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- Notas de Aula -
1◦ sem/2015
Atenção:
O presente material tem como objetivo servir como material de apoio a disci-
plina Desenho de Projeto de Engenharia Civil ministrada no curso de Enge-
nharia Civil do Centro Universitário de Barra Mansa-UBM. Ele não deve ser
encarado como completo. A bibliograa, as normas indicadas, os exercícios
propostos, as discussões e orientações em sala complementam o conteúdo
deste texto.
Sistema de avaliação:
Nota I: Uma prova com questões objetivas e subjetivas valendo 8,0 (oito)
pontos; Atividades práticas no valor total de 2,0 (dois) pontos.
Nota II Uma prova com questões objetivas e subjetivas valendo 6,0 (seis)
pontos; Uma avaliação multidisciplinar com valor de 2,0 (dois) pontos;
Atividades práticas no valor total de 2,0 (dois) pontos.
FINAL Prova com questões objetivas e subjetivas valendo 10,0 (dez) pon-
tos.
Bibliograa básica:
MONTENEGRO, Gildo A. Desenho de projetos em arquitetura, projeto de
produto, comunicação visual e design de interior. Porto Alegre: Editora Ed-
Bibliograa complementar:
NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura: princípios, normas, regula-
mentos sobre projeto, construção, forma, necessidades e relações espaciais,
◦
dimensões de edifícios, ambientes, mobiliário, objetos. 17 . ed. São Paulo:
G.Gilli, 2004.
MONTENEGRO, Gildo. Desenho arquitetônico. São Paulo: Edgard Blu-
cher, 2002.
MAGUIRE, D.; SIMMONS, C. Desenho Técnico: Problemas e Soluções Ge-
a
rais de Desenhos. 1 edição. Editora Hemus, 2004.
Sumário
1 O PROCESSO DE PROJETO 1
1.1 O inter-relacionamento entre a Engenharia e a Arquitetura . . 1
1.1.1 A importância da compatibilização de projetos como
fator de redução de custos na construção civil . . . . . 2
1.1.2 Compatibilização de projetos: Análise de algumas fa-
lhas em uma edicação pública . . . . . . . . . . . . . 13
1.1.3 Como a compatibilização de projetos pode diminuir
custos, gastos e retrabalhos na Construção Civil . . . . 29
1.2 Denições sobre o processo do projeto arquitetônico . . . . . . 52
1.3 Reexão sobre metodologias de projeto arquitetônico . . . . . 54
1.4 Roteiro para desenvolvimento do projeto de arquitetura da
edicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
i
Desenho de projeto de Engenharia Civil
1
Desenho de projeto de Engenharia Civil
Resumo
Este artigo procura refletir sobre as perdas na construção civil e as possíveis reduções de custo,
embasada na baixa dos lucros ocasionados pelo desperdício relacionados a perda de materiais,
retrabalho e má gestão dos projetos. Procurou-se relacionar e discutir os problemas encontrados nas
obras através de um estudo de caso devido às deficiências de projetos, tomando-se como referência o
fluxo de processo de elaboração de projetos desenvolvido pelas empresas. Objetivando conscientizar
para a importância da compatibilização de projetos como fator primordial para diminuição de
retrabalhos e problemas durante a execução dos serviços, este trabalho pretende demonstrar os
benefícios da compatibilização de projetos em obras de construção civil, objeto de estudo e na
racionalização de seus processos a fim de aprimorar sua construtibilidade.
1. Introdução
Este artigo foi construído objetivando analisar os conceitos de perda na construção civil que ocorrem
com freqüência e são em sua maioria associados ao desperdício de materiais. O conceito de perdas na
construção civil é, com freqüência, associado unicamente aos desperdícios de materiais. No entanto,
as perdas estendem-se além deste conceito e devem ser entendidas como qualquer ineficiência
que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão de obra e capital em quantidades
superiores àquelas necessárias à produção da edificação. Neste caso, as perdas englobam tanto a
ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram
custos adicionais e não agregam valor.
Tais perdas são conseqüência de um processo de baixa qualidade, que traz como resultado não só
uma elevação de custos, mas também um produto final de qualidade deficiente. Muitas vezes
ocasionados por processos que poderiam ser evitados fosse uma análise mais profunda na elaboração
dos projetos e fossem acompanhados de uma compatibilização adequada.
Os projetos arquitetônicos, segundo Adesse (s/d, p.2) precisam ser valorizados como a "espinha
dorsal" do processo de produção, na mesma proporção que se exige a melhoria da qualidade das obras,
considerando tanto os aspectos econômicos quanto funcionais, deixando, dessa forma, de serem
considerados como os “vilões da qualidade”.
Desta forma, arquitetos, engenheiros, fornecedores, agentes financeiros, investidores, entre outros, são
envolvidos nas fases do processo do projeto que teoricamente, termina no cliente ou usuário
final. Compõem esse processo os projetos de arquitetura, estrutura, instalações hidráulicas, elétricas,
telefonia, incêndio, ar condicionado, lógica, impermeabilização, alvenarias, fachadas, caixilharia,
paisagismo, comunicação visual, decoração de interiores, entre outros, de acordo com a necessidade
do empreendimento e as exigências do empreendedor destacando-se que esse processo se inicia no
promotor do empreendimento.(ADESSE, s/d, p.2)
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 7ª Edição nº 007 Vol.01/2014 Julho/2014
Nos últimos anos o Brasil vem passando por uma vertiginosa transformação na indústria da
construção civil. Como aumento na demanda de novas habitações e infra-estrutura, resultado das
políticas de expansão de crédito e programas de financiamento, o setor cresce a taxas acima do
PIB brasileiro. Este crescimento impulsiona o desenvolvimento de toda cadeia da construção civil,
como novas tecnologias, materiais e equipamentos, refletindo diretamente no processo de produção
dos empreendimentos.
Todo esse movimento gera mudanças, seja nos aspectos tecnológicos, culturais ou
mercadológicos, influenciando diretamente na concepção dos projetos. Estes devem, cada vez
mais, serem inovadores e adequados as necessidades atuais, atendendo a expectativas de
construtores, incorporadores e consumidor, não só em qualidade, mas também em eficiência e
produtividade.
Dentro desta temática, os edifícios de múltiplos andares passam por uma padronização do partido
arquitetônico, devido a necessidades de mercado em tornar o produto final adequado ao maior
número de pessoas. Este nivelamento da organização espacial permite a utilização de soluções
coordenadas como shafts, prumadas, modulações e redes de distribuição, que imprescindivelmente
necessitam de uma análise mais apurada.
Assim cada novo empreendimento traz consigo especificidades, definidas por questões locais, de
implantação e entorno, ou imposições de mercado, gerando características construtivas específicas
que originam um conjunto de projetos único, de diversas especialidades, necessários para perfeita
execução da construção.
Segundo Callegari, quando a atividade de projeto é pouco valorizada, os projetos são entregues à
obra repletos de erros e de lacunas, levando a grandes perdas de eficiência nas atividades de
execução, bem como ao prejuízo de determinadas características do produto que foram idealizadas
antes de sua execução. Isso é comprovado pelo grande número de problemas patológicos dos edifícios
atribuídos às falhas de projeto. Callegari (2007).
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Segundo a NORMA ISO9001: 2008, durante, ou até mesmo após a conclusão de um projeto ou de um
desenvolvimento, podem ser identificadas oportunidades de melhoria daquilo que já foi realizado.
Quando isso ocorre, a ISO 9001:2008 no item 7.3.7 – Controle de alterações de projeto e
desenvolvimento exige da organização que essas alterações sejam devidamente controladas.
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Percebemos então que o processo de elaboração, controle e aprovação de projetos está intrinsecamente
ligado ao processo de gestão de qualidade. Desta forma fica assegurado a garantia de que falhas pela
elaboração dos projetos uma vez que se controlados pelo processo de controle de projetos
determinados pela NORMA ISO, não deverão nem poderão ocorrer durante a execução da obra.
O projeto
O início do processo de projeto é algo indefinido, ficando a critério da percepção do projetista e das
suas habilidades acumuladas ao longo do exercício da profissão (CROSS, 1999). Porém, há um
conjunto de informações que direcionam os projetistas, fazendo com que estes desenvolvam ou
excluam algumas soluções durante o processo de desenvolvimento da edificação (JACQUES, 2000).
Estas informações são absorvidas ao longo de todo o desenvolvimento do processo de construção da
edificação, sendo que na etapa de acompanhamento da obra o engenheiro é o principal responsável por
informar os projetistas sobre as falhas de projetos na obra, servindo como feedback para os mesmos e,
por conseguinte, serem utilizadas em empreendimentos futuros das empresas. O desenvolvimento dos
diversos projetos necessários para a construção do edifício deve ser visto como um investimento e não
como custo extra, visto que é nesta fase onde se pode antever dificuldades de execução eliminando
retrabalhos posteriores. Salgado (2007) afirma que o projeto executivo pode ser um eficaz instrumento,
capaz de otimizar o uso dos materiais, levando em conta suas dimensões, diminuindo desperdícios na
hora de sua colocação e de orientar/estudar as melhores soluções de integração dos sistemas
construtivos utilizados evitando, assim, incompatibilidades entre os mesmos.
Diante das constatações do setor, nos benefícios do desenvolvimento coordenado da construção, o
projeto passou a ser a “espinha dorsal” de qualquer empreendimento, devendo ser explorado ao longo
de seu desenvolvimento, com a finalidade de se equalizar as diversas especialidades envolvidas, a fim
de se racionalizar a construção.
Portanto, centralizando-se no engenheiro de obra como interveniente essencial para o feedback dos
projetos, propôs-se pesquisar o ponto de vista dos mesmos quanto à qualidade dos projetos recebidos.
Para tal, aplicou-se um questionário com alguns engenheiros de obras, tendo como objetivo contribuir
para a melhoria do processo de projeto através da avaliação dos problemas que ocorrem durante a
execução da obra ocasionada por falhas ou indefinições de projeto.
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2. Quais os demais projetos que você julga necessário para a execução de uma obra com qualidade?
3. Comentar sobre erros comuns em obras por falta de uma melhor compatibilização de projetos.
4. Comentar sobre erros comuns em obras por motivos de falta de detalhamento de projetos.
5. Como se dá a troca de informações entre a obra e o núcleo de projetos quanto à questão de sanar
uma dúvida ou resolver um problema (tempo de resposta, prontidão, visita a obra, envio da
informação, relacionamento)?
8. Quais os principais problemas relacionados com compras e projetos, como: erros de compras, atraso
nos pedidos, etc.
9. Há mudança de projeto feita diretamente na obra, sem consulta do projetista? Com que freqüência?
Em quais projetos isto ocorre?
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Através das entrevistas feitas com os engenheiros de obra verificou-se que, em geral, os projetos
atendem suas necessidades. No entanto, os entrevistados citaram alguns projetos que podem contribuir
para a execução de uma obra com mais qualidade, como o projeto de passagens de instalações na
estrutura e o projeto de impermeabilização, que foram implantados recentemente na empresa, sendo
que estes projetos são conhecidos apenas por alguns engenheiros de obra.
Os demais projetos, ainda não desenvolvidos pela empresa como paginação da fachada, alvenaria e
paginação de piso, foram introduzidos recentemente no processo de projeto da empresa, sendo
verificada a opinião dos engenheiros quanto à implantação ou não dos mesmos:
O projeto de passagens de instalações na estrutura é um projeto bastante útil para a execução correta da
previsão de furos nas lajes. Entretanto, este projeto conforme já citado anteriormente apresenta
problemas, ocasionando um posterior retrabalho e assim aumento de custo. Deste modo, este projeto
deveria ser entregue antes do início da obra para que fosse analisado detalhadamente pelo engenheiro
da obra.
Este é um projeto que será de grande utilidade dependendo do tipo de empreendimento, visto que para
fachadas que não possuem um grande percentual de revestimento cerâmico não seria necessário. De
acordo com os engenheiros entrevistados, este projeto poderia conter o tipo, a localização e a espessura
das juntas de dilatação, bem como o tipo de argamassa a ser utilizada, a definição da colocação de tela
aramada etc.
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O projeto de paginação de piso já existe nos novos projetos de arquitetura, entretanto precisam ser
mais bem detalhados, pois os detalhes existentes mostram a partida da cerâmica, entretanto não
detalham o arremate do final do piso revestido.
Projetos de Impermeabilização
4. Incompatibilidade do projeto
Na opinião dos engenheiros entrevistados, as maiorias dos projetos não são feitos com os detalhes
necessários à sua execução. Entretanto, os projetos de instalações de gás são os menos detalhados.
Como exemplo, tem-se a indefinição do posicionamento da tubulação de gás, pois, muitas vezes, "não
se sabe se esta deverá ser executada por cima ou por baixo da manta de impermeabilização", como
mencionou um dos respondentes.
Outro problema constatado foi referente ao projeto de arquitetura ou ao de instalações hidro-sanitárias
que não contém detalhamento dos shafts, em relação, por exemplo, ao tipo de material que será
utilizado como fechamento da área de visita de manutenção neste shafts, a altura dessa visita, etc.
