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Curso de Introdução à
Umbanda

1/2019
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Curso de Umbanda – 1º Semestre

Unidade 1 – Aspectos introdutórios

Aula Conteúdo Referências Bibliográficas

1.1 História, Formação, Primados e marcos legais


1.2 Santuário Nacional de Umbanda,
 O livro essencial de
1.3 Faculdade de Teologia de Umbanda,
Umbanda
01 1.4 Movimento Político e Segmentos Umbandistas,
 Umbanda, essa
1.5 Hino à Umbanda, Bandeira da Umbanda e Dia
desconhecida
Nacional da Umbanda
1.6 O que não é Umbanda?
2.1 Filosofia Umbandista
2.2 Holismo,
2.3 Integração com o Meio ambiente,
 O livro essencial de
2.4 Ecumenismo, respeito e tolerância,
Umbanda
02 2.5 Valorização da Vida e da vivência/experiência
 Umbanda, essa
pessoal,
desconhecida
2.6 Fé e cotidiano – Concretude da Fé,
2.7 Fé e ciência – Estudo,
2.1 Simplicidade, colaboração e liderança

Unidade 2 – Aspectos doutrinários e teológicos de Umbanda

Aula Conteúdo Referências Bibliográficas

 O livro essencial de
3.1 Teologia de Umbanda: Monoteísmo, Deus,
03 Umbanda
Hierarquia Divina e atributos da divindade
 A missão do Espiritismo
 Umbanda pé no chão
4.1 Orixás – sítios vibracionais, tipos psicológicos e  Umbanda, essa
04
filhos de orixás desconhecida
 Casos de Umbanda vol. 1
 Umbanda pé no chão
5.1 Jesus Cristo e os ensinamentos dos orixás
05  Magia de Redenção
contidos no Evangelho
 A missão do Espiritismo
 Umbanda: a proto-sintese
6.1 Anjos,
cósmica
06 6.2 Ação dos Espíritos,
 O livro dos espíritos
6.3 Guias e Guardiões
 O livro dos médiuns
7.1 Lei de evolução,
 Fundamentos doutrinários
7.2 Evolução espiritual,
de Umbanda
7.2 O enigma causal,
07  Umbanda: a proto-sintese
7.3 O universo astral,
cósmica
7.4 Energias – os polos positivo e negativo
 Umbanda pé no chão
7.4 Reencarnação – Nascimento, vida e morte

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 O livro dos médiuns


 O livro dos espíritos
 A Gênese
 O problema do Ser, do
Destino e da Dor
8.1 Lei de Ação e Reação,
 Umbanda pé no chão
8.2 Karma e justiça divina,
08  Fundamentos doutrinários
8.3 O problema do ser, do destino e da dor,
de Umbanda
8.4 A esquerda: Exus e pombagiras
 Umbanda: a proto-sintese
cósmica

Unidade 3 - Liturgia

Aula Conteúdo Referências Bibliográficas

 O livro essencial de
9.1 As 7 linhas da Umbanda: Oxalá, Iemanjá, Xangô, Umbanda
09
Ogum, Oxóssi, Yori e Yorimá  Umbanda, essa
desconhecida
 O livro essencial de
10. Linhas auxiliares: Baianos, Boiadeiros, Umbanda
10
Marinheiros, Ciganos e Oriente  Umbanda, essa
desconhecida
 O livro essencial de
Umbanda
 Casos de Umbanda vol. 1
Os guias da Umbanda: Pretos velhos, Caboclos e
11  Casos de Umbanda vol. 2
Crianças
 Umbanda, essa
desconhecida
 Umbanda pé no chão
12.1 Orixá Exu
 Umbanda pé no chão
12.2 Linhas da Esquerda
 Fundamentos doutrinários
12.3 Exu, pombagira, ciganos e malandros
12 de Umbanda
12.4 A esquerda e a sustentação de trabalho no
 O livro da esquerda de
terreiro
Umbanda
12.5 Kiumbas, espíritos zombeteiros e trevosos
13.1 Como nasce um terreiro?
13.2 O papel do dirigente e a hierarquia (Mãe e Pai  Missão do Espiritismo
de Santo, Mãe e Pai pequenos, Cambonos e  Magia de Redenção
Curimbeiros),  Umbanda, essa
13
13.3 Médiuns, consulência e conduta no terreiro desconhecida
Normas e comportamentos dos filhos de Umbanda  O livro essencial de
13.4 Obediência, disciplina e pacificação no Terreiro: Umbanda
proteção espiritual
 O livro essencial de
14.1 Energia cósmica, reforma íntima e livre arbítrio:
14 Umbanda
o objetivo da reencarnação e a razão de viver
 Reforma íntima

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Unidade 1 – Aspectos introdutórios


Objetivos: conhecer a história da Umbanda, suas origens e movimentos atuais

Introdução
“Meus irmãos, a Umbanda tem um esoterismo profundo. Esses conhecimentos
“ocultos” guardam as chaves e os princípios cósmicos das forças que regem o Universo.
Umbanda é Lei Divina! Como Lei Divina, seus princípios e conjuntos de regras regem
todas as relações existentes no Cosmo. Em verdade, não é possível existirem várias
‘Umbandas’, assim como não há vários Conjuntos de Leis Divinas; a Lei Divina é uma só
e é ela que rege todas as coisas.
Os fundamentos básicos do esoterismo da Umbanda, os quais podemos chamar de
chaves interpretativas das Leis Cósmicas Universais, são ritualizados de formas
diferentes e interpretados nos mais diversos níveis de compreensão. Talvez, aqui resida
o motivo de muitos conflitos entre os adeptos umbandistas, que enxergam a forma
manifestada no seu terreiro em detrimento da essência que une todos a uma mesma
legislação cósmica. Quem defende a existência de várias ‘Umbandas’, seja qual o nome
que se dê às mesmas, esquece a observância dos princípios ocultos que estruturam sua
identidade. Assim, a Umbanda deixa de ser Essência para tornar-se Forma, deixa de ser
Síntese Cósmica e vira Movimento Religioso, deixa de ser ampla para ser reduzida, como
se pudéssemos colocar a água de um oceano inteiro dentro de uma garrafa. Ressalto
que não há desmerecimento pela prática religiosa, pois a Umbanda também é religião,
embora seja muito mais que isso, pois também é filosofia, ciência e arte. O esoterismo
de Umbanda, entretanto, nos ensina as chaves que ligam todo esse Sistema de Leis e
Regras Universais. A nós, basta saber interpretá-las. Esses ensinamentos são
antiquíssimos, já estiveram presentes em todas as religiões do mundo e foram revelados
no seio dessa nova ordem surgida no Brasil, chamada Umbanda pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas, e inexoravelmente ligada ao Cristo Cósmicos (Atributos Divinos dos
Orixás do Manto Branco), que teve em Jesus a representação máxima humana. Sob esse
prisma, a Umbanda é organizada “de cima para baixo”, seguindo as Hierarquias
superiores e em consonância com a vontade do Criador.
A Umbanda, materialmente falando, é uma organização recente que foi surgida no
Brasil, um país altamente miscigenado no que diz respeito às suas tradições,
profundamente católico e cristão, altamente espiritista e regado de fundamentos
perdidos há muito em terras africanas e em nossa própria terra brasileira. Esse foi o solo
fértil para que a Umbanda se desenvolvesse como uma religião popular que esconde as
chaves capazes de ligar os profundos conhecimentos de culturas, aparentemente
antagônicas, soba a égide de um universalismo crístico. Por isso, na Umbanda, há os
Santos Católicos, os Orixás Africanos, os Índios Caboclos, o Povo do Oriente, todos
convergindo harmonicamente e de maneira pacífica em prol do desenvolvimento
espiritual da humanidade, com o objetivo de formar homens de bom caráter.

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Por ser uma organização recente e ter-se usado do aparato necessário e disponível para
a revelação dos Mistérios, os símbolos utilizados na Umbanda têm influências de várias
culturas do mundo, destacando-se as culturas católica, espírita Kardecista, ameríndias e
nígero-ongolesa (os cultos de nação africana), principalmente pelas nomenclaturas,
ritualizações e pelo valor oculto e esotérico de seus símbolos.
Dessa maneira, o esoterismo de Umbanda evidencia-se por sua profunda capacidade
em identificar os valores e os símbolos dessas diferentes culturas. Em uma sociedade
tão pluralista, a crença, a fé e o tradicionalismo das pessoas não podem ser olvidados e
é preciso encontrar a Verdade Espiritual por trás de cada símbolo e seu conteúdo
simbolizado, de cada significado com seus significantes, pois é através dessas chaves
interpretativas que vem o sagrado, que nos religamos ao Criador. ” 1
História – Umbanda: Manifestação do espírito para a caridade
“A Umbanda foi trazida do plano astral ao plano físico em 15 de novembro de 1908.
Apareceu no bairro de Neves – (4° Distrito de São Gonçalo) – na então pequena cidade
de Niterói. O mensageiro e fundador foi um espírito que se nomeou Caboclo das Sete
Encruzilhadas. Indagado sobre o nome do culto religioso, disse: Umbanda. Quanto à
significação do vocábulo, esclareceu: “Umbanda é a manifestação do espírito para a
caridade”. O médium daquela insólita presença, um rapaz, de apenas dezessete anos de
idade, chamado Zélio de Moraes.
Os fundamentos do novo movimento religioso chegaram em 1978, por meio de um livro
psicografado em parte, resultado de intensas pesquisas, intitulado Fundamentos de
Umbanda – Revelação Religiosa, que muito contribuiu, não só para ratificar e divulgar a
origem daquele culto, como, também, para dar partida em nível estrutural, passando a
Umbanda de simples seita à categoria de Religião propriamente dita, inspirada em
conceitos teológicos.
O estudo da Umbanda está compreendido em dois períodos distintos de setenta anos:
1908/1978, considerado como Período Propagação (estatísticas do IBGE revelam que a
Umbanda alcançou vinte milhões de seguidores); o segundo, estabelecido para os anos
de 1979/2049, como Período de Afirmação Doutrinária, ficando, obviamente, a doutrina
como parte essencial, a fim de permitir estabilidade e rumo à nova religião, que
implicará na substituição da quantidade pela qualidade, alcançando-se, gradativamente,
um descarte das superstições e influências fantasiosas, que dificultam o despertar dos
fiéis para o Sagrado.
O Sincretismo na Umbanda é constituído pelo Africanismo, Cristianismo e Hinduísmo,
recebendo, contudo, influência do Catolicismo e Espiritismo. Do Africanismo recebeu,
para máxima devoção, o Ser Supremo OLORUM ou Zambi e apenas doze orixás do
extenso panteon africano, assimilando-os integralmente; do Cristianismo, bebeu das
primeiras águas do “Amai-vos uns aos outros” e “Fora da caridade não há salvação” e
de outras sentenças crísticas atinentes a um comportamento fraterno universalista. Do
Hinduísmo, a Umbanda aprendeu três Leis: Carma, Reencarnação e Evolução.
A par da efetiva companhia dos “guias protetores” e orixás, o umbandista sincero sabe
que é de máxima importância a sua própria transformação pessoal, calcada no Conhece-

1
PEIXOTO, Noberto. Encantos de Umbanda: Os fundamentos básicos do esoterismo Umbandista. Porto
Alegre: Legião Publicações, 2016. pp. 13-15.

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te a ti mesmo”, como tarefa inadiável e primordial, traduzindo-se em todos os instantes,


em harmônica vida religiosa.”2

Zélio Fernandino de Moraes e os distúrbios mentais

Zélio Fernandino de Moraes nasceu em 10 de abril de 1891, no distrito de Neves,


município de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Aos 17 anos, quando se preparava para servir
às Forças Armadas, ocorreu um fato curioso: ele começou a falar com um sotaque
diferente, em tom manso, parecendo um senhor de idade avançada. A princípio, a
família achou que estivesse apresentando algum distúrbio mental, e então o
encaminhou aos cuidados do tio, Epaminondas de Moraes, psiquiatra e diretor do
Hospício de Vargem Grande. Mas, não tendo sido encontrado em nenhuma literatura
médica os sintomas apresentados pelo rapaz, o médico sugeriu que o encaminhassem a
um padre para que fosse realizado um ritual de exorcismo, pois desconfiava que o
sobrinho estivesse possuído pelo demônio. A família procurou então um padre, que,
mesmo tendo realizado o ritual de exorcismo, não conseguiu nenhum resultado.

A mediunidade de Zelio
Novamente, em fins de 1908, os familiares foram surpreendidos por uma ocorrência
que tomou aspectos sobrenaturais: o jovem Zélio, agora acometido por estranha
paralisia, a qual os médicos não conseguiam debelar, ergueu-se certo dia do leito e
declarou: "Amanhã estarei curado". No dia seguinte, começou a andar como se nada
tivesse acontecido. Nenhum médico soube explicar como ocorrera a recuperação. Dona
Leonor de Moraes, resolveu levar o filho a uma curandeira chamada Cândida, figura
conhecida em Niterói, e que incorporava o espírito de um preto Velho chamado Tio
Antônio. A entidade atendeu o rapaz e disse que ele já tinha desenvolvido o fenômeno
da mediunidade, e que, portanto, deveria trabalhar na caridade.

A revelação
O pai de Zélio, Joaquim Fernandino Costa, apesar de não frequentar nenhum centro
espírita, era adepto do espiritismo e tinha o hábito de ler livros espíritas. Em 15 de
novembro de 1908, por sugestão de um amigo, levou Zélio à Federação Espírita de
Niterói. Convidados por José de Souza, dirigente da instituição, para participar da
sessão, ambos se sentaram à mesa, e em seguida, contrariando as normas do trabalho,
Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor". Dirigiu-se ao jardim, apanhou
uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa. Iniciou-se então uma estranha
confusão no local: ele incorporou uma entidade e, simultaneamente, diversos médiuns
também apresentaram incorporações de caboclos e pretos velhos. Advertida pelo
dirigente do trabalho, a entidade incorporada no rapaz perguntou: "Por que repelem a
presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por
suas origens sociais, ou em decorrência de sua cor?" O espírito desconhecido respondeu
então: "Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16
de novembro) estarei na casa de meu aparelho para dar início a um culto em que esses
irmãos poderão transmitir suas mensagens, e, desse modo, cumprir a missão que o

2
OMOLUBA. Doutrina e práticas umbandistas: Cadernos de Umbanda. Coordenação diamantino
Fernandes Trindade. São Paulo: ícone, 2014. pp. 13-

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plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes simbolizando a
igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se
querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para
mim não haverá caminhos fechados".

A primeira reunião – Marco inicial da Umbanda


O vidente retrucou com ironia: "Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto?". Ao
que o espírito respondeu: "Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o
culto que amanhã darei início". No dia seguinte, na casa da família Moraes, à rua
Floriano Peixoto, número 30, às 20 horas, estavam reunidos os membros da Federação
Espírita para comprovar a veracidade do que fora declarado na véspera. Parentes
próximos, amigos e vizinhos também se fizeram presentes, e, do lado de fora, uma
multidão de desconhecidos. Foi então que o Caboclo das Sete Encruzilhadas manifestou-
se e declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, com a participação de
espíritos de velhos africanos escravos que, desencarnados, não encontravam campo de
atuação nos remanescentes das seitas negras, deturpadas e totalmente dirigidas a
trabalhos de feitiçaria, além de índios nativos de nosso território que trabalham em
benefício de seus irmãos encarnados, independentemente de cor, raça, credo ou
condição social.

Principal característica da nova religião – Umbanda e suas normas


A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria, portanto, a característica
principal do culto, que teria por base o Evangelho de Jesus, cujas normas o caboclo então
estabeleceu. Dentre elas, as de que nas sessões diárias (assim seriam chamados os
períodos de trabalho espiritual), das 20 às 22 horas, os participantes estariam
uniformizados, todos de branco, e o atendimento seria gratuito, e que o nome do
movimento religioso seria umbanda, que significa "manifestação do espírito para a
caridade".

A casa de trabalhos espirituais então fundada recebera o nome de Nossa Senhora da


Piedade, porque, assim como Maria de Nazaré acolhera o filho nos braços, também
seriam acolhidos ali todos os que necessitassem de ajuda ou conforto. Ditadas as bases
do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes presentes, o
Caboclo das Sete Encruzilhadas passou à prática dos trabalhos, curando enfermos e
fazendo andar paralíticos.

Umbanda e seus materiais


Naquele mesmo dia, o médium incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, que,
em decorrência de sua fala mansa, foi tratado por alguns como uma manifestação de
loucura. O preto velho, proferindo palavras de muita sabedoria e humildade, além de
aparente timidez, recusava-se a sentar à mesa com os presentes, dizendo: "Nego num
senta não, meu sinhô; nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco, e nego deve
arrespeitá". Após a insistência dos presentes, ele pronunciou: "Num carece preocupá
não. Nego fica no toco, que é lugá di nego".

E assim continuou dizendo outras palavras que expressavam sua humildade. Uma
pessoa participante da reunião lhe perguntou se sentia falta de alguma coisa que havia

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deixado na Terra, ao que ele respondeu: "Minha caximba; nego qué o pito que deixô no
toco. Manda mureque buscá".

A solicitação desse primeiro elemento de trabalho para a nova religião deixou perplexos
os presentes. Foi Pai Antônio também a primeira entidade a solicitar uma guia. As
mesmas guias são usadas até hoje pelos membros da Tenda, carinhosamente
denominadas de "guia de Pai Antônio". No dia seguinte, formou-se verdadeira romaria
em frente à casa da família Moraes. Cegos e paralíticos foram curados. Todos iam em
busca de cura, e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns cuja manifestação
mediúnica fora considerada loucura deixaram os sanatórios e deram provas de suas
qualidades excepcionais.

A partir de então, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar


incessantemente para esclarecer, difundir e sedimentar a umbanda. Foi assim que
fundou a corrente astral da umbanda.

A Umbanda e a Magia
Após algum tempo, um espírito se manifestou com o nome de Orixá Malé, responsável
por desmanchar trabalhos de baixa magia. Essa entidade, quando em demanda,
mostrava-se sábia, capaz de destruir as energias maléficas dos que a procuravam.

Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, recebendo ordens do
Astral,fundou sete tendas para a propagação da umbanda, sendo elas: Tenda Espírita
Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita
Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São
Jorge; Tenda Espírita São Jerônimo.
Os termos “espíritas”, bem como os nomes de santos católicos nas instituições recém
fundadas, foram usados porque naquela época não se podia registrar o nome umbanda,
uma vez que esta era proibida, e seus membros perseguidos pela polícia, que a
confundia com macumba. Quanto aos nomes de santos, era uma maneira de
estabelecer um ponto de referência para os fiéis da religião católica que procuravam os
préstimos da umbanda. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10
mil tendas, a partir das mencionadas. ”3

Constituição e primados

“A Umbanda é uma religião constituída, com fundamentos, teologia própria, hierarquia,


sacerdotes e sacramentos. Suas sessões são gratuitas, voltadas ao atendimento holístico
(corpo, mente, espírito), à prática da caridade (fraterna, espiritual, material), sem
proselitismo. Em sua liturgia e em seus trabalhos espirituais, vale-se do uso dos quatro
elementos básicos: fogo, terra, ar e água.

3
PEIXOTO, Norberto. A missão da Umbanda. Inspirada pelo espírito Ramatís. Editora conhecimento, 2006.
Disponível em: https://cabocloventania.weebly.com/uploads/2/9/9/5/2995803/a_misso_da_umbanda_-
_ramatis.pdf

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Fundamentos de Umbanda

Monoteísmo Crença em Deus único (Princípio primeiro, Energia Primeira, etc.)


conhecido, principalmente, como Olorum (influência Iorubá) ou
Zâmbi (influência angolana).

Crença nos Orixás Divindades/ministros de Deus, ligados a elementos e pontos de


força da natureza, orientadores dos Guias e das Entidades, bem
como dos encarnados.

Crença nos Anjos Enquanto figuras sagradas (e não divinas) são vistos como seres
especiais criados por Deus (influência do Catolicismo) ou como
espírito bastante evoluídos (influência do
Espiritsmo/Kardecismo).

Crença em Jesus Vindo da Linha de Oxalá e, por vezes, confundido com o próprio
Cristo Orixá, Jesus é visto como Filho Único e Salvador (influência do
Catolicismo/Cristianismo mais tradicional) ou como o mais
evoluído dos espíritos que encarnaram no planeta, do qual, aliás,
é governador (influência do Espiritismo/Kardecismo)

Crença na ação Os espíritos, com as mais diversas vibrações, agem no plano


dos espíritos físico. A conexão com eles está atrelada à vibração de cada
indivíduo, razão pela qual é necessário estar sempre atento ao
“Orai e vigiai” preconizado por Jesus.

Crença nos Guias Responsáveis pela orientação dos médiuns, dos terreiros, dos
e nas Entidades consulentes e outros, sua atuação é bastante ampla. Ao
auxiliarem a evolução dos encarnados, colaboram com a própria
evolução.

Crença na As sucessivas vidas contribuem para o aprendizado, o equilíbrio


reencarnação e a evolução de cada espírito.

Crença na Lei de Tudo o que se planta é colhido. A Lei de Ação e Reação é


Ação e Reação respaldada pelo princípio do livre-arbítrio.

Crença na Todos somos médiuns, como dons diversos (de incorporação, de


mediunidade firmeza, de intuição, de psicografia, etc.).

Filosofia de Umbanda

Características da Umbanda

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Holismo Por ser uma religião ecológica, a Umbanda visa ao equilíbrio do


trinômio corpo, mente e espírito; a saúde física, o padrão de
pensamento e o desenvolvimento espiritual de cada indivíduo

Ecumenismo e Além de ter suas portas abertas a todo e qualquer espírito


Diálogo Inter- (encarnado ou desencarnado) que deseje vivenciar a
religioso Espiritualidade de acordo com suas diretrizes, a Umbanda
mantém fortes laços dialógicos com as mais diversas tradições
religiosas e/ou espirituais, algumas das quais a influenciaram
bastante em vários aspectos, dentre eles, a ritualística. A
Umbanda não é proselitista.

Valorização da Embora tenha uma teologia própria e, em virtude do forte


vivência e da sincretismo, por vezes ainda vivencie pontos doutrinários de
experiência outras tradições religiosas e/ou espiritualistas, a Umbanda
pessoal valoriza a experiência pessoal (concepções, opiniões, formas de
vivenciar a espiritualidade, etc.). Assim sendo, respeita o livre
pensamento e imanando a todos em seus rituais e nas mais
diversas atividades caritativas, de modo a respeitar as diferenças,
sem trata-las ostensivamente como divergências.

Fé e cotidiano: a Fortemente marcada pela ecologia, a Umbanda convida a todos


concretude da fé a vivenciar sua fé no cotidiano, cuidando do próprio corpo, do
meio ambiente, vivenciando relações saudáveis etc. Exemplo:
cultuar o Orixá Oxum é, ao mesmo tempo, um convite para se
viver amorosamente o cotidiano, de forma compassiva, e utilizar
os recursos hídricos de maneira consciente (escovar os dentes
com a torneira fechada, não jogar lixo nas águas, etc.). A Gira
literalmente prossegue no cotidiano.

Fé e inteligência Allan Kardec, Dalai Lama e outros líderes fazem coro: se a Ciência
desbancar algum ponto de fé, sem dúvida, a opção é crer na
Ciência. A Umbanda possui fundamentos próprios, de trabalhos
religiosos, energéticos, magísticos; contudo, os mesmos não
devem confundir-se com superstição e obscurantismo. Por outro
lado, sua Alta Espiritualidade, muitas vezes ensinada de maneira
analógica/simbólica, é cotidianamente explicada pela Ciência, na
linguagem lógica/racional. A medicina de Pretos-velhos, por
exemplo, é complementar à do médico com formação
universitária, e vice-versa: ambas dialogam, não se excluem.

Simplicidade A construção de templos, a realização de festas e outros devem


visar à gratidão, ao entrelaçamento de ideais, ao conforto e ao
bem-estar, e não à ostentação pseudorreligiosa, à vaidade dos
médiuns e dos dirigentes espirituais. Mestre Jesus, que vem na
linha de Oxalá, simbolicamente nasceu em uma gruta e, posto em

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uma manjedoura, fez do ambiente um local de grande


celebração, envolvendo pastores e reis magos.

Leitura e Para vivenciar a espiritualidade umbandista de maneira plena, é


compreensão do preciso distinguir a letra e o espírito, no tocante, por exemplo aos
simbólico mitos e às lendas dos Orixás, aos pontos cantados e riscados, etc.
Quando se desconsidera esse aspecto, existe a tendência de se
desvalorizar o diálogo ecumênico e inter-religioso, assim como a
vivência pessoal da fé. O simbólico é um grande instrumento para
a reforma íntima, o auto-aperfeiçoamento, a evolução.

Cooperativismo Em uma comunidade, cada individualidade faz a diferença. Por


essa razão, o cooperativismo não é vivenciado apenas em
trabalhos que envolvam atividade física, mas também por
exemplo, na manutenção de padrão vibratório adequado ao
ambiente e aos cuidados com a língua e a palavra, de modo a não
prejudicar ninguém.

Liderança e não Em um terreiro, todos são líderes, cada qual em sua área de
autoritarismo atuação, do irmão mais novo na casa até o dirigente espiritual.
Essa liderança deve ser exercida amorosamente, a exemplo do
Mestre Jesus, o qual lavou os pés dos apóstolos.

Exercício do livre- A Umbanda não ensina a entrega do poder pessoal, da


arbítrio consciência e do livre-arbítrio nas mãos dos Orixás, dos guias e
Entidades ou dos dirigentes espirituais. A caminhada espiritual-
evolutiva é única, pessoal e intransferível.

Missão da Umbanda

“Observamos na Umbanda praticada nesse Brasil-continente grandes magos, supremos


sacerdotes dos mistérios, regentes dos tronos, pai ou mãe donos dos orixás. E assim,
este caboclo atlante enfeixado na vibratória de Ogum olha para o fundo do terreiro e
enxerga lá, sentadinho e agachado num cantinho discreto, um preto (a) velho (a)
iluminado que nunca encarnou na Terra dos homens, espírito transmigrado de Sirius,
como tantos outros humildemente escondidos atrás de uma aparência frágil de negro
curvado, adotando mais um nome simbólico de João, Benedito, Tomé, Guiné, Maria
Conga, Catarina, Benta..., que os colocam como mais um tio, vovô, tia ou vovó,
despersonalizando-os e liberando-os da escravidão do ego inferior. Esse discreto
espírito que se molda na forma de um pai velho derrama lágrimas geradas do amor que
sente pela Divina Luz e pelos descaminhos atávicos dos homens que se envaidecem no
pequeno planeta azul.

Nesse momento pensamentos comuns se fixam fazendo-nos refletir em uníssono:


 Umbanda não é grandiosidade de magos, é diminuição de vaidades frente às
equânimes leis evolutivas;
 Umbanda não é mistério, é simplicidade;

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 Umbanda não tem magno trono, tem toco de preto velho;


 Umbanda não tem cetro de poder, tem o balanço do caboclo;
 Umbanda não dá curso pago, ensina gratuitamente os segredos;
 Umbanda não tem pastor de rebanhos, conduz à auto-iniciação resgatando a
criança divina interna de cada um;
 Umbanda não tem insígnia sacerdotal que exalta, sim vontade de servir o
próximo que iguala;
 Umbanda é caridade e não mata pelo orixá, ela vivifica os seres na vibração de
exu guardião;
 Umbanda só tem um maioral, Jesus, o Mestre dos mestres, que se igualou aos
excluídos dos templos e religiões de outrora.

As lideranças da umbanda devem aprender a ouvir as muitas vozes de Aruanda que


expressam sua diversidade, sabendo interpretar a dinâmica de seu movimento,
canalizando-o para a convergência que unifica. As diferenças de ritos e formas não
devem separar e excluir, e sim aglutinar e incluir. Sua força sonora, unificadora, vem de
baixo para cima, de todos os aparelhos e terreiros para os líderes, por meio de centenas
de milhares de espíritos que se comunicam pela voz do canal da mediunidade, e que
labutam pela caridade. Ao contrário, serão poucas vozes para muitos ouvidos - do cume
para o sopé da montanha -, tentando dominar, impor rituais, liturgias ou doutrinas,
gerando a divisão separatista em vez do respeito às diferenças, que os unem.

A umbanda dá oportunidade a todos para auxiliarem na caridade e também para


evoluírem, assim como permite que todas as raças, indistintamente, labutem em seus
templos, seguindo um compromisso recíproco que refulge sobre as frontes movidas
pelo sentimento amoroso de amparo ao próximo. A umbanda fica acima das
temporalidades que separa, a favor da perenidade espiritual que nos liga à grande
fraternidade universal movida pela maior das religiões: o amor.

Essa religião não terá codificação ortodoxa. Cada vez mais terá verdades consagradas,
amplamente praticadas à luz da razão e do bom-senso, verdadeiros códigos de amor
fundamentados em uma ética universalista, coletiva e convergente. Não existe uma
única verdade, e a diversidade umbandista por enquanto não consegue interiorizar nos
corações iludidos, em toda a plenitude de sua psicologia convergente, a unidade do
amor que não separa, e sim une nas diferenças.

Faz-se sumamente importante o movimento de convergência, amainando as


personalidades e suas ilusões transitórias, mesmo que muitas consciências não sintam
a inexorabilidade dessa vibração cósmica, em uma repetição atávica de
comportamentos do espírito, como condenaram os que defendiam a translação da Terra
no passado. As verdades universais não se apressam; requerem o tempo necessário no
plano da matéria para ser percebidas plenamente, e a quantidade de encarnações do
espírito será proporcional a essa compreensão.

A influência das práticas mágicas populares, tão arraigadas na relação com o "divino", é
atrito que imanta espíritos encarnados com o Astral, enredando-os em novelos de difícil
solução, diante do total descaso com as leis universais de causa e efeito. Trata-se do
magismo potencializado no aspecto negativo, em proveito próprio, contra o

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merecimento do próximo. Vale a vontade de quem aluga a força mental do "grande"


mago, a mão regiamente paga que segura a faca afiada habilmente ceifadora da vida,
imprimindo um corte fatídico no animal ofertado; é o sacerdote quem derrama o sangue
quente totalmente desrespeitoso diante do livre-arbítrio do irmão ao lado, e aos
verdadeiros orixás.

Em uma recorrência cósmica e temporal da terceira dimensão, muitos dos que vieram
para a Terra há milhares de anos, ficando alojados nos planos densos da subcrosta
umbralina, agora novamente irão para outro orbe mais atrasado, pois as faixas
vibratórias do planeta estão se alterando irremediavelmente, e isso denota a força da
natureza em transformação.

Quanto aos repetentes costumeiros da escola primária terrícola, as hostes espirituais da


umbanda intercedem nas sombras, clareando os charcos trevosos, fazendo ressoar as
trombetas de Ogum, que sinalizam a nova era que vibra no início do terceiro milênio,
após o advento do Cristo-Jesus. Haverá, irremediavelmente, remoções de comunidades
umbralinas para outros orbes, assim como outras chegam, mantendo equilibrados os
ciclos e ritmos cósmicos, particularizados na aura planetária de cada astro por sua
frequência eletromagnética específica.

O crescimento da umbanda, o processo de inclusão social do culto nascente, na


coletividade urbanizada após o período colonial, é movido por refinada psicologia do
Astral superior. Oportuniza indispensável refrigério para almas desafetas desde idos
remotos - dominados e dominadores, escravos torturados e senhores despóticos -,
equilibrando a balança da justiça cósmica, que determina o ciclo carnal como abençoado
desbaste das inferioridades espirituais. O que aos vossos olhos parece desventura, é
justa experiência retificadora para espíritos rebeldes que extrapolam as estreitas portas
das religiões terrenas; são retalhos que estão vagarosamente sendo costurados na
colcha que religará os espíritos com o Eterno.

A compreensão da origem cósmica da umbanda, de seu esoterismo e gênese,


fortalecerá a convergência de todas as doutrinas na Terra, expressadas nas escolas
orientais e ocidentais. Mudam os nomes, permanecem por ora os preconceitos, mas a
essência divina é uma só, independentemente de como os homens a denominam em
sua estreita religiosidade. Tudo se transforma no Cosmo, e nada é definitivo. Cada vez
mais os rituais externos voltam-se para o interno. Por sua vez, os filhos da fé
umbandista, interiorizando-se, descobrem aos poucos o Deus vivo dentro de cada um,
levando-os inexoravelmente a concluir que Ele em tudo está e tudo é. Esse estado de
consciência, de todos no Um e um no Todo, acalma as consciências, fazendo-as concluir
que só de mãos dadas, cultivando o amor, é possível se libertarem da prisão das
reencarnações sucessivas.

Ao mesmo tempo, do Alto, provindo do triângulo fluídico que sustenta a umbanda –


formas astrais de pretos velhos, caboclos e crianças -, condensam-se os sete raios
cósmicos, ditos orixás, aspectos do Incriado, espargindo suas vibrações divinas sobre
todos os terreiros, manifestando-se nos médiuns por intermédio dessas entidades
estruturais e, ininterruptamente, abrigando no plano oculto todas as formas utilizadas
pelos espíritos para se manifestarem no meio denso. Os orixás propiciam a manifestação

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do Incriado nos planos concretos das formas, interpenetrando e se fazendo sentir por
meio dos corpos sutis e chacras dos terrícolas, condição indispensável à evolução da
coletividade espiritual retida no Planeta Azul.

É missão da umbanda ser instrumento de iluminação e despertar o Cristo interno,


mostrando que a potencialidade para encontrar o caminho e a verdade do espírito
imortal está dentro de cada um de seus filhos de fé. Não se mostra como o único
caminho, ou mais um tratado doutrinário definitivo; serve sim como mediadora na Terra
para auxiliar os que buscam a união com o Divino.

(...) Umbanda, Luz Divina, constante e ininterrupta evolução!”4

1.7 Santuário Nacional de Umbanda


“Fundado e administrado por Pai Ronaldo Linares, o Santuário Nacional de Umbanda é
uma reserva ecológica mantida pela Federação Umbandista do Grande ABC, com vistas
a oferecer local apropriado para a prática dos rituais umbandistas.

Com 645.000 m2 de mata nativa recuperada, possui diversos lotes que podem ser
utilizados por terreiros (alguns o fazem de modo permanente), loja de artigos religiosos,
espaço para oferendas de Umbanda e Candomblé (não é permitido o corte no
Santuário), cantina, banheiros, cachoeira e outros. ”

1.8 Faculdade de Teologia de Umbanda


“A Faculdade de Teologia de Umbanda, localizada na capital de São Paulo, oferece o
curso de Bacharelado em Teologia, com 3350 horas de atividades, com duração mínima
de quatro e máxima de sete anos. Oferece também cursos de extensão e coordena uma
farta produção acadêmica e cultural.

Dentre as várias disciplinas, destacam-se: Botânica Umbandista, Biologia Geral e


Espiritual, Biologia Humana e Umbandista e Teologia VII (Umbanda – meio e fim para a
paz mundial; Restauração da Tradição do Saber; Convergência planetária; Diálogo
interdisciplinar).

Não se deve, porém, confundir o Bacharelado em Teologia com a função de sacerdote.


Nas palavras do fundador e primeiro diretor da Faculdade de Teologia de Umbanda, Pai
Rivas Neto (Arhapiagha):

“(…) Grassando que todas as Escolas umbandistas têm a mesma importância, tomamos
para nós a tarefa de fundarmos uma instituição de Ensino Superior regulamentada pelo
Ministério da Educação (MEC). Assim, fundamos em 2004 a primeira Faculdade de
Teologia do mundo com ênfase nas Religiões afro-brasileiras ou Umbanda, cuja missão
é formar teólogos umbandistas ou das religiões afro-brasileiras. O MEC permite que as
faculdades de teologia formem sacerdotes, mas entendemos que, pela tradição, o

4
PEIXOTO, Norberto. A missão da Umbanda. Inspirada pelo espírito Ramatís. Editora conhecimento, 2006.
Disponível em: https://cabocloventania.weebly.com/uploads/2/9/9/5/2995803/a_misso_da_umbanda_-
_ramatis.pdf

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sacerdote deve ser formado no templo, tendo uma vivência mínima que varia de sete a
dezesseis anos, por isso são formamos sacerdotes na FTU, mas teólogos”.
1.9 Movimento Político e Segmentos Umbandistas,
“Importantes para firmar a Umbanda no cenário nacional, discutir aspectos
organizacionais (como as federações), religiosos, ritualísticos e outros, ocorreram em
1941, 1961 e 1973 (Rio de Janeiro – RJ). Houve outros congressos nacionais, inclusive
com a participação efetiva, temática, etc. de outras religiões de matriz africana, como
as cinco edições do Congresso Brasileiro de Umbanda do Século XXI (2008, 2009, 2010,
2011, 2012), organizadas pela Faculdade de Teologia Umbandista (São Paulo – SP), que
os agregou às duas edições do Congresso Internacional de Religiões Afro-brasileiras
(2011 e 2012) - nomeado Congresso Internacional das Religiões Afro-americanas na
edição de 2011. Em 2014 ocorreu em São Paulo o Congresso Nacional de Umbanda pela
Renovação.”5

O Movimento Político Umbandista (MPU) agrega umbandistas, candomblecistas e


praticantes de outras religiões de matriz africana, com o intuito de melhorar a
visibilidade dessas religiões e dá-las maior representatividade político-eletiva. Para
tanto, redigiu-se a Carta Magna de Umbanda, que, em 2013, foi bastante discutida em
fóruns em diversos pontos do país e pelas redes sociais e outros meios eletrônicos, com
sugestões e aprimoramentos. O MPU lançou, ainda em 2013, as bases para o Congresso
Nacional de Umbanda pela Renovação, ocorrido em novembro de 2014. Seu principal
líder é Pai Ortiz Belo.

1.10 Hino à Umbanda, Bandeira da Umbanda e Dia Nacional da Umbanda


O Hino da Umbanda, cantado em quase todas as casas (no início ou no final das giras,
bem como em ocasiões especiais), foi composto por José Manuel Alves, que, vindo de
São Paulo em 1960, procurou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, em Niterói, vindo de
São Paulo, desejoso de ser curado da cegueira (o que não aconteceu, em virtude de
compromissos cármicos de José Manuel).

Tempos depois, José Manuel tornou a procurar o Caboclo das Sete Encruzilhadas e lhe
apresentou uma canção em homenagem à Umbanda, tomada pelo Caboclo como Hino
da Umbanda. Em 1961, o Hino foi oficializado no 2º. Congresso de Umbanda.

A letra:
Refletiu a Luz Divina
Com todo seu esplendor
É do reino de Oxalá
Onde há paz e amor
Luz que refletiu na terra
Luz que refletiu no mar
Luz que veio de Aruanda
Para tudo iluminar
A Umbanda é paz e amor
É um mundo cheio de Luz

5
BARBOSA JÚNIOR, Ademir. O livro essencial de Umbanda. São Paulo: Universo dos Livros, 2014.

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É a força que nos dá vida


E à grandeza que nos conduz.
Avante, filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá.

Dia Nacional da Umbanda

No dia 16 de maio de 2012 foi instituído pela presidenta Dilma Rousseff o dia Nacional
da Umbanda (Lei 12.644). O projeto original é do deputado federal Carlos Santana (PL
5.687/2005). A data celebra as comunicações do Caboclo das Sete Encruzilhadas, por
meio de Zélio Fernandino de Moraes, naquela sessão espírita em que o referido Caboclo
anunciou sua missão. Mesmo antes da instituição da lei federal, diversas cidades
brasileiras, amparadas por leis municipais, já comemoravam oficialmente a data.

A Bandeira

Saul de Medeiros (Saul de Ogum), presidente da Associação de Umbanda de Caxias do


Sul, idealizou uma bandeira que, no dia 1º. de junho de 2008, teve seu lançamento oficial
no Teatro Municipal Dr. Paulo Machado de Carvalho. Nas palavras de Pai Saul, a imagem
da bandeira representa “A imagem de um lindo sol radiante e, de seu núcleo, sai uma
figura que, no primeiro instante, parece a de um enorme pombo branco, mas, olhando
com mais atenção, a forma se modifica, deixando transparecer um espectro humano
angelical com enormes asas, voando como se se dirigisse a um destino, determinado a
realizar uma missão”. Pretende-se que a bandeira seja reconhecida por todos os
umbandistas.

1.11 O que não é Umbanda?

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Unidade 2 – Filosofia Umbandista

Introdução

Compreender a Razão da dor – função primordial da religião

“A dor e o sofrimento, no plano físico e no campo moral, ou em qualquer situação da vida


humana, são sempre benéficos. É um processo de disciplina espiritual rearticulando o ser para
transitar no caminho certo, medida retificadora, que orienta, compulsoriamente, o homem
animalizado para o norte angélico! Usais o ácido para limpar vidraças, a lixa para polir a madeira,
o fogo abrasador par tornar o aço mais resistente. O cascalho bruto extraído das rochas, depois
de submetido a disciplinado processo de polimento, ou espécie de “sofrimento mineral”,
transforma-se e fascinante pedra preciosa. Dessa operação coerciva, cáustica e rude resulta o
aperfeiçoamento que engrandece o valor intrínseco das coisas. (...) A dor desbasta a alma e
ainda reduz-lhe as manifestações imprudentes, reajustando o ser à harmonia com a Vida
Superior! O leito de sofrimento também cria a oportunidade da oração e da meditação, tão
desprezadas na vida cotidiana; a catástrofe econômica cerceia os vôos insensatos da fascinação
material; os embates emotivos e os choques morais conduzem o espírito em busca de lenitivos
nas fontes espirituais. (...) As dores e atribulações são elementos purificadores e inerentes ás
reencarnações nos mundos físicos, objetivando o desabrochar da consciência espiritual do
homem.”6

Teologia de Umbanda

“(...) a Teologia não se restringe a entender a divindade, mas sim a explicar cada religião. (...) a
Teologia descende da filosofia, logo lhe dá a liberdade de pensar, pois este é o principal objetivo
da filosofia, o pensar. Porém a teologia é um campo da filosofia que nos remete a pensar em
alguns fatos diferentes, em algumas questões diferentes, a teologia se propõe a refletir sobre
questões como, de onde vim? Para onde vou? Quem sou? Quem criou o universo? Qual o
sentido do universo?

(...) Tentando responder as questões na visão religiosa, (...) há pouco tempo tivemos acesso e a
abertura da Teologia de Umbanda. Nossa religião é doutrinada e regida pela espiritualidade,
logo eles quem nos passam a teologia de umbanda.

Nas missas católicas, durante seu decorrer os padres citam a teologia, falam sobre as crenças e
os dogmas católicos, nos cultos evangélicos, o pastor faz citações as escrituras sagradas e dá sua
interpretação, como a sua igreja vê a criação do universo, do homem, sua ética, ou seja, os
membros de todas as religiões em algum tempo frequentando a religião, automaticamente já
conhecem sua teologia.

A proposta da umbanda é mais voltada ao pronto-socorro, onde em nossas giras, as pessoas


vêm até nossas casas, quando os médiuns incorporam seus guias e mentores para ajudar, curar
e espalhar a caridade, porém não temos tempo para contar ou “pregar” quais são as crenças
umbandistas como a umbanda enxerga a criação do universo, a criação do homem, o que é o

6
MAES, Hercílio. Magia de Redenção, pelo espírito Ramatís. Limeira: Editora do Conhecimento, 2006.

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Orixá, o que são linhas de trabalho, enfim, a umbanda é uma religião altamente fundamentada
e embasada, mas nos falta oportunidades de fazer os umbandistas conhecerem a fundo sua
própria religião.”7

Peculiaridades e Observações da Teologia Umbandista

a. conhecimento prático parte 1: “um pai de santo que apenas lhe ensinara o que sabe sobre a
umbanda se você fosse um filho espiritual dele”. Teologia só se faz quem é da religião, quem
está dentro dela, formando seu conhecimento, qualquer outro estudo sobre religião feito por
filósofo, antropólogo, cientista político, é simplesmente um estudo de certa forma acadêmico,
mas não é a teologia.

b. conhecimento prático parte 2: “o guia saber tudo que faz e que fala, logo, muitos médiuns
entendem que não necessitam ter conhecimento para trabalhar” Se o médium tiver uma boa
mediunidade vai sim deixar um canal livre para que o guia passe conhecimentos que o médium
não tem, isso é um fato, porém vou lançar uma ideia. Como o médium de umbanda pode dizer
que ama sua religião, que acredita nela, que realmente é sua religião se ele não souber nada
sobre a sua própria religião? (...) não é coerente se entregar a uma crença, a uma prática sem
conhecer, sem saber em que está entrando.8

2.1 Filosofia Umbandista

2.2 Holismo,

2.3 Integração com o Meio ambiente,

2.4 Ecumenismo, respeito e tolerância,

2.5 Valorização da Vida e da vivência/experiência pessoal,

2.6 Fé e cotidiano – Concretude da Fé

Deus está em Tudo

“Os diferentes níveis vibratórios do Cosmo fazem com que no plano físico – o mais
grosseiro e lento - a percepção do Absoluto fique obnubilada e restrita, qual janela embaçada
em noite densa de neblina. A manifestação do Pai está em tudo que possais imaginar, embora
em essência seja imanifesta, confundindo-vos pela estreiteza das percepções do vosso corpo
carnal.

A diversidade de fenômenos que integram a vida em suas múltiplas formas não


representa, numa primeira e precipitada análise, a intervenção direta do Absoluto em tudo. É
impossível separá-Lo como se fosse um compartimento estanque. Na verdade, a mesma
Consciência Cósmica em tudo está, sendo que, realidade que fundamenta cada faixa vibracional
permanece inalterada em todos os seus aspectos separada desse Todo, mas a realidade que a
origina está em tudo no Universo, mesmo nas nuanças mais sutis.

(...) Quando uma parte de se desprende do um Todo Perfeito, essa parcela solta mantém
as potencialidades da Perfeição. O espírito tende ao movimento ascensional estabelecido pelas

7
CAMPOS, Felipe. Umbanda: A religião dos mistérios espirituais. E-book kindle.
8
CAMPOS, Felipe. Umbanda: A religião dos mistérios espirituais. E-book Kindle.

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leis regulativas do Criador, que regem a harmonia cósmica e sua relação de causalidade nas
variadas configurações de relacionamento do princípio espiritual com o meio que o cerca, do
protozoário ao homem mais intelectualizado, e daí chegará um dia até o cidadão universal,
espírito livre da forma atuando na imensidão do todo que é o Cosmo.”i

Encontrando Deus

2.7 Fé e ciência – Estudo,

2.1 Simplicidade, colaboração e liderança

Unidade 3 – Teologia de Umbanda

1. Teologia de Umbanda

Teologia é o conjunto de princípios de uma religião. Constitui uma Ciência que se ocupa de Deus,
sua natureza, seus atributos e suas relações com o homem e com o universo.

“A Umbanda é uma religião monoteísta e o Ser Supremo é conhecido, reverenciado e amado


pelos nomes de Olorum ou Zambi.

(...) No que tange à origem e à razão da existência humana, a Umbanda admite que um desígnio
superior determina a evolução do planeta nos vários reinos: mineral, vegetal, animal e hominal
– este último coroa no planeta Terra a Obra do Criador. A Umbanda utiliza os vários reinos da
natureza para o seu ritual e tudo isso em favor do ser humano, no qual procura, acima de tudo,
despertar anseios de espiritualidade e desta forma, conduzi-lo ao conhecimento de si mesmo.9

2. Monoteísmo

“A Umbanda acredita no ser Divino (Deus) único, onipotente, onisciente, onipresente, como
organizador do universo como conhecemos. Sendo o Ele o único que conhece o arcano (segredo)
da origem de tudo que existe. Este Deus está longe da figura apresentada na bíblia, onde lá,
demonstra características tipicamente humanas como ódio, ira, dúvidas e preconceitos.
Acreditamos que Deus é a própria essência do amor e da sabedoria.

“Como auxiliares de Deus, estão os Orixás, que são os idealizadores e controladores das
vontades divinas. Ao contrário do que se prega por aí através de lendas, nenhum Orixá teve ou
terá uma encarnação. São seres que estão muito acima desta necessidade, pois a encarnação
visa buscar o aprimoramento espiritual, e estas entidades estão muito acima destas
necessidades.”10

“Orixá é uma força divina, supercósmica, que atua incessantemente em todos os planos (físico,
astral, consciencial e espiritual) do universo, conhecido ou não, dentro e fora da estreiteza da
mente do homem”11.

9
OMOLUBÁ. Magia de Umbanda: Instrução Religiosa. São Paulo: Cristális Editora e Livraria, 2002. P. 14.
10
Templo Senhor Mata Virgem. Fundamentos Básicos de Umbanda, 2008.
11
OMOLUBÁ. Magia de Umbanda: Instrução Religiosa. São Paulo: Cristális Editora e Livraria, 2002. P 18.

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“Assim como os Orixás estão vinculados à natureza, na Umbanda, Deus se manifesta nas sete
vibrações: o éter, a água, o ar, o vegetal, o fogo, o mineral e a terra. Os orixás representam as
vibrações da Criação do Ser Supremo

1° Linha da espiritualidade / Vibração do éter – representada por Oxalá que é o grande elo
entre nós encarnados e o Pai C elestial.

2º Linha da vida / Vibração da água – representada por Yemanjá

3° Linha da ordenação / Vibração do ar – representada por Ogum

4º Linha do conhecimento / Vibração do reino vegetal – representada por Oxossi

5º Linha do equilíbrio / Vibração do fogo – representada por Xangô

6° Linha do amor / Vibração mineral – representada por Yori (crianças)

7º Linha da sabedoria (evolução) / Vibração da terra – representada por Yorima”12

3. Deus e suas Hierarquias

“O conceito de Deus por exemplo, sempre foi deturpado em diversas religiões, dando uma ideia
mística, antropomórfica ou material da divindade. O Espiritismo inaugurou uma era cósmica,
trazendo o conhecimento de Deus como sendo a causa primaria de todas as coisas – conforme
se encontra estabelecido em O Livro dos Espíritos na questão número um – expandindo o
conceito paternalista de Deus e dando sentido lógico à origem de todas as coisas. Deus deixou
de ser um demiurgo, uma divindade pessoal, para ser apresentado como Consciência Cósmica,
cuja essência está presente em todas as dimensões do Universo, presidindo à formação e à
manutenção de toda a criação, de todos os seres, visíveis e invisíveis. Deus é a causa causal de
todas as coisas.
Seguindo a lógica insuperável da ideia da existência de Deus, a Doutrina estabelece como
consequência natural dessa existência a imortalidade da alma, ponto fundamental de toda a
vida universal. É consequência social da imortalidade a lei da reencarnação ou dos
renascimentos sucessivos – forma de evolução que por sinal, é outro princípio fundamental do
Espiritismo, o qual vem a ser confirmado pela ciência”.13

“Deus é o Supremo Centro Vibratório de Consciência operante esse Centro de Poder Supremo
não está localizado nesta via de evolução cármica inerente à roda das encarnações, isto é, neste
‘modus operandi’ próprio das galáxias, via-lácteas, sistemas planetários ou corpos celestes,
inclusive o planta Terra.

Com isso, podemos inferir diretamente da existência de outra via de ascensão ou de evolução:
O Reino Virginal, o qual é citado veladamente em vários textos sagrados, ou pela tradição oculta,
também chamada Cabala.

Esse Reino Virginal, essa outra via de ascensão, independe de energia ou de matéria, sob
qualquer forma. Lá só existem mesmo os seres espirituais, em sua pura condição de espíritos,

12
Site: http://clinicadoespirito.wordpress.com/as-sete-vibracoes-da-umbanda/
13
PINHEIRO, Robson. Tambores de Angola, pelo espírito Ângelo Inácio. Casa dos Espíritos Editora.

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sem veículos corpóreos ou etéricos de espécie alguma, porque a natureza cósmica ali é neutra,
é pura (...).

Apenas toda essa natureza neutra, esse puro espaço cósmico está habitado, digamos assim,
pelas infinitas legiões de espíritos virginais, esses que não caíram, não desceram às também
infinitas regiõs do espaço cósmico que está cheio de energia chamada universal, essa que era
matéria ou dá formação aos elementos etéreos ou gasosos, líquidos e sólidos, enfim, a tudo
aquilo que forma a natureza física propriamente dita.

(...) Deus vontade Operante, está presente, sim, através de sua Onipresença, de sua Onisciência,
de sua Suprema que são Seus atributos externos, q2ue se podem expandir, interpenetrar tudo,
operar ou manipular a própria substância da natureza pela Ação de Sua Vontade sobre o fluido
mágico universal (que é uma espécie de energia que movimenta todas as energias ou pranas do
universo), e ainda faz sentir Sua Suprema Vontade Diretora, por via das Hierarquias operantes,
inclusive a hierarquia Crística, e para isso Ele enviou um Seu Filho, isto é, um CRISTO chamado
JESUS, e lhe outorgou o comando do Planeta Terra.

(...) A Confraria dos Espíritos Ancestrais é constituída dos espíritos mais antigos e mais elevados
do Planeta Terra (...) condutores de raças os grandes magos, os célebres taumaturgos, os
grandes profetas, s maiores gênios da Filosofia, da Ciência, bem como os grandes predestinados
ou reformadores e condutores de correntes religiosas, iniciática, espíritas, esotéricas, todos
dentro de suas respectivas funções e graus correspondentes.

