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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS


TERRITÓRIOS

Órgão 8ª Turma Cível

Processo N. APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA 0705819-21.2018.8.07.0018


APELANTE(S) DISTRITO FEDERAL
PAULO DE TARSO ARAUJO NOGUEIRA,LEANDRO LIMA DE
MORAES,HUELITON FERNANDES BEZERRA,SEBASTIAO LOBO DA LUZ
JUNIOR,EDSON MAIA RIBEIRO,EDMILSON DIONIZIO SOARES,JOSE LUIZ
LEAL DE SIQUEIRA,ANDRE LUIZ ALVES DOS ANJOS,ANTONIO MARCOS
PEREIRA,MARCIO CARLOS DOS SANTOS,ERNESTO EUFRAUZINO DE
SOUZA,EUSVAN RODRIGUES BARBOSA,SULLIVAN DE DEUS
ALVES,ISRAEL SERAFIM DE CARVALHO,FABIO WISNER BORGES
SALES,ANTONIO JAKSON ALVES FELICIANO,JOAO ANTONIO DA SILVA
APELADO(S) FERREIRA,RAIMUNDO RODRIGUES DA PAZ,ANDERNILSON MIRA DA
SILVA,REGIS CLAUDIO ALVES DA SILVA,DIRCEU PEREIRA COITE,ADAIR
JOSE DE MORAIS,APARECIDO COELHO DE SOUZA,CARLOS CEZAR
PAULA DA SILVA,ABEL ALVES DE LIMA NETO,JOSE JOAQUIM ALVES
SOBRINHO,MANOEL OLEGARIO DOS SANTOS NETO,JOSE ALVES DE
ARAUJO,MARCOS JOSE PEREIRA,RENATO BARREIRA MOREIRA,CLEITON
COSTA DOS SANTOS,FRANCIVALDO RAMOS CARNEIRO,CLAITON
VASCONCELOS FONSECA,MARCONI NUNES DE SIQUEIRA e MARCO
ANTONIO PEREIRA GOES
Relator Desembargador DIAULAS COSTA RIBEIRO

Relator
Desembargador EUSTAQUIO DE CASTRO
Designado
Acórdão Nº 1166955

EMENTA

APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. ADMINISTRATIVO.


POLÍCIA MILITAR. QUADRO DE OFICIAIS. CHOAEM. LEI 13.459/2017. INEXISTÊNCIA DE
CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO NÚMERO DE VAGAS. RECURSO E REMESSA PROVIDOS.

1. A progressão nos quadros do oficialato da Polícia Militar dá-se de forma escalonada e


com suporte em aspectos orçamentários do Poder Executivo.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=19043017205698600000008229772
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2. A alteração promovida pela Lei 13.459/2012 não se refere ao critério de fixação do
número de vagas para o CHOAEM, mas tão somente inclui critérios (antiguidade e merecimento) para o
referido preenchimento.

3. Apelação e Remessa Necessária providas.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 8ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios, DIAULAS COSTA RIBEIRO - Relator, EUSTAQUIO DE CASTRO - Relator
Designado e 1º Vogal, MARIO-ZAM BELMIRO - 2º Vogal, ANA CANTARINO - 3º Vogal e SIMONE
LUCINDO - 4º Vogal, sob a Presidência do Senhor Desembargador DIAULAS COSTA RIBEIRO, em
proferir a seguinte decisão: REMESSA NECESSÁRIA E RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDOS E
PROVIDOS. MAIORIA. VENCIDO O RELATOR, REDIGIRÁ O ACÓRDÃO O 1º VOGAL, O
EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR EUSTÁQUIO DE CASTRO., de acordo com a ata do
julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 25 de Abril de 2019

Desembargador EUSTAQUIO DE CASTRO


Relator Designado

RELATÓRIO

1. Trata-se de reexame necessário e de apelação voluntária cível interposta pelo Distrito Federal contra a
sentença proferida pela 7ª Vara da Fazenda Pública do DF que, em ação de conhecimento ajuizada por
Paulo de Tarso Araujo Nogueira e outros, julgou procedentes os pedidos iniciais para declarar nulo o item
do Edital Normativo nº 49/DGP-PMDF, ratificados pelos Editais nº 135/DGP-PMDF e nº
160/DGP-PMDF, relacionado à oferta de vagas ao Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos
(CHOAEM) e, ao final, determinou a matrícula dos autores no respectivo curso (ID nº 6643634).

2. O réu foi condenado a ressarcir as despesas processuais e a pagar honorários advocatícios, fixados em
10% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, § 2º do CPC.

3. Em suas razões recursais (ID nº 6643641), o apelante aponta a inexistência de determinação legal em
relação ao número de vagas do CHOAEM. Afirma que a matéria insere-se no mérito administrativo, razão
pela qual compete somente à Administração Pública analisar e determinar as regras do curso. Alerta que a
manutenção da sentença resultará na promoção indevida de muitos militares.

4. Defende que a alteração legislativa não modificou a interpretação da norma; que o art. 32, I da Lei nº
12.086/2009 deve ser interpretado de acordo com o conjunto normativo que rege a matéria; que na
exposição de motivos da Lei nº 12.086/2009 também não há essa informação; que o art. 33, parágrafo
único, veda a formação de cadastro reserva; que essa situação irá gerar grave impacto orçamentário e, por

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fim, argumenta a impossibilidade de reposição de aula e a limitação da estrutura física para a matrícula de
novos alunos.

5. Pede a reforma da sentença para que os pedidos iniciais sejam julgados improcedentes.

6. Sem preparo, por isenção legal.

7. Contrarrazões apresentadas (ID nº 6643657).

8. É o relatório.

VOTOS

O Senhor Desembargador DIAULAS COSTA RIBEIRO - Relator

9. Conheço e recebo a apelação e o reexame necessário apenas no efeito devolutivo, nos termos do art.
1.012, § 1º, V do CPC.

10. A controvérsia refere-se à quantidade de vagas prevista em lei para que os agravados possam
participar do Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos (CHOAEM), cujo total deve considerar
apenas aquelas destinadas ao posto de Segundo Tenente ou todas previstas para oficiais, conforme o
quadro respectivo.

11. À época da análise do pedido de liminar contido no agravo de instrumento interposto pelo apelante
(autos nº 0716078-32.2018.8.07.0000), proferi a seguinte decisão:

“O art. 32, inciso I da Lei nº 12.086/2009 dispõe que, dentre outros requisitos, para inclusão no Quadro
de Oficiais Policiais Militares Administrativos, Especialistas e Músicos o policial militar deve:

‘I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou Especialidade
para matrícula no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos
(CHOAEM), sendo:

a) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas pelo critério de antiguidade; e

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b) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas mediante aprovação em processo seletivo de provas,
de caráter classificatório e eliminatório, destinado a aferir o mérito intelectual dos candidatos; [...].’.
[grifo na transcrição]

A lei refere-se, literalmente, ao somatório das vagas disponíveis no quadro ou especialidade, sem
restringi-las àquelas relativas ao primeiro posto, de Segundo Tenente. Havendo dúvida sobre a mens
legislatoris, a interpretação literal é uma via segura para se cumprir a lei e ampliar o número de
beneficiários. Aplico, aqui, minha reserva à Teoria da Hermenêutica do Desamparo, uma espécie de
Direito do Inimigo, que admite restringir direitos e desamparar pessoas em nome de uma conveniência
administrativa contrária à literalidade da lei. O desamparo não pode decorrer de construções ideológicas
em detrimento do texto expresso. A inclusão, o amparo, ao contrário, pode permitir, em situações
específicas, uma hermenêutica criativa, com algum ativismo jurídico do intérprete, o que não é o caso.

Anoto que as vagas de 2º Tenente, isoladas, destinam-se à promoção e não à frequência ao Curso de
Habilitação de Oficiais Administrativos (CHOAEM), que não trará qualquer prejuízo à administração.
Ao contrário, permitirá que um número maior de militares preencha um dos requisitos para acesso ao
quadro de oficiais, ficando este, o acesso, pendente de outros requisitos. É evidente que a frequência ao
Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos (CHOAEM) não constitui direito adquirido ao acesso,
mas mero cumprimento de um, e apenas um, dos requisitos para essa espécie e promoção militar.

Como consequência, nesta via de estrita delibação e sem prejuízo da posterior reanálise da matéria, ao
que parece, o item 2 do Edital nº 49/DGP – PMDF (ID nº 4553786, pág. 8), que trata do preenchimento
das vagas disponíveis para os Quadros de Oficiais Policiais Militares Administrativos e Especialistas,
não observou o regramento normativo correspondente (art. 32, I da Lei 12.086/2009), pois ofertou
quantitativo de vagas inferior ao permitido pela soma das vagas atualmente existentes no quadro
respectivo (ID nº 4553786, pág. 35).

Nesse cenário, deve ser assegurada a matrícula e a participação no Curso de Habilitação de Oficiais
Administrativos (CHOAEM) aos agravados, por terem demonstrado o preenchimento dos requisitos
legais; que estão devidamente habilitados e que foram prejudicados pela oferta inferior de vagas,
considerando àquelas existentes no quadro.

Insta salientar que essa medida não implicará ônus financeiro à Administração Pública, tampouco é
dotada de irreversibilidade, uma vez que, no mérito, a questão poderá ser revista ante a instrução destes
autos e o consequente debate da matéria.

Por outro lado, há risco de dano de difícil reparação para os agravados, que poderão ser preteridos no
Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos (CHOAEM) e, eventualmente, na correspondente
progressão, caso não lhes seja assegurada a matrícula e a participação.

Desse modo, preenchidos os requisitos autorizadores da medida, uma vez que demonstrada a
probabilidade do direito e o perigo de dano grave de difícil reparação, a antecipação de tutela pleiteada
deve ser deferida.

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Dispositivo

Posto isso, nos termos dos arts. 1.015, VII e 1.019, I do CPC, defiro o pedido de antecipação de tutela
recursal para:

a) Suspender o ato administrativo correspondente ao item 2 do Edital Normativo nº 49/DGP-PMDF,


ratificados pelos Editais 135/DGP-PMDF e 160 DGP-PMDF, no que tange à oferta de vagas ao Curso de
Habilitação de Oficiais Administrativos (CHOAEM) ;

b) Determinar ao Distrito Federal que adote todas as providências necessárias para que os agravantes
sejam matriculados e participem do Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos (CHOAEM), sem
prejuízo da reposição de aulas e das provas que porventura venham a ocorrer antes do cumprimento
desta decisão, observando-se a ordem de classificação;

c) Garantir aos agravantes, caso aprovados no referido curso, a expedição do respectivo diploma e a
participação em formaturas e demais cerimônias castrenses, até o julgamento do mérito do recurso.“.

12. Como não houve alteração fática e/ou jurídica passível de alterar os fundamentos da decisão acima
transcrita, adoto as mesmas razões de decidir para negar provimento ao recurso interposto pelo Distrito
Federal e à remessa necessária.

13. Registre-se que o ato discutido não decorre exclusivamente do mérito administrativo, tampouco de
conveniência e oportunidade, já que a lei exige exatamente o contrário da tese defendida pelo apelante.
Todo ato administrativo deve ser amparado pela legalidade. Se o ato não está conforme a lei, sequer há
espaço para discutir a conveniência e oportunidade para praticá-lo.

14. Já foi dito e repetido por esta Relatoria e pelo Juiz Sentenciante que a participação no curso de
formação não dá direito a promoção imediata do candidato.

15. Também não é possível observar a proibição de cadastro reserva com base na norma indicada pelo
apelante (art. 33, parágrafo único da Lei nº 12.086/2009). Nem poderia ser diferente, pois o artigo trata
somente da reprovação do candidato, quando não consegue concluir o curso com aproveitamento e,
consequentemente, não pode ser promovido.

16. A sentença deve ser mantida.

Dispositivo

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17. Conheço a remessa necessária e a apelação interposta pelo Distrito Federal enego-lhes provimento
para manter a sentença nos termos em que foi proferida.

18. Sem honorários, nos termos dos arts. 17 e 18 da Lei nº 7.347/85.

19. É como voto.

O Senhor Desembargador EUSTAQUIO DE CASTRO - Relator Designado e 1º Vogal

Senhor Presidente,

Em alguns casos cheguei a conceder liminares para candidatos em idêntica situação jurídica, mas muitas
delas sequer foram implementadas em razão da decisão do Superior Tribunal de Justiça.

Já em sede de Apelação, ou do julgamento de fundo do próprio Agravo de Instrumento, tenho


reconhecido a perda superveniente do interesse de agir nos casos em que o candidato sequer iniciou o
Curso.

Agora, revendo a matéria, ouvindo os Votos aqui proferidos, subscrevo integralmente o Voto da culta
Desembargadora Ana Cantarino, o qual ora transcrevo com satisfação, para dar provimento à
Apelação e à Remessa Necessária e julgar improcedentes os pedidos:

"Conheço do recurso, presentes que se encontram os demais pressupostos de admissibilidade. Conheço,


também, do Reexame Necessário.

Cuida-se de Reexame Necessário e de Apelação interposta pelo réu, DISTRITO FEDERAL, contra
sentença que julgou procedente o pedido aduzido na inicial, para declarar nulo o ato administrativo
correspondente ao item 2 do Edital Normativo nº 49/DGP-PMDF, ratificado pelos Editais nº
135/DGP-PMDF e 160/DGP-PMDF, no que tange à oferta de vagas ao CHOAEM (Curso de
Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos), e, em consequência, determinar ao
DISTRITO FEDERAL, ora apelante, que efetive a matrícula dos autores no CHOAEM/2017, sem
prejuízo de reposição de aulas e das provas que porventura venham a ocorrer antes do cumprimento da
decisão, observando-se a ordem de classificação, com a garantia, caso aprovados no referido curso, à
expedição dos correspondentes diplomas e a participação em formaturas e demais cerimônias
castrenses.

