CAPA Espaco restrito Com terrenos cada vez menores e estimulos publicos para desenvolvimento de regides centrais nas grandes cidades, construtoras sao desafiadas a executar suas obras em canteiros mais apertados Falta de espaco no canteiro exige solucées ciferenciadas para instaiacio dos alojamentos provisorios TECHNE 230 | Majo DE2016AAcesso inadequado dos caminhdes pode interfert diretamente na produtividade da obra A obras retratadas nessa reporta- gem tém em comum o fato de se desenvolverem em canteitos pequenes comentomo bastante adensado. Reali- dade ¢ssa que, na opinie do professor da Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo (Poli-USP) e diretor da Produtime, Ubiraci Espineli lemes de Souza, iri se repetir cada ver mais. “Na medida em que urbanizagio é um fe- ndmeno muito forte no Brasil, traba~ thar com terrenos menores € uma ten- déncia’ aposta, Afinal, 0 custo de levar a infraestrutura para cada vez mais Jonge limita busea por éreas mais ba~ ratas € maiores, que estao, inevitavel- mente, mais longe dos centros urba- nos.“A melhoria da mobilidade tam- bém induz a construir proximoaesta~ g0es de transporte rapido, normal- ‘mente areas id adensadas’; pontua. Souza observa, ainda, que no caso dacs sugao eivily predutaj rio ocupa praticamentea mesma area da fabrica e que as areas para estoca- gem de materiais, processamentos & vivéncia so proporcionais a érea construida. Ou seja, quanto maior 0 empreendimento, maior a area de- mandada para os processes produti- vos. Sendo que nao € raro haver, nos centros urbanos, empreendimentos que constroem 10 m? para cada metro quadrado de terreno, a demanda por espagos € bastante acirrada. “Isso se agrava quando a velocidade de cons- tnugio 6 alta, levando a uma concen- trago adicional de insumos num ‘mesmo periodo de tempo’, lembra. {sso porque, conforme comenta Sergio Fernando Domingues, diretor técnico da Tarjeb, existe uma corrdla- a0 entre o prazo da obrae o canteiro, Assim, diz el, se o prazo da obra for extenso, diminuinda os seevicos si- ‘multancos, haverd menos material os- tocado simultaneamente e mesmo um canteiro pequeno poderia atender a0 fluxo de servigos e materiais."A ex- presiu subjetiva, dependendo dascircunstén- ciase parametros da obrae do sistema consteutive atrelado ao cronograma da obra”, complement. (Obras sem recuo exigam galeria de protecio dias calcadas tela envolvendo a fachada Outra varidvel levantada por Do: mingues diz respeito as do emtorno da obra, Para ele, elem do espaco fisico do terreno, deve se dar atengéo 20 tipode via (local, arte- rial, expressa), topografia (plana ou ladeira), além da infraestratura, que influencia diretamente 0 acesso ea logistica. As entregas, por exemplo, podem ser diretamente impactadas no caso de haver trinsito intenso na regido,incluindo a necessidade de au- torizagdo especial dos érgios compe- tentes para o trifego de veiculos grandes. “A vizinhanga tem forte po- tencial de impacto na logistica’, asse gure Domingues. caracteristi- Planejamento abrangente Para Alexandre Couso, diretor da Edalco Construtora,o tamanho consi- derado ideal &aquele em que os recuos ala edifivegau conn selagao sejam suficientespare abrigar um can- Leiro definitive, evitando mobilizagoes durante @ obra. “Isso é identificado por meio de andlise prévia dos proje- >>CAPA Fatores que influenciam o planejamento de canteiros apertados Acessosa0.cantelro Area ce crculaggo interna 3 Disponibilidade de equipamentos para transporte vertical Sistemas construtivos adotedos @ Tiansito no regio : Legisingie de tréfego de cominhiese deruos noturnos Disponbiticade de entrega de materais paletzadas Vizinhos préximos Fluxo e comportamento de pedestres ‘Dspace para centais de produgioeestoques de materia tose com base na estratégia do plane- jamento da obra’yafirma Foi o que aconteceu na obra do SP Next Home, empreendimento da Fdlalco no Centro da cidade de Sio Paulo. De acordo com ele, a identifica ‘fo das restrigoes de espaco se deu na fase de planejamento da obra. Ele ex- plica que a construtora possi uma rotina de planejamento que envolve, além do cronograma de execugao da obra, o estudo prévio de interferéncias ce impactos do canteiro de obra com as projegies da edificagdo, visando a oti- ‘miza¢ao da logistica da obra em todas as etapas construtivas, Enesa fase quea constratora pode verilfoat, yan cacinphy a yuanticade de acessos a0 canteiro. “Se houver apenas ‘uma rua de acesso ea frente for estreita, ‘do importa o tamanho do terreno, ha- veré um funil’ testa Domingues. Com ais acessos, acredita, a logistica de ‘transporte horizontal fica facilitada e a dinamicase torna mais simples. Por tais motivos, planejamento é 0 foco principaldoempreendimento que @ Tarjab temnarua Florincie de Abreu, ‘no Centro da cidade de Sao Paulo. De acordo com Domingues, 0 planeja- mento comegou seis meses antes do inicio das obras, com uma equipe, de- rnorninada Engenihariade Valor, voltada a entender o compertamento da mi- crorregiio onde seinsere oempreendi- -mento, “Temos que pensar em absolu- tamente tudo, nas pessoas, nos vizi- nnhos, no transito, no comportamento dos pedestres’revela o engenheiro. Os davios Tevantadus pela equipe téminfluenciado diretamente #execu (a0 da obra, diz. "Se fosse uma solugao meramente técnica, a solugdo seria uma, mas devido a restriczo de espaco € 20 entorno, tomames outras deci- shes de projet.” Para Souza,"“amelnor organizagao do processo de produgio é fundamen. ta?” permitindo, por exemplo, conce- bber uma logistica em que os meteriais ‘possum ser levados diretamente para 0 local de uso, sem a necessidade de es- toques 20 longo do caminho entre a entrada ea frente de servige. © professor da Poli firma, ainda, ‘que para veneer o problema da falta de cespago virios caminhas podem ser es- tudados. £ possivel, cita, prever uma contratacao de insumos baseada em entregas mais frequentes, mas com ‘menores quantidades por ver. Além disso, user de nate is ps dos, como argamassas industrializa das,e 0 investimento em industrializa- Go tendem a reduzir 0 ndimero de ‘pessoas num canteiro, Outro recurso TECHNE 230 | Majo DE2016