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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o

Cortador

2
emprego

vestuário

Co r ta d o r

2
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin
Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,


CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Rodrigo Garcia
Secretário

Nelson Baeta Neves Filho


Secretário-Adjunto

Maria Cristina Lopes Victorino


Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto


Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante
Concepção do programa e elaboração de conteúdos

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Coordenação do Projeto Equipe Técnica


Juan Carlos Dans Sanchez Cibele Rodrigues Silva e João Mota Jr.

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

Geraldo Biasoto Jr. Equipe Técnica


Diretor Executivo Ana Paula Alves de Lavos, Emily Hozokawa Dias e
Laís Schalch
Lais Cristina da Costa Manso Nabuco de Araújo
Superintendente de Relações Institucionais e Projetos Especiais
Textos de Referência
Coordenação Executiva do Projeto Selma Venco, Maria Helena de Castro Lima, Clélia La Laina,
José Lucas Cordeiro Paula Marcia Ciacco da Silva Dias e Vagner Carvalheiro

Gestão do processo de produção editorial

Fundação Carlos Alberto Vanzolini

Antonio Rafael Namur Muscat Gestão Editorial


Presidente da Diretoria Executiva Denise Blanes
Equipe de Produção
Hugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki
Vice-presidente da Diretoria Executiva Assessoria pedagógica: Ghisleine Trigo Silveira
Editorial: Adriana Ayami Takimoto, Airton Dantas de Araújo,
Beatriz Chaves, Camila De Pieri Fernandes, Carla Fernanda
Gestão de Tecnologias aplicadas à Educação Nascimento, Célia Maria Cassis, Cláudia Letícia Vendrame
Santos, Gisele Gonçalves, Hugo Otávio Cruz Reis, Lívia
Direção da Área
Andersen França, Lucas Puntel Carrasco, Mainã Greeb Vicente,
Guilherme Ary Plonski Patrícia Maciel Bomfim, Patrícia Pinheiro de Sant’Ana, Paulo
Coordenação Executiva do Projeto Mendes e Tatiana Pavanelli Valsi
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Direitos autorais e iconografia: Aparecido Francisco,
Beatriz Blay, Olívia Vieira da Silva Villa de Lima,
Gestão do Portal
Priscila Garofalo, Rita De Luca e Roberto Polacov
Luiz Carlos Gonçalves, Sonia Akimoto e
Apoio à produção: Luiz Roberto Vital Pinto,
Wilder Rogério de Oliveira
Maria Regina Xavier de Brito, Valéria Aranha e
Gestão de Comunicação Vanessa Leite Rios
Ane do Valle Diagramação e arte: Jairo Souza Design Gráfico

CTP, Impressão e Acabamento


Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material:
Denise Pollini, Gabryelle T. Feresin, José Luis Hernández Alonso, Luís André do Prado, Maria Isabel
Branco Ribeiro, Star Think Uniforms, SENAC São Paulo, Sergio Bertucci e Wan Chi Ming
Caro(a) Trabalhador(a)

Estamos bastante felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa
Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional
para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio
negócio.
Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo
desempregado.
Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou
quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes.
Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.
O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência
e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profis-
sional.
Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para
facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores
experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho
e excelentes cidadãos para a sociedade.
Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação
profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a
realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico,


Ciência e Tecnologia
Caro(a) Trabalhador(a)
Neste Caderno, você continuará aprendendo sobre a ocupação de cortador, discu-
tindo, compartilhando e colocando em prática novos saberes indispensáveis para o
exercício dessa ocupação.
No Caderno 1, você conheceu a história da moda e sua relação com o vestuário,
além dos ambientes de trabalho e os Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
usados pelos profissionais dessa área. É chegada a hora de mergulhar no conheci-
mento específico indispensável para a ocupação de cortador: como cortar e lidar
com os diferentes tipos de tecido.
Na Unidade 5, você aprenderá quais as diferenças entre tecidos planos – que serão
nosso foco nesse curso – e tecidos de malharia; aprenderá também como manusear
o tecido para que o modelo, quando estiver pronto, não apresente defeitos.
A Unidade 6 explicará de que são constituídos os tecidos e como são fabricados,
apresentando os diferentes tipos de fio.
A Unidade 7 tratará das etapas do trabalho do cortador, do encaixe dos moldes e dos
cuidados na hora de riscá-los no tecido, continuando a falar dos equipamentos e
materiais necessários para realizar o corte perfeito. Além disso, a organização do tra-
balho da área de corte em empresas será apresentada nesta Unidade.
Na Unidade 8, você vai aprender os cuidados e as maneiras de dobrar o tecido,
observando as especificações recebidas da área de modelagem. Para isso, é preciso
que você trabalhe com medidas e fórmulas de cálculo matemático, aprendendo a
utilizar os equipamentos necessários e interpretar os moldes, de modo a evitar erros
e desperdício na hora do corte.
Na Unidade 9, veremos como cortar tecidos manualmente, utilizando alguns tipos
de tesoura e outros materiais. Conheceremos, ainda, os tipos de máquina de corte
mais usados na confecção e aprenderemos a manuseá-los corretamente. Também
abordaremos outra particularidade importante das responsabilidades do cortador:
separar, etiquetar e organizar os lotes que serão encaminhados para a área de costura.
Na Unidade 10, você verá como se organiza o trabalho de um profissional autôno-
mo, ou seja, aquele que deseja trabalhar por conta própria.
Por fim, na Unidade 11, além de fazer ou aperfeiçoar seu currículo e preparar-se
para uma entrevista de emprego, você verificará o que aprendeu nesse curso com
base no que já sabia, e o que, em sua opinião, precisará ainda aprender.
Boa sorte!
Sumário
Unidade 5
9
Com os tecidos à mão
Unidade 6
17
Do que e como são feitos os tecidos
Unidade 7
29
O trabalho do cortador: encaixe e risco
Unidade 8
47
O trabalho do cortador: enfesto
Unidade 9
61
O trabalho do cortador: corte e separação
Unidade 10
71
Trabalhando por conta própria
Unidade 11
77
Revendo seus conhecimentos
São Paulo (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Via
Rápida Emprego: vestuário: cortador, v.2. São Paulo: SDECT, 2013.
il. - - (Série Arco Ocupacional Vestuário)

ISBN: 978-85-65278-71-3 (Impresso)


978-85-65278-79-9 (Digital)

1. Ensino profissionalizante 2. Vestuário - Qualificação técnica 3. Cortador – Roupa:


Confecção I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia II. Título III.
Série.

CDD: 371.425
646.4

FICHA CATALOGRÁFICA
Tatiane Silva Massucato Arias - CRB-8/7262
Unidade 5
Com os tecidos à mão
Conhecer os tecidos com que trabalhará é fundamental quan-
do se vai cortar e montar uma peça.
Nesta Unidade, vamos falar sobre tecidos, com o foco em seu
manuseio, pois, antes de aprofundar o assunto das estruturas e
aprender como cortar cada tipo de tecido, há alguns aspectos
que precisam ser conhecidos e que ajudarão no trabalho.

© Paulo Savala

Malharia e tecido plano


Existem dois tipos de tecido: a malharia e o tecido
plano.
A malha é um tecido flexível, que pode ser de fibra de
algodão ou artificial/sintética. A tecedura da malha pode
ser executada com um só fio na horizontal ou com uma
série de fios longitudinais, obedecendo a um determi-
Todas as técnicas apresentadas no nado processo no entrelaçamento. Pertence ao grupo de
material deste curso se referem a
tecidos planos. tecidos de fios não perpendiculares.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 9


A malharia pode ser retilínea, circular ou de urdume, e cada tipo apresenta um
comportamento diferente na hora do corte. Na malha de urdume, os fios são laçados
lado a lado e o tecido apresenta uma elasticidade que segue o sentido do compri-
mento e, por essa razão, deve ser cortado com o molde no sentido de sua largura.
Nas malharias circular e retilínea, a trama é produzida pelo entrelaçamento de um
fio único, e o que as diferencia é a forma de uma, que é circular, e a da outra, aber-
ta. Nesses tipos de malha, a elasticidade ocorre no sentido da largura, portanto, ela
deve ser cortada com o molde colocado no sentido do comprimento.
Já o tecido plano é composto de dois fios que se entrelaçam formando um ângulo
reto em relação à ourela – espécie de acabamento do tecido que corresponde à
parte que foi presa ao tear, nas duas extremidades –, um na horizontal, chamado de
trama, e outro na vertical, chamado de urdume (ou teia). Uma característica do
tecido plano é que ele não estica, e talvez por isso mesmo seja considerado o mais
clássico, aquele usado para roupas mais formais, sofisticadas e elegantes.

Urdume é um grupo de fios dispostos verticalmente no tear e paralelos à ourela. Trama é um fio
horizontal, perpendicular à ourela. Viés é a diagonal em relação à ourela.
© Hudson Calasans

5
s4
é
Vi
Ourela

Trama

Urdume

10 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Sentido dos fios e direção do corte
Em geral, os cortadores lidam com grandes volumes
de tecido e têm de prepará-los para o corte. Nesse mo-
mento, é sempre importante checar as características
de fabricação, pois, por mais que o tipo seja conhecido,
há diferenças entre fabricantes e você deve estar aten-
to à composição de cada tecido para planejar o sentido Você sabia?
de seu corte. Falamos que duas retas
são perpendiculares
Assim que estiver com um tecido em mãos, você poderá, quando elas se cruzam,
formando, em sua inter-
pela ourela, verificar o sentido dos fios: urdume, trama secção, um ângulo reto
ou viés; e poderá, então, escolher a direção dos cortes (de 90°).

Ilustrações: © Hudson Calasans


que for mais adequada ao tecido e às peças de vestuário
que serão montadas.

Observar o sentido do fio do tecido é muito importante no momen-


to de cortá-lo, pois um equívoco nessa hora poderá dar maior ou
menor volume à peça. Já duas retas ou segmen-
Fio reto tos de reta são paralelos
quando eles mantêm a
mesma distância um do
outro (são equidistantes)
em toda a sua extensão.
Não há nenhum ponto em
que se encontram.
Paralelo
Ourela

Corte em fio reto.

Por exemplo: o tecido cortado seguindo o urdume – ou o fio reto no


sentido vertical – dará menor volume à peça.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 11


Fio atravessado Fio enviesado
Ilustrações: © Hudson Calasans

450

Ourela
Ourela

Perpendicular

Corte em fio atravessado. Corte em fio enviesado.

O corte no sentido da trama – ou o fio do tecido A roupa cortada no sentido diagonal (enviesado),
colocado na posição atravessada ou perpendicular sempre tendo a ourela como referência, dará
à ourela – dará à roupa um caimento armado. maior elasticidade à peça e um caimento dife-
renciado à roupa.

As possibilidades de corte variam de acordo com o posicionamento dos fios do te-


cido. A maioria das peças é cortada no fio reto, pois isso possibilita que o caimento
da roupa seja firme e não crie volume indesejável.
O corte no sentido da trama provoca o efeito oposto: a roupa tende a ficar mais vo-
lumosa. Já o corte enviesado deixa a roupa mais flexível, com um caimento mais leve.
A depender do tipo de roupa, o corte do tecido pode ser feito em mais de um senti-
do. Por exemplo, pode-se cortar a parte superior de um vestido no fio reto, de modo
que a peça fique mais ajustada, e a saia enviesada ou no fio atravessado, de modo que
ganhe mais volume.