Em face da sucumbência, o réu foi condenado ao ressarcimento das custas e ao pagamento de


honorários, fixados em 10% sobre o valor atualizado da causa.

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Examino conjuntamente o apelo voluntário e o reexame necessário.

Em 18/08/2017, foi publicado o Edital nº 49/DGP-PMDF, estabelecendo a realização de Processo


Seletivo para Ingresso no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos
(CHOAEM), visando ao preenchimento de vagas na PMDF.

No item 2 do edital, sob o título “Das Vagas”, restou previsto o seguinte:

“2.1 O presente processo seletivo interno destina-se ao preenchimento de 70 (setenta) vagas,


obedecendo ao somatório das vagas disponíveis nos Quadros, conforme o que preceitua o artigo 32, da
Lei nº 12.086, de 6 de novembro de 2009 e de acordo com a descrição a seguir:

a)63 (sessenta e três) vagas para o Quadro de Oficiais Policiais Militares de Administração(QOPMA);

b) 5 (cinco) vagas para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) – Auxiliar de
Saúde;

c) 1 (uma) vaga para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) –


Motomecanização; e

d) 1 (uma) vaga para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) – Assistente
Veterinário. ” (ID 6643389 – p. 1)

Nesse particular, constata-se a existência de possível erro material no relatório da sentença, ao prever
que, no presente feito, “se postula a declaração de nulidade do item 2 do Edital nº 49/DGP-PMDF, que
estipulou 64 vagas por antiguidade para ingresso no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos,
Especialistas e Músicos (CHOAEM)” (ID 6643634 – p. 1).

Na realidade, o item 2 do edital em questão previu 70 vagas, e não 64, e o processo seletivo, no caso, foi
para ingresso no CHOAEM por merecimento, e não por antiguidade.

Feitas essas considerações, registre-se que, à época da publicação do edital, o Quadro QOPMA contava
com os seguintes cargos claros (vagos):

QOPMA Previsto Claros (vagos)

MAJOR 20 16

CAPITÃO 70 68

1 TENENTE 131 122

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2 TENENTE 132 132

TOTAL 353 338

De acordo com o réu, DISTRITO FEDERAL, a previsão editalícia de 63 vagas levou em consideração o
disposto no artigo 32 da Lei 12.086/2009, alterado pela Lei 13.459/2017:

“Art. 32. Para inclusão nos QOPMA, QOPME e QOPMM, o policial militar deverá:

I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou Especialidade
para matrícula no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos
(CHOAEM), sendo: (Redação dada pela Lei nº 13.459, de 2017)

a) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas pelo critério de antiguidade; e (Incluída pela Lei nº
13.459, de 2017)

b) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas mediante aprovação em processo seletivo de provas,
de caráter classificatório e eliminatório, destinado a aferir o mérito intelectual dos candidatos; (Incluída
pela Lei nº 13.459, de 2017); (...)”

A base de cálculo do quantitativo de vagas previsto no edital foi o número de cargos claros (vagos) no
primeiro posto ou posto de acesso ao Quadro de Oficiais Policiais Militares da Administração
(QOPMA), ou seja, o de 2º Tenente, que à época, possuía 132 cargos vagos. Desse número, 50% foram
destinados à promoção por antiguidade, e 50% para promoção por merecimento, sendo que o edital de
processo seletivo para ingresso no Curso de Habilitação (CHOAEM) visou a preencher as vagas de
promoção por merecimento.

Segundo consta na inicial, os autores se inscreveram no processo seletivo e obtiveram colocação fora das
63 vagas disponíveis previstas no edital. Pretendem, assim, alterar a regra editalícia, a fim de que as
vagas correspondam ao total de cargos claros em todo o Quadro de Oficiais Policiais Militares da
Administração (QOPMA), e não somente às vagas do Posto inicial do Quadro, que é o de 2º Tenente.
Em outras palavras, pretendem os autores que as vagas do CHOAEM correspondam ao total de cargos
claros (vagos), incluindo aqueles de 2º Tenente, 1º Tenente, Capitão e Major.

Alegam que essa previsão resultaria da mudança legislativa promovida pela Lei 13.459/2017, que alterou
a redação do já mencionado artigo 32 da Lei 12.086/2009, passando o inciso I pela seguinte modificação
redacional:

Redação original: “I - ser selecionado dentro do número de vagas disponíveis em cada Quadro ou
Especialidade, mediante aprovação em processo seletivo destinado a aferir o mérito intelectual dos
candidatos;”

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Nova redação: “I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou
Especialidade para matrícula no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e
Músicos (CHOAEM), sendo: (...)” (Redação dada pela Lei nº 13.459, de 2017)

A despeito dos argumentos expendidos pelos autores, o pedido de alteração de vagas previstas em edital
não merece prosperar.

Inicialmente, registre-se que, no item 1.8 do edital, intitulado “Da impugnação do edital”, foi “facultado
a qualquer membro da Corporação apresentar solicitação de impugnação ao presente edital e(ou)
eventuais retificações, no período de 21 a 25 de agosto de 2017” (ID 6643389 – p. 1).

Não há nos autos, contudo, notícia de impugnação administrativa aos termos do referido edital no prazo
fixado.

Ademais, numa interpretação sistemática e histórica da Lei 12.086/09, verifica-se que o objetivo da
alteração promovida no artigo 32 da referida norma pela Lei 13.459/2017 não foi o de ocasionar a
inclusão, no processo seletivo de ingresso para o Curso de Habilitação (CHOAEM), de todas as vagas do
Quadro QOPMA, mas sim, o de criar um novo critério de acesso ao Curso, desta feita abrangendo, além
do merecimento, também a antiguidade. Veja-se que, com relação ao texto do inciso I, a mudança
legislativa não empreendeu alteração relevante de significado:

Redação original: “I - ser selecionado dentro do número de vagas disponíveis em cada Quadro ou
Especialidade (...).”

Redação após a mudança: “I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo
Quadro ou Especialidade (...).”

Como se observa, de “dentro do número de vagas disponíveis em cada Quadro” passou-se a “dentro do
somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro”.

Na realidade, a mudança significativa ocorreu na inclusão das alíneas a e b ao inciso I, passando a prever
que 50% das vagas seriam para promoção por antiguidade, e 50% das vagas para promoção por
merecimento.

Cabe salientar que a Lei 13.459/2017, que alterou a Lei 12.086/09, resulta da conversão da Medida
Provisória 760.

Consultando a página do Congresso Nacional na rede mundial de computadores, acerca da tramitação da


referida Medida Provisória, destaca-se a explicação da ementa da norma em questão:

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“Explicação da Ementa: Esta Medida Provisória altera dispositivos da Lei nº 12.086/2009, de forma a
incluir a antiguidade entre os critérios de seleção de praças que concorrerão a vagas disponíveis
em diversos quadros de oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal e do Corpo de Bombeiros Militar
do Distrito Federal.” (https://www.congressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/127880
) (grifo nosso).

Por sua vez, a Mensagem encaminhada ao Presidente da República contendo a proposta da Medida
Provisória em comento evidencia a intenção de incluir e valorizar a antiguidade como critério de acesso
aos Quadros de Oficiais da PMDF:

“Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

1. Em continuidade ao movimento de reestruturação das carreiras da Policia Militar do Distrito Federal


(PMDF) e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), tenho a honra de submeter à
apreciação de Vossa Excelência a proposta anexa de Medida Provisória que dispõe sobre os critérios
de ingresso nos Quadros de Oficiais Administrativos, Especialistas, Músicos e de Saúde da PMDF e
de Oficiais Intendentes, Condutores, Músicos e de Manutenção do CBMDF, de que trata a Lei nº 12.086,
de 6 de novembro de 2009, e dá outras providências.

2. As medidas propostas decorrem de amplos debates que, desde 2014, vêm sendo desenvolvidos pela
Comissão de Reestruturação, constituída pelo Governo do Distrito Federal com vistas ao estudo e
elaboração de proposta de novo plano de carreira para os militares do Distrito Federal, e integrada por
oficiais e praças reconhecidos, no âmbito de ambas as instituições, pela notória expertise na temática
abordada, bem como por representantes indicados pelas seguintes entidades: (i) Associação dos Oficiais
da PMDF (Asof); (ii) Associação das Praças Policiais e Bombeiros Militares do DF (Aspra); (iii)
Associação dos Oficiais do CBMDF (Assof); (iv) Associação dos Bombeiros Militares Ativos e Inativos
do DF (Asbom) e Clube dos Bombeiros Militares do DF. Também foram consideradas propostas
apresentadas de forma isolada pelos diversos segmentos e por militares de ambas as Corporações que se
dispuseram a contribuir no debate.

3. Do esforço empreendido, resultara projeto amplo e inovador que modificava profundamente a atual
sistemática de promoções com o objetivo de conferir fluidez no desenvolvimento dos servidores nas
Carreiras em referência, bem como de conciliá-las com as necessidades institucionais. No entanto, diante
de um cenário político e econômico desfavorável à implantação de projetos impactantes, optara-se por
não submeter o projeto em comento à apreciação do Poder Legislativo neste momento, quando somente
são apresentadas medidas autônomas que, apesar de imprescindíveis, apenas tangenciam o espectro de
demandas estruturantes das categorias.

4. Propõe-se, então, a alteração de dispositivos da Lei nº 12.086/2009, de forma a incluir a


antiguidade entre os critérios de seleção de praças que concorrerão às vagas disponíveis nos
diversos quadros de oficiais, quais sejam: (i) QOPMA (administrativos); (ii) QOPME (especialistas);
(iii) QOPMM (músicos); (iv) QOBM- Intd (intendentes); (iv) QOBM- Cond (condutores); (iv) QOBM-
Mús (músicos); e (iv) QOBM-Mnt (manutenção).

5. Cabe esclarecer que, atualmente, o ingresso nos quadros em referência ocorre, exclusivamente,
pelo critério do mérito intelectual, que prevê seleção interna dentre os praças que cumprem
requisitos tais como diploma de graduação em nível superior, conforme preveem os artigos nº 32 e nº 79
da Lei nº 12.086/2009. No entanto, por força do Decreto DF nº 33.244/2011 e com amparo em

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autorização expressa no caput do art. 57 e no art. 79, § 2º, incisos I e II, tal requisito teve seus efeitos
expressamente suspensos por 5 (cinco) anos a contar da publicação da referida Lei, período em que fora
adotado o critério de antiguidade no âmbito da PMDF e ambos os critérios no CBMDF.

6. Vislumbrando benefícios na adoção de ambos os critérios, argumentam os interessados que “a


antiguidade privilegia os militares veteranos, que prestaram bons serviços por longos períodos, mas que
já alcançaram a última graduação dos quadros de praças e não possuem mais perspectivas de progressão
funcional” e acrescentam que a perspectiva de ascensão a postos superiores os motivaria à permanência
em atividade na corporação, prestando serviços de excelência para a população, o que, na visão do
mesmos, justifica a urgência da medida. Para as corporações, igualmente apontam que estas se
beneficiariam “da larga experiência desses militares, que passam a contribuir com a gestão dentro de
suas especialidades, além de permitir a fluidez nas promoções”.

7. Por outro lado, argumenta-se que o critério de seleção por mérito intelectual é igualmente motivador,
na medida em que incentiva os militares a buscarem o aprimoramento contínuo de suas competências e
que confere um caráter democrático ao processo. Na perspectiva das corporações, vislumbram-se
benefícios relacionados ao nível de qualificação de seu corpo de oficiais.

8. No tocante aos Quadros de Oficiais de Saúde, propõe a promoção do Aspirante-a- Oficial para o posto
inicial do citado quadro nas hipóteses previstas, desde que comprovada a disponibilidade de vaga.

9. Por oportuno, ressalta-se que a implementação das medidas propostas não implicam em aumento da
despesa.

10. São essas, Senhor Presidente, as razões que me levam a submeter à elevada apreciação de Vossa
Excelência, a anexa proposta de Medida Provisória.

Respeitosamente,

Dyogo Henrique de Oliveira” (


https://www.congressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/127880) (grifo nosso)

Constata-se que o legislador intentou promover maior fluidez no acesso aos Quadros de Oficiais da
PMDF por meio da inclusão do critério da antiguidade, possibilitando que os Cursos de Habilitação
sejam frequentados por 50% de Policiais que ingressam por merecimento e 50% de Policiais Militares
ingressando por antiguidade.

Nesse sentido, o termo “somatório” incluído na redação do inciso I guarda relação com os percentuais
descritos nas alíneas a e b do próprio inciso, ou seja, somatório do percentual de 50% pelo critério de
antiguidade com o percentual de 50% pelo critério de merecimento.

Tal expressão “somatório” não diz respeito ao total de postos vagos em todo o Quadro, e nem poderia
sê-lo, quando se sabe que o acesso ao Quadro de Oficiais somente se dá no posto mais baixo, que, no
caso, é o de 2º Tenente. Em outras palavras, se todos os Policiais Militares que acessam o Quadro
QOPMA o fazem pelo Posto inicial de 2º Tenente, afigura-se lógico que o processo seletivo de ingresso

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no Quadro se dê com base nas vagas correspondentes a esse Posto, e não às vagas dos Postos mais
avançados, para as quais os Policiais só terão acesso após promoção e cumprimento de interstício
mínimo no posto anterior.

Acrescente-se que o inciso I do art. 32 da Lei 12.086/09 prevê expressamente que, para inclusão nos
Quadros de Oficiais Policiais Militares da Administração, o policial militar deverá ser selecionado dentro
do somatório de vagas disponíveis no respectivo Quadro.

De acordo com o dicionário, “disponível” significa “de que é possível dispor” ou “que não está ocupado;
livre; desimpedido”.

Ora, em se tratando de policiais militares ingressantes no CHOAEM, as únicas vagas disponíveis, ou


seja, livres e desimpedidas, são as de 2º Tenente, porquanto as vagas de 1º Tenente, Capitão e Major não
estão disponíveis para os concluintes do Curso de Habilitação.

