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Em regra, são nominais à ordem e circulam via endosso. Exceção: cheque de até R$
100,00 = título ao portador.
OBS: Lei do Plano Real - “A partir de 1º de julho de 1994, fica vedada a emissão,
pagamento e compensação de cheque de valor superior a R$ 100,00, sem identificação
do beneficiário”.
Podem ser de modelo livre ou modelo vinculado. O cheque e a duplicata são de modelo
vinculado.
Quanto à estrutura, os títulos podem ser ordem de pagamento (em que há 3 partes:
sacador/emitente; sacado/pagador; tomador/beneficiário - letra, cheque e duplicata)
ou promessa de pagamento (apenas 2 partes: sacador/promitente e
tomador/beneficiário - nota promissória).
Em relação à emissão, os títulos podem ser causais (duplicata) ou abstratos (cheque).
- A Lei Uniforme é aplicável às letras de câmbio e às notas promissórias. A lei estabelece todo o
regramento relativo à letra de câmbio e, posteriormente, afirma que se aplica o mesmo
regramento às notas promissórias, com pequenas alterações apenas em razão da natureza
distinta de cada uma (letra é ordem de pagamento, enquanto nota promissória é promessa de
pagamento). A nota promissória será estudada ao final.
1. INTRODUÇÃO:
- O sacado na letra de câmbio é o devedor principal e é o aceitante. O sacador é o
emitente/codevedor. O tomador é o credor.
Nem sempre essas pessoas são distintas. A letra pode ser sacada: (i) à ordem do próprio
sacador (sacador/emitente é também o tomador/credor); (ii) sobre o próprio sacador
(sacador/emitente é também o sacado/devedor principal); (iii) por ordem e conta de
terceiro (aqui os três são pessoas distintas, em que o sacador/emitente ordena que o
sacado/devedor principal pague ao tomador/credor determinada quantia).
Diz-se que a letra de câmbio deve conter uma obrigação incondicional para pagamento
de determinada quantia.
Alguns autores afirmam que a letra de câmbio não teria tido aceitação no Brasil por
possuir uma sistemática interessante: é emitida por alguém para que outro aceite e
pague. Enfim, é um título de crédito que depende sobremaneira da boa-fé.
- Requisitos: "letra"; mandato puro e simples de pagar quantia determinada; nome do sacado;
época do pagamento; lugar do pagamento; data da emissão; assinatura do sacador.
- O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito
como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes:
- Numa letra pagável à vista ou a um certo termo de vista, pode o sacador estipular que a sua
importância vencerá juros. Em qualquer outra espécie de letra a estipulação de juros será
considerada como não escrita. A taxa de juros deve ser indicada na letra; na falta de indicação,
a cláusula de juros é considerada como não escrita. Os juros contam-se da data da letra, se outra
data não for indicada.
Estipulação diversa do Código Civil, que não admite, para os títulos atípicos, a cláusula
de juros. “Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de
endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que
dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites
fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações” (CC, art. 890).
OBS: CC x legislação especial -> as disposições do CC/2002 em princípio não se aplicam
aos títulos de crédito próprios/típicos, que possuem legislação especial (especialidade).
É o caso da duplicata, da letra de câmbio, da nota promissória e do cheque, por exemplo.
O Código Civil funciona, pois, na parte relativa aos títulos de crédito, como uma teoria
geral para os chamados títulos atípicos ou inominados, que não possuem lei específica.
- Se na letra a indicação da quantia se achar feita por extenso e em algarismos, e houver
divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver feita por extenso.
Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por mais de uma vez, quer
por extenso, quer em algarismos, e houver divergências entre as diversas indicações,
prevalecerá a que se achar feita pela quantia inferior.
Mesma disposição prevista na Lei do Cheque, ou seja: divergência entre número e por
extenso, prevalece por extenso; se escrita a quantia mais de uma vez, prevalece a
menor.
- Todo aquele que apuser a sua assinatura numa letra, como representante de uma pessoa, para
representar a qual não tinha de fato poderes, fica obrigado em virtude da letra e, se a pagar,
tem os mesmos direitos que o pretendido representado. A mesma regra se aplica ao
representante que tenha excedido os seus poderes.
- O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento de letra. O sacador pode exonerar-
se da garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele se exonere da garantia do
pagamento considera-se como não escrita.
2. ENDOSSO:
- Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é
transmissível por via de endosso.
Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não à ordem", ou uma expressão
equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão
ordinária de créditos.
Mesma regra do cheque, isto é, presume-se "à ordem", salvo disposição em contrário.
Se houver cláusula "não à ordem", só cabe cessão de crédito.
O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado
considera-se como não escrita.
O ENDOSSO PARCIAL É NULO (assim como no cheque). Admite-se o aceite parcial,
bem como o aval parcial.
O endosso ao portador vale como endosso em branco.
- ENDOSSO = no verso ou na folha anexa, basta assinatura.
Essa “cláusula em sentido contrário” é a CLÁUSULA “SEM GARANTIA”, por meio da qual
o endossante não impede novos endossos, mas não garante os endossos posteriores.
- As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas
sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, A MENOS QUE
o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.
- Endosso-mandato:
Os coobrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções que eram
oponíveis ao endossante.
O mandato que resulta de um endosso por procuração NÃO se extingue por morte ou
sobrevinda incapacidade legal do mandatário.
- O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia,
o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo
fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos.
Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi feito antes de
expirado o prazo fixado para se fazer o protesto.
