porque: mesmo, para efetivar a síntese representada
a) somente a primeira asserção é verdadeira e a segunda pela cognição.
não justifica a primeira. Assim, surgem novos desafios para a prática
b) somente a primeira asserção é verdadeira e, embora educativa, sinalizando para a necessidade
afirme que a segunda não justifique a primeira, não diz de uma competência mais adequada para o
que ela é falsa. educador que é repensar sua ação perante
d) trata-se do inverso, a primeira é verdadeira e a segun- esses desafios de nossa sociedade, que é
da é falsa. regida pela informação e comunicação, ou seja,
e) a primeira é verdadeira e a segunda é falsa. (Autora: pelas TIC.
Sônia Maria de Souza Bonelli)

De forma geral, espera-se que a educação esteja em sin-


TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E tonia com os desafios ditados pela sociedade na qual a es-
DA COMUNICAÇÃO NO TRABALHO cola está inserida, caso contrário pode-se gerar consequên-
PEDAGÓGICO; cias negativas, erros que podem favorecer a exclusão social.
As tecnologias de informação e da comunicação (TIC)
podem produzir mudanças significativas para a sociedade,
Reconhecer que vivemos em uma sociedade cada vez influenciando culturas, o mercado de trabalho e padrões
mais tecnológica é reconhecer também a importância da de consumo. No entanto, enquanto o acesso a uma tec-
capitação e das habilidades do educador em lidar com as nologia não for estendido a uma parte mais expressiva da
novas tecnologias. sociedade, permanecerá o estigma de ser um benefício das
As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) classes privilegiadas. Por outro lado, pensar as tecnologias
requerem do educador novas formas de organização de apenas sob o aspecto econômico é desconsiderar suas in-
trabalho, articulação dos saberes, transdiciplinaridade, in- fluências sobre a educação.
terdisciplinaridade e a consideração de que o conhecimen- E para além do aspecto econômico, as TIC podem ser
to tem um valor precioso nesse processo de organização. vistas como forma de atingir as exigências da sociedade
Agora, a educação e o educador ganham novos concei- em que vivemos, no entanto, garantias quanto às transfor-
tos frente ao uso das tecnologias. O educador pode desen- mações qualitativas na prática pedagógica é outra questão
volver um trabalho buscando práticas pedagógicas mais que ainda merece ser discutida com cautela.
próximas do uso das tecnologias, auxiliando o educando A apropriação educacional das novas tecnologias exige
na aprendizagem dessas “novas” ferramentas. a mudança do modelo de comunicação que tem sustenta-
As instituições escolares além de incorporarem novas do as práticas escolares.
tecnologias têm a possibilidade de desenvolver uma práti- As TIC não podem ser analisadas de forma autônoma e
ca que leve o educando a reflexão sobre os conhecimentos desvinculadas das condições políticas, humanas e sociais,
e usos tecnológicos. mas, como meio de contribuição da minimização das res-
Em nossos dias atuais, a informação, o uso das tecnolo- trições relacionadas ao tempo e ao espaço e da agilização
gias são ferramentas para a elaboração do conhecimento. da comunicação entre educadores e educandos.
As tecnologias, os recursos digitais são meios para a ob- A sala de aula é a “ferramenta” mestra quando falamos de CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
tenção de informações e matéria prima para a elaboração escola, ensino e aprendizagem e com as TIC surgem novos es-
do conhecimento. paços para o processo de ensinoaprendizagem que modificam
Assim, é importante destacar que o conceito de conhe- a “ação” do educador em sala de aula, com isso, novas propos-
cimento se diferencia do conceito de informação, pois o tas vêm surgindo, tanto tecnológicas quanto pedagógicas.
conhecimento tem seu caráter enraizado na subjetividade, As informações adquiridas por essas tecnologias pelo
ultrapassando o limite de um rol de informações e de um educador e educando tem modificado o processo de ensi-
caráter mais objetivo. no-aprendizagem?
Destacar a diferença entre conhecimento e informação Agora, a tarefa do educador não precisa delimitar-se ao
é de suma importância, visto que a utilização das tecnolo- espaço de sala de aula, mas, gerenciar atividades a distân-
gias amplia a possibilidade de não apenas obtermos infor- cia, técnicas, projetos, flexibilizando o tempo das aulas e da
mações, mas sim, as múltiplas possibilidades de elaboração aprendizagem.
do conhecimento, mesmo, que não haja garantias de que É preciso garantir o direito a TV, vídeo, computador, etc.
esse acesso seja efetivado com sucesso. (Alves apud Barreto, 2000) porque a esmagadora maioria
dos alunos tem na escola a única possibilidade de acesso
ao conjunto destas tecnologias.

73
Os recursos tecnológicos devem estar a serviço de mu- O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetivi-
danças na postura do educador, que não é apenas coletar dade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com
informações, mas trabalhá-las, selecioná-las e aplicá-las que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo
às situações de interesse do educando, confrontando vi- não é só de quem constata o que ocorre, mas também o de
sões, metodologias e resultados. O educador terá que se quem intervém como sujeito de ocorrências. (Freire, 1996).
atualizar e abrir-se para o que o educando trazer, aprender A diferença não está no uso ou não uso das novas tec-
acerca das TIC e interagir com este, ou seja, redefinir a sua nologias, mas na compreensão das suas possibilidades.
própria prática, incorporando a esta as TIC no processo de Mais ainda, na compreensão da lógica que permeia a mo-
sua formação. vimentação entre os saberes no atual estágio da sociedade
Barreto (2002) afirma que precisamos de ferramentas tecnológica.
cada vez mais sofisticadas, não para operar mágicas, mas O educador, além da possibilidade de difundir o conhe-
sim para não permitir a simplificação da matéria a ser tra- cimento, em todos os aspectos do ensino, conhecimento
balhada. este que tenha como proposta a melhoria da qualidade de
Segundo Barreto (2002) a atratividade e a interatividade vida da sociedade, ser produtor de si próprio e reconhecer
são características atribuídas à presença das TIC nas salas também que o conhecimento, a cultura e a sociedade são
de aula e que para, além disso, as TIC incluem possibili- conceitos que indissociáveis.
dades de mudanças no espaço escolar que se opõem as
velhas tecnologias, onde as carteiras em filas dão espaço Referência:
para uma organização em semicírculo, possibilitando uma ALMEIDA, N. R. de. A atuação do educador e as tecno-
relação de interações verbais e não - verbais incluindo no- logias: uma relação possível? CNPq. Disponível em: http://
vas possibilidades de troca e discussão. www.educacaoecomunicacao.org/leituras_na_escola/tex-
A ação pedagógica não se resume a uma representação tos/oficinas/textos_completos/a_atuacao_do_educador.pdf
linear e sequencial de conteúdos. A formação de conceitos,
envolvendo articulações, rupturas e superação para a ela-
boração do conhecimento, no plano individual e social são
pontos importantes na aprendizagem do educando. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Do ponto de vista metodológico o educador precisa
aprender a equilibrar processos de organização e de “pro-
1. (UFAL – Pedagogo – superior - COPEVE/2016) A tec-
vocação” na sala de aula e buscar novos desafios, posicio-
nologia da Informação e da Comunicação se constitui em
namentos, valores. No entanto, o educador tem utilizado
um conjunto de recursos que, integrados, proporcionam a
essas tecnologias como um agente provocador de mudan-
comunicação dos processos de aprendizagem, ampliando
ças tanto na educação formal ou informal ou tem as utili-
zado como apenas um complemento, uma incorporação? as possibilidades de uma sociedade, bem como expandin-
Educar para além da burocratização, impulsionando, do sua utilização. Dessa forma, a utilização das tecnologias
questionando, inovando, esse pode ser um dos caminhos pressupõe, exceto:
das “ações” do educando frente as TIC.
As TIC nas escolas podem ter diferentes finalidades, por a) a organização do trabalho e aprendizagem colaborati-
exemplo, ser utilizadas como forma de aperfeiçoar o traba- vos.
lho educativo que já feito outrora; como parte do projeto b) oportunidade para a aprendizagem para o estudo indi-
educacional; como implantação efetiva da integração das vidualizado.
TIC no projeto educacional, entre outras. c) compartilhamento entre instituições que se completam
O educador possui domínio técnico-pedagógico para independentemente da localização.
fazer a gestão das novas tecnologias no contexto de ensino d) oferecimento de múltiplas perspectivas às pessoas em-
- aprendizagem? bora dificulte o processo de assimilação.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula,


pensar o currículo de cada projeto educacional, ampliar Resposta: Letra D. As Tecnologias da Informação e da
conceitos de teoria-prática é uma forma de compreender e Comunicação têm vindo a provocar uma enorme mu-
vivenciar a “ação” do educador. dança na Educação, originando novos modos de difusão
No sentido do preenchimento do que ficou em aberto, do conhecimento, de aprendizagem, e, particularmente,
vale insistir que trabalhar os novos textos, a multimídia e as novas relações entre professores e alunos.
novas tecnologias implicam novos multidesafios que não As pesadas enciclopédias foram substituídas pelas enci-
podem ser desvinculados da discussão do trabalho como clopédias digitais, pela consulta de portais acadêmicos
um todo, com seus materiais e ferramentas. e outros locais diversificados. Passamos a utilizar siste-
Ao contrário de deturpar, a introdução que esses no- mas eletrônicos e apresentações coloridas para tornar
vos conceitos tendem a enriquecer os propósitos centrais as aulas mais atrativas e, frequentemente, deixamos de
do processo pedagógico no desenvolvimento humano, lado o tradicional quadro negro e o giz e passamos di-
cultural, científico e tecnológico. Lembrando-nos do con- retamente para as superfícies e projeções interativas. A
ceito que educar é também oportunizar novas formar de revolução originada pela Internet possibilita que a in-
conhecermos o mundo, a necessidade de domínio das TIC formação produzida e disponibilizada em qualquer lu-
torna-se fundamental. gar esteja rapidamente disponível em todo o Mundo,

74
originando uma mudança nas práticas de comunicação
GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E
e, consequentemente, educacionais, em vários aspectos
tais como na leitura, na forma de escrever, na pesquisa e PARTICIPATIVA.
até como instrumento complementar na sala de aula ou
como estratégia de divulgar a informação, permitindo A GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ORGANIZAÇÃO DO
tanto o ensino individualizado como o trabalho coope- TRABALHO ESCOLAR: A CONTRIBUIÇÃO DO PPP
rativo e em grupo entre alunos.
As mudanças, atualmente refletidas no espaço escolar
2. (MPE/RO - Analista Judiciário – Pedagogia – FUN- têm suas origens num processo mais amplo e complexo
CAB/2017) As Novas Tecnologias em Educação, tais como que antecede os anos 90. Destarte, para compreender o
o uso da informática, a utilização da internet, da multimídia quadro atual, precisamos buscar na história os elementos
e de outros recursos ligados às linguagens digitais de que constitutivos do processo de mudança nos aspectos eco-
atualmente se dispõe, estão cada vez mais presentes nas nômicos, sociais e políticos.
escolas para qualificar o processo educativo. Sobre elas, é De acordo com Silva Jr, a escola desenvolve seu traba-
correto afirmar: lho no interior de uma sociedade capitalista; nela se mani-
festam as contradições e determinações; da mesma forma,
a) Em nada ou muito pouco vêm colaborar para tornar o são variadas e, frequentemente, conflitantes as interpreta-
processo ensino-aprendizagem mais prazeroso, eficien- ções sobre a função da escola e/ou organização do traba-
te e de qualidade. lho pedagógico. Essas contradições impostas pelo capita-
b) A integração das novas tecnologias à educação deverá lismo permeiam a luta ideológica das ideias e convicções,
ocorrer de forma aleatória, sem o estabelecimento de assim, a escola tende a reproduzir as tensões e forças nas
objetivos específicos ou projetos próprios, pois o que relações de poder e na própria organização do trabalho
importa é oferecer aos alunos o acesso ao computador. pedagógico.
c) São usadas para substituir as técnicas e metodologias Com base no pressuposto de que a organização do tra-
convencionais, como, por exemplo, o livro, o quadro de balho pedagógico traduz, na sua prática, esse movimento
giz e o mimeógrafo. das políticas educacionais, da legislação, dos modelos de
d) A obtenção de resultados qualitativos no processo edu- gestão, da formação inicial e continuada e das formas de
cacional escolar com o uso dessas tecnologias depende participação, os profissionais da educação consideram re-
da forma como elas são introduzidas e utilizadas nesse levante a gestão democrática para a organização do tra-
processo. balho na escola. Mas não estão descartados os interesses
ideológicos que este trabalho traz consigo no bojo das dis-
Resposta: Letra D. Em um mundo tecnológico, integrar cussões e na prática.
novas tecnologias à sala de aula ainda é pouco frequen- Uma análise crítica a respeito da gestão democrática,
te e um desafio para docentes. Em muitos casos, a for- da participação e do coletivo revelou os dois lados de uma
mação não considera essas tecnologias, e se restringe mesma situação. Se, no aspecto ideológico, a gestão de-
ao teórico, ou seja, o professor precisa buscar esse co- mocrática tem sido usada para concretização das políticas
nhecimento em outros espaços. Isso nem sempre fun- educacionais de forma desvirtuada, visando a utilização da
ciona, pois frequentar cursos de poucas horas nem sem- Associação de Pais e Mestres e Funcionários – APMF, e dos
pre garante ao professor segurança e domínio dessas colegiados escolares para os interesses hegemônicos, por
tecnologias. Embora alguns ainda se sintam inseguros outro, é inegável a necessidade da participação de toda a
e despreparados, muitos educadores já perceberam o comunidade escolar e as benesses dessa prática.
potencial dessas ferramentas e procuram levar novida- O que passa a caracterizar as teorias modernas da ad-
des para a sala de aula, seja com uma atividade prática ministração não são mais a coerção e a manipulação carac-
no computador, com videogame, tablets e até mesmo terísticas da teoria Clássica e de relações Humanas, mas o CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
com o celular. O fato é que o uso dessas tecnologias dirigismo calcado nas práticas da motivação, cooperação e
pode aproximar alunos e professores, além de ser útil integração.
na exploração dos conteúdos de forma mais interativa. Procurou-se aqui relacionar a gestão democrática na
O aluno passa de mero receptor, que só observa e nem organização do trabalho pedagógico, tendo como referên-
sempre compreende, para um sujeito mais ativo e parti- cia as políticas educacionais e apresentar o Projeto Político
cipativo. O ideal seria testar as novas tecnologias e iden- Pedagógico – PPP como colaborador nesse processo de
tificar quais se enquadram na realidade da escola e dos gestão democrática. O PPP aponta um caminho possível
alunos. Uma das dificuldades é a falta de infraestrutura para uma gestão democrática. Nesse sentido, nossa preo-
de algumas escolas e a falta de formação de qualidade cupação é analisar as possibilidades de práticas de partici-
para os professores quanto ao uso dessas novas tecno- pação no espaço escolar, buscando uma abordagem crítica.
logias. Compreender e buscar o contraponto dessa discussão
“parece” ser o caminho a ser percorrido pela comunidade
escolar a ser construído pelo PPP. Esse caminho passa, ne-
cessariamente, pela organização do espaço escolar, pelo

75
trabalho diário realizado por cada um dos sujeitos da co- Bruno explica que é praticamente impossível haver de-
munidade escolar, considerando-se os aspectos de tempo, senvolvimento fora deste quadro de economia internacio-
espaço, formação, legislação, administração, políticas edu- nalizada.
cacionais, recursos financeiros e humanos, o que define a Completa ainda a autora: [...] Entretanto, a integração
complexidade da educação vivenciada em seu espaço mais das várias economias numa estrutura global não implica
específico que é a escola. em homogeneização das condições econômicas e so-
Essa complexidade não pode significar o impedimen- ciais existentes em cada uma delas. Antes, o que ocorre
to de mudanças no espaço escolar; uma visão crítica tem é a reprodução generalizada das desigualdades em escala
exatamente o objetivo de denunciar e de buscar caminhos mundial. Isto porque a divisão internacional do trabalho
alternativos. foi profundamente alterada e o que se observa é que esta
integração não se dá em termos de nação, mas de setores
da economia.
#FicaDica
Esse processo aponta para um movimento de mudan-
A gestão democrática vista como uma forma ças sem precedentes; soma-se a ordem econômica, a rees-
diferente de encaminhar o trabalho pedagógico truturação do trabalho, as inovações tecnológicas e das
na escola deve articular todos os responsáveis próprias estruturas de poder, entre as quais os organismos
pelo PPP de forma a interagirem com toda a multilaterias que têm expandido cada vez mais as suas
comunidade escolar. A partir do momento em ações, via empréstimos e financiamentos.
que se busca uma nova organização, também É dentro desse contexto de mudanças que se faz ne-
as relações de trabalho no espaço escolar cessário reconhecer o papel que o Banco Internacional de
deverão ser ressignificadas. Esta ressignificação Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, conhecido como
deve ter como base a possibilidade de real Banco Mundial, tem desempenhado, especialmente em
participação dos diferentes segmentos, com relação à educação. É a partir dos anos noventas, que o
ênfase no coletivo com espaços para trocas de Banco adquire expressiva importância no âmbito das polí-
conhecimentos e de responsabilidades. ticas públicas brasileiras. “Com a crescente mobilidade do
capital, a educação deixou de ser uma questão nacional.
Daí a interferência cada vez mais incisiva dos organismos
Essa mudança exige uma ruptura com a cultura auto- transnacionais”.
ritária que perpassa a história da escola que, instalada em Dentro desse quadro de mudanças, a educação passa
nossos hábitos, exige que se entenda a participação como a ter função primordial, pois, enquanto política pública é
um princípio da democracia. Portanto, a participação não considerada como serviço essencial que o Estado deve ga-
pode ser privilégio de uns poucos, mas uma possibilida- rantir.
de para todos, oportunizada de forma efetiva e acessível a De acordo com a ideologia neoliberal, as políticas edu-
toda a comunidade escolar. cacionais também tomam forma adequada à lógica do
mercado. O modelo de gestão administrativo empresarial
1. Um Pouco de História: Buscando As Origens da será transferido para a gestão da escola. A racionalização
Gestão Democrática custo/benefício, a descentralização e a busca por uma
maior participação da comunidade é o modelo a ser alcan-
Vivemos numa sociedade capitalista cujo princípio é a çado. “Os conceitos de produtividade, eficácia, excelência
produção de mercadorias e serviços através do trabalho e eficiência serão importados das teorias administrativas
que depende das diferenças socioeconômicas entre aque- para as teorias pedagógicas”.
les que detêm ou controlam os meios de produção. Nesse Esse modelo tem como meta final a qualidade que, a
sistema o objetivo é aumentar o capital, isto é, lucrar. O partir dos anos noventa, já está incorporada aos discursos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

sistema capitalista passou por diversas fases desde as suas políticos educacionais aliando-se ao modelo neoliberal.
origens até os dias atuais. Para Lima, essa qualidade preza o resultado, e a escola é
Tomaremos como base as mudanças da década de no- o instrumento de efetivação das políticas educacionais de
venta, na qual a globalização representa uma reestrutura- adequação dos alunos à sociedade capitalista. Para o autor,
ção econômica em âmbito mundial, tendo como aparato a escola tem servido aos interesses do Estado capitalista.
ideológico o neoliberalismo fundamentado em um discur- Essas mudanças representam o solo fecundo para o
so que privilegia a esfera econômica. Assim, temos a globa- movimento das reformas implantadas tanto nos aspectos
lização como processo de integração mundial, via interna- legais, quanto nos ideológicos e de políticas educacionais.
cionalização do capital, ou seja, a transnacionalização. A LDB 9394/96 torna a gestão democrática um princípio,
Esse processo de reestruturação econômica inclui a re- além da criação dos Conselhos Escolares.
dução do papel do Estado na diminuição do investimento As diretrizes educacionais respondem a uma política
do setor público, reformas administrativas, estabilização educacional, que, dentro de uma sociedade capitalista, traz
fiscal e redução do crédito interno e das barreiras de mer- suas contradições e a luta pela superação de classes sociais
cado. e do poder hegemônico. Discutir políticas educacionais
“implica, na verdade, em trazer informações sobre o pas-

76
sado (organização do capital) e, com elas, cotejar a forma consideradas necessárias. O segundo aspecto, transplan-
de ser do presente (reorganização do mesmo sistema pro- tado do setor privado para o setor público, diz respeito ao
dutivo)”. Ainda, segundo a autora, não é possível analisar a modelo de qualidade total e busca a eficiência dos resulta-
educação sem relacioná-la às mudanças da base produtiva dos com a redução de custos, enfatizando a relação entre
e às exigências de reorganização do capital. consumidor e cliente.
O quadro das mudanças atuais tem o seu “gérmen”, Analisar as políticas educacionais requer a compreensão
a partir da crise capitalista dos anos setenta no Brasil e a de um novo panorama na forma de organização das socie-
difusão da ideologia neoliberal. Essa ideologia postulava dades, do modo de produção e de relações entre as pessoas.
que o Estado de Bem Estar estaria reduzindo a poupança e Nessa ótica, impossível pensar a educação sem pensar
os investimentos do setor público, sendo responsável pelo nas alterações da base produtiva, nas exigências de reorga-
fraco desenvolvimento da economia, aliada às políticas so- nização do capital, sempre explicitadas pela constante mo-
ciais que canalizavam investimentos de setores produtivos dernização do sistema. Nesse sentido, impossível pensar a
para os improdutivos. educação fora do espectro da contradição que põe lado a
Diante disto, o neoliberalismo propôs alterações para o lado a mudança e a permanência, que impõe novas formas
papel do Estado, de acordo com as quais o mercado subs- de trabalho no interior da mesma relação de produção, que
tituiria a política e um Estado Mínimo substituiria o Esta- aciona velhas atitudes, apenas maquiadas pelo velho dog-
do de Bem Estar. Para realizar essas medidas propostas, a ma do mercado.
privatização foi um dos caminhos apresentados, pois teo-
ricamente diminuiria os gastos do Estado e incentivaria a O processo histórico como caminho para o entendi-
livre competição do mercado, garantindo os interesses dos mento da educação, enquanto prática social construída
setores privados da economia. materialmente, nos auxilia a perceber que os fatos não
Essa reorganização do capitalismo, em fase de desen- acontecem por acaso e, sim que estão ligados por um con-
volvimento desde os anos setenta apresentou-se de for- junto de fatores materiais, que alteram nosso modo de vida
ma mais clara nos últimos anos, através da globalização da e produção conforme os interesses hegemônicos do mo-
economia, da transnacionalização das estruturas de poder mento histórico.
e da reestruturação produtiva. O pressuposto básico é que a educação é impactada
Seguindo a tese da autora, esta reorganização do capi- pela lógica do capital, ou seja, os processos educacionais
talismo constitui-se um processo vasto e complexo e mos- e os processos sociais mais abrangentes de reprodução es-
tra as tendências de dois processos simultâneos, quais se- tão intimamente interligados. Portanto, limitar uma mudança
jam: a nova fase de internacionalização do capital e a reor- educacional radical às margens corretivas interesseiras do
ganização produtiva que, por sua vez, altera as estruturas capital significa abandonar de uma só vez, conscientemente
de poder do capitalismo. Nesse mesmo sentido, a autora ou não, o objetivo de uma transformação social qualitativa.
esclarece: Do mesmo modo, contudo, procurar margens de reforma
sistêmica na própria estrutura do sistema do capital é uma
Assim, a novidade da forma atual de internacionaliza- contradição em termos. É por isso que é necessário romper
ção do capital, comumente designada globalização, reside com a lógica do capital se quisermos contemplar a criação
no fato de se constituir um processo de integração mundial de uma alternativa educacional significativamente diferente.
que já não integra nações ou economias nacionais, mas
conjuga a ação dos grandes grupos econômicos entre si e A clareza da relação entre educação e capital nos impe-
no interior de cada um deles, não só ultrapassando, mas ig- le a buscar caminhos através da inter-relação das políticas
norando, em suas ações e decisões, as fronteiras nacionais. educacionais e das mudanças na prática. Uma das formas
A partir dos anos noventa, a questão da qualidade já de materializar as mudanças propostas pelas políticas edu-
incorporada aos discursos políticos educacionais alia-se ao cacionais é a legislação. A LDB 9394/96 traduz as orien-
modelo neoliberal. “A qualidade educativa, nesta década tações dos organismos internacionais, apontando para os CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
de 90, é requerida numa perspectiva mercadológica, neo- princípios de produtividade, eficiência e qualidade total.
cientificista, neoconservadora, orientada para implantar-se A LDB trouxe para a escola a questão da gestão de-
nos países em desenvolvimento, como o Brasil”. mocrática, tratando-a de forma específica nos artigos que
se seguem, bem como a forma dessa construção coletiva
Portanto, a educação no que concerne ao mercado através do PPP e da participação da comunidade em Con-
pode ser vista sob dois aspectos concretos: selhos Escolares ou Colegiados.
- 1º, em relação à gestão da escola, com ênfase na
reorganização das funções administrativas, da parti- Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas de
cipação coletiva, das parcerias, do voluntariado; gestão democrática do ensino público na educação bá-
- 2º, na busca da qualidade total. sica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme
Em relação ao primeiro aspecto, Bruno aponta para a os seguintes princípios:
necessidade de promover formas consensuais de tomada I- Participação dos profissionais da educação na elabo-
de decisões, com a participação dos sujeitos envolvidos, o ração do projeto político-pedagógico da escola;
que constitui uma estratégia para prevenir conflitos e resis- II- Participação das comunidades escolar e local em con-
tências que possam obstruir a implementação das medidas selhos escolares ou equivalentes.