Com efeito, só pode ser promovido ao Posto de Major quem é Capitão; só pode ser promovido a Capitão
quem é 1º Tenente; e só pode ser promovido a 1º Tenente quem é 2º Tenente.

Portanto, apesar de todos esses postos comporem o Quadro de Oficiais Policiais Militares da
Administração (QOPMA), as únicas vagas disponíveis aos concluintes do CHOAEM são as de 2º
Tenente, de modo que o item 2 do Edital nada mais fez do que observar a redação do art. 32, inciso I, da
Lei 12.086/09, prevendo as vagas efetivamente disponíveis para ingresso no CHOAEM.

Para fins didáticos, apresenta-se, ilustrativamente, uma comparação com os cargos da Magistratura deste
Tribunal. A carreira é composta por Juízes Substitutos, Juízes de Direito e Desembargadores. Com
exceção do quinto constitucional atinente aos cargos de Desembargadores, o acesso ocorre sempre por
meio de concurso público para o cargo de Juiz Substituto. Quando a Administração do Tribunal define a
necessidade de realização do concurso público, o faz tomando por base as vagas disponíveis de Juiz
Substituto, pois este é o início da carreira, independentemente de quantos cargos de Desembargador ou
de Juiz de Direito estejam vagos. Assim, por exemplo, se existem 5 vagas de Juiz Substituto, 3 vagas de
Juiz de Direito e 2 vagas de Desembargador, o edital do concurso público preverá apenas as 5 vagas de
Juiz Substituto, e não 10 vagas de Juiz Substituto, pois as 3 vagas de Juiz de Direito e as 2 de
Desembargador não estão disponíveis para os ingressantes na carreira, embora não estejam ocupadas.

In casu, poder-se-ia cogitar de inclusão de cadastro de reserva no edital, para fins de alocação dos
aprovados no CHOAEM mesmo fora do número de vagas.

Ocorre que o edital não estabeleceu cadastro de reserva, e nem tampouco a legislação da PMDF prevê
esse instituto para os aprovados no Curso de Habilitação, senão vejamos.

A título exemplificativo, o artigo 35 da Lei 12.086/2009, que versa sobre o Quadro de Oficiais Policiais
Militares, dispõe que o policial militar que conclui com aproveitamento o Curso de Habilitação é
promovido a 2º Tenente:

“Art. 35. Para inclusão no posto de Segundo-Tenente do QOPM, o policial militar deverá concluir com
aproveitamento o Curso de Formação de Oficiais, ser declarado Aspirante-a-Oficial e ser aprovado no
estágio probatório.”

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No mesmo sentido, dispõe o artigo 33, caput e parágrafo único, da mesma lei:

“Art. 33. A Praça a que se refere o art. 32 frequentará o Curso de Habilitação de Oficiais na graduação
em que se encontra ou na que venha a ser promovida no decorrer do curso.

Parágrafo único. Se o candidato não concluir com aproveitamento o curso de que trata o caput,
permanecerá na graduação e voltará a ocupar a mesma posição anterior na escala hierárquica.”

Depreende-se, pois, que, concluído o referido curso com aproveitamento, deverá o policial ser
promovido; e, não havendo o necessário aproveitamento, permanecerá na graduação em que está,
inexistindo previsão para cadastro de reserva de policiais militares aprovados no Curso de Habilitação
fora do número de vagas estabelecidas no edital.

Nesse prisma, o entendimento de que devem ser previstas no edital vagas em número superior às vagas
existentes para o Posto de 2º Tenente conduz à situação de policiais militares em condição de serem
promovidos a 2º Tenente por terem concluído com aproveitamento o Curso de Habilitação, sem,
contudo, haver vagas de 2º Tenente para todos.

A situação se torna ainda mais grave quando constatado que, se, por força de lei, a conclusão com
aproveitamento do Curso de Habilitação gera direito à imediata promoção ao Posto de 2º Tenente, isso
significa que os policiais militares aprovados no Curso de Habilitação fora do número de vagas
poderiam, em tese, reivindicar, no futuro, eventual direito à promoção a 2º Tenente, a contar da
conclusão do Curso de Habilitação, inclusive com reflexos financeiros retroativos a essa data.

Como se verifica, eventual admissão de todos os aprovados poderia gerar, futuramente, uma grande
procura ao Judiciário em busca de promoções em ressarcimento de preterição, retroativamente à data de
conclusão do Curso de Habilitação, em evidente desvirtuamento do propósito das promoções, que é o de
assegurar ascensão organizada com base nas vagas existentes.

Não se deve perder de vista o impacto orçamentário que ocorreria na situação.

Nesse particular, examinando os termos do pedido aduzido na inicial, verifica-se que os autores
pretenderam a autorização para participar do Curso de Habilitação CHOAEM, e, caso aprovados, a
expedição do diploma “com todos os consectários daí emergentes” (ID 6643341 – p. 21).

A procedência do pedido, destarte, poderia impor à Administração a obrigatoriedade de suportar o custo


dos oficiais promovidos anos após a conclusão do Curso de Habilitação, com possibilidade de
pagamentos retroativos.

À guisa de exemplo, transcrevo julgados nos quais se deferiu a promoção de militares da PMDF em
ressarcimento de preterição, e cujos reflexos financeiros retroagiram à data do preenchimento dos
requisitos para a promoção, dentre os quais a data de conclusão do Curso de Habilitação:

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“REMESSA OFICIAL. SOLDADO PMDF. PROMOÇÃO EM RESSARCIMENTO POR
PRETERIÇÃO. DIFERENÇA DE SOLDO.

A promoção em ressarcimento por preterição retroage para todos os fins, inclusive financeiros, à data em
que o soldado a ela tinha direito, razão pela qual é devida a diferença do soldo recebido como soldado de
segunda classe e o correspondente ao de primeira.” (Acórdão n.1090022, 20130110599026APO, Relator:
FERNANDO HABIBE 4ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 18/04/2018, Publicado no DJE:
26/04/2018. Pág.: 294/301);

“ADMINISTRATIVO. POLICIAL MILITAR. CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS.


PRETERIÇÃO. RECONHECIMENTO EM AÇÃO PRÓPRIA. TRÂNSITO EM JULGADO.
PROMOÇÃO. EFEITOS FINANCEIROS. RESSARCIMENTO POR PRETERIÇÃO.
RETROATIVIDADE DEVIDA.

1. Inexiste litisconsórcio passivo necessário de militar paradigma em ação de ressarcimento de


preterição, quando o pedido inicial não atingirá a situação jurídica daquele.

2. A matéria debatida em outra demanda, cuja decisão já transitou em julgado, não pode ser alterada.
Vedação pela preclusão consumativa e inexorável preservação da coisa julgada.

3. A preterição de militar na seleção de curso de formação para promoção já reconhecida pelo Poder
Judiciário tem como consequência a promoção e os efeitos financeiros retroativos à data de conclusão do
curso do militar paradigma.

4. Recurso e remessa necessária conhecidos. Preliminar do recurso rejeitada. No mérito, desprovidos.” (


Acórdão n.1059113, 20120111262432APO, Relator: DIAULAS COSTA RIBEIRO 8ª TURMA CÍVEL,
Data de Julgamento: 09/11/2017, Publicado no DJE: 16/11/2017. Pág.: 586/598);

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. OBSERVÂNCIA AO ART. 1.017


DO CPC. MÁ-FÉ. NÃO CONFIGURAÇÃO. RESSARCIMENTO POR PRETERIÇÃO.
CONCLUSÃO. CURSO. DATA. ERRO MATERIAL. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
DECISÃO MANTIDA.

1. Trata-se de recurso interposto em face de decisão em que persistia divergência quanto à data inicial
em que os agravantes foram preteridos em promoção de antiguidade.

2. O agravante colacionou todos os documentos exigidos no art. 1.017 do CPC.

3. A tese do ora agravante não é ato capaz de consubstanciar eventual aplicação de multa em decorrência
da má-fé da parte; o mesmo apenas exerceu o seu direito de defesa, sem incorrer em qualquer abuso
passível de ser caracterizado como litigância de má-fé.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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4. De fato o r. acórdão reconheceu o direito de promoção em ressarcimento de preterição em relação aos
agravantes, colocando-os na escala hierárquica como se houvessem sido promovidos desde 15/12/2005,
porém, houve evidente erro material em relação à data, uma vez que a promoção dos concludentes do
CFS/2005 deu-se em 16/12/2005.

5. Recurso conhecido e não provido. Decisão mantida.” (Acórdão n.1018931, 20160020474836AGI,


Relator: ROMULO DE ARAUJO MENDES 4ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 11/05/2017,
Publicado no DJE: 29/05/2017. Pág.: 354/375) (grifei).

Acrescente-se que, a permanecer o entendimento de que as vagas devem corresponder ao somatório de


todos os postos do Quadro QOPMA, haveria um grande número de aprovados em uma espécie de “lista
de espera”, aguardando indefinidamente a promoção dos atuais ocupantes do posto de 2º Tenente ao
posto hierarquicamente superior, para, só então, ocuparem as vagas daí surgidas.

Tal entendimento segue em rota de colisão com a norma do artigo 37, inciso III, da Constituição Federal,
nos termos da qual todo concurso público deve ter prazo máximo de 2 anos, prorrogável apenas uma vez
por igual período:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...)

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;”

Na espécie, cabe destacar que a ascensão de um posto a outro do Quadro de Oficiais Policiais Militares
da Administração (QOPMA) obedece a um interstício mínimo de 48 meses, conforme previsto no item
“d” do anexo I à Lei 12.086/2009 (“Distribuição do Efetivo da Polícia Militar do Distrito Federal e
respectivo Interstício para Promoção”).

É certo que existe regra que diminui em 50% esse interstício, nos termos do artigo 5º, parágrafo 2º, da
Lei 2.086/2009:

“Art. 5o Promoção é ato administrativo e tem como finalidade básica a ascensão seletiva aos postos e
graduações superiores, com base nos interstícios de cada grau hierárquico, conforme disposto no Anexo
I.

§ 1o Interstício é o tempo mínimo que cada policial militar deverá cumprir no posto ou graduação.

§ 2o Cumpridas as demais exigências estabelecidas para a promoção, o interstício poderá ser reduzido
em até 50% (cinquenta por cento), sempre que houver vagas não preenchidas por esta condição.”

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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Todavia, conforme fundamentação esposada pelo DISTRITO FEDERAL (ID 6643433 – p. 4/5), o
número total de aprovados pretendido na inicial seria convocado, na melhor das hipóteses, em 4 anos,
podendo chegar a 6 anos, impedindo, inclusive, a abertura de novos Cursos de Habilitação:

“(...) Em sexto, a realização de um curso para a nomeação de número de oficiais administrativo igual ao
número de claros em todo o quadro impediria a realização de novos processos seletivos, resultando
automaticamente na impossibilidade de realização do certame para os policiais militares que completam
os requisitos legal ano a ano. Ou seja, haveria um longo período sem a realização de um novo processo
seletivo para o CHOAEM. Isso, tendo em vista que a nomeação dos 196 excedentes esbarraria no
limite-quantitativo legal de 33 ascensões por data de promoção, conforme se observa nas seguintes
projeções:

(...)

Nesse contexto, infere-se que na primeira projeção, ou seja, com redução de 50% de interstício em todas
as datas de promoção, a Corporação ficaria, por 4 (quatro) anos, impossibilitada de oferecer ao seu
efetivo de praças a oportunidade de ascensão ao Quadro de Oficiais Policiais Militares da Administração.
Ao passo que na segunda, com o cumprimento regular do interstício, levar-se-ia 6 (seis) anos para
conseguir lançar novo processo seletivo, visto que só com o escoamento de todos os excedentes
surgiriam novas vagas, o que viria a prejudicar 5.000 (cinco mil) policiais militares, dado o ‘travamento’
do quadro tal qual aqui exposto” (ID 6643433 – p. 4/5).

No que concerne à isonomia, a procedência do pedido dos autores poderia resultar em uma violação de
extrema gravidade em relação aos policiais militares mais antigos.

Como visto, de acordo com o artigo 32, inciso I, da Lei 12.086/09, os critérios de admissão para o
CHOAEM são antiguidade (50% das vagas disponíveis) e merecimento (50% das vagas disponíveis).

À época do edital, havia 132 postos vagos de 2º Tenente.

Nos termos do Edital nº 160/DGP-PMDF, que convocou os aprovados para matrícula no CHOAEM (ID
6643394 – p. 1/2), foram considerados aptos, segundo o critério da antiguidade, 64 policiais militares, e,
sob o critério do merecimento (ou seja, aprovados no processo seletivo do Edital nº 49/DGP-PMDF), os
63 policiais militares mais bem classificados na prova de conhecimentos.

Considere-se, por hipótese, que a procedência do pedido dos autores seja mantida. Dos 338 postos claros
(vagos) do Quadro QOPMA, 169 seriam destinados ao critério de merecimento, a fim de manter a regra
de 50% prevista em lei, o que, em tese, beneficiaria todos os autores, classificados dentro desse número.

Considerando que o resultado do presente processo opera efeitos somente inter partes, indaga-se: qual
seria a situação do policial militar que, por exemplo, ocupasse a 65ª posição na ordem de antiguidade –
portanto, fora das 64 vagas abertas por antiguidade – e que, realizando o processo seletivo do Edital nº
49/DGP-PMDF, alcançasse a 170ª colocação? Nesse caso, o policial militar não poderia ser matriculado
sob o critério da antiguidade, porque o pedido formulado nesta ação disse respeito apenas ao edital do
processo seletivo de matrícula no CHOAEM por merecimento, e nem teria a chance de ser promovido

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por merecimento, porque ficaria fora das vagas relacionadas a esse critério, conforme pretendido na
inicial.

