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Marshall McLuhan

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Marshall McLuhan

Marshall
McLuhan,
1936

Nascimento 21 de julho de 1911


Toronto

Morte 31 de dezembro de 1980 (69 anos)

Nacionalidade canadense

Cônjuge Corinne Lewis

Ocupação Educador e teórico da


comunicação

Religião Católico

Herbert Marshall McLuhan (Edmonton, 21 de julho de 1911 - Toronto, 31 de dezembro de


1980) foi um destacado educador, intelectual, filósofo e teórico da comunicação canadense.
Conhecido por vislumbrar a Internet quase trinta anos antes de ser inventada. Famoso
também por sua máxima de que O meio é a mensagem e por ter cunhado o termo Aldeia
Global. McLuhan foi um pioneiro dos estudos culturais e no estudo filosófico das
transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das
telecomunicações.

O estudioso era filho de um corretor de imóveis, Herbert Ernest McLuhan, e uma professora
e atriz, Elsie Naomi. Após uma falência nos negócios, seu pai alista-se no exército canadense
para servir na Primeira Guerra Mundial. Após um ano de conflito, Herbert tem seus serviços
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dispensados e a família McLuhan se muda para a capital da província de Manitoba,
Winnipeg. Assim, McLuhan chega, ainda aos 4 anos a cidade aonde cresceria. Em sua
formação mais tenra, o autor frequentou a Kelvin Technical School.

Começou sua formação superior no curso de Engenharia, mas formou-se Bacharel em Artes
em 1933, quando ganhou a University Gold Medal in Arts and Sciences (Medalha de Ouro da
Universidade em Artes e Ciências). Em 1934 ingressou no Mestrado em Literatura Inglesa.
Ambos pela Universidade de Manitoba, no Canadá. No Outono de 1934, ingressou na
Universidade de Cambridge, onde teve contato com os especialistas em literatura inglesa: I.
A. Richards e F. R. Leavis. Formou-se em 1936, ano em que também foi professor-assistente
na Universidade de Winsconsin-Madison. Formou-se mestre em 1940 e doutor em 1942 com
a tese: “O lugar de Thomas Nashe no aprendizado de seu tempo”.

Enquanto estudava em Cambridge, McLuhan deu os primeiros passos para a conversão no


Catolicismo em 1937, baseando-se na leitura de G. K. Chesterton. Foi devoto durante toda
sua vida, tendo a religião sempre como assunto privado. Deu aulas em escolas católicas de
alto nível. De 1937 a 1944 lecionou Inglês na Universidade de Saint Louis (tendo seus
serviços interrompidos de 1939 a 1940, enquanto esteve em Cambridge). Lá, foi orientador e
amigo de Walter J. Ong. Ong veio a escrever sua dissertação de doutorado sob a influência
de McLuhan, e futuramente torna-se uma autoridade em comunicação e tecnologia. Ainda
em Saint Louis conheceu a professora e aspirante a atriz Corinne Lewis, com quem se casou
em 4 de agosto de 1939. Passaram dois anos em Cambridge, enquanto McLuhan desenvolvia
sua tese de doutorado.

De volta ao Canadá, lecionou na Assumption College em Windsor, Ontario, de 1944 a 1946.


Na Universidade de Toronto ele desenvolveu boa parte da sua carreira como professor e
pesquisador. Nos anos 50, McLuhan começou os seminários sobre Comunicação e Cultura,
ainda na Universidade de Toronto. Com sua reputação crescendo, recebeu um grande
número de ofertas de outras universidades. Para mantê-lo em seus quadros, a Universidade
de Toronto criou o Centre for Culture and Technology (Centro de Cultura e Tecnologia) em
1963.

Na década de 1960, radicado nos Estados Unidos, foi professor na Universidade de


Wisconsin. A experiência proporcionada pelo contato com jovens de uma cultura diferente
criou em McLuhan a necessidade de compreende-la, aguçando seu interesse pelo trabalho
teórico.

McLuhan foi nomeado para a cadeira Albert Schweitzer em Humanidades, na Universidade


de Fordham, Bronx, Nova York entre 1967 e 1968. Durante sua estadia em Fordham, foi
diagnosticado com um tumor benigno no cérebro, que fora tratado com sucesso. Retornou a
Toronto, onde lecionou na Universidade de Toronto e viveu em Wychwood Park.

Marshall e Corinne McLuhan tiveram seis filhos: Eric, Mary e Teresa (gêmeas), Stephanie,
Elizabeth e Michael. Os custos para manter uma grande família fizeram com que McLuhan
aceitasse palestrar e fazer consultas em grandes empresas como IBM e AT&T. Em setembro
de 1979, sofreu um derrame que afetou sua fala. A Universidade de Toronto tentou fechar
seu centro de pesquisa logo após, mas houve protestos, o mais notável por Woody Allen.
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McLuhan nunca se recuperou do derrame e faleceu enquanto dormia em 31 de Dezembro
de 1980.

O autor estudava o impacto das novas tecnologias e os efeitos dos meios de comunicação na
sociedade. Em seu estudo, desenvolveu uma série de conceitos que alcançaram grande
fama e foram amplamente divulgados e têm sido revisitados por pesquisadores da
comunicação da atualidade.[1]

As opiniões sobre os conceitos que cunhou se dividem. Alguns o apontam como "guru da
comunicação" e visionário (como Peter Burke, que o classifica como mais aventuroso e
especulativo do que os historiadores [2]), outros o criticam e dizem que seu trabalho era
superficial e baseado em determinismo tecnológico.

Durante sua vida e depois de sua morte, McLuhan influênciou muitos críticos culturais,
pensadores e teóricos da mídia, tais como: Neil Postman, Jean Baudrillard, Timothy
Leary,Terence McKenna, William Irwin Thompson, Paul Levinson, Douglas Rushkoff, Jaron
Lanier, Hugh Kenner, e John David Ebert. Também influenciou líderes políticos , como Pierre
Elliott Trudeau e Jerry Brown.

McLuhan teve aproximadamente 15 obras publicadas,


além de artigos acadêmicos.

Concedeu várias entrevistas e chegou a participar de um


filme do cineasta Woody Allen: Noivo neurótico, noiva
nervosa, em 1977.

