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EXERCÍCIOS
COMPLEMENTARES
(com cenários de resposta)
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I LÓGICA FORMAL
E X E R C Í C I O S C O M P L E M E N TA R E S
p. 16
1. A partir da imagem, distinga validade de verdade.
Cenário de resposta
A verdade é uma propriedade que diz respeito ao conteúdo material das proposições (premissas e conclusão). A vali-
dade refere-se ao modo como a conclusão é extraída das premissas, isto é, à estrutura formal do argumento. Um argu-
mento pode ser válido mesmo que parte (ou a totalidade) das proposições que o compõem seja falsa e, inversamente,
pode ser inválido ainda que as proposições que o constituem sejam verdadeiras.
p. 16
Lógica no quotidiano
Antes de começar a formação teórica, podemos pôr já o cérebro a trabalhar e recorrer ao bom senso de
todos os dias [à lógica natural] para resolver os seguintes problemas.
1. Disponho de 9 berlindes com o mesmo volume, mas um deles é um pouco mais leve e isso só
pode ser verificado na balança. Disponho de uma balança de 2 pratos e posso fazer duas pesa-
gens. Como fazer para escolher o berlinde mais leve?
2. Considerem-se as casas diante de três centrais (de água, de luz e de eletricidade). Como resolver
as instalações num mesmo plano, sem que os tubos se cruzem?
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3. Num saco estão 10 meias brancas e 10 meias pretas. Quantas meias é preciso tirar para termos a certeza
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de que possuímos um par de meias da mesma cor? E para sabermos se possuímos um par de cores
diferentes?
4. Durante uma exploração, Júlio descobre 3 divindades numa gruta: um é o deus da sinceridade, que
proclama sempre a verdade; outra o deus da mentira, que proclama sempre o falso, e outra é o deus da
diplomacia, que por vezes proclama a verdade e outras vezes a mentira.
Cada deus toma a palavra:
A diz: «B é o deus da sinceridade».
B diz: «Eu sou o deus da diplomacia».
C diz: «B é o deus da mentira».
Afinal quem é quem?
5. O Maurício mente quando diz que mente. Podemos admitir que nessa altura diz a verdade?
P. Thiry, Noções de Lógica, Edições 70, 2010, pp. 11-12 (adaptado).
Cenários de resposta
1. Agrupar os berlindes em 3 grupos de 3. A primeira pesagem (entre grupos) indica o grupo onde se encontra o berlinde mais
leve. A segunda pesagem (entre os 3 berlindes desse grupo) indica o berlinde mais leve.
2. Não há solução. Missão impossível.
3. Meias: 3; 11.
4. A: deus da diplomacia; B: deus da mentira; C: deus da sinceridade.
5. Este género de proposição (autorreferencial) cria uma situação impossível ou paradoxal.
p. 38
1. Complete os silogismos que se seguem de modo a obter silogismos válidos.
Cenários de resposta
(A) Toda a física é ciência.
(B) Todo o homem é canal de televisão.
(C) Alguns feministas são parte da humanidade.
(D) Nenhum ateu é crente em Deus.
(E) Toda a lei científica é verdade absoluta.
(F) Nenhuma verdade é útil.
p. 40
1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
(A) Ao lado da lógica científica existe uma lógica natural, que quotidianamente usamos para
raciocinar.
(B) A lógica formal avalia o modo como a conclusão de um argumento indutivo é extraída das
premissas.
(C) Um argumento pode ser constituído por uma ou mais premissas, mas apenas por uma única
conclusão.
(D) A conclusão do argumento «Porque as galinhas não têm dentes e os seres humanos têm-nos,
infere-se que as galinhas não são seres humanos» é «As galinhas não têm dentes».
(E) «Faz sol», «Não gosto de futebol», «Paris é a capital da Rússia», «Se estamos no outono, as
folhas caem» são exemplos de proposições.
(F) As frases «Tens de ajudar mais!», «Sabes quem ganhou o jogo ontem?», «Queria tanto que não
chovesse amanhã» são exemplos de proposições.
(G) As proposições possuem valor de verdade, os argumentos, pelo contrário, não.
(H) Das proposições dizemos que são válidas ou inválidas; dos argumentos que são verdadeiros ou
falsos.
(I) A verdade refere-se ao conteúdo de uma proposição; a validade à forma como a conclusão é
extraída das premissas.
(J) A virtude essencial de um argumento dedutivo passa por a conclusão se seguir necessária e logi-
camente das premissas.
(K) A forma lógica de um argumento é a sua estrutura, que pode ser partilhável com outros argu-
mentos ou inferências.
(L) O argumento «Todos os seres humanos observados até hoje são bípedes implumes; logo, o pró-
ximo ser humano que observar deverá ser bípede e implume» é um argumento dedutivo.
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(M) O argumento «Eu sou um bípede implume; os bípedes implumes são racionais; logo, eu sou
racional» é um argumento não dedutivo.
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(O) A lógica aristotélica ocupa-se de um tipo particular de proposições – a chamada proposição
categórica.
(P) O termo «Aristóteles» tem maior extensão e menor compreensão do que o termo «Filósofo da
Antiguidade».
(Q) As proposições «Os racionalistas são defensores da experiência» e «Os empiristas são defenso-
res da razão» são proposições universais afirmativas.
(R) Nas proposições «Os racionalistas não são defensores da experiência» e «Os empiristas não são
defensores da razão», o sujeito está distribuído, mas o predicado não.
(S) As proposições «Platão foi um importante filósofo ateniense» e «Descartes foi um filósofo
racionalista» devem ser por nós classificadas como proposições particulares afirmativas.
(T) As proposições «Certas teorias são falsas» e «Existem teorias que não são verdadeiras» são
ambas proposições particulares, mas a primeira é afirmativa e a segunda é negativa.
(U) Um silogismo categórico pode ter mais do que duas premissas e mais do que três termos.
(V) O termo maior de um silogismo é sujeito da conclusão, enquanto o termo menor é predicado da
conclusão.
(W) Quando o termo médio não está distribuído em nenhuma das premissas incorre-se na falácia do
termo médio não distribuído.
(X) O silogismo «Alguns jornalistas são repórteres de guerra; alguns jornalistas são destemidos; os
repórteres de guerra são destemidos» é válido.
(Y) O silogismo «Os bons livros são objetos úteis; os objetos úteis são preciosos; os bons livros são
preciosos» é do modo AIA.
(Z) O silogismo «Todos os filósofos são adeptos da dúvida; os filósofos não são dogmáticos; alguns
adeptos da dúvida não são dogmáticos» é um silogismo do modo AEO, da segunda figura.
Cenários de resposta
(A) V; (B) F; (C) V; (D) F; (E) V; (F) F; (G) V; (H) F; (I) V; (J) V; (K) V; (L) F; (M) F; (N) F; (O) V; (P) F; (Q) V; (R) F; (S) F; (T) V; (U) F;
(V) F; (W) V; (X) F; (Y) F; (Z) F
p. 69
1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
(A) Ao lado da lógica científica existe uma lógica natural, que quotidianamente usamos para
raciocinar.
(B) A lógica formal avalia o modo como a conclusão de um argumento indutivo é extraída das
premissas.
(C) Um argumento pode ser constituído por uma ou mais premissas, mas apenas por uma única
conclusão.
(D) A conclusão do argumento «Porque as galinhas não têm dentes e os seres humanos têm-nos,
infere-se que as galinhas não são seres humanos» é «As galinhas não têm dentes».
(E) «Faz sol», «Não gosto de futebol», «Paris é a capital da Rússia», «Se estamos no outono, as
folhas caem» são exemplos de proposições.
(F) As frases «Tens de ajudar mais!», «Sabes quem ganhou o jogo ontem?», «Queria tanto que não
chovesse amanhã» são exemplos de proposições.