77
2. PPP: Contribuições Para efeito deste ensaio, gestão, administração e coorde-
nação serão utilizadas como sinônimos visando ampliar a
O PPP representa a escola, ou seja, expõe, exibe, re- perspectiva do entendimento sobre o tema porquanto a
vela, mostra a sua organização, a sua prática pedagógica organização e a gestão constituem o conjunto das condi-
e administrativa num movimento contínuo que envolve ções e dos meios utilizados para assegurar a qualidade da
diversos profissionais da educação e suas relações com a instituição escolar, buscando alcançar os objetivos propos-
comunidade escolar inserida num dado tempo num dado tos a partir das discussões de toda a comunidade escolar.
local, como sujeitos históricos e críticos, revelando, ainda, Conforme Paro, a administração de uma escola não
as contradições presentes na função social da escola. pode estar reduzida a métodos, técnicas e aparato buro-
Portanto, a construção do PPP revela os interesses da crático, como já foi dito anteriormente. A escola é portado-
comunidade escolar, suas expectativas dentro da esfera do ra de uma especificidade na sua organização, o que a torna
coletivo, buscando uma gestão democrática na definição diferente da administração de uma empresa.
da ação de cada um e das ações conjuntas. Nesse sentido, Portanto, a administração escolar, ou gestão escolar, di-
a sua construção terá sempre o caráter político. “Por isso, ferencia-se da administração de organizações particulares,
todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto pois não visa o lucro, mas sim o interesse público, assegu-
político por estar intimamente articulado ao compromisso rando o caráter democrático da escola pública.
sociopolítico com os interesses reais e coletivos da popu- Compreendendo que não apenas a gestão democrática
lação majoritária”. se configura como princípio na LDB 9394/96, mas também
Para efeito deste artigo, o PPP será entendido como que o PPP é elemento aglutinador, ou seja, ambos repre-
elemento colaborador no processo de gestão democrática sentam a legalidade a ser implementada nas unidades es-
nas práticas diárias no trabalho pedagógico e na organi- colares, não é intuito nosso fazer apologia do PPP como
zação. Essa colaboração só poderá ser efetivada se o PPP salvador da escola, mas apenas utilizá-lo de fato como ele-
representar, de fato, um projeto emancipador e não um mento legal para colaborar com a escola.
simples documento organizado de forma a atender as exi- A comunidade escolar, ou seja, professores, alunos,
gências burocráticas. pais, direção e equipe pedagógica são considerados como
Veiga explicita a diferença na construção do PPP enquan- sujeitos ativos de todo o processo, de forma que a partici-
to inovação regulatória ou inovação emancipatória. Enquan- pação de cada um implica em clareza e conhecimento do
to o primeiro está voltado para a burocratização, cumprindo seu papel, em relação ao papel dos demais, como corres-
normas técnicas, de cunho político-administrativo, que ge- ponsáveis. Além da participação, a autonomia constitui-se
ram um produto, no caso, um documento pronto e acabado, um princípio básico da gestão democrática. Para que os
no segundo, a opção pela inovação com a participação dos membros da comunidade escolar possam ser considerados
diferentes atores, em um contexto histórico e social, propicia sujeitos ativos do processo é necessário refletirmos sobre a
a argumentação, a comunicação e a solidariedade. forma de organização do trabalho escolar e as relações de
Nesse aspecto, o PPP permite a realização de um traba- poder neste espaço.
lho mais comprometido com as ações definidas no conjun- Para Dourado, a gestão democrática constitui-se como
to dos participantes, podendo e devendo provocar mudan- um processo de aprendizado e de luta política, possibili-
ças na organização do trabalho pedagógico e rompendo tando a criação e efetivação de canais de participação, de
com um modelo de trabalho isolado e fragmentado. aprendizado do “jogo democrático”, e tendo como resul-
tado a reflexão das estruturas autoritárias, com vistas à sua
Sob esta ótica, o projeto é um meio de engajamento transformação.
coletivo para integrar ações dispersas, criar sinergias no Apesar de partirmos do pressuposto de que há uma
sentido de buscar soluções alternativas para diferentes construção coletiva, de fato essa construção não passa
momentos do trabalho pedagógico-administrativo, desen- de um agrupamento de ideias que busca um consenso.
volver o sentimento de pertença, mobilizar os protagonis- As discussões para a elaboração do PPP não conta com a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

tas para a explicitação de objetivos comuns comum, defi- presença de todos os professores. Neste item, poderíamos
nindo o norte das ações a serem desencadeadas, fortalecer citar muitos motivos, mas indicaremos o que julgamos ser
a construção de uma coerência comum, mas indispensável, o principal, que é a divisão da carga horária do professor
para que a ação coletiva produza seus efeitos. em diversas e diferentes escolas e sua rotatividade. Essa
A atuação efetiva dos Conselhos Escolares, além de co- situação gera a sensação de que ele não pertence àquela
laborar com a gestão democrática permite, concomitante- comunidade, e a escola se torna apenas mais um local de
mente, a construção de um PPP graças ao qual propicia trabalho. Essa situação tende a descomprometer o profes-
espaço de participação nos processos decisórios da escola, sor com os rumos da instituição e com a própria constru-
evitando o corporativismo. ção do PPP.
O professor não é vítima nem culpado pela situação vi-
3. Gestão e Organização do Trabalho Pedagógico venciada. Também não é o único profissional afetado por
esse sistema, apesar de fazer parte da maioria na escola. O
É necessário avançar e explicar o que entendemos por pedagogo dividido entre o administrativo e o pedagógi-
gestão democrática no espaço da escola pública, como co, exercendo funções burocráticas, entre outras atividades
prática cotidiana na organização do trabalho pedagógico. “corriqueiras”, próprias do pedagogo tarefeiro, desvia-se

78
da sua real função. Aliada a essa situação, a complexidade GESTÃO DEMOCRÁTICA E A MOBILIZAÇÃO DA EQUI-
da escola e a falta de pessoal, impede o desenvolvimen- PE ESCOLAR
to de um trabalho voltado para as questões pedagógicas
específicas e o próprio acompanhamento do PPP. Outra E por falar em gestão, como proceder de forma mais
necessidade é o pedagogo posicionar-se, de fato, como democrática nos sistemas de ensino e nas escolas públicas?
articulador do trabalho pedagógico, exigindo pessoal para
cumprir as atividades tarefeiras e emergenciais na escola, A participação é educativa tanto para a equipe gesto-
como inspetor de alunos, porteiro. É necessário observar ra quanto para os demais membros das comunidades es-
se: colar e local. Ela permite e requer o confronto de ideias,
de argumentos e de diferentes pontos de vista, além de
A ênfase no “administrativo” apresenta-se assim, ao expor novas sugestões e alternativas. Maior participação
mesmo tempo, como opção preferencial face às peculia- e envolvimento da comunidade nas escolas produzem os
ridades da disciplina e também como “proteção” face ao seguintes resultados:
complexo universo teórico-metodológico em que a discus-
são sobre a educação se desenvolve. - Respeito à diversidade cultural, à coexistência de
É impossível fazer o Conselho de Classe de vinte turmas ideias e de concepções pedagógicas, mediante um
em um único sábado, exceto se destinarmos todos os sá- diálogo franco, esclarecedor e respeitoso;
bados de um mês para concretizar esse objetivo. Logo, o - Formulações de alternativas, após um período de dis-
calendário é burlado para dar conta de atender a demanda cussões onde as divergências são expostas.
posta pelo número de alunos e turmas que exige tempo - Tomada de decisões mediante procedimentos aprova-
para discussões e busca de encaminhamentos para cada dos por toda a comunidade envolvida
caso. - Participação e convivência de diferentes sujeitos so-
ciais em um espaço comum de decisões educacio-
4. Considerações Finais: nais.

A complexidade dos temas permitiu novos questiona- A gestão democrática dos sistemas de ensino e das esco-
mentos que respostas, a busca por uma análise crítica re- las públicas requer a participação coletiva das comunidades
velou os aspectos que devem ser observados na prática escolar e local na administração dos recursos educacionais
e na necessidade de um aprofundamento teórico. Com a financeiros, de pessoal, de patrimônio, na construção e na
esperança de uma escola melhor, ousamos apontar alguns implementação dos projetos educacionais.
encaminhamentos possíveis para a construção de um PPP Mas para promover a participação e deste modo imple-
coletivo ou, pelo menos, para a discussão desses temas. mentar a gestão democrática da escola, procedimentos pré-
- Analisar o Projeto Político Pedagógico implica em con- vios podem ser observados:
siderar a gestão democrática para a sua construção; - Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu com-
- Discutir o Projeto Político Pedagógico significa discu- prometimento com a alternativa de ação escolhida;
tir, concomitantemente, a organização do trabalho - Responsabilizar pessoas pela implementação das al-
escolar; ternativas acordadas;
- O pedagogo como articulador das questões pedagó- - Estabelecer normas prévias sobre como os debates e
gicas necessita do coletivo para encaminhar o traba- as decisões serão realizados;
lho na escola; - Estabelecer regras adequadas à igualdade de partici-
- Não é possível propor intervenção na escola, sem, pri- pação de todos os segmentos envolvidos;
meiramente, analisar de forma crítica a participação - Articular interesses comuns, ideias e alternativas com-
da comunidade escolar; plementares, de forma a contribuir para organizar
- O Colegiado Escolar pode representar um caminho propostas mais coletivas. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
para a discussão da gestão democrática, como uma - Esclarecer como a implementação das ações serão
forma de participação coletiva; acompanhadas e supervisionadas;
- Há necessidade da revisão dos “papéis” de cada um e - Criar formas de divulgação das ideias e alternativas
o compromisso com metas comuns; em debate como também do processo de decisão.
- É necessário, ainda, compreender a “lógica” das polí-
ticas educacionais e suas perspectivas para a escola Gestão democrática implica compartilhar o poder, des-
pública. centralizando-o. Como fazer isso? Incentivando a participa-
ção e respeitando as pessoas e suas opiniões; desenvolven-
Fonte do um clima de confiança entre os vários segmentos das
OLIVEIRA, S. B. Disponível em http://www.pucpr.br/ comunidades escolar e local; ajudando a desenvolver com-
petências básicas necessárias à participação (por exemplo,
saber ouvir, saber comunicar suas ideias). A participação
proporciona mudanças significativas na vida das pessoas,
na medida em que elas passam a se interessar e se sentir
responsáveis por tudo que representa interesse comum.

