Sie sind auf Seite 1von 30

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA


LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino

GEOMETRIAS NÃO EUCLIDIANAS E SUA APLICAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR:


UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM PARA A GEOMETRIA FRACTAL

NAUM AGUIAR FIBIGER

NOVA IGUAÇU/RJ
2016
NAUM AGUIAR FIBIGER

GEOMETRIAS NÃO EUCLIDIANAS E SUA APLICAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR:


UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM PARA A GEOMETRIA FRACTAL

Trabalho de Final de Curso apresentado à


Coordenação do Curso de Pós-graduação
da Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista Lato Sensu em Novas
Tecnologias no Ensino da Matemática.

Aprovada em SETEMBRO de 2016.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Carlos Radtke - Orientador
UNIPAMPA

_______________________________________________________________________
Prof. Nome
Sigla da Instituição

_______________________________________________________________________
Prof. Nome
Sigla da Instituição
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, a Deus, ao meu filho Arthur, minha


esposa Vanusa, aos demais familiares, aos colegas
Alessandra, Elias, Monique e Simone que tanto contribuíram
para a nossa conquista.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a meus familiares, todos os professores


e ao meu orientador Prof. Luiz Radtke.
RESUMO

Neste trabalho produzimos um material didático para viabilizar o ensino de


geometrias não euclidianas em sala de aula, em especial a geometria fractal. Orientamos a
utilização de softwares de geometria dinâmica em particular o Geogebra. No estudo dos
fractais, abordamos o conceito, características e possíveis construções por meio de
computadores e as aplicações em outras ciências. Como resultado deste trabalho, quatro
atividades foram desenvolvidas e propostas com o objetivo de introduzir o estudo dos
fractais, na primeira atividade uma pesquisa sobre a geometria fractal foi proposta, na
segunda propomos a contextualização do assunto, através de imagens da natureza que
possuem o comportamento fractal, na terceira atividade trabalhamos com a construção de
alguns fractais conhecidos utilizando materiais concretos e na quarta atividade foi proposto
o uso o do geogebra.

Palavras–chave: Material Didático, Geometria Fractal, Geometrias Não Euclidianas.


SUMÁRIO

1. Introdução.......................................................................................................................7

1.1 Justificativa................................................................................................................7

1.2 Objetivos....................................................................................................................8

1.3 Metodologia...............................................................................................................9

1.4 Organização do Trabalho......................................................................................10

2. Pressupostos Teóricos..............................................................................................11

2.1 O Quinto Postulado................................................................................................13

2.2 O “Surgimento” de uma Nova Geometria...........................................................14

2.3 Geometrias não euclidianas no contexto escolar..............................................16

3. Atividades Propostas.................................................................................................18

3.1 Desenvolvimento histórico da Geometria Fractal..............................................18

3.2 Atividades de observação, construção e análise da Geometria Fractal........18

3.3 Emprego dos meios tecnológicos e avaliação dos alunos..............................24

4. Conclusões...................................................................................................................26

5. Referências Bibliográficas.......................................................................................27
7

1. Introdução

O trabalho em questão é requisito para conclusão do curso de especialização em


Novas Tecnologias no Ensino da Matemática e contém partes desenvolvidas em grupo e
individuais. Os objetivos gerais, pressupostos teóricos e parte da metodologia foram
escritos de forma colaborativa por meio de trabalho em grupo e podem ser encontradas
em (SILVA, 2016)1,(JUNIOR, 2016)2,(FIBIGER, 2016)3, (SOUZA, 2016)4.
Neste estudo foi produzido quatro atividades cujo objetivo é a inserção do estudo
da geometria fractal em sala de aula. Utilizamos materiais concretos, dobraduras e
softwares de geometria dinâmica. Iremos aprofundar o estudo dos fractais, abordando o
conceito, características e possíveis construções por meio de computadores e as
aplicações em outras ciências e, como resultados esperados, queremos propiciar aos
leitores uma visão mais ampla do conceito de geometria fractal, com uma produção que
tenha aplicabilidade no cotidiano e incentive a pesquisa neste campo de estudo.
A apresentação de meios de inserção das geometrias não euclidiana no contexto
escolar foi um dos objetivos gerais. Nos objetivos específicos construímos e utilizamos
exemplos do ensino médio para introduzir elementos da geometria fractal e incentivar
pesquisas na área. Na literatura encontramos os trabalhos de Miranda et al (2008),
Nascimento (2012) e Oliveira (1994) que exemplificaram o emprego das Geometrias Não
Euclidianas no cotidiano, Gomes (2010) cujo trabalho faz referência ao trabalho que
George Cantor publicou em 1883 conhecido como Conjunto de Cantor ou Poeira de
Cantor, este estudo foi o primeiro com a temática dos fractais e que só depois foi
reconhecido como uma figura fractal e Fuzzo (2009) que desta a autosimilaridade como
uma das principais características dos fractais.
O texto apresentou uma reflexão em torno da utilidade e da importância de
conceitos introdutórios de geometria não euclidiana, em especial da geometria fractal na
educação básica. “A Geometria Fractal também auxilia em momentos de
interdisciplinaridade entre a Matemática e várias ciências, como: Biologia, Física,
Química, Medicina, Informática, Arte...” (Souza et al, 2012, p. 73).

1.1 Justificativa

O estudo da Geometria, em especial das geometrias não euclidianas no contexto


escolar proporciona o desenvolvimento cognitivo do aluno, auxiliando na aprendizagem
de muitos aspectos dentro da matemática, desde o entendimento das formas
geométricas e suas propriedades até o estudo relacionado às medidas, proporcionando e
estimulando a análise de semelhanças e diferenças baseada nas observações
direcionadas a cada assunto, podendo associá-las a outras áreas. Um exemplo é o
estudo da geometria esférica, que no ensino fundamental pode oferecer ao aluno
agregações e melhores interpretações do globo terrestre e de seus elementos: os
meridianos, fuso horário, latitudes e longitudes (Maratta, 2011). Dito isto, é fato de que é
necessário o conhecimento da axiomática da geometria euclidiana para compreender as