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Cenários de resposta
(A) V; (B) F; (C) V; (D) F; (E) V; (F) F; (G) V; (H) F; (I) V; (J) V; (K) V; (L) F; (M) F; (N) F; (O) V; (P) F; (Q) V; (R) F; (S) F; (T) V; (U) F; (V)
F; (W) V; (X) F; (Y) F; (Z) F
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CID11DP_06
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II LÓGICA INFORMAL
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p. 91
1. Considere a letra da canção dos Deolinda – «Parva que eu sou» – e o artigo que se lhe segue.
1.1. Que meio de persuasão foi especialmente eficaz no caso da canção dos Deolinda? Porquê?
2.1. Que elementos na imagem nos permitem afirmar que se privilegia o pathos em detrimento de outros
meios de persuasão?
Cenários de resposta
1.1. Sem dúvida, o pathos, na medida em que as pessoas se identificaram com a canção, se reviram nela e se apropriaram
dela tomando-a como sua. O sucesso de «Parva que Sou» passa por a letra ter sido capaz de dar voz a uma boa parte de uma
geração e por permitir cantar em coro, em comunhão, a indignação e a frustração de uma situação muitas vezes vivida
solitariamente.
2.1. Três elementos são cruciais, a nosso ver: por um lado, ao fundo, as crianças enforcadas em consequência dos conflitos e,
provavelmente, de julgamentos sumários; por outro, as crianças equipadas como soldados que riem e baloiçam, como crianças
que são, nas cordas dos enforcamentos. Por último, uma frase que nos dá conta de números pesados e que nos lembra que as
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crianças-soldado antes de serem soldados são crianças, procurando mobilizar-nos, através da comoção, para a causa.
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p. 91
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1. Considere a imagem.
Cartaz de uma campanha da WWF (2007). Nele podemos ler: «Tu podes ajudar. Para o aquecimento global. Animais de todo o
mundo estão a perder os seus habitats em virtude do aquecimento global. Desligando a TV, a aparelhagem e o computador
quando não os estás a usar, contribuis para prevenir isso.»
Cenários de resposta
1.1. Os animais estão a perder o seu habitat em virtude do aquecimento global. A foca é um animal. Logo, a foca está a
perder o seu habitat em virtude do aquecimento global.
1.2. Focas, ursos-polares e pinguins são animais das regiões polares que têm vindo a perder o seu habitat em virtude do
aquecimento global do planeta. Logo, todos os animais das regiões polares têm vindo a perder os seus habitats em virtude
do aquecimento global do planeta.
1.3. Até hoje sempre desliguei o computador quando não o estou a usar. Logo, da próxima vez que não estiver a usar o
computador ele estará desligado.
1.4. Os sem-abrigo das grandes cidades vivem hoje em condições muito precárias e dramáticas. As focas, em virtude da perda
dos seus habitats, são hoje como os sem-abrigo das grandes cidades. Logo, as focas, em virtude da perda dos seus habitas,
vivem hoje em condições muito precárias e dramáticas.
1.5. A WWF afirma que, em virtude do aquecimento global do planeta, animais de todo o mundo estão a perder os seus habi-
tats. Logo, é verdade que, em virtude do aquecimento global do planeta, animais de todo o mundo estão a perder os seus
habitats.
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p. 92
1. Considere o cartaz da Amnistia Internacional (Portugal, 2008).
1.1. O preconceito islamofóbico tem subjacente uma generalização precipitada. Apresente as premissas
e a conclusão do argumento.
Cenário de resposta
1.1. Premissas: A é muçulmano e é terrorista. B é muçulmano e é terrorista (uma amostra claramente reduzida e pouco repre-
sentativa dos muçulmanos no seu todo). Conclusão: Logo, todos os muçulmanos são terroristas.
p. 93
1. Considere o cartaz publicitário da TBWA (França, 2006).
1.1. O argumento por analogia estabelece uma comparação. Apresente as premissas e a conclusão do
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Cenários de resposta
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1.1. Premissas: As almofadas são retangulares, fofas e capazes de produzir bem-estar. As fatias de pão da marca em questão são
como almofadas. Conclusão: Logo, as fatias de pão da marca em questão são retangulares, fofas e capazes de produzir bem-estar.
1.2. Compara-se, por exemplo, um alimento (o pão) com algo cuja função é substancialmente distinta (a almofada). Além disso,
a própria noção de «fofo» ou «macio» é distinta quando falamos de pão ou almofadas.
p. 94
1. Considere o cartaz da APAV (Portugal, 2011).
Cenário de resposta
1.1. É um argumento forte, pois (1) a fonte citada, a APAV, (2) é qualificada para a informação, porque se trata uma organiza-
ção vocacionada e com trabalho desenvolvido e reconhecido na área de crime de violência doméstica, entre outros, e (3) não
existe informação que contradiga as afirmações da APAV ou números que ponham em causa os avançados pela organização.
p. 125
1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
(A) Demonstração é sinónimo de prova ou de inferência dedutiva válida que parte de premissas uni-
versalmente reconhecidas como verdadeiras.
(B) A retórica é, segundo Aristóteles, considerar para cada questão o que pode ser adequado para
persuadir.
(C) A retórica desenvolve-se em torno de um elemento específico que define a sua natureza – a
persuasão.
(D) A argumentação retórica ou informal, ao contrário da demonstração, é impessoal e isolada de
todo o contexto.
(E) A demonstração é uma forma de argumentação que visa admitir o caráter razoável ou verosímil
de uma dada teoria ou conclusão.
(F) Persuade-se pelo ethos quando o auditório é levado a sentir emoções por meio do discurso.
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(G) Persuade-se pelo pathos quando o auditório é conduzido a acreditar que o orador é digno de
confiança.
(H) Ethos, pathos e logos são, na perspetiva aristotélica, três meios de persuasão criados pelo
orador.
(I) O argumento «Até hoje sempre assaltei bancos e nunca fui preso; logo, da próxima vez que
assaltar um banco continuarei sem ser preso» é uma previsão.
(J) O argumento «aAté hoje sempre assaltei bancos e nunca fui preso; logo, nunca serei preso» é
uma generalização.
(K) O argumento «Desde sempre que os seres humanos são omnívoros; logo, é altamente provável
que não deixem de sê-lo» é um argumento indutivo forte.
(L) O argumento «Todos os seres humanos observados até hoje são bípedes implumes; logo, o pró-
ximo ser humano que observar deverá ser bípede e implume» é uma previsão fraca.
(M) O argumento «As pessoas famosas são como estrelas; as estrelas brilham; logo, as pessoas
famosas brilham» é um argumento por analogia.
(N) A utilização de cobaias na investigação médica e farmacêutica, como coelhos e ratos, por exem-
plo, tem na sua base um raciocínio por analogia.
(O) Os argumentos de autoridade são sempre legítimos, isto é, não existem argumentos de autori-
dade fracos.
(P) Atacar pessoalmente o autor de um argumento, ao invés de atacar o argumento em si mesmo, é
um bom exemplo de falácia do apelo à ignorância.
(Q) Existem diferentes tipos de argumentos ad hominem: ad hominem abusivos, ad hominem cir-
cunstanciais e ad homimen tuo quoque.
(R) A proximidade no espaço e no tempo de dois acontecimentos autoriza-nos a estabelecer entre
eles um elo de causa-efeito.
(S) Os sofistas eram filósofos itinerantes que, andando de cidade em cidade, ofereciam gratuita-
mente os seus serviços de professores de retórica e dialética.
(T) Com o advento da democracia na Grécia Antiga, os melhores líderes políticos são aqueles que
dominam as técnicas de persuasão.
(U) Os sofistas eram políticos atenienses que se dirigiam aos seus concidadãos na assembleia, tribu-
nais e ajuntamentos.
(V) Protágoras defendeu que «O homem é a medida de todas as coisas», sentença que dá conta do
seu relativismo.
(W) Sócrates e Platão opuseram-se ao relativismo e ceticismo dos sofistas.
(X) Sócrates e Platão foram sofistas que defenderam o subjetivismo dos juízos de valor.
(Y) Protágoras criou um modelo dualista, considerando a existência de duas realidades, a sensível e
a inteligível.
(Z) Platão e Aristóteles reconheciam Protágoras e outros sofistas como sendo verdadeiros
filósofos.
