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Szymborska O ódio
O tempo da leitura do blog não é o da urgência dos dias, embora por vezes o seu
pode destruir as sociedades democráticas. O pretexto era a radicalização social nos EUA
sentimento de pertença a um dos lados com quem havia identificação, sendo que “os
Recordava o autor como nos seus tempos de escola nos anos 70, os alunos eram
guerra, procuravam nos EUA o futuro que no berço natal não tinham, e assim
emigração com abertura. Nas velhas sociedades europeias, o que sempre houve foi outra
inesperado sobre eles cai. A empatia no sentido da abertura descrita acima nunca foi um
traço social visível. E por isso, Wislawa Szymborska (1923-2013) pode escrever com
Numa série policial italiana, Carlo & Malik, agora disponível no Netflix, as questões da
depois, e o seu cruzamento com a sociedade italiana actual, presentes nos argumentos,
são pistas para melhor compreender as divisões políticas e seus fenómenos populistas
que hoje atravessam Itália. A série cumpre os mínimos do género. Aos personagens e
situações humanas falta a espessura que as histórias de Andrea Camilleri com o
quanto nativos italianos, como gente que aportou a Itália em busca da esperança de
viver a vida no quadro de um trabalho honrado Tão só! Mas o ódio que encontram
como escalpeliza com precisão cirúrgica Wislawa Szymborska no mesmo poema, que
Evidentemente ódio gera ódio e por aí entrados, parar é cada vez mais difícil:
Religião ou não —
O que refiro para Itália é, no essencial, o que noutras sociedades europeias também
identidade nacional que tardou em ganhar autonomia. Para sociedades como a francesa
A realidade tem nuances, e com elas precisamos contar para escolher o nosso lugar no
mundo.
O ódio
Religião ou não —
Ódio. O ódio.
frouxos e enfermiços.
Desde quando pode uma confraria destas contar com multidões?
in Paisagem com grão de areia, Relógio d’Água Editores, Lisboa, 1998.
Abre o artigo a imagem de uma pintura de Aurelio Bulzatti (1954), Os Emigrantes,
Os personagens que figuram a imagem de abertura são as vítimas do ódio de que fala o
figurada nos arranha-céus, e a gente perseguida que tem de seu o que traz vestido no
corpo (aqui um judeu e uma mulher muçulmana, símbolos de guerra de religiões. Outros
Reconhecer o essencial do confronto de hoje (eu odeio-os porque têm o que não tenho,