1
Alessandra dos Santos da Silva: “Geometrias não euclidianas e sua aplicação no contexto escolar: uma
experiência com o ensino básico ”;
2
Elias Batista dos Santos Junior: “Geometrias não euclidianas e sua aplicação no contexto escolar:
geometria do taxi ”;
3
Naum Aguiar Fibiger: “Geometrias não euclidianas e sua aplicação no contexto escolar: uma proposta de
abordagem para a geometria fractal ”;
4
Simone de Freitas de Souza: “Geometrias não euclidianas e sua aplicação no contexto escolar: uma
experiência com a geometria esférica no ensino básico ”;
8

geometrias não euclidianas, pois foi a partir das questões levantadas sobre o modelo
axiomático de Euclides que foi possível construir outras geometrias (Lovis, 2009).
Tendo em vista a importância do estudo de diferentes geometrias nas escolas,
diversos autores trataram deste tema. Murari (2004) relaciona os poliedros de Platão e de
Arquimedes com a construção da tesselação, isto é, sua representação na superfície
esférica, como sólidos inflados. Maratta (2011), Kaleff (2006) e Antunes (2009) atentam
para a falta de apresentação ou aprofundamento desse conteúdo na graduação,
causando consequências também no ensino básico e apresentam exemplos de modelos
não euclidianos. Gomes (2010, p. 42), afirma que Waclaw Sierpinski (1882-1969) tem
suas construções fractais bastante empregadas nas abordagens em educação básica
devido a sua fácil concepção que parte de um triângulo ou um quadrado inicial, além de
possuir o atrativo visual que é um aspecto de grande importância que contribui para o
ensino em geral. Nascimento cita os documentos que orientam o ensino de Matemática:
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e
Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE), que alertam à tentativa de resgate do ensino de
geometria (Nascimento et al, 2012, p. 123). Miranda et al (2008), Nascimento (2012,
p.127) e Oliveira (1994) exemplificam o emprego das geometrias não euclidianas na
construção de uma antena de celular, na compreensão e descrição do trajeto dos raios
desde o céu até o solo, crescimento de tumores cerebrais (medicina), nas características
da couve-flor, na construção do ambiente virtual de jogos, etc.
Diante das novas perspectivas educacionais destinadas à melhoria do ensino e da
aprendizagem da geometria escolar, buscou-se desenvolver materiais pedagógicos de
forma a permitir o desenvolvimento de habilidades introdutórias à aprendizagem dos
conceitos euclidianos e não euclidianos que são de extrema importância àqueles que
desejam introduzir e aplicar um conteúdo tão pouco divulgado e que tanto tem a oferecer
no âmbito geométrico aos alunos. Muitos autores indicam diferentes objetos de
aprendizagem, como materiais concretos e virtuais, existem vários jogos e softwares que
possibilitam uma melhor compreensão por parte dos alunos desses conceitos. A autora
Kaleff (2006) demonstra que laboratórios de ensino de geometria- LEG, pautados no
PCN e no modelo de Van Hiele, são capazes de desenvolver o pensamento geométrico
através da produção de materiais de baixo custo e manipuláveis para aprendizagem de
conceitos para diferentes faixas etárias, sejam eles euclidianos ou não euclidianos. Outra
possibilidade é abordada por Cabariti (2004), que afirma que os softwares de geometria
dinâmica não oferecem apenas a possibilidade de efetuar qualquer construção
geométrica de modo mais rápido e preciso comparado ao ambiente papel e lápis, mas
também a capacidade de movimentar e modificar os desenhos permitindo uma
visualização de propriedades e relações geométricas. Alguns representantes destes
softwares, relativamente difundidos no Brasil, são os do software Cabri-géomètri,
Geogebra, Régua e Compasso (ReC) e outros. Além destes programas, destaca-se a
utilização de materiais manipuláveis, tais como: o transferidor esférico (UNIVESPTV),
bolas de isopor (Thomaz e Franco, 2008).

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivos Gerais

Pesquisar e discutir o surgimento de outros modelos geométricos no decorrer da


história da geometria partindo da axiomática euclidiana, expondo exemplos de
geometrias não euclidianas e explorando a utilidade de cada geometria retratada levando
em conta o cotidiano do aluno. Apresentar meios de inserção das geometrias não
euclidiana no contexto escolar e desta forma aperfeiçoar o processo de ensino-
aprendizagem, como também aprimorar a visão geométrica do aluno sobre diferentes
óticas.
9

1.2.2 Objetivos Específicos

 Introduzir em sala de aula as noções básicas da geometria não euclidiana e seu


surgimento a partir do conhecimento da geometria de Euclides, fazendo com que o
educando, em diversos níveis de aprendizado, tenha melhor acesso a esse
conhecimento;
 Comparar as geometrias euclidianas e não euclidiana através de uma perspectiva
de representação terrestre;
 Desenvolver atividades utilizando materiais manipuláveis ou/e dinâmico que
possibilite a construção do conhecimento pelos docentes;
 Abordar sobre a importância da geometria fractal, nomeando as principais
características dos fractais. Construindo exemplos por meio de softwares de geometria
dinâmica.
 Estabelecer materiais manipuláveis para destacar suas aplicações em outras
ciências. Indicar os resultados esperados e propiciar aos leitores exemplificações da
geometria fractal com a aplicabilidade no cotidiano escolar.
 Destacar a possibilidade de ministrar esse conteúdo no ensino Fundamental e
médio, incentivando a pesquisa neste campo de estudo.

1.3 Metodologia

Para a realização do projeto foi feito um levantamento bibliográfico, cujo objetivo


foi a construção de referenciais que serviram como suporte teórico-metodológico. Logo
após, seguimos a etapa de elaboração dos instrumentos e atividades para abordar o
tema de Geometria Fractal.
Na abordagem ao tema elaboramos cinco aulas compostas por uma sugestão de
instrumentos ou atividades aplicáveis no contexto escolar. O professor aplicador seguindo
as instruções de nossos referenciais iniciaria a primeira aula com a classe na sala de
informática ou biblioteca. Com uma contextualização histórica do tema da Geometria
Fractal através da solicitação de uma pesquisa sobre os três principais pesquisadores
desse campo de estudo, a saber, Koch, Sierpinski e Mandelbrot. Orientamos a
organização da classe em grupos e fornecimento de algum tempo para o debate entre os
alunos. O professor aplicador fecha a aula esclarecendo as possíveis dúvidas.
Seguindo as sugestões para a segunda aula, para continuar abordando o tema
da Geometria Fractal o professor aplicador deve dividir ou organizar a turma em duplas e
solicitar que os alunos observem atentamente as nove formas geométricas
apresentadas. A seguir, uma tabela foi elaborada e cinco questões foram levantadas
sobre semelhança na observação das formas, com o intuito de consolidar a atividade
proposta. Na terceira aula a sugestão ao aplicador foi propor aos alunos escolherem
duas das seguintes construções, a saber: o floco de neve, a curva de Koch, o tapete e ou
triângulo de Sierpinski para reproduzi-las com manipulação do material dourado ou
materiais como: papel ofício, lápis, caneta, régua, esquadro etc.
Para a quarta aula se faz necessário um software de geometria dinâmica
(Geogebra) instalado nos computadores da sala de informática. A proposta ao professor
aplicador consiste na utilização do software Geogebra para a construção do floco de
neve, da curva de Koch, do tapete e ou do triângulo de Sierpinski pelos alunos mediante
suas respectivas, orientação e supervisão. Para a quinta e última aula a proposta é a
avaliação do que foi aplicado, da aprendizagem, isto é, um balanço de todas as
sugestões aqui apresentadas e assimiladas pelos alunos, com alguns parâmetros que
devem ser observados desde o início.
10

