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Aula sociologia

O capitalismo

Antigamente o homem produzia o necessário para sobreviver,

Weber acreditava que alguns aspectos das crenças cristãs


influenciaram grandemente o aparecimento do capitalismo. Como isso ele
discordava de Marx, que acreditava que o capitalismo surge graças às
mudanças econômicas.

Weber buscou em suas obras dar atenção especial ao desenvolvimento do


capitalismo e a forma como a sociedade moderna era diferente de outros
tipos anteriores de organização social. Através de um conjunto de
estudos empíricos, ele explicou algumas das características básicas das
sociedades industriais modernas e identificou debates sociológicos
fundamentais, que ainda hoje permanecem centrais para os sociólogos.

Tal como outros pensadores do seu tempo, Weber tentou compreender a


natureza e as causas da mudança social. Foi influenciado por Marx, mas
mostrou-se também muito crítico em relação a alguns dos principais
pontos de Marx. Weber rejeitou a concepção materialista da história e
deu ao conflito de classes um significado menor do que Marx. Na
perspectiva de Weberiana, os fatores econômicos eram importantes, mas
as ideias e os valores tinham o mesmo impacto sobre a mudança social.
Ao contrário dos primeiros pensadores sociológicos, Weber defendia que
sociologia devia centrar-se na ação social, e não nas estruturas.
Argumentava que as ideias e as motivações humanas- ideias, valores e
crenças tinham o poder de originar transformações.

Segundo o autor, os indivíduos têm a capacidade de agir livremente e


configurar o futuro. Ao contrário de Durkheim e Marx, Weber não
acreditava que as estruturas existem externamente aos indivíduos ou

que eram independentes destes. Pelo contrário, as estruturas da


sociedade eram formadas por uma complexa rede de ações recíprocas.
A tarefa da sociologia era procurar entender o sentido por trás destas
ações. Algumas das obras mais importantes de Weber preocupavam-se
com a análise das características próprias da sociedade Ocidental, em
comparação com as outras grandes civilizações.

A sociedade industrial e a nova mentalidade européia

Para Weber, a emergência da sociedade moderna foi acompanhada


por importantes mudanças ao nível dos padrões de ação social. O autor
acreditava que as pessoas estavam a afastar-se das crenças tradicionais
baseadas na superstição, na religião, no costume e em hábitos
enraizados. Em vez disso, os indivíduos envolviam-se cada vez mais em
cálculos racionais e instrumentais que tinham em consideração a
eficiência e as conseqüências futuras. Na sociedade industrial, havia
pouco espaço para os sentimentos e para fazer certas coisas só porque
sempre tinham sido feitas assim desde há muitas gerações.

O desenvolvimento da ciência, da tecnologia moderna e da burocracia foi


descrito por Weber como racionalização- “a organização da vida
econômica e social segundo os princípios de eficiência e tendo por base
o conhecimento técnico”. Se nas sociedades tradicionais a religião e os
hábitos enraizados definiam os valores e as atitudes das pessoas, a
sociedade moderna caracterizava-se pela racionalização de cada vez
mais campos, da política à religião, passando pela atividade econômica!

“Para Weber a revolução industrial e a emergência do capitalismo eram


provas de uma tendência maior no sentido da racionalização”. O
capitalismo não era dominado pelo conflito de classes, como defendia
Marx, mas pelo avanço da ciência e da burocracia- organizações de
grande dimensão.

Para Weber, o caráter científico era um dos traços mais característicos


do Ocidente. A burocracia, o único modo de organizar eficientemente um
grande número de pessoas, expandiu-se com o crescimento econômico e
político. O autor utilizou o termo desencantamento para descrever a
forma pela qual o pensamento cientítfico no mundo moderno fez
desaparecer as forças sentimentais do passado.
Weber não era, no entanto, totalmente optimista em relação às
consequências da racionalização. Temia uma sociedade moderna que
fosse um sistema que, ao tentar regular todas as esferas da vida social,
destruísse o espírito humano. Receava, em particular, os efeitos
potencialmente sufocantes e desumanizan-tes da burocracia e as suas
implicações no destino da democracia. A agenda do Iluminismo do século
XVIII, da promoção do progresso, da riqueza e da felicidade através da
rejeição da tradição e da supers-tição em favor da ciência e da tecnologia,
produz os seus próprios perigos.

