Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Poço Iniciático
Torre da Regaleira
Gruta de Leda
GRUTA DE LEDA
TORRE DA REGALEIRA
POÇO INICIÁTICO
Universidade Independente
Sintra foi desde sempre considerada pelos vários povos como o fim do caminho,
um ponto de chegada aprazível, rico em água e terras férteis e de clima ameno.
Além do mais, Sintra sempre transmitiu fortes sentimentos telúricos. A forma
serpenteante que entra pelo mar, a sua proximidade com os astros (o facto de
nascer abruptamente de uma planície fá-la parecer mais alta do que é) e as árvores
milenares tão apreciadas pelas civilizações druídicas conferiram à serra o cariz
sagrado que, na Antiguidade Clássica, serviu de inspiração para a designação de
Promontório da Lua.
Neste contexto, a Quinta da Regaleira apresenta-se como o mais significativo e
imponente dos monumentos simbólicos edificados em Sintra.
Um percurso glorioso
A história da Quinta da Regaleira, como ela se apresenta nos nossos dias, começa
em 1892, altura em que é adquirida por António Au-gusto Carvalho Mon-teiro. O
Monteiro dos Milhões, epíteto que popularizou esta misteriosa personagem,
nasceu no Rio de Janeiro em 1848, filho de pais portugueses. Herdeiro de uma
grande fortuna familiar, multiplicada no Brasil com o monopólio do comércio dos
cafés e pedras preciosas, este homem rapidamente se tornou conhecido pela
imprensa da época graças ao carácter, simultaneamente altruísta e excêntrico,
que o levou a gastar uma verdadeira fortuna na realização desta fantasia.
Em 1997, dois anos depois de Sintra ter sido classificada Pa-trimónio Mundial, a
Câmara Municipal adquire este valioso património, iniciando pouco depois um
exaustivo trabalho de recuperação do património edificado e dos jardins. Uma vez
concluídas as obras, a quinta foi finalmente aberta ao público como centro de
actividades culturais.
O início das obras deu-se em 1898 com a adaptação da Casa da Renascença (actual
sede da Fundação CulturSintra) para residência do casal Carvalho Monteiro.
Seguiu-se a remodelação das cocheiras, depois a construção da capela e,
finalmente, a edificação do palácio. Durante todas estas obras, até 1910, o trabalho
dos artífices de Coimbra foi exclusivamente dedicado a Carvalho Monteiro, sendo a
maioria das peças artísticas trabalhada na oficina de João Machado e depois
enviada para Lisboa por comboio.
A Torre da Regaleira, foi construida para dar a quem a sobe a ilusão de se encontrar no
E eixo do mundo.
A visita a todo este universo começa junto ao chamado Patamar dos Deuses,
terraço onde estátuas de vários seres divinos estão alinhadas ao longo do
caminho. Daqui parte-se para uma visita ao interior dos jardins onde a cada
momento o visitante é surpreendido por lagos, fontes, torres, terraços, grutas e
muitos elementos simbólicos.
A certa altura do percurso surge, num dos lugares mais bonitos da mata, um
aglomerado de pedras que esconde uma disfarçada porta de pedra. Essa porta
transporta-nos para um dos locais mais impressionantes da quinta - o fantástico
poço iniciático, que, como se fosse uma torre invertida, nos leva ao interior da
terra. De quinze em quinze degraus descem-se os nove patamares circulares do
poço, recriando o ritual em que se descia ao abismo da terra ou se subia em
direcção ao céu, consoante a natureza do percurso iniciático escolhido. Os nove
patamares aludem aos nove círculos do Inferno, às nove secções do Purgatório e
aos nove céus do Paraíso, que Dante consagrou na Divina Comédia. Lá no fundo, a
carga dramática acentua-se. Gravada em embutidos de mármore em tons rosa,
sobressai a grande cruz dos Templários, aliada a uma estrela de oito pontas, afinal
o emblema heráldico de Carvalho Monteiro. É neste último patamar que entramos
num conjunto de grutas que nos conduzem ao exterior, em autênticos labirintos,
pelo mundo subterrâneo, aqui e além porventura povoado de morcegos. De
construção artificial, na sua maioria, estas galerias aproveitam, no entanto, as
características geológicas da mancha granítica da Serra de Sintra. Uma vez cá
fora, espera-nos a luz e um cenário habitado por animais fantásticos, cascatas de
água e passagens de pedra que parecem flutuar à superfície dos lagos.