1.4 Organização do Trabalho

Em Pressupostos Teóricos temos uma análise histórica das geometrias não


euclidianas através de seus postulados, axiomas, a negação do quinto postulado, seus
principais colaboradores. Em Atividades Propostas é apresentado inicialmente uma breve
descrição sobre o desenvolvimento histórico da geometria fractal e em seguida são
apresentadas algumas propostas de atividades que visam trabalhar com esta geometria
no contexto escolar. Em Conclusões apresentamos a conclusão do trabalho.
11

2. Pressupostos Teóricos

O estudo da geometria foi iniciado em antigas culturas a partir da necessidade de


medir comprimento, área e volume. Estes conhecimentos eram passados de maneira
informal, de geração a geração. Por volta do século III a.C. a geometria foi posta na
forma axiomática por Euclides, no conjunto de livros chamado “Os Elementos”, logo, a
representação geométrica do mundo real era exibida através de uma coleção de
definições, postulados, proposições e provas matemáticas. Esta visão do “mundo real”
ficou conhecida como Geometria Euclidiana e, por muito tempo, era tida como verdade
absoluta. Porém, mais recentemente, ao longo do século XX, esta verdade foi colocada
em xeque com o surgimento de novas concepções geométricas, como a Geometria
Hiperbólica, Esférica, a do Táxi, etc.; conhecidas como geometrias não Euclidianas
(Carmo, 1987).
Euclides nasceu por volta de 300 a.C. provavelmente em Alexandria, cidade que
apesar de localizada onde é hoje o Egito, foi uma cidade grega. A mesma tornou-se a
mais importante do mundo oriental, pois possuía um museu e uma biblioteca, das quais
Euclides foi membro, ela permaneceu como centro intelectual mesmo após ser dominada
pelos romanos, até a sua tomada pelos árabes em 641 d.C. É muito provável que o
grande matemático tenha recebido seu treinamento em Atenas, dos alunos da Academia
de Platão e de outros geômetras que viviam por lá. Pois nesta época os gregos já tinha
um desenvolvimento matemático conhecido, pois os mesmos já haviam descoberto
muitas das curvas padrão, como a elipse, parábola, hipérbole e outros. Também tinham
conhecimentos introdutórios de cálculo. Alguns historiadores afirmam que Euclides foi
convidado por Ptolomeu I (reinou o Egito de 306 a 283 a.C) para o quadro de professores
Academia de Alexandria, recém fundada na época (Bicudo, 2009).
A obra “Os Elementos” tornou Euclides conhecido mundialmente, pois é
considerada o tratado grego mais antigo. Este documento consiste em um grande esforço
para formalizar objetos matemáticos que pudessem apresentar uma geometria de
maneira consistente e unificada, de modo que valesse para grandezas quaisquer, sendo
elas comensuráveis ou incomensuráveis (Freitas, 2013). A obra é composta por treze
volumes que contém 465 proposições, sendo 93 problemas e 372 teoremas. Os volumes
estão assim divididos:

 Volume I - Os Fundamentos da Geometria. Teoria dos Triângulos,


Paralelas e Áreas;
 Volume II - Álgebra Geométrica;
 Volume III - Teoria da Circunferência;
 Volume IV - Figuras Inscritas e Circunscritas e Construção de Certos
Polígonos Regulares;
 Volume V - Teoria das Proporções de Eudoxo;
 Volume VI - Figuras Geométricas Semelhantes e Proporcionais;
 Volume VII - Fundamentos da Teoria dos Números;
 Volume VII - Continuação de Proporções e Teoria dos Números;
 Volume IX - Teoria dos Números;
 Volume X - Classificação dos Incomensuráveis;
 Volume XI - Geometria Espacial;
 Volume XII - Medição de Figuras;
 Volume XIII - Sólidos Regulares;
12

Figura 1 – Livro “Os Elementos”


Fonte: Portal da Web - Esquadrão do Conhecimento

Em virtude da complexidade da obra, neste trabalho será citado apenas algumas


definições, axiomas e cinco postulados. Sendo que as controvérsias envolvendo o quinto
postulado é que fomentaram a linha de discussão deste trabalho.
Algumas definições importantes, Bicudo (2009):

1 – Ponto é aquilo de que nada é parte;


2 – E linha é comprimento sem largura;
3 – E extremidade de uma linha são pontos;
4 – A linha reta é a que está posta por igual com os pontos sobre si mesma;
5 – E superfície é aquilo que tem somente comprimento e largura;
...
9 – E quando as linhas que contêm o ângulo sejam retas, o ângulo é chamado
retilíneo;
...
23 – Paralelas são retas que, estando no mesmo plano, e sendo prolongadas
ilimitadamente em cada um dos lados, em nenhum se encontram.

Axiomas que estabelecem relações de grandeza:

1 – Se duas coisas são iguais a uma mesma coisa, então são iguais entre si;
2 – Se a coisas iguais adicionamos partes iguais, os totais obtidos são iguais;
3 – Se a coisas iguais subtraímos partes iguais, os totais obtidos são iguais;
4 – Se adicionamos partes desiguais a coisas iguais, os todos são desiguais;
5 – E os dobros da mesma coisa são iguais entre si;
6 – E as metades da mesma coisa são iguais entre si;
7 – Coisas que coincidem uma com a outra são iguais;
8 – O todo é maior do que qualquer uma de suas partes;

De acordo com Massago (2010) o conjunto de axiomas abaixo garante a


existência da distância, conceito muito importante no estudo da geometria, como
veremos adiante, pois a noção de distância da geometria Euclidiana é diferente das
geometrias não euclidianas.
1 – Todo par de pontos é associado a um único número real não negativo
denominado de distância.
2 – A medida do segmento é a distância entre seus extremos.
13

3 – Se em uma reta temos os pontos A seguido do ponto B e depois o ponto C,


então o segmento AC = segmento AB + segmento BC.
4 – Existe uma correspondência biunívoca entre os pontos da reta e os números
reais de forma que o valor absoluto da diferença entre os números associados é a
distância entre os pontos correspondentes.
5 – A distância entre dois pontos é nula se, e somente se, dois pontos são
coincidentes.

A seguir apresentamos os cinco postulados que definem a geometria Euclidiana:

1 – Existe uma única reta contendo dois pontos dados;


2 – Todo segmento de reta pode ser estendido indefinidamente em todas as
direções;
3 – Existe uma circunferência com quaisquer centro e raio dados;
4 – Todos os ângulos retos são iguais entre si;
5 – Se uma reta intercepta a outras duas retas formando ângulos colaterais
internos cuja soma é menor do que dois retos, então as duas retas, se estendidas
indefinidamente, interceptam-se no lado no qual estão os ângulos cuja soma é menor do
que dois retos.

Os autores Thomaz e Franco (2008) afirmam que devido à complexidade relativa


de formulação e o insuficiente apelo intuitivo do 5º postulado fez com que através dos
séculos diversos matemáticos tentassem deduzi-lo dos demais axiomas e postulados,
portanto demonstrá-lo como um teorema. O resultado desse esforço continuado, que
durou cerca de dois mil anos, resistiu a todas as tentativas de demonstração.

2.1 O Quinto Postulado

Na tradução de Os Elementos por Bicudo (2009), o quinto postulado de Euclides é


assim enunciado: E, caso uma reta, caindo sobre duas retas, faça os ângulos interiores e
do mesmo lado do que dois retos, sendo prolongadas as duas retas, ilimitadamente,
encontrarem-se no lado no qual estão os menores do que dois retos.” Na figura 2 temos a
representação gráfica deste postulado.

Figura 2 - Representação sobre o quinto postulado de Euclides


Fonte: Dario, Feitsa e Locci (2014)

De acordo com Feitosa e Locci (2001), comparando os cinco postulados


euclidianos, percebemos que os quatro primeiros são enunciados fáceis e evidentes por
si próprios. O quinto postulado é bastante diferente e tornou-se, de imediato, alvo de
14

críticas dos matemáticos da época. O seu enunciado é relativamente complicado e


menos evidente por si mesmo, parece mais uma proposição que um axioma. Além disso,
sua tardia utilização por Euclides levantou suspeitas de que ele poderia ser simplesmente
uma proposição demonstrável a partir dos outros axiomas, mas que o geômetra não
conseguira demonstrar.
Houve várias tentativas em demonstrá-la, o que trouxe várias implicações
filosóficas e matemáticas de maior importância. São citados vários estudiosos: Proclus
(500 d.C.); Wallis (1616-1703); Legendre (1752-1833); G. Saccheri (1667-1733); Lambert
(1728-1777) e outros. Mas o fracasso de todas as tentativas de demonstrá-lo forçou
lentamente uma nova concepção da Matemática em que todos os elementos de uma
teoria devem ser cuidadosamente explicitados (Carmo, 1987).
Segundo Carmo (1987) a partir dos estudos de Saccheri, Lambert e Gauss, o
russo N. Lebachewki e o húngaro J. Bolyai criaram a geometria conhecida com
hiperbólica, que mostra que o postulado V é independente dos outros postulados. O autor
também da ênfase aos trabalhos extraordinários realizados por Riemann, Betrami, Klein,
Poincaré, Cauchy e Weiestrass.

2.2 O “Surgimento” de uma Nova Geometria

Atualmente as Geometrias Não Euclidianas (GNE) tornaram-se objetos


matemáticos relativamente aceitos pelos matemáticos contemporâneos. Porém, até o
início século XX, havia uma forte resistência de vários matemáticos e de filósofos
renomados, ou seja, apesar de ser conhecida, a GNE, não foi reconhecida
imediatamente (TOTH, 011, p. 37). Muitos historiadores afirmavam que só espíritos
incompetentes e limitados haveriam de se opor as ideias de Carl Gauss, Bolyai e
Lobachevski. No entanto, Imre Toth mostra que as dificuldades para a não aceitação das
“novas” ideias não era de caráter apenas lógica matemática, fazia-se necessário dar um
passo, para reconhecer que as novas geometrias tinham a mesma “verdade”, e
condições de “existência” da geometria clássica.
Entre os estudiosos que refutavam a GNE, podemos citar o filósofo materialista e
revolucionário russo N.G. Tchernychevski, que considerava a GNE, “um saber imbecil”.
Outro filósofo idealista, que considerava a GNE como “um paradoxo fútil” era o alemão
Lotze. Já o russo Nicolai Ivanovich Lobatchevski (1792-1856) estudioso da nova
geometria teve sua pesquisa hostilizada em dois relatórios oficiais apresentados a
academia de ciência onde Ostrogradski julgava os trabalhos de Lobatchevski como
incompreensíveis e marcados de erros, considerando assim que não mereceriam
atenção da academia.
Outro trabalho importante foi realizado pelo húngaro János Bolyai (1802-1860)
que apesar de não ter sido criticado publicamente teve que enfrentar o próprio pai, ele foi
um dos primeiros a desenvolver estudos sobre os fundamentos da geometria ao lado de
Gauss. No entanto, Wolfgang Bolyai, o pai de Janos, foi o principal responsável pelas
primeiras publicações do filho em uma carta com indicação ao amigo Gauss, mas
contraditoriamente ele jamais aceitou a GNE (TOTH, 2011, p.42).
Não podemos esquecer que o matemático alemão Carl Friedrich Gauss (1777-
1985) foi o primeiro a chegar a conclusões sobre a independência do quinto postulado,
porém ele não publicou suas ideias sobre essa geometria “estranha” temendo críticas.
“Uma geometria é não euclidiana quando os axiomas sobre os quais se apoiam são
diferentes dos Euclidianos” (ARAÚJO, 2010). Conforme VEJAN; FRANCO (2008, 5p.)
compõem as geometrias não euclidianas entre outras, a Geometria Hiperbólica, a
Geometria Elíptica, a Geometria Projetiva, a Topologia e a Geometria Fractal. A seguir
apresentamos algumas delas em maiores detalhes.
Em 1868 Beltrami apresentou um modelo de GNE, contido em R3, que possuía
curvatura negativa constante, denominada de pseudoesfera (Figura 3).
15

Figura 3 - Modelo de Pseudoesfera


Fonte: www.dmm.im.ufrj.br

Outro modelo importante a ser citado é o de Felix Christian Klein (1849-1925),


nele o plano euclidiano é um círculo, cuja fronteira, considera-se apenas a região interior
ao círculo, tal região é o Plano de Lobachewsky mostrado na figura 4. Ainda sobre este
plano, verifica-se que excluindo suas extremidades, ou seja, as retas PA e PB são
paralelas à reta AB. Temos infinitas retas passando por P situadas no interior do ângulo,
essas são as retas não secantes à AB.