Conhecendo melhor os tecidos


É muito importante que você conheça os principais tipos de tecido, pois disso de-
pende um corte adequado e correto.
Tecidos de malha, por exemplo, podem deformar quando você coloca sobre eles o
molde para realizar o corte. Por isso, antes de cortá-los, você deve deixar que repou-
sem sobre a mesa por algumas horas, ou um dia, dobrando-os algumas vezes, como
mostra a imagem a seguir. Isso deixará os fios mais soltos, evitando que se deformem.

12 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


© Paulo Savala
Tecidos de malha em processo de descanso.

Atividade 1
E xercite o corte de tecidos

1. No laboratório de costura, vamos exercitar cortes de tecidos planos nos fios reto,
atravessado e enviesado. O objetivo dessa atividade é que você perceba as diferen-
ças quando se corta o tecido no sentido do urdume, da trama e do viés.
Faça testes em dupla, usando diferentes tipos de tecido, sob orientação do monitor.
2. Anote, a seguir, suas percepções sobre esse trabalho.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 13


Ainda antes do corte
Quando compramos tecidos em lojas especializadas, estes são cortados por vende-
dores. Você já reparou que, geralmente, eles fazem um pequeno corte na ourela e
depois rasgam o tecido?
Muitas vezes, esses trabalhadores não recebem orientações claras sobre a melhor
forma de cortar os tecidos e sobre os problemas que podem decorrer do corte ina-
dequado. Assim, por praticidade, picotam uma das extremidades do tecido e o
rasgam, puxando por uma das pontas.
Para o vendedor, é um jeito fácil e prático de cortar o tecido, mas isso deixa as
beiradas desiguais, e é necessário corrigi-las.
Esse acerto – chamado “realinhamento da trama” – é, portanto, a primeira coisa a
fazer antes de iniciar o corte.
Para tanto, acompanhe os seguintes passos:

1. Utilizando uma tesoura de cortador ou alfaiate, corte a ourela.


© Paulo Savala

14 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


2. Selecione um fio da trama próximo à ourela e puxe-o.

Fotos: © Paulo Savala


3. Novamente utilizando uma tesoura de cortador ou alfaiate, com muito cuidado,
corte o tecido até a outra ourela, ao longo do fio puxado.

Verifique sempre se a trama e o urdume estão perpendiculares. Caso não estejam,


significa que o tecido sofreu algum tipo de distorção na fábrica.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 15


Faça o teste: sobre uma mesa plana, estique o tecido dobrado, unindo as ourelas.
Se o tecido apresentar rugas, você deve fazer o seguinte:

1. Estique o tecido, alinhando os fios.


2. Em seguida, passe a ferro.
3. Faça o teste novamente e observe o alinhamento dos fios.
Esse procedimento é extremamente importante, pois caso os fios não estejam ali-
nhados, o corte ficará comprometido e haverá perda de tecido.
Cuidados extras: é comum que os tecidos fabricados com fibra natural encolham
após a primeira lavagem. Assim, antes de cortá-los, deixe-os de molho apenas em
água e, após algumas horas, coloque-os para secar.

16 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Unidade 6
Do que e como são feitos
os tecidos
Conhecer do que são feitos e como são produzidos os tecidos é
fundamental para quem quer trabalhar na indústria da moda.
Nesta Unidade vamos falar sobre os tipos de fibra, o pro-
cesso de tecelagem e as principais estruturas dos tecidos
planos, o que complementará o assunto da Unidade anterior
e trará uma boa base para o trabalho com corte.
Para fabricar tecidos, as matérias-primas utilizadas são filamen-
tos ou fibras, também chamados materiais têxteis. Esses fila-
mentos ou fibras são utilizados na produção de fios, que, por
sua vez, serão usados na fabricação de tecidos ou de linhas para
costura, rendas, bordados etc.
Entende-se por têxtil todas as matérias que podem ser usadas
para fiar e tecer, e que reúnam as seguintes qualidades: resistên-
cia, comprimento, plasticidade e flexibilidade.
As fibras usadas para fazer tecidos podem ser naturais ou arti-
ficiais/sintéticas. As fibras naturais são as de origem animal,
vegetal ou mineral. São encontradas na natureza, quase prontas
para fiar e tecer, e contêm características próprias: conforto, boa
absorção de calor e umidade.
Já as fibras artificiais ou sintéticas são produzidas pela indústria,
por ação química ou mecânica, em processos que transformam
certas matérias-primas em fios adequados para tecer.
Vamos ver detalhadamente, a seguir, os diferentes tipos de fibra.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 17


Fibras naturais

Fibras de origem animal


As fibras de origem animal são consideradas as mais ricas e valorizadas da indústria
têxtil. No entanto, apesar de servirem de base para a fabricação de alguns tecidos,
não são utilizadas na maioria deles.
Elas podem ser divididas em dois grupos:

1. As que são extraídas e fabricadas de pelos de animais domésticos e selvagens,


como:
• a lã extraída de ovelhas e carneiros;
• os pelos extraídos de cabras, camelos, lhamas, vicunhas, alpacas, coelhos, lontras
etc.;
• os cabelos e as crinas.
2. As que são extraídas e fabricadas de filamentos de insetos e aracnídeos, como:
• a seda chamada de natural, produzida com filamentos retirados dos casulos de
bichos-da-seda que viviam originalmente na região norte da China;
© Fritz Polking/Frank Lane Picture Agency/Corbis/Latinstock

Casulos de bichos-da-seda.

• a seda produzida por outros tipos de inseto da família das borboletas e mariposas
(lepidópteros). Embora também seja bastante utilizado na indústria de costura,
trata-se de um tipo de seda considerado inferior à produzida pelo bicho-da-seda;
• os fios ou filamentos produzidos com teias de certas espécies de aranhas. As fê-
meas das Nephila madagascariensis produzem um fio de tom dourado e brilhante
que dá origem a uma seda característica da região de Madagascar.

18 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


© Peter Chadwick/SPL/Latinstock

© Splash News/Corbis/Latinstock
Aranha produzindo a teia. Roupa feita com a seda de Madagascar.

Fibras de origem vegetal


As fibras de origem vegetal se dividem em quatro grupos, de acordo com as partes
da planta de onde são extraídas:

1. Fibras extraídas de sementes: algodão e paina.


2. Fibras extraídas de caules e raízes: cânhamo, juta, rami etc.
3. Fibras extraídas de folhas: ráfia, buriti, alfa, sisal ou agave, gravatá, abacaxi,
entre outras.
4. Fibras extraídas de frutos: por exemplo, coco.
© Jacqui Hurst/Corbis/Latinstock

© Alexey Kirillov/Keystone

Linhaça repassada em cama de pregos para remover as cascas


de palha, como parte do processo de produção do linho. Linho.

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Fibras de origem mineral
Essas fibras, extraídas de minerais, podem ser dos seguintes tipos:
1. Lã de vidro ou fios de vidro.
2. Fios metálicos (brocados, rendas e bordados).
© Ken Lucas/Visuals Unlimited/Corbis/Latinstock

© Massimo Listri/Corbis/Latinstock

Amianto anfibólio ou tremolito fibroso. Brocado de seda.

Fibras artificiais ou sintéticas


As fibras artificiais ou sintéticas, como já dito, são criadas na indústria com a trans-
formação de matérias-primas em fios para tecer. Elas se dividem em três grupos:
1. Fibras produzidas com celulose, matéria-prima de origem vegetal, como o raiom
ou a seda artificial, rayoncut ou algodão artificial.
2. Fibras produzidas com proteínas animais ou vegetais, como as lãs artificiais.
3. Fibras compostas de substâncias minerais, como o náilon, os filamentos de vidro
e, mais atuais, as fibras derivadas da reciclagem de garrafas PET.
© Dinodia Photos/Alamy/Other Images
© Micro Discovery/Corbis/Latinstock

Tecido de poliéster e fibras de náilon atadas formando uma


rede em trama, ampliado 40 vezes. Viscose.

20 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Como reconhecer as fibras utilizadas em
cada tecido
Algumas vezes conseguimos, pelo simples toque ou pela
aparência, identificar as fibras que compõem determina-
do tecido. Mas nem sempre isso é possível.
Nesses casos, uma forma de reconhecer a composição
das fibras é aproximá-las do fogo, provocando sua com- Lembre-se de ter um recipiente no
qual você possa jogar o pedaço de
bustão ou queima. Esse processo requer muito cuidado. tecido e interromper a queima.

É preciso cortar um pedaço pequeno de tecido e queimar


uma das pontas, segurando-o pela outra.
Mas por que esse processo permite identificar a compo-
sição das fibras? Porque a velocidade da queima varia
conforme a origem da fibra.
As fibras de origem animal queimam com certa dificul-
dade, sem produzir chamas. Além disso, durante a quei-
ma, é possível sentir um cheiro de cabelo queimado
(experimente queimar um pedacinho de lã 100%).
As fibras de origem vegetal queimam mais rápido do que
as de origem animal. Pegam fogo com mais facilidade, che-
gando a produzir chama e cinzas, mas sem deixar cheiro. Você sabia?
O uso do amianto – fibra
As fibras de origem mineral não pegam fogo. Por essa de origem mineral – é
polêmico, pois foi consi-
razão, costumavam ser utilizadas para a confecção de derado cancerígeno pela
roupas especiais, usadas em ambientes ou situações em Organização Mundial da
Saúde (OMS) e pela Orga-
que há risco de incêndio. nização Internacional do
Trabalho (OIT).
As fibras artificiais ou sintéticas também queimam rapi-
No Brasil, encontra-se em
damente, mas produzem pouca chama. Quando derretem, discussão no Supremo
em vez de cinzas, vê-se um pouco de resina, semelhante Tribunal Federal a perma-
nência ou não da Lei fe-
a plástico queimado. deral nº 9.055, de 1º de
junho de 1995, que auto-
riza o uso controlado do
amianto crisotila.
A fabricação dos tecidos
Fonte: BANIR o amianto: longa luta
em defesa da vida. O Engenheiro,
Vimos, até agora, algumas indicações sobre as matérias- FNE. Edição 128, jan. 2013.
Disponível em: <http://www.fne.org.
-primas que servem para a fabricação dos tecidos: quais br/fne/index.php/fne/jornal /
edicao_128_ jan_13/banir_o_
os tipos de fibra utilizados e como reconhecê-los. amianto_longa_luta_em_defesa_
da_vida>. Acesso em: 18 jan. 2013.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 21


Mas esse é só o começo de um processo com várias etapas, sendo as primeiras a
extração ou obtenção/produção das fibras e a transformação delas em fios, processo
chamado fiação. Com a obtenção dos fios, inicia-se o processo de tecelagem – o
entrelaçamento dos fios que dá origem aos tecidos.

Atividade 1
Tecelagens de ontem e de hoje

1. Você verá a seguir imagens de fábricas de tecidos ou tecelagens. A primeira é de


meados do século XX (20) em São Paulo, e a segunda, uma tecelagem atual.
© Acervo Memória Votorantim

Fábrica antiga de tecidos.


© Gaetan Bally/Keystone/Corbis/Latinstock

Tecelagem atual.

22 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Em dupla, comparem as duas imagens e respondam:
a) Que mudanças vocês podem perceber nos equipamentos e maquinários? Há se-
melhanças entre as duas imagens?

b) Nas duas imagens, vemos operários no ambiente de trabalho. O que cada uma
delas diz sobre o trabalho que eles fazem?

2. No laboratório de informática, usem a internet para buscar informações sobre as


primeiras indústrias têxteis do Estado de São Paulo:
• Quando foram criadas?
• Onde estavam localizadas?
• Quem eram os trabalhadores?
• Como era a jornada de trabalho?