Apesar disso, os novos projetos estão sendo mais bem detalhados, ocasionando, por conseguinte, uma
redução do número de consultas ao núcleo de projetos
Durante as entrevistas realizadas com os engenheiros de obra procurou-se avaliar quais projetos
atrasam a obra por não serem disponibilizados em tempo hábil. Todos os entrevistados comentaram
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sobre os atrasos dos principais projetos da edificação: arquitetura, estruturas e instalações e alguns
projetos de produção, ressaltando-se que o projeto de instalações contra-incêndio e de gás é
disponibilizado em tempo hábil visto que não possuem um projeto executivo, sendo utilizado nas obras
apenas o projeto desenvolvido para efeito de aprovação.
Durante as entrevistas, verificou-se que a falta de especificações em alguns projetos torna a solicitação
de compras ao setor de suprimentos um processo bastante complexo, ocasionando pedidos errados.
O projeto de instalações hidro-sanitárias poderia conter o quantitativo das conexões de cada isométrico
detalhado na prancha, bem como o quantitativo das tubulações constantes nas plantas baixas, com o
objetivo de uma melhor definição nas quantidades de compra destas peças.
A existência de falhas entre as especificações e o projeto de arquitetura, também ocasionam erros nos
pedidos de compra, visto que alguns detalhes existentes no projeto de arquitetura, às vezes, não estão
especificados.
Em resumo, a relação obra x suprimentos melhorou muito, mas ainda ocorrem alguns problemas que
precisam ser solucionadas através de especificações mais claras e detalhadas, bem como de um melhor
fluxo de informações, pois em alguns projetos não se especificam detalhadamente o material a ser
utilizado, acarretando problemas no momento da solicitação dos pedidos ao núcleo de suprimentos.
Resultados
No processo de projeto desenvolvido na empresa foi detectado que o engenheiro de obra não participa
ativamente do desenvolvimento dos projetos, participando apenas das reuniões com a equipe ampliada
interna da empresa, sendo esta uma das causas dos inúmeros problemas relatados pelos engenheiros
nas entrevistas.
Pode-se afirmar que uma das principais contribuições destas entrevistas foi o conhecimento das
principais falhas de projetos, na visão dos engenheiros, que, na empresa em estudo, não estão sendo
utilizadas pelos projetistas como feedback para empreendimentos futuros.
5. A compatibilização
De acordo com o SEBRAE (1995), compatibilização define-se como uma atividade de gerenciar e
integrar projetos correlatos, visando ao perfeito ajuste entre os mesmos e conduzindo para a obtenção
dos padrões de controle de qualidade total de determinada obra.
Para Grilo (2002) a compatibilização tem como intuito subordinar os interesses individuais dos
projetistas às demandas do processo como um todo e salienta a necessidade que se trabalhe dentro de
uma visão sistêmica, onde todos os intervenientes passam a ter um papel fundamental no processo
tanto na participação cooperativa no desenvolvimento dos projetos quanto no próprio aprimoramento
contínuo deste processo.
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A compatibilização, num sentido amplo, não ocorre isoladamente. São necessárias ferramentas que a
viabilizem. Estas ferramentas podem ser chamadas de “Técnicas de Compatibilização”, e são
estratégias adotadas que facilitam o trabalho do profissional responsável pela compatibilização.
Atualmente a Tecnologia da Informação oferece recursos que apóiam esta tarefa. Neste trabalho
serão apresentadas as seguintes técnicas: o uso de Extranets, a sobreposição de projetos e o uso de
listas de checagem (“check-lists”).
Extranets
As Extranets vêm sendo utilizadas na Construção Civil de modo a otimizar o trabalho do
coordenador de projetos.
De acordo com Soibelman (2000), os membros envolvidos no projeto se comunicam através de e-
mails e de um ambiente colaborativo, onde cada agente tem acesso individual e controlado, tendo a
possibilidade de transferir e compartilhar arquivos, sendo possível acompanhar um projeto desde
seu planejamento até a sua construção.
Além de suprir as necessidades inter organizacionais, a ferramenta ainda tem a função de um
arquivo virtual, que armazena o banco de dados de uma construção. Há, no entanto, problemas de
superlotação de informações, o que gera a necessidade de melhor organizar os dados do projeto.
Sobreposição de projetos
A sobreposição é uma técnica de apoio a coordenação utilizada para verificar a compatibilidade entre
projetos de diversas especialidades. O pressuposto do projeto simultâneo tem por objetivo integrar o
desenvolvimento do produto ao desenvolvimento dos outros processos envolvidos por intermédio da
cooperação entre os diversos agentes, de acordo com Fabrício (2002).
Algumas empresas utilizam-se de ferramentas de última geração para viabilizar a sobreposição de
projetos, principalmente com o advento da Tecnologia da Informação. Uma alternativa é o uso do
modelo 3D integrado e/ou único de projeto. Neste contexto a troca de informação entre projetistas e
suas respectivas ferramentas não se restringe ao desenho 2D e é ampliado para ou até mesmo focado
no modelo 3D (STAUB-FRENCH; KHANZODE, 2007). Entretanto, persiste o uso de técnicas
relativamente atrasadas, comparando prancha por prancha e detectando visualmente as
incompatibilidades. Vale a pena destacar que Ferreira e Santos (2007) há muito chamam a
atenção para as limitações da representação 2D na compatibilização em projetos de edifícios.
Estes autores identificam na representação 2D problemas como visão espacial restrita,
ambigüidade, generalização e simbolismos empregados são fontes de erro de construtibilidade,
especificação e compatibilização.
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CONCLUSÃO
Vimos que o processo de compatibilização de projetos é bastante complexo, porem se bem coordenado
trás grandes retornos positivos para as empresas de construção civil. É claro que os profissionais
responsáveis pela compatibilização devem possuir todos os atributos necessários para execução das
etapas, alem de ter que haver uma integração e interação entre os vários profissionais envolvidos no
processo, desde o estudo preliminar dos projetos, elaboração, suprimentos até os engenheiros
responsáveis para execução dos projetos. Todas as partes devem ser ouvidas para que todos os
problemas apresentados sejam solucionados nas compatibilizações.
As técnicas aplicadas aqui variam de acordo com o nível das equipes responsáveis para as
compatibilizações e com os recursos disponíveis. O importante é deixar claro que mesmo as técnicas
mais simples e talvez menos onerosas gerem um resultado bem satisfatório na redução de custo, pois já
eliminam consideravelmente os custos com retrabalhos gerando custos com material e mão de obra
bem como compras erradas de material. Os custos com os atrasos nos cronogramas são relevantes
quando se tem uma compatibilização mesmo que mais simples que seja.
Processos como atrasos na entrega de projetos, projetos errados ou que apresentem falhas de detalhes
executivos também devem ser considerados, pois esses atrasos apresentam resultados bem relevantes
nos custos da construção.
Referencias bibliográficas
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 214.
FABRICIO, M.M. Projeto simultâneo na construção de edifícios. 2002. Tese (Doutorado) – Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
JÚNIOR, C. A importância das fôrmas para a qualidade da obra. TOR Engenharia, 2000.
Disponível em: <http://www.tqs.com.br/jornal/consulta/entrevistas/ent_clelio.htm>. Acesso em Julho
de 2007.
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COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS:
ANÁLISE DE ALGUMAS FALHAS EM
UMA EDIFICAÇÃO PÚBLICA
Resumo
A construção civil nos últimos anos vive uma fase de aprimoramento
tecnológico em busca de ganhos de eficiência, redução do desperdício
e melhor qualificação dos empreendimentos. Para obter vantagens
competitivas é primordial um planejamentto bem executado e projetos
adequados e compatibilizados. Neste trabalho foram analisadas
diversas referências sobre o tema compatibilização de projetos e sua
relação com a execução da obra, o que permitiu avaliar um
empreendimento público, no qual este procedimento não foi realizado.
Constatou-se, pelo estudo de caso, a incidência de problemas, seus
custos e prazos no decorrer da obra, todos passíveis de serem
previstos, delineando assim a importância da compatibilização de
projetos. Diante dos resultados se propôs uma postura/”olhar” sobre
os elementos e as interferências encontradas em um empreendimento,
de forma a torná-lo mais eficiente.
1 INTRODUÇÃO
O Brasil vive nesta primeira década do século XXI um expressivo crescimento no setor da
construção civil e ao processo construtivo vem sendo imposto cada vez mais exigências
quanto à eficácia, eficiência, o dinamismo das interações entre os projetos/projetistas e a
execução da obra. Quando isto não se concretiza, observam-se falhas em projetos que
consomem recursos (tangíveis e intangíveis) e diminuem a competitividade da empresa.
Constata-se, nos últimos anos, que o setor da construção civil objetivando criar vantagens
competitivas e se adequar a padrões normativos e de desempenho, tem buscado
procedimentos/técnicas no sentido da padronização dos processos projetuais visando reduzir a
imprevisibilidade, eliminar os desperdícios e retrabalhos para atingir os melhores percentuais
de produtividade (SILVA; SOUZA, 2003).
Segundo Picchi (1993), a compatibilização de projetos compreende a atividade de sobrepor os
vários projetos e identificar as interferências, bem como programar reuniões, entre os diversos
projetistas e a coordenação, com o objetivo de resolver interferências que tenham sido
detectadas.
Fabrício (1999) define que, o desenvolvimento do projeto se dá a partir da sucessão de
diferentes etapas de projeto em níveis crescente de detalhamento de forma que a liberdade de
decisões entre alternativas vai sendo substituída pelo amadurecimento e desenvolvimento das
soluções adotadas ao mesmo tempo em que o projeto caminha da concepção arquitetônica
para o detalhamento dos projetos de especialidades.
Esse encadeamento é, conforme observa Melhado (1997), respaldado também pelas normas
técnicas em vigor, bem como pelos textos institucionais que tratam do assunto e que
consideram o projeto de arquitetura como o responsável pelas indicações a serem seguidas
pelos projetos de estruturas e instalações.
A fase da compatibilização de projetos, que vai além da simples compatibilização de
desenhos que compõem o projeto, acontece com integração das especialidades de projeto
entre si como procedimento que visa à identificação e resolução das interferências
previamente, para que os mesmo possam ser reduzidos a um percentual mínimo que não
dificulte a execução em obra. Desta forma, os três ganhos obtidos são refletidos em todos os
subsistemas que lhe fazem interface, possibilitando uma execução planejada, padronizada
que contribua para racionalização (GRAZIANO, 2003).
2 COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS
A compatibilização de projetos é a atividade que compreende gerenciar e integrar os projetos
correlatos, visando o perfeito ajuste entre os mesmos e conduzindo para a obtenção dos
padrões de qualidade total de determinada obra (SINDUSCON PR, 1995 apud MIKALDO,
2006).
Compatibilizar projetos é verificar se os componentes dos sistemas ocupam espaços não
conflitantes entre si e, além disso, garantir que os dados compartilhados tenham consistência e
confiabilidade até o final do projeto (GRAZIANO,2003).
A Figura 1 traça as relações, inversas, entre a possibilidade de interferência em um
empreendimento com o custo acumulado de produção. A utilização de padrões de qualidade
como o ISO 9000 e/ou sistemas lean construction podem fazer a diferença nas fases iniciais
de projeto, diminuindo os custos e possibilitando a redefinição do programa do
empreendimento, caso se faça necessário, sem grandes atrasos.
O desperdício afeta o custo total do empreendimento e é ocasionado por falhas na
especificação de materiais; falhas de projeto; falhas de durabilidade dos componentes; da mão
de obra; do serviço terceirizado; da manutenção dos materiais utilizados nas obras, dentre
outros aspectos.
Como exemplo desta situação, pode-se observar na Figura 2 os percentuais das origens de
falhas registradas em 378 empresas ligadas ao setor da construção civil no Brasil, originado
do trabalho de MAWAKDYE (1993).
Figura 2: Origens dos problemas patológicos nas construções
4 ESTUDO DE CASO
4.1. Caracterização
A análise da compatibilização de projetos foi realizada em uma obra ainda em fase de
execução. Este empreendimento trata-se da Câmara Municipal em uma cidade do interior de
Minas Gerais, que está localizada a aproximadamente 60 km de Belo Horizonte. O projeto foi
licitado pela prefeitura e vencido pela AMECO(Associação dos Municípios do Médio Centro-
Oeste).
A elaboração dos projetos complementares teve seu início durante a execução do projeto legal
de arquitetura, sendo realizada em locais distintos. O projeto estrutural foi concebido em Belo
Horizonte e os demais projetos, elétrico, hidráulico e de incêndio, foram destinados a
projetistas locais. Durante essa etapa não ocorreu compatibilização dos mesmos devido à
pressão para rápida execução e entrega da obra. O Quadro 2 ilustra a sequência dos projetos.
Fonte: Ameco
Fonte: Ameco
Fonte: Ameco
Fonte: Ameco
A solução para o caso foi o deslocamento da caixa elétrica alguns centímetros na direção da
alvenaria, o que não ocasionou grandes alterações no projeto. Porém, o canteiro de obras foi
paralisado e os projetos finalmente foram conferidos pelo arquiteto responsável.
As falhas encontradas nos projetos foram notadas durante o inicio da execução da obra,
resultando na sua paralisação por cerca três semanas para leitura de todos os projetos e
readequações logo no primeiro mês de construção. Além do tempo perdido, a mão de obra
paralisada e a revisão dos projetos resultaram em gastos além dos previstos inicialmente,
como pode-se verificar no cronograma de obra mostrado na Figura 7. Como a empreitada foi
do tipo preço global o aumento do preço, em torno de 15mil reais, foi distribuído pela etapas
do projeto conforme mostra a Figura 8.