Figura 4 - Modelo Disco de Klein


Fonte: www.ufsj.edu.br

Já no modelo de disco de Henri Poincaré (1864-1912) os pontos do plano


hiperbólico, os pontos do interior de um círculo euclidiano, as retas são arcos de círculos
perpendiculares ao círculo que representa o Plano de Lobachewsky.
16

Figura 5 - Modelo de disco de Henri Poincaré


Fonte: www.ufsj.edu.br

Apesar dos avanços alcançados do ponto de vista teórico das geometrias não
euclidianas, o estudo de tais geometrias ainda é precário ou ausente na maioria das
escolas.

A importância de se trabalhar as GNE, até mesmo na escola e,


principalmente, no âmbito da licenciatura, reside no fato dessas
teorias possibilitarem a quebra de paradigmas e padrões visuais,
trazendo o visualmente inesperado para a sala de aula e a
oportunidade de criação de novas imagens e conceitos (KALEFF,
2010, p.10).

2.3 Geometrias não euclidianas no contexto escolar

Da geometria ensinada em toda vida escolar do aluno tanto ensino fundamental


quanto médio, nada ou quase nada é visto em relação às geometrias não euclidianas,
algo que deveria ser modificado.
Vários são os motivos que levam a ser assim, um deles é à falta de preparo dos
professores, esse assunto é pouco estudado na formação acadêmica, por isso a grande
maioria desconhece o assunto em questão, outro motivo é a falta de recursos
tecnológicos e didáticos dificultando as ações dos professores nos colégios, enfim, as
geometrias não euclidianas não são vistas com a devida importância, uma vez que na
vida cotidiana encontramos vários exemplos de geometrias não euclidianas presentes na
natureza, em construções civis e históricas, na formação do planeta e sistema solar, em
obras de artes, etc.
Diante disso, seria válido agregá-las ao currículo escolar dos alunos, facilitando
assim a iteração com as outras matérias. A melhor forma de agregar seria por meio da
curiosidade instigada no aluno, utilizando materiais concretos. Por exemplo, o uso da
pseudoesfera, onde poderia ser investigado suas curvas verificando o que acontece com
suas linhas, podendo associa-las às funções exponenciais e logarítmicas já estudas.
Outro exemplo, que pode ser utilizado é o disco de Poincaré, associando a algumas
obras de Maurits Cornelis Escher como o círculo limite.
O uso de softwares para a construção das superfícies e dos sólidos em três
dimensões também favorece no reconhecimento e abstração dos conceitos. Além disso,
geralmente, os alunos possuem facilidade de manusear esses programas. É importante
ressaltar a possibilidade de rotacionar essas figuras, criando uma visualização
diferenciada.
17

Neste contexto, enfrentamos um novo desafio, que é abordar esta importante


mudança de paradigma, mudando a visão de uma única geometria, Geometria
Euclidiana, para aceitação de uma pluralidade de modelos geométricos, logicamente
consistentes, que podem modelar a realidade do espaço físico em sala de aula
(Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN). Visando superar este desafio, podemos
contar com as novas tecnologias para auxiliar na abordagem deste tema em sala de aula,
melhorando com isso a assimilação dos alunos.
18

3. Atividades Propostas

Neste capitulo apresentamos inicialmente uma breve descrição sobre o


desenvolvimento histórico da geometria fractal e em seguida são apresentadas algumas
atividades que visam trabalhar com esta geometria no contexto escolar.

3.1 Desenvolvimento histórico da Geometria Fractal

A geometria fractal investiga se determinada estrutura geométrica ou física está


envolvida com fenômenos da natureza, onde se busca compreender a estrutura e suas
possíveis aplicações no cotidiano. Por volta de 1950, Benoit Mandelbrot começou seus
estudos nessa área, isto é, com os fenômenos naturais irregulares e estudos de
tecnologias para o nosso bem estar. Benoit Mandelbrot é considerado por FUZZO (2009,
p.289) e GOMES (2010, p.24) como responsável e organizador do desenvolvimento e
sistematização do estudo da geometria da natureza, encontrando uma família de formas
irregulares e fragmentadas que chamou de fractais. Koch influenciaria os trabalhos de
Mandelbrot com a curva de Koch (1904) e o Floco de Neve. Mandelbrot com o auxílio da
computação pode resgatar o trabalho de difícil abordagem de Julia e Fatou e empregar
no desenvolvimento de sua teoria. “Influenciado pelos trabalhos desses matemáticos, em
1970, Benoit Mandelbrot publicou o livro 'The Fractal Geometry of Nature' no qual
introduz o termo 'fractal', [...]” (NASCIMENTO, 2012,p.117). O termo fractal inicialmente
utilizado por Mandelbrot tem origem no verbo em latim "frangere" que significa fracionar
irregularmente, quebrar etc. A geometria fractal estuda os fractais, ou seja, procura
padrões organizados em meios com irregularidades, como os padrões encontrados na
natureza por exemplo. Ela está presente na construção de uma antena de celular, na
compreensão e descrição do trajeto dos raios desde o céu até o solo, crescimento de
tumores cerebrais (Medicina), nas características de uma couve-flor, na construção do
ambiente virtual de um jogo etc. NASCIMENTO et al (2012) afirmam que as principais
características que elucidam o conceito de fractal são: a autossimilaridade, a iteração e a
dimensão fracionária. A autossimilaridade é uma característica marcante dos fractais,
onde podemos compreendê-la como uma parte que é idêntica ou semelhante a figura
primária, esse padrão é repetidamente encontrado. CAPRA (1996 apud GOMES, 2010)
afirma que a forma basilar de costruir fractais é através da iteração, e com o auxílio de
computadores é possível aplicá-los em diferentes escalas. TRATCH (2008 apud GOMES,
2010) afirma que a dimensão fractal é definida por um valor não inteiro e mantém
relação com sua estrutura, comportamento e grau de irregularidade.
Conforme FUZZO (2009) as técnicas fractais ganharam destaque devido a
possibilidade de comunicação entre especialistas de diversas áreas. Os estudos desta
nova geometria vieram a propiciar o entendimento de fenômenos da natureza, a
aplicabilidade em equipamentos tecnológicos e a recente inserção no contexto escolar
com reflexões das abordagens que podem ser utilizadas na construção do conhecimento
geométrico e no auxílio da prática docente. Segundo as orientações de Paraná (2008,
p.57), “Na geometria dos fractais, pode-se explorar: o floco de neve e a curva de Koch;
triângulo e tapete de Sierpinski, conduzindo o aluno a refletir e observar o senso estético
presente nessas entidades geométricas, estendendo para as suas propriedades [...]”
(apud FUZZO, 2009, p. 290).