79
Assumir responsabilidades, escolher e inventar novas Constitui-se numa das instâncias de vital importância num
formas de relações coletivas faz parte do processo de parti- processo de gestão democrática, pois “guarda em si a pos-
cipação e trazem possibilidades de mudanças que atendam sibilidade de articular os diversos segmentos da escola e
a interesses mais coletivos. tem por objeto de estudo o processo de ensino, que é o
A participação social começa no interior da escola, por eixo central em torno do qual desenvolve-se o processo de
meio da criação de espaços nos quais professores, funcio- trabalho escolar” (DALBEN, 1995). Nesse sentido, entende-
nários, alunos, pais de alunos etc. possam discutir critica- mos que o conselho de classe não deve ser uma instância
mente o cotidiano escolar. Nesse sentido, a função da es- que tem como função reunir-se ao final de cada bimestre
cola é formar indivíduos críticos, criativos e participativos, ou do ano letivo para definir a aprovação ou reprovação de
com condições de participar criticamente do mundo do alunos, mas deve atuar em espaço de avaliação permanen-
trabalho e de lutar pela democratização da educação. A te, que tenha como objetivo avaliar o trabalho pedagógico
escola, no desempenho dessa função, precisa ter clareza e as atividades da escola. Nessa ótica, é fundamental que
de que o processo de formação para uma vida cidadã e, se reveja a atual estrutura dessa instância, rediscutindo sua
portanto, de gestão democrática passa pela construção de função, sua natureza e seu papel na unidade escolar.
mecanismos de participação da comunidade escolar, como:
Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres, Grêmio Es- 1.2. Associação de pais e mestres
tudantil, Conselhos de Classes etc.
Para que a tomada de decisão seja partilhada e coletiva, A associação de pais e mestres, enquanto instância de
é necessária a efetivação de vários mecanismos de partici- participação, constitui-se em mais um dos mecanismos de
pação, tais como: o aprimoramento dos processos de es- participação da comunidade na escola, tornando-se uma
colha ao cargo de dirigente escolar; a criação e a consoli- valiosa forma de aproximação entre os pais e a instituição,
dação de órgãos colegiados na escola (conselhos escolares contribuindo para que a educação escolarizada ultrapasse
e conselho de classe); o fortalecimento da participação es- os muros da escola e a democratização da gestão seja uma
tudantil por meio da criação e da consolidação de grêmios conquista possível.
estudantis; a construção coletiva do Projeto Político-Peda-
1.3. Grêmio estudantil
gógico da escola; a redefinição das tarefas e funções da
associação de pais e mestres, na perspectiva de construção
Numa escola que tem como objetivo formar indivíduos
de novas maneiras de se partilhar o poder e a decisão nas
participativos, críticos e criativos, a organização estudantil
instituições.
adquire importância fundamental.
Não existe apenas uma forma ou mecanismo de parti-
O grêmio estudantil constitui-se em mecanismo de
cipação. Entre os mecanismos de participação que podem
participação dos estudantes nas discussões do cotidiano
ser criados na escola, destacam-se: o conselho escolar, o escolar e em seus processos decisórios, constituindo-se
conselho de classe, a associação de pais e mestres e o grê- num laboratório de aprendizagem da função política da
mio escolar. educação e do jogo democrático. Possibilita, ainda, que os
estudantes aprendam a se organizarem politicamente e a
1. Conselho escolar lutar pelos seus direitos.
Articulado ao processo de constituição de mecanismos
O conselho escolar é um órgão de representação da co- de participação colegiada dentro da escola destaca-se tam-
munidade escolar. Trata-se de uma instância colegiada que bém a necessidade da participação e acompanhamento da
deve ser composta por representantes de todos os seg- aplicação dos recursos financeiros, tanto na escola como
mentos da comunidade escolar e constitui-se num espaço nos sistemas de ensino. A responsabilidade de acompa-
de discussão de caráter consultivo e/ou deliberativo. Ele nhar e fiscalizar a aplicação dos recursos para a educação
não deve ser o único órgão de representação, mas aquele é de toda a sociedade. Todos os envolvidos direta e in-
que congrega as diversas representações para se constituir
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

diretamente são chamados a se responsabilizar pelo bom


em instrumento que, por sua natureza, criará as condições uso das verbas destinadas à educação. Nesse sentido, pais,
para a instauração de processos mais democráticos dentro alunos, professores, servidores administrativos, associação
da escola. Portanto, o conselho escolar deve ser fruto de de bairros, ou seja, as comunidades escolar e local têm o
um processo coerente e efetivo de construção coletiva. A direito de participar, por meio dos diferentes conselhos
configuração do conselho escolar varia entre os estados, criados para essa finalidade.
entre os municípios e até mesmo entre as escolas. Assim, a A Lei no 9.424/96, que instituiu o Fundef e, posterior-
quantidade de representantes eleitos, na maioria das vezes, mente, a Lei n° 11.494/07, que instituiu o Fundeb, definiu
depende do tamanho da escola, do número de classes e de que o acompanhamento e o controle social sobre a repar-
estudantes que ela possui. tição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo
seriam exercidos, junto aos respectivos governos, no âmbito
1.1. Conselho de classe da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
por Conselhos a serem instituídos em cada esfera adminis-
O conselho de classe é mais um dos mecanismos de trativa. A perspectiva é de que a participação no controle
participação da comunidade na gestão e no processo de social do fundo contribui para a garantia da eficiência do
ensino-aprendizagem desenvolvido na unidade escolar. gerenciamento dos recursos para a educação básica.

80
O processo de participação na escola produz, também, cipar das decisões para resolvê-las. Espaços de discussão
efeitos culturais importantes. Ele ajuda a comunidade a possibilitam trabalhar ideias divergentes na construção do
reconhecer o patrimônio das instituições educativas – es- projeto educativo. Como criar, ou então fortalecer, ambien-
colas, bibliotecas, equipamentos – como um bem público tes que favoreçam a participação? Na construção de am-
comum, que é a expressão de um valor reconhecido por bientes de participação e mobilização de pessoas, algumas
todos, o qual oferece vantagens e benefícios coletivos. Sua estratégias tornam-se fundamentais. Vejamos algumas:
utilização por algumas pessoas não exclui o uso pelas de-
mais. É um bem de todos; todos podem e devem zelar pelo - Estar atento às solicitações da comunidade.
seu uso e sua adequada conservação. A manutenção e o - Ouvir com atenção o que os membros da comunidade
desenvolvimento de um bem público comum requerem al- têm a dizer.
gumas condições: - Delegar responsabilidades ao máximo possível de
1. Recursos financeiros adequados, regulares e bem ge- pessoas.
renciados, de modo a oferecer as mesmas condições - Mostrar a responsabilidade e a importância do papel
de uso, acesso e permanência nas escolas a alunos de cada um para o bom andamento do processo.
em condições sociais desiguais; - Garantir a palavra a todos.
2. Transparência administrativa e financeira com o con- - Respeitar as decisões tomadas em grupo.
trole público de ações e decisões. Desse modo, cabe - Criar ambientes físicos confortáveis para assembleias
ao gestor informar com clareza e em tempo hábil a e reuniões.
relação dos recursos disponíveis, fazer prestações de - Estimularcadapresentenasreuniõesounasassembléia-
contas, promover o registro preciso e claro das deci- saseresponsabilizar por trazer, pelo menos, mais
sões tomadas em reuniões; uma pessoa para o próximo encontro.
3. Processo participativo de tomada de decisões, im- - Tornar a escola um espaço de sociabilidade.
plementação, acompanhamento e avaliação. Ressal- - Valorizar o trabalho participativo.
tamos que o cotidiano de trabalho das escolas deve - Destacar a importância da integração entre as pessoas.
- Submeter o trabalho desenvolvido na escola às ava-
ter por referência um projeto pedagógico construído
liações da comunidade e dos conselhos ou órgãos
coletivamente e o apreço às decisões tomadas pelos
colegiados.
órgãos colegiados representativos.
- Valorizar a presença de cada um e de todos.
- Desenvolver projetos educativos voltados para a co-
Em síntese, a gestão democrática do ensino pressupõe
munidade em geral, não só para os alunos.
uma maneira de atuar coletivamente, oferecendo aos mem-
- Ressaltar a importância da comunidade na identidade
bros das comunidades local e escolar oportunidades para:
da unidade escolar.
- Reconhecer que existe uma discrepância entre a situ- - Tornar o espaço escolar disponível para comunidade.
ação real (o que é) e o que gostaríamos que fosse (o
que pode vir a ser). Fonte: Disponível em http://crv.educacao.mg.gov.br/
- Identificar possíveis razões para essa discrepância.
- Elaborar um plano de ação para minimizar ou solucio-
nar esses problemas.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
2. Envolvendo a comunidade na gestão da escola
1. (IF-SC- Técnico administrativo- IF-SC/2017) “[...] im-
A gestão escolar constitui um modo de articular pessoas plica principalmente o repensar da estrutura de poder
e experiências educativas, atingir objetivos da instituição da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização
escolar, administrar recursos materiais, coordenar pessoas, do poder propicia a prática da participação coletiva, que
planejar atividades, distribuir funções e atribuições. Em sín- atenua o individualismo; da reciprocidade, que elimina a CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
tese, se estabelecem, intencionalmente, contatos entre as exploração; da solidariedade, que supera a opressão; da
pessoas, os recursos administrativos, financeiros e jurídicos autonomia, que anula a dependência de órgãos interme-
na construção do projeto pedagógico da escola. A gestão diários que elaboram políticas educacionais das quais a es-
democrática, por sua vez, requer, dentre outros, a partici- cola é mera executora”.
pação da comunidade nas ações desenvolvidas na escola. VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org). Projeto político-peda-
Envolver a comunidades escolar e local é tarefa comple- gógico da escola: uma construção possível. 14ª edição,
xa, pois articula interesses, sentimentos e valores diversos. Papirus, 2002.
Nem sempre é fácil, mas compete às equipes gestoras pen-
sar e desenvolver estratégias para motivar as pessoas a se Assinale a alternativa que INDICA a que o texto faz referência.
envolver e participar na vida da escola. As possibilidades
de motivação são várias, desde a concepção e o uso dos a) Inclusão
espaços escolares até a organização do trabalho pedagógi- b) Disciplina escolar
co. A mobilização das pessoas pode começar quando elas c) Projeto Político-Pedagógico
se defrontam com situações-problema. As dificuldades nos d) Avaliação
incentivam a criar novas formas de organização, de parti- e) Gestão democrática

81
Resposta: Letra E. “A gestão democrática implica prin- II - participação das comunidades escolar e local em con-
cipalmente o repensar da estrutura de poder da escola, selhos escolares ou equivalentes.
tendo em vista sua socialização. A socialização do poder
propicia a prática da participação coletiva, que atenua o 4. (TSE- Analista Judiciário- Pedagogia- CONSUL-
individualismo; da reciprocidade, que elimina a explo- PLAN/2012) Os sistemas de ensino definem as normas de
ração; da solidariedade, que supera a opressão; da au- gestão democrática do ensino público na educação básica
tonomia, que anula a dependência de órgãos interme- em conformidade com
diários que elaboram políticas educacionais das quais a
escola é mera executora.” a) o diálogo entre os diferentes atores da sociedade civil
organizada.
2. (TJ-PE- Analista Judiciário- Pedagogia- FCC/2017) No b) a participação dos profissionais da educação na elabora-
ambiente escolar, a gestão democrática consiste ção do projeto pedagógico da escola.
c) as diferentes comunidades que atuam no espaço escolar.
a) na consecução das atividades burocráticas que as Secre- d) o envolvimento da comunidade escolar nos temas de-
tarias de Educação designam ao diretor. senvolvidos pela proposta da escola.
b) na harmonização da equipe escolar, tendo em vista a
pluralidade de ideias que cria obstáculos ao ensino. Resposta: Letra B. A (b) está correta.
c) nos processos sistemáticos de tomada de decisões e na A (a) está errada pois não envolve atores que não per-
concretização dessas no cotidiano escolar. tencem à comunidade escolar (a sociedade civil organi-
d) na centralização da liderança no diretor que tem o papel zada tem muitos atores que não participam de comuni-
de realizar a ação educativa integrada à rede. dades escolares);
e) em um princípio ideário superado da esquerda frente as A (c) está errada pois não são apenas as comunidades
atuais teorias da administração. que atuam no espaço escolar (que são alunos, pais, fun-
cionários e professores, essencialmente), mas também
membros da comunidade local, os quais não necessaria-
Resposta: Letra C.“Gestão Democrática, segundo Souza
mente precisam atuar no ESPAÇO escolar, mas podem
(2006), é o processo político através do qual as pessoas
envolver-se nas atividades da COMUNIDADE escolar
na escola discutem, deliberam e planejam, solucionam
(que é mais ampla);
problemas e os encaminham, acompanham, controlam
A (d) está errada pois o protagonista não é a proposta
e avaliam o conjunto das ações voltadas ao desenvolvi-
da escola e em segundo a comunidade, mas ao con-
mento da própria escola. Este processo, sustentado no
trário: a comunidade é a protagonista e a proposta da
diálogo e na alteridade, tem como base a participação
escola deve ser um subproduto de construção coletiva e
efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, não “pré-pronta” para apenas depois ser “aprovada” ou
o respeito a normas coletivamente construídas para os “modificada” pela comunidade.
processos de tomada de decisões e a garantia de amplo
acesso às informações aos sujeitos da escola.”

