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XXI ENCUENTRO DE LA RED ULACAV

23, 24 e 25 de Setembro de 2015 – San Juan, Argentina


"Estrategias pedagógicas para el aprendizaje del hábitat y la vivenda”

A questão da habitação social no ensino de projeto integrado


ao desenho urbano
Profa. Ms. Catharina Cristina Teixeira, Profa. Dra. Denise Falcão Pessoa, Profa. Ms.
Giselly Barros Rodrigues, Profa. Ms. Mariana Cicuto Barros, Prof. Dr. Rogerio
Akamine, Profa. Dra. Solange de Aragão, Prof. Ms.Vinícius Luz de Lima
Catedras: Projeto Arquitetônico VI e Desenho Urbano - Universidade Nove de Julho -
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - São Paulo/ Brasil
e-mail autores: catharinateixeira@uninove.br; pessoa@uninove.br;
giselly@uninove.br; marianacicuto@uninove.br; rogerio.akamine@uninove.br;
solangelima@uninove.br; viniciusluzdelima@uninove.br
Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados da prática realizada na disciplina
de Projeto VI da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Nove de
Julho (São Paulo - Brasil), cujo tema é Habitação de Interesse Social e a integração
com a disciplina de Desenho Urbano, destacando a interdisciplinaridade e um olhar
sobre a problemática que envolve a arquitetura, a questão social e o espaço da
cidade. A área de intervenção adotada é um recorte do perímetro da Operação Urbana
Consorciada Água Branca, onde há a presença de conjuntos habitacionais
remanescentes de períodos anteriores da política pública habitacional da cidade de
São Paulo. Foram abordadas questões como a relação entre volumes com os
conjuntos existentes, a ocupação da quadra e a relação entre cheios e vazios, uso
público e privado, a recuperação de questões ambientais, a qualidade da paisagem e
a necessidade de se considerar as questões sociais locais, evitando a gentrificação.
Os alunos foram incentivados a refletir e intervir na prática projetual das disciplinas,
adotando como embasamento teórico textos de Kevin Lynch, Christian de
Portzamparc, Richard Rogers e Nabil Bonduki – e referências de projetos
habitacionais contemporâneos para relacionar o projeto de Habitação Social com as
diretrizes de ocupação do solo e da paisagem desenvolvidas em Desenho Urbano.

Introdução

O tema da habitação social tem ganhado importância nos últimos anos, no Brasil, com
os avanços das políticas públicas pós 2008, com programas de incentivo a construção
de moradias populares para famílias de baixa renda, como o Programa Minha Casa
Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento com foco na urbanização de
assentamentos precários.
Este panorama de crescimento econômico tem propiciado aos jovens profissionais e
aos estudantes de arquitetura empregabilidade, o que colabora no interesse dos
alunos em participar e interagir com o tema, colocando-os em contato com a
informalidade e ilegalidade diante da complexidade urbana de uma cidade, como São
Paulo, na periferia do capitalismo global, realidade, muitas vezes não tratada no
mundo da arquitetura e do urbanismo na graduação.
A disciplina de projeto arquitetônico evolui no eixo vertical do curso em complexidade
projetual, e na integração horizontal com as demais disciplinas do semestre, sendo o
sexto semestre, onde o tema de projeto arquitetônico é habitação social – o primeiro
semestre que integra o projeto da edificação com o entorno urbano abordado na
disciplina de desenho urbano e com a disciplina de sociologia urbana, que subsidia o
conhecimento com a abordagem social da cidade.
O projeto arquitetônico da habitação social, não se diferenciaria dos demais
semestres, se não fosse o aspecto intrínseco ao tema: o problema econômico, social e
político no qual se insere, imprimindo no urbano suas contradições. Em uma cidade
como a capital paulista onde 34% da população vivem na precariedade, em
assentamentos informais, a abordagem do uso habitacional e a morfologia urbana,
não pode ser deixada de lado na formação dos futuros profissionais, que terão que se
deparar com esta questão como arquitetos e também como cidadãos.