Os primeiros sociólogos partilhavam o desejo de con-ferir sentido à


sociedade em mudança em que viviam. Todavia, queriam fazer algo mais
do que limitar-se a descrever e interpretar os acontecimentos momentâ-
neos do seu tempo. Mais importante do que isso, procuravam
desenvolver formas de estudar o mundo social que pudessem explicar o
funcionamento das sociedades em geral e a natureza da mudança social.
No entanto, como já pudemos observar, Durkheim, Marx e Weber
utilizaram abordagens muito diferen-tes entre si nos estudos do mundo
social. Por exem-plo, enquanto Durkheim e Marx se centraram no poder
de forças externas aos indivíduos, Weber adop* tou como ponto de
partida a capacidade que os indi-víduos têm de agir de forma criativa
sobre o mundo exterior. Enquanto Marx apontava a predominância das
questões económicas, Weber tomou em conside* ração um leque muito
mais vasto de factores que con-siderou significantes. Tais diferenças de
abordagem têm continuado a veríficar-se ao longo da história da
Sociologia. Mesmo quando os sociólogos estão de acordo em relação ao
objecto da análise, esta é con-duzida muitas vezes a partir de perspectivas
teóricas diferentes.

Três de entre as mais importantes correntes teóricas recentes: o


funcionalismo, a perspectiva do conflito, e o interaccionismo simbólico,
estão directamente rela-cionadas com Durkheim, Marx e Weber,
respectiva-mente (ver figura 1.1). Ao longo da presente (Ara irão
encontrar-se discussões e ideias que derivam destas abordagens teóricas
e lhes servem de ilustração.
Funcionalismo

O funcionalismo defende que a sociedade é um sis-tema complexo cujas


partes se conjugam para garan-tir estabilidade e solidariedade. Segundo
esta pers-pectiva, a Sociologia, enquanto disciplina, deve investigar o
relacionamento das partes da sociedade entre si e para com a sociedade
enquanto um todo. Podemos analisar as crenças religiosas e costumes de
uma sociedade, por exemplo, ilustrando a forma como se relacionam com
outras instituições, pois as diferentes partes de uma sociedade estão
intimamen-te relacionadas entre si.

Estudar a função de uma instituição ou prática social é analisar a


contribuição dessa instituição ou prática para a continuidade da
sociedade. Os funcio-nalistas, incluindo Comte ou Duricheim, usaram mui-
tas vezes uma analogia orgânica para comparar a actividade da sociedade
com a de um organismo vivo. Defendem que, à imagem dos vários compo-
nentes do corpo humano, as partes da sociedade con-jogam-se em
benefício da sociedade enquanto um todo. Para estudar um órgão
humano como o coração é necessário demonstrar a forma como se
relaciona com outras partes do corpo. Ao bombear sangue pelo corpo
inteiro, o coração desempenha um papel vital na perpetuação da vida no
organismo. Da mesma forma, analisar a função de um item social significa
demonstrar o papel que desempenha na perpetuação da existência e
prosperidade de uma sociedade.

O funcionalismo enfatiza a importância do con-senso moral na


manutenção da ordem e da estabili-dade na sociedade. O consenso moral
verifica-se quando a maior parte das pessoas de uma sociedade partilham
os mesmos valores. Os funcionalistas con-cebem a ordem e o equilíbrio
como o estado normal da sociedade * este equilíbrio social assenta na
exis* tência de um consenso moral entre os membros da sociedade. Por
exemplo, Durkheim acreditava que a religião reitera a adesão das pessoas
a valores sociais nucleares, pelo que contribui para a solidez da coesão
social.