Endosso póstumo/tardio: o endosso tardio é o realizado após o protesto ou após o
prazo para a realização do protesto. Não produz efeitos do endosso, valendo apenas
como cessão civil de crédito.
3. ACEITE:
- O sacado/devedor principal, em princípio, não tem obrigação cambial alguma, uma vez que ele
não é obrigado a cumprir a ordem de pagamento emitida pelo sacador/emitente contra a sua
vontade. O aceite, portanto, é o ato pelo qual o sacado assume obrigação cambial e se torna o
devedor principal da letra (aceitante).
- A letra pode ser apresentada, até o vencimento, ao aceite do sacado, no seu domicílio, pelo
portador ou ATÉ POR UM SIMPLES DETENTOR.
- O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou qualquer outra palavra
equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do sacado
aposta na parte anterior da letra.
- O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada.
A letra de câmbio sem aceite obsta a cobrança pela via executiva, pois a recusa do aceite
traz como única consequência o vencimento antecipado da letra de câmbio (art. 43 da
LUG), pode, então, o tomador cobrá-la imediatamente do sacador (STJ).
"O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se
antes de determinada data".
4. AVAL:
- O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Esta garantia é
dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra.
- O aval considera-se como resultante da simples assinatura do avalista aposta na face anterior
da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador.
- A obrigação do avalista mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser NULA
por qualquer razão QUE NÃO seja um vício de forma.
Mesma disposição do cheque, ou seja, o aval independe da validade da obrigação
principal, salvo quando o vício é de forma.
5. VENCIMENTO/PAGAMENTO:
- Uma letra pode ser sacada:
a) à vista (é a que tem vencimento no dia da apresentação do título ao sacado, não tem
prefixação de uma data); a letra à vista é pagável à apresentação, ou seja, não necessariamente
será apresentada em momento anterior para aceite e essa apresentação deverá ser feita em
UM ANO a partir da emissão;
b) a um certo termo de vista (vencimento após determinado prazo após o aceite); deve ser
apresentada para aceite no prazo estabelecido no título ou, caso não haja, dentro de UM ANO
contado da emissão;
d) pagável num dia fixado (letra com dia certo é a que vence em data preestabelecida pelo
sacador, logicamente posterior à do saque).
- As letras, quer com vencimentos diferentes, quer com vencimentos sucessivos, são nulas.
- PRAZO DE RESPIRO: O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez
no dia seguinte ao da primeira apresentação.
O portador não é obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao aceite.
- A letra de câmbio deve ser apresentada para pagamento NO DIA DO VENCIMENTO. Caso o
tomador não apresente a letra para pagamento, começa a fluir o prazo para protesto, que na
letra de câmbio deverá ser feito nos 2 DIAS ÚTEIS seguintes ao vencimento.
- O portador de uma letra não pode ser obrigado a receber o pagamento dela antes do
vencimento.
O sacado que paga uma letra antes do vencimento o fará sob sua responsabilidade.
- O portador é obrigado a verificar a regularidade da sucessão dos endossos mas não a
assinatura dos endossantes.
- A recusa de aceite ou de pagamento deve ser comprovada por um ato formal (PROTESTO por
falta de aceite ou falta de pagamento).
O protesto por falta de aceite deve ser feito nos prazos fixados para a apresentação ao
aceite.
O protesto por falta de pagamento de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo
de data ou de vista deve ser feito num dos 2 dias úteis seguintes àquele em que a letra
é pagável. Se se trata de uma letra pagável à vista, o protesto deve ser feito nas
condições indicadas na alínea precedente para o protesto por falta de aceite.
O protesto por falta de aceite DISPENSA a apresentação a pagamento e o protesto por
falta de pagamento.
7. PRESCRIÇÃO:
- Todas as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem em 3 anos a contar do seu
vencimento.
OBS: O sacador, um endossante ou um avalista pode, pela cláusula "sem despesas", "sem
protesto", ou outra cláusula equivalente, dispensar o portador de fazer um protesto por falta de
aceite ou falta de pagamento, para poder exercer os seus direitos de ação. Essa cláusula não
dispensa o portador da apresentação da letra dentro do prazo prescrito nem tampouco dos
avisos a dar.
- As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em 6 meses a
contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado.
EM SUMA:
- Tomador x aceitante/sacado: 3 anos.
- Tomador x o sacador e endossantes (em caso de recusa do aceite): 1 ano do protesto.
- Endossantes x endossantes ou sacador: 6 meses do dia que o endossante pagou.
8. NOTA PROMISSÓRIA:
- Aplica-se basicamente todas as disposições acerca da letra de câmbio à nota promissória.
- Pode-se dizer, ainda, que a nota promissória: a) pode ser emitida em branco ou incompleta (S.
387/STF); b) possui implícita cláusula à ordem, salvo estipulação expressa em contrário; c) a
exigência de identificação do tomador impede, ao menos em tese, a emissão de nota
promissória ao portador; d) a promessa de pagamento deve ser incondicional, não se admitindo
condição; e) a ausência de vencimento faz com que a nota seja considerada à vista.
- Nota promissória é uma PROMESSA DE PAGAMENTO, enquanto letra de câmbio é uma ORDEM
DE PAGAMENTO.
- Não há na nota promissória a figura do SACADO (devedor principal), mas apenas do SACADOR
(subscritor) e do TOMADOR (credor). Daí a lei afirmar que "o subscritor de uma nota promissória
é responsável da mesma forma que o aceitante de uma letra".
- Outros julgados: