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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELIANO MATOS

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM QUíMICA

JOSÉ DE FATIMA SENA BATISTA

A IMPORTÂNCIA DO USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)


AGRÍCOLA COMO INSTRUMENTO NO COMBATE A INTOXICAÇÃO POR
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS NA COMUNIDADE AGRÍCOLA DE BARREIRAS EM
QUIXERÉ

LIMOEIRO DO NORTE – CEARÁ

2019
JOSÉ DE FATIMA SENA BATISTA

A IMPORTÂNCIA DO USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)


AGRÍCOLA COMO INSTRUMENTO NO COMBATE A INTOXICAÇÃO POR
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS NA COMUNIDADE AGRÍCOLA DE BARREIRAS EM
QUIXERÉ

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura Plena em Química da
Faculdade de Filosofia Dom Aureliano
Matos da Universidade Estadual do
Ceará, como requisito parcial para à
obtenção do grau de licenciado em
Química.

Orientado
ra: Prof.ª Danielle Monteiro

LIMOEIRO DO NORTE – CEARÁ

2019
JOSÉ DE FATIMA SENA BATISTA

A IMPORTÂNCIA DO USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)


AGRÍCOLA COMO INSTRUMENTO NO COMBATE A INTOXICAÇÃO POR
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS NA COMUNIDADE AGRÍCOLA DE BARREIRAS EM
QUIXERÉ

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura Plena em Química da
Faculdade de Filosofia Dom Aureliano
Matos da Universidade Estadual do
Ceará, como requisito parcial para à
obtenção do grau de licenciado em
Química.

Aprovada em: ____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

Banca fictícia
_______________________________________________________________
Prof. Ms. Aureliano de Oliveira Alves – Orientador
Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos – FAFIDAM
Universidade Estadual do Ceará – UECE

_______________________________________________________________
Prof. Ms. Francisca Daniele Costa de Lima Beserra
Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos – FAFIDAM
Universidade Estadual do Ceará – UECE

_______________________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Carlos de Oliveira
Primeiramente a Deus e a minha família,
especialmente meus pais, João Batista
Neto e Antônia Teles de Sena Batista que
sempre me incentivaram e me apoiaram
durante minha vida acadêmica.
“A agricultura é a arte de saber esperar.”

(Riccardo Bacchelli)
Resumo

O presente trabalho tem como objetivo conscientizar os produtores rurais da


comunidade de Barreiras na cidade de Quixeré, sobre os riscos em se utilizar
defensivos agrícola sem a utilização de equipamentos de proteção individual.
ABSTRACT
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade agricultores desenvolvem meios para controlar


agente biológicos nocivos à agricultura, competindo pelo alimento. Registros
Romanos e Gregos mencionaram o uso de certos produtos como o arsênico e o
enxofre para o controle de insetos nos primórdios da agricultura. A partir do século
XVI registra-se o emprego de substâncias orgânicas como a nicotina e o piretros
extraído de plantas na Europa e EUA. (RIGOTTO, 2011).

Entretanto, nas últimas décadas, o uso de defensivos vem se difundindo


intensamente na agricultura, e também no tratamento de madeiras, construção e
manutenção de estradas, nos domicílios e até nas campanhas de saúde pública de
combate a malária, doença de chagas, dengue, etc (Silva et al, 2005).

A procura desses produtos aumentou a partir da segunda metade do


século XX, quando pesquisadores e empreendedores de países industrializados
prometiam, através de um conjunto de técnicas, aumentar de modo estrondoso a
produtividade agrícola e resolver o problema da fome nos países em
desenvolvimento. Conformava-se a chamada Revolução Verde, como modelo de
produção racional, voltado à expansão das agroindústrias, com base na intensiva
utilização de sementes híbridas, de insumos industriais (fertilizantes e defensivos),
mecanização da produção, uso extensivo de tecnologia no plantio, na irrigação e na
colheita, assim como no gerenciamento (Moreira, 2000).

A agricultura, como vimos, demanda frequentes aplicações de defensivos


e para Schmitt (2007 apud AZEVEDO et.al, 2008) a exposição direta desses
produtos pode causar intoxicações agudas, acompanhadas de sintomas ̧ como
náuseas, mas também diversos efeitos crônicos como o câncer, depressão, alergias
respiratórias, dermatites, genotoxidade (mutagênese), alterações na reprodução,
efeitos sobre o desenvolvimento e má formação congênita.

Segundo Monquero (2009), o uso seguro de defensivos exige o uso


correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e a sub-utilização ou
utilização ineficiente destes EPI representa grande perigo à saúde do aplicador,
causando elevação significativa no número de intoxicações. De acordo com
Coutinho et al. (1994), na agricultura brasileira, especialmente em pequenas
comunidades rurais, é comum deparar-se com trabalhadores rurais sem os EPI
obrigatórios durante a manipulação e a aplicação de produtos químicos.

A pequena cidade de Quixeré localizada na região do vale de Jaguaribe, a


218 km de distância da capital Fortaleza, com uma população em torno de 21.876
habitantes (IBGE, 2017), possui intensa atividade agrícola entre suas comunidades,
principalmente nas propriedades da chapada do Apodi, onde se encontra diversas
empresas agrícolas produzindo frutas e grãos para o comércio interno e externo.

Sobre essa comunidade e em especial a pequena comunidade de


Barreiras, que dentre os variados meios de sobrevivência das pessoas daquela
região, está a agricultura como o principal meio de renda da população. No mesmo
ritmo em que se aumenta a quantidade de área plantada, intensificou-se a procura
por insumos agrícolas, tais como, ferramentas, implementos, material para irrigação,
adubos e defensivos. Por conta dessa procura principalmente por produtos
químicos, produtores da região negligenciam na adoção dos cuidados obrigatórios
ao se fazer uso dos defensivos, colocando em risco sua saúde.

