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“Desde que o homem habita este mundo, as pontes são a expressão de sua vontade de superar
os obstáculos que encontra no caminho para atingir o seu objetivo. As pontes são testemunho do
progresso, poder e decadência; nos falam da cultura dos povos e de sua mentalidade. Desde a
obra modesta, somente funcional, até o monumento de formas aperfeiçoadas – mais ou menos
carregada artisticamente – encontramos tal multiplicidade de expressões.”
H. Wittfoht
1. Conceitos básicos
1.1. Definições
Ponte é uma construção destinada a estabelecer a continuidade de uma via de qualquer
natureza. Nos casos mais comuns, e que serão tratados neste texto, a via é uma rodovia, uma
ferrovia, ou uma passagem para pedestres.
O obstáculo a ser transposto pode ser de natureza diversa, e em função dessa natureza são
associadas às seguintes denominações:
Ponte (propriamente dita) - quando o obstáculo é constituído de curso de água ou outra
superfície líquida como, por exemplo, um lago ou braço de mar (Figuras 1 e 2);
Viaduto - quando o obstáculo é um vale ou uma via (Figuras 3 e 4)
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Figura 03 – Esquema ilustrativo de viaduto
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A mesoestrutura, constituída pelos pilares, é o elemento que recebe os esforços da
superestrutura e os transmite à infraestrutura, em conjunto com os esforços recebidos diretamente de
outras forças solicitantes da ponte, tais como pressões do vento e da água em movimento.
A superestrutura, composta geralmente de lajes e vigas principais e secundárias, é o elemento
de suporte imediato do estrado, que constitui a parte útil da obra, sob o ponto de vista de sua
finalidade.
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Figura 07 – Encontros com alas laterais monolíticas com a parede frontal.
b) Placas de transição ou laje de transição: tem por função acompanhar o assentamento do
terreno quando este for muito recalcável. A declividade da placa não pode ultrapassar a
1:200.
Uma extremidade da placa apóia-se num console curto linear ao longo da transversina
extrema ou cortina e a outra extremidade apóia-se no terrapleno.
Figura 08 – Cortina extrema, alas e placas de transição para o caso de pontes com extremidades em balanço.
Com relação à seção longitudinal, mostrada na fig. 09, tem-se as seguintes denominações:
Comprimento da ponte (também denominado de vão total) - distância, medida
horizontalmente segundo o eixo longitudinal, entre as seções extremas da ponte;
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Vão (também denominado de vão teórico e de tramo) - distância, medida horizontalmente,
entre os eixos de dois suportes consecutivos;
Vão livre - distância entre as faces de dois suportes consecutivos;
Altura de construção - distância entre o ponto mais baixo e o mais alto da superestrutura;
Altura livre - distância entre o ponto mais baixo da superestrutura e o ponto mais alto do
obstáculo.
1.4.2. Comprimento
Segundo o seu comprimento, as pontes podem ser classificadas em:
Galerias (bueiros) - de 2 a 3 metros;
Pontilhões - de 3 a l0 metros;
Pontes - acima de l0 metros.
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Esta classificação tem importância apenas para apresentar as denominações que as pontes
recebem em função do seu comprimento ou porte, embora não exista consenso - e nem grande
importância - sobre as faixas de valores aqui indicadas.
Existe ainda uma divisão, para as pontes de concreto, também de contornos não muito
definidos, que é:
Pontes de pequenos vãos – até 30 metros;
Pontes de médios vãos – de 30 a 60 a 80 metros;
Pontes de grandes vãos – acima de 60 a 80 metros.
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Figura 11 – Ponte ferroviária – Estrada de Ferro Vitória/Minas (Minas Gerais)
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Figura 14 – Ponte rodoferroviária – Ponte sobre Rio Tocantins – Marabá (Pará)
Você Sabia?
Um exemplo de ponte navegável é o canal-ponte sobre o Rio Elba que une a rede de canais
da ex-Alemanha Oriental com a da Alemanha Ocidental, como parte do projeto de reunificação de
ambas desde a caída do muro de Berlim.
Com seus 918 m de comprimento, a ponte-canal é tida como um primor da engenharia, tendo
consumido 68.000 m3 de concreto e 24.000 toneladas de aço. Comporta 132 mil toneladas de água
em sua calha de 34 m de largura e 4,25 m de profundidade e deve resistir até mesmo a terremotos.
Antes desta magnífica obra, os navios precisavam dar uma volta de 12 km pelo rio,
atravessando eclusas antiquadas, o que significava perda de horas de viagens.
Dependendo do nível d’água no Elba, os navios mais carregados precisavam se descarregar
parte da mercadoria em Magdeburg para poder prosseguir. Atualmente, embarcações com até 1.350
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toneladas de carga poderão navegar sem interrupção das bacias do Weser e Ruhr, no oeste, até
Berlim e vice-versa.
Demorou 5 anos para ser concluído.
A obra, que tem tráfego durante todo o ano de barcos motorizados e manuais, de cargas e
passageiros, consiste de uma ponte principal de 228 m de comprimento, construída em três seções de
57,1 m, 106,2 m e 57,1 m respectivamente e de um enorme canal de aproximação de 690 m dividido
em 16 seções.
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1.4.4. Desenvolvimento planimétrico
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Figura 19 – Altimetria das pontes e viadutos
Figura 20 – Ponte em rampa e com tabuleiro convexo (Ponte Eshima Ohashi – Japão)
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Figura 21 – Seção transversal de pontes em lajes
Pontes em vigas
As pontes em viga se caracterizam por apresentarem vinculações que não transmitem
momentos fletores da superestrutura para a infraestrutura.
Este tipo estrutural é o mais empregado atualmente no Brasil.
Vinculações típicas:
a) Vigas simplesmente apoiadas sem balanços
Neste caso pode-se ter um tramo único ou uma sucessão de tramos, conforme ilustra a Fig.
23.
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Figura 24 – Exemplo de ponte simplesmente apoiada com tramo único apoiada em encontro baixo.
Pré-dimensionamento
Para efeito de pré-dimensionamento pode-se, em princípio, adotar as seguintes relações entre
altura do vigamento e o vão.
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1 h 1
concreto armado vãosaté 25 m
15 L 10
1 h 1
concreto protendido
20 L 15
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Figura 27 – Distribuição de momentos fletores em vigas simplesmente apoiadas com balanços.
Figura 28 – Exemplo de ponte em viga simplesmente apoiada com balanços. Fonte: MARTINELLI (1971).
Pré-dimensionamento
Para efeito de pré-dimensionamento podemos adotar:
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L L
h a
1
9 12
L
h
2
2
c) Vigas contínuas
Quando o comprimento da ponte pode ser subdividido em vãos parciais, o esquema de vigas
contínuas, ilustrado na Fig. 29, aparece como solução natural.
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A variação do momento de inércia pode ser obtida com a variação da altura da viga, e
também com o emprego de laje inferior junto aos apoios.
Outro aspecto relevante das pontes de vigas contínuas é o fato de não se ter juntas no
tabuleiro. No entanto, quando o comprimento da ponte é muito grande, os efeitos de variação de
temperatura se tornam importantes, e neste caso é conveniente introduzir juntas. Em princípio, como
indicação inicial, pode ser adotado espaçamento de 100 m entre as juntas, no caso de se empregarem
aparelhos de apoio comuns. No caso de aparelhos de apoio especiais à base de teflon, o espaçamento
entre as juntas pode ser aumentado chegando até cerca de 400 m, como por exemplo, é o caso da
ponte Rio-Niterói.
Em princípio, as pontes de vigas contínuas devem ser evitadas em situações nas quais estão
previstos deslocamentos de apoio significativos, pois recalques diferenciais irão introduzir esforços
adicionais neste tipo de estrutura.
d) Pontes com estrado celular
A superestrutura é formada por duas lajes, uma superior e outra inferior, interligadas por
vigas longitudinais e transversais.
Vantagem: grande rigidez à torção.
e) Vigas Gerber
A viga Gerber, cujo esquema estático está apresentado na Fig. 33 pode ser entendida como
derivada da viga contínua, na qual são colocadas articulações de tal forma a tornar o esquema
isostático, e como conseqüência disto, não receberá esforços adicionais devidos aos recalques
diferenciais dos apoios.
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Se as articulações forem dispostas nos pontos de momento nulo do diagrama de momentos
fletores provocados pela carga permanente, tem-se, o comportamento da viga Gerber, em relação às
cargas permanentes, igual ao das vigas contínuas. Assim, para pontes de grandes vãos, em que o
peso próprio representa uma grande parcela da totalidade das cargas, as vigas Gerber teriam um
comportamento próximo ao das vigas contínuas, sem sofrer a influência danosa dos recalques
diferenciais.
As pontes de vigas Gerber, normalmente, apresentam três ou cinco tramos, com a posição das
articulações mostrada na Fig. 34.
Figura 34 – Posição das articulações nas pontes de viga Gerber. Fonte: MARTINELLI (1971).
Vale ressaltar que, quando os vãos são desiguais, as articulações colocadas nos tramos
maiores, resultam em uma melhor distribuição dos momentos fletores devidos à carga móvel. Este
fato pode ser observado na Fig. 35, onde são mostradas as envoltórias dos momentos fletores da
carga móvel em vigas de três tramos.
As vigas Gerber podem também ser entendidas como uma sucessão de tramos simplesmente
apoiados com balanços e de tramos suspensos. Vistas desta maneira, as pontes de vigas Gerber
possibilitam alternativas construtivas bastante interessantes. Na Fig. 36 está ilustrado um esquema
de viga Gerber em que os tramos laterais podem ser moldados no local, ou mesmo pré-moldados e o
tramo central é pré-moldado.
Cabe destacar ainda que se de um lado as juntas (dentes Gerber) acarretam as vantagens já
mencionadas, de outro lado, elas representam trechos em que devem ser tomados cuidados
redobrados tanto no detalhamento da armadura como na execução, em razão da grande redução da
seção resistente ao esforço cortante que será transmitido pela articulação.
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Figura 36 – Ilustração de possibilidade construtiva de ponte em viga Gerber.
Ponte em pórtico
Os pórticos são formados pela ligação das vigas com os pilares ou com as paredes dos
encontros, caracterizando a continuidade entre esses elementos em substituição às articulações,
promovendo a transmissão dos momentos fletores da superestrutura para a infraestrutura.
Neste tipo estrutural, parte da flexão da viga é transmitida para os pilares, possibilitando a
redução dos momentos fletores na superestrutura à custa da flexão da infraestrutura.
A Fig. 3.18 ilustra a comparação da distribuição dos momentos fletores nos esquemas de
ponte em viga e de ponte em pórtico, para uma carga uniformemente distribuída na superestrutura.
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Figura 38 – Esquemas estáticos de pórticos para pontes de pequenos vãos.
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Pontes em arcos
O arco é um tipo estrutural que tem um comportamento estrutural interessante, pois apresenta
a possibilidade de ter os esforços de flexão reduzidos em função da sua forma. No caso de arcos de
concreto, essa possibilidade de redução da flexão resultando na predominância da compressão, é
adequada ao material.
Atualmente o emprego das pontes em arco é bem menor que no passado, principalmente
devido ao avanço da tecnologia do concreto protendido, que ampliou os vãos franqueados às pontes
em viga, e que até então eram exclusivos dos arcos.
Via de regra, os arcos são indicados para vales profundos, com tabuleiro superior, quando se
pode resistir aos empuxos do arco com uma fundação não muito onerosa (solo de boa qualidade ou
rocha); em terrenos planos a pontes em arco normalmente tem o tabuleiro inferior, o qual pode ser
incorporado ao sistema estrutural promovendo o seu funcionamento como tirante para aliviar os
empuxos do arco.
Em contrapartida ao bom comportamento estrutural do arco, tem-se o alto custo da
construção das fôrmas e do cimbramento, o que tem justificado a redução do emprego deste sistema
estrutural. No entanto, a partir da década de 90 observou-se uma retomada ao sistema estrutural com
a utilização de construção em balanço, com concreto pré-moldado, na forma de aduelas, ou concreto
moldado no local, para grandes vãos, principalmente.
Vinculações típicas:
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Classificação:
As estruturas em arco podem ser projetadas com tabuleiro superior, sustentados por
montantes, ou com tabuleiro inferior, sustentado por tirantes ou pendurais. Existe ainda o sistema
misto com o arco intermediário, sustentado lateralmente por montantes e, no centro, por pendurais.
a) Pontes em arco superior (tabuleiro inferior)
As pontes em arco superior são mais empregadas em terrenos planos. Os arcos são projetados
de forma isolada, porém, entre eles deve haver um sistema de contraventamento para evitar as
inclinações laterais e garantir a estabilidade do conjunto.
Os empuxos são transmitidos do tabuleiro para o arco através dos tirantes ou pendurais que
trabalham significativamente às tensões de tração.
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Importante!!
1. As pontes com arco inferior e intermediário apresentam grandes esforços horizontais na base
do arco. Este fator exige um excelente terreno de fundação. Caso a ponte seja construída em
concreto armado, deve-se prever um bom plano de concretagem a fim de evitar os efeitos de
retração e deformação lenta do material.
2. As pontes em arco com tabuleiro inferior são mais indicadas para pequenos vãos e para
grandes vãos utiliza-se ponte em arco com tabuleiro superior. As pontes em arco com
tabuleiro intermediário são menos utilizadas uma vez que a interseção do arco com o
tabuleiro representa problemas construtivos.
Você Sabia?
A ponte em arcos metálicos e estais no Lago Sul, em Brasília: novo cartão-postal da engenharia
de estruturas.
Resumo
Obra: Ponte sobre o Lago Sul
Execução: Via Dragados
Localização: Lago Paranoá, ligação viária entre o Setor de Clubes e o Setor Habitacional Individual
Sul, Brasília
Construção: entre 2000 e 2002
Comprimento: 1,2 mil m
Raio de curvatura: 3,15 mil m
Largura do tabuleiro: 24 m
Altura do tabuleiro: 18 m acima do nível d'água
Arcos: três vãos de 240 m sustentados por quatro apoios principais submersos
Estrutura metálica: 12,6 mil t
Aço CA 50: 4 mil t
Volume de concreto: 38,9 mil m3
Camisa metálica para fundação e apoios provisórios: 8,2 mil
Quando Alexandre Chan venceu o Concurso Nacional de Estudos Preliminares de
Arquitetura da Terceira Ponte sobre o Lago Paranoá, em Brasília, não imaginava o trabalho que iria
dar à construtora responsável. Tirar do papel três arcos estaiados metálicos de quase 40 m de altura,
que vencem vãos de 240 m cada, não é como construir um viaduto. A ponte possui três faixas de
rolamento em cada sentido, além de ciclovia e passeio lateral, em um total de 24 m de largura e 1,2
24
mil m de extensão. No edital de convocação, o custo estimado era de R$ 96 milhões, muito abaixo
dos R$ 160 milhões gastos. A construtora Via Dragados, de Brasília, junto com a Usiminas
Mecânica encararam o desafio de construir em dois anos uma obra que envolveu engenharia em terra
e embaixo d'água. É formada por uma estrutura mista de concreto e aço sustentada por arcos
metálicos e estais sobre pilares de concreto e fundações subaquáticas. A execução das fundações
demandou mais tempo e dinheiro do que se previa e foi o verdadeiro desafio tecnológico da obra.
A ponte serve de ligação para o Setor de Clubes com o Setor de Habitações Individuais Sul
(SHIS) e as cidades de Paranoá e São Sebastião. O concurso foi promovido pela Agência de
Desenvolvimento do Distrito Federal, Terracap, e elegeu vencedor o projeto do arquiteto Alexandre
Chan em parceria com o projetista estrutural Mario Jaime dos Reis Vilaverde dentre 87 equipes
concorrentes. A construtora Via Dragados foi responsável pela execução das fundações, pilares e
nascentes em concreto, e a Usiminas Mecânica, empresa do grupo Usiminas, pela execução de todas
as estruturas metálicas, como tabuleiros e arcos.
Figura 48 – Para monitorar a montagem dos arcos, foram utilizados extensômetros, prismas e pinos de recalque.
Estaleiro de obras
O canteiro de obras teve que se transformar em verdadeiro complexo fabril. As instalações
foram montadas em quatro meses e tudo se produziu lá dentro, desde fôrmas de madeira até
guindaste de 150 t. As instalações compreendiam locais para fabricação de camisas metálicas, apoio
náutico para a fabricação de flutuantes, pontes de embarque e passarelas de serviço sobre o lago e
área para a fabricação dos tabuleiros e arcos metálicos com geradores e duas subestações. Além da
fabricação de ferramentas leves, a obra empregou equipamentos pesados de apoio como guindastes
treliçados e tipo grua, bombas para lançamento de concreto, rebocador e barcos a motor. Para
facilitar o fornecimento de mão-de-obra e material outro canteiro foi montado na segunda margem
da ponte com alojamentos, refeitórios e central de apoio.
Arcos metálicos
Os arcos metálicos foram feitos em módulos de 10 m em uma central no canteiro e levados
ao local do içamento por flutuantes e rebocadores. Para possibilitar a montagem dos arcos foram
executadas três torres de sustentação e um gabarito metálico sob o tabuleiro, para cimbramento dos
módulos enquanto não estivessem travados. Os módulos foram içados com o auxílio de um
guindaste de 300 t e solidarizados por solda. O travamento da estrutura se deu após a colocação do
último módulo, à noite, quando o vão restante era o maior possível. Com o calor do dia seguinte as
peças metálicas se expandiram e travaram toda a estrutura e os apoios provisórios puderam ser
desmontados.
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Figura 49 – Montagem dos arcos metálicos.
Pavimentos
O tabuleiro metálico é pavimentado com material asfáltico de alta aderência, antiderrapante e
de pouca espessura. O revestimento contém polímeros metálicos e foi aplicado fundido a 220° C em
camadas de 10 mm. Antes da aplicação, a superfície metálica foi examinada para permitir a
calibração do extrusor aplicador ligado a um caminhão usina. O filme asfáltico foi recoberto por um
agregado mineral, bauxita sinterizada, compactado por um rolo de 300 kg. Uma máquina varredeira
foi utilizada para remover o excesso de agregado e reutilizá-lo na compactação com rolo leve.
Finalmente, um rolo de pneu com carga superior a 12 t conferiu o acabamento final. A parte superior
dos tabuleiros dos acessos é formada por pré-moldados de concreto e recebeu revestimento de
microconcreto asfáltico.
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Figura 51 – Montagem do tabuleiro.
Fundações
As estacas verticais e inclinadas nos vãos centrais foram executadas por cravação de camisas
metálicas, perfuração e concretagem, e tubulões a ar comprimido nos acessos. Os blocos de
fundação foram feitos a partir de uma fôrma de concreto executada acima do nível da água e depois
rebaixada com o auxílio de macacos hidráulicos.
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Os pilares e nascentes receberam concreto de 40 MPa de alto desempenho com sílica ativa e
aditivo superplastificante.
Os pilares dos acessos verticais receberam aparelhos de apoio de neoprene; os pilares
inclinados, aparelhos de apoio metálicos.
Pontes Estaiadas
Nas pontes estaiadas de concreto, normalmente, apenas o tabuleiro é de concreto; pontes com
tirantes de concreto são de uso muito restrito.
Este esquema estrutural, que pode ser considerado igual ao de uma viga atirantada em vários
pontos, é empregado para vãos muito grandes.
Trata-se de um tipo estrutural que vem se tornando cada vez mais utilizado no exterior,
porém a sua utilização no Brasil, até o presente momento, ainda é bastante reduzida. Uma das
principais características que tem favorecido o emprego crescente das pontes estaiadas é a sua
execução. Este fato pode ser verificado na Fig. 55 onde é feita uma comparação com uma ponte
pênsil. Como pode ser visto nesta figura, a ponte pênsil precisa ser cimbrada ao longo do vão para
não solicitar o cabo durante a montagem ou, no caso mais comum, o cabo precisa ser ancorado em
grandes blocos para suportar as forças de tração que são produzidas à medida que o tabuleiro vai
sendo pendurado. Já na ponte estaiada, à medida que vai sendo executado o tabuleiro, as forças
horizontais vão sendo auto-equilibradas.
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Figura 56 – Sistemas de disposição dos estais: Leque (esquema superior); Semileque; e
Harpa (esquema inferior).
Os sistemas de estaiamento se diferem na disposição dos cabos ao longo do pilone. O sistema
em leque é caracterizado por concentrar os estais no topo do pilone e, deste ponto único, partir com
esses elementos até atingir o ponto desejado de ligação com o tabuleiro. Este sistema apresenta
algumas dificuldades para o detalhamento da região de concentração dos estais no pilone, uma vez
que as ancoragens exigem um espaço físico mínimo para instalação dos estais. Muitas vezes, a
quantidade de estais é grande e as dimensões da torre são reduzidas para comportar todas as
ancoragens.
O sistema em harpa se notabiliza por apresentar uma distribuição dos estais ao longo de todo
o comprimento da torre, fazendo com que os estais tenham a mesma inclinação e conferindo simetria
ao sistema.
O sistema semileque ou semi-harpa é o mais utilizado no Brasil e consiste na distribuição dos
estais ao longo do trecho superior do pilone. O sistema apresenta algumas vantagens técnicas em
relação ao outros dois. Em relação ao sistema em harpa, este sistema permite explorar maiores
inclinações dos estais em relação ao tabuleiro, deixando estes elementos estruturalmente mais
eficientes e, portanto, mais econômicos. Já em relação ao sistema de leque, a maior vantagem está na
facilidade de acomodação das ancoragens e uma maior facilidade executiva para o pilone.
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Você Sabia?
Ponte estaiada sobre o Rio Paranaíba
A ponte estaiada sobre o rio Paranaíba, com 660 m de extensão, situa-se na divisa dos
municípios de Carneirinho (MG) e Porto Alencastro (MS) integrando a BR-497, que liga o Estado
do Mato Grosso do Sul com as cidades mineiras de Iturama, Campina Verde e Uberlândia, atingindo
a BR-365 e a BR-050 em direção ao Norte (Montes Claros, MG, e Brasília) e também a partir de
Iturama e Frutal (MG-255), em direção a BR-262, Uberaba, Belo Horizonte e Vitória (veja mapa).
No Estado do Mato Grosso do Sul, interliga-se com a BR-158 em direção a Paranaíba, Raimundo e
Cassilândia.
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Figura 61 – Ponte sobre o Rio Paranaíba – Divisa MG/MS
Pontes Pênseis ou Suspensas
As pontes pênseis são um sistema estrutural onde o tabuleiro contínuo é sustentado por vários
cabos metálicos atirantados ligados a dois cabos maiores principais, denominados cabos portantes
parabólicos, que, por sua vez, se interligam às torres de sustentação.
A transferência das cargas mais importantes às torres e às ancoragens em forma de pendurais
é feita simplesmente por tração.
O vigamento metálico do tabuleiro pode ser uma treliça ou em caixão celular e deve possuir
elevada rigidez à torção.
Os cabos portantes parabólicos ancoram-se profundamente no encontro ou maciço de
concreto e não possuem praticamente nenhuma rigidez à flexão, o que leva o conjunto a ter um
comportamento de instabilidade aerodinâmica, principalmente perto de aeroportos.
Figura 62 – Esquema de uma ponte Pênsil: 1 – viga metálica; 2 – cabo portante; 3 – pendurais de
suspensão no cabo portante; 4 – torres de apoio do cabo portante
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Compressão
A força de compressão é exercida para baixo sobre a plataforma da ponte suspensa, mas
como é uma plataforma suspensa, os cabos transferem a compressão para as torres, que dissipam
essa força diretamente sobre o solo em que estão fixadas.
Tração
Os cabos de sustentação, indo de um ancoradouro ao outro, suportam as forças de tração. Os
cabos são literalmente esticados para suportar o peso da ponte e de seu tráfego. Os ancoradouros
também estão sob tração, mas já que eles, assim como as torres, estão presos com firmeza no solo, a
tração que eles sentem acaba sendo dissipada.
O sistema estrutural em ponte pênsil, quando fica sujeito a cargas exageradas de vento,
apresenta movimentos vibratórios e oscilatórios do tabuleiro que torna o tráfego desconfortável ou
até mesmo perigoso. Dessa forma, exige-se que o tabuleiro seja projetado com grande rigidez à
torção para que todos esses efeitos aerodinâmicos sejam minimizados.
O grande colapso devido à instabilidade aerodinâmica ocorreu, em 1940, na ponte Tacoma
Narrow, nos EUA.
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Figura 65 – Diferença entre ponte suspensa e ponte estaiada
Você Sabia?
Desastre da Ponte de Tacoma Narrows
O mais famoso exemplo de instabilidade aerodinâmica numa ponte suspensa com 1.600 m é
o da ponte de Tacoma Narrows, em Washington, Estados Unidos, que veio a tombar no dia
07/11/1940, alguns meses depois de ser inaugurada.
As vibrações eram sempre transversais ao tabuleiro entre os pilares e provocados por ventos
em torno de 7 Km/h.
Surpreendentemente, após um vento de aproximadamente 70 Km/h, surgem constantes
oscilações, onde um afrouxamento da ligação do cabo de suspensão norte ao tabuleiro faz a ponte
entrar num modo de vibração torcional. A oscilação rapidamente atinge os 35° e os pilares atingem
deflexões de cerca de 3,6 m no topo, cerca de 12 vezes os parâmetros de dimensionamento.
Figura 66 – Esquema da atuação do vento e da oscilação da ponte Tacoma. Os ventos que atingiam a ponte
causavam uma oscilação na pista, devido à força vertical que era exercida sobre os cabos e pilastras de
sustentação da ponte.
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Figura 67 – Oscilação do tabuleiro da ponte.
Essa situação não se alterou muito durante cerca de uma hora, até que às 11H00 se desprende
um primeiro pedaço de pavimento e às 11H10 a ponte entra em colapso, caindo no rio.
Técnicos afirmaram na época, que os grandes defeitos da ponte foram a sua enorme falta de
rigidez transversal e torsional e da frente aerodinâmica do perfil.
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Figura 69 – Atual ponte Tacoma Narrows (após reconstrução).
1.4.7. Processos construtivos
Os processos de execução a serem apresentados referem-se às pontes de concreto. Assim,
tendo em vista o processo de execução, as pontes são aqui classificadas em:
Construção com concreto moldado no local, com cimbramento fixo;
Construção com elementos pré-moldados;
Construção com balanços sucessivos;
Construção com deslocamentos progressivos.
a) Construção com concreto moldado no local, com cimbramento fixo.
Este processo é o mais antigo e, provavelmente o mais utilizado na construção de obras de
arte especiais em que os viadutos em concreto armado ou concreto protendido seguem o sistema
tradicional de construção, sendo a concretagem das vigas executadas sobre a fôrma que fica apoiada
no escoramento em contato com o terreno. Após atingir a resistência necessária do concreto, a viga
pode ser protendida, e após a protensão do vão, o escoramento e as fôrmas podem ser retirados.
Este tipo de sistema construtivo necessita de escoramento para sua execução e isto significa
que no local da construção do viaduto deve ter espaço e condições para montagem do escoramento.
Portanto, este processo não é recomendado para os seguintes casos:
Altura de escoramento elevada (pilar com altura maior que 15 metros);
Leitos de água profundos e largos, sem regimes bem definidos e com correnteza forte
(velocidade da água acima de 3 metros por segundo);
Obras de grande comprimento (acima de 400 metros);
Diferente dos processos citados anteriormente, a execução é mais lenta e, portando, não é
recomendada para cronogramas apertados.
Os escoramentos hoje em dia são, em sua maioria, executados com elementos metálicos.
Firmas especializadas se incumbem do projeto do projeto, cálculo, fornecimento e desmontagem.
Outras razões para o aumento no uso do escoramento metálico são:
Pequena mão-de-obra de montagem e desmontagem;
Grande capacidade portante, permitindo a execução de vãos grandes, torres elevadas etc.;
Possibilidade de repetidas utilizações mediante padronização dos elementos;
O preço da madeira subiu mais que o dos outros materiais tornando-a menos competitiva;
O escoramento fica apoiado no terreno e as deformações devem ser compensadas através de
contra-flechas.
Segundo F. Leonhardt em seu livro Princípios Básicos da Construção de Pontes de
Concreto, alguns cuidados devem ser tomados:
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Evitar compressão nas juntas através de uma camada de argamassa;
A retirada do escoramento deve ser realizada de tal modo a não produzir solicitações
prejudiciais à estrutura da ponte;
Tratamento das juntas através do jateio de água para evitar patologias futuras nestes locais;
Cuidados durante a concretagem com relação aos possíveis recalques e deformações;
Após a desmontagem do escoramento, realizar a desforma do centro para os apoios de cada
vão;
Tipos
Lançamento com auxílio de treliças
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Um dos equipamentos mais conhecidos no mercado para executar o lançamento de vigas com
auxílio de treliça é a treliça lançadeira. Este é um equipamento auto-motor para o lançamento de
vigas pré-moldadas até sua posição definitiva sobre os pilares.
Este processo é possível para vãos de até 45 metros e vigas com até 120 toneladas. Em casos
de trechos curvos e rampas máximas de até 5% este processo também é possível de ser executado.
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Lançamento com guindaste
Para o lançamento com guindaste é necessário que se tenha espaço suficiente no local da obra
para seu posicionamento, além da resistência no terreno para sustentar o guindaste.
Este processo é aplicável para peso de vigas até 300 toneladas, quando não existem
impedimentos de redes elétricas e de iluminação que podem dificultar a movimentação do guindaste.
Além disto, o greide da obra deve ser compatível com o comprimento e altura da lança do guindaste.
39
Figura 74 – Sequência Construtiva dos Balanços Sucessivos.
40
Figura 76 – Esquema ilustrativo de construção de pontes com deslocamentos progressivos.
Características do processo:
Ausência total de escoramento;
O canteiro de trabalho é fixo e pode ser coberto, sendo protegido das intempéries;
Execução da obra com rapidez;
Indicado para pontes retas ou com curvatura uniforme;
Não há juntas;
Há alternância de solicitações em cada seção durante a fase de empurramento da
superestrutura;
A proa que avança em balanço é dotada de bico metálico resistente e leve, destinado a reduzir
o momento fletor do mesmo;
O equipamento hidráulico para o lançamento localiza-se no encontro a partir do qual a ponte
é lançada;
Os apoios da superestrutura são inicialmente deslizantes;
É ideal que a altura da seção seja entre L/12 e L/15. Caso a altura da seção seja menor do que
L/17 pode-se tornar necessário o emprego de pilares provisórios entre os pilares definitivos
da ponte. O objetivo é reduzir o tamanho dos vãos durante o lançamento.
Os elementos que constituem a superestrutura da ponte são concretados, protendidos,
desmoldados e então deslocados sobre apoios deslizantes por meio de macacos hidráulicos;
Adequado para pontes com no mínimo 150 metros de extensão e contendo no mínimo 3 vãos;
Os vãos extremos devem ter comprimentos não maiores do que 75 a 80% do comprimento
dos vãos intermediários, que por sua vez devem ser iguais entre si (vão – tipo);
Adequado para vãos de 30 a 50 metros. Para vãos acima de 50 metros são recomendados
pilares provisórios de altura máxima de 40 metros que, por não serem projetados para
resistirem às forças horizontais devem ser estaiados ou atirantados para trás.
Os segmentos têm de 15 a 25 m de comprimento e são executados em um prazo aproximado
de um por semana.
Cuidados a serem tomados:
Evitar esforços adicionais causados por falta de nivelamento e falta de precisão das fôrmas;
Verificação das fases construtivas devido à influência do método construtivo no cálculo.
Cuidados com as interferências que podem impedir o movimento das fôrmas.
41
Figura 77 – Construção de pontes com deslocamentos progressivos.
2. Elementos para elaboração do projeto
Para o desenvolvimento do projeto das pontes são, em geral, necessários os seguintes dados:
Informações sobre a geometria: características do projeto geométrico da via que a ponte vai
fazer parte, características geométricas da ponte, tais como largura de faixas, acostamento
(fornecida pelos órgãos competentes), gabaritos de transportes, sob a ponte, a serem
obedecidos; etc.
Informações topográficas: situação em planta indicando construções existentes e o
obstáculo a ser transposto (levantamento topográfico em escalas apropriadas etc).
Informações hidráulicas/hidrológicas: no caso de pontes sobre rio, informações sobre o
fluxo de água, seção de vazão, níveis máximo da água, altura de lâmina de água, etc.
Informações geotécnicas: sondagens e eventualmente, relatórios geológicos, etc.
Informações das condições locais: condições de acesso, disponibilidade de materiais e
serviços, impacto ambiental, agressividade do ambiente, limitações de qualquer natureza, etc.
Com base nestas informações, o projetista elabora um projeto básico, de forma a definir o
traçado da ponte, seção transversal, o perfil longitudinal, posicionamento dos apoios, encontros, etc.
Merece especial atenção o caso de pontes sobre rios, devido às condições de escoamento de água,
riscos de solapamento da fundação e erosão nas cabeceiras. Uma boa parte de problemas das pontes
são conseqüência destes aspectos.
Um dos aspectos importante do projeto das pontes é a escolha do vão ou dos vão, quando
houver liberdade para isso.
Nas pontes, como em qualquer tipo de construção, deve-se procurar minimizar o custo, que é
a soma dos custos da infraestrutura, dos aparelhos de apoio e da superestrutura.
Diversos fatores influem no custo de uma ponte, alguns de ordem técnica e outros não, sendo,
portanto difícil estabelecer regras gerais para considerá-los.
Para uma ponte de determinado comprimento, um dos fatores mais importantes que influem
no custo são os vãos. Quanto maior é o vão, maior é o custo da superestrutura e menor a soma dos
custos da infraestrutura e dos aparelhos de apoio, e vice-versa, quanto menor é o vão, menor é o
custo da superestrutura e maior a soma dos custos da infraestrutura e dos aparelhos de apoio,
conforme mostra o diagrama da Fig. 78, para uma situação genérica.
Numa primeira aproximação, o vão indicado é aquele em que o custo da superestrutura
resulta aproximadamente igual ao custo da infraestrutura.
42
Figura 78 – Ilustração da composição dos custos em função do vão.
O projeto das pontes deve incluir também: a) dispositivos de proteção (defensas, guarda-
corpos, etc.), b) dispositivos de transição (laje de transição, encontros, alas, cortinas, etc.), c) juntas
de dilatação (quando for o caso) d) drenagem (elementos de captação, drenagem internas,
pingadeiras, etc.) e) pavimentação e f) plano de manutenção e programa de inspeção.
3. Solicitações das pontes
3.1. Tipos de solicitações
3.1.1. Solicitações provocadas pelo peso da estrutura (carga permanente)
As estruturas das pontes, como quaisquer outras, têm que suportar, além das cargas externas,
o seu peso próprio. A importância relativa do peso próprio, no total de solicitações, depende do
material empregado e do vão livre da ponte. Nas pontes metálicas de pequeno vão (por exemplo, 10
m), o peso próprio da estrutura tem pequena importância. Nas pontes de concreto de grande vão (por
exemplo, 200 m), a carga de peso próprio é predominante.
3.1.2. Solicitações provocadas pelas cargas úteis
As pontes ou viadutos são feitos com a finalidade de permitir aos veículos a transposição de
obstáculos (rios, vales, estradas, etc.).
Os pesos dos veículos são denominados cargas úteis. O movimento dos veículos e as
irregularidades das pistas produzem acréscimos nos pesos atuantes. Esses acréscimos são
denominados efeitos de impacto vertical.
Os veículos fazem atuar nas pontes esforços longitudinais, devidos à frenagem e aceleração.
Nas obras em curva, o deslocamento dos veículos produz esforços horizontais transversais, devidos à
força centrífuga.
43
3.1.3. Solicitações produzidas pelos elementos naturais
Os elementos naturais em contato com a ponte (ar, água, terra) exercem pressões sobre a
estrutura, originando solicitações que devem ser levadas em conta no dimensionamento da obra.
Em pontes com pilares de grande altura (por exemplo, 50 m a 100 m), as solicitações
provocadas pelo vento têm grande importância no dimensionamento dos pilares.
Em pontes com pilares em rios sujeitos a grandes enchentes, a pressão da água gera
solicitações consideráveis nos pilares, frequentemente agravadas pelo impacto de troncos de árvores
trazidos por enxurradas.
Os empuxos de terra são produzidos pelos aterros de acesso à obra, dando origem a esforços
horizontais absorvidos pelos encontros ou pilares da ponte. Os deslocamentos das fundações,
provocados por deformação do terreno, podem produzir solicitações nas obras com estrutura
estaticamente indeterminada.
3.1.4. Esforços produzidos por deformações internas
As deformações internas dos materiais estruturais, produzidos por variações de temperatura,
retração ou fluência do concreto, originam solicitações parasitárias por vezes importantes, cuja
consideração é exigida na análise de estabilidade das obras.
3.2. Carga permanente
3.2.1. Constituição da carga permanente
A carga permanente é constituída pelo peso próprio dos elementos portantes (estrutura) e de
outros materiais colocados sobre a ponte (sobrecargas fixas), tais como:
Pavimentação;
Guarda-corpo;
Guarda-rodas;
Postes;
Canalizações, etc;
Os empuxos de terra e a subpressão da água, quando agem continuadamente são também
incorporados na categoria de carga permanente.