3. (SEDUC-RJ- Diretor Adjunto de Unidade Escolar- CE- EDUCAÇÃO INCLUSIVA.


PERJ/2012) A gestão democrática na educação básica, em
conformidade com o Art. 14 da Lei 9394/96, obedecerá aos FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.
seguintes princípios:
1. Educação Inclusiva: A fundamentação filosófica
a) descentralização financeira e autonomia de gestão
b) participação dos profissionais de educação na elabora- A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
ção do PPP e participação da comunidade escolar e local
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

uniu os povos do mundo todo, no reconhecimento de que


em conselhos escolares e equivalentes “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dig-
c) autonomia de gestão por meio da eleição dos gestores nidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência,
escolares devem agir uns para com os outros em espírito de frater-
d) descentralização financeira e processo de gestão com a nidade” (Art. 1°).
participação da comunidade escolar A concepção contemporânea de Direitos Humanos, in-
e) participação dos profissionais de educação na elabo- troduzida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos
ração do PPP, autonomia de gestão e descentralização (1948), se fundamenta no reconhecimento da dignidade de
financeira todas as pessoas e na universalidade e indivisibilidade des-
ses direitos; universalidade, porque a condição de pessoa
Resposta: Letra B. Art. 14. Os sistemas de ensino defini- é requisito único para a titularidade de direitos e indivisibi-
rão as normas da gestão democrática do ensino público lidade, porque os direitos civis e políticos são conjugados
na educação básica, de acordo com as suas peculiarida- aos direitos econômicos, sociais e culturais.
des e conforme os seguintes princípios: A Declaração conjuga o valor de liberdade ao valor de
I - participação dos profissionais da educação na elabora- igualdade, já que assume que não há liberdade sem igual-
ção do projeto pedagógico da escola; dade, nem tampouco igualdade sem liberdade. Neste con-

82
texto, o valor da diversidade se impõe como condição para o alcance da universalidade e a indivisibilidade dos Direitos
Humanos. Num primeiro momento, a atenção aos Direitos Humanos foi marcada pela tônica da proteção geral e abstrata,
com base na igualdade formal; mais recentemente, passou-se a explicitar a pessoa como sujeito de direito, respeitado em
suas peculiaridades e particularidades.
O respeito à diversidade, efetivado no respeito às diferenças, impulsiona ações de cidadania voltadas ao reconheci-
mento de sujeitos de direitos, simplesmente por serem seres humanos. Suas especificidades não devem ser elemento para
a construção de desigualdades, discriminações ou exclusões, mas sim, devem ser norteadoras de políticas afirmativas de
respeito à diversidade, voltadas para a construção de contextos sociais inclusivos.

2. Princípios

A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, como carac-
terística inerente à constituição de qualquer sociedade. Partindo desse princípio e tendo como horizonte o cenário ético
dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação de todos, a todas as oportunidades,
independentemente das peculiaridades de cada indivíduo e/ou grupo social.

3. A identidade pessoal e social e a Construção da igualdade na diversidade

A identidade pessoal e social é essencial para o desenvolvimento de todo indivíduo, enquanto ser humano e enquanto
cidadão. A identidade pessoal é construída na trama das relações sociais que permeiam sua existência cotidiana. Assim, há
que se esforçar para que as relações entre os indivíduos se caracterizem por atitudes de respeito mútuo, representadas pela
valorização de cada pessoa em sua singularidade, ou seja, nas características que a constituem. “A consciência do direito
de constituir uma identidade própria e do reconhecimento da identidade do outro traduz-se no direito à igualdade e no
respeito às diferenças, assegurando oportunidades diferenciadas (equidade), tantas quantas forem necessárias, com vistas
à busca da igualdade.” (MEC/SEESP, 2001). A Constituição Federal do Brasil assume o princípio da igualdade como pilar fun-
damental de uma sociedade democrática e justa, quando reza no caput do seu Art. 5° que “todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, residentes no país, a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (CF - Brasil, 1988).
Para que a igualdade seja real, ela tem que ser relativa. Isto significa que as pessoas são diferentes, têm necessidades
diversas e o cumprimento da lei exige que a elas sejam garantidas as condições apropriadas de atendimento às peculia-
ridades individuais, de forma que todos possam usufruir as oportunidades existentes. Há que se enfatizar aqui, que trata-
mento diferenciado não se refere à instituição de privilégios, e sim, a disponibilização das condições exigidas, na garantia
da igualdade.

4. A escola inclusiva é espaço de construção de cidadania

A família é o primeiro espaço social da criança, no qual ela constrói referências e valores e a comunidade é o espaço
mais amplo, onde novas referências e valores se desenvolvem. A participação da família e da comunidade traz para a escola
informações, críticas, sugestões, solicitações, desvelando necessidades e sinalizando rumos. Este processo, ressignifica os
agentes e a prática educacional, aproximando a escola da realidade social na qual seus alunos vivem. A escola é um dos
principais espaços de convivência social do ser humano, durante as primeiras fases de seu desenvolvimento. Ela tem papel
primordial no desenvolvimento da consciência de cidadania e de direitos, já que é na escola que a criança e ao adolescente
começam a conviver num coletivo diversificado, fora do contexto familiar.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
5. Exercício da cidadania e a promoção da paz

O conceito de cidadania em sua plena abrangência engloba direitos políticos, civis, econômicos, culturais e sociais. A
exclusão ou limitação em qualquer uma dessas esferas fragiliza a cidadania, não promove a justiça social e impõe situações
de opressão e violência.
Exercer a cidadania é conhecer direitos e deveres no exercício da convivência coletiva, realizar a análise crítica da reali-
dade, reconhecer as dinâmicas sociais, participar do debate permanente sobre causas coletivas e manifestar-se com auto-
nomia e liberdade respeitando seus pares. Tais práticas se contrapõem à violência, na medida que não admitem a anulação
de um sujeito pelo outro, mas fortalecem cada um, na defesa de uma vida melhor para todos. Uma proposta de educação
para a paz deve sensibilizar os educandos para novas formas de convivência baseadas na solidariedade e no respeito às
diferenças, valores essenciais na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e sensíveis para rejeitarem
toda a forma de opressão e violência.

83
6. A atenção às pessoas com necessidades educacio- mente, embora não exclusivamente, voltados para pessoas
nais especiais com deficiência, visando prepará-las para a integração, ou
a reintegração na vida da comunidade.
Nos anos 60 e 70, grande parte dos países, tendo como
#FicaDica horizonte a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
passou a buscar um novo modelo, no trato da deficiência.
A atenção educacional aos alunos com A proposição do princípio da normalização contribuiu com
necessidades especiais associadas ou não a a ideia de que as pessoas diferentes podiam ser normali-
deficiência tem se modificado ao longo de zadas, ou seja, capacitadas para a vida no espaço comum
processos históricos de transformação social, da sociedade. Este modelo caracterizou-se, gradativamen-
tendo caracterizado diferentes paradigmas nas te, pela desinstitucionalização dessas pessoas e pela oferta
relações das sociedades com esse segmento de serviços de avaliação e de reabilitação globalizada, em
populacional. A deficiência foi, inicialmente, instituições não residenciais, embora ainda segregadoras.
considerada um fenômeno metafísico, Da segregação total, passou-se a buscar a integração
determinado pela possessão demoníaca, ou das pessoas com deficiência, após capacitadas, habilitadas
pela escolha divina da pessoa para purgação ou reabilitadas. A esta concepção-modelo denominou-se
dos pecados de seus semelhantes. Séculos Paradigma de Serviços. Da década de 80 em diante, o mun-
da Inquisição Católica e posteriormente, do volta a experimentar novas transformações. Avanços na
de rigidez moral e ética, da Reforma Medicina, o desenvolvimento de novos conhecimentos na
Protestante, contribuíram para que as pessoas área da Educação e principalmente a criação da via ele-
com deficiência fossem tratadas como a trônica como meio de comunicação em tempo real, com
personificação do mal e, portanto, passíveis de qualquer parte do mundo, vieram determinar novas trans-
castigos, torturas e mesmo de morte. formações sociais. Por um lado, maior sofisticação técni-
co-científica permitia a manutenção da vida e o maior de-
senvolvimento de pessoas que, em épocas anteriores, não
À medida que conhecimentos na área da Medicina fo- podiam sobreviver. Por outro lado, a quebra da barreira
ram sendo construídos, e acumulados, na história da hu- geográfica, na comunicação e no intercâmbio de ideias e
manidade, a deficiência passou a ser vista como doença, de transações, plantava as sementes da “aldeia global”, que
de natureza incurável, gradação de menor amplitude da rapidamente foram germinando e definindo novos rumos
doença mental. nas relações entre países e sociedades diferentes. Nesse
Tais ideias determinaram a caracterização das primeiras contexto, mais do que nunca se evidenciou a diversidade
práticas sociais formais de atenção à pessoa com deficiên- como característica constituinte das diferentes sociedades
cia, quais sejam, as de segregá-las em instituições fosse e da população, em uma mesma sociedade. Na década de
para cuidado e proteção, fosse para tratamento médico. 90, ainda à luz da defesa dos direitos humanos, pôde-se
A esse conjunto de ideias e de práticas sociais denomi- constatar que a diversidade enriquece e humaniza a so-
nou-se Paradigma da Institucionalização, o qual vigorou, ciedade, quando reconhecida, respeitada e atendida em
aproximadamente por oito séculos. No Brasil, as primeiras suas peculiaridades. Passou, então, a ficar cada vez mais
informações sobre a atenção às pessoas com deficiência evidente que a manutenção de segmentos populacionais
remontam à época do Império. Seguindo o ideário e o mo- minoritários em estado de segregação social, ainda que em
delo ainda vigente na Europa, de institucionalização, foram processo de atenção educacional ou terapêutica, não con-
criadas as primeiras instituições totais, para a educação de dizia com o respeito aos seus direitos de acesso e participa-
pessoas cegas e de pessoas surdas. O Paradigma da Institu- ção regular no espaço comum da vida em sociedade, como
cionalização ainda permaneceu como modelo de atenção também impedia a sociedade de aprender a administrar a
às pessoas com deficiência até meados da década de 50, convivência respeitosa e enriquecedora, com a diversidade
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

no século XX, momento de grande importância histórica, de peculiaridades que a constituem.