Durante um longo período, o pensamento funcio-nalista foi


provavelmente a principal corrente teórica da Sociologia, em particular
nos Estados Unidos da América. Tanto Talcott Parsons como Robert
Merton, considerados dois dos seus aderentes mais proemi-nentes,
inspiraram-se muito na obra de Durkheim.

Perspectiva do Conflito

Ta) como os funcionalistas, os sociólogos que adop-taram as teorias de


conflito sublinham a importância das estruturas na sociedade. Defendem
também um «modelo» abrangente para explicar a forma como a
sociedade funciona. Os teóricos do conflito rejeitam, no entanto, a ênfase
que os funcionalistas dão ao con-senso. Pelo contrário, preferem sublinhar
a importân-cia das divisões na sociedade. Ao fazê-lo, centram a análise em
questões de poder, na desigualdade e na luta. Tendem a ver a sociedade
como algo que é com-posto por diferentes grupos que lutam pelos seus
pró-prios interesses. A existência desta diferença de inte-resses significa
que o potencial para o conflito está sempre presente e que determinados
grupos irão tirar mais benefício do que outros. Os teóricos do conflito
analisam as tensões existentes entre grupos dominan-tes e desfavorecidos
da sociedade, procurando com-preender como se estabelecem e
perpetuam as rela-ções de controlo.

Os pontos de vista de muitos teóricos do conflito remontam aos escritos


de Marx, cuja obra enfatizava o conflito de classes, muito embora outros
sejam igualmente influenciados por Weber. Um bom exem-plo disto é o
sociólogo alemão contemporâneo Raif Dahrendorf (1929 - ). No clássico
Class and Class Conflict in Industrial Society (1959), Dahrendorf defende
que os pensadores funcionalistas só tomam em consideração uma parte
da sociedade - aqueles aspectos da vida social onde existe harmonia e
con-cordância. Mas tão ou mais importantes são os cam-pos que se
caracterizam pelo conflito e pela divisão. De acordo com Dahrendorf, o
conflito surge princi-palmente do facto de os indivíduos e grupos terem
diferentes interesses. Marx concebia as diferenças de interesses
sobretudo em função das classes, mas Dah-rendorf relaciona-as de uma
forma mais vasta com a autoridade e o poder. Em todas as sociedades há
uma separação de interesses entre aqueles que detêm auto-ridade e
aqueles que estão em grande medida excluí-dos dela, uma separação
entre governantes e gover-nados, portanto.
Perspectivas da acção social

Se o funcionalismo e a perspectiva do conflito colo-cam a tónica nas


estruturas que sustentam a socieda-de e influenciam o comportamento
humano, as teo-rias da acção social dão uma atenção muito maior ao
papel desempenhado pela acção e pela interacção dos membros da
sociedade na formação dessas estrutu-ras. Aqui, o papel da Sociologia é
visto como sendo mais o da procura do significado da acção e da inte-
racção social, do que o da explicação das forças externas aos indivíduos
que os compelem a agir da forma que agem. Se o funcionalismo e as
perspecti-vas do conflito desenvolvem modelos relativos ao modo de
funcionamento global da sociedade, as teo-rias da acção social centram-se
na análise da maneira como os actores sociais se comportam uns com os
outros e para com a sociedade.

Weber é frequentemente apontado como um dos primeiros defensores


das perspectivas da acção social. Embora reconhecendo a existência de
estrutu-ras sociais - como as classes, os partidos, os grupos de prestígio,
entre outras Weber afirmava que essas estruturas eram criadas pelas
acções sociais dos indi-víduos. Esta posição foi desenvolvida de uma forma
mais sistemática pelo interaccionismo simbólico, uma corrente de
pensamento que se tomou particu-larmente importante nos Estados
Unidos da América. O interaccionismo simbólico foi apenas influenciado
de forma indirecta por Weber. As suas origens mais directas residem na
obra do filósofo americano G. H. Mead (1863-1931).