2 – JUSTIFICATIVA

O Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária


(AVISA) é o país que mais consome defensivos no mundo, gastando em média um
milhão de toneladas por ano, isto é o equivalente a 5,2 kg de produto por habitante.
Hoje a forma como é feito o cultivo agrícola no Brasil, coexiste embasado numa
dependência do uso de produtos químicos na produção em larga escala. O sistema
de mercado se tornou tão competitivo, que influencia os produtores a produzir
quantidades cada vez maiores com o uso de defensivos com o intuito de controlar
agentes biológicos prejudiciais à cultura cultivada. Os defensivos também podem ser
conhecidos por pesticidas, defensivos agrícolas, agroquímicos e quem difere o
termo, considerando-o como vilão ou herói, depende da sua classificação de
produtor ou consumidor. O uso em si do produto, talvez não seja o problema, mas, o
uso exacerbado e incorreto podem potencializar e torná-lo um grande problema.
A comunidade de Barreiras, localizada no município de Quixeré, notificou
alguns casos de intoxicação possivelmente pelo uso de defensivos, devido a
presença na região de áreas cultivadas, produzindo frutas e grãos.

A partir de dados coletados e observações feitas nas propriedades, a


grande maioria dos produtores é negligente com relação ao uso de equipamentos de
proteção individual (EPI), importantíssimas ferramentas, capazes de evitar que o
trabalhador venha prejudicar sua saúde, devido a intoxicação por defensivos.

Os produtores da região desconhecem ou não se importam em se


proteger do mal que os defensivos causam à saúde humana, a curto prazo pode não
causar grande problemas, porém a longos períodos de aplicações constantes,
estudos já apontam os defensivos como sendo o agente principal no aparecimento
de doenças em trabalhadores que não se protegiam corretamente ao fazerem
aplicações de produtos químicos em suas plantações (SILVA, 2005).

3 – OBJETIVO
- Identificar se os produtores se protegem contra os efeitos nocivos dos
defensivos.
- Expor a importância do uso de EPIs em propriedades rurais na cidade
de Quixeré na comunidade de Barreiras.

- Conscientizar os produtores da região sobre a nocividade dos


defensivos com relação sua saúde.

4 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Elaborar material informativo com dicas e sugestões para evitar o risco


de intoxicação e distribuí-los nas visitas aos produtores rurais.

- Apresentar de forma didática, o uso dos equipamentos de proteção


Individual e o seu funcionamento, para os agricultores da comunidade de Barreiras,
alertando sobre os perigos na falta do uso dos mesmos.
5 – METODOLOGIA

Os meios de como o projeto será realizado, serão por meio de


observações nas propriedades e por entrevistas, no qual os responsáveis e os
funcionários responderão um questionário.

Num primeiro momento será feito uma visita nas propriedades, com o
intuito de observar se os mesmos utilizam produtos químicos em suas plantações e
se os funcionários responsáveis pela aplicação do produto usam os EPIs.

Em sequência a pesquisa, será realizado uma pequena entrevista


contendo perguntas simples de resposta fáceis, acerca dos temas EPI’s e
defensivos, com todos os que trabalham nas propriedades. A coleta dos dados da
referida entrevista mostrará um caminho que se possa encontrar respostas acerca
de como a falta de proteção no manuseio de defensivos causa algum mal à saúde
do indivíduo.

6 - REFERENCIAL TEORICO

6.1 - DEFENSIVOS

Chamados também de agrotóxicos ou produtos fitossanitários, os


defensivos agrícolas desempenham importante papel na agricultura, visto que
previnem perdas de produtividade devido a plantas espontâneas, insetos, fungos,
etc. Sem eles, a demanda de alimentos tornaria-se rapidamente maior do que a
oferta, em razão de perdas por problemas fitossanitários.

De acordo com a lei federal Nº 7.802 de 11 de julho de 1989,


regulamentada pelo decreto 4.074 de 4 de janeiro de 2002, os defensivos são...

“[...] produtos e componentes de processo físicos, químicos ou


biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na produção de
florestas nativas ou implantadas, e em outros ecossistemas e também
ambientes urbanos, hídricos e industriais; cuja finalidade seja alterar a
composição da flora e da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de
seres vivos considerados nocivos. São considerados, também, como
agrotóxicos, substâncias e produtos como desfolhantes, dessecantes,
estimulantes e inibidores de crescimento. (BRASIL, 2002)”

A utilização dos defensivos é vasta e extensiva, na maioria das culturas.


No geral sua utilização tem crescido bastante, pois a busca por maior produtividade
é fundamental para a sobrevivência dos negócios. O controle de agentes biológicos
nocivos a cultura plantada, pela aplicação de fungicidas, inseticidas, acaricidas e
herbicidas, é um dos principais desafios dos produtores agrícolas. Se tal controle
não for eficaz, haverá uma substancial redução na produção, diminuindo a
rentabilidade e influenciando os preços dos produtos agrícolas. (NUNES,S. 2016)

Entre os defensivos agrícolas são encontrados produtos que controlam


plantas espontâneas (herbicidas), insetos (inseticidas), fungos (fungicidas), bactérias
(bactericidas), ácaros (acaricidas) e nematoides (nematicida). Também são
considerados defensivos agrícolas os reguladores de crescimento, que aceleram o
amadurecimento e floração de plantas. (NUNES,S. 2016)

Em paralelo ao crescente aumento do setor agrícola, o uso de produtos


químicos acompanha na mesma velocidade, no mundo são cerca de 20 empresas
que controlam este mercado, sendo os defensivos os produtos mais
comercializados. As grandes empresas que comercializam estes produtos são:
Syngenta, Bayer, Monsanto, BASF, Dow AgroSciences, Du Pont, MAI e Nufarm
(SINDAG, 2009).

6.2 - SURGIMENTOS DOS DEFENSIVOS

Desde a antiguidade agricultores desenvolvem meios para controlar


agente biológicos nocivos à agricultura, competindo pelo alimento. Registros
Romanos e Gregos mencionaram o uso de certos produtos como o arsênico e o
enxofre para o controle de insetos nos primórdios da agricultura. A partir do século
XVI registra-se o emprego de substâncias orgânicas como a nicotina e o piretro
extraído de plantas na Europa e EUA. (RIGOTTO, 2011).

Os defensivos orgânicos sintéticos começaram a ser utilizados em larga


escala na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, com o propósito de
proteger os soldados das regiões tropicais e subtropicais da Ásia e da África, das
pragas transmissoras da doença-do-sono, malária e outros. Com a necessidade de
proteger seus exércitos, novas pesquisas foram feitas resultando no
desenvolvimento de vários outros tipos de defensivos. (BANCO, 2003).

A descoberta da atividade inseticida do 1,1,1-tricloro-2,2-di(ρ-clorofenil)


etano (figura 1), conhecida como DDT, foi de grande serventia, já que foi largamente
utilizados pela primeira vez em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, para
combater piolhos nas tropas americanas na Europa, que transmitiam uma doença
chamada tifo exantemático. (BANCO, 2003).

Figura 1- Fórmula estrutural do DDT

Só com o fim da Segunda Guerra Mundial, a indústria bélica norte-


americana começa a produzir agrotóxicos, destinando-os a agricultura, como afirma
(ANDRADES E GANIMI, 2007 apud SANTOS e POLINARSKI, 2012, p. 05):

(...) já findada a Guerra, muitas indústrias químicas que abasteciam a


indústria bélica norte-americana começaram a produzir e a incentivar o uso
de agrotóxico: herbicida, fungicida, inseticida e fertilizantes químicos na
produção agrícola para eliminar fungos, insetos, ervas daninhas (ROSA,
1998). Não se pode esquecer também a construção e adoção de um
maquinário pesado, como: tratores, colheitadeira, para serem utilizados nas
diversas etapas da produção agrícola, desde o plantio até a colheita,
finalizando, assim, o ciclo de inovações tecnológicas promovido pela
Revolução Verde. (p 45)

A procura desses produtos aumentou a partir da segunda metade do


século XX, quando pesquisadores e empreendedores de países industrializados
prometiam, através de um conjunto de técnicas, aumentar de modo estrondoso a
produtividade agrícola e resolver o problema da fome nos países em
desenvolvimento. Conformava-se a chamada Revolução Verde, como modelo de
produção racional, voltado à expansão das agroindústrias, com base na intensiva
utilização de sementes híbridas, de insumos industriais (fertilizantes e defensivos),
mecanização da produção, uso extensivo de tecnologia no plantio, na irrigação e na
colheita, assim como no gerenciamento (Moreira, 2000).

Com a implantação do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas, no


Âmbito do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), criado em 1975, foi o órgão
que proporcionou recursos financeiros para a criação de empresas nacionais e a
instalação de transnacionais de insumos agrícolas. Este fator determinou a enorme
disseminação de agrotóxicos no Brasil sem um sistema de controle e ainda, pouco
rigoroso, o que facilitou o registro de centenas de substâncias tóxicas, algumas
proibidas nos países desenvolvidos. Essa facilitação estendeu-se até o ano de 1989,
quando foi aprovada a Lei 7.802 (PELAEZ, et al, 2010 apud Santos e Polinarski,
2012, p. 06)

Em 2008, o Brasil encontra-se na posição de maior consumidor de


defencivos do mundo. Segundo levantamento realizado pelo Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG), as vendas de
agrotóxicos somaram US$ 7,1 bilhões diante de US$ 6,6 bilhões do segundo
colocado, os norte americanos (ANDEF, 2009 apud et al TAVELLA, 2011, p. 02).

FIGURA 2 – Consumo de defensivos e afins 2000 - 2017


Fonte: Ibama/ Consolidação de dados fornecidos pelas empresas registrantes de produtos técnicos, agrotóxicos
e afins.

Os defensivos agrícolas utilizados no Brasil são classificados de acordo


com sua finalidade, sendo definidos pelo seu mecanismo de ação no alvo biológico,
sendo os mais comuns, plantas daninhas, doenças e pragas de espécies agrícolas
cultivadas. Neste mercado, os herbicidas (48%), inseticidas (25%) e fungicidas
(22%) movimentam 95% do consumo mundial de agrotóxicos (AGROW, 2007 apud
TAVELLA et al 2011, p. 02)

No Ceará, o uso de defensivos, de acordo com o Sindicado da Industria


de Defensivos Agrícolas – SINDAG, em relação as vendas no período de 2005 a
2009, ocorreu um aumento de 100%, passando de 1649 toneladas de produtos
comerciais em 2005, para 3284 toneladas em 2009. Os valores comercializados
passaram de U$11,244.00 em 2005 para U$ 22,678.00. De acordo com os dados do
Censo Agropecuário, o Ceará se encontra na quarta posição no Brasil, em números
de propriedade que usam defensivos, ficando atrás de Rio Grande do Sul, Paraná e
Santa Catarina.

O aumento das vendas nesse período se deve ao fato do fortalecimento


da política de crescimento econômico, que favorece a implantação de agropolos e
incentivando a instalação de empresas, que se privilegiam de isenção de impostos,
inclusive quanto aos defensivos.