Cenários de resposta
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(A) V; (B) V; (C) V; (D) F; (E) F; (F) F; (G) F; (H) V; (I) V; (J) V; (K) V; (L) F; (M) V; (N) V; (O) V; (P) F; (Q) V; (R) F; (S) F; (T) V; (U) F;
(V) V; (W) V; (X) F; (Y) F; (Z) F
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III EPISTEMOLOGIA
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p. 141
(Exercício retirado do Teste Intermédio de 2012)
Ser objeto do conhecimento não significa que algo pertence ao mundo exterior, como erro-
neamente se supõe na linguagem vulgar, quando se opõe «mundo objetivo» a «mundo subje-
tivo». Uma ideia pode ser objeto de conhecimento, como esta mesa; uma dor e um sonho podem
ser, por exemplo, objetos de conhecimento, sem, com isso, necessitarem de pertencer ao mundo
exterior. «Objetivo» diz respeito ao objeto e não implica existência no mundo exterior.
D. Santos, «Da Filosofia», in Obras Completas I, Lisboa, FCG, 1982.
Esclareça o sentido da frase «Ser objeto do conhecimento não significa que algo pertence ao mundo
exterior».
Cenário de resposta
A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– esclarecimento de que «objeto de conhecimento» não se refere necessariamente ao mundo exterior ou material;
– definição do objeto de conhecimento como representação mental, ou imagem;
– articulação do conceito de «objeto de conhecimento» com o conceito de «sujeito de conhecimento», identificando o objeto
de conhecimento pela possibilidade de ser conhecido por um sujeito.
p. 142
(Exercício retirado do Teste Intermédio de 2013)
Cenário de resposta
1. (A)
p. 145
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
Cenário de resposta
1. (C)
p. 145
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
Cenário de resposta
1. (A)
p. 145
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(K) Segundo a análise fenomenológica, o conhecimento é marcado por três momentos: o sujeito sai
de si; o sujeito aprende o objeto; o sujeito regressa a si.
(L) No ato de conhecer, estabelece-se uma relação reversível entre o objeto e o sujeito.
(M) Para Platão, só há conhecimento quando existe uma crença justificada.
(N) Crença e verdade, segundo a teoria tradicional do conhecimento, são duas condições necessá-
rias para se poder falar em conhecimento.
(O) Para a teoria tradicional do conhecimento, crença e verdade são duas condições suficientes para
que exista conhecimento.
(P) A teoria platónica do conhecimento aceitaria como sinónimo de conhecimento a afirmação
«Eu sei que há cisnes negros, pois ontem vi um».
(Q) Gettier também consideraria a afirmação anterior como sinónimo de conhecimento.
(R) Para Gettier, a justificação é a única forma de avaliar a verdade de uma crença.
(S) Segundo Gettier, ainda que tenhamos crença verdadeira justificada não temos conhecimento.
(T) Gettier tornou claro que a teoria tradicional do conhecimento não é satisfatória para definir o
que é conhecimento.
Cenários de resposta
(A) F; (B) V; (C) F; (D) V; (E) F; (F) F; (G) V; (H) V; (I) V; (J) F; (K) V; (L) F; (M) F; (N) V; (O) F; (P) V; (Q) F; (R) F; (S) V; (T) V
p. 152
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
Cenário de resposta
1. (D)
p. 157
1. Complete os espaços em branco com as palavras sugeridas no quadro, de modo a que o texto faça
sentido.
Agora fecharei os olhos, taparei os ouvidos, porei de parte todos os (1) ________________,
apagarei também do meu pensamento todas as coisas corpóreas, ou pelo menos, porque
isto é quase impossível, não as tomarei em conta, por inanes e falsas, e, dialogando só
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Cenários de resposta
(1) sentidos; (2) eu; (3) pensa; (4) sensações; (5) imaginações; (6) certeza; (7) clara e distinta; (8) verdade; (9) absolutamente;
(10) compreendo
p. 157
(Exercício retirado dos Exame Nacional de 2013)
O cogito é:
1. O primeiro princípio do sistema do conhecimento.
2. Uma verdade que se deduz de outras verdades.
3. Uma verdade descoberta com o apoio dos sentidos.
4. Uma verdade puramente racional.
Cenário de resposta
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1. (D)
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p. 160
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(Exercício retirado do Teste Intermédio de 2013)
Mas, porque a razão me persuade logo que não devo menos cuidadosamente coibir-me de dar
o meu assentimento às coisas que não são plenamente certas e indubitáveis do que às aberta-
mente falsas, para rejeitá-las todas basta que se me depare em uma delas qualquer razão de
dúvida. Para isso, não tenho que percorrê-las cada uma em particular, trabalho que seria sem fim:
porque uma vez minados os fundamentos, cai por si tudo o que está sobre eles edificado, atacarei
imediatamente aqueles princípios em que se apoiava tudo o que anteriormente acreditei.
R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Almedina, 1976, pp. 106-107.
Cenários de resposta
1. (B)
2. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– caracterização do conhecimento verdadeiro. É verdadeiro o conhecimento evidente, isto é, claro e distinto, e como tal
indubitável.
– explicação da natureza da dúvida:
• é metódica, porque a sua aplicação está associada à regra da evidência;
• é deliberadamente hiperbólica, porque se considera falso tudo aquilo de que se possa duvidar.
– explicitação do alcance da dúvida:
• é radical, porque põe em causa os princípios ou fundamentos em que se baseavam as proposições do conhecimento
tradicional;
• é provisória, porque tem em vista uma nova fundamentação.
– Justificação da utilidade da dúvida:
• permite que o espírito descubra uma verdade indubitável, modelo e critério de verdade – o cogito;
• liberta a razão da dependência em relação a autoridades externas e em relação aos sentidos.
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p. 160
(Exercício retirado do Exame Nacional – época especial de 2012)
(…) Embora vejamos o Sol muito claramente, não devemos por isso julgar que ele só tem
a grandeza que vemos; e podemos à vontade imaginar distintamente uma cabeça de leão
unida ao corpo de uma cabra, sem que tenhamos de concluir que no mundo existem quime-
ras: porque a razão não garante que seja verdadeiro o que assim vemos ou imaginamos. Mas
sugere-se que todas as nossas ideias ou noções devem ter algum fundamento de verdade;
porque não seria possível que Deus, que é inteiramente perfeito e completamente verdadeiro,
as tivesse posto em nós sem isso.
R. Descartes, Discurso do Método, Edições 70, 2000.
Cenário de resposta
1.1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– identificação dos três tipos de ideias, segundo Descartes, presentes no texto: ideias adventícias, ideias factícias e ideias inatas.
p. 160
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2012)
Assim, rejeitando todas aquelas coisas de que podemos duvidar de algum modo, e até
mesmo imaginando que são falsas, facilmente supomos que não existe nenhum Deus,
nenhum céu, nenhuns corpos; e que nós mesmos não temos mãos, nem pés, nem de resto
corpo algum; mas não assim que nada somos, nós que tais coisas pensamos: pois repugna que
se admita que aquele que pensa, no próprio momento em que pensa, não exista.
R. Descartes, Princípios da Filosofia, Presença, 1995.
Cenários de resposta
1.1. O primeiro princípio indubitável aceite por Descartes é o cogito (ergo, sum).
1.2. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados.
Explicitação de duas das seguintes características, integrando a informação do texto:
– voluntária (duvidar é uma decisão intelectual, é um ato de vontade livre);
– provisória (duvidar tem por finalidade alcançar uma verdade que resista à dúvida – cogito);
– hiperbólica ou excessiva (duvidar consiste em rejeitar como falso tudo o que possa suscitar a mínima dúvida, chegando-se a
atingir, neste processo, a crença natural na existência da realidade exterior).
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p. 160
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(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
Dado que nascemos crianças e que formulámos vários juízos acerca das coisas sensíveis
antes que tivéssemos o completo uso da nossa razão, somos desviados do conhecimento da
verdade por muitos preconceitos, dos quais parece não podermos libertar-nos a não ser que,
uma vez na vida, nos esforcemos por duvidar de todos aqueles em que encontremos a mínima
suspeita de incerteza.