(...) A Confraria dos Espíritos Ancestrais está afeta à execução direta do Governo Oculto do
Mundo, através de seus departamentos especializados, que se ocupam, cada um, de um país ou
das sub-raças que formam, por sua vez, o povo de cada região (...) sob a chefia do Cristo
Planetário, ou seja, sob o comando direto de Jesus.”14

4. Orixás e a hierarquia divina

“Os Sagrados Orixás não são deuses em si (“deuses: plural de Deus” – “Deus: Ente infinito e
existente por si mesmo; a causa necessária e fim último de tudo que existe”), mas sim, toda uma
egrégora possuidora de consciência e hierarquia de elevado grau de espiritualidade, luz e
pureza, propiciando a manifestação da vida em todos os sentidos. Não existe um deus Orixá.
Exemplo: Não existe um deus Ogum, mas simplesmente uma reserva energética sagrada, um
Poder Reinante Ogum do Divino Criador presente a atuante numa faixa material e espiritual
especifica, da Natureza. Dentro da faixa energética (egrégora) Ogum, comandada por um Anjo
Planetário, que por sua vez também é coordenado por um Arcanjo Planetário, perfazem um
trabalho com grupos de Espíritos humanos, filiados por afinidades fluídicas.
Não achamos correto denominar os Orixás de “deuses”, pois são mais umas das Hierarquias de
Deus, assim como toda a Sua criação. Classificamo-los como “Sagrados” (Sagrado vem do latim
“sacrare” – sagrado, consagrado, venerável, respeitável).
A Divindade Una é só Deus, pois Ele é a união de todas as Suas Hierarquias. O que conhecemos
no dia-a-dia, com atuações diretas, os Sagrados Orixás, não são deuses personalizados em si,
mas sim, Espíritos de alta envergadura espiritual, Anjos Planetários, voltados à lida terrena, que
criam e comandam as energias primárias da Natureza. Devemos diferenciar os Espíritos
superiores nominados por nós de Orixás, poderes dirigentes e emanadores das forças da

14
MATTA e SILVA W. W. da. Umbanda e o poder da Mediunidade. São Paulo: Ícone Editora, 2011. pp.79-
88.

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Natureza, com a força elemental agreste da Natureza em si. Os campos de ação das Corporações
Orixás são bastante abrangentes, pois vão desde os arquétipos até as formas concretas. De certo
ângulo, os Corporações Orixás representam a “consciência do corpo etérico” do Logos
Planetário. Toda a circulação de energia, material ou espiritual, no Planeta Terra, é efetuada e
assistida pelas egrégoras denominadas de: Corporações Orixás. ”15

“A Umbanda é uma religião lindíssima, e de grande fundamento, baseada no culto aos Orixás e
seus servidores: Crianças, Caboclos, Preto-velhos e Exus. Estes grupos de espíritos estão na
Umbanda "organizados" em linhas: Caboclos, preto-velhos, Crianças e Exus. Cada uma delas com
funções, características e formas de trabalhar bem específicas, mas todas subordinadas as forças
da natureza que os regem, os ORIXÁS.
Especificamente, na Umbanda, vemos através das Sete Linhas, vários Orixás hierarquizados.
Existem vários níveis na hierarquia dos Orixás. Começando pelos mais altos espíritos, que estão
próximos do Criador, até os Orixás Menores ou Planetários (aqueles que são ligados e
responsáveis por cada orbe, pela sua evolução).”16
Abaixo destes Orixás, estão os chefes de legiões e suas hierarquias, Estes espíritos "chefes" usam
as três roupagens básicas: Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças. Outras entidades tais como:
baianos, boiadeiros, marinheiros, etc., são espíritos que compõe as sub-linhas afeitas e
subordinadas às sete linhas e aos chefes de legiões. Alguns caboclos, crianças ou pretos-velhos,
às vezes, usam algumas destas roupagens para determinados trabalhos ou missões. Como em
nosso Universo (Astral) as manifestações se dividem em duas e manifestam-se como pares:
positivonegativo, ativo-passivo, masculino-feminino, etc.
A Umbanda, que é paralela ativa, tem como par passivo a Kimbanda (não confundir com a
kiumbanda, que é a manifestação das trevas). A Kimbanda, que é a força paralela passiva da
Umbanda, força equilibradora da Umbanda. A Kimbanda - São os Sete Planos Opostos da Lei, é
o conjunto oposto da Lei. Quando falamos em "oposto" à Lei, não queremos dizer aquilo que
está em desacordo à Lei, mas a maneira oposta de como a Lei é aplicada. Na Kimbanda que os
Exus se manifestam, a Kimbanda, portanto é o "reino" dos Exus. Os Exus são os "mensageiros"
dos Orixás aqui na Terra. Através deles, os Orixás podem se manifestar nas trevas. Então, para
cada chefe de falange, sub-chefe, etc., na Umbanda, temos uma entidade correspondente (ou
par) na Kimbanda.
Os exus são considerados como "policiais” que agem pela Lei, no submundo do "crime"
organizado. As "equipes" de Exus sempre estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela.
Passam a maior parte do tempo nela, mas, não fazem parte dela. Devido a esta característica,
os Exus, são confundidos com os kiumbas. Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente
dizem que eles são de lá. “17

5. Atributos da divindade

15
JURUÁ, Padrinho. Coletânea Umbanda: a manifestação do Espírito para a Caridade, O que é Umbanda
III. São Caetano do Sul: Fundação Biblioteca Nacional, 2013.
16
Sociedade Espiritualista Mata Virgem. Curso de Umbanda. Disponível em: https://renatopaulo-
cultura.webnode.com.br/news/curso-completo-de-umbanda-da-sociedade-espiritualista-mata-virgem/
17
Sociedade Espiritualista Mata Virgem. Curso de Umbanda. Disponível em: https://renatopaulo-
cultura.webnode.com.br/news/curso-completo-de-umbanda-da-sociedade-espiritualista-mata-virgem/

22
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“Pai magnânimo que contempla todos os seus filhos com igual enternecimento, revelando-lhes
todas as faltas, procurando estimular por meio dos Orixás e de uma plêiade de Mestres,
verdadeiras encarnações divinas, o exercício das Leis imutáveis por Ele criadas: Reencarnação,
Carma e Evolução. ”

Não é pessoal, nem impessoal, pois está além de ambos, mas chamamos de Pai para expressar
o anseio torturante e insondável da busca de proteção de paternidade óbvia que envolve todos
os seres desde a fecundação até o paroxismo do que será.

Não tem forma, mas um grão de areia, uma gota d’agua, uma constelação de estrelas, a via
Láctea, recorda-nos Sua presença. Inominável – mas é conhecido por vários nomes que se
pronunciam com devoção, respeito e exaltação.” 18

“Só OLORUN é a Realidade. (...) Ele tudo sabe. Ele tudo é.

OLORUN, O Supremo Deus, se expressa através de três aspectos: Energia, Vida e Consciência.

Energia – Corresponde a Poder, Atividade, Vigor, Firmeza e tantas outras modalidades que se
encontram manifestas, latentes ou expressivamente em tudo quanto existe.

Vida – A Vida tem sua origem na grande fonte cósmica que, por sua vez, se faz representar pela
manutenção dos corpos vivos desde o mineral ao reino animal. A existência é um ato de amor.

Consciência – É a mente perceptiva, voz interna que clama no reino dos homens, procurando
ajustá-los à realidade una. Culmina na ascensão dos espíritos diletos para o regaço do Criador.”
19

“Todo poder criador que representa força, forma e vida do Um – OLORUM. O Um se desdobra
da díada ou nos seus dois aspectos: positivo e negativo, masculino e feminino, que se unem para
produzir o terceiro aspecto ou tríplice manifestação de OLORUN: Energia, Vida e Consciência.”
20

“(...) há duas grandes ordens, a saber: a. missionários do bem; b. missionários do mal.”

Nota: Deus atua tanto na criação como na destruição. Essa dualidade está em todo o sistema
cosmogônico, refletindo nas áreas ou linhas de trabalho na Umbanda. Na criação, as entidades
e orixás da direita e na destruição, as entidades da esquerda – exú e pombagira. Contudo, como
manifestação da Vontade Divina, ambas as linhas trabalham para o bem, para a evolução nos
três aspectos: Energia, Vida e Consciência. Observe as questões 727 e 729 de O Livro dos
Espíritos:

728. A destruição é uma lei da Natureza?

– E necessário que tudo se destrua para renascer e se regenerar porque isso a que

chamais destruição não é mais que transformação, cujo objetivo é a renovação e o

melhoramento dos seres vivos.

18
OMOLUBÁ. Fundamentos de umbanda: revelação religiosa. São Paulo: Cristális Editora e Livraria,
2004. p. 31-32.
19
OMOLUBÁ. Fundamentos de umbanda: revelação religiosa. São Paulo: Cristális Editora e Livraria,
2004. p. 33.
20
OMOLUBÁ. Fundamentos de umbanda: revelação religiosa. São Paulo: Cristális Editora e Livraria,
2004. P. 95

23
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729. Se a destruição é necessária para a regeneração dos seres, por que a Natureza

os cerca de meios de preservação e conservação?

— Para evitar a destruição antes do tempo necessário. Toda destruição antecipada entrava

o desenvolvimento do princípio inteligente. Foi por isso que Deus deu a cada ser a necessidade

de viver e de se reproduzir.BARBOSA JÚNIOR, Ademir. O Livro Essencial de Umbanda. São Paulo:

Universo dos Livros, 2014.

Unidade 4 – Orixás

Objetivo: Conhecer o significado de Orixás e como essa energias participam da vida individual
dos filhos de Umbanda e da ritualística como um todo.

Conteúdo:

• Orixás
• Sete linhas
• Linhas de trabalho

Introdução

“Orixá é uma força divina, supercósmica, que atua incessantemente em todos os planos (físico,
astral, consciencial e espiritual) do universo, conhecido ou não, dentro e fora da estreiteza da
mente do homem”.21

Na Umbanda “os Orixás são energias criativas divinas de alta voltagem sideral, impossíveis de
serem expressas e incorporadas pelo mediunismo de terreiro. Quem se manifesta pela mecânica
de incorporação são espíritos falangeiros dos Orixás, que trabalham agrupados por linha, que
por sua vez são agrupadas pela irradiação de cada Orixá.”22

1. Vibrações
“Vibrações são as manifestações de uma LEI em harmonia que afere o número, o peso, a
quantidade e a medida do Átomo aos turbilhões, emanadas em origem pelo sete seres de pura
luz espiritual, ou seja, os Sete espíritos de Deus23. São as exteriorizações do ABSOLUTO, não é
ele em si. (...) Os sete espíritos de Deus coordenam essas vibrações que regem movimento do
Cosmos para todos os sistemas planetários, ou seja, do original, o Universo Mater”24

1.1 Imanência

21
OMOLUBÁ. Magia de Umbanda: Instrução Religiosa. São Paulo: Cristális Editora e Livraria, 2002. P 18.
22
PEIXOTO, N. Iniciando na Umbanda: Psicologia dos Orixás e dos Cristais. Porto Alegre: Legião
Publicações, 2017. p.p. 26-27.
23
Os "sete espíritos de Deus" são mencionados em Apocalipse 1:4; 3:1; 4:5 e 5:6. Os sete espíritos de
Deus não são especificamente identificados, por isso é impossível ser dogmático. Apocalipse 1:4 menciona
que os sete espíritos estão diante do trono de Deus. Apocalipse 3:1 indica que Jesus Cristo "tem" os sete
espíritos de Deus. Apocalipse 4:5 relaciona esses sete espíritos com sete lâmpadas acesas que estão
00diante do Seu trono. Apocalipse 5:6 identifica os sete espíritos com os "sete olhos" do Cordeiro e afirma
que eles são "enviados por toda a terra."
24
SILVA, W. W. da Matta e. Umbanda de Todos Nós. (Mestre Yapacani). São Paulo, Icône, 2016. p. 64

24
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“Mas nós sabemos que a criação divina é simples porque Deus se repete e se multiplica o tempo
todo. Afinal a origem de uma pedra é a mesma de uma montanha. A de uma árvore é a mesma
de uma floresta. A de uma molécula de água é a mesma de um oceano, etc.

Sim, porque o mesmo magnetismo que ligou o hidrogênio e o oxigênio, dando origem a uma
molécula de água é responsável pela união de muitas delas, que deram origem aos oceanos.

A esse magnetismo nós damos o nome de ‘imanência divina’ ou ‘fator agregador’.

Deus tem duas formas: Uma é intensa e geradora, a outra é externa e imanente. Na sua
imanência Ele está em tudo o que existe, pois se um átomo é minúsculo, no entanto, é a
imanência divina que chamamos de “fator” agregador é que o faz ser como o é e o mantém em
equilíbrio, que só é rompido por uma força superior à sua. A mesma imanência divina que dá
forma e estabilidade a uma átomo dá forma e estabilidade ao nosso sistema solar, a uma
constelação, a uma galáxia, etc.

Essa imanência agrega, dá forma e estabiliza todas as coisas porque ela é agregadora. É
encontrada em nós, na própria forma do nosso corpo carnal ou espiritual. Mas, num nível
imaterial, nós a encontramos nas ideias, pois uma ideia só está completa se todos os seus
componentes forem se agregando e formando-a.

Fator agregador (imanência) atua por meio do fator ordenador que só permite que aconteçam
as ligações preestabelecidas como úteis, equilibradas e aceitas como parte de um todo maior.
O fator evolutivo ou transmutador cria condições ideais para que duas coisas diferentes, mas
afins, se liguem e deem origem a uma outra coisa, já composta e útil à vida. O fator evolutivo
permite a passagem de ume estado para outro.

1.2 Agregação, ordenação e evolução! Eis como a gênese acontece (...).25

Sabemos que há muitos outros aspectos ou fatores divinos que atuam na gênese das coisas.
Quando um atua, sempre ativa outros, porque para surgir algo novo, todo um anterior estado
das coisas tem de ser paralisado, desenergizado, desmagnetizado e desagregado, senão
deformará o que ali vier a ser criado. Os fatores de Deus atuam sobre nós o tempo todo, ora nos
estimulando, ora nos energizando ou nos paralisando porque estamos nos desarmonizando com
o divino Criador.

Então, temos fatores positivos e negativos, ativos e passivos, que absorvemos, internalizamos e
agregamos ao nosso magnetismo, que pouco a pouco vai se imantando, adquirindo um padrão
vibratório de acordo com a nossa natureza íntima.

Em alguns a natureza é aquática, em outros é ígnea, ou telúrica, etc. Esses fatores divinos estão
na origem de tudo, inclusive das hierarquias de Deus que são as divindades.26

As divindades geram energia fatorada porque absorvem direto de Deus imensas quantidades de
fatores divinos. Depois, os irradiam, também em grandes quantidades, mas já adaptados aos
seus padrões magnéticos, energéticos e vibratórios.

25
SARACENI, R. Orixás Ancestrais: A hereditariedade Divina dos Seres. Ditado pelo espírito Mestre da
Luz Seiman Hamisér Ye. São Paulo: Madras, 2017. p.p. 21-25.
26
SARACENI, R. Orixás Ancestrais: A hereditariedade Divina dos Seres. Ditado pelo espírito Mestre da
Luz Seiman Hamisér Ye. São Paulo: Madras, 2017. p. 27.

25
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Essas energias fatoradas se distinguem umas das outras e, se estamos evoluindo sob a irradiação
de uma divindade, então nossa natureza individual se imantará com o fator energético da nossa
divindade pessoal, com o passar do tempo, assumimos atitudes semelhantes à dela que é a
regente energizadora do nosso mental27.

1.3 Os tronos de Deus


As hierarquias divinas geradoras dos fatores que imantam essas qualidades divinas já em nosso
grau magnético planetário, nós identificamos coma hierarquia dos ‘Tronos de Deus’ que são 7:

 Trono da fé
 Trono do Amor
 Trono do Conhecimento
 Trono da Justiça
 Trono da Ordem
 Trono da Evolução
 Trono da Geração
Esses 7 tronos formam um colegiado ou uma regência onde estão assentados ao redor do Trono
Planetário, que é uma individualização do próprio divino Criador. Esse divino Trono Planetário
traz em si todas as qualidades de Deus já adaptadas ao nosso grau magnético dentro da escala
divina, e reproduz, em nível planetário, uma escala só sua, que por ser divina, formou o
magnetismo que desencadeou todo o processo de geração do nosso planeta Terra.

No princípio do surgimento deste nosso planeta, o poderoso magnetismo do Divino Trono


Planetário começou a gerar os fatores de Deus, e a atratividade era tanta que todas as energias
que entravam em seu campo vibracional foram sendo retidas e compactadas, criando um caos
energético semelhante a uma massa explosiva.

A hierarquia dos tronos inicia com os divinos tronos regentes do universo:

27
SARACENI, R. Orixás Ancestrais: A hereditariedade Divina dos Seres. Ditado pelo espírito Mestre da
Luz Seiman Hamisér Ye. São Paulo: Madras, 2017. p.p. 28.

26
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Deus

Trono regente dos universos

Trono regente das galáxias

Trono regente das constelações

Trono regente das estrelas

Trono regente dos planetas

Figura 1Tronos de Deus segundo Saraceni (2017)

Temos ainda as hierarquias dos tronos atemporais:

Trono das Energias


Trono do Tempo
Trono das Passagens
Trono da Vida
Trono da Renovação
Trono da Transformação
Trono Guardião
Figura 2Tronos Atemporais, segundo Saraceni (2017)

27
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1.4 Os pontos de força


“A natureza, para nós, umbandistas, é a ‘materialização’ sagrada dos Orixás no planeta. Assim,
localizamos nesses sítios vibracionais, dos reinos vegetal e mineral, os principais locais onde os
Orixás se fazem templos vivos construídos por Deus, no mar, na praia, no rio, na cachoeira, na
montanha, na pedreira e na mata.

 O mar é movimento constante, um eterno pulsar, que vibra nas marés e tem forte
influência do magnetismo lunar. Seu incessante vai e vem é o próprio batimento
cardíaco da vida, uma espécie de hemodiálise planetária, com sua expansão e
contração, cheia e vazante, eivada de correntes marítimas como se fosse a circulação
sanguínea vitalizadora de um órgão vivo, levando tudo o que é negativo,
transformando-o e devolvendo-o convertido em positivo. Seu próprio som expressa
essa possante e magnífica transformação.
 A praia tem praticamente a mesma composição do mar, sendo condensadora,
plasmadora, fertilizante e propiciatória à descarga de energias deletérias. Faz um
potente equilíbrio elétrico no interior das células, e o ato de andar descalço em suas
areias é potente harmonizador de todos os chacras, desimpregnando, transmutando
excessos fluídicos e promovendo o equilíbrio da energia interna do indivíduo.
 O rio é desagregador de energias pesadas e, ao mesmo tempo, condutor delas para o
fundo do seu leito, fazendo-as se desmanchar na terra. Logo é fluente, sem ser
condensador, fazendo as energias fluírem, e também vitalizante, por suas águas corridas
limpas que nos chegam ao mergulharmos nelas. Não por acaso, Jesus foi batizado no
Rio Jordão e, em muitos locais, temos registros de certos rios serem considerados
sagrados. Tem serventia para a purificação etéreo-astrofísica do indivíduo e na
eliminação de cargas negativas.
 Na cachoeira, encontramos elementos coesivos das pedras – mineral e agua
potencializada pela queda, ou seja, de baixo para cima, que produzem várias formas de
energia – eólica, solar e hídrica conjugadas. Como as aguas fluem num só sentido,
‘batendo’ nas pedras, absorvem forte magnetismo mineral, purificando, descarregando,
vitalizando, equilibrando e fortalecendo o indivíduo como um todo, no físico-etérico
astral.
 A pedreira tem força mais centrípeta de fora para dentro, pela maior condensação das
moléculas que a compõem. Assim, reestrutura a forma da aura quando apresenta
rombos etéricos, regenera, fixa, condensa, plasma e dá resistência mental, astral e física
ao indivíduo.
 A mata é concentradora de prana (energia vital) vegetal, restabelecendo a fisiologia
orgânica em amplo espectro, sobretudo a psíquica mental, tendo impacto no Ori –
cabeça e na coroa mediúnica; fortalece a aura, o campo astral, o eletromagnetismo, a
saúde e o mediunismo, plasmando forças sutis.
 A montanha absorve os atributos vibratórios das pedreiras e da mata, e se tiver
cachoeira, pela sua maior altitude e proximidade solar, o ar sendo mais rarefeito, é
exímia concentradora de fluidos sutilíssimos.”28
2. As sete linhas de Umbanda

28
PEIXOTO, N. Iniciando na Umbanda: a psicologia dos orixás e dos cristais. Porto Alegre: Legião
Publicações, 2017, p.p. 45-47.

28
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As linhas da Umbanda são sete diferentes tipos de irradiações dos Orixás, cada uma delas
atuando num padrão vibratório que estimula e dá sustentação aos seres viventes29.

“As Sete Linhas de Umbanda são, na verdade, as sete irradiações vivas de Deus que são:

Criação Fé

Evolução Amor

Conheci
Lei
mento

Justiça

Figura 3- Sete Linhas de Umbanda segundo Saraceni (2017)

Para compreendermos as linhas de Umbanda, temos que elucidar sobre o assentamento dos
santos católicos nos templos de Umbanda: Não há contradição no sincretismo, pois um rei
Yorubá pode ser elevado à condição de Orixá, um santo também pode. Contudo, na
cosmogênese umbandista difere da cristã porque na percepção judaica (que deu origem à
gênese cristã) Deus criou tudo e entregou pronto aos homens. Já na cosmogênese nigeriana,
Deus delegou aos Orixás a função de concretizar o ‘Ayê’ ou a Terra e os seres que o habitam.30

As sete linhas não são de santos católicos nem de Orixás isolados, mas, ao setenário sagrado, o
doador. O setenário sagrado são formados por Sete Tronos ou Orixás ancestrais doadores
dassete qualidades divinas que dão sustentação à vida qualidades estas facilmente
identificáveis, pois também dão origens aos elementos e às energias que alimentam nossos
sentidos. Os sete elementos são assim organizados:

Sete linhas da Umbanda31

29
https://pt.wikipedia.org/wiki/Linhas_da_Umbanda
30
SARACENI, R. Umbanda Sagrada: religião, ciência, magia e mistérios. São Paulo: Madras, 2017.
31
OMOLUBÁ. Magia de Umbanda: Instrução Religiosa. São Paulo: Cristális Editora e Livraria, 2002. P 18.

29
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Linha da
Espiritualidad
e: Oxalá Éter
Linha da
Sabedoria Linha da vida
Yorimá Iemanjá água
Terra

7
Linha do
Amor Yori
Linhas Linha da
Ordenação
Mineral Ogum ar

Linha do
Linha do
Conhecimen
Equilíbrio
Xangô Fogo -to Oxóssi
Vegetal
Obs.: Uma variação contida em Saraceni (2017) das sete linhas:

 Oxalá – Elemento Cristal – Linha da fé


 Oxum – Linha do amor
 Obaluaiê – elemento terra - evolução
Os sete orixás ancestrais irradiam suas mentes – vibrações mentais, formando as sete telas
refletoras que circundam o planeta, suas dimensões e níveis vibratórios, não ficando nada nem
ninguém de fora. Todos os pensamentos e ações ressonam nessas telas refletoras dos
acontecimentos e tudo fica gravado nelas.32

Sem nenhum desmérito, já que muitas são as interpretações e configurações na Umbanda,


trazemos a forma mais conhecida: 1. Oxalá, 2. Yemanjá, 3. Xangô, 4. Ogum, 5. Oxóssi, 6. Yori,
7. Yorimá.
3. Linhas de Trabalho
“A palavra Orixá significa literalmente “senhor da Cabeça” e como tal, o “Santo” principal a que
está ligada espiritualmente qualquer pessoa humana. “O santo de cabeça” é uma expressão
bastante significativa e de acepção universal, sendo bastante comum o seu uso.
(...) O santo não é a imagem, nem a história de sua vida, ou de seus milagres, é um foco
irradiando forças espirituais em que possa atuar, é um plano de vibrações na escala da
espiritualidade, acudindo os adeptos na busca do aperfeiçoamento.”
“Além da hierarquia em Orixás Menores, Guias e Protetores, há as legiões, falanges, subfalanges
e agrupamentos espirituais, como o agrupamento do Oriente, que atua na linha vibratória de

32
SARACENI, R. Umbanda Sagrada: religião, ciência, magia e mistérios. São Paulo: Madras, 2017. p.p.
108-113

30
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Oxalá. Existe enorme contingente de entidades espirituais que não são nem Guias, nem
Protetores, que não se manifestam mediunicamente, mas que dão grande sustentação aos
trabalhos e que estão se preparando no Astral para reencarnar e, futuramente, serem médiuns.”
“As linhas de trabalho são agrupamentos de espíritos afins por certa similaridade de origem,
seja ela cultual, seja racial, seja até mesmo por ofício. As linhas de trabalho são manifestadas
desde a primeira incorporação do Caboclo das 7 Encruzilhadas, porém há de se reconhecer que
a manifestação de espíritos dessas classes já ocorria muito antes de existir uma religião chamada
Umbanda.
Cada linha de trabalho traz consigo um jeito próprio de abordar as situações propostas pelos
consulentes e tem funções bem determinadas quanto as suas atuações. As linhas originais, o
pilar central das manifestações, sempre se deram pelos Caboclos, Pretos-velhos e Crianças. É o
que chamamos de triângulo de forças da Direita.”33

Figura 4Triângulo de forças da Direita

Esclarecemos que várias linhas foram criadas e ainda o são, incorporadas com o passar do
tempo às linhas de Umbanda. Não há nada de errado nisso, pois tudo evolui. Inclusive, e ,
principalmente, essa evolução também se dá no plano material e espiritual.

Crianças - ser
humano em seu
princípio (inocência
e ingenuidade)

Caboclo:
Preto-Velho:
maturidade,
Humildade e
força, retidão e
sabedoria
obstinação

33
RAINHO, D. Conhecendo a Umbanda dentro do Terreiro, São Paulo: Editora Sendas, 2018.

31
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Linhas

• Caboclos: filhos de índios com europeus. . Trazem consigo a energia das


matas e são sustentados pela força de Oxóssi, Orixá do conhecimento,
da busca e da caça. São aguerridos, geralmente austeros, forte
presença física, mas atuam na vibração de qualquer orixá. São
especialistas na cura, fartura, conhecimento, expansão da
consciência,entre outros. Utilizam charutos, ervas, marafo, Saudação:
Okê, Caboclo!
• Pretos-Velhos: Espíritos elevadíssimos que se manifestam sob a
aparência de negros escravos, trazendo-nos o exemplo da humildade e
simplicidade. Transmite paz, serenidade, esperança, tranquilidade,
remetendo-nos à reflexão de nossa própria natureza íntma. Benzem ou
mirongam, curam as dores do corpo e da alma. trabalham com
beberagens, defumações com cachimbos ou pitos, receitam anhos de
ervas, e inspiram muita fé. Podem utilizar café, vinho, marafo, fios de
contas, terços, velas, panos na cabeça, no colo,
• Crianças: Ibejis ou Erês são espíritos poderosos que se manifestam
como crianças e utilizam essa forma para atuar na inocência e na
ingenuidade. São alegres, expansivos, carinhosos, as vezes calados,
dependendo da regência em que atuam. Embora sejam sábios e
poderosos, esses espíritos preferem dar consultas, modificando e
equilibrando energias aos encaminhamentos e demandas. Utilizam
sucos, doces, água de coco, mel e frutas, tudo o mais natural possível
para manipular o axé. Saudação: Omi, Beijada!
• Baianos: Composta, em sua maioria, por espíritos alegres e brincalhões.
Falam de seus erros e acertos, dando abertura e confiança aos
consulentes. Podem ser associados aos cangaceiros, mas nao são dessa
linha. São exímios manipuladores de energia e por isso limpam todo o
ambiente, abrindo o local para energias benéficas. Os baianos são guias
da direita e irradiam nas vibrações de Iansã. Saudação: É da Bahia, meu
Pai! Jetruá, Baiano!
• Marinheiros: Entidades ligadas às águas. Atuam na limpeza de espíritos
recolhidos nos Umbrais e cemitérios ou na regeneração de campos
energéticos por meio das vibrações marinhas. Embora cambaleiem por
causa da vibração marinha, nunca estão embriagados. Utilizam rum,
marafo, cigarros, boné, âncora, corda, velas, fitas, etc. Saudação: Salve,
os marinheiros!

Figura 5- Linhas de trabalho

32
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Linhas

• Ciganos: Filhos do vento, conhecem a magia do fogo e do vento.


Existem várias linhas de ciganos, podendo se manifestar tanto na direita
como na esquerda como exu cigano ou pombagira cigana. Usam
baralho, leitura de mãos, fitas, frutas, facas, moedas, flores, etc.
Saudação; Optchá! Arriba, povo cigano! Namastê!
• Boiadeiro: Como aquele que carreia o gado, os boiadeiros trazem os
espíritos para serem tratados no terreiro. Usam chapéus, laço em
punho, montam cavalos, conduzem aqueles que não podem caminhar
por conta própria. Podem dar consultas, mas atuam principalmente no
plano astral, prendendo os espíritos que intencionam causar tumulto
na gira. Alguns militavam na linha de exus e mudaram de vibração.
Podem atuar nas vibrações de Iansã, Oxóssi e Oxalá. Saudação: Jetruá,
Boiadeiro!
• Oriente: Abarca todos os povos e religiões extintas e associam grande
conhecimento filosófico, místico e iniciático: indianos, árabes, persas,
turcos, hebreus, chineses, tibetanos, japoneses, mongóis, egípcios,
maias, astecas, toltecas, incas, caraíbas; europeus, médicos, curadores
e xamãs. Atuam na vibração de Xangô e Oxalá. Saudação: salve o povo
do Oriente!
• Exus e pombagiras: Orixá Exú e Guias Exús são coisas diferentes. Não se
cultura diretamente o Orixá Exu na Umbanda. Exus são os mensageiros
enviados dos Orixás. Trabalham nos cemitérios, umbrais e locais onde
impera a violencia e a negatividade. Trabalham para a luz com uma
ética própria, de forma rígida e enérgica. Exus podem dar consulta,
fazer a frente do médium em sua defesa, manipular aspectos negativos
da vida. Não são bons nem maus, são neutros porque são agentes da lei
de ação e reação (carma). Utilizam marafo, água, uísque, conhaque,
cerveja, farinha, flores vermelhas. Saudação: Laroyê, Exu! Laroyê,
Pomba Gira! Omodjubá! Exuê!
Figura 6Linhas de trabalho

Unidade 5 – Jesus e os ensinamentos dos Orixás contidos no Evangelho

Objetivo: Conhecer Jesus e perceber a conexão entre os ensinamentos dos Orixás e os


ensinamentos de Jesus.

Conteúdo:

Jesus e o evangelho

Introdução

Caridade aos necessitados espirituais

A Umbanda vivencia o Evangelho de Jesus em sua essência através da manifestação do amor e


da caridade prestada pela orientação dos guias e protetores que recebem a irradiação dos
Orixás. Encontramos no terreiro a verdadeira Umbanda entidades que trabalham com

33
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humildade, de forma serena, caritativa e gratuita; espíritos bondosos que não fazem distinção
de raça, cor ou religião, e acolhem todos que buscam amparo e auxílio espiritual, conforto
para as dores, aflições e desequilíbrios das mais variadas ordens.

A Umbanda convida o homem a se transformar. Assim sendo, o consulente recebe


esclarecimento sobre sua real condição de espírito imortal, ou seja, é levado a entender que é
o único responsável pelas próprias escolhas, e que deve procurar progredir na escala evolutiva
da vida, superando a si mesmo. Mas para transformar-se é preciso estar pronto para
compreender as energias que serão manipuladas, porque elas trabalham com o ritmo interno.
Ouvir a intuição é, portanto, ouvir a si próprio; é saber utilizar os recursos necessários que
estão disponíveis para efetuar a mudança do estado de consciência. Por isso, transformar
significa reverter o apego em desapego, a doença em saúde, a tristeza em alegria, o desamor
em amor, as faltas em fartura, a ingratidão e o ressentimento em perdão. É não revidar o mal,
mas sempre praticar o bem. Dar sem esperar reconhecimento ou gratidão. A beleza da vida
está justamente na “individualidade”, no ser único, criado por Deus para amar. E este ser único
está ligado à coletividade pelos laços do coração e da evolução, a fim de aprender a
compartilhar, respeitar, educar e ser feliz.

Somos o somatório dos nossos atos de ontem: por ter cometido inúmeros excessos, estamos
conhecendo a escassez, ou melhor, sempre atuamos à margem, não conseguindo nos
equilibrar no caminho reto, pois o processo de evolução é lento, não dá saltos, respeita o livre-
arbítrio, o grau de consciência e o merecimento de cada um.

Caridade de divulgação dos Ensinamentos Cristãos

A Umbanda pratica o Jesus Consolador, e, silenciosamente, vai evangelizando pelo Brasil afora,
levando as Suas máximas “a água mais límpida é a que corre no centro do rio, pois as margens
sempre contêm impurezas”. “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o amanhã
cuidará de si mesmo”, pois Ele nos envia o Seu amor incondicional, que não impõe condições,
porque não julga, não cobra, apenas Se doa e espera pelo nosso despertar para as verdades
espirituais, para o homem de bem que existe dentro de cada um de nós.

Quando Jesus se aproximou de João Batista, que, com os joelhos encobertos pela água do Rio
Jordão, mais uma vez falava do Messias, ao olharem-se um ao outro, uma força poderosa
instalou-se sobre todos os circunstantes. Jesus então aproximou-Se de João Batista, e este
ajoelhou-se aos pés do cordeiro do Cristo. Mansamente Ele o levantou e agachou-Se
sinalizando para que João O batizasse. Nesse instante único, vibraram intensamente sobre
Jesus, no centro do Seu chacra coronário, o Cristo Cósmico e todos os Orixás (...). Esse é um
dos quadros históricos mais expressivos e simbólicos que avalizam os amacis na Umbanda.

Oxalá nos ensinos de Jesus

Oxalá é a fortaleza, é a vibração do Cristo Cósmico na Terra, a doação do amor incondicional,


fraterno e perene, o profundo conhecedor da alma humana, o ser abençoado de luz que
irradia o equilíbrio perfeito entre o princípio do masculino e do feminino. Seu olhar sereno e
profundo, irradiando amor e compaixão, Lhe permite penetrar o íntimo de cada um e não
julgar, apenas amar e curar, não somente as enfermidades físicas, mas as da alma. Seus braços
permanecem abertos em nossa direção e Seu Evangelho nos ensina essas máximas:

1. ‘amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo’, pois não podemos
amar a Deus, sem antes nos amarmos e, por conseguinte, amarmos nossos

34
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semelhantes. Se não existisse amor dentro de nós, se não aceitamos nossas virtudes e
defeitos, não podemos amar nossos semelhantes.
2. ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por Mim’. Jesus nos
mostra o caminho da simplicidade e do amor fraterno, do desapego e do perdão. A
confiança na Providência Divina nos ajuda a difundir o Evangelho – caminho que leva a
Deus, à verdade que liberta e que nos faz deixar o sofrer. Tudo o que pode deixar de
existir amanhã não é verdade para nós, pois o que continua com a vida são os afetos,
as alegrias, os sentimentos que carregamos em nosso interior. Devemos valorizar a
nossa vida, buscando a verdade interior, o caminho para a felicidade.
3. ‘A minha paz vos dou, mas não como o mundo a dá”. Todos deixaremos o teatro da
vida terrena para encontrar a paz verdadeira na vida espiritual. A paz do mestre está
nos valores morais, na conduta da vida em harmonia com as leis de Deus, na paciência
para com as nossas imperfeições – pois temos de vencer a nós mesmo – e no
despertar da consciência na escalada da evolução, que nunca cessa. Cada mudança
interior para melhor reflete-se na convivência com o próximo. Quem ama sempre vai
acompanhado, porque o amor encontra ressonância em outros corações. Amar é doar-
se para a vida, em favor do bem.
Xangô nos ensinos de Jesus

Xangô é a sabedoria, o amor e o respeito à vida, em obediência às leis de Deus; é o


entendimento do encadeamento de nossas ações e reações, que estabelecem uma relação de
causa e consequência, no sentido de ascensão espiritual; é o equilíbrio cármico. No evangelho,
encontramos as vibrações de Xangô nas seguintes máximas:

4. Não julgueis para não serdes julgados;


5. Com a mesma medida que medirdes será medido;
6. Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado;
7. Vá e não peques mais, para que não te aconteça coisa pior;
8. A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória;
9. Conhece a verdade e ela vos libertará – a compreensão das leis morais divinas liberta
da roda do carma, das reencarnações sucessivas;
10. Perdoai setenta vezes sete vezes;
11. Ide reconciliar-vos com vosso irmão antes de pordes a vossa oferenda no altar;
Acertar e errar faz parte da vida terrena, isto é, ter humildade para reconhecer os erros,
perseverança para continuar, e reconhecer o motivo pelo qual cada um está num degrau
evolutivo diferente. Não podemos exigir aquilo que o outro não tem para nos oferecer, nem a
capacidade para compreender.

Para cada ação, há uma reação, seja positiva ou não. Por isso, é preciso ter flexibilidade diante
da vida, ter misericórdia para com a dor alheia, perdoar para se libertar, refletir sobre a
capacidade de mudar, perceber qual a facilidade de aprender com a vida, estar em paz e
equilíbrio com a Lei Divina para poder receber, por meio do merecimento pelo esforço
empreendido para melhorar, as bênçãos que deseja alcançar. Fazer o bem e desejar o bem.

Devemos usar sempre a verdade com proteção e ser fiéis à nós mesmos, ouvindo a voz do
nosso coração. Mestre Jesus sempre usou a verdade, e em Seus ensinamentos, iniciava Suas
frases assim: ‘Em verdade, em verdade, vos digo...’.

O perdão das ofensas liberta dos aprisionamentos do passado, das mágoas e dos
ressentimentos, é o bálsamo que cura as feridas da alma. Jesus nos pediu que perdoássemos

35
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ilimitadamente, ou seja, sempre. E Suas últimas palavras terrenas foram uma súplica a Deus
pela humanidade: ‘Pai, perdoai-vos porque eles não sabem o que fazem’.

A felicidade terrena não é integral, mas é possível porque vem de dentro, do coração amoroso
(e Xangô é a força que traz a energia de dentro para fora) que faz o bem e que deseja ao outro
o que quer para si próprio. Amar, perdoar e servir foi o exemplo deixado por Jesus.

Oxóssi nos ensinamentos de Jesus

Oxóssi é o aconselhamento; o poder da palavra em ação, o caçador de almas, o amor pela


natureza e pela Criação; a necessidade de saúde espiritual e física; a renovação, a nutrição, a
prosperidade em todos os sentidos.

12. Bem-aventurados os aflitos, os mansos, os que são misericordiosos, os que tem puro o
coração...
13. Esteja no mundo, mas não seja o mundo, pois quando Jesus esteve no meio da dor, da
miséria humana, do desespero, do materialismo, da traição, da arrogância, não se
deixou contaminar.
14. A boca fala do que está cheio o coração.
15. Onde está o vosso coração, aí está o vosso tesouro.
16. Amai-vos e instruí-vos.
17. Não são os sãos os que precisam de médico.
18. A chave do conhecimento tem de virar sabedoria. Pela boca entram os alimentos e
saem as palavras que, quando harmoniosas, nos trazem equilíbrio e, por conseguinte,
saúde.
19. Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o amanhã cuidará de si mesmo.
Devemos viver um dia de cada vez, o momento presente, que é tudo o que necessitamos, pois
é imprescindível cumprirmos nossas tarefas diárias com harmonia e gratidão. A gratidão
sincera abre as portas para a manifestação de tudo o que se necessita: criatividade, talento,
alimentação adequada, moradia, progresso no trabalho, bons relacionamentos, etc.

O plano divino opera de forma a colocar em nossa vida as pessoas, os lugares e os objetos que
responderão às nossas necessidades. A prosperidade e a abundância fazem parte da nossa
existência: basta olhar a natureza à nossa volta, observar o Cosmo e as estrelas. Devemos
manter em nossos corações a gratidão a Deus por nossas preces serem ouvidas e nossas
necessidades atendidas, pois ele sabe o que precisamos, por isso dá a cada um conforme suas
obras.

É necessário saber pedir, colocar a intenção no que se quer e ter confiança em si mesmo, na
própria capacidade de realização. Assim sendo, as ideias surgem para a solução dos
problemas.

Ogum nos ensinamentos de Jesus

Ogum é a vontade, os caminhos abertos, a energia propulsora da conquista, o impulso da


ação, da vontade, o poder da fé, a força inicial para que haja a transformação. É o ponto de
partida, aquele que está à frente. É a vida em sua plenitude, a vitalidade ferrosa contida no
sangue que corre nas veias, a manutenção da vida, a generosidade e a docilidade, a franqueza,
a elegância e a liderança. A energia oriunda da vibração de Ogum pode ser percebida
claramente nestas palavras de Jesus:

36
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20. A tua fé te curou (com a imposição das mãos, ele acionou o poder da vontade de
mudar de atitudes e pensamentos).
21. Pedi e recebereis! Buscai e achareis! Porque todo que pede recebe, demonstrando
que Deus nos dotou de inteligência e capacidade para que superemos nossas
dificuldades, recomendando-nos o trabalho, a atividade

Unidade 6 – Guias e Mentores


Objetivo: Conhecer o conceito de Guias e Mentores e distingui-los dos orixás e de
Jesus
Conteúdo:
Guias e mentores
Guias de Umbanda
1. Definição

“Também chamados de Catiços ou Capangueiros,


“Os seres humanos
os Guias são protetores e mentores espirituais
coexistem em meio a uma
entendidos como mensageiros. São trabalhadores
multidão de outros seres (aí
da luz dispostos a guiar, intuir e proteger por uma
incluídos os animais). As
ou mais encarnações, auxiliando o ser humano em
ações do homem influenciam
sua evolução espiritual. São espíritos humanos que
e direcionam a felicidade de
já viveram no plano físico, passaram por várias
todos. Auxiliar o homem no
encarnações e adquiriram conhecimento e
ajuste correto dessas
sabedoria e são, portanto, nossos ancestrais.”34.
influências é o objetivo dos
“Os capangueiros são os enviados dos Orixás Guias da Umbanda.”.
Menores, também chamados de Falangeiros. Caboclo Arranca Toco
Atuam em suas respectivas linhas de trabalho Descomplicando os guias de
Umbanda – Eliana Pacco.
procurando orientar a humanidade em auxílio á
evolução espiritual.”35

“Os espíritos de luz que baixam à Terra, e se conservam em nossa atmosfera orientam
falanges ou desempenha outras missões, e não contrariam, nem poderiam contrariar,
desígnios em que se enquadram as funções de todos os servos da fé, grandes ou
pequeninos, se em algumas situações lhes é permitido exercer a sua ação instantânea
em favor de quem soube merecê-la, na maioria das circunstâncias deixam o indivíduo,
pelas faltas do passado ou pelas culpas do presente, submeter-se ao que lhe parece uma
degradação. ”36
2. Origem dos Guias Espirituais

34
RACCO, E. Descomplicando os Guias de Umbanda para leigos. São José dos Campos, 2016. P. 60.
35
Idem.
36
SOUZA, L. O espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda. Rio de Janeiro, 1993. Pp 44

37
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“Os centro espíritas são instituições da Terra com reflexo no espaço, ou criação do
espaço com reflexo na Terra.

Um grupo de pessoas resolve fundar um centro espírita, localiza-o e começa a reunir-se


em sessões. Os guias do espaço mandam-lhes, para auxiliá-las e dirigi-las, entidades
espirituais de inteligência e saber superiores ao agrupamento, porém, afins com os seus
componentes. Esses enviados dominam em geral o novo centro, mas não o desviam dos
objetivos humanos determinantes de sua fundação.”37

3. Modo de trabalho dos Guias Espirituais

“Tanto os grupos de origem terrena, como os originários do espaço, ficam, em linhas


paralelas, submetidos à direção de guias superiores, que se encarregam de ordená-los
em quadros divididos entre eles.

Desses missionários, alguns jamais têm a necessidade de recorrer a um médium e


exercem a sua autoridade através de espíritos que também muitas vezes não
incorporam e transmitem ordens e instruções às entidades em contato direto com os
centros e grupos humanos.

Há, porém, espíritos de luz, que pelas exigências de sua missão, baixam aos recintos de
nossas reuniões, incorporam-se nos médiuns e dirigem efetiva, e até materialmente, os
nossos trabalhos.

Frequentemente, no primeiro caso, há centros que não sabem que estão sob a jurisdição
de determinado guia e que chegam a ignorar a sua permanência em nosso ambiente,
sem que se lhes possa fazer, por isso, qualquer censura, pois os seus guias imediatos
não julgaram necessário ou conveniente fazer essa revelação.

As criações originárias do espaço se caracterizam pela sistematizada solidez de sua


organização, pelos métodos e concatenações de seus trabalhos, e pelo inflexível rigor
de sua disciplina.

Dessas criações a que melhor conheço é a fundada pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas.”38

“(...) Salvo em caso de necessidade absoluta, os protetores da Linha Branca de


Umbanda incorporam sempre nos mesmos médiuns. As razoes são simples e
transparentes: habituaram-se a mover aqueles corpos, conhecem todos os recursos
daqueles cérebros, e, pela constância dos serviços, mantêm os seus fluidos
harmonizados com os dos aparelhos, o que lhes facilita a incorporação, aliás sempre

37
SOUZA, L. O espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda. Rio de Janeiro, 1993. Pp 44
38
SOUZA, L. O espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda. Rio de Janeiro, 1993.

38
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complexa e, em geral, custosa: - quanto mais elevado é o espírito tanto mais difícil a sua
incorporação.”39
4. Linhas dos Guias Espirituais

“A Umbanda possui diversas linhas, todas de suma importância, contudo seu tripé (base)
é formado pelos Caboclos, pelos Pretos-Velhos e pelas Crianças.
4.1. Caboclo

Também conhecidos como Caboclos de Pena, formam verdadeiras aldeias e tribos no


Astral, representados simbolicamente pela cidade da Jurema, pelo Humaitá e outros.
Existem falanges e especialidades diversas, como as de caçadores, feiticeiros, justiceiros,
agricultores, rezadores, parteiras e outras, sempre a serviço da Luz, na Linha de Oxóssi
e na vibração de diversos Orixás. A cor característica dos Caboclos é o verde leitoso,
enquanto a das Caboclas é o verde transparente. Seu principal ponto de força são as
matas.

Nessa roupagem e pelas múltiplas experiências que possuem (encarnações como


cientistas, médicos, pesquisadores e outros), geralmente são escolhidos por Oxalá para
serem os Guias-chefe dos médiuns, representando o Orixá de cabeça do médium de
Umbanda (em alguns casos, os Pretos-Velhos é que assumem tal função). Na maioria
dos casos, portanto, os Caboclos vêm na irradiação do Orixá masculino da coroa do
médium, enquanto as Caboclas, na irradiação do Orixá feminino da coroa mediúnica.
Todavia, os Caboclos também podem vir na irradiação do próprio Orixá de quando
estava encarnado, ou na do Povo do Oriente.

Atuam em diversas áreas e em várias tradições espirituais e/ou religiosas, como no


chamado Espiritismo Kardecista ou de Mesa Branca.

Simples e determinados, infundem luz e energia em todos. Representam o


conhecimento e a sabedoria que vêm da terra, da natureza, comumente desprezado
pela civilização, a qual, paradoxalmente, parece redescobri-los. Também nos lembram
a importância do elemento indígena em nossa cultura, a miscigenação de nosso povo e
que a Umbanda sempre está de portas abertas para todo aquele, encarnado ou
desencarnado, que a procurar.

Os brados dos Caboclos possuem grande força vibratória, além de representarem


verdadeiras senhas de identificação entre eles, que ainda se cumprimentam e se
abraçam enquanto emitem esses sons. Brados e assobios são verdadeiros mantras que
ajudam na limpeza e no equilíbrio de ambientes, pessoas, etc. O mesmo vale para o
estalar de dedos, uma vez que as mãos possuem muitíssimos terminais nervosos: os
estalos de dedos se dão sobre o chamado “Monte de Vênus” (porção mais gordinha da

39
Idem pp. 60.

39
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mão), descarregando energias deletérias e potencializando as energias positivas, de


modo a promover o reequilíbrio.”40

Forma de apresentação de seres espirituais: Quando se trata de espíritos que


encarnaram, geralmente se utilizam da roupagem fluídica de uma de suas encarnações.
A esse respeito, veja-se o caso do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que, em sua primeira
comunicação pública, foi visto como um sacerdote por um dos médiuns, de fato também
uma de suas encarnações.

O senso comum afirma que Caboclos e Pretos-Velhos não incorporam em centros


espíritas. Na verdade, “baixam” e com roupagens fluídicas diversas. Vale lembrar que a
Umbanda nasceu “oficialmente” a partir da rejeição de Caboclos e Pretos-Velhos em
mesas mediúnicas espíritas. De qualquer forma, com a ampliação do diálogo ecumênico
e inter-religioso e, portanto, da fraternidade entre encarnados, têm ocorrido mais
manifestações mediúnicas de Caboclos e Pretos-Velhos em casas espíritas.

A respeito da roupagem fluídica é interessante exemplificar com textos de Feraudy e


Pires. No primeiro caso, o autor trata da pluralidade de roupagens fluídicas e de um
fenômeno imediato de substituição de uma por outra. No segundo caso, de maneira
romanceada, apresenta-se a roupagem de um Caboclo.

Roger Feraudy registra:

“(…) mostrando que não existe a menor diferença entre o trabalho mediúnico de
Umbanda e Kardecismo, o autor participou, anos atrás, de um trabalho que veio a
confirmar essa assertiva.

Seus vizinhos na cidade do Rio de Janeiro trabalhavam em um centro de Umbanda,


Tenda Mirim, ela como médium e seu marido como cambono. Em determinado dia, sua
filha única, então com quatro anos de idade, teve uma febre altíssima. Depois de
chamarem um médico, que não soube diagnosticar a origem dessa febre, e como ela
aumentava progressivamente, o marido pediu à mulher que recebesse o seu guia
espiritual, Caboclo Mata Virgem, chamando-me para auxiliar nesse trabalho. O Caboclo
Mata Virgem apresentou-se e mandou que o marido do seu aparelho tomasse nota de
cinco ervas para fazer um chá que, segundo a entidade, resolveria o problema.

O vizinho, então, ponderou:

- Acredito que o senhor seja o seu Mata Virgem e que o chá irá curar a minha filha;
porém, na Terra existem leis a que tenho que prestar contas. Sei que isso não acontecerá,
mas se minha filha não ficar boa com seu chá ou mesmo morrer, o que direi às
autoridades: que foi seu Mata Virgem quem mandou a menina tomar o

40
BARBOSA JÚNIOR, A. O livro essencial de Umbanda. São Paulo: Universo dos Livros Editora, 2014.

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chá?!?

O Caboclo atirou o charuto que fumava no chão, adotou uma posição ereta e, calmo,
disse em linguagem escorreita:

- Dê o chá que estou mandando – e elevando a voz –, doutor Bezerra de


Menezes!”

Por sua vez, em “A missionária”, romance mediúnico intuído por Roger Pires, o narrador
observa:
“(…) Nesse exato momento, enxergou as três figuras ao lado da cama. Eram Jeremias e
Melissa, postados próximos à cabeceira da doente, tendo estendidos, sobre ela, os
braços. De suas mãos fluía uma radiosidade que se espalhava por todo o corpo de
Priscilla. A terceira figura era um ‘índio’ imponente, de uma estatura incomum, o rosto
largo, a pele bronzeada, os olhos grandes e negros. Tinha na cabeça um cocar majestoso,
cujas penas se estendiam até os tornozelos. A energia que dele emanava enchia o
quarto. Fascinada com o quadro, no geral, Jéssica viu o ‘índio’ deslocar-se do lado dos
outros e colocar-se aos pés da cama, o olhar manso, mas firme e fixo na doente.”

Caboclos de Ogum

• Com incorporação rápida e mais afeita ao chão, não costumam rodar.


Suas consultas são diretas. conhecidos pelos trabalhos no campo
profissional, seus passes geralmetne são destinados a doar força física e
aumentar o ânimo do consulente.

Caboclos de Oxalá

• Mais conhecidos por dirigir os demais Caboclos, deslocam-se pouco,


mantendo-se fixado em determinado ponto do terreiro. Mais
conhecidos pelos passes de energização, raramente dão consulta.

Caboclos de Oxóssi

• Rápidos, dançam muito. Geramente chefes de Linha, atuam em


diversas áreas, em especial com banhos e defumadores.

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Caboclos de Iansã

• Trabalham para várias finalidades, mas especialmente para emprego e


prosperidade, pelo fato de Iansã ter forte ligação com Xangô. Bastante
conhecidos pelo passe de dispersão (descarrego). Rápidos e de grande
movimetnação (deslocamento) são diretos o falar, por vezes causando
supresa no interlocutor

Caboclos de Iemanjá

• Rodam bastante, incorporam com suaviade, contudo mais rápido do


que os Caboclos de Oxum. São mais conhecidos por desmanchar
trabalhos, aplicar passes, fazer limpeza espiritual encamihando para
omar as energias deletérias.

Caboclos de Nanã

• De incorporação contida, dançam pouco. Por meio dos passes,


encaminham espíritos com baixa vibração. Aconselham bastante,
explanando sobre carma e resignação. Esses caboclos são raros.

Caboclos de Obaluaê

• Raro vê-los trabalhando incorporados e quando isso acontece, seus


médiuns têm Obaluaê como orixá de cabeça. São velhos pajés.
Movimentam-se pouco. Sua incorporação parece bastante com a de um
preto velho. Atuam em campos diversos da magia.

Caboclos de Oxum

• A incorporação se dá principalmente pelo chácra cardíado. Gostam de


rodar e são comumente suaves. Concentram-se tanto nos passes de
dispersão quanto nos de energização, com ênfase no alívio emocional
do consulente (são conhecidos por lidar com depressão, desânimos e
outros desequilíbrios psíquicos). Suas consultas geralmente levam o
consulente a refletir bastante.

Caboclos de Xangô

• Com incorporações rápidas e contidas, costumam arriar seus médiuns


no chão. Diretos na fala aos consulentes, atuam bastante com passes
de dispersão. Principais áreas de atuação: emprego, realização
profissional e causas judiciais e imóveis.