Convém lembrar que um bom planejamento físico começa muito antes do início da obra. A
quantidade e principalmente a qualidade das informações obtidas ainda na fase do
desenvolvimento dos projetos são fundamentais, porém muitas empresas cometem falhas
justamente nessa fase, por negligenciar informações e desprezar a possibilidade de ocorrência
de restrições. A etapa inicial para o desenvolvimento de qualquer cronograma é a definição
objetiva dos vários serviços (aí incluídos prazos e preços) que também serão os principais
pontos de controle e acompanhamento. A definição das atividades (escopo) é um processo
posterior e que visa um melhor detalhamento do trabalho a ser realizado, explicitando as
especificações de materiais e técnicas construtivas.
Fonte: Ameco
O principal fator responsável pelos atropelos ocorridos no projeto foi a urgência no prazo para
celebração do convênio com o estado, como consequência do curto período estipulado para
entrega dos projetos, as análises e compatibilizações dos mesmos não foram feitas de maneira
adequada provocando reajustes no orçamento e modificação nos desenhos. Os atrasos no
inicio da obra tiveram que ser compensados para garantir que a entrega do empreendimento
ocorresse dentro do prazo determinado(dez/2012), data que corresponderia ao término do
mandato do prefeito. Essa necessidade de entrega com urgência provocou aumento de gastos
para acelerar os processos construtivos e também cobrir um aumento do efetivo na obra.
Seria interessante, então, lançar mão da estratégia da Engenharia Simultânea, que não é
apenas um conjunto de inovações tecnológicas, mas um modelo de gerenciamento de projetos
que, apesar de exigir um maior controle sobre o que se desenvolve, permite que os envolvidos
tenham maior liberdade no fluxo de informações e na tomada de decisões. Este arranjo
consiste na execução de várias fases do projeto interativa e simultaneamente, com o objetivo
de atender da melhor maneira possível às expectativas dos clientes internos e externos.
10
Fonte: Ameco
5 PROPOSTA DE POSTURA
Esse estudo permitiu que fossem analisados questões teóricas e práticas sobre a
compatibilização de projetos e sua implicação nos resultados e na execução de obras. Diante
disto, propõe-se algumas posturas/diretrizes para a adoção em empresas construtoras e
escritório de projetos (arquitetônico, estruturais, instalações, entre outros) para o
gerenciamento de projetos/empreendimentos que estejam em andamento ou que sejam
projetados no futuro, afim de otimizar sua elaboração e a execução e evitar
incompatibilização, com problemas construtivos e elevação dos custo.
A proposta de postura/diretrizes consiste em interações entre as etapas de desenvolvimento de
um empreendimento, conforme Figura 9. Estas interações são compostas por atividade e
11
12
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS -
Através da revisão bibliográfica pode-se perceber o desenvolvimento histórico e a evolução
do processo de projeto até a chegada das ferramentas de informática que facilitaram os
caminhos e reduziram drasticamente os tempos de projeto de estruturas. Diversos autores
estudados enfatizam a grande importância da compatibilização de projetos na construção de
uma estrutura, seja ela qual for, como parte de uma melhoria contínua no setor da construção
reduzindo custos e desperdícios.
No estudo de caso apresentado o arquiteto foi a figura do compatibilizador, que por ser
responsável pelo projeto matriz, definidor das diretrizes para a inserção das demais
disciplinas, possui uma visão ampla do empreendimento, necessária para o ajuste entre os
projetos. Porém a compatibilização foi tardia provocando perdas financeiras e de tempo na
obra, conforme visto nos cronogramas financeiros.
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Durante a compatibilização foi possível reduzir-se grande parte das interferências entre as
especialidades, como conflitos físicos entre elementos da estrutura e hidráulica, e
posicionamento de pilares que comprometeriam a utilização do edifício. A sobreposição dos
desenhos CAD em 2D de arquitetura, estrutural, elétrico e hidrossanitário, foi o método para
verificação de conformidades entre os projetos.
A ausência de encontros entre os projetistas e a falta de um compatibilizador de projetos
talvez seja uma característica dos pequenos empreendimentos, onde pequenos escritórios
independentes, geralmente compostos por um número reduzido de profissionais, que se
envolvem em projetos de menor porte e também pela não remuneração deste serviço por
parte do cliente, que não visualiza os benefícios deste trabalho na execução do edifício.
A utilização de sobreposição como maneira de verificação poderia ser substituída com a
evolução para ambientes colaborativos com compartilhamento de informações e arquivos, e o
uso de ferramenta BIM, que facilitaria a padronização de informações e a integração dos
softwares utilizados por cada projetista. É interessante perceber que os conflitos resultantes do
trabalho em grupo podem gerar bons resultados. Um erro percebido na fase inicial de projeto
pode se transformar em um diferencial na qualidade do produto, no que diz respeito à sua
eficácia e inovação.
REFERÊNCIAS
AHMAD, I. U.; RUSSEL, J. S.; ABOUD-ZEID. A. Information Technology (IT) and
Integration in the Construction Industry. In: Construction Management and Economics, v. 13,
n. 2, mar. 1995.
DINSMORE, C. e CAVALIERI, A.; (2003). Como se Tornar um Profissional em
Gerenciamento de Projetos: Livro-Base de Preparação para Cerfiticação PMP_ - Project
Management Professional. Rio de Janeiro. QualityMark.
FABRICIO, M.M.; BAÍA, J.L.; MELHADO, S.B. Estudo de Fluxos de Projeto: Cooperação
Seqüencial X Colaboração Simultânea. In. Anais em CD-Rom: Escola Politécnica de
Pernambuco / ANTAC, Recife, 1999.
FABRÍCIO, Márcio Minto. O Projeto Simultâneo na Construção de Edifícios. Tese
(Doutorado em Engenharia) - Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
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Como a compatibilização de projetos pode diminuir custos, gastos e retrabalhos na Construção Civil
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Resumo
Com a ampla evolução da Indústria da Construção Civil, vemos ainda alguns ranços na
Construção, como obras em projetos, projetos defeituosos, e mão de obra de má qualidade, e
que essa nossa indústria apresentam características próprias, entre as quais destacamos a
necessidade de diferentes tipos de profissionais, alguns mais amadores, outros mais
industrializados. Dentre todas as etapas que envolvem o processo construtivo, destaca-se a
concepção como uma fase crítica. A etapa de concepção é responsável por uma pequena parcela
do custo do produto final (cerca de 3 a 5%), porém é apontada como uma das principais causas
de falhas nas edificações em uso. É nesta etapa que são definidos cerca de 70 a 80% do custo
total da edificação. Temos por objetivo neste trabalho, sistematizar as referências de melhorias
na gestão da etapa de projeto obtidas na literatura, e avaliar a presença destes aspectos par aos
dias de hoje. As análises de compatibilidade buscam apresentar através dos quadros
comparativos os elementos conflitantes nos projetos abortados. Desta forma, busca-se
proporcionar subsídios aos profissionais da área para a racionalização dos processos
projetuais, e a consequente redução de improvisações na obra, retrabalhos e desperdícios de
insumos na construção. A análise propõe, assim, uma otimização dos recursos que deverão ser
aplicados na elaboração da fase inicial deste processo, onde as soluções podem ser mais
eficazes e definidoras nas etapas subsequentes, conforme amplamente observado nos favoráveis
resultados obtidos nas análises avaliadas.
1. INTRODUÇÃO
Tendo em vista que muitos dos problemas relacionados à falta de qualidade em edificações têm
como causa principal a falta de qualidade no processo de projeto – normalmente desenvolvido de
forma não planejada, segmentada e sequencial, sem uma visão abrangente e integrada do
binômio projeto/execução, e com evidente ausência de interação e comunicação entre os diversos
agentes envolvidos –, construtoras e incorporadoras brasileiras, seguindo a tendência global,
começam a buscar, ainda que de forma incipiente, metodologias de gestão da qualidade do
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projeto, no sentido de modificar o modelo tradicional e garantir a qualidade de seus produtos e
processos, e consequentemente a satisfação de seus clientes.
Nesse contexto, a incorporação da filosofia de trabalho da Engenharia Simultânea – tratamento
simultâneo de restrições de projeto e da manufatura; paralelismo das atividades de projeto; foco
na qualidade, custo e cronograma de desenvolvimento; ênfase na satisfação do consumidor;
configuração de equipe multidisciplinar; consideração do ciclo de vida do produto.
Alguns autores (Fabrício et alii, 1998a e 1998b; Andery, 2000) que defendem a mudança das
atuais formas de condução de projetos de edificações, acenam para: (i) a realização em paralelo
de várias etapas do processo, em especial, o desenvolvimento integrado de projetos do produto e
para produção; (ii) o estabelecimento de equipes multidisciplinares, formadas por projetistas,
usuários e construtores, em especial os engenheiros de obras; (iii) uma forte orientação para a
satisfação dos clientes e usuários; (iv) a padronização das formas de apresentação e
documentação do projeto; (v) a adoção de procedimentos para coleta de dados durante a
execução e após a entrega das obras, que torne possível a retroalimentação dos projetos. Ou seja,
apontam para um novo paradigma na construção civil: o desenvolvimento integrado de
edificações.
Contudo, para que essas mudanças possam ser implementadas com sucesso, a empresa – além de
um ambiente propício e de ferramentas, técnicas e metodologias de trabalho que suportem a
execução do processo – precisa antes de tudo, conhecer e ter explícito a forma com que o
processo é executado, ou seja, ter o seu desenvolvimento de produto modelado, permitindo, uma
visão global do mesmo: o que deve ser feito (projetos, etapas, atividades, tarefas), por quem (os
envolvidos, suas funções e responsabilidades, interações), quando (a que tempo e a que a hora,
relações de precedência), como (informações ou documentos de entrada; procedimentos,
ferramentas e/ou tecnologias utilizadas no processamento das informações; informações ou
documentos de saída; forma de controle), e onde (em que local, em que tipo de situação, por
quais meios).
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Projetos
Projeto possui uma diversidade de definições, variando de acordo com o contexto em que esteja
se referindo e quanto ao emprego desta palavra. Segundo a NBR 13.531 (ABNT, 1995), por
elaboração de projeto de edificação se entende como a “determinação e representação prévias
dos atributos funcionais, formais e técnicos de elementos de edificação a construir, a pré-
fabricar, a montar, a ampliar, etc., abrangendo os ambientes exteriores e interiores e os projetos
de elementos da edificação e das instalações prediais” (NASCIMENTO & SANTOS, 2002, p.1).
Conforme a NBR 5670 (ABNT, 1977) o conceito de projeto é sendo como “a definição
qualitativa e quantitativa dos atributos técnicos, econômicos e financeiros de um serviço ou obra
de engenharia e arquitetura, com base em dados, elementos, informações, estudos,
discriminações técnicas, cálculos, desenhos, normas e disposições especiais”.
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Falha de comunicação entre projetos inerentes pode causar, entre outros fatores, um aumento de
custo no produto final, e consequentemente um descontentamento do cliente, frustrando sua
expectativa. Através de muitas pesquisas (NOVAES, 1997; ARAÚJO, 2000; MARIA et al.,
2001) demonstraram que os erros ocasionados por falhas de projeto fazem parte da rotina da
maioria das construtoras e normalmente são descobertas apenas na hora da execução da obra.
Isto ocorre quando a elaboração de projetos e a execução têm tratamento dissociado e distinto
embora o mais importante seja que os dois caminhem lado a lado, pois são duas importantes
etapas da obra.
O projeto permite planejar não apenas a forma final do produto edifício, definindo uma série de
aspectos da edificação que influenciam na qualidade e produtividade do processo construtivo. A
partir de definições como formas geométricas da edificação, a sua localização no terreno, as
soluções estruturais, os materiais e o padrão de acabamento e detalhamento que são estabelecidas
as principais condições de execução (SCARDOELLI, 1995).
Souza; Abiko (1997) identificam que é na etapa de projeto que o produto é concebido e
desenvolvido e que deve ser baseado na identificação das necessidades dos clientes em termos de
desempenho e custos e nas condições de exposição a que está submetido o edifício na sua fase de
uso.
Melhado (1994) oferece várias de inúmeros autores para a palavra projeto e utiliza a seguinte
definição: “uma atividade ou serviço integrante do processo de construção, responsável pelo
desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e tecnológicas
especificadas para uma obra, a serem consideradas na fase de execução”. Em outro capítulo, o
autor faz comparações das características de um projeto de edifício com as características
atribuídas a um serviço, encontrando muita coisa incomum, como: variabilidade de resultados; a
falta de especificação pelo cliente; produção e consumo desencadeados e não simultâneos; e
contato pessoal e direto com o cliente. Contanto, o autor enfatiza a necessidade de se estabelecer
padrões do projeto também como produto, definindo seu conteúdo mínimo e a forma de
apresentação das informações.
Para Andery (2003), “os dois aspectos da atividade de projeto são complementares e um enfoque
(projeto como processo) dá origem ao outro (projeto como resultado ou produto)”.