6.3 - INGREDIENTES ATIVOS (I.A)


Os defensivos agrícolas são produzidos a partir de ingredientes ativos, ou
também chamados de princípios ativos. São estes ingredientes que vão conferir ao
produto a capacidade de combater os agentes biológicos nocivos as plantas.

É importante conhecer o i.a, já que é ele o responsável pela toxicidade,


do momento e do modo como o produto vai ser aplicado. É comum encontra
produtos com mesmos i.a, mas com quantidades diferentes. É por essas e outras
que essa produtos devem ser manuseados com total segurança e orientação
técnica.

Segundo a revista eletrônica Conexão Agro ( 2017 ), no mundo são mais


de 200 tipos de defensivos, estando o Brasil como o maior consumidor desses
produtos. Na tabela -1 a baixo, serão detalhados os 4 defensivos mais utilizados e
perigosos, citando seus nomes comerciais e seus respectivos i.a.

Tabela 1 – Nomes técnicos, I.A, Grupos químicos, Classe agronômica e


Toxicologia.

Nome Ingrediente Grupo químico Classe Toxicologia


técnico ativo agronômica

Abamectina 72 Acaricida, I – Extremamente


Abamectina Avermectina
g/L Inseticida toxica

Acefato 750 I – Extremamente


Acefato Organofosforado inseticida
g/L toxico

III –
Glifosato 480 Glicina
Glyphosate Herbicida Medianamente
g/L substituída
toxico

Paraquate 276 I – extremamente


Paraquat Bipiridilio herbicida
g/L toxico

Fonte: Agrolink
6.4 - CLASSIFICAÇÃO

No Brasil, o Ministério da Saúde classifica, quanto a toxicologia, com base


na dose necessária para matar uma pessoa, Dose Letal 50 (DL 50), que seria a
quantidade de produto usado para matar 50% da população de indivíduos em teste,
entretanto outros efeitos podem vir a servir como indicadores, como, danos na
córnea e lesões na pele. A tabela abaixo relaciona as classes toxicológicas a
descrição e a faixa de cor (GRISOLIA, 2005).

Tabela 2 – Classes toxicológicas

Classe Toxicológica Descrição Faixa indicativa de cor

I Extremamente Tóxicos Vermelho Vivo

DL50 < 0,05 grama/kg

II Muito Tóxicos Amarelo Intenso

DL50 – 0,05 a 0,5


grama/kg

III Moderadamente Tóxicos Azul Intenso

DL50 – 0,5 a 5 grama/kg

IV Pouco Tóxicos Verde Intenso

DL50 > grama/kg

FONTE: BRASIL, 1997 e PERES (2003)

Ainda sim tais indicadores sozinhos não podem servir como base para um
manuseio seguro, devendo-se também levar em consideração o tipo de intoxicação,
pois uma vez absorvido os defensivos podem causar efeitos diversos na saúde
humana, de natureza aguda, subaguda ou crônica (BRASIL, 1997; SILVA et al,
2005).

6.4.1 - Classificação quanto ao tipo de intoxicação:

Aguda
O efeito da contaminação por produtos, extremas ou altamente tóxicos,
aparecem rapidamente, de forma leve, moderada ou grave, dependendo da
quantidade de produto absorvido. Os sintomas são nítidos, fraqueza, vomito,
náuseas, convulsões, contrações musculares, dores de cabeça, dificuldade
respiratória, sangramento nasal, desmaio.

Subaguda

O aparecimento dos sintomas ocorre de maneira mais lenta, pois o


veneno é altamente tóxico, por exposição moderada ou pequena. Os sintomas são
vagos, como for de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência.

Crônica

O aparecimento é tardio, após muito tempo em contato com produtos


tóxicos ou vários produtos, ocasionando danos irreversíveis, como paralisia,
neoplasias, dermatites de contato, lesões renais e hepáticas, efeito neurotóxico
retardados, alterações cromossômicas, e etc. Em muitos casos podem ser
confundidas com outras doenças e nunca são relacionados a contaminação por
defensivos.

O quadro mostra os sintomas agudos e crônicos da contaminação por


inseticida, fungicida e herbicidas e seus respectivos grupos químicos.

Tabela 3 – Sintomas da contaminação por defensivos agrícolas


Classificação Classificação Sintomas de Sintomas de
quanto à quanto ao Grupo Intoxicação Aguda Intoxicação Crônica
Praga Químico
- Fraqueza
- Efeitos neurotóxicos
- Cólicas Abdominais
retardados
Organofosforados - Vômitos
- Alterações
e Carbamatos - Espasmos
cromossomiais
Musculares
- Dermatites de contato
- Convulsões
- Náuseas
- Lesões hepáticas
- Vômitos
- arritmias cardíacas
Inseticida Organoclorados - Contrações
- Lesões renais
Musculares
- Neuropatias periféricas
Involuntários

- Irritação das
- Alergias
Conjuntivas
Piretróides - Asma brônquica
- Espirros
sintéticos - Irritações nas mucosas
- Excitação
- Hipersensibilidade
- Convulsões
- Tonteira
- Alergias respiratórias
- Vômitos
- Dermatites
Fungicida Ditiocarbamatos - Tremores
- Doenças de Parkinson
Musculares
- Cânceres
- Dor de cabeça
Fentalamidas - Teratogêneses
- Dificuldade
- Cânceres (PCP –
Dinitrofenois e respiratória
formação de dioxinas)
Pentaclorofenal - Hipertemia
- Cloroacnes
- Convulsões
- Perda do Apetite
- Indução da produção de
- Enjoo
enzimas hepáticas
Herbicida Fenoxiacéticos - Vômitos
- Cânceres
- Fasciculação
- Teratogêneses
muscular

- Sangramento Nasal
- Lesões hepáticas
- Fraqueza
Dipiridilos - Dermatites de contato
- Desmaios
- Fibrose pulmonar
- Conjuntivites

FONTE: OPAS, 1996 e PERES, 1999 apud PERES, 2003

6.5 - EFEITOS

Sabemos que os defensivos são amplamente usados pela grande maioria


dos produtores, salvo aqueles usam do sistema do cultivo de produtos orgânicos,
principalmente nas áreas de monocultura seu uso em bem intenso, pois é vasta a
área cultivada, e se não houver um controle intensivo de pragas e doenças não
renderá lucro satisfatório.