Calendário: 20 de janeiro – Dia de Oxóssi

42
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4.2. Pretos Velhos

“Exemplos de humildade, tolerância, perdão e compaixão, os Pretos-Velhos e Pretas-


Velhas compreendem, sobretudo, os espíritos que, na roupagem de escravos,
evoluíram por meio da dor, do sofrimento e do trabalho forçado. São grandes Magos
da Luz, sábios, portadores de conhecimentos de alta Espiritualidade.

Enquanto encarnados, cuidaram de seus irmãos, sustentando-lhes a fé nos Orixás,


sincretizada com o Catolicismo, seus santos e rituais, a sabedoria milenar, a medicina
popular e outros. Conhecidos como pais/mães, vovôs/vovós e mesmo tios/tias,
representam a sabedoria construída não apenas pelo tempo, mas pela própria
experiência. Guias e protetores na Umbanda, são espíritos desencarnados de muita
luz.

Seus nomes geralmente são de santos católicos (como quando encarnados, conforme
a ordem/orientação geral dos senhores e da própria Igreja), acrescidos do topônimo
da fazenda onde nasceram ou de onde vieram, ou da região africana de origem. Alguns
exemplos: Pai Antônio, Pai Benedito, Pai Benguela, Pai Caetano, Pai Cambinda (ou
Cambina), Pai Cipriano, Pai Congo, Pai Fabrício das Almas, Pai Firmino d´Angola, Pai
Francisco, Pai Guiné, Pai Jacó, Pai Jerônimo, Pai João, Pai Joaquim, Pai Jobá, Pai Jobim,
Pai José d´Angola, Pai Julião, Pai Roberto, Pai Serafim, Pai Serapião, Vovó Benedita,
Vovó Cambinda (ou Cambina), Vovó Catarina, Vovó Manuela, Vovó Maria Conga, Vovó
Maria do Rosário, Vovó Rosa da Bahia.

Pretos-Velhos são verdadeiros psicólogos, tendo ótima escuta para todo e qualquer
tipo de problema, sempre com uma palavra amiga para os consulentes, além dos
passes, descarregos e outros.”41

Cor - preto e branco

Dia da semana - Segunda-feira

Linha: Obaluaê, mas irradiam todos os orixás.

Roupas: Preta e branca, carijó, lenços na cabeça, batas e


saias, chapéu de palha, cajado, etc.

41
Idem.

43
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Bebidas: café, moscatel, vinho, cachaça com mel, ervas, sal,


alho, etc.

Chacra básico ou sacro

Materiais: contas de rosário, favas, cruzes, figas, cachimbo,


cigarro de palha, bolinho de tapioca, bolo de milho, etc.

Calendário: 13 de maio – Pretos-Velhos.


4.3. Crianças

Conhecidos como Crianças, Ibejis, Ibejada, Dois-Dois, Erês, Cosminhos e


outros tantos nomes, representam na Umbanda a alegria mais genuína, a da
criança (e, consequentemente, da criança interior de cada um). Espíritos que
optam por essa roupagem geralmente desencarnaram com pouca idade
terrena.

São bastante respeitados por outros Guias, como Caboclos e Pretos-Velhos,


possuindo funções específicas. No Candomblé, por exemplo, quando o Orixá
não fala, Erê funciona como seu porta-voz. Além disso, protege o médium de
muitos perigos. Os nomes dos Erês no Candomblé geralmente correspondem
ao regente da coroa mediúnica. Exemplos: Pipocão e Formigão (Obaluaê),
Folhinha Verde (Oxóssi) e Rosinha (Oxum). Já na Umbanda, embora possa
haver referências ao Orixá dono da coroa do médium, os nomes comumente
reproduzem nomes brasileiros, tais como Rosinha, Cosminho, Pedrinho,
Mariazinha e outros. Quanto aos quitutes, na Umbanda, as Crianças, no geral,
pedem doces, balas, refrigerantes, frutas. Por influência do Candomblé,
algumas casas também servem caruru.

Como no caso das crianças encarnadas, esses irmãozinhos do Alto precisam


amorosamente de limite e disciplina. As brincadeiras são animadas, mas isso
não deve significar bagunça ou impedir comunicações. Há os que pulam,
preferem brinquedos, choram, ficam mais quietinhos, enfim: são formas quase
despercebidas de descarregar e equilibrar o médium, a casa, a assistência.
Preferem consultas a desmanches de demandas e desobsessões, são
bastante sinceros sobre os desequilíbrios dos consulentes, bons conselheiros e
curadores. Utilizam-se de quaisquer elementos e manipulam energias
elementais sob a regência dos Orixás.

44
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O calendário especial de comemoração das Crianças é extenso e variado:


inicia-se em 27 de setembro (São Cosme e São Damião) e vai até 25 de
outubro (São Crispim e São Crispiniano), contudo, a maioria das festas ocorre
próximo ao 27 de setembro.
5. Perguntas

a. Todos os Guias são muito evoluídos?


Não. Tem variados graus de conhecimento e progresso. Falangeiros são os chefes
de Falange ou Legiões. Capangueiros são hierarquias como coronéis, majores,
tenetens
b. Os guias têm pleno conhecimento de todos os assuntos?
Não. Seu saber se limita ao grau de adiantamento e sua opinião tem o valor de
uma opinião pessoal.
c. Se o guia não tem a resposta, então por que se dão ao trabalho de conversar
conosco?
Dessa maneira dão prova da existência do mundo espiritual. Suas boas palavras,
rezas e benzimentos incitam o ser humano a melhorar, a ter uma postura mais
amorosa com a humanidade e consigo mesmo. Em gira de caboclos, ensinam a
alcançar a cura espiritual ou material, plantam a semente da energia e todos
sentem motivação renovada. Os baianos incitam a firmeza na fé, no trabalho, nas
relações humanas, e assim por diante.
d. Como saber se um guia não é um mistificador?
Pela postura. Linguagem, uso exagerado de bebidas, estímulo à vaidade, toques
exagerados no corpo do consulente, menções chocantes às vidas passadas ou a
fatos futuros que causariam preocupação ou impressão dolorosa nos consulentes,
orientação para acender velas em outra instituição ou igreja, predizer morte de
alguém, etc.
e. Entidades com os mesmos nomes são as mesmas?
Não. São espíritos de uma mesma falange.
f.

Unidade 7 – Não possui texto de referência. Buscar Power point no blog.


Unidade 8 – Lei de Ação e Reação, Karma e Justiça Divina
Objetivo: Conhecer o conceito holístico de justiça e seus mecanismos na Umbanda
Conteúdo:

 Lei de Ação e Reação,


 Karma e reencarnações
 Xangô e a Justiça Divina
 A justiça nas doenças

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1. Lei de Ação e Reação ou de Causa e Efeito


A Lei de causa e efeito, conhecida também como Lei de Ação e Reação ou Lei do
Carma é um dos princípios fundamentais preconizados pela Doutrina Espírita para
explicar as contingências ligadas à vida humana. Segundo essa Lei, todo ato da vida
moral do homem corresponderia uma reação semelhante dirigida a ele. Por meio do
mecanismo de causa e efeito, os acontecimentos da vida assumem um "motivo justo",
e uma "finalidade proveitosa" ao homem, inclusive o sofrimento. André Luiz, no livro
Ação e Reação, assim a define:
"É a conta do destino criada por nós mesmo, englobando os créditos e os débitos que
em particular nos digam respeito. É o sistema de contabilidade do Governo da Vida."
Consiste, portanto, nos padrões de hábito que uma pessoa estabeleceu e as
repercussões desses padrões sobre si mesmo e sobre os outros.
Daí, decorre segundo Kardec, algumas consequências:
a. A aprendizagem é gradual - "Cada um é punido naquilo em que errou" O
Livro dos Espíritos, Questão 973.
b. Cada um constrói sua felicidade - "O estado feliz ou desgraçado de um
Espírito é inerente ao seu grau de pureza ou impureza. A completa felicidade
prende-se à perfeição. Toda imperfeição é causa de sofrimento e toda virtude é
fonte de prazer." Céu e Inferno, Capítulo VII.
c. Não há injustiças - “A responsabilidade das faltas é toda pessoal,
ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles deu origem , quer provocando-
os pelo exemplo , quer não os impedindo quando poderia fazê-los.” Livro dos
Espíritos, Questão 645.
Sendo assim, ainda temos o complemento da Lei de Causa e Efeito em O Livro dos
Espíritos:

132 - Qual seria o objetivo da encarnação? - A lei de Deus lhes impõe a encarnação com
o objetivo de fazê-los chegar à perfeição…”

851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme o sentido que se dá a essa
palavra, ou seja, todos os acontecimentos são predeterminados? Nesse caso, como fica
o livre-arbítrio? - A fatalidade existe apenas na escolha que o espírito faz ao encarnar e
suportar esta ou aquela prova. E da escolha resulta uma espécie de destino, que é a
própria consequência da posição que ele próprio escolheu e em que se acha. Falo das
provas de natureza física,porque, quanto às de natureza moral e às tentações, o
espírito, ao conservar seu livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor para
ceder ou resistir…”

873. O sentimento da justiça está em a natureza, ou é resultado de idéias


adquiridas? “Está de tal modo em a natureza, que vos revoltais à simples ideia de uma
injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não
o dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, frequentemente, em homens

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simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que
possuem grande cabedal de saber.

875. Como se pode definir a justiça? - “A justiça consiste em cada um respeitar os


direitos dos demais.”

a) — Que é o que determina esses direitos? - Duas coisas: a lei humana e a lei natural.

2. Olorum e a Lei Divina

Olorum gera tudo em Si e uma de suas gerações é a Justiça Divina, que dá o devido
equilíbrio a tudo. Essa sua qualidade equilibradora está em tudo e em todos e mantém
toda a criação divina em equilíbrio e harmonia, dando a tudo e seu ponto de equilíbrio.

Olorum gerou, nessa Sua qualidade equilibradora de tudo e de todos, uma Sua divindade
que é em si mesma o equilíbrio divino que dá sustentação a tudo que existe, tanto
animado quanto inanimado, surgindo o Orixá da Justiça Divina, divindade unigênita
porque é o Orixá do Equilíbrio, da Razão e do Juízo Divino.

Deus e justo e tudo o que gera faz com equilíbrio, pois tudo atende a uma vontade Sua,
às suas criaturas, espécies e seres. E Xangô, o Orixá da Justiça, independe da nossa
vontade para atuar sobre nós porque é em si mesmo essa qualidade equilibradora do
nosso Divino Criador.

Xangô, por ser unigênito e ter sido gerado em Deus, é em si mesmo a Justiça Divina que
purifica nossos sentimentos com sua irradiação incandescente, abrasadora e
consumidora das emotividades.

Mas Xangô, como qualidade Divina, está na própria gênese das coisas como força
coesiva que dá sustentação à forma que cada agregado assume, ou seja, Ele está na
própria natureza das coisas como o próprio equilíbrio, pois só assim ela não deixa de ser
como é. Ele tanto é o ponto de equilíbrio que dá sustentação à estrutura atômica de um
átomo como é a força equilibradora do Universo e de tudo o que nele existe, seja
animado ou inanimado.

Xangô, por ser uma Divindade gerada em Deus, também gera em si a qualidade na qual
foi gerado. Mas ele também gera de si essa sua qualidade equilibradora e a transmite a
tudo e a todos. Quem absorvê-la torna-se racional, ajuizado e ótimo equilibrador, tanto
dos que vivem à sua volta como do próprio meio em que vive. Um juiz é um exemplo
bem característico dessa qualidade equilibradora irradiada por Xangô, e não importa
que o juiz seja um “filho” de outro Orixá, pois a manifestará naturalmente, já que a
justiça humana é a concretização da Justiça Divina no plano material.

“Um juiz não consegue dissociar-se da qualidade da justiça, à qual serve com toda a sua
capacidade mental e intelectual, mas nunca emotivamente, pois é um racionalista
nato”.

Saibam que essa qualidade equilibradora está presente em todos os processos divinos
(criação e geração). Por isso, assim que algo alcança seu ponto de equilíbrio, o processo

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criador ou gerador é paralisado e o que foi criado ou gerado estabiliza-se e adquire uma
definição só sua, que o qualificará dali em diante.

Com isso explicado, então entendemos a importância que tem essa qualidade divina,
que na Umbanda a vemos nos procedimentos retos, justos e ajuizados os caboclos de
Xangô, Orixá da Justiça Divina, da razão e do equilíbrio. Por isso, quando evocamos a
presença dele, só o fazemos se for para devolver o equilíbrio e a razão aos seres com
procedimentos desequilibrados e emocionados, ou para clamar pela Justiça Divina, que
atuará em nossa vida anulando demandas cármicas, magias negras, etc., devolvendo-
nos a paz, harmonia e equilíbrio mental, emocional, racional e até nossa saúde, pois
para estarmos saudáveis devemos ficar em equilíbrio vibratório também no corpo
físico.

Observem que o equilíbrio proporcionado por Xangô não se limita só a um aspecto de


nossa vida, já que ele, enquanto qualidade equilibradora, está em todos. Xangô é o
Orixá de Deus gerador e irradiador do fator equilibrador, mas o limitamos quando
deixamos de recorrer ele para ajudar em todos os aspectos e só o fazemos para anular
demanda ou impor a Justiça Divina na vida dos seres desequilibrados.

Mas sempre que a Justiça Divina é ativada, tanto seu pólo positivo quanto o negativo
são ativados, e aí surge Iansã, Regente da Lei nos campos da Justiça. Iansã é a
Divindade da Lei cuja natureza eólica expande o fogo de Xangô, e assim que o ser é
purificado de seus vícios ela entra em sua vida, redirecionando-o e conduzindo-o a
outro campo no qual retomará sua evolução.

Saibam que uma das qualidades de Deus é o direcionamento que está presente e ativo
em tudo o que ele gera e cria. É nessa sua qualidade direcionadora de tudo e o que
existe, tanto animado quanto inanimado, que ele gerou Iansã. Então Iansã é unigênita
porque é em si mesma essa qualidade do Divino Criador, que a gerou em Si e a tornou
essa sua qualidade divina. Iansã, como qualidade de Deus, está em tudo e todos e é o
poder que direciona a fé (Oxalá), a justiça (Xangô), a evolução (Obaluaiê), a geração
(Iemanjá), a agregação (Oxum), a lei (Ogum).

Ogum é a Lei, a via reta, mas Iansã é o próprio sentido de direção da Lei, pois ela é um
mistério que só entra na vida de um ser caso a direção que este esteja dando à sua
evolução e à sua religiosidade não siga a linha reta traçada pela Lei Maior (Ogum).

Por isso ela não depende de nós para atuar em nossa vida. Basta “errarmos” para que
sua qualidade divina nos envolva numa de suas espirais, impondo-nos um giro
completo e transformador de nossos sentimentos viciados. Com isso ela nos coloca
novamente no caminho reto da vida ou nos lança no Tempo, onde nossa religiosidade
desvirtuada será paralisada e esgotada em pouco tempo.

Sua atuação é cósmica, ativa, mobilizadora e direcionadora. Mas não é inconseqüente


ou emotiva porque ela é o sentido da Lei, que não é apenas punidora, mas também
direcionadora.

Xangô paralisa e purifica; Iansã movimenta e direciona.

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São Orixás que formam quarta irradiação divina porque suas qualidades e elementos se
complementam.

Resumidamente: podemos definir Xangô e Iansã da seguinte forma:


 Xangô é o fogo que nos purifica de nossos próprios vícios emocionais,
reequilibrando-nos.
 Iansã é o ar que areja nosso emocional e nos proporciona um novo
sentido da vida e uma nova direção ou meio de vida.

2.1 Xangô

Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é razão, despertando


nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só conscientizado e despertado para
os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo.

Comentar sobre o Orixá Xangô é dispensável, pois é muito conhecido dos praticantes da
Umbanda. Logo, nos limitamos a comentar alguns de seus aspectos (qualidades,
atributos e atribuições).

O Orixá Regente Planetário individualiza-se nos Sete Orixás Essenciais, que se projetam
energética, magnética e vibratoriamente, e criam sete linhas de forças ou irradiações
bipolarizadas, pois surgem dois pólos diferenciados em positivo e negativo, irradiante e
absorvente, ativo e passivo, masculino e feminino, universal e cósmico.
Uma dessas projeções é a do Orixá da Justiça Divina que, ao irradiar-se, cria a linha de
forças da Justiça, pontificada por Xangô e Egunitá (divindade natural cósmica do Fogo
Divino).

Na linha elemental da Justiça, ígnea por excelência, Xangô e Egunitá são os pólos
magnéticos opostos. Por isso eles se polarizam com a linha da Lei, que é eólica por
excelência. Logo, Xangô polariza-se com a eólica Iansã e Egunitá polariza-se com o eólico
Ogum, criando duas linhas mistas ou linhas regentes do Ritual de Umbanda Sagrada.

O Orixá Xangô é o orixá natural da Justiça e está assentado no pólo positivo da linha do
Fogo Divino, de onde se projeta e faz surgir sete hierarquias naturais de nível
intermediário, pontificadas pelos Xangôs regentes dos pólo e níveis vibratórios
intermediários da Linha de Forças da Justiça Divina.

Esses sete Xangôs são orixás naturais; são regentes de níveis vibratórios; são
multidimensionais e irradiadores das qualidades, dos atributos e das atribuições do
Orixá Maior Xangô.

Eles aplicam os aspectos positivos da Justiça Divina nos níveis vibratórios positivos e
polarizam-se com os Xangôs cósmicos, que são os aplicadores dos aspectos negativos
da Justiça Divina. Como na Umbanda quem lida com os regentes dos aspectos são os
Exus e as Pombagiras, então não vamos comentá-los e nos limitaremos aos regentes dos
pólos positivos intermediários, que formam suas hierarquias de Orixás Intermediadores,
que pontificam, na Umbanda, as linhas de trabalhos espirituais.

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Esses Xangôs intermediários, tal como todos os Orixás Intermediários, possuem nomes
mantras que não podem ser abertos ao plano material. Muitos os chamam de Xangô da
Pedra Branca, Xangô Sete Pedreiras, Xangô dos Raios, Xangô do Tempo, Xangô da Lei,
etc. Enfim, são nomes simbólicos para os mistérios regidos pelos orixás Xangôs
intermediários. Só que quem usa esses nomes simbólicos não são os regentes dos pólos
magnéticos da linha da Justiça, e sim os seus intermediadores, que foram
“humanizados” e regem linhas de caboclos que se manifestam no Ritual da Umbanda
Sagrada, comandando as linhas de trabalhos de ação e de reação. Eles são os aplicadores
“humanos” dos aspectos positivos da justiça divina.
Ninguém incorpora um Xangô de nível intermediário ou qualquer outro orixá dessa
magnitude. O máximo que se alcança na incorporação é um orixá de grau
intermediador. Mas, no geral, todos incorporam seu orixá individual natural ou um
espírito reintegrado às hierarquias naturais e, portanto, um irradiador de um dos
aspectos do seu orixá maior.
Temos na Umbanda:

• Xangôs da Pedra Preta

• Xangôs dos Raios

• Xangôs das Pedreiras

• Xangôs das Cachoeiras

• Xangôs das Sete Montanhas, etc.

Que são, todos eles, Orixás Intermediários e regentes de subníveis vibratórios ou


regentes de polos energético-magnéticos cruzados por muitas correntes
eletromagnéticas, nas quais atuam como aplicadores dos mistérios maiores, mas já em
polos localizados em subníveis vibratórios. E todos esses Xangôs intermediadores são
regentes de imensas linhas de trabalhos, ação e reação ou não é verdade que temos
caboclos da Pedra Branca, da Pedra Preta, das Pedreiras, das Sete Montanhas, do Fogo,
dos Raios, etc.?
Meditem muito sobre o que aqui estamos comentando, pois em se tratando de Orixás
é preciso conhecê-los a partir da ciência divina ou nos perdemos no abstracionismo e na
imaginação humana. Reflitam bastante e depois consultem vossos mentores espirituais
acerca do que aqui estamos ensinando, irmãos em Oxalá.

2.2 Egunitá
Egunitá é o orixá aplicador da Justiça Divina na vida dos seres racionalmente
desequilibrados. Fogo, eis o mistério de nossa Mãe Egunitá, regente cósmica do Fogo e
da Justiça Divina que purifica os excessos emocionais dos seres desequilibrados,
desvirtuados e viciados.
Em princípio, devemos alertar que não encontramos um orixá feminino que seja puro
fogo e que tenha chegado até nós por uma causa muito simples: as divindades só

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humanizam os seus aspectos (qualidades, atributos e atribuições) que nos sãos úteis,
dando amparo e estimulando nossa fé. Egunitá é tida como um dos aspectos de Iansã e
está correta essa interpretação... mas com uma observação: Iansã é o ar que alimenta o
fogo de Xangô ou o apaga. E Egunitá é o fogo que aquece o ar de Ogum, ou o consome.

Sim, o primeiro elemento de Iansã e Ogum é o ar e o primeiro elemento de Egunitá e


Xangô é o fogo. Logo, Egunitá só é um dos aspectos de Iansã quando atua em seu pólo
negativo, aéreo e cósmico, para consumir os excessos emocionais dos seres atraídos por
ela porque estavam agindo em desacordo com os ditames da Lei.
Nós comentamos que Oyá Tempo é a regente do aspecto negativo que esgota os eguns
e os transforma em espectros assustadores. Mas Oyá Tempo pune os religiosos, já que
este é seu campo preferencial de atuação. Com Iansã, que atua nos domínios da Lei, o
campo e o sentido da vida em que age são outros.
Oyá Tempo atua até no vazio, ou campo atemporal; Iansã atua somente onde existe o
ar. As irradiações de Oyá Tempo obedecem ao seu magnetismo, e mesmo no vazio elas
penetram, pois preenchem-no antes com sua energia cristalina.
Afinal, ou entendemos as divindades a partir da ciência ou até o ano 3000 d. C. Ainda
estaremos adorando-as somente por meio dos fenômenos da natureza. E não é isso que
elas desejam de nós e não foi para isso que deram início à sua renovação pela Umbanda,
certo? Portanto, voltamos a insistir: Egunitá só é uma “Iansã” a partir do seu segundo
elemento, que é o ar que alimenta seu fogo cósmico, consumista e anulador dos vícios
e consumidor das paixões abrasadoras.
O mesmo recurso dos antigos ordenadores das hierarquias dos orixás foi usado por
alguns ordenadores da Umbanda. E se aqueles colocaram Egunitá como uma Iansã
porque ela atua no ar, que é o seu segundo elemento, o mesmo os daqui fizeram com a
linha de caboclos “Rompe-Matas” ao colocá-los como caboclos de Oxóssi.
Mas o correto é que um caboclo Rompe-Matas tem nas matas seu segundo elemento
(vegetal) e seu campo preferencial de atuação, mas o elemento original é o ar, ou o
vento, que verga as árvores; rompe as matas fechadas para que o ar penetre nelas com
muita facilidade. Logo, ele é um caboclo de Ogum (ar), que atua na irradiação de Oxóssi
(vegetal). Portanto, ele não é um caboclo de Oxóssi, mas sim de Ogum, e atua nos
campos de Oxóssi abrindo caminhos (Ogum).
Com Egunitá acontece a mesma coisa: ela é fogo que atua na irradiação do ar (Iansã).
Mas ela não é o ar, e sim do fogo. Bem, com isso explicado, vamos comentar nossa
amada Mãe Egunitá já a partir do conhecimento superior sobre os Orixás e seus campos
de ação.
Egunitá é fogo puro e suas irradiações cósmicas absorvem o ar, pois seu magnetismo é
negativo e atrai o elemento com o qual se energiza e se irradia até onde houver ar para
dar-lhe essa sustentação energética e elemental.
Como Egunitá (fogo) é feminina, então ela polariza com Ogum (ar), que é masculino e
lhe dá a sustentação do elemento que precisa, mas de forma passiva e ordenada. Só
assim suas irradiações acontecem de forma ordenada e alcançam apenas o objetivo que
ela identificou.

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Se ela polarizasse com Iansã, suas energias não seriam irradiadas porque aconteceria
uma propagação delas na forma de labaredas, já que as duas são de magnetismos e
elemento feminino. Eis aí a chave das polarizações, que obedecem a uma ordenação das
irradiações por magnetismos.
Até nisso nós vemos a perfeição do Criador, pois o fogo feminino de Egunitá se
espalharia pelo elemento eólico de Iansã e assumiria proporções alarmantes. Mas ao se
polarizar com Ogum, e se ela, enquanto divindade natural, absorver muito das
irradiações eólicas dele, irá se resfriar e será anulada em seu próprio elemento.

O inverso acontece com Ogum, que é passivo e só se torna ativo em seu segundo
elemento, o que o alimenta, aquecendo-o e energizando suas irradiações. Ogum, como
guardião da Lei, atua nos campos da Justiça como aplicador das sentenças.

Logo, se Ogum absorver o fogo de Xangô, que também é passivo em seu magnetismo,
esse fogo só irá consumir o ar de Ogum e não irá gerar a energia ígnea que fluiria como
calor pelas irradiações retas do seu magnetismo, que é passivo.
Ogum é passivo no magnetismo eólico e ativo em seu segundo elemento, que é o fogo
que energiza (aquece) o ar.
 Ogum irradia em linha reta (irradiação contínua).
 Xangô irradia em linha reta (irradiação contínua).
 Iansã irradia em espirais (irradiação circular).
 Egunitá irradia por propagação (irradiação propagada).
Xangô polariza com Iansã e suas irradiações passivas se tornam ativas no ar (raios);
Egunitá polariza com Ogum e suas irradiações por propagação magnética assumem a
forma de fachos flamejantes.
Observem que a Lei e a Justiça são inseparáveis e para comentarmos Egunitá temos que
envolver Ogum, Xangô e Iansã, que são os outros três orixás que também se polarizam
e criam campos específicos de duas das sete linha de Umbanda. Ela é cósmica (negativa)
e seu primeiro elemento é o fogo, que se polariza com seu segundo elemento, que é o
ar. Portanto, como o fogo é o elemento da linha da Justiça, ela é uma divindade que
aplica a Justiça Divina na vida dos seres.
E porque o ar é seu segundo elemento, que a alimenta e energiza e é o elemento da
linha da Lei, ela é uma divindade que aplica a justiça como agente ativa da Lei e consome
os vícios emocionais e os desequilíbrios mentais dos seres. Os vícios emocionais tornam
os seres insensíveis à dor alheia. Os desequilíbrios mentais os transformam em
tormentos para seus semelhantes.
A Orixá Egunitá, como irradiadora da chama cósmica e purificadora da Justiça Divina,
atua sobre os seres movidos por paixões avassaladoras e os incandesce até um ponto
em que começam a consumir a si próprios. Quanto aos desequilibrados mentais, Egunitá
retira todo o calor (energia ígnea) do corpo energético do ser e ele se resfria de imediato,
tornando-se frio e escuro (egun).
Mas os eguns paralisados por Egunitá não são os do Tempo, pois trasnformam-se em
espíritos sofredores sem chegar ao grau de espectros totalmente vazios. Egunitá retira

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deles apenas calor e os deixa com um frio paralisante, enquanto Oyá tempo retira deles
todas as energias e os deixa vazios.
Enfim, cada orixá atua de uma forma e é responsável por um dos aspectos da vida dos
seres. Uns atuam nos aspectos da Fé, outros nos aspectos do Conhecimento, outros nos
da Lei e outros da Justiça, etc.
Mas, aqui, estamos descrevendo os aspectos mais internos ou ocultos dos Sagrados
Orixás. E não o fazemos a partir das lendas sobre eles, transmitidas oralmente de pai
para filho, naquilo que constitui o saber mítico possível de ser conservado no decorrer
do tempo.
Pesquisando livros de vários autores, importantíssimos para o entendimento dos orixás,
só encontramos Egunitá sendo descrita como uma das qualidades de Iansã.
Aqui, não vamos questionar algo que tem sido útil durante milênios, mas sim separar
uma Divindade do Fogo (Egunitá) de uma Divindade do Ar (Iansã) e descrevê-la segundo
a Ciência Divina dos Orixás, que nos revela ela ígnea e se expandindo (irradiando sua
energia) pelo elemento ar (energia eólica).
Egunitá tem toda uma forma de ser cultuada, oferendada e firmada.

Deve ser cultuada a partir da sua natureza justiceira (ígnea).


Deve ser oferendada individualmente.
Deve ser firmada em elementos da natureza associados ao fogo, inclusive a cor da
sua vela votiva é laranja (em substituição a sua cor dourada).

Suas frutas são: laranja, abacaxi, uva, caqui, tamarindo, etc., e todas as frutas ácidas,
sempre depositadas sobre um pano dourado ou alaranjado, que deve ser circulado com
velas de cor laranja e vermelha...

Eu mesmo recorro muito à minha mãe do fogo divino, a nossa Orixá Egunitá, quando
preciso cortar magias negras, consumir energias negativas em lares ou com as pessoas
que atendo e mesmo para cortar atuações de eguns. E sempre ela responde
imediatamente e de forma fulminante. Seu fogo consumidor dos vícios e dos
negativismos é temidíssimo pelos seres que habitam nas faixas vibratórias negativas,
pois ele se alimenta das energias negativas que eles geram e irradiam.

Entendam que se em uma linha ar e fogo se polarizam para aplicar a Lei (Ogum-Egunitá)
e em outra fogo e ar (Xangô-Iansã) se polarizam para aplicar a Justiça, é porque tanto o
fogo e o ar quanto a Justiça e a Lei não são antagônicos e sim complementares. O fogo,
em verdade, não consome ou anula o ar, mas tão somente o expande ou o faz refluir.

A justiça não anula a Lei, mas sim dota-a de recursos legais (jurídicos) para que possa
agir com mais desenvoltura. E a Lei não anula a Justiça, mas sim dota-a com recursos
para que possa se impor onde injustiças estejam sendo cometidas.

Fogo e Ar - Justiça e Lei, eis aí dois elementos que se complementam e duas linhas de
Umbanda que são indissociáveis.

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No elemento fogo puro ou elemental, Egunitá está assentada em seu polo negativo, não
irradiante, atraente e devorador dos vícios e desequilíbrios energéticos. Já na linha de
forças da Lei, regida por Ogum, ela se mostra como o fogo misto (areado). E, assentada
em seu polo negativo, consome os vícios emocionais e os desequilíbrios mentais
surgidos após o ser desvirtuar os princípios da Lei, que são de natureza aérea. E se o ar
que anima os princípios puros na vida do ser (Lei) tornou-se viciado (distorcido), então
será Egunitá (o fogo que devora) que irá consumir todos os vícios e paralisá-lo (ar) até
que novo ar puro (novos princípios) volte a arejar sua vida.

As divindades têm uma função a realizar e nós sempre seremos beneficiários e sua
atuação. Quando nos paralisam, também estão nos ajudando, pois evitam que
continuemos trilhando um caminho que nos conduzirá a um ponto sem retorno.

Retirado do Livro: Orixás - Teogonia de Umbanda - Rubens Saraceni - Editora Madras

3. Carma e origem da dor


— Qual a verdadeira significação da palavra “Carma” tão usada entre os
reencarnacionistas, e que tem relação particularmente com as vidas anteriores?

— Carma é palavra que deriva do sânscrito (kri) ou seja “fazer”. Os hindus são os que
mais a empregam, considerando-a como vocábulo técnico mais apropriado para
designar a ação e o seu efeito correspondente nas encarnações sucessivas dos espíritos
na Terra. Para eles, toda ação é Carma; qualquer trabalho ou pensamento que produzir
algum efeito posterior é Carma.

E a lei de Causa e Efeito, como a chamais, com seu saldo credor ou devedor para com o
espírito encarnado. Os atos praticados por pensamentos, palavras ou obras, nas vidas
anteriores, ou seja em vidas subsequentes, devem trazer venturas ou acarretar
desgraças aos seus próprios autores, na proporção entre o bem e o mal que deles
resultou. Os seus efeitos, portanto, atuam posteriormente sobre a felicidade, a vontade,
o caráter e os desejos do homem em suas vidas futuras. Embora pareçam anular o livre
arbítrio, são forças que resultam sempre dos próprios atos individuais do pretérito. E o
efeito agindo e dominando a própria vontade do ser, mas reagindo exatamente de
acordo com as próprias causas que ele engendrou. A lei de Causa e Efeito registra as
ações boas ou más; a lei do Carma procede ao balanço das ações registradas e dá a cada
espírito o “saldo” que lhe cabe em resultados bons ou maus.

Metafisicamente, a palavra “Carma” refere-se ao destino traçado e imponderável, que


atua tanto nas coisas animadas como nas inanimadas, pois rege e disciplina todos os
ciclos da vida, que vão desde o finito ao infinito, do átomo à estrela e do homem ao
Universo!

Há, pois, o Carma do homem, o da família, o da nação, o do continente e o da


humanidade. E, assim como se engendram destinos futuros fundamentados nos atos ou
pensamentos do homem — que serão regidos e disciplinados pelo seu Carma —
também os orbes que balouçam no espaço obedecem a um determinismo cósmico, de

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reajustamento de sua massa planetária, em concomitância com o efeito das causas


coletivas de suas próprias humanidades.

Há que considerar, portanto, desde o Carma atômico que rege o princípio de vida
microscópica no Cosmo, para a formação da matéria, até o Carma do Universo, que
então já é a Lei Cósmica manifestada fora do tempo e do espaço.

Com referência ao Carma do homem, convém lembrar que Jesus muitas vezes advertiu
sobre a existência de uma lei disciplinadora do mecanismo de relações entre os seres, e
que liga as causas aos seus efeitos correspondentes, quando afirmou: “Quem com ferro
fere com ferro será ferido” ou “Cada um há de colher conforme for a semeadura”. Esses
conceitos de Jesus não deixam dúvida de que o espírito há de sempre sofrer os efeitos
na esteira das reencarnações físicas, submetido implacavelmente ao determinismo das
causas que gerou.

Tais conceitos vêm a ser os mesmos da Lei de Causa e Efeito, isto é, de que todas as
causas engendram efeitos futuros de igual intensidade e responsabilidade, com a
diferença, porém, de que éLei imutável e severa, que tanto disciplina os fenômenos da
vida planetária, o amor entre os seres e a afinidade entre as substâncias, como governa
a coesão entre os astros dispersos pelo Cosmo.

Nenhum acaso rege o destino das coisas; é a lei do Carma que tudo coordena, ajusta e
opera, intervindo tanto nos fenômenos sutis do mundo microscópico, como na vastidão
imensurável do macrocosmo. Ela tem por único objetivo dirigir o aperfeiçoamento
incessante de todas as coisas e seres, de há muito já previsto nos grandes planos que
fundamentam a harmonia da Criação.

As vossas condições psíquicas ou físicas, aí na Terra, decorrem exatamente do


engendramento das causas cármicas que já efetuastes noutras vidas; se atualmente
usufruís alegria, paz e ventura, apenas gozais o efeito cármico das boas sementes
lançadas alhures; se vos dominam a dor, a amargura, e as vicissitudes repontam em
vossa existência, não culpeis a Deus, nem a qualquer “destino” injusto e fatídico
inventado por alguém pois, de qualquer modo, só estareis ceifando o resultado do
plantio descuidoso do passado! As regras inflexíveis de que “a semeadura é livre mas a
colheita é obrigatória”, e a de que “a cada um será dado conforme as suas obras”, não
abrem exceções a quem quer que seja, mas ajustam todas as criaturas à disciplina
coletiva tão necessária ao equilíbrio e harmonia da humanidade do vosso orbe.

PERGUNTA: — Então o Carma é um determinismo indesviável em nossas vidas?

RAMATIS: — O Carma, como lei imutável, aliada à de Causa e Efeito, rege todo o
processo da vida cósmica; é a própria pulsação harmônica do Criador manifestando-se
tanto na composição dos astros como no aglomerado dos elétrons constitucionais dos
átomos. Cada orbe e cada elétron ajusta-se perfeitamente a esse ritmo eterno e de
aperfeiçoamento sideral, conjugando-se para harmonia do Cosmo. Há, pois, um
entrosamento cósmico de ação e reação em todo o Cosmo; assim é que a Terra,
movendo-se e consolidando-se sob a regência disciplinadora do seu Carma, só se
aperfeiçoa em harmonia com o Carma da Constelação Solar a que pertence; mas esta,

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por sua vez, liga-se ao Carma de sua Galáxia, que também se submete ao Carma das
demais Galáxias dependentes do Carma dos Hemisférios Cósmicos.

O globo terrestre está submetido ao metabolismo cármico de todo o sistema visível ou


invisível do Cosmo; há uma rota definida e um ritmo ascensional, que o impulsionam
para condições cada vez mais progressistas no cortejo planetário do seu sistema solar.
Justamente devido à regência dessa lei cármica, que atua no sistema solar a que
pertence a Terra, é que em certas épocas determinadas para a consolidação de sua
massa planetária e o reajustamento de sua humanidade, se registram as seqüências dos
“juízos finais” corretivos, conforme atualmente já está sucedendo com o vosso orbe.

PERGUNTA: — Mas é fora de dúvida que, se nós sofremos limitações impostas pelo
determinismo cármico do planeta em que habitamos, o nosso livre arbítrio se torna
inútil não é assim?

RAMATIS: — O exercício do vosso livre arbítrio vai muito além do que pensais,
porquanto já sois uma vontade espiritual definida, e superior ao próprio orbe que
habitais; a diferença principal para com o Carma do planeta está em que deveis assumir
a responsabilidade de todos os vossos atos, sejam bons ou maus. O corpo material do
planeta Terra representa a vestimenta exterior do seu Anjo Planetário, que em espírito
o alimenta desde a intimidade mental e astral. A sua vontade poderosa significa a
própria Lei atuando em harmonia com o Carma dos demais planetas do sistema e agindo
de comum acordo com o Anjo Constelatório, que é o responsável pelo progresso de toda
a constelação solar. Aquilo que considerais um determinismo implacável, a tolher O
vosso livre arbítrio, é apenas o equipo de leis que emanam do espírito planetário do
orbe terráqueo e lhe regulam tanto o ajuste planetário como o crescimento harmonioso
de sua humanidade. Quando vos ajustardes a essas leis evolutivas e só souberdes operar
em vosso benefício espiritual, sem entrardes em conflito com a coletividade, ser-vos-á
facultado, o exercício do livre arbítrio de modo ilimitado. Por enquanto, o homem
terrícola não pode usufruir o direito de exercer a sua vontade absoluta, pois até nas suas
relações genésicas ainda se mostra inferior aos próprios animais, que as respeitam e
praticam só em épocas adequadas e exclusivamente com a finalidade de procriar. Em
face do extremo egoísmo, cupidez e crueldade do atual cidadão terreno, a vossa vida
seria de contínua desordem e conflito, se os poderes humanos pudessem gozar
impunemente do seu livre arbítrio!

PERGUNTA: — Quais são os meios mais indicados para modificarmos para melhor o
nosso Carma?

RAMATIS: — O principal é o controle dos vossos pensamentos, palavras e obras pois, à


medida que reduzis ou modificais para melhor o vosso Carma do passado, é certo que
também criais um novo Carma para o futuro, e este ser-vos-á tão amargo ou venturoso
de conformidade com o Carma restante, das encarnações passadas e as causas que
criardes no presente. O Carma, em seu sentido específico, registra as ações da alma
desde o momento em que ela principia a sentir-se “algo” existente dentro do seio da
Divindade e, embora sem poder desprender-se do Espírito criador da vida cósmica
donde proveio, já se distingue como uma consciência individual existente à parte.
Conforme já vos explicamos anteriormente, na Consciência Total de Deus vão se

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constituindo ou se fragmentando novos grupos de consciências espirituais coletivas, que


então abrangem e coordenam de modo instintivo todas as espécies de animais e demais
seres, disciplinando-lhes o progresso em grupos ligados pela mesma afinidade. Assim é
que permanece sempre ativa uma “consciência-grupo” que dirige cada raça animal aí
no mundo físico, seja a espécie bovina, a cavalar ou a do peixe no oceano. Entretanto,
no seio dessas espécies ou raças, que são o prolongamento instintivo de urna
consciência diretora, nos seus próprios componentes vão-se destacando certas
características psíquicas isoladas, que pouco a pouco passa a construir novas
consciências menores movendo-se na corrente da vida e assumindo os deveres e as
responsabilidades compatíveis com o seu entendimento já desperto.

Assim é que a espécie de cães selvagens é um conjunto animal mais fácil de ser
coordenado e dirigido pela sua consciência psíquica diretora porque, embora formando
um agrupamento instintivo de vários milhares ou milhões de cães, ainda funciona e só
reage como uma só peça homogênea, sem apresentar quaisquer distinções
isoladamente entre os seus componentes. No entanto, quando se trata da espécie “cão
domesticado” e dispersa pelos lares humanos, verifica-se que os seus descendentes já
reagem consciencialmente entre si, quer ainda estejam submetidos ao mesmo espírito-
grupo e sejam oriundos da mesma prole. No seio do mesmo psiquismo coletivo da
espécie a que pertencem, os exemplares já prenunciam um entendimento racional à
parte, e em alguns até se observam os primeiros bruxuleios do sentimento humano.
Enquanto os cães selvagens manifestam uma só índole instintiva, feroz e idêntica em
toda a sua espécie racial, os cães domésticos, sob a influência do homem, diferenciam-
se de modo notável; há desde o cão heroico, o covarde, o valente, o fleumático e o jovial,
assim como o animal ressentido que não olvida os maus tratos, até aquele que a dor
inesquecível faz morrer junto à sepultura do dono a quem se afeiçoou
incondicionalmente.

A medida que, na mesma espécie animal, os seus componentes vão-se distinguindo pela
formação de uma consciência individual destacada do seu espírito-grupo diretor,
também a lei cármica que dirige o conjunto passa a atuar com mais particularidade para
acelerar-lhes o progresso psíquico. Ela os impulsiona para objetivos mais inteligentes e
elevados sob a visão do homem e, quando preciso, providencia até a transferência do
animal para outros orbes onde encontra condições mais favoráveis para apressar a sua
formação consciencial.

PERGUNTA: — Gostaríamos que prolongásseis um pouco mais as vossas considerações


acerca desse determinismo do Carma sobre os “espíritos-grupo” que coordenam e
dirigem as espécies animais como uma só consciência coletiva. Podeis atender-nos?

RAMATÍS: — O que rege as espécies inferiores e coordena-lhes os movimentos


evolutivos é o próprio determinismo evolutivo, pois que orienta todo o conjunto ou
espécie animal pelo qual é responsável, a fim de induzi-lo a agir de modo mais acertado
e proveitoso. Mas, com o decorrer do tempo e a intervenção do homem, não tardam a
se processar as fragmentações psíquicas, que logo fazem distinguir as relações dos
exemplares entre si e os destacam individualmente no seio do psiquismo instintivo e
uniforme do “espírito-grupo” dirigente. Independentemente do controle geral da
espécie ou raça, a Lei se desdobra orientando cada exemplar para que consiga a sua

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emancipação individual. Eis por que dizemos que a mesma Lei sábia que rege o
mecanismo do Universo também se amolda e se ramifica gradativamente para regular
o movimento dos elétrons no seio dos átomos. Os astrônomos conhecem a infalibilidade
de certas leis que disciplinam o curso dos astros; os químicos sabem quais são os fatores
reagentes, exatos e indiscutíveis, que orientam a afinidade de suas combinações
costurneiras; os matemáticos reconhecem a precisão dos cálculos que geometrizam o
Universo, enquanto a humanidade já principia a compreender que o homem também é
o plano matemático do futuro anjo!

Há uma lei indesviável, uma lei cármica reguladora da causa e do efeito, que tanto
transforma a bolota em carvalho, a lagarta em libélula, como o celerado no ungido do
Pai! Na verdade, uma Vontade Diretora espraia-se por tudo e sobre todos, como um
imperativo de segurança e harmonia cósmica, tendo por único fim a Beleza e a
Perfeição. O Carma, como um ritmo submisso dessa vontade superior, é a própria
pulsação do Criador atuando em ciclos disciplinadores, desde as órbitas dos elétrons até
às órbitas dos sistemas solares. E por isso que, em face do equilíbrio e da ordem absoluta
na manifestação criadora do Universo, o conhecimento iniciático desde os tempos pré-
históricos afiança que “o que está em cima também está embaixo”, e “o que está no
átomo também está no Universo”

PERGUNTA: — Podeis dar-nos algum exemplo mais objetivo de que a criatura humana
é sempre beneficiada, mesmo quando submetida à mais terrível prova cármica?

RAMATIS: — Suponde, para exemplo, um espírito encarnado num corpo físico com
paralisia total dos seus membros inferiores. Isso para ele é um mal porque, devido ao
efeito cármico que lhe tolhe os movimentos das pernas, deixa de participar a contento
do curso da vida transitória do mundo material. No entanto, em tal caso, a ação restritiva
da Lei não tem por objetivo fazê-lo expiar de modo doloroso os seus erros do pretérito,
mas apenas desenvolver-lhe um melhor senso diretivo dos seus passos futuros. Se o
impede de participar ativamente das movimentações comuns da vida física e o manieta
pela paralisia, assim o faz para obrigá-lo a uma existência mais introspectiva e ao
constante esforço reflexivo que também lhe apura o psiquismo. A paralisia ou
deformidade que o junge a uma cadeira de rodas ou leito de sofrimento não só o obriga
a uma vida mais psíquica, como o afasta das paixões perigosas e das ilusões que vicejam
nos caminhos do trânsito fáci da matéria. O paralítico, então, pode melhor desenvolver
os bens do espírito e instruir-se mais facilmente, pois bem menores são as suas
necessidades materiais e também sobeja-lhe maior cota de tempo para compensar os
prejuízos do pretérito. O que pode parecer punição ou expiação espiritual, para as
criaturas ignorantes do sentido criador e da recuperação cármica da alma, nesse caso
não passa de retificação da onda da vida, que estava desarmonizada com a consciência
do ser.

Da mesma forma, quando se represa o curso dos rios, não se o faz para castigá-los, mas
apenas para que do acúmulo de suas águas resulte maior força para a usina benfeitora.
Assim, quando muitas vezes a Lei do Carma, ajustando o efeito à causa correspondente,
represa a liberdade do espírito e o paralisa no ergástulo de carne retificador, não o faz
com o fito de qualquer desforra divina, mas apenas para corrigir o desvio psíquico
perigoso e reconduzir a alma novamente ao seu curso venturoso.

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PERGUNTA: — Mas é evidente que o sofrimento humano ainda é um acontecimento


que muitas vezes abate o espírito de tal modo que, provavelmente, não o compensa dos
seus equívocos passados e ainda pode torná-lo mais refratário à lição de retificação
espiritual! Que dizeis?

RAMATIS: — A enfermidade física é apenas um efeito contensivo e transitório, que


tanto ajusta ao energismo espiritual negligente no pretérito, como também se torna o
meio pelo qual o espírito expurga os venenos psíquicos que lhe impedem a diafanização
do perispírito. Como o homem é o produto do seu pensamento e, portanto, se converte
naquilo que pensa, também termina plastificando as linhas sadias e o vigor energético
para os seus corpos futuros, quando se habitua a só cultivar as expressões de harmonia
que fundamentam a intimidade angélica de toda criatura. O poder mental, cujo domínio
é tão apregoado pelos teósofos, iogues e esoteristas, quando é exercido de modo
positivo e sensato, caldeia sadiamente a personalidade futura, porque é força ilimitada
que atua no mundo oculto das causas dinâmicas do espírito criador.

Daí verificar-se que, mesmo a criatura mais deserdada na vida física, ainda pode servir-
se de sua vontade e atuar na origem ou na essência de sua vida imortal, usando de força
mental positiva para desatar as algemas da infelicidade, ou sobrepujar em espírito os
próprios efeitos cármicos do seu passado delituoso. Então é a própria lei cármida que
passa a ser dirigida pelo espírito em prova, e que inteligentemente procura ajustar-se
ao curso exato e evolutivo da vida espiritual, integrando-se ao ritmo natural de seu
progresso; ele abstém-se de resistir ao impulso sábio que lhe vem do mundo oculto do
espírito e harmoniza-se paciente e confiante aos objetivos do Criador.

O vosso mundo apresenta muitíssimos exemplos de almas resignadas e heroicas que,


em lugar de se entregarem à rebeldia ou desalento irremediável, têm superado os mais
atrozes padecimentos e correções cármicas, quando outros menos desfavorecidos
deixam-se aniquilar sob o queixume insuportável e ainda criam avultados melodramas
ante os sofrimentos mais singelos. As criaturas confiantes no sentido educativo da vida
humana não só extraem as mais vigorosas energias da própria dor, como ainda superam
o seu sofrimento acerbo e produzem obras e trabalhos notáveis. Richelieu dominava um
reino, malgrado a sua atroz e incurável furunculose; Dostoievski, apesar de epiléptico,
escreveu as mais profundas obras de introspecção humana; Chopin, um tísico,
presenteou o mundo com as mais sensíveis melodias; Maharshi, apesar do câncer do
braço, com sua bondade santificou até o local onde vivia, e Cervantes, um deserdado,
ofertou ao mundo a sátira genial do Don Quixote!

Inúmeras outras criaturas, sem braços, sem pernas, paralíticas, cegas, deformadas ou
epilépticas realizam tarefas tão gigantescas, que servem de diretrizes morais e
mensagens definitivas comprovando a vitória do espírito sobre a matéria. Helena Kelier,
surda, muda e cega, ainda encarnada no vosso mundo, é um testemunho eloqüente de
que o espírito, mesmo quando soterrado na mais sombria masmorra de carne e privado
dos seus principais sentidos de relação com o mundo exterior, ainda consegue
comprovar a sua imortalidade, a sua glória e o poder criador! Em verdade, essas
criaturas, embora cumpram os efeitos cármicos dolorosos, gerados no passado,
também mobilizam poderosos recursos existentes no âmago de todo espírito e, em vez
de se entregarem ao desespero, fazem de suas enfermidades admiráveis poemas de

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heroísmo e superação espiritual. Suas vidas então servem como um enérgico protesto
contra aqueles que, embora sadios de corpo, ainda vivem mergulhados no mais triste
pessimismo destruidor, rebelando-se irascivelmente contra os princípios superiores do
espírito imortal!

PERGUNTA: — Rogamos-vos nos deis algum exemplo que nos esclareça o que é a
liberação antecipada do espírito desligando-se do Carma da Terra. Podeis fazê-lo?
RAMATIS: — No estado em que se encontra atualmente o vosso orbe, tendes que sofrer
os efeitos de suas condições de vida planetária, como função de um planeta de grau
primário. Em consequência, não podeis viver nele um padrão de vida completamente
venturoso, porque ainda é um mundo a caminho do aperfeiçoamento e bastante
contraditório em seu clima e estabilidade. Aí sofreis o frio excessivo ou o calor extremo;
enfrentais todos os tipos de intempéries, instabilidades climáticas e desequilíbrios
geológicos. Os recursos da ciência e da inteligência terrícola, já bastante desenvolvidos,
só podem proteger-vos até certo ponto. E mesmo a posse da fortuna não impede que o
meio, ainda primitivo, do orbe, cause enfermidade até aos mais privilegiados!

E evidente que não podeis fugir às imposições geológicas do vosso orbe terráqueo, por
melhores que sejam as vossas intenções, assim como deixar de viver na dependência do
instinto belicoso e das contradições próprias da humanidade terrena, o que aumenta a
instabilidade e a desventura em comum. Por melhores intenções que alimenteis, deveis
participar obrigatoriamente do Carma coletivo do orbe terráqueo e do de sua
humanidade; a ambos vos tendes ligado fortemente no pretérito, e é possível que bem
pouco tenhais realizado para a vossa libertação definitiva do ciclo de suas reencarnações
físicas. No entanto, se o desejardes, em nenhum momento vos será negado o ensejo de
libertação do Carma da Terra e a conseqüente promoção para outros orbes mais
evolvidos. Mas a verdade é que a vós mesmos cumpre o desatamento das algemas e
dos compromissos assumidos no pretérito para com o mesmo e a humanidade. Essa
libertação, sem dúvida, exige completa renúncia aos valores e interesses terrenos; é a
fuga vibratória para o mundo do Cristo e a integração incondicional aos seus postulados
evangélicos que, em verdade, são as leis que regem o reino eterno do espírito. O
afinamento crístico e o desinteresse absoluto pelas competições do mundo e para com
“os tesouros que as traças roem e a ferrugem come”, é que terminam rompendo as
algemas planetárias. Enquanto a maioria dos homens segue animalescamente a sua
marcha evolutiva sob o aguilhão implacável da dor e do sofrimento, alguns outros
preferem antecipar a sua libertação cármica, envidando os mais heróicos esforços e
entregando-se à mais completa renúncia a todo desejo, interesse a afeição pelas ilusões
das formas materiais.

PERGUNTA: — Podeis mencionar algum espírito que antecipasse a sua libertação


cármica da Terra, em vez de continuar submetido exclusivamente à Lei de Causa e Efeito,
embora esta também terminasse por libertá-lo do ciclo dos nascimentos físicos?

RAMATIS: — É Francisco de Assis um dos exemplos mais edificantes e inconfundíveis de


liberação antecipada do seu carma físico pois, tendo nascido em berço rico e cercado de
gente afortunada, vaidosa e aristocrata, preferiu repartir seus bens com os pobres e
desfez-se de seus trajes de seda e de veludo para vestir a grosseira estamenha; e em
lugar do cinto recamado de pedrarias e da vistosa espada do fidalgo, amarrou à cintura

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um cordão de cânhamo! Foi com o mais profundo sentimento de renúncia que ele
aceitou a advertência evangélica do Cristo Jesus: “Não possuais ouro nem prata nem
cobre em vossos cintos, nem alforjes, nem duas tûnicas, nem calçado, nem báculo em
que apoiar-vos.. Sob tal resolução heróica, em que Francisco de Assis extinguiu de uma
só vez o desejo e venceu o Maya — a grande ilusão da vida material — é óbvio que
também cessou de gerar Carma físico para o futuro, pois a sua vida, completamente
devotada ao serviço amoroso a todos os seres e coisas do mundo, terminou por desatar-
lhe os últimos laços de ligação às formas do mundo terráqueo.

Afastando-se do epicurismo das mesas, despido da vaidade e dos trajes fidalgos,


indiferente aos pergaminhos e galardões do mundo físico, liberto do desejo sensual,
rompeu os liames escravizantes do seu grilhão cármico e, pouco a pouco, isolou-se da
disciplina retificadora do Carma do seu planeta.

Francisco de Assis não renunciara apenas ao seu presente, mas também efetuara a sua
libertação das vidas físicas futuras, porquanto, tendo exterminado em si os desejos pelas
coisas do mundo material e desistido de competir com os homens no seu mundo de
formas ilusórias, embora ainda encarnado já vivia as condições exigidas para o equilíbrio
e a sustentação vibratória nos planos paradisíacos do espírito!

Modo de trabalho dos Exus – os executores do Karma

PERGUNTA: — No caso de os encarnados se afastarem de seus deveres e da disciplina


espiritual na Terra, os guias podem intervir do Espaço, e sustar os desmandos dos seus
pupilos?

RAMATIS: — O trabalho principal do “guia”, em relação ao seu protegido encarnado, é


o de livrá-lo, tanto quanto possível, das imprudências, das ilusões, dos atrativos do vício
e das paixões perigosas do mundo material. Do “lado de cá”, a nossa maior preocupação
é a de impedir que o amigo ou o discípulo encarnado termine escravizado às paixões
animais que o cercearão em sua ascensão espiritual. Quanto ao êxito desejado, nem
sempre podemos consegui-lo a contento pois, em geral, a criatura encarnada foge à
receptividade vibratória ao seu mentor e torna-se imune às suas inspirações superiores.
Em geral, escuta apenas a voz da “sereia das sombras”, que termina conduzindo-a aos
maiores ridículos e disparates! Quando tal acontece, o seu guia ou protetor lança mão de
recursos extraordinários e intervém tanto quanto possível a favor do seu pupilo, a fim de frenar-
lhe os desatinos e evitar em tempo os desvios perigosos que o conduzam à escravidão às
entidades malfeitores.

PERGUNTA: — Quais são os métodos empregados pelos guias nessa intervenção espiritual para
o bem dos seus pupilos encarnados?

RAMATÍS: — Quando falham todos os recursos no campo mental da inspiração superior, e o


pupilo periclita na sua integridade espiritual, em geral os seus guias se socorrem do recurso
eficiente da enfermidade ou mesmo de vicissitudes morais ou econômicas, através das quais
possam neutralizar em tempo as causas principais dos desatinos e imprudências. Quase todos
os seres humanos são portadores de verdadeiras válvulas de segurança psíquica, embora se
trate de deficiências cármicas provenientes das mazelas passadas, e servindo-se das quais os
guias intervêm para cercear os desvios perigosos.

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Bem sabeis que o corpo carnal é o reflexo exato do temperamento psíquico de cada alma, pois
entre dois irmãos gêmeos, e perfeitamente parecidos, mesmo que sejam xifópagos, podeis
notar considerável diferença na sua contextura moral e intelectual, comprovando-se que,
embora sob o mesmo padrão consangüíneo, sob iguais ascendentes biológicos ou tendências
hereditárias, essas duas almas diferem profundamente quanto à sua ascendência psíquica.
Assim sendo, o organismo físico de cada criatura conserva também em sua intimidade etéreo-
astral uma zona vulnerável do seu próprio psiquismo ancestral, que pode servir de recurso
excepcional para à última hora o guia intervir e aplicar a disciplina compulsoriamente, quando
o seu protegido lhe faz ouvidos moucos.

PERGUNTA:— Podeis oferecer-nos qualquer exemplo mais concreto do assunto?

RAMATIS: — Há casos em que determinado protegido, até então regrado e amigo do lar, deixa-
se fascinar por qualquer paixão mundana perigosa, que pouco a pouco o vai 174 absorvendo e
ameaçando de causar perturbação grave no seio amigo da família. Por vezes ele se torna
refratário a qualquer intuição espiritual superior ou nega-se a cumprir as promessas feitas
durante o sono, quando deixa o corpo físico no leito, preferindo obsidiar-se completamente pela
mulher extravagante, parasita ou fescenina, ou então pelo álcool ou pelo jogo insidioso.

Quando menos espera, é lançado ao leito de dor ou, então, vê cessadas as facilidades ou
recursos materiais que o sustentavam na imprudência condenável, ficando impedido de
prosseguir no seu comportamento irregular. Um outro, por exemplo, pode ser o de um indivíduo
saudável, forte, demasiadamente viril e dotado de um corpo avantajado, mas cujo espírito
irascível e prepotente nega-se a abrandar o seu temperamento ou foge à intuição benfajeza do
seu amigo desencarnado. Avantajado de corpo e de forças, sempre reage com violência e
atrevimento diante de qualquer conselho ou protesto alheio! Sumamente agressivo, usa suas
mãos como vigorosas luvas de boxe, que esbofeteiam com facilidade e se movem ameaçadoras,
sem quaisquer propósitos de tolerância e escusas. No lar, a sua irascibilidade semeia
confrangimentos contínuos, pois é atrabiliário com a esposa, filhos e vizinhos; vive certo de não
precisar de ninguém e sente-se bastante auto-suficiente para desprezar os favores do próximo!
Então, o seu guia espiritual só tem um recurso para domar o pseudo - “gigante”
demasiadamente eufórico de sua estatura e do seu maciço de carne: é jogá-lo num leito de
sofrimento cruciante e arrasá-lo até que reconheça a sua própria debilidade humana no seio da
humanidade. Desse modo, cerceia-lhe a autoviolência e o coloca a caminho da ternura e da
humildade, sob o guante do sofrimento, demonstrando-lhe que não passa de um troglodita
vestido à moderna, qual extravagante gladiador que abusa de sua robusta armadura de carne,
nervos e ossos! Lança-o por terra abatido por violenta e insidiosa enfermidade, fazendo-o
entrever o limiar dos bastidores do “outro mundo”, o que lhe desanda tremendo susto e
desperta o desejo de continuidade de vida para cuidar do socorro alheio!

Em geral, aqueles que aparentam maior indiferença pela morte, porque são robustos e sadios,
quase sempre são os que mais se acovardam ante a perspectiva de perder o corpo que lhes dá
os prazeres fugazes da vida animal e facilita-lhes todos os caprichos e vaidades da carne. Como
não confiam na perspectiva agradável da “outra vida”, além do prosaísmo da existência física,
agarram-se desesperadamente à armadura carnal, como o náufrago à tábua de salvação.

PERGUNTA: — E esse recurso a que vos referis é suficiente para ajustar o protegido rebelde às
inspirações superiores?

RAMATIS: — Naturalmente, estamos pressupondo um tipo psicológico para o nosso exemplo,


de cujo sofrimento possais tirar ilações proveitosas para outros casos semelhantes ou da mesma
índole espiritual. No entanto, esse tipo é bem mais comum do que imaginais, e muito

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acovardado diante das provas retificadoras do espírito! Embora possam variar imensamente os
recursos e os métodos empregados pelos guias, conforme as reações psicológicas de cada uma
criatura em prova, a enfermidade ainda é a mais valiosa intervenção corretiva para coibir o
abuso dos encarnados que se imaginam “donos do mundo” e pretendem viver completamente
desligados de qualquer compromisso ou obrigação para com os seus amigos e mentores que os
acompanham do mundo invisível. O corpo físico é o banco escolar onde a alma se assenta para
aprender o alfabeto espiritual e proceder à sua necessária renovação interior. Desde que esse
aluno despreze as oportunidades do aprendizado espiritual e prefira entregar-se ao comando
das paixões animais, é muito comum a enfermidade, como um efeito confrangedor das vidas
passadas, assim como pode ocorrer a intervenção disciplinadora do Alto, se for necessária.

Para nosso exemplo anterior, aproveitamos o tipo do homem irascível, violento e intolerante,
que abusa da sua organização carnal privilegiada sobre os menos agraciados de corpo ou
subalternos, cuja ostensividade nociva só poderá ser corrigida quando atirado ao leito de dor e
vítima de prolongada enfermidade. Posteriormente, flácido de carnes, impotente e algemado a
um corpo débil, esfrangalhado sobre um colchão incômodo, há de sentir a confrangedora
humilhação de sua fragilidade humana! Perde o peso assustadoramente, e a carne se descora;
os olhos fulgurantes e os lábios crispados ficam mortiços e exangues; a respiração ruidosa e
imponente substitui-se por um débil fio de ar que flui dificultosamente pela boca entreaberta;
os costumeiros gritos estentóricos se transformam em breves sussurros a pedirem chá e
medicamentos. Desamparado da musculatura vigorosa, terá que reconhecer o valor da
comunhão da família e receber-lhe o auxílio para sobreviver! Antes, expulsava de sua presença
até os humildes que desejavam servi-lo; depois, abatido e exangue, beberica o remédio pelas
mãos de uma criança e sorve a sopa nutritiva sob a vigilância da esposa amiga!

Na melancolia do leito de sofrimento, sobrar-lhe-á tempo para avaliar os serviços que lhe
prestam na hora angustiosa; compreenderá a inutilidade do orgulho e da irascibilidade baseados
no fato de possuir um corpo excessivamente acolchoado de carne. Então a visita de um amigo,
o interesse do vizinho ou a lealdade constante da esposa ser-lhe-ão acontecimentos agradáveis
e aguardados com ansiedade. Os mais pequeninos favores transformam-se em dádivas do céu
para o gigante de carne soterrado no leito e que não consegue, sequer, atender às suas próprias
necessidades fisiológicas.

Visitado por facultativos que lhe lavram diagnósticos sentenciosos; cercado de medicamentos
famosos da farmacologia moderna; colecionando chapas radiográficas, exames complexos de
laboratório; perfurado de hipodérmicas e saturado de drágeas e comprimidos, já a perspectiva
de ser um ente incurável torna-o cada vez mais acovardado!

Mas que importam ao guia os diagnósticos brilhantes, as elucubrações etiológicas ou as citações


clássicas do rigor médico acadêmico, quando o que interessa é a queda do brutamontes vencido
na arena da vida humana! Malgrado se louve a competência médica que lavrou um diagnóstico
grave de enfarte cardíaco, a diabetes “mellitus”, a angina pectoris ou a disfunção cárdio-hépato-
renal, o que realmente se torna proveitoso para o espírito ali prisionado na carne flácida é a
natureza de suas novas reflexões, que lhe devem despertar um novo entendimento sobre a
verdadeira natureza humana tão frágil, assim como guiar-lhe a visão egocêntrica para a vida real
do espírito!

PERGUNTA: — Não bastaria a Lei de Causa e Efeito para cercear aqueles que podem abusar de
sua personalidade humana em detrimento do próximo? Há, ainda, necessidade de qualquer
intervenção excepcional dos seus guias?

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RAMATIS: — Repetimos: A Terra é uma escola de educação espiritual, sob a visão amiga e
benfeitora dos espíritos protetores. No entanto, os irmãos das sombras, desejosos de subverter
a ordem de ascensão angélica e dominar o mundo material, procuram dificultar a ação dos guias
e os obrigam a empregar todos os recursos possíveis para não deixarem os seus pupilos cair sob
a “tentação” dos maus e os manter atentos às lições proveitosas da escola carnal. Sem dúvida,
o espírito deve colher no presente, pela Lei de Causa e Efeito, os efeitos bons ou maus
correspondentes às causas que semeou no passado pelo uso do livre arbítrio. A Lei do Carma,
então, que é Lei de retificação espiritual, de ordem e disciplina cósmica — uma espécie de
contabilidade que apura o “deve” e o “haver” do espírito no presente — situa cada alma no
cenário próprio ou nas condições que lhe correspondem exatamente em vista do bem ou do mal
que haja praticado, mas deixa-lhe a liberdade de reajustar-se à nova situação ou piorá-la.

Aquele que abusou da fortuna, no passado, é evidente que há de nascer e viver pobre na vida
futura, a fim de aprender a valorizar a situação de quem é pobre; no entanto, gozando do seu
livre arbítrio, em vez de resignar-se à prova retificadora da pobreza, poderá tornar-se um
mendigo solerte ou um indivíduo que viva de furtos vulgares, um estelionatário ou mesmo uma
criatura desonestíssima e revoltada contra a sua situação cármica. É evidente que a Lei do
Carma, neste caso, apenas leva o indivíduo à pobreza, mas o livre arbítrio da criatura pode
aumentar o efeito retificador e levá-la a práticas ainda mais perniciosas e gravosas para o seu
futuro. Quantas vezes, e para o próprio bem da criatura, o seu guia espiritual intervém
dificultando-lhe ainda mais a vida ou enfermando-a constantemente, para evitar-lhe a
materialização dos pensamentos perigosos de revolta ou descaso para com a vida espiritual!
Muitas criaturas evitaram a agravação de suas situações cármicas na Terra, com prejuízos para
esta e para as vidas futuras, porque seus protetores conseguiram algemá-las definitivamente a
um leito de dor, ou privaram-nas dos meios econômicos que lhes permitiriam levar avante
empreitadas perigosas para a sua integridade espiritual.

16. O Sectarismo Religioso e o Carma

PERGUNTA; — Temos ouvido, amiúde, que a dor se encarrega também de quebrar o orgulho e
a presunção das criaturas dogmáticas e excessivamente sectaristas. Podeis dizer-nos algo a esse
respeito?

RAMATIS:— É evidente que os processos cármicos e as intervenções dos mentores espirituais


variam na conformidade dos tipos e das reações psicológicas daqueles que devem ser retificados
em seus desvios psíquicos. Certas criaturas que foram tomadas de excessivo sectarismo no
passado podem, em vidas futuras, desenvolver facilmente o sentimento universalista pela
convivência com criaturas muito espiritualizadas e o contato com movimentos fraternistas.
Outras, no entanto, carecem para isso da humilhação e do sofrimento atroz, pois só à
perspectiva de desencarnar é que abdicam de sua odiosa separatividade ou senso critico
antifraterno, para admitirem a existência de outra doutrina ou seita religiosa além de suas
concepções fanáticas.

E obedecendo a esta lei que certas prostitutas famosas, que no passado enodoaram a história
administrativa e política do mundo com seus desmandos e caprichos junto às cortes faustosas,
como fâmulos privilegiados, às vezes se purificam futuramente pela segregação voluntária e
estóica nos conventos humildes, onde mourejam desde a madrugada e retemperam a alma
atribulada. Mas como varia a índole psicológica, outras de menor desregramento moral do
passado podem falhar completamente num ambiente monástico, obrigando a Lei a optar pela
terapêutica das chagas, das deformidades ou dos aspectos repulsivos em vidas futuras, a fim de
afastá-las do elemento masculino que, então, foge delas enojado, mas as livra de novas desditas
no futuro.

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PERGUNTA: — Uma vez que a Lei Cármica tem por objetivo retificar todos os desvios psíquicos
nocivos às almas poderíeis dizer-nos quais são os recursos de que a mesma se serve para
enfraquecer a intransigência dos fanatismos religiosos?

RAMATIS: — E a dor, sem dúvida, o mais eficiente recurso para modificar as criaturas
excessivamente fanáticas e até impiedosas para com os esforços religiosos alheios, algumas das
quais, se lhes fosse possível agir à vontade, exterminariam da face da Terra todos aqueles que
lhes opusessem qualquer conceito adverso! Mas os Mentores espirituais possuem recursos
eficazes para dobrar-lhes a cerviz orgulhosa, encaminhando-as, pouco a pouco, para a prova
dolorosa que lhes muda a têmpera demasiadamente presunçosa. E, quando lhes chega a dor,
sob a orientação superior, então começam a lhes falhar todos os recursos de sua religião, credo
ou doutrina. Então malogra o médico da família, a casa de saúde, a intervenção cirúrgica ou a
estação de águas; confundem-se os exames de laboratório, dificulta-se o diagnóstico pela
radiografia ou se tornam inócuos os mais famosos medicamentos modernos!

Não raro a técnica do alto encaminha então para junto do enfermo, às vezes já desenganado, o
simpatizante de qualquer seita ou movimento espiritualista adverso e detestado e que, munido
de poderes incomuns, consegue curar o paciente! Quebra-se então o círculo de ferro do
dogmatismo conservador e feroz, pois a saúde ou a vida, malgrado serem devolvidas por mãos
de pessoas malvistas, tornam-se valiosos elementos para remover as fronteiras presunçosas do
fanatismo tolo! O acontecimento se transforma num jato de água fria sobre a fogueira do ódio
religioso, que ainda é muito comum entre os homens ignorantes de que Deus é um só e os seus
filhos são gerados da mesma essência imortal.

PERGUNTA: — Naturalmente vos referis ao caso dos religiosos dogmáticos ou às religiões


seculares, como o catolicismo, o protestantismo e as seitas adventistas, que comumente
hostilizam o espiritismo terapêutico, o esoterismo ou as teorias reencarnacionistas; não é
assim?

RAMATIS: — De modo algum as nossas afirmações têm por fim promover a “conversão” de
católicos, protestantes ou adventistas aos preceitos da doutrina espírita. O sectarismo é
enfermidade que grassa em qualquer credo, religião ou doutrina; e o espiritismo, em

face do sectarismo de muitos dos seus adeptos, também não se encontra liberto dessa anomalia.
Porventura também não existe grande número de espíritas que combatem freneticamente o
trabalho ruidoso dos umbandistas, as reuniões brancas dos esoteristas, as meditações
silenciosas dos iogues, a mesa redonda dos teosofistas ou as preocupações iniciáticas dos rosa-
cruzes? Não há espíritas que alegam estar com a melhor verdade ou sistema doutrinário
superior, exclusivista das “mesas” cardecistas, enquanto só encontram confusão, estultícias e
má intenção no ritualismo do “chão batido” dos terreiistas? Para muitos adeptos do espiritismo,
os esforços esoteristas ou empreendimentos de propaganda “rosa-cruz” são de exclusivo
comercialismo e interesses pessoais, enquanto os labores teosofistas não passam de teoria sem
o valor da “caridade” prática do kardecismo! Não duvidamos de que isto desmente, por parte
de tais espiritualistas, o senso lógico de que realmente estejam convictos de que Deus é um só
e impregna todos os seres e coisas!

Mas a Lei de Ascensão Espiritual, que não possui preferências pessoais, intervém com absoluta
equanimidade e trato amoroso na senda evolutiva de todos os filhos do Senhor, sem se
preocupar com o tipo de sectarismo religioso, mas apenas cuidando de modificar os sectaristas.
É certo que muitas vezes o orgulho e o amor-próprio da família católica ou protestante termina
sendo abatido pela intervenção miraculosa do “médium” espírita, que devolve a saúde e a paz
ao lar aflito. Mas, doutra feita, pode ser o padre bem assistido do Alto ou a promessa ao “santo”

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da fé católica, ou então as orações do pastor protestante que também hão de trazer a alegria
ao lar espírita. A Lei admirável, do Amor, busca romper as fronteiras isolacionistas e aconchega
corações distanciados pela vaidade, o orgulho, a presunção, a teimosia ou o amor-próprio,
servindo-se ainda dos métodos adversos para cura dos intransigentes: Aqui, o espírita de “mesa”
só obtém a cura depois que o “cavalo” de terreiro lhe descobriu o feitiço no travesseiro ou no
limiar da porta; ali, é o terreirista que, depois de muito ironizar a debilidade das sessões de
mesa, termina curado pelos passes ou irradiações ao estilo cardecista; acolá, o iniciado rosa-
cruz, teósofo ou esoterista, que critica as sessões espíritas como sendo fábricas mórbidas de
fetichismo mental, intercâmbio com larvas ou cascões astrais, vê-se obrigado a curvar-se ante a
cura da terrível obsessão do seu ente querido, graças à intervenção dos médiuns espíritas tão
censurados pelo seu gênio de labor extraterreno.

Não importa se sois esoteristas, espíritas, teosofistas, católicos, protestantes, iogues, rosa-
cruzes ou livres-pensadores pois, no momento nevrálgico de vossa renovação espiritual, a
técnica sideral ignora as etiquetas religiosas, para só se preocupar com as necessidade dos
corações embrutecidos pelo orgulho, a vaidade e o fanatismo doentio gerado sob a égide de
qualquer credo, doutrina ou religião. E por isso que, à medida que certos enfermos vão piorando
pela necessidade de se abrandarem no seu sentimento religioso exclusivista, em torno dos seus
leitos de sofrimento físico ou psíquico transitam médicos, curandeiros e homens de milagres,
sem conseguir o êxito desejado. Depois, com o tempo, eles tanto aceitam o exorcismo do vigário
local, o benzimentos da preta velha, a simpatia da comadre amiga ou as orações do pastor
circunspecto, como também o passe do médium cardecista ou o trabalho do preto velho
marcando o “despacho” na encruzilhada!

No entanto, o principal objetivo disso tudo é unicamente a renovação do espírito enfermo,


vítima do fanatismo ou da crítica antifraterna, para o que o seu guia considera de grande valia a
enfermidade retificadora. Quando deixar o leito e, se aprouver ao seu mentor espiritual, o ex-
“gigante” ou inimigo formal das religiões adversas não poderá esquecer as imagens dos que o
serviram, os esforços de todos os que tentaram levantar-lhe a saúde através de rezas,
exorcismos, receitas empíricas ou simpatias. No silêncio de sua alma, sempre há de ficar a
lembrança das fisionomias que o rodearam apenas com um fito amigo e desinteressado — a sua
sobrevivência! E o que antes lhe poderia parecer detestável situação de amargura e dor, mais
tarde há de considerar como um excelente treinamento de retificação espiritual e amplitude de
coração, favorecendo-lhe o mais breve encontro com aqueles que também buscavam a Deus
através de outros caminhos que lhe são simpáticos e mais fáceis.

Reencarnação provacional

PERGUNTA: — Em face do Poder e da Sabedoria Infinita do Criador, a nossa evolução espiritual


não poderia se processar sem necessidade da dor e do sofrimento, a que somos submetidos
implacavelmente desde o berço até à nossa morte física, acrescendo que, conforme nos
comunicam os espíritos desencarnados, ainda teremos de sofrer após a morte terrena?

RAMATIS: — A dor e o sofrimento são conseqüências naturais da evolução do espírito, como


fatores necessários ao despertamento de sua consciência individual no seio da Consciência
Cósmica de Deus. Sob a disciplina dolorosa e retificadora da Lei do Carma, e sem desprender-se
do Todo Cósmico, o espírito fortifica sua memória no tempo e no espaço, e afirma a sua
característica pensante. A resistência cria a dor, mas também fortalece o crescimento da
consciência da centelha espiritual individualizada em Deus, fazendo-a distinguir-se entre os
fenômenos de todos os planos de vida cósmica.

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O espírito do homem, por ser de origem divina, pressente em sua intimidade que há de ser feliz;
mas, incipiente e ainda incapaz de alcançar essa ventura completa nas suas primeiras tentativas,
sofre desilusões e toma por sofrimento detestável as correções cármicas que o conduzem
novamente ao caminho certo. No entanto, como o homem é feito à imagem do Criador, pois “o
filho e o pai são um”, não cessa o desenvolvimento consciencial da criatura, ante a força
expansiva do Criador, que se manifesta de dentro para fora na consciência humana. Mas
durante esse processo de expansão e aperfeiçoamento de sua consciência, o espírito sofre as
reações agressivas e naturais dos mundos onde se plasma nas formas animais, que são o alicerce
necessário para o ativamento da chama angélica palpitante em sua intimidade. Submetido ao
cárcere de carne, confunde-se e considera o processo incomodo, que lhe aperfeiçoa a têmpera,
como sendo um castigo divino, ignorando que, sob a Lei Sábia do Criador, está-se operando a
metamorfose do animal para o anjo destinado à eterna Glória Celestial! O curto período de dor
e sofrimento nos mundos planetários, durante o qual se dá a formação e desenvolvimento da
consciência do filho de Deus, é depois compensado regiamente pela felicidade eterna no
Paraíso!

O formoso brilhante que se ostenta no colo da mulher faceira teve de passar por um processo
de aperfeiçoamento sob o cinzel do ourives, para desvestir-se da forma bruta do cascalho
carbonífero e se tornar a jóia fascinante.

PERGUNTA: - Mas acontece que as próprias religiões, que tanto propagam a Bondade e a
Sabedoria de Deus, consideram a dor como uma expiação de pecado cometido pelo primeiro
homem que habitou a Terra, motivo pelo qual ela se tornou num desolado "vale de lágrimas”.
Que dizeis?

RAMATIS: — Embora todas as religiões se apregoem proprietárias da Verdade de Deus, o certo


é que todas elas se alicerçam em interpretações de seus fundadores ou doutores da igreja a
respeito do que seja a Verdade Divina, firmando-se assim em uma série de dogmas seculares
que, se bem que se adaptassem à mentalidade acanhada dos povos antigos, desconhecedores
ainda da Terceira Revelação, não se adaptam à mentalidade do homem moderno, que quer
saber de onde veio, que faz neste mundo e para onde vai e que, além disso, tem à sua disposição
um enorme cabedal de conhecimentos sobre o que seja a Verdade Divina.

Por isso esses religiosos sempre consideraram a dor como castigo pelo que chamam de “pecado
original”, desconhecendo que com sua técnica purificadora afinam-se as arestas grosseiras da
formação animal e desperta mais cedo o potencial de luz angélica, que se concentra sob o
invólucro da matéria. Não lhes sendo possível explicar a dor de modo sensato e aceitável pela
razão humana, e para não desmentirem a propalada Justiça e Sabedoria do Criador, os
sacerdotes e mentores religiosos dogmáticos tomaram ao pé da letra o simbolismo bíblico do
aparecimento de Adão e criaram a lenda do pecado original, atribuindo-o severamente à
responsabilidade do primeiro casal humano. E desse modo eles acreditaram poder justificar o
motivo da existência da dor e do seu cortejo de sofrimentos, como sendo o fardo da imprudência
humana de há milhões de séculos!...

E assim, ante o pecado de Adão e Eva — o primeiro casal bíblico — Deus ficou isento do equívoco
de haver criado a dor, que seria inexplicável perante a sua Bondade Infinita; e o homem
responsabilizou-se pelo estigma do sofrimento, como seqüência justa do pecado de seu pai
Adão! Mas o advento do espiritismo, cuja doutrina lógica e sensata é acessível a todos os
cérebros de boa vontade, terminou popularizando a realidade espiritual oculta sob o misterioso
“Véu de Isis”, contribuindo assim para modificar pouco a pouco o conceito errôneo e milenário
sobre a verdadeira origem da dor humana e expondo-a como um corretivo benfeitor, que
resulta da resistência que o ser oferece durante o seu aprimoramento angélico.

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Já vos encontrais bastante lúcidos para vos libertardes da ignominiosa idéia de que o sofrimento
é um “castigo” de Deus! O Criador, infinitamente Sábio, Bom e Justo, não teria criado vales de
lágrimas, penitenciárias do Espaço ou mesmo hospitais de provações planetárias, com o fito de
desforrar-se dos seus filhos rebeldes, conforme ainda o crêem os católicos, protestantes,
adventistas, salvacionistas e mesmo alguns espíritas ainda ignorantes da sublime realidade
cósmica. A Terra, em verdade, não passa de abençoada escola de educação espiritual, onde os
espíritos imaturos reajustam-se dos seus próprios equívocos ocorridos nas encarnações
passadas, a fim de consolidarem suas consciências em eterno aperfeiçoamento.

PERGUNTA: — No entanto, surpreende-nos que o homem moderno, apesar de sua cultura e


cientificismo tão apregoados no século atômico, ainda não tenha compreendido essa Benção
educativa da dor! Ele se insurge desesperadamente contra o sofrimento mais diminuto e o
considera antes um estigma de Satanás do que uma providência de Deus para a mais breve
angelitude de seus filhos.

RAMATIS: — Como o terrícola ainda não compreende as razões sensatas que poderiam
esclarecê-lo sobre a função útil da dor na formação de sua consciência individual, procura negar
o seu valor educativo e sua técnica de aperfeiçoamento espiritual. O sofrimento ainda é
encarado pela humanidade terrena sob um aspecto excessivamente melodramático; os literatos
gastam tonéis de tinta e toneladas de papel na produção de uma literatura compungida, em que
os seus personagens vertem rios de lágrimas e clamam estentoricamente contra os destinos
atrozes que são gerados pela dor, e em que esta é considerada apenas um acontecimento
aviltante para o gênero humano. E como a criatura terrena também é excessivamente apegada
aos tesouros provisórios do mundo material, ante a perspectiva temerosa de abandoná-los pela
ameaça implacável da morte, que lhe entreabre a porta de um destino duvidoso, ainda mais se
avoluma para ela o sentido mórbido da dor e do sofrimento. Para o vosso mundo, os hospitais,
os manicômios e outros locais de padecimentos humanos significam as provas do castigo de
Deus, em que o homem é considerado a infeliz vítima despojada das coisas prazenteiras da vida!
A figura do ser humano marcado pela dor ainda é considerada um motivo de compungidas penas
e deserdamento divino! No entanto, a dor tem sido a moldura viva das mais grandiosas
interpretações messiânicas e conquistas espirituais na Terra; assim o provaram aqueles que
muito sofreram e deixaram um facho de luz na esteira de seus passos admiráveis. Beethoven,
Chopin, Schumann, Francisco de Assis, Paulo de Tarso, Sócrates, Gandhi e o excelso Jesus
fizeram da dor motivos de beleza e glória para a redenção do homem atribulado!

PERGUNTA: — Como poderíamos ter uma idéia mais específica da dor? Que é a dor, enfim?
Como se manifesta ela no homem?

RAMATIS: — A dor é produto de desequilíbrio magnético na estrutura do organismo psicofísico


do homem; assemelha-se a um curto-circuito que ocorre na rede magnética ou eletrônica
sustentadora do perispírito, e que repercute em qualquer região orgânica mais vulnerável, com
um impacto energético capaz de provocar o desequilíbrio atômico. Sem dúvida, a dor, o
sofrimento ou a enfermidade têm sua origem na perturbação do psiquismo. Por mais que se
focalize a dor em sua expressão mais periférica, fundamentalmente ela parte de um
desequilíbrio psíquico “interatômico”. Não existindo doenças, porém doentes, resulta que a dor
e a enfermidade variam tanto quanto seja o estado moral, intelectual e consciencial de cada
criatura. Há doentes que desempenham um exagerado dramalhão, apenas submetidos à prova
de um simples resfriado; outros, ameaçados pelo câncer, mantêm o seu otimismo costumeiro,
a sua bondade e confiança no destino espiritual, servindo ainda como fonte de resignação para
a suportação alheia à dor.

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Tudo depende do modo como interpretamos o fenômeno da dor; para uns é castigo de Deus
com o fito de punir os pecados dos homens; para outros é efeito das faltas cometidas em vidas
anteriores; raros, porém, aceitam a dor como processo de evolução espiritual. Ela só se
manifesta diante de qualquer resistência física, moral ou espiritual para com o sentido útil,
benfeitor e harmônico da Vida. Pode ser considerada em sua função criadora quando examinada
em qualquer reino da natureza: no reino mineral, ela poderia ser catalogada no processo
benéfico de transformar o ferro em aço e no burilamento do cascalho bruto para o brilhante
sem jaça; no reino vegetal, ela estaria presente no apodrecer, germinar e crescer da semente
no seio triste da terra; na configuração humana, então a vemos corrigindo e ajustando a
centelha espiritual para que obtenha a sua consciência nos caminhos da forma do mundo
exterior.

A dor, portanto, é sensível e acusável na essência do espírito sob duas razões de grande
importância: quando se está processando a gestação do ser humano para a futura e definitiva
configuração angélica, ou então quando ele se dessintoniza e desvia-se da rota exata de sua
ascensão espiritual. Sob qualquer um desses dois aspectos, sempre verificamos o sentido
benéfico da dor: no primeiro caso ela concentra energias e coordena o crescimento angélico; no
segundo caso faz a correção do equívoco, limpando as vestes da alma das loxi nas residuais
provindas do mundo instintivo. São os pensamentos e os atos do espírito que determinam a
maior ou menor soma de dores por que há de passar, pois do equilíbrio e da paz da consciência
espiritual do ser é que resulta a estabilidade magnética ou eletrônica do perispírito e do corpo
físico. Como o Ideal de Deus é a Harmonia e do Equilíbrio perpétuo no Cosmo, qualquer
instabilidade que se manifeste no mais íntimo fluir da vida requer sempre o imediato
reajustamento, para que não perturbe o Todo harmônico. Eis então a dor, surgindo como o
processo necessário a esse reajustamento.

Como dispomos do livre arbítrio até o ponto em que nossos atos não causem perturbações ao
próximo ou naquilo em que intervimos, poderemos extinguir a dor pouco a pouco, à medida
que nos integrarmos na vida harmoniosa criada por Deus. Sendo o Amor o fundamento essencial
de toda vida, presente na afinidade entre as substâncias, na coesão entre os astros e na união
entre os seres, é suficiente a nossa adesão incondicional ao ritmo constante desse Amor para
que em breve a saúde completa do nosso espírito tenha eliminado o sofrimento!

PERGUNTA: — Em qualquer circunstância o sofrimento é sempre um processo de purificação


espiritual?

RAMATIS: — O espírito de Deus cria os seus filhos, como novos núcleos de consciências
individuais, que se aperfeiçoam através das formas planetárias e tornam-se miniaturas
conscientes no Cosmo. Deus é o “pano de fundo” de toda consciência humana; e este divino
mistério o homem só poderá compreender depois que se livrar definitivamente das formas
escravizantes da matéria e alcançar os mundos do conhecimento puro. Sem dúvida, à medida
que a alma evolui também se despersonaliza porque, extinguindo-se nela a ilusão da
separatividade, mais cedo se integra à Consciência Cósmica do Criador. Daí o motivo por que as
religiões consideram como virtudes todos os esforços e aproveitamento espiritual que a alma
empreende pelo seu mais breve progresso, enquanto os pecados significam justamente tudo
aquilo que retarda a ascensão espiritual. E a Lei do Carma então funciona em seu mecanismo
evolutivo, acicatando aqueles que se retardam ao encontro da Luz, do que resulta uma: ação
dolorosa e desagradável, mas necessária para garantir o ritmo proveitoso da ventura sideral.

Acontece que, em suas encarnações, os espíritos produzem e incorporam em suas vestes


perispirititais fluidos tóxicos que são frutos de suas desarmonias mentais e emotivas, os quais
posteriormente precisam ser expurgados a fim de não impedirem a ascensão para os altos níveis

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das regiões paradisíacas. Assim como a ave enlameada não consegue alçar vôo para usufruir a
delícia do Espaço sem limites, o perispírito também só consegue nivelar-se à freqüência
vibratória angélica depois que se livra de suas impurezas astralinas.

O corpo carnal — que é plasmado pelas energias primárias do mundo terreno — durante a
materialização de suas sensações prazenteiras fortemente animais, exige que a mente
empregue o combustível energético adequado e capaz de agir na mesma freqüência vibratória
inferior. Os resíduos desse combustível astralino derivado da escória animal e que são produtos
energéticos das faixas vibratórias muito baixas, onde a mente precisa atuar, agregam-se e
condensam-se depois no tecido delicado do perispírito, reduzindo-lhe o padrão magnético
específico. Com o tempo, esses tóxicos ou resíduos perniciosos do submundo astral, ainda
aderidos ao perispírito, tendem a petrificar-se e assim impedir as relações normais do espírito
com o meio ambiente. Então devem ser desagregados com toda brevidade possível, para que a
luz fulgurante da intimidade da alma possa fluir como divina proifiaxia sideral, asseando a
delicada vestimenta perispiritual.Durante a decantação desses resíduos deletérios, que se
efetua nos charcos do astral inferior, ou quando se transferem para o corpo carnal, é que então
se produz a dor e o sofrimento desagradáveis, mas sempre de salutar benefício para a alma. Eis
a razão por que certas religiões ensinam que a alma só alcança o céu depois que passa pelo
purgatório, devendo expurgar de si as crostas perniciosas, que o perispírito obscurecido pelo
pecado adquire em seus desequilíbrios psíquicos. Só depois de muita decantação astralina no
Além, ou de encarnações de expurgo na matéria, éque os espíritos se livram da carga tóxica
milenária, e que existência por existência se transmite num fenômeno de verdadeira
hereditariedade psíquica.

PERGUNTA: — Como poderíamos compreender melhor essa hereditariedade psíquica, que


transmite a influência enfermiça de uma existência para outra?

RAMATIS: — A transmissão psíquica é possível através do que chamaremos o “átomo-semente”,


o elemento imortal que preexiste e sobrevive a todas as mortes corporais, muito conhecido dos
ocultistas e teosofistas. E o precioso e indestrutível resumo da memória etérica-sideral do
espírito; ele guarda em sua intimidade a síntese micropsíquica da vida mental e astral da alma,
registrada desde os primeiros bruxuleios de sua consciência individual.

Durante cada nova encarnação, o átomo-semente ativa as energias intermediárias entre o


espírito e o novo corpo físico, responsabilizando-se pela manifestação legível de sua consciência
na esfera material e simultaneamente no mundo espiritual. Encarrega-se de plasmar na nova
encarnação o verdadeiro temperamento psíquico imortal da alma, ajustando-lhe as virtudes,
pecados e também a bagagem tóxica, pois conserva em estado latente todos os impulsos e
tendências pregressas. Após a morte do corpo físico, desata-se na plenitude do Além,
consolidando a configuração imortal do perispírito. E a segurança da estrutura consciente da
individualidade espiritual operando no mundo de formas e no seio da Consciência do Criador; é
o registro definitivo dos fatos vividos pela alma nas caminhadas do mundo carnal.

PERGUNTA: — E o sofrimento só beneficia porque expurga os venenos psíquicos do espírito, ou


também modifica a constituição do espírito?

RAMATIS: — E a Lei Cármica que se encarrega de retificar no devido tempo os desvios perigosos
cometidos pelo espírito, quando de suas excursões pelo mundo material, procedendo à limpeza
do perispírito contaminado pela aderência dos venenos, que são frutos dos descalabros e
imprudências do pretérito. O corpo carnal, então, como se fora um alambique encarregado de
drenar esses resíduos perniciosos da vestimenta perispiritual para o seio da terra, provoca na
alma, em sua operação de expurgo, a sensação de dor e de sofrimento. Trata-se de toxinas que

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lesam e massacram a carne durante a sua expurgação para o mundo exterior, motivo por que a
velha tradição espiritual considera a Terra como um “vale de lágrimas”, onde as almas lavam e
purificam os seus trajes perispirituais, para depois participarem das núpcias do Céu!

A túnica nupcial, que a alma deve envergar para tomar parte no banquete do Rei, citado na
parábola contada por Jesus (Mateus 22-1 a 14; Lucas 14: 16 a 24), em verdade significa o
resultado da lavagem dolorosa do perispírito no tanque das lágrimas purificadoras do mundo
carnal, de onde ele sai com as suas vestes limpas. A dor aquebranta a rudeza e humilha o orgulho
da personalidade humana; obriga o espírito a centralizar-se em si mesmo e a procurar
compreender o sofrimento. Na introspecção dolorosa pela ansiedade de solver o seu problema
aflitivo, ele tem de reconhecer a precariedade, a presunção e a vaidade de sua figura transitória
no mundo das formas.

Assim como o calor vaporiza as gorduras ou o fogo apura a fusão do ferro para a têmpera do
aço, a dor é como a energia que aquece a intimidade do espírito e o ajuda a volatizar as
aderências ruinosas do seu perispírito. E concentração de forças que desintegram as toxinas
psíquicas no seio da alma, e que sob a ação natural do magnetismo do mundo físico transferem-
se para a carne, até que a morte do corpo, depois, as deposite na terra do cemitério, através do
cadáver em decomposição. E por isso que, em geral, os espíritos desencarnados louvam os seus
padecimentos na carne, pois os consideram tão-somente como processo que os ajudou a alijar
de si os resíduos deletérios.

PERGUNTA: — Poderíeis descrever-nos como se processa essa descida dos venenos psíquicos
do perispírito para o corpo carnal?

RAMATIS: — Quando o espírito encarna, necessita primeiramente diminuir ou “encolher” o seu


perispírito, até alcançar a forma etérica fetal e em seguida adaptar-se ou “encaixar-se”
satisfatoriamente à contraparte etérica do útero feminino. Após o êxito genésico da gravidez
ele se desata pouco a pouco, à medida que também se desenvolve o feto carnal sob a direção
dos ascendentes biológicos do tipo hereditário em gestação. E os tóxicos psíquicos desde muito
cedo vertem do perispírito para o novo corpo carnal em formação, causando-lhe moléstias ou
lesões tão graves quanto o sejam a sua intensidade e virulência. É por isso que, mesmo na fase
da infância, o espírito efetua proveitoso exercício quando, pela eclosão das doenças comuns da
idade, ele se habilita para resistir melhor às dores futuras mais acerbas, que depois hão de advir
devido ao expurgo mais intenso da carga deletéria. Mais tarde, então, o morbo invisível
incrustado no perispírito transfere-se com mais intensidade para a carne; desagrega-se e flui
primeiramente pelo duplo-etérico em formação junto ao corpo físico e, de início, afeta o
trabalho delicado dos “chacras”, perturbando-lhes as funções e as relações vitais. Depois, o
fluido tóxico perispiritual tange o conjunto nervoso, infiltra-se pelas glândulas endocrínicas,
afeta o sistema subterrâneo linfático, insinua-se pela circulação sanguínea e produz a
proliferação microbiana ou as lesões orgânicas.

Ramificando-se por todos os órgãos e sistemas do corpo carnal, as toxinas que são vertidas pelo
psiquismo mórbido ferem as zonas mais delicadas e vulneráveis, prejudicando-as conforme a
própria deficiência hereditária do tipo biológico a que ataca. Acumulam-se nos órgãos mais
débeis e produzem afeções isoladas mais amplas, que mais tarde podem imobilizar o organismo
físico. Enquanto isso, a Medicina alinha as suas denominações tradicionais classificando as
doenças, mas quase sempre sem lograr identificar o doente! E a hepatite, a úlcera gástrica ou
péptica, a colite, a nefrite, a cirrose, a amebíase, a asma, o reumatismo, a tuberculose, o
diabetes ou a esplenite; são as atrofias, as insuficiências cardíacas, as lesões insuperáveis, a
anemia perniciosa ou os quadros modernos de alergia inespecífica.

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Em alguns casos, as toxinas, ao descerem do psiquismo enfermo para o metabolismo físico,


acomodam-se na região cerebral e produzem as alienações mentais, os delírios, ou a
hidrocefalia; ou então acumulam-se nos plexos nervosos, causando as paralisias, as atrofias
nervosas ou as síndromes parkinsonianas; doutra feita, disturbam o funcionamento glandular
produzindo insuficiências ou hiperproduções graves de secreções hormonais, influindo no
crescimento, na reprodução e no metabolismo vital da mulher ou do homem. Quando se
concentram mais fortemente nos pulmões, para ali convergem os bacilos de Koch, produzindo
a tuberculose pulmonar; caso se localizem na região intestinal, tanto podem provocar as colites,
como estabelecer o terreno para nutrir a giárdia, o estrongilóide ou as amebas coli e histolítica.

Justamente porque existe íntima relação psíquica entre a enfermidade e a natureza física da
criatura, é que se observa em certos tipos enfermos um círculo vicioso, que os mantém sob
contínua perturbação mórbida. Quando ficam irritados ou aflitos, vêem aumentadas as crises
amebisíacas; cresce o açúcar na urina, aceleram-se as funções desarmônicas da tiróide,
agravam-se as dispnéias nervosas ou proliferam os eczemas. Inúmeras criaturas vivem
algemadas aos mais terríveis padecimentos gerados na sua região abdominal, tentando frenar
o vagossimpático à custa de drogas antiespasmódicas, reduzir suas crises de colite ou disenterias
amebianas à custa de medicamentos tóxicos, esquecendo-se, no entanto, de que, antes da
prescrição médica, é imprescindível controlar a mente e a emoção, pois dessa desarmonia é que
resulta o bombardeio incessante ao morbo psíquico, já acumulado ria região do abdômen e
superexcitado por novos fluxos doentios. Algumas criaturas confessam a seus médicos que,
diante do menor receio de êxito em seus negócios ou mesmo devido a qualquer surpresa
emotiva, recrudescem-lhes os fluxos disentéricos, exacerbam-se as coletividades parasitárias do
intestino, ou aumenta-se-lhes o açúcar na urina.

Os individuos atacados pelo estrongilóide, oxiúros, giárdias, amebas histolíticas e outras


espécies de vermes microscópicos, são inquietos, pessimistas, remoendo idéias e vivendo
antecipadamente os problemas do dia seguinte, devido à profunda influência que esses germes
parasitários exercem no seu psiquismo adoentado, pois que se excitam, provocando surtos de
virulência no organismo.

PERGUNTA: — Cremos que a enfermídade também pode depender muito da resistência


biológica de cada criatura, malgrado a virulência dos venenos psíquicos que lhe baixam do
perispírito; não é assim?

RAMATIS: — Sem dúvida, tanto varia a resistência biológica e hereditária de cada ser, como
também varia a sua força mental. Já vos explicamos que as criaturas mental ou espiritualmente
vigorosas superam com mais eficiência os efeitos mórbidos das enfermidades em
desenvolvimento em seu organismo; elas são mais resistentes à descida das toxinas psíquicas
em sua circulação. Durante o processo drenador, mantêm-se em nível vibratório mais elevado,
resignadas e sem se deixar abater subjetivamente, do que lhes resultam imensos benefícios. No
entanto, as criaturas espiritualmente mais débeis, que dum ligeiro resfriado fazem um
melodrama com foro de broncopneumonia, cuja mente pessimista é campo favorável para as
forças negativas, agravam o evento da moléstia cármica com o acréscimo mórbido do seu
próprio desânimo e rebeldia. A mente mórbida aumenta o ensejo para maior penetração do
tóxico vertido pelo psiquismo, pois também acumula os próprios miasmas do ambiente onde
vive, uma vez que, de conformidade com a Lei das atrações magnéticas, o pensamento
enfermiço também atrai e condensa maior dose de fluidos enfermos. Daí a grande sabedoria de
Jesus, quando sempre exaltava a resignação, a humildade, o pacifismo e a renúncia como
estados de espírito que conduzem à bem-aventurança eterna!

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PERGUNTA: — Quereis dizer que um indivíduo doente pode aliviar ou reduzir o seu conteúdo
tóxico psíquico, desde que se mantenha num estado de otimismo consciente; não é verdade?

RAMATIS: — O espírito capaz de elevar-se às frequências vibratórias espirituais mais altas, que
aceita o seu sofrimento como oportunidade de retificação espiritual e ajusta-se à bem-
aventurança da resignação, também eleva o seu “quantum” de luz interior e volatiza grande
parte dos venenos aderidos ao seu perispírito. Expurga-os para o meio ambiente, num processo
de sublimação psíquica, em vez de fluí-los completamente, pela carne mortificada. Além do
ensejo de renovação espiritual, por não acrescer nova carga nociva, a atitude evangélica de
conformação não perturba a descida das toxinas mórbidas e asseia mais breve o perispírito.

Todos os agentes enfermiços do mundo psíquico, tais como germes, bacilos, vírus, miasmas,
elementais ou tóxicos cruciantes, não resistem à força desintegradora da luz íntima que se
projeta do espírito elevado. E por isso que certas criaturas permanecem imunizadas, mesmo
quando atuam no meio das enfermidades epidêmicas ou contagiosas pois, tendo eliminado
grande parte do morbo psíquico que lhes adensava o perispírito, já puderam libertar em sua
intimidade a quantidade de luz suficiente para evitar a proliferação dos agentes perigosos.

PERGUNTA: — Considerando-se que a dor é processo valioso na edificação do espírito,


deveríamos condenar todas as nossas instituições terapêuticas, que tentam livrar o homem do
sofrimento e extinguir a dor tão indesejável? Seria justo favorecer a proliferação da enfermidade
e do aleijão, só porque a dor é de função purificadora?

RAMATIS: — Desde que o sofrimento e a dor são resultantes do desequilíbrio da ordem moral
e do mau uso dos direitos espirituais, é óbvio que só o reajustamento espiritual poderia
eliminálos definitivamente da face da Terra. A dor física ou moral também se manifesta em
sentido de advertência ou mesmo corretivo, para manter a vida e garantir o funcionamento
normal do corpo humano, a fim de que o espírito descontrolado não se aniquile pelo excesso de
desmandos. Em sua função de advertencia, a dor é a bússola de segurança biológica e psíquica;
ela assinala a fronteira perigosa que deve ser abandonada e convida o imprudente a reajustar o
seu equilíbrio perturbado e tomar o caminho do dever.

Apesar de todas as providências dolorosas que a Lei Divina estabeleceu para evitar que o homem
se afaste do dever, há milênios, que a humanidade terrena vem cultivando hábitos os mais
nocivos! Não opomos contestação e achamos justo, mesmo, que as instituições humanas lutem
para vencer a dor e o sofrimento. Mas é evidente que apenas estão lutando contra aquilo que
vós mesmos semeastes nos vossos destinos, pois são dores e enfermidades geradas pela
negligência humana e não devidas a castigo de Deus. A dor e o sofrimento resultam do
desequilíbrio entre a alma e o sentido benfeitor e educativo do mundo e não de imposição
draconiana do Criador. E através da dor provocada pelo próprio homem que a alma é conduzido
ao cumprimento dos seus sublimes deveres no seio da vida cósmica; que o animal despoja-se
de sua bagagem instintiva inferior para se transformar no anjo refulgente. Assim, embora sejam
a dor e o sofrimento processos de aperfeiçoamento espiritual, não vos aconselhamos nenhuma
deliberação radical contra as instituições terapêuticas do mundo, porquanto a Ciência Médica,
como responsável pela cura e alívio do corpo físico, é fruto das mais sábias e elevadas
inspirações do Alto, pois cumpre a missão de atender ao homem de acordo com as suas
necessidades biológicas de adaptação e relações com o meio em que vive e progride.

Referências

SARACENI, Orixás – Teogonia de Umbanda, Editora Madras, 2002.

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RAMATIS, Fisiologia da Alma” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento, 1980.

Unidade 9 – As 7 Linhas de Umbanda


Objetivo: Compreender o mecanismo energético da Umbanda que rege a vida.
Conteúdo:

 As 7 Linhas
Introdução
Para entendermos a Umbanda é preciso aprofundar sobre suas duas “raízes” – uma, é a
dos cultos afros e a outra é a “raíz” ameríndia ou de nossos índios, denominada de culto
ou adjunto da Jurema. (...) De um modo geral, [os cultos afros] eram monoteístas, pois
adoravam a um Deus único, chamado, por exemplo, entre os nagôs de Olorum, e entre
os angoleses de Zamby. Veneravam também a “deuses” como emissários desse mesmo
Olorum, os quais denominavam de Orixás.
Os Orixás, para os africanos eram considerados como os senhores de certas FORÇAS
ELEMENTAIS ou dos Elementos da Natureza. Assim é que ergueram um vasto panteão
de deuses.
OBATALÁ – Filho de Olorum. O pai da humanidade (da nossa é claro). Um ORIXALÁ, isto
é, aquele que está acima dos Orixás, é um grande deus. Posteriormente, recebeu a
designação de OXALÁ (contração). Foi identificado com o Senhor do Bonfim, da Bahia
ou o mesmo que Jesus.
XANGÔ – Deus do Trovão, do Raio, ou seja, do fogo celeste. Passou a ser assimilado a
São Jerônimo.
OGUM – Deus do Ferro, da Guerra, das Demandas. Dentro do sincretismo, passou a ser
assimilado, ora a Santo Antônio (Bahia), ora a São Jorge.
OXÓSSI – Deus da Caça, dos Vegetais, etc. Dentro do sincretismo, é assimilado a São
Sebastião.
YEMANJÁ – Deusa das ÁGUAS. Passou a ser assimilada à Virgem Maria.
OXUM – Deusa do rio Oxun. Dentro do sincretismo passou a ser assimilada à Nossa
Senhora da Conceição.
IFÁ – Mensageiro dos deuses. O oráculo dos Orixás, o adivinhador.
DADÁ – Deusa dos vegetais
OLOKUN – Deus do Mar
OKÔ – Deus da Agricultura
OLOCHÁ – Deusa dos Lagos
OBÁ – Deusa do rio Obá

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AGÊ-CHALAGÁ – Deus da Saúde


OIÁ – Deusa do Rio Níger
CHAPANÃ – Deus da varíola, da peste, etc.
OKÊ – Deus das montanhas
AGÊ-CHALUGÁ, AJÁ ou OXANBY – Deuses da medicina, os que podiam curar.
Assim é que, em seus rituais de nação, tocavam o adarum, espécie de toque especial de
atabaques, para chamar os seus Orixás. Esses atabaques eram preparados
cuidadosamente, dentro de certo segredo, tudo envolvendo cânticos, ervas e de certa
fase da lua e tinham a denominação de RUM (que era o maior), RUMPI (médio) e LÊ (o
menor). Esse toque especial com esses três atabaques era para que se desse o transe
mediúnico, quer no Babalorixá, quer numa filha ou filho-de-santo. Tudo acompanhado
de danças expressivas apropriadas a cada Orixá, palmas, cânticos, ditos também de
pontos. E era sempre assim, que dentro do ritual rotineiro, o Babalorixá ou Babá e a
Ialorixá, ou mesmo uma Iaô (filha-de-santo) podiam ficar possuídos pelo seu Orixá.
Todo esse ritual, com suas evocações, suas práticas, era quase sempre acompanhado de
oferendas simples ou especiais – chamadas depois de comida-de-santo – tudo de acordo
com a ocasião da festa ou da cerimônia que se fizesse necessária. Também era comum,
antes de iniciar o ritual propriamente dito, fazer um ebó, espécie de despacho, que
envolvia desde o sacrifício de animais até o seu aspecto mais simples, como pipocas e
outras coisas.
No culto africano puro, em seus ritos, só evocavam Orixás, ou seja, os espíritos enviados
deles, que (estavam convencidos disso) nunca haviam encarnado, porque os espíritos,
ditos como eguns, eles repeliam, ou melhor, não eram aceitos de forma alguma. Como
eguns consideravam ou qualificavam a todos os espíritos de seus antepassados, as almas
dos mortos, enfim, a todos que já tinham sofrido o processo da encarnação.
PORTANTO, OS ESPÍRITOS DE CABOCLOS, PRETOS-VELHOS, CRIANÇAS, ETC. seriam
repelidos, porque eram eguns. Todos esses são espíritos-velhos, porque já encarnaram
dezenas, centenas de vezes.
Nessas encarnações, os espíritos usufruem das possibilidades de sua época, até sua
civilização se extinguir. No dinamismo das encarnações, o espírito atrasado conserva os
remanescentes de outras eras, porque os que evoluem, não voltam mais.

Portanto, a humanidade, obedecendo à Lei dos Ciclos e do Ritmo, evolui


constantemente, porém através de várias raças. Algumas dessas raças já nos
precederam e passaram por duas fases, uma, ascendente e de progresso e outra,
descendente ou de decadência.

É preciso que compreendamos essa questão de decadência das raças. O que tem
acontecido é o fenômeno das “migrações espirituais” ou seja: os espíritos vão deixando
gradativamente de encarnar numa raça, ou melhor, na última sub-raça, para irem

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animar novas condições, em novos movimentos de novas correntes reencarnatórias,


para se constituírem em nova Raça. Assim, o que os espíritos abandonam, obedecendo
as diretrizes de uma Lei Cármica, Superior – são os caracteres físicos de um raça e sua
espécie vai diminuindo, diminuindo, por falta do dinamismo das reencarnações, até se
extinguir ou na melhor das hipóteses, conserva os remanescentes atrasados, porque os
outros, a maioria, os mais adiantados não voltam mais.

Foi dentro desse critério, desse conceito, dessa verdade, que a antiga tradição de todos
os povos atesta a passagem pela face da terra de Raças, assim qualificadas: 1. Raça pré-
Adâmica; 2. Raça Adâmica; 3. Raça Lemuriana; 4. Raça Atlanteana; 5. Raça Ariana (a
atual) no início da 5ª ronda cármica.

São 7 raças raízes, 7 rondas cármicas, 7 ciclos evolutivos, pelos quais, terá de passar toda
a humanidade. Já passou por 4 dessas condições e está na 5ª.
As suas civilizações foram adiantadíssimas. Foi, portanto, um povo, os Tupy-nambá, os
tupy-guaraní, já na sua última fase de acentuada decadência de raça, porém com
vestígios positivos de avançada civilização, que os portugueses encontraram no Brasil
no ano de 1.500.

Vamos, então, verificar por dentro de sua teogonia a pureza de suas concepções sobre
as coisas divinas etc., pois os tupy-nambá, os tupy-guarany era, sobretudo, um povo
monoteísta. Acreditavam, adoravam a um Deus-Supremo sobre todas as coisas, a quem
chamavam com muita veneração de TUPAN.

TUPAN ou TUPÃ – de tu, que significa ruído, estrondo, barulho e pan, que significa ou
exprime o som, o estrondo, o ruído feito por alguém que bate, que trabalha, que malha
etc.

TUPAN era, portanto, o Supremo Manipulador, isto é, Aquele que manipula a natureza
ou os elementos. É o divino Ferreiro que bate incessantemente na Bigorna Cósmica. Era
considerado, sem dúvida alguma, o Supremo Poder Criador.

Veneravam a GUARACY, YACY e RUDÁ (ou Perudá), como a tríplice manifestação do


poder de Tupan. Eram atributos externos.

GUARACY – o SOL – de Guará, vivente e cy, mãe. Davam essa dupla interpretação: Pai
ou mãe dos viventes no sentido correto de que o Sol era – e é – o princípio vital que
animava todas as coisas da natureza, o mesmo que a luz que criava a vida animal, etc.
Guaracy era, sem dúvida, a representação visível, física, do Poder Criador que, através
dele, criava nos elementos da própria natureza, as coisas, os seres etc. Enfim, era o
elemento ígneo – o pai da natureza. Por isso, diziam, dele, Guaracy, saía tatauy, as
flechas de fogo de Tupan, os raios do céu que se transformavam em tupacynynga, o
trovão. Por causa disso é que certos interpretadores “ligeiros” deram Tupan como
sendo, puramente, o “deus do trovão”...

YACY – a LUA – de Ya, planeta e cy, mãe ou progenitora: era a mãe dos vegetais ou ainda
a mãe natura.

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RUDÁ ou PERUDÁ – o deus ou divindade que presidia ao AMOR, à reprodução. Rudá era
evocado pelas cunhãs (mulheres), em suas saudades, em seus amores, pelos guerreiros
ausentes, para que eles só tivessem pensamentos e coração para recordá-las.

E para reafirmar esse tríplice conceito teogônico, os payé (sacerdotes) ensinavam mais
que, Guaracy representava o Eterno masculino, o princípio vital positivo quente de
todas as coisas. E Rudá era o intermediário, isto é, o amor que unia os dois princípios na
“criação da natureza”...

Acreditavam mais em MUYRAKITAN, ou MURAYKÍTAN, termo oriundo de uma língua


matriz, de tal antiguidade, que “somente Tupan era quem podia tê-la ensinado à raça
mais antiga de toda a Terra”. Essa língua era o ABANHENGA, que surgiu com a primeira
raça que nasceu na religião de brazilan conforme reza o TUYABAÉ-CUAÁ - a Sabedoria
dos Velhos Payés (do que falaremos adiante).

MUYRAKITAN ou MURAYITAN se decompõe assim: de mura, mar, água; yara, senhora,


deusa e kitan, botão de flor. Portanto, pode ser interpretado corretamente assim:
“Deusa que floriu das águas, Senhora que nasceu do mar, Deusa ou Senhora do mar”.

Veneravam muito esta Divindade, a quem prestavam um culto todo especial.


Acreditavam em seus poderes mágicos e terapêuticos, através de seu itaobymbaé –
espécie de argila de cor verde, uma substância nativa, colhida no fundo de certos lagos,
a qual transformavam num poderoso amuleto, que adquiria a forma de um disco.

Os itaobymbaé só podiam ser colhidos e preparados pelas ikannyabas (as conhãtay ou


moças virgens que eram votadas, desde a infância, como sacerdotisas do culto de
MUYRAKITAN, o qual era vedado aos homens.

Posteriormente, isto é, no período da decadência, se transformou no culto de Yuremá,


dito na adaptação do elemento branco como o adjunto da Jurema).

Essas sacerdotisas eram as únicas criaturas entre os tupy-guarany que podiam preparar
esse talismã e o faziam assim: esperavam sempre que YACY, a lua, estivesse cheia,
estendendo a sua luz sobre a placidez das águas do lago escolhido pelas ikannyabas,
que, dentro de uma severa preparação ritualística e mágica, para ele se dirigiam. Esse
preceito implicava na passagem da árvore da YUREMÁ verdadeira, onde invocavam ou
imantavam os fluídos magnéticos da lua, através de cânticos e palavras especiais sobre
determinado número de folhas, para serem mastigadas por elas, na ocasião de
mergulharem no lago.

Assim, enquanto algumas dessas ikannyabas mergulhavam, as outras ficavam cantando


certas melopéias rítmicas acompanhadas do termo mágico ma-ca-uam. Quando uma ou
outra emergia com a substância maleável – a argila verde – as outras colocavam-na em
pequeninas formas, já com o formato de um disco, com um orifício no centro. Depois
de recolhida a quantidade necessária, todas ficavam à beira das águas em cerimônia
especial, uma espécie de encantação mágica, toda dedicada às forças da águas – a
Muyrakitan, até que Guaracy, o Sol, começasse a nascer, a fim de endurecer com seus
raios de luz a dita substância, para ficar como o itaobymbaé. Esses talismãs tomavam
uma consistência tão rija, que nada mais poderia ser feito ou talhado sobre eles.
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Esses amuletos de Muyrakitan eram verdes, verdes-claros e os mais preciosos eram os


de cor branca. Todos eram de uso exclusivamente feminino e usados na orelha esquerda
das cunhãs ou mulheres.

O seu equivalente para os homens era o TEMBETÁ, um talismã de nefrita verde, em


forma de T, que os índios traziam pendente no lábio inferior, através de uma perfuração.

TEMBETÁ, que se originou de Tembaeitá, de Tê ou T, o signo divino (gravado nas pedras


sagradas) da cruz (de curuçá); de mbaé, objeto, e de ita, pedra. Pode ser interpretado
corretamente assim: cruz feita de pedra (em sentido sagrado).

O tembetá era um talismã de Guaracy – o Sol – preparado pelos payé ou pelos karayba,
para que imantasse o raio, o fogo do céu, enfim, a energia solar. Era o símbolo mágico
do “deus-sol”. Também preparavam outros amuletos que tomavam a designação de
Itapos-sangas, inclusive os que eram feitos ou recebiam a força de YARA – mãe d’água.

A muyrakitan ou o itaobymbaé e o tembetá juntos representavam a força mágica de


TUPAN – o Deus ÚNICO.

Agora, meu irmão umbandista, você já deve estar entendendo melhor a questão da
“raiz” Ameríndia ou de nossos índios. Mas vamos prosseguir, vamos ver o que
significava, entre os tupy-nambá e os tupy-guarany, daquele glorioso passado o
TUYABAÉ-CUAÁ...

Tuyabaé-cuáá – a sabedoria dos velhos payé, era precisamente a tradição mais oculta,
conservada através de milênios, de payé a payé, ou seja, de mestre a mestre, de mago
a mago, a qual conjugava todos os conhecimentos mágicos, terapêuticos (o caa-yaari),
fenomênicos, espiríticos, ritualísticos, religiosos etc.

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Essa tradição, esses ensinamentos, essas práticas mágicas, terapêuticas, o mistério das
plantas na cura, a interpretação misteriosa sobre as aves, tudo isso era tuyabaé-cuaá.

O PAYÉ era justamente o mago mais elevado, dentro da tribo. Conhecia a magia a fundo,
praticava a sugestão, o magnetismo, o hipnotismo e, sobretudo era mestre no uso dos
mantras. O Karayba não tinha a categoria de um payé; era tratado mais como feiticeiro,
isto é, aquele que se dava às práticas de fundo negro etc. Posteriormente, confundiram
um com o outro.

Todo movimento espiritual, mágico ou de fenômenos astrais que pudesse afetar a vida
da tribo era coordenado pelo payé, que influenciava diretamente o morubixaba, que,
como chefe da tribo, praticamente nada fazia sem consultar o payé, que por sua vez
também ouvia os anciões.

Esses velhos magos da sabedoria – os pajés, como se grafou depois – conheciam o mito
solar, ou melhor, os Mistérios Solares (simbolizados no Cristo Cósmico), ou seja, a lei do
verbo Divino, tanto é que jamais se apagou nos ensinamentos de tuyabaé-cuaá o que a
tradição remotíssima de seus antepassados havia legado sobre YURU-PITÃ, SUMAN e
YURUPARY e exemplificavam tudo, revelando o mistério ou o sentido oculto da flor do
mborucayá (o maracujá), a par com a interpretação que davam a curuçá – a cruz.

Dentro da tradição, se recordava que, num passado tão longínquo quanto as estrelas
que estão no céu, surgiu, no seio da raça tupy, iluminada pelo “deus-sol” uma criança
loira, que disse ter sido enviada por Tupan. Falava de coisas maravilhosas e ensinava
outras tantas. Recebeu o nome de YUPITAN. Assim, cresceu um pouco entre eles e um
belo dia, também iluminada pelo sol, desapareceu. Porém, antes disso, disse que noutra
época viria SUMAN e depois YURUPARY. Realmente o termo Yupitan tem um significado
profundo.

YUPITAN – de yu, loiro, doirado, e pitan, criança, menino, significava, na antiguíssima


língua matriz, o abanhenga, criança ou menino loiro iluminado pelo sol. Davam-lhe
também o nome de ARAPITÃ – de ara, luz, esplendor, e pitã, criança etc., e significava o
filho iluminado de Aracy, de Ara, luz, e cy, mãe ou progenitora, origem etc.

Depois, muito depois (reza a tradição) de terem passado algumas gerações, vindo do
lado do oriente, aparece um velho de barbas brancas, entre os tupynambá, dizendo-se
chamar SUMAN (ou SUMÉ), que passou a ensinar a lei Divina e muitas coisas mais, de
grande utilidade. Ele dizia, também, que foi Tupan que o tinha mandado. SUMAN
também, certo dia, se despediu de todos e pôs-se a caminhar para o lado do Oriente até
desaparecer, deixando entre os payé todo o segredo de tuyabaé-cuaá e assim ficou
lembrado como o “pai da sabedoria”... Entre os tupis-guaranis, também foi constatada
a tradição viva, positiva, sobre YURUPARY – o seu Messias.

Yurupary – de yuru, pescoço, colo, garganta ou boca, e pary, fechado, apertado, tapado,
significa o mártir, o torturado, o sofredor, o agonizante. YURUPARY, na teogonia

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ameríndia, foi o filho da virgem Chiúcy, de Chiú, pranto, e cy, mãe, a mãe do pranto,
uma máter dolorosa que viu seu filho querido ser sacrificado porque pregava (tal e qual
JESUS) o amor, a renúncia, a igualdade e a caridade.

YURUPARY foi, portanto, entre os tupy-guaranis, um MESSIAS e não o que os jesuítas


daqueles tempos interpretaram – o “diabo”. Os jesuítas fizeram uma tremenda força,
para “identificar” Suman ou Sumé com o “Santo Thomé ou Tomé”, deles. Mas não
“pegou” de jeito algum... Sobre a Tradição de Yurupary, o Cel. Sousa Brasil no tomo 100
do vol. 154 da Revista do Instituto Histórico – 2º, de 1926, dá testemunho irrefutável
dessa venerada tradição que ainda encontrou entre os nossos índios). Tanto é que se
perde no passado de sua remotíssima tradição esse tema de um Messias, da cruz e de
seu martírio. Por isso é que veneravam a Curuçá – a cruz – de curu, fragmento de pau
ou de pedra e çá, gritar ou produzir qualquer som estridente. Curuçá em sentido místico,
significa cruz sagrada, porque recebeu o sofrimento, o grito do agonizante ou a agonia
do mártir. Em certas cerimônias, os payé, depois de produzirem o fogo atritando dois
pedaços de pau, os cruzava (para formar uma cruz) para simbolizar o Poder Criador – o
FOGO SAGRADO...

E foi por causa disso, desse conceito, desse conhecimento, que eles – os índios –
receberam com alegria, com amigos, como irmãos, aos portugueses de Cabral, porque
nas velas de suas naus estavam desenhada uma espécie de cruz. Pensaram que –
segundo uma antiga profecia – eles vinham para ajudá-los... e como se enganaram...

Mas, voltemos a falar sobre os conhecimentos dos payé. Como já dissemos, eram tão
profundos os conhecimentos desses magos, tinham conservado tão bem dentro da
tradição a sabedoria do Sumé, que quando queriam simbolizar para os mborubixabas,
para os guerreiros, para as cunhãs etc., a “divina revelação da natureza”, isto é, a eterna
verdade sobre Aquele enviado de Tupã, que vinha sempre, desde o princípio da raça e
que entre eles veio como Yurupary, exemplificavam este mistério, tomando de uma flor
de mborucuyá...

Mborucuyá (ou maracuyá – maracujá, a passiflora coerulea) revela em sua flor a coisa
sagrada; ela obedece Guaracy – o Sol – que é filho de Tupã. Quando ele nasce, ela vive,
se abre e mostra seus mistérios e quando Guaracy morre (se esconde, no ocaso), ela se
enluta, se fecha (é a questão que a ciência denomina Heliotropismo ou tropismo – pelo
Sol).

Vejam (continuam dizendo), a flor do maracuyá guarda a paixão, o martírio de Yurupary;


ela tem os cravos, a coroa, os açoites, a coluna e as chagas... E assim, reavivava na
lembrança todos os conselhos de seu Messias, de seu reformador – o filho da virgem
Chiúcy (o próprio termo mborucuyá diz tudo em seu significado: mboru que significa
tortura, sofrimento, martírio e cuyá o mesmo que cunhã, mulher. Então temos: martírio
da mulher).

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Assim eram os payé daqueles tempos. Conhecedores da magia, praticavam também


todas as modalidades mediúnicas. E eram mais seguros – sabiam o que faziam e porquê
– do que os “pretensos” pais-de-santos ou os tais “médiuns chefes” de hoje em dia....

Tomavam precauções especiais sobre os médiuns e “quando queriam que as mulheres


que tinham um dom, profetizassem, isto é, caíssem em transe mediúnico, primeiro
envolviam-nas no mistério do caa-timbó ou timbó, isto é, nas defumações especiais de
plantas escolhidas, depois emitiam um mantran próprio para as exteriorizações do
corpo astral – o termo ma-ca-aum, dentro de vocalizações especiais e rítmicas. Logo,
aplicavam sobre suas frontes o mbaracá.

Elas caíam como mortas, eles diziam palavras misteriosas e elas se levantavam,
passando a profetizar com o Rá-anga – os espíritos de luz... Mas o que era Mbaracá? O
Mbaracá ou maracá era um instrumento que produzia ruídos ou sons especiais. Ele
falava, respondia, sob a ação mágica dos payé. Enfim, era um instrumento dotado de
um poder magnético e era, positivamente, um canal mediúnico. (Nota 6 – Afirmamos
que era um instrumento de poder magnético, porque tinha o seu preparo feito sob as
forças da magia dos astros. O mbaracá, em si, era uma espécie de chocalho, manipulado
do fruto conhecido como cabaceira – a cucurbita lagenaria – e dentro desse fruto [dessa
cabaça] eram colocadas certas pedrinhas ou seixos. Essas pedrinhas eram amuletos ou
itapossangas especiais, inclusive o talismã de muyrakitan [o itaobymbaé], bem como o
Tembetá. Tanto empregavam esse mbaracá para os efeitos mágicos, como para os
fenômenos ou da mediunidade, para fins hipnóticos, isto é, para ativar o ardor dos
guerreiros, no combate...)

Jamais explicaram ao branco, como procediam para comunicar esses poderes ao


mbaracá, em suas cerimônias de bênção, batismo, e imantação... Testemunhou essas
cerimônias e esses poderes, Sans Standen, um alemão que foi aprisionado pelos tupy-
nambá, durante muitos anos e que pôde assistir a esses fenômenos produzidos pelo
payé.

Uma outra testemunha insuspeita também presenciou os poderes mágicos de um


karayba e esse foi o padre Simão de Vasconcelos, que relata no livro II das Crônicas da
Companhia de Jesus do Estado do Brasil o caso da clava sangrenta.

Disse ele: “um tal carahyba fixou duas forquilhas no chão, a elas amarrou uma clava
enfeitada de diversas penas e depois andou-lhes em torno, dançando e gesticulando
num cerimonial estranho, soprando e dizendo-lhes frases. Logo depois desse cerimonial,
a clava desprendeu-se dos laços e foi levada pelos ares até desaparecer no horizonte,
voltando depois, pelo mesmo caminho, à vista de todos, visando a colocar-se entre as
forquilhas, notando-se que estava cheia de sangue”.

Isso no terreno da magia. Na terapêutica eram mestres na arte de curar qualquer doença
– muitas das quais, até o momento a medicina oficial tem considerado incuráveis – pelo

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emprego das plantas, ervas ou raízes. Ao segredo mágico e astral de preparar as plantas
curativas, denominavam de caa-yary.

Caa-yary também era o espírito protetor das plantas medicinais e aquele que se voltava
a ele, na arte de curar, não podia nem ter relações com mulher, tal o formidável
compromisso que assumia. Quando o branco ambicioso quis saber o segredo do caa-
yary, os payé, os karayba, diziam que eram o avô da erva – o mate, para despistá-lo.

Os payé (convém repisarmos) faziam constantemente uma espécie de sessão para fins
mediúnicos, ou seja, para evocarem Rá-Anga – os espíritos da luz – a qual denominavam
GUAYÚ, que se processava sob cânticos e danças rítmicas (completamente diferentes
dessas batucadas que brancos civilizados que se dizem “babás e tatas” fazem, hoje em
dia).

Antes desse ritual mediúnico, tinham um particular cuidado no preparo dos timbó a
serem usados, isto é, faziam os defumadores propiciatórios para afastar ANHANGÁ, que
era o espírito das almas penadas, atrasadas etc., era, enfim, “mal comparando” o
mesmo que o “diabo” dos católicos e o Exu-pagão da quimbanda. Essa cerimônia ou
ritual dito Guayú era sempre feita, para tirar guayupiá – a feitiçaria, de alguém...

Bem, meu irmão umbandista, cremos já ser suficiente o que acabamos de recordar
sobre a “raiz” ameríndia. Pelo que você acabou de ler, deve ter-se inteirado de seus
aspectos essenciais. Então, vamos agora verificar o que aconteceu com essas duas
“raízes” aqui, no Brasil, isto é, a RAIZ AFRO e a RAIZ AMERÍNDIA ou de nossos índios,
com a “FUSÃO” ou a mistura de uma com a outra.

O Culto Bantu dos africanos foi o que trouxe uma tendência mais livre. Começou por
receber – já no Brasil – as influências dos outros e principalmente do culto nagô. Já por
efeito dessa influencia, já por essa tendência mais liberal, pelas alturas do ano de 1547
foi constatado, positivamente, a existência de uma espécie de “fusão”, de mistura de
práticas, de ritos, com o cerimonial que os nossos índios vinham praticando e
denominado pelo branco como “adjunto de Jurema”...

É importante lembrarmos que esse “adjunto da Jurema” que foi interpretado como uma
espécie de sessão, de reunião, de agrupamento, já era, por sua vez, uma degeneração
do verdadeiro CULTO DA YUREMA que foi um dos aspectos puros que ficou do primitivo
CULTO DE MUYRAKITAN, que foi sendo esquecido ou se apagando dentro dos ritos
sagrados dos tupy-nambás, dos tupyguaranys e outras tribos, após a era cabralina, ou
seja, já no período de acentuada decadência desse povo...

Dessa “fusão” entre o culto dos bantus e o dito como “adjunto da Jurema” surgiu, depois
de alguns anos, outra espécie de rito, com práticas mistas que ficou conhecido ou que
foi chamado depreciativamente de “CANDOMBLÉ DE CABOCLO”, onde a par com a
evocação e a crença nos “orixás”, predominava mais a influência ameríndia, com seus

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“Caboclos, seus encantados” etc. Dentro desse aspecto ainda existe em alguns Estados,
particularmente na Bahia.

Porém, por outro lado, esse aspecto, essa fusão, degenerou mais ainda, porque certas
práticas do elemento negro, netos de africanos etc., de cunho nitidamente baixo, ditas
como pura feitiçaria, prevaleceu mais. Assim, viu-se surgir mais uma “retaguarda negra”,
nefanda e que ficou denominada de “CATIMBÓ”.

Por quê “catimbó”? Porque nas primitivas práticas do “Candomblé de Caboclo”, dado a
influência ameríndia, se usavam muito os timbós ou catimbós, cujos termos significam
defumação, a par com o uso exagerado de muita fumaça de cachimbo... Então, a essa
degeneração negra, por uma questão de associação de idéias, de correlação, passaram
a chamar de “Catimbó”...

Nesse “Catimbó”, que ainda hoje em dia existe (infelizmente) e em muitos Estados e
que, por aqui, pela Guanabara, já incrementaram como uma espécie de apêndice de
muitos “terreiros”, o qual fazem funcionar depois da meia-noite. Isso é que há de mais
escuro, trevoso e prejudicial.

Nele, o que manda é o dinheiro e o mal. Os despachos, “as arriadas” para os tais mestres
de linhas com seus encantados é coisa corriqueira e tudo é feito na base do pagamento...
Os seus praticantes – os chamados de “catimbozeiros” são de baixíssima moral espiritual
etc. Esses infelizes estão irremediavelmente presos nas garras do astral inferior – no que
há de mais inferior mesmo, do baixo astral...

Já é tão grande a infiltração desses elementos humanos e astrais no meio umbandista,


que os interessados já lançaram à venda “estátuas” dos tais de “Zé Pilintra”, “Caboclo
Boiadeiro”, enfim, dos tais “mestres do Catimbó”, para se confundirem com as
verdadeiras entidades da Lei de Umbanda, pela massa cega, confiante, ingênua...

Já verificamos em certos “terreiros” a existência delas, de mistura com “santos e santas,


caboclos e pretos-velhos, sereias-do-mar” etc. Santo Deus! Quanta ignorância! Mas não
podemos desanimar...

Logo depois, essa “fusão” que gerou o “Candomblé de Caboclo” acolheu também a forte
influência dos “santos” da Igreja Apostólica Romana. Daí é que veio o aspecto dito como
sincretismo, similitude etc. Toda essa complexa mistura, que o leigo chama de
“macumba, candomblé, baixo-espiritismo, magia-negra” e em certos Estados, de
“canjerê, pajelança, batuque ou toque de Xangô, babassuê, tambor de mina” etc.,
recebeu ainda, nos últimos 50 anos, mais uma acentuada influência – a do Espiritismo
dito como de Kardec.

Então temos, há mais ou menos 414 anos, todos esses ASPECTOS, místico, mítico,
religioso, fenomênico, sincrético, espirítico etc., de MISTURA e envolvendo PRÁTICAS,
as mais CONFUSAS, fetichistas, materialmente grosseiras, de ritualísticas barulhentas,
pelos tambores ou atabaques, triângulos, cabaças e outros instrumentos exóticos e
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primitivos, tudo isso em pleno SÉCULO XX, norteando as linhas-afins de uma IMENSA
COLETIVIDADE ou massa humana, já na casa dos milhões, com seus milhares e milhares
de Tendas, Cabanas, Centros, “Terreiros” etc.

Essa coletividade religiosa, mística, foi denominada, nos últimos anos, pelos
INTERESSADOS – os monopolizadores dessa situação – como dos ADEPTOS DOS CULTOS
AFRO-BRASILEIROS ou AFRO-ABORÍGINES.

Essa era (e ainda é, em grande parte) a situação existente, quando surgiu UM VIGOROSO
MOVIMENTO DE LUZ, ORDENADO PELO ASTRAL SUPERIOR QUE ABARCOU TUDO ISSO
NUMA TREMENDA E PODEROSA INTERPENETRAÇÃO HUMANA E ASTRAL... ESSE
PODEROSO MOVIMENTO DE LUZ, dentro dessa coletividade dita como dos adeptos dos
Cultos Afro-brasileiros, FOI FEITO PELOS ESPÍRITOS QUE SE APRESENTARAM COMO
“CABOCLOS, PRETOS-VELHOS E CRIANÇAS”....

E quem são esses ESPÍRITOS? Vamos explicar....

Esses espíritos são, justamente, os dos antiqüíssimos payé, karaybas, morubixabas,


tuxabas ou caciques e outros mais, da primitiva RAÇA TUPY ou dos Tupi-nambá, tupis-
guaranis etc. (pois o tronco racial deles era um só), bem como pelos também antigos ou
primitivos sacerdotes do povo africano, ditos como babalawôs, babalaôs, tatas etc., a
par com os espíritos de crianças, que foram ordenados para essa missão, dado a mística
dessa coletividade sobre eles, pela derivação da crença dos Ibejis dos africanos e dos
curumins dos índios, e nos Cosme e Damião.

Porque surgiram estes espíritos dentro desta coletividade?

Ora, pelo que acabamos de explicar sobre os fatores de fusão e degeneração e


conseqüentes misturas, etc., cremos que ficou patente que essa massa, essa
coletividade, não podia continuar assim, dentro das condições expostas. Era (e ainda é,
em 90%) de ausência absoluta nesses ambientes, a Doutrina, o Evangelho e, é claro, o
estudo da mediunidade etc. Práticas as mais confusas, desordenadas, baixas – por
envolverem oferendas com sacrifício de animais, sangue etc., ainda são fatores comuns
nos “candomblés” que dizem praticar algum ritual de nação e que, por cima de tudo
isso, ainda afirmam ser de “umbanda”.

A ignorância é tão grande na maioria dessas criaturas que se intitulam de “pais de santo”
ou babalorixás, babás, tatas, chefes-de-terreiros” etc., que ainda não foram capazes de
notar a patente discrepância no tipo de oferenda (ou “comida de santo”) que fazem a
seus “orixás” – tidos por eles como Espíritos-Ancestrais dos outros Espíritos, isto é, como
Potência Elevadíssimas – aos quais oferecem sacrifícios, de animais, com sangue e tudo
e também oferecem o mesmo tipo de sacrifícios, com sangue e tudo, para os Exus...
considerados espíritos atrasados.

Como se entender isso?

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Só entendimentos estacionados há 4.000 anos podem conceber e praticar semelhantes


disparates... pois, como é que a mesma qualidade de oferenda pode servir tanto para
Orixá quanto para Exu?

Pois bem, era impossível que a providência 'divina deixasse de Agir... E foi por causa
disso tudo que se fez imprescindível um novo Movimento dentro desses cultos afro-
brasileiros ou de sua imensa massa de adeptos. E esse Movimento de Luz - feito pelos
espíritos carmicamente afins a essa massa e pelos que, dentro de afinidades mais
elevadas ainda, as que são pautadas no amor, na ajuda, na Renúncia em prol da Evolução
de Seus Semelhantes foi !lançado através da mediunidade de uns e de outros, pelos
“caboclos”, “pretos-velhos”, etc., com o NOME DE UMBANDA...

Começaram então a aparecer por dentro da corrente astral e humana, falanges e


falanges de “Pretos Velhos”, de “Caboclos” como os Pai Benedito, Pai João, Pai Zé, Pai
Tomé, Pai Jacó, (...) Mãe Cambinda, Mãe Guiomar, Vovó Conga, (...) etc..
A par com esses surgiram logo os Caboclos: Caboclo 7 Encruzilhadas, Caboclo 7 Flechas,
Caboclo Ubiratan, Ubirajara, Urubatão, Tupy, Tupinambá, Guarany, (...) bem como as
Caboclas: Jurema, Jandira, Jupira, Juara, Indira, (...). e muitas outras mais.
E também vieram acompanhando os pretos-velhos e os caboclos, as falanges dos
espíritos de crianças , como Cosme e Damião, Doun, Tupanzinho, Crispin, Joãozinho,
Mariazinha, Manuelinha, e um sem número deles e delas...
Todas essas entidades e outras mais aos milhares desceram como pontas-de-lança,
ordenadas pelo Tribunal Planetário, a fim de incrementarem por todos os meios e
modos a Evolução da massa dita como dos adeptos dos cultos afro-brasileiros....
Foi então que surgiram as primeiras manifestações dos caracucaio – os Pretos-Velhos,
dos primeiros Caboclos, nos terreiros, através da mediunidade de uns e de outros, os
chamados médiuns, aparelhos ou veículos dos espíritos...
E como legítimos trabalhadores da Seara de Cristo Jesus, foram logo ensinando Sua
Doutrina, isto é, as Leis do Pai-Eterno...
Muito embora lutassem com a dificuldade do material humano mediúnico, mesmo
assim, conseguiram firmar ideias e Princípios, estabelecendo as REGRAS e fizeram um
vasto trabalho de adaptação de conceitos sobre Linhas, etc.
O termo Umbanda que eles implantaram no meio para servir de BANDEIRA a esse novo
MOVIMENTO, identifica, positivamente, a força e os direitos de trabalho dessa poderosa
CORRENTE, que assim passou a se denominar Corrente Astral de Umbanda.
Ensinaram mais que, Umbanda representa, dentro da coletividade dita como dos
adeptos dos Cultos Afro-aborígines, as Leis de Deus, pela palavra do Cristo Jesus – o
Regente de nosso planeta Terra.
Portanto, sempre ensinaram que Umbanda é um termo Litúrgico, sagrado, vibrado, que
significa num sentido mais profundo – CONJUNTO DAS LEIS DE DEUS, porque tem por

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escopo, dentro do meio que atualmente se diz como Umbandista, implantar no coração
de seus filhos de fé essas citadas leis...
A Corrente Astral de Umbanda reconhece 7 Potencias Espirituais que têm o comando
direto sobre o Planeta Terra e também no sistema planetário de que ele faz parte, sendo
que a principal dessas Potências é o Cristo Planetário que supervisiona as outras seis, e
que por efeito dessa adaptação tomam o nome de ORIXÁS.
Essas Potências ou esses Orixás fazem-se representar através de LINHAS, cada Linha
tendo 7 Legiões e cada Legião tendo 7 Falanges. Linha significa a Faixa Vibratória em que
estão situadas, por afinidade, as Entidades Mentoras, ou seja, os GUIAS, os PROTETORES
e todas as humanas criaturas, dentro é claro, desta mesma Lei de Afinidade42.
Devemos lembrar a todos os nossos irmãos umbandistas, estudiosos, etc. que o nome
ou os nomes pelos quais as Escolas, os sistemas filosóficos, as religiões ou os cabalistas,
os magistas, os esoteristas, os teosofistas, os gnósticos, etc..., identificam as Potências
Divinas, não altera a razão de ser dessas Potências, tampouco sua essência. Portanto,
Brahma, é Olorum, é Zamby, é Deus, é Jesus, é Buda, é Mitra, é Osíris, etc. No fundo de
tudo estão sempre e inalteradamente o Pai-Eterno e o Cristo Planetário.
ESSAS 7 LINHAS OU VIBRAÇÕES ORIGINAIS OU 7 ORIXÁS SÃO:
1. LINHA ou VIBRAÇÃO ORIGINAL DE OXALÁ - Essa Linha é o mesmo que se
compreende como a Faixa Vibratória direta do Cristo Planetário, mais
identificado como Jesus, e que faz a supervisão das demais, em suas ações
envolventes ou de influenciações sobre o Planeta Terra, do qual Ele, o Cristo
Cósmico, é o Regente Direto. Essa faixa faz-se representar diretamente na
Corrente Astral e Humana de Umbanda através das entidades que se
apresentam sob a forma de Caboclos. Na adaptação popular dos terreiros, diz
como Linha de Oxalá mesmo. Esses espíritos ou Entidades trabalham muito na
magia positiva, com os elementares, ou com os ditos “espíritos da natureza” da
corrente eletromagnética solar.
2. LINHA ou VIBRAÇÃO DE YEMANJÁ -
AS 7 LINHAS E A INCORPORAÇÃO

Embora a mecânica de incorporação tenha sido esclarecida em capítulo anterior, podeis


explaná-la resumidamente, principalmente quanto às características das manifestações
mediúnicas e atuação na magia das entidades, em cada uma das linhas vibratórias ou orixás?43

VOVÓ MARIA CONGA: - Que fique claro que os orixás vibram em todos os chacras.

42
Para saber mais, veja: Umbanda de Todos Nós, Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de um
Preto-Velho, Sua Eterna Doutrina, Manual dos Chefes-de-Terreiro e Médiuns de Umbanda, Totalidade e
Sociologia.

43
PEIXOTO, N. Evolução no Planet Azul, inspirado pelos espíritos Ramatís e Vovó Maria Conga. Editora
do Conhecimento.

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Para o entendimento dos filhos, comentaremos as posições mais vibradas em cada chacra.
Iniciemos por Oxalá, que vibra mais no chacra coronário e tem seu "receptor" no corpo físico na
glândula pineal. As manifestações mediúnicas se dão por um leve roçar no alto da cabeça, que
se propaga como uma espécie de friagem até a altura do tórax. Atuam basicamente pela
irradiação intuitiva, pela inspiração e clarividência. Na magia, atuam coordenando o equilíbrio
planetário. São os mestres que orientam o movimento de Umbanda, e em geral são os mentores
de pontos de doutrina. Alguns nomes de entidades: caboclos Urubatã da Guia, Guaracy, Guarani,
Aimoré, Tupy, Ubiratan e Ubirajara. Yemanjá tem maior receptividade vibratória no chacra
frontal e na glândula pituitária. Manifestam-se serenamente, com beleza e suavidade. Dão um
pequeno balanço geral e levantam os braços no sentido horizontal, tremulam as mãos e
balançam a cabeça. É muito rara a incorporação, pois atuam na irradiação intuitiva e no corpo
mental do médium. Não dão comunicação ou consultas, e, assim como a linha de Oxalá, são
valiosos colaboradores, e algo silenciosos. Na magia atuam nas limpezas astrais pela
movimentação do elemento água e dos espíritos da natureza, ondinas e sereias, ligados a esta
vibratória. As vibrações desse orixá mantêm as forças das marés pelo magnetismo lunar,
importantíssimo para a vida no planeta. É comum chamarem-se de caboclas Yara, Estrela do
Mar, Indayá, Inhançã, Nana-Burucum, Oxum. Yori vibra no chacra laríngeo, sendo a glândula
tireóide sua receptora. Agem diretamente na fonação. Em geral gostam de falar. Suas
incorporações vitalizam o complexo físico, etérico e astral dos médiuns e do ambiente. Emitem
seus fluidos inicialmente pelo chacra frontal, "pegando" harmonicamente o aparelho,
movimentando bastante os braços e pernas. Na magia neutralizam quaisquer fluidos enfermiços
por suas vibrações puras, inocentes e de grande sabedoria. Em geral, se manifestam para
"fechamento" dos trabalhos das demais falanges, deixando equilíbrio e paz para os consulentes
e médiuns. Alguns nomes dessa vibratória, que se apresentam como crianças: Tupanzinho,
Mariazinha, Chiquinho, Damião, Doum, Cosme, Jureminha. Os justiceiros de Xangô vibram com
mais intensidade no chacra cardíaco: glândula timo. Na mecânica de incorporação, "ligam-se"
ao chacra cardíaco pelo corpo etérico do médium, alterando a fisionomia e a voz, e o ritmo de
batimentos do coração. Os filhos sentem inicialmente uma sensação de entorpecimento que
vem pelo alto da cabeça, atingindo o pescoço, fazendo o aparelho rodar, pois alteram a
freqüência do corpo astral e, rodando o médium, conseguem um ajustamento para a perfeita
manifestação. A respiração fica ofegante, produzindo, na maioria dos casos, alguns "arrancos",
decorrência da contração do corpo físico que está em rápida adaptação sensorial. As
incorporações são fortes e marcantes, mas isso não quer dizer exibição ou agressividade, que
ficam por conta do animismo dos médiuns. Na magia, trabalham retendo as entidades
sofredoras e magos negros, levando-os para os tribunais divinos, onde se restabelecerá o
equilíbrio cármico. Corrigem erros e desacertos. Alguns caboclos dessa linha: Ventania, Rompe-
fogo, Sete Montanhas, Pedra-branca, Sumaré, Sete Pedreiras.

Os "guerreiros" de Ogum vibram mais no chacra gástrico ou solar: glândulas suprarenais.


Produzem na fenomênica mediúnica alterações fortes, fisionômicas, psíquicas e vocais.
Representam aproximadamente 70 por cento das entidades manifestantes pela mecânica de
incorporação. A ligação fluídica com o aparelho começa pela cabeça, fixando espécie de roçar
ou friagem nas costas, tornando a respiração arfante. Quando "pegam" o médium dão um meio
giro com o tronco, e levantam os braços, cerrando os punhos. Esboçam alguns mantras com
assovios e brados. Na magia, atuam pronunciando sons cósmicos com os quais comandam os

espíritos da natureza, preservando o médium e higienizando o ambiente. São os "guerreiros"

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vencedores de demanda, que combatem com heroísmo e valentia a escória do Astral Inferior,

retendo-os e entregando-os para o encaminhamento das falanges de justiça do orixá Xangô.

Alguns nomes desta vibração: caboclos Ogum Delê, Rompe-mato, Beira-mar, Megê, Yara,

Humaitá, Sete Espadas.

No chacra esplênico (baço) temos a posição mais vibrada de Oxossi. A ligação com o

médium começa com uma sensação de friagem, que vai até as pernas, e dão ligeiros tremores

nos braços. São entidades suaves, que falam calmamente, sendo seus passes e consultas

realizados em harmonia e calma. Na magia, são exímios manipuladores das energias

expansíveis da natureza, tendo no elemento ar a sua representação. Atuam como xamãs

curadores, extraindo do médium o ectoplasma necessário aos trabalhos de cura. Agem na

coesão molecular dos órgãos etéricos, realizando enxertos e recompondo tecidos enfermiços,

de encarnados e desencarnados também. Seguem alguns nomes de entidades dessa vibratória:

caboclos Arranca-toco, Cobra-coral, Tupy-nambá, Jurema, Pena-branca, Arruda, Araribóia.

Finalmente, a vibração em que atuamos com mais desenvoltura no mediunismo de

Umbanda, a do orixá Yorimá, ou pretos velhos, que vibra mais intensamente no chacra básico,

também conhecido por genésico. Há uma glândula do tamanho de uma ervilha situada na base

da coluna vertebral, ou cóccix, que é receptiva ao "toque" etérico para manipulação das

energias do Kundalini. Atuamos na mecânica de incorporação produzindo alterações na

fisionomia, mas sem que os aparelhos percam a suavidade do conjunto. Geralmente os filhos

curvam a cintura pelo desfalecimento das pernas, já que atuamos fortemente no chacra básico.

A ligação fluídica com o médium começa com certa friagem pela fronte e que rapidamente

desce pela coluna vertebral causando um certo amolecimento, espécie de desfalecimento que

leva o aparelho a curvar a cintura. É oportuno salientar que muitos pretos velhos atuam pela

irradiação intuitiva, mais diretamente nos chacras coronário e frontal, e que não precisamos

estar "incorporados" para as consultas e curas. Na magia assim como as entidades de Oxossi,

somos exímios curadores e manipuladores de ectoplasma, já que vários de nós foram magos de

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outrora, do antigo Oriente, do Congo velho e Etiópia. Atuamos com maestria em desmanchos

de feitiçarias, de trabalhos de magia negra, dissipando fluidos pesados e deletérios. Somos

ainda utilizadores dos espíritos ligados à natureza, gnomos, duendes, silfos e salamandras, fiéis

executores de nossos comandos mentais para o bem e cura. Alguns pais e vovós desse orixá:

Pai Guiné, Pai Benedito, Pai Joaquim, Pai Tomé, Vovó Catarina, Vovó Cambinda, Vovó

Angola.

ABC DAS LINHAS DE UMBANDA 1ª. LINHA: OGUM Como já vimos, Ogum domina a primeira Linha
de Umbanda, que controla todos os fatos de execução e cobrança do carma de cada indivíduo
ou grupo, daí serem soldados. 1. Falange de Ogum Beira-Mar Colaboradores de Iemanjá, Ogum
Beira-Mar trabalha sobre a areia molhada, enquanto Ogum Sete-Ondas trabalha sobre as ondas.
Aceitam oferendas com velas nas cores branca, verde, vermelha e azul-clara. 2. Falange de Ogum
Rompe-Mato Ogum Rompe-Mato trabalha para Oxóssi (Ode) e Ossãe, nas matas. Ogum das
Pedreiras trabalha para Xangô, nas pedreiras. Em ambos os casos, é a mesma falange que
trabalha para os dois Orixás, com nomes diferentes. Rompe-Mato aceita suas oferendas na
entrada da mata, nas cores verde, vermelha e branca, sendo a vela vermelha. Ogum das
Pedreiras aceita suas oferendas em torno das pedreiras, nas cores verde e vermelha (misturadas
geram o marrom), com velas nas mesmas cores. 3. Falange de Ogum Megê É colaborador de
Iansã; seu nome significa “Sete”. É o guardião dos cemitérios, rondando suas calçadas, lidando
diretamente com a Linha das Almas. Toda sua oferenda será em vermelho e branco, próxima ao
cruzeiro do cemitério (calunga pequena). 4. Falange de Ogum Naruê Seu nome significa “Aquele
que é o primeiro a gerar valor”. Trabalhando diretamente na Linha das Almas, desmanchando a
magia negra, controla as almas quibandeiras. Aceita suas oferendas com Ogum Megê ou, ainda,
dentro ou fora dos cemitérios, nas cores branca e vermelha. Alguns incluem uma pedra-ímã nos
itens a oferecer-lhe. 5. Falange de Ogum Matinata Com poucos médiuns que o incorporam, sua
falange protege os campos de Oxalá, os locais abertos, floridos e iluminados. Mas não trabalha
diretamente para esse Orixá. Aceita suas oferendas nos campos floridos, nas cores vermelha e
branca. 6. Falange de Ogum Iara Seu nome significa “Senhor”, trabalhando para Oxum. Suas
oferendas deverão ser entregues na beira de rios, lagos ou cachoeiras, onde vibram, nas cores
vermelha e branca ou verde e branca. 7. Falange de Ogum Delê (ou de Lei) “Aquele que Toca o
Solo”; como seu nome significa, é uma falange que vibra na linha pura de Ogum. São eles que
trabalham diretamente no carma e sua cobrança, rondando o mundo. Suas cores são vermelha
e branca e suas oferendas podem ser em qualquer lugar, ao ar livre. Oferendas: todas as falanges
citadas recebem velas nas cores indicadas, cravos vermelhos (alguns aceitam cravo branco
também), cerveja branca, ou, menos comum, vinhos, charutos e fósforos, sobre um pano
branco. Ervas: as mais comuns são espada-de-são-jorge, losna, jurubeba, comigo-ninguém-
pode, romã. 2ª. LINHA: XANGÔ 1. Falange de Xangô Caô Dominam a sabedoria adquirida com o
tempo, atuando nas pedreiras abertas. Sua cor é o marrom-escuro. É conhecido também como
Xangô Velho. 2. Falange de Xangô Alafim (ou Alafim-Echê) Seu nome vem do título dado ao rei
de Oyó, na África. Defendem a pureza moral, atuando nas pedras solitárias dos caminhos. Suas
cores são marrom e branca. 3. Falange de Xangô Alufã O Xangô “Sacerdote”, determina as
diretrizes dos desencarnados, atuando nas pedras dos rios, mares, cachoeiras e todas as águas,
daí ser o protetor dos pescadores. Suas velas são o marrom e o branco. 4. Falange de Xangô
Agodô Seu nome significa “Grandeza”, atuando nas pedras mergulhadas nas águas de toda a

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espécie, inclusive nas “pedras iniciáticas e na pedra batismal”. 5. Falange de Xangô Abomi (ou
Abomim) “Aquele que derrama água de uma vasilha” ou “Aquele que Batiza”, muitas vezes é
sincretizado com São João Batista, talvez devido ao seu nome. Trabalha nas montanhas, nas
cordilheiras, protegendo nos momentos de angústia, nas horas de aflições e perdas, inclusive
no casamento. Sua cor é o marrom e, nos casos de amor, oferece-se junto uma vela para
Iemanjá. 6. Falange de Xangô Aganjú É um Xangô jovem, vibrando nas linhas de Xangô e Oxum,
trabalhando nas pedras da cachoeira. Traz harmonia entre as forças de amor e justiça. Suas cores
são o branco e o marrom. 7. Falange de Xangô Djacutá Seu nome significa “pedra”, dominando
a força de Xangô no meteorito e nos raios, sendo muito invocado nas injustiças que conduzem
a aflições, defendendo as vítimas desses abusos. Suas cores são o branco e o marrom.
Oferendas: Além das já citadas anteriormente, dedicadas ao Orixá, basicamente consistem de
velas, nas cores indicadas, charutos, fósforos, cerveja preta, rosas ou lírios brancos. Ervas: folhas
de eucalipto, manga, goiaba, camaná, alecrim e limão. 3ª. LINHA: OXÓSSI Toda a parte
doutrinária e evangélica, com fins de trazer fé às almas desgarradas no mal, interferindo nos
males psíquicos e físicos, pertencem a essa falange. Daí, por trazer as almas ao caminho do bem,
Oxóssi é chamado de caçador de almas. Rege também a disciplina e obediência. 1. Falange dos
Caboclos Peles-Vermelhas Excelentes doutrinadores, com grande sabedoria, pertencem a
antigas civilizações indígenas (maias, astecas, incas, etc). Falam estranhos “dialetos” quando
“descem”. Nessa falange, entre os itens básicos que citaremos adiante, entram incenso
queimado, folhas de alecrim e alfazema frescas. 2. Falange do Caboclo Araribóia Como Oxóssi é
caçador, é ele que coordena, na vida material, o trabalho, com o objetivo de trazer recursos à
mesa. Por isso, essa falange se dedica a proteger aos injustiçados no seu direito de sustento e
sobrevivência de suas famílias, vibrando nas matas das montanhas. Gostam de flores variadas.
3. Falange da Cabocla Jurema Formada por entidades meigas, amorosas, traz os recursos da
Natureza e os transformam em energias vitais próprias a serem utilizadas em purificação de
locais, pessoas e na medicina espiritual, aos serviços de Oxóssi e Ossãe. Gostam de muito mel
nas oferendas, fitas coloridas, menos o preto. 4. Falange dos Caboclos Guaranis São guerreiros.
Defendem as matas, junto a Ogum Rompe-Mato. Onde os guaranis estão, impõe a paz, daí
serem chamados de “Falange da Paz”. Nunca recebem mel em suas oferendas. 5. Falange dos
Caboclos Tamoios Humildes e pacientes, são eles os conhecidos “domadores de feiticeiros” ou
“bumba na calunga”, vencendo a feitiçaria. Trazem as almas ao bem, daí serem os “caçadores
de almas”, na atribuição legítima das falanges de Oxóssi. A ela pertencem Muiraquitã e
Grajaúna. Apreciam folhas de arruda em suas oferendas, guiné, rosas de qualquer cor e muito
mel. 6. Falange dos Caboclos Tupis São os conhecidos Tatauys, conhecidos por serem muito
ágeis, bons caçadores, muito brincalhões. Apreciam sucos de frutas, mel e rosas de qualquer
cor. 7. Falange do Caboclo Urubatã São os mais velhos, sábios e conhecedores da mata. Há
poucos médiuns que os incorporam. Trabalham nas colinas floridas, pois se ligam à vibração de
Oxalá. Nas suas oferendas vão muito mel e flores brancas. Sua vela inclui a cor branca, sendo a
única falange que recebe outra cor, além do verde. 4ªLINHA: IEMANJÁ Nessa falange, na
Umbanda, trabalham todas as Iabás (Senhoras dos Rios), agrupadas com os nomes de janaínas,
caboclas ou sereias. Sua missão é trabalhar diretamente com a força emotiva por meio dos
sentimentos de maternidade, misericórdia e amor. 1. Falange da Sereia do Mar Entidades que
assumem formas encantadas, residindo em todo o elemento água. Possuem total domínio sobre
as energias desse meio. Aceitam as tradicionais oferendas a Iemanjá, entregues para serem
levadas ao fundo dos mares, lagos ou rios. 2. Falange da Cabocla Iara Dominam a força nascida
do encontro das águas doces e salgadas, muito ligadas ao Orixá Ogum. É também o nome das
entidades chefes da falange conhecidas como Caboclas do Rio. São alegres e juvenis. Sua vela
será azul clara e uma verde, vermelha e branca, para Ogum. 3. Falange da Cabocla Nana A

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Cabocla Nana Burucum é chefe da falange das Ondinas. Suas entidades trabalham na beira das
fontes e trazem uma vibração capaz de proporcionar paz e compreensão nos lares. Protegem as
atividades ligadas ao ensino, como o magistério. Sua vela será clara e lilás, ao Orixá Nana. 4.
Falange da Cabocla Iansã A Cabocla Iansã representa o Orixá com o mesmo nome, junto à
Iemanjá. Trabalha sob os fortes temporais e chuvas, forças essas capazes de proporcionar
grande resistência nas dificuldades da vida. Aceitam velas azuis-claras e vermelha e branca ao
Orixá Iansã. Podendo ser entregues junto às oferendas de Xangô nos bambuzais ou na beira de
cachoeiras, longe da queda d’água. 5. Falange da Cabocla Oxum As energias do amor puro e da
luz que irradia sobre as cachoeiras são a matéria-prima para suas atividades, ligadas à Iemanjá.
Através de sua falange, os fluidos benfeitores são trazidos através das “águas espirituais”, ou
seja, o prana ou fluido cósmico universal. Sua vela será azul-clara e amarela, dedicada ao Orixá
Oxum. 6. Falange da Cabocla Indaiá Sua falange é das Caboclas do Mar, ligadas a Yori, ou seja, a
Falange de Cosme e Damião. Absorvem energias de vários elementos e transmutam na energia
alegre e vibrante das crianças. Suas velas serão azuis-claras e rosas. 7. Falange da Cabocla ou
Sereia Janaína Estão sob sua guarda a força do amor conjugal e da procriação. Ligam-se muito
ao Orixá Oxalá. Suas velas serão azuis claras e brancas. Oferendas: basicamente, todas as
falanges de Iemanjá aceitam sobre pano branco e azul-claro, fitas azuis, espelhos, pentes,
perfumes de seiva de alfazema ou seiva de rosas, flores brancas ou azuis, rosas, lírios, mel,
guaranás ou bebidas doces e delicadas. A Falange da Cabocla Iansã recebe cerveja preta como
bebida. Observa-se que as cores das velas e algumas observações variam da bibliografia, com
fins de uniformizar com as cores utilizadas na Umbanda, e não no Candomblé. Ervas: lágrimas-
de-nossa-senhora, camomila, espada-de-iansã, folhas de bambu e qualquer planta aquática. 5ª.
LINHA: YORI Yori quer dizer “Vitalidade saindo da luz”. É formada pelas entidades que, por
opção, quiseram manter a forma infantil, algumas já em preparo para uma reencarnação
próxima. Onde for necessária uma vibração dirigida à alegria, à fraternidade e à comunhão, lá
estará a Linha de Yori que, por essa bela qualidade, domina as energias mais sublimes do plano
espiritual. Uma criança brincando, em um trabalho, não é uma atividade infrutífera, como
pensam alguns. É uma entidade que sabe perfeitamente o que está fazendo, com o objetivo de
descarrego de tudo o que está em volta. 1. Falange de Tupanzinho (Idolu ou Idossu) São
entidades que vibram na Linha de Oxóssi, protegendo os lenhadores e animais. Gostam, nas
oferendas, de apetrechos indígenas bem enfeitados, fitas verdes e vela rosa. 2. Falange de Doum
São entidades que nasceram no período do cativeiro como Doum, eram filhos de mãe indígena
e pai africano. Auxiliam os tratamentos médicos, protegendo os profissionais da saúde e os
enfermos, proporcionando mais integração entre ambos. Cruzamse com a Linha de Yorimá (dos
Pretos-Velhos) e aceitam suas oferendas em jardins e praças. 3. Falange de Alabá Cruzam-se
com Ogum, Oxumarê e Iemanjá. Da vibração dos três Orixás, recebem condição de trabalhar
com os militares, dando coragem e piedade aos que usam farda. Suas oferendas são próximas a
cachoeiras, pois as cores do arco-íris atraem muito essa falange. 4. Falange de Dansu Espalham-
se nos dias de tormenta, com fins de proteger adultos e crianças nesses dias, trabalhando
também para Xangô. Gostam de fitas marrons e até seixos rolados em suas bandejas, entregues
nas pedras de cachoeiras. 5. Falange de Sansu Legião de entidades que se apresentam como
meninas, distribuidoras de ternura, vinda de Deus. Trabalham cruzadas com Iemanjá. Devem ser
entregues a elas: conchinhas e estrelas-do-mar, na beira da praia, junto com os outros itens da
oferenda. 6. Falange de Damião Cruzam-se com Cosme e Doum, cuidando das crianças do
espaço, ou seja, das entidades recém-desencarnadas ainda crianças, de grande poder de cura.
Vibram, de preferência, nas praias e jardins, seu lugar para a entrega de oferendas. 7. Falange
de Cosme São eles que detêm a responsabilidade da guarda das crianças recém-desencarnadas
na Linha de Oxalá. Com o qual cruzam. Alimentam-nas com fluidos delicados, chamados de

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“mel”, ou, talvez, os fluidos extraídos desse alimento. Oferendas: Apesar de diferentes, as
falanges de Yori incluem, em suas oferendas, muito mel, doces em geral, balas, pirulitos,
brinquedos, fitas na cor rosa e nas cores com os quais cada falange se cruza, velas na cor rosa,
guaranás, flores brancas e gostam muito de bicos (chupetas) azuis ou rosas, de acordo com a
falange ou entidade reverenciada (se meninas ou meninas, ou ambos). Ervas: folhas de
manjericão, amoreira, alfazema, alecrim, trevo. 6ª. LINHA: YORIMÁ Seu nome significa a lei na
aplicação da vitalidade saindo da luz. É a linha do aprendizado a duros custos, da compreensão
das aflições, valorizando as lições da vida. É a prática da caridade teórica, da humildade
adquirida sob as mais cruéis provações. São aqueles que ensinam que, mesmo mergulhados no
erro, ainda há esperanças. São os Pretos-Velhos. 1. Falange do Povo da Costa (Rei Cambinda)
Cruzam-se com Iemanjá e ensinam que, através da resignação das provas, haverá o resgate das
dívidas do passado. Consolam e auxiliam os sofredores, com muito amor. Suas oferendas são
entregues nas praias. 2. Falange do Povo de Congo (Rei Congo) Com Yori conseguem a energia
pura e infantil dessa falange que, transformada, vence a dor e traz a alegria. Junto a sua oferenda
vai uma vela rosa oferecida às crianças. 3. Falange do Povo de Angola (Pai Joaquim) Libertam os
escravos de hoje, presos aos vícios, maldades e erros, despertando-os para a vida, por meio de
esclarecimentos ou ritos. Vibram nas matas e sua vela será roxa, a cor mística por excelência. 4.
Falange do Povo da Guiné (Pai Guiné) Possuem o conhecimento das calungas (grande, o mar;
pequena, o cemitério), profundos conhecedores da magia e da sabedoria para a cura de todos
os males. Recebem suas oferendas no cruzeiro do cemitério ou na beira do mar. 5. Falange do
Povo de Moçambique (Pai Jerônimo) Trabalham na lei do livre-arbítrio (ou da livre escolha), com
fins de inspirar a libertação do indivíduo durante sua vida terrena. Vibram na mata, sobre pedras
em especial, ou nos lugares abertos nesse local, próprios ao repouso e à oração. 6. Falange do
Povo de Luanda (Pai José) Combatem demandas, fazem cumprir rigorosamente os rituais e
trabalham muito na caridade, sendo exigentes, mas muito bondosos. Recebem suas oferendas
no cruzeiro de cemitério. 7. Falange de Bengala (Pai Tomé) Por terem sofrido muito na Terra,
compreendem as misérias humanas, trabalham na busca da paz, da fraternidade e estimulam a
caridade. Vibram nas colinas abertas e floridas. Oferendas: cada Preto-Velho tem sua oferenda
e gostos. Mas todos recebem cigarros de palha, café, velas brancas e pretas (alguns, roxas),
doces tradicionais tipo pés-de-moleque, rapaduras, sagu, farofa com lingüiça picada e comidas
típicas do interior e da época em que viveram. Ervas: arruda, guiné, benjoim, cipreste, folhas de
café, alfavaca e vassourinha branca. 7ª. LINHA: OXALÁ É a fusão de todas as outras. As legiões
de Oxalá são a sétima e última falange de todas as Linhas já vistas anteriormente. É responsável
pela integração das demais. Coordenadora, sendo a manifestação cósmica do céu, da terra, da
luz e da energia, da paz e do amor. Suas falanges são: 1. Falange de Ogum Delê (Ogum) 2. Falange
de Xangô Djacutá (Xangô) 3. Falange do Caboclo Urubatã (Oxóssi) 4. Falange da Cabocla Janaína
(Iemanjá) 5. Falange de Cosme (Yori) 6. Falange do Povo de Bengala (Yorimá) 7. Falange dos
Caboclos de Oxalá Lembramos que os Caboclos de Oxalá dificilmente incorporam, sendo os
responsáveis pela coordenação das demais falanges e da missão que cada guia-chefe assume
perante a Umbanda. Ervas: são o tapete-de-oxalá (boldo), mariô, folhas de limoeiro, manjericão,
erva-cidreira, trevo e café.

Unidade 10 – As Linhas Auxiliares de Umbanda


Introdução
A Corrente Astral de Umbanda reconhece 7 Potencias Espirituais que têm o comando
direto sobre o Planeta Terra e também no sistema planetário de que ele faz parte, sendo
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que a principal dessas Potências é o Cristo Planetário que supervisiona as outras seis, e
que por efeito dessa adaptação tomam o nome de ORIXÁS.
Essas Potências ou esses Orixás fazem-se representar através de LINHAS, cada Linha
tendo 7 Legiões e cada Legião tendo 7 Falanges. Linha significa a Faixa Vibratória em que
estão situadas, por afinidade, as Entidades Mentoras, ou seja, os GUIAS, os PROTETORES
e todas as humanas criaturas, dentro é claro, desta mesma Lei de Afinidade44.
Devemos lembrar a todos os nossos irmãos umbandistas, estudiosos, etc. que o nome
ou os nomes pelos quais as Escolas, os sistemas filosóficos, as religiões ou os cabalistas,
os magistas, os esoteristas, os teosofistas, os gnósticos, etc..., identificam as Potências
Divinas, não altera a razão de ser dessas Potências, tampouco sua essência. Portanto,
Brahma, é Olorum, é Zamby, é Deus, é Jesus, é Buda, é Mitra, é Osíris, etc. No fundo de
tudo estão sempre e inalteradamente o Pai-Eterno e o Cristo Planetário.

Baianos Boiadeiros
•Linha da Fé •Linha da Lei
•Oxalá e Oya •Iansã e Ogun

Erês Ciganos
•Linha do Amor •Linha da Justiça
•Oxumaré e Oxum •Xangô e Egunitá

Caboclos Pretos Velhos


•Linha do conhecimento •Linha da Evolução
•Oxóssi e Oba •Nanã e Obaluaie

Marinheiros
•Linha da Geração
•Omulu e Yemanjá

Baianos
Baianos Os Baianos trabalham sob a irradiação de diversos Orixás e, evidentemente, nem todos
são realmente baianos ou nordestinos (alguns podem ter sido Babalorixás de origem diversa,
identificando-se, portanto com o culto aos Orixás). Alegres, brincalhões, adoram festas e
apreciam desmanchar trabalhos de magia deletéria, sendo bons conselheiros e orientadores.

44
Para saber mais, veja: Umbanda de Todos Nós, Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de um
Preto-Velho, Sua Eterna Doutrina, Manual dos Chefes-de-Terreiro e Médiuns de Umbanda, Totalidade e
Sociologia.

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Gostam muito de dançar, o que, além de ser uma descontraída manifestação de alegria é
também uma maneira dirigida de manipulação de energia. Alguns são genuinamente
quimbandeiros, identificando-se, portanto, com os Exus e as Pombogiras, trabalhando na
Esquerda. Também se apresentam, muitas vezes, em giras de Caboclos e Pretos-Velhos.
Irreverentes e batalhadores, representam, ainda, o arquétipo do migrante nordestino a
enfrentar o cotidiano com determinação. Procuram esclarecer espíritos de vibração deletéria,
contudo, quando isso não é possível, costumam “amarrá-los”, isto é, isolá-los energeticamente,
até o dia em que estejam abertos a conselhos e realmente queiram ser ajudados.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DOS BAIANOS:

Apresentação: Chapéu de palha ou de couro, roupa de couro, sotaque e vocabulário tipicamente


nordestinos

Atuação: Dão passes e desmancham trabalhos de magia deletéria. Alguns benzem com água
e/ou dendê. Trabalham com fortes orações e rezas.

Bebidas: Água de coco, batida de coco, cachaça.

Comidas: Cocada, coco, farofa com carne seca.

Cores: laranja ou outra cor definida pela entidade.

Fumo: Cigarro de palha.

Boiadeiros

Também conhecidos como Caboclos Boiadeiros em determinados segmentos umbandistas.


Segundo alguns umbandistas, já foram Exus e transitaram de faixa vibratória (nos Candomblés
onde se manifestam Boiadeiros, geralmente fazem funções protetoras das quais os Exus se
encarregam na Umbanda). Protetores, utilizam-se do laço e do chicote como armas espirituais
contra as investidas de espíritos de vibrações deletérias. Conduzem os espíritos para seu destino
e resgatam aqueles que se perderam da Luz. Certamente muitos desses espíritos, quando
encarnados (homens e mulheres), lidaram com o gado, em fazendas, comitivas e outros:
vaqueiros, tocadores de viola, laçadores, etc. Trabalham para diversos fins, com velas, pontos
riscados e rezas fortes. Sua dança é rápida e ágil. Preferem bebidas fortes, como cachaça com
mel (meladinha), vinho tinto, mas também bebem cerveja. Seu dia votivo é quinta-feira. Seu
prato preferido é carne bovina com feijão tropeiro; também apreciam abóbora com farofa de
torresmo. Em oferendas, usam-se também fumo de rolo e cigarro de palha. Quanto às
vestimentas e identificações, costumam solicitar panos para cobrir a região dos seios das
médiuns, valem-se de chapéus de couro, laços, bombachas e até berrantes. Sua saudação e seu
brado costumam ser Jetruá!, Xetro Marrumba Xetro! e/ou Minaketo Navizala!: “Salve o que tem
braço (pulso) forte!” Alguns Boiadeiros: Boiadeiro do Chapadão, Boiadeiro Chapéu de Couro,
Boiadeiro de Imbaúba, Boiadeiro do Ingá, Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro Juremá, Boiadeiro do
Lajedo, Boiadeiro Navizala, Boiadeiro do Rio, Carreiro, João Boiadeiro, João do Laço, Zé do Laço,
Zé Mineiro.

Marinheiro

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Os Marinheiros apreciam o álcool, o qual deve ser servido com parcimônia, com o intuito de
regular o magnetismo desses espíritos, que, dessa maneira, se equilibram melhor em e com seus
médiuns. Locomovem-se para frente e para trás em virtude do magnetismo aquático.
Alegres, brincalhões, amigáveis, identificam-se com a vida no mar, à qual estavam ligados
quando encarnados (homens ou mulheres) como marujos, capitães, piratas, pescadores e
outros. Atuam principalmente no desmanche de demandas, em casos de doença e no
descarrego de ambientes onde ocorrem trabalhos espirituais. Literalmente lavam e purificam.
Também dão consultas e passes. Toda a energia deletéria é encaminhada para o fundo do mar.
A origem dessa Linha, sem dúvida, é Iemanjá, contudo os Marinheiros trabalham sob a
irradiação de diversos Orixás. Chefiados por Tarimá, costumam andar em grupo. Alguns
marinheiros: Chico do Mar, Maria do Cais, Seu Gererê, Seu Iriande, Seu Marinheiro Japonês, Seu
Martim Pescador. Saudação: “É da Marinha!” ou “É do Mar!”

Ciganos

Os Ciganos formam Linha bastante antiga de trabalhos na Umbanda. Por vezes, apresentam-se
na Linha do Oriente e com ela se confundem. Atuam em diversas áreas, em especial no tocante
à saúde, ao amor e ao conhecimento, com tratamentos e características diferentes das de outras
correntes, falanges e Linhas. Assim como o povo Cigano, quando encarnado, possui origem
antiga e pulverizada em diásporas, caracterizado pelo nomadismo, o Povo Cigano do Astral
assenta-se nos mais diversos terreiros de Umbanda. Na Espiritualidade, os Ciganos não estão
mais afeitos a tradições fechadas (Ciganos casando-se apenas entre eles, por exemplo) e
patriarcais terrenas (a mulher sem filhos biológicos praticamente perdendo seu valor perante o
marido, a família e a comunidade), podendo atuar com mais liberdade; daí afinarem-se à
Umbanda, conhecida pelo sincretismo e por abrir as portas a diversas Linhas espirituais.
Alegres e experientes, trabalham utilizando-se de seus conhecimentos mágicos, tanto na Direita
quanto na Esquerda. Se existem Exus e Pombogiras Ciganos, há também Ciganos que, por
afinidade e/ou por não encontrar outros caminhos numa casa, trabalham na Linha da Esquerda.
Amparados pela vibração oriental, trajam vestes e adereços característicos, valendo-se de
cartas, runas, bolas de cristal, Numerologia e outros expedientes que lhes são familiares.
Apreciam também trabalhar com cores (cada Cigano tem sua cor de vibração e de velas, embora
possa se valer de diversas cores, em virtude dos vastos conhecimentos que possuem) e com
incensos. Utilizam-se, ainda, de pedras, bebidas, punhais, lenços e outros elementos para Magia
Branca.
Embora haja orações, simpatias e feitiços Ciganos espalhados em profusão em livros, revistas,
sites na internet e outros, vale lembrar que a Umbanda, seja na Direita ou na Esquerda, jamais
trabalha com qualquer elemento que venha a ferir o livre-arbítrio de alguém. Em muitas casas,
Linha do Oriente e Linha Cigana se confundem; em outras, trabalham separadamente (há casas
em que aparece apenas a Linha Cigana). Existe, ainda, a leitura de que a Linha Cigana seria uma
espécie de divisão/falange da Linha do Oriente.

Oriente

Linha bastante genérica, sempre aberta às Entidades Ancestrais mais diversas, isto é, a espíritos
os mais variados que com ela se afinem, agrupando-se de acordo com distintas tradições, traços
culturais, etc. Além de muitas vezes incluir o Povo Cigano, muitas casas não reconhecem a
Linha do Oriente, “distribuindo” os Guias e as Entidades nas Linhas de Pretos-Velhos ou
Caboclos. Em linhas gerais, sua ritualística é diversa: os Guias não trabalham com bebidas
alcoólicas (exceto no caso dos Ciganos), usam roupas coloridas e metais nobres (ouro, prata e
bronze). Podem, ainda, não utilizar atabaques, mas instrumentos como harpa ou cítara. Suas
oferendas também são específicas.

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Legiões:
Indianos - Ramatís, Caboclo Pena de Pavão, Caboclo Sultão das Matas, Caboclo 7 Mares,
Árabes, Persas, Turcos e Hebreus: Cacique Jacó, Caboclo das Sete Encruzilhadas; Caboclo Orixá
Malê, Caboclo Akuan (Abdul); Caboclo Tupaíba
Legião dos Chineses, Tibetanos, Japoneses e Mongóis: Tibiri, o japonês;
Outras legiões: egípcios, Maias, Astecas, Toltecas, Incas, Caraíbas, Europeus, Médicos, Xamãs,
Sábios, etc.

Cura
Os mentores de cura trabalham de diversas maneiras (os métodos mais comuns estão descritos
abaixo). A fim de que seu trabalho seja bastante aproveitado, é necessário preparo e dedicação
do médium, além da observação, por parte do paciente, de prescrições específicas (roupas,
abstenções temporárias, repouso e outros).
Vale lembrar que, do ponto de vista holístico, o conceito de cura é amplo e depende de vários
fatores (padrão de pensamento, reforma íntima, programação espiritual – a qual,
evidentemente, pode ser revista, de acordo com a vivência cotidiana de cada um – ,
merecimento e outros). Nesse sentido, muitas vezes, obter a cura significa conseguir paz,
equilíbrio e diminuição das dores para um desencarne sereno.

Práticas de cura mais recorrentes na Umbanda:

Homeopatia

Cirurgia perispiritual

Cromoterapia

Fluidoterapia

Reiki

Visita Espiritual

Acupuntura, chás, aromaterapia,


cristalterapia, florais, Do-In, etc

Unidade 11 – Pretos velhos, Caboclos e Erês


Reflexão

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“A fim de chegarem a esta [unidade], as religiões terão que encontrar-se num terreno
neutro, se bem que comum a todas; para isso, todas terão que fazer concessões e
sacrifícios mais ou menos importantes, conformemente à multiplicidade dos seus
dogmas particulares. Mas, em virtude do processo de imutabilidade que todas
professam, a iniciativa das concessões não poderá partir do campo oficial; em lugar de
tomarem no alto o ponto de partida, tomá-lo-ão embaixo por iniciativa individual. Desde
algum tempo, um movimento se vem operando de descentralização, tendente a adquirir
irresistível força. O princípio da imutabilidade, que as religiões hão sempre considerado
uma égide conservadora, tornar-se-á elemento de destruição, dado que, imobilizando-
se, ao passo que a sociedade caminha para a frente, os cultos serão ultrapassados e
depois absorvidos pela corrente das ideias de progressão.”
Allan Kardec, A Gênese, cap. 32, item 17.
1. Umbanda e o Princípio do Círculo Cruzado45
No início do surgimento do Movimento Umbandista, foi primordial e prioritário firmar e plantar
o nome vibrado-sagrado Aumbandan, que foi adaptado para o vocábulo Umbanda. (...)
Ensinamos aos nossos Filhos de Fé que o vocábulo Aumbandan, autologicamente, faz surgir 7
Vibrações Originais ou as 7 Linhas. Assim, a Umbanda reconhece 7 Potências Cósmicas. Vejamos
pois como surgiram ou como realmente são as 7 Vibrações Originais. Partamos do vocábulo
Aumbandan. Antes, porém, teremos que mostrar os sinais ou letras do alfabeto adâmico ou
devanagárico, que em verdade é originário do Alfabeto Sagrado da Raça Vermelha (da língua
Abanheenga). No início dos processos gráficos da língua Abanheenga, foram os mesmos
formados por 5 sinais geométricos básicos:

Assim, temos o
PONTO, que é a
unidade em
geometria,
sendo associado
ao número 1.

A LINHA, para ser delimitada, necessita de 2 pontos; assim, à linha foi associado o número 2.

O ÂNGULO surgiu da mesma forma: 3 pontos não co-lineares, isto é, que não estão na mesma
linha, relacionando-se com o número 3.

O QUADRADO também surgiu pela união de 2 ângulos ou 4 pontos, 2 a 2 não co-lineares, isto é,
2 linhas não coincidentes mas paralelas, relacionando-se com o número 4.

45
RIVAS NETO, F. Umbanda a Proto-síntese Cósmica: Epistemologia, Ética e Método da Escola de
Síntese. São Paulo: Pensamento, 2002. Disponível em:
https://tepma.files.wordpress.com/2011/08/umbanda-a-proto-sc3adntese-cc3b3smica-yamunisiddha-
arhapiagha-f-rivas-neto.pdf

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Neste instante, observamos que os 4 sinais estavam e estão intimamente ligados ao sistema
numerai e à geometria, importantíssimos fatores necessários para entendermos melhor os
vocábulos litúrgicos ou sagrados das 7 Linhas ou 7 Vibrações Originais. Está faltando o 5a
sinalletra. Vejamos como surgiu:

Os valores numéricos dos 4 primeiros sinais são os que se correspondem com os 4 pilares do
conhecimento humano, com os 4 elementos radicais da Natureza, com os 4 sinais sagrados que
milhares de anos depois deram origem ao Tetragrama Sagrado de Moisés — EVE-I. Então,
somam-se os quatro numerais, formando uma síntese de: 1 + 2 + 3 + 4 = 10. Como resultado,
obteve-se o máximo da década, o próprio número 10. Qual seria a figura geométrica que
traduziria a Síntese dos 4? Outra não é senão o CÍRCULO, o qual encerra o TODO, infinitos
pontos.

Fazemos a ligação do sinal geométrico com seu valor numérico e seu som. Temos pois a forma,
o som e o número, trilogia básica para a formação de termos litúrgicos sagrados, antológicos,
ou seja, que surgem naturalmente.

Estando de posse desse conhecimento, não nos fica difícil entender como do próprio vocábulo
Aumbandan surgem os vocábulos que vão denominar as 7 Potências Sagradas ou Vibrações
Originais. Assim, o que pretendemos é mostrar como de Aumbandan surgem: Orixalá, Ogum,
Oxossi, Xangô, Yorimá, Yori e Yemanjá, que são as 7 Linhas do Aumbandan. Assim, podemos
traduzir Aumbandan como — Conjunto das Leis Divinas — as Leis Regulativas do Universo Astral,
na atualidade aplicadas, em especial, sobre os adeptos do Movimento Umbandista. Bem, Filho
de Fé, vejamos agora como esses 3 conjuntos de sinais se entrosam em outros sinais
condensados geometricamente, para então chegarmos nos 7 Termos Sagrados que denominam
as 7 Vibrações Originais ou as 7 Linhas. Bem, chegamos no O X Y — ou Y X O (o Verbo Divino) —
o qual tem totipotência para nos fornecer autologicamente os 7 Termos Sagrados, mantrâmicos,
das 7 Vibrações Originais ou 7 Linhas. Vamos a eles:

Após essa demonstração, a qual foi feita pela 1a vez através das obras de Pai Guiné e seu veículo
mediúnico, o Filho W. W. da Matta e Silva (no livro Umbanda de Todos Nós, 1a edição, 1956),
esperamos ter deixado claro que dos 3 conjuntos geométricos (O X Y) surgiram autologicamente
os 7 Termos Litúrgicos das 7 Potências Espirituais ou das 7 Linhas. Queremos frisar que na antiga
e possante civilização da Raça Vermelha, a 1a letra era a que representava o vocábulo sagrado,

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era o seu princípio, o início; portanto, era a chave articuladora para o som do termo total. Por
isso é que fizemos a demonstração do surgimento dos 7 Termos Sagrados através das letras
iniciais. Após essa demonstração, podemos citar as 7 Potências representativas da Sagrada
Aumbandan ou Umbanda: ORIXALÁ, OGUM, OXOSSI, XANGÔ, YORIMÁ, YORI, YEMANJÁ. Note-
se que, das 7 Vibrações Originais, as três primeiras se relacionam como a letra O, a do centro
com a letra X e as 3 últimas com a letra Y Agora, façamos mais uma centralização do vocábulo
Aumbandan, Umbanda da atualidade:

Chegamos assim ao conjunto Uno, Unitário, o qual também geometricamente e


numerologicamente representa e traduz o vocábulo Aumbandan, sendo portanto seus sinais ou
conjunto geométrico um valioso talismã, após ser devidamente imantado, é claro. Em outros
capítulos, explicaremos pormenorizadamente sobre guias, talismãs etc. Após essa
demonstração, enunciemos a frase mater que define hieraticamente, hermeticamente, o
Aumbandan ou Umbanda. UMBANDA É A LEI; ESTA É O CÍRCULO OU A UNIDADE QUE ENCERRA
O TRIÂNGULO, QUE EM VIBRAÇÕES DE EXPANSÃO GERA A TOTALIDADE OU O SETENÁRIO,
CENTRALIZADO NO PRINCÍPIO DO CÍRCULO CRUZADO OUOXY = OOOXYYY.

Partindo do setenário, condensamos ou centralizamos em 1a ordem no ternário, para, a


posteriori, centralizarmos em 2a ordem no unitário ou unidade; essa explicação torna bem clara
a definição hierática sobre a Umbanda.

Para completarmos nossos estudos, lembremos ao Filho de Fé que em outro capítulo já


expressamos que no início do mediunismo, já na Raça Atlante, os mensageiros do astral se

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manifestavam na mecânica de incorporação de 3 formas diferentes, aparentando formas


distintas na apresentação. Dissemos que o lª aspecto é o que produzia vozes infantis, devido à
vibração no chacra laríngeo, o 2º aspecto é o que produzia no médium a posição ereta e a voz
inflamante, devido à vibração no corpo astral ser nos chacras da região tóraco-abdominal, o 3º
aspecto é o que, através do chacra genésico, fazia com que os reflexos medulares, no corpo
físico denso, curvassem razoavelmente o veículo mediúnico. Após essa pequena revisão,
começará o Filho a entender que as 7 Vibrações Originais ou as 7 Linhas da Umbanda se
entrosam com suas Entidades em 3 formas de expressão ou apresentação, ou seja, 3 "roupagens
fluídicas" diferentes:

A primeira, que vibra no chacra laríngeo produzindo vozes infantis, foi no Movimento
Umbandista da atualidade associada aos Espíritos que usam a vestimenta fluídica de crianças.

A segunda, que vibra nos chacras da região tóraco-abdominal,* produzindo porte ereto e voz
vibrante, foi associada, no Movimento Umbandista da atualidade, às Entidades que usam a
roupagem fluídica de caboclos.

A terceira, que vibra no chacra genésico, fazendo com que o médium se curve e se expresse com
voz calma, foi associada às Entidades que se utilizam da vestimenta fluídica de pais velhos, que
mais tarde passaram a ser chamados de pretos-velhos; embora achemos essa denominação
errada, pois muitos Seres Espirituais da Raça Vermelha, que mantêm sua matriz perispirítica
como sendo da Raça Vermelha, "baixam" como pais velhos na vibração de Yorimá. Somente
para fins de adaptação aceitaram e aceitam que lhes chamem de pai preto, preto-velho, etc.
Após expressarmos esse conceito, vamos entender que no Movimento Umbandista da
atualidade, nas 7 Vibrações Originais, temos os caboclos, pretos-velhos e crianças, assim
distribuídos:

Assim, Filho de Fé, o Triângulo das Formas de Apresentação é que representa o Caboclo, o Preto-
Velho e a Criança, que se entrosam, como vimos, nas 7 Vibrações Originais ou 7 Linhas. Não
podemos nos esquecer da mensagem moral dessa forma de apresentação.

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2. A DOUTRINA DO TRÍPLICE CAMINHO46


O Movimento Umbandista, surgido no Brasil, apresenta duas perspectivas ou ângulos de
visão a serem considerados: a dos seres encarnados que integram a coletividade de
adeptos e a dos mestres astralizados, as entidades que se manifestam através do
mediunismo dos umbandistas.
Do ponto de vista dos seres encarnados, é evidente que o movimento umbandista surgiu
como amalgamação de ritos oriundos de povos culturalmente diferentes. Tal integração
cultural permitiu amenizar os conflitos ou choques de culturas. Esse meio-termo,
representado pela Umbanda, conseguiu congregar uma variedade de influências étnicas
que passaram a conviver harmoniosamente. E interessante notar que o Brasil pode ser
considerado um miniplaneta, pois aqui temos representantes de todos os continentes e
tradições convivendo pacificamente, sem os atritos provenientes do fundamentalismo
de um ou outro setor. O mesmo não acontece em outros pontos do planeta, onde os

46
RIVAS NETO, F. Umbanda a Proto-síntese Cósmica: Epistemologia, Ética e Método da Escola de
Síntese. São Paulo: Pensamento, 2002. Disponível em:
https://tepma.files.wordpress.com/2011/08/umbanda-a-proto-sc3adntese-cc3b3smica-yamunisiddha-
arhapiagha-f-rivas-neto.pdf

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conflitos baseados na "fé" têm lugar, deixando marcas de dor e violência em todos os
povos.
Qual seria a causa do congraçamento entre tradições tão diferentes no Brasil? Não fosse
o bastante, podemos ainda dizer que isso acontece com maior intensidade na Umbanda,
onde não apenas tradições diferentes intercambiam valores, mas também todos os
extratos sociais e econômicos encontram um campo de trégua, favorecendo o convívio
em termos de igualdade perante o Astral. Esta é uma "magia" que a Umbanda faz e que
poucos percebem. Por trás da aparência de colcha de retalhos, existe um princípio
inteligente que coordena as diferenças e promove a união pelas semelhanças.
Em outras palavras, na Umbanda não há o rico e o pobre, o douto e o analfabeto, essa
ou aquela etnia. Todos sentem-se iguais e o mérito parece ser o principal fator
determinante na hierarquia social. Quer dizer: o que tem mais a oferecer assume o posto
de maior doador. Exercer uma função sacerdotal ou semelhante corresponde a uma
responsabilidade maior, uma dedicação e doação maiores, e não privilégios eclesiásticos
ou políticos.
(...) Assim posto, voltemos às considerações sobre o movimento umbandista em seu lado
humano. Observamos um sistema aberto, que permite tantas variações quanto as
necessárias para atender a multitude de graus conscienciais que encontram na
Umbanda sua identidade espiritual. É claro que não podemos esperar um consenso
universal entre os umbandistas. Se isso acontecesse agora, seria por força de imposição,
contrariando o princípio de liberdade espiritual que deve beneficiar a todos. Contudo,
não podemos negar que o amadurecimento deve conduzir a uma visão mais abrangente
da Realidade, aparando as arestas e fazendo ressaltar a Essência até então velada pela
pluralidade da Forma.
Com isso, somos remetidos ao aspecto espiritual da Umbanda, à perspectiva das
entidades atuantes nesse movimento. Penetremos agora nos bastidores do rito, na força
motriz que impulsiona essa Umbanda ao resgate da Tradição-Una.
Com a chegada de imigrantes de todos os continentes e os antecedentes espirituais de
nossa terra (como poderá o leitor ver no Capítulo V), estabeleceu-se aqui o local ideal
para se dar início à reintegração da Humanidade. Com esse compromisso,
representantes de todas as culturas aqui se encontraram através de migrações físicas ou
reencarnatórias em obediência aos desígnios traçados por nossos Ancestres Ilustres, na
expectativa de construir uma nova sociedade.
É claro que nossos Ancestres Ilustres — os Mestres Astralizados — necessitavam de um
ponto de entrada para atuar entre os encarnados e incutir as novas diretrizes. Para isso,
utilizaram-se dos cultos miscigenados de índios, negros e brancos, marcados ainda pelo
fetichismo e crendices várias.
De par em par, entidades de alto escola espiritual usaram das formas de Caboclos, Pais-
Velhos, Crianças e outras para trazer nova luz à nascente identidade brasileira. Por essa
perspectiva, podemos observar que o Movimento Umbandista não apenas surgiu para

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minimizar os choques étnicos, religiosos, econômicos e sociais brasileiros, mas também


serviu como porta de entrada para um movimento que visa atingir todos os cidadãos
planetários, aqui representados pela população de várias nacionalidades.
Fica evidente que somente entidades espirituais elevadas, já destituídas de qualquer
atavismo espiritual e conhecedoras da sistemática evolutiva planetária poderiam atuar
nesse movimento. Mas, para serem mais bem aceitos, esses Mestres planetários
necessitavam adaptar suas formas de apresentação para melhor entendimento da
coletividade-alvo. Todos sabemos que espíritos superiores estão livres de atributos como
idade, raça, língua ou religião. Contudo, escolheram as formas de Crianças, Caboclos,
Pais-Velhos e sucedâneos para atuar entre a massa de adeptos.
Qual o motivo de escolherem essas formas? Por que se travestir com essas roupagens
fluídicas?
Primeiro, escolheram estas variações regionais para facilitar o contato com aqueles que
ainda traziam fortes traços culturais. Assim, os brasileiros de origem ameríndia
facilmente se identificaram com os "Caboclos"; os brasileiros de origem africana se
identificaram com os "Pais-Velhos"; os de origem europeia se identificaram com as
"Crianças", e assim por diante.
Um segundo aspecto é que Crianças, Caboclos e Pais-Velhos representam as três etapas
da vida humana: infância, maturidade e senilidade, aspectos esses presentes em todas
as raças.
O terceiro aspecto são os valores inconscientes ou arquetípicos que essas roupagens
traduzem. Assim, a Criança é símbolo de Amor e Pureza; o Caboclo é símbolo da
Fortaleza e da Atividade; o Pai-Velho é símbolo da Sabedoria e da Humildade.
Novos horizontes se descortinam. O que antes parecia um fenômeno folclórico, fruto do
animismo fetichista como quiseram fazer crer, agora passa a ser observado como
movimento coordenado com intenções universalistas. Esse é o ponto de vista espiritual.
Então a Umbanda não é uma religião brasileira? Não. Apenas surgiu no Brasil, mas
destina-se a toda humanidade. Isso não significa que veremos Pais Velhos "baixando"
na China ou Caboclos incorporados na Rússia. Isso tudo faz parte do aspecto regional do
movimento umbandista, das adaptações necessárias ao povo brasileiro, incluindo as
formas de baianos, boiadeiros, marinheiros e outros, que têm funções ainda mais
particulares e menos universais.
Por outro lado, deve haver formas que simbolizam a Pureza, a Fortaleza e a Sabedoria
em outros povos. Podemos ter, talvez, um Guerreiro europeu simbolizando a Fortaleza
para aquele povo, ou um Velho Mestre oriental simbolizando a Sabedoria entre os
chineses. Os arquétipos e seus valores são os mesmos para todos; mudam apenas as
formas de simbolizá-los ou representá-los. Os arquétipos são universais e estão no
inconsciente de todos os seres.

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Entendemos agora que, na verdade, os espíritos que se apresentam na forma de Crianças


são Mestres do Amor e da Pureza que usam essa vestimenta para transmitir sua valência
espiritual. Igualmente, os Mestres da Fortaleza e da Atividade se manifestam como
Caboclos, e os Mestres da Sabedoria e da Humildade se apresentam como Pais-Velhos.
Mas isso não é tudo. O objetivo da Umbanda é resgatar para o Homem sua cidadania
espiritual, sua consciência eternal, perdida nas brumas do egoísmo, da vaidade e do
orgulho. A perda da consciência espiritual levou-nos à fragmentação de nosso psiquismo
e, conseqüentemente, a uma visão fragmentária do mundo.
Para restituir a sanidade espiritual do Homem, os Mestres Astralizados apresentam-se
como Mestres da Sabedoria, atuando diretamente no campo mental dos adeptos; os
Mestres do Amor e da Pureza promovem a cura dos sentimentos; e, completando o
ternário de forças, temos os Mestres da Fortaleza e da Atividade, atuando nas energias
físicas dos consulentes.
Nós, seres encarnados, expressamos nossa personalidade através de Pensamentos,
Sentimentos e Ações. Os pensamentos têm sua sede no Organismo Mental, os
sentimentos no Organismo Astral e as ações estão situadas no Organismo Etérico-físico.
Por conseguinte, os "Pais-Velhos" atuam no Organismo Mental, as "Crianças" atuam no
Organismo Astral e os "Caboclos" atuam no Organismo Etérico-físico.
É precisamente isso o que se verifica nos templos de Umbanda. Sem que os consulentes
percebam, os "Pais-Velhos" orientam as mentes através de seus conselhos e experiência;
as "Crianças" infundem alegria, bom ânimo e felicidade; os "Caboclos" trazem energias
positivas dos sítios sagrados da Natureza, para dar saúde, impulso e movimento aos
filhos de fé. Resumindo, a tríplice manifestação dos Mestres Astralizados na Umbanda
visa trazer Equilíbrio na Mente, Estabilidade no Sentimento e Harmonia nas Ações.
Neste ponto, podemos dizer que já temos uma visão muito mais abrangente do que seja
o Movimento Umbandista e uma leve noção do que seja a Tradição Cósmica,
Aumbandan ou, simplesmente, Umbanda, que o Movimento Umbandista pretende
resgatar. Compreendemos que a Umbanda tem caráter universalista e que o Movimento
Umbandista tem o objetivo de adaptar as verdades universais ao entendimento de cada
povo, enquanto a adaptação for necessária.
Podemos ainda ir além e verificar que tudo no Universo é interligado e que o
macrocosmo se reflete no microcosmo. O princípio ternário que faz o homem expressar
sua personalidade em Organismos Mental, Astral e Físico é o mesmo que ordena a
tríplice manifestação dos Mestres Astralizados e foi o mesmo que ordenou o caos e
presidiu a gênese do Universo.
No momento da cosmogênese, conhecido como big-bang, três fenômenos concretizaram
a Criação: a Luz, o Som e o Movimento. A interação da Essência Espiritual com a
Substância Etérica amorfa produziu a Existência consubstanciada em Luz, Som e
Movimento. Por isso, tudo na Natureza se apresenta de forma ternária, pela interação
entre o ativo e o passivo que dá origem ao neutro ou gerado.

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Por isso dizemos que a Umbanda tem fundamentos cósmicos, porque remontam à
cosmogênese. A Doutrina do Tríplice Caminho contém Epistemologia, Ética e Método
para conduzir o Homem à união com o Sagrado, através da Triunidade.
Na Doutrina do Tríplice Caminho temos três doutrinas convergentes denominadas:
Doutrina Tântrica, Doutrina Mântrica e Doutrina Yântrica. A Tântrica corresponde à Luz,
a Mântrica ao Som e a Yântrica ao Movimento. Embora Tantra, Mantra e Yantra sejam
termos conhecidos de outras línguas, como o sânscrito, seus valores são cósmicos e,
cabalisticamente, seus significados diferem um pouco do que atualmente é conhecido
na Ásia.
A Doutrina Tântrica é o caminho para a purificação e sublimação do Organismo Mental
no homem, e os Mestres Tântricos são os Mestres da Sabedoria e da Humildade. A
Doutrina Mântrica é o caminho para a purificação e sublimação do Organismo Astral, e
os Mestres Mântricos são os Mestres do Amor e da Pureza. A Doutrina Yântrica é o
caminho para a purificação do Organismo Etéricofísico, e os Mestres Yântricos são os
Mestres da Ação e da Fortaleza.
Podemos agora observar o quadro sinóptico abaixo e fazer a síntese:

Homem Organismo Sincretismo Arquétipo Doutrina Cosmo


Pensamento Mental Pai Velho Sabedoria Tântrica Luz
Sentimento Astral Criança Amor Mântrica Som
Ação Físico Caboclo Atividade Yântrica Movimento

O que varia entre os vários templos de Umbanda é o quanto esses fenômenos são
expressos ou velados. Nos locais em que a vivência espiritual ainda é restrita, as
entidades fazem tudo de forma menos aparente. Nos locais onde já há um certo
amadurecimento espiritual, esses fundamentos são mais abertos e os adeptos buscam
conscientemente se reajustarem nesses três aspectos.
3. FORMAÇÃO DA FALANGE DOS PRETOS-VELHOS NA UMBANDA 47
Depois de mortos, passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para se
manifestarem. Ao se incorporarem, trazem os Pretos-Velhos os sinais característicos das tribos
a que pertenciam. Os Pretos-velhos são nossos Guias ou Protetores, mas no Candomblé, são
considerados Eguns (almas desencarnadas), e decorrente disso, só têm fio de conta (Guia) na
Umbanda. Usam branco ou preto e branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-
Velhos almas de escravos, lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e
branco, em sua maioria. Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza
com uma palha dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais
fácil de se encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os
lugares. O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em
que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).

47
Apostila Curso de Umbanda – Sociedade Espiritualista Mata Virgem disponível em
http://caboclotupinamba.com.br/download/os-pretos-velhos.pdf

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3.1 Preto-velho e o consulente48


A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, de
serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir
espiritualmente. Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se
com um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente
interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos
de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outros
problemas. O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente:
"Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos
ajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas que podem ser aproveitadas, depois de
algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte
do terreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos
trabalhos de caridade". Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos... Os Pretos-Velhos levam a força
de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar,
ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o
amor próprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos
do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem
seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma
e da causa e efeito.

Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente.
Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus
sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e
sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento
diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os acontecimentos de sua vida: "Cada
um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu
entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar
consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a
felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo
que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu
podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS" (Pai Cipriano).

3.2 Pedagogia de Preto Velho49


“A pedagogia da linguagem dos pretos-velhos é coerente com a ética de Jesus, com os princípios
do espiritismo e com as crenças mais acolhidas pelo imaginário popular em relação aos assuntos
do espiritualismo.

Por meio de sua fala singela e metafórica, eles trabalham com os valores da fé e da importância
do bem no coração humano. É uma linguagem de consolo, que sincroniza simplicidade com
acolhimento, rica em sua forma de atingir o inconsciente das pessoas sofridas e fervorosas,
despertando poderosos elementos de luz e de motivação.

O falar dos pretos-velhos conduz o homem para metas realistas de renovação e de melhoria
moral, levando a muitos a sensação de libertação e de motivação com o recomeço perante
provas e expiações. Não é uma linguagem de catequese nem de doutrinação, mas de pacificação
e de perdão interior, extremamente rica em afetividade.

48
Idem.
49
OLIVEIRA, W. Fala Pai João, inspirado pelo espírito Pai João de Angola. Belo Horizonte, Dufaux, 2013.

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Com essa pedagogia da esperança e do conforto espiritual, os pretos-velhos realizam um


autêntico serviço de educação social para muitas pessoas que não se adaptam mais aos velhos
conceitos da religião tradicional, mas que também não se encontram aptas ou dispostas a
absorver as propostas mais profundas de renovação da conduta que alicerçam as bases do
espiritismo.

Os pretos-velhos orientam o povo para a fé em Deus e, com isso, transformam-se em potentes


educadores do afeto, em renovadores das crenças mentais, gerando uma relação de simpatia
que alimenta e toca o afeto nas mais amplas esferas da dor humana.

Pai João de Angola, reencarnação do espanhol Francisco Jiménez de Cisneros (1436-1517), mais
conhecido como Cardeal Cisneros, tem, em seu método de comunicação, antes de tudo, um
atestado de que ao espírito cabe o direito de se manifestar em sua forma peculiar, sem que isso
signifique, obrigatoriamente, um critério de evolução ou de densidade de conteúdo moral nas
mensagens. É uma quebra de estereótipo em relação à noção deturpada que se formou sobre o
mentor espiritual ou guia espiritual. Pai João mostra que os mentores também erram, também
choram, também falam e também escrevem errado. Os mentores também são gente.

Seus textos, repletos de reflexões claras e singelas, sensibilizam a alma, relembrando os mais
preciosos ensinamentos espirituais capazes de cooperar na formação do homem de bem: a
maior e mais cobiçada meta na direção da regeneração do planeta Terra.

A simplicidade desse nego véio é de uma beleza contagiante, a qual nos envolve em climas
emocionais que somos incapazes de descrever. Apenas sabemos que o enlevo nos textos desse
pai velho nos conduz a estados espirituais de profunda paz, libertação, leveza e entusiasmo.

Pai João bem que poderia construir seus textos em uma linguagem que louvasse a língua
portuguesa com verbos perfeitos e palavras rebuscadas, entretanto, sua forma de se expressar
não impede a profundidade de suas abordagens e a densidade de suas ideias, assumindo
diversas posturas pedagógicas em conformidade com a natureza dos textos. Consultor,
orientador, psicólogo, conselheiro, pajé, instrutor, educador, mago e preto-velho, esse é Pai
João de Angola. Um pouco de cada uma de suas personalidades está projetada em suas palavras.

Respeitando quaisquer opiniões contrárias às nossas, entregamos os ensinos de Pai João de


Angola avalizados por uma equipe de espíritos servidores da luz e construtores da regeneração
no Hospital Esperança , cujo mentor é Eurípedes Barsanulfo.

Em meio a discussões improdutivas sobre a validade ou não da comunicação de pretos-velhos,


confirma-se, atualmente, a crescente participação lúcida e educativa de todos eles na
espiritualização do nosso povo brasileiro.

Os pretos-velhos cada vez mais ampliam o raio de sua atuação amorosa e instrutiva. Sua
presença marcante e cada vez mais popularizada pelo bem que espalham é uma autêntica
cirurgia no orgulho para retirada do quisto do preconceito de muitos grupos afeiçoados à rigidez
nos assuntos da mediunidade. São cada vez mais queridos e requisitados, entrevistados e
procurados. Agora já encontram espaço para escrever livros e ser alvo da reverência e do louvor
de muitos. Fazem parte do mais moderno repertório de educação religiosa, no que concerne às
inúmeras comunidades organizadas no Brasil, e trafegam com sabedoria entre várias seitas
cristãs.

O progresso das ideias cria uma nova forma de pensar a respeito do papel dessas entidades
espirituais na espiritualização da humanidade encarnada. No intuito de romper com as opiniões

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e com os princípios imutáveis que separam as religiões e estimulam seus adeptos à animosidade
e à intolerância, Kardec destaca que, “(...) desde algum tempo, um movimento se vem operando
de descentralização, tendente a adquirir irresistível força”.

Esse movimento não é gerenciado por nenhuma entidade oficial, mas pela necessidade do
coração humano. Pela importância que a mensagem expressada pelos pretos-velhos adquire,
eles fazem parte desse movimento, que, em verdade, acontece em todas as latitudes do planeta
Terra. Sobre isso, Allan Kardec diz também:

(...) O terreno neutro das religiões está sendo criado a contragosto de muitos, que se aferram a
premissas inflexíveis e se fazem oponentes à naturalidade com que se operam os tempos novos.
Mesmo os argumentos mais lúcidos e respeitáveis utilizados pelos expoentes do espiritismo
para justificar o atraso dos pretos-velhos têm sucumbido ante a força e a grandeza de sua
manifestação afetiva e de sua capacidade libertadora das dores humanas. Por mais sensata a
explanação doutrinária espírita a respeito do linguajar truncado e dos ensinamentos místicos
dessas entidades espirituais, o povo adotou os pretos-velhos e eles adotaram a afeição do povo.

A relação de amor e de afeto entre os pretos-velhos e as multidões abateu as mais severas teses
de lucidez exaradas com base nos princípios da mediunidade à luz do espiritismo. E que cada
vez mais eles assumam o lugar que merecem!

Ninguém mais consegue escravizar os pretos velhos! Louvado seja Deus! Livre para falar! Fala,
Pai João! Falar difícil é muito fácil. Difícil é falar fácil e simples como faz o preto-velho!”

4. Pretos velhos, caboclos e erês50


“A umbanda é o movimento do Círculo Inicial do Triângulo e este, é o Ternário ou a Tríade, que
exterioriza suas vibrações através das Três Formas ordenadas pela Lei, que são místicas pois
simbolizam: A pureza, que nega o vício, o egoísmo e a ambição; A simplicidade, que é o oposto
da vaidade, do luxo e da ostentação; A humildade, que encerra os Princípios do amor, do
sacrifício, e da paciência, ou seja, a negação do poder temporal... As três formas que simbolizam
estas virtudes são as de Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, que ainda traduzem: o Princípio ou
Nascer, o Meio ou a Plenitude da Força e a Velhice ou o Descanso, isto é a consciência em calma,
o abandono das coisas materiais...o esquecimento do ilusório para o começo da realidade. No
entanto, o Espírito, o nosso eu Real, jamais revelou, nem revelará, a sua verdadeira essência e
"forma", compreenda-se bem, sua "forma essencial". Ele externa sua consciência, seu livre
arbítrio, por sua alma, pelo corpo mental, que engendra os elementos para a formação do
denominado Corpo Astral ou Perispírito, que é uma "forma durável", fixa, podemos dizer.
Tentaremos então explicar, que o espírito não tem Pátria, porém, conserva em si ou forma a sua
alma pelos caracteres psíquicos de vários renascimentos, em diferentes Pátrias.

No entretanto, o conjunto desses caracteres psíquicos experimentais contribui para formar a


sua personalidade moral e mental, influindo decisivamente na "forma" de seu corpo astral e
mesmo na física quando encarnado. Poderá, pelo resgate, elevar-se ou evoluir tanto,
espiritualmente, que sua imediata condição estando de tal forma purificada, anula
completamente os caracteres pessoais de sua última encarnação, e o seu corpo astral pode
tomar uma "forma etérica" que apaga, em aparência, aquela que caracterizou esta passagem

 50
Apostila AS FALANGES DE TRABALHO NA UMBANDA, disponível em:
https://dokumen.tips/documents/as-falanges-de-trabalho-na-umbanda-
apiningcomasfalangesdetrabalhonaumbandapdf.html

108
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pelo "mundo da forma humana". Assim, devemos concluir que existe maior quantidade de
formas astrais feias, baixas, de aspectos brutais, reveladoras do atraso mental de seus ocupantes
espirituais, do que formas belas que expressam a LUZ, a consciência evolutiva. Os ocupantes das
formas que revelam um Karma limpo, uma iluminação interior, é que são chamados a cumprir
missão na Lei de Umbanda, e por seus conhecimentos e afinidades, são ordenados em uma das
Três Formas já citadas... velando assim suas próprias vestimentas karmânicas. Esta metamorfose
é comum aos que tomam a função de Orixás ou Guias que assim procedem, escolhendo por
afinidade uma dessas formas em que muito sofreram e evoluíram numa encarnação passada.
Para os que estão classificados como Protetores, em quase maioria, não se faz necessário essa
transformação, porque conservam ainda uma das três formas em seus corpos astrais, quais
sejam: CABOCLOS, CRIANÇAS e PRETOS-VELHOS. Saibam todos que tudo isso não é mera
concepção nossa; obedece a lógica, ao estudo e a experiência, verificadas em centenas de
aparelhos(médiuns), através das respostas de suas entidades sobre o assunto. Senão, vejamos
na mais simples e clara das provas: perguntem, através de um bom aparelho (médium) que não
seja do qualificado de "consciente" a qualquer Guia, quer de Xangô, Ogum, Orixalá, Yemanjá,
etc, se ele é japonês, chinês, inglês ou italiano... Na certa responderá que não, pois, no
momento, está ordenado por uma dessas vibrações ou linhas, e dirá por exemplo: sou um ogum,
orixá e caboclo ou dirá, Caboclo X da Falange de Ogum Yara, Ogum Megê ou Ogum de Lei, etc...
Se forem entidades que se apresentam como Crianças, responderão por exemplo: sou Yariri,
orixá da vibração ou linha de Yori, ou então, sou "X" da falange de Yariri, Doum ou Ori, etc.
Perguntem, ainda, a um que se apresente como Preto-Velho, e ele dirá que é Pai "X", por
afinidade, um Congo, um Angola, um Cambinda, etc. Da Vibração de Yorimá, ou da Falange de
um Pai-Arruda, Pai-Guiné, Pai-Tomé que são orixás, isto é, chefiam Legião ou Falange.

Como poderão compreender, tudo gira e se expressa nas Três Formas, ou seja, na Tríade, que,
por analogia, é o reflexo da Trilogia Sagrada, o Ternário Humano, sintetizado na Unidade que é
a manifestação de DEUS. "O número três reina por toda parte no Universo" disse ZOROASTRO,
e este Universo é Tríplice em suas três esferas concêntricas; o Mundo Natural, o Mundo
Humano, e o Mundo Divino. Até no homem são três as partes que o formam: Corpo, Alma,
Espírito. Porque foi da combinação de Três Forças Primordiais (Espírito, Alma, Matéria) que
surgiu a forma dos seres que povoam os Universos dentro do Cosmo, limitado e ilimitado em si
mesmo. Ainda é a força sagrada do número três que forma os cultos trinitários. Exemplos: na
Índia com BRAHMA, VISNU e SHIVA; a própria unidade do cristianismo com o PAI, o FILHO e o
ESPÍRITO SANTO; no EGITO é OSÍRIS, ÍRIS e HóROS; na CHINA, é BRAHMA, SHIVA e BUDA; na
PÉRSIA de ZOROASTRO, era OZMUD, ARIHMAN e MITRA; na primitiva GERMÂNIA, era VOTAM,
FRIGA e DINAR; os ORFÍCOS, na Grécia, apelidavam de ZEUS, DEMÉTER e DIONISIUS; na antiga
CANAAM era BAAL, ASTARTÈ e ADONIS ECHEMUN...e os CABIRAS, povos de inconcebível
Antigüidade, regiam seus mistérios de forma trinitária, com EA (pai), ISTAR (mãe) e TAMUZ
(filho) e por fim vamos chegar à Umbanda com IAMBY(ZAMBY) YEMANJÁ e ORIXALÁ (ou OXALÁ).

Citamos tudo isso, para que possa conceber, com provas comparadas, que as formas na
Umbanda de Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, obedecem a uma Lei. Não é simples
imaginação de A ou B. Segue o mistério do número três...é a confirmação de uma trilogia
religiosa. Quando à chamada apresentação desses Espíritos, cremos ter ficado patente que o
fazem sempre e invariavelmente dentro dessas três roupagens fluídicas como Orixás, Guias e
grande percentagem dos que chamamos de Protetores, porque, parte destes, não necessita
dessa adaptação, por já conservarem como próprias. Nesta altura, faz-se necessário uma
elucidação: sabemos, pelos ensinamentos dos Orixás, que essa Lei, essa Umbanda, é vivente em
outros países, talvez não definida ainda com este nome, porém, os princípios e regras serão os

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mesmos. Quanto às "formas" são ou poderão ser as três que simbolizem, nestes países, os
mesmos qualificativos que os nossos, ou sejam os mesmos no Brasil (Pureza,Simplicidade e
Humildade). Agora por suas apresentações nos aparelhos (médium) devemos compreender
como: características tríplices das manifestações chamadas incorporativas, que se externam:
Pelas flexões fisionômicas, vocais e psíquicas; Pelo ponto cantado ou prece; Pelos sinais riscados,
ou pontos de pemba; E essas características, salvo situações especiais, são inalteráveis em
qualquer aparelhos, cujo Dom real o qualifique como Inconsciente (totalmente dirigido) ou
Semi-Inconsciente (parcialmente dirigido).