3.2.2. Pesos específicos dos materiais
Para efeito do projeto, podem ser adotados os pesos específicos do quadro abaixo.
Tabela 1 - Pesos específicos dos materiais de construção, em t/m3
Concreto armado 2,50
Concreto simples 2,20
Pavimento asfáltico 2,40
Aço 7,85
Brita compactada com rolo 1,90
Madeira 0,80
Alvenaria de pedra 2,70
Ferro fundido 7,80
3.2.3. Tolerância na avaliação do peso próprio
Quando se inicia o projeto de uma ponte, admitem-se dimensões para os elementos portantes
(estruturas), determinam-se em seguida o peso próprio. Ao serem verificadas as tensões provocadas
por todas as solicitações, muitas vezes, é preciso modificar algumas das dimensões admitidas
inicialmente, sendo, então, necessário refazer o cálculo do peso próprio. Segundo a norma NBR
7187, pode-se dispensar novo cálculo das solicitações quando o peso próprio, obtido depois do
dimensionamento definitivo da estrutura, não diferir mais que 5% do peso próprio inicialmente
admitido para o cálculo.
44
3.3. Cargas móveis
3.3.1. Constituição das cargas móveis
As cargas móveis de cálculo, fixadas nas normas, não coincidem com as cargas reais que
circulam nas estradas. Nas pontes rodoviárias, as cargas de cálculo (NBR 7188/13) utilizam veículos
de dimensões especiais, copiadas das normas alemãs, enquanto que as cargas reais são caminhões e
carretas com dimensões e pesos fixados em uma regulamentação específica denominada lei da
balança. Por vezes, as rodovias recebem cargas excepcionais, como carretas especiais para
deslocamento de peças de usinas hidrelétricas ou nucleares por exemplo.
3.3.2. Cargas rodoviárias de cálculo, em serviço
A carga móvel rodoviária padrão TB-450 é definida por um veículo tipo de 450 kN, com seis
rodas, P = 75 kN, três eixos de cargas afastados entre sei em 1,5 m, com área de ocupação de 18,0
m2, circundada por uma carga uniformemente distribuída constante p = 5 kN/m2, conforme figura.
46
4. Superestrutura das pontes
4.1. Elementos da superestrutura
A superestrutura das pontes rodoviárias é geralmente constituída dos seguintes elementos:
Lajes do tabuleiro;
Vigamento do tabuleiro;
Passeios de pedestres, guarda corpos e barreiras;
Cortinas e alas;
Laje de transição;
Juntas de dilatação;
Sistema de drenagem;
Pista de rolamento dos veículos.
Figura 81 – lajes e vigas do tabuleiro: a) laje concretada no local sobre pré-lajes apoiadas em vigas pré-moldadas;
b) laje em concreto armado apoiada nas vigas principais
47
4.1.3. Passeios para pedestres, guarda-corpos e barreiras de proteção
Os passeios são as partes do tabuleiro destinadas ao tráfego de pedestres. Têm em geral
largura de 1,00 m para pontes em áreas rurais e de 1,50 m para pontes nas rodovias em áreas
urbanas. Nas obras situadas dentro das cidades a largura dos passeios pode variar de acordo com
cada caso específico.
Os guarda-corpos são peças laterais de proteção aos pedestres. São fixados nas extremidades
dos passeios com altura variando de 0,75 m (áreas rurais) a 1,10 m (áreas urbanas). Podem ser
metálicos (mais usual) ou de concreto armado.
As barreiras de proteção são obstáculos, geralmente de concreto, com finalidade de impedir a
saída dos veículos da pista de rolamento. São dimensionados para conter o impacto de um veículo
desgovernado.
48
4.1.4. Cortinas e alas
As extremidades das pontes são geralmente dotadas de alas laterais com a função de melhorar
as condições de contenção lateral dos aterros. As pontes com vigas em balanço também são dotadas
de cortinas extremas.
4.1.5. Laje de transição
A laje de transição é constituída de uma laje de concreto armado apoiada, de um lado, numa
extremidade da ponte, e do outro lado, apoiada no terrepleno. A finalidade da laje de transição é
amenizar a diferença de nível entre o aterro das cabeceiras e o estrado da ponte, provocada por
recalques do terrapleno ao longo do tempo.
Figura 83 – Cortina extrema, alas e laje de transição para o caso de pontes com extremidades em balanço.
49
rolamento. A inclinação transversal da pista (mínimo de 2%) conduz a água para as bordas onde se
encontram os drenos.
Nas pontes em caixão celular, deve-se também colocar tubos de drenagem na laje inferior,
com a finalidade de evitar o acúmulo de água no interior das células.
50
4.3. Dimensionamento da viga principal
4.3.1. Solicitações decorrentes da carga móvel
4.3.1.1.Determinação do trem-tipo
As cargas móveis podem ocupar qualquer posição sobre o tabuleiro da ponte. Assim, para
cada longarina, é necessário procurar a posição do carregamento que provoque a máxima solicitação
em cada uma das seções de cálculo. Esse procedimento é por demais trabalhoso e inviável de ser
realizado manualmente. Dessa forma, utiliza-se do conceito de trem-tipo, o qual simplifica o
carregamento sobre as longarinas e torna o processo de cálculo dos esforços menos trabalhoso.
Denomina-se trem-tipo de uma longarina o quinhão de carga produzido nela pelas cargas
móveis de cálculo, colocadas na largura do tabuleiro, na posição mais desfavorável para a longarina
em estudo.
Nessas condições, o trem-tipo é o carregamento de cálculo de uma longarina levando-se em
consideração a geometria da seção transversal da ponte, como, por exemplo, o número e o
espaçamento das longarinas e a posição da laje do tabuleiro.
O trem-tipo, suposto constante ao longo da ponte, pode ocupar qualquer posição na direção
longitudinal. Assim, para cada seção da viga estudada é necessário determinar as posições do trem-
tipo que produzem valores extremos das solicitações. Nos casos mais gerais, empregam-se linhas de
influência, diagramas que permitem definir as posições mais desfavoráveis do trem-tipo e calcular as
respectivas solicitações. Com valores extremos das solicitações, calculados nas diversas seções de
cálculo da viga, é possível traçar as envoltórias de solicitações da carga móvel. Como os valores das
envoltórias são determinados para as situações mais desfavoráveis das cargas, quaisquer outras
posições do carregamento produzirão solicitações menores. Assim, se a longarina for dimensionada
para os valores das envoltórias, sua segurança fica garantida para qualquer posição da carga móvel.
51
Figura 89 – Posicionamento da carga móvel no tabuleiro da ponte
EXEMPLO RESOLVIDO
Calcular o trem-tipo para a longarina 1 da ponte abaixo.
Dados:
Ponte classe 45
Pista com duas faixas de tráfego
Ponte em concreto armado
Seção transversal
Seção longitudinal
52
a) Cálculo dos coeficientes de ponderação (φ, φ1, φ2)
Coeficiente de impacto vertical (φ)
Para o balanço
1 1,06
20
Liv 50
1,38 1,27
Média = 1,325
20 2
1 1,06 1,38
6 50
Para o vão 20
1 1,06
Liv 50
20
1 1,06 1,27
28 50
Coeficiente de número de faixas
1 1 0,05n 2 0,9
1 1 0,052 2 1
Coeficiente de impacto adicional (φ2)
φ2 = 1,25 (ponte em concreto armado)
Coeficiente de impacto total (φtot)
φtot = 1,325 x 1,000 x 1,250 = 1,656
b) Montagem do carregamento
53
c) Cálculo das reações
6,60xRP 1,656x7,5x7,90 7,5x5,90
RP 25,97tf
6,60RQ1 1,656x0,5x3,00x6,90
RQ1 2,597tf / m
6,60xRQ2 1,656x(0,5x5,40x2,70)
RQ2 1,829tf / m
6,60RQ3 0,3x1,50x9,55
RQ3 0,651tf / m
d) Representação do carregamento
e) Trem-tipo homogeneizado
P 25,97
5,076 2,48x6
h
3
Ph 20,78 tf
54
EXERCICIOS
Seção longitudinal
55
3. Calcule o trem-tipo para as longarinas da ponte abaixo.
Dados:
Ponte classe 24
Duas faixas de tráfego
Ponte em concreto armado
Seção transversal
Seção Longitudinal
56
geral e objetivo para determinar as posições de cargas móveis e acidentais que provocam valores
extremos de um determinado esforço em uma seção de uma estrutura são feito com auxílio de Linhas
de Influência.
Linhas de Influência (LI) descrevem a variação de um determinado efeito (por exemplo, uma
reação de apoio, um esforço cortante ou um momento fletor em uma seção) em função da posição de
uma carga unitária que passeia sobre a estrutura. Assim, a LI de momento fletor em uma seção é a
representação gráfica ou analítica do momento fletor, na seção de estudo, produzida por uma carga
concentrada unitária, geralmente de cima para baixo, que percorre a estrutura. Isso é exemplificado
pela figura abaixo, que mostra a LI de momento fletor em uma seção S indicada. Nesta figura, a
posição da carga unitária P = 1 é dada pelo parâmetro x, e uma ordenada genérica da LI representa o
valor do momento fletor em S em função de x, isto é, LIMs = Ms(x). Em geral, os valores positivos
dos esforços nas linhas de influência são desenhados para baixo e os valores negativos para cima.
Figura 90 – Linha de influência de momento fletor em uma seção de uma viga contínua
Com base no traçado de LI’s, é possível obter as chamadas envoltórias limites de esforços
que são necessárias para o dimensionamento de estruturas submetidas a cargas móveis ou acidentais.
As envoltórias limites de momento fletor em uma estrutura descrevem, para um conjunto de cargas
móveis ou acidentais, os valores máximos e mínimos de momento fletor em cada uma das seções da
estrutura, de forma análoga ao que descreve o diagrama de momentos fletores para um carregamento
fixo. Assim, o objetivo da Análise Estrutural para o caso de cargas móveis ou acidentais é a
determinação de envoltórias de máximos e mínimos de momentos fletores, esforços cortantes, etc., o
que possibilitará o dimensionamento da estrutura submetida a este tipo de solicitação. As envoltórias
são, em geral, obtidas por interpolação de valores máximos e mínimos, respectivamente, de esforços
calculados em um determinado número de seções transversais ao longo da estrutura.
4.3.2.2. Cálculo do valor do esforço solicitante
Fases da solução do problema:
1) Definida a classe da ponte e as plantas do projeto estrutural, obter o trem-tipo;
2) Dada a estrutura, o efeito elástico E (reação de apoio, esforço cortante, momento fletor, etc.)
e a seção S, obter a linha de influência;
3) Conhecido o trem-tipo e a linha de influência, obter os efeitos devido a esse trem-tipo.
Trem-tipo formado apenas por cargas concentradas
n
ES Pii (Princípio da Superposição de Efeitos)
i1
57
Trem-tipo formado apenas por cargas distribuídas
E S qdz i , ou seja,
a
b
ES qA pois, A i dz
a
Es Pii qA
i1
(Princípio da Superposição de Efeitos)
58
M A 0
VB . L P(x a) 0
VB P(x a) / L
Dividindo agora ambos os membros pela carga P para tornar o carregamento unitário e
adimensional, temos:
VB P(x a)
P (P. L)
(x a)
VB
L
Chama-se VB de “linha de influência” da reação de apoio VB, isto é, uma equação que mostra
como a reação VB varia com a posição x de uma carga unitária que se desloca sobre a estrutura.
Nota-se que os valores de VB são adimensionais. Dando valores para x determina-se os respectivos
valores de VB .
x a VB 0 (c arg a sobre o apoio A)
(L a a)
x L a VB VB 1 (c arg a sobre o apoio B)
L
a
x 0 VB (c arg a na extremidade do balanço esquerdo )
L
(a L b a) (L b)
x a L b VB VB 1
L L
A ordenada “ys” representa o valor da reação de apoio VB quando a carga móvel unitária
estiver sobre a seção “s”. Analogamente, obtêm-se VA :
M B 0
VA . L P(L a x) 0
P(L a x)
V A
L
Dividindo-se ambos os membros por P, resulta:
(L a x)
V A
L
Atribuindo valores a x, obtêm-se:
(L a a)
xa V 1 (c arg a sobre apoio A)
A
L
L a (L a) V 0 (c arg a sobre o apoio B)
x L a VA A
L
(L a)
x 0 VA L 1 (c arg a na extremidade do balanço esquerdo )
(a L b) L a V b
x a L b VA A
L L
59
A ordenada “ys” representa o valor da reação de apoio VA quando a carga móvel unitária
estiver sobre a seção “s”.
Resumindo, pode-se concluir que as linhas de influência das reações de apoio de uma viga
biapoiada são lineares e têm valor unitário no apoio analisado, e zero no outro apoio, prolongando-se
a reta até as extremidades dos balanços.
1.1. Linha de influência da força cortante numa seção entre os apoios
A ordenada “ys1” representa o valor da força cortante na seção “S”, quando a carga unitária
estiver na seção “S1”.
1.2. Linha de influência de momento fletor numa seção entre os apoios
VB.
A linha de influência de MS pode também ser obtida a partir das linhas de influência de VA e
60
x a c M S VB . d
x a c M S VA . c
Resultando portanto:
A ordenada “ys1” representa o valor do momento fletor na seção “S” quando a carga unitária
móvel estiver sobre a seção “S1”. Neste caso os valores de MS não são adimensionais pois foram
obtidos do produto de VA ou VB por uma distância “c” ou “d”, tendo portanto a dimensão de
comprimento. As ordenadas positivas podem ser marcadas de qualquer lado desde que se indique o
sinal.
2. Vigas em balanço
2.1. Linha de influência das reações de apoio
M A 0 V 0
x 0 M A 0; VA 1
M A 1. x 0 VA 1 0
x L M A L ; VA 1
M A x VA 1
Resultando portanto:
61
2.2. Linha de influência da força cortante numa seção do balanço
x c Qs 0
x c Qs 1
Resultando portanto:
x c Ms 0
x c M s 1(x c)
Atribuindo valores a x, obtém-se:
x c M s0
x L M s 1(L c) 1.d d
Resultando portanto:
62
Para o balanço a esquerda a linha de influência é análoga.
OBS.: as linhas de influência dos esforços solicitantes numa seção do balanço de uma viga biapoiada
são os mesmos obtidos para a viga em balanço.
EXEMPLOS
1) Para a viga biapoiada abaixo pede-se traçar as linhas de influência de:
VA , VB , QS1 , MS1 , QS 2 , MS 2
63
2) Para a ponte abaixo calcular para longarina V1:
Ponte classe 45 (TB45).
a) As linhas de influência de esforço cortante para cada seção;
b) O valor do esforço em cada seção;
c) As linhas de influência de momento fletor para cada seção;
d) O valor do esforço em cada seção.
Seção transversal
Seção longitudinal
Seções
Trem-tipo
64
Reações de Apoio
VA
34 x VB
x 6
28 28
BALANÇOS
Esforço Cortante
6,0x6,0
M 9,38x6,00 4,50 3,00 4,08x 200,00 tf
b
2
SEÇÃO 0
Esforço Cortante
x 6,0 Q V x 6
s0 B
28
x 6,0 Q V x
34
28
s0 A
x 0 Qs0 0,21
x 6,0 Qs0 0
x 6,0 Qs0 1,00
x 34 Qs0 0
x 40 Qs0 0,21
65
1,0x28,0 6,0x0,21
Q 9,38x1,00 0,95 0,89 4,08x 86,33 tf
s0
2 2
Q 9,38x0,21 0,16 0,11 0,21x6,0 7,10 tf
s0 4,08x
2
Momento Fletor
Ms0 = 0
SEÇÃO 1
Esforço Cortante
x 8,80 Q V x 6
s1 B
28
x 8,80 Q V 34 x
28
s1 A
x 0 Qs1 0,21
x 6,0 Qs1 0
x 8,8 Qs1 0,1
x 8,8 Qs1 0,9
x 34 Qs1 0
x 40 Qs1 0,21
0,90x25,20 6,0x0,21
Q 9,38x0,90 0,85 0,79 4,08x 72,66 tf
s1
0,21x6,0 0,10x2,80
2 2
Q 9,38x0,21 0,16 0,11 4,08x
7,64 tf
s1
2 2
Momento Fletor x6
x 8,80 M V x 25,40 x 25,40
s1 B
34 28 x
x 8,80 M V x 2,80 x 2,80
s1 A
28
66
x 0 M s1 5,40
x 6,0 M s1 0
x 8,8 M s1 2,52
x 34 M s1 0
x 40 M s1 0,60
2,52x28,0
M 9,38x2,52 2,37 2,22 4,08x 210,63 tf .m
s1
5,40x6,0 0,60x6,0
2
M 9,38x5,40 4,05 2,70 4,08x 187,41 tf .m
s1
2 2
SEÇÃO 2
Esforço Cortante
x 11,60 Q V x 6
s2 B
28
x 11,60 Q V 34 x
28
s2 A
x 0 Qs 2 0,21
x 6,0 Qs 2 0
x 11,6 Qs 2 0,2
x 11,6 Qs 2 0,8
x 34,0 Qs 2 0
x 40,0 Qs 2 0,21
0,80x22,40 6,0x0,21
Q 9,38x0,80 0,75 0,69 4,08x 60,14 tf
s2
0,21x6,0 0,20x5,60
2 2
Q 9,38x0,21 0,16 0,11 4,08x
9,36 tf
s2
2 2
67
Momento Fletor x6
x 11,60 M V x 22,40 x 22,40
s2 B
3428 x
x 11,60 M V x 5,60 x 5,60
28
s2 A
x 0 M s 2 4,80
x 6,0 M s 2 0
x 11,6 M s 2 4,48
x 34 M s 2 0
x 40 M s 2 1,20
4,48x28,0
M 9,38x4,48 4,18 3,88 4,08x 373,52 tf .m
s2
4,80x6,0
2 1,20x6,0
M 9,38x4,80 3,60 2,40 4,08x 174,74 tf .m
s2
2 2
SEÇÃO 3
Esforço Cortante
x 14,40 Q V x 6
s3 B
28
x 14,40 Q V 34 x
28
s3 A
x 0 Qs3 0,21
x 6,0 Qs3 0
x 14,4 Qs3 0,3
x 14,4 Qs3 0,7
x 34,0 Qs3 0
x 40,0 Qs3 0,21
68
0,70x19,60 6,0x0,21
Q 9,38x0,70 0,65 0,59 4,08x 48,76 tf
s3
0,21x6,0 0,30x8,40
2 2
Q 9,38x0,30 0,25 0,19 4,08x
14,65 tf
s3
2 2
Momento Fletor x6
x 14,40 M V x19,60 x19,60
34
s3 B
28 x
x 14,40 M V x 8,40 x 8,40
28
s3 A
x 0 M s3 4,20
x 6,0 M s3 0
x 14,4 M s3 5,88
x 34 M s3 0
x 40 M s3 1,80
5,88x28,0
M 9,38x5,88 5,43 4,98 4,08x 488,67 tf .m
s3
4,20x6,0
2 1,80x6,0
M 9,38x4,20 3,15 2,10 4,08x 162,08 tf .m
s3
2 2
SEÇÃO 4
Esforço Cortante
x 17,20 Q V x 6
s4 B
28
x 17,20 Q V x
34
28
s4 A
x 0 Qs 4 0,21
x 6,0 Qs 4 0
x 17,2 Qs 4 0,4
x 17,2 Qs 4 0,6
x 34,0 Qs 4 0
x 40,0 Qs 4 0,21
69
0,60x16,80 6,0x0,21
Q 9,38x0,60 0,55 0,49 4,08x 38,52 tf
s4
0,21x6,0 0,40x11,20
2 2
Q 9,38x0,40 0,35 0,29 4,08x
21,46 tf
s4
2 2
Momento Fletor x6
x 17,20 M V x16,80 x16,80
34
s4 B
28 x
x 17,20 M V x11,20 x11,20
28
s4 A
x 0 M s 4 3,60
x 6,0 M s 4 0
x 17,2 M s 4 6,72
x 34 M s 4 0
x 40 M s 4 2,40
6,72x28,0
M 9,38x6,72 6,12 5,52 4,08x 556,06 tf .m
s4
3,60x6,0
2
2,40x6,0
M 9,38x3,60 2,70 1,80 4,08x 149,42 tf .m
s4
2 2
SEÇÃO 5
Esforço Cortante
x 20,0 Q V x 6
s5 B
28
x 20,0 Q V 34 x
s5 A
28
x 0 Qs5 0,21
x 6,0 Qs5 0
x 20,0 Qs5 0,5
x 20,0 Qs5 0,5
x 34,0 Qs5 0
x 40,0 Qs5 0,21
70
0,50x14,0 6,0x0,21
Q 9,38x0,50 0,45 0,39 4,08x 29,42 tf
s5
0,21x6,0 0,50x14,0
2 2
Q 9,38x0,50 0,45 0,39 4,08x
29,42 tf
s5
2 2
Momento fletor x6
x 20,0 M V x14,0 x14,0
s5 B
34
28 x
x 20,0 M V x14,0 x14,0
28
s5 A
x 0 M s5 3,00
x 6,0 M s5 0
x 20,0 M s5 7,0
x 34 M s5 0
x 40 M s5 3,00
7,0x28,0
M 9,38x7,0 6,25 6,25 4,08x 582,75 tf .m
s5
3,0x6,0 3,0x6,0
2
M 9,38x3,0 2,25 1,5 4,08x 136,76 tf .m
s5
2 2
RESUMO
71
EXERCÍCIOS
1) Para a ponte abaixo, determine:
a) O valor do trem-tipo para as vigas V1 e V2;
b) As linhas de influência de esforço cortante e momento fletor para as vigas V1 e V2;
c) O valor do esforço em cada seção das vigas.
Seção Transversal
Seção Longitudinal
Seções
72
Figura 91 – Deslocamentos generalizados utilizados no método cinemático para traçado de LI
As linhas de influência para estruturas hiperestáticas são formadas por trechos curvos,
enquanto que para estruturas isostáticas são formadas por trechos retos.
O método cinemático fornece uma explicação intuitiva para isso. No caso de estruturas
isostáticas, a liberação do vínculo associado ao efeito que se quer determinar a LI resulta em um
estrutura hipostática, que se comporta como uma cadeia cinemática quando o deslocamento
generalizado é imposto. Como a cadeia cinemática não oferece resistência alguma ao
deslocamento imposto, as barras da estrutura sofrem movimentos de corpo rígido, isto é,
permanecem retas. Assim, as LI para estruturas isostáticas são formadas por trechos retos.
Entretanto, a liberação do vínculo no caso de uma estrutura hiperestática resulta em uma
estrutura que ainda oferece resistência ao deslocamento generalizado imposto. Isto significa que
a estrutura sofre deformações internas para se ajustar ao deslocamento imposto, isto é, as barras
se flexionam.
Para exemplificar formas típicas de LI’s, as figuras abaixo mostram LI’s para uma viga
contínua hiperestática.
Figura 92 – Linhas de influência de reações de apoio para uma viga contínua hiperestática
73
Figura 93 – Linhas de influência de esforços cortantes para uma viga contínua hiperestática
Figura 94 – Linhas de influência de momentos fletores para uma viga contínua hiperestática
74
EXEMPLO 1
Para a viga abaixo pede-se as linhas de influência de VA , M A
Decomposição da estrutura
Linhas de Influência
EXEMPLO 2
Para a viga abaixo, pede-se VC ,VE ,QS1 , MS1
75
Regra geral: traça-se a LI para a viga simples que contém a seção estudada, depois prolonga
esta linha para as vigas que transmitem carga para a viga que contém a seção estudada.
EXERCÍCIO
Trace as linhas de influência para as seções indicadas na viga Gerber abaixo:
VB ,VD ,QS1 , MS 2 ,VG , MS 3
76
Elemento Descrição Peso (kN/m)
1 alma da viga : 0,40x2,35x25 23,50
2 laje interna : 0,20x3,10x25 15,50
3 0,15x1,20
x25
2 2,25
mísula :
4 0,20 0,35
x2,00x25
laje em balanço : 2 13,75
5 Guarda-rodas :
1,50
6 0,10 0,15
x1,50x25 5,00
Passeio: 2
7 Gradil metálico: 1,00
8 pavimentação : 0,05x5,10x24 6,12
recapeamento : 2,00
9 alargamento da alma :
3,0
0,40x3,0 4
x2,0x x25 3,0
2 40
g1 73,62kN / m
Peso próprio das transversinas (considerando unif. distrib. ao longo da viga, l =
40m)
Total: 105,68 kN
105,68
carga distribuída ao longo da viga g 2 2,64kN / m
40
carga distribuída total g g 1 g 2 76,26kN / m
77
Peso próprio das cortinas
0,50 2,35
x4,00x0,25 x25 35,62kN
ALA: 2
CORTINA: 0,25x2,35x6,50x25 = 95,47 kN
0,25x0,25x6,50x25 = 10,16 kN
G = 35,62 + 105,63 = 141,25 kN carga concentrada
nas extremidades
dos balanços
CARGA PERMANENTE TOTAL - Vigas principais
REAÇÕES DE APOIO
Rg2 Rg12 1666,50kN
DIAGRAMA DE Mg : (convenção: tração embaixo: positivo)
78
DIAGRAMA DE Vg
79
5. Ações nas estruturas, combinação de esforços e envoltória de esforços
5.1. Ações
Denomina-se ação a todo agente capaz de produzir estados de tensão ou deformação em
uma estrutura qualquer. De um modo geral, as ações que devem ser consideradas no
dimensionamento das estruturas de concreto armado são:
Carga permanente;
Carga acidental;
Ação de vento;
Variação de temperatura;
Retração;
Deformação lenta;
Choques;
Vibrações e esforços repetidos;
Influência do processo de construção;
Recalques de apoios;
A NBR6118/07 destaca que na análise estrutural deve ser considerada a influência de
todas as ações que possam produzir efeitos significativos para a segurança da estrutura em
exame, levando-se em conta os possíveis estados limites últimos e os de serviço.
Classificação das ações
De acordo com a NBR-8681 as forças designadas por ações diretas e as deformações
impostas por ações indiretas. Em função de sua variabilidade no tempo, as ações podem ser
classificadas como:
Ações permanentes
Ações variáveis
Ações excepcionais
a. Ações Permanentes
São aquelas que ocorrem com valores praticamente constantes ou com pequena
variabilidade em torno de sua média, ao longo de toda a vida útil da construção. As ações
permanentes são divididas em:
Ações permanentes diretas: são constituídas pelo peso próprio da estrutura, dos elementos
construtivos fixos, das instalações e outras como equipamentos e empuxos.
Ações permanentes indiretas: são constituídas por deformações impostas por retração do
concreto, fluência, recalques de apoio, imperfeições geométricas e protensão.
b. Ações variáveis
São aquelas que variam de intensidade de forma significativa em torno de sua média, ao
longo da vida útil da construção. São classificadas em diretas, indiretas e dinâmicas.
Ações variáveis diretas: são constituídas pelas cargas acidentais previstas para o uso da
construção, pela ação do vento e da chuva, devendo respeitar as prescrições feitas por
normas específicas. Como cargas verticais previstas para o uso da construção tem-se:
cargas verticais de uso da construção, cargas móveis (considerando o impacto vertical),
impacto lateral, força longitudinal de frenagem ou aceleração, força centrífuga.
Ações variáveis indiretas: são causadas pelas variações da temperatura, podendo ser com
variação uniforme e não uniforme de temperatura.
Ações dinâmicas: quando a estrutura estiver sujeita a choques ou vibrações, os
respectivos efeitos devem ser considerados na determinação das solicitações. No caso de
vibrações, deve ser verificada a possibilidade de ressonância em relação à estrutura ou
80
parte dela. Se houver a possibilidade de fadiga, esta deve ser considerada no
dimensionamento das peças.
c. Ações excepcionais
São ações de duração extremamente curta e com muito baixa probabilidade de ocorrência
durante a vida útil da construção. Devem ser consideradas no projeto se seus efeitos não puderem
ser controlados por outros meios. São exemplos os abalos sísmicos, as explosões, os incêndios,
choques de veículos, enchentes, etc.
5.2. Estados Limites
A NBR-6118 (item 2.1) indica que uma estrutura ou parte dela atinge um estado limite
quando, de modo efetivo ou convencional, se torna inutilizável ou quando deixa de satisfazer às
condições previstas para sua utilização.
Depreende-se naturalmente dos requisitos esperados para uma edificação, que a mesma
deva reunir condições adequadas de segurança, funcionalidade e durabilidade, de modo a atender
todas as necessidades para as quais foi projetada.
Logo, quando uma estrutura deixa de atender a qualquer um desses três itens, diz-se que
ela atingiu um Estado Limite. Dessa forma, uma estrutura pode atingir um estado limite de
ordem estrutural ou de ordem funcional. Assim, se concebe dois tipos de estados limites, a saber:
Estados limites últimos (de ruína);
Estados limites de utilização (de serviço).
Estado Limite Último
São aqueles relacionados ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína estrutural, que
determine a paralisação do uso da estrutura. A segurança das estruturas de concreto deve sempre
ser verificada em relação aos seguintes estados limites últimos:
Estado limite último da perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo
rígido;
Estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu
todo ou em parte, devido às solicitações normais e tangenciais;
Estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu
todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda ordem;
Estado limite último provocado por solicitações dinâmicas;
Casos especiais.
Estado Limite de Utilização
São aqueles que correspondem à impossibilidade do uso normal da estrutura, estando
relacionados à durabilidade das estruturas, aparência, conforto do usuário e a boa utilização
funcional da mesma, seja em relação aos usuários, seja às maquinas e aos equipamentos
utilizados. Podem se originar de uma das seguintes causas:
Estado limite de formação de fissuras;
Estado limite de abertura de fissuras;
Estado limite de deformações excessivas;
Estado limite de vibrações excessivas;
Casos especiais.
a) Estado Limite de Formação de Fissuras
É o estado em que há uma grande probabilidade de iniciar-se a formação de fissuras de
flexão. Este estado ocorre quando a tensão de tração máxima na seção transversa for igual à
resistência à tração do concreto na flexão.
81
b) Estado Limite de Abertura de Fissuras
Também definido como Estado limite de fissuração inaceitável, corresponde ao estado
em que as fissuras se apresentam com aberturas iguais aos limites máximos especificados por
normas e que podem ser prejudicial ao uso ou à durabilidade da peça de concreto.
c) Estado Limite de Deformação Excessiva
É o estado em que as deformações ultrapassam os limites máximos definidos por normas
e aceitáveis para a utilização normal da estrutura.
5.3. Combinação de Ações (NBR 8681)
O objetivo da análise estrutural é determinar os efeitos das ações na estrutura, de modo a
verificar os estados limites últimos e de utilização. Essa análise permite estabelecer as
distribuições de esforços internos, de tensões, de deformações e os deslocamentos, em parte ou
em toda a estrutura. Para isso, as solicitações de cálculo devem ser determinadas a partir de
combinações das ações consideradas, de acordo com a análise estrutural.
Estado Limite Último
A NBR-8681 (item 5.1.3) define que para as verificações no estado limite último devem ser
consideradas as seguintes combinações das ações:
Combinações últimas normais;
Combinações últimas especiais ou de construção e
Combinações últimas excepcionais.
a) Combinações últimas normais
Neste caso, devem ser considerados os valores característicos das ações permanentes e as
combinações das diversas ações variáveis envolvidas. Em cada combinação, uma das ações
variáveis é considerada como a principal, admitindo-se que ela atue com o seu valor
característico Fk. As demais ações variáveis atuam com os seus valores reduzidos de combinação
ψ0.Fk.
Assim, se na estrutura atuam m ações permanentes características Fgk juntamente com n
ações variáveis Fqk, a ação de cálculo Fd a ser considerada será dada por:
m n
Fd gi FGi,k q FQ1,k 0 j FQj,k
i1 j 2
Onde:
Fgk – valor característico das ações permanentes.
Fqk,1 – valor característico da ação variável considerada como a principal.
ψ0i.Fqk,i – valores reduzidos de combinação das demais ações variáveis (secundárias).
b) Combinações últimas especiais ou de construção
Os carregamentos especiais são transitórios, com uma duração muito pequena em relação ao
período de referência da estrutura, e seus efeitos podem superar os efeitos produzidos pelo
carregamento normal. O carregamento de construção é um carregamento transitório decorrente
das diferentes etapas do processo construtivo, sendo considerado apenas quando há risco de
ocorrência do estado limite nessa fase.
Nesses casos, a ação de cálculo é dada por:
m n
Fd gi FGi,k q FQ1,k 0 j,ef .FQj,k
i1 j2
Onde:
Fqk,1 – valor característico da ação variável especial.
82
ψ0i,ef – fator de combinação efetivo de cada uma das demais ações variáveis na situação
transitória.
Em geral, ψ0i,ef = ψ0i , onde ψ0i é o fator de combinação adotado para o carregamento
normal.
c) Combinações últimas excepcionais
O carregamento excepcional é transitório, com uma duração extremamente curta,
podendo provocar efeitos catastróficos. Eles devem ser considerados no projeto quando a
ocorrência das ações excepcionais não possa ser desprezada e quando, na concepção do projeto,
não possam ser tomadas medidas para minimizar os efeitos dessas ações. É o caso, por exemplo,
de ações sísmicas em barragens. Mesmo em regiões de baixa atividade sísmica, essa ação deve
ser considerada, pois a ruína de uma grande barragem pode causar danos extraordinários.
Nesse caso a ação de cálculo é dada por:
m n
Fd gi FGi,k Fq.exc q 0 j,ef .FQj,k
i1 j2
Fq, exc – valor representativo da ação excepcional.
Estado Limite de Utilização
a) Combinações quase-permanentes de utilização
Nas combinações quase-permanentes, todas as ações variáveis são consideradas com seus
valores quase-permanentes ψ2.Fqk:
m n
Fd FGi,k 2 j FQj,k
i1 j 1
83
Tabela 2 - Ações permanentes diretas consideradas separadamente
Efeito
Combinação Tipo de ação
Desfavorável Favorável
Peso próprio de estruturas metálicas 1,25 1,0
Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,30 1,0
Normal
Peso próprio de estruturas moldadas no local 1,35 1,0
Protensão 1,20 0,9
Peso próprio de estruturas metálicas 1,15 1,0
Especial ou
Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,20 1,0
de
Peso próprio de estruturas moldadas no local 1,25 1,0
construção
Protensão 1,20 0,9
Peso próprio de estruturas metálicas 1,10 1,0
Peso próprio de estruturas pré-moldadas 1,15 1,0
Excepcional
Peso próprio de estruturas moldadas no local 1,15 1,0
Protensão 1,20 0,9
Tabela 4 - Valores dos fatores de combinação (ψ0) e de redução (ψ1 e ψ2) para as ações variáveis
Tipo Tipo de ação ψ0 ψ1 ψ2
Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas 0,60 0,30 0,0
Variações uniformes de temperatura em 0,60 0,50 0,30
Temperatura
relação à média anual local
Cargas Pontes rodoviárias 0,70 0,50 0,30
móveis e Pontes ferroviárias não especializadas 0,80 0,70 0,50
seus efeitos Pontes ferroviárias especializadas 1,00 1,0 0,60
dinâmicos
EXERCÍCIOS
1. Para a ponte rodoviária de concreto armado moldada no local submetida aos
esforços abaixo, determine:
a) Combinação última normal;
b) Combinação quase permanente de serviço;
c) Combinação freqüente de serviço;
Esforços:
Carga permanente: Mg1 = 60 tf.m
Mg2 = 30 tf.m
Carga móvel: Mq1 = 42 tf.m
Carga móvel passeio: Mq2 = 22 tf.m
Variação temperatura: Mq3 = 13 tf.m
Vento Mq4 = 10 tf.m
84
2. Para uma dada seção do vigamento principal de uma ponte rodoviária em concreto
protendido determine a combinação última normal. Os esforços nessa seção são:
Momento devido ao peso próprio: Mg = 291 tf.m
Momento devido à protensão: Mgp = 211 tf.m
Momento devido à carga móvel: Mq = 382 tf.m
3. Você precisa fazer a verificação da flecha em um vigamento principal de uma ponte
rodoviária em concreto moldado in loco para uma seção em seu vão central. Dado os
esforços nessa seção:
Momento devido ao peso próprio: Mg1 = 283 tf.m
Momento devido à protensão: Mg2 = 209 tf.m
Momento devido à carga móvel: Mq1 = 376 tf.m
Momento carga móvel passeio: Mq2 = 102 tf.m
4. Para uma obra ferroviária metálica, determine o momento final de cálculo para
uma determinada seção de um pilar sujeito aos seguintes esforços:
Momento devido ao peso próprio: Mg = 61 tf.m
Momento devido à carga móvel: Mq = 112 tf.m
Momento devido à frenagem: Mqf = 23 tf.m
Momento devido ao vento: Mqv= 12 tf.m
5.4. Envoltória de esforços
Somando-se as solicitações devido ao peso próprio com as provocadas pela carga móvel,
já acrescidas do efeito de impacto, obtêm-se os valores das envoltórias de solicitações, as quais
são utilizadas no dimensionamento das armaduras nas diversas seções da longarina. Essas
solicitações são denominadas em serviço, uma vez que elas representam as solicitações efetivas
nas vigas principais da superestrutura. Para o dimensionamento das armaduras deverá ser
utilizada a combinação última recomendada pela NBR-8681, a qual majora as solicitações em
serviço por coeficientes adequados.