3.2 Atividades de observação, construção e análise da Geometria Fractal

A primeira atividade proposta é que os alunos façam uma pesquisa sobre a


geometria fractal para ser entregue e discutida na primeira aula a ser ministrada sobre
este assunto. O resultado esperado para a atividade são as biografias de Koch, de
19

Sierpinski e de Mandelbrot, ou as contribuições destes para a geometria fractal. E caso,


alguns alunos não consigam realizar a tarefa, o professor pode dividir a turma em grupos,
com alunos que fizeram a tarefa e um ou mais que não fizeram para debaterem entre si o
tema durante alguns minutos. Possibilitando uma iteração e que cada elemento do grupo
possa falar algo após o debate.
Feita a apresentação da geometria fractal, o professor já poderá aplicar a
atividade 2 na segunda aula para fixação e consolidação dos conceitos de geometria
fractal. O professor orientará os alunos a se organizarem em duplas e observarem
elementos da natureza e que determinem as semelhanças quanto as formas geométricas
(Tabela 1), o professor também levantará algumas questões que deverão ser respondidas
pelos alunos. Será necessário para esta atividade folhas de ofício, lápis e borrachas. O
tempo necessário para o desenvolvimento da atividade será de 40 minutos, onde os
primeiros 10 minutos são destinados a orientação do professor para os alunos
desenharem e colocarem os respectivos nomes dos elementos observados. Em seguida,
os alunos terão cerca de 15 minutos para montar uma tabela associando formas
geométricas aos elementos observados, e terão mais 15 minutos para responderem as
questões levantadas.
Elementos a serem observados pelos alunos na aplicação da atividade 2.

Figura 6 – Triângulo, retângulo, círculo e quadrado


Fonte: Construção do autor na interface do software Geogebra (2016).

Figura 7 – Repolho
Fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30380
20

Figura 8 – Penas de pavão


Fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30380

Figura 9 – Relâmpagos
Fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30380

Figura 10– Folhas de Samambaia


Fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30380
21

Figura 11 - Pinhas
Fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30380

A construção da tabela esperada para a atividade é a seguinte:

Elemento Formas geométricas


observado associadas
1 Triângulo Triangular
2 Retângulo Retangular
3 Círculo Circular
4 Quadrado Quadrada
5 Repolho Fractal
6 Penas do pavão Fractal
7 Relâmpago Fractal
8 Galhos de Fractal
Samambaia
9 Pinhas Fractal
Tabela 1 (2016)
Fonte: o Autor.

Caso alguma dupla não consiga construir a tabela 1 conforme o esperado, o


professor aplicador deve orientá-los para que a realização da atividade seja completada e
sanar suas dúvidas. Em seguida, o professor deverá levantar as seguintes questões:

1-Quando representamos elementos da natureza, que formas geométricas


costumamos utilizar?
2- Você teve dificuldade em associar forma a algum elemento observado? Quais?
Porquê?
3- Na observação e associação das formas, você percebeu diferenças dos quatro
primeiros elementos comparados aos outros? Se a resposta for afirmativa. Quais foram
as diferenças?
4- Pensando nas geometrias euclidianas, O que seria a geometria fractal?
5- O que mais lhe chamou a atenção nesta atividade e/ou que você gostaria de
compartilhar com os colegas?
22

As respostas esperadas são as seguintes:


1) Quando representamos elementos da natureza costumamos utilizar formas
geométricas euclidianas, como o triângulo, quadrado, círculo etc.
2) Sim/Não. Resposta subjetiva.
3) Sim. As diferenças encontradas foram elementos com formas geométricas
euclidianas e elementos com formas geométricas não euclidianas.
4) A geometria fractal é uma das geometrias não euclidianas. Estuda determinados
comportamentos e possui características inconfundíveis.
5) Resposta subjetiva. Caso as respostas as questões levantadas não forem
concluídas por algum aluno, o professor aplicador orientará as duplas nos 10 minutos
finais a escreverem sobre o que lembram da primeira aula.

Na terceira aula a orientação ao aplicador é propor aos alunos que escolham duas
das seguintes construções, a saber: o floco de neve, a curva de Koch, o tapete e o
triângulo de Sierpinski para reproduzi-las com manipulação do material dourado, esta
será a atividade 3. Caso haja dificuldade dos alunos para a execução da atividade ou os
materiais manipuláveis estejam indisponíveis, as construções fractais serão desenhadas
em folhas de papel ofício ou cartolina. De acordo com o material disponível, o professor
orientará aos alunos de acordo com a figura 13, a traçar um segmento inicial de 9 cm na
horizontal, realizando assim a primeira construção. No segundo momento, se traçará um
segmento horizontal de 3cm, ligado a esse um segmento de 3cm inclinado a 45º (com o
auxílio de um esquadro) e assim sucessivamente conforme o exemplo. Nesta etapa
serão necessários material dourado ou folhas de papel ofício/cartolina, tesoura, réguas
de 15 cm ou 30 cm, lápis, borracha e esquadros.

Figura 12 – Triângulo, retângulo, círculo e quadrado


Fonte: Construção do autor na interface do software Geogebra (2016).

Para a construção do Floco de Neve (figura 13), podemos seguir o modelo de


Miranda et al (2008) fazendo algumas adaptações. Estabelecendo um segmento inicial
com 3cm para a construção no papel e podemos adotar 6cm para a construção com
material dourado. Como figuras fractais, os próximos níveis dão origem a um processo de
fracionar a figura inicial ou iterações (repetir) da mesma. No nível zero (figura 13), a
proposta é construir um triângulo equilátero com lados medindo 3cm. O próximo passo é
marcar dois pontos em cada lado do triângulo, determinando uma distância de 1cm.
23

Assim, no nível 1 se construirá três triângulos de lados medindo 1 cm junto a figura inicial.
Nos próximos níveis para manter a proporção é só continuar dividindo a medida dos
lados por três.

Figura 13 – Floco de Neve


Fonte: Miranda et al (2008).
Para a construção do Triângulo de Sierpinski (figura 14) estabeleceremos um
segmento inicial com 6cm para a construção no papel e podemos adotar 12cm para a
construção com material dourado. O processo será análogo ao da figura 13, observando
o seguinte: Do nível 0 para o nível 1: Os vértices do segundo triângulo construído se
encontram exatamente no ponto médio dos lados; Do nível 1 para o nível 2: Os passos
para as próximas construções são as mesmas do parâmetro anterior.