O interaccionismo simbólico nasce de uma preocu-pação com a linguagem


e o sentido. Mead defendia que a linguagem permite tornarmo-nos seres
auto-conscientes - cientes da nossa própria individualida-de e capazes de
nos vermos a partir de fora, como os outros nos vêem. Neste processo o
elemento-chave reside no símbolo. Um símbolo é algo que represen-ta
algo. Por exemplo, as palavras que usamos para aludir a determinados
objectos são, na verdade, sím-bolos que representam o que queremos
transmitir. A palavra «colher» é o símbolo que usamos para des-crever o
utensílio a que recorremos para comer sopa. Gestos não-verbais ou outras
formas de comunicação são também exemplos de símbolos. Acenar a
alguém ou fazer um gesto grosseiro tem um valor simbólico. Mead
defendia que os seres humanos dependem de símbolos partilhados e
entendimentos comuns nas suas interacções uns com os outros. Dado os
seres humanos viverem num universo altamente simbólico, praticamente
todas as interacções entre os indivíduos implicam um fluxo de símbolos.

O interaccionismo simbólico dirige a nossa aten-ção para os detalhes da


interacção interpessoal, e para a forma como esses detalhes são usados
para conferir sentido ao que os outros dizem e fazem. Os sociólo-gos
influenciados por esta corrente teórica centram muitas vezes a sua
atenção na interacção face-a-face e nos contextos da vida quotidiana,
realçando a importância do papel dessas interacções na criação da
sociedade e das suas instituições.

Muito embora a perspectiva interaccionista simbó-lica possa incluir muitas


reflexões em torno da natu-reza das nossas acções na vida social
quotidiana, já foi criticada por ignorar questões mais amplas rela-cionadas
com o poder e a estrutura na sociedade e a

forma como ambos servem para constranger a acção individual.

Conclusão

Como já vimos, a Sociologia engloba uma variedade de perspectivas


teóricas. Por vezes a discordância entre as diferentes posições teóricas é
bastante exten-sa, mas esta diversidade é um sinal da força e vitali-dade
da disciplina, e não uma fraqueza.

Todos os sociólogos concordam que a Sociologia é uma disciplina em que


nós pomos de lado os nossos próprios modos de ver o mundo, para
observarmos cuidadosamente as influências que dão forma às nos-sas
vidas e às dos outros. A Sociologia emergiu, como um esforço intelectual
distinto, com o desenvolvi-mento das sociedades modernas, e o estudo
desse tipo de sociedades permanece a sua principal preocupação. Mas os
sociólogos estão igualmente interessados num leque mais vasto de
assuntos acerca da natureza da interacção social e das sociedades
humanas em geral.

A Sociologia não é apenas um campo intelectual abstracto, mas algo que


pode ter implicações práticas importantes na vida das pessoas. Aprender a
tornar-mo-nos sociólogos não devia ser um esforço acadé-mico
aborrecido. A melhor maneira de nos assegurar-mos que tal não acontece
é abordar a disciplina de uma forma imaginativa e relacionar ideias e
conclu-sões com situações da nossa própria vida.

Uma maneira de fazermos isso é tornarmo-nos conscientes das diferenças


entre os modos de vida que nós nas sociedades modernas consideramos
como normais e os dos outros grupos humanos. Embora os seres
humanos tenham muito em comum, existem muitas variações entre
diferentes sociedades e cultu-ras. Veremos algumas dessas semelhanças e
diferen-ças no capítulo seguinte, «Cultura e Sociedade».

A sociologia ensina que forças históricas e sociais se impoem sobre a vida


humana!

Como a sociologia pode ajudar-nos na nossa vida?

R: A sociologia permite que olhemos para o mundo social a partir de


muitos pontos vista.

Avaliação dos efeitos das políticas

Em segundo lugar, a pesquisa sociológica fornece uma ajuda prática na


avaliação dos resultados de ini-ciativas políticas.