no que se refere a movimentos sociais, no mundo ociden- Começou, então, a ser delineada a ideia da necessida-
tal. Fortemente afetados pelas consequências das Grandes de de construção de espaços sociais inclusivos, ou seja,
Guerras Mundiais, os países participantes da Organização espaços sociais organizados para atender ao conjunto de
das Nações Unidas, em Assembleia Geral, em 1948, elabo- características e necessidades de todos os cidadãos, inclu-
raram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, docu- sive daqueles que apresentam necessidades educacionais
mento que desde então tem norteado os movimentos de especiais. Estavam aí postas as bases de um novo modelo,
definição de políticas públicas, na maioria desses países. denominado Paradigma de Suportes. Este paradigma asso-
O intenso movimento mundial de defesa dos direitos das ciou a ideia da diversidade como fator de enriquecimento
minorias, que caracterizou a década de 60, associado a crí- social e o respeito às necessidades de todos os cidadãos
ticas contundentes ao Paradigma da Institucionalização de como pilar central de uma nova prática social: a construção
pessoas com doença mental e de pessoas com deficiência, de espaços inclusivos em todas as instâncias da vida na
determinou novos rumos às relações das sociedades com sociedade, de forma a garantir o acesso imediato e favo-
esses segmentos populacionais. Começaram a ser implan- recer a participação de todos nos equipamentos e espaços
tados os serviços de Reabilitação Profissional, especial- sociais, independente das suas necessidades educacionais

84
especiais, do tipo de deficiência e do grau de comprometi- elemento que “pode contribuir para conquistar um mundo
mento que estas apresentem. O Brasil tem definido políti- mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente
cas públicas e criado instrumentos legais que garantem tais mais puro, e que, ao mesmo tempo, favoreça o progresso
direitos. A transformação dos sistemas educacionais tem se social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação
efetivado para garantir o acesso universal à escolaridade internacional”. Tendo isso em vista, ao assinar a Declaração
básica e a satisfação das necessidades de aprendizagem de Jomtien, o Brasil assumiu, perante a comunidade inter-
para todos os cidadãos. nacional, o compromisso de erradicar o analfabetismo e
universalizar o ensino fundamental no país. Para cumprir
7. O compromisso com a construção de sistemas com este compromisso, o Brasil tem criado instrumentos
educacionais inclusivos documentos orientadores no norteadores para a ação educacional e documentos legais
âmbito internacional para apoiar a construção de sistemas educacionais inclu-
sivos, nas diferentes esferas públicas: municipal, estadual
A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas e federal.
produziu vários documentos norteadores para o desenvol-
vimento de políticas públicas de seus países membros. O 10. Declaração de salamanca (1994)
Brasil, enquanto país membro da ONU e signatário desses
documentos, reconhece seus conteúdos e os tem respeita- A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas
do, na elaboração das políticas públicas internas. Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela UNESCO, em
Salamanca (Espanha), em junho de 1994, teve, como objeto
8. Declaração universal dos direitos humanos (1948) específico de discussão, a atenção educacional aos alunos
com necessidades educacionais especiais.
A Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, pro- Nela, os países signatários, dos quais o Brasil faz parte,
clamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, na declararam:
qual reconhece que “Todos os seres humanos nascem li- - Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fun-
vres e iguais, em dignidade e direitos... (Art. 1°.), ...sem dis- damental à educação e que a elas deve ser dada a
tinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de oportunidade de obter e manter um nível aceitável
língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem de conhecimentos;
nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qual- - Cada criança tem características, interesses, capaci-
quer outra situação” (Art. 2°.). Em seu Artigo 7°. Proclama dades e necessidades de aprendizagem que lhe são
que “todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm próprios;
direito a igual proteção da lei...”. No Artigo 26°, proclama, - Os sistemas educativos devem ser projetados e os pro-
no item 1, que “toda a pessoa tem direito à educação. A gramas aplicados de modo que tenham em vista toda a
educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente gama dessas diferentes características e necessidades;
ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é - As pessoas com necessidades educacionais especiais
obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser gene- devem ter acesso às escolas comuns, que deverão
ralizado.”; no item 2, estabelece que “educação deve visar à integrá-las numa pedagogia centralizada na criança,
plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos capaz de atender a essas necessidades;
direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve - As escolas comuns, com essa orientação integradora,
favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre representam o meio mais eficaz de combater atitu-
todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos...” des discriminatórias, de criar comunidades acolhe-
O Artigo 27° proclama, no item 1, que “toda a pessoa tem doras, construir uma sociedade integradora e dar
o direito de tomar parte livremente na vida cultural da co- educação para todos; A Declaração se dirige a todos
munidade, de usufruir as artes e de participar no progresso os governos, incitando-os a:
científico e nos benefícios que deste resultam”. De maneira - Dar a mais alta prioridade política e orçamentária à CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
geral, esta Declaração assegura às pessoas com deficiência melhoria de seus sistemas educativos, para que pos-
os mesmos direitos à liberdade, a uma vida digna, à educa- sam abranger todas as crianças, independentemente
ção fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social e à de suas diferenças ou dificuldades individuais;
livre participação na vida da comunidade. - Adotar, com força de lei ou como política, o princípio
da educação integrada, que permita a matrícula de
9. Declaração de Jomtien (1990) todas as crianças em escolas comuns, a menos que
haja razões convincentes para o contrário;
Em março de 1990, o Brasil participou da Conferência - Criar mecanismos descentralizados e participativos, de
Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, Tailân- planejamento, supervisão e avaliação do ensino de crian-
dia, na qual foi proclamada a Declaração de Jomtien. Nesta ças e adultos com necessidades educacionais especiais;
Declaração, os países relembram que “a educação é um di- - Promover e facilitar a participação de pais, comunida-
reito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas des e organizações de pessoas com deficiência, no
as idades, no mundo inteiro”. Declararam, também, enten- planejamento e no processo de tomada de decisões,
der que a educação é de fundamental importância para o para atender a alunos e alunas com necessidades
desenvolvimento das pessoas e das sociedades, sendo um educacionais especiais;

85
- Assegurar que, num contexto de mudança sistemá- disso, introduziu, no país, uma nova prática administrati-
tica, os programas de formação do professorado, va, representada pela descentralização do poder. A partir
tanto inicial como contínua, estejam voltados para da promulgação desta Constituição, os municípios foram
atender às necessidades educacionais especiais, nas contemplados com autonomia política para tomar as deci-
escolas integradoras. A Assembleia Geral das Nações sões e implantar os recursos e processos necessários para
Unidas sobre a Criança, analisou a situação mundial garantir a melhor qualidade de vida para os cidadãos que
da criança e estabeleceu metas a serem alcançadas. neles residem. Cabe ao município, mapear as necessida-
Entendendo que a educação é um direito humano des de seus cidadãos, planejar e implementar os recursos e
e um fator fundamental para reduzir a pobreza e o serviços que se revelam necessários para atender ao con-
trabalho infantil e promover a democracia, a paz, a junto de suas necessidades, em todas as áreas da atenção
tolerância e o desenvolvimento, deu alta prioridade pública.
à tarefa de garantir que, até o ano de 2015, todas as
crianças tenham acesso a um ensino primário de boa 14. Estatuto da criança e do adolescente (1990)
qualidade, gratuito e obrigatório e que terminem
seus estudos. Ao assinar esta Declaração, o Brasil O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 8.069,
comprometeu-se com o alcance dos objetivos pro- promulgada em 13 de julho de 1990, dispõe, em seu Art. 3°,
postos, que visam a transformação dos sistemas de que “a criança e ao adolescente gozam de todos os direitos
educação em sistemas educacionais inclusivos. fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes
11. Convenção da Guatemala (1999) por lei, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiri-
A partir da Convenção Interamericana para a Elimina- tual e social, em condições de liberdade e de dignidade.”
ção de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Afirma, também, que “é dever da família, da comunidade,
Portadores de Deficiência os Estados Partes reafirmaram da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
que “as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
direitos humanos e liberdades fundamentais que outras vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
pessoas e que estes direitos, inclusive o de não ser sub- lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao res-
metido a discriminação com base na deficiência, emanam peito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”
da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser (Art.4°). No que se refere à educação, o ECA estabelece, em
humano”. No seu artigo I, a Convenção define que o termo seu Art. 53, que “a criança e o adolescente têm direito à
deficiência “significa uma restrição física, mental ou sen- educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pes-
sorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a soa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação
capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais para o trabalho”, assegurando: I.II Igualdade de condições
da vida diária causada ou agravada pelo ambiente econô- para o acesso e permanência na escola; II.I Direito de ser
mico e social”. Para os efeitos desta Convenção, o termo
respeitado por seus educadores; III. Acesso à escola pública
discriminação contra as pessoas com deficiência “significa
e gratuita próxima de sua residência. O Art. 54 diz que “é
toda a diferenciação, exclusão ou restrição baseada em de-
dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente”: I.II
ficiência (...) que tenham efeito ou propósito de impedir ou
ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para
anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das
os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II.I aten-
pessoas portadoras de deficiência de seus direitos huma-
dimento educacional especializado aos portadores de de-
nos e suas liberdades fundamentais”.
ficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; III.
Também define que não constitui discriminação “a diferen-
ciação ou preferência adotada pelo Estado Parte para promo- Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a
ver a integração social ou desenvolvimento pessoal dos porta- seis anos de idade; IV. Atendimento no ensino fundamen-
tal, através de programas suplementares de material didá-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

dores de deficiência desde que a diferenciação ou preferência


não limite em si mesmo o direito a igualdade dessas pessoas e tico-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação”. Em seu Art. 55 dispõe que “os pais ou responsável têm a
obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede re-
12. Legislação brasileira - marcos legais gular de ensino.”

A sociedade brasileira tem elaborado dispositivos legais 15. Lei de diretrizes e bases da educação nacional
que, tanto explicitam sua opção política pela construção (1996)
de uma sociedade para todos, como orientam as políticas
públicas e sua prática social. Os municípios brasileiros receberam, a partir da Lei de
Diretrizes e Bases Nacionais, Lei no. 9.394, de 20.12.1996,
13. Constituição federal (1988) a responsabilidade da universalização do ensino para os
cidadãos de 0 a 14 anos de idade, ou seja, da oferta de
A Constituição da República Federativa do Brasil de Educação Infantil e Fundamental para todas as crianças e
1988 assumiu, formalmente, os mesmos princípios pos- jovens que neles residem. Assim, passou a ser responsa-
tos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Além bilidade do município formalizar a decisão política e de-

86
senvolver os passos necessários para implementar, em sua 18. Convenção interamericana para eliminação de
realidade sócio-geográfica, a educação inclusiva, no âmbi- todas as formas de discriminação contra as pessoas
to da Educação Infantil e Fundamental. com deficiência (2001)

16. Política nacional para a integração da pessoa Em 08 de outubro de 2001, o Brasil através do Decreto
portadora de deficiência - decreto n° 3.298 (1999) 3.956, promulgou a Convenção Interamericana para a Eli-
minação de Todas as Formas de Discriminação Contra as
A política nacional para a integração da pessoa porta- Pessoas Portadoras de Deficiência. Ao instituir esse Decre-
dora de deficiência prevista no Decreto 3298/99 adota os to, o Brasil comprometeu-se a: Tomar as medidas de cará-
seguintes princípios: ter legislativo, social, educacional, trabalhista ou de qual-
I.II Desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da quer outra natureza, que sejam necessárias para eliminar a
sociedade civil, de modo a assegurar a plena integra- discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência
ção da pessoa portadora de deficiência no contexto e proporcionar a sua plena integração à sociedade (...): a)
socioeconômico e cultural; medidas das autoridades governamentais e/ou entidades
II.I Estabelecimento de mecanismos e instrumentos privadas para eliminar progressivamente a discriminação
legais e operacionais que assegurem às pessoas e promover a integração na prestação ou fornecimento
portadoras de deficiência o pleno exercício de seus de bens, serviços, instalações, programas e atividades, tais
direitos básicos que, decorrentes da Constituição e como o emprego, o transporte, as comunicações, a habita-
das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e ção, o lazer, a educação, o esporte, o acesso à justiça e aos
econômico; serviços policiais e às atividades políticas e de administra-
III. Respeito às pessoas portadoras de deficiência, que ção; 2. Trabalhar prioritariamente nas seguintes áreas:
devem receber igualdade de oportunidades na so- a) prevenção de todas as formas de deficiência;
ciedade, por reconhecimento dos direitos que lhes b) detecção e intervenção precoce, tratamento, reabili-
são assegurados, sem privilégios ou paternalismos. tação, educação, formação ocupacional e prestação
No que se refere especificamente à educação, o De- de serviços completos para garantir o melhor nível
creto estabelece a matrícula compulsória de pessoas de independência e qualidade de vida para as pesso-
com deficiência, em cursos regulares, a consideração as portadoras de deficiência;
da educação especial como modalidade de educa- c) sensibilização da população, por meio de campanhas
ção escolar que permeia transversalmente todos os de educação, destinadas a eliminar preconceitos, es-
níveis e modalidades de ensino, a oferta obrigatória tereótipos e outras atitudes que atentam contra o
e gratuita da educação especial em estabelecimen- direito das pessoas a serem iguais, permitindo des-
tos públicos de ensino, dentre outras medidas (Art. ta forma o respeito e a convivência com as pessoas
24, I, II, IV). portadoras de deficiência.