Será mesmo útil considerar também como falsas aquelas coisas de que duvidamos, para
que assim encontremos mais claramente o que é certíssimo e facílimo de conhecer.
R. Descartes, Princípios da Filosofia, Presença, 1995.
A partir do texto, esclareça o papel da dúvida cartesiana no «conhecimento da verdade» (linhas 2 e 3).
Na sua resposta, integre, de forma pertinente, informação do texto.
Cenário de resposta
1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– explicação do caráter metódico da dúvida cartesiana.
– apresentação do critério cartesiano de verdade: a evidência como clareza e distinção das ideias.
– explicação do caráter radical ou hiperbólico da dúvida cartesiana.
– explicitação das razões para duvidar: os erros dos sentidos; a dificuldade em distinguir claramente o sonho da vigília; a hipó-
tese do génio maligno.
– identificação do cogito como primeiro princípio indubitável e fundamento do saber.
p. 163
(Exercício retirado do Teste Intermédio de 2013)
Cenário de resposta
1. (D)
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p. 168
1. Complete os espaços em branco com as palavras sugeridas no quadro, de modo a que o texto tenha
sentido.
Cenários de resposta
(1) perceção; (2) experiência; (3) observa; (4) imagina; (5) impressões; (6) ideias; (7) vívido; (8) claras; (9) cópias;
(10) pensamento
p. 171
(Exercício retirado do Exame Nacional – época especial de 2012)
1. Explique a origem das ideias que conduzem ao conhecimento, segundo a filosofia de Descartes e
segundo a filosofia de Hume.
Cenário de resposta
1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– identificação das ideias que conduzem ao conhecimento como tendo origem na razão humana, na filosofia de Descartes, e
como tendo origem nas impressões, na filosofia de Hume;
– explicação das ideias inatas, que têm origem na razão, e se caracterizam pela universalidade e pela necessidade, segundo a fi-
losofia de Descartes;
– explicação do conhecimento, na filosofia de Descartes, a partir dos princípios da razão, que, em última análise, têm origem em
Deus, fundamento do conhecimento;
– explicação da relação entre impressões e ideias e entre ideias simples e ideias complexas, na filosofia de Hume;
– explicação, segundo a filosofia de Hume, da necessidade de as ideias que conduzem ao conhecimento terem correspondência
com uma impressão.
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p. 171
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(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
A partir do texto, exponha a tese empirista de Hume sobre a origem da ideia de conexão causal.
Na sua resposta, integre, de forma pertinente, informação do texto.
Cenário de resposta
1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– apresentação da perspetiva empirista de David Hume: o conhecimento do mundo está limitado àquilo de que temos
experiência;
– esclarecimento da ideia de conexão causal: perante dois acontecimentos sucessivos, o primeiro dá origem ao segundo, ou o
segundo ocorre porque o primeiro existiu anteriormente;
– apresentação das razões pelas quais a ideia de conexão causal não pode ser adequadamente justificada pela experiência: a
experiência apenas pode revelar a sucessão e a conjunção constante de acontecimentos, mas não nos dá a ideia de conexão
necessária entre acontecimentos;
– explicitação do fundamento da ideia de conexão causal: é o peso do hábito que nos leva a crer que dois acontecimentos que
se sucedem ou que acontecem conjuntamente têm uma relação causal entre si.
p. 173
(Exercícios retirados do Teste Intermédio de 2012)
Quando lanço um pedaço de madeira seca numa lareira, o meu espírito é imediatamente
levado a conceber que ele vai aumentar as chamas, não que as vai extinguir. Esta transição de
pensamento da causa para o efeito não procede da razão (…). E como parte inicialmente de um
objeto presente aos sentidos, ela torna a ideia ou conceção da chama mais forte e viva do que o
faria qualquer devaneio solto e flutuante da imaginação.
D. Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano», in Tratados Filosóficos I, Lisboa, INCM, 2002.
1.1. Explicite, a partir do exemplo do texto, em que se baseia a ideia da relação de causa e efeito, segundo
Hume.
1.2. Compare as posições de Hume e de Descartes relativamente à origem do conhecimento humano.
Na sua resposta deve integrar, pela ordem que entender, os seguintes conceitos:
– razão;
– sentidos;
– ideias.
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Cenários de resposta
1.1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– afirmação de que a relação de causalidade em Hume se baseia unicamente na expectativa e no hábito ou costume, como in-
ferência a partir da experiência;
– caracterização da relação de causa e efeito segundo Hume como ligação entre fenómenos que se sucedem temporalmente, de
forma regular e constante, e não como conexão necessária;
– aplicação da ideia de relação causa e efeito ao exemplo, explicando que a relação entre a madeira seca (considerada causa) e
o atear das chamas na lareira (considerado efeito) não pode ser logicamente deduzida (não é necessária), mas procede unica-
mente da experiência anterior repetida, que gera a expectativa.
1.2. A resposta integra os seguintes aspetos ou outros considerados relevantes para a comparação entre os dois autores:
– identificação da teoria racionalista em Descartes e da teoria empirista em Hume como respostas ao problema filosófico da ori-
gem do conhecimento;
– formulação da tese racionalista da afirmação da razão como origem e critério de todo o conhecimento verdadeiro e da tese
empirista da afirmação dos sentidos como origem e critério do conhecimento acerca da realidade;
– explicação da teoria racionalista de Descartes, segundo a qual existem ideias inatas, com origem na razão, constituindo os
princípios de todo o conhecimento; explicação da teoria empirista de Hume, que rejeita o inatismo e considera que não é pos-
sível extrair da razão um conhecimento fundado, defendendo que o conhecimento da realidade só é possível a partir de uma
base empírica – as impressões sensíveis;
– caracterização da evidência racional das ideias, na teoria racionalista de Descartes, como garantia da certeza do conheci-
mento; caracterização, na teoria empirista de Hume, da experiência – impressões sensíveis – como garantia da adequação en-
tre as ideias e a realidade, de modo que qualquer ideia – simples ou complexa – tem de poder ser reconduzida a uma impres-
são sensível, à experiência;
– caracterização do papel da razão e dos sentidos no conhecimento da realidade, de acordo com a filosofia cartesiana: as ope-
rações da razão – intuição e dedução – são a base do método racional através do qual se pode alcançar e progredir no co-
nhecimento da realidade; as ideias com origem nos dados dos sentidos (ideias adventícias) são incertas e confusas, não po-
dendo a experiência servir de ponto de partida para o conhecimento. Caracterização do papel da razão e dos sentidos no
conhecimento da realidade, de acordo com a filosofia de Hume, segundo a qual a razão sem os sentidos não pode ajuizar ou
fazer inferências sobre a realidade.
p. 173
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2012)
(…) Quando analisamos os nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos ou subli-
mes que possam ser, sempre constatamos que eles se decompõem em ideias simples copiadas
de alguma sensação ou sentimento precedente. Mesmo quanto àquelas ideias que, à primeira
vista, parecem mais distantes dessa origem, constata-se, após um exame mais apurado, que
dela são derivadas.
A ideia de Deus, no sentido de um Ser infinitamente inteligente, sábio e bondoso, deriva
da reflexão sobre as operações da nossa própria mente e de aumentar sem limites aquelas
qualidades de bondade e de sabedoria.
D. Hume, «Investigação sobre o Entendimento Humano», in Tratados Filosóficos I, INCM, 2002.
– inatismo;
– valor da ideia de Deus.
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Cenários de resposta
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1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– distinção entre o inatismo cartesiano, segundo o qual existem na razão ideias que não têm origem nos sentidos, e o empi-
rismo de Hume, segundo o qual todas as ideias têm origem nas impressões;
– caracterização das ideias inatas, no âmbito do racionalismo de Descartes, como ideias que proporcionam um conhecimento
claro e distinto;
– distinção entre impressões e ideias (simples e complexas), no âmbito do empirismo de Hume;
– oposição entre a crença cartesiana na certeza inabalável e no conhecimento universal (fundamentado na existência de Deus)
e as impressões como limite ao conhecimento na filosofia de Hume.