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 23


Essas são apenas algumas das perguntas que vocês poderão responder. Busquem
levantar outras informações.

3. Façam um cartaz com os resultados da pesquisa para apresentar à classe.

Processo de tecelagem e a estrutura dos tecidos


A base para a fabricação dos tecidos é o entrelaçamento dos fios. Todos os tecidos fa-
bricados em tear plano – os tecidos planos, que abordamos na Unidade 5 – são produ-
zidos pelo entrelaçamento de dois tipos de fio: os do urdume e os da trama.
© Ashley Cooper/Corbis/Latinstock

Tear plano.

24 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


O padrão do entrecruzamento do urdume e da trama define o tipo de estrutura de
um tecido plano, como, por exemplo, a do tafetá, da sarja e do cetim, havendo uma
que foge à regra: a do jacquard (fala-se “jacar”).
Conhecer as estruturas do tecido é de grande utilidade para quem vai trabalhar com
o corte ou a modelagem de peças. Há várias razões para isso. Com base no conheci-
mento sobre sua composição, você poderá escolher o tecido certo para cada modelo,
pois saberá se o escolhido vai dar, ou não, o movimento esperado à peça, ou até mesmo
o caimento esperado à roupa. Isso fará de você um profissional mais qualificado.
Outra boa razão para você ter essa informação é que a forma de manusear os tecidos
e os acabamentos que poderão ser feitos também variam de acordo com a estrutura.
Tecidos mais finos e delicados, por exemplo, exigem cuidados especiais, e o conhe-
cimento de suas características será importante para determinar o modelo, o tipo
de acabamento e os equipamentos adequados para lidar com eles.
Veja, a seguir, como são as principais estruturas de tecido com as quais vai trabalhar.

Tipos de estrutura dos tecidos planos

Estrutura tela ou tafetá


Esse tipo de tecido apresenta uma estrutura básica, considerada a mais simples
entre as demais. Ela se caracteriza por ter um fio da trama passando por cima do
fio do urdume e o seguinte passando por baixo, como na imagem apresentada a
seguir.
O tecido é classificado conforme é trançado e segundo a resistência dos fios. Exem-
plos: tafetá, musselina, voal, percal.
© Hudson Calasans

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 25


Estrutura sarja
Também considerada básica, nessa estrutura, o fio da trama,
em vez de passar por um fio do urdume, passa por dois na
primeira carreira. Na segunda, vai repetir o processo, come-
çando, porém, um fio da trama depois de onde começou na
primeira. Esse processo se repete sucessivamente, avançando,
a cada carreira, um ponto do urdume, o que, ao final, dará
Ilustrações: © Hudson Calasans
a impressão de uma estria em diagonal.

Estrutura cetim
A estrutura cetim também se caracteriza por ter o nú-
mero de pontos tomados diferente do número de pon-
tos deixados. Mas, se comparado com a sarja, o núme-
ro de pontos deixados é maior e pode variar.
Quanto maior o número de pontos deixados, maior será
Ponto tomado: Aquele em
que o fio do urdume passa
a leveza do tecido e menor sua resistência.
por cima do fio da trama.
Ponto deixado: Aquele em O próprio cetim é o exemplo mais conhecido desse tipo
que o fio do urdume passa de estrutura.
por baixo do fio da trama.

26 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Estrutura jacquard
Na estrutura jacquard, o modo de entrelaçamento dos
fios do urdume e da trama forma desenhos. Estes são
realizados na própria composição do tecido, por meio do
controle dos fios.

© Hudson Calasans
Conheça os tecidos
Já vimos que os tecidos são formados pelo entrelaçamen-
to do urdume e da trama, bem como as estruturas bá-
sicas desse entrelaçamento. Com base nelas ou com
pequenas modificações no modo de entrelaçamento dos Tessitura: Textura de um
fios (as diferentes combinações de pontos tomados e tecido.

deixados), são muitas as possibilidades de tessitura e de


tecidos resultantes.
Assim, existe no mercado uma infinidade de tipos de
tecido, com características semelhantes, mas que nem
sempre trazem o mesmo nome ou apresentam a mesma
qualidade, dependendo do tipo de fibra, de sua origem
e do processo de fabricação.
Para conhecer diferentes tipos de
Por essa razão, é muito importante que você pesquise tecido, acesse o site Teciteca Virtual,
da Universidade do Estado de Santa
tecidos – seja em revistas especializadas, lojas, manuais, Catarina (Udesc).
Disponível em: <http://www.teciteca.ceart.
blogs de costura etc. – e que tenha amostras sempre à udesc.br/index.php?option=com_content&view
=category&layout=blog&id=1&Itemid=5>.
mão para quando tiver dúvidas sobre sua natureza e suas Acesso em: 10 jan. 2013.

características.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 27


Atividade 2
Faça seu mostruário de tecidos

Esta é uma atividade que você começará agora, mas que


vai se prolongar durante todo o curso e poderá, até mes-
mo, continuar depois de seu encerramento.
A proposta é que você crie seu próprio mostruário de
Não se prenda totalmente aos nomes
dados aos tecidos, pois eles podem tecidos e possa utilizá-lo quando estiver exercendo a
variar de um fabricante para outro.
ocupação. Para isso, use o modelo de ficha indicado a
seguir.
Você pode fazer as fichas com papel-cartão ou cartolina,
pois assim garantirá que elas tenham maior durabilidade.
Além disso, deverá guardá-las em ordem alfabética – de
A até Z –, de acordo com o nome principal do tecido.
Dessa maneira, será mais fácil encontrar a ficha que pre-
cisa no momento de consultá-la.

(nome principal do tecido)


(outros nomes dados para o mesmo tecido)

Amostra Composição: Fabricante:

(cole aqui um pequeno


pedaço de tecido) Fornecedor:

Fibras de origem:
(  ) animal
(  ) vegetal
(  ) mineral
(  ) artificial ou sintética

28 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Unidade 7
O trabalho do cortador:
encaixe e risco
Pelas características da ocupação de cortador, que são dadas
pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e que
estudamos na Unidade 3 do Caderno 1, os cortadores, em
geral, são contratados pelas indústrias de confecção (tema
tratado na Unidade 10).
Mais especificamente, os cortadores trabalham em setores
ou departamentos de preparação ou de corte. É a área res-
ponsável por receber os moldes da equipe de modelagem,
realizar todos os procedimentos relacionados ao corte e, na
sequência, encaminhar as peças cortadas para a área de
costura, de onde vão, posteriormente, para a venda.
Nesta Unidade, veremos como se organiza o corte de tecidos
nessas empresas, as etapas do trabalho e alguns de seus prin-
cipais procedimentos.
Na área ou departamento de corte, o trabalho é dividido
em etapas, e podem-se identificar cinco grandes funções:
encaixe, risco, enfesto, corte e separação ou preparação.
Vamos ver cada uma delas em detalhes, mas, antes disso, é
importante que você saiba como chegam os pedidos para a
área de corte.

Ordem de fabricação
Para dar origem à produção de um conjunto de peças de
vestuário, as empresas de confecção recebem pedidos de
clientes e os organizam em uma ficha chamada ordem de
fabricação.
As ordens de fabricação podem seguir dois critérios: valor do
faturamento ou quantidade de peças a serem fabricadas.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 29


Moldes são peças de papel – em geral, usa-se papel kraft, também conhecido como papel pardo ou
manilha – que reproduzem partes das peças de roupa. Fazê-los requer um trabalho minucioso, que se
inicia com o estilista, ao pensar no modelo, no caimento e no movimento que a roupa deve ter. Em se-
guida, o modelista, olhando as ideias do estilista, é capaz de colocar no papel as medidas e a forma com
que os tecidos devem ser cortados para obter o resultado esperado.
© Hudson Calasans

Modelo desenhado pelo estilista.


© Paulo Savala

Molde elaborado com base no modelo idealizado pelo estilista.

30 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Atividade 1
R ecebendo um pedido

1. Organizem-se em grupo e imaginem que hoje é um dia de trabalho em uma


grande confecção.
2. Vocês receberão uma ordem de fabricação. Ela chega aos trabalhadores por meio
de uma ficha. Analisem-na a seguir, observando atentamente as informações que
ela contém.
ORDEM DE FABRICAÇÃO Nº REFERÊNCIA MODELO DATA VISTO
EMISSÃO CORTE
_________________________

Nº NOMENCLATURA ANEXAR TIPO GRADE DE TAMANHOS


PEDIDO DO TECIDO AMOSTRA DE
TECIDO x PP P M G GG
TOTAL DE
2 4 6 8 10 12 14 16 PEÇAS
CORTADAS
34 36 38 40 42 44 46 48 50 52
PREVISTO 10 5 15 10 5 45
01
REAL
PREVISTO 5 5 5 5 5 25
02
REAL
PREVISTO 5 10 10 10 5 40
03
REAL
PREVISTO 20 20 30 25 15 110
TOTAL DE PEÇAS POR GRADE _________
REAL

3. Respondam:
a) A ficha contém todas as informações necessárias para iniciar o processo de pro-
dução?

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 31


b) Ajudem a gerência a fazer dessa ficha um instrumento mais adequado de traba-
lho. O que vocês incluiriam nela? O que retirariam?

4. Agora, cada grupo deve apresentar o resultado da análise da ficha. Terminadas


as apresentações, verifique se as respostas dadas pelo grupo foram suficientes ou
se faltou alguma informação.

A leitura atenta da ordem de fabricação


Olhando a ficha apresentada na atividade anterior, um trabalhador da área de
corte poderá identificar qual é o pedido e em que ordem deverá proceder. Por
exemplo:

1. Pedido no 1: produção de 10 peças PP, 5 peças P, 15 peças M, 10 peças G e 5


peças GG. Total de peças: 45.
2. Pedido no 2: produção de 5 peças PP, 5 peças P, 5 peças M, 5 peças G e 5 peças
GG. Total de peças: 25.
3. Pedido no 3: produção de 5 peças PP, 10 peças P, 10 peças M, 10 peças G e 5
peças GG. Total de peças: 40.
Apenas quando os pedidos estão organizados em ordens de fabricação eles seguem
às demais áreas da confecção para dar início à produção das peças. Especificamen-
te para a área de corte, a ordem de fabricação informa a sequência em que as peças
deverão ser cortadas e quais devem ser cortadas simultaneamente (alinhamento
vertical).
Mas esse conjunto de informações ainda é insuficiente para os cortadores. Por essa
razão, uma segunda ficha será preenchida antes de cortar as peças: a ficha de corte.
Falaremos sobre essa ficha mais adiante, depois de conhecermos as primeiras etapas
do trabalho do cortador.

32 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Encaixe
O encaixe é a primeira etapa do trabalho dos cortado-
res. Ele consiste, basicamente, no estudo do posiciona-
mento dos moldes, recebidos da área de modelagem, de
modo que haja o melhor aproveitamento dos tecidos no
momento do risco.
Os moldes servem de base para o corte dos tecidos. As Nem todas as confecções inserem a
margem de costura no molde, por
medidas informadas no papel geralmente já levam em isso é muito importante ficar
atento a esse detalhe quando
consideração uma margem suficiente para a costura. planejar o encaixe.

O número de moldes para fazer uma mesma peça de


vestuário varia bastante, a depender do tipo de roupa e
dos detalhes do modelo.
Veja um exemplo a seguir.
© Paulo Savala

© Hudson Calasans
Fio
Frente
2x tecido
t. 38

Fio

Costas
2x tecido
t. 38

Fio Fio
Bolso Lateral
2x tecido 2x tecido
t. 38
t. 38

Para fazer esse colete jeans foram utilizados quatro moldes.