Entre suas obras de maior destaque estão O Meio é a


Mensagem, Guerra e Paz na Aldeia Global, A galáxia de
Gutemberg e Os meios de comunicação como extensões do
homem, seu primeiro livro de grande notoriedade. [3]

Seus conceitos popularizaram-se, sendo quase sempre


expressos em frases curtas e de impacto, tais como a mais
célebre de todas: "O meio é a mensagem".
Marshall McLuhan na Universidade de
O florescimento do seu interesse por cultura popular é Cambridge, 1940.
influenciado por livro de 1933 de Leavis e Denys: Culture
and Enviroment.

Em 51, é lançado o primeiro produto de seu estudo no campo que se convencionou chamar
de cultura popular. Seu primeiro livro, The Mechanical Bride: Folklore of Industrial Man.
Inclusive, o título deriva de uma peça dadaísta de Marcel Duchamp.

O livro é composto de vários pequenos textos que podem ser lidos em qualquer ordem, o
que ele estilizou como a "abordagem mosaico" de escrever um livro.

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Cada texto começa com um artigo de jornal ou revista ou uma propaganda, seguido pela
análise de McLuhan. O autor escolheu os anúncios e artigos incluídos em seu livro não
apenas para chamar atenção para os seus simbolismos e suas implicações para as pessoas
jurídicas que os criaram e divulgaram, mas também para ponderar sobre o que essa
publicidade implica sobre a sociedade em geral a que se destina.

The Gutenberg Galaxy, ou A Galáxia de Gutenberg, é a segunda obra de McLuhan. Escrita em


1961, mas publicada em 1962. Nesta obra, o autor segue estudando desde a cultura
manuscrita a impressa. Nesta obra ainda, o autor sinaliza as transformações da cultura oral
mediante as transformações da cultura escrita.

McLuhan afirma que, até o surgimento da televisão, vivíamos na "Galáxia de Gutenberg".


Nela, o conhecimento era entendido apenas em sua dimensão visual. Em sua ideia a antiga
dimensão oral do conhecimento, aonde este era transmitido oralmente, por lendas, histórias
e tradições foi transformado com o invento de Gutenberg. Esse redimensionamento, por um
lado, permitia a difusão do conhecimento, mas por outro, reduziu a comunicação a um único
aspecto, o escrito.

Além do estudo dessas transformações, McLuhan nos apresenta como se reconfigura essa
Galáxia de Gutenberg nos tempos da comunicação eletrônica. Foi com esta a obra que
popularizou-se o termo Aldeia Global.

No livro, o autor revela como a tecnologia da informação (principalmente a mídia impressa)


afeta a organização cognitiva dos indivíduos e como isso afeta a totalidade da organização
social.McLuhan afirma também que as tecnologias não são simplesmente invenções que as
pessoas empregam, mas são os meios pelos quais as pessoas são reinventadas.

Segundo a autora e historiadora, Elizabeth Eisenstein, seguindo as visões de McLuhan, a crise


cultural era evidenciada pelo fim da imprensa e do homem tipográfico, o que estava se
apresentando como diagnóstico, mas que para ela era só um sintoma.[4]

Em sua terceira obra, Understanding Media: The Extension of Man (Os Meios de Comunicação
como Extensões do Homem), o autor "passa em revista as tecnologias do passado e do
presente e mostra como os meios de comunicação de massa afetam profundamente a vida
física e mental do Homem e mostra como elas nos estão levando, do mundo linear,
aristotélico, tipográfico, mecânico, da Primeira Revolução Industrial, para o mundo
audiotáctil, tribalizado, cósmico, da Era Eletrônica".[5] A concepção de McLuhan acerca dos
media e da cultura é resumida em três afirmações fundamentais. A primeira é a de que “os
media são extensões dos homens”; a segunda a de que “o meio é a mensagem”; e a terceira
a de que “os media são uma espécie de motor da história”.[6]

Na primeira parte do livro, McLuhan propõe que os meios em si, e não o conteúdo que
carregam, é que deveriam ser o foco de estudo — popularmente citado como "o meio é a
mensagem". Para justificar-se, McLuhan, defende que: " Toda tecnologia gradualmente cria
um ambiente humano totalmente novo. Os ambientes não são envolvidos passivos mas
processos ativos".

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A compreensão de McLuhan é que um meio afeta a sociedade na qual desempenha um
papel não pelo conteúdo que transmite, mas pelas características do meio em si. McLuhan
apontou a lâmpada elétrica como uma clara demonstração desse conceito. Uma lâmpada
elétrica não possui conteúdo da mesma forma que um jornal possui artigos ou uma televisão
possui programas televisivos, mas ainda assim é um meio que possui um efeito social; isto é,
uma lâmpada elétrica possibilita ações humanas durante a noite que, do contrário, seriam
envolvidas por escuridão. Ele descreve a lâmpada elétrica como um meio sem conteúdo.
McLuhan afirma que "uma lâmpada elétrica cria um ambiente por sua mera presença”.[7] De
forma mais controversa, ele postulou que o conteúdo possuía um pequeno efeito na
sociedade—em outras palavras, não importava se uma televisão transmite programas
infantis ou programas violentos, para exemplificar—o efeito da televisão na sociedade seria
idêntico.

Ainda na primeira parte do livro, o autor trata de outros dos seus conceitos polêmicos, os
meios quentes e frios. Os quais diferencia: "Há um princípio básico no qual se pode
distinguir um meio quente, como o rádio, de um meio frio, como o telefone, de um meio
quente como o cinema, de um meio frio como a televisão. Um meio quente é aquele que
prolonga um único dos sentidos em alta definição. "Alta definição" se refere a um estado de
alta saturação de dados. Visualmente uma fotografia se distingue pela alta definição. Já uma
caricatura ou um desenho animado são de baixa definição, pois fornecem pouca informação
visual. O telefone é um meio frio, de baixa definição, por que ao ouvido é fornecida uma
magra quantidade de informação. A fala é um meio frio de baixa definição, por que muito
pouco é fornecido e muita coisa deve ser preenchida pelo ouvinte. De outro lado, os meios
quentes não deixam muita coisa para ser preenchida ou completada pela audiência".[8]
Sendo assim, argumenta que esses diferentes meios provocam diferentes efeitos no
usuários.

Alguns teóricos atacaram as definições e o tratamento de McLuhan à palavra "meio", por ser
muito simplista.