2.1. Os dois tipos de perceções da mente, segundo Hume, são as impressões e as ideias.
2.2. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– relação entre as impressões e as ideias e entre as ideias simples e as ideias complexas;
– identificação da ideia de Deus como ideia complexa que tem por base ideias simples que a mente e a vontade compõem e
potenciam.
3. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– distinção entre o empirismo de Hume, segundo o qual o conhecimento tem origem nas impressões, e o racionalismo inatista
de Descartes, que reconhece um papel fulcral às ideias inatas consideradas como princípio do conhecimento;
– referência à relação entre ideias simples e ideias complexas na filosofia empirista de Hume;
– caracterização das ideias inatas no racionalismo de Descartes como ideias provenientes da razão, claras e distintas, garantindo
a certeza e a universalidade do conhecimento, e das ideias provenientes dos sentidos como ideias falíveis, incertas e confusas,
que não conduzem ao conhecimento;
– comparação entre o valor da ideia de Deus na filosofia de Hume e o valor da ideia de Deus na filosofia de Descartes;
– caracterização da ideia de Deus na filosofia de Hume como ideia a que nenhum objeto da experiência sensível corresponde;
– caracterização da ideia de Deus, ideia inata do ser perfeito e infinito, como garantia do valor do conhecimento, fundamento da
verdade, na filosofia de Descartes.
p. 173
(Exercício retirado do Teste Intermédio de 2013)
Descartes defendeu que o pensamento era a essência da mente; não este ou aquele pensa-
mento, mas o pensamento em geral. Isto parece ser absolutamente ininteligível, uma vez que
tudo o que existe é particular e, portanto, devem ser as nossas perceções particulares que com-
põem a mente. Digo, compõem a mente, não pertencem à mente. A mente não é uma substân-
cia, à qual as perceções sejam inerentes. Esta noção é tão ininteligível como a noção cartesiana
segundo a qual o pensamento, ou a perceção em geral, é a essência da mente.
Não temos noção alguma de substância de qualquer espécie, uma vez que só temos ideia do
que deriva de alguma impressão e não temos impressão de substância alguma, seja material ou
espiritual. Não conhecemos nada a não ser qualidades e perceções particulares.
D. Hume, «A Letter from a Gentleman to his Friend…» in An Enquiry Concerning Human Understanding,
Indianapolis/Cambridge, Hackett Publishing Company, 1993, p. 135.
Hume defende a tese de que «só temos ideia do que deriva de alguma impressão» (linhas 7-8).
Redija um texto argumentativo em que discuta a tese acima enunciada, a partir das posições de
Descartes e de Hume.
Cenário de resposta
1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– apresentação e confronto das teses acerca da origem das ideias defendidas pelos dois autores:
• formulação do problema da origem do conhecimento: a relação entre as ideias e a experiência;
• apresentação da tese de Descartes relativamente à existência de ideias inatas, única fonte segura do conhecimento.
As ideias inatas são verdades universais necessárias, uma vez que são as únicas indubitáveis (claras e distintas);
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• referência ao caráter duvidoso atribuído por Descartes às ideias adventícias que têm origem nos sentidos – que já nos
enganaram algumas vezes – o que as torna falíveis e sujeitas a erro;
• apresentação da tese de David Hume sobre a origem empírica das ideias. As ideias são o resultado de impressões (senti-
mento exterior) enfraquecidas, ou a consequência da reflexão da mente sobre as impressões recebidas (sentimento interior);
• referência à perspetiva de David Hume sobre a impossibilidade de um conhecimento não fundamentado na experiência. A
mente, na origem, nada transporta consigo. Todas as ideias são resultado de operações sobre as impressões, meras perce-
ções particulares.
– avaliação das teses em confronto: apresentação e reflexão crítica sobre o antagonismo racionalismo empirismo.
p. 173
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
1. Para o primeiro, todas as ideias são inatas; para o segundo, nenhuma ideia é inata.
2. Os dois autores defendem que há ideias que têm origem na experiência.
3. Para o primeiro, o conhecimento tem de ser indubitável; para o segundo, pode não ser
indubitável.
4. Os dois autores defendem que não há conhecimento sem experiência.
Cenários de resposta
1. (C); 2. (A)
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p. 173
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1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
(A) O racionalismo considera que toda a crença verdadeira justificada é produto da razão.
(B) Para os racionalistas o conhecimento a priori é universalmente válido e logicamente necessário.
(C) Segundo os racionalistas, afirmar que «o todo é maior do que a parte» é referir um conheci-
mento a posteriori.
(D) Em Descartes, o cogito é uma verdade justificada racionalmente.
(E) A dúvida é, para Descartes, o método para atingir o conhecimento claro e distinto.
(F) A dúvida cartesiana é provisória e universal.
(G) O génio maligno é uma criação de Deus para enganar Descartes.
(H) Clareza e distinção é o critério de verdade para Descartes.
(I) O penso, logo existo cartesiano é uma intuição racional.
(J) Deus garante a Descartes apenas e só o conhecimento claro e distinto do cogito.
(K) Para o empirismo, os racionalistas estão certos quando dizem que os sentidos são enganadores.
(L) Segundo o empirismo, não há conhecimento a priori na razão.
(M) Para o empirismo, a experiência sensível é o critério para o conhecimento e a sua justificação.
(N) Para os empiristas, as verdades a priori, e somente elas, são analíticas.
(O) David Hume é um empirista pois considera que a razão é uma tábua rasa, sem qualquer conteúdo
anterior à experiência.
(P) Para David Hume, os primeiros dados do conhecimento são ideias sob a forma de imagens.
(Q) Em David Hume, as impressões sensíveis são mais fiáveis do que as ideias.
(R) Afirmar «automóvel verde» seria considerado por Hume uma ideia complexa.
(S) Para David Hume, o conhecimento de matérias de facto não origina verdades necessárias.
(T) O conhecimento das matérias de facto assenta na relação causa e efeito que é uma conexão
necessária e fruto do hábito.
Cenários de resposta
(A) V; (B) V; (C) F; (D) V; (E) V; (F) V; (G) F; (H) V; (I) V; (J) F; (K) F; (L) V; (M) V; (N) V; (O) V; (P) F; (Q) V; (R) V; (S) V; (T) V
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p. 182
1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
(A) Kant concorda com o empirismo ao considerar que os dados dos sentidos são importantes para
haver conhecimento.
(B) Kant concorda com o racionalismo quando afirma que nem todo o conhecimento procede da
experiência.
(C) A revolução operada por Kant é também uma revolução cosmológica.
(D) Metodologicamente, a revolução kantiana dá a primazia ao sujeito no ato do conhecimento.
(E) A revolução coperniciana de Kant é metodológica, mas não epistemológica.
(F) Com a sua revolução, Kant afirma a passividade do sujeito face à realidade.
(G) Com a revolução coperniciana de Kant, o objeto é colocado no centro do conhecimento.
(H) Segundo Kant, o objeto imóvel é apreendido pelas faculdades do sujeito.
(I) A sensibilidade capta as impressões.
(J) O entendimento organiza os dados da sensibilidade através dos conceitos.
(K) O espaço e o tempo são condições subjetivas de toda a experiência sensível.
(L) A sensibilidade é recetividade ativa.
(M) O entendimento pensa os fenómenos sintetizando-os pela aplicação dos conceitos.
(N) Para Kant, o espaço e o tempo são intuições puras.
(O) Kant afirma que pensamentos sem conteúdo são cegos.
(P) Podemos afirmar, com Kant, que o entendimento nada pode intuir.
(Q) O entendimento é a capacidade de produzir representações ou a espontaneidade do conhecimento.
(R) Kant defende que sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado.
(S) Uma das afirmações de Kant é a de que intuições sem conceitos são cegas.
(T) Para Kant, é tão necessário tornar sensíveis os conceitos como tornar compreensíveis as
intuições.
(U) Segundo Kant, sem a sensibilidade nenhum objeto seria pensado e sem o entendimento nenhum
seria dado.