17. Plano nacional de educação (2001) 19. Diretrizes nacionais para a educação especial na
educação básica (2001)
A Lei n° 10.172/01, aprova o Plano Nacional de Educa-
ção e dá outras providências. O Plano Nacional de Educa- A Resolução CNE/CEB n° 02/2001, instituiu as Diretrizes
ção estabelece objetivos e metas para a educação das pes- Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,
soas com necessidades educacionais especiais, que dentre que manifesta o compromisso do país com “o desafio de
eles, destacam-se os que tratam: construir coletivamente as condições para atender bem à
- do desenvolvimento de programas educacionais em diversidade de seus alunos”. Esta Resolução representa um
todos os municípios, e em parceria com as áreas de avanço na perspectiva da universalização do ensino e um
saúde e assistência social, visando à ampliação da marco da atenção à diversidade, na educação brasileira,
oferta de atendimento da educação infantil; quando ratifica a obrigatoriedade da matrícula de todos os CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
- dos padrões mínimos de infraestrutura das escolas alunos e assim declara:
para atendimento de alunos com necessidades edu- “Os sistemas de ensino devem matricular todos os
cacionais especiais; alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o aten-
- da formação inicial e continuada dos professores para dimento aos educandos com necessidades educacionais
atendimento às necessidades dos alunos; especiais, assegurando as condições necessárias para uma
- da disponibilização de recursos didáticos especiali- educação de qualidade para todos.” Dessa forma, não é
zados de apoio à aprendizagem nas áreas visual e o aluno que tem que se adaptar à escola, mas é ela que,
auditiva; consciente da sua função, coloca-se à disposição do aluno,
- da articulação das ações de educação especial com a tornando-se um espaço inclusivo. A educação especial é
política de educação para o trabalho; concebida para possibilitar que o aluno com necessidades
- do incentivo à realização de estudos e pesquisas nas educacionais especiais atinja os objetivos propostos para
diversas áreas relacionadas com as necessidades sua educação. A proposição da política expressa nas Dire-
educacionais dos alunos; trizes, traduz o conceito de escola inclusiva, pois centra seu
- do sistema de informações sobre a população a ser foco na discussão sobre a função social da escola e no seu
atendida pela educação especial. projeto pedagógico.

87
20. Documentos norteadores da prática educacional - A relação educação e trabalho no Brasil e a emergên-
para alunos com necessidades educacionais especiais cia da nova legislação da Educação Profissional;
- Balizamentos e marcos normativos da Educação Pro-
Em consonância com os instrumentos legais acima fissional;
mencionados, o Brasil elaborou documentos norteadores - Educação Profissional/Educação Especial: faces e for-
para a prática educacional, visando especialmente superar mas;
a tradição segregatória da atenção ao segmento popula- - Desdobramentos possíveis no âmbito de uma agenda
cional constituído de crianças, jovens e adultos com neces- de capacitação docente;
sidades educacionais especiais. - Desafios para implementação de uma política de Edu-
cação Profissional para o aluno da Educação Especial.
21. Saberes e práticas da inclusão
23. Direito à educação
O documento “Saberes e Práticas da Inclusão na Edu-
cação Infantil”, publicado em 2003, aponta para a neces- O documento “Direito à Educação - Subsídios para a
sidade de apoiar as creches e as escolas de educação in- Gestão do Sistema Educacional Inclusivo, apresenta um
fantil, a fim de garantir, a essa população, condições de conjunto de textos que tratam da política educacional no
acessibilidade física e de acessibilidade a recursos materiais âmbito da Educação Especial - subsídios legais que devem
e técnicos apropriados para responder a suas necessidades embasar a construção de sistemas educacionais inclusivos.
educacionais especiais. O documento é constituído de duas partes: Orientações
Para tanto, o documento se refere à necessidade de Gerais
“disponibilizar recursos humanos capacitados em educa- - A política educacional no âmbito da Educação Espe-
ção especial/ educação infantil para dar suporte e apoio ao cial;
docente das creches e pré-escolas, ou centros de educação - Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Edu-
infantil, assim como possibilitar sua capacitação e educa- cação Básica - Parecer 17/2001;
ção continuada, por intermédio da oferta de cursos ou es- - Fontes de Recursos e Mecanismos de Financiamentos
tágios em instituições comprometidas com o movimento da Educação Especial;
da inclusão”; Orienta, ainda, sobre a necessidade de divul- - Evolução Estatística da Educação Especial. Marcos
gação “da visão de educação infantil, na perspectiva da in- Legais Trata do Ordenamento Jurídico, contendo as
clusão”, para as famílias, a comunidade escolar e a socieda- leis que regem a educação nacional e os direitos das
de em geral, bem como do estabelecimento de parcerias pessoas com deficiência, constituindo importantes
com a área da Saúde e da Assistência Social, de forma que subsídios para embasamento legal a gestão dos sis-
“possam constituir-se em recursos de apoio, cooperação temas de ensino.
e suporte”, no processo de desenvolvimento da criança. O
documento “Saberes e Práticas da Inclusão no Ensino Fun- Inclui a seguinte legislação:
damental” publicado em 2003 reconhece que: - Constituição da República Federativa do Brasil /88
- Toda pessoa tem direito à educação, independente- - Lei 7853/89 - Dispõe sobre o apoio às pessoas porta-
mente de gênero, etnia, deficiência, idade, classe so- doras de deficiência, sua integração social, sobre a
cial ou qualquer outra condição; Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
- O acesso à escola extrapola o ato da matrícula, impli- Portadora de Deficiência - CORDE, institui a tutela ju-
cando na apropriação do saber, da aprendizagem e risdicional de interesses coletivos ou difusos dessas
na formação do cidadão crítico e participativo; pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público,
- A população escolar é constituída de grande diversi- define crimes e dá outra providências. (Alterada pela
dade e a ação educativa deve atender às maneiras Lei 8.028/90)
peculiares dos alunos aprenderem. - Lei 8069/90 - Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

Adolescente e dá outras providências - ECA


22. Educação profissional - Lei 8859/94 - Modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de
07 de dezembro de 1977, estendendo aos alunos de
O documento “Educação Profissional - Indicações para ensino especial o direito à participação em ativida-
a ação: a interface educação profissional/educação espe- des de estágio.
cial” visa estimular o desenvolvimento de ações educa- - Lei 9394/96 - Estabelece as Diretrizes e Bases da Edu-
cionais que permitam alcançar a qualidade na gestão das cação Nacional - LDBEN.
escolas, removendo barreiras atitudinais, arquitetônicas e - Lei 9424/96 - Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e
educacionais para a aprendizagem, assegurando uma me- Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valoriza-
lhor formação inicial e continuada aos professores, com a ção do Magistério - FUNDEF.
finalidade de lhes propiciar uma ligação indispensável en- - Lei 10098/00 - Estabelece normas gerais e critérios bá-
tre teoria e prática. sicos para a promoção da acessibilidade das pessoas
Destaca ainda, a importância da articulação e parceria portadoras de deficiência ou com mobilidade redu-
entre as instituições de ensino, trabalho e setores empre- zida, e dá outras providências.
sariais para o desenvolvimento do Programa de Educação - Lei 10172/2001 - Aprova o Plano Nacional de Educa-
Profissional. O documento enfatiza as seguintes temáticas: ção e dá outras providências.

88
- Lei 10216/2001 - Dispõe sobre a proteção e os direi- - Resolução 09/78 - Conselho Federal de Educação -
tos das pessoas portadoras de transtornos mentais e Autoriza, excepcionalmente, a matrícula do aluno
redireciona o modelo assistencial em saúde mental. classificado como superdotado nos cursos superio-
- Lei 10436/02 - Dispõe sobre a Língua Brasileira de Si- res sem que tenha concluído o curso de 2º grau.
nais - Libras e dá outras providências. - Resolução 02/81 - Conselho Federal de Educação -
- Lei 10845/2004 - Institui o Programa de Complemen- Autoriza a concessão de dilatação de prazo de conclu-
tação ao Atendimento Educacional Especializado às são do curso de graduação aos alunos portadores de
pessoas portadoras de deficiência, e dá outras provi- deficiência física, afecções congênitas ou adquiridas.
dências - PAED. Decretos - Resolução 02/01 - Conselho Nacional de Educação -
- Decreto 2.264/97 - Regulamenta a Lei 9424/96 - FUN- Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial
DEF, no âmbito federal, e determina outras providên- na Educação Básica.
cias. - Resolução 01 e 02/02 - Conselho Nacional de Edu-
- Decreto 3.298/99 - Regulamenta a Lei no 7.853, de cação - Diretrizes Nacionais para a Formação de
24 de outubro de 1989, que dispõe sobre a Política Professores da Educação Básica, em nível superior,
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de graduação plena.
Deficiência, consolida as normas de proteção e dá - Resolução 01/04 - Conselho Nacional de Educação -
outras providências. Estabelece Diretrizes Nacionais para organização e
- Decreto 3030/99 - Dá nova redação ao art.2º do De- realização de Estágio de alunos do Ensino Profissio-
creto 1.680/95 que dispõe sobre a competência, a nalizante e Ensino Médio, inclusive nas modalidades
composição e o funcionamento do Conselho Consul- de Ensino Especial e Educação de Jovens e Adultos.
tivo da Coordenadoria Nacional para Integração da Aviso Circular
Pessoa Portadora de Deficiência. (CORDE) - Aviso Circular nº 277/ 96 - Dirigido aos Reitores das
- Decreto 3076/99 - Cria no âmbito do Ministério da IES solicitando a execução adequada de uma política
Justiça o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa educacional dirigida aos portadores de necessidades
Portadora de Deficiência. (CONADE). especiais. Parecer
- Decreto 3631/00 - Regulamenta a Lei 8899/94, que - Parecer Nº 17/01 DO CNE / Câmara de Educação Bá-
dispõe sobre o transporte de pessoas portadoras de sica - Diretrizes Nacionais para Educação Especial na
deficiência no sistema de transporte coletivo interes- Educação Básica.
tadual.
- Decreto 3.952/01 - Dispõe sobre o Conselho Nacional Fonte
de Combate à Discriminação (CNCD). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?op-
- Decreto 3956/01 -Promulga a Convenção Interameri- tion=com_content&view=article&id=12646:serie-educacao-
cana para a Eliminação de Todas as Formas de Discri- -inclusiva-referencias-para-construcao-dos-sistemas-educa-
minação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. cionais-inclusivos&catid=192:seesp-esducacao-especial
(Convenção da Guatemala) Portarias - MEC
- Portaria 1793/94 -Recomenda a inclusão da disciplina
Aspectos Ético - Político - Educacionais na normali-
zação e integração da pessoa portadora de necessi- EXERCÍCIO COMENTADO
dades especiais, prioritariamente, nos cursos de Pe-
dagogia, Psicologia e em todas as Licenciaturas. 1. (FNDE- Especialista em financiamento e execução de
- Portaria 319/99 - Institui no Ministério da Educação, programas e projetos educacionais- CESPE/2012) Com
vinculada à Secretaria de Educação Especial/SEESP a base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
Comissão Brasileira do Braille, de caráter permanente. julgue os próximos itens.
- Portaria 554/00 - Aprova o Regulamento Interno da “A educação especial compreende a modalidade de educa- CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
Comissão Brasileira do Braille ção oferecida preferencialmente na rede regular de ensino
- Portaria 3.284/03 - Dispõe sobre requisitos de acessi- para educandos portadores de necessidades especiais”.
bilidade de pessoas portadoras de deficiências, para
instruir os processos de autorização e de reconhe-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cimento de cursos e de credenciamento de institui-
ções.
- Portaria do Ministério do Planejamento 08/2001 - Resposta: Certo. As necessidades especiais engloba:
Atualiza e consolida os procedimentos operacionais deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
adotados pelas unidades de recursos humanos para altas habilidades ou superdotação.
a aceitação, como estagiários, de alunos regularmen- LDB Art. 58. Entende-se por educação especial, para
te matriculados e que venham frequentando, efetiva- os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
mente, cursos de educação superior, de ensino mé- oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
dio, de educação profissional de nível médio ou de para educandos com deficiência, transtornos globais do
educação especial, vinculados à estrutura do ensino desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
público e particular. Resoluções (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