Seções
Esforços
MOMENTO (kN.m) CORTANTE (kN) ESFORÇOS FINAIS
SEÇÃO
Mg+ Mg- Mq+ Mq- Vg+ Vg- Vq+ Vq- Md+ Md- Vd+ Vd-
Balanço 1 0,00 -2.220,50 0,00 -2.000,00 1.067,60 0,00 0,00 -526,20 0,00 -5.997,68 1.441,26 -789,30
0 0,00 -2.220,50 0,00 0,00 1.067,60 0,00 863,30 -71,00 0,00 -2.997,68 2.736,21 -106,50
1 460,40 0,00 2.106,30 -1.874,10 855,00 0,00 726,60 -76,40 3.780,99 -2.811,15 2.244,15 -114,60
2 2.565,00 0,00 3.735,20 -1.747,40 640,20 0,00 601,40 -93,60 9.065,55 -2.621,10 1.766,37 -140,40
3 4.066,10 0,00 4.886,70 -1.620,80 425,50 0,00 487,60 -146,50 12.819,29 -2.431,20 1.305,83 -219,75
4 4.950,40 0,00 5.560,60 -1.494,20 214,18 0,00 385,20 -214,60 15.023,94 -2.241,30 866,94 -321,90
5 5.253,00 0,00 5.827,50 -1.367,60 0,00 0,00 294,20 -294,20 15.832,80 -2.051,40 441,30 -441,30
6 4.950,40 0,00 5.560,60 -1.494,20 0,00 -214,18 -385,20 -214,60 15.0 23,94 -2.241,30 -577,80 -611,04
7 4.066,10 0,00 4.886,70 -1.620,80 0,00 -425,50 -487,60 -146,50 12.819,29 -2.431,20 -731,40 -794,18
8 2.565,00 0,00 3.735,20 -1.747,40 0,00 -640,20 -601,40 -93,60 9.065,55 -2.621,10 -902,10 -1.004,67
9 460,40 0,00 2.106,30 -1.874,10 0,00 -855,00 -726,60 -76,40 3.780,99 -2.811,15 -1.089,90 -1.268,85
10 0,00 -2.220,50 0,00 0,00 0,00 -1.067,60 -863,30 -71,00 0,00 -2.997,68 -1.294,95 -1.547,76
Balanço 2 0,00 -2.220,50 0,00 -2.000,00 0,00 -1.067,60 0,00 526,20 0,00 -5.997,68 0,00 -651,96
85
Combinação utilizada: Md = 1,35xMg + 1,5xMq
Vd = 1,35xVg + 1,5xVq
Representação gráfica
86
6. Dimensionamento das seções transversais
Neste item é apresentado o dimensionamento das seções mais representativas das
longarinas da ponte representada abaixo:
87
Tabela 5 - Momento fletor e esforço cortante, em uma longarina, devido ao peso próprio.
Tabela 7 - Momento fletor e esforço cortante, em uma longarina, devido à carga móvel.
88
Tabela 9 - Envoltórias de momento fletor e esforço cortante em uma longarina (solicitações em serviço).
89
Alternativamente o cálculo da distância “a” pode ser feito ou verificado mediante exame
dos diagramas de momentos fletores da estrutura.
Além disso, deverão ser respeitados os limites b1 e b3, conforme figura.
bw é a largura real da nervura;
ba é a largura da nervura fictícia obtida aumentando-se a largura real para cada lado de
valor igual ao do menor cateto do triângulo da mísula correspondente;
b2 é a distância entre as faces das nervuras fictícias sucessivas.
90
ba 40 20 (40 27,5) 72,5 cm
3
b3 0,1a 0,1 x 2000 120 cm
5
0,1a 120 cm
b1
0,5b2 0,5 x (480 40) 220 cm
b f ba b1 b3 72,5 120 120 312,5 cm
Para efeito de exemplificação, é calculado a armadura de flexão na seção 15 onde atuam
os seguintes momentos fletores:
Mg = 994 kN.m
Mq+ = 2229 kN.m
Mq- = -702 kN.m
Dados:
bw = bf = 312,5 cm
h = 180 cm
d' = 20 cm
d = 160 cm
fck = 25 MPa
f ck 2,5
f c 0,85. 0,85. 1,517 kN / cm2
1,4 1,4
Md g M g q Mq
Md 1,35 x 994 1,5 x 2229
Md 4685,4 kN.m
Md
k
f cbd 2
4685,4 x100
k 0,039 kL 0,295
1,517 x 312,5 x1602
A A
s s1
f c bd
. 1 1 2k
f yd
As
1,517 x 312,5 x160
. 1
1 2 x 0,039
43,5
As 68,8 cm 2
91
O superescrito "+" no valor da área significa que essa armadura será colocada para
combater o momento fletor positivo, isto é, na face inferior da viga. Ressalta-se que no
dimensionamento da seção 15 não houve necessidade da colocação de armadura de compressão e
a linha neutra no Estádio III situou-se na mesa de compressão. Essa deve ser a solução
preferencial a ser buscada no projeto da longarina, isto é, sem armadura de compressão, para
evitar maiores problemas quando do dimensionamento da longarina aos efeitos da fadiga.
Algumas seções são submetidas tanto a momento fletor positivo quanto a negativo,
devendo, portanto ser dimensionadas para resistir a ambos. Esse é o caso, por exemplo, da seção
2, cujos momentos fletores, com valores em serviço, são:
Mg = 435 kN.m
Mq+ = 1721 kN.m
Mq- = -1335 kN.m
Momento positivo: bw = bf = 312,5 cm; d = 160 cm
M d 1,35 x 435 1,5 x1721 3168,75 kN.m
3168,78 x100
k 0,026
1,517 x 312,5 x1602
As
1,517 x 312,5 x160
1
1 2 x 0,026 46,14 cm 2
43,5
Momento negativo: bw = 48 cm (variação uniforme da espessura da longarina); d = 165
cm
M d 1,35 x 435 1,5 x (1335) 1567,5 kN.m
1567,5 x100
k 0,079
1,517 x 48 x1652
1,517 x 48 x165
As
1
1 2 x 0,079 22,78 cm 2
43,5
Procedendo-se de forma análoga para as demais seções, obtêm-se as áreas de aço à flexão
mostrada no quadro a seguir.
Tabela 10 – Áreas de aço
Seção a b 0 1 2 3 4 5 6
Md+ (kN.m) - - - 1369 3169 4362 4953 4897 4240
Md- (kN.m) -889 -2061 -3695 -2388 -1527 -912 -513 -322 -439
As+ (cm2) - - - 19,7 46,1 63,8 72,6 71,7 62,03
As- (cm2) 12,7 30,0 55,1 34,9 22,1 13,1 7,2 4,6 6,2
bw (cm) 48 54 60 54 48 42 40 40 40
Seção 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Md+ (kN.m) 3010 1311 - - - 1551 3280 4345 4685
Md- (kN.m) -1017 -1881 -3405 -5657 -3230 -1600 -779 -258 -
As+ (cm2) 43,7 18,8 - - - 22,4 47,7 63,6 68,8
As- (cm2) 14,6 27,4 50,8 88,2 48,1 23,2 11,1 3,7 -
bw (cm) 42 48 54 60 53 47 41 40 40
6.2. Fadiga da armadura longitudinal
A fadiga pode ser definida como a alteração mecânica dos materiais sob o efeito de
solicitações repetidas. As ações que causam fadiga são aquelas que produzem variações de
solicitações com frequência relativamente alta. Dentre elas podem ser citadas: cargas móveis,
ondas do mar, sismos, vento, variações de temperatura, congelamentos, etc.
92
6
Os ensaios de flexão revelam que após 2 x 10 de ciclo de flutuações de carga, a armadura pode
romper com tensão inferior à medida em ensaio estático.
Elementos que devem ser verificados à fadiga:
Vigas e lajes do tabuleiro de pontes
Verificação de fadiga da armadura
OBS.: As tensões s devem ser calculadas com esforços solicitantes de serviços, isto é, sem
majorá-los com os coeficientes de majoração.
As,corrigido k .As,calculado
Quando a variação de tensão nas armaduras longitudinais, em serviço, Δσs for superior à
Δfsd = Δfsk/γfad (γfad = 1,0), as áreas de aço calculadas, no estádio III, para resistir aos
momentos fletores devem ser multiplicadas por um coeficiente de fadiga K (K = Δσs/Δfsd). As
armaduras assim majoradas terão as variações de tensões limitadas à Δfsd.
93
Tabela 11 – Valores Δfsd,fad (NBR 6118)
Analisa-se, a seguir, a seção de uma longarina da ponte, por ser esta a seção que
apresenta as maiores variações de momento fletor. Os momentos fletores devidos à carga
permanente (Mg) e à carga móvel (Mq+ e Mq-), em serviço, que atuam nessa seção são:
Mg = -70 kN.m
Mq+ = 1500 kN.m
Mq- = -1008 kN.m
A variação de tensão na seção é definida como Δσs = σs,max – σs,min. A tensão σs,max é
obtida pela combinação de Mg com Mq+, a qual resulta em um momento que traciona as fibras
inferiores (momento fletor positivo).
M M M 70 0,5 x1500 680 kN.m
d ,max g 1 q
A tensão σs,min é obtida pela combinação de Mg com Mq-, a qual resulta em um momento
que traciona as fibras superiores (momento fletor negativo).
M M M 70 0,5 x (1008) 574 kN.m
d ,min g 1 q
(a) Seção para momento fletor positivo (b) Seção para momento fletor negativo
94
Seção submetida a momento fletor positivo: Md,max = 680 kN.m
Inicialmente é analisada a seção quando submetida a momento fletor positivo (Md,max).
Admitindo que a linha neutra esteja na mesa de compressão (o que implica em admitir b w = bf),
sua posição pode ser obtida por (Carvalho, Figueiredo Filho, 2004):
nA A' nA A'
2
y s
2n
s
s s
s
bw bw dAs tA
bw neutra, 'no estádio II, em uma seção retangular
Essa expressão fornece a posição da linha
com armaduras de tração e compressão. Nessa expressão, As é a área de aço de tração, As’ é a
área de aço de compressão, n é a relação entre os módulos de deformação longitudinal do aço e
do concreto (n = Es/Ec), bw é a largura da seção, d é a altura útil da seção (distância da armadura
tracionada à fibra mais comprimida da seção), t é o cobrimento da armadura comprimida
(distância da armadura comprimida à fibra mais comprimida da seção).
Quando a seção está submetida ao momento fletor positivo (Md,max) têm-se: As = A s + =
22,4 cm2, As’ = As- = 23,2 cm2, n ≈ 9,0, bw = 312,5 cm, d = 160 cm e t = 15 cm. Substituindo
esses valores na expressão anterior obtêm-se y = 13,81 cm, menor que hf (20 cm), o que
confirma a hipótese inicial da linha neutra encontrar-se na mesa de compressão. A inércia da
seção é obtida, então, por:
bwy 2
3 2 '
nAs t y
I nAs d y
3
I 0,0458 m4
Tensão na armadura tracionada (As+):
n M d ,max d y
s,max
195,34 MPa
I
Tensão na armadura comprimida (As-):
n M d ,max t y
s,min
1,59 MPa
I
Seção submetida a momento fletor negativo: Md,min = -574 kN.m
Quando a seção está submetida ao momento fletor negativo (Md,min) têm-se: As = A s- =
23,2 cm2, As’ = As+ = 22,4 cm2, n ≈ 9,0, bw = 47 cm, d = 165 cm e t = 20 cm. Substituindo esses
valores na expressão que fornece a posição da linha neutra em uma seção retangular com
armaduras de tração e compressão obtêm-se y = 32,67 cm. A inércia da seção é obtida pela
mesma expressão empregada quando a seção estava submetida ao momento fletor positivo e vale
I = 0,0423 m4.
Tensão na armadura tracionada (As-):
n M d ,min d y
s,max
161,61 MPa
I
Tensão na armadura comprimida (As+):
n M d ,min t y
s,min
15,47 MPa
I
95
Conhecidas as tensões nas armaduras quando a seção está submetida aos momentos
fletores positivo e negativo, é possível determinar a variação de tensão em cada uma das
armaduras dessa seção.
Variação de tensão na armadura inferior (As+):
s 195,34 (15,47) 210,81 MPa
Ao adotar, como armadura de flexão, barras nervuradas com diâmetro de 25 mm, a
flutuação de tensão limite para evitar a ruptura por fadiga do aço (Δfsd,fad) vale 175 MPa, segundo
a NBR 6118. A variação de tensão calculada na seção é maior que esse limite, logo se deve
aumentar a área de aço multiplicando-a pelo coeficiente de fadiga.
210,81
K
s
1,20
fsd , fad 175
Portanto a área aço a ser detalhada será:
As,corrigido K x As 1,20x22,4 26,98 cm2
Seção 7 8 9 10 11 12 13 14 15
K+ 1,64 1,12 - - - 1,37 1,60 1,34 1,25
K- 1,00 1,59 1,06 1,00 1,13 1,44 1,00 1,00 -
As+ (cm2) 71,67 21,06 - - - 30,69 76,32 85,22 86,008
As- (cm2) 14,6 43,57 53,85 88,2 54,35 33,41 11,1 3,7 -
EXERCÍCIOS
1) Verifique se seção submetida aos esforços abaixo está sujeita à fadiga. Caso positivo,
determinar a área de aço corrigida.
Dados:
Mg = -136 kN.m
Mq+ = 2185 kN.m
Mq- = -1015 kN.m
As+ = 34,2 cm2 As- = 19,4 cm2
fck ≥ 25 MPa
Es = 210 GPa
Posição da linha neutra: y = 15,39 cm (momento positivo); y = 26,24 cm (momento negativo)
Inércia da seção: I = 0,0574 m4 (momento positivo); I = 0,0313 m4 (momento negativo)
96
Seção transversal para momento positivo Seção transversal para momento negativo
2) Para uma seção do vigamento principal de uma ponte, submetida aos esforços descritos
abaixo, calcule o coeficiente de fadiga e a área de aço corrigida.
Dados:
Mg = 420 kN.m
Mq+ = 1973 kN.m
Mq- = -505 kN.m
As+ = 72,0 cm2
As- = 0,0 cm2
Es = 210 GPa
Concreto fck ≥ 30 MPa
97
7. Mesoestrutura de pontes
7.1. Introdução
A mesoestrutura das pontes é constituída principalmente pelos pilares, os quais têm a
função de transmitir os esforços da superestrutura para a infraestrutura (fundações). A cada linha
transversal de apoio do tabuleiro correspondem um ou mais pilares.
99
7.4.Determinação da rigidez de pilares sujeitos a esforço horizontal aplicado na
extremidade superior
Em um pilar engastado na base e livre no topo, denomina-se flexibilidade δ o
deslocamento do topo do pilar quando submetido a um esforço unitário. A rigidez (K) desse
mesmo pilar é o esforço que produz um deslocamento unitário no topo. A rigidez e a
flexibilidade de uma estrutura são relacionadas entre si por K = 1/δ, ou seja, conhecida a
flexibilidade de uma estrutura, sua rigidez é obtida pelo inverso da flexibilidade.
100
Figura 101 – Deformação de um pilar com apoio de neoprene
O deslocamento do neoprene (δn) pode ser obtido a partir da figura. A deformação
angular da placa de neoprene vale γ = δn/hn, onde hn é a altura da placa. Sendo Gn o módulo de
deformação longitudinal do neoprene e An a área da projeção horizontal da placa, obtêm-se:
h
n G .A
n
n n
101
Figura 102 – Valores para o coeficiente Kh
Observação:
l = comprimento total efetivamente enterrado no solo;
l < 4L0: tubulão curto
l ≥ 4L0: tubulão longo
Estacas sempre deverão ter comprimento l ≥ 4 L0
Cálculo da rigidez para tubulões longos e estacas
1
k
n p F
h
n
n
G3n An
L
p
3EI
h3f
3EI1 3(1 )
F
Onde
L
p
hf
Lp altura do pilar
hf altura da estaca ou tubulão
A altura hf da estaca ou tubulão compreende a parte fora do solo (ou a parte em que o
confinamento do solo não é considerado) e a parte permanentemente enterrada deste elemento
estrutural. A profundidade abaixo do terreno em que o tubulão praticamente não é mais
solicitado por momentos oriundos das cargas horizontais é dado por L = 1,8L0.
Exemplo
Calcular a rigidez dos apoios da ponte abaixo.
Dados:
Ponte classe 45
Aparelho de apoio: neoprene (40x50x5) cm; G = 10 kg/cm2.
fck (pilares) = 25 MPa
fck (Tubulões) = 20 MPa
102
103
7.7.Distribuição, entre pilares, dos esforços transversais que atuam na superestrutura.
Devido à grande rigidez que as lajes concedem, no plano horizontal, ao tabuleiro da
ponte, este pode ser considerado, sob a ação de esforços transversais, como uma placa sobre
apoios elásticos. Quando esses esforços incidem no tabuleiro, este se desloca horizontalmente
solicitando os pilares. Se o deslocamento for apenas uma translação na direção horizontal, o
problema é análogo ao de distribuição de esforços longitudinais, ou seja, cada eixo recebe um
quinhão de carga proporcional à sua rigidez na direção transversal (Figura 18). Neste caso, a
rigidez transversal de cada pilar (ou eixo) deve ser calculada levando em conta a existência de
vigas transversais ligando os pilares que formam, assim, pórticos nessa direção. Para tanto, a
rigidez pode ser calculada como o inverso do deslocamento do topo do pórtico quando nesta
posição é aplicada uma força unitária.
Figura 103 – Vista em planta da atuação de esforços transversais no tabuleiro (a); translação horizontal do
tabuleiro (b); determinação da rigidez transversal do pórtico (c).
Contudo, esse raciocínio seria verdadeiro apenas se a rigidez transversal de todos os eixos
fossem iguais, de modo que o “centro de gravidade” das rigezas transversais coincidisse com o
ponto de aplicação da resultante dos esforços transversais. Na esmagadora maioria das situações
reais essa condição não ocorre, de forma que simultaneamente à translação do tabuleiro ocorre
uma rotação em torno do “centro de gravidade” das rigezas transversais (ponto O da Figura 104).
Figura 104 - Vista em planta da atuação de esforços transversais no tabuleiro (a); translação horizontal do
tabuleiro (b); rotação horizontal do tabuleiro em torno do ponto O (c).
Quando ocorre a rotação do tabuleiro, cada pilar Pi, distante xi do ponto O, sofre um
deslocamento horizontal θh.xi, perpendicular ao eixo da ponte na posição original. Ao
deslocamento do pilar corresponde um esforço Ki.θh.xi na direção do deslocamento, sendo Ki a
rigidez do pilar (ou eixo) na direção desse deslocamento.