(V) O espaço e o tempo são condições de toda a experiência e são absolutamente a posteriori.
(W) Espaço e tempo são o modo como percebemos todas as impressões particulares.
(X) Segundo Kant, existe conhecimento absolutamente a priori e conhecimento a posteriori.
(Y) Em Kant os fenómenos correspondem ao que as coisas são para nós.
(Z) O númeno é para nós incognoscível.
Cenários de resposta
(A) V; (B) V; (C) F; (D) V; (E) F; (F) F; (G) V; (H) V; (I) V; (J) V; (K) V; (L) F; (M) V; (N) V; (O) F; (P) V; (Q) V; (R) V; (S) F; (T) V; (U) F; (V)
V; (W) V; (X) V; (Y) V; (Z) V
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IV FILOSOFIA DA CIÊNCIA
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p. 199
1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
(C) Afirmar que o conhecimento vulgar é prático, é afirmar a sua base empírica.
(E) O conhecimento vulgar não aprofunda os seus conhecimentos, por isso se diz subjetivo.
(G) A linguagem utilizada no conhecimento vulgar permite generalizar o rigor dos seus resultados.
(H) O senso comum varia com as circunstâncias de cada sujeito, daí ser subjetivo.
(J) A ambiguidade que pode resultar da utilização da linguagem vulgar pelo senso comum é ultra-
passada pela capacidade crítica deste nível de conhecimento.
(T) Pelas suas características, é sempre aconselhável recorrer ao conhecimento científico para
resolver problemas do quotidiano.
Cenários de resposta
(A) V; (B) V; (C) V; (D) F; (E) F; (F) V; (G) F; (H) V; (I) V; (J) F; (K) V; (L) F; (M) V; (N) F; (O) V; (P) F; (Q) V; (R) V; (S) V; (T) F
E X E R C Í C I O S C O M P L E M E N TA R E S 103
p. 199
(Exercício retirado do Exame Nacional – época especial de 2012)
O desenvolvimento da ciência – e isto vale em larga medida também para as ciências huma-
nas – fez-se no sentido do aprofundamento da cisão entre as atividades ordinárias do homem,
contextualizadas na perceção e na língua, e um ideal de objetividade que já no século XVII se
designava como não podendo deixar de ser artificial. Os constrangimentos na base da averigua-
ção científica da natureza contrariam as convicções do sentido comum e sobrepõem-se, corri-
gindo-as, às ambiguidades e incertezas da língua.
F. Gil, «A Ciência tal qual se Faz e as Controvérsias sobre a Objetividade», Mediações, INMC, 2001.
Explicite dois aspetos que distinguem a ciência do senso comum, a partir do texto.
Cenário de resposta
1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados.
Exemplos de explicitação:
– distinção entre o caráter subjetivo do senso comum e o caráter objetivo da ciência;
– distinção entre o caráter prático e utilitário do senso comum e o caráter da ciência como construção racional e teórica;
– distinção entre o caráter dogmático e ingénuo do senso comum e o caráter crítico e metódico da ciência.
p. 199
(Exercícios retirados dos Exames Nacionais de 2013)
(A) O primeiro usa uma linguagem rigorosa e o segundo usa uma linguagem simples, que se adapta
ao imediato.
(B) O primeiro tem por base a experiência do quotidiano e o segundo tem por base a observação
rigorosa dos fenómenos.
(C) O primeiro exprime os seus resultados em termos quantitativos e o segundo descreve os fenó-
menos qualitativamente.
(D) O primeiro tem um valor predominantemente teórico e o segundo tem um valor eminentemente
prático.
Cenários de resposta
1. (B); 2. (C)
104 C L U B E D A S I D E I A S 1 1
p. 199
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1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
O conhecimento vulgar distingue-se do conhecimento científico porque:
(A) A sistematização do método científico deve-se, entre outros, a Francis Bacon.
(B) O método indutivo é, para Galileu, o método indicado para fazer ciência.
(C) A interpretação dos dados observados corresponde à fase três do método indutivo.
(D) A dedução das consequências da hipótese corresponde a uma das fases do método
hipotético-dedutivo.
(E) Afirmar que a observação não é seletiva corresponde a uma das críticas feitas ao método
experimental.
(F) A indução, no método experimental, está presente na passagem da observação para a elabora-
ção da hipótese.
(G) Os positivistas do Círculo de Viena consideravam que a observação garantia a verificação
experimental.
(H) De acordo com o método experimental, não podemos afirmar que a observação é o ponto de
partida da ciência.
(I) Popper é um dos críticos dos positivistas lógicos do Círculo de Viena.
(J) Popper rejeita a solução da necessidade nómica e, com ela, a indução.
(K) Para Popper, no núcleo do seu método está a confirmação da verdade das hipóteses.
(L) O método de Popper é também conhecido por método das conjeturas e experimentações.
(M) Um dos problemas a que Popper se dedica é ao de permitir distinguir uma teoria científica de
uma teoria não científica, isto é, ao problema da demarcação.
(N) Para Popper, o importante não é provar que uma teoria é verdadeira, mas provar que ela é falsa.
(O) O falsificacionismo é o mesmo que método das conjeturas e refutações.
(P) Para Popper, só pela eliminação do erro uma teoria se torna verdadeira.
(Q) Em Popper, a verdade e a corroboração possuem indicadores temporais.
(R) A corroboração é um valor-verdade.
(S) A marca da ciência, segundo Popper, é a sua testabilidade.
(T) No método das conjeturas e refutações experimenta-se para testar uma teoria e não para a verificar.
Cenários de resposta
(A) V; (B) F; (C) F; (D) V; (E) F; (F) V; (G) V; (H) F; (I) V; (J) V; (K) F; (L) F; (M) V; (N) V; (O) V; (P) F; (Q) F; (R) F; (S) V; (T) V
p. 218
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2012)
Aquilo em que nós acreditamos (bem ou mal) não é que a teoria de Newton ou a de Einstein
sejam verdadeiras, mas sim boas aproximações à verdade, (…) podendo ser superadas por
outras melhores.
K. Popper, O Realismo e o Objetivo da Ciência, Dom Quixote, 1997.
Cenário de resposta
1.1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– tomada de posição relativamente à perspetiva de Popper;
– fundamentação da posição tomada, através da apresentação de duas razões.
Exemplos de fundamentação:
– relação entre evolução científica, progresso científico e aproximação à verdade (verosimilhança);
– relação entre teoria científica, conjetura e refutação;
– relação entre progresso científico e sistemas hipotético-dedutivos;
– relação entre rejeição da ideia de progresso científico e relativismo;
– relação entre paradigma, ciência normal e ciência extraordinária;
– relação entre incomensurabilidade dos paradigmas e revoluções científicas.
p. 218
1. Complete os espaços em branco com as palavras sugeridas no quadro, de modo a que o texto faça
sentido.
Importa acentuar que uma decisão positiva só pode proporcionar alicerce temporário à teoria,
pois subsequentes decisões (1) ___________________ sempre poderão constituir-se em
motivo para rejeitá-la. Na medida em que a teoria resista a provas pormenorizadas e severas, e
não seja suplantada por outra, no curso do (2) ___________________científico, poderemos
dizer que ela «comprovou sua qualidade» ou foi (3) «___________________» pela experiência
passada.
Nada que lembre a lógica (4) ___________________ aparece no processo aqui esquematizado.
Nunca suponho que possamos sustentar a verdade de teorias a partir da verdade de enunciados
singulares. Nunca suponho que, por força de conclusões «verificadas», seja possível ter por
(5) «___________________» ou mesmo por meramente «prováveis» quaisquer teorias. (…)
O critério de (6) ___________________ inerente à Lógica Indutiva – isto é, o dogma positivista
do significado – equivale ao requisito de que todos os enunciados da ciência
(7) ___________________ (ou todos os enunciados «significativos») devem ser suscetíveis de
serem, afinal, julgados com respeito à sua verdade e (8) ___________________; diremos que
eles devem ser «conclusivamente julgáveis». Isso quer dizer que a sua forma deve ser tal que se
torne logicamente possível (9) ___________________ e falsificá-los. Schlick diz: «(…) um
enunciado genuíno deve ser passível de verificação conclusiva»; Waismann é ainda mais claro:
«Se não houver meio possível de determinar se um enunciado é (10) ___________________,
esse enunciado não terá significado algum, pois o significado de um enunciado confunde-se
com o método de sua verificação».