89
2. (INSS - Analista – Pedagogia - FUNRIO – 2014) O ar- 3. (PREF. DE BETIM/MG – Técnico de Secretaria – PREF.
tigo 58 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional DE BETIM/2015) Sobre a Educação Especial, é INCORRETO
9394, de1996, trata da educação especial como modali- afirmar que
dade de educação escolar oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos com deficiência, a) desde a sua origem, a educação especial se caracteriza
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades por uma perspectiva inclusiva, em que se consideram as
ou superdotação, e define que necessidades educacionais específicas da criança.
b) durante muito tempo, a educação especial foi oferecida
a) haverá, quando necessário, serviços de apoio especiali- em instituições especializadas, escolas especiais e clas-
zado para atender às peculiaridades da clientela e que o ses especiais, em substituição ao ensino comum.
atendimento educacional será feito em classes, escolas c) o projeto pedagógico da escola deve articular a educa-
ou serviços especializados, sempre que, em função das ção comum e a educação especial, buscando atender às
condições específicas dos alunos, não for possível a sua necessidades dos educandos.
integração nas classes comuns de ensino regular. d) o trabalho colaborativo entre os professores da sala
b) haverá sempre serviços de especialistas nas escolas para de aula comum e o da sala de recursos multifuncionais
atendimento da clientela e que o atendimento será sem- busca promover condições de aprendizagem da criança
pre oferecido nas classes comuns das escolas de ensino com deficiência.
regular e especializado, em função da obrigatoriedade
da lei. Resposta: Letra A. “Incidindo na organização dos sis-
c) são desnecessários os serviços de apoio especializado temas de ensino o projeto orienta o Atendimento Edu-
nas escolas, mas fora dela os alunos deverão frequentar cacional Especializado nas salas de recursos multifun-
as classes formadas unicamente para melhor atendê-los cionais em turno oposto ao frequentado nas turmas
em suas necessidades educativas especiais. comuns e possibilita ao professor rever suas práticas à
d) estarão disponíveis, sempre que for necessário, especia- luz dos novos referenciais pedagógicos da inclusão.
listas adequados ao atendimento das necessidades edu- O curso desenvolvido na modalidade a distância, com
cativas especiais e que as classes mistas serão organiza- ênfase nas áreas da deficiência física, sensorial e mental,
das em turnos distintos para melhor acompanhamento está estruturado para: trazer o contexto escolar dos pro-
dos casos. fessores para o foco da discussão dos novos referenciais
e) haverá atendimento prioritário aos alunos com neces- para a inclusão dos alunos”
sidades educativas especiais por especialistas a serem
contratados pelas escolas e que as classes serão orga-
nizadas segundo os tipos de transtornos ou deficiências
os superdotação.

Resposta: Letra A. Art. 58º. Entende-se por educação es-


pecial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educa-
ção escolar, oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos portadores de necessidades
especiais.
§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio espe-
cializado, na escola regular, para atender às peculiarida-
des da clientela de educação especial.
§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes,
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

das condições específicas dos alunos, não for possível a


sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional
do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos,
durante a educação infantil.

90
HORA DE PRATICAR!

1. (UFPB – Pedagogo – Superior – IDECAN/2016) Associe, adequadamente, os estágios do desenvolvimento da inteligên-


cia, apresentados pela Teoria Psicogenética de Jean Piaget, às seguintes afirmativas.

A sequência está correta em

a) 1, 3, 2, 4.
b) 3, 2, 1, 4.
c) 4, 2, 3, 1.
d) 2, 1, 4, 3.

2. (UFPB – Pedagogo – Superior – IDECAN/2016) O processo de avaliação e intervenção psicopedagógica se desenvolve


a partir de aprendizagem e de todos os seus determinantes, que se trata da investigação de porque uma criança ou um
adolescente não está aprendendo dentro dos padrões estabelecidos pela escola, pela família e até mesmo pela sociedade.
Tendo a investigação como ponto de partida, a queixa apresentada pela escola ou pela família e até pelo sujeito, o psico-
pedagogo deverá decidir qual instrumento de avalição utilizará no contexto psicopedagógico clínico. Considerando que o
psicopedagogo decidiu-se pela aplicação das provas projetivas, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Par educativo.
b) Figura humana.
c) Família educativa.
d) Conservação de peso

3. (UFPB – Pedagogo – Superior – IDECAN/2016) A composição, funções, responsabilidades e funcionamento dos Con-
selhos Escolares devem ser estabelecidos pela própria escola, a partir de sua realidade concreta e garantindo a natureza
essencialmente político-educativa do Conselho Escolar, que se expressa no “olhar” comprometido que desenvolve durante
todo o processo educacional, com uma focalização privilegiada na aprendizagem. Sua atuação, desta forma, se volta para
o planejamento, a aplicação e a avaliação das ações da escola. Com o objetivo de desenvolver um acompanhamento res-
ponsável, ético e propositivo do processo educativo na escola, e visando uma educação emancipadora, o Conselho Escolar
deve estar atento a alguns aspectos extremamente relevantes desse processo, compreendendo que:
I. A aprendizagem é decorrente da construção coletiva do conhecimento e não se basta à transmissão de informações.
II. O projeto de educação que a escola vai desenvolver, dando sentido às suas ações, deve ser discutido, deliberado e se-
guido por todos. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
III. O sentido de pluralidade nas relações sociais da escola, com respeito às diferenças existentes entre os sujeitos sociais,
deve ser a marca do processo educativo.
IV. A unidade do trabalho escolar deve ser garantida utilizando-se o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola como
instrumento para possibilitar a fragmentação das ações.
V. O sentido de qualidade na educação deve ser a transposição do conceito do mundo empresarial para a escola, isto é, na
educação, esse sentido necessita estar referenciado no mercado e não no social.
Estão corretas apenas as afirmativas

a) I e II.
b) IV e V.
c) I, II e III.
d) II, III e IV.

91
4. (UFPB – Pedagogo – Superior – IDECAN/2016) A edu- 6. (SEE/DF – Professor de Ed. Básica – Superior – CES-
cação escolar é composta de: educação básica, educação PE/2017) As relações pessoais estabelecidas entre o edu-
especial e ensino superior conforme disposto no Art. 21 da cador e a turma relacionam-se ao aspecto socioemocional.
Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394/1996. Sobre o expos-
to, assinale a afirmativa correta. ( ) CERTO ( ) ERRADO

a) Está incorreto, pois o ensino superior não é um dos ní- 7. (SEE/DF – Professor de Ed. Básica – Superior – CES-
veis da educação escolar. PE/2017) A interação humana possui valor pedagógico
b) Está incorreto, pois falta ainda relacionar a Educação de fundamental, pois é por intermédio das relações professor/
Jovens e Adolescentes e Educação Técnica e Tecnológi- aluno e aluno/aluno que o conhecimento se constrói cole-
ca. tivamente
c) Está incorreto, pois a educação escolar é composta ape-
nas de dois níveis, a saber, a educação básica e ensino ( ) CERTO ( ) ERRADO
superior.
d) Está correto, pois um dos níveis da educação básica é com- 8. (SEE/DF – Professor de Ed. Básica – Superior – CES-
posto da educação infantil, ensino fundamental, ensino mé- PE/2017) A exigência de que o professor trace os obje-
dio e educação especial, e outro nível é o ensino superior. tivos, organize o planejamento da aula e busque formas
de estabelecer uma comunicação que garanta a aprendi-
5. (UFPB – Pedagogo – Superior – IDECAN/2016) A di- zagem efetiva está diretamente relacionada ao aspecto so-
dática é o principal ramo de estudo da pedagogia, pois ela cioemocional.
situa-se num conjunto de conhecimentos pedagógicos, in-
vestiga os fundamentos, as condições e os modos de rea- ( ) CERTO ( ) ERRADO
lização da instrução e do ensino, portanto é considerada a
ciência de ensinar. Nesse contexto, o professor tem como 9. (SEE/DF – Professor de Ed. Básica – Superior – CES-
papel principal garantir uma relação didática entre ensino e PE/2017) Conforme a teoria da aprendizagem por desco-
aprendizagem através da arte de ensinar, pois ambos fazem berta, o crescimento cognitivo da criança se dá por assi-
parte de um mesmo processo. Segundo Libâneo (1994), o milação e acomodação e, para isso, o indivíduo constrói
professor tem o dever de planejar, dirigir e controlar esse esquemas mentais de assimilação para abordar a realidade.
processo de ensino, bem como estimular as atividades e Essa teoria baseia-se nos pressupostos de que todo esque-
competências próprias do aluno para a sua aprendizagem. ma de assimilação é construído e toda abordagem da rea-
Acerca do exposto e analisando sobre a organização da lidade supõe um esquema de assimilação.
aula e seus componentes didáticos do processo educacio-
nal, relacione adequadamente as colunas a seguir. ( ) CERTO ( ) ERRADO
1. Objetivo.
2. Conteúdo. 10. (SEE/DF – Professor de Ed. Básica – Superior – CES-
3. Método. PE/2017) O objetivo geral expressa de forma exclusiva as
4. Avaliação. expectativas do professor sobre o que ele deseja obter dos
alunos no processo de ensino. Ao iniciar o planejamento, o
( ) Constitui de uma tarefa didática necessária para o traba- professor deve analisar e prever quais resultados ele pre-
lho docente, que deve ser acompanhado passo a passo no tende obter com relação à aprendizagem dos alunos.
processo de ensino e aprendizagem.
( ) Constitui de uma ação intencional e sistemática e são exigên- ( ) CERTO ( ) ERRADO
cias que requerem do professor um posicionamento reflexivo,
que o leve a questionamentos sobre a sua própria prática. 11. (SEE/DF – Professor de Ed. Básica – Superior – CES-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

( ) Constitui dos saberes advindos do conjunto social for- PE/2017) A andragogia defende que os adultos, assim
mado pela cultura, ciência, técnica e arte, sendo ainda o como as crianças, devem aprender o que a sociedade espe-
elemento de mediação no processo de ensino. ra que eles saibam, por meio de um currículo padronizado.
( ) Constitui as formas que o professor organiza as suas ativida-
des de ensino e de seus alunos e regulam as formas de intera- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ção entre ensino e aprendizagem, na qual os resultados obtidos
é assimilação consciente de conhecimentos e desenvolvimento 12. (SEE/DF – Professor de Ed. Básica – Superior – CES-
das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos. PE/2017) A orientação de aprendizagem para adultos
deve basear-se em assuntos ou matérias.
A sequência está correta em
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) 1, 2, 3, 4.
b) 4, 1, 2, 3.
c) 3, 2, 1, 4.
d) 2, 4, 1, 3.

92
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 A __________________________________________________
2 D ___________________________________________________
3 C
___________________________________________________
4 C
___________________________________________________
5 B
6 CERTO ___________________________________________________
7 CERTO ___________________________________________________
8 ERRADO
___________________________________________________
9 ERRADO
10 ERRADO ___________________________________________________

11 ERRADO ___________________________________________________
12 ERRADO ___________________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO
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93
ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - PEDAGOGO

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