Fazendo o equilíbrio do sistema obtêm-se:
Fres Fi
M K x x K x K x
2 2
res ihii ihi h ii
Sendo:
Fres: resultante das forças horizontais atuantes no tabuleiro;
Mres: momento resultante devido à excentricidade do ponto de aplicação de Fres com
relação ao ponto O (Mres = Fres. e);
Fi : força resistida por cada pilar devido à translação δn.
104
Logo, a força total resistida por um pilar qualquer será igual à soma das forças devidas à
rotação e à translação, ou seja:
Fi Fi Kih xi
Onde o sinal é positivo quando os deslocamentos são no mesmo sentido e negativo quando forem em
Ki
sentidos contrários. Do estudo da distribuição de forças longitudinais sabe-se que Fi Fres , logo:
Ki
M
Fi Ki Fres Kih xi , mas h Kresx 2
K ii
Ki K F ex
Fi Fres i res 2i
K K x i
1 e xi
Fi Fres K i
K Ki x i2
Para a determinação da excentricidade da resultante das forças transversais (e), é
necessário conhecer o “centro de gravidade” das rigezas que pode ser obtido por analogia com o
centro de gravidade de uma seção qualquer, isto é:
Ki xi
x g K
i
Para a obtenção da força total em cada pilar, foi admitido que as forças devido à rotação e
à translação estivessem na mesma direção. A rigor esta hipótese não é válida, a não ser que a
rotação possa ser considerada muito pequena.
Em alguns casos, procurando simplificar a distribuição dos esforços transversais, a
rigidez na direção transversal é tomada igual à rigidez na direção longitudinal, já calculada
quando da distribuição dos esforços longitudinais do tabuleiro.
O procedimento aqui apresentado é válido quando não há juntas no tabuleiro. Se
houverem juntas, essa procedimento deve ser aplicado isoladamente a cada trecho contínuo do
tabuleiro. No caso extremo quando o tabuleiro é constituído por vigas biapoiadas em cada tramo,
cada eixo receberá metade do esforço transversal proveniente dos tramos adjacentes a ele.
7.8. Determinação de esforços horizontais
Os esforços horizontais que atuam nos pilares são:
Esforços longitudinais:
Frenagem ou aceleração da carga móvel sobre o tabuleiro;
Empuxo de terra e sobrecarga nas cortinas;
Componente longitudinal do vento incidindo na superestrutura;
Esforços transversais:
Vento incidindo na superestrutura;
Força centrífuga (pontes em curva horizontal);
Componente transversal de empuxo nas cortinas (pontes esconsas).
Esforços parasitários:
Variação de temperatura do vigamento principal;
Retração do concreto do vigamento principal.
105
Esforços que atuam diretamente nos pilares:
Empuxo de terra;
Pressão do vento;
Pressão da água.
Cálculo dos esforços
a) Frenagem ou aceleração da carga móvel sobre o tabuleiro
Os veículos ao serem freados ou acelerados numa ponte, irão produzir sobre as mesmas,
forças na direção do tráfego, ou seja, forças horizontais ao longo do eixo da ponte.
Em geral, nas pontes de concreto, a laje resiste bem a estes esforços, transmitindo-os aos
elementos da infraestrutura de uma forma que depende do arranjo dos aparelhos de apoio. Estes
esforços irão então produzir uma considerável flexão da infraestrutura, como ilustra a Fig. 105.
Deve ser adotado o maior dos seguintes valores (NBR-7187):
Frenagem = 30% do peso do veículo tipo;
Aceleração = 5% do valor do carregamento na pista de rolamento com as cargas
distribuídas, excluídos os passeios;
Ac = 0,05x (pxbTB + px (bTAB-bTB)) xL
Sendo:
p = carga de multidão (p=q=0,5 tf/m2 ou 5 kN/m2);
bTB = largura do veículo tipo (3,0 m);
bTAB = largura da pista de rolamento da ponte;
L = largura total da ponte.
106
Os empuxos ativo e de repouso devem ser considerados nas situações mais desfavoráveis.
A atuação estabilizante do empuxo passivo só pode ser levada em conta quando sua ocorrência
puder ser garantida ao longo da vida útil da obra.
Os empuxos de terra nas estruturas são, em geral, tomados iguais aos empuxos ativos Ea
calculados pela fórmula de Ranckine:
1
E k bh2
a
2 a
E tg 45 bh 2
1 2
a 2 2
Ea = empuxo ativo do solo;
ka = coeficiente de empuxo ativo;
ϕ = ângulo de atrito interno do solo;
γ = peso específico do solo;
b = largura da superfície de contato com o solo;
h = altura da superfície de contato com o solo.
107
A sobrecarga móvel (q), atuando na superfície horizontal do terreno produz na superfície
vertical, uma pressão lateral uniforme, dada por ka.q, produzindo o empuxo:
Eq ka qbh
No caso de pilares ou paredes de encontros situados nos aterros de acesso à obra, são
adotados as seguintes larguras de atuação do empuxo de terra.
108
Figura 109 – Pressão de vento sobre pontes para vigas de alma cheia
a) Ponte rodoviária descarregada
b) Ponte rodoviária carregada
c) Passarela para de pedestres
d) Ponte ferroviária descarregada
e) Ponte ferroviária carregada.
109
Figura 110 – Exemplo ilustrativo de ponte curva em abóbada reta.
A força centrífuga é o efeito dinâmico associado com curvatura horizontal da estrada.
Para um raio r de curvatura horizontal e uma velocidade v do veículo, a força centrífuga F vale:
mv 2 Qv2
F
r r g
A relação entre a força centrífuga (F) e o peso do veículo (Q), é então dada por:
F v2
Q r.g
Exprimindo-se a velocidade em km/h, e tomando g = 9,81 m/seg2, obtêm-se:
F v2
Q 127r
Na prática, porém, admite-se que a força centrífuga seja uniformemente distribuída ao
longo do eixo da estrutura, e a intensidade é avaliada de maneira aproximada de acordo com as
prescrições da norma NBR 7187. Nesta norma, a força centrífuga é considerada em função do
tipo de tráfego, do raio de curvatura R e, para ferrovias, em função da largura da bitola, o que
procura levar em conta a diferença de velocidades usuais entre bitola larga e bitola estreita.
Tem-se assim a força centrífuga avaliada como uma fração C da carga, já incluído o
efeito dinâmico, com os valores apresentados a seguir:
Em pontes rodoviárias:
C = 0,25 do peso do veículo-tipo para R ≤ 300 m
C = 75/R do peso do veículo-tipo para R > 300 m
h) Variação de temperatura e retração do concreto do vigamento principal
Sob a ação da retração do concreto, o tabuleiro se encurta. Sob ação da temperatura, o
tabuleiro se alonga ou se encurta, conforme a temperatura cresça ou decresça. Dada a sua ligação
com o tabuleiro, os pilares são obrigados a acompanhar esses movimentos, resultando em
esforços aplicados nos topos dos pilares.
110
Quando todos os pilares sobre os quais o estrado se apoia são elásticos, os movimentos de
alongamento e encurtamento ocorrem nos dois sentidos da direção longitudinal do tabuleiro e há,
evidentemente, um plano perpendicular a essa direção no qual não ocorrem deslocamentos. Esse
plano fica localizado no “centro de gravidade” das rigezas longitudinais, o qual é determinado de
forma análoga ao “centro de gravidade” das rigezas transversais.
Conhecida a distância x de cada pilar ao ponto indeslocável, o deslocamento de seu topo
é dado pela expressão αc∆T x , no qual αc é o coeficiente de dilatação térmica do concreto armado
(10-5/ °C) e ∆T é a variação de temperatura. O esforço aplicado no topo de cada pilar, devido à
retração e à variação de temperatura, é dado por:
111
Dados:
Ponte classe 45;
γsolo = 1,8 tf/m3 ø = 30°
Neoprene: (40x30x5,4)cm G = 10 kgf/m2
fck = 20 Mpa
α = 10-5/°C; ∆T = ±25°C
k = 35; v = 2,0 m/s
Planta
Seção longitudinal
Seção transversal
112
8. Infraestrutura de Pontes - Fundações
8.1.Introdução
Fundações são elementos estruturais destinados a transmitir ao terreno as cargas da
estrutura. Devem ter resistência adequada para suportar as tensões causadas pelos esforços
solicitantes. A escolha de uma fundação inclui não somente a infraestrutura de concreto e aço
abaixo da superfície do terreno, mas também o solo e rocha subjacentes, a erosão e as condições
de construção. Desta forma o solo deve ter resistência e rigidez apropriada para não sofrer
ruptura e não apresentar deformações exageradas ou diferenciais.
Ao projetar um sistema de fundações para uma ponte, o engenheiro tem o mesmo
objetivo presente em qualquer projeto de engenharia: segurança e economia. Por isso a solução
de um projeto de fundação de uma ponte deve também ser analisada em termos de desempenho,
na superestrutura e no sistema viário.
O elo fraco na avaliação de desempenho é reconhecidamente a limitação de
conhecimento do terreno de fundação, seja pela sondagem sempre reduzida, seja pelo método de
análise adotado ou pelas condições de erosão presentes.
8.2.O projeto de fundações
Os critérios básicos que norteiam o projeto de uma fundação de ponte podem ser
resumidos no seguinte:
Deve haver segurança adequada à ruptura do solo ou rocha de fundação;
Deve haver uma segurança à peça estrutural, transmissora de carga ao solo ou rocha de
fundação;
Deve haver segurança ao tombamento ou deslizamento do conjunto da ponte;
O recalque resultante do carregamento do solo ou rocha de fundação deve ser admissível
para a ponte, do ponto de vista: do sistema estrutural, do seu uso, de sua aparência;
Deve a fundação ter condições de ser executada com segurança, do ponto de vista de
escavação e rebaixamento do nível d’água;
Deve haver fundações estáveis e seguras quando o leito do rio apresentar erosão,
baixando a uma cota dada pela erosão geral do rio e erosão local dos pilares da ponte.
A carga vertical total sobre a fundação de uma ponte consiste na carga permanente mais a
carga vertical móvel, isto é, o carregamento passando sobre a ponte, tais como veículos.
Se os pilares estão sobre sapatas, a carga vertical total dividida pela área de contato da
fundação dá a pressão no solo. Esta pressão deve ter um fator de segurança global contra ruptura.
Segundo a NBR 6122 o fator de segurança global mínimo é igual a 3,0.
Se os pilares estão em fundações profundas, o primeiro passo consiste em se determinar a
carga admissível da estaca ou tubulão. O fator de segurança global mínimo para a carga
admissível é dado pela NBR 6122, em função de haver ou não provas de carga, realizadas a
priori na obra. Assim, sem provas de carga é 2,0 e com provas de carga é 1,60. A carga vertical
total, dividida pela carga admissível, dá o número de estacas ou tubulões que apoiam o pilar.
8.3. Tipos de fundações
As fundações são classificadas em superficiais (rasas) e profundas
a) Elementos de fundação em que a carga é transmitida ao terreno, predominantemente
pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de
assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a menor dimensão
da fundação (B). São executadas em valas rasas, com profundidade máxima de 3,0
metros. Incluem-se neste tipo de fundação as sapatas, os blocos, os radiers, as sapatas
associadas, as vigas de fundação e as sapatas corridas.
113
Figura 112 – Fundação direta
b) As fundações profundas são aquelas que transferem a carga por efeito de atrito lateral do
elemento com o solo e por meio de um fuste. Estas estruturas de transmissão podem ser
estacas ou tubulões. São aquelas cujas bases estão implantadas a mais de duas vezes a sua
menor dimensão, e a mais de 3,0 metros de profundidade.
Os blocos de fundação devem ser dimensionados tais que as tensões de tração geradas
sejam totalmente resistidas pelo próprio concreto. O dimensionamento dos blocos consiste na
definição das suas dimensões em planta e da sua altura, conforme mostrado na Fig. 120.
117
σs = tensão máxima que pode ser transmitida ao solo;
σt = resistência à tração do concreto, segundo NBR6122/10;
fck = resistência característica do concreto aos 28 dias;
Ppilar = carga do pilar;
Ppróprio = peso próprio do bloco;
Abase = área da base do bloco.
118
Figura 123 – Dimensões típicas em sapatas
a a
Se : h sapata
p
flexível
3
a ap
Se :h sapata rígida
3
Onde:
a é a dimensão da sapata na direção analisada;
h é a altura da sapata;
ap é a dimensão do pilar na direção em questão.
a) Sapatas flexíveis
São de uso mais raro, sendo mais utilizadas em fundações sujeitas a pequenas cargas.
Outro fator que determina a escolha por sapatas flexíveis é a resistência do solo. ANDRADE
(1989) sugere a utilização de sapatas flexíveis para solos com pressão admissível abaixo de
150kN/m2 (0,15MPa).
As sapatas flexíveis apresentam o comportamento estrutural de uma peça fletida,
trabalhando à flexão nas duas direções ortogonais. Portanto, as sapatas são dimensionadas ao
momento fletor e à força cortante, da mesma forma vista para as lajes maciças.
A verificação da punção em sapatas flexíveis é necessária, pois são mais críticas a esse
fenômeno quando comparadas às sapatas rígidas.
b) Sapatas rígidas
São comumente adotadas como elementos de fundações em terrenos que possuem boa
resistência em camadas próximas da superfície. Para o dimensionamento das armaduras
longitudinais de flexão, utiliza-se o método geral de bielas e tirantes. Alternativamente, as
sapatas rígidas podem ser dimensionadas à flexão da mesma forma que as sapatas flexíveis,
obtendo-se razoável precisão.
As tensões de cisalhamento devem ser verificadas, em particular a ruptura por
compressão diagonal do concreto na ligação laje (sapata) – pilar.
A verificação da punção é desnecessária, pois a sapata rígida situa-se inteiramente dentro
do cone hipotético de punção, não havendo possibilidade física de ocorrência de tal fenômeno.
c) Sapatas sob carga centrada
Ocorre quando a carga vertical do pilar passa pelo centro de gravidade da sapata. Neste
caso, admite-se uma distribuição uniforme e constante das tensões do solo na base da sapata,
igual à razão entre a carga vertical e a área da sapata (em planta).
119
Figura 124 – Sapata sob carga centrada
Fk
A
Onde:
Fk é a ação vertical na sapata;
A é a área da base da sapata.
d) Sapatas sob carga excêntrica
Em muitas situações práticas, as cargas verticais dos pilares são aplicadas
excentricamente em relação ao centro de gravidade da sapata, gerando momentos nas fundações.
Com a obrigatoriedade da consideração das ações do vento, normalmente os pilares transmitem
momentos em uma ou nas duas direções principais, gerando na base da sapata solicitações de
flexão normal composta ou de flexão oblíqua composta.
120
a
Para forças verticais aplicadas dentro do núcleo central: e
6
Para excentricidade da força vertical em apenas uma direção, calculam-se o valor
máximo e mínimo do diagrama de tensões na sapata a partir da expressão da Resistência dos
Materiais referente à flexão normal composta:
F M F M
máx mín
A W A W
Onde:
F é a força vertical na sapata;
A é a área da sapata em planta;
M = F.e
e é a excentricidade da força vertical F em relação ao C.G da sapata;
ba 2
W é o módulo de resistência elástico da base da sapata, igual a: W
6
a é a dimensão da sapata (em planta) na direção analisada;
b é a dimensão (largura) na direção perpendicular à analisada.
Para excentricidades de carga nas duas direções ortogonais, valem as expressões da
flexão oblíqua composta, se a carga vertical situar-se no núcleo central, ou seja, se:
a b
e e
x y
6 6
ab2 a 2b
M x F.ey Wx Wy
6 6
M y F.ex
De acordo com as excentricidades apresentadas na figura 2.9, a tensão máxima na sapata
ocorre no ponto 4:
F Mx My
máx 4
4 Wx Wy
As tensões nos demais pontos devem ser também calculadas, especialmente para avaliar
se ocorrerá a inversão das tensões (tensões de tração):
121
F Mx M
y
min 1
A Wx Wy
F Mx My
2
A Wx W y
F M M
x y
3
A Wx W y
122
Importante!!
NSPT kgf / cm
2 NSPT = número de golpes para cravar os últimos 30 cm ou SPT
5 σ = tensão admissível à compressão do solo.
As dimensões a e b devem ser escolhidas, sempre que possível, de tal forma a resultar em
um dimensionamento econômico. A condição econômica nesse caso ocorre quando os balanços
livres (distância em planta da face do pilar à extremidade da sapata) forem iguais nas duas
direções. Esta condição conduz a taxas de armadura de flexão da sapata aproximadamente iguais
nas duas direções ortogonais.
123
Figura 128 – Sapata isolada – dimensões em planta
a a p 2x b
a b ap
b bp 2x p
Isolando a dimensão b:
b a a b
p p
Calculando a área A:
A a .b a a a b p
p
a
a p b p
a b 2
A
p p
2 4
A
b
a
Evidentemente, as dimensões a e b necessárias serão maiores que as calculadas pelas duas
últimas equações, pois ainda existem as parcelas de tensões decorrentes dos momentos fletores.
Assim, devem ser escolhidas dimensões a e b de tal modo que a tensão máxima (calculada com
as expressões da flexão composta) não ultrapasse a tensão admissível do solo.
Podem existir situações em que não seja possível aplicar o critério dos balanços iguais,
como por exemplo, quando as dimensões obtidas a e b gerarem interferência com as fundações
vizinhas. O que importa é escolher dimensões a e b da sapata de modo a respeitar a tensão
admissível do solo.
Determinação da altura da sapata
Os condicionantes que definem a altura da sapata são:
a) Rigidez da sapata:
Na maioria dos casos, as sapatas são projetadas como rígidas, a menos que uma baixa
resistência do solo torne mais indicada uma sapata flexível.
124
Para sapatas flexíveis: h
a a
p
3
3
Onde a é a dimensão da base da sapata e ap é a dimensão da seção do pilar na direção
analisada.
b) Comprimento de ancoragem necessário às barras longitudinais do pilar:
É necessário que a sapata tenha altura suficiente para que as forças nas armaduras do pilar
sejam transferidas ao concreto da fundação (ancoragem), incluindo um cobrimento mínimo para
a proteção das armaduras:
h lb c
Onde lb é o comprimento de ancoragem das barras do pilar e c é o cobrimento.
A tabela 14 apresenta os comprimentos de ancoragem em função do diâmetro, para
diferentes classes de concreto, aplicáveis a barras nervuradas, aço CA-50 e em zonas de boa
aderência (ângulo das armaduras do pilar à 90 graus em relação à horizontal). Os valores da
tabela 14 foram obtidos com as expressões apresentadas na NBR 6118:2014.