A u t o - consc ien cia lizaça o

Em terceiro lugar, e em alguns aspectos o mais importante, a Sociologia


pode permitir-nos uma auto-consciencializaçâo - uma auto-compreensão
cada vez maior. Quanto mais sabemos acerca das razões pelas quais
agimos como agimos e como fun-ciona, de uma forma global, a nossa
sociedade, tanto mais provável é que sejamos capazes de influenciar o
nosso futuro.

Os primeiros teóricos

Nós, os seres humanos, sempre sentimos curiosidade pelas razões do


nosso próprio comportamento, mas durante milhares de anos as
tentativas de nos enten-dermos dependeram de formas de pensar
transmiti-das de geração em geração. Estas ideias eram expres-sas
frequentemente em termos religiosos, ou em mitos bem conhecidos,
superstições ou crenças tradi-cionais. O estudo objectivo e sistemático da
socieda-de e do comportamento humano é uma coisa relati-vamente
recente, cujos inícios remontam aos finais do século XVIII. Um
desenvolvimento-chave foi o uso da ciência para se compreender o
mundo - a emergência de uma abordagem científica teve como
consequência uma mudança radical nas formas de ver e entender as
coisas. As explicações tradicionais baseadas na religião foram suplantadas,
em sucessi* vas esferas, por tentativas de conhecimento racional e crítico.

Tal como a Física, a Química, a Biologia e outras disciplinas, a Sociologia


surgiu como parte deste importante processo intelectual. As origens da
disci-plina inserem-se no contexto de uma série de mudan-ças radicais
introduzidas pelas «duas grandes revolu-ções» da Europa dos séculos XVIII
e XIX. Estes acontecimentos profundos transformaram irreversi-velmente
o modo de vida que os seres humanos leva-vam há milhares de anos. A
Revolução Francesa de 1789 representou o triunfo das ideias e valores
secu-lares, como a liberdade e a igualdade, sobre a ordem social
tradicional. Foi o início de um movimento dinâmico e intenso que a partir
de então se espalhou pelo globo, tornando-se algo inerente ao mundo
moderno. A segunda grande revolução teve início na Grã-Bretanha em
finais do século XVIII, antes de se verificar noutros locais da Europa, na
América do Norte e noutros continentes. Ficou conhecida como Revolução
Industrial - o conjunto amplo de trans-formações económicas e sociais que
acompanharam o surgimento de novos avanços tecnológicos como a
máquina a vapor e a mecanização. O surgimento da indústria conduziu a
uma migração em grande escala de camponeses, que deixaram as suas
terras e se transformaram em trabalhadores industriais em fábri-cas, o
que causou uma rápida expansão das áreas urbanas e introduziu novas
formas de relacionamento social. A Revolução Industrial mudou de forma
dra-mática a face do mundo social, incluindo muitos dos nossos hábitos
pessoais. A maior parte da comida que ingerimos e das bebidas que
tomamos - o café, por exemplo - são hoje em dia produzidos através de
meios industriais.
A destruição dos modos de vida tradicionais levou os pensadores a
desenvolver uma nova concepção dos mundos natural e social. Os
pioneiros da Socio-logia confrontaram-se com os eventos que acompa-
nharam essas revoluções, tentando compreender tanto as razões da sua
emergência como as suas con-sequências potenciais. O tipo de questões a
que estes pensadores do século XIX procuraram responder - O que é a
natureza humana? Porque é que a sociedade está estruturada assim?
Como mudam as sociedades e por que razão o fazem? - são as mesmas a
que os sociólogos procuram responder actualmente.

Auguste Comte

Ninguém pode, por si só, como é óbvio, fundar sozi-nho todo um novo
campo de estudos, e foram muitos aqueles que contribuíram para os
começos do pensa-mento sociológico. Contudo, é frequentemente atri-
buído um lugar de destaque ao autor francês Auguste Comte (1798-1857),
nem que seja porque foi ele quem de facto inventou o termo
«Sociologia». Origi-nalmente, Comte usou a expressão «física social», mas
alguns dos seus rivais intelectuais da altura tam-bém a usavam. Comte
queria distinguir o seu ponto de vista da visão dos seus rivais, de modo
que criou o termo «Sociologia» para descrever a disciplina que pretendia
estabelecer.