Linha de Yorimá – Evolução

Orixás regentes: Nanã e Obaluaê

Linha de Yorimá: Esta linha é regida por São Lázaro e São Roque respectivamente sincretizados
com Obaluaê e Omolú, é a linha dos pretos velho ou linha das almas, representa a palavra da
lei, a linha das magias. É composta pêlos espíritos que tem a missão de combater o mal e todas
as suas manifestações. São os Senhores da Magia. Os guias principais desta linha são : Pai
Guiné, Pai Tomé, Pai Arruda, Pai Congo de Aruanda, Maria Conga, Pai Benedito e Pai Joaquim.
Outras entidades que trabalham nesta linha são : Pai João, Pai Jacob, Vovó Ana, Vovó
Cambinda, Pai Cipriano, Pai Simplício, Tia Chica, Pai Chico, Pai Miguel, Vovó Catarina, Pai
Congo do Mar, Pai Mané, Pai Antônio, Pai Congo, Pai Moçambique, Pai Zé, Pai Fabrício, Pai
Jovino, Pai Tomás, Vovó Luiza e outros. O astro que corresponde a esta linha é Saturno e o
guardião é o anjo Iramael. Estas são as Sete Linhas de Umbanda e seus guias principais,
existem outros guias que não foram citados, mais não dá para falar todos os nomes das
entidades que trabalham nas giras da nossa querida Umbanda.

Linha de Yori – Amor

Orixás regentes: Oxum e Oxumaré

Linha de Yori: Esta linha é regida pôr São Cosme e São Damião, é a linha da Ibejada que são as
crianças, representa a alegria, a luz da espiritualidade, a ingenuidade e lealdade infantil. Os
guias principais desta linha são: Tupanzinho, Ori, Yariri, Doum, Yari, Damião e Cosme. Outros
guias que trabalham neta linha são : Crispim, Crispiniano, Mariazinha, Zequinha, Chiquinho,
Luizinho, Joãozinho, Paulinho, Luizinha, Ana Maria, Joaninha e outros. O astro que
corresponde a esta linha é Mercúrio, e o guardião é o anjo Yoriel.

Linha de Oxóssi – Conhecimento

Orixás regentes: Oxóssi e Obá

Esta linha é regida pôr São Sebastião, representa o Caçador das Almas, o mestre que ensina a
doutrina e pratica a catequese dos filhos que o procuram. Os guias principais desta linha são :
Caboclo Arranca Toco, Cabocla Jurema, Caboclo Araribóia, Caboclo Guiné, Caboclo Arruda,
Caboclo Pena Branca e Caboclo Cobra Coral. Outras entidades que trabalham nesta linha são :
Caboclo Pena Azul, Caboclo Pena Verde, Caboclo Pena Dourada, Caboclo Tupinanbá, Caboclo
Tabajara, Caboclo Sete Flechas, Caboclo Tupiára, Caboclo Tupiaçú, Caboclo Mata Virgem,
Caboclo Rei da Mata, Caboclo Pery, Caboclo Rompe Folha, Caboclo Paraguassu, Caboclo Arerê,

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Caboclo Coqueiro, Caboclo Sete Palmeiras, Caboclo Juremá, Caboclo Folha Verde e outros. O
astro que corresponde a esta linha é Vênus e o guardião é o anjo Ismael.

Erês
• Linha do Amor
• Oxumaré e Oxum

Caboclos
• Linha do conhecimento
• Oxóssi e Oba

Pretos Velhos
• Linha da Evolução
• Nanã e Obaluaie

Unidade 12 – Exús51
Após a caída ou descida do Ser Espiritual do Reino Virginal ou universo astral, vários
desses mesmos Seres Espirituais tornaram-se, através da revolta e insubmissão de que
eram possuídos, marginais desgarrados de toda uma sistemática evolutiva. A esses Seres
Espirituais foram dadas as zonas internas de todos os planetas similares à Terra, isto é,
suas zonas subcrostais. Todos eles eram filhos da revolta, gênios do mal, insubmissos da
própria deidade, sendo pois os "filhos do dragão". Muitos deles, quando se libertam das
zonas condenadas, começam a orbitar na crosta de vários locus do universo. Logo,
começam a se afinizar com vários Seres Espirituais que tornam-se pontes vivas de seus
desejos e ações nefastas. Após a transformação (morte no Planeta Terra), os ditos
pontes vivas vão engrossar a falange negra do ódio, do despeito e da insubmissão. Assim
aconteceu em todos os locus do universo astral. Essa foi uma das formas que a
Misericórdia Divina encontrou para reajustar seus filhos desgarrados, atraindo-os para
as zonas mais superficiais, ao mesmo tempo que equilibrava e aferia os ditos pontes
vivas, que também tornar-se-iam, agora de forma declarada, marginais do universo.

51
Umbanda a Protossíntese Cósmica

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Muitas e muitas vezes as hostes do dragão, habitantes das zonas condenadas do


universo, até o dia em que se reequilibrarem vibratoriamente, tentarão invadir a
superfície cósmica, através das correntes mentais desequilibradas dos ditos marginais
do Universo. Mas sempre esbarrarão em verdadeira barreira cósmica, que como guardiã
os impede de realizar esse intento. Dessa forma, simplificadamente, é que surgiu no
universo astral, em todos os locus, o império das sombras e das trevas, que nada mais
são que zonas de desequilíbrio e ignorância em que habitam os agentes da revolta e
insubmissão, claro que temporárias, pois SÓ O BEM É ETERNO.
Dissemos que as zonas condenadas do Cosmo tinham verdadeiras barreiras vibratórias
e também tinham, é claro, seus donos vibratórios, como Guardiães, enviados dos
Orishas Superiores (vide Hierarquia Espiritual). No sistema solar relativo ao planeta
Terra, esses 7 Guardiães da Luz para as Sombras, através da misericórdia do Cristo Jesus,
arrebanharam vários milhares, milhões de marginais e os colocaram na roda das
reencarnações, visando restabelecer-lhes o equilíbrio de há muito perdido. Muitos
deles, após reencarnarem dezenas de vezes, recuperaram esse equilíbrio, sendo logo
atraídos ou chamados a trabalhar dentro da faixa vibratória afim aos 7 Guardiães da Luz
para as Sombras, visando recuperar-se definitivamente perante as Leis Universais. Assim
é que, das noites escuras da insubmissão e do erro, surgem no plano astral do planeta
Terra, após passarem por verdadeira aurora renovadora e saneadora, atraídos que
foram pelos 7 Guardiães da Luz para as Sombras, aqueles que seriam os agentes da
justiça ou disciplina kármica — Exu, que firmou as suas 7 Espadas (poder e justiça) nas 7
Encruzilhadas, que são os caminhos de seu reino (os 7 Entrecruzamentos Vibratórios, ou
as Linhas de Força, que se entrecruzam). Assim, surgiram no planeta Terra os Exus,
legiões de Espíritos na fase de elementares,* isto é, Espíritos em evolução dentro de
certas funções kármicas. O karma, como sabemos, tem reajustes e cobranças, essas são
feitas pelos Exus, que assim fazendo cooperam para o equilíbrio da Lei, equilibrando
também suas próprias necessidades perante essa mesma Lei. Essas legiões de Espíritos
ditos elementares (pois são básicos dentro da Lei de Evolução ou da Lei Kármica) se
agrupam em falanges, subfalanges, grupos, subgrupos e colunas. Operam, é claro, mais
nos serviços terra-aterra, dentro da justa relação imposta pelo karma coletivo, grupai e
individual. Os Espíritos que coordenam todo esse movimento de plano a plano, além dos
seus subplanos da kimbanda, são os cabeças grandes ou cabeças de legião, que são os
realmente qualificados como EXUS, uma espécie de polícia de choque que fiscaliza e
frena o submundo astral. Como estamos vendo e ainda veremos, os Exus não são, como
muitos querem, Espíritos irresponsáveis, maus, diabólicos ou trevosos. Os verdadeiros
maus e trevosos são aqueles a quem eles arrebanham, controlam e frenam. Com isso,
não estamos afirmando que Exu só faça o bem, segundo o conceito corrente de bem.
Exu, na verdade, está acima do conceito do bem e do mal, porém ligado ao conceito de
JUSTIÇA. Assim, o bem e o mal são condições necessárias ao seu próprio aprendizado e
equilíbrio perante as Leis Cósmicas. Esses são aspectos que eles enfrentam, quer para
um lado, quer para o outro, desde que isso entre na órbita de suas funções kármicas,
pois nunca fazem nada por conta própria. São sempre mandados a operar ou intervir
em certos reajustes, cobranças, etc. E bom que se entenda que nada se processa de

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cima para baixo por acaso, como se um reajuste, uma cobrança, ou melhor, uma ação
de equilíbrio kármico fosse uma coisa espontânea, sem direção, sem controle, sem Leis
Reguladoras. Ora, se há leis e subleis para tudo, como não haveriam de existir os veículos
apropriados, nas suas variações de equilíbrio? É dentro dessas condições que operam
os Exus; aparentemente prestam-se aos trabalhos de ordem inferior, porém
necessários, porque tudo tem seus paralelos e veículos executores. O Filho de Fé atento
deve estar observando que as funções de Exu são de importância vital para o karma
coletivo, grupai e individual, não podendo ser Exu, portanto, um Ser Espiritual trevoso,
agente do mal. Ao contrário, é ele um Ser Espiritual com responsabilidades definidas
perante o contexto da Lei Kármica, executor fiel das ordenações de cima para baixo,
emissário executor da luz para as sombras e dessas para as trevas. Exu, até em muitos e
muitos casos, é responsável pelo reencarne e desencarne aqui no planeta Terra, técnico
que é nesse mister. Mais adiante, veremos como atua principalmente no campo
vibratório das energias livres. Antes, porém, não poderemos progredir em nossos
apontamentos se não fizermos algumas alusões necessárias sobre a origem do termo
Exu. O vocábulo Exu é originário da possante Raça Vermelha, surgindo há milhares de
anos, no seio dessa poderosa Raça Raiz, em pleno solo brasileiro. No Abanheenga e
mesmo no Nheengatu, vamos encontrar o termo Essuiá. Por alterações fonéticas,
semânticas e fiiológicas, chegamos ao termo ou vocábulo Essu, que significava o que
vinha à frente ou o lado oposto. Sim, ainda hoje, Exu é o agente da magia ou da execução
kármica e é o GUARDIÃO DA KIMBANDA ou do LADO OPOSTO. Claro está que o vocábulo
Exu é recente, pois primitivamente era Essuiá. Como Exu tem os mesmos atributos e
qualificativos de Essuiá, foi o mesmo preservado no seio da coletividade umbandista e
mesmo na cultura africana, em especial a Yoruba. Assim, procuramos a origem do termo
Exu e fomos buscá-la quando os continentes americanos e africanos eram um só, tanto
na Lemúria como na Atlântida. É aí, nessa gloriosa civilização, em épocas que se perdem
nas noites dos tempos, que encontramos o vocábulo Essuiá ou Essu, como muitas
Entidades Espirituais militantes na Corrente Astral de Umbanda vêm afirmando quando
têm oportunidade, por intermédio de seus médiuns. Muitos Filhos da Terra, arrivistas,
dirão que o vocábulo é de origem africana! Ora, os africanos ocidentais, em especial os
nagôs (yorubas), receberam do povo Etíope, que era originário de ramos populacionais
da Atlântida, o vocábulo Exud, que já era corruptela de Essu, que os Yorubanos, devido
a sua língua tonai, fonetizaram como EXU. Na Ásia, na Índia Pré-Védica, tivemos um
príncipe, de nome Irshu, filho do Imperador Ugra, o qual pregava o princípio espiritual,
ao contrário de seu filho Irshu, que pregava o princípio natural de todas as coisas. O
princípio espiritual identificava a chamada Ordem Dórica. O princípio natural identificava
a chamada Ordem Yônica. Nessa época, mais ou menos há 6.000 anos, foi que tivemos
ainda mais as inversões dos valores espirituais, morais, esotéricos,etc. Tivemos, na
verdade, a dissolução do que restara do princípio espiritual, o qual era transmitido por
patriarcas ou magos brancos. Após, em poucas palavras, tentamos recodar os dias
negros do Cisma de Irshu, que também emprestou o vocábulo para o agente da justiça
kármica (Exu). Ainda queremos ressalvar que a força do termo Essuiá não se apagou,
pois quando os Filhos-de-Terreiro, hoje em dia, vão "salvar" Exu, pronunciam EXU-RIÁ...,
que é termo deturpado de Essuiá. Após esse esclarecimento, seguindo avante em

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nossos apontamentos, vejamos como o


guardião da Luz, no Movimento Umbandista,
estruturou a dita Coroa da Encruzilhada. Os 7
Orishas estenderam aos seus Guardiães da
Luz para as Sombras o comando das ações,
das cobranças e reajustes kármicos. Esses,
por sua vez, arrebanharam logo que puderam
aqueles que foram marginais do universo,
agora regenerados e necessitando de
complementação nas suas fichas kármicas e
que, após esse complemento ou reajuste, se
libertariam da função kármica de atuarem
como EXU. Assim, as 7 Entidades ditas Exus Cabeças de Legião são: EXU 7
ENCRUZILHADAS, EXU TRANCA-RUAS, EXU MARABÔ, EXU GIRAMUNDO, EXU PINGA-
FOGO, EXU TIRIRI e EXU POMBA-GIRA. Esses Exus denominados Coroados, formam a
Coroa da Encruzilhada. São coroados pois são os mais elevados dentro da Hierarquia dos
Exus, ou componentes da Cúpula dos Exus, ditos guardiães. Receberam a coroa do
compromisso de serem os Agentes da Justiça Kármica e Agentes da Magia Cósmica.
Os 7 Exus Guardiães Cabeças de Legião comandam um verdadeiro exército, dividido em
planos, subplanos, grupos, subgrupos e colunas. Na verdade, a Coroa da Encruzilhada é
formada por 49 Exus, os quais se dividem ou entrosam dentro das 7 Vibrações Originais
ou 7 Linhas. Vejamos como se formou a Coroa da Encruzilhada desde os primeiros
tempos. No capítulo referente às 7 Vibrações Originais, falamos sobre a função kármica
do Orisha Ogum. Dissemos que o mesmo, como guerreiro cósmico, como pacificador,
tinha arrebanhado muitas criaturas espirituais, visando incrementar-lhes a evolução e o
progresso espiritual. Trouxe para o planeta Terra, sob a supervisão e decisão amorosa
do CRISTO JESUS, os desgarrados e marginais do universo, sendo Exu seu batedor
cósmico. Os 7 Exus ou Executores da Lei Kármica em suas paralelas passivas (cobranças
relativas às causas e efeitos já construídos pelas ações negativas, precipitando o retorno
e o choque) abriram os caminhos para essas almas insubmissas chegarem (após
passarem por vários locus, inclusive os planos ditos Elementares, nos sítios vibratórios
do planeta Terra, como os reinos mineral, vegetal, animal e os superiores pré-hominais)
ao planeta através da encarnação e sua odisséia na roda reencarnatória. Assim é que os
7 Exus citados estendem suas vibrações aos 7 Exus Cabeças de Legião, em cada Vibração
Original. Assim, vejamos quem são os 49 Exus que estão debaixo da vibratória dos 7 Exus
Batedores Cósmicos ou Exus Cósmicos, isto é, que estão isentando-se dessa função
kármica. São os Exus de 3º ciclo ou de Libertação, pois há os de 2º ciclo e os de 1º ciclo.
Os 7 Exus Cósmicos são: EXU 7 ENCRUZILHADAS — serventia direta de ORIXALÁ; EXU
TRANCA-RUAS — serventia direta de OGUM; EXU MARABÔ — serventia direta de
OXOSSI; EXU GIRA-MUNDO — serventia direta de XANGÔ; EXU PINGA-FOGO —
serventia direta de YORIMÁ; EXU TIRIRI — serventia direta de YORI; EXU POMBA-GIRA
— serventia direta de YEMANJÁ. Cada um desses Chefes coordena mais 7 Chefes de
Legião, os ditos Exus de Lei ou Exus Guardiães. Dentro de cada Linha, um deles, o

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primeiro, está diretamente ligado ao Exu Cósmico. Assim estamos dando a HIERARQUIA
CÓSMICA DO AGENTE MÁGICO E DA JUSTIÇA KÁRMICA.
Após darmos os nomes dos 49 Exus Chefes de Legião — ou Cabeças de Legião —
devemos entender que os mesmos são chamados, como vimos, de EXUS de 32 Ciclo ou
de Libertação dessa função. Cada um desses 49 Exus comanda verdadeiros exércitos,
que têm seus comandantes, subcomandantes, chefes, subchefes, etc.
Não daremos a Numerologia dos Exus em virtude da mesma ser igual à do Plano da
Umbanda. Assim, afirmamos: "o que está embaixo é semelhante ao que está em cima."
Assim, os Exus de 32 ciclo compõem-se, segundo a Hierarquia, como Exus dos Orishas,
Guias e Protetores. Todos esses Exus são ditos Exus de Lei ou mesmo coroados,
batizados, estrelados e mesmo cruzados, de
acordo com a função que ocupam dentro da
Legião a que pertençam. Após essa ligeira
elucidação, recordemos:
A Umbanda, em sua doutrina secreta ou
esotérica, tem como pedra angular sobre o
Plano Oposto ou Kimbanda, que 7 são os Exus
que compõem a chamada Coroa da
Encruzilhada ou a Cúpula dos Exus Guardiães.
Já vimos que Exu é um agente executor da
justiça kármica em nosso planeta. São esses
Exus Guardiães uma verdadeira polícia de
choque, encarregada de frenar os elementos
do submundo astral ou baixo astral e de
executar a Lei Kármica perante os Seres
Espirituais. É o Exu Guardião, portanto, um
Ser Espiritual situado além dos conceitos do
Bem ou Mal, mas ligado ao conceito da Justiça
e sua execução. Quando falamos
encruzilhada, entenda-se os
entrecruzamentos vibratórios das linhas de
força ou correntes dementais da natureza,
onde os Exus são chamados a atuar,
manipulando-as para diversos fins. No
sentido popular, passaram a ser as
encruzilhadas, caminhos que se cruzam, nas
quais é comum vermos certas oferendas aos
vulgarmente chamados compadres, homens
da encruza ou outros tantos nomes que
qualificam e demonstram o grau de
entendimento das humanas criaturas afins a
essas práticas.

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Dentro da Hierarquia desses agentes mágicos que estão dentro de uma função kármica
definida, disciplinar e em sua fase final ou de libertação, há os Exus Coroados, que
estendem seu comando aos Exus Batizados ou Estrelados e esses, por sua vez,
comandam os Exus Cruzados. Os citados Exus são intermediários ou emissários da luz
para as sombras, onde se subdividem em 3 Ciclos, de onde promovem comandos,
subcomandos, chefia e subchefias, através das legiões, falanges, grupos e colunas.
Das sombras para as trevas há os Exus pagãos (1º ciclo), os quais arrebanham os
kiumbas, rabos de encruza e toda sorte de almas aflitas, penadas, desesperadas e
revoltadas.
Bem, após essa revisão, que achamos necessária para não perdermos o conceito global
sobre Exu e suas funções, vamos entender um conceito deveras arraigado no
Movimento Umbandista em sua grande maioria, sobre os ditos Exus das Almas. O que
seriam, em verdade, se é que existem, os ditos Exus das Almas?
Sem grandes elucubrações, mas de forma simples, objetiva e real, tentemos responder,
visando esclarecer muitos Filhos de Fé que ainda não têm um conceito formado sobre
os ditos Exus das Almas. Em verdade, os Exus das Almas existem e trabalham também
dentro de funções kármicas bem definidas, não sendo, como muitos querem, emissários
de OMULUM que é considerado, sem nenhum fundamento, como o dono dos
cemitérios ou o SENHOR DA MORTE. Não estamos com isso afirmando que não existam
os Exus que atuam na órbita dos cemitérios. Claro que eles existem, mas não no sentido
que muitos querem lhes atribuir, algo que veremos logo mais, quando falarmos sobre o
submundo astral. Bem, os Exus das Almas são aqueles que trabalham ou manipulam as
energias livres (Exus de 2º Ciclo). Como energias livres, entendemos toda transformação
de matéria em que há liberação de energia. A matéria física, transformando-se em
matéria astral, libera energia física ou produz resquício de energia. A morte física, ao
liberar o corpo astral do corpo físico denso e do etérico, libera energia, sendo que essas
energias, se não forem transformadas ou armazenadas, serão utilizadas por Entidades
malfazejas, nas mais diversas formas. Muitos Espíritos desencarnados andam em busca
de sensações e energias livres que lhes sustentem seus desejos e objetivos escusos. São
como verdadeiros vampiros; aliás, são Espíritos vampiros, de aspecto horripilante, que
aterrorizam várias criaturas não acostumadas com suas infelizes manifestações... Esses
Seres Espirituais estão sempre próximos dos cemitérios ou dentro deles, ou nos
matadouros, nos açougues, nas tão habituais churrascarias, nas casas de prostituição,
nas casas noturnas onde há vários vícios, tais como tóxicos, álcool e exacerbação da
luxúria etc. Não fica difícil também perceber que nas encruzilhadas de ruas, onde há
uma profusão de correntes mentais as mais disformes possíveis, coaguladas e
condensadas, eles também orbitam, em busca de satisfazer seus desejos e necessidades
mórbidas. Eis, pois, uma real interdição de se fazer as oferendas ritualísticas a Exu
Guardião nessas encruzilhadas de ruas, onde passam transeuntes de todos os matizes e
estirpes espirituais, sejam encarnados ou desencarnados. É por isso que muitas
Entidades chamam essas encruzilhadas de ruas de portas cruzadas. Sim, são verdadeiras
"portas", tanto de entrada como de saída, para as mais baixas regiões do submundo

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astral e mesmo para as regiões mais baixas e grosseiras do túnel de triagem, já em plena
zona de transição com o baixo mundo astral. São também essas encruzilhadas de ruas,
portas que se abrem ao que há de mais escuso em forças e Seres Espirituais que orbitam
nos cemitérios. Esses Seres Espirituais que orbitam nas encruzilhadas de ruas são os
chamados Kiumbas, que estão a mando de verdadeiros magos-negros que se encontram
em suas cavernas ou em seus reinos de feitiçaria e de bruxaria, nas covas ou cavernas
de zonas subcrostais, como veremos logo mais. Esses kiumbas, Espíritos velhacos e
trapalhões, verdadeiros marginais, arrebanham as almas penadas, aflitas e
desesperadas, as quais vão engrossar a falange maldita do ódio e da revolta, são
coordenadas por verdadeiros magos negros, gênios das trevas, filhos da insubmissão e
da revolta, os quais mantêm verdadeiros exércitos de marginais de todos os estigmas e
que, vez por outra, atacam as humanas criaturas que com eles se sintonizam ou se
afinizam, através dos mesmos sentimentos, desejos e ações nefastas. É contra esse
estado de coisas e fazendo oposição a esses Seres que atuam os EXUS DAS ALMAS,
comandados pelos EXUS DE LEI. Os Exus de Lei estendem seu comando e vibratória a
esses Exus, os quais são denominados cruzados. São pois chamados "das almas" em
virtude de lidarem com as almas e suas emanações. Todos esses Exus são valorosos
Guardiães das Sombras para as Trevas, sendo muitos deles chamados de AGENTES DO
EXU CAVEIRA* que na verdade é um Exu de Lei que comanda todos os Exus das Almas,
sendo um de seus auxiliares avançados o Exu Tranca-Ruas das Almas, o qual é elo de
ligação entre a Encruzilhada de Lei (os Entrecruzamentos Vibratórios dos Orishas) e o
Campo do Pó (os Entrecruzamentos Vibratórios Humanos — das correntes de
pensamentos pesados, que orbitam invariavelmente no campo do pó ou cemitério). E
pois completamente errôneo atribuir-se ao Exu Caveira certos trabalhos de magia negra
feitos nos cemitérios. O que ocorre é que seus subplanos, vez por outra, são subornados.
Sim, há suborno e deixam "passar em branco", ou até ajudam, determinados magos-
negros desencarnados e mesmo encarnados em seus trabalhos maléficos feitos com as
energias livres e deletérias dos cemitérios, manipuladas e endereçadas por esses caudas
de subgrupos (lº Ciclo), os quais, quando são pilhados, são enviados a certas "zonas do
astral inferior", onde estacionam através de profundos transes hipnóticos, através de
efeitos mágicos promovidos pelos comandantes do exército do Exu Caveira, os quais
lhes manipulam a tela mental visando equilibrar-lhes emoções e sentimentos. Isso, às
vezes, pode demorar séculos. Como vemos, nada fácil e nada de irresponsável tem o
trabalho ou função do Exu Caveira e sua corrente. Também aproveitamos a ocasião para
afirmamos que o Exu Caveira raramente se apresenta à clarividência e quando o faz não
é na forma de esqueleto ou caveira. Seus enviados por baixo, os seus "criados", esses
sim podem se apresentar como esbranquiçados e macilentos ou encapuzados,
percebendo-se nitidamente as 2 órbitas oculares vazias. Não obstante serem Espíritos
muito endividados, estão cumprindo sua parte, e estão na senda da reabilitação, claro
que tudo na dependência de suas vontades e desejos, que são frenados e fiscalizados.
Mas aí, como em qualquer locus, há o livre-arbítrio (nessas regiões, às vezes, o livre-
arbítrio é relativíssimo e quase nulo).

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Salve pois o trabalho desse GRANDE AGENTE DA MAGIA DAS ENERGIAS LIVRES, pelo seu
trabalho incansável, há milênios, em favor da melhoria do planeta, reajustando as almas
insubmissas e ignorantes e aparando arestas do submundo astral, onde, através dele e
seus comandados, atua a Misericórdia Divina.
Falando sobre os Exus e suas funções, não podemos deixar de citar que quem pratica as
ações maléficas, como gênios do mal, não são os Exus de Lei, mas sim os marginais do
astral, os quais são combatidos e frenados pelos verdadeiros Exus. Assim, carecem de
maiores fundamentos os Filhos de Fé que os evocam para serem veículos de choques
contundentes ou correntes maléficas que pretendam atingir outro Ser Espiritual,
visando seu malefício. Quem em verdade recebe os ebós como carnes sangrentas,
regadas a álcool ou outra qualquer bebida excitante, nas encruzilhadas de ruas e mesmo
na "kalunga pequena" (cemitério), não são os verdadeiros Exus de Lei, e sim os Exus
Pagãos e os Kiumbas, ambos "linhas de frente" dos magos negros, que de suas cavernas
ou covas subcrostais os comandam nas mais baixas correntes mágicas (magia negra) ou
mesmo nas correntes de atritos e perseguições a quem eles querem deleteriamente
atingir, ou ainda aos Filhos de Fé que com eles se afinizem ou se sintonizem. São esses
exus pagãos e rabos de encruzas que, quando pilhados pelos verdadeiros exus de lei,
são disciplinados em verdadeiro "cárcere astral" que os impede de reencarnar, pois eles
estão sedentos das sensações humanas que ainda precisam esgotar. Em obediência à
Lei Kármica, Exu não lhes vincula o "passe reencarnatório", algo que os atormenta,
levando-os às vezes, a verdadeira alienação mental, com completa deterioração de sua
constituição astral, podendo assim permanecerem, em estado de latência, vários
séculos. Como vínhamos falando, são esses marginais do astral e seus comandantes, os
magos-negros, que se comprazem em fazer o mal e atender aos baixos desejos ou
paixões desenfreadas das humanas criaturas, não os Exus de Lei, que têm funções
kármicas até no reencarne, em seus aspectos técnicos ou de execução...
Após essas ligeiras explicações que se faziam necessárias, descreveremos agora como
são as zonas subcrostais onde habitam os magos-negros, Seres Espirituais encarcerados
no mal deliberado, juntamente com seus verdadeiros "escravos", para que muitos Filhos
de Fé possam melhor entender as funções kármicas do Exu Guardião ou Exu de Lei,
aprendendo então a distinguir o verdadeiro Exu de Lei daqueles que querem se passar
por eles, mas que realmente são Filhos das Trevas, com suas miopias espirituais e outras
distorções conscienciais. Assim, Filho de Fé, para seu aprendizado, desçamos às zonas
subcrostais, onde almas insubmissas nas trevas exteriores e interiores situam-se após a
morte física, podendo aí permanecer séculos, milênios! Respeitosamente, com agô do
CORDEIRO DIVINO, penetremos desde o túnel da triagem até as zonas abismais, já na
esfera subcrostal do planeta Terra.
No plano astral, em sua zona de transição, encontra o Ser Espiritual que desencarna no
planeta Terra, salvo raríssimas exceções, o túnel da triagem e, após período relativo de
permanência nesse lócus astral, tudo na dependência individual do Ser Espiritual, é ele
enviado ao seu plano afim. Como dissemos, todos são reconhecidos pela cor de seus
auras, que como cartão de visita, identifica o Ser Espiritual desencarnado. Nessa zona

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ou túnel de triagem vibratória há "postos avançados" de todos os planos ou zonas do


astral superior, os quais albergam por tempo determinado seus habitantes, até que os
mesmos estejam, após rastreamento vibratório e até mesmo processos de
descorticação do corpo etérico, feitos por técnicos nesse mister, completamente livres
e desimpregnados das últimas influências do corpo físico denso e etérico. Claro que os
corpos mental e astral passam por rigorosa inspeção, sendo que muitos saem desses
postos avançados para zonas de recuperação, e farão uma estadia em verdadeira
Estação de Luz, idêntica em funções àquelas que, aqui por baixo, chamamos de "estação
de águas", onde pessoas vão convalescer dos mais variados males. Mostramos o que
acontece, após o desencarne, com o Ser Espiritual de consciência limpa e tranquila, que
na medida do possível não contraiu grandes débitos perante a Lei Kármica, o que não é
comum observarmos, pois como todos sabem, há Seres Espirituais que se encontram
presos aos seus despojos físicos em pleno túmulo, sentindo todos os processos da
decomposição orgânica, ficando completamente aterrorizados com seus próprios
espectros. Assustam-se com seus próprios fantasmas!... Um dia eles se libertarão, e para
se orientarem quanto ao caminho a seguir, chegarão ao túnel da triagem, de onde serão
enviados aos seus lócus afins. Como os Filhos de Fé devem imaginar, o túnel de triagem
é realmente um local muito movimentado. Milhares de Seres Espirituais, em período
integral, são atendidos pelos responsáveis e toda sua gama de prepostos. Fica claro que
quem comanda essa zona são os Exus Guardiães de altíssimo grau hierárquico. Há
também, em pleno túnel de triagem, zonas ou "portas vibratórias" de acesso a várias
regiões, tanto para o Astral Superior como para o astral inferior e daí às cavernas do
submundo astral, das zonas abismais e subabismais. Em todas essas portas vibratórias
que dão acesso aos planos afins há verdadeiros guardiães, com todo o suporte
vibratório-magnético que até contunde e fustiga corpos astrais embrutecidos,
impedindo a entrada e a saída sem o "passe". Quando digo porta vibratória, quero dizer
uma região de acesso, que é mantida toda magnetizada e guardada pelo Guardião
Superior (Exu de Lei), com toda sua falange fiscalizadora. Realmente, são fronteiras
vibratórias, tal como aqui no plano físico denso, ninguém cruza sem seu passe ou
passaporte.
Após ligeiras noções sobre o túnel de triagem vibratória, atravessemos uma das "portas
vibratórias" de acesso ao submundo astral. Desespero, dor, revolta e angústia nos
aguardam! A medida que formos descendo e revelando os abismos e subabismos, novos
e indescritíveis quadros nos deparam, onde surgem Seres encarcerados no mal e na
revolta, cujos corpos astrais exibem aspectos horripilantes e muitas vezes
nauseabundos aos menos acostumados a essas descidas. Muitos, com aspectos
disformes, que só de longe lembram-nos que foram humanos, degradaram-se pela
permanência no mal, não possuindo às vezes nem Corpo Astral. É como se tivessem tido
uma "segunda morte". Perderam o controle da mente consciente e caminham em
descida vertiginosa para os mais recuados abismos e subabismos, onde estão ou vão
cumprir penas impostas pela prática do mal nas suas várias reencamações. Após esse
alerta, respeitosamente, entremos no mundo das TREVAS e dos infelizes, embora vivam
em total desatino, achando-se senhores totipotentes e melhores que qualquer outro Ser

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do universo. Um dia eles despertarão; aguardemos o sábio tempo, ele é o grande


mestre...
Antes de iniciarmos a descida, passamos por guardiães dessas zonas e, com seus avais e
assistência, começamos a descida.
*A primeira camada, aparentemente compacta, é para nós, Seres desencarnados, como
se fosse uma poeira, sendo-nos válida a assertiva dos nobres cientistas terrenos, quando
dizem que a matéria é vazia. Assim, reafirmamos que essa 1- zona subcrostal,
estendendo-se por quilômetros para baixo da superfície, se apresenta como matéria
não densificada, claro que isso para o Ser astralizado, ou seja, que não tenha corpo físico
denso. Essa zona é insólita e insalubre, apresentando vez por outra cavernas e tendo luz
mortuária. E uma paisagem realmente desoladora, própria daqueles que vivem
alienados de si mesmos, não cogitando de melhoras interiores, tal qual o meio exterior
em que vivem. Os Seres Espirituais dessa zona são caracterizados pela inconsciência
própria das almas endividadas e culpadas.
A segunda região é montanhosa. São regiões extremamente escuras. As montanhas e
encostas são completamente úmidas, viscosas, mais parecendo emanar uma secreção
pútrida, própria de região trevosa. Descendo as montanhas, veem-se verdadeiros
paredões de quilômetros de profundidade. Vez por outra o silêncio é quebrado por
gemidos ou mesmo alguns risos sarcásticos, como os de alguém que houvesse
enlouquecido. Nessa zona os Seres não têm olhos. E para que precisariam de olhos, se
nada enxergam? Muitos estão rastejando pelo chão, como vermes e, como tais, muitos
se encontram com suas mentes completamente alienadas e despedaçadas. A par desses
Seres, há outros que mais lembram batráquios e répteis. Sim, Filhos de Fé, há Seres
Espirituais que desceram tanto, que deterioraram a forma do corpo astral, tornando sua
morfologia parecida com determinados seres do reino animal. Em outras palavras,
estamos dizendo que eles se "animalizaram". Quanto mais instintivos foram, mais se
aproximaram dos animais que lhes dizem respeito. Para não fugir à caridade e por
comiseração, não diremos porque assim se encontram, restando saber que essas zonas
de tristeza e de penas não são eternas; são meios de que se vale a Lei para, através do
mal e seus efeitos, curar aqueles que o praticaram. Nessa zona, confundem-se vários
Seres Espirituais com corpo astral totalmente adulterado, como verdadeiros animais.
Assim, há desde os vermes até monstruosos antropoides, aves de rapina, peixes etc. As
almas caídas sucumbiram, vítimas de si mesmas, no processo animal, nos diversos
philos, até chegarem ao unicelular, onde a mente fica obliterada, como se houvesse uma
total fragmentação e ficam hibernando em estágios pré-humanos. E triste para este
Caboclo apontar tal cenário do submundo, mas ele existe e é necessário que falemos
sobre o mesmo, pois sabemos que, na dependência da corrente de pensamentos ou
mesmo de atos menos felizes, muitos Filhos de Fé encarnados no planeta, não raras
vezes, se sintonizam com essa "zona condenada", onde há o choro e o ranger de dentes.
E por isso que, em se tratando de muitas doenças, a medicina terrena não consegue
explicar sua etiologia e menos ainda os processos terapêuticos. É dessas zonas

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condenadas que muitos Filhos de Fé, por sintonia, atraem, através de corrente
sugadora, essas estranhas moléstias.
Vamos descer ainda mais, lembrando que a cada 33 metros, aproximadamente, a
temperatura aumenta (vide Capítulo V).
** Entremos nas zonas abismais, nos abismos e sub-abismos, com suas verdadeiras
covas. É bom que não nos esqueçamos que em todas essas zonas há os guardiães afins,
todos é claro a mando dos exus guardiães. Frenam, encarceram e fiscalizam o submundo
astral, impedindo o assalto de Seres mais satanizados que se localizam em zonas mais
internas. Nessa zona, temos almas há milênios encarceradas no mal, que desviadas se
encontram das Leis Divinas. Aí encontraremos Seres que se "vegetalizaram" ou se
"mineralizaram". São verdadeiros homens-plantas e homens-pedras. Assim estão, pois
se precipitaram em atos que os fazem viver de forma "vegetal", vivendo aprisionados
no que poderia se chamar de inércia aparente. São corações endurecidos que foram
caindo, caindo até atingir a inconsciência. Começaram a percorrer para trás a escala da
evolução. Irão até o mineral e descerão um pouco mais. Nessa ocasião, poderão sofrer
uma espécie de "explosão atômica" que desagregará o próprio Ser. Claro que
desintegrará as células do corpo astral, sendo que a consciência, que constitui o
verdadeiro Ser Eterno, não se desagrega, mas volta a um estado de tão grande
alheamento que é como se ali não existisse um Ser dotado de possibilidades espirituais
perfectíveis. É certo que um dia retornará, através da viagem de volta, como quem,
cansado da permanência no quase nada, reiniciasse a conquista de si mesmo. Há no
universo correntes de vida que arrastarão para cima ou para baixo, para dentro ou para
fora, para o ser ou para o não ser! Assim, Filho de Fé, evoluir é conquistar o conhecimento
de si próprio, elevando-se aos patamares superiores da CONSCIÊNCIA!
Desçamos mais, indo ao encontro do centro da Terra, onde há o comando do Reino do
Mal, dos insubmissos e revoltados. Embora o núcleo da Terra seja incandescente, do
ponto de vista astral, nessa região, há locus de enregelar, tão distantes se encontram
esses locais da ação do Sol. Antes de prosseguirmos, queremos ressaltar que, quando
dizemos Reino do Mal e dos insubmissos, não estamos querendo dizer de um estado
permanente. O Mal, como sabemos, é a ausência, no tempo-espaço, do Bem. O mal é
apenas resultado da inconsciência das criaturas. Assim, as Falanges do Mal vivem e
existem dando cumprimento à própria Lei Maior. Um dia, a força da mesma Lei os
arrastará de novo à superfície para sofrer por sua vez e viver.
Esses são os EMISSÁRIOS DO DRAGÃO, símbolo das forças do mal, insubmissos aos
poderes do CORDEIRO DIVINO. Há sempre, no fundo da Terra, um ser-dragão que
domina o reino dos dragões. Isso não é somente no planeta Terra; em todos os mundos
de vibração semelhante à da Terra, existem os Emissários ou Filhos do Dragão, ou seja,
aqueles que não aceitam as Leis Divinas e só evoluem sob a força compulsória dessa
mesma Lei. São Seres terríveis, perversas Entidades que governam essa zona com
intensa crueldade. Incapazes de cumprir as Leis Divinas, organizam-se para o mal.
Escravizam e fazem sofrer quem por lá habita. Essa região é o verdadeiro império do
dragão, com toda sua corte de malfeitores universais milenares. Mesmo assim, os

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Emissários da Luz podem, não todos, é claro, descer a essas zonas ou império do dragão,
apenas para fiscalizar ou para aprendizado. Nessa zona, não interferimos com as
humanas criaturas, tanto as que se comprazem de sua situação quanto as revoltadas e
infelizes que são as escravas dessa zona. O que há, vez por outra, é o "fogo purificador"
que desce a essas zonas trevosas, visando libertar alguns "escravos" já conscientes de
seus erros milenares e que já reconhecem que só o Bem é o caminho para a
LIBERTAÇÃO. Essa descida é feita diretamente pelo Comandante da Coroa da
Encruzilhada, com agô dos 7 Exus Cósmicos e com a devida autorização dos Planos da
Luz. Fora essas esporádicas descidas, não há entrechoques entre os povos do CORDEIRO
DIVINO e os do DRAGÃO. Há respeito, com vigília mútua. E, Filho de Fé, Caboclo 7
Espadas está descrevendo só o permissível, aquilo que não venha trazer traumas a
muitas almas que nem por sonho ou pesadelo imaginam que esse mundo de trevas e
sofrimento se ajusta nas regiões subscrostais profundas, em suas covas, abismos e sub-
abismos.
Para que o Filho de Fé e leitor amigo não se esqueça, estamos descrevendo regiões a
milhares de quilômetros da superfície terrena. Estamos em plena zona subcrostal
profunda. Voltando a descrever a zona ou o Reino do Mal, não podemos deixar de citar
que o comando dessa zona está nas mãos dos revoltados e insubmissos, os quais
comandam ou escravizam os que foram negligentes e omissos. Há uma dependência
entre eles como há entre o traficante e o viciado em drogas. Com isso, queremos afirmar
que neste submundo astral há realmente os Filhos do Mal, gênios das trevas, como há
também os incautos (almas penadas e vingativas), os quais são arrebanhados por esses
Seres perversos, Senhores das Trevas, do submundo astral, das covas e subcovas do
baixo astral. E dessas zonas que vibratoriamente partem projeções para a superfície da
Terra, onde muitas Almas se afinizam ou são iguais aos habitantes abismais, só que
encarnados. E por isso que nem nos tempos negros da Atlântida viu-se tanta bruxaria e
feitiçaria como nos dias atuais. Na verdade, o que impera hoje não é nem o que
poderíamos qualificar de Kimbanda, e nem de Kiumbanda; há mesmo o BRUXEDO, com
as subpráticas de magia negra. Como dissemos, os que estão nas zonas abismais não
"sobem" em virtude de não burlarem a vigilância dos Guardiães da Zona Pesada, mas
suas vibrações ou emanações mentofluídicas, segundo a Lei, não podem ser
desagregadas e acabam por alcançar as camadas ou zonas que citamos, podendo
interpenetrar até o túnel de triagem vibratória. Assim, essas zonas subcrostais vivem em
simbiose entre si e com as humanas criaturas que com elas se afinizem. Em verdade, é
triste, mas na atual conjuntura do planeta, raras são as criaturas encarnadas que,
através de seus atos e mesmo corrente de pensamentos, não se sintonizem e se afinizem
com os Seres das zonas subcrostais abismais. Como vêem, a tarefa não é fácil por parte
do plano astral superior para frenar e mudar o atual estado de coisas. No Movimento
Umbandista de fato e de direito, suas Entidades Espirituais procuram de todas as formas
escoimar do planeta essas correntes negras e deletérias, através da orientação aos
Filhos de Fé conscientes, para que gradativamente e num crescente possam ser porta-
vozes dessas entidades, fazendo com que se mude certo estado de coisas que só têm
prejudicado o evolutivo do próprio planeta. Por baixo, no plano dos Exus Guardiães,

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sabemos que a coisa é muitíssimo pior e mais grave. Não são raros os Filhos de Fé que
por "dá cá aquela palha" acham-se no direito de evocar Exu, os mais baixos é claro, ou
seja, os Exus Pagãos, para atacarem esta ou aquela pessoa, para vingarem-se disto ou
daquilo. Enfim, é o orgulho sobrepondo-se ao bem e ao bom senso. Não condenamos a
defesa contra as correntes de atrito e choque provenientes de cargas mandadas ou de
projeções vibratórias através dos baixos sistemas de oferendas que visam agredir. Não,
não somos contra e até ensinamos como defenderem-se, mas daí a atacar vai uma
distância meridiana!
Pior é quando nos deparamos com um médium magista ou mesmo um mago atacando
para aniquilar mesmo e, se não intervirmos, acabam desencarnando os seus alvos.
Esses, os magos ou médiuns-magistas, são exacerbados em seus brios e, como processo
mnemônico, lhes restabelecemos a consciência de épocas recuadas, em que usavam a
magia como agressão, conquista e poder. Importante é que, após nossa atuação,
esquecem-se com facilidade de determinados trabalhos, como também esquecem e
perdoam, de verdade, seus detratores ou mesmo agressores. O mesmo não acontece
quando deparamos com verdadeiros magos-negros encarnados que são pontes vivas de
magos-negros desencarnados. Em geral, seus trabalhos nunca são feitos sozinhos, mas
sim com a interferência direta do submundo astral que lhes obedece fielmente. Há uma
relação de dependência vibratória entre os 2 planos, no caso do mago-negro de que
estamos falando. Ele é alimentado e consegue seus intentos através de seus comparsas
do astral inferior. Por outro lado, os mesmos obtêm do mago-negro elementos de que
necessitam para satisfazerem seus instintos e desejos, não poucas vezes utilizam-no na
satisfação de seus desejos libidinosos (é como se o mediunizassem no ato sexual, por
exemplo) e outros tantos vícios. Como vêem, fica difícil quebrar esta recíproca corrente
de sugação. São parasitas uns dos outros, e se comprazem disso, pois aparentemente
conseguem seus objetivos, tanto os encarnados como os desencarnados. A fim de
elucidarmos os verdadeiros Filhos de Fé que querem sempre mais aprender para melhor
servir seus semelhantes é que mostraremos, de forma exemplificada mas real, como
atuam os magos-negros desencarnados e encarnados, e como são feitos seus trabalhos
ou suas artes mágicas inferiores. Devemos destacar que há operadores de magia
encarnados que trabalham com elementos de reação e projeção mágica grosseiros, mas
que devido aos seus auxiliares desencarnados de baixíssima estirpe, às vezes conseguem
seus objetivos. Esses auxiliares desencarnados, às vezes, "apelam" para a força bruta,
para a violência, e "batem" nos corpos astrais das criaturas por eles visadas, na
expectativa de matá-las, algo que é claro não conseguem, mas ferem os centros do
corpo astral, trazendo como conseqüência ao corpo físico denso os tão famigerados
distúrbios neurovegetativos, tais como sudorese, dores de estômago, sensação de
desmaios, batedeira no peito (ligeira taquicardia), sensação de aperto, depressão,
sensação dolorosa no corpo todo e dores na cabeça refratárias aos mais potentes
analgésicos. É claro que o indivíduo visado por algum motivo estava predisposto ou tinha
"abertura de entrada" para essas forças agressivas. Outros operadores da baixa magia,
já mais sutis, não utilizam e nem matam os bichos de 2 ou 4 patas, o que muitos dizem
ser o supra-sumo da bruxaria ou feitiçaria e que nunca falha! Usam de elementos

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próprios do indivíduo a ser atingido; sabem catalisar determinadas energias, atraindo-


as e depois projetando-as sobre suas vítimas. Também utilizam-se de Seres astralizados
que se encarregam de desmaterializar certas energias ou mesmo objetos para
materializá-los próximo ao indivíduo visado ou mesmo dentro de algum órgão seu, que
sem dúvida será atingido, e se não cuidado a tempo poderá realmente fazê-lo
desencarnar. Muitos perguntarão: Como pode alguém tirar a vida de um seu semelhante
através da ação mágica inferior contundente? Seria o mesmo que perguntar, Filho de
Fé, por que há ciúmes e homicídios, que com uma arma inferior contundem e matam...
Isso em nível individual, pois qual magia negra maior haveria que os tão famigerados
mísseis, bombas etc? Não são as mesmas coisas? Claro que sim! As magias são
diferentes, mas ambas matam. Com isso, queremos frisar que a dita macumba ou feitiço
existe e, como tal, mostra o estado de atraso em que se encontra o planeta Terra e sua
humanidade. A mesma humanidade que promove a guerra fratricida...
Mas retornemos a descrever o funcionamento do trabalho feito dentro da magia negra.
Dizíamos que os magos-negros usam de elementos pertencentes ao indivíduo visado,
como também procuram saber de todas as atitudes do indivíduo que será enfeitiçado.
Após conseguirem o objeto desejado, pertencente ao indivíduo, fazem determinados
trabalhos de imantação, condensação e projeção das energias deletérias, as quais
alcançarão a vítima através do objeto pessoal, o qual, como elemento radiante, emite
freqüências peculiares às do indivíduo, sendo pois rastro astroetérico para os projéteis
mágicos inferiores conseguirem atingir seu alvo. Muitas vezes, seguindo o rastro astral,
os auxiliares desencarnados rebaixam o campo vibratório próximo ao indivíduo,
fazendo-o ficar à mercê das cargas que lhe foram arremessadas, através de seu próprio
objeto. Citaremos, por simples exemplo, um trabalho feito e desfeito por determinada
corrente de Exu de Lei. O trabalho foi feito com o "povo do cemitério" e lá foi entregue.
Constava de 2 bonecos amarrados e perfurados em certas regiões com alfinetes. A cor
da fita era preta e vermelha. Junto com esses bonecos, foram enterrados, em uma
catacumba no cemitério, um alguidar que recebia os bonecos, repletos de pipoca no
dendê com pimenta, e sobre eles, uma tesoura aberta. Tinha também objetos das duas
pessoas visadas. Expliquemos o trabalho:*
O trabalho era para que 2 pessoas, um homem e uma mulher, fossem prejudicados.
Cada boneco os representava. A fita vermelha e preta, amarrando-os, servia para que
os mesmos sofressem em conjunto as agressões de que seriam vítimas. A fita preta
servia para fixar as correntes de pensamentos inferiores e a vermelha para movimentar
o trabalho. Os alfinetes foram enfiados em determinadas regiões que eles queriam
atingir. A pipoca com o dendê era o "estouro", as brigas que deveriam acontecer com
os 2 indivíduos. A pimenta era para que houvesse nos órgãos afetados maiores
desarranjos, bem como a pipoca com pimenta também serviria para atingi-los na pele,
produzindo feridas e processos alérgicos com grande prurido e coceira, desestruturando
o campo emocional. Por fim, a tesoura era "corte", para produzir sangue ou cirurgia nos
indivíduos. Como vimos, todo esse bozó (feitiço) foi entregue no cemitério, enterrado
em uma catacumba. É claro que, além dos elementos citados, houve uma oferenda feita
para certa classe de Exus Pagãos e seus kiumbas e mesmo alguns rabos-de-falange

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corruptos, que se deixaram subornar. O trabalho surtiria efeito, pois além do trabalho
feito, a sua contraparente etérica já havia sido enviada pelos Espíritos inferiores que
assessoram o mago-negro encarnado. Foi colocado no cemitério em virtude das
energias livres e mesmo de toda classe de bactérias e fungos patogênicos que lá existem
serem direcionados aos indivíduos, através de seu rastro vibratório ou endereço
astrofísico. Os indivíduos a serem atingidos, após 15 dias do trabalho ter sido arriado
(entregue) no cemitério, começaram a sentir fortes dores na região gástrica, sendo que
os facultativos terrestres, sem reconhecerem a etiologia, suspeitaram de apendicite. Já
se preparavam para a apendicectomia quando um amigo do casal, que era médium-
magista, ficou sabendo que os dois, ao mesmo tempo, iam operar-se. Logo desconfiou
de trabalho feito... Firmou sua gira e seu Exu Guardião, Exu 7..., enviado do Caboclo 7...,
ordenou-lhe determinado trabalho, que quando terminado fez as 2 pessoas de nosso
caso sentirem-se como se nada houvesse acontecido com elas, sendo dispensadas do
hospital sob o olhar perplexo dos nobres médicos terrenos. Quanto ao feiticeiro, como
muitos gostariam de saber "quem foi que fez", "quem mandou", se "vai ser devolvido",
informamos: o astral superior e mesmo os Exus Guardiães não são no seu modo de ver,
agir e sentir, iguais às humanas criaturas encarnadas. O nosso interesse é desmanchar,
sem dar nomes e muito menos devolver, o que aliás seria punitivo. Para trás com esses
conceitos e atos de vingança! Não é da Lei que quem deve, deve pagar? Não venhamos
querer fazer justiça com as próprias mãos! Há veículos próprios para isso e com toda
certeza terão toda isenção de ânimo, caso diferente da maioria dos Filhos de Fé, que
nem bem desmancham um trabalho de magia negra através das energias e
conhecimentos aplicados da magia branca, já querem devolver o trabalho usando, é
claro, forças da magia negra, o que é um contra-senso, não é? Mais uma vez afirmamos
que não somos contra a defesa, tanto que a mesma foi feita no caso que contamos. Só
refutamos e repulsamos com toda a força de nosso Ser a vingança, a devolução do
trabalho. Após citarmos as zonas do submundo astral e os trabalhos de bruxaria, resta-
nos explicar aos verdadeiros Filhos de Fé como podem livrar seus terreiros e a si mesmos
dessas correntes mágicas inferiores, bem como livrarem-se do ataque infernal dos
"filhos do submundo astral", através das correntes certas, do verdadeiro assentamento
na tranqueira e de certas oferendas em certos sítios vibratórios onde os Exus Guardiães
recebem as oferendas para fins diversos, claro que tudo dentro de uma linha justa. Antes
de adentrarmos no âmbito das oferendas ritualísticas para os Exus Guardiães, é bom
que recordemos que as oferendas são reposições para a Natureza de algo que se tirou
ou vai se tirar. É a própria manutenção do equilíbrio mágico-vibratório, mantendo
inclusive a própria vida física, pois movimenta as forças vitais. Assim, entendamos
oferenda como visando algum benefício e nunca achando que a oferenda é para os Exus
dela se comprazerem ou degustarem as iguarias e bebidas que se lhes ofereçam. Essa
última hipótese, que aliás já refutamos, reflete, infelizmente, o conceito que muitos
Filhos de Fé têm sobre Exu. Para muitos, Exu é o rei da barganha; basta pedir a ele isto
ou aquilo e pagar-lhe com oferendas, que o mesmo se compraz e tudo se consegue! Isso
até pode acontecer na Kiumbanda, com os Kiumbas e Exus Pagãos, mas nunca com o
verdadeiro Exu Guardião, que mais uma vez afirmamos ser o agente mágico cósmico
executor da lei de causa e efeito, estando acima dos conceitos do bem e do mal, mas

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ligado ao conceito de Justiça. Não estamos com isso afirmando que Exu de Lei, dentro
da linha justa, não possa ajudar os Filhos de Fé em seus pedidos, em suas necessidades
ou dificuldades! Claro que ajuda, até através das oferendas ritualísticas, mas tudo
relacionado com a magia vibratória, e nunca com a necessidade que eles tenham disto
ou daquilo, isso jamais! Os próprios filhos da nação africana, ou seja, dos ditos
Candomblés, como dizem por lá, sabem que Exu é Elebó,* isto é, veículo de comunicação
mágica, transportando ou restituindo força ou princípio (axé). É também o Elebara, o
Senhor das forças que se cruzam nos caminhos vibratórios (lonan), sendo pois princípio
básico e dinâmico de expansão (energias direcionadas) e crescimento (energias
refeitas). É como falamos, segundo o conceito hermético de Umbanda, o Senhor dos
Entrecruzamentos Vibratórios ou Caminhos (trajetórias) das Linhas de Força, sendo pois
o AGENTE DA MAGIA UNIVERSAL.
Dentro dessas forças cósmicas, como Senhores de seus movimentos, mais ligados à
terra-a-terra, temos os Exus do fogo, da água, da terra e do ar. Isso, em magia, num
primeiro ângulo de interpretação, pode significar: os Exus do fogo: — aqueles que
manipulam as energias radiantes; os Exus da água: — aqueles que manipulam os
elementos fluentes; os Exus da terra: — aqueles que manipulam os elementos em
coesão ou condensados; os Exus do ar: — aqueles que movimentam os elementos
expansivos. Num segundo e terceiro ângulos de interpretação, revelam os elementos e
as funções inerentes a cada Exu, que, por ser profundamente hermético seu
conhecimento e manipulação, deixaremos para a Iniciação, a qual é dada no interior dos
Templos Iniciáticos ou Ordens Iniciáticas. Manipulam e ordenam, segundo as Leis
Cósmicas superiores, os Elementares, que também se agrupam, segundo seu estágio
evolutivo, em Elementares do fogo, da água, da terra e do ar. São também os Exus
Guardiães, como manipuladores das Linhas de Força, Senhores dos Elementais e
Formas-pensamento, que eles usam para vários fins, segundo a necessidade, surgindo
assim o Elemental inferior.
E como os Exus Guardiães movimentam essas Linhas de Força e como controlam e
frenam todos os Elementares e certas Formas-Pensamento? Os mecanismos são através
de sutilíssima e especializada movimentação da magia astroetérica, a qual é toda
fundamentada na origem das ditas forças sutis da Natureza e de seus Senhores
Vibratórios, os Orishas. Esses Senhores da Luz transmitem suas forças através de seus
pontos de origem, isto é, através dos pontos cardeais de onde elas emergem ou por
onde elas vêm. Assim é que do norte temos o Exu Pinga-Fogo (terra); do sul temos o Exu
Gira-Mundo (fogo); do oeste, Exu Tranca-Ruas (água); do leste, Exu Marabô (ar). No
entrecruzamento dos 4 elementos temos a ação do Exu Tiriri. Na movi'mentação
superior, temos, na linha de força mental feminina, o Exu Pomba-Gira e na linha de força
mental masculina, o Exu 7 Encruzilhadas. Também podemos, para fins mágicos,
equilibrá-los na roda cabalística da encruzilhada, que, segundo os pontos cardeais,
assim se representa:

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 AGBO (dinâmica de reprodução)

 YANGI (protoforma de Exu)

 INÁ (fogo)

 ODARA (oferendas)

 LONAN (caminhos)

 ALAKETU (multiplicação)

 ENUGBARIJO ("Boca
Coletiva" — ADIVINHAÇÃO)

 OLOBÉ (diferenciação dos


Seres)

 ELEBÕ (oferendas — dinâmica).