Considerando todos os conceitos citados ao projeto, pode-se afirmar que um projeto de
engenharia possui particularidades e características únicas que o singularizam quando
comparados aos projetos de indústrias e que influenciam na definição, obtenção e avaliação da
sua qualidade (AMORIM, 1998; BOBROFF, 1993; IBP, 1994 citado por Verdi,2000):
A elaboração do projeto é uma atividade ainda essencialmente artesanal, onde cada produto é
produzido individualmente por uma ou mais pessoas. Mesmo a utilização de recursos
computacionais não altera o fato de que cada documento é uma entidade distinta e ainda que
se tenha um elevado grau de informatização na elaboração de um projeto, este não pode ser
comparado com uma linha de produção ou uma produção seriada típica de uma fábrica;
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O resultado do processo de projeto não é um produto único como em uma produção seriada.
O produto resultante de um projeto é constituído por um conjunto de produtos:
especificações, desenhos, requisições e memoriais. Por esta razão, não basta que alguns
destes produtos tenham qualidade. A qualidade deve recair sobre todas as partes
constituintes;
O projeto apresenta um caráter não homogêneo e não seriado do seu produto, estando na
dependência de encomendas que implicam na elaboração de um bem singular, não
reproduzível. Para garantir a qualidade deste produto é preciso conhecer e definir as reais
necessidades do cliente/contratante para poder atender aos seus requisitos;
A qualidade final do objeto projetado revela-se na hora da sua execução. O projeto é posto à
prova pelos fornecedores, construtoras e demais participantes quando da implantação do
empreendimento. Ao receber um projeto, o cliente não consegue detectar todas as eventuais
falhas e, muitas vezes, as inadequações de projeto são identificadas em fases bastante
avançadas da obra, sendo normalmente solucionadas de forma insatisfatória ou com alto
custo;
A dualidade de enfoques sobre o projeto, visto como uma prestação de serviço com o
fornecimento de produtos, apresenta dificuldades adicionais no que se refere à avaliação da
qualidade, que deve se aplicar tanto ao processo de prestação de serviço como aos produtos
resultantes;
A atuação de grande complexidade inter-relacional, decorrente da diversidade e do número
de intervenientes no processo de projeto (usuários, clientes, projetistas, financiadores,
construtoras) com interesses nem sempre convergentes e relações contratuais informais e
pouco definidas, faz com que o julgamento sobre a qualidade do projeto fique na
dependência da avaliação de diversos usuários – ao contrário do que acontece com bens de
consumo, em que o comprador e o usuário final são geralmente a mesma pessoa;
Pouco tempo é investido em planejamento e projeto para executar obras que tomam longo
tempo e pesados orçamentos. Como conseqüência, as atividades têm de ser revistas e refeitas
no canteiro, fazendo do improviso uma constante.
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empreendimento, as possibilidades de influência no custo final do empreendimento diminuem
consideravelmente”, conforme mostrado pela Figura 1.
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O projeto as built (como construído) é elaborado partir de informações de alterações do projeto executivo
coletadas durante ou após a execução da obra, tais como adequações de instalações elétricas e hidrosanitarias,
alterações de especificações de materiais, dimensões dos ambientes como revestimentos entre outro.
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“projeto legal”, elaborado para obter as aprovações necessárias em órgãos públicos e
concessionárias.
Com isso, podemos constatar que existem duas linhas de raciocínio para dividirmos as etapas de
processo de projeto: uma que é ligada ao conceito de que projetos são uma concepção e
especificação técnica o produto (projeto=produto), e outra linha ligada ao conceito de que
projeto é como um serviço. Neste caso, projeto não é apenas uma entrega de plantas, memoriais,
especificações, etc., mas sim o acompanhamento de todo processo de produção ate a entrega ao
usuário final.
Por todas essas divergências entre autores, quanto às etapas de processo de projeto, seguiremos
as seis etapas proposta por Melhado et. Al (2005, p.32) adaptado ao trabalho de MELHADO
(1994), que consiste em: idealização do produto, desenvolvimento do produto, formalização do
produto, detalhamento do produto, planejamento para execução e entrega final.
Na etapa de idealização do produto são escolhidas as definições preliminares e os programas de
necessidades do empreendimento, destinada à concepção, definições, analise e avaliações do
conjunto de informações técnicas e econômicas iniciais e estratégicas do empreendimento.
Visando constatar a viabilidade de um produto definido, seguindo as necessidades do mercado.
Segundo MELHADO (2005) podemos resultar no programa de necessidades se não houver
programa preestabelecido, onde as equipes de projeto e o cliente definem os rumos que o
empreendimento irá tomar.
A próxima etapa que é a de Desenvolvimento de produto, onde acontecem os levantamentos de
dados e o primeiro estudo preliminar. É feita a primeira avaliação nos aspectos mercadológicos,
econômicos e técnicos, junto com os custos, restrições legais, tecnologia e adequação ao usuário,
Melhado et. al. (2005). No final dessa etapa podemos chegar ao estudo preliminar.
Na etapa de formalização do produto chega-se no anteprojeto, projeto legal e projeto básico. O
anteprojeto é nosso produto final que desenvolvemos junto com as soluções dadas pelos
projetistas. Vai desde interfaces ocorridas nos projetos de instalações prediais, ate os mais
específicos projetos, tais como fundações, estrutura, esquadrias e ainda a parte de paisagismo e
interiores. Com todo o anteprojeto finalizado, passamos para o projeto legal e o básico. Esse
primeiro nada mais é que o projeto a ser aprovado pelos órgãos de administração publica, alem
de alvarás de construções e outras pendências. O projeto básico nos mostra as soluções
intermediárias das especialidades do projeto.
A etapa de detalhamento do produto é representada com todos os seus detalhes, informações,
especificações, memoriais tudo isso graficamente, deixando da maneira mais clara a edificação a
ser executada. Nesta etapa é que ocorrem as especificações dos componentes da edificação, sob
forma de desenhos, nos auxiliando na execução de cada serviço.
Etapa de planejamento para execução é uma etapa de transição entre as etapas de elaboração de
projeto e a entrega final. Nela esta a articulação entre os projetos, o planejamento e a execução
da obra. Segundo Melhado (2005) o planejamento para execução possibilita a simulação das
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alternativas técnicas e econômicas propostas pelo construtor ou pelo representante do cliente,
incrementando a racionalização da produção e adequando o projeto à cultura construtiva da
construtora, favorecendo a gestão de custos e prazos de projetos.
Entrega final é a finalização e revisões do projeto executivo, atualizando todas as informações
necessárias do projeto que tinha sido modificada durante a execução da obra. Essa etapa ocorre
com o desenvolvimento iterativo e a entrega de trabalhos finais, revisados pelas equipes de
projetos e de obra. O produto final desta etapa é o Projeto As Built, que contém informações do
projeto executivo, mostrando todas as suas modificações ao longo do período de execução de
obra.
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2.4 Diferentes tipos de Projetos numa Edificação
Baseado em MARQUES (1979) e MESEGUER (1991), traçou-se uma configuração para a
composição de um projeto, que está ilustrada na figura 3.
Esta configuração para o projeto propõe uma divisão em duas partes. Na parte gráfica
colocaram-se as disciplinas básicas (Arquitetura, Estrutura e de Instalações) e as disciplinas
complementares (Sistemas mecânicos e de Produção). Na parte escrita, consideraram-se os
elementos que irão também complementar as disciplinas gráficas, tais como:
Memorial Descritivo – é a descrição das soluções adotadas pelo projetista no seu trabalho;
Memorial de Cálculo – é a justificativa matemática das soluções adotadas em projeto, sendo
necessária em algumas disciplinas gráficas (Estrutura, Instalações Elétrica, Hidráulica,
Sanitária e Sistemas Mecânicos);
Caderno de Encargos – estabelece as condições indispensáveis para o processo construtivo
especialmente quanto à qualidade dos materiais e à tecnologia construtiva empregada;
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Orçamento – é o elemento que relaciona o processo construtivo com a parte financeira,
tornando-se assim um item muito importante para o projeto.
Existem vários tipos de projetos na construção civil para uma edificação. Levantamento
Topográfico, estudo de solo, projetos estruturais, projeto de instalações (elétrico, telefônico,
hidrosanitário) projeto arquitetônico, projeto preventivo contra incêndio, entre outros. Aqui no
caso deste trabalho iremos estudar apenas alguns deles, os que achamos mais necessários para
desenvolvermos os estudos de compatibilização de projetos.
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2.5 Falhas mais freqüentes de Projetos
Foram demonstradas em pesquisas que os erros são ocasionados por falhas de projeto fazem, e
vêem fazendo partes da rotina da maioria das construtoras e, normalmente, e só são descobertos
na hora da execução da obra. Alguns dados são apresentados por Oliveira et al. (2001) nos
mostra que no Brasil 52% das falhas na construção civil se relacionam os erros de execução, e os
48% restantes se dividem em problemas com projeto e na qualidade do material, bem como na
má utilização dos equipamentos e dos edifícios. Estes dados deixam evidentes as falhas
existentes no processo produtivo da construção e apontam para a importância e a necessidade do
setor em tentar melhorar a qualidade das edificações brasileiras.
Atrasos na entrega dos projetos, inadequações de memoriais descritivos, soluções técnicas
inadequadas, falta de interesse de projetistas em conhecer elementos da obra e revisões feitas por
técnicos não habilitados, são alguns dos problemas recorrentes nas obras. Isso gera na obra re-
trabalhos, aumento de custos, interferências dos projetos, etc.
Conforme ABRANTES (1995), a qualidade de uma construção tem que ser entendida como
sendo a capacidade de satisfazer as exigências dos respectivos utilizadores, em condições de uso
para que fosse prevista, e resulta da soma de três qualidades: a do planejamento, a do projeto e a
da execução da obra. O autor também afirma que a não qualidade é muitas vezes mais
importante em fases anteriores do processo de construção, ainda que as conseqüências não sejam
imediatamente visíveis, sendo as formas mais correntes de não-qualidade os sinistros que
ocorrem durante a fase de uso da obra. As origens destes sinistros são indicadas na tabela 1.
Tabela 1 – Origens dos problemas patológicos na construção civil
ORIGENS DOS PROBLEMAS (%)
Projeto 60,0
Construção 26,4
Equipamentos 2,1
Outros 11,5
TOTAL 100,0
Insuficiência de detalhes;
Incompatibilização entre a concepção e o detalhamento;
Falta de integração entre projetos distintos;
Ausência de conformidade entre o projeto e a produção.
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Neste mesmo trabalho, os autores fizeram um levantamento dos retrabalhos acontecidos durante
a coleta e chegaram à conclusão de que a origem desses problemas era devido a:
Melhado (1994) lembra ainda que, embora indesejáveis, podem ocorrer alterações nas
discriminações de materiais, cronogramas, métodos construtivos e até mesmo no projeto ao
longo da execução do empreendimento.
Formoso (1993) constatou, em sua pesquisa realizada sobre as dificuldades dos gestores
técnicos, que quase na totalidade das vezes, as reuniões realizadas entre projetistas e construtores
são feitas de maneira informal, através de visitas ou ligações telefônicas. Segundo o próprio,
apenas 11% das empresas adotavam comunicações por escrito. Mais de 90% das empresas
alteravam projetos durante a execução da obra, sendo que 22% delas revelaram que as obras
tinham início antes da conclusão dos projetos executivos.
Ainda podemos identificar alguns problemas comuns relacionados aos projetos, sendo que as
respostas mais freqüentes são complementares, como pode ser observado na Tabela 2, a seguir:
Tabela 2 – Falhas típicas de projetos apontados por construtoras
TIPO DE PROBLEMA (%)
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Incompatibilidade entre diferentes projetos 53,0
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2.6 Coordenação de Projetos
A coordenação de projeto é uma atividade de suporte ao desenvolvimento voltado à integração
dos requisitos e das decisões de projetos, ela tem que ser exercida durante todo o processo e o
seu objetivo é fomentar a interatividade, melhorando a qualidade dos projetos. Segundo o
professor da POLI-USP, Silvio Burratino Melhado em entrevista para Revista Téchne,
Abri/2006:
“As decisões tomadas nas fases iniciais do empreendimento têm grande participação na redução
dos custos e falhas do edifício e representam importante informação de apoio à produção”.
Portanto, Coordenação de Projetos, pode ser definida como uma função que faz parte da gestão
do processo de projeto que tem por objetivo garantir: o atendimento dos requisitos exigidos pelo
cliente, o fluxo de informações entre os participantes, o controle das mesmas e a compatibilidade
entre as soluções dos sistemas projetados.
De acordo com SOUZA et al (1994, p.142), “a coordenação é uma função gerencial a ser
desempenhada no processo de elaboração do projeto, com a finalidade de assegurar a qualidade
do projeto como um todo durante o processo. Trata-se de garantir que as soluções adotadas
tenham sido suficientemente abrangentes, integradas e detalhadas e que, após terminado o
projeto, a execução ocorra de forma contínua, sem interrupções e improvisos”.
Segundo ARANCIBIA, 2005, alguns autores identificam a coordenação de projetos num sentido
amplo como sendo a própria gestão do processo. Nesta dimensão, a mesma pode ser definida
como:
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fundamental que exista uma coordenação de projetos, que os compatibilize desde os estudos
preliminares (GOZZI & OLIVEIRA, 2001).
Marques (1979) apud Novaes (1997) entende caber distinção entre dois conceitos para projeto.
Um estático referente a projeto como produto, constituído por elementos gráficos e descritivos,
ordenados e elaborados de acordo com linguagem apropriada, destinado a atender às
necessidades da etapa de produção; e outros, dinâmicos, que confere ao projeto um sentido de
processo, através do quais as soluções são elaboradas e compatibilizadas.
