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Questão 5

Ao longo da sua filosofia Descartes irá defender, entre outras coisas, a diferença entre
alma e corpo como sendo duas substâncias distintas. As argumentações a favor dessa
distinção podem ser encontradas nas Meditações sobre Filosofia Primeira ou Meditações
Metafisicas – precisamente, as argumentações que vão da segunda a sexta meditação.
Descartes concebe substância como toda a coisa que existe em si mesma, que não
possui a necessidade de nada além de si mesma para existir. Semelhantemente, Spinoza
definirá substância, na sua obra Ética, como: “Por substância compreendo aquilo que existe
em si mesmo e que por si mesmo é concebido, isto é, aquilo cujo conceito não exige o
conceito de outra coisa do qual deva ser formado.” (Parte I, Definição 3).
Essa maneira de conceber a substância; como aquilo que existe por si mesmo,
permitirá a Descartes, ao longo das Meditações, estabelecer dois tipos de substâncias: a res
cogitans e a res extensa. Assim, segundo Descartes, a alma seria definida como uma
substância pensante (res cogitans), enquanto o corpo uma substância extensa (res extensa).
Além disso, apresenta uma terceira concepção de substância, a res divina (Deus) – a que mais
se aproximará da ideia de substância defendida por Spinoza – uma substância absoluta,
perfeita e infinita, e que assim sendo, permitirá que as todas as outras coisas existam.
A noção de substância é fundamental, tanto para Descartes como para Spinoza. No
âmbito do sistema cartesiano, por exemplo, tendo por fundamento o conceito de substância,
podemos compreender as suas argumentações a respeito de como podemos obter
conhecimento seguro; a prova da existência de Deus e a relação entre os aspectos psíquicos e
físicos no âmbito da relação entre alma e corpo.
Nesse último ponto em específico, Descartes sofrerá algumas objeções, dentre elas as
de Spinoza. Para os autores que apresentam tais objeções, Descartes não responde
satisfatoriamente como é possível a relação causal entre essas duas substâncias, a saber,
relação entre extensão (corpo) e pensamento (alma), visto que, se por uma lado, o autor
defende que existe uma distinção clara entre essas duas substâncias, por outro lado, precisa
explicar a relação entre extensão e pensamento, tendo em vista que, de alguma maneira, há
relação entre ambas. A fim de resolver este problema, sugeriu que essa relação daria-se por
meio de uma glândula que ligaria essas duas instâncias, até então concebidas como
independentes; Descartes a chamou de glândula pineal. No entanto, como foi dito, essa
resposta é concebida por muitos como insatisfatória, pois essa glândula pineal ainda faz parte
do corpo e, sendo assim, parece não ser suficiente para justificar a relação em questão.
Diferentemente de Descartes, Spinoza não concebe a existência de duas substâncias,
mas sim a de uma única substância (concebida como sinônimo de Deus), que por sua vez, é
infinita, eterna1 e imutável. No sistema de Spinoza, a substância é a primeira ideia e o
primeiro ser, que é fundamento da derivação de todas as outras ideias e entes da realidade.
Segundo Spinoza, tudo não apenas deriva da substância, como também não há nada fora e,
muito menos além, dela. Além disso, Spinoza afirma que a substância divina é causa sui, isto
é, causa de si mesma; portanto, não foi gerada ou concebida por nenhum outro ente senão por
ela mesma. A fim de justificar a totalidade dos entes existentes na realidade, Spinoza irá
defender que a substância única possui infinitos atributos – cujo quais, conhecemos apenas
pensamento e extensão –, e que estes ainda possuem infinitos modos. Por exemplo, as almas
humanas são modos do atributo pensamento, enquanto que, os corpos são modos do atributo
extensão. Desse modo, é evidente que no sistema de Spinoza há uma hierarquia, onde a
substância, por ser o único ente perfeito que permite a derivação de todos os outros, ocupa o
mais alto grau.
Analisando comparativamente os dois autores, portanto, podemos afirmar que eles,
embora possuam uma definição de substância semelhante – conforme foi apresentado
anteriormente –, os seus respectivos sistemas irão ter pontos de partida e consequências
distintas. Se, por um lado, para Descartes, o ponto de partida de toda a sua investigação
filosófica é o pensamento, isto é, o cogito ergo sum (res cogitans) – para, por meio da certeza
indubitável desta, poder dar estatuto ontológico às coisas materiais (res extensa) –, por outro
lado, para Spinoza, o ponto de partida é a própria substância única, que concebida enquanto
tal, garante a existência de toda a realidade, seja considerada do ponto de vista do
pensamento, seja considerada do ponto de vista material – que nos são apresentados enquanto
atributos e modos desta mesma substância. Sendo assim, as consequências também serão
distintas; se em Descartes desenvolve-se por consequência de sua investigação um dualismo
de substâncias, em Spinoza, pelo contrário, irá desenvolver-se um monismo substancial, uma
vez que ele não concebe a existência senão de uma substância.

1
É importante ressaltar que eternidade em Spinoza não deve ser entendida enquanto uma duração infinita, uma
vez que a substância enquanto tal não possui nenhuma duração. A eternidade da substância, segundo Spinoza,
deve ser concebida enquanto a identidade entre essência e existência.

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