No centro vibratório "gira" e comanda os demais Exus o COMANDANTE-MOR DA


ENCRUZILHADA, que não tem nome pronunciável, muito menos esses nomes ditos
esotéricos tirados da Cabala Hebraica, que como vimos está adulterada e
completamente oposta à verdadeira Cabala, de onde proveio, isto é, do astral superior.
Portanto, é errôneo qualificá-los, de forma inverossímil, com nomes da Cabala Hebraica,
mesmo porque Exu é um agente cósmico regulador e executor da justiça kármica.
O Filho de Fé atento deve ter observado que quando demos a Roda Cabalística da
Encruzilhada não demos o "nome de guerra" do Exu oposto ao Exu 7 Encruzilhadas.
Assim o fizemos em virtude desse Exu ser responsável direto, em suas funções kármicas,
pela manutenção ou dissipação de
várias energias, inclusive a vital,
portanto...
Vejamos agora os 4 TRIÂNGULOS
FLUÍDICOS, que são formas
geométricas obedientes a certas
injunções vibratórias e que
movimentam certas energias, essas mesmas que os Exus manipulam e direcionam aos
seus diversos objetivos, através de
suas funções. Esses triângulos são
variações dos 4 Triângulos Vibratórios
dos Orishas. Os 4 Triângulos são:
Esses triângulos são sinais que
movimentam clichês relativos à
imantação de forças de Orishas
correspondentes, através da magia

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astro-etérica. Para fins práticos, relacionamos os 7 Orishas com os 4 Elementos; isso é


verdade, levando-se na devida conta os Senhores Primazes, Secundários, etc. Ao darmos
os 7 Triângulos Fluídicos dentro da alta Magia, em que os Exus Guardiães devidos
obedecem e manipulam suas forças, daremos também as oferendas que Exu Guardião
recebe, dentro da linha justa de pedidos, descargas ou mesmo preceitos de ligação. Para
que o Filho de Fé não se embarace e não venha confundir o que explicaremos, daremos
detalhadamente os processos de oferenda:
1. O local dessas oferendas deverá ser sempre uma mata, ou numa encruzilhada ou
numa clareira dentro da própria mata, e nunca em encruzilhadas de ruas ou cemitérios.
2. O melhor horário deverá ser sempre o das 21 horas à zero hora. Depois de zero hora
não é aconselhável abrir-se a encruzilhada sem saber o mistério certo, para quem se
deve abrir e como abrir, muito principalmente como fechar e para quem se deve fechar.
3. Sempre que possível, escolha as Luas propícias, tendo ciência de que tudo que
necessita evoluir e crescer deve ser feito na fase crescente (da Lua nova ao final da
crescente). Tudo que deve involuir e ser dissipado (descarga) deve ser feito na fase
minguante (do início da Lua cheia ao final da Lua minguante).
4. As oferendas darão maiores resultados se forem feitas nos dias correspondentes do
próprio Orisha e seu elo de ligação e serventia, que é o Exu Guardião.
5. * As oferendas ao Exu Guardião cujos pedidos sejam dissipações várias, descargas,
bem como algo que precise de movimento rápido, deverão ser feitas sobre pano na cor
cinza-claro. As oferendas para fixar e mesmo para preceituar o Exu Guardião que se
queira, dentro de uma "afirmação", deverão ser feitas sobre pano na cor cinza-escuro.
A cor de pemba do traçado, em ambos os casos, será o vermelho, nunca usando-se o
preto. Em ambos os casos, o formato do pano deverá ser triangular (70 cm).
6. As velas serão sempre comuns, sendo que para pedidos de ordem material, pedidos
esses dentro da linha justa, o número de velas seja par; para pedidos de ordem
espiritual, tais como descargas ou cortes de negativos, o número de velas seja ímpar. As
velas devem ser brancas ou vermelhas, tudo na dependência de cada caso, e quando se
tem dúvidas usa-se a vela branca.
7. Os elementos materiais que têm equivalências mágicas positivas dentro das
oferendas aos Exus Guardiães são:
a) CONTINENTES — deverão ser de barro, sendo abertos (alguidar) ou fechados
(panelinhas sem tampas), na dependência dos pedidos ou trabalhos de ordem mágica.
b) CONTEÚDOS — charutos — elemento ígneoaéreo: deverão ser colocados em leque,
com o lume para fora, dentro de um pequeno alguidar com 7 cruzes (feitas de pemba)
em seu exterior. — aguardente ou álcool ou éter — relativos aos elementos líquido-
aéreos: devem ser colocados em pequenos alguidares ou panelinhas, como já dissemos,
segundo o caso e necessidade. No referente aos elementos líquidos, usa-se o mais ou
menos volátil segundo as necessidades, lembrando que a oferenda e seus elementos

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são energias condensadas ou um rebaixamento vibratório de energias do plano


imediatamente superior, que é o plano astral. Há uma mutação muito grande dos
elementos. Resultando daí a dinamização e a própria movimentação de forças mágicas
que se colocarão em ação. Como sabemos, a magia é uma concentradora, capacitora e
mesmo condensadora de energias, que ao ser manipulada ou detonada libera várias
energias, alcançando o objetivo visado. Ainda falando dos líquidos, pode-se até colocar
água, tudo na dependência de ser o pedido fixação e atração ou repulsão e dissipação.
Não esquecer que, se for usado o éter sulfúrico, tem o mesmo em sua composição, que
o difere do álcool, além de sua estrutura molecular, o elemento enxofre, deveras
conhecido por suas várias propriedades, inclusive na medicina terrena, onde é usado
para amenizar certas moléstias da pele, além da função anti-séptica. Na química oculta,
é o mesmo bipolar, sendo também receptor de cargas positivas ou neutralizador. Outro
elemento pouco usado, mas que agora explicaremos aos Filhos de Fé, são os minerais,
em especial as pedras. Nas oferendas que se prestam para dissipação de correntes de
negativos, um pequeno alguidar pode conter uma pedra de qualquer tamanho
(condizente com o alguidar, que deverá ser pequeno de preferência), na cor clara, pois
é ela radiante, refletindo as cargas que terão de ser dissipadas. Ao sal também se
empresta essa função. No caso da oferenda ser para um pedido de fixação, ou mesmo
para perseverar, ou até para segurar algo, dentro da linha justa, é claro, devera ter uma
pedra preta ou escura dentro de uma panelinha de barro. Poderá também ser o carvão
mineral. Após essas explicações, o Filho de Fé consciente encon-trará diretrizes seguras
para fazer suas oferendas corretamente, dentro do que há de mais sério e justo na
magia dos Exus. Para terminarmos, faltounos citar as ervas ou flores. As ervas deverão
ser usadas para as descargas e as flores somente para pedidos de ligação ou para
preceituar a Vibratória de Exu. As flores são elementos considerados etéricos superiores.
Como vimos, nas oferendas aos Exus Guardiães entraram elementos sólidos, líquidos,
gasosos e etéricos. Dentre esses, temos os elementos materiais, astrais e mentais. Há
também os elementos minerais, vegetais e animais (a presença vibratória do homem
em sua fisiologia, a qual é automática, instintiva). Todos esses elementos são
transformados e interagem entre si e, dentro das transformações, segundo o poder do
operador ou mesmo do médium-magista, deverão alcançar o objetivo visado. As velas
acesas, como vimos em outro capítulo, são amplificadores vibratórios e repetidores da
idéia projetada sobre os diversos elementos da oferenda (ligada ao elemento ígneo).
Para terminarmos, só nos falta citar aquilo que é o mais importante dentro da oferenda,
ou seja, o pano que servirá de mesa para os assentamentos e o sinal riscado, que em
nosso caso será o triângulo fluídico ou escudo fluídico em ligação com os 7 Exus Cabeças
de Legião. Os 7 triângulos fluídicos que se afinizam com os 7 Exus Guardiães são:

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Todos esses escudos fluídicos deverão ser usados na pemba vermelha. Para
encerrarmos esta parte, queremos frisar que na encruzilhada de mato não se deve
deixar nada que venha "sujar" o preceito ou mesmo a própria mata. Que não se deixe
no local garrafas de vidro ou qualquer outro recipiente, ou mesmo elementos não
condizentes com a oferenda. Lembremos que nas oferendas para pedidos e fixações, o
indivíduo a ser beneficiado deverá voltar-se para os cardeais leste e oeste. Caso a
oferenda seja para pedidos de descarga ou dissipação, o indivíduo a ser beneficiado
deverá voltar-se de frente para o cardeal sul ou norte. Além dos escudos fluídicos,
daremos a Lei de Pemba, apenas em suas flechas e chaves simples, relativas aos 7 Exus
Cabeças de Legião ou Exus de Lei. O ponto completo, em sua raiz, e mesmo os sinais
negativos e dissipadores de Exu, deixaremos para o interior da Iniciação, não sendo
aconselhável abrir-se certas chaves que poderiam
ser usadas para prejudicar, portanto...
Assim, antes de darmos as 7 flechas com as 7 chaves,
daremos um assentamento para Exu Guardião
que deverá ficar nas tronqueiras, formando
verdadeiros escudos vibratórios defensivos contra as
cargas oriundas das humanas criaturas ou mesmo
dos Seres astralizados inferiores, impedindo
o ataque desses Seres astralizados ao próprio
terreiro. É uma verdadeira ferradura magnética
repulsiva de cargas inferiores, sejam de ordem
astral ou mental.
Esse assentamento consta de uma madeira (pinho) com o ponto riscado do Exu
Guardião ou mesmo com o triângulo fluídico de um dos 7 Cabeças de Legião que seja
afim ao médium-chefe, tendo-se o cuidado de direcioná-lo no eixo norte-sul,* sendo a
entrada pelo norte e a saída pelo sul. Sobre o mesmo vão duas pedras: um cristal leitoso
do lado direito e um ônix ou ágata preta do lado esquerdo. No centro do ponto riscado
ou triângulo fluídico, crava-se um ponteiro (punhal) de formato específico. Caso não se
tenha, qualquer um serve, depois de imantado adequadamente. A função do ponteiro

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é a de penetrar, aprofundar-se na matéria física e em seus equivalentes no plano etérico


e astral. O ponteiro visa portanto alterar continuamente a matéria, alterando-lhe a
contraparte etérica e astral, propiciando um campo eletromagnético ou mesmo certos
fenômenos eletrostáticos que poderão até desestruturar e desagregar certas larvas, não
nos esquecendo da propriedade da eletricidade que diz que "as cargas elétricas fogem
pelas pontas", havendo com o uso do ponteiro desestruturação eletromagnética de
larvas, formas-pensamento etc. Deve-se deixar uma vela de 7 dias acesa, juntamente
com 1 copo de barro em que se misturam álcool, água e éter. Deve-se também deixar o
charuto e a erva propícia ao Exu para o qual foi feito o dito assentamento. Em geral, as
ervas a serem usadas são guiné, arruda, comigo-ninguémpode, espada-de-ogum,
aroeira, folha de bananeira, etc. Isso feito na hora planetária favorável e na Lua nova ou
mesmo na crescente, constituirá um poderoso escudo defensivo do terreiro, bem como
um organizador e emissor das correntes positivas dirigidas ao terreiro, além de
desestruturar e dissipar cargas ou correntes negativas, mesmo as provenientes da baixa
magia. Ao falarmos de correntes, magia e Exu, não poderíamos deixar de citar a queima
de pólvora, que muitos usam sem conhecer ao mínimo seus reais e verdadeiros
fundamentos, bem como seus benefícios e seus malefícios quando usados por quem
desconhece suas ações e reações. Vejamos, pois, dentro da alta magia, o RITUAL DO
FOGO. Consiste na queima ritualística de um elemento líquido, que se transforma em
éter ígneo (aconselhamos o éter sulfúrico ou mesmo álcool etílico), juntamente com um
elemento sólido (a pólvora envolta num papel grosso), que em contato com o fogo se
transforma em elemento gasoso. Percebe-se que os 4 elementos são colocados em jogo
ou em ação mágica. Quando há o elemento explosão, há um deslocamento de ar, o qual,
por equivalência, desloca camadas etérico-físicas. Essas, ao serem deslocadas,
desestruturam a composição de certas larvas deletérias ou cargas negativas, que são
dissipadas. Nesta forma de utilizar-se o ritual do fogo há ciência, magia,
desimpregnando e purificando o campo astral do ambiente e das pessoas que
porventura estejam debaixo de cargas pesadíssimas ou mesmo prestes a contraírem
determinadas moléstias pela queda imunológica provocada pelas cargas negativas
oriundas do submundo astral ou das projeções das humanas criaturas de baixa estirpe
espiritual. Este é o aspecto certo de se usar o elemento fogo, com o sinal riscado
correspondente, a oração, as palavras cabalísticas etc.
Agora, quanto a esse negócio de "dar fogo" por qualquer motivo, está o indivíduo se
arriscando a tremendos entrechoques de ordem astral, principalmente devido aos
impactos oriundos das demandas que se abrem com os emissários do submundo, que
ao contrário, tornam-se mais irados por terem seus corpos astrais fustigados pelo
deslocamento vibratório. Portanto, só deve "dar fogo" quem está ordenado para tal e
tenha suficiente experiência nas lides da magia etérico-física. No epílogo deste capítulo,
queremos também dar uma pequena palavra sobre as GUIAS DE EXU o seus ESCUDOS
DEFENSIVOS. As guias de Exu devem ser de correntes de ferro ou aço, podendo conter
2 ou 3 contas de vidro vermelho (o vidro é isolante, servindo para essa função, e o
vermelho é uma cor de corte de negativos) , tendo em sua ponta a chave do Exu
Guardião. Sabemos que, no momento do Movimento Umbandista, poucos ou raríssimos

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médiuns têm as verdadeiras guias dos Exus Guardiães, que são utilíssimas nas defesas
vibratórias para o médium atuante e que, vez por outra, contraria muitas ações de Seres
do submundo astral, os quais sempre que podem tentam de todas as formas se vingar,
não descansando enquanto não conseguem seus intentos. Essa guia ou talismã da
encruza quebra as correntes de ira, perseguição e ódio, dando resistência ao médium
que querem atingir. O modelo que se segue explica o formato da guia.
Como dissemos, demos uma chave geral, pois cada Exu tem a sua particular, algo que
até o identifica e qualifica sua função e grau. A imantação deve ser feita na tronqueira,
deixando no lº dia de Lua crescente sobre uma pedra branca, e no 2º e 3º dias sobre
uma pedra de ônix. Após isso, perfume-a com o sumo de arruda + alfazema. Assim, está
a mesma pronta para ser usada, dentro do que há de mais justo e positivo sobre os
talismãs defensivos do Exu Guardião. Essa guia, com a chave geral, serve para qualquer
Exu. O sinal relativo aos Exus está firmado dentro da alta magia; são sinais cabalísticos e
não os famigerados tridentes, que em verdade são elementos agressivos, tendo aceite
e ligação apenas dentro da Kiumbanda e seus subplanos.
Agora, Filho de Fé, preste atenção, pois daremos a grafia astral ou Lei de Pemba dos 7
Exus Guardiães, em seus aspectos simples, mas deveras utilíssimos, servindo para
evocá-los para fins positivos. Fazer o contrário é atrair sobre si a justa cobrança que vem
pelas correntes do submundo astral, ficando o Filho de Fé debaixo de tremendo impacto
astral... Assim, os 7 sinais compostos de flecha e chave, que se referem
aos 7 Exus de Lei, são: a) EXU 7 ENCRUZILHADAS; b) EXU TRANCA-RUAS;
c) EXU MARABÔ; d) EXU GIRA-MUNDO; e) EXU PINGA-FOGO; f) EXU
TIRIRI; g) EXU POMBA-GIRA.

Como podem perceber, as flechas são direcionadas de cima para baixo, mostrando a
atividade do Exu Guardião no terra-a-terra, mas mostrando que sua função vem
coordenada por cima, isto é, com ordens dos Orishas e seus prepostos, os guias, os
protetores etc. Ao encerrarmos o capítulo referente a Exu, nos encontramos muito
próximos do término deste livro.

Unidade 13 - Como nasce um terreiro de Umbanda?52


Por Pai Ronaldo Linares

52
“Iniciação à Umbanda” de Ronaldo Antônio Linares, Diamantino Fernandes Trindade e Wagner
Veneziani Costa - Editora Madras.

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Para explicar melhor este tema, vamos contar uma breve história fictícia, mas que
ocorre em muitas ocasiões.
Geralmente, o adepto de hoje da Umbanda é aquela pessoa que, depois de passar por
médicos, curandeiros, pastores, padres, adivinhos, gurus e outros tantos, encontra
alguém que lhe sussurra ao ouvido:
- Eu conheço uma Mãe-de-Santo que vai resolver sua vida.
Pacientemente ele vai, com muita desconfiança, ao terreiro, e lá chegando encontra
várias pessoas vestidas de branco e pensa que foi levado a um hospital, pois está
diante de vários enfermeiros. Recebe uma ficha, e depois de algum tempo ele ouve os
atabaques soarem e tem início uma “cantoria” totalmente desconhecida para ele.
Depois de ouvir alguns cânticos, algumas pessoas vestidas de branco se ajoelham,
batem no peito e soltam um grito longo e estridente; outras se abaixam como se
fossem de muita idade. A essa altura, ele está ainda mais confuso e pensa que foi parar
em um manicômio. Sente uma vontade enorme de ir embora, mas alguém chama o
número da sua ficha e ele resolve entrar.
Alguém lhe diz:
- Venha falar com o Preto-Velho.
- Com quem? Pergunta ele sem entender nada.
- Com “Pai João”, - esclarece a pessoa de branco.
Ele olha para a frente, para os lados do terreiro, e fala:
- Não vejo Preto-Velho algum.
– Nem vai ver, responde a pessoa de branco – ele está incorporado na “Mãe
Laurentina”, a chefe do terreiro.
- Venha, ele está à sua espera.
Ele, então, senta-se à sua frente, em um banquinho de madeira, e leva logo uma
baforada de cachimbo na cara. Nada consegue entender do que fala a entidade, pois é
um tal de “mi zin fio” pra cá e “mi zin fio” pra lá e nada, ele não entende coisa alguma.
Finalmente, um cambono percebe o seu embaraço e vai traduzir o que diz o Preto-
Velho.
Após alguma conversa com a entidade, ele fica sabendo que é médium e precisa vestir
roupa branca para trabalhar no terreiro. Se ele for uma pessoa vaidosa, pensará:
“Que bom, sou médium”. Mas se é uma pessoa humilde, pensa: “E agora? O que é que
eu faço com isso?”
Mais tarde, o cambono explica-lhe que, passando a trabalhar no terreiro, a sua vida irá
melhorar gradativamente. Como ele já passou por vários lugares e nada mais tem a

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perder, concorda com a ideia e, na semana seguinte, já faz parte da corrente


mediúnica, camboneando as entidades e desenvolvendo a sua mediunidade.
Após algumas semanas, ele sente sua vida mais equilibrada, e quando menos espera
ajoelha-se, bate no peito e grita. Ocorre sua primeira incorporação. Passa o tempo e
ele, servindo de “cavalo” às suas entidades, começa a dar consultas e passes
mediúnicos. Cada vez mais suas entidades são procuradas pelos assistentes. Começa
então seu maior problema: os ciúmes de alguns médiuns mal preparados mental e
espiritualmente.
Um dia, um desses médiuns chega ao pé do ouvido da Mãe-de-Santo e diz: “Ele está
querendo tomar seu lugar”. A Mãe-de-Santo determina, então, muito
democraticamente: “A partir de hoje, cada médium só pode dar três consultas”. A
situação torna-se insustentável e um dia ele coloca a imagem de sua entidade debaixo
do braço e diz: “Não trabalho mais neste lugar”.
Vai para casa, coloca a imagem em cima do guarda-roupa e, se é mulher, deita-se e
chora a noite inteira; se homem, fala meia dúzia de palavrões, jura que nunca mais irá
incorporar e pensa que seus problemas acabaram. Ledo engano: é aí que eles
começam.
Alguns assistentes que se consultavam com suas entidades ficam preocupados com
sua ausência e começam a indagar do seu paradeiro. Alguém chega a estas pessoas e
diz: “Olha, ele não trabalha mais aqui, mas eu sei onde ele mora”.
Começa então uma romaria à casa do médium e essas pessoas imploram por sua
ajuda, pois estavam se consultando com suas entidades e os trabalhos ficaram pela
metade. Pedem então que o médium incorpore pelo menos uma vez para terminar o
trabalho começado. O médium tira a imagem de cima do guarda-roupa e, ali mesmo,
na sala ou na cozinha, incorpora as entidades para atender àquelas pessoas.
A procura pelo médium torna-se cada vez mais intensa e os trabalhos passam a ser
realizados na garagem. A essa altura, alguém mais preocupado diz: “Vamos abrir
legalmente um terreiro antes que a polícia nos prenda”. Está funcionando mais um
terreiro de Umbanda com seus novos adeptos.
Quando o terreiro é bem dirigido, cresce material e espiritualmente, aumentando cada
vez mais o número de médiuns, cambonos e assistentes. Se o terreiro não é bem
dirigido, dará origem a novos médiuns descontentes que, possivelmente, originarão
novos terreiros.
Este é um dos motivos do crescimento da Umbanda, muitas vezes de forma
desordenada e muitas vezes sem a devida preparação dos seus dirigentes.
Quem pode ser Chefe de Terreiro umbandista?53

53
PEIXOTO, N. A Umbanda é de todos. Manual do chefe de terreiro. Vol. 3. Porto Alegre: Besouro Box,
2017.

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Primeiro, há que esclarecer que todo chefe de terreiro é médium, mas nem todo
médium será um chefe de terreiro. Aquele que reencarna programado para exercitar
esta difícil atividade mediúnica sacerdotal – dirigir e zelar vibratoriamente um
agrupamento e comunidade de axé sob a égide da Lei de Pemba – foi previamente
escolhido e preparado no Plano Astral.
Isso requer, de parte dos Senhores do Carma, algumas intervenções técnicas em seu
perispírito, sensibilizando-o para suportar o “embate” vibratório ao qual será exposto
quando estiver à frente de um conga. Obviamente, na Umbanda, para que se lhe abra
e desperte a contento toda a potencialidade psíquica exigida para a sintonia espiritual
com a irradiação dos Orixás enfeixados por linhas de trabalho, guias e falangeiros
espirituais, além de ter percepção clara e segura de cada médium, o chefe deverá
saber como eles percebem essas vibrações, pois em contrário, não conseguirá orientá-
los com acuidade e destreza suficientes. Isso mesmo, além de percepção cristalina do
seu mundo íntimo psíquico, ainda será responsável por orientar outros médiuns e
interagir mediunicamente com as entidades que lhes assistem. E é fato inquestionável
que nenhum curso de sacerdócio poderá oferecer isso, independentemente de quem
o ministra e de como se intitula – lembremos Zélio de Moraes e sua mediunidade
límpida aos 18 anos, manifestando inequivocamente o Caboclo das 7 Encruzilhadas.
Assim, serão exigidos alguns bons anos de trabalho prático de terreiro, de passes e de
aconselhamentos espirituais, tendo contato direto com os consulentes e participando
de todo e qualquer tipo de trabalho nos sítios vibracionais dos Orixás. Não vamos
abordar os ritos de firmezas e consagrações necessários ao aproveitamento de um
médium “aprontado” na Umbanda. Importa considerar que a proposta deste “manual
do chefe de terreiro” é comportamental e ética, não simplesmente repetir o que
outros já escreveram.
O médium que se mantém ativo em suas tarefas, com os pés no chão, incorporando
adequadamente, com manejo energético profícuo por Orixá e linha de trabalho,
absorve profundos ensinamentos em sua estrutura psicoastral – corpos espirituais.
Todas as orientações dos benfeitores a respeito das queixas dos consulentes, as
demandas, os descarregos , os bate-folhas, por vezes os preceitos com reclusão no
templo, as vezes que teve que receber atendimento para si mesmo, enfim, esse
manancial de experiências acumuladas abaliza-o com uma segura passividade para
entrar em transes rituais com os seus Mentores, o que denominamos estados
alterados ou superiores de consciência, forjando-lhe uma “couraça” vibratória de
proteção que, por sua vez, permite-lhe “almejar” ser um médium chefe de terreiro, um
líder da comunidade, se tiver aptidão preexistente ao nascimento no atual corpo físico
para ser um zelador espiritual na conformidade com os desígnios de seu plano de vida
– destino – na presente encarnação.
Ocorre que almejar não é o determinante para a entronização nessa função
sacerdotal, e, na maioria das vezes, quem de fato pode não deseja tal “exaltação” por
vezes “fugindo” desse sério compromisso por anos, o que não é nada razoável e acaba

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comprometendo todo um planejamento feito do lado de lá antes da reencarnação do


médium.
Geralmente, os sensitivos que verdadeiramente têm o “selo” de genuína Umbanda,
ratificado pela Lei de Pemba, nem sonham com essa elevada tarefa. Via de regra, o
guia de frente, habitualmente um caboclo, em determinado momento da caminhada
de seu pupilo, avisa-o por meio de clarividência, clariaudiência, sonho lúcido
desdobramento astral, etc. de que ambos terão de dar esse importante passo: fundar
uma agremiação, um terreiro, centro, tempolo – não importa o nome, para fazerem a
caridade. É o chamamento para a concretização em terra de um compromisso
recíproco, nem sempre harmônico, caso o medianeiro não desista, o que não é
incomum acontecer. Outras vezes, tal compromisso é confirmado também pelo jogo
de búzios – merindilogun, quando o terreiro ao qual o médium está vinculado tem o
seu sacerdote preparado para utiliza-lo.
Nem sempre é dialógico o processo de abertura de um novo terreiro. Rupturas
ocorrem dentro do próprio centro que o médium que se propõe a fundar frequenta.
Esse passo é delicado e de extrema sensibilidade anímico-mediunica e
consequentemente outros médiuns ficam enciumados. Há que se ter, no caso de
dirigentes de casas que se deparam com um de seus médiuns orientados pelo caboclo
a abrir uma casa, rara destreza psicológica e muita acuidade para perceber com clareza
a situação e saber conduzi-la, minimizando ao máximo os conflitos que possam
acontecer e sem dar abertura para a nefasta atuação de espíritos obsessores, que
estão sempre a postos para atrapalhar qualquer ação em prol do bem.
Quando se chega nesse estágio, certo número de companheiros seguirá o médium
fundador, pois ele já conquistou a confiança de seus pares por seu caráter
inquestionável, sua liderança nata, seu carisma e seu magnetismo peculiar, que vibra
em seu Ori – cabeça, com força, além de sua comprovada capacidade mediúnica de
fato e de direito colocada à prova em anos de trabalho prático caritativo no terreiro.
Há sacerdotes experientes que entendem perfeitamente que a Umbanda se
reproduziu e cresceu ao longo dos anos, após vencer o ciclo inicial em que os médiuns
incorporavam em cozinhas, garagens e centros espíritas e suas entidades anunciavam
que, a partir daquele momento estavam “fazendo” um novo rito de cura. Na
atualidade, ela cresce se desmembrando de si mesma em cada centro em que um dos
médiuns dá o passo para ir ao encontro da fundação de um novo templo, ou seja, a
umbanda se multiplica em parcelas menores que se “desgarram” dos terreiros e se
instalam em outros locais, tal qual cepas plantadas que darão novas árvores. Assim,
dirigentes calejados e maduros emocionalmente, não ficam enciumados e apoiam seus
“filhos” de corrente a dar esse importantíssimo passo, ajudando-os, consagrando-os e
inclusive auxiliando-os nos ritos iniciais que serão realizados no grupo recém-nascido.
Em verdade, é o merecimento adquirido com o exercício da mediunidade outorgada,
que é um empréstimo divino a um ser altamente endividado com seu passado, que
ainda não angariou “dons” ou aptidões perenes em seu psiquismo de profundidade,

136
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tendo se comprometido no Plano Astral a assumir essa tarefa redentora e retificadora


em prol de uma coletividade. Assim, são determinantes o tempo e a vitória do médium
sobre si mesmo, e não o fato de ele se “consagrar” sacerdote aqui ou acolá, pagando
para ter reconhecimento, pois muitos procuram nomes famosos para serem
consagrados, buscando adquirir uma falsa legitimidade. A verdade é que, se houver Ori
preparado, sensibilidade e cobertura espiritual programada para esse sério sacerdócio
no sentido de total esquecimento de si mesmo em prol dos outros, inevitavelmente os
fatos conduzirão para a realização do combinado com os Guias Astrais antes da
reencarnação, independentemente de quaisquer ritos para os olhos da vaidade
humana.
Há que se considerar que uma plêiade de espíritos encarnados e desencarnados
depende da viabilização da abertura do novo terreiro, pacto acordado no Astral, num
amplo programa de reciprocidade evolutiva que envolve uma comunidade de axé em
terra sob a chancela vibratória da Umbanda.
Importa considerarmos que a Umbanda e as outras religiões de matriz africana,
notadamente o Candomblé, o qual respeitamos profundamente, são totalmente
distintas umas das outras. O fato de um médium dirigente da Umbanda ser iniciado
nesta religião não deveria distingui-lo em nosso meio, pois se no Candomblé ele será
um Yaô, um iniciante, como entender o status elevado que uns e outros dão a esse
fato dentro do próprio movimento umbandista? Sabemos que a iniciação no
Candomblé, de acordo com seus fundamentos, “bloqueia” a sintonia com os espíritos
que se apresentam como caboclos, pretos velhos, exus e demais entidades do Plano
Astral. É difícil entender os motivos de muitos dirigentes procurarem iniciações em
outra religião para se valorizarem dentro da Umbanda.
Da mesma forma, um Babalorixá ou Yalorixá do Candomblé repentinamente resolve
abrir um terreiro de Umbanda ou se vincular a um, mas não abre mão de sua insígnia
sacerdotal. Consideremos que sua feitura no culto de origem em nada o gradua na
Umbanda ou lhe concede outorga do Plano Astral. Ao contrário, se ele tem a
cobertura astral para fundar um terreiro e passou por ritos sejam eles quais forem,
mas que não fazem parte da Umbanda, deve iniciar no primeiro degrau, pois somente
com tempo dentro de um terreiro genuíno amparado pela Lei de Pemba ele poderá
angariar o merecimento e, futuramente, ser autorizado pelos Guias Astrais a dirigir um
congá como chefe de terreiro o que nada tem a ver com ser “feito” no Orixá em outros
ritos.
Isso quer dizer que ser iniciado no Candomblé nada significa na Umbanda, assim como
ser chefe de terreiro não é distinção alguma no Candomblé. Infelizmente as misturas e
a falta de fundamento, de presença e de preservação das tradições só fazem uma e
outra religião perder sua identidade e enfraquecer reciprocamente por perderem a
conexão com seus ritos de origem. Embora tenhamos semelhanças, e temos muitas,
somos diferentes. Tantas são as vozes sérias de um lado e de outro que são unânimes
em afirmar que uma coisa não é a outra.

137
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Então, quem é, deve e pode ser um chefe de terreiro umbandista já nasce com o
“dom”, já tem Ori feito no Astral, com seus Guias Astrais previamente escalados, que
se comprometeram a dar-lhe guarida, segurança e cobertura espiritual. Não devemos
buscar em outras religiões a legitimidade que somente a mediunidade na Umbanda
estudada e vivenciada no tempo pode e deve nos dar.
O guia-chefe orientou o médium a fundar um terreiro de Umbanda. E agora? 54
Finalmente chega o dia em que o médium recebe a orientação de seu guia-chefe de
que deverá fundar um novo terreiro. Se o medianeiro vem seguindo regularmente
suas tarefas e tem apoio do sacerdote do templo, o “trâmite” e a concretização da
nova casa já terão meio caminho andado. Infelizmente, nem sempre é assim que
acontece.
Vamos descrever o mais difícil e que talvez seja bastante comum: a ruptura, por algum
conflito que se estabelece. Assim como cepa que se lança ao solo quando a árvore é
atingida por um raio, novas raízes crescerão, se fincando à terra e brotos irromperão
para formar novos galhos e folhas. Lembremos que o primeiro terreiro de Umbanda,
Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, fundada por Zélio de Moraes a mando do
“chefe”, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, nasceu de uma cisma e um “racha” dentro
de um centro espírita. Então, encaremos com naturalidade o fato de muitas
comunidades umbandistas nascerem de um “conflito” inicial, aparentemente
contraditório, mas perfeitamente aceitável, haja vista ainda nosso primarismo
espiritual humano.
Há que se considerar um fato sutil, mas que passa esquecido ou não é sabido pela
maioria. O médium imbuído de abrir o futuro terreiro, enquanto postergar esse
importante passo, estará de toda sorte vibrando com seu Ori e seu Eledá – cabeça e
Orixás regntes, como chefe de terreiro, e sua coroa mediúnica formada pelos seus
guias e Falangeiros que aguardam assumir as tarefas designadas antes da
reencarnação do médium estará vibrada, “aguardando-o”. Então, inevitavelmente,
começarão a acontecer situações contraditórias, imprevistos, desentendimentos,
quebras de corrente, quizilas e até interdições astrais, que forçarão o médium a
assumir seu compromisso. Isso ocorre pelo fato de uma individualidadade ser de
“menor” importância, no caso, a do médium, comparada ao coletivo diante do
grandioso projeto que é a fundação de um terreiro de Umbanda, cujo objetivo é
auxiliar as humanas criaturas e os “infinitos” espíritos sofredores na crosta e nas zonas
umbralinas, como o é a fundação de um terreiro de Umbanda.
Muitas vezes, o médium começa a sentir uma intensa dissociação vibratória na
corrente, como se não fizesse mais parte dela. Tudo à sua volta começa a soar
estranho, diferente, e uma enorme insatisfação impregna-se no seu psiquismo.
Inevitavelmente, haverá conflitos entre ele e outros médiuns e com a direção
sacerdotal da casa, pois no plano oculto, no Ayê, as entidades astrais se movimentam

54
PEIXOTO, N. A Umbanda é de todos. Manual do chefe de terreiro. Vol. 3. Porto Alegre: Besouro Box,
2017.

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intensamente para que circunstâncias alheias e subjetivas interfiram e “obriguem” o


médium a sair do terreiro e tomar coragem para abrir um novo.
Obviamente, essa é uma situação extrema, mas é pouco hipotética, dado que isso
acontece, e muito, por este Brasil afora. Centenas e milhares de casas de Umbanda
foram abertas sob essas circunstâncias e seguem firmes e sólidas por décadas.
Não é justo, sob a perspectiva de sérios compromissos assumidos com a coletividade,
que o médium que aceitou e, por vezes, pediu o programa de vida e a sensibilização
mediúnica como chefe de terreiro desista por motivos chulos, receios infundados,
covardia, materialismo, negação da família, entre tantos outros motivos. É óbvio que
existe o livre-arbítrio e os Guias Astrais atuam numa margem respeitosa, fazendo todo
o possível para “obrigar” o seu pupilo a seguir seu destino e o contrato que foi
pactuado antes de sua encarnação.
Essa “insistência” por vezes se dá mais em prol dos muitos espíritos que aguardam que
a nova casa esteja funcionando para assumirem suas tarefas e, assim, evoluir, inseridos
num programa redentor maior.
Todo o planejamento irá por água abaixo se houver uma desistência. Infelizmente,
muitos se acovardam; os benfeitores espirituais, entristecidos, seguem seus caminhos
no Plano Astral e o médium continua em terra, agora tendo de arcar com uma enorme
carga psíquica, pois continuará sensibilizado mediunicamente para ser chefe de
terreiro e as entidades inferiores do mundo espiritual sempre estarão a postos para
assumir o comando de um Ori que se “perde” na tarefa.
Esse é um momento extremamente delicado para o sensível psiquismo do médium em
questão. O efeito de retorno vibratório do seu compromisso, que lhe acicata os
chacras, os corpos espirituais o Ori, pode, inclusive, enfraquecê-lo, levar-lhe a um
processo de fadiga fluídica. O que fazer nessa situação, se não se tem o apoio do
dirigente da corrente na qual se está vinculado? Procurar orientação e apoio num
sacerdote mais experiente, que lhe confirme o que está ocorrendo, no mais das vezes
por meio do jogo de búzios. Inexoravelmente, se existe corte a corrente em que ele
está vinculado, decorrente de ciúmes, inveja, esconjuros verbais ou magias mentais
por contrariedades manifestas abertamente, torna-se imprescindível o apoio
vibratório de uma outra egrégoras estabelecida sob a égide da Umbanda, para que o
medianeiro não fraqueje nem se fragilize a ponto de não suportar o “embate”
vibratório do qual será alvo, por vezes, até adoecendo.
Tendo conseguido o apoio de uma comunidade com um zelador sério, ético e
desinteressado, o médium ainda terá de suportar a grande demanda inicial que
inevitavelmente acontecerá, pois ele será o catalisador de todas as mudanças e terá de
absorver em muito as rogativas e as instabilidades emocionais e mediúnicas dos
médiuns que o acompanharão. Nada que seja impossível, mas todos que são da
religião de Umbanda sabem o quanto é exigido de um dirigente nos primeiros meses
da fundação, o que, em verdade, caracterizará um ciclo, geralmente de sete anos.

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Neste ínterim, não é descartada uma consagração sacerdotal, preceito dirigido para
fortalecimento de seu Ori e seu tônus mediúnico, pois, além de ter de “cuidar” de
“suas” entidades, dando-lhes passividade adequada, firme e constante, o chefe tem
como tarefa precípua “zelar” pelos médiuns da corrente, seus filhos espirituais. Haverá
uma mudança de “alvo” mediúnico, que antes era direcionado do médium para os
consulentes. A partir da fundação do terreiro, todos os seus dons mediúnicos aflorarão
no sentido de desenvolver, formar e zelar pelos novos médiuns da corrente que
estarão sob sua responsabilidade. Claro está que nossa narrativa parte de uma
premissa mais grave, de conflito neste trânsito de trabalhador de uma corrente
constituída para chefe de uma a ser fundada, mas nem sempre é assim. Quando se
tem apoio do sacerdote e da corrente, seguindo os pressupostos de tempo e vivência
numa linha de continuidade, por vezes, o médium é consagrado Pai Pequeno ou Mãe
Pequena, usufruindo, na própria corrente, de um período de “treinamento” e preparo
para futuramente assumir um terreiro como dirigente principal.
Se não houver sensibilização astral antes da reencarnação, Ori vibrado para estar
sozinho à frente do congá, os médiuns não se deslocarão, ou seja, permanecerão como
Pais e Mães, mas vinculados a um dirigente que responde pelo Congá. Isso significa
que nem toda consagração garante a concretização de uma n ova função sacerdotal
por dentro da Umbanda, nem é indispensável. O que não pode faltar são a
mediunidade e o apoio dos benfeitores espirituais.
O que é indispensável?55

 Aprender no dia-a-dia os rituais de Umbanda para adquirir vivência interna;

 Seu Guia espiritual ou o Chefe do Terreiro informar/confirmar a missão


sacerdotal; contudo, a própria mediunidade é suficiente para que a iniciação
seja feita pelos guias no Astral;

 Habilidades de incorporação, vidência, audiência, telepatia, clarividência e


clauriaudiência pelos desdobramentos dos corpos espirituais;

 Um zelador idôneo para amparar o novo chefe de terreiro nos primeiros


passos;

 “Ser” sacerdote (ter mediunidade) independe de ser reconhecido como tal. Pai
Zélio Fernandino de Moraes tornou-se Pai de Santo aos 17 anos;

 Compromisso, humildade, desejo de servir ao próximo, retidão de caráter e


dedicação a toda a comunidade do terreiro e da sociedade;

 Consciência de que um terreiro é uma outorga ética cósmica, uma procuração


dos espíritos que são os verdadeiros mantenedores da força (axé) da casa, que

55
PEIXOTO, N. A Umbanda é de todos. Manual do chefe de terreiro. Vol. 3. Porto Alegre: Besouro Box,
2017.

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exige proatividade, diligência, estudo, moralidade, altruísmo para manutenção


da cobertura mediúnica dos guias;

Unidade 14 – Energia Cósmica, Reforma Íntima e Livre Arbítrio


Princípio Categórico: Immanuel Kant
Uma possível abordagem teleológica do imperativo categórico56

O título desta parte do texto é sugestivo e, portanto, indica que iremos procurar mostrar uma
possível abordagem teleológica do imperativo categórico. Para isso, assim, trazemos as palavras
de Kant como ponto de partida de nossa investigação sobre a questão proposta:
... a razão nos foi proporcionada como razão prática, isto é, como algo que
deve ter influência sobre a vontade, então a verdadeira destinação da mesma
tem de ser a de produzir uma vontade boa, não certamente enquanto meio
em vista de outra coisa, mas, sim, em si mesma – para o que a razão era
absolutamente necessária... (KANT, 2009, p. 113)

Assim, notamos que Kant é enfático acerca dos seguintes pontos - e aqui digo especificamente
ao que nos interessa para abordar o problema da teleologia e sua possibilidade:

1) a verdadeira destinação [da razão] tem de ser a de produzir uma vontade boa.

2) esta vontade boa será produzida tendo em vista a destinação da razão, que é
justamente a produção da vontade boa.

3) a produção da vontade boa, entretanto, não será tendo em vista outra coisa diferente
dessa própria produção, mas apenas de si mesma.

Percebemos, assim, pontos importantes neste excerto que serão primordiais para o andamento
do que estamos propondo. O primeiro deles, “a verdadeira destinação da razão...”, enuncia que
há um fim: a produção da boa vontade. Esta produção da vontade boa será, por isso, a
destinação da razão. Notamos que “destinação” e “produzir” se encontram em uma mesma
frase, constituindo um ponto de partida e um de chegada. O segundo ponto, mencionado mais
acima, é extensão do primeiro e o arremata. Assim, por um lado, é papel da razão produzir a
vontade boa mas, também, por outro lado, é produzindo a vontade boa que a razão atingirá
alcançará seu destino, realizando seu fim. O terceiro ponto explicita um dos pressupostos da
moral kantiana, a saber, um fim que é almejado em si mesmo. Este ponto, a saber, do fim
desejado em si mesmo (o terceiro ponto aqui levantado), no limite, contrasta com as teorias
morais tradicionais finalistas, especificamente a de cunho aristotélico que entendia o fim último
do homem a eudaimonia (felicidade). A seguir, notaremos no comentário de Aubenque que,
para haver uma ação boa na filosofia aristotélica, é preciso da deliberação do agente e, também,
da mediania para que seja possível “dosar” ímpetos, por um lado, mas também não ser
absolutamente racional. Em Kant, contrariamente, uma boa ação poderá advir somente da
razão.

56
RISSI, J. P. Os imperativos Kantiano: sobre a finalidade categórica e hipotética, Anais do Seminário dos
Estudantes de pós-graduação em filosofia da UFSCar, 2014. Disponível em:
http://www.ufscar.br/~semppgfil/wp-content/uploads/2012/05/20-Jo%C3%A3o-Paulo-Rissi.pdf

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A deliberação representa a via humana, ou seja, mediania, aquela de um homem que não é
completamente sábio nem inteiramente ignorante, num mundo que não é nem absolutamente
racional, nem absolutamente absurdo, o qual, no entanto, convém ordenar usando as
mediações claudicantes que ele nos oferece. (AUBENQUE, 2009, p. 188) A deliberação é, pois, a
condição sem a qual a ação humana não pode ser boa ação, ou seja, virtuosa.

Tratemos, enfim, do primeiro ponto, a saber, sobre a produção e destinação da razão, que aqui
chamamos de ponto de partida e de chegada acerca de como o imperativo categórico. A
questão, assim sendo, pode ser pensada por duas vias:

(I) enquanto uma regra racional que deve, necessariamente, exercer influência sobre a vontade,
o imperativo categórico irá ordenar nossas ações e, portanto, produzir uma boa vontade, pois
somente mediante a razão podemos pensar em uma vontade que não busque na experiência
sensível seus preceitos. Tendo isso em vista, dizemos que é por ser um mandamento às ações
que o imperativo categórico contém em si a possibilidade de produzir uma boa vontade, caso
contrário, isto é, não havendo uma condução racional que ordene as ações humanas, a vontade
será determinada pela experiência e, com isso, haverá uma multiplicidade de ações que dizem
respeito a cada um dos sujeitos que desejam isoladamente. Nenhuma dessas ações, portanto,
será um caso particular de uma lei universalmente válida, quando o que deve ocorrer, para haver
uma ação moralmente boa, é uma vontade, a vontade que represente todos, já que seu valor é
incondicionado e supremo, sendo que o deliberar de sujeitos que possuem desejos distintos em
nada ofuscaria o brilho desta vontade.

(II) Podendo ser a gênese da boa vontade, o imperativo categórico será também o ponto de
chegada. Podemos pensar isso da seguinte forma: se há o ponto de partida – que procuramos
mostrar anteriormente – também deverá haver o de chegada, pois estamos tratando no âmbito
de um ideal acerca das ações humanas. Assim sendo, “... a razão nos foi proporcionada como
razão prática, isto é, como algo que deve ter influência sobre a vontade, então a verdadeira
destinação da mesma tem de ser a de produzir uma vontade boa...” (KANT, 2009, p. 113). Deste
modo, somos autorizados a pensar teleologicamente a ação moral (razão prática), pois o fim, a
produção da vontade absolutamente boa, será alcançado mediante regras racionais. Portanto,
estas são necessárias para que o ponto de partida tanto quanto o de chegada da ação possuam
plena objetividade; de outro modo, a ação seria executada apenas subjetivamente e de maneira
contingente e, por isso, não teria valor moral. Quer dizer, se a razão não determina
suficientemente a vontade, esta será determinada por inclinações sensíveis e será, portanto,
contingente; ao contrário, se a vontade é determinada por leis da razão nossas ações terão como
objetivo produzir algo de valor incondicionado, que nada mais é do que a própria boa vontade.
Portanto, notamos que a produção da boa vontade é o fim da razão, uma vez que a razão
determina a vontade mediante regras universais, tornam a própria vontade boa de modo
universal e incondicional.

Portanto, podemos pensar nas seguintes possibilidades: o imperativo categórico cria uma boa
vontade por justamente ser um mandamento racional que ordena as ações e,
consequentemente, produz uma vontade livre das inclinações: boa em si mesma; também
conduz a razão ao seu fim último, pois é mediante um mandamento racional que é possível
atingir o fim desejado. Deste modo, tanto o ponto de partida da ação como seu ponto de
chegada não se apoiam em momento algum na experiência. Pela determinação da razão,
portanto, o trajeto inteiro da ação será conduzido somente pela razão mediante seu
ordenamento. Ainda sobre o papel que desempenha o imperativo categórico, podemos dizer

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que quando este imperativo produz uma boa vontade, ao mesmo tempo conduz a razão ao seu
fim. Deste modo, no ato de criar uma vontade boa – que é justamente o fim último da razão –
o imperativo categórico produz e, concomitantemente, atinge a finalidade, pois ele cria a boa
vontade, e o fim da razão também é produzir uma boa vontade, então podemos pensar que
quando cria ele também torna a razão efetiva teleologicamente.

Reforma íntima57
1- Reforma íntima é o renovar das esperanças interiores, tendo por meta o fortalecimento
da fé, a solidificação do amor, a incessante busca do perdão, o cultivo dos sentimentos
positivos e a finalização no aperfeiçoamento do ser.
2- É o esforço que o ser humano faz para melhorar-se moralmente.
3- Sua base de apoio fundamental são os ensinamentos de Jesus, que representam um
roteiro luminoso rumo à conquista de um grau mais elevado na cadeia universal
evolutiva.
4- Tem por sede, e momento principal, as passagens pelo plano material, ao longo das
reencarnações.
5- A Doutrina Espírita tem por missão esclarecer o significado exato e a essencialidade da
reforma íntima a todos os encarnados dispostos a apreendê-la.
6- Múltiplas reencarnações, ao longo de milênios, são palco das aguerridas batalhas
consigo mesmo em busca do incremento do lado cristão que todos possuem.
7- A perfeição será atingida e o aperfeiçoamento, um dia, será completo. Nessa aura de
felicidade ver-se-á envolvido o Espírito, já não mais considerado ser humano, pois acima
disso.
8- Aproveitar estágio por estágio, reencarnação por reencarnação, passo por passo, é a
fórmula indicada para galgar os níveis que conduzem à plenitude.
9- Estudar a reforma íntima, levar o encarnado a compreender-se melhor e também o
semelhante, avaliar suas ações e reações, tocar profundamente seus sentimentos,
enxergar suas deficiências, propor soluções, calcular projetos para essa busca cristã,
debater dilemas, resolver problemas, solucionar dúvidas, levantar questões e atingir um
ponto a mais no seu esclarecimento humano é a meta desta obra.
10- Por que cultivar abnegação, afabilidade, bem-querer, benevolência, bondade, brandura,
caridade, carinho, clemência, compaixão, confiança, coragem, desprendimento,
devotamento, disciplina, doçura, esperança, fé, flexibilidade, generosidade, gratidão,
humildade, indulgência, lealdade, justiça, mansuetude, misericórdia, modéstia,
otimismo, paciência, pacificidade, perseverança, piedade, pureza de coração,
resignação, responsabilidade, simpatia, simplicidade, sinceridade, solidariedade,
ternura?
11- Porque são modos positivos de sentir o mundo ao redor e deixar fluir o âmago cristão,
conforme recomendado por Jesus.
12- São as chaves do progresso do espírito e os bálsamos que aplacam as chagas do mal;
constituem o mais eficaz remédio contra o sofrimento e a oportunidade maior que o
encarnado possui de atingir a paz interior, sublime, mansa e benéfica.

57
GLASSER, A. Fundamentos da Reforma Íntima pelo espírito de Caibar Schutel. São Paulo, 1999.
Disponível em: https://www.oclarim.org/arquivos_produtos/77/2015-02-25-01-02-0578.pdf

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O objetivo da Evolução58
Há uma analogia muito interessante entre a evolução do átomo e a do homem (e presumo,
portanto, a da Divindade planetária e a do Logos Solar) nos dois métodos de desenvolvimento
que se seguem. Vimos que o átomo tem sua própria vida, atómica, e que cada átomo de
substância no sistema solar é também um pequeno sistema em si, tendo um centro positivo, ou
sol central, com os elétrons, ou o aspecto negativo, girando em suas órbitas ao redor dