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1
plataforma situada no cimo do mastro.
2
cavalo veloz.
3
andar a trote miúdo.
1
Palavras 12
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
B (40 pontos)
Com os Voadores tenho também uma palavra, e não é pequena a queixa. Dizei-me,
Voadores, não vos fez Deus para peixes? Pois porque vos meteis a ser aves? O mar fê-lo
Deus para vós, e o ar para elas. Contentai-vos com o mar, e com nadar, e não queirais
voar, pois sois peixes. Se acaso vos não conheceis, olhai para as vossas espinhas, e para
as vossas escamas, e conhecereis que não sois ave, senão peixe, e ainda entre os peixes
não dos melhores. Dir-me-eis, Voador, que vos deu Deus maiores barbatanas, que aos
outros de vosso tamanho. Pois porque tivestes maiores barbatanas, por isso haveis de
fazer das barbatanas asas? Mas ainda mal porque tantas vezes vos desengana o vosso
castigo. Quisestes ser melhor que os outros peixes, e por isso sois mais mofino 1 que
todos. Aos outros peixes do alto, mata-os o anzol, ou a fisga; a vós sem fisga, nem anzol,
mata-vos a vossa presunção, e o vosso capricho. Vai o navio navegando, e o Marinheiro
dormindo, e o Voador toca na vela, ou na corda, e cai palpitando. Aos outros peixes mata-
os a fome, e engana-os a isca; ao Voador mata-o a vaidade de voar, e a sua isca é o vento.
Quanto melhor lhe fora mergulhar por baixo da quilha2, e viver, que voar por cima das
antenas, e cair morto. Grande ambição é que sendo o mar tão imenso lhe não basta a um
peixe tão pequeno todo o mar, e queira outro elemento mais largo. Mas vede, peixes, o
castigo da ambição. O Voador fê-lo Deus peixe, e ele quis ser ave, e permite o mesmo
Deus que tenha os perigos de ave, e mais os de peixe.
Padre António Vieira, Sermões, II (Obras Escolhidas, vol. XI), 2.ª ed., Lisboa: Sá da Costa, 1997. [“Sermão
de Santo António aos Peixes”, cap. V, pp.193-194.]
1.
infeliz; 2. peça forte e comprida que vai da proa à popa e a que se fixa o arcaboiço do navio.
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Palavras 12
Leitura | Gramática
O verbo saudar
3
Palavras 12
A aldeia global tornou-nos apenas próximos: não nos apresentou uns aos outros.
Passamos a partilhar uma quantidade colossal de informações, mas continuamos
perfeitos estranhos. Quando muito tem crescido o voyeurismo 1 que sobrevoa a
existência alheia e nos dispersa da nossa. Às nossas sociedades hipertecnológicas
5 faltam os protocolos de encontro que, por exemplo, integravam com a maior
naturalidade o quotidiano das sociedades primitivas. Entre os povos do deserto,
quando os desconhecidos eram aceites como hóspedes, seguia-se este ritual de
aproximação: “Considera-te bem-vindo! Recebe as minhas saudações. Como
prosseguem os teus dias? Como vão os filhos de Adão? E a tua família? E a tua tenda?
10 E a tua gente? E a tua mãe? E tu, como corre a viagem que estás a realizar?” Percebe-
se que acolher implicava escutar o outro em profundidade. É isso que está em jogo
num genuíno encontro. As fórmulas podem ser mais longas ou mais breves, mas o
fundamental é que um espírito de cerimónia persista, pois ele humaniza as nossas
trajetórias. Na Bíblia hebraica, encontramos o “Quem és? De onde vens? Para onde
15 vais?” trocado, com cordial curiosidade, entre viajantes. Os gregos e romanos, por seu
lado, vulgarizaram o aperto de mão, como se pode ver nos monumentos figurativos e
sobretudo nas estelas2 funerárias. O beijo é praticamente uma importação do Oriente.
Mas tanto gregos como romanos mantinham também o hábito de favorecer os seus
interlocutores com felizes augúrios, herança que apenas em parte conservamos: o
20 grego χαῖρε, “alegra-te” ou ἔρρωσο, “sê em toda a tua força”; o latino Ave, “Deus te
salve!” ou Vale, “que tenhas saúde!”. As fórmulas de cumprimento tornaram-se tão
sincopadas a Ocidente que perderam a sua força expressiva. A maior parte das vezes
são hoje repetidas de maneira automática. Por isso sabe bem recordar outras
possibilidades: como entre os etíopes, onde se recorre a um termo que significa “Vejo-
25 te” ou entre os ameríndios, que usam uma expressão que diz qualquer coisa como
“Recebo agora o teu cheiro”. O protocolo de encontro tem ainda uma plasticidade
visceral que demonstra a centralidade que ocupa nessas práticas sociais. Facto que
soará estranhíssimo numa época como a nossa em que nos tornamos cosmopolitas, de
uma hora para outra, só porque esbarramos com mais estranhos na rua, sem aumentar
o número de vezes que dizemos “bom-dia”.
30 José Tolentino Mendonça, Revista do Expresso, 19 de agosto de 2017, p. 92.
1
curiosidade mórbida relativamente a aspetos íntimos ou da vida privada de alguém.
2
coluna monolítica destinada a ter inscrição.
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Palavras 12
5
Palavras 12
10. Indica a relação de ordem cronológica estabelecida no quarto período do texto entre a
forma verbal “faltam” (l. 5) e “integravam” (l. 5).
Grupo III
Escrita
A rua é um local de passagem, mas é também fonte de sedução para muitos artistas.
Para fundamentares o teu ponto de vista, recorre a dois argumentos, ilustrando cada um
deles com um exemplo significativo.