Os benefícios das aplicações de produtos para controle de agentes


maléficos a saúde das plantas são visíveis, mas em contrapartida, ao se utilizar o
defensivo, todo cuidado é pouco. Pesquisa comprovam que regiões com intensas
aplicações apresentam contaminação ambiental das águas subterrâneas, como são
os casos dos Aquíferos Guarani e Jandaíra- este no Estado do Ceará e Rio Grande
do Norte (COGERH, 2009). Também em águas superficiais, rios, lagoas, açudes, do
solo e do ar, onde se faz pulverização aérea.

Além da contaminação da água e do solo, há ainda contaminação dos


alimentos. No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), já se encontrou presente 234 ingredientes ativos em
20 alimentos, em 2009 os resultados mostram que 29% deles apresentam
resultados insatisfatórios, seja por estarem acima do limite máximo de resíduos
permitidos (> LMR), seja por apresentarem resíduos não autorizados e não
adequados para aquele cultivo (NA).

6.6 - EXPOSIÇÃO HUMANA

De acordo com a lei federal Nº 7.802 de 11 de julho de 1989,


regulamentada pelo decreto 4.074 de 4 de janeiro de 2002, os agrotóxicos são...

“[...] produtos e componentes de processo físicos, químicos ou


biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na produção de
florestas nativas ou implantadas, e em outros ecossistemas e também
ambientes urbanos, hídricos e industriais; cuja finalidade seja alterar a
composição da flora e da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de
seres vivos considerados nocivos. São considerados, também, como
agrotóxicos, substâncias e produtos como desfolhantes, dessecantes,
estimulantes e inibidores de crescimento. (BRASIL, 2002)”

A contaminação por defensivos é um fato, que ocorre com frequência nas


propriedades rurais. As principais vias por onde ocorre a contaminação, são: por
ingestão, respiração e absorção dérmica (OPAS,1996). A contaminação pela pele,
depende da formulação do produto, condição do clima, tempo de exposição,
existência de feridas e regiões de corpo como, verso das mãos, pulso, nuca, pés,
axila e virilha, são as regiões que mais absorvem (GARCIA, 2001).

Os defensivos têm a capacidade de interferir nos mecanismos fisiológicos


do indivíduo contaminado, sendo responsável por uma grande variedade de danos a
saúde, como por exemplo, alterações cromossômicas, teratogênese, infertilidade
masculina, carcinogênese, neurotoxidade, interferência no sistema endócrino,
doenças dermatológicas. É de se observar evidentemente que essas disfunções não
ocorrem ao entrar em contato imediatamente com o produto, variáveis como
nocividade do agrotóxico somado a condições de exposição mais vulnerabilidade,
são o que interferem num possível risco de que o agrotóxico venha a ocasionar
danos à saúde.

6.6.1 - No que diz respeita as variáveis de riscos a saúde, devem ser


considerados:

Nocividade:
● A classificação toxicológica e ambiental do produto;
● As vias de absorção, metabolização eliminação;
● Os órgãos alvo e a toxicidade aguda e crônica não apenas do princípio ativo,
mas também de seus contaminantes e metabolitos;
● A ocorrência de exposição múltipla e as possibilidades de seus efeitos
independentes, sinérgicos ou antagônicos.

Condições de exposição:
● As características gerais do processo de produção e de trabalho;
● Os volumes de defensivos utilizados;
● A frequência de uso: anual, mensal, semanal, diária.
● As formas de aplicação: por meio da irrigação, pulverização costal, trator,
pulverização aérea, etc;
● As formas de armazenamento e transporte dos produtos e de descarte de
resíduos, as funções exercidas pelos trabalhadores: atividade, formas de contato e
exposição, esforço físico associado;
● O tempo de exposição;
● A organização do trabalho: ritmo de trabalho, controle do trabalhador sobre o
modo operatório, imposição de situação de risco como re-entrada antecipada;
● As medidas de proteção administrativas, coletivas e individuais:
disponibilidade, eficácia, eficiência, manutenção adequada, adesão dos
trabalhadores, etc.

Vulnerabilidade dos trabalhadores:


● O acesso às informações adequadas, que lhe permita compreender os riscos
a que está exposto;
● A liberdade para recusar-se ao trabalho insalubre e inseguro, som sofre
punições;
● A presença de outras alternativas de trabalho, renda e modelo de produção;
● O amparo e a liberdade de participar de entidades e associações de defesa
de direitos;
● O acesso às políticas públicas e à garantia de direitos, como a saúde, a
educação e a terra;
● O estado geral de saúde, incluindo o estado nutricional e a segurança
alimentar;
● As condições de saúde, hábitos ou patologias pregressas que poderiam
ampliar sua suscetibilidade aos agroquímicos.

Para prevenir a gravidade da contaminação por defensivos, é de extrema


importância saber quanto a classificação do produto e o grupo químico a que
pertence.

6.7 - DEFENSIVOS E CÂNCER

O câncer ou as neoplasias malignas, é uma proliferação anormal,


autônoma e descontrolada, de um determinado tecido de corpo, com capacidade de
invadir tecidos adjacentes ou de espalhar-se para outras regiões do corpo
(RIBEIRO; SALVADOR; MARQUES, 20003).

O processo de desenvolvimento do câncer ocorre de maneira lenta,


podendo levar anos, até que a anomalia seja percebida. A mutação no DNA ocorre
por três razões: por fatores hereditários, ambientais e aleatórias, mas o que nos
interessa são os fatores externos, principalmente os defensivos, pois são
considerados cancerígenos químicos. Após a mutação, ocorrem alterações no
processo de divisão celular, relacionados com seu controle e alterações na sua
diferenciação, resultando em perda as características funcionais e na formação de
tumores (CUNNINGHAM; MATTHEWS, 1995, BEDOR, 2008).

Segundo o Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é um


problema que mais cresce na saúde, principalmente nos países em
desenvolvimento, onde se concentra mais da metade de novos casos do mundo em
2008, e onde prevê-se que 70% das mortes em 2020 será por conta de câncer.

Em 2010, o Brasil apresentou cerca de 490.000 casos novos de câncer.


Estudos realizados por Lichtentem et al (2000) em 44.788 pares de gêmeos na
Suécia, Dinamarca e Finlândia, concluiu que fatores genéticos tem uma pequena
porcentagem de contribuição para a maioria dos casos de neoplasias, em
contrapartida, fatores ambientais têm papel principal como causas de câncer. A
exposição de substâncias químicas, como defensivos, a que os trabalhadores estão
sujeitos, contribui de modo significativo para o desenvolvimento de certos tipos de
cânceres. (POTTI, et al., 2003; SILVA et al., 2005; MEYER, 2003; BEDOR, 2008).
Segundo Bassil et al (2007), há diversidade de resultados na associação entre
neoplasias malignas e defensivos é grande, para certos tipos de câncer ela está
bem relacionada, em quanto para outros, precisa-se de mais estudos.

Na agricultura onde se encontram os grupos de maior vulnerabilidade ao


câncer, pois é onde os trabalhadores lidam diretamente com venenos, na função de
aplicador, colhedores, transportadores, empacotadores e familiares de agricultores.
No Brasil observando os registros de câncer, populacionais e hospitalares, não é
possível constatar informações, por não serem disponibilizados, sobre a ocupação
do paciente que permitem tomar medidas para a prevenção e controle dos tipos de
câncer relacionados ao trabalho, (ELLER et al., 2010).

Estudos tem documentado a relação entre defensivos organoclorados e


câncer em diferentes localizações anatômicas e faixas etárias, sobre tudo em
populações agrícolas diretamente expostas (KOIFMAN e HATGIMA, 2003, p. 93).

A relação entre neoplasia e o trabalho desenvolvido na atividade agrícola,


proporciona riscos que podem resultar em tumores de bexiga, mieloma múltiplo,
linfomas, entre outros. Relações também conferem que o aparecimento de câncer
de mama em mulheres, está ligado a exposição de DDT, linfoma não – Hodgkin com
pesticidas e solventes; câncer de próstata com pesticida. (ELLERY...)
Estudos realizados por Ellery et al (2010), no Instituto do câncer do Ceará
(ICC), incluindo casos de câncer registrados em trabalhadores rurais entre janeiro de
2000 a dezembro de 2006. Foi computado, ajustado por idade, a Razão
Proporcional de Incidência de Câncer (PCIR), nas principais localizações
anatômicas de maiores riscos de neoplasias malignas, que são: Boca, faringe,
esôfago, estômago, cólon, ânus, canal anal, fígado, traqueia, pulmões e brônquios,
ossos, articulações, tecido conjuntivo, mama feminina e masculina, próstata,
testículos, pênis, bexiga, rim, olhos, encéfalo e sistema nervoso, tireóide, linfomas,
mieloma múltiplo, leucemias.

6.8 - EPI

Quando trabalhamos estamos de uma maneira ou de outra, expostos a


riscos a nossa integridade física. Tratando-se de proteção, são necessários além
dos cuidados que devemos ter equipamentos, quando estamos realizando qualquer
atividade de risco.

São chamados de EPIs todos os Equipamentos de Proteção Individual,


regulamentado pela norma NR – 06 do Ministério do Trabalho e do Emprego (TEM),
como sendo:

“todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,


destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no
trabalho” (NR-6, 1978).

Estes são responsáveis pela saúde do indivíduo com o objetivo de


minimizar quaisquer agentes físicos ou químicos que venham causar acidentes e
doenças ocupacionais.

Exemplos de EPI’s, são:

Capacete, Óculos, Protetor facial, Protetor auricular, Respirador, Proteção


do tronco, Luvas, Mangas, Calçados, Macacão, Cinturão.
6.8.1 - EPI Agrícola

Assim como em diversas áreas o uso de EPIs é indispensável para o


bem-estar do trabalhador, e na agricultura se torna também ferramenta de trabalho e
o seu uso é muito importante para preservar a saúde do homem do campo.

O EPI é composto por um conjunto de itens necessários para a total


proteção. Ele é indicado por um técnico responsável, de acordo a cultura,
pulverizador, condições climáticas, etapas de manipulação e condições de
aplicação. No rotulo do produto químico utilizado há informações indicando qual o
melhor tipo de EPI necessário para o uso.

O Kit de EPI pode ser composto por:

Touca Árabe, viseira, camisa, avental, luvas, calça, bota e máscara.