K. Popper, A Lógica da Pesquisa Científica, Cultrix, 1972, pp. 34-42.
Cenários de resposta
(1) negativas; (2) progresso; (3) corroborada; (4) indutiva; (5) verdadeiras; (6) demarcação; (7) empírica; (8) falsidade; (9) veri-
ficá-los; (10) verdadeiro
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106 C L U B E D A S I D E I A S 1 1
p. 218
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(Exercício retirado do Teste Intermédio de 2013)
1. Considere os seguintes enunciados relativos à posição de Karl Popper acerca da natureza das teo-
rias científicas.
Cenário de resposta
1. (B)
p. 218
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2012)
Cenário de resposta
1. A resposta integra uma das seguintes críticas de Popper à conceção indutivista do método científico, ou outras consideradas
relevantes e adequadas.
Exemplos:
– exposição de uma crítica relacionada com a observação científica (inexistência de observações puras);
– exposição de uma crítica relacionada com a validação das hipóteses (problema do valor da indução).
p. 218
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
1. Redija um texto argumentativo em que discuta o papel da experiência científica na validação das
hipóteses.
Na sua resposta, deve:
– explicitar a conceção indutivista de ciência e a crítica de Karl Popper a essa conceção;
– apresentar uma posição crítica fundamentada.
Cenário de resposta
1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados.
– Explicitação da conceção indutivista:
• as hipóteses científicas resultam de generalizações baseadas na experiência;
E X E R C Í C I O S C O M P L E M E N TA R E S 107
• as hipóteses científicas não podem ser objeto de uma verificação conclusiva, mas podem ser confirmadas.
– Explicitação da crítica de Karl Popper:
• o ponto de partida da investigação científica são os problemas e não a observação de factos;
• a observação de casos particulares não permite nunca confirmar uma hipótese ou uma teoria;
• o único objetivo dos testes empíricos é falsificar as hipóteses ou teorias, e não verificá-las;
• uma hipótese científica é aceite/corroborada enquanto não for infirmada.
– Avaliação crítica da posição de Karl Popper e do caráter conjetural das teorias científicas.
p. 236
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
Cenário de resposta
1. (B)
p. 236
1. Complete os espaços em branco com as palavras sugeridas no quadro, de modo a que o texto faça
sentido.
científicas. Sendo que a emergência de uma nova teoria corta com uma tradição de prática
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(9) ___________________ e introduz uma nova tradição governada por novas regras e dentro
de um novo universo discursivo, é provável que ela ocorra apenas quando se pressente que a
tradição anterior está claramente fora do bom caminho. Esta observação não é, no entanto,
mais do que um prelúdio à investigação do estado de crise, e, infelizmente, as questões a que
ela nos leva requerem mais a competência do psicólogo do que a do historiador. A que se asse-
melha a ciência (10) ___________________? Como ganha a anomalia contornos normativos?
Como trabalham os cientistas quando sabem apenas que algo está errado a um nível funda-
mental, nível esse para o qual não estão preparados pela educação que receberam? Estas ques-
tões têm de ser muito mais investigadas, e essa investigação não deve ser meramente histórica.
(…) É frequente que um paradigma emerja, pelo menos em embrião, antes que uma crise se
desenvolva muito ou que seja explicitamente identificada.
T. Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, Guerra & Paz, 2009, pp. 124-126.
Cenários de resposta
(1) paradigma; (2) normal; (3) métodos; (4) transição; (5) velho; (6) objetivos; (7) cientistas; (8) crise; (9) científica;
(10) extraordinária
p. 241
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2012)
(…) Se dos dados da observação vulgar se conclui que «todos os corpos caem», a generaliza-
ção indutiva consistiu somente em considerar permanente uma relação ocasionalmente conhe-
cida, o que levou, consequentemente, a procurar a justificação causal dessa permanência e a falar
de gravidade. Quando, no mesmo domínio, se concluiu da experiência, por exemplo, que «todos
os corpos caem no vácuo com igual velocidade», e se determinou a velocidade da queda livre, a
indução generalizou um dado experimental, elevando-o à categoria de relação constante.
V. de Almeida, «A Crise Socrática», in Obra Filosófica II, FCG, 1987.
1.1. Identifique as duas vantagens da indução a partir dos «dados da observação vulgar» a que o texto faz
referência.
Cenário de resposta
1.1. As duas vantagens da indução a partir dos «dados de observação vulgar» a que o texto faz referência são a generalização
e a procura da justificação causal.
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p. 241
(Exercício retirado do Exame Nacional de 2013)
1. Redija um texto argumentativo em que discuta a perspetiva de Thomas Kuhn acerca do desenvol-
vimento da ciência.
Na sua resposta, deve:
– integrar os conceitos de «ciência normal» e de «ciência extraordinária»;
– apresentar uma posição crítica fundamentada.
Cenário de resposta
1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados:
– explicitação do conceito de «paradigma»/«matriz disciplinar»: o paradigma é constituído pelas teorias fundamentais aceites
pela comunidade científica/inclui instrumentos, valores e pressupostos metafísicos.
– Esclarecimento do conceito de «ciência normal»: neste período, a ciência desenvolve-se, essencialmente, como uma atividade
de resolução de enigmas.
– Explicitação das condições em que se abre um período de crise que pode conduzir a uma revolução científica: perante a acu-
mulação de anomalias/a incapacidade do antigo paradigma para resolver anomalias persistentes, são propostos paradigmas
alternativos/rivais/que competem entre si.
– Esclarecimento do conceito de «ciência extraordinária»/«ciência revolucionária»: neste período, a atividade científica consiste
na procura, fora do paradigma, de soluções para as anomalias.
– Tomada de posição crítica acerca do desenvolvimento da ciência, defendendo ou opondo-se a uma das teses centrais de Tho-
mas Kuhn. Por exemplo:
• o desenvolvimento da ciência é descontínuo: as novas teorias são teorias rivais, que substituem as anteriores.
OU
• os paradigmas são incomensuráveis: as novas teorias não são melhores do que as anteriores, nem constituem aproximações
à verdade.
OU
• ao imporem-se perante as suas rivais, as novas teorias reorganizam todo o sistema de saber científico, dando origem a um
novo período de ciência normal.
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(Exercício retirado do Exame Nacional – época especial de 2012)
Cenário de resposta
1. A resposta integra os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes e adequados para a comparação entre as perspe-
tivas dos dois autores:
– distinção entre o conceito de objetividade na perspetiva de Popper e o conceito de intersubjetividade na perspetiva de Kuhn;
– caracterização da investigação científica como processo racional crítico e das teorias científicas como verosímeis na perspetiva
de Popper;
– caracterização da investigação científica como processo objetivo e subjetivo e da verdade das teorias como relativa aos con-
ceitos e aos procedimentos metodológicos determinados por cada paradigma na perspetiva de Kuhn;
– relação entre a objetividade do conhecimento científico e a conceção de verdade como ideal regulador na perspetiva de Po-
pper; relação entre a intersubjetividade do conhecimento científico e o paradigma vigente em determinado momento na pers-
petiva de Kuhn;
– caracterização do estatuto do conhecimento científico como aproximação à verdade de acordo com a teoria de Popper; carac-
terização dos paradigmas como incomensuráveis e consequente desaparecimento da verdade como referencial do conheci-
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1. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
(A) Kuhn é um crítico do método de Popper.
(B) Para Kuhn, a ciência progride por acumulação de conhecimentos e não por saltos bruscos, como
em Popper.
(C) Em ciência normal o conhecimento é cumulativo.
(D) Um paradigma é um modelo para fazer ciência e um modo de ver o mundo.
(E) O modelo astronómico de Copérnico é um bom exemplo de paradigma.