A situação hipotética apresentada constitui apenas um exemplo de como a procedência do pedido dos
autores poderia ocasionar uma desorganização de tal ordem no acesso dos policiais militares aos
Quadros de Oficiais, que feriria de morte o princípio da isonomia e a ordem de promoção propugnada na
Lei 7.289/84 (que dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares da Polícia Militar do Distrito Federal),
a qual, em seu artigo 60, assim estabelece:

“Art. 60 O acesso na hierarquia policial-militar é seletivo, gradual e sucessivo e será feito mediante
promoção, de conformidade com o disposto na legislação e regulamentação de promoções de Oficiais e
de Praças, de modo a obter-se um fluxo regular e equilibrado de carreira para os policiais-militares.”

Noutro giro, ainda sob o aspecto orçamentário, e também na ótica da segurança pública, cumpre destacar
que, na Suspensão de Liminar e de Sentença nº 2417-DF em curso no Superior Tribunal de Justiça, o
Ministro Relator, João Otávio de Noronha, proferiu decisão deferindo a liminar pleiteada pelo
DISTRITO FEDERAL para suspender os efeitos de todos as sentenças proferidas em processos que
versem sobre o ato administrativo correspondente ao item 2 do Edital Normativo n. 49/DGP-PMDF,
inclusive o presente feito, até o trânsito em julgado, fundamentando nos seguintes termos:

“(...)

No caso em exame, verifica-se que o entendimento adotado na decisão impugnada acerca da ilegalidade
do item 2 do Edital Normativo n. 49/DGP-PMDF, por suposta violação do art. 32, I, da Lei n.
12.086/2009, matéria que constitui o mérito da questão debatida no feito originário e que tem ali seu leito
natural, poderá, sim, ao contrário do que afirma o referido decisum, propiciar que número excessivo e
não previsto de praças militares ingresse no quadro de oficiais policiais militares administrativos
(QOPMA). Da decisão impugnada infere-se que o número de vagas no CHOAEM sairia das 127,
previstas no edital – a saber, aquelas referentes ao posto de segundo-tenente –, para 339, que é o número
de vagas existentes em todos os demais níveis do oficialato.

Nesse contexto, não há como deixar de reconhecer o potencial manifestamente lesivo da decisão
impugnada.

A primeira razão é a notória precariedade em que se encontram os serviços de segurança pública do


Distrito Federal, situação corroborada recentemente pelo Tribunal de Contas da União no julgamento,
em 16/8/2017, do processo de Prestação de Contas n. 043.927/2012-2, no qual se examinavam aspectos
orçamentários da cessão de servidores da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros
Militar do Distrito Federal a outros órgãos e entidades da administração pública. Nessa sessão, em que o
colegiado da Corte de Contas determinou, por unanimidade, o retorno desses servidores, assim se
pronunciou o relator do feito, Ministro Bruno Dantas, sobre a situação da segurança pública no Distrito
Federal:

‘Em meados de 2015, apenas na PM, havia 710 policiais cedidos. Segundo levantamento do IBGE, em
2014, o efetivo total da corporação era de 14.345 homens. Portanto, estamos falando em mais de 5% do
efetivo da PM trabalhando em gabinetes. [...] Se o DF vivesse o céu de brigadeiro da segurança, já seria
grave; mas quando nos deparamos com uma situação vexatória para a capital com homicídios, roubos e
estupros e outra gama de crimes, penso que a situação narrada pelo procurador merece uma especial
atenção.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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Não há, pois, como desconsiderar o fato de que a retirada das ruas para participação no CHOAEM de
número excessivo e não previsto de policiais militares encarregados dos trabalhos de polícia ostensiva irá
fragilizar, ainda mais, os serviços de segurança pública do Distrito Federal.

A segunda razão é que o deferimento da ordem questionada tem potencial para causar sérios prejuízos à
economia do Distrito Federal, haja vista os altos custos embutidos na medida, decorrentes da imprevista
promoção, em quantidade excessiva, de policiais militares ao posto de segundo-tenente, em total
descompasso com a Lei Orçamentária.

Tal efeito da medida está suficientemente demonstrado no Ofício n. 1895/2018-ATJ/DGP (fls. 346-379),
subscrito pelo Chefe do Departamento de Pessoal da PMDF, em que apresenta os diferentes cenários
resultantes do cumprimento da decisão impugnada e aponta que ela gerará impacto orçamentário de
aproximadamente R$ 25 milhões nos cofres do DF.” (SLS 2417-DF)

Finalmente, da forma como estabelecido na sentença, foram atingidas situações completamente estranhas
ao objeto da lide.

No caso, os autores requereram a retificação do item 2 do Edital nº 49/DGP-PMDF, a fim de serem


matriculados no CHOAEM para ingresso no Quadro dos Oficiais Policiais Militares da Administração
(QOPMA) (ID 6643341 – p. 21).

A sentença, por sua vez, declarou nula a integralidade do item 2 do Edital nº 49/DGP-PMDF (ID
6643634 – p. 14).

Ocorre que o item 2 do Edital não previu apenas vagas para ingresso no Quadro de Oficiais Policiais
Militares da Administração (QOPMA), que é o pretendido pelos autores, mas também vagas para o
Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) – Auxiliar de Saúde, Quadro de Oficiais
Policiais Militares Especialistas (QOPME) – Motomecanização e Quadro de Oficiais Policiais Militares
(QOPME) – Assistente Veterinário.

Como se pode observar, o julgado não só incorreu em error in judicando, mas também implicou
julgamento que desbordou dos limites do pedido, além de atingir situações jurídicas completamente
estranhas à lide subjetiva e objetiva em exame.

À vista de todos esses fundamentos, e considerando a complexidade do panorama delineado nos autos,
conclui-se que a sentença de procedência deve ser reforma in totum, a fim de que seja mantido o número
de vagas conforme previsto no item 2 do Edital Normativo n. 49/DGP-PMDF.

Destarte, por força da improcedência dos pedidos formulados na inicial, os ônus sucumbenciais deverão
ser invertidos.

Por fim, considerando que honorários recursais constituem cláusula de barreira, somente se revela
cabível sua fixação em desfavor da parte recorrente que tem seu recurso improvido, o que não é o caso
dos autos, na medida em que o apelo interposto pelo réu está sendo provido.

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ANTE O EXPOSTO, CONHEÇO do recurso voluntário e do reexame necessário e DOU-LHES
PROVIMENTO, para, reformando a sentença, julgar improcedentes os pedidos aduzidos na inicial.

Inverto os ônus sucumbenciais.

É como voto."

O Senhor Desembargador MARIO-ZAM BELMIRO - 2º Vogal

ITEM 2

APLREE 0705819-21

Relator: Desembargador Diaulas Costa Ribeiro

VOTO VOGAL

Admito e recebo o apelo e a remessa necessária no duplo efeito. Também deles conheço, presentes os
requisitos legais.

Cinge-se a presente discussão acerca da legalidade do ato praticado pelo recorrido quando da fixação do
número de cargos ofertados no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e
Músicos – CHOAEM. Os critérios adotados pela autoridade coatora foram determinantes para a exclusão
da participação do impetrante no aludido certame.

Em que pese a convicção externada pelo eminente Relator, contrária ao pleito recursal, peço vênia para
trazer a lume aspectos outros relevantes à elucidação da querela.

O art. 32, I, da Lei 12.086/09 aponta que os cargos oferecidos por meio do CHOAEM ocorrem em
obediência ao número de vagas a serem preenchidas. Confira-se:

(...)

Art. 32. Para inclusão nos QOPMA, QOPME e QOPMM, o policial militar deverá:

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I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou Especialidade
para matrícula no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos
(CHOAEM), sendo:

a) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas pelo critério de antiguidade; e

b) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas mediante aprovação em processo seletivo de provas,
de caráter classificatório e eliminatório, destinado a aferir o mérito intelectual dos candidatos;

Assim, a despeito do anseio autoral de ser conferida a exegese mais benéfíca aos militares integrantes do
Quadro de Policiais Militares COmbatentes - QPPMC, saliente-se que o preceptivo em análise deve ser
interpretado em consonância com toda a legislação aplicável à espécie, de forma sistêmica

Frise-se que a mens legis do art. 2º da Lei 13.459/17, que altera a Lei anterior (12.086/09), consiste, a
meu sentir, em advertir que “para inclusão nos QOPMA, QOPME e QOPMM, o policial militar deverá
ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou Especialidade para
matrícula no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos (CHOAEM),”
não tendo por escopo impedir que a administração militar ofereça, no edital de abertura do certame de
acesso ao treinamento em discussão, quantitativo inferior à totalidade das vagas disponíveis em cada um
dos postos e patentes do quadro em questão.

Deveras, a expressão “dentro de” supracitada ostenta valor de continência, vedando-se a seleção de
policiais militares em número superior ao somatório das vacâncias integrantes do quadro a que pertence
o candidato, o que, no presente caso, corrresponde ao QOPMA.

Convém consignar as breves, mas essenciais considerações apresentadas pelo Chefe do Departamento de
Gestão de Pessoal da Polícia Militar do Distrito Federal ao Tribunal de Contas do Distrito Federal acerca
do tema:

Logo quando a lei diz “somatório de vagas disponíveis”, não está se referindo aos claros existentes em
todos os graus hierárquicos (major, capitão, primeiro-tenente e segundo-tenente), mas tão somente aos
claros do cargo a ser provido pela seleção interna, cujo número decorre do somatório de vagas
provenientes das hipóteses previstas no artigo 19 (promoção ao grau hierárquico superior imediato, -
agregação, exclusão do serviço ativo, aumento de efetivos e falecimento).

Assim, a expressão “número de vagas disponíveis” equivale, do ponto de vista semântico, à expressão
“somatório de vagas disponíveis”. Isso porque, tanto o “número de vagas disponíveis” quanto o
“somatório de vagas disponíveis” é - e sempre foi – o resultado de uma operação aritmética de soma
das vagas surgidas no cargo a ser provido.

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Ademais, não se deve perder de vista que a progressão nos quadros de oficialato castrense dá-se de
forma escalonada, de forma que o ingresso no QOPMA, QOPME e QOPMM ocorre exclusivamente no
posto de 2º Tenente. Assim, não se admite que um militar torne-se capitão sem antes ter exercido o posto
de 1º Tenente. Da mesma forma o acesso ao cargo de Major só é oferecido aos candidatos de nível
hierárquico imediatamente inferior, ou seja, aos Capitães.

Diametralmente antagônico ao pleito autoral é o conteúdo do art. 33, caput e parágrafo único, da Lei
12.086/09 ao abordar particularidades do CHOAEM. Reveja-se:

Art. 33. A Praça a que se refere o art. 32 frequentará o Curso de Habilitação de Oficiais na graduação
em que se encontra ou na que venha a ser promovida no decorrer do curso.

Parágrafo único. Se o candidato não concluir com aproveitamento o curso de que trata o caput,
permanecerá na graduação e voltará a ocupar a mesma posição anterior na escala hierárquica.

Infere-se da análise do regramento acima que a conclusão com aproveitamento do curso de capacitação
enseja a necessária garantia de nomeação futura no posto de 2º Tenente de todos os participantes. Assim,
desponta incompatível com a capacidade organizacional da Corporação a absorção de 339 (trezentos e
trinta e nove) candidatos, caso todos ultimem a etapa preparatória, ao posto inicial da carreira de oficial,
como reivindica o recorrido, uma vez que, conforme o instrumento editalício o contingente é de apenas
127 (cento e vinte e sete) claros.

Igualmente relevante ao deslinde da demanda é o teor do art. 60, §§ 1º a 4º, do Estatuto dos Policiais
Militares da Polícia Militar do Distrito Federal, consagrado na Lei 7.289/84, que dispõe sobre o
progresso na carreira dos Oficiais e das Praças:

Art. 60 - O acesso na hierarquia policial-militar é seletivo, gradual e sucessivo e será feito mediante
promoção, de conformidade com o disposto na legislação e regulamentação de promoções de Oficiais e
de Praças, de modo a obter-se um fluxo regular e equilibrado de carreira para os policiais-militares.

§ 1º - O Planejamento da carreira dos Oficiais e das Praças, obedecidas as disposições da legislação e


regulamentação a que se refere este artigo, é atribuição do Comando da Polícia Militar.

§ 2º - A promoção é um ato administrativo e tem como finalidade básica a seleção dos


policiais-militares para o exercício de funções pertinentes ao grau hierárquico superior.

§ 3º - As promoções serão efetuadas pelos critérios de antigüidade e merecimento, ou ainda, por


bravura e post mortem. (Redação dada pela Lei nº 7.475, de 1986)

§ 4º -Em casos extraordinários, poderá haver promoção em ressarcimento de preterição, independente


de vagas.

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Verifica-se que o acesso na hierarquia castrense não é apenas seletivo e gradual, mas também sucessivo.

Observe-se, por exemplo, que o oficial 2º Tenente não poderá assumir o posto de Capitão sem antes
galgar o posto de 1º Tenente. Da mesma forma, o 1º Tenente não poderá assumir as prerrogativas de
Major sem antes alcançar o posto de Capitão.

Os postulantes, integrantes do Quadro de Praças Policiais Militares Combatentes - QPPMC, pretendem,


por intermédio do curso indicado, ascender ao Quadro de Oficiais Policiais Militares Administrativos -
QOPMA.

Em conformidade com o item 2 do Edital 049/DGP-PMDF (id. 6643389), apenas 63 (sessenta e três)
policiais militares foram instados para a apresentação dos documentos exigidos à inscrição no QOPMA.

Importante esclarecer que os apelados, apesar de classificados no processo seletivo, não foram
efetivamente convocados para participar do treinamento vindicado, uma vez que, no ranking oficial (id.
6643391), ocupam entre a 71a (PAULO DE TARSO ARAÚJO NOGUEIRA) e a 166a posições
(MARCO ANTONIO PEREIRA GOES).

Entende a douta Relatoria que, com o advento da Lei nº 13.459/2017, que altera as regras de acesso aos
cursos de habilitação para oficiais da PMDF e do CBMDF, consagradas na Lei 12.086/2009, todos os
candidatos aprovados dentro do número de postos do QOPMA declarados vagos ostentam expectativa de
direito à promoção e integram cadastro de reserva de habilitados.

Entretanto, a despeito do esforço do requerente em transmudar parcela do regramento hierárquico


policial-militar, inexiste suporte fático-jurídico apto a respaldar o pleito contido na exordial.

É defeso ao julgador, no exercício da atividade jurisdicional, descurar-se do compromisso de zelo pela


supremacia dos preceitos norteadores do Direito, sobretudo os princípios que regem a Administração
Pública.

Ademais, saliente-se que o atendimento da pretensão autoral ensejaria violação às disposições


orçamentárias aplicáveis à espécie e à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Por oportuno, cumpre esclarecer que a ampliação do número de ofertas no CHOAEM para quantitativo
superior ao montante disponível corresponde a uma faculdade da Administração, conforme dispõe o art.
60, § 1º, da Lei 7.289/84 e, por ser ato discricionário da Administração Pública, está inexoravelmente
subordinado aos requisitos de conveniência e oportunidade.

Vale ressaltar a inexistência de previsão editalícia acerca de cadastro reserva, o que contrariaria a
legislação de regência, que não dispõe acerca do referido cadastro para os aprovados no curso de
habilitação.

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Desse modo, não procedem as alegações do impetrante em favor da sua matrícula obrigatória no referido
treinamento, haja vista a inconteste discricionariedade do ato combatido.

Com efeito, o aumento considerável do número de participantes no curso evidentemente implicará


gastos para a Administração Pública, com a abertura de novas turmas, mais professores, além de
ampliação de vários itens de logística.

Aliado a isso, deve-se ter em mente que o número de militares da PMDF já está muito abaixo do
necessário para fazer face aos serviços de segurança pública desta Capital Federal e a retirada de mais
militares das ruas para ingresso no CHOAEM além do número de vagas previsto na organização militar,
reduzirá ainda mais a presença de policiais militares nos serviços de polícia ostensiva e de preservação
da ordem pública.

Acerca do tema, convém trazer à colação julgados deste egrégio Tribunal de Justiça em reforço ao
entendimento exposto:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE APELAÇÃO. POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL -


PMDF. SELEÇÃO INTERNA DE POLICIAIS COMBATENTES AO CURSO DE HABILITAÇÃO DE
OFICIAIS DE ADMINISTRAÇÃO, DE ESPECIALISTAS E DE MÚSICOS - CHOAEM. MÉRITO
ADMINISTRATIVO. CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU
ABUSO DE PODER. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO. PROVIMENTO NEGADO.
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA.

1. Em que pese o Decreto Distrital nº 33.244/2011 (acrescido pelo Decreto nº 35.258/2014) ter
autorizado a Policia Militar do Distrito Federal - PMDF a realizar Curso de Habilitação de Oficiais
Policiais Militares de Administração, Especialistas e Músicos - CHOAEM, independentemente da
existência de vagas, deve ser observado o quantitativo estabelecido no edital.

2. Ahipótese se enquadra na de "mérito administrativo", onde os critérios da conveniência e da


oportunidade imperam, assim, não pode o Judiciário, eis que a situação não se subsume à flagrante
ilegalidade ou abuso de poder, impor à Administração que realize o curso com o número máximo de
vagas autorizado.
3. Recurso de apelação conhecido. Provimento negado. Manutenção da sentença.

(Acórdão n.985859, 20140111809605APC, Relator: GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA 3ª TURMA


CÍVEL, Data de Julgamento: 30/11/2016, Publicado no DJE: 13/12/2016. Pág.: 238/248);

ADMINISTRATIVO. POLÍCIA MILITAR. INEXISTÊNCIA DE PRETERIÇÃO PARA PROMOÇÃO NOS


TERMOS DO§4º DO ART. 60 DA LEI 7.289/84. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

1. Existindo clara indicação da quantidade de vagas disponíveis para realização imediata de Curso de
Habilitação de Oficiais Policiais Militares de Administração (CHOAEM 2011), e verificado que a
classificação na lista de antiguidade não alcançava o quantitativo previsto no edital, não há que se falar
em preterição para promoção nos termos do §4º da Lei 7.289/84.

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2. Recurso conhecido e desprovido.

(Acórdão n.979348, 20140110679343APC, Relator: SANDRA REVES 2ª TURMA CÍVEL, Data de


Julgamento: 09/11/2016, Publicado no DJE: 14/11/2016. Pág.: 438/448);

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE CONHECIMENTO. POLICIAL MILITAR.


CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS DE ADMINISTRAÇÃO, ESPECIALISTAS E MÚSICOS -
CHOAEM/2011. CRITÉRIO DE SELEÇÃO. ANTIGUIDADE. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE.

1. Mostra-se lícito o critério de antiguidade previsto no Decreto n.º 33.244/2011, para fins de seleção de
militares para ingresso no Curso de Habilitação de Oficiais Policiais Militares de Administração,
Especialistas e Músicos CHOAEM/2011.

2. Evidenciado que a classificação do autor na lista de antiguidade na graduação de Primeiro-Sargento


não lhe assegurava a convocação para o Curso de Habilitação de Oficiais Policiais Militares de
Administração, Especialistas e Músicos CHOAEM/2011, não há como ser reconhecido o direito à
matrícula no referido curso.

3. Recurso de apelação conhecido e não provido.

(Acórdão n.742112, 20110112087947APC, Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA, Revisor: GETÚLIO DE


MORAES OLIVEIRA, 3ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 04/12/2013, Publicado no DJE:
13/12/2013. Pág.: 159);

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE CONHECIMENTO. CONVOCAÇÃO


DE SUBTENENTES PARA O CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS POLICIAIS MILITARES DE
ADMINISTRAÇÃO – CHOAEM, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE VAGAS. NÃO
OBRIGATORIEDADE. DECRETO Nº 35.258/2014. DISCRICIONARIEDADE E OPORTUNIDADE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

1. Apesar de o § 4º do art. 5º do Decreto nº 33.244/2011, com redação dada pelo Decreto nº


35.258/2014, ter autorizado a Policia Militar do Distrito Federal a realizar Curso de Habilitação de
Oficiais Policiais Militares de Administração, Especialistas e Músicos – CHOAEM, independentemente
da existência de vagas, deve ser observado o quantitativo estabelecido no edital.

2. Apelação conhecida, mas não provida. Unânime.

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(Acórdão n.930639, 20140111658795APC, Relator: FÁTIMA RAFAEL, Revisor: MARIA DE LOURDES
ABREU, 3ª Turma Cível, Data de Julgamento: 17/03/2016, Publicado no DJE: 11/04/2016. Pág.: 368)

ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. CURSO DE HABILITAÇÃO DE OFICIAIS POLICIAIS


MILITARES. DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO.

1. É defeso ao Poder Judiciário imiscuir-se na esfera administrativa para impor matrícula de candidato
no Curso de Habilitação de Oficiais Policiais Militares - CHOAEM, pois a Administração, para ampliar
a inscrição de candidatos além do número de vagas, segue critérios de conveniência e oportunidade.

2. Recurso desprovido.

(Acórdão n.922672, 20140111425159APC, de minha relatoria, Revisor: JOÃO EGMONT, 2ª Turma


Cível, Data de Julgamento: 24/02/2016, Publicado no DJE: 01/03/2016. Pág.: 343);

DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. POLICIA MILITAR DO DISTRITO


FEDERAL. EDITAL. CHOAEM. CONVOCAÇÃO IMEDIATA PARA MATRÍCULA EM CURSO DE
PROMOÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. INEXISTÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE VAGA EM
ESPECIALIDADE PRETENDIDA. ORDEM DENEGADA.

1. Aconvocação de candidato que se inscreve em concurso interno para se matricular no Curso de


Habilitação de Oficiais de Administração, Especialistas e Músicos da Polícia Militar do Distrito
Federal (CHOAEM) pressupõe a previsão no edital de existência de vagas para a especialidade
requerida, respeitada a ordem classificatória.

2. Se inexistia a vaga para a especialidade pretendida à época da publicação do edital e não houve
preterição na convocação dos candidatos, conforme a ordem de classificação, não há violação a direito
líquido e certo do impetrante.

3. Recurso conhecido e desprovido.

(APC 2013.01.1.170688-2, 5ª Turma Cível, Relator Desembargador Sandoval Oliveira, DJ-e de


16.03.2015);

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CHOAEM. MILITAR


HABILITADO. CONVOCAÇÃO PARA IMEDIATA MATRÍCULA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
AUSÊNCIA. ESPECIALIDADE DO RECORRENTE. EDITAL. PREVISÃO DE VAGAS PARA
MATRÍCULA. INEXISTÊNCIA. ORDEM DENEGADA. SENTENÇA MANTIDA.

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1. Ahabilitação do policial militar a participar em Curso de Habilitação de Oficiais de Administração,
Especialistas e Músicos da Polícia Militar do Distrito Federal (CHOAEM), não configura direito
liquido e certo a sua imediata convocação para participar do curso de formação respectivo, já que esta
pressupõe a existência de vaga nos quadros da corporação, ainda mais se o edital não continha
previsão de vagas imediatas, para fins de matrícula, em sua especialidade;

2. Recurso conhecido, mas não provido." (APC 2013.01.1.068081-0, 5ª Turma Cível, Relatora
Desembargadora Gislene Pinheiro, DJ-e de 19.9.2014).

A título de complementação mister destacar decisão prolatada pelo Ministro João Otávio de Noronha,
publicada recentemente, 06/11/2018, nos autos dos EDcl na Suspensão de Liminar e de Sentença nº
2.417/DF, na qual o Distrito Federal obteve provimento judicial para estender a suspensão da execução
da liminar deferida pelo eminente Desembargador Diaulas Costa Ribeiro, relator do agravo de
instrumento nº 0709537-80.2018.8.07.0000, a todas as demais liminares com objeto idêntico, confira-se:

Ante o exposto, acolho os embargos de declaração para, sanando a omissão apontada, estender os
efeitos da decisão embargada a todas as demais liminares com objeto idêntico ao da liminar
questionada nos presentes autos, em particular àquelas deferidas nos autos dos agravos de instrumento
expressamente relacionados no pedido inicial.

Diante dessas informações, a liminar deferida pelo Douto Desembargador Diaulas Costa Ribeiro
encontra-se com a execução suspensa.

Forte em tais fundamentos, rogando vênia ao eminente Relator, dou provimento ao recurso e à remessa
necessária para julgar improcedentes os pedidos formulados na petição inicial.

Tendo em vista o provimento da apelação, e em atenção ao disposto nos §§ 2º e 11º do art. 85 do Código
de Processo Civil, condeno as partes autoras ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios,
estes fixados em 12% (doze por cento) sobre o valor da causa, já considerando o trabalho adicional
realizado em grau recursal pelo patrono da parte contrária.

É o meu voto.

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A Senhora Desembargadora ANA CANTARINO - 3º Vogal

Conheço do recurso, presentes que se encontram os demais pressupostos de admissibilidade. Conheço,


também, do Reexame Necessário.

Cuida-se de Reexame Necessário e de Apelação interposta pelo réu, DISTRITO FEDERAL, contra
sentença que julgou procedente o pedido aduzido na inicial, para declarar nulo o ato administrativo
correspondente ao item 2 do Edital Normativo nº 49/DGP-PMDF, ratificado pelos Editais nº
135/DGP-PMDF e 160/DGP-PMDF, no que tange à oferta de vagas ao CHOAEM (Curso de Habilitação
de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos), e, em consequência, determinar ao DISTRITO
FEDERAL, ora apelante, que efetive a matrícula dos autores no CHOAEM/2017, sem prejuízo de

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reposição de aulas e das provas que porventura venham a ocorrer antes do cumprimento da decisão,
observando-se a ordem de classificação, com a garantia, caso aprovados no referido curso, à expedição
dos correspondentes diplomas e a participação em formaturas e demais cerimônias castrenses.

Em face da sucumbência, o réu foi condenado ao ressarcimento das custas e ao pagamento de


honorários, fixados em 10% sobre o valor atualizado da causa.

Examino conjuntamente o apelo voluntário e o reexame necessário.

Em 18/08/2017, foi publicado o Edital nº 49/DGP-PMDF, estabelecendo a realização de Processo


Seletivo para Ingresso no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos
(CHOAEM), visando ao preenchimento de vagas na PMDF.

No item 2 do edital, sob o título “Das Vagas”, restou previsto o seguinte:

“2.1 O presente processo seletivo interno destina-se ao preenchimento de 70 (setenta) vagas,


obedecendo ao somatório das vagas disponíveis nos Quadros, conforme o que preceitua o artigo 32, da
Lei nº 12.086, de 6 de novembro de 2009 e de acordo com a descrição a seguir:

a)63 (sessenta e três) vagas para o Quadro de Oficiais Policiais Militares de Administração(QOPMA);

b) 5 (cinco) vagas para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) – Auxiliar de
Saúde;

c) 1 (uma) vaga para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) –


Motomecanização; e

d) 1 (uma) vaga para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) – Assistente
Veterinário. ” (ID 6643389 – p. 1)

Nesse particular, constata-se a existência de possível erro material no relatório da sentença, ao prever
que, no presente feito, “se postula a declaração de nulidade do item 2 do Edital nº 49/DGP-PMDF, que
estipulou 64 vagas por antiguidade para ingresso no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos,
Especialistas e Músicos (CHOAEM)” (ID 6643634 – p. 1).

Na realidade, o item 2 do edital em questão previu 70 vagas, e não 64, e o processo seletivo, no caso, foi
para ingresso no CHOAEM por merecimento, e não por antiguidade.