Compatibilização de Projetos é a atividade de gerenciar e integrar projetos correlacionados,
tendo em vista o perfeito ajuste entre eles, conduzindo para a obtenção dos padrões de controle
de qualidade total de determinada obra. Também pode ser definida como: a análise, verificação e
correção das interferências físicas entre as diferentes soluções de projeto de uma edificação.
NOVAES (1998) afirmou que a compatibilização das disciplinas do projeto é uma ação
empreendida no âmbito da coordenação das soluções adotadas nos projetos do produto e nos
projetos para produção, assim como, nas especificações técnicas para a execução de cada
subsistema.
De acordo com Vanni et al. (1999), como princípio norteador do desenvolvimento do método de
compatibilidade de projetos, partiu-se da idéia básica de que as incompatibilidades entre os
diversos projetos – arquitetônico, estrutural, hidráulico, elétrico, etc., são decorrentes dos fluxos
ineficientes de informação nas diversas etapas de desenvolvimento do projeto. Mais ainda,
muitas das atividades desenvolvidas não agregam valor ao produto final, representando,
portanto, um desperdício.
Segundo Youssef (1994) apud Vanni et al. (1999), a compatibilidade de projetos é uma tarefa
voltada à execução de edificações, e tem de ser considerada como intrinsecamente interligada a
ela. Portanto, os projetos devem ser realistas, buscando adoção de medidas de racionalização
tanto no projeto como na execução, tendo em vista alcançar a construtibilidade do produto.
Segundo RODRÍGUEZ e HEINECK (2001), a compatibilização deve acontecer em cada uma
das seguintes etapas do projeto: estudos preliminares, anteprojeto, projetos legais e projeto
executivo, indo de uma integração geral das soluções até as verificações de interferências
geométricas das mesmas. Os mesmos autores indicam que a compatibilização fica facilitada na
medida em que ela é iniciada a partir dos estudos preliminares.
Para exemplificar, a compatibilização deve resolver as seguintes interferências entre um sistema
estrutural e outros sistemas: interferência como o layout de arquitetura (circulações espaços,
possíveis modificações), interferência da malha estrutural com espaços para garagens e
circulações de veículos ou interferência com caminhos horizontais e verticais das instalações, ou
encontro dos projetos elétricos e hidrosanitário, tal como quadro de disjuntores com tubulações
de passagens na laje.
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Silva (2004, p.59) diz que após a avaliação das soluções nos diversos projetos analisados, a
compatibilização se processa por meios manuais ou digitais. Esta autora diz que a
compatibilização de projetos é realizada através da superposição e análise de desenhos:
Aqui iremos analisar duas técnicas de compatibilidade, para que no final escolhermos não a
melhor, mas a que satisfaça o nosso trabalho.
2.8 Diferentes Técnicas de Compatibilidade
A primeira técnica de compatibilidade a ser estudada neste trabalho será a de Engenharia
Seqüencial, posteriormente falaremos da segunda técnica que é a Engenharia Simultânea.
a
- O processo de conversão pode ser dividido em Oculta atividades de não-conversão (por vezes
subrocessos, que também são processos de chamadas perdas), conduz para pensamento que
conversão. todas atividades são similares.
b
- O custo de processo total pode ser minimizado Oculta a interdependência entre atividades;
pela minimização do custo de cada subprocesso. direciona a atenção para longe de possibilidades
para redução de custos completos, coordenados
e otimizados de atividades sucessivas.
c
- O método é vantajoso para separar o processo Sugere aumentar atividades de não-conversão
de produção do ambiente externo completo por causa de coordenação.
físico ou suporte organizacional
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d
- O valor da saída de um processo é associado Oculta a oportunidade de agregar valor para
com custos (ou valor) de entradas para atender às necessidades do cliente.
qualquer processo.
Fonte: (KOSKELA, 1998).
Assim como KOSKELA, TZORTZOPOULOS (1999) concorda com essa abordagem e aponta
que o projeto, bem como os outros processos de produção, são analisados e gerenciados como
um conjunto de conversões, no qual a atividade de projetar é encarada como uma transformação
de requisitos e necessidades dos clientes (internos e externos) em projetos satisfazendo essas
requisições.
Quanto à melhoria do processo, TZORTZOPOULOS (1999) comenta que o ganho em eficiência
e eficácia das atividades tem como embasamento o uso de ferramentas de projeto como o CAD2.
Em contramão à melhoria do processo, HUOVILA et al (1997), citados por TZORTZOPOULOS
(1999), apontam duas deficiências importantes no modelo de conversão:
Neste modelo, na análise do processo de projeto não fica bem explicitada a existência de
atividades que não agregam valor ao produto;
O modelo não identifica claramente os clientes específicos de cada etapa do processo, que
possuem requisitos diferenciados.
Devido à contribuição destas deficiências, os mesmos autores apontam alguns problemas que
se mantém no processo:
A existência de muitos requisitos que não são definidos no início do processo;
Erros de projetos são detectados em fases avançadas, causando retrabalhos;
A existência de poucas interações entre os projetistas;
Esperas para aprovações, instruções ou informações tomam a maior parte do tempo dos
projetistas;
As atividades do processo são desenvolvidas de forma seqüencial, e muitas vezes ocorrem
longos períodos de espera entre o desenvolvimento de ações subseqüentes;
Longa duração, alto custo e baixa qualidade dos projetos em geral.
2
CAD - computer aided design
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pela globalização dos mercados, este modelo de Engenharia Tradicional perdeu espaço para uma
nova forma de organização, que é a Engenharia Simultânea.
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Com esse novo arranjo, propiciam-se melhores condições para uma maior integração entre as
etapas de projeto, melhorias na sistemática de informações e conseqüente diminuição de
retrabalhos, que são justamente os fatores em que o modelo tradicional apresenta deficiência.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de desenvolvimento de produtos na construção de edifícios apresenta uma série
de deficiências que vão repercutir negativamente na qualidade dos produtos gerados e na
eficiência da construção. O pobre desempenho dos projetos, frente a seus clientes internos e
externos, está intimamente associado a pouca interatividade entre os agentes envolvidos no
processo de projetos do setor. Como alternativa a este quadro, a utilização do conceito de
Projeto Simultâneo se mostra potencialmente promissor na busca por processos de projetos
orientados ao desenvolvimento integrado das várias especialidades de projeto, com
significativas repercussões na qualidade do projeto. Para operacionalização dos Projetos
Simultâneos foram propostas alterações no encadeamento das etapas de projeto de forma a
privilegiar o paralelismo entre etapas de projeto e a interatividade entre os executores destas
etapas, de forma a buscar um processo de projetos orientado à análise precoce das
repercussões das especificações adotadas e de alternativas que propiciem uma ampliação do
desempenho dos projetos segundo uma visão global do empreendimento.
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E
Daniel de Carvalho Moreira
Faculdade de Engenharia Civil, complexidades atuais do processo criativo, dos avanços tecnológicos e
Arquitetura e Urbanismo
Universidade Estadual de Campinas das mudanças sociais e econômica. Este panorama uma mudança de
E-mail: damore@fec.unicamp.br atitude e a aplicação de procedimentos mais sistemáticos durante o
Silvia Aparecida Mikami G. Pina processo de projeto. Vários métodos de projeto são apresentados, os quais
Faculdade de Engenharia Civil, discutem a síntese, a análise e a avaliação de importantes fatores arquitetônicos. O
Arquitetura e Urbanismo
Universidade Estadual de Campinas potencial destes métodos é analisado. Técnicas e procedimentos para avaliação do
E-mail: smikami@fec.unicamp.br desempenho de edifícios, avaliação de projetos e desenho são discutidos, assim
Regina Coeli Ruschel como o uso de modelos físicos e virtuais. Assim, o artigo faz uma reflexão sobre
Faculdade de Engenharia Civil, as formas e meios pelos quais os arquitetos organizam a busca das soluções de
Arquitetura e Urbanismo
Universidade Estadual de Campinas projeto de alta qualidade, que satisfaçam as necessidades humanas.
E-mail: regina@fec.unicamp.br
Palavras-chave: processo de projeto em arquitetura, métodos de projeto
Vanessa Gomes da Silva
Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo
Universidade Estadual de Campinas
E-mail: vangomes@fec.unicamp.br
Introdução
É objetivo deste trabalho, por meio de uma breve São grandes as dificuldades de enquadrar as
revisão do estado da arte em metodologia de características do processo projetivo em
projeto, apresentar uma discussão sobre o processo metodologias de projeto, uma vez que o processo
de projeto em arquitetura. As investigações em de criar formas em arquitetura é, na maioria das
metodologias de projeto arquitetônico situam-se na vezes, informal, individual ou simplesmente
transversalidade de várias áreas, tais como: pertence a escolas de regras estéticas
qualidade do ambiente construído, conforto (KOWALTOWSKI; LABAKI, 1993). Estudos do
ambiental, psicologia ambiental, processo de processo criativo indicam pelo menos cinco tipos
projeto, informática aplicada e avaliações de de heurísticas aplicadas na solução de projetos
projetos e obras em pós-ocupação. (ROWE, 1992; LAWSON, 1997; HEARN, 2003):
Os avanços tecnológicos e as mudanças globais (a) analogias antropométricas: baseiam-se no
das relações sociais e econômicas influenciam os corpo humano e nos limites dimensionais;
trabalhos em arquitetura. Nos últimos anos, a (b) analogias literais: uso de elementos da
complexidade do projeto e a exigência da
natureza como inspiração da forma;
qualidade ambiental das construções de grande
porte têm aumentado. Cinco razões podem ser (c) relações ambientais: aplicação com maior
citadas em relação a esse aumento: avanço rápido rigor de princípios científicos ou empíricos da
da tecnologia; mudança de percepção e de relação entre homem e ambiente, tais como clima
demanda dos proprietários de edificações; aumento da região, tecnologia e recursos disponíveis;
da importância do prédio como facilitador da (d) tipologias: aplicação de conhecimento de
produtividade; aumento da troca de informações e soluções anteriores a problemas relacionados,
do controle humano; e a necessidade de criação de podendo-se dividir em modelos de tipos de
ambientes sustentáveis, com eficiência energética. construção, tipologias organizacionais e tipos de
Evidenciam-se também uma intensificação elementos ou protótipos; e
competitiva e a necessidade crescente de
colaboração dos agentes de um projeto para (e) linguagens formais: estilos adotados por
produzir com eficiência e qualidade. Essas grupos ou escolas de projetistas.
exigências sobre o trabalho do arquiteto Pode-se considerar o processo de projeto como um
demandam um aprimoramento dos procedimentos conjunto de atividades intelectuais básicas,
adotados e a aplicação de metodologias mais organizadas em fases de características e
sistemáticas de pesquisa e projeto. resultados distintos. Essas atividades são análise,
síntese, previsão, avaliação e decisão. Na prática,
Processo de projeto algumas atividades podem ser realizadas através da
intuição, algumas de forma consciente e outras a
Em arquitetura, o processo de criação não possui partir de padrões ou normas (LANG, 1974).
métodos rígidos ou universais entre profissionais,
muito embora possam ser atestados alguns O projeto arquitetônico faz parte da família de
procedimentos comuns entre projetistas. O processos de decisão. O processo de decisão em
processo é complexo e pouco externado pelo um projeto pode utilizar a descrição verbal, gráfica
profissional. O campo projetivo arquitetônico ou simbólica, isto é, vários mecanismos de
situa-se numa área intermediária entre ciência e informação, para antecipar analiticamente um
arte, tendo que responder a questões não modelo e seu comportamento (ROSSO, 1980).
perfeitamente definidas e permitindo múltiplas Podem-se ainda considerar as principais fases do
abordagens (DÜLGEROGLU, 1999; JUTLA, modelo geral da tomada de decisão, que,
1996). Há subáreas (representação da forma, traduzidas pela prática profissional dos projetistas,
história e teoria de construções e estudo das dividem-se em programa, projeto, avaliação e
estruturas, entre outras) que se desenvolvem de decisão, construção e avaliação pós-ocupação. Em
maneira independente, cada uma com um tipo de cada fase, pode ser realizada uma série de
dialeto, sendo necessário integrá-las na concepção atividades (LANG, 1974). Na rotina dos
do projeto. O campo também possui o escritórios de arquitetura, observa-se ainda a
conhecimento universal para fazer normas e divisão da fase de projeto em croquis, anteprojeto
padronizações e o conhecimento específico para e projeto.
cada caso. Assim sendo, todo problema é único e, De acordo com Mumford et al. (1994), o
portanto, cada solução está baseada em um pensamento criativo representa uma forma de
conjunto diferente de critérios. solução de problemas. Os estudos da capacidade
humana de buscar soluções de problemas enfocam
8 Kowaltowski, D. C. C. K. et al.
Surgem métodos participativos de projeto, como interação entre indivíduos e as suas condições
os jogos, modelos em escala real (mock-ups) e a físicas (GIFFORD, 1997).
aplicação de recursos visuais mais realistas, como O conforto ambiental, nos seus aspectos térmicos,
maquetes virtuais com passeios programados
acústicos, visuais e de funcionalidade, é um dos
(SANOFF, 1991). Surgem também visitas a elementos da arquitetura que mais influencia o
edifícios tipo, para a documentação de opiniões e bem-estar do homem. O processo de projetar deve
satisfações, tendo as avaliações pós-ocupação
criar ambientes que priorizem os aspectos de
(APO) um papel fundamental no processo de conforto, funcionalidade, economia e estética,
projeto. aplicando os conhecimentos artísticos, científicos,
Assim, as avaliações pós-ocupação de edificações técnicos e de psicologia ambiental. As
devem fazer parte das metodologias de projeto, constatações de falhas nas construções,
pois colaboram com as fases de síntese e correção especialmente no que diz respeito ao ajuste da
das falhas de projeto. Métodos e técnicas de função à forma, são freqüentes. O grande desafio
avaliação do ambiente construído são utilizados nas pesquisas em arquitetura tem sido, nos últimos
por pesquisadores vindos de diferentes áreas. A anos, a introdução sistemática de conhecimento de
avaliação pelo próprio usuário de uma edificação é fatores comportamentais no processo criativo.
considerada importante no levantamento da Estabelecer regras com profundo conteúdo
complexidade do uso e da satisfação do ambiente humanista e científico dentro de uma metodologia
construído. de projeto demonstra importante contribuição no
enriquecimento conceitual do processo criativo.
A existência de diferentes pontos de vista entre
pesquisadores, especialistas e usuários leigos levou A partir da análise dos dados coletados, as
os métodos APO a considerar que ambientes pesquisas de avaliação pós-ocupação podem gerar
construídos sejam submetidos não só às avaliações prescrições para a melhoria do ambiente já
comportamentais, mas também a avaliações construído, parâmetros de projeto e conhecimentos
físicas. Estas últimas utilizam instrumentos diversos de tipologias edificadas e seus usuários. É
técnicos de medição, ensaios de componentes, percebida a existência de problemas que podem ser
protótipos em laboratórios e observações técnicas evitados com a utilização de parâmetros de projeto
gerais. Podem ser feitos ainda cálculos e mais rigorosos. Existem tentativas na busca de
simulações, quando necessário, como balanço métodos para o processo projetual e a garantia da
térmico e aferição de consumo de energia elétrica, qualidade dos seus produtos. Uma vertente é a
entre outros (PREISER, 1988). especialização da profissão para projetos de
tipologias específicas, tais como hospitais ou
Destacam-se ainda os métodos e técnicas visuais,
que permitem associar as informações obtidas por indústrias. As metodologias participativas de
meio de diários ou listas de atividades, mapas projeto, cujo objetivo é amenizar o autoritarismo
do projetista no processo, são também
comportamentais, registros fotográficos, registros
em videoteipe, percepção visual e simulações contribuições positivas. Há ainda a criação de
(SANOFF, 1991; ITTELSON et al., 1970). Nesses profissões novas, como os programadores de
necessidades que atuam na preparação de material
métodos, são aplicadas muitas vezes as escalas de
diferencial semântico, criadas por Osgood, Suci e para o ato de projetar e na avaliação dos produtos
Tannenbaum (1957), em que se trabalha com com o intuito de criar um corpo de conhecimento
apropriado para direcionar e alimentar o processo
extremos opostos, como interessante e cansativo,
por exemplo, ou difícil e fácil. criativo (SANOFF, 1992).
10 Kowaltowski, D. C. C. K. et al.
(ZAGREUS, 2004). Sabe-se que, principalmente As especificações são utilizadas a fim de descrever
no Brasil, muitas pesquisas de APO não são saídas aceitáveis na elaboração do projeto. É um
conduzidas pelo custo na aplicação de procedimento pelo qual o cliente define soluções
questionários e pela necessidade de dispor de mínimas para a sua aceitação. Assume-se que as
equipes e equipamento para as medições técnicas pessoas envolvidas na elaboração de tais
recomendadas. A nova possibilidade de conduzir especificações conhecem melhor as condições que
pesquisas APO a distância deve melhorar esse devem ser satisfeitas. As dificuldades referem-se
quadro. ao tempo de elaboração da relação dessas
especificações e ao nível de seu detalhamento
Avaliação de projeto (JONES, 1970).
12 Kowaltowski, D. C. C. K. et al.
proporcionam informação de como comparar o constância no uso dessa edificação (COOK, 2001).
desempenho de diversas soluções As avaliações ambientais dos edifícios
(KOWALTOWSKI; LABAKI, 1993). compreendem pelo menos cinco categorias:
utilização de recursos naturais; geração de
No processo do projeto arquitetônico, a
visualização de aspectos de conforto ambiental é poluição e emissões; comprometimento dos
tida como importante instrumento para uma clara agentes e qualidade do monitoramento da operação
do edifício; qualidade do ambiente interno; e
transferência de conhecimento das áreas da física,
engenharia e psicologia. Vislumbra-se, na área das contexto de inserção (SILVA, 2000).
pesquisas em conforto ambiental, a plena
visualização dos conceitos e das sensações dos Desenho como ferramenta de projeto
aspectos de conforto térmico, acústico, lumínico e Para apoiar o desenvolvimento do projeto são
funcional-ergonométrico (KOWALTOWSKI et utilizados procedimentos e ferramentas específicos
al., 1998). Para que a conexão dos indicadores de para externar o estágio de desenvolvimento do
conforto, oriundos da pesquisa científica, ocorra de projeto, tais como desenhos e maquetes. Existem
fato no projeto, é fundamental visualizar os alguns procedimentos característicos que
fenômenos atuantes por meio de imagens transparecem nos desenhos da criação, nos quais
estimulantes ao processo criativo. Assim, cada trabalhos em duas e três dimensões são usados
aspecto do conforto necessita de tradução com propósitos específicos. A manipulação do
específica dos conceitos e indicadores em imagens produto de criação diretamente em planta é comum
gráficas adequadas ao processo projetual. no processo, usando-se ainda grelhas e elementos
Recentemente, a computação gráfica tem fixos como, por exemplo, escadas para uma
contribuído na facilidade de manipulação de dados visualização melhor da escala do projeto. No
científicos e na interpretação mais amigável de momento do desenvolvimento da planta, o
resultados. Simulações com visualizações realistas projetista procura resolver os problemas
das variáveis de projeto já existem, principalmente funcionais, apresentados pelo programa de
na área do conforto visual. Por outro lado, necessidades e pelas restrições vindas do local de
representar graficamente calor, movimento de ar e implantação. A planta também serve para
ruído é mais complexo e exige novas formas e direcionar a opção formal do projeto. É nesse
conceitos de visualização. O desenvolvimento da momento que a terceira dimensão é usada como
realidade virtual vislumbra a simulação da referência de imagens, mas ainda sem preocupação
ocupação desse espaço onde o som pode ser de precisão. Os estudos volumétricos, comuns
ouvido, os impactos sentidos e a luz e as cores nessa fase, são um importante elemento, pois
percebidas. Habitam-se os espaços virtuais com servem para a avaliação formal do projeto e
sensações térmicas através da simulação das trocas verificação de interferências técnicas, das
de calor do corpo humano com o ambiente. Na superfícies da cobertura, por exemplo. Os estudos
representação gráfica tradicional em projeto em três dimensões também servem para estudos de
arquitetônico, no entanto, a tradução dos conforto térmico do projeto, das condições de
fenômenos do conforto ambiental ainda apresenta insolação e de sombreamento adequado.
grande dificuldade. Ilustrações muitas vezes são
criadas evocando sensações equivocadas não A introdução do desenho no processo de criação
realistas. distingue o projeto arquitetônico da criação
artesanal ou da construção vernacular. Nesse
A crescente preocupação com fatores ambientais processo a compreensão do problema e a solução
fez surgir a avaliação de desempenho ambiental emergem juntas. O ato de passar uma idéia da
dos edifícios ou de sustentabilidade do percepção visual, através do olho, para uma
empreendimento. Essa avaliação procura indicar cognição mental e pela mão no desenho amplia o
medidas para a redução de impactos a partir de conhecimento. A simples contemplação de uma
alterações na forma como os edifícios são fotografia, ou de um objeto ou uma paisagem, não
projetados, construídos e gerenciados ao longo do cria a mesma compreensão da complexidade do
tempo (YEANG, 1995). O parâmetro de objeto analisado.
sustentabilidade não exige mudança de estilo ou de
estilo de vida, mas sim uma mudança de Fraser e Henmi (1994) analisaram desenhos
paradigma. É uma construção alternativa da arquitetônicos e sugerem o seguinte sistema de
relação humana com o meio ambiente que, por classificação: desenhos referenciais; diagramas;
definição, requer uma nova forma de expressão. desenhos de projeto; desenhos de representação; e
Sustentabilidade implica oportunidades e desenhos visionários. Os desenhos referenciais são
acomodação a mudanças durante a vida da os registros de idéias de projetos percebidas pelo
edificação. Também implica continuidade e projetista, não necessariamente associadas a um
projeto específico. De acordo com Hertzberger dimensões do projeto. Perspectivas com vários
(1991), os desenhos de referência são importantes pontos de fuga podem expressar o ponto de vista
registros de conhecimento que cada projetista deve conceitual do projetista. Os desenhos visionários
estabelecer. O desenho de observação, por essa devem ser usados com precaução, já que não
razão, ainda faz parte da formação do projetista na representam o projeto com precisão e podem criar
maioria das escolas de Arquitetura. Os desenhos no observador entendimentos errôneos.
efetuados durante viagens por muitos arquitetos
No processo de projeto são produzidos ainda
são bons exemplos dessa tipologia de desenho e desenhos de representação de dois tipos distintos,
demonstram a importância desses registros de os desenhos de representação final, para o cliente
observação para o desenvolvimento da arte de
ou para a venda do produto, e os desenhos de
projetar. execução, para dar suporte à construção (execução
Diagramas, chamados de “infográficos” por Tufte da obra). Esses desenhos devem ser produzidos
(2001), são muitas vezes abstrações de idéias sem apenas após o desenvolvimento do projeto, quando
preocupação de fielmente representarem o mundo terminado a contento da equipe de projetistas e
real ou o projeto com precisão. O “diagrama de colaboradores técnicos (como engenheiros
bolhas”, para expressar as relações de espaços, é estruturais e de sistemas prediais), bem como
um dos diagramas mais utilizados no início do clientes e usuários. Na produção dos desenhos de
processo de projeto para externar o entendimento execução, no entanto, o projeto ainda passa por
do programa de necessidades. Muitos projetistas avaliações e manipulações para elevar a qualidade
utilizam diagramas para a própria compreensão de do produto e facilitar a sua execução. Os desenhos
um fenômeno no processo de projeto, e a sua de representação devem comunicar com precisão a
interpretação por terceiros pode ser errônea. intenção do projeto e como essa intenção se
Desenhos de projeto são os registros das soluções realizará. Nessa fase é de extrema importância
parciais encontradas. Os desenhos de projeto coordenar os vários agentes de projeto. Os novos
ambientes computacionais do projeto colaborativo
reduzem a escala do objeto e expressam a terceira
dimensão no papel através das projeções contribuem muito para essa afinação (SIMOFF;
ortogonais e perspectivas. O grande desafio no MAHER, 2000). As apresentações finais para o
cliente são menos precisas, mas devem criar uma
processo de projeto em arquitetura é a necessidade
de considerar fatores multifacetados ao mesmo imagem fiel do produto após sua execução no seu
tempo. Assim, o desenho “congela” um número de contexto real.
fatores, enquanto a mente trabalha outros aspectos
do projeto. São colocadas hipóteses sobre o estágio Maquete como ferramenta de projeto
do projeto e são produzidos e reproduzidos Desenhar, detalhar, analisar, descobrir, construir,
desenhos que analisam suposições. Por exemplo, testar e discutir são as atividades principais do
relações de ambientes são exploradas e o impacto processo de projeto em arquitetura. A maquete,
das novas organizações sobre a forma do projeto é assim como o desenho, tem um papel importante
analisado. Estudos de desenhos de projeto nesse processo. A maquete de escala reduzida, do
mostram que essa expressão deve-se limitar aos objeto sendo projetado, é uma representação mais
problemas postos e que a precisão do desenho deve fiel do objeto em relação ao desenho, já que a
estar relacionada ao nível de certeza da resolução terceira dimensão é real. O objeto pode ser
do problema (LAWSON, 1997). No ato do contemplado de vários ângulos e à luz do sol.
desenho existe uma interação entre o olho e a mão, Existem vários tipos de maquetes que devem fazer
entre a percepção e a criação. Schön (1983) parte do processo de projeto. Pode-se distinguir
descreveu essa atividade de “conversa” do três objetivos para o uso da maquete que se
projetista com o seu desenho. Quando o olho relacionam aos estudos da forma, do “fit” (do
interpreta e reinterpreta as formas e linhas, surgem encaixe dos elementos) e da função dos elementos
novas idéias e soluções projetuais. na montagem (RYDER et al., 2002).
Muitos arquitetos produzem o que pode ser Estudos tridimensionais diversos são importantes.
chamado de desenhos visionários. Essa tipologia A topografia deve ser estudada a partir de modelos
de desenho representa as qualidades que o projeto para otimizar os ajustes ao terreno para uma nova
deve possuir (LAWSON, 1997). Às vezes, intervenção construtiva. Na fase criativa são
aspectos do projeto são exagerados como, por importantes os modelos de massa, para analisar o
exemplo, a luminosidade dos ambientes previstos. conjunto da volumetria e seu impacto em relação à
Escalas variadas podem ser aplicadas aos implantação do novo objeto. Esse tipo de maquete
componentes arquitetônicos para enfatizar alimenta a discussão (interior ou individual) do
elementos específicos. A superposição de vistas projetista com o objeto em criação. A maquete
pode ser uma maneira de representar as várias
14 Kowaltowski, D. C. C. K. et al.
nessa fase é útil para testar idéias globais formais predominantemente as projeções ortogonais dos
e, assim, enriquece o processo do desenho no objetos. A interpretação desses desenhos demanda
papel. A complexidade das relações espaciais grande experiência e conhecimento. Finalmente, a
muitas vezes demanda a construção de maquetes maquete como ferramenta de comunicação é usada
para melhorar a compreensão do sistema criado e para fins de apresentação do projeto ao público-
das interferências indesejadas que porventura alvo, cliente e usuários. Muitas vezes a maquete
surjam. Em etapas mais avançadas do processo serve para a arrecadação de fundos para viabilizar
projetual, a maquete pode servir como elemento de a execução da obra ou serve como instrumento de
estudo de detalhes específicos e sua execução. marketing para estimular a venda de apartamentos,
por exemplo.
A maquete é de grande importância na
comunicação de idéias no processo projetual. Ela
expressa mais diretamente a intenção de projeto, Projeto assistido por computador
principalmente para o cliente e usuários com pouca A introdução do computador ou CAD (computer
experiência na leitura de desenhos. A discussão aided design) no processo de projeto em
com o cliente ou os usuários é mais direta, arquitetura trouxe nova atenção do papel dado ao
evitando-se interpretações erradas ou equivocadas. desenho e maquetes no processo criativo. Os
Em processos projetuais participativos as maquetes sistemas CAD foram aperfeiçoados em paralelo ao
aumentam a percepção espacial dos usuários e desenvolvimento dos estudos em metodologia de
alimentam as discussões produtivas. projeto (KOWALTOWSKI, 1992). A rápida
Maquetes permitem estudos de fenômenos adoção dessa nova ferramenta de projeto deve-se a
específicos. As simulações de sombras com o uso vários fatores. A facilidade de manipular o objeto,
de um heliodon são importantes para definir a sendo projetado com precisão, e a visualização
orientação dos volumes e a localização das direta em várias projeções melhoram o processo
aberturas, bem como o detalhamento das proteções criativo. A detecção de interferências indesejadas é
de insolação (brises). ampliada. A rápida criação de alternativas é um
fator importante na adoção de sistemas de CAD no
Maquetes especiais para estudos dos sistemas
processo de projeto. Existe também a facilidade de
estruturais são de extrema importância e podem ser
criar maquetes eletrônicas em que é possível
evidenciadas na obra de projetistas como Da Vinci,
simular a realidade em uma representação
Gaudí e, atualmente, Sir Nicholas Grimshaw. Em
detalhada e quase fiel do objeto. A maquete virtual
muitos casos, testes podem ser efetuados com
serve para criar múltiplas vistas do objeto, cortes e
modelos de escala reduzida auxiliando o cálculo
ainda animações que simulam passeios dentro do
estrutural. Outros testes podem ser efetuados em
edifício. Além das facilidades de comunicação
túnel de vento para avaliar a estabilidade da
gráfica, pode-se estudar aspectos de conforto
estrutura. Mock-ups (maquetes em escala real) de
ambiental, principalmente sistemas de iluminação
componentes estruturais também são comuns em
variados com as maquetes virtuais.
projetos complexos. Esses modelos permitem
testes de montagem de componentes do processo Estudos do processo criativo com o uso de CAD
construtivo. O detalhamento das junções dos mostraram que as habilidades de mão e olho
elementos estruturais também é facilitado, e usadas com papel e lápis, que deram a gerações de
moldes são criados para a fabricação das peças da arquitetos um prazer especial no exercício da
estrutura. Tais maquetes de escala real são profissão, são substituídas, de certo modo, por
especialmente importantes para a produção em diferentes prazeres. Esses estudos também
série ou para construções em locais de difícil mostram que o uso de CAD como ferramenta no
acesso e podem evitar imprevistos no transporte e ensino não alterou a qualidade dos trabalhos
na montagem. desenvolvidos nas disciplinas de projeto
(KOWALTOWSKI et al., 2001). Além disso, a
Na fase da execução de obras a maquete é
experimentação da volumetria pode ser ampliada e
raramente utilizada, mas poderá ampliar a
a representação das idéias melhorada.
compreensão do projeto pelo engenheiro ou mestre
de obra, especialmente com projetos complexos. No desenvolvimento da arquitetura nos últimos
Surgem muitos problemas de execução na obra, anos, nota-se um aumento da complexidade de
como incompatibilidades e imprecisões formas propostas. Pode-se concluir que o uso de
dimensionais, que poderão ser evitados por meio sistemas CAD contribuiu para a experimentação de
de uma visão mais completa do projeto. A formas mais complexas, já que a sua representação
complexidade de coberturas, em especial, poderá e manipulação foram facilitadas. O aumento em
ser mais bem comunicada por maquetes, já que a complexidade nos projetos arquitetônicos ampliou
base de desenhos de execução são o uso de sistemas de CAD no processo de projeto e
16 Kowaltowski, D. C. C. K. et al.
sobre o processo de projeto e sobre o produto final COYNE, R.; SNODGRASS, A. Is designing
nas tendências em arquitetura. Vislumbra-se uma mysterious?: challenging the dual knowledge
nova arquitetura, que abriga um ser humano, thesis. Design Studies, v. 12, n. 3, p. 124-131, jul.
“conectado” através dos sistemas wireless (sem 1991.
fio), em ambientes mais criativos, confortáveis e
belos. DÜLGEROGLU, Y. Design methods theory and
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Florianópolis, 2001. 2nd May, 2004.
18 Kowaltowski, D. C. C. K. et al.
SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................................................................................................... 5
2. Objetivo do Documento ....................................................................................................................................... 5
3. Conteúdo e Abrangências.................................................................................................................................... 5
3.1. Serviços incluídos.......................................................................................................................................... 5
3.2. Serviços excluídos......................................................................................................................................... 5
4. Documentos Relacionados................................................................................................................................... 6
5. Definições.............................................................................................................................................................. 7
5.1. Gerais............................................................................................................................................................. 7
5.2. Fases de Projeto.............................................................................................................................................7
5.3. Informações necessárias ao desenvolvimento do projeto .............................................................................9
5.4. Produtos finais / serviços básicos e opcionais .............................................................................................. 9
6. Roteiro Básico: informações necessárias e produtos finais / serviços, por fase de projeto ................................ 9
Documento aprovado na 77ª Reunião do Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil, realizada
em Salvador, Bahia. Este documento substitui o anterior.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo principal do Projeto de Arquitetura da Edificação é a Execução da Obra idealizada pelo arquiteto.
Essa obra deve se adequar aos contextos naturais e culturais em que se insere e responde às necessidades do
cliente e futuros usuários do edifício.
2. OBJETIVOS
3. CONTEÚDO ABRANGÊNCIA
i) Planos urbanísticos;
j) Estudos da viabilidade econômico – financeira, estimativas de custos, Orçamento e similares;
l) Vistorias / perícias, laudos / pareceres, assessoria / consultoria e similares;
m) Fiscalização (técnica) de projetos (realizados por terceiros), em nome do cliente;
n) Gerenciamento (técnico,administrativo e financeiro) de projetos (realizados por terceiros), em nome do cliente;
o) Fiscalização de execução de obras (realizadas por terceiros) ou fiscalização da construção / construtor,
montagem/montador, fabricação/fabricante em nome do cliente;
p) Gerenciamento da execução de obras (realizadas por terceiros) ou fiscalização técnica, administrativa e
financeira da construção/construtor, montagem/montador, fabricação/fabricante, em nome do cliente;
q) Execução de obras (construção/montagem/fabricação).
4. DOCUMENTOS RELACIONADOS
Os procedimentos, definições e serviços incluídos neste documento, configuram o parâmetro – Base para a
fixação dos honorários profissionais, conforme recomendado nas “Condições de Contratação e Remuneração do
Projeto de Arquitetura da Edificação”.
Os valores ali fixados não remuneram os serviços excluídos (item 3.2) e os produtos finais/serviços opcionais
(item 5.4) deste documento-roteiro.
5. DEFINIÇÕES
5.1. Gerais
O projeto de arquitetura da edificação compreende as fases de Estudo Preliminar, Anteprojeto e/ou Projeto de
Aprovação, projeto de Execução e Assistência à Execução da Obra que se caracterizam como blocos
sucessivos de coleta de informações, desenvolvimento de estudos/serviços técnicos e emissão de produtos finais,
objetivando, ao término de cada um deles:
• funcionalidade;
• dimensionamentos e padrões de qualidade;
• custos e prazos de execução da obra;
O Estudo Preliminar constitui a configuração inicial da solução arquitetônica proposta para a obra (partido),
considerando as principais exigências contidas no programa de necessidades. Deve receber a aprovação
preliminar do cliente.
O Anteprojeto constitui a configuração final da solução arquitetônica proposta para a obra, considerando todas as
exigências contidas no programa de necessidades e o Estudo Preliminar aprovado pelo cliente. Deve receber a
aprovação final do cliente.
O Projeto de Aprovação é uma sub-fase ao anteprojeto, desenvolvida, conforme o caso anterior, concomitante
ou posteriormente a ele. Constitui a configuração técnico-jurídica da solução arquitetônica proposta para a obra
considerando as exigências contidas no programa de necessidade, o Estudo preliminar ou Anteprojeto aprovado
pelo cliente e as normas técnicas de apresentação e representação gráfica emanadas dos órgãos públicos (em
especial, Prefeitura Municipal, concessionárias de serviços públicos e Corpo de Bombeiro). Nos casos especiais
em que não haja necessidade de aprovação do, projeto pelos poderes públicos esta sub-fase deixa de existir.
O Projeto da Execução é o conjunto de documentos técnicos (memoriais, desenhos e especificações)
necessárias à licitação e/ou execução (construção, montagem, fabricação) da obra. Constitui a configuração
desenvolvida e detalhada do Anteprojeto aprovado pelo cliente.
A Assistência à Execução da Obra é fase complementar de projeto que se desenvolve concomitantemente à
execução da obra, não se confundindo com os serviços listados nas letras O, P e Q no item 3.2. Os serviços
correspondentes a esta fase estão discriminados no item 6.4.
A cada fase do projeto de Arquitetura da Edificação correspondem fases correspondentes dos projetos
complementares listados no item 3.2. letras E e F. A coordenação/compatibilização desses cabe ao arquitetos,
sendo considerada serviços incluídos no presente documento.
Dependendo da complexidade da obra e do acordo prévio entre arquiteto e cliente, o Projeto de Arquitetura da
Edificação poderá ser complementado pelos serviços listados no item 3.2.
5.3. Informações necessárias ao desenvolvimento do projeto
Para dar início a cada fase do projeto o arquiteto necessita de um conjunto de informações técnicas (dados,
desenhos e documentos) imprescindíveis ao desenvolvimento da mesma. Parte dessas informações é fornecida
pelo cliente, parte pesquisada pelo arquiteto, conforme especificado no item 6.
5.4. Produtos finais/serviços básicos e opcionais
Ao longo e/ou ao término de cada fase de projeto o arquiteto desenvolve estudos/serviços técnicos e emite e
fornece ao cliente produtos finais (desenhos, documentos e especificações) que caracterizam a solução
arquitetônica proposta para a obra.
Produtos finais/serviços básicos são aqueles indispensáveis à definição do projeto.
Produtos finais/serviços opcionais são aqueles que esclarecem, ilustram, elucidam e complementam o projeto.
Os honorários fixados nas “Condições de Contratação e Remuneração do Projeto de Arquitetura da Edificação”
não incluem a prestação/emissão desses serviços/produtos, devendo sua contração ser objeto de acordo à parte.
6. ROTEIRO BÁSICO
6.1. Estudo Preliminar
6.1.1. Informações
6.1.1.a. A cargo do cliente
a) programa de Necessidades, especificando:
• objetivo do cliente e finalidades da obra;
• prazos e recursos disponíveis para o projeto e a execução;
• características funcionais da obra, em especial:
- atividade que irá abrigar;
- compartimentação e dimensionamento preliminares;
- escala de proximidades espaciais;
- população fixa e variável (por compartimento);
- fluxos (de pessoas, veículos, materiais)
• mobiliário, instalações e equipamentos básicos (por compartimento);
• padrões de construção e acabamento;
• recursos técnicos disponíveis para a execução: materiais, mão–de-obra, sistemas construtivos;
• modalidade de contratação de execução e porte do construtor/montador/fabricante.
b) Informações sobre o terreno e seu entorno, em especial:
• Escrituras;
• Levantamento topográfico plani-altimétrico detalhado, em escala adequada, indicando os limites do terreno
(dimensões lineares e angulares), as construções vizinhas e internas ao terreno, o arruamento e as calçadas
limítrofes, os acidentes naturais (rochas, cursos d’água, etc.), a vegetação existente (locação e especificação
de árvores e massas arbustivas) e o Norte verdadeiro;
• Levantamento arquitetônico detalhado, em escala adequada, de construções porventura existentes no interior
do terreno;
• Sondagem geológica a dados sobre drenagem visando subsidiar a concepção estrutural e o projeto de
fundações da obra.
a) programa de necessidades:
• restrições de uso;
• taxas de ocupação e coeficientes de aproveitamento;
• gabaritos;
• alinhamentos, recuos e afastamentos;
• número de vagas de garagem;
• exigências relativas a tipos específicos de edificação e outras exigências arquitetônicas das Prefeituras
Municipais, Corpo de Bombeiros, Concessionárias de Serviços Públicos, Ministérios da Marinha, Aeronáutica,
Trabalho e Saúde e Órgãos de Proteção ao Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, entre outros.