Umberto Eco, por exemplo, afirma que o meio de McLuhan funde canais, códigos e
mensagens sob o abrangente do termo meio, confundindo o veículo, o código interno e o
conteúdo de uma determinada mensagem em sua obra.[9]

Em Media Manifestos, Régis Debray, assim como Eco, se incomoda com o essa aproximação
reducionista, resumindo suas ramificações. A lista de objeções poderia ser e tem sido
alongada indefinidamente:

- confundir tecnologia em si com seu uso do meio faz deste uma força abstrata e
indiferenciada, e produz sua imagem em um "público" imaginário para consumo de massa;

- a ingenuidade mágica de supostas causalidades torna o meio uma contagiosa "mana"; o


milenarismo apocalíptico inventa a figura de uma homogênea mass-mediática sem laços
históricos e contextuais, e assim por diante.[10]

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Além disso, quando Wired o entrevistou em 1950, Debray afirmou que via McLuhan "mais
como um poeta do que um historiador, um mestre em colagem intelectual em vez de um
analista sistemático(...). McLuhan enfatiza exageradamente a tecnologia como agente por
trás das mudanças culturais. Como se estas ocorressem à custa da utilização que as
mensagens e códigos fazem da tecnologia."[11]

Dwight Macdonald, por sua vez, censura McLuhan por seu foco na televisão e por seu estilo
"aforístico" de prosa. Investe que o autor preencheu Understanding Media com
"contradições, non sequiturs, fatos que estão distorcidos e fatos que não são fatos, exageros
e imprecisão retórica crônica." [12]

Em adição a obra, Misunderstanding Media de Brian Winston é publicada em 1986. Atua


censurando McLuhan pelo que ele define como suas posturas tecnologicamente
deterministas.[13]

Raymond Williams e James W. Carey prolongam esse ponto de discórdia, afirmando:

"O trabalho de McLuhan foi uma culminação particular de uma teoria estética que tornou-se,
negativamente, uma teoria social [...] Ela é um determinismo tecnológico aparentemente
sofisticado que possui o significante efeito de indicar um determinismo social e cultural [...]
Se o meio - seja o impresso ou a televisão - é a causa, de todas as outras causas, tudo o que
o homem vê ordinariamente como história é imediatamente reduzido a efeitos" (Williams
1990, 126/7)

David Carr afirma que houve uma longa linha de "acadêmicos que construíram uma carreira
desconstruindo os esforços de McLuhan em definir o ecossistema moderno do meio," seja
pelo o que eles enxergam como ignorância de McLuhan frente ao contexto socio-histórico ou
o estilo de seu argumento.[14]

Enquanto algumas críticas problematizaram o estilo de escrita e modo de argumento de


McLuhan, o autor incitou leitores a pensar em seu trabalho como "sondas" ou "mosaicos"
oferecendo ferramentas de aproximação para pensar sobre o meio.

Seu estilo de escrita eclético também foi elogiado por suas sensibilidades pós-modernas[15] e
sua adequação ao espaço virtual.[16]

Trabalho clássico de McLuhan, este livro co-escrito com o designer gráfico Quentin Fiore, foi
finalizado, compilado e produzido por Jerome Agel. Foi publicado em 1967.O livro foi um dos
grandes best sellers do autor, vendendo cerca de um milhão de cópias ao redor do mundo.
Suas 160 páginas são fruto da ideia de transpor os efeitos dos meios sobre o homem em sua
composição visual, reconhecidas como uma composição experimental que foge dos padrões
tradicionais desse meio.

O trabalho adapta o termo “massage” na iniciativa de denotar o efeito que cada meio possui
nos sentidos humanos. Em verdade, a definição do título é resultado de um erro tipográfico,
como descreve o sobrinho de Marshal McLuhan, que ao voltar do tipógrafo atentou que no
lugar da palavra “message” havia a palavra “massage”. McLuhan, na ocasião, preferiu o título
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com o erro, alegando que estava na proposta certa. Atualmente, existem quatro possíveis
leituras da última palavra do título, sendo elas: "Mensagem" e "Mess Age", "massagem" e
"Mass Age".[17]

Sua primeira versão brasileira saiu logo após seu lançamento em New York, [18] com o título
“Os meios são a massagem: um Inventário de Efeitos”. Recentemente, no ano do centenário do
autor (2011), a Editora Imã fez uma nova tradução, adaptando o título para “O meio é a
mensagem: um Inventário de Efeitos”.[19]

O livro é um mix de textos e imagens, contendo algumas páginas completamente cheias de


palavras e outras com absolutamente nada. A obra não se resume a uma dinâmica teórica e
literária; sua leitura está atrelada a uma experiência sensorial para além do simples ato de
ler. Rompendo com o mundo do livro industrial, para alguns de seus leitores a experiência
estende-se à sensação de estar vivenciando outros meios, no caso com o sentimento de que
se está assistindo à um programa de televisão. O leitor experimenta uma mudança repetida
de analítica registrada - desde “ler” impressão tipográfica a “escanear” fac-símiles -
reforçando o argumento de McLuhan neste livro: que cada meio produz uma “mensagem”
ou “efeito” diferente no sensorial humano.

Neste livro, Marshall McLuhan trabalha o argumento que primeiramente aparece no prólogo
da obra “The Gutenberg Galaxy”(1962). A ideia de que os meios são “extensões” dos homens
- seus sentidos, mentes e corpos. A obra apresenta conceitos sobre o desenvolvimento dos
meios eletrônicos e seus derivados efeitos sobre os indivíduos e a sociedade. Nele, Mcluhan
descreve pontos-chaves sobre as mudanças na percepção humana a respeito do mundo e
como ela é afetada por cada meio diferente.

Escrito há 40 anos, McLuhan antecipa neste livro os possíveis efeitos do que ele chama de
“circuitação eletrônica”, que se encaixaria no que hoje entendemos como a internet. Ele
chama a atenção para a compreensão em torno da iniciação de um novo ambiente, da
liberdade criativa e informativa que ali surgia. Um ambiente totalmente distinto e
desconectado daquele da imprensa e do livro, caracterizado por uma tecnologia sequencial,
especializada e categorizante.

Nesta obra sua o autor afirma que: "a nova interdependência eletrônica cria o mundo à
imagem de uma aldeia global". Quando ele falou isso, a coisa mais parecida com a internet
que existia eram as redes de computadores militares norte-americanas. Computadores
pessoais domésticos e até portáteis interligados mundialmente eram apenas um sonho,
distante.[20]

Finalmente, McLuhan descreveu pontos-chave de mudança na forma como o homem tem


visto o mundo e como esses pontos de vista foram alterados pela adoção de novas mídias.
“A técnica da invenção foi a descoberta do século XIX”, provocada pela adoção de pontos de
vista fixos e perspectiva por tipografia, enquanto que “a técnica da suspensão do juízo é a
descoberta do século XX", provocada pelas habilidades de rádio, filmes e televisão.

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Uma versão em áudio da famosa obra de McLuhan foi feita pela Columbia Records. A
gravação consiste em declarações feitas pelo autor interrompidas por outros oradores. A
sonoplastia inclui pessoas que falam em várias fonações e falsetes, sons discordantes
e músicas incidentais dos anos 60, no que poderia ser considerada uma tentativa deliberada
de traduzir as imagens desconexas vistas na TV em formato de áudio, resultando na
prevenção de uma corrente de pensamento consciente. Várias técnicas de gravação de áudio
e declarações são utilizados para ilustrar a relação entre o que é falado, o discurso literário e
as características dos meios eletrônicos de áudio. O biógrafo de McLuhan, Philip Marchand,
denominou a gravação como “o equivalente a um vídeo de McLuhan em 1967.”

Algumas das frases mais famosas da obra em áudio foram:

"I wouldn't be seen dead with a living work of art." — Curador de Museu

"Drop this jiggery-pokery and talk straight turkey." — James Joyce

Em sua quarta obra, Guerra e paz na aldeia global, o autor se utiliza novamente de sua
"abordagem mosaico". Criando uma colagem de imagens e textos ele ilustra seu
pensamento de como a tecnologia elétrica "estimula mais descontinuidade, diversidade e
divisão do que a sociedade mecânica antiga".

McLuhan teve como inspiração o romance Finnegans Wake de James Joyce. Prolongando-se
no estudo das guerras ao longo da história, utiliza-se deste como um indicador de como a
guerra pode ser realizada no futuro. O romance que o norteia é conhecido por ser um
gigante criptograma que revela um padrão cíclico de toda a história do homem através de
seus "Ten Thunders" ou "Dez Trovões".

Cada "trovão" abaixo é uma junção de 100 caracteres de outras palavras para criar uma
declaração que ele compara a um efeito que cada tecnologia tem sobre a sociedade em que
ela é introduzida.

A fim de absorver o maior entendimento de cada um, o leitor deve quebrar os conjuntos em
palavras separadas e fala-las em voz alta para perceber o efeito falado de cada palavra. Há
muita controvérsia sobre o que cada conjunto verdadeiramente significa.

McLuhan afirma que os "Dez Trovões" representam diferentes estágios da história da


humanidade.

Thunder 1: Paleolítico ao Neolítico. Fala. Separação Leste/Oeste. De pastorar a caçar


animais.
Thunder 2: Roupas como armamento. Esconder as partes íntimas. Primeiras agressões
sociais.
Thunder 3: Especialização. Centralização pelas rodas, transportes, cidades: vida civil.
Thunder 4: Fazendas comerciais. Natureza submetida a ganância e poder.
Thunder 5: Impressão. Distorção e tradução de padrões humanos e de posturas.
Thunder 6: Revolução Industrial. Desenvolvimento extremo do processo de impressão e do
individualismo.
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Thunder 7: Homens tribais novamente. Todos os "coros" acabam se separando, vida
privada.
Thunder 8: Filmes. Pop art. Casamento de imagem e som.
Thunder 9: Carros e aviões. Centralização e descentralização juntos criam cidades em
crises. Velocidade e morte.
Thunder 10: Televisão. De volta ao envolvimento tribal. O último trovão é um velório
lamacento e turbulento.

Em De Cliché para Arquétipo, McLuhan estende esses dois termos para além dos seus
significados verbais ou literários habituais. Nesta obra, McLuhan, com a colaboração do
poeta canadense Wilfred Watson, abordou as implicações do clichê verbal e do arquétipo.
Um fato importante, mas raramente notado, que ele introduziu nesse livro foi o conceito
de ''Teatro Global'', sucedendo Aldeia Global.

O autor entende que, em seu nível mais simples, um clichê é uma sonda perceptual, que
promete novas informações, mas apenas reitera antigas formas estereotipadas de
compreensão. Segundo McLuhan, um clichê é uma ação normal, como uma frase, que é
usada tão frequentemente que seus efeitos são "anestesiados".[21]

Já o arquétipo, para ele, "é uma extensão do citado, meio, tecnologia ou meio
ambiente".Ambiente incluiria também os tipos de consciência e mudanças cognitivas trazidas
sobre as pessoas por elas. Essa lógica assemelha-se ao contexto psicológico que Carl
Jung descreveu. McLuhan também diz que existe um fator de interação entre o clichê e o
arquétipo, uma duplicidade.

Outro tema do livro Finnegans Wake que ajuda a entender a mudança paradoxal do clichê ao
arquétipo, é "tempos passados são passatempos". Sendo as tecnologias dominantes de uma
época os jogos e passatempos de uma idade mais avançada. No século 20, o número de
"tempos passados" que eram ao mesmo tempo disponíveis era tão vasto como para criar
anarquia cultural.

Quando todas as culturas do mundo estão simultaneamente presentes, o trabalho do artista


na elucidação da forma assume um novo espaço e uma nova urgência. A maioria dos
homens são empurrados para o papel do artista. O artista não pode dispensar princípio da
"duplicidade" ou "interação", porque este tipo de diálogo é essencial para a própria estrutura
da consciência, consciência, e autonomia.[22]

Além disso, McLuhan relaciona o processo cliché-a-arquétipo ao Teatro do Absurdo:

Pascal, no século XVII, nos diz que o coração tem suas razões que a própria razão
desconhece. O Teatro do Absurdo é essencialmente uma comunicação para a razão de
algumas das línguas silenciosas do coração que, em duas ou três centenas de anos, tem
tentado esquecer tudo. No mundo do século XVII as línguas do coração foram empurrados
para dentro do inconsciente pelo clichê de impressão dominante.[23]

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As línguas do coração, ou outro modo que McLuhan definiu a cultura oral, fizeram o
arquétipo por meio da imprensa, transformando-o em clichê.

Livro póstumo de Marshall McLuhan. Redigido em co-autoria com Bruce R. Powers fora
publicado homonimamente 9 anos após a sua morte.

A essência do conceito que permeia esta obra se baseia na mudança de percepção de mundo dos
usuários dessas novas tecnologias. Para os autores o desenvolvimento dessas tecnologias
estariam transpondo as culturas mundiais para uma unidade de ambiência, que chamou vila
global.[24] Assim, a obra apresenta a última revisão do autor de seus estudos trazendo
consigo a mais recente abordagem visionária feita por ele com o conceito de vila global.

Contribuinte basilar no fornecimento de uma base teórica sólida para a compreensão das
implicações culturais dos avanços tecnológicos e suas implicações a partir do surgimento de
uma rede eletrônica mundial.

A primeira edição de “Aldeia Global” data de meados da década de 1960, e pode ser
considerada percursora da narrativa globalizante. Sua última ponderação sobre o tema se
concretiza como um dos mais importantes de seus trabalhos. Nele, McLuhan elabora
amplamente sua concepção de 'Espaço Acústico', juntamente com Burke, promovendo,
diante disso, uma aprofundada crítica em cima do padrão ao qual caminhava o modelo de
comunicação do século XX.

A partir disso, desenvolve os conceitos de Espaço visual e Espaço acústico. McLuhan faz uma
distinção entre a visão de mundo existente no Espaço Visual (modelo linear, quantitativo,
clássico e geométrico) e no Espaço Acústico (modelo qualitativo com uma topologia
paradoxal complexa). "Espaço Acústico tem o caráter básico de uma esfera cujo foco ou
centro está, simultaneamente, em todos os lugares e cuja margem está em lugar
nenhum".[25]

Para ilustrar os dois espaços ele aponta o modelo linear (visual) e seu modo quantitativo de
percepção, como uma característica do mundo ocidental. Enquanto que, o modelo
multifacetado(acústico) e seu modo qualitativo de percepção, é tratado como característica
do mundo oriental. Na perspectiva que o homem ocidental não possuiria a capacidade do
oriental de transitar de um comportamento a outro sem um custo à sua saúde mental.

Em defesa dessa concepção, ele argumenta que: De um lado, a mídia impressa adota e
preserva o espaço visual; enquanto de outro, meios como a televisão e as tecnologias
de database (satéiletes e internet), impulsionam seus usuários para um universo mais
dinâmico, multicentralizado no que seria o Espaço Acústico. Alertando, diante disso, que
essa movimentação muito possivelmente não aconteceria suavemente/automaticamente,
mas que seria um processo consciente. O autor aponta que, com o advento da aldeia global,
enquanto resultado do worldwide communication, essas duas visões de mundo co-existiriam
e precisariam ser entendidas simultaneamente, e não a partir de um ponto de vista fixo. A
transição do Espaço Visual para o Acústico não foi automática com o advento da rede
mundial, mas teria que ser um projeto deliberado.
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O "ambiente universal de fluxo eletrônico simultâneo", [26] inerentemente, favorece o Espaço
Acústico. Ainda sim, nós somos retidos por hábitos de aderir a um ponto de vista fixo. Não
existem barreiras para o som, nós ouvimos de todas as direções de uma só vez. Ainda sim, o
Espaço Acústico e o Visual são inseparáveis. O intervalo de ressonância é a fronteira invisível
entre eles.

McLuhan buscou compreender o que se passou na evolução do homem, seu esforço em


desenvolver-se e adaptar o mundo às suas necessidades. A criação tecnologias que lhe
aprimoraram os sentidos e o poder das formas culturas. Ele buscava entender os efeitos que
as tecnologias desenvolvidas pelo homem tinham sobre os aspectos sociais e psicológicos.

McLuhan trouxe para a educação um novo enfoque, baseado em suas teorias sobre
comunicação. “Uma rede mundial de computadores tornará acessível, em alguns minutos,
todo o tipo de informação aos estudantes do mundo inteiro”.

"Em nossas cidades, a maior parte da aprendizagem ocorre fora da sala de aula. A
quantidade de informações transmitidas pela imprensa excede, de longe, a quantidade de
informações transmitidas pela instrução e textos escolares", explica McLuhan, em seu livro
"Revolução na Comunicação".[27]

Os principais conceitos desenvolvidos por McLuhan, como teórico da comunicação, tem


atingido uma grande aceitação entre estudantes e profissionais de diversas áreas.[28]

Neste conceito, McLuhan analisa o processo comunicativo através de uma perspectiva


evolutiva. Segundo o autor são três os períodos de evolução das mídias, sendo el: civilização
da oralidade, civilização da imprensa e civilização da eletricidade.[29]

Na civilização da oralidade, a palavra era falada e as relações sociais tribalizadas;

Na civilização da imprensa, que teve seu início marcado pelo surgimento da mesma, as
relações sociais se destribalizaram.

Na civilização da eletricidade, que também teve seu início marcado pelo surgimento do que
a nomeia, as relações sociais humanas passam a ser tribalizadas novamente, pois os meios
de comunicação que surgiram permitem maior interação entre os indivíduos.

Os conceitos de Meios quentes e Meios frios também foram elaborados por McLuhan.
Segundo seu pensamento, cada mudança na tecnologia em suas diversas etapas tem como
consequência mudanças na estrutura da sociedade. Essas mudanças não ocorreriam ao
acaso pois “o surgimento de uma tecnologia não ocorre por uma tentativa isolada do
desenvolvimento técnico em si, mas sim por uma tentativa de transformar, reproduzir, e
documentar as experiências do homem (MCLUHAN, 1974, cap. 6).” [3]

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O conceito é apresentado na primeira parte de Understanding Media. McLuhan afirma que
diferentes meios estimulam diferentes graus de participação por parte de uma pessoa que
escolhe consumir tal meio de comunicação. Alguns meios, como os filmes, eram "quentes"—
isto é, eles demandam um único sentido (neste caso, a visão), de uma maneira que uma
pessoa não precise exercer muito esforço em preencher detalhes do que, no caso, é a
imagem cinematográfica. McLuhan apresenta esse exemplo em contraste ao da televisão,
sendo esta um "meio frio". Segundo ele, este último requer mais esforço da parte de um
espectador para determinar-lhe significado. Se enquadram assim namesma classe dos
quadrinhos, que, devido a suas mínimas apresentações de detalhes visuais, requerem um
alto grau de esforço para preencher com detalhes que o cartunista pode ter tido a intenção
de retratar. Assim, um filme é dito por McLuhan como sendo "quente", intensificando a "alta
definição" de um único sentido", exigindo a atenção do espectador, e um livro de quadrinhos
como "frio" e de "baixa definição", exigindo muito mais participação consciente pelo leitor
para extrair valor.[30]

"Qualquer meio quente permite menos participação do que um frio, como uma palestra
possibilita menos participação do que um seminário, e um livro, menos participação do que
um diálogo."[31]

Meios quentes normalmente, mas não sempre, fornecem completo envolvimento sem
estímulos consideráveis. Por exemplo, impressões ocupam espaço visual, utilizam da visão,
mas podem imergir seus leitores. Meios quentes favorecem precisão analítica, análise
quantitativa e ordenação sequencial, como são normalmente sequenciais, lineares e lógicos.
Eles enfatizam um sentido (por exemplo, de vista ou som) sobre os outros. Por esta razão,
meios quentes podem também incluir o rádio, o cinema, a palestra e a fotografia.

Meios frios, por outro lado, são normalmente, mas não sempre, aqueles que fornecem baixo
envolvimento com estímulos substanciais. Eles requerem mais participação ativa por parte
do usuário, incluindo a percepção de padronizações abstratas e compreensão simultânea de
todas as partes. Portanto, de acordo com McLuhan, meios frios incluem a
televisão, seminários e desenhos. McLuhan descreve o termo "meio frio" como emergente
do jazz e música popular, e, nesse contexto, é utilizado para significar "destacado".[32]

Esse conceito parece forçar os meios em categorias binárias. Apesar disso, os meios quentes
e frios de McLuhan existem em graus contínuos: são mais corretamente medidos em uma
escala do que em termos dicotômicos.

Segundo esse conceito desenvolvido por McLuhan, os meios são extensões dos sentidos dos
homens. Essa dita extensão foi batizada pelo mesmo como “prótese técnica”. Para
exemplificar esse conceito podemos imaginar que a roda é uma extensão dos pés e da
capacidade de locomoção, o telefone a ampliação da nossa fala, uma pinça é a extensão da
mão que proporciona maior precisão ao pegar algo. A relação entre o homem e o meio é
simbiótica, e é preciso considerar esse aspecto para compreender os processos de
transformação social advindos de inovações tecnológicas.

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Diante de uma realidade teórica de valorização apenas da mensagem no processo de
entendimento da comunicação, Marshall reposiciona no centro do debate os meios técnicos
que envolvem essas mensagens. Como cita a professora Filomena Bomfim UFSJ, "A
preocupação inicial era com a apreensão da mensagem. Ele queria provocar um processo de
aprendizagem mais efetivo". [33] Ele coloca as novas tecnologias como um ambiente,
defendendo que suas inter-relações com os sentidos do homem criam uma ambientação de
vivência e ação do homem.

Em seu livro, explora os contornos e dimensões do prolongamento que essas tecnologias


trazem para a vida do ser humano. Buscando, através disso, um princípio de inteligibilidade
inserido em cada um deles. Para o pensador, haveria aí a possibilidade de compreensão
dessas formas de maneira a ordená-las utilmente. Para McLuhan, o homem nasce apenas
com seus sentidos, porém ao longo da vida, vai construindo ferramentas que aperfeiçoam
esses sentidos. No caso, ele considera tecnologia qualquer artefato produzido pelo homem,
as consideradas “extensões do homem”.[34]

Marshal compreende o meio como uma forma de extensão dos sentidos humanos servindo
como canal a suas potencialidades. Ele apreende o termo “meio” enquanto artefatos; e,
partindo dessa lógica, o capta como além de um simples prolongamento. Ilustra-o
designando, por exemplo, a fala como meio de comunicação do pensamento; as roupas
como uma extensão da pele, a roda como uma extensão do sistema locomotor; o livro como
uma extensão da visão; e, o computador como uma invenção da tecnologia eletrônica do
século XX, que consiste numa extensão ainda mais radical, prologando o próprio sistema
nervoso central.

A originalidade do autor se encontra no fato de sua abordagem deslocar o foco para os


efeitos e impactos desses meios/extensões nas faculdades humanas. Encara, antes de tudo,
o meio enquanto um canal ativo de informação, que dialoga e transforma as formas como
se conhece. Ou seja, traz à luz que, assim como a análise do conteúdo se faz importante, a
interposição do meio em que ela é processada e transmitida se faz essencial, devendo ser
levado consideração e estudado. Principalmente diante do objetivo aqui confrontado, de
apreender os efeitos da comunicação nos homens e na sociedade.

Ver artigo principal: O meio é a mensagem


“O meio é a mensagem” tornou-se a frase mais famosa de McLuhan.

Esse conceito fora desenvolvido primeiramente no seu livro Os Meios de Comunicação como
Extensões do Homem. Nele, McLuhan inicia a abordagem incitando o leitor sobre a
centralidade do entendimento do desenvolvimento das tecnologias e suas transformações.
Levantando, ainda, que essas inovações resultavam, cada uma, em um novo ambiente
diferenciado, com efeitos e cargas diretamente ligadas com seus lugares simbólicos.[35]

Apresentado como uma desconstrução da obsessão pelo conteúdo dentro dos estudos da
comunicação. O autor identificava que essa obsessão era um resquício da cultura letrada,
incapaz de se adaptar às novas condições tecnológicas. Ainda destaca a necessidade de

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abandonar o excessivo esforço demandado para a interpretação do conteúdo e a
necessidade centralizar as atenções no que deveria ser o verdadeiro alvo dela: o meio.

"Trata-se de uma formulação excessiva pela qual o autor pretende sublinhar que o meio,
geralmente pensado como simples canal de passagem do conteúdo comunicativo, mero
veículo de transmissão da mensagem, é um elemento determinante da comunicação."[36]

Nesse conceito, o autor aborda as relações sinestésicas entre o meio e o sentido explorado
pela extensão. Assim, o meio deve ser analisado como “um conjunto de expressões que uma
linguagem midiática pode decodificar ao ser apropriada por outro usuário”.[37] O meio afeta
a sociedade assumindo um papel de não ser apenas transmissor da mensagem, mas ser ele
próprio a mensagem.

Esse entendimento é, em si, a tese central de Marshall. O famoso aforismo, baseado no


paradoxo da troca de funções “meio” e “mensagem”, é baseado nesta curta e tão significativa
frase. Essa noção é a premissa de que, independente do conteúdo, cada meio tem seus
efeitos peculiares na percepção humana. Tem como função destacar a importância do meio
no entendimento da “mensagem” e seus efeitos na sociedade. Sendo a analise do meio
fundamental para compreender as transformações que essas interações trariam para as
relações entre os homens.

A ideia consistiria no deslocamento do meio de um simples canal de passagem de conteúdo,


para uma posição ativa com interferência direta na formulação do sentido. Um elemento
determinante na comunicação, como ele enfatizaria. Marshall destaca, portanto, a
possibilidade real do meio transformar o conteúdo que carrega. Esta lógica pode ser
apreendido quando colocamos em contraste o rádio e a televisão. Ambos desencadeiam
diferentes mecanismos de percepção, cada um caminha por determinado ângulo e se
estrutura na formação dos contornos e das tonalidades daquilo que transmite.

O autor desarranja a visão do meio como um suporte material da comunicação inócuo e


incapaz de determinar algo dentro dela. Enfatizando, principalmente, que a incidência de
seus efeitos iam além do que, até então, se tinha como aceitável. O teórico em
questão, sublinha então a possibilidade de interferência para além dessa simplificação dos
efeitos que esses meios teriam no destino final das mensagens que carregam.

Ver artigo principal: Aldeia Global


Nesse conceito McLuhan desenvolve a ideia de que, após as três eras midiáticas e os
processos de tribalização, seguido da destribalização e retribalização, surge a Aldeia Global.
Um espaço de convergência, onde a evolução tecnológica permitiria em qualquer
circunstância a comunicação direta e sem barreiras. "um mundo interconectado por mídias
de massa que forjariam uma cultura global".[38] Esse concepção está diretamente
relacionada com o conceito de Globalização.

Corresponde a uma nova visão do mundo possível através do desenvolvimento das


modernas tecnologias de informação, comunicação e da facilidade e rapidez dos meios de
transporte.
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McLuhan considerava que, com os novos media, o mundo se tornaria uma pequena aldeia.
Nela, todos poderiam falar
com todos e o mais insignificante dos rumores poderia ganhar uma dimensão global.

Como paradigma da aldeia global, ele elegeu a televisão. Era este um meio de comunicação
de massa em nível internacional, que começava a ser integrado via satélite. Desprezando, no
entanto, que as formas de comunicação da aldeia são essencialmente bidirecionais e entre
dois indivíduos. Podemos perceber um modelo comunicacional caracterizado,
principalmente, por uma quase-interação mediada[39] proporcionada pela ausência de
feedback e pela disponibilidade de diversos tipos de informações a um número
indeterminado receptores.

Esse conceito recebeu severas críticas e chegou a ser considerado utópico e paradisíaco à
sua época. No entanto, com o advento da Internet, é possível verificar que a ideia de Aldeia
Global é tangível. Apesar de o acesso à Internet não estar disponível para todos, a rede
causou modificações em diversos aspectos do comportamento social como um todo.

Em Leis de Mídia (1988), publicado postumamente por seu filho Eric, McLuhan resumiu suas
ideias sobre a mídia em um tétrade conciso dos efeitos dele. O tétrade é um meio
alternativo para discutir o efeito da tecnologia na sociedade. Tais efeitos são divididos em
quatro categorias(aperfeiçoamento, obsolência, recuperação e reversão) e exibidas
simultaneamente. Em vez de usar um modelo baseado na casualidade, o tétrade organiza
um artefato como um "intervalo de ressonância": um objeto que transcende o tempo; e é
afetado tanto por seus próprios atributos quanto pelo meio ambiente que o cerca.

O principal objetivo do tétrade é criar uma "consciência abrangente", tanto dos artefatos
quanto de seus arredores. Foi projetado como uma ferramenta pedagógica. McLuhan parte
de seu mentor, Harold Innis ao sugerir que o meio "superaquece", ou reverte para uma
forma oposta, quando levado ao extremo.

A criação dessa ferramenta exige que o usuário busque o equilíbrio mental entre o espaço
acústico e visual. Exigindo o poder cognitivo de ambos os hemisférios direito e esquerdo do
cérebro. O tétrade é obtido através de um processo de questionamento, com base no
conhecimento do desenvolvimento histórico, social e tecnológico. São utilizadas quatro
perguntas para analisar qualquer meio:

O que o meio aperfeiçoa?


O que o meio torna obsoleto?
O que o meio retoma que já havia sido obsoleto anteriormente?
No que o meio se transforma quando levado ao extremo?

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Essas questões resultam nos quatro efeitos citados
anteriormente, cujos estão em relação de ressonância (ou
transferência) um com o outro. As partes do tétrade estão
em relação de complementaridade. As leis do tétrade
existem simultaneamente, não sucessivamente ou
cronologicamente, e permite que o "entrevistador"
explore a "gramática e sintaxe" da "linguagem" dos meios
de comunicação

Visualmente, um tétrade pode ser montado como quatro diamantes formando um X com o
nome Mídia no centro. Os dois diamantes da esquerda são Aperfeiçoar (Enhancement) e
Recuperar (Retrieval), qualidades ilustrativas. Os dois diamantes da direita são Obsolescer
(Obsolescence) e Reverter (Reversal), qualidades de fundamento.

Usando o exemplo da rádio:

Aperfeiçoamento:. O que o meio amplifica ou intensifica. Rádio amplifica notícias e


músicas através do som.
Obsolescência:. O que o meio exclui de destaque. Rádio reduz a importância da
impressão e do visual.
Recuperação:. O que o meio recupera que foi anteriormente perdido. Rádio retorna a
palavra falada para o primeiro plano.
Reversão:. O que o meio faz quando atinge o extremo. Rádio acústico vira a Tv
audiovisual.

A obra de McLuhan, pelo seu estilo e abordagem peculiar, foi muito criticada por várias
correntes teóricas dentro da academia. Tanto por historiadores mais analíticos como Peter
Burke; quanto por marxistas como: Raymond Williams e Enzensberger.

Burke, em seu livro Uma História Social da Mídia, criticou McLuhan pelo seu formalismo em
relação a Televisão. Considera suas ideias extremamente abstratas e ignorando as
características especificas de determinadas culturas:

“ "Seus livros de grande divulgação e escritos em sequencia, começando com A galáxia de ”


Gutenberg (1962), dirigiram a atenção para as características intrínsecas de determinada mídia,
incluindo a impressa, o rádio e a televisão. Em todos os livros, ele tratou mais da abrangência da
mídia ("quente" ou "fria", uma diferença que ele estabeleceu) do que das mensagens e seus
conteúdos, programas, não levando em consideração as diferenças nacionais ou as diversidades
sociais dentro de cada país, as quais influenciaram diretamente, junto com as estruturas
educacionais, os padrões de controle e as gamas de conteúdo e os estilos de apresentação.
Entretanto, quando generalizou sobre a aldeia ou o globo, estava influenciado pelas tradições e
experiências típicas do Canadá."
[40]

Raymond Williams, de tradição mais marxista e um dos expoentes da chamada Nova


Esquerda, acusou McLuhan de possuir um formalismo extremo e de determinismo
tecnológico para suas análises comunicacionais, se esquecendo do conteúdo da História
como um dos fatores determinantes para as mudanças e processos sociais:
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“ "A formulação inicial — 'o meio é a mensagem' — era um formalismo simples. A formulação ”
posterior — 'o meio é a massagem' — é uma ideologia direta e funcional."
[41]

Outro critico de McLuhan é o escritor e ensaísta alemão, Hans Magnus Enzensberger.


Também marxista, ele faz críticas mais duras e pessoais ao posicionamento apolítico de suas
análises, servindo, segundo o alemão, a um pensamento reacionário sobre as relações de
poder da mídia. O crítico acusava-o de ser "o primeiro a realizar uma mística das mídias, na
qual todos os problemas políticos se evaporam como névoa – aquela névoa azul com que ela
ilude os seus discípulos”. Enzensberger ainda diz:

“ "Atualmente, essa vanguarda apolítica encontrou seu ventríloquo e profeta na figura de Marshall ”
McLuhan, um ator a quem faltam, é verdade, todas e quaisquer categorias analíticas para a
compreensão de processos sociais, cujos livros, apesar de confusos, podem servir de playground
de observações incontroladas sobre a indústria da consciência."
[42]

O Meio é a Mensagem
Aldeia Global
Os meios de comunicação como extensões do homem
A Galáxia de Gutenberg
Revolução na Comunicação

Compreender a Marshall McLuhan[47]


McLuhan's Wake[48] - Documentário produzido pela Primitive Entertainment, em 2002.
Dirigido por Kevin McMahon, o filme desenvolve a teoria de McLuhan através de
quatro questões fundamentais. Seu título é uma clara referência ao ilegível “Finnegan’s
Wake” (1939) de James Joyce.

Referências
1. ↑ Burke; Briggs, Peter; Asa (2004). Uma História Social da Mídia. Rio de Janeiro: Zahar. p. 30
2. ↑ L.Eisenstein, Elizabeth (1998). A Revolução da Cultura Impressa. São Paulo: Editora Ática.
p. 8
3. ↑ McLuhan, Marshall. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO EXTENSÕES DO HOMEM . [S.l.:
s.n.]
4. ↑ SERRA, Paulo (2007). Manual de Teoria da Comunicação. Covilhã: [s.n.]
5. ↑ McLuhan, Marshall. Understanding Media. [S.l.: s.n.] p. 8
6. ↑ McLuhan, Marshall (1974). Understanding Media. [S.l.]: Editora Pensamento - Cultrix.
p. 38 - 50
7. ↑ Regis Debray. «Media Manifesto» (PDF). Consultado em 4 de julho de 2014
8. ↑ Regis Debray. «Media Manifesto» (PDF). Consultado em 4 de julho de 2014
9. ↑ Joscelyne, Andrew. «Debray on Technology»
10. ↑ Mullen, Megan. «Coming to Terms with the Future He Foresaw: Marshall McLuhan's
Understanding Media»
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11. ↑ Mullen, Megan. «Coming to Terms with the Future He Foresaw: Marshall McLuhan's
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12. ↑ Carr, David (6 de janeiro de 2011). «Marshall McLuhan: Media Savant». The New York
Times
13. ↑ Grossweiler, Paul (1998). The Method is the Message: Rethinking McLuhan through Critical
Theory. Montreal: Black Rose: [s.n.] p. 155-81
14. ↑ Levinson, Paul (1999). Digital McLuhan: A Guide to the Information Millennium. New York:
Routledge: [s.n.] p. 30
15. ↑ McLuhan, Marshall. Understanding Media. [S.l.: s.n.] p. 22
16. ↑ The Free Library. «A trajetoria do pensamento de McLuhan no contexto da pesquisa em
comunicacao no Brasil». Editora da PUCRS. Consultado em 12 Jun. 2014
17. ↑ FABIO VICTOR. «Big Mac - Centenário revigora originalidade de Marshall McLuhan». Folha
18. ↑ Luís Mauro Martino. «Marshall McLuhan - A educação é a mensagem»
19. ↑ McLuhan, Marshall. From Cliché to Archetype. [S.l.: s.n.] p. 52-61
20. ↑ From Cliché to Archetype. [S.l.: s.n.] p. 99
21. ↑ From Cliché to Archetype. [S.l.: s.n.] p. 5
22. ↑ C. Jan Swearingen, David S. Kaufer. Rhetoric, the Polis, and the Global Village: Selected
Papers From the 1998 Thirtieth Anniversary Rhetoric Society of America Conference. [S.l.:
s.n.]
23. ↑ The Global Village. [S.l.: s.n.] p. 74
24. ↑ The Global Village. [S.l.: s.n.] p. 75
25. ↑ (Benedicto Silva, Da Galáxia de Gutenberg à Aldeia Global, pg. 1.)
26. ↑ Understanding Media. [S.l.: s.n.] p. 22
27. ↑ Understanding Media. [S.l.: s.n.] p. 25
28. ↑ Os Meios de Comunicação Como Extensões do Homem (Understanding Media) 10 ed.
[S.l.]: Cultrix. p. 43,44
29. ↑ «O meio é a mensagem» (PDF)
30. ↑ SOUZA PRADO, Renata (2011). Marshall McLuhan - Obras e principais conceitos. Goiás:
[s.n.]
31. ↑ «Entrevista para a revista francesa, L'Express, 1972»
32. ↑ Amaurícia Lopes Rocha Brandão (2 de setembro de 2008). «A Expansão da Comunicação
através da Quase-Interação Mediada na Mídia» (PDF). Consultado em 25 de maio de 2014
33. ↑ UMA HISTORIA SOCIAL DA MIDIA: DE GUTENBERG A INTERNET, Asa Briggs; Peter
Burke
34. ↑ Williams, R. Television — Technology and Cultural Form
35. ↑ ENZENSBERGER, Hans Magnus. Elementos para uma teoria dos meios de
comunicação
36. ↑ «The Playboy Interview: Marshall McLuhan» . Arquivado do original em 21 de julho de
2011
37. ↑ «O Filho é a mensagem». Arquivado do original em 14 de julho de 2014
38. ↑ «McLuhan retorna com a globalização»
39. ↑ Marisca, Eduardo. Compreender a Marshall McLuhan (PDF). [S.l.: s.n.]
40. ↑ «McLuhan's Wake»

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