Feitas essas considerações, registre-se que, à época da publicação do edital, o Quadro QOPMA contava
com os seguintes cargos claros (vagos):

QOPMA Previsto Claros (vagos)

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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MAJOR 20 16

CAPITÃO 70 68

1 TENENTE 131 122

2 TENENTE 132 132

TOTAL 353 338

De acordo com o réu, DISTRITO FEDERAL, a previsão editalícia de 63 vagas levou em consideração o
disposto no artigo 32 da Lei 12.086/2009, alterado pela Lei 13.459/2017:

“Art. 32. Para inclusão nos QOPMA, QOPME e QOPMM, o policial militar deverá:

I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou Especialidade
para matrícula no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos
(CHOAEM), sendo: (Redação dada pela Lei nº 13.459, de 2017)

a) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas pelo critério de antiguidade; e (Incluída pela Lei nº
13.459, de 2017)

b) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas mediante aprovação em processo seletivo de provas,
de caráter classificatório e eliminatório, destinado a aferir o mérito intelectual dos candidatos;
(Incluída pela Lei nº 13.459, de 2017); (...)”

A base de cálculo do quantitativo de vagas previsto no edital foi o número de cargos claros (vagos) no
primeiro posto ou posto de acesso ao Quadro de Oficiais Policiais Militares da Administração
(QOPMA), ou seja, o de 2º Tenente, que à época, possuía 132 cargos vagos. Desse número, 50% foram
destinados à promoção por antiguidade, e 50% para promoção por merecimento, sendo que o edital de
processo seletivo para ingresso no Curso de Habilitação (CHOAEM) visou a preencher as vagas de
promoção por merecimento.

Segundo consta na inicial, os autores se inscreveram no processo seletivo e obtiveram colocação fora das
63 vagas disponíveis previstas no edital. Pretendem, assim, alterar a regra editalícia, a fim de que as
vagas correspondam ao total de cargos claros em todo o Quadro de Oficiais Policiais Militares da
Administração (QOPMA), e não somente às vagas do Posto inicial do Quadro, que é o de 2º Tenente.
Em outras palavras, pretendem os autores que as vagas do CHOAEM correspondam ao total de cargos
claros (vagos), incluindo aqueles de 2º Tenente, 1º Tenente, Capitão e Major.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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Alegam que essa previsão resultaria da mudança legislativa promovida pela Lei 13.459/2017, que alterou
a redação do já mencionado artigo 32 da Lei 12.086/2009, passando o inciso I pela seguinte modificação
redacional:

Redação original: “I - ser selecionado dentro do número de vagas disponíveis em cada Quadro ou
Especialidade, mediante aprovação em processo seletivo destinado a aferir o mérito intelectual dos
candidatos;”

Nova redação: “I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou
Especialidade para matrícula no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e
Músicos (CHOAEM), sendo: (...)” (Redação dada pela Lei nº 13.459, de 2017)

A despeito dos argumentos expendidos pelos autores, o pedido de alteração de vagas previstas em edital
não merece prosperar.

Inicialmente, registre-se que, no item 1.8 do edital, intitulado “Da impugnação do edital”, foi “facultado
a qualquer membro da Corporação apresentar solicitação de impugnação ao presente edital e(ou)
eventuais retificações, no período de 21 a 25 de agosto de 2017” (ID 6643389 – p. 1).

Não há nos autos, contudo, notícia de impugnação administrativa aos termos do referido edital no prazo
fixado.

Ademais, numa interpretação sistemática e histórica da Lei 12.086/09, verifica-se que o objetivo da
alteração promovida no artigo 32 da referida norma pela Lei 13.459/2017 não foi o de ocasionar a
inclusão, no processo seletivo de ingresso para o Curso de Habilitação (CHOAEM), de todas as vagas do
Quadro QOPMA, mas sim, o de criar um novo critério de acesso ao Curso, desta feita abrangendo, além
do merecimento, também a antiguidade. Veja-se que, com relação ao texto do inciso I, a mudança
legislativa não empreendeu alteração relevante de significado:

Redação original: “I - ser selecionado dentro do número de vagas disponíveis em cada Quadro ou
Especialidade (...).”

Redação após a mudança: “I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo
Quadro ou Especialidade (...).”

Como se observa, de “dentro do número de vagas disponíveis em cada Quadro” passou-se a “dentro do
somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro”.

Na realidade, a mudança significativa ocorreu na inclusão das alíneas a e b ao inciso I, passando a prever
que 50% das vagas seriam para promoção por antiguidade, e 50% das vagas para promoção por
merecimento.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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Cabe salientar que a Lei 13.459/2017, que alterou a Lei 12.086/09, resulta da conversão da Medida
Provisória 760.

Consultando a página do Congresso Nacional na rede mundial de computadores, acerca da tramitação da


referida Medida Provisória, destaca-se a explicação da ementa da norma em questão:

“Explicação da Ementa: Esta Medida Provisória altera dispositivos da Lei nº 12.086/2009, de forma a
incluir a antiguidade entre os critérios de seleção de praças que concorrerão a vagas disponíveis em
diversos quadros de oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal e do Corpo de Bombeiros Militar do
Distrito Federal.” (https://www.congressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/127880)
(grifo nosso).

Por sua vez, a Mensagem encaminhada ao Presidente da República contendo a proposta da Medida
Provisória em comento evidencia a intenção de incluir e valorizar a antiguidade como critério de acesso
aos Quadros de Oficiais da PMDF:

“Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

1. Em continuidade ao movimento de reestruturação das carreiras da Policia Militar do Distrito Federal


(PMDF) e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), tenho a honra de submeter à
apreciação de Vossa Excelência a proposta anexa de Medida Provisória que dispõe sobre os critérios
de ingresso nos Quadros de Oficiais Administrativos, Especialistas, Músicos e de Saúde da PMDF e de
Oficiais Intendentes, Condutores, Músicos e de Manutenção do CBMDF, de que trata a Lei nº 12.086,
de 6 de novembro de 2009, e dá outras providências.

2. As medidas propostas decorrem de amplos debates que, desde 2014, vêm sendo desenvolvidos pela
Comissão de Reestruturação, constituída pelo Governo do Distrito Federal com vistas ao estudo e
elaboração de proposta de novo plano de carreira para os militares do Distrito Federal, e integrada por
oficiais e praças reconhecidos, no âmbito de ambas as instituições, pela notória expertise na temática
abordada, bem como por representantes indicados pelas seguintes entidades: (i) Associação dos Oficiais
da PMDF (Asof); (ii) Associação das Praças Policiais e Bombeiros Militares do DF (Aspra); (iii)
Associação dos Oficiais do CBMDF (Assof); (iv) Associação dos Bombeiros Militares Ativos e Inativos
do DF (Asbom) e Clube dos Bombeiros Militares do DF. Também foram consideradas propostas
apresentadas de forma isolada pelos diversos segmentos e por militares de ambas as Corporações que
se dispuseram a contribuir no debate.

3. Do esforço empreendido, resultara projeto amplo e inovador que modificava profundamente a atual
sistemática de promoções com o objetivo de conferir fluidez no desenvolvimento dos servidores nas
Carreiras em referência, bem como de conciliá-las com as necessidades institucionais. No entanto,
diante de um cenário político e econômico desfavorável à implantação de projetos impactantes,
optara-se por não submeter o projeto em comento à apreciação do Poder Legislativo neste momento,
quando somente são apresentadas medidas autônomas que, apesar de imprescindíveis, apenas
tangenciam o espectro de demandas estruturantes das categorias.

4. Propõe-se, então, a alteração de dispositivos da Lei nº 12.086/2009, de forma a incluir a


antiguidade entre os critérios de seleção de praças que concorrerão às vagas disponíveis nos diversos
quadros de oficiais, quais sejam: (i) QOPMA (administrativos); (ii) QOPME (especialistas); (iii)
QOPMM (músicos); (iv) QOBM- Intd (intendentes); (iv) QOBM- Cond (condutores); (iv) QOBM- Mús
(músicos); e (iv) QOBM-Mnt (manutenção).

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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5. Cabe esclarecer que, atualmente, o ingresso nos quadros em referência ocorre, exclusivamente,
pelo critério do mérito intelectual, que prevê seleção interna dentre os praças que cumprem requisitos
tais como diploma de graduação em nível superior, conforme preveem os artigos nº 32 e nº 79 da Lei nº
12.086/2009. No entanto, por força do Decreto DF nº 33.244/2011 e com amparo em autorização
expressa no caput do art. 57 e no art. 79, § 2º, incisos I e II, tal requisito teve seus efeitos expressamente
suspensos por 5 (cinco) anos a contar da publicação da referida Lei, período em que fora adotado o
critério de antiguidade no âmbito da PMDF e ambos os critérios no CBMDF.

6. Vislumbrando benefícios na adoção de ambos os critérios, argumentam os interessados que “a


antiguidade privilegia os militares veteranos, que prestaram bons serviços por longos períodos, mas que
já alcançaram a última graduação dos quadros de praças e não possuem mais perspectivas de
progressão funcional” e acrescentam que a perspectiva de ascensão a postos superiores os motivaria à
permanência em atividade na corporação, prestando serviços de excelência para a população, o que, na
visão do mesmos, justifica a urgência da medida. Para as corporações, igualmente apontam que estas se
beneficiariam “da larga experiência desses militares, que passam a contribuir com a gestão dentro de
suas especialidades, além de permitir a fluidez nas promoções”.

7. Por outro lado, argumenta-se que o critério de seleção por mérito intelectual é igualmente motivador,
na medida em que incentiva os militares a buscarem o aprimoramento contínuo de suas competências e
que confere um caráter democrático ao processo. Na perspectiva das corporações, vislumbram-se
benefícios relacionados ao nível de qualificação de seu corpo de oficiais.

8. No tocante aos Quadros de Oficiais de Saúde, propõe a promoção do Aspirante-a- Oficial para o
posto inicial do citado quadro nas hipóteses previstas, desde que comprovada a disponibilidade de vaga.

9. Por oportuno, ressalta-se que a implementação das medidas propostas não implicam em aumento da
despesa.

10. São essas, Senhor Presidente, as razões que me levam a submeter à elevada apreciação de Vossa
Excelência, a anexa proposta de Medida Provisória.

Respeitosamente,

Dyogo Henrique de Oliveira” (


https://www.congressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/127880) (grifo nosso)

Constata-se que o legislador intentou promover maior fluidez no acesso aos Quadros de Oficiais da
PMDF por meio da inclusão do critério da antiguidade, possibilitando que os Cursos de Habilitação
sejam frequentados por 50% de Policiais que ingressam por merecimento e 50% de Policiais Militares
ingressando por antiguidade.

Nesse sentido, o termo “somatório” incluído na redação do inciso I guarda relação com os percentuais
descritos nas alíneas a e b do próprio inciso, ou seja, somatório do percentual de 50% pelo critério de
antiguidade com o percentual de 50% pelo critério de merecimento.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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Tal expressão “somatório” não diz respeito ao total de postos vagos em todo o Quadro, e nem poderia
sê-lo, quando se sabe que o acesso ao Quadro de Oficiais somente se dá no posto mais baixo, que, no
caso, é o de 2º Tenente. Em outras palavras, se todos os Policiais Militares que acessam o Quadro
QOPMA o fazem pelo Posto inicial de 2º Tenente, afigura-se lógico que o processo seletivo de ingresso
no Quadro se dê com base nas vagas correspondentes a esse Posto, e não às vagas dos Postos mais
avançados, para as quais os Policiais só terão acesso após promoção e cumprimento de interstício
mínimo no posto anterior.

Acrescente-se que o inciso I do art. 32 da Lei 12.086/09 prevê expressamente que, para inclusão nos
Quadros de Oficiais Policiais Militares da Administração, o policial militar deverá ser selecionado dentro
do somatório de vagas disponíveis no respectivo Quadro.

De acordo com o dicionário, “disponível” significa “de que é possível dispor” ou “que não está ocupado;
livre; desimpedido”.

Ora, em se tratando de policiais militares ingressantes no CHOAEM, as únicas vagas disponíveis, ou


seja, livres e desimpedidas, são as de 2º Tenente, porquanto as vagas de 1º Tenente, Capitão e Major não
estão disponíveis para os concluintes do Curso de Habilitação.

Com efeito, só pode ser promovido ao Posto de Major quem é Capitão; só pode ser promovido a Capitão
quem é 1º Tenente; e só pode ser promovido a 1º Tenente quem é 2º Tenente.

Portanto, apesar de todos esses postos comporem o Quadro de Oficiais Policiais Militares da
Administração (QOPMA), as únicas vagas disponíveis aos concluintes do CHOAEM são as de 2º
Tenente, de modo que o item 2 do Edital nada mais fez do que observar a redação do art. 32, inciso I, da
Lei 12.086/09, prevendo as vagas efetivamente disponíveis para ingresso no CHOAEM.

Para fins didáticos, apresenta-se, ilustrativamente, uma comparação com os cargos da Magistratura deste
Tribunal. A carreira é composta por Juízes Substitutos, Juízes de Direito e Desembargadores. Com
exceção do quinto constitucional atinente aos cargos de Desembargadores, o acesso ocorre sempre por
meio de concurso público para o cargo de Juiz Substituto. Quando a Administração do Tribunal define a
necessidade de realização do concurso público, o faz tomando por base as vagas disponíveis de Juiz
Substituto, pois este é o início da carreira, independentemente de quantos cargos de Desembargador ou
de Juiz de Direito estejam vagos. Assim, por exemplo, se existem 5 vagas de Juiz Substituto, 3 vagas de
Juiz de Direito e 2 vagas de Desembargador, o edital do concurso público preverá apenas as 5 vagas de
Juiz Substituto, e não 10 vagas de Juiz Substituto, pois as 3 vagas de Juiz de Direito e as 2 de
Desembargador não estão disponíveis para os ingressantes na carreira, embora não estejam ocupadas.

In casu, poder-se-ia cogitar de inclusão de cadastro de reserva no edital, para fins de alocação dos
aprovados no CHOAEM mesmo fora do número de vagas.

Ocorre que o edital não estabeleceu cadastro de reserva, e nem tampouco a legislação da PMDF prevê
esse instituto para os aprovados no Curso de Habilitação, senão vejamos.