• perspectivas e/ou maquete de massas: representam a configuração espacial global da obra, sua
implantação no terreno e relacionamento com o entorno construído;
• desenhos promocionais: perspectivas adicionais (internas e/ou externas) e plantas e/ou humanizadas (com
indicação de mobiliário e equipamentos básicos), entre outros;
• especificação preliminar dos principais materiais e acabamentos;
• estudos preliminares complementares: de Estrutura, Instalações, paisagismo e/ou Arquitetura de Interiores,
entre outros listados no item 3.2, letras F e G;
• estimativa preliminar de custos: baseada, em geral, nos custos correntes do metro quadrado da
construção, custos globais dos serviços ou critério equivalente, consideradas as características da obra.
6.2. Anteprojeto
6.2.1. informações:
Os anteprojetos aprovados pelo cliente, nos casos especiais em que não haja necessidade de aprovação de
projetos pelos poderes públicos.
Em projetos mais complexos, alguns detalhes são objeto de projetos especiais, por exemplo:
Conforme a natureza dos materiais especificados, os detalhes são, em geral, agrupados em seções, a saber:
- detalhes gerais (em concreto, alvenaria, argamassa, mármores e granitos, materiais cerâmicos, plásticos
e borrachas, produtos sintéticos e outros;
- detalhes de carpintaria e marcenaria (madeira);
- detalhes de serralheria (ferro, alumínio e outros metais);
- detalhes de vidraçaria.
- executivos
- esquemáticos
Neste último caso, os detalhes executivos são elaborados pelo fabricante do componente e aprovados pelo
arquiteto; por exemplo:
- esquadrias de alumínio
- forros industrializados
6.5.1. Informações:
a) todas as informações listadas no item 6.1.1;
b) os projetos de execução.
• revisão do projeto de aprovação, conforme o executado (“as built” legal), objetivando sua regularização junto
aos órgãos públicos, ao término da construção, fabricação ou montagem da obra.
74
Desenho de projeto de Engenharia Civil
PROGRAMA DE NECESSIDADES
A. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
A.1 Identidade do projeto
A.1.1 Nome/título/número do projeto
Projeto Residencial Unifamiliar – Exemplo
A.1.2 Endereço
Rua Olavo Bilac, Lote nº 2, Volta Redonda – RJ
A.1.3 Categoria da edificação/tipo de uso
Residência unifamiliar
A.2 Propósito do projeto
A.2.1 Objetivos principais do projeto
Moradia de uma família composta por quatro pessoas (um casal e três filhos)
A.3 Escopo do projeto
A.3.1 Dimensões
Área construída máxima de 60 m².
A.3.2 Tipologia
Residência unifamiliar, térrea, padrão popular, sem laje de forro, coberta de telhas cerâmicas e garagem
descoberta.
A.4 Identificação dos participantes
A.4.1 Cliente
Maximiliano Ventura
A.4.2 Usuários
Maximiliano Ventura, esposa e filhos (2 meninos e uma menina)
A.4.3 Projetista
Aluno X
A.4.4 Construtor
O cliente
B. CONTEXTO, OBJETIVOS E RECURSOS
B.1 Legislação, normas e códigos
B.1.1 Planejamento Urbano
Zona R3
B.1.2 Restrições legais para o lote
Afastamento frontal: 4,00m; Afastamento lateral: 1,50m; Afastamento de fundos: 2,50m; Gabarito: 8,50m; TO:
40%; CA: 1,150.
B.1.3 Leis ocupacionais
Lei nº 15.987/87
B.1.4 Código de construção
Lei nº 9.872/98
B.1.5 Leis ambientais
Lei nº12.651/12
B.2 Influência do local e entorno
B.2.1 Comercial e social
Residências uni e multifamiliares, sem comércio nas ruas próximas.
B.2.2 Dados ambientais
Terreno plano em uma rua tipo alameda de um bairro residencial
B.2.3 Infraestrutura
Água potável; Esgoto; Energia elétrica; O lote não é servido por rede de telefone.
B.2.4 Edificações existentes
Nenhuma no lote.
2 SILVA, E. Uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre: Ed. Da Universidade UFRGS, 1983.
Ambiente Atividades
Varanda Recreação e descanso.
Sala Lazer (TV), refeições e receber.
Banheiro Higiene dos moradores e visitas.
Quarto (casal) Descanso (duas pessoas).
Quarto (meninos) Descanso e estudo (duas pessoas).
Quarto (menina) Descanso e estudo (uma pessoa).
Cozinha Preparo de refeições por uma pessoa, duas no máximo.
Área de serviço Higienização de roupas de cama, mesa e banho.
C.3.2 Características físicas
Acesso Frente
Varanda
Quarto
Sala Quarto
Quarto
Cozinha Banheiro
Setor Íntimo
Setor Social
Acesso Fundos Á. Serviço
Setor Serviço
Cabe nota que estes itens listados são apenas alguns exemplos. A ori-
gem do partido pode ser inuenciadas por outros parâmetros que afetem o
projetista cliente e/ou usuários.
Uma vez denidos estes itens (programa, uxograma e partido), pode-se
proceder os primeiros esboços da edicação para aprovação do cliente.
79
Desenho de projeto de Engenharia Civil
Figura 3.5: Disposição relativa entre o espaço para desenho e para texto.
Planta de situação Ela deve ser colocada em local que permita sua visua-
lização após o dobramento da cópia.
3.4.1 Carimbo
Segundo a NBR 6492, o carimbo (ou legenda) deve conter: Identicação da
empresa e do prossional responsável pelo projeto, identicação do cliente,
título do desenho, indicação sequencial do projeto (número da prancha),
escalas, data e autoria do desenho e do projeto. Será adotado neste curso o
carimbo apresentado na gura 3.7.
As dimensões e padrões de caligraa deste carimbo estão apresentados
nas guras 3.8(a) e 3.8(b), respectivamente.
2,7
1,0 1,0 1,0
8,7
5,0 2,5 5,0
3,0
14,5 3,0
17,5
(a) Dimensões
ALTURA 5mm
PENA 0,6mm
ALTURA 5mm
PENA 0,3mm
ALTURA 5mm
PENA 0,3mm ALTURA 4mm
PENA 0,6mm
ALTURA 5mm
PENA 0,3mm
(b) Caligraa
Linhas de contorno
(+/- 0,6mm)
Linhas internas
(+/- 0,4mm) Firmes, porém de menor valor que as linhas de contorno.
Linhas de projeção Quando se tratar de projeções importantes, devem ter o mesmo valor
(+/- 0,2mm) que as linhas de contorno. São indicadas para representar projeções
de pavimentos superiores, marquises, balanços, etc.
Linhas de eixo ou coordenadas Firmes, definidas, com espessura inferior às linhas internas e com
(+/- 0,2mm) traços longos.
Linhas de cotas Firmes, definidas, com espessura igual ou inferior à linha de eixo ou
(+/- 0,2mm) coordenadas.
Linhas auxiliares Para construção de desenhos, guia de letras e números, com traço; o
(+/- 0,1mm) mais leve possível.
3.4.4 Escalas
As escalas mais usuais para desenhos são: 1/2, 1/5, 1/20, 1/50, 1/75, 1/100,
1/200, 1/250, 1/500 e 1/1000. Devem-se observar também as prescrições do
código de obras municipal, que por vezes, estabelece padrões próprios para
as escalas a serem utilizados nos projetos a serem aprovados pela prefeitura.
3.4.5 Cotas
As cotas devem ser indicadas em metro (m) para as dimensões iguais e su-
periores a 1 m e em centímetro (cm) para as dimensões inferiores a 1 m, e os
milímetros (mm) devem ser indicados como se fossem expoentes, conforme
os exemplos na gura 3.12. As cotas devem, ainda, atender às seguintes
prescrições:
3.4.7 Norte
A indicação do norte pode ser feita como os exemplos apresentados na -
gura 3.15, onde: N é o norte verdadeiro e; NM o norte magnético (utilizado
somente na fase de estudos preliminares).
elétricas.
(a) Corte horizontal observado (b) Planta baixa com parte de seus ele-
mentos
3.5.2 Cortes
Os cortes, ou seções, são obtidos através de planos verticais que interceptam
as paredes, janelas, portas, lajes e cobertura. Usualmente são feitos pelo
menos dois cortes na edicação, um transversal e outro longitudinal, onde
3.5.3 Fachadas
Devem ser desenhadas as elevações correspondentes as fachadas voltadas aos
logradouros públicos, obrigatoriamente, e, caso necessário, aquelas voltadas
para o interior do lote. Nestes desenhos são indicados somente os elementos
visíveis externamente, com indicação complementar de hachuras para facili-
tar a compreensão dos desenhos. Pode-se acrescentar aos desenhos árvores,
arbustos, pessoas, carros, mobiliário, entre outros. As fachadas indicadas na
planta baixa da edicação exemplo estão representadas nas guras 3.32(a)
(fachada principal) e 3.32(b) (fachada lateral).
• Situação
• Locação
• Planta de cobertura
• Plantas baixas
• Cortes
• Fachadas
Em projetos onde uma planta não puder ser desenhada em uma única
prancha, pode-se dividir o desenho indicando, em cada prancha, a planta
completa, simplicada e em menor escala. Permitindo, desta forma, que
durante a leitura de cada prancha tenha-se, rapidamente, uma ideia do con-
junto.
Aph
TO = × 100%, (3.1)
Aterreno
Aconst.
CA = , (3.2)
Aterreno
onde Aconst. é a área construída.
Analisando novamente as edicações ilustradas na gura 3.36 pode-se
armar que a edicação da gura 3.36(a) possui o menor CA, as representadas
nas guras 3.36(b) e 3.36(c) tem o mesmo CA e a edicação da gura 3.36(d)
possui o maior CA.
A áreas que devem ser contabilizadas para determinar a área construída,
Aconst. , é objeto de lei municipal portanto, deve-se consultar a legislação
municipal pertinente que descreve as áreas não computáveis para o cálculo
do CA.
Aperm.
TP = × 100%, (3.3)
Aterreno
onde Aperm. é a área permeável do lote.
As áreas que devem ser contabilizadas para determinar a área permeável,
Aperm. , também são objeto de lei municipal portanto, deve-se consultar a
legislação municipal pertinente que descreve as áreas não computáveis para
o cálculo da TP.
3.6.4 Gabarito
O gabarito determina o número máximo de pavimentos ou altura máxima da
edicação (em metros) em uma dada zona ou rua. Usualmente os subsolos,
casa de máquinas e reservatórios não são considerados para determinar o
gabarito contudo, deve-se vericar o que pode ser descontado na legislação
municipal.
3.6.5 Afastamentos
Os afastamentos são os recuos, de natureza obrigatória, da edicação em
relação aos limites do lote (afastamentos laterais e de fundos) e em relação ao
logradouro (afastamento frontal) como o ilustrado na gura 3.37. Em certos
casos, são prescritos, também, afastamentos entre edicações no mesmo lote.
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Área edificável
2 O conteúdo desta seção foi retirado de: ALVAREZ, A.A.M., et al. Topograa para Arquitetos. Booklink, 2003.
Este processo consiste em traçar uma linha sobre as curvas de nível que
represente o perl de interesse para, então, projetar-se as interseções desta
linha com as curvas de nível conforme o ilustrado.
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Desenho de projeto de Engenharia Civil
1
quantidade de luz que incide sobre uma superfície .
A normatização brasileira dene a iluminância (E ) como a relação entre
a quantidade de uxo luminoso (Φ) que incide sobre uma superfície e a área
desta (S ):
Φ
E= , (4.1)
S
onde a unidade de E é lux, cujo o símbolo é lx; a unidade de Φ é o lumen
2
(lm) e; a área S é expressa em m .
2
Segundo Lamberts , os requisitos necessários para a boa ocorrencia do
processo visual são: iliminância suciente; boa distribuição de iliminâncias;
ausência de ofuscamento; contraste adequado e; bom padrão e direção de
sombras. É regulado por norma as iliminâncias mínimas a serem observadas
em função do tipo de tarefa executada em um ambiente.
Outro conceito importante é o de Luminância. Segundo Rozenberg, a
luminância (L) se refere a uma intensidade luminosa que atinge o observador
e que pode ser proveniente da reexão de uma superfície, ou de uma fonte
de luz, ou ainda simplesmente de um feixe de luz no espaço. Trata-se do
quociente entre a intensidade luminosa em dada direção e a área aparente da
2
fonte nesta mesma direção e sua unidade é: cd/m .
Uma vez conhecido estes conceitos pode-se inciar o estudo dos sistemas
de iluminação natural usuais em edicações. Esses podem ser divididos em
dois tipos, lateral e zenital, e serão abordados em detalhe nas seções aseguir.
d
1,5d
(a) (b)