Figura 14 – Triângulo de Sierpinski


Fonte: Miranda et al (2008).
Durante o desenvolvimento desta atividade o professor deverá auxiliar os alunos
individualmente procurando sanar as dúvidas apresentadas que provavelmente
envolverão dificuldades com o estudo de semelhança de figuras, como traçar os pontos e
as retas, o uso do esquadro e as inclinações das retas.
24

3.3 Emprego dos meios tecnológicos e avaliação dos alunos

Na quarta aula aplicaremos a atividade 4 que consistirá na utilização da sala ou


laboratório de informática já com o software geogebra instalado nos computadores.
Inicialmente o professor deverá apresentar o programa aos alunos de forma lúdica, ou
seja, inicialmente sem uma atividade dirigida. O geogebra possui uma janela de álgebra,
uma janela de visualização, barra de navegação, barra de ferramentas (Figura 15) e
inúmeras ferramentas que possibilitam o usuário explorar e realizar construções
diversificadas

Figura 15 – Barra de Ferramentas


Fonte: Interface do software Geogebra (2016).

Figura 16 – Janelas de Visualização


Fonte: Interface do software Geogebra (2016)
25

Permitida uma ambientação dos alunos, o próximo passo é propor aos alunos que
construam os fractais da atividade anterior (Figura 16), agora utilizando o software
geogebra.

Figura 17 - Sugestão de construção de fractais utilizando o Geogebra


Fonte: Interface do software Geogebra (2016).

Na quinta aula ocorrerá a avaliação dos conteúdos aprendidos, que consistirá na


atividade 5. Esta atividade será dirigida ao professor aplicador, que avaliará a pesquisa
proposta aos alunos na primeira aula, as construções das tarefas 2 e 3 com as questões
levantadas. Na avaliação dos alunos durante a atividade 4 o professor deverá levar em
conta os seguintes fatores: iniciativa, curiosidade, capacidade de representação e
argumentação sobre a geometria fractal.

4. Conclusões
26

Neste trabalho mostramos o desenvolvimento histórico das geometrias não


Euclidianas, ressaltando a importância de trabalhar em sala de aula com este conteúdo,
propomos quatro atividades para serem desenvolvidas pelos alunos, com o objetivo de
inserir o estudo da geometria fractal no contexto escolar. Como resultados das atividades
esperasse que os alunos compreendam o que é a geometria fractal, conheçam um pouco
sobre a sua história e que desenvolvam a capacidade de visualização.
Durante o desenvolvimento das atividades observamos que despertar a
curiosidade dos alunos e produzir recursos que levem em conta o cotidiano deles não é
uma tarefa fácil, mas acreditamos ter ido de encontro ao que nos propomos, seja nos
objetivos, ou seja, na metodologia deste trabalho.
Como trabalho futuro propomos que as atividades que foram desenvolvidas neste
trabalho sejam aplicadas em sala de aula e que os resultados obtidos sejam analisados,
propondo alterações nas atividades caso seja necessário.
.
27

5. Referências Bibliográficas

ANTUNES, Marcelo C. Uma possível inserção da geometria não euclidiana no Ensino


médio. Trabalho de Conclusão de Curso. 2009. 54f. Universidade do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2009. Disponível em:
<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/18218/000728046.pdf?sequence=1>.
Acesso: 11 de Out 2015.

ARAÚJO, Rosenilda Silva - Estudar Geometria-não-euclidiana através de materiais


concretos. Artigonal.31/10/2010. Disponível em: <http://www.artigonal.com/ciencia-
artigos/estudar-geometria-nao-euclidiana-atraves-de-materiais-concretos-3583258.html>.
Acesso em: 03/03/2016.

BIANCHINI, Edwaldo. “Matemática, Bianchini” – 7ª ed. São Paulo. Moderna, 2011

BICUDO, IRINEU. Os Elementos/Euclides; tradução e introdução. São Paulo: Editora


UNESP, 2009.

BRASIL. MEC. SEF. Parâmetros Curriculares para o Ensino Fundamental. Brasília, 1998.

CABARITI, Eliane. Geometria Hiperbólica: Uma proposta didática em ambiente


informatizado. PUC/SP, Mestrado em Educação de Matemática. 2004. Disponível em:
<http://www.sapientia.pucsp.br/tde_arquivos/3/TDE-2007-06-18T08:59:32Z-
3524/Publico/dissertacao_eliane_cabariti.pdf>. Acesso em: 9 Out. 2015.

CARMO, Manfredo Perdigão. Geometrias Não-Euclidianas – Matemática Universitária,


N. 6, Dezembro de 1987, 25-48, Instituto de Matemática Pura e Aplicada – CNPq.

FEITOSA, H. A.; LOCCI, Valter. O fazer matemático. Mimesis, Bauru, v. 22, n. 3, p. 63-
81, 2001.

FREITAS, Brasilio Alves. Introdução à Geometria Euclidiana Axiomática com o


Geogebra. 61f. : il. Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional.
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013.

FUZZO, Regis Alessandro; REZENDE, Veridiana; SANTOS, Talita Secorun. GEOMETRIA


DO TÁXI: A MENOR DISTÂNCIA ENTE DOIS PONTOS NEM SEMPRE É COMO
PENSAMOS. V Encontro de Produção Científica e Tecnoógica. 2010. Disponível em:
<http://www.fecilcam.br/nupem/anais_v_epct/PDF/ciencias_exatas/10_FUZZO_REZEND
E_SANTOS.pdf>. Acesso em: 11 Mar.. 2016.

GOMES, Antônio do Nascimento. Uma proposta de ensino envolvendo geometria


fractal para o estudo de semelhança de figuras planas. São Paulo: UFSCar, 2010.
Disponível em <http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?
codArquivo=3711>. Acesso em 06/11/2015 às 21:27.
28

KALEFF, Ana Maria M. R. Geometrias não-euclidianas na educação bàsica: utopia ou


possibilidade?. Anais do X Encontro Nacional de Educação Matemática Palestra .
Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010.
Disponível em:<http://www.lematec.net/CDS/ENEM10/artigos/PA/Palestra21.pdf>. Acesso
em: 10 de out, de 2015.

KALEFF, Ana Maria M. R; ROBAINA, Diogo Tavares. GPS e o seu funcionamento


frente à Geometria Euclidiana e à Geometria da Esfera. Oficina da III SEMANA DA
MATEMÁTICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, Laboratório de Ensino da
Geometria- LEG, 2006. Disponível em:
<http://www.sbembrasil.org.br/files/ix_enem/Minicurso/Trabalhos/MC38292700897T.rtf>.
Acesso em: 20 Out. 2015.

LOVIS, Karla Aparecida; FRANCO, Valdeni Soliani. Geometria Euclidiana e Geometria


Hiperbólica Em Um Ambiente de Geometria Dinâmica. Encontro Paranaense de
Educação Matemática. 2009. Disponível em
<http://www.unicentro.br/editora/anais/xeprem/CC/17.pdf>. Acesso em 7 Nov. 2015.