A título exemplificativo, o artigo 35 da Lei 12.086/2009, que versa sobre o Quadro de Oficiais Policiais
Militares, dispõe que o policial militar que conclui com aproveitamento o Curso de Habilitação é
promovido a 2º Tenente:

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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“Art. 35. Para inclusão no posto de Segundo-Tenente do QOPM, o policial militar deverá concluir com
aproveitamento o Curso de Formação de Oficiais, ser declarado Aspirante-a-Oficial e ser aprovado no
estágio probatório.”

No mesmo sentido, dispõe o artigo 33, caput e parágrafo único, da mesma lei:

“Art. 33. A Praça a que se refere o art. 32 frequentará o Curso de Habilitação de Oficiais na
graduação em que se encontra ou na que venha a ser promovida no decorrer do curso.

Parágrafo único. Se o candidato não concluir com aproveitamento o curso de que trata o caput,
permanecerá na graduação e voltará a ocupar a mesma posição anterior na escala hierárquica.”

Depreende-se, pois, que, concluído o referido curso com aproveitamento, deverá o policial ser
promovido; e, não havendo o necessário aproveitamento, permanecerá na graduação em que está,
inexistindo previsão para cadastro de reserva de policiais militares aprovados no Curso de Habilitação
fora do número de vagas estabelecidas no edital.

Nesse prisma, o entendimento de que devem ser previstas no edital vagas em número superior às vagas
existentes para o Posto de 2º Tenente conduz à situação de policiais militares em condição de serem
promovidos a 2º Tenente por terem concluído com aproveitamento o Curso de Habilitação, sem,
contudo, haver vagas de 2º Tenente para todos.

A situação se torna ainda mais grave quando constatado que, se, por força de lei, a conclusão com
aproveitamento do Curso de Habilitação gera direito à imediata promoção ao Posto de 2º Tenente, isso
significa que os policiais militares aprovados no Curso de Habilitação fora do número de vagas
poderiam, em tese, reivindicar, no futuro, eventual direito à promoção a 2º Tenente, a contar da
conclusão do Curso de Habilitação, inclusive com reflexos financeiros retroativos a essa data.

Como se verifica, eventual admissão de todos os aprovados poderia gerar, futuramente, uma grande
procura ao Judiciário em busca de promoções em ressarcimento de preterição, retroativamente à data de
conclusão do Curso de Habilitação, em evidente desvirtuamento do propósito das promoções, que é o de
assegurar ascensão organizada com base nas vagas existentes.

Não se deve perder de vista o impacto orçamentário que ocorreria na situação.

Nesse particular, examinando os termos do pedido aduzido na inicial, verifica-se que os autores
pretenderam a autorização para participar do Curso de Habilitação CHOAEM, e, caso aprovados, a
expedição do diploma “com todos os consectários daí emergentes” (ID 6643341 – p. 21).

A procedência do pedido, destarte, poderia impor à Administração a obrigatoriedade de suportar o custo


dos oficiais promovidos anos após a conclusão do Curso de Habilitação, com possibilidade de
pagamentos retroativos.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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À guisa de exemplo, transcrevo julgados nos quais se deferiu a promoção de militares da PMDF em
ressarcimento de preterição, e cujos reflexos financeiros retroagiram à data do preenchimento dos
requisitos para a promoção, dentre os quais a data de conclusão do Curso de Habilitação:

“REMESSA OFICIAL. SOLDADO PMDF. PROMOÇÃO EM RESSARCIMENTO POR PRETERIÇÃO.


DIFERENÇA DE SOLDO.

A promoção em ressarcimento por preterição retroage para todos os fins, inclusive financeiros, à data
em que o soldado a ela tinha direito, razão pela qual é devida a diferença do soldo recebido como
soldado de segunda classe e o correspondente ao de primeira.” (Acórdão n.1090022,
20130110599026APO, Relator: FERNANDO HABIBE 4ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento:
18/04/2018, Publicado no DJE: 26/04/2018. Pág.: 294/301);

“ADMINISTRATIVO. POLICIAL MILITAR. CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS.


PRETERIÇÃO. RECONHECIMENTO EM AÇÃO PRÓPRIA. TRÂNSITO EM JULGADO. PROMOÇÃO.
EFEITOS FINANCEIROS. RESSARCIMENTO POR PRETERIÇÃO. RETROATIVIDADE DEVIDA.

1. Inexiste litisconsórcio passivo necessário de militar paradigma em ação de ressarcimento de


preterição, quando o pedido inicial não atingirá a situação jurídica daquele.

2. A matéria debatida em outra demanda, cuja decisão já transitou em julgado, não pode ser alterada.
Vedação pela preclusão consumativa e inexorável preservação da coisa julgada.

3. A preterição de militar na seleção de curso de formação para promoção já reconhecida pelo Poder
Judiciário tem como consequência a promoção e os efeitos financeiros retroativos à data de conclusão
do curso do militar paradigma.

4. Recurso e remessa necessária conhecidos. Preliminar do recurso rejeitada. No mérito, desprovidos.”


(Acórdão n.1059113, 20120111262432APO, Relator: DIAULAS COSTA RIBEIRO 8ª TURMA CÍVEL,
Data de Julgamento: 09/11/2017, Publicado no DJE: 16/11/2017. Pág.: 586/598);

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. OBSERVÂNCIA AO ART. 1.017 DO


CPC. MÁ-FÉ. NÃO CONFIGURAÇÃO. RESSARCIMENTO POR PRETERIÇÃO. CONCLUSÃO.
CURSO. DATA. ERRO MATERIAL. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. DECISÃO
MANTIDA.

1. Trata-se de recurso interposto em face de decisão em que persistia divergência quanto à data inicial
em que os agravantes foram preteridos em promoção de antiguidade.

2. O agravante colacionou todos os documentos exigidos no art. 1.017 do CPC.

3. A tese do ora agravante não é ato capaz de consubstanciar eventual aplicação de multa em
decorrência da má-fé da parte; o mesmo apenas exerceu o seu direito de defesa, sem incorrer em
qualquer abuso passível de ser caracterizado como litigância de má-fé.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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4. De fato o r. acórdão reconheceu o direito de promoção em ressarcimento de preterição em relação
aos agravantes, colocando-os na escala hierárquica como se houvessem sido promovidos desde
15/12/2005, porém, houve evidente erro material em relação à data, uma vez que a promoção dos
concludentes do CFS/2005 deu-se em 16/12/2005.

5. Recurso conhecido e não provido. Decisão mantida.” (Acórdão n.1018931, 20160020474836AGI,


Relator: ROMULO DE ARAUJO MENDES 4ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 11/05/2017,
Publicado no DJE: 29/05/2017. Pág.: 354/375) (grifei).

Acrescente-se que, a permanecer o entendimento de que as vagas devem corresponder ao somatório de


todos os postos do Quadro QOPMA, haveria um grande número de aprovados em uma espécie de “lista
de espera”, aguardando indefinidamente a promoção dos atuais ocupantes do posto de 2º Tenente ao
posto hierarquicamente superior, para, só então, ocuparem as vagas daí surgidas.

Tal entendimento segue em rota de colisão com a norma do artigo 37, inciso III, da Constituição Federal,
nos termos da qual todo concurso público deve ter prazo máximo de 2 anos, prorrogável apenas uma vez
por igual período:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...)

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;”

Na espécie, cabe destacar que a ascensão de um posto a outro do Quadro de Oficiais Policiais Militares
da Administração (QOPMA) obedece a um interstício mínimo de 48 meses, conforme previsto no item
“d” do anexo I à Lei 12.086/2009 (“Distribuição do Efetivo da Polícia Militar do Distrito Federal e
respectivo Interstício para Promoção”).

É certo que existe regra que diminui em 50% esse interstício, nos termos do artigo 5º, parágrafo 2º, da
Lei 2.086/2009:

“Art. 5o Promoção é ato administrativo e tem como finalidade básica a ascensão seletiva aos postos e
graduações superiores, com base nos interstícios de cada grau hierárquico, conforme disposto no Anexo
I.

§ 1o Interstício é o tempo mínimo que cada policial militar deverá cumprir no posto ou graduação.

§ 2o Cumpridas as demais exigências estabelecidas para a promoção, o interstício poderá ser reduzido
em até 50% (cinquenta por cento), sempre que houver vagas não preenchidas por esta condição.”

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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Todavia, conforme fundamentação esposada pelo DISTRITO FEDERAL (ID 6643433 – p. 4/5), o
número total de aprovados pretendido na inicial seria convocado, na melhor das hipóteses, em 4 anos,
podendo chegar a 6 anos, impedindo, inclusive, a abertura de novos Cursos de Habilitação:

“(...) Em sexto, a realização de um curso para a nomeação de número de oficiais administrativo igual
ao número de claros em todo o quadro impediria a realização de novos processos seletivos, resultando
automaticamente na impossibilidade de realização do certame para os policiais militares que
completam os requisitos legal ano a ano. Ou seja, haveria um longo período sem a realização de um
novo processo seletivo para o CHOAEM. Isso, tendo em vista que a nomeação dos 196 excedentes
esbarraria no limite-quantitativo legal de 33 ascensões por data de promoção, conforme se observa nas
seguintes projeções:

(...)

Nesse contexto, infere-se que na primeira projeção, ou seja, com redução de 50% de interstício em todas
as datas de promoção, a Corporação ficaria, por 4 (quatro) anos, impossibilitada de oferecer ao seu
efetivo de praças a oportunidade de ascensão ao Quadro de Oficiais Policiais Militares da
Administração. Ao passo que na segunda, com o cumprimento regular do interstício, levar-se-ia 6 (seis)
anos para conseguir lançar novo processo seletivo, visto que só com o escoamento de todos os
excedentes surgiriam novas vagas, o que viria a prejudicar 5.000 (cinco mil) policiais militares, dado o
‘travamento’ do quadro tal qual aqui exposto” (ID 6643433 – p. 4/5).

No que concerne à isonomia, a procedência do pedido dos autores poderia resultar em uma violação de
extrema gravidade em relação aos policiais militares mais antigos.

Como visto, de acordo com o artigo 32, inciso I, da Lei 12.086/09, os critérios de admissão para o
CHOAEM são antiguidade (50% das vagas disponíveis) e merecimento (50% das vagas disponíveis).

À época do edital, havia 132 postos vagos de 2º Tenente.

Nos termos do Edital nº 160/DGP-PMDF, que convocou os aprovados para matrícula no CHOAEM (ID
6643394 – p. 1/2), foram considerados aptos, segundo o critério da antiguidade, 64 policiais militares, e,
sob o critério do merecimento (ou seja, aprovados no processo seletivo do Edital nº 49/DGP-PMDF), os
63 policiais militares mais bem classificados na prova de conhecimentos.

Considere-se, por hipótese, que a procedência do pedido dos autores seja mantida. Dos 338 postos claros
(vagos) do Quadro QOPMA, 169 seriam destinados ao critério de merecimento, a fim de manter a regra
de 50% prevista em lei, o que, em tese, beneficiaria todos os autores, classificados dentro desse número.

Considerando que o resultado do presente processo opera efeitos somente inter partes, indaga-se: qual
seria a situação do policial militar que, por exemplo, ocupasse a 65ª posição na ordem de antiguidade –
portanto, fora das 64 vagas abertas por antiguidade – e que, realizando o processo seletivo do Edital nº
49/DGP-PMDF, alcançasse a 170ª colocação? Nesse caso, o policial militar não poderia ser matriculado
sob o critério da antiguidade, porque o pedido formulado nesta ação disse respeito apenas ao edital do
processo seletivo de matrícula no CHOAEM por merecimento, e nem teria a chance de ser promovido

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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por merecimento, porque ficaria fora das vagas relacionadas a esse critério, conforme pretendido na
inicial.

A situação hipotética apresentada constitui apenas um exemplo de como a procedência do pedido dos
autores poderia ocasionar uma desorganização de tal ordem no acesso dos policiais militares aos
Quadros de Oficiais, que feriria de morte o princípio da isonomia e a ordem de promoção propugnada na
Lei 7.289/84 (que dispõe sobre o Estatuto dos Policiais-Militares da Polícia Militar do Distrito Federal),
a qual, em seu artigo 60, assim estabelece:

“Art. 60 O acesso na hierarquia policial-militar é seletivo, gradual e sucessivo e será feito mediante
promoção, de conformidade com o disposto na legislação e regulamentação de promoções de Oficiais e
de Praças, de modo a obter-se um fluxo regular e equilibrado de carreira para os policiais-militares.”

Noutro giro, ainda sob o aspecto orçamentário, e também na ótica da segurança pública, cumpre destacar
que, na Suspensão de Liminar e de Sentença nº 2417-DF em curso no Superior Tribunal de Justiça, o
Ministro Relator, João Otávio de Noronha, proferiu decisão deferindo a liminar pleiteada pelo
DISTRITO FEDERAL para suspender os efeitos de todos as sentenças proferidas em processos que
versem sobre o ato administrativo correspondente ao item 2 do Edital Normativo n. 49/DGP-PMDF,
inclusive o presente feito, até o trânsito em julgado, fundamentando nos seguintes termos:

“(...)

No caso em exame, verifica-se que o entendimento adotado na decisão impugnada acerca da ilegalidade
do item 2 do Edital Normativo n. 49/DGP-PMDF, por suposta violação do art. 32, I, da Lei n.
12.086/2009, matéria que constitui o mérito da questão debatida no feito originário e que tem ali seu
leito natural, poderá, sim, ao contrário do que afirma o referido decisum, propiciar que número
excessivo e não previsto de praças militares ingresse no quadro de oficiais policiais militares
administrativos (QOPMA). Da decisão impugnada infere-se que o número de vagas no CHOAEM sairia
das 127, previstas no edital – a saber, aquelas referentes ao posto de segundo-tenente –, para 339, que é
o número de vagas existentes em todos os demais níveis do oficialato.

Nesse contexto, não há como deixar de reconhecer o potencial manifestamente lesivo da decisão
impugnada.

A primeira razão é a notória precariedade em que se encontram os serviços de segurança pública do


Distrito Federal, situação corroborada recentemente pelo Tribunal de Contas da União no julgamento,
em 16/8/2017, do processo de Prestação de Contas n. 043.927/2012-2, no qual se examinavam aspectos
orçamentários da cessão de servidores da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros
Militar do Distrito Federal a outros órgãos e entidades da administração pública. Nessa sessão, em que
o colegiado da Corte de Contas determinou, por unanimidade, o retorno desses servidores, assim se
pronunciou o relator do feito, Ministro Bruno Dantas, sobre a situação da segurança pública no Distrito
Federal:

‘Em meados de 2015, apenas na PM, havia 710 policiais cedidos. Segundo levantamento do IBGE, em
2014, o efetivo total da corporação era de 14.345 homens. Portanto, estamos falando em mais de 5% do
efetivo da PM trabalhando em gabinetes. [...] Se o DF vivesse o céu de brigadeiro da segurança, já
seria grave; mas quando nos deparamos com uma situação vexatória para a capital com homicídios,
roubos e estupros e outra gama de crimes, penso que a situação narrada pelo procurador merece uma
especial atenção.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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Não há, pois, como desconsiderar o fato de que a retirada das ruas para participação no CHOAEM de
número excessivo e não previsto de policiais militares encarregados dos trabalhos de polícia ostensiva
irá fragilizar, ainda mais, os serviços de segurança pública do Distrito Federal.

A segunda razão é que o deferimento da ordem questionada tem potencial para causar sérios prejuízos à
economia do Distrito Federal, haja vista os altos custos embutidos na medida, decorrentes da imprevista
promoção, em quantidade excessiva, de policiais militares ao posto de segundo-tenente, em total
descompasso com a Lei Orçamentária.

Tal efeito da medida está suficientemente demonstrado no Ofício n. 1895/2018-ATJ/DGP (fls. 346-379),
subscrito pelo Chefe do Departamento de Pessoal da PMDF, em que apresenta os diferentes cenários
resultantes do cumprimento da decisão impugnada e aponta que ela gerará impacto orçamentário de
aproximadamente R$ 25 milhões nos cofres do DF.” (SLS 2417-DF)

Finalmente, da forma como estabelecido na sentença, foram atingidas situações completamente estranhas
ao objeto da lide.

No caso, os autores requereram a retificação do item 2 do Edital nº 49/DGP-PMDF, a fim de serem


matriculados no CHOAEM para ingresso no Quadro dos Oficiais Policiais Militares da Administração
(QOPMA) (ID 6643341 – p. 21).

A sentença, por sua vez, declarou nula a integralidade do item 2 do Edital nº 49/DGP-PMDF (ID
6643634 – p. 14).

Ocorre que o item 2 do Edital não previu apenas vagas para ingresso no Quadro de Oficiais Policiais
Militares da Administração (QOPMA), que é o pretendido pelos autores, mas também vagas para o
Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) – Auxiliar de Saúde, Quadro de Oficiais
Policiais Militares Especialistas (QOPME) – Motomecanização e Quadro de Oficiais Policiais Militares
(QOPME) – Assistente Veterinário.

Como se pode observar, o julgado não só incorreu em error in judicando, mas também implicou
julgamento que desbordou dos limites do pedido, além de atingir situações jurídicas completamente
estranhas à lide subjetiva e objetiva em exame.

À vista de todos esses fundamentos, e considerando a complexidade do panorama delineado nos autos,
conclui-se que a sentença de procedência deve ser reforma in totum, a fim de que seja mantido o número
de vagas conforme previsto no item 2 do Edital Normativo n. 49/DGP-PMDF.

Destarte, por força da improcedência dos pedidos formulados na inicial, os ônus sucumbenciais deverão
ser invertidos.

Por fim, considerando que honorários recursais constituem cláusula de barreira, somente se revela
cabível sua fixação em desfavor da parte recorrente que tem seu recurso improvido, o que não é o caso
dos autos, na medida em que o apelo interposto pelo réu está sendo provido.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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ANTE O EXPOSTO, CONHEÇO do recurso voluntário e do reexame necessário e DOU-LHES
PROVIMENTO, para, reformando a sentença, julgar improcedentes os pedidos aduzidos na inicial.

Inverto os ônus sucumbenciais.

É como voto.

A Senhora Desembargadora SIMONE LUCINDO - 4º Vogal

Sr. Presidente, peço respeitosas vênias a Vossa Excelência, na qualidade de Relator, para,
acompanhando a divergência, conhecer da apelação e do reexame e dar-lhes provimento para,
reformando a r. sentença, julgar totalmente improcedentes o pedido formulado na inicial.

Trata-se, na hipótese, de Reexame Necessário e de Apelação interposta pelo réu,


DISTRITO FEDERAL, contra sentença que julgou procedente o pedido aduzido na inicial, para declarar
nulo o item 2 do Edital Normativo nº 49/DGP-PMDF, ratificado pelos Editais nº 135/DGP-PMDF e
160/DGP-PMDF, no que tange ao quantitativo de vagas ofertadas para o CHOAEM (Curso de
Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos), e, em consequência, determinar ao
DISTRITO FEDERAL, que efetive a matrícula dos autores no CHOAEM/2017, sem prejuízo de
reposição de aulas e das provas que porventura venham a ocorrer antes do cumprimento da decisão,
observando-se a ordem de classificação, com a garantia, caso aprovados no referido curso, à expedição
dos correspondentes diplomas e a participação em formaturas e demais cerimônias castrenses. Em razão
da procedência do pedido, o Réu foi condenado ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios,
estes fixados no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa.

A respeito da seleção para o CHOAEM, o art. 32 da Lei nº 12.086/2009, alterado pela Lei
13.459/2017, assim estabelece:

“Art. 32. Para inclusão nos QOPMA, QOPME e QOPMM, o policial militar deverá:

I - ser selecionado dentro do somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou Especialidade
para matrícula no Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos, Especialistas e Músicos
(CHOAEM), sendo: (Redação dada pela Lei nº 13.459, de 2017)

a) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas pelo critério de antiguidade; e (Incluída pela Lei nº
13.459, de 2017);

b) 50% (cinquenta por cento) das vagas ocupadas mediante aprovação em processo seletivo de provas,
de caráter classificatório e eliminatório, destinado a aferir o mérito intelectual dos candidatos;
(Incluída pela Lei nº 13.459, de 2017); (...)”

E o item 2 do Edital Normativo nº 49-DGP-PMDF, assim dispôs:

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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2 - DAS VAGAS

2.1 O presente processo seletivo interno destina-se ao preenchimento de 70 (setenta) vagas, obedecendo
ao somatório das vagas disponíveis nos Quadros, conforme o que preceitua o artigo 32, da Lei nº
12.086, de 6 de novembro de 2009 e de acordo com a descrição a seguir:

a)63 (sessenta e três) vagas para o Quadro de Oficiais Policiais Militares de


Administração(QOPMA);

b) 5 (cinco) vagas para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) –


Auxiliar de Saúde;

c) 1 (uma) vaga para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) –


Motomecanização; e

d) 1 (uma) vaga para o Quadro de Oficiais Policiais Militares Especialistas (QOPME) –


Assistente Veterinário. ” (ID 6911184 – p. 1)

Ressalte-se que, conforme consta dos autos, à época da publicação do edital, o Quadro
QOPMA, especificamente, contava com os seguintes claros (vagos):

QOPMA Previsto Claros (vagos)

MAJOR 20 16

CAPITÃO 70 68

1º TENENTE 131 122

2º TENENTE 132 132

_____________________________________

TOTAL 353 338

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Da leitura do inciso I do artigo 32 da Lei nº 12.086/2009, pode-se-ia, por interpretação
literal, alcançar a conclusão de que o quantitativo de vagas a serem ofertadas para o referido curso de
habilitação seria o somatório de todas as vagas constantes de todos os postos que integram o Quadro de
Oficiais Policiais Militares de Administração, quais sejam, 338 vagas. Todavia, há que se ressaltar que
na maioria das vezes a interpretação literal não é adequada para alcançar a vontade da lei, sendo, então,
necessário proceder à interpretação lógico-sistemática da norma como um todo para chegar à vontade do
legislador. É o que ocorre na espécie.

A propósito, no ponto, há que se esclarecer que o referido dispositivo foi objeto de recente
alteração legislativa. O texto original do artigo 32 falava em vagas disponíveis em cada quadro e o texto
alterado fala em somatório das vagas disponíveis no respectivo Quadro ou Especialidade.

Ora, sendo a participação e aprovação no CHOAEM um requisito para ingresso no QOPMA, o


que se dá no Posto de 2º Tenente, é obvio que o somatório das vagas estabelecido no referido dispositivo
refere-se às vagas existentes no Posto de 2º Tenente, e não ao somatório das vagas existentes em todos os
Postos do referido quadro. Esclareça-se que a expressão somatório é utilizada em razão da existência de
vagas decorrentes de várias situações, como por exemplo, vaga decorrente de promoção ao posto
superior imediato, agregação, exclusão do serviço ativo, aumento de efetivo e falecimento, conforme
dicção do art. 12 da Lei nºm6.645/79.

Ademais, a alteração promovida pela Lei nº 13.459/2017 não diz respeito ao critério de
fixação das vagas para o CHOAEM, mas tão somente incluir o critério de antiguidade para seleção ao
CHOAEM, estabelecendo que 50% das vagas serão preenchidas pelo critério de antiguidade e 50% pelo
critério de merecimento. Essa conclusão é extraída, inclusive, da Exposição de Motivos do
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, nos itens 4, 5 e 6, verbis:

4. Propõe-se, então, a alteração de dispositivos da Lei nº 12.086/2009, de forma a incluir a antiguidade


entre os critérios de seleção de praças que concorrerão às vagas disponíveis nos diversos quadros de
oficiais, quais sejam: (i) QOPMA (administrativos); (ii) QOPME (especialistas); (iii) QOPMM
(músicos); (iv) QOBM- Intd (intendentes); (iv) QOBM- Cond (condutores); (iv) QOBM- Mús (músicos);
e (iv) QOBM-Mnt (manutenção).

5. Cabe esclarecer que, atualmente, o ingresso nos quadros em referência ocorre, exclusivamente, pelo
critério do mérito intelectual, que prevê seleção interna dentre os praças que cumprem requisitos tais
como diploma de graduação em nível superior, conforme preveem os artigos nº 32 e nº 79 da Lei nº
12.086/2009. No entanto, por força do Decreto DF nº 33.244/2011 e com amparo em autorização
expressa no caput do art. 57 e no art. 79, § 2º, incisos I e II, tal requisito teve seus efeitos expressamente
suspensos por 5 (cinco) anos a contar da publicação da referida Lei, período em que fora adotado o
critério de antiguidade no âmbito da PMDF e ambos os critérios no CBMDF.

6. Vislumbrando benefícios na adoção de ambos os critérios, argumentam os interessados que “a


antiguidade privilegia os militares veteranos, que prestaram bons serviços por longos períodos, mas que
já alcançaram a última graduação dos quadros de praças e não possuem mais perspectivas de

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progressão funcional” e acrescentam que a perspectiva de ascensão a postos superiores os motivaria à
permanência em atividade na corporação, prestando serviços de excelência para a população, o que, na
visão do mesmos, justifica a urgência da medida. Para as corporações, igualmente apontam que estas se
beneficiariam “da larga experiência desses militares, que passam a contribuir com a gestão dentro de
suas especialidades, além de permitir a fluidez nas promoções”.

Assim, a tão almejada fluidez na carreira decorre exatamente da inclusão do critério de


antiguidade na seleção para o CHOAEM.

Acrescente-se, ainda, que, por certo, a participação no curso de habilitação


(CHOAEM), por si só não dá direito à promoção imediata do candidato, pois a Lei exige o
preenchimento de outros requisitos. No entanto, estando estes outros requisitos atendidos, há sim direito
à promoção.

Não poderia, ainda, deixar de trazer à reflexão que, a vingar a interpretação conferida
ao dispositivo legal pela sentença, os próximos cursos de habilitação só seriam realizados para os praças
que concorressem pelo crtitério de antiguidade, na medida em que teríamos uma espécie de banco de
reserva quanto aos concorrentes pelo critério de merecimento.

Todavia, a existência de um banco de reserva para processos seletivos internos da


PMDF não se coaduna com a legislação que rege a carreira, pois, segundo disposto no art. 60 do Estatuto
da PMDF, o processo de promoção é seletivo, gradual e sucessivo, ou seja, só quando verificada a
existência de vagas em determinado posto ou graduação é que se inicia o processo de promoções,
visando selecionar os militares segundo critérios de antiguidade e merecimento, para os graus superiores,
e atendidos os requisitos e datas predefinidos.

Por fim, a dicção da sentença acarretaria aumento de despesa, na medida em que os


policiais aprovados no curso de habilitação teriam direito de ser promovidos ao Posto de Segundo
Tenente, mesmo que na qualidade de excedente, em razão da inexistência de vagas, o que, segundo
dicção da própria Lei nº 13.459/2017, não ocorreria.

Assim, com essas rápidas considerações, acompanho a divergência, subscrevendo às


inteiras as razão invocadas nos doutos votos, para dar provimento ao apelo. Em consequência, os autores
deverão arcar com as custas e os honorários advocatícios, que fixo em 12% sobre o valor atualizado da
causa, já incluídos os honorários recursais.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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DECISÃO

REMESSA NECESSÁRIA E RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDOS E PROVIDOS. MAIORIA.


VENCIDO O RELATOR, REDIGIRÁ O ACÓRDÃO O 1º VOGAL, O EXCELENTÍSSIMO
DESEMBARGADOR EUSTÁQUIO DE CASTRO.

Número do documento: 19043017205698600000008229772


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