Colete jeans.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 33


Também a depender do modelo de vestuário, os moldes
podem ser simétricos, quando o lado esquerdo é igual
ao lado direito; ou assimétricos, quando os dois lados
são diferentes.

Moldes simétricos.

Moldes assimétricos.

Uma vez recebidos os moldes da área de modelagem


da confecção, a função do cortador é estudar e in-
dicar como deve ser o posicionamento correto desses
O encaixe do molde no tecido é de moldes. Esse estudo se chama “encaixe”, porque se
extrema importância, por isso fique
atento a todos os procedimentos, o trata justamente de encaixar os moldes de forma
que evitará desperdício de tecido e
perda no momento de definir o preço adequada, cuidando para que não haja desperdício
de venda.
Todo cuidado é pouco! de tecido.

34 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Considerando que, em qualquer processo de corte, é provável haver algumas
sobras de tecido, caberá também ao cortador estudar essas sobras, visando o
seu reaproveitamento para o corte de novas peças. Imagine uma pessoa em-
brulhando um livro para dar de presente. A depender de como se posiciona o
livro no papel de embrulho, a sobra de papel será maior ou menor, possibili-
tando ou não usá-la para outro fim, certo? Aqui acontece o mesmo. Se os
moldes forem bem posicionados, as sobras poderão ser aproveitadas.
Outra preocupação do cortador, nesse momento, é estar atento às informações
contidas no molde, considerando o sentido dos cortes. Alguns moldes devem ser
dispostos no tecido de forma inclinada (diagonal), outros de forma horizontal, e
outros, ainda, de forma vertical.

Exemplo de encaixe com moldes dispostos na horizontal.

Há várias maneiras de executar o encaixe:


Encaixe par: é assim chamado quando todos os moldes que compõem o modelo
precisam estar contidos no estudo e distribuídos sobre o tecido ou papel. O encai-
xe par é utilizado quando a peça a ser cortada possui moldes assimétricos; ou seja,
um lado é diferente do outro.
Encaixe ímpar: esse tipo de encaixe é utilizado quando os moldes são simé-
tricos, ou seja, um lado é igual ao outro. Nesse caso, pode-se utilizar apenas
o lado direito ou esquerdo da peça como referência para o corte do tecido. Por
exemplo, quando uma camiseta com molde simétrico vai ser cortada, podem
ser posicionados para o corte apenas os moldes do lado direito (frente e costas).
Também pode ser posicionado o molde de somente uma das mangas.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 35


Encaixe par e ímpar (também chamado misto): esse procedimento é muito
utilizado na produção em grande escala. Nesse tipo de encaixe, o cortador po-
siciona moldes de diferentes peças. Por exemplo: uma bata sem mangas e golas
de outra peça; ou pode alternar um molde de numeração 46 com outro de
numeração 36.
Encaixes com sentido obrigatório: são usados em duas situações, conforme indi-
caremos a seguir:
• devido ao modelo – é usado sempre que o modelo tem algum detalhe ou quando
as partes que compõem o lado direito são diferentes das partes que compõem o
lado esquerdo. Para evitar problemas, devem-se sempre seguir as orientações
descritas pelo departamento de criação e pelo modelista, que, em geral, estabele-
cem qual lado do tecido deve ficar sob o molde;
• devido ao tecido – existem tecidos que exigem o encaixe de todos os moldes em
determinado sentido para não haver diferenças entre as partes do modelo depois
de costuradas. Isso acontece, por exemplo, no caso de tecidos estampados, com
brilho, e de tecidos como o veludo, a camurça, a pelúcia e o plush.
Encaixe de tecidos listrados e xadrezes: esse é um grande desafio para o
cortador, pois o encaixe perfeito fará as linhas se encontrarem no momento da
costura.
Observe as figuras a seguir: estilo ou erro de corte?
Fotos: © Paulo Savala

36 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Planeje o encaixe
Vimos até agora as diferentes maneiras ou técnicas de
fazer um encaixe, que devem seguir orientações passadas
pelas áreas de criação e modelagem.
Ainda de acordo com essas orientações, o cortador po-
derá fazer o planejamento do encaixe, seja ele tradicional
Ao fazer o planejamento
ou computadorizado. tradicional, sempre
desconte a ourela ao projetar o
encaixe do tecido.
O planejamento tradicional (também conhecido como
convencional) é usado para a produção em pequena
escala. Nessa situação, usa-se o molde em tamanho
natural.
Já o planejamento computadorizado é utilizado so-
mente nas confecções que contam com mais recursos
tecnológicos e software apropriado. Os moldes são intro-
duzidos na memória de um computador com o auxílio
de uma mesa digitalizadora. Observando-os na tela do
monitor, o trabalhador pode remanejar os moldes até
obter o melhor encaixe (desperdício mínimo).
© Paulo Savala

Você sabia?
Já existe um equipamento
que fotografa moldes e os
digitaliza automaticamen-
te. Esse equipamento é
Estudo de encaixe em computador.
muito utilizado por em-
presas que associam o
O sistema computadorizado (sistema CAD, do inglês molde de papel aos digi-
computer-aided design) apresenta muitas vantagens. Uma talizados.

delas é a velocidade com que se pode montar um estudo No laboratório de infor-


mática, você poderá fazer
de encaixe aproveitando o máximo de tecido, com os mol- uma pesquisa sobre esse
des na posição que se desejar. Além disso, o sistema tem assunto com o auxílio do
monitor.
a capacidade de registrar todos os moldes já executados.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 37


Atividade 2
E xercite a prática de encaixes

1. Em trio e utilizando moldes de diferentes peças disponíveis no laboratório de


costura, façam os estudos a seguir. Utilizem, para cada estudo, pelo menos dois
moldes completos de peças de vestuário. O objetivo é fazer o melhor encaixe.
a) Estudo de encaixe par, com moldes assimétricos.
b) Estudo de encaixe ímpar, com moldes simétricos.
2. Apresentem para a classe os estudos realizados. A proposta é que cada trio analise o
seu próprio trabalho, tendo como parâmetro os trabalhos dos demais. O monitor
comentará cada um dos estudos e dará dicas para tornar os encaixes mais adequados.
3. Se necessário, refaçam o estudo até que o trio esteja satisfeito com os resultados.

Risco
Existem diferentes maneiras de transferir o desenho dos moldes para o tecido, que
variam de acordo com a confecção. Vamos ver algumas delas.

Risco manual sobre o papel


Nesse método, o estudo de encaixe é transferido para o papel e depois afixado ao
tecido, evitando, em caso de erro, que um pedaço de tecido seja desperdiçado. No
momento do corte, a folha do estudo de encaixe e o tecido são cortados juntos, ou
o corte é feito contornando as bordas dos moldes.
Quando for reproduzir o estudo de encaixe, é muito importante seguir as determi-
nações especificadas na ordem de fabricação (como os tamanhos das peças a serem
produzidas) e nos moldes, considerando todos os detalhes das peças.

38 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Fotos: © Paulo Savala
Para tecidos delicados ou muito
coloridos, contorne o caminho do
molde com alfinetes, marcando,
depois, com giz esse caminho.

Molde básico de saia, afixado em tecido.

Risco manual sobre o tecido, utilizando giz


ou lápis de alfaiate
Trata-se de uma das técnicas mais antigas de risco, her-
dada da prática dos alfaiates e das costureiras, mas, ain-
da hoje, utilizada por muitas confecções. Nesse método,
o estudo do encaixe poderá ser transferido para o tecido
riscando-se os contornos dos moldes, os quais precisam
estar pregados ao tecido. Para fazer esse tipo de risco,
tenha à mão os materiais necessários e separe os moldes
Procure sempre fazer o risco no
(modelos e tamanhos), considerando a ordem de fabri- tecido com material próprio para esse
fim, para que não haja perigo de
cação das peças e o estudo do encaixe. manchá-lo.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 39


Risco manual com carretilha e papel-carbono
Você poderá fazer várias
cópias dos moldes e dos
estudos de encaixe com
Essa técnica é utilizada para marcar tecidos finos e opa-
papel-carbono, o que cos. O papel-carbono deve ser colocado com cuidado
possibilita utilizar apenas sobre o avesso do tecido para não manchá-lo, e, por cima
um molde ou estudo e
arquivar os demais. dele, o molde.
Como fazer? Isso feito, a carretilha deve ser passada seguindo o molde,
1. Intercale uma folha de que ficará impresso no tecido.
risco e uma de papel-carbo-
no. Repita o procedimento,
ao menos, duas vezes.
Fotos: © Paulo Savala

2. Siga o estudo de encai-


xe que realizou e distribua
os moldes no papel.
3. Risque ou carretilhe os
encaixes com firmeza, a
fim de obter outras cópias.

Risco automatizado com uso de plotters


Nesse método, os riscos são feitos em computador e im-
Plotters: Impressoras pró- pressos no papel.
prias para desenho, utiliza-
das para a reprodução de
projetos de arquitetura, es-
Não é mais preciso ser uma grande indústria para usar
tudos gráficos, mapas etc. esse sistema. As de porte pequeno e médio também já
com alta qualidade.
o empregam.

40 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Fotos: © Paulo Savala
Tanto o giz como o lápis de alfaiate são indicados para marcar tecidos finos e delicados, pois as marcas
saem facilmente e possibilitam fazer os riscos do lado direito do tecido, diferentemente de quando se usa
papel-carbono e carretilha, que produzem marcas difíceis de sair, mesmo depois de lavar. Você deve es-
colher as cores de acordo com o tecido, ou seja, usar a cor branca para tecidos coloridos, e vermelho,
verde ou amarelo, que são as mais usadas, para marcar tecidos brancos ou de cores claras.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 41


Fixação dos encaixes
Para garantir a fixação dos moldes ou estudos de encaixe, você poderá usar:
• spray fixador ou cola spray temporária para tecido – deve ser aplicado em toda a extensão do papel
e, depois da secagem (aproximadamente 1 minuto), afixado sobre o enfesto, que você verá na Uni-
dade 8;
Fotos: © Paulo Savala

• alfinete – método de fixação não recomendado para tecidos de malha;

• fita adesiva dupla face – é um método mais barato do que o spray e pode ser utilizado tanto para te-
cidos planos como para tecidos de malha.

42 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Passo a passo – risco com giz ou lápis de alfaiate

1. Organize a mesa de corte. Distribua o tecido sem formar dobras ou ondulações.

Fotos: © Paulo Savala


2. Lembre-se do estudo de encaixe e organize os moldes de forma a aproveitar o
máximo do tecido. Atente-se, porém, para o sentido da trama, pois dependen-
do da forma como a peça for cortada, o caimento será diferente, conforme
visto na Unidade 5. Fixe bem cada um dos moldes com alfinetes e, com um
giz de alfaiate, vá contornando os moldes com riscos.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 43


3. Riscado o tecido, ele estará pronto para ser cortado.
Embora ainda seja muito utilizado, esse método apresenta algumas desvan-
tagens, como o tempo que se leva para fazer a marcação, a falta de precisão
e a possibilidade de essa marca ser apagada, caso se passe a mão com força
sobre ela.
Nas confecções de médio e grande porte, o estudo de encaixe geralmente é
pregado ou colado diretamente no tecido e os dois são cortados juntos. Mas
aprender esse método é essencial, pois ele ainda é muito utilizado em peque-
nas confecções.