O pensamento de Comte reflectia os acontecimen-tos turbulentos do seu


tempo. A Revolução Francesa havia introduzido uma série de mudanças
importantes na sociedade e o crescimento da industrialização

tinha alterado o modo tradicional de vida da popula-ção francesa. Comte


procurou criar uma ciência da sociedade que pudesse explicar as leis do
mundo social, à imagem das ciências naturais que explica» vam como
funcionava o mundo físico. Embora reco-nhecesse que cada disciplina
científica tem o seu próprio objecto de análise, Comte acreditava que
todas partilham uma lógica comum e um método científico, o que visa
revelar leis universais. Tal como a descoberta das leis do mundo natural
nos permite controlar e prever os acontecimentos à nossa volta, também
desvendar as leis que governam a sociedade humana nos pode ajudar a
configurar o nosso destino e a melhorar o bem-estar da humanidade.
Comte acreditava que a sociedade se submete a leis invariá-veis, de um
modo muito semelhante ao que sucede no mundo físico.

Comte via a Sociologia como uma ciência positi-va. Acreditava que a


disciplina devia aplicar ao estu-do da sociedade os mesmos métodos
científicos e rigorosos que a Física ou a Química usam para estu-dar o
mundo físico. O positivismo defende que a ciência deve preocupar-se
apenas com factos observáveis que ressaltam directamente da
experiência. Com base em cuidadosas observações sensoriais, podemos
inferir as leis que explicam a relação exis-tente entre os fenómenos
observados. Compreenden-do o relacionamento causal entre
acontecimentos, os cientistas podem então prever o modo como futuros
acontecimentos poderão ocorrer. A abordagem positi-vista da Sociologia
acredita na produção de conheci-mento acerca da sociedade com base em
provas empíricas retiradas da observação, da comparação e da
experimentação.

A lei dos três estádios de Comte postula que as tentativas humanas para
compreender o mundo pas-saram pelos estádios teológico, metafísico e
positivo. No estádio teológico, as ideias religiosas e a crença que a
sociedade era uma expressão da vontade de Deus eram o guia do
pensamento. No estádio metafí-sico, que se afirmou pela época do
Renascimento, a sociedade começou a ser vista em termos naturais, e não
sobrenaturais. O estádio positivo, desencadeado pelas descobertas e
feitos de Copérnico, Galileu e Newton, encorajou a aplicação de técnicas
científicas ao mundo social. Comte, ao adoptar esta última pers-pectiva,
considerava a Sociologia como a última das ciências a desenvolver-se -
depois da Física, da Quí-mica e da Biologia embora também a mais impor-
tante e complexa das ciências.

Já na fase final da sua carreira, Comte concebeu planos ambiciosos para a


reconstrução da sociedade francesa em particular e das sociedades
humanas em geral, com base nos seus pontos de vista sociológi-cos.
Reclamou a fundação de uma «religião da huma-nidade», que deveria
abandonar a fé e o dogma em favor de um fundamento científico. A
Sociologia estaria no centro desta nova religião. Comte estava
perfeitamente consciente do estado da sociedade em que vivia: estava
preocupado com as desigualdades que a industrialização produzia e a
ameaça que elas constituíam para a coesão social. A solução a longo
prazo, de acordo com a sua perspectiva, consistia na produção de um
consenso moral que ajudaria a regu-lar, ou unir, a sociedade, apesar dos
novos padrões de desigualdade. Embora o caminho de Comte para a
reconstrução da sociedade nunca se tivesse concreti-zado, a sua
contribuição para a sistematização e uni-ficação da ciência da sociedade
foi importante para a posterior profissionalização da Sociologia enquanto
disciplina académica.

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