(F) A ciência normal é a que se pratica no contexto de um paradigma, tal como acontece com a ciên-
cia extraordinária.
(G) As anomalias são problemas mal resolvidos.
(H) O cientista, na prática da ciência normal, resolve problemas para os quais já conhece os procedi-
mentos a seguir.
(I) Pela prática da ciência normal o cientista procede a reajustamentos do paradigma.
(J) Para Kuhn, o cientista acredita piamente no paradigma.
(K) Anomalias acumuladas conduzem, mais tarde ou mais cedo, à crise paradigmática.
(L) Para a crise paradigmática não conta o grau das anomalias acumuladas, mas apenas o seu número.
(M) A crise do paradigma abre o caminho à revolução científica.
(N) Dizer que os paradigmas são incomensuráveis significa afirmar que não servem de critério para
se avaliarem mutuamente.
(O) A evolução da ciência é, para Kuhn, descontínua.
(P) Tal como para Popper, também para Kuhn a eliminação dos erros aproximam-nos da verdade.
(Q) Para Kuhn, quando se trata de escolher entre teorias, há que ter em conta critérios subjetivos.
(R) Um dos critérios objetivos da escolha entre teorias é a simplicidade das teorias em questão.
(S) Dizer que uma teoria é consistente significa dizer que ela não apresenta incoerências internas.
(T) Kuhn e Popper concordam que a ciência não é objetiva.
Cenários de resposta
(A) V; (B) F; (C) V; (D) V; (E) V; (F) V; (G) F; (H) V; (I) V; (J) V; (K) V; (L) F; (M) F; (N) V; (O) V; (P) F; (Q) V; (R) V; (S) F; (T) V
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V HORIZONTES E DESAFIOS
DA FILOSOFIA
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1.4. Que papel desempenha a consciência de ser com os outros na procura de sentido?
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1. Considere a imagem e respetiva legenda.
Imagem captada pela fotógrafa norte-americana Micah Albert. Premiada no concurso World Press Photo 2012, a
fotografia foi tirada numa lixeira de Nairobi, capital do Quénia.
1.2. É capaz de apontar exemplos do poderia ser para si um bom projeto ético, de acordo com a perspe-
tiva de Singer?
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Campanha criativa da cidade de Denver, no Estado do Colorado (EUA), cujo objetivo é promover a poupança de
água (use apenas o que precisa). A ética surge nas nossas vidas de forma muito comum e quotidiana. Por exemplo,
podemos agir eticamente enquanto consumidores, poupando recursos e/ou preferindo produtos amigos do
ambiente.
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Os imigrantes que trabalham nas obras das infraestruturas para o Mundial de Futebol de
2022, no Qatar, são tratados «como gado», revela um relatório da Amnistia Internacional.
O documento – O Lado Negro da Imigração: o setor da construção no Qatar antes do
Campeonato Mundial de Futebol – surge uma semana depois de o presidente da Federação
Internacional de Futebol (FIFA), Joseph Blatter, ter estado no Qatar e de dizer, após um
encontro com as autoridades do país, que «está tudo no bom caminho» quanto aos direitos
dos trabalhadores.
Uma grande investigação do jornal britânico The Guardian tinha denunciado que os imi-
grantes eram tratados como escravos. O relatório da Amnistia vem corroborar o que era dito
na reportagem do Guardian.
«É imperdoável que um dos países mais ricos do mundo submeta os imigrantes a esta
forma brutal de exploração, que os prive dos seus salários e que os deixe à sua sorte para
sobreviverem», disse o secretário-geral da Amnistia Internacional, Salil Shetty. «A nossa
investigação indica que há um elevado nível de exploração no setor da construção no Qatar.
A FIFA tem o dever de dizer publicamente que não tolera este abuso dos direitos humanos na
construção dos projetos relacionados com o Mundial».
Os investigadores da Amnistia foram ao Qatar várias vezes entre outubro de 2012 e março
de 2013, observaram as condições de trabalho e de vida dos imigrantes e fizeram muitas
entrevistas para chegar às suas conclusões: os trabalhadores vivem em pavilhões superpo-
voados, não têm acesso a água corrente, estão expostos ao lixo e muitos não podem desistir
daquele trabalho porque têm, para com os empregadores, dívidas que pagam através dos
seus salários (o custo das viagens para o Qatar e da alimentação).
São os empregadores que ficam com os passaportes dos trabalhadores quando estes
entram no Qatar. Por isso, estão «presos» a contratos que os condenam a uma «forma
moderna de escravatura», escreve a Amnistia Internacional no relatório que concluiu que os
operários sofrem de «danos psicológicas graves»; e alguns suicidaram-se. De acordo com um
documento obtido pelo Guardian para a reportagem «Os escravos do Mundial do Qatar»,
publicada em setembro, entre 4 de junho e 8 de agosto morreram 44 trabalhadores, todos
nepaleses. Mais de metade morreu de ataque cardíaco e de acidentes no trabalho.
«Por favor, há alguma maneira de sair daqui? Estamos a enlouquecer», perguntou um
nepalês que trabalha há sete meses no Qatar sem receber e que estava proibido, pelo con-
trato, de sair do Qatar por mais três meses. Muitos trabalhadores são mandados embora no
fim dos contratos ou quando o empregador quer, sem qualquer pagamento. O relatório
relata casos de imigrantes que só foram autorizados a sair do Qatar depois de assinarem,
em frente a funcionários do Governo, documentos a dizer que tinham sido pagos quando
não o foram.
A exaustão foi um fator de peso nestas mortes, apesar de a lei do Qatar dizer que uma
jornada de trabalho não pode ter mais de dez horas e que no verão (quando as temperaturas
sobem aos 50 graus) é proibido trabalhar entre as 11h30 e as 15h. A falta de segurança tam-
bém é um problema; a Amnistia relata que em muitas zonas de construção os operários não
têm sequer capacetes para se proteger. Os sindicatos ocidentais que reagiram à notícia esti-
maram que há o risco de quatro mil pessoas morrerem na construção dos estádios do
Mundial 2022.
O Qatar tem a mais alta taxa de imigrantes e estes trabalham na sua esmagadora maioria
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em serviços domésticos ou nos serviços mais baixos, como a construção civil. Para a constru-
ção dos estádios e das infraestruturas do Mundial de 2022, recrutou mais 1,5 milhões de
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pessoas e 40% delas são nepaleses; também há trabalhadores de outras zonas da Ásia, por
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exemplo do Bangladesh.
A Amnistia encontrou um encarregado de obra que trata os operários que tem a seu cargo
por «animais». É contado o caso de um grupo de trabalhadores encarregados de levar man-
timentos a uma zona em construção – o documento refere que é no complexo onde deverá
ser a sede da FIFA durante o Mundial – que denunciou ser vítima de abusos e que contou ser
tratado «como gado».
As denúncias do Guardian e as advertências dos sindicatos levaram a FIFA a reagir e o seu
presidente anunciou que iria visitar o Qatar e avaliar o que se passava. Blatter encontrou-se
com o emir, Tamim bin Hamad bin Khalifa al-Thani, e no final disse ter ficado descansado
com o que lhe foi apresentado e anunciou que o Mundial do Qatar vai ser «espetacular».
Mas, perante este relatório, a Federação Internacional de Futebol teve de reagir. «A FIFA
espera que quem organiza os torneios e as competições também tenha o maior respeito
pelos direitos humanos», lê-se num comunicado do organismo. O texto lembra que foram
dadas a Blatter garantias de que as leis do trabalho «estavam a ser melhoradas» e termina
com um desejo: «O Mundial 2020 vai ter um efeito muito positivo no Qatar e no próprio
Médio Oriente e será uma grande oportunidade para esta região descobrir o futebol como
uma plataforma para que ocorram mudanças na sociedade, incluindo a melhoria da legisla-
ção do trabalho e dos direitos dos imigrantes».
A. G. Ferreira, «Relatório da Amnistia: trabalhadores imigrantes no Qatar são tratados “como gado”»,
Público em linha, 18-11-2013, in http://www.publico.pt/mundo/noticia [consultado a 18-2-2014].