Tabela 14 – Comprimento de ancoragem em função do diâmetro – NBR 6118:2014
125
Direção x Direção y
a a b b
0,15a 0,15b
p p
La Lx 0,15a p p Lb Ly 0,15bp p
2 2
Pa,máx solo ,máx .b Pb,máx solo ,máx .a
Pa,mín solo ,mín .b Pb,mín solo ,mín .a
2 4 3 4
solo ,máx
solo ,máx
2 2
1 3 2
solo ,mín
solo ,mín 1
2 2
De acordo com a figura 129, o problema recai em determinar os momentos solicitantes
em balanços de vãos iguais ao balanço livre acrescido de 0,15 vezes a dimensão do pilar na
direção analisada. Ou seja, os momentos solicitantes nos engastes (MSda e MSdb) fornecem os
momentos para o cálculo das armaduras da sapata.
De posse dos momentos solicitantes, as armaduras longitudinais da sapata podem ser
calculadas utilizando-se as tabelas clássicas da flexão simples ou ainda por expressões
simplificadas, conforme a seguir:
M Sda M Sdb
Direção x : Asa Direção y : Asb
0,8.d. f yd 0,8.d. f yd
Onde
d é a altura útil na direção analisada.
Os valores calculados devem ser ainda comparados com os valores de armadura mínima
recomendados para as lajes que pode ser admitida uma taxa de armadura mínima igual a 0,15%
(em relação à área bruta).
As barras longitudinais não devem ter diâmetros superiores 1/8 da espessura da laje
(sapata). O espaçamento máximo entre elas não deve ser superior a 20 cm nem 2h, prevalecendo
o menor desses dois valores.
8.6. Fundações Profundas
Fundações profundas são aquelas em que a carga é transmitida ao terreno através de sua base
(resistência de ponta) e/ou sua superfície lateral (resistência de atrito). As fundações profundas
estão assentadas a uma profundidade maior que duas vezes a sua menor dimensão em planta. As
estruturas de transmissão de carga podem ser estacas ou tubulões.
126
Figura 130 – Fundações profundas (Estacas e Tubulões)
8.6.1. Estacas
As estacas são elementos estruturais esbeltos que, colocados no solo por cravação ou
perfuração, têm a finalidade de transmitir cargas ao mesmo, seja pela resistência sob sua
extremidade inferior (resistência de ponta), seja pela resistência ao longo do fuste (resistência
lateral) ou pela combinação dos dois.
Quanto ao material as estacas podem ser de:
a) Madeira
b) Aço ou metálicas
c) Concreto
Neste último item, incluem-se as estacas pré-moldadas, as Strauss, as do tipo Franki e as estacas
escavadas (raiz, hélice contínua, estacões, etc).
Segundo Luciano Décourt, as estacas usuais no Brasil podem ser classificas em duas categorias:
a) Estacas de deslocamento
b) Estacas escavadas
a) ESTACAS DE DESLOCAMENTO são aquelas introduzidas no terreno através de
algum processo que não provoca a retirada do solo.
Estaca pré-moldada de concreto;
Estaca metálica;
Estaca de madeira;
Estaca tipo Franki.
b) ESTACAS ESCAVADAS são aquelas executadas “in situ” através de perfuração do
terreno por um processo qualquer, com remoção de material, com ou sem revestimento,
com ou sem a utilização de fluido estabilizante.
Estaca tipo Strauss;
Estaca trado rotativo;
127
Estaca hélice contínua;
Estacas-Raiz.
8.6.1.1. Tipos de estacas mais utilizados em pontes
Estaca raiz
A execução de uma estaca-raiz compreende quatro fases consecutivas:
Perfuração auxiliada com circulação de água;
Instalação da armadura;
Preenchimento do furo com argamassa;
Remoção do revestimento e aplicação de golpes de ar comprimido.
a) Perfuração
A perfuração em solo é feita por rotação de tubos com o auxilio de circulação de água,
que é injetada pelo interior e retorna à superfície pela face externa. Estes tubos vão sendo
emendados a medida que a perfuração avança, sendo posteriormente recuperados após a
colocação da armadura e preenchimento do furo com argamassa.
O revestimento deve ser instalado ao longo de toda perfuração. Entretanto, caso as
características do solo permitam, pode ser parcial, mas com comprimento que permita aplicar,
com garantia de não ser arrancado, pelos golpes de ar comprimido. Neste caso a perfuração é
feita por rotação, com auxilio de circulação de água, utilizando-se de uma ferramenta cortante
chamada “TRICONE”.
Quando o revestimento é parcial, a armadura deverá possuir roletes que garanta sua
centralização no furo, para evitar que ela bata nas paredes do furo, o que poderia acarretar a
remoção de solo, que ao se misturar com a argamassa comprometeria a qualidade da estaca além
de prejudicar a aderência da armadura com a argamassa.
Embora a NBR 6122 permita, nos casos de revestimento parcial, utilizar lama
estabilizante durante a perfuração, recomendando que antes do preenchimento do furo com
argamassa a lama seja trocada utilizando-se lavagem com água pura e mesmo assim, que seja
verificado o resultado final do seu uso através de prova de carga, a menos que aja experiência no
solo da região com esse tipo de estaca e com esse processo de perfuração.
Para diminuir, durante e perfuração, o atrito entre o revestimento e o solo é disposto na
parte inferior do revestimento uma ferramenta com diâmetro ligeiramente maior. Portanto o
diâmetro acabado da estaca é maior que o diâmetro externo do revestimento. Os detritos
resultantes da perfuração são carreados para a superfície pela água de perfuração, que é obrigada
a retornar através do interstício anelar que se forma entre o revestimento e o terreno.
Para possibilitar a perfuração em materiais resistentes, podem-se utilizar sapatas de
perfuração com pastilhas de “widia” ou de diamante ou então realizar a perfuração por
rotopercussão com martelo de fundo acionado por ar comprimido.
Tabela 15 – Valores aproximados
Diâmetro final da estaca (mm) 100 120 150 160 200 250 310 410
Diâmetro externo do tubo (mm) 89 102 127 141 168 220 273 356
Espessura da parede (mm) 8 8 9 9,5 11 13 13 13
Peso por metro linear (kg/m) 15 19 28 31 43 65 81 107
Diâmetro do martelo de fundo (mm) - - 89 89 130 193 232 232
b) Colocação da armadura
Após a perfuração atingir a cota de projeto, continua-se a injeção de água, sem avançar a
perfuração, para promover a limpeza do furo. A seguir coloca-se a armadura (constante ou
variável ao longo do fuste).
Nas estacas trabalhando à compressão as emendas das barras podem ser feitas por
simples transpasse (devidamente fretado), já nas estacas que trabalham a tração as emendas
devem ser feitas com solda, luvas rosqueadas ou luvas prensadas.
128
c) Preenchimento com argamassa
Uma vez instalada a armadura, é introduzido o tubo de injeção (geralmente de PVC com
diâmetro de 1 ½ “ ou 1 ¼ “) até o final da perfuração para proceder a injeção, de baixo para
cima, até que a argamassa extravase pela parte superior do tubo de revestimento, garantindo-se
assim que a água ou a lama de perfuração seja substituída pela argamassa. A argamassa é
confeccionada em um misturador de alta turbulência, geralmente acionado por motorbomba, pra
garantir a homogeneidade da mistura.
Para atender o consumo mínimo estipulado pela NBR 6122, ou seja, 600 kg/m 3, o traço
normalmente utilizado contém 80 litros de areia para 50 kg de cimento e 20 a 25 litros de água,
para se obter uma argamassa com uma resistência característica acima de 20 MPa.
Quando a argamassa está saindo pela parte superior do tubo de revestimento, é rosqueado
na parte superior deste tubo um tampão metálico ligado a um compressor para permitir aplicar
golpes de ar comprimido durante a extração do revestimento, a extração é auxiliada por macaco
hidráulico. À medida que os tubos vão sendo extraídos o nível da argamassa no interior dos
tubos vai baixando, necessitando ser completado antes da aplicação de novo golpe de ar
comprimido. Esta operação é repetida várias vezes até a conclusão da retirada do revestimento.
129
Figura 132 – Equipamento para execução de estaca raiz
130
Estacas escavadas de grande diâmetro
Estacas Escavadas de Grande Diâmetro ou “Estacões” são escavadas ou perfuradas por
rotação, com emprego de lama estabilizante (para suporte das escavações) e concretagem
submersa (de baixo para cima) autoadensável. Os diâmetros podem variar de 70 a 250 cm.
Os equipamentos utilizados constam de uma mesa rotativa e/ou rotatores hidráulicos, que
acionam uma haste telescópica tipo Kelly, que tem acoplada na sua extremidade inferior a
ferramenta de perfuração, cujo tipo variará em função da natureza do terreno a perfurar: trado,
caçamba ou coroa.
Estacas Metálicas
As estacas metálicas enquadram-se na categoria das estacas de deslocamento,
caracterizadas por sua introdução no terreno através de processo que não promova a retirada de
solo. Produzidas industrialmente, são constituídas por peças de aço laminado ou soldado tais
como perfis de seção I e H, chapas dobradas de seção circular (tubos), quadrada e retangular,
bem como os trilhos, estes geralmente reaproveitados após sua remoção de linhas férreas,
quando perdem sua utilização por desgaste. Tanto os perfis quanto os trilhos podem ser
empregados como estacas em sua forma simples ou como composição paralela de vários
elementos.
Embora seja relativamente elevado o custo das estacas metálicas comparado com de
outros tipos de estaca, em várias situações a utilização das mesmas se torna economicamente
viável, pois podem atender a várias fases de construção da obra além de permitir uma cravação
fácil, provida de baixa vibração, trabalhando bem à flexão e não tendo maiores problemas quanto
à manipulação, transporte, emendas ou cortes.
A cravação das estacas pode ser feita por percussão, prensagem ou vibração. A escolha
do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo, dimensão da estaca, características do solo,
132
condições de vizinhança, características do projeto e peculiaridades do local. A cravação por
percussão é o processo mais utilizado, utilizando-se para tanto pilões de queda-livre ou
automáticos.
Vantagens
Atingem grandes profundidades;
Podem atravessar camadas resistentes de solo;
Pequena vibração durante a cravação;
Não apresenta atrito negativo;
Uma estaca pode ser feita com vários perfis soldados um ao outro;
Emenda fácil de executar;
Podem ser cravadas formando um ângulo de inclinação com a vertical.
Desvantagens
Custo relativamente elevado;
Fácil oxidação quando há flutuação do nível da água.
Onde:
Pe = Peso da estaca;
PM = Peso do pilão (ou martelo);
h = Altura de queda livre do pilão;
5 / 6 = Coeficiente de segurança;
Pa = Carga admissível da estaca, cujo valor deve ser previamente conhecido;
e = NEGA, é o valor de penetração da estaca no solo para um golpe do pilão;
134
8.6.1.2. Estimativa do comprimento de estacas
São considerados no critério dois tipos de funcionamento de estaca:
Estacas de atrito + ponta
Quando a carga é transmitida no terreno por atrito no fuste e também por resistência de
ponta (perfil não muito heterogêneo em profundidade, com valores não muito discrepantes do
SPT), deve-se ter
Solução
Como é uma estaca de atrito+ponta:
NSPT 0,015 conc
Com
550
conc 5717 kN
.0,352
4
0,015x5717 85,7 kN
Portanto NSPT
Fazendo a somatória temos:
135
ΣNSPT = 3+7+4+3+3+4+11+12+14+13+7+8 = 89 > 85,7
Portanto estima-se um comprimento de estaca de 12 m.
8.6.1.3. Capacidade de carga em estacas
Capacidade de carga de um elemento de fundação por estaca é o valor da força
correspondente à máxima resistência que o sistema pode oferecer ou do valor representativo da
condição de ruptura do sistema, em termos geotécnicos.
A resistência de uma fundação profunda sempre se manifesta por duas parcelas, uma
devida ao atrito lateral do solo adjacente e outra por resistência de ponta do solo subjacente.
Método AOKI-VELLOSO
RL Ulrl
kNl
rl
F2
α = coeficiente do solo (tabela);
F2 = coeficiente do tipo de estaca (tabela);
NL = SPT da camada (∆l);
U = perímetro da estaca.
136
Tabela 16 – Coeficientes F1 e F2
TIPO DA ESTACA F1 F2
Pré-moldada 1+D/0,80 2F1
Aço 1,75 2F1
Franki 2,50 2F1
Hélice Contínua 2,00 2F1
Escavadas sem revestimento 3,00 2F1
Escavadas com revestimento ou lama 3,00 2F1
Raiz 2,00 2F1
Tabela 17 – Coeficientes K e α
137
Exemplo
Calcule a capacidade de carga de uma estaca escavada de grande diâmetro com Ø 80 cm. Cota de
assentamento da estaca: 15,0 m.
138
8.6.1.5. Distribuição de carga nas estacas
Determinação do número de estacas para fundação de pilares isolados
P
n 1,10x
Pa
Onde:
n = número de estacas;
P = carga do pilar;
Pa = carga admissível da estaca;
1,10 = coeficiente que leva em consideração o peso próprio da estaca.
Observações:
O cálculo acima só é válido se o centro de carga coincidir com o centro do estaqueamento
e se no bloco forem usadas estacas do mesmo tipo e do mesmo diâmetro;
Nos projetos comuns, não se devem misturar estacas de diferentes diâmetros num mesmo
bloco.
Pilares com carga vertical e momento fletor
O método que normalmente se usa é o da superposição, que consiste em calcular a carga
em cada estaca somando-se separadamente os efeitos da carga vertical e dos momentos.
139
Exemplo
Calcular a carga atuante nas estacas do bloco abaixo, sabendo-se que no mesmo atuam as
seguintes cargas (consideradas na cota de arrasamento):
N = 2000 kN
Mx = -500 kN.m
My = 400 kN.m
140
Exercícios
1) Projetar a fundação de um bloco sobre estacas metálicas constituídas de perfil CVS 500 x
134 para a carga máxima de 2600 kN. Verificar as estacas.
As cargas atuantes na cota de arrasamento das estacas são:
N = 8730 kN;
My = 900 kN.m;
Mx = 4970 kN.m
Obs.: utilizar as seguintes distâncias entre estacas
Horizontal: 2,30 m.
Vertical: 2,00 m.
1) Verificar o estaqueamento abaixo:
141
Dados:
Nk = 6500 kN
My = 1810 kN.m
Mx = 390 kN.m
Estaca raiz Ø 310 mm;
Sondagem do terreno:
8.6.2. Tubulões
Os tubulões são elementos estruturais de fundação profunda, geralmente, dotados de uma
base alargada, construídos concretando-se um poço revestido ou não, aberto no terreno com um
tubo de aço ou concreto de diâmetro mínimo de 70 cm de modo a permitir a entrada e o trabalho
de um homem pelo menos na sua etapa final, para completar a geometria da escavação e fazer a
limpeza do solo.
142
Pode ser executado com ou sem revestimento, podendo este ser de aço ou de concreto.
O fuste do tubulão normalmente é de seção circular adotando-se 70 cm como diâmetro
mínimo (para permitir a entrada e saída de operários), porém a projeção da base poderá ser
circular, ou em forma de falsa elipse.
a) Cabeça
Segmento inicial, encarregado da redistribuição das tensões existentes na base do pilar.
Pode ser substituída por um bloco sobre o topo do fuste (bloco de transição). Seu
dimensionamento é análogo ao de bloco sobre uma estaca.
143
Figura 144 – Bloco de transição no topo do fuste de um tubulão
b) Fuste
É dimensionado como pilar de Concreto Simples, submetido à compressão simples. Se
existir momento fletor na base do pilar, este deve ser considerado no dimensionamento do fuste
(Concreto Armado).
Diâmetro do fuste de Concreto Simples (M = 0) é dado por:
41,4.P
f f 70 cm
.0,85. ck
1,5
Armadura longitudinal do fuste
d 2
Al , fuste 0,28%Af Al , fuste 0,0028
4
Importante!!
145
O valor de hb devera ser no máximo 2 m, a não ser que sejam tomados cuidados especiais
para garantir a estabilidade do solo.
146
Figura 150 – Campânula para execução de tubulão a ar comprimido
147
a) Fuste
O dimensionamento do fuste é análogo ao cálculo de pilar, dispensando-se a verificação
da flambagem quando o tubulão for totalmente enterrado.
Armadura na camisa de concreto é dada por:
fck f yk
1,4P 0,85A . A .
f s
1,4 1,15
Onde:
P = carga no pilar;
Af = área do fuste do tubulão;
fck = resistência característica do concreto aos 28 dias;
fyk = resistência característica do aço.
A armadura longitudinal é dada por:
1,61F
As F 1,3 p.R
f yk
Sendo:
F = força devido à pressão do ar comprimido;
p = pressão do ar comprimido;
R = raio do estribo do tubulão.
148
Figura 152 – Tubulões a ar comprimido
Exercícios
1) Dimensionar as seguintes fundações:
a) Tubulão para uma carga P = 6000 kN com concreto de 20 MPa e um solo com σsolo,adm =
0,8 MPa na cota de apoio da base.
b) Para um pilar com carga vertical de 9000 kN usando tubulão ar comprimido com camisa
de concreto. Adotar: σsolo,adm = 1,2 MPa; C20; Aço CA-50; pressão p= 0,2 MPa.
2) Dimensionar os tubulões para os pilares P1 e P2 indicados abaixo.
Dados: σsolo,adm = 0,5 MPa; fck = 20 MPa.
149
h
Volume do tronco de cone: V [R 2 r 2 (R.r)] .
3
PROF SPT CLASSIFICAÇÃO N.A
1,0 2 Argila pouco siltosa com 1,0 m
2,0 3 pedregulhos.
3,0 6 3,00
4,0 8
5,0 10 Silte pouco arenoso
6,0 11 medianamente compacto
7,0 13 a compacto
8,0 13
9,0 16
10,0 17
11,0 18
12,0 24
13,0 37 13,00
14,0 45 Rocha alterada 14,00
Nd
y y
EI d 4
q0
2
d z d z
150
ligações do tubulão com a estrutura. Os resultados se exprimem em função de um comprimento
elástico L0 dado por:
L
EI
5
0
k h
152
Tabelas de Reese e Matlock
Tabela 20 – Coeficientes para cálculo de momento fletor no trecho enterrado de tubulão e estacas
153
Tabela 21 – Coeficientes para cálculo de esforço cortante no trecho enterrado de tubulão e estacas
154
Tabela 22 – Coeficientes para cálculo de deslocamentos transversais no trecho enterrado de tubulão e estacas
155
Você Sabia?
Tubulões a ar comprimido usados na construção dos pilares de sustentação de duas pontes da Linha Verde, em Curitiba.
A execução de fundações com tubulões é indicada especialmente para obras com cargas
consideradas elevadas (acima de 3 mil kN), - como, por exemplo, pontes, viadutos e prédios de
grande porte - para solos com presença de lençol freático e que apresentam riscos de
desabamento.