Atividade 3
P ratique riscos

1. Com os dois estudos de encaixe realizados na atividade anterior, pratique riscos,


de acordo com os seguintes métodos:
a) risco manual sobre o papel, utilizando caneta esferográfica;
b) risco manual sobre o tecido, utilizando giz de alfaiate;
c) risco manual com carretilha e papel-carbono.
2. Converse sobre os resultados de seus trabalhos e de seus colegas, apontando as
dificuldades encontradas. Assim, vocês poderão aprender uns com os outros e
aprimorar as técnicas de risco.

Atividade 4
Na fábrica de tecidos ...

1. Leia a letra da canção “Três apitos”, de Noel Rosa, que fala de uma moça que
trabalha em uma fábrica de tecidos. Se possível, ouça a canção pela internet.

44 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Três apitos (1933)
Noel Rosa

Quando o apito
Da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você

Mas você anda


Sem dúvida bem zangada
E está interessada
Em fingir que não me vê.

Você que atende ao apito


De uma chaminé de barro
Por que não atende ao grito tão aflito
Da buzina do meu carro?

Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho
Não faz fé com agasalho
Nem no frio você crê...

Mas você é mesmo


Artigo que não se imita
Quando a fábrica apita
Faz réclame de você.

Nos meus olhos você lê


Que eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente impertinente
Que dá ordens a você.

Sou do sereno
Poeta muito soturno
Vou virar guarda-noturno
E você sabe por quê

Mas você não sabe


Que enquanto você faz pano
Faço junto do piano
Estes versos pra você.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 45


2. Com base na canção, em grupo, discutam:
a) Como vocês acham que são as condições de trabalho nas confecções?

b) O controle sobre o trabalho é forte ou fraco? Por quê?

c) Quais são os aspectos positivos e os negativos do trabalho em uma confecção?

d) A música os inspirou para...

46 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Unidade 8
O trabalho do cortador:
enfesto

© Paulo Savala
O enfesto é a colocação das camadas de tecido, umas
sobre as outras, de modo que fiquem prontas para o corte.
Ele também é conhecido, nas confecções, como “sanduí-
che”, “colchão” ou “estendida”.
Essa “arrumação” dos tecidos é feita sobre a mesa de cor-
te, que deve ter a largura maior do que a do tecido que
será enfestado e a superfície perfeitamente lisa. Caso
contrário, o tecido não ficará completamente esticado, o
que pode gerar defeito nas peças após o corte.
Você sabia?
Antes de iniciar o enfesto, você deve cobrir uma parte da
O termo enfestado, nes-
te Caderno, refere-se à mesa de corte com papel kraft ou pardo. Mais especifi-
colocação das camadas de camente, você deverá forrar a parte da mesa que corres-
tecido, ou enfesto. Mas há
também a expressão teci- ponde à metragem indicada no estudo de encaixe já
do enfestado, que é um aprovado, que é também a metragem dos tecidos que
tecido de largura dupla.
serão enfestados.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 47


Mas você pode estar se perguntando: Por que os tecidos
devem ser enfestados sobre um pedaço de papel?
Esse procedimento não é obrigatório, porém, evita o
contato do tecido com a mesa (o que pode sujá-lo) e
torna mais fácil o manuseio das folhas de tecido. E, prin-
cipalmente: o papel é mais firme que o tecido e evita que
este entre na coluna da máquina de corte vertical, prin-
Não se deve puxar as duas pontas
do tecido sobre a mesa de corte cipalmente os tecidos finos como seda, crepe e tactel.
no momento de sobrepor as
camadas. Se isso for feito, causará
danos no corte e na confecção Além disso, como o forro de papel terá a exata metragem
da peça final, pois o tecido ficará
enviesado ou enrugado. do estudo do encaixe, não há necessidade de fazer mar-
cações adicionais para indicar as medidas do enfesto.
Caso se faça a opção de não utilizar o papel, essas mar-
cações devem ser efetuadas na própria mesa, com a in-
dicação – por desenho ou usando fitas adesivas – do
comprimento e da largura do enfesto.
Marcada a metragem do enfesto (comprimento e largu-
ra), a próxima etapa, ainda anterior à colocação das folhas
de tecido sobrepostas, é a identificação da quantidade de
folhas a serem enfestadas.
Esse número ou quantidade de camadas de tecido varia
de acordo com o pedido contido na ordem de fabricação,
com o modelo das peças de vestuário a serem cortadas
ou, ainda, com a espessura do tecido. Trata-se de uma
informação que está contida em uma ficha, chamada
ficha de corte. Falamos sobre ela no início da Unidade 7,
mas sem explicar quais suas características e sua utilida-
de, o que será visto a seguir.

Ficha de corte
Você se lembra da ordem de fabricação? Ela informa para
a área de corte a sequência em que as peças deverão ser
cortadas e quais devem ser cortadas simultaneamente
(alinhamento vertical). Já a ficha de corte traz as infor-
mações adicionais que possibilitam o desenvolvimento
do trabalho dessa área.

48 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Veja a seguir um modelo desse tipo de ficha:

Ficha de corte nº
Modelo: Data: / /

Nome: Período:

Artigo: Largura do tecido: Tipo de encaixe:

Detalhamento:

Tamanho

Cor/quantidade Total

Antes de dar continuidade ao estudo sobre o uso da ficha, é preciso relembrar alguns
conceitos da matemática, que serão muito úteis nessa nova ocupação que você está
aprendendo.

Sistema de medidas
As unidades de medida já são parte do nosso dia a dia, e muitas vezes as utilizamos
sem nos dar conta: compramos ¼ de queijo, um metro de tecido, calculamos a
parte do nosso salário que é paga ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) etc.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 49


Atividade 1
O que é medir?

1. Responda as perguntas a seguir e depois converse com um colega, comparan-


do suas respostas.
a) O que medimos no posto de saúde? Como medimos?

b) O que medimos em um cômodo da casa? Como medimos?

c) O que é medido na conta de luz? De que forma?

d) O que medimos e contamos na cozinha quando seguimos a receita de um


prato? Como e com quais instrumentos?

2. As respostas dadas foram semelhantes? Troquem ideias sobre o que é medir.

A necessidade de medir
Esse conjunto de situações vistas na Atividade 1 apresenta uma ampla diversi-
dade, mas em todas elas há algo em comum: para resolvê-las, é preciso medir
ou contar alguma coisa:
• em um cômodo de casa, medimos o comprimento e a altura de uma parede;
• em um livro qualquer, podemos medir o comprimento, a largura e a altura;
mas também contamos o número de páginas;
• em uma caixa de ovos, contamos quantos têm; mas também podemos medir
o comprimento da caixa, sua largura e sua altura.
Contar e medir estão presentes em quase todas as áreas de trabalho e situações
da vida: na construção, no comércio, na confecção, na indústria etc.
Medir é um ato tão comum em nosso cotidiano que fica difícil imaginar um
tempo ou um lugar em que não se meça algo. Se olharmos para o passado da
humanidade, perceberemos que contar e medir fazem parte da vida do ser hu-
mano desde as épocas mais remotas.

50 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Quando o homem primitivo deixou de viver como nômade e passou a se fixar,
dedicou-se às atividades agrícolas. Com o passar do tempo e o aumento da pro-
dução, ele notou que poderia trocar com o vizinho o que não conseguia consumir.
Foi quando surgiu a necessidade de haver um sistema de medidas que fosse aceito
entre as partes para facilitar as trocas. Tomaram-se, então, como referência de
medida, as partes do corpo humano, como palmos, polegadas etc. A partir daí, e
ao longo da história, esses parâmetros foram sendo substituídos por outros, como
réguas, balanças etc. Depois de alguns acordos entre países sobre a adoção de um
padrão comum de medida, desde 1960 está em vigor o Sistema Internacional de
Unidades (SI), que vale para inúmeros países, entre eles o Brasil.
Unidades e instrumentos de medida
Para cada situação, escolhemos a unidade e o instrumento de medida mais apro-
priados. Isso nos faz perceber que, para medir algo de modo que todos entendam e
aceitem, precisamos adotar um padrão, ou seja, uma só unidade de medida. Ao
escolher a unidade de medida, devemos pensar se ela é adequada àquilo que dese-
jamos medir.
A unidade-padrão para medir nossa altura, por exemplo, no Brasil, é o metro; mas,
mesmo assim, precisamos de unidades menores do que o metro.
Para facilitar e padronizar as medições, foi criado o sistema métrico decimal – mé-
trico porque utiliza o metro como unidade-padrão, e decimal porque as unidades
derivadas do metro são obtidas por meio de divisões de dez:
• metro – unidade fundamental do sistema legal de medidas (símbolo: m), mas
também se chama metro o objeto que serve para medir;
• centímetro – unidade de comprimento equivalente à centésima parte do metro
(símbolo: cm);
• milímetro – unidade de comprimento que equivale à milésima parte do metro
(símbolo: mm).
Ilustração: © Hudson Calasans
Foto: © Andrey Kuzmin/123RF

Cada centímetro contém dez milímetros.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 51


Observe. Quando, por exemplo, falamos em medir a altura de uma pessoa:
• a grandeza é o comprimento;
• a unidade de medida ou unidade-padrão é o metro;
• a medida é o número expresso nessa unidade.
Medir é, portanto, comparar grandezas de mesma espécie, ou seja, verificar uma
medida, tendo por base uma escala fixa.

A despeito de todos os avanços tecnológicos, a fita métrica continua sendo a ferramenta fundamental
para a tomada de medidas.
© Jakub Krechowicz/123RF

Entendendo a ficha de corte


Retomando o preenchimento das fichas, a depender de como se organiza o trabalho
em cada confecção, você poderá receber a ficha de corte já preenchida ou terá de
preenchê-la. De qualquer forma – seja para preencher adequadamente a ficha, seja
somente para interpretá-la corretamente –, é necessário que você conheça todo o
processo descrito.
É importante saber que o estudo de encaixe:
• indicará o número de peças a serem distribuídas no tecido. Lembre-se de que não
necessariamente os moldes serão da mesma peça; por exemplo, poderão ser apenas
de um lado da blusa. A distribuição dos moldes ocorre de forma a melhor apro-
veitar o tecido e, por essa razão, você poderá distribuir peças diferentes para o
corte na mesma folha do tecido;
• fornecerá a medida do risco, isto é, aquela que se situa entre a direção do fio e o
comprimento do risco;
• determinará a quantidade de tecido a ser usada para cada peça, ou seja: tome a
medida do risco e divida-a pela quantidade de peças a ser distribuída por folha
e, assim, obterá a quantidade necessária.

52 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Atividade 2
E xercite o uso de fórmulas

1. Com a ajuda de uma calculadora, calcule o consumo


médio de tecido por peça em metro. Antes de iniciar,
anote a fórmula que você vai utilizar e, em cada exer-
cício, anote as etapas para chegar ao resultado final.
a) Comprimento do risco = 10 m.
Número de peças riscadas = 9 peças. Para calcular o consumo médio
de tecido por peça, utilize
a seguinte fórmula:
Consumo médio por peça = comprimento do risco ÷ número
de peças riscadas
E, para calcular o consumo
b) Comprimento do risco = 8 m. total de tecido, você poderá usar
uma das duas fórmulas:
comprimento do risco × número
Número de peças riscadas = 9 peças. de folhas do enfesto
ou
consumo médio de tecido por peça ×
Consumo médio por peça = total de peças a serem produzidas

2. Calcule, agora, o consumo total de tecido, conside-


rando os seguintes dados:
• comprimento do risco = 14 m;
• quantidade de peças que devem ser produzidas = 120
camisas;
• número de camisas indicado no estudo de encaixe
aprovado (ou peças riscadas) = 4. Você sabia?
Algumas confecções uti-
Note, nesse caso, que você precisará utilizar duas fórmu- lizam na ficha de corte um
campo no qual já se en-
las para concluir o exercício. Anote essas fórmulas e as contram as informações
etapas percorridas para chegar ao resultado final. Quan- sobre os cálculos feitos
nessa atividade.
do acabar, confira o resultado com a classe.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 53


Métodos de enfesto
Ainda antes de mostrar de que forma, na prática, faz-se o enfesto, é importante que
você conheça as diferentes possibilidades de organizar as camadas de tecido. A es-
colha de qual método utilizar depende basicamente:
• das características do tecido – se ele tem direito e avesso, por exemplo, ou se a
trama tem um dado sentido que determine o lado do corte;
• dos modelos – se há ou não simetria.
Há três métodos principais de enfesto:
• enfesto par (também chamado “zigue-zague” ou “acordeão”): é um tipo de
enfesto em que as folhas do tecido são dispostas, alternadamente, direito com
direito e avesso com avesso,Direito
condizente com um movimento de vai e volta do
tecido. Esse tipo de enfesto é feito com rapidez, mas só pode ser utilizado
quando for indiferente, paraAvesso
a peça do vestuário, o tecido ser cortado pelo lado
direito ou avesso;
Ilustrações: © Hudson Calasans

Direito

Avesso

• enfesto ímpar (também chamado enfesto único): as folhas de tecido são dis-
postas todas em uma só posição, sempre com o mesmo lado (direito ou avesso)
para cima. Trata-se de um processo mais demorado já que, depois que cada
folha é enfestada, se volta para a extremidade de origem para enfestar a próxi-
ma. Deve-se usar obrigatoriamente esse tipo de enfesto quando os moldes são
assimétricos;

Direito

Avesso

54 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Direito

Avesso
• enfesto direito com direito em sentidos opostos:
trata-se de um tipo de enfesto no qual as folhas de
tecido são todas dispostas na mesma posição (ou seja,
com o mesmo lado para cima, como no enfesto ímpar),
mas em sentidos contrários. O corte de veludo, por
exemplo, exige o uso desse tipo de enfesto, pois tecidos
que apresentam essa textura demandam cuidados ex-
tras para o corte, caso contrário, depois de costuradas,
as partes de uma mesma peça têm aparência diferente.

© Hudson Calasans
Direito

Avesso

No momento do enfesto, é fundamental que o cortador saiba distin-


guir o lado direito do lado avesso do tecido. Veja, a seguir, como se
pode fazer essa distinção:
• pelo brilho do tecido – tecidos sedosos apresentam um brilho
maior no seu lado direito do que no avesso, principalmente quan-
do são observados próximos da luz;
• pela ourela – o nome do fabricante pode aparecer de duas formas
na ourela: estampado ou bordado. Quando o nome do fabrican-
te vem estampado, o lado da estampa é o avesso. Quando o
nome do fabricante vem bordado, esse lado é o direito;
• por meio do tato – o lado mais liso de um tecido é o lado direi-
to; o lado mais áspero é o avesso;
• pela observação do entrelaçamento dos fios – na maior parte
dos tecidos, o fio do urdume é visível no lado direito e os fios da
trama são mais aparentes no avesso. Você poderá usar uma
lente de contar fios ou lupa conta-fios para identificá-los;
• por meio da estampa – geralmente, as estampas dos tecidos
são mais fracas no lado avesso, já que as tintas utilizadas, nor-
malmente, não ultrapassam o tecido.

Além desses três métodos, há situações que exigem outros


tipos de enfesto específicos. Uma dessas situações é o
enfesto de malhas. Embora a disposição das folhas pos-
sa obedecer qualquer uma das ordenações anteriores, no
caso das malhas tubulares, devem-se colocar duas folhas
Em caso de dúvida, consulte sempre
de tecido a cada vez. o encarregado do setor!

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 55


Outra situação específica diz respeito ao enfesto com altura variável ou em
escada, também conhecido como enfesto escalonado, que é usado quando o
estudo de encaixe prevê o corte de quantidades diferentes de cada peça.
© Hudson Calasans

É possível fazer uma associação entre os tipos de molde, tipos de encaixe e métodos
de enfesto mais comuns (par ou ímpar), utilizados para a maioria dos tecidos.
Dessa forma, os moldes simétricos, aqueles relativos à mesma peça de uma roupa,
como frente e costas de uma camiseta ou punhos de uma manga, permitem qualquer
tipo de enfesto. Já os moldes assimétricos, que são aqueles que, como o próprio nome
diz, se referem a moldes que têm medidas diferentes, só permitem o encaixe par e
o enfesto ímpar, também chamado único.

Como enfestar
Definido o método de enfesto adequado a cada caso, e considerando o estudo de
encaixe, o risco e as indicações da folha de corte, você poderá, agora sim, iniciar o
trabalho de enfesto.
Mas como fazer isso? Há basicamente três formas:
• manualmente;
• com uma enfestadeira manual;
• com uma enfestadeira automática.

56 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


No primeiro caso – enfesto manual (sem o uso de enfestadeira) –, são necessárias
duas pessoas para manipular o tecido, que é trazido, folha por folha, de uma extre-
midade da mesa para o local do enfesto.
Para facilitar o trabalho, é utilizado um desenrolador de tecidos, que fica fixado à
mesa, acoplado por meio de dois suportes laterais.

© Paulo Savala
Conforme o tecido vai sendo puxado, ele deve ser preso com a utilização dos cha-
mados grampos de enfesto, compostos de quatro fixadores – um para cada ponta
do tecido enfestado – e duas barras que servem de apoio ao enfesto. Os grampos
garantem que as folhas sejam mantidas umas sobre as outras, sem que se movimen-
tem. Algumas empresas utilizam, ainda, objetos diversos como peso na ponta dos
enfestos. Seu tamanho varia de acordo com o volume do enfesto.
© Hudson Calasans

Ilustração de uma mesa de enfesto manual.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 57


No enfesto manual, a superfície de referência “oficial” do enfestador é a parede, que forma um ângulo
de 90° com a mesa de corte.

© Hudson Calasans

900

Quando são poucas as camadas de tecido enfestadas – isto é, o volume do enfesto


não ultrapassa 15 cm a 20 cm –, esse tipo de grampo pode ser substituído por
prendedores com molas, que abrem e fecham, ajustando-se à altura das folhas.
Usando grampos ou prendedores, é muito importante, do momento do enfesto ao
momento do corte, que todas as folhas sejam mantidas alinhadas e sem se movi-
mentar. Uma boa forma de garantir o alinhamento é fazê-lo por meio das ourelas,
mantendo-as umas sobre as outras.
Fotos: © Paulo Savala

Embora o enfesto feito manualmente seja ainda comum em confecções de pequeno


porte, ele não é um método recomendado para o enfesto de malhas, pois há risco de
deformação do tecido. As malhas, aliás, requerem cuidado especial no momento de

58 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


enfestar: se a tensão usada ao puxar ou prender o tecido
for excessiva, ela pode ficar esticada, desfigurada. Por
outro lado, se a tensão for muito fraca, haverá sobras de
tecido nas camadas.

Máquinas enfestadeiras
Falamos até aqui do enfesto feito manualmente e sem
o auxílio de enfestadeiras. Nas confecções maiores,
porém, o mais comum é encontrarmos esse trabalho
sendo feito com o auxílio dessas máquinas. Elas pos-
sibilitam que o enfesto seja feito de forma bem mais
rápida e melhor, já que as camadas de tecido ficam
mais esticadas e alinhadas.
Há enfestadeiras manuais e automáticas.
As enfestadeiras manuais operam transportando as ca-
Durante o enfesto, não se esqueça de
madas de tecido para o local adequado, por meio de uma realizar a inspeção têxtil, ou seja,
observar se há problemas nos
espécie de carrinho que corre sobre a mesa. Além disso, tecidos: fios soltos, manchas,
sujeiras, pequenos furos etc. Caso os
fazem o alinhamento das ourelas e acertam as extremi- encontre, lembre-se de substituir as
peças após o corte.
dades do enfesto. Existem enfestadeiras manuais para
tecidos planos ou tubulares.
As enfestadeiras automáticas podem ser programadas
e utilizadas para qualquer tipo de tecido. Além do trans-
porte das camadas e alinhamento das pontas, elas cortam
automaticamente as extremidades do tecido.
© Paulo Savala

Enfestadeira automática.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 59


Atividade 3
P raticando o enfesto

1. Em dupla, façam o enfesto de quatro metros de tecido plano, tipo algodãozinho,


com as seguintes características:
a) molde simétrico de saia reta tamanho 40;
b) enfestadeira manual;
c) enfesto ímpar.
2. Agora, se possível, pratiquem o enfesto com as mesmas características em
enfestadeira automática.
3. Com base no resultado, avaliem em qual dos métodos vocês sentiram mais difi-
culdade e repitam o procedimento.
4. Registre em seu caderno essa experiência. Relate como foi o trabalho da dupla,
se sentiram muita dificuldade, se solicitaram a ajuda do monitor, quantas vezes
tiveram de repetir o processo para alcançar um resultado satisfatório, se precisa-
rão treinar mais etc.

Depois do enfesto
Após colocar todas as camadas de tecido umas sobre as outras (procedimento
conhecido como “enfestar” ou “estender”), o cortador deve colocar o estudo de
encaixe (também chamado “risco marcador”), realizado anteriormente, sobre o
enfesto.
O risco, nesse momento, deve ficar bem fixado. Caso contrário, os cortes ficarão
desiguais.
Ainda antes de iniciar o corte, uma das atividades do responsável pelo enfesto é a
produção de um relatório no qual deve constar a quantidade de peças que será
cortada por cor e tamanho e de pacotes que serão enviados à produção. Trata-se
do preenchimento completo da ficha de corte, sobre a qual falamos no início da
Unidade. Antes de continuar, reveja a ficha e, se você tiver dúvidas sobre como
preenchê-la, procure saná-las com o monitor.

60 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Unidade 9
O trabalho do cortador:
corte e separação
Feito o enfesto, chegamos, enfim, à hora do corte. Nesse mo-
mento, cabe ao trabalhador:
• contar o número de folhas e conferir a grade de tamanhos na
ordem de fabricação;
• rechecar se está tudo de acordo, antes de iniciar o processo;
• efetuar o corte das peças;
• informar para a área de planejamento da empresa o consumo
total de tecido;
• devolver as sobras de tecido à área de almoxarifado, que guar-
da as matérias-primas das confecções, bem como os materiais
de consumo que a empresa utiliza na produção;
• liberar as peças cortadas para a área de preparação, que fará
a montagem e costura das peças de vestuário.
Mas como se dá o processo de corte?
Há, basicamente, duas possibilidades: corte manual e corte
mecanizado. Vamos ver a seguir cada um desses métodos.

Corte manual
O corte manual é aquele realizado com tesouras e indica-
do apenas para pequenos volumes de peças, quando se
enfesta duas ou três folhas de tecido de cada vez.
Ele é usado, principalmente, quando se vai fazer uma peça-
-piloto (modelo para as demais peças) ou em oficinas de
costura que produzem poucas peças de cada modelo.
Não use a tesoura de tecido para Para o corte manual, você poderá usar tesouras de dife-
cortar os moldes de papel, pois ela
perderá o fio de corte. rentes tipos. Veja algumas delas a seguir.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 61


Tesoura de corte ou tesoura de alfaiate
Fotos: © Paulo Savala

Facilita o processo de cortar o tecido seguindo o molde, pois seu pegador é um


pouco mais elevado que as lâminas.

Tesoura comum

Apresenta tamanho menor que a de alfaiate. Essa tesoura deve ter um bom corte e,
de preferência, deve ser grande, pois isto facilita o trabalho.

Tesoura de picotar ou zigue-zague

Essa tesoura é indicada para cortar tecidos muito finos, como a seda e outros
semelhantes, pois impede que eles desfiem. É também indicada para cortar teci-
dos muito grossos, difíceis de cortar com outro tipo de tesoura, como o vinil e
semelhantes.

62 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Tesoura microsserrilhada
Essa tesoura, apesar de parecer uma tesoura comum, quando observada com as
lâminas abertas, tem serrinhas menores que as da tesoura de picotar. É melhor para
cortar os tecidos muito finos e leves como a seda, o voal etc.

Tesoura para arremate

© Paulo Savala
Essa é uma tesoura indispensável para o cortador, pois facilita a tarefa de dar aca-
bamento em cortes de tecidos e roupas.

Como cortar

1. Dependendo da parte dos moldes que você vai cortar, antes de começar o traba-
lho, verifique se o tecido precisa ser dobrado.
2. Apoie os moldes sobre o lado avesso do tecido.
3. Prenda os moldes no tecido com alfinetes. Cuidado para não deixar os alfinetes
perto das bordas dos moldes, para não cortá-los e correr o risco de estragar a
lâmina da tesoura ou da faca da máquina de corte.
4. Risque o tecido com o giz de alfaiate ou outro material apropriado, fazendo dois
riscos: o primeiro rente ao molde e outro com as margens da costura, se for o caso.
5. Segure o molde com uma das mãos para garantir que o risco está sendo feito o
mais próximo possível das bordas.
6. Corte o tecido seguindo o risco das margens de costura, seja com a tesoura apro-
priada ou com a máquina de corte, com cuidado para não deformar o tecido.
7. Ao cortar, tome os cuidados necessários para evitar acidentes, conforme explica-
do na Unidade 4 do Caderno 1.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 63


Para evitar que a peça fique com as marcas do risco, sempre corte do lado de dentro do risco.
© Paulo Savala

Atividade 1
P ratique o corte

1. Utilizando os tecidos riscados na Atividade 3 da Unidade 7, corte-os com o tipo


de tesoura adequada e tomando os cuidados necessários.
2. Compartilhe com os colegas suas impressões, dificuldades e facilidades ao reali-
zar a atividade.

Corte mecanizado ou com o uso de máquinas


Nessa modalidade de corte, o cortador deve estar particularmente atento à utiliza-
ção do maquinário adequado para fazer os diferentes tipos de corte. É sobre isso
que falaremos a seguir, apresentando os diferentes tipos de máquina de corte e suas
principais características.

Máquina de corte vertical


Trata-se da máquina mais comumente usada para cortes em confecções, podendo
utilizar facas de seis, oito ou dez polegadas.

64 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


É utilizada, em geral, para o corte de grandes quantidades de tecido; ou seja, para
enfestos altos, com muitas folhas. Ela permite cortar qualquer tipo de enfesto, e faz
cortes retos ou em curvas.

Fotos: © Paulo Savala


A indústria de confecção emprega prioritariamente a faca comum, pois é a mais
indicada para o corte de tecidos.
Usando a máquina de corte vertical
Para operar esse tipo de máquina, você deve segurar a manopla, mantendo o pole-
gar próximo ao botão de liga-desliga. Desse modo, você poderá desligá-la a qualquer
momento e de forma rápida.
Lembre-se: todo o cuidado é pouco sempre que operamos máquinas ou ferramentas
com capacidade cortante. É preciso conhecer bem os riscos e saber preveni-los,
evitando, dessa forma, acidentes de qualquer natureza.
Enquanto uma de suas mãos segura a manopla, a outra deve ficar apoiada sobre o en-
festo, próximo ao local onde o corte estiver sendo feito, para ajudar a orientá-lo.
Ao terminar o corte, desligue a máquina, certificando-se de que o movimento da
faca cessou por completo. Em seguida, desconecte-a da tomada. Assim, mais uma
vez, você estará prevenindo acidentes e contribuindo para a redução do consumo
de energia elétrica.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 65


Máquina de disco (ou de lâmina redonda)
Por ter a lâmina em forma de disco, esse tipo de máquina é usado, principalmente,
para situações em que o corte deve se dar em linha reta e para enfestos pequenos.
Para operar esse tipo de máquina, deve-se segurar a manopla com uma das mãos e
manter a outra sobre o enfesto, da mesma forma como foi visto na máquina de
corte vertical. Nesse caso, porém, você deverá colocar um pouco mais de força para
manter a máquina e o enfesto na posição desejada, pois a rotação do disco pode
puxar o tecido, tirando-o do lugar.
Fotos: © Paulo Savala

66 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Há também um tipo de máquina mais leve e própria
para cortar pequenas quantidades de tecido, conhecida
como máquina de corte tipo “bananinha”.

Máquina de serra de fita


Diferentemente das anteriores, esse tipo de máquina fica
fixada em um dos lados da mesa de enfesto e opera com
Por razões de segurança, lembre-se
uma lâmina circular ou vertical. de manter suas mãos longe da serra
de fita, e verifique se o bloco do
enfesto está devidamente preso.
A mesa da máquina de serra de fita é fixa, só as peças Uma de suas vantagens em relação
às outras máquinas é facilitar o corte
encaixadas para o corte são movimentadas pelo cortador. de cantos. Além disso, ela realiza o
corte de pequenas peças, tais como
Ela possui furos aos quais é acoplado um sistema pneu- lingerie (fala-se “langerri”) e biquínis.
Isso porque a largura da faca não
mático, que funciona liberando ar para a mesa e, dessa ultrapassa 2 cm.

forma, reduzindo o atrito dos “blocos de corte” com a


mesa, facilitando sua movimentação sobre a superfície.
É também por esse motivo que usamos o papel kraft no
Fusionadeira a frio/quen-
enfesto: sua superfície lisa faz o bloco deslizar ainda mais te: equipamento utilizado
facilmente sobre a mesa. para fusionar tecidos sin-
téticos a fim de evitar
Os tecidos enfestados e riscados deverão ser levados até deslizamento de partes
pequenas das peças cor-
o local onde está a máquina de serra de fita. Para fazer tadas. Indica-se o uso
isso, use ambas as mãos. Antes, divida o enfesto em par- dessa máquina para tac-
tes menores (chamamos blocos) e prenda-as com grampos tel, poliéster e tecidos fi-
nos. É indicado também
próprios ou fusione-as com máquina própria para esse para o posicionamento de
fim. Dessa forma, você garantirá que as folhas de tecido bolsos, em vez da técnica
de risco manual, feita com
sejam mantidas umas sobre as outras, sem se deslocar e giz de alfaiate.
evitando cortes errados.
© Paulo Savala

Máquina de cortar a laser


Trata-se de um tipo de máquina mais sofisticado, ope-
rado sem auxílio manual. O encaixe, nesse caso, é feito
por meio de um software – sistema CAD – e o enfesto é
feito automaticamente.
Esse tipo de máquina não possui lâminas nem serra, pois
o corte é feito por meio de laser (fala-se “lêiser”).

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 67


Ainda sobre os procedimentos de corte
A escolha da máquina mais adequada para o corte que será realizado é fundamen-
tal para que o trabalho saia correto. Mas, além disso, há outros procedimentos aos
quais você deve estar atento:
• cortar, em primeiro lugar, as partes pequenas do enfesto;
• observar com atenção as pequenas marcações feitas no molde, pelos modelistas,
que indicam os locais de pences, pregas e outros detalhes. Essas marcações são
conhecidas nas confecções com o nome de “piques”. Verificar tanto o local como
a profundidade dos piques;
• observar, também, as aberturas e marcações feitas manualmente ou feitas à má-
quina;
• verificar mais uma vez, antes de iniciar os cortes, em todas as peças de tecido – da
primeira à última folha do enfesto –, se as medidas estão uniformes.

Separação ou preparação
Nesse momento, as peças do vestuário estão, enfim, cortadas, mas ainda dispostas
sobre a mesa de corte.
© Paulo Savala

CRT_C2_054

68 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


A próxima etapa, também sob responsabilidade do cor-
tador, será separar as partes cortadas, etiquetá-las e or-
ganizá-las em lotes, para que sejam encaminhadas para
a costura.
Durante a separação, é muito importante que você ob-
serve o tamanho, as cores e as tonalidades das peças,
tomando cuidado para não misturá-las. Para evitar que
isso aconteça, use o papel kraft para separar os tecidos
durante o enfesto. Micro e pequenas empresas utilizam Você sabia?
papel-jornal virgem para a separação dos tecidos duran- O papel-jornal é um tipo
de papel fino e de baixo
te o enfesto. custo, utilizado para im-
pressão de jornais.
Cada peça deverá ser etiquetada, com informações sobre:
• tamanho;
• cor;
• referência ou código do modelo.
Para esse trabalho, você poderá fazer uso de etiquetado-
ras, como a apresentada a seguir.

© Paulo Savala

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 69


Após a separação e a etiquetagem, você deverá:

1. Conferir os pacotes com as peças, juntamente com os responsáveis pelo controle


desse procedimento.
2. Conferir as fichas de produção e anexá-las aos respectivos pacotes.
3. Liberar os pacotes para o setor de costura.

70 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


U n i d a d e 10
Trabalhando por conta
própria
Você poderá trabalhar como cortador optando pelo trabalho
autônomo, isto é, trabalhando por conta própria.
O trabalho foi sendo alterado ao longo dos anos. Durante a
história do Brasil e do mundo, nem sempre houve emprego e
trabalho para todos. Como vivemos em um sistema capitalista,
a lógica é: sem dinheiro não se vive, pois não nos alimentamos
corretamente, moramos em condições pouco confortáveis etc.
Uma das alternativas para contornar o desemprego é, muitas
vezes, trabalhar por conta própria. Pensando nessa situação,
vamos discutir como trabalhar de forma autônoma, caso essa
seja sua opção no momento.

Atividade 1
R efletindo sobre o trabalho

Em grupo de cinco pessoas, discutam:


1. Quais são as dificuldades e as facilidades, hoje, para se en-
contrar um emprego com registro em carteira?

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 71


2. Quando há altos níveis de desemprego, quais são as alternativas encontradas
pelos trabalhadores?

3. Participar de um curso de qualificação profissional ajuda na busca pelo trabalho?


Por quê?

4. Quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar por conta própria?

5. Apresentem as conclusões à turma de forma criativa. Um grupo pode demonstrar


as vantagens, e o outro, as desvantagens. Vocês poderão pensar em uma drama-
tização, colagem, confecção de cartazes, música etc.

Vamos, agora, pensar essa situação aplicada à ocupação de cortador nos colocando
na condição de um profissional autônomo. O que preciso saber e fazer para ser
bem-sucedido? Vamos exercitar o que vimos anteriormente.

72 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Atividade 2
C riando seu plano de negócios

1. O que você pretende fazer? Abrir uma oficina de corte industrial? Uma oficina
de corte manual?

2. Como você vai conquistar seus clientes?

3. Como você chegou a essa conclusão? Procure aqui fazer um balanço com você
mesmo, para não realizar uma escolha errada.

4. Quais são as informações que você tem sobre o mercado de trabalho na área em
que pretende trabalhar? Por exemplo, se pretende trabalhar no bairro onde mora,
procure saber se existem confecções na região. Visite algumas e pergunte às
pessoas a quem recorrem para fazer o corte das peças.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 73


5. Quais são os equipamentos necessários para você co-
meçar a trabalhar por conta própria? (Compra dos
equipamentos: maquinaria e material, como tesouras,
giz e canetas especiais, papel etc.)

1. Existe um órgão da Secretaria do 6. Você precisará de empréstimo bancário? Por quê? Para
Emprego e Relações do Trabalho que
concede financiamento a juros baixos quê? Será que você pode solicitar empréstimo ao Ban-
para pessoas que estejam se
iniciando em uma ocupação. Trata-se co do Povo Paulista?
do Banco do Povo Paulista.
Consulte o site (disponível em: <http:/
www.bancodopovo.sp.gov.br>.
Acesso em: 10 jan. 2013) para saber as
condições de financiamento e os
documentos necessários para obter o
empréstimo.
2. Identifique entre amigos, vizinhos
e parentes aqueles que podem ajudá-
-lo a divulgar seu trabalho. Veja se
vale a pena pedir auxílio da
associação de seu bairro ou colocar
um anúncio na internet.

7. Inclua no seu orçamento, além do material e dos equi-


pamentos, o cálculo do valor de sua hora de trabalho
e os gastos com transporte (caso precise se deslocar
até o cliente).
Se você reuniu esse conjunto de informações, já tem
noções sobre a opção de trabalhar por conta própria.
Caso tenha optado pela carreira autônoma, terá de criar
seu orçamento e não poderá esquecer-se de nada para
não sair perdendo.

74 A rco Oc upacio nal V e s t uá r i o C o r t a d o r 2


Atividade 3
Fazendo seu orçamento

1. Vamos fazer um “jogo de faz de conta” sobre sua nova


ocupação. Celso resolveu ser cortador de tecidos, co-
meçando a carreira em um bairro de classe C. Vamos
ajudá-lo a elaborar o orçamento e definir quanto ele
Você sabia?
vai cobrar para cortar calças jeans?
Segundo pesquisa do CPS/
Equipamentos necessários Custos FGV, pertencem à classe
C as famílias cuja renda
fica entre R$ 1 734,00 e R$
7 475,00 (dados atualizados
a preços de julho de 2011).
Fonte: NERY, Marcelo (Coord.). De
volta ao país do futuro: crise euro-
peia, projeções e a nova classe mé-
dia. Rio de Janeiro: CPS/ FGV, 2012.

a) Qual será o valor cobrado por um cortador autônomo


no bairro que Celso escolheu?

b) Ele teria outras alternativas para tornar seu trabalho


mais barato e acessível a essa população? Se sim, quais?
Se não, por quê?

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 75


2. Ajude Celso a divulgar seu trabalho. Quais seriam as formas de ele tornar seu
trabalho conhecido no bairro?

3. Que tal criar um anúncio para ajudar Celso a divulgar seu negócio?

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U n i d a d e 11
Revendo seus
conhecimentos
Com esta Unidade chegamos ao fim deste curso. É hora
de rever tudo aquilo que você aprendeu nesse tempo em
que se dedicou à formação básica na ocupação de cortador.
É importante que consiga identificar o que sabe sobre essa
ocupação e que se sinta preparado para buscar uma vaga
no mercado de trabalho, como empregado assalariado em
uma confecção ou em um ateliê de costura.
Nem sempre os anúncios de vagas
para essa ocupação no mercado de Atuar como profissional autônomo nessa ocupação é
trabalho especificam o salário
inicial. A maioria dos contratantes mais difícil. Mas nada impede que você utilize o que
prefere combinar o valor na
entrevista de emprego. Por isso, o aprendeu aqui como um primeiro passo para conhecer
melhor a fazer para saber a
estimativa de salário inicial é realizar outras ocupações da área de confecção – como a de mo-
uma pesquisa em confecções ou
fazer uma busca na internet. delagem e costura – e buscar, posteriormente, trabalhar
como autônomo. Nesse caso, não se esqueça de fazer seu
cadastro como microempreendedor individual, que lhe
garante o acesso a alguns direitos previdenciários, como
o da aposentadoria.
Nesta Unidade, o objetivo é auxiliá-lo nessa nova fase de
busca de emprego. Vamos começar retomando o que você
aprendeu.

Atividade 1
R evisite seus conhecimentos

Na Unidade 3 do Caderno 1, Atividade 1, você refletiu sobre


os seus conhecimentos na área da moda, indicando o que
sabia ou não fazer e, na Atividade 3, debateu com seus colegas
sobre o que faz um cortador de roupas. Nesse momento,
propomos que pense novamente sobre esse assunto e liste o
que aprendeu no curso. Essa será a base, tanto para fazer o seu
currículo e buscar inserção no mercado como para identificar
lacunas e buscar novas formas de aprimoramento na ocupação.

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 77


O que diz o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) sobre
o que faz o cortador
Genericamente, está previsto na CBO que você esteja capacitado para as seguintes
atividades:
• planejar o encaixe de moldes manualmente ou por computador;
• encaixar e riscar moldes;
• preparar a mesa de enfesto e realizar o enfesto manualmente;
• cortar tecidos;
• etiquetar e preparar lotes e pacotes das peças já cortadas para a costura.
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).
Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTitulo.jsf>.
Acesso em: 10 jan. 2013.

Se quiser, consulte a Unidade 3 do Caderno 1 para ver com mais detalhes os


conhecimentos necessários à ocupação, de acordo com a CBO, antes de preencher
o quadro a seguir.

O que já O que aprendi O que ainda preciso


sabia fazer no curso aprender

O importante é não ficar parado


Analisando a última coluna do seu quadro, há ainda coisas que você considera
necessário aprender? Sim? Isso é normal e não deve desanimá-lo. Parte dos conhe-
cimentos sobre a ocupação você aprenderá na prática, com a experiência. Outra

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parte você vai adquirir estudando mais, fazendo novos cursos, informando-se das
mais diversas maneiras.
Assim, planeje o que fará para dar sequência a seu aprendizado e como ampliará
seus conhecimentos na área de corte:
• voltando a estudar;
• procurando um novo curso nessa área;
• lendo revistas ou livros especializados;
• procurando na internet mais informações sobre as práticas de corte.
Só você poderá escolher o que fazer. Não há uma regra do que é certo ou errado
nessa hora. O importante é não deixar o tempo passar para não perder o ânimo, e
se programar para realizar as atividades escolhidas de forma organizada.
O planejamento é um instrumento que deve ser revisto de tempos em tempos para
não se tornar ultrapassado. Ações e prazos podem, e devem, ser sempre atualizados.
Não adianta prever muitas ações difíceis de serem executadas. A chance de você
desanimar, nesse caso, é muito grande.

Atividade 2
P laneje seus próximos aprendizados

Para fazer o seu planejamento, utilize o quadro a seguir.

O que fazer? Por quê? Como? Quando?

Cortador 2 A rco O c u pac i on a l V e s t uá r i o 79


Prepare-se para o mercado de trabalho
Além de aprimorar seus aprendizados, é importante preparar-se para obter um lugar
no mercado de trabalho. Para iniciar a procura por trabalho, é bom deixar seus
documentos organizados e fazer seu currículo.
Para montar o currículo, comece organizando documentos que comprovem tudo o
que você sabe fazer ou já fez e que esteja relacionado com a área em que você pre-
tende atuar. Ou seja, mesmo que você nunca tenha atuado na área de corte, pense
em trabalhos – mesmo informais – que você tenha feito e que envolveram costura,
modelagem, desenho de roupas etc.
Esses documentos, assim como uma cópia de seus documentos pessoais, devem ser
colocados de forma organizada em uma pasta. Ela serve para sua apresentação nos
locais onde você vai procurar emprego e deve conter:
• comprovação de sua escolaridade formal – diplomas;
• certificados de cursos que você fez – incluindo este;
• comprovação de suas experiências de trabalho, que podem incluir registros infor-
mais, declarações, fotos etc.;
• cartas de recomendação.
No currículo, você vai elaborar um resumo de tudo o que já fez, tudo o que sabe e
o que pretende fazer. Antigamente, os currículos eram longos, e todas as informações
constantes neles eram muito detalhadas. Atualmente, eles são curtos e objetivos.
Vão direto aos assuntos e, de preferência, ressaltam os conhecimentos e as práticas
relacionados à ocupação ou ao cargo que a pessoa pretende.
Os dados que sempre devem constar de um currículo para tornar sua apresentação
mais adequada são:
• nome;
• dados pessoais – inclua apenas seu endereço completo. Não precisa colocar data
de nascimento, idade, nem estado civil. Essas informações só devem aparecer se
forem importantes para o cargo ou função que você tem intenção de ocupar;
• objetivo, ou seja, a vaga em que você está interessado;
• conhecimentos e práticas mais adequados ao trabalho pretendido;
• histórico profissional, isto é, os trabalhos que você já teve. Se você não teve em-
prego formal, escreva: “Principais experiências”. Siga a ordem cronológica inversa:

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comece pelo mais atual e siga em ordem até o mais
antigo;
• escolaridade e cursos, lembrando que, nesse item, vale
qualquer curso que você tenha frequentado – de idio-
mas, computação, oficinas de qualificação profissional
relacionadas às suas áreas de interesse etc.;
• trabalhos voluntários, passatempos e áreas de interesse;
• data (o dia, mês e ano de elaboração do currículo);
• assinatura.

Atividade 3
C omo fazer um currículo

1. Com base nas instruções anteriores, elabore uma pri-


meira versão de seu currículo, escrevendo as informa-
ções principais.

Você pode recordar como preparar


arquivos no computador voltando ao
Caderno do Trabalhador 3 –
Conteúdos Gerais – “ABC da
Informática”.
Disponível em: <http://www.viarapida.sp.
gov.br>. Acesso em: 10 jan. 2013.

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2. Troque ideias com os colegas e o monitor do curso, verificando se há alguma
mudança a fazer.
3. Agora, no laboratório de informática, digite e formate o seu currículo no com-
putador, deixando-o bem apresentável para que seja enviado a possíveis empre-
gadores.

Última etapa
A última etapa a enfrentar é a entrevista ou seleção para o emprego que você pre-
tende.
Ao procurar uma confecção, é provável que você tenha de fazer uma entrevista, na
qual pode ser necessário contar alguns aspectos de sua vida além de sua experiência
profissional.
Veja algumas regras que poderão ajudá-lo:
• informe-se antes sobre a empresa: onde é, como se organiza, quantas pessoas
trabalham nela etc.;
• chegue sempre um pouco antes da hora marcada, cerca de 15 minutos;
• leve seu currículo;
• desligue seu celular e jogue fora balas ou gomas de mascar;
• mantenha-se calmo;
• exponha com clareza o que sabe fazer na área de costura e fale também um
pouco sobre suas atitudes e seu jeito de ser;
• mostre-se confiante com relação ao que sabe, mas não queira parecer mais do que
é. Seja honesto em dizer que não sabe a respeito de algo que lhe seja perguntado.
Uma última dica: há ocasiões em que as coisas não dão certo de primeira. Nesse
caso, não desanime. Mantenha a confiança e procure outras oportunidades.

Boa sorte!

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via rápida emprego

Com os tecidos à mão


Do que e como são feitos os tecidos
O trabalho do cortador: encaixe e risco
O trabalho do cortador: enfesto
O trabalho do cortador: corte e separação
Trabalhando por conta própria
Revendo seus conhecimentos

www.viarapida.sp.gov.br

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