Área de intervenção

A escolha da área de intervenção deveria atender as necessidades didáticas das duas


disciplinas - Projeto e Desenho Urbano - em local de fácil acesso aos estudantes. A
área escolhida apresenta um potencial de estudo especial, pois agrega a
especificidade de uma Operação Urbana Consorciada (OUC), na região da Agua
Branca (Figura 1).
Essa região encontra-se em franca transformação de uso, num bairro originalmente
configurado por ocupação horizontalizada, constituída por galpões de herança fabril,
lindeira à linha férrea e a marginal do Rio Tietê, importante eixo de circulação da
cidade de São Paulo. Com o processo de transformação econômica ocorrido no
mundo globalizado, ao longo dos últimos 40 anos, a região tornou-se central mas seu
uso industrial perdeu sentido.
Em 1995 foi aprovada a lei 11.774 que instituiu a Operação Urbana Consorciada Água
Branca (OUCAB), iniciando os estudos para implementação dos estudos urbanísticos
e econômicos em 2007/08.

Figura1- Perímetro da OUC - Agua Branca

Desde então, tem ocorrido um intenso processo de transformação do bairro, mesmo


com a implementação parcial da OUCAB, dando frente a novas ocupações que
promovem o adensamento residencial e de serviços, fruto do incentivo do poder
público na concessão de aumento do potencial construtivo e da pressão do capital
financeiro e imobiliário atuantes na valorização da terra. Este fato tem promovido a
gentrificação e expulsão da população de baixa renda residente nos cortiços ou em
assentamentos precários remanescentes do bairro.
Nos Planos Regionais Estratégicos da cidade de São Paulo de 2004 e no Plano
Diretor Estratégico de 2014, foram demarcadas, na gleba de estudo, áreas para
habitação de interesse social, definidas na lei como ZEIS (Zonas Especiais de
Interesse Social) cujas características variam segundo suas especificidades.

Figura 2 - ZEIS demarcadas na área de intervenção das disciplinas Projeto VI e


Desenho Urbano. Fonte: Plano Diretor Estratégico, PMSP, 2014.

O novo projeto da OUCAB apresenta diretrizes de transporte coletivo e mobilidade não


motorizada, a inclusão e diversidade social, o adensamento construtivo e populacional
com uso misto, ordenamento e valorização da paisagem, melhorias ambientais e na
infraestrutura. No que se refere a inclusão e diversidade social, as diretrizes buscam
viabilizar a construção de Habitação de Interesse Social-HIS com empreendimentos
que atendam a diferentes demandas, referentes tanto ao tamanho das unidades
habitacionais quanto ao atendimento das diversas faixas de renda.

A integração com a disciplina de Desenho Urbano

A complexidade das metrópoles na contemporaneidade impõe uma reformulação de


conceitos de como conceber espaços e ordenar as transformações urbanas, uma vez
que as recentes mudanças da sociedade alteram o planejamento e a gestão das
cidades.
Dada essa complexidade, existe uma dificuldade para compreender a metrópole como
um todo, identificar os fatores que causam degradação de algumas áreas enquanto,
concomitantemente, ocorre o florescimento de outras. Somada a essa dificuldade, há
também uma demanda para que a cidade contemporânea seja pujante e ofereça boa
qualidade nos espaços públicos, reduza o tempo de deslocamento, sendo acessível a
pessoas com mobilidade reduzida, expectativas que devem ser contempladas nos
Projetos de Desenho Urbano.
Sabe-se que o Desenho Urbano tanto possibilita a elaboração de loteamentos para
terrenos ainda não ocupados, como a requalificação de áreas degradadas da cidade,
considerando-se, em ambos os casos, o traçado, a dimensão e o desenho das
quadras e lotes, a volumetria edificatória pretendida, o uso dos edifícios, a distribuição
da vegetação, a possibilidade de criação de praças e parques, os recuos definidores
de características da paisagem, a constituição de monumentos e marcos, o desenho
do mobiliário urbano, a demanda por determinados equipamentos, bem como
questões sociais, políticas e históricas, entre tantos outros aspectos relevantes.
Sendo a requalificação de trechos da área urbana de grande interesse para os alunos,
seja pela análise que suscita, seja pelo olhar crítico sobre o urbano que provoca, é a
linha comumente adotada na disciplina, abordando-se basicamente os mesmos
tópicos ou elementos morfológicos do trabalho com loteamentos, muito embora pelo
viés da requalificação urbana.
O aluno é convidado então a responder as seguintes questões: “O que eu posso fazer,
como futuro arquiteto e urbanista, para melhorar a cidade ou trechos da cidade onde
eu vivo? Que aspectos históricos, políticos, sociais e urbanísticos devem ser
considerados na minha proposta? Quais são as questões atuais concernentes à
revitalização ou requalificação urbana? Em que situações é viável trabalhar com uso
misto, fachada ativa ou quadra aberta? Como evitar o processo de gentrificação,
muitas vezes resultante das próprias melhorias da paisagem e do lugar?”. Para isto,
há uma série de aulas teóricas que garantem o embasamento necessário a essas
discussões, cujo conteúdo abrange desde o conceito de Desenho Urbano até a crítica
de Jane Jacobs à cidade moderna, a leitura da cidade proposta por Kevin Lynch e a
defesa da quadra aberta por Christian de Portzamparc. A prática do Desenho Urbano
deve somar às análises e diagnósticos tradicionais, baseados nos levantamentos de
uso do solo, gabaritos das edificações, estado de conservação dos imóveis, hierarquia
do sistema viário, etc., valores subjetivos da experiência urbana. Assim como a cidade
contemporânea, o Desenho Urbano atual não pode ser linear e se apoiar em uma ou
outra teoria, mas deve buscar soluções projetuais com princípios que tratem da
melhoria da qualidade urbana em suas diversas abrangências: sociais, econômicas e
ambientais. A complexidade das cidades faz com que o exercício do projeto seja
baseado no reconhecimento das frequentes mutações ocorridas na sociedade de risco
onde o projeto não é um desenho final, e sim um veículo para discussões de novas
transformações.
A integração com a disciplina de Projeto Arquitetônico ocorre não apenas pela
localização do terreno do Conjunto Habitacional na área de intervenção urbana de
Desenho Urbano, mas também pelas relações intrínsecas entre a requalificação do
espaço urbano e a produção habitacional.
No primeiro semestre de 2015, adotou-se como área objeto da proposta de
intervenção, para a realização das etapas de diagnóstico, elaboração de diretrizes e
projeto de Desenho Urbano, um trecho do bairro da Água Branca, em São Paulo
(Brasil), delimitado pela Avenida Marquês de São Vicente, a rua Comendador
Martinelli, a marginal do rio Tietê e o córrego (Figura 3), a área trabalhada em Projeto
VI está inserida dentro desta área macro, em frente ao córrego - Rua José Nelo
Lorenzon (Figura 4). Esse bairro de origem industrial, ocupado em sua maior parte por
antigos e recentes galpões em lotes de grandes dimensões que formam quadras
igualmente amplas – especialmente se considerado o percurso do pedestre –, com a
presença marcante de rios e córregos atualmente poluídos e que atualmente passa
por gradativo processo de transformação em função da Operação Consorciada Água
Branca, ainda apresenta espaços degradados e habitações deterioradas em situação
de alta precariedade, que ratificam a necessidade de requalificação.
Figura 3- Foto aérea: Localização da área de intervenção de Desenho Urbano

Figura 4 - Foto aérea: Localização da área de intervenção de Projeto VI

Dentre os trabalhos apresentados pelo alunos, alguns se limitaram à substituição das


edificações existentes por novas, à atribuição de novos usos aos edifícios existentes e
à criação de um parque linear ao longo do córrego, enquanto outros, mais complexos,
propuseram um novo parcelamento para as quadras e lotes associados à volumetria
edificada promotora do adensamento populacional – aumentando-se o número de
residentes na área – a criação de praças e parques e a previsão de equipamentos
sociais como escolas, creches e bibliotecas junto às áreas residenciais, além do novo
traçado viário, a partir do alargamento de ruas e calçadas buscando promover
diversos meios de circulação, conformando, assim, um espaço com o qual a
população pudesse criar relações de identidade, ou seja, um bairro com
características próprias. Independentemente do grau de complexidade alcançado
pelos alunos, esses projetos revelam a reflexão de estudantes de arquitetura sobre a
cidade e sobre a habitação.

Metodologia e Estratégias Pedagógicas

A disciplina Projeto Arquitetonico VI tem como objetivo desenvolver a habilidade


projetual do aluno diante do entendimento das condicionantes legislativas, urbanísticas
e sociais do tema da habitação e criar instrumentos para o desenvolvimento de um
projeto habitacional sintonizado com as diretrizes previstas na intervenção da
disciplina de Desenho Urbano, qualificando os espaços de transição entre áreas de
caráter público, semipúblico (quadra aberta) e privado da unidade habitacional.
Para atingir os objetivos propostos, foram desenvolvidas a apresentação de conteúdo
histórico e referencial e atividades práticas, divididas nos seguintes momentos:

1. Aulas teóricas com conteúdo histórico e referências de projetos habitacionais


internacionais e nacionais e apresentação dos conteúdos da disciplina com
todas as condicionantes do exercício de projeto arquitetônico, tais como
localização do terreno e sua relação com a área de intervenção da disciplina de
Desenho Urbano, número de unidades habitacionais a serem projetadas,
topografia com desnível de no mínimo 1 metro, tipologias habitacionais e
áreas, os usos permitidos (residencial, comercial e institucional), zoneamento
vigente, conjuntos habitacionais existentes no entorno e condicionantes
ambientais em decorrência do córrego existente próximo ao terreno. Teorias
urbanas embasaram a proposta de desenho urbano, apresentando-se
criticamente as premissas projetuais de renovações urbanas, planejamento de
bairros e cidades novas.

2. Visita ao local de intervenção pelos alunos, para o reconhecimento da área e


apropriação das condicionantes apresentadas em sala de aula. Visitas
monitoradas nos conjuntos habitacionais Jardim Edite e Heliópolis Gleba G
(Figura 5 e 6), selecionados como principais referências projetuais para este
semestre. Através das visitas monitoradas foi possível identificar as áreas
comuns e unidades habitacionais nas suas diferentes tipologias. Após a visita,
os alunos, divididos em grupos, apresentaram em sala de aula os pontos
positivos e negativos relacionados aos conjuntos habitacionais visitados, desde
a implantação, passando pelas áreas comuns até as unidades habitacionais.
Na relação conjuntos habitacionais/ entorno, os alunos identificaram as
relações com o sistema viário e a ocupação existente relacionada à paisagem
urbana, dando suporte para o diagnóstico e diretrizes urbanísticas.

Figuras 5 e 6 – Visitas monitoradas Heliópolis Gleba G e Jardim Edite

3. Como continuidade do processo avaliativo, antes da entrega do projeto


individual final, para uma maior apropriação das referências, foi sugerido que
os grupos desenvolvessem intervenções pontuais nos conjuntos habitacionais
visitados, incorporando uma proposta interna a unidade habitacional e outra
externa, contemplando implantação, layout das áreas externas ou aspectos
estéticos (fachada e materiais construtivos). Os grupos apresentaram
propostas para o conjunto habitacional Jardim Edite, em que foi identificada a
falta de equipamentos de lazer em áreas comuns ociosas. Assim, propuseram
intervenções paisagísticas com a instalação de mobiliários, para melhorar o
convívio e utilização do local pelos moradores. Foram propostas também
modificações no layout das unidades habitacionais. No conjunto habitacional
Heliópolis, os alunos também sugeriram intervenções nas áreas comuns
através da implantação de áreas para descanso e estar no pátio de uso comum
com mobiliário, no interior do conjunto. Na área externa foi proposta uma praça
na frente principal e, na parte de uso comercial no térreo do conjunto
habitacional, foi indicado o alargamento da via existente para pedestres e
automóveis, buscando melhorar a integração e convívio dos moradores com os
transeuntes.

Conjunto Habitacional Jardim Edite – MMBB Arquitetos - São Paulo /SP – Brasil

Figuras 7 e 8: Projeto original das áreas comuns

Figuras 9 e 10: Intervenções realizadas pelos alunos

Figuras 11 e 12: Plantas das intervenções nas áreas comuns

Equipe: Amanda de Oliveira Ruiz, Beatriz Vieira, Bianca Maciel Ribeiro Rosa, Bruna
Ribeiro Alves e Ruth de Campos Munhoz (Projeto Arquitetônico VI- Habitação de
Interesse Social – UNINOVE).
Conjunto Habitacional Heliópolis Gleba G - Biselli + Katchborian Arquitetos – São
Paulo/SP – Brasil

Figuras 13 e 14: Projeto original das áreas comuns

Figuras 15 e 16: Intervenções realizadas pelos alunos

Figuras 17 e 18: Intervenções nas áreas comuns: detalhe pergolado e corte da área central.
Equipe: Bianca Barbosa dos Santos, Diana Midori Makabe, Fabio Passos, José
Rodolfo Oliveira dos Reis, Katia Tiemy Martins, Marcio Pereira, Maria Helena Pontes
Rosa, Marta Mendes de Alvarenga, Washington Felipe Gomes Oliveira. (Projeto
Arquitetônico VI- Habitação de Interesse Social – UNINOVE).

4. A partir da apropriação das questões levantadas nas escalas de projeto


arquitetônico e desenho urbano, o aluno iniciou o desenvolvimento do projeto
habitacional de forma individualizada, elaborado com o apoio dos professores
através de atendimentos em sala de aula ao longo do semestre. A entrega do
projeto arquitetônico foi divida em três momentos: Primeira etapa: pré–entrega
(implantação, definição do pavimento tipo, corte esquemático com a volumetria
do entorno); Segunda etapa: entrega do projeto preliminar completo; e Terceira
etapa: maquete volumétrica (Figuras 19 à 22) com a apresentação do
pavimento tipo desmontável, para melhor visualização das unidades
habitacionais e circulação vertical e horizontal. As avaliações pautaram-se em
questões estéticas como fachada e composição volumétrica, materiais
aplicados, estruturação e tratamento do espaço aberto, e a relação com a
volumetria do entorno adjacente e a correlação com as diretrizes da disciplina
Desenho Urbano. Com aspectos urbanísticos identificados os alunos
propuseram soluções de espaços semipúblicos em quadras abertas com
calçadões, ciclofaixas, ciclovias, usos mistos e adensamento construtivo para
diferentes faixas de renda.

Figuras 19 e 20 – Propostas elaboradas para a Disciplina de Projeto VI (maquete)


Alunos: Jorge Henrique Dantas Campos e Melani Lichti Martins

Figuras 21 e 22 – Propostas elaboradas para a Disciplina de Projeto VI (maquete)

Resultados obtidos e conclusão

A experiência pedagógica apresentada neste artigo traz inovações significativas que


podem ser referências para outras disciplinas similares em que o mote seja a
habitação social.
Uma das inovações introduzidas no primeiro semestre de 2015 tinha como objetivo a
familiarização por parte dos alunos com as questões de habitação. Além de vivenciar o
local do projeto, em visitação in loco, algumas referências de projeto tinham sido
implantadas. Ao adentrarem as áreas comuns de edifícios executados, os alunos já
percebiam a tridimensionalidade do espaço e entendiam pessoalmente a relação dos
novos moradores com o ambiente de moradia por meio de depoimentos legítimos. Os
estudantes assimilaram os ganhos de qualidade de vida e as alterações no cotidiano
dos moradores devido à qualidade das habitações do edifício condominial, em
contraponto à precariedade habitacional anterior.
Ao propor alternativas de modificação ao espaço existente, uma na unidade
habitacional e outras nas demais áreas do conjunto, os estudantes puderam
compreender a importância da integração entre esses espaços, naturalmente. O
estabelecimento de relações entre o existente e as proposições em projeto se
apresentou como a etapa mais preciosa e marcante do processo projetual.
Outro avanço, comparado aos semestres anteriores de condução da disciplina, foi a
proposta da maquete ao final do processo. No dia da verificação dos modelos físicos,
após a avaliação dos professores, foi possível realizar uma dinâmica onde aspectos
de projeto puderam ser recuperados, demonstrados e discutidos em três dimensões,
utilizando a produção dos próprios alunos. O trabalho com as fachadas, composição
volumétrica entre os blocos dentro do projeto e a relação com a volumetria do entorno
adjacente tiveram suas relações explicitadas, sem deixar dúvidas das qualidades e
problemas. Um problema recorrente identificado foi a dificuldade em estabelecer a
melhor relação entre a distância entre os edifícios e altura das edificações, trabalhada
principalmente na implantação. Altas torres ou blocos laminares como solução para
dispor as unidades habitacionais tiveram suas implantações facilmente questionados
por conta da falta de distanciamento horizontal. Alguns ajustes e testes no início do
processo de projetação, que solicitava a simulação da volumetria apenas com papel
dobrado, controlando-se o perímetro imaginado, a altura e o posicionamento do
conjunto no lote.
Como condicionante de projeto, as questões de topografia foram introduzidas, e os
alunos deveriam utilizar um desnível construído entre 1,0m a 4,0m dentro do lote. O
que parecia uma limitação foi muito útil para demarcar separações a partir da área
pública e da semipública em relação à área mais privativa dos moradores, adotando-
se em muitos casos como solução a quadra aberta. As unidades localizadas no térreo,
ou áreas de lazer infantil puderam também receber maior privacidade em relação fluxo
de pedestres na área pública.
A presença de um córrego à leste do lote permitiu exercitar a compreensão sobre as
questões urbano-ambientais e as soluções para estabelecer relações espaciais e de
projeto no espaço não edificado, mantendo-se a permeabilidade do solo e interferindo
o mínimo na retirada de vegetação. A proposição de trilhas ao longo do córrego ou
mesmo o uso de deques de madeira com apoios de palafitas no solo para ambientes
de estar nas margens foram soluções adotadas em muitos projetos, superando as
práticas bastante difundidas como a canalização e o tamponamento de córregos,
ainda hoje muito utilizadas em áreas com situações urbanísticas semelhantes.
A estratégia de intervir nos conjuntos habitacionais existentes pelos grupos de alunos
trouxe um melhor reconhecimento da escala projetual. A apropriação da problemática,
através das visitas e reconhecimento da área de intervenção contribuíram para o
desenvolvimento do projeto habitacional individual e aproximou a teoria da prática
projetual. Os resultados das intervenções propostas pelos alunos nos conjuntos
Jardim Edite e Heliópolis serão apresentadas aos moradores, com o objetivo de
aprimorar a leitura da realidade e de contribuir para uma vivência que extrapola as
condições teóricas aplicadas em sala de aula.
REFERÊNCIAS
PALLAMIN, Vera M., Sobre o Ensino e Aprendizagem de Arquitetura e Urbanismo: As
Lições de O Mestre Ignorante”. Caderno Pós- USP n. 22, 2008.
SÃO PAULO (Município). Mapa Zonas Especiais de Interesse Social. Disponível em:
http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/mapa-articulado/. Acesso em 10 jul.2015.
SOUZA, Carlos Leite de. Cognição ambiental e desenho urbano. Dissertação de
Mestrado. São Paulo: FAU-USP, 1997.

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