Os tubulões são elementos de fundação profunda em concreto moldado in loco que
transmitem as cargas estruturais para os solos de maior capacidade de suporte. Consistem no
encamisamento da estrutura do fuste com anéis de concreto ou tubos de aço. Podem ser a céu
aberto, com e sem escoramento, e a ar comprimido, com revestimento metálico ou de concreto.
Acima operários fazem o alargamento da base. Ao lado e abaixo fotos mostram escavação mecânica do fuste
156
"Os elementos de fundação em concreto moldado in loco (tubulões a céu aberto) são
obtidos por meio do preenchimento com concreto de escavações no terreno, previamente
executadas, de seção circular e formato cilíndrico (fuste, base e tronco cônica)", explica o
gerente técnico e de planejamento da Progeo Engenharia e especialista em fundação pesada e
geotecnia, Luiz Antonio Naresi Jr.
Já os tubulões pneumáticos têm a função de transmitir as cargas estruturais para solos de
maior capacidade de suporte situados em locais que apresentam maiores profundidades, sendo
caracterizados por seção transversal, o que permite a escavação interna, com entrada de pessoal
em seu interior.
Quando os tubulões são escavados manualmente, podem ser dotados de base alargada
tronco-cônica - sendo então executados acima do nível d'água, natural ou rebaixado. O modelo
também se aplica a casos especiais em que abaixo do nível da base seja possível bombear a água,
sem que haja possibilidade de desmoronamento ou perturbação no terreno de fundação.
Seja qual for a tecnologia (in loco ou a ar comprimido), os tubulões permitem a inspeção
do solo ou da rocha na fundação, na cota de abertura de base. De acordo com o diretor técnico da
GeoCompany, Roberto Kochen, a utilização do sistema é uma vantagem em relação a elementos
de fundação profunda em que o controle é apenas indireto, como, por exemplo, as estacas pré-
moldadas.
Vistorias em canteiro
Na fiscalização desse tipo de obra, o primeiro passo é verificar as condições do solo junto
à base do tubulão com a presença de um profissional especializado, que deve verificar a base
(nivelamento, resistências e presença de materiais não previstos) antes da liberação da
concretagem, explica a diretora do Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura do Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Gisleine Campos.
Luis Antonio Naresi lembra que a liberação do disparo da base deve ser feita pelo
engenheiro especialista em fundação e geotecnia para confirmação se o que estava previsto no
projeto, da tensão da base de fundação, é confirmada no local da abertura da base.
Durante a execução também é fundamental vistoriar a manutenção da estabilidade da
escavação, seja do fuste ou da base do tubulão. Nesses casos, para solos não coesivos ou em que
exista a tendência de fechar o fuste, indica-se o uso do revestimento. Para garantir uma
escavação estável, também recomenda- -se a utilização de ar comprimido sob o nível d'água em
solos de permeabilidade significativa.
Caso ocorram irregularidades na instalação do sistema, especialmente desalinhamento do
fuste e dificuldade de abertura e concretagem da base, é preciso corrigir imediatamente, pois o
tubular não pode ficar muito tempo aberto para não sofrer alívio de tensões e perda de resistência
do solo. "A concretagem pode ser feita em curto prazo", explica Kochen.
A norma NBR 6.122/10 - Projeto e Execução de Fundações, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) - que fixa as condições básicas a serem observadas no projeto e na
execução de fundações de edifícios, pontes e outras estruturas - determina que quando as
características do solo indicarem problema no alargamento da base, deve-se prever o uso de
injeções, aplicações superficiais de cimento, ou até mesmo escoramento, com o objetivo de
evitar desmoronamento.
A normativa também recomenda que a base do tubulão deva ser dimensionada de modo a
evitar alturas superiores a 2 m. Somente em casos excepcionais, justificados, admitem-se alturas
superiores. É preciso ainda evitar a realização de trabalhos simultâneos em bases alargadas de
tubulões, cuja distância, de centro a centro, seja inferior a duas vezes o diâmetro de maior base,
valendo essa recomendação tanto para escavação, quanto para concretagem, especialmente
quando se tratar de tubulões a ar comprimido.
Segundo Gisleine Campos, do IPT, cada caso precisa ser analisado individualmente e, ao
se detectar qualquer problema durante a escavação ou concretagem do elemento, é necessário
contatar o projetista responsável para que sejam avaliadas as condições de segurança e os
157
eventuais impactos negativos do problema no desempenho e na estabilidade da obra em
execução.
Em canteiro, é aconselhável ao fiscal checar, ainda, os registros das variações das
camadas geológicas em boletins de perfuração apropriados e as diversas camadas de
solo/alteração/matacão e rocha. Além das questões ligadas à saúde dos trabalhadores,
especialmente no caso de uso de ar comprimido, situação que exige preparo prévio e tempo
reduzido de trabalho dos operários.
Equipamentos
Entre os principais equipamentos utilizados na fundação com tubulão pneumático estão:
campânula, compressor de ar comprimido 900 pcm, filtro de ar com carvão ativado e serpentina
para resfriamento da campânula. "A utilização de ar comprimido é feita caso se encontre, durante
a escavação, o lençol freático de água. Caso contrário, a perfuração é contínua, sem a
necessidade de compressão", explica Naresi. Sendo necessária a realização de uma obra
completa com tubulões a ar comprimido, a quantidade de equipamentos se torna mais específica
em função do dimensionamento quantitativo face à produção e ao tipo de revestimento da
camisa, sendo alguns equipamentos básicos, alguns opcionais e outros específicos para obras
com uso de camisa de aço e concreto.
Nesse caso, além dos equipamentos citados, seriam adicionados: grupo gerador a diesel
ou energia elétrica, mangotes vibradores Ø 45 mm, mangotes vibradores Ø 60 mm,
motovibradores elétricos, piteira ou hamer grab, rede de ar comprimido com acessórios,
reservatório de ar comprimido e resfriadores.
Exercícios
1) Para o tubulão abaixo, calcular a solicitação máxima de momento fletor na camada de
areia (NSPT = 15).
Dados:
H1 = 12 tf
M1 = 6 tf. m
fck ≥ 20 MPa
Δ(z/L0) = 0,5
k = 35
v = 2 m/s
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z/L0 z KH KHH0L0 KM KMM0 M
Adotar:
Tipo de solo: areia média submersa
160
Adotar:
Dados
M1 = 42 tf.m
H1 = 7 tf
H2 = 4,1 tf
fck = 25 MPa
k = 35
v = 2 m/s
Δ(z/L0) = 0,4
161
5) Um pilar de ponte, com seção retangular 5,00 m x 1,00 m, acha-se submetido aos
seguintes esforços, em serviço, aplicados na base do pilar:
N = 1000 tf;
H = 8 tf;
M = 80 tf.m;
Calcular o diagrama de momento atuando no tubulão. A fundação consta de dois tubulões ø 1,40
m. O terreno consta de uma camada de areia média com 10 m de espessura, uma camada de 10 m
de areia compacta, e rocha alterada, na qual e encontra a base alargada do tubulão. Durante a
cheia, o nível de água sobe 2,50 m, provocando erosão de uma camada de 3 m de solo. A
velocidade máxima da água é de 2 m/s. fck = 20 MPa. Considerar a pressão da água no bloco.
162
9. Aparelhos de Apoio
9.1. Introdução
Os aparelhos de apoio são peças de transição entre os vigamentos principais e os pilares
ou encontros. Os aparelhos de apoio vinculam determinadas partes da superestrutura, permitindo
ao mesmo tempo, os movimentos previstos no projeto, provocados pelos esforços, protensão,
variação de temperatura, retração do concreto, etc., que modificam as dimensões dos elementos.
Nas estruturas de edifícios usuais, não se utilizam aparelhos de apoio, embora o cálculo
dos esforços tenha sido feito coma a hipótese de existirem articulações, separando os pórticos
reais monolíticos em pilares e vigas. Esta simplificação de cálculo, criando articulações onde não
existem, só é admissível em estruturas com vãos e carregamentos pequenos, onde os esforços
secundários gerados pela ausência das articulações na estrutura real podem ser desprezados.
Nas pontes e nas construções de grande porte, a estrutura deve funcionar, tanto quanto
possível, de acordo com as hipóteses previstas no cálculo, sendo, portanto necessária a utilização
de aparelhos de apoio adequados nos locais onde o cálculo admitiu a possibilidade de ocorrerem
movimentos.
9.2. Principais funções
Transmitir as cargas da superestrutura à mesoestrutura ou à infraestrutura;
Permitir os movimentos longitudinais da superestrutura, devidos à retração própria da
superestrutura e aos efeitos da temperatura, expansão e retração;
Permitir as rotações da superestrutura, motivadas pelas deflexões provocadas pela carga
permanente e pela carga móvel.
9.3. Tipos
Os movimentos podem ser de rotação e de translação, em função dos quais, os aparelhos
de apoio podem ser classificados em três tipos: articulações fixas, articulações móveis e
articulações elásticas.
As articulações fixas permitem apenas os movimentos de rotação, gerando reações
vertical e horizontal no vínculo.
As articulações móveis permitem tanto a rotação como a translação, gerando no vínculo
apenas a reação vertical. Na realidade, surge também a reação horizontal, por causa do atrito que
não pode ser totalmente eliminado, mas nos casos usuais ela pode ser desprezada por ter valor
relativamente pequeno.
As articulações elásticas permitem também os dois movimentos, a rotação e a translação,
gerando, porém reações vertical e horizontal, esta última, com valor que não pode ser
desprezado, ao contrário das articulações móveis.
As articulações fixas e móveis podem ser metálicas (normalmente de aço), ou de
concreto.
As articulações elásticas são constituídas de elastômero (borracha sintética), denominada
comercialmente de neoprene.
9.3.1. Aparelhos de apoio metálicos
Os aparelhos de apoio metálicos podem ser obtidos combinando-se adequadamente
chapas e roletes metálicos.
No caso das articulações fixas (Fig. 155) as chapas possuem cavidades usinadas e
lubrificadas onde se encaixa o rolete. Podem ser obtidas também combinando-se duas chapas
metálicas, uma com a superfície plana e a outra com a superfície curva e convexa.
No caso das articulações móveis (Fig. 156) um ou mais roletes ficam confinados entre
chapas planas. Podem ser obtidas também com pêndulos, que nada mais são que os roletes sem
as partes que não são necessárias.
Os aparelhos de apoio metálicos exigem manutenção periódica, pois a sujeira e a corrosão
do metal podem prejudicar o seu funcionamento correto.
163
Figura 155 – Aparelhos de apoio metálicos do tipo fixo.
164
Figura 157 – Aparelhos de apoio metálicos do tipo móvel e fixo respectivamente
9.3.2. Aparelhos de apoio de concreto
Os aparelhos de apoio de concreto são construídos junto com a própria estrutura,
utilizando os mesmo materiais.
Os principais tipos são:
Articulação de contato de superfícies;
Articulação Mesnager;
Articulação Freyssinet;
Pêndulo de concreto.
Os três primeiros são articulações do tipo fixo, e o quarto é uma articulação do tipo
móvel.
A articulação de contato de superfícies (Fig. 158) é construída por duas superfícies
cilíndricas em contato: uma superfície é convexa, e a outra é côncava com raio de curvatura
ligeiramente maior. As superfícies requerem um acabamento cuidadoso para que haja
distribuição adequada das tensões; com essa finalidade, pode-se intercalar uma chapa delgada de
chumbo de alguns milímetros de espessura, ou ainda revestir as superfícies com chapas finas de
aço.
165
Figura 159 – Articulação Mesnager.
A articulação Freyssinet (Fig. 160) é obtida também pelo estrangulamento da seção do
elemento de concreto, porém neste caso, a reação transmitida pela articulação é resistida apenas
pelo concreto do trecho estrangulado. O principio de funcionamento tem como base o fato de que
o concreto do trecho estrangulado fica sujeito ao efeito de cintamento provocado pelo
alargamento das seções vizinhas; cria-se um estado duplo de tensões favorável, que permite
elevar o valor das tensões de compressão axial muito além da resistência do concreto à
compressão simples. É recomendada a colocação de armadura na seção estrangulada quando a
reação horizontal ultrapassa 1/8 da reação vertical, ou quando existe a possibilidade de ocorrer
reação negativa que causa tração no concreto.
166
Figura 161 – Articulação Freyssinet.
O pêndulo de concreto (Fig. 162) é um elemento de concreto vinculado à superestrutura e
à infraestrutura por meio de uma das três articulações descritas anteriormente, ou por meio de
placas de chumbo ou de elastômero.
167
Intercalando-se placas de neoprene (Fig. 163) de pequena espessura entra a superestrutura
e a infraestrutura, obtém-se as articulações elásticas, nas quais os movimentos de translação e de
rotação são decorrentes, respectivamente, da grande deformabilidade transversal e longitudinal
do neoprene, que é conseqüência das duas primeiras características relacionadas.
A terceira característica implica em placas de neoprene de dimensões compatíveis com as
das estruturas de concreto.
A quarta característica, implica na dispensa de manutenção rigorosa, que é necessária nos
aparelhos de apoio metálicos; os aparelhos de apoio de neoprene necessitam de manutenção
semelhante à dedicada à própria estrutura de concreto.
Para reações de apoio de pequena intensidade e espessuras das placas também pequenas,
pode-se utilizar apenas o neoprene. Porém, nos casos usuais de pontes, são empregadas placas de
neoprene intercaladas com chapas de aço vulcanizadas no neoprene, formando um bloco único;
as chapas de aço exercem um efeito de cintamento sobre as placas de neoprene, reduzindo o seu
achatamento excessivo, e aumentando as tensões admissíveis no apoio; os aparelhos de apoio
assim constituídos são chamados de neoprene cintado ou fretado.
Os aparelhos de apoio de neoprene disponíveis no mercado têm forma retangular com
dimensões desde 100 mm até 900 mm, variando de 50 em 50 mm; as camadas de neoprene têm
espessuras de 8, 10, 12, ou 16 mm; as chapas de aço de fretagem do neoprene têm espessuras de
2 a 4 mm.
Figura 163 – Aparelhos de apoio elastoméricos – placa de neoprene e placa de neoprene fretado,
respectivamente.
168
Figura 165 – Aparelhos de apoio elastoméricos – Neoprene
Quando se deseja maior mobilidade horizontal, ou a redução das reações horizontais em
determinados apoios, pode-se empregar a articulação elástica deslizante conhecida como
Neoflon (Fig. 166), que é constituída de neoprene associado com camadas de Teflon
(politetrafluoretileno); o Teflon é uma resina que sob altas pressões apresenta coeficientes de
atrito muito baixo, da ordem de 0,04.
169
A utilização dos tipos especiais pode ser imprescindível quando as reações, os deslocamentos e
as rotações nos apoios são de grande intensidade, e acima da capacidade dos aparelhos de apoio
convencionais.
Na Fig. 167 são apresentados dois exemplos de aparelhos de apoio do tipo especial.
170
profilaxia e a manutenção estrutural. Assim podem-se identificar os possíveis danos causados
nos aparelhos de apoio e seus respectivos métodos corretivos.
a) Patologias e Métodos Corretivos nos Aparelhos de Apoio Metálicos
A principal fonte de patologias nos aparelhos de apoio metálicos são as causas
denominadas extrínsecas, mais precisamente pela corrosão. A corrosão nos aparelhos de apoio
metálico é dada principalmente pela variação da umidade do meio ambiente com os gases
corrosivos, como gás carbônico, anidrido sulfuroso, amônia, dentre outros.
171
c) Patologias e Métodos Corretivos nos Aparelhos de Apoio de Neoprene
O que diferencia os aparelhos de apoio de neoprene dos demais é a sua grande capacidade
de sobreviver à falta de manutenção, questão que os demais aparelhos estão sujeitos
periodicamente. E mesmo se o dispositivo for fabricado com materiais de baixa qualidade, é
muito difícil que entre em colapso total [DNIT (2006)2]. Entretanto, como todo dispositivo não é
perfeito, deve salientar que os aparelhos de apoio podem tornar-se prematuramente inservíveis
em virtude de uma série de causas, tais como:
Danos intrínsecos não detectados durante a instalação;
Assentamento irregular, provocando uma sobrecarga adicional localizada;
Deslocamentos, rotações e cargas em serviço muito superiores aos estimados;
Agressividade não prevista do meio ambiente;
Ataque por produtos químicos;
Baixa expectativa de vida útil;
Mau assentamento no berço,
172
Você Sabia?
Projeto e preparação
Conforme o propósito do alteamento, pode ser necessário realizar diversos procedimentos
além do macaqueamento. A restauração da estrutura e dos aparelhos de apoio demandam
reforços que podem ser feitos com uma série de técnicas e elementos (como, por exemplo, fibra
de carbono). Quando a finalidade é simplesmente elevar a cota para permitir a passagem de
veículos por baixo do viaduto, reforços podem ser dispensáveis. Para o alteamento, as juntas de
dilatação do tabuleiro devem ser soltas e, seus vãos, limpos com sopradores.
1. Instalação dos macacos hidráulicos
Os macacos hidráulicos usados para alteamento têm alta capacidade para levantar cargas
verticais e devem permitir a sincronização de sua operação por meio de um sistema de controle
do conjunto. Os viadutos mais antigos, em geral, não possuem acomodações para operações de
macaqueamento. Nesses casos, são instalados consoles (peças fixadas normalmente com
parafusos à estrutura do tabuleiro). Nos viadutos mais recentes, costumam existir espaços
reforçados com armadura para a ação dos macacos. O posicionamento e quantidade deles são
definidos em projeto.
173
2. Elevação
174
10. Referências Bibliográficas
1. ARAUJO, Daniel de Lima. Projeto de ponte em concreto armado com duas longarinas.
1ª ed. Goiânia. Editora UFG, 2013.
2. MENDES, Luiz Carlos. Pontes. 1ª ed. Niterói. EdUFF, 2003.
3. PFEIL, Walter. Pontes em concreto armado. 1ª ed. Rio de Janeiro, 1979.
4. VITÓRIO, José Afonso Pereira. Pontes rodoviárias: fundamentos, conservação e
gestão. 1ª ed. Recife, 2002.
5. ALONSO, Urbano Rodriguez. Exercícios de Fundações. 2ª ed. Editora Blucher. São
Paulo, 2010.
6. BRASIL. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Divisão de Capacitação
Tecnológica. Manual de projeto de obras-de-arte especiais. Rio de Janeiro, 1996.
7. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7187: projeto de pontes de
concreto armado e protendido. Rio de Janeiro, 2003.
8. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7188: carga móvel
rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas. Rio de
Janeiro, 2013.
9. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8681: ações e segurança nas
estruturas - procedimentos. Rio de Janeiro, 2003.
10. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6118: Projeto de estruturas
de concreto. Rio de Janeiro, 2010.
11. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6122: Projeto e execução de
fundações. Rio de Janeiro, 2010.
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