6.8.2 - Itens de destaque

Luvas nitrílicas ou de Neoprene: É importante usá-las durante todo o tempo que


manusear o produto. Caso a aplicação seja direcionada para cima, as luvas devem
ser colocadas do lado de fora da manga. Quando for direcionada para baixo, as
luvas devem estar do lado de dentro da manga.

Avental: Durante o preparo da calda o avental seja usado na parte da frente do


corpo. Já durante a aplicação, ele deve ser usado atrás, como forma de minimizar o
atrito ou evitar contaminação nas costas em situações como o uso de pulverizadores
costais.

Botas: Devem ser de PVC, pois botinas de couro podem absorver o agrotóxico. Use-
as por dentro da calça para evitar que o produto escorra para os pés.

Vestimenta: Preferencialmente deve ser feita com tratamento hidro-repelente para


oferecer segurança e conforto térmico ao usuário. Quando necessário, algumas
partes, como braços e pernas, podem ser impermeáveis para oferecer maior
proteção ao operador.

6.9 - IMPORTÂNCIA

De acordo com a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEV) EPI


são ferramentas de trabalho que visão a integridade física do trabalhador que utiliza
defensivos, reduzindo os riscos de intoxicação decorrentes da exposição.

Para a ANDEV (2007 apud MONQUEIRO et al., 2009) o uso de EPI


padrão visa proteger a saúde dos trabalhadores rurais que aplicam defensivos,
reduzindo os riscos de intoxicação decorrente da exposição inalatória, dérmica, oral
e ocular.

Conforme Sousa e Palladini (2005 apud BARBOSA e MACHADO, 2010) o


uso seguro de defensivos inicia-se com a utilização correta dos EPI, que ser usados
durante a aplicação do produto, visando a segurança dos trabalhadores.

A ação dos defensivos normalmente tem um efeito nocivo sobre a saúde


dos trabalhadores rurais, podendo muitas vezes ser fatal ou causar inúmeras
reações no organismo, dentre os quais, problemas gastrointestinais, respiratórios,
distúrbios musculares, debilidade motora e fraqueza (SILVA, 2005).

Soares et al. (2005 apud FAGUNDES et al., 2010) diz que com relação ao
EPI, observa-se que entre duas pessoas com as mesmas características, exceto o
uso de EPI, as chances de intoxicação para aquele que não usa o equipamento
aumenta 535%. E Ramos (2006) afirma que quando utilizado adequadamente, um
EPI seguro oferece uma redução de exposição acima de 96% ao trabalhador rural.

Segundo Agostinetto et al. (1988 apud MONQUERO et al., 2009) a


utilização ineficiente dos EPI representa grande perigo à saúde do aplicador,
causando elevação significativa no número de intoxicações.
O emprego do EPI, apesar de não ser desejado, deve ser considerado
como uma ferramenta de proteção contra eventuais problemas ocupacionais. A
eficiência de todo sistema de Saúde e Segurança no Trabalho (SST), está
intimamente relacionado à forma como é conduzida a escolha de prevenção,
proteção e controle (ILO, 2001).

Diversos problemas podem ocorrer devido a inadequação dos EPIs a


certas condições de trabalho. Algumas características desejáveis aos EPIs que
foram projetadas para assegurar que o equipamento funcione, muitas vezes
acarretam certas dificuldades operacionais em situações de trabalho. Por exemplo,
uma maior resistência de um tecido a permeabilidade, uma maior resistência a
choques elétricos, podem aumentar o desconforto e diminuir a portabilidade do
equipamento.

O problema da inadequação dos EPIs às condições ergonômicas e


ambientais não é estranho na agricultura, especialmente em pequenas comunidades
rurais, é comum encontrar trabalhadores sem EPIs durante a aplicação de
defensivos. Uma das principais razões para não se utilizar o equipamento reside no
fato de que muitos dos EPIs utilizados na agricultura, devido a sua inadequação,
podem provocar desconforto térmico, tornando-os bastante incômodos para uso, em
casos extremos, ao estresse térmico do trabalhador. (COUTINHO et al., 1994)

A NR-6 condiciona o uso e a comercialização de EPI à obtenção de um


Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e
define os procedimentos para o fabricante interessado em comercializar.

A norma ainda define como competência do empregador, como relação


ou uso de EPI: adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade; exigir seu uso;
fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgão nacional competente
em matéria de segurança e saúde no trabalho; orientar e treinar o trabalhador sobre
o uso adequado, a guarda e a conservação.
Quanto ao empregado: usar o EPI para a finalidade a que se destina;
responsabilizar-se pela guarda e conservação; comunicar ao empregador qualquer
alteração que o torne impróprio para uso.

A utilização de EPIs faz parte do dia-a-dia de muito trabalhadores. Muitos


projetos de Saúde e Segurança no Trabalho (SST) contemplam, desde a sua fase
de concepção, a utilização dos equipamentos de proteção. Os EPIs têm por
finalidade a proteção, ou seja, reduzir/controlar e não de evitar, os riscos à saúde e à
segurança dos trabalhadores. Consequentemente, na maioria dos casos, a
utilização de EPIs só deve ser considerada como um dos últimos recursos de
tecnologia de proteção e controle de riscos aos trabalhadores (ILO, 2001).

6.10 - DEFENSIVOS EM BARREIRAS

A cidade cearense de Quixeré, localiza-se na microrregião do vale do


Jaguaribe, mais específico no baixo Jaguaribe, a uma distância de 218 quilômetros
da capital Fortaleza, que segundo o censo está com uma população estimada de
21.876. A cidade possui 4 distritos, Quixeré, Água Fria, Lagoinha e Tomé. Ainda
dentro dos limites da cidade, se encontra parte da chapado do Apodi, onde se
instalaram várias empresas agrícolas, produzindo diversas variedades de frutas. A
economia gira em grande parte do setor terciário, como comércio, prestação de
serviços, administração pública e agricultura (IBGE, 2017).

A comunidade de Barreiras localiza-se na zona rural de Quixeré distante


16 km do centro da cidade, é pouco desenvolvida onde a principal fonte de renda
ainda é a agricultura familiar, porém pode ser encontrar na comunidade, comércios
de variedades, metalurgia, cerâmicas, mas ainda sim a agricultura é a atividade em
maior destaque. Para qualquer lado que se olhe, há um pedaço de chão plantado,
seja com milho, arroz, feijão, banana e etc, onde são comercializados nos comércios
da cidade ou na própria comunidade.

O comercio do setor agroindustrial é amplo, pois para atender as


necessidades de todo o processo de implantação de um cultura qualquer, faz-se
necessário uma ampla gama de produtos e insumos que atendam as exigência do
produtor, por exemplo, antes de plantar, a terra precisa estar em condições para que
a planta se desenvolva, só nesse processo de preparo do solo é feito à análise de
solo em laboratório, para correção do pH, descompactação do solo, implantação do
sistema de irrigação e adubação de fundação, nesse estágio o solo já está pronto
para receber a planta. O que faz a diferença entre uma pratica a agrícola de produtor
para outro, é o quanto o produtor dispõe financeiramente para investir em seu
projeto.

Grandes ou pequenos, agricultura familiar ou multinacionais, todos


possuem o mesmo objetivo, mesmo com a grande diferença em recurso, produzir
bons frutos. Mais além da falta de recurso o pequeno produtor não dispõe de
informações, que o possibilite praticar a atividade agrícola de maneira precisa. A
planta como todo o ser vivo possui seu ciclo, cada fase do ciclo a planta necessita
de nutrientes, a mais ou a menos, para que se desenvolva com saúde. O agricultor
como a maioria, que trabalha no seu pequeno roçado, não sabe dessas
informações, não por sua culpa, e finda por exagerar na quantidade de insumos
utilizados em seu plantio.

Assim como a quantidade incerta de nutrientes disponibilizado à planta,


acontecesse com os defensivos, de maneira errônea os produtores se utilizam
desses produtos de maneira indiscriminada com o objetivo de minimizar os efeitos
nocivos das pragas.

Os defensivos devem ser utilizados com recomendação técnica, de


preferência, mas, como todo produtor pequeno desprovido de informação, assim
acontece com os produtores da comunidade de Barreiras, é comum realizar
pulverizações em horários inapropriados, com dosagens erradas e o mais
importante, sem proteção. Por falta de informação ou por descuido, os mesmos não
possuem o habito de vestir o EPI ao realizar pulverizações em suas propriedades,
pondo sua saúde em risco.

A forma de aplicação dos defensivos na região, normalmente é feita


através de um pulverizador costal manual. Geralmente o produto é aplicado pelo
proprietário do sítio ou por um funcionário, que na grande maioria das vezes, ambos,
não utilizam nenhuma proteção contra o produto, chegando até a fazer a aplicação
de bermuda e chinelos, sem levar em consideração a questão do horário da
aplicação que também nunca é feito em horário recomendado.

Segundo entrevista feita com uma agente de saúde da comunidade, há


relato de casos de pessoas que estavam trabalhando, fazendo aplicação, que
chegaram ao posto de saúde, reclamando de tontura, náusea, dor de cabeça,
irritação na pele. Muito provavelmente esses sintomas foram causados por estarem
expostos ao produto, sem nenhuma proteção individual.

METODOLOGIA

Como fonte para os resultados, foi realizado uma entrevista com 10


produtores rurais da comunidade de Barreiras na cidade de Quixeré, a entrevista
está na forma de questionário contendo 10 questões objetivos de modo que seja o
mais simples possível de responder para que não ocorra nenhum contratempo. Após
resolvido o questionário, de imediato será entregue ao entrevistado um folder
contendo informações básicas, de fácil entendimento, repleto de gravuras, sobre as
classes toxicológicas dos defensivos, principais sintomas causados pela intoxicação,
vias de contaminação e como o EPI deve ser vestido.

A primeira parte da entrevista tem como objetivo recolher dados que


comprovem a existência de defensivos na propriedade e se os produtores usam o
EPI como forma de proteção contra efeitos nocivos desses produtos à sua saúde.
No segundo momento, a entrega do folder, tem como intuito, conscientizar os
produtores que o uso de EPIs, mesmo que pareçam desconfortáveis, são a melhor
maneira de preservar sua saúde contra possíveis efeitos causados pelo manejo
inadequado de produtos químicos utilizados em suas lavouras.

RESULTADOS

CONCLUSÃO
https://comexagro.wordpress.com/2017/10/04/os-6-tipos-de-agrotoxicos-
mais-usados-e-perigosos/

http://quimicanarocaiubifg.blogspot.com/2013/10/a-quimica-dos-
agrotoxicos.html

exemplo de referencia de site( MANDAWALLI, Felipe. Pagar para fazer trabalho acadêmico é ilegal.
Disponível em: <https://blog.mettzer.com/fraude-academica-e-ilegal/> Acesso em: 23 de junho de
2017)

https://phytusclub.com/materiais-didaticos/mecanismos-de-acao-e-grupos-quimicos-de-inseticidas-
herbicidas-e-fungicidas/ ( grupos químicos e ingredientes ativos)

https://blog.aegro.com.br/defensivos-agricolas-curiosidades/ ( site com curiosidades)

13 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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