MARATTA, Roberto C; SOUZA, Luciane de F. R. Abordagem de uma aplicação das


geometrias não euclidianas. Revista Eletrônica de Educação e Ciência– REEC Volume
01 Número 01 Setembro/2011. Páginas 18-50. Disponível em:
<http://www.fira.edu.br/revista/ano1_num1_ed1_art3_pag18.pdf>. Acesso em: 20 Out.
2015.

MASSAGO, Sadão. Axiomas da Geometria Euclidiana. Abril 2010. Disponível em:<


www.dm.ufscar.br/~sadao/download/?file.../geometria-euclidiana-axioma>. Acesso em
01/04/2016.

MIRANDA, J. G. V; ASSIS, T. A; MOTA, F. B; ANDRADE, R. F. S.. CASTILHO, C. M.


Geometria fractal: propriedades e características de fractais ideais (Fractal geometry:
properties and features of ideal fractals).Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 30, n. 2,
2304 (2008). Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rbef/v30n2/a05v30n2.pdf>.
Acessado em 30/11/2015.

METAMORFOSE DIGITAL. Metamorfose Digital – 29 padrões fractais hipnotizantes


encontrados na natureza. 10 de Janeiro de 2014. Disponivel em: <
http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30380>. Acessado em 01/05/2016.

MURARI, C. A. Tesselação (5,6,6) – a bola de futebol visualizada em caleidoscópio


generalizado. In: VIII Encontro Nacional de Educação Matemática - ENEM, 2004, Recife
(PE): SBEM, p. 01-09. Disponível em: <https://www.google.com.br/url?
sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CB0QFjAAahUKEwjS
zuXZrePIAhUDipAKHUBnA5s&url=http%3A%2F%2Fwww.sbembrasil.org.br%2Ffiles
%2Fix_enem%2FPoster%2FTrabalhos
%2FPO20319274853T.doc&usg=AFQjCNGMaHdWK6D3IjoSj9tFMQ9MGGPNPA&sig2=i
Pyqe7Bj5RI8OQza-j3Vzw>. Acesso em: 20 Out. 2015.

NASCIMENTO, Maristel do. SILVA, Sani de Carvalho Rutz da. MACIEL, Nilcéia
Aparecida. Uma proposta didática para o ensino de geometria fractal em sala de
29

aula na educação básica. VIDYA, v. 32, n. 2, p.113-132, jul./dez., 2012 - Santa Maria,
2012. Disponível em <http://sites.unifra.br/Portals/35/2012/08.pdf>. Acesso em
06/11/2015 às 21:30.

OLIVEIRA, Lúcia Helena. Fractais: loucuras criadas por equações. Revista


Superinteressante: Matemática do delírio. Outubro 1994 – Edição 85 – p. 22-27.
Disponível em <http://www.insite.com.br/fractarte/artigos/superinteressante.php>.
Acessado em 24/02/2016 às 09:30.

RIGONATTO, Marcelo. "Geometria do táxi"; Brasil Escola. Disponível em


<http://brasilescola.uol.com.br/matematica/geometria-taxi.htm>. Acesso em 24 de junho
de 2016.

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. 48ª edição. Editora Agir, Rio de
Janeiro, 2006.

SOUZA, J. R; PATARO, P. M. Vontade de saber matemática, 6º ano, 2º ed. – São Paulo;


FTD; 2010.

THOMAZ, M. L; FRANCO, V. S. Geometria Não-Euclidiana/ Geometria esférica, 2008.


Disponível em:<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/233-4.pdf>.
Acesso em: 10 de out. De 2015.

TOTH, Imre. A revolução não-euclidiana – Caderno de Física 09 (01 E 02): 37-52,


2011 – Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Disponível em:<
http://dfis.uefs.br/caderno/vol9n12/ImreToth.pdf>. Acesso em 09 nov.2015.

UNIVESPTV. Matemática - Aula 23 - Geometrias não Euclidianas - Parte 1. Disponível


em: <https://youtu.be/rMUIzmZsYuM>. Acesso em: 12 out. 2015.

VEJAN, M. P.; FRANCO, V. S. Geometria não-euclidiana/ geometriados fractais.


Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná-PDE 2008/2009.
Disponível em <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2207-8.pdf>.
Acesso em 06/11/2015 às 21:35.

A GEOMETRIA NÃO EUCLIDIANA – Tópicos de História da Matemática. Disponível


em:< https://www.youtube.com/watch?v=gqyY_vSQWEw>. Acesso em: 09 de out.de
2015.

BOBDIRLEI. A Geometria Não Euclidiana. 2011. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=gqyY_vSQWEw>. Acesso em: 12 Out. 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica.


Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio: ciências da Natureza, matemática e
suas tecnologias. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002.

BRUM, W. P.; SCHUHMACHER E. Uma abordagem de conceitos elementares de


geometria não euclidiana: uma experiência vivenciada no ensino de matemática a partir
30

de uma sequencia didática. HOLOS, Ano 30, Vol. 01, 2014. Disponível em:
<http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/1672/791>. Acesso: 13 Out
2015.

CALDATTO, Marlova E.; PAVANELLO, Regina M. O Processo de Inserção das


Geometrias Não-Euclidianas no Currículo da Escola Paranaense: a visão dos professores
participantes. Bolema, Rio Claro (SP), v. 28, n. 48, p. 42-63, abr. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/bolema/v28n48/03.pdf>. Acesso: 13 Out 2015.

CARVALHO, Maria A. S.; TUCCI, Ana M. F. C.O ensino de geometria não euclidiana na
educação básica. XIII CIAEM-IACME, Recife, Brasil, 2011. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/maio2013/matematica_artigos/arti
go_carvalho_tucci.pdf>. Acesso:13 de Out 2015.

DEVITO, André; FREITAS, Koaerece de Freitas; PEREIRA, Kênia Cristina. Geometria


Não Euclidiana. UNICAMP; IMECC. Disponível em:
<http://www.ime.unicamp.br/~eliane/ma241/trabalhos/nao_euclidiana>. Acesso em: 31
Out. 2015.

FERREIRA, Luciano. Uma proposta de geometria hiperbólica: “Construção do plano


de poincaré” Com o uso do software geogebra. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MARINGÁ, Centro de Ciências Exatas, Programa de Pós graduação em Educação para a
Ciência e a Matemática. 2011. Disponível em:
<http://www.dma.uem.br/igi/arquivos/artigo1.pdf>. Acesso em: 9 Out. 2015.

GOUVEA, Flávio Roberto. Uma Abordagem de Ensino-aprendizagem da Geometria


Esférica através do Computador. Artigo. Centro Universitário Paulistano – Unipaulista-
São Paulo. Disponível em:< http://tecmat-ufpr.pbworks.com/f/R0050-1.pdf>. Acesso em
27 out. 2015.

Das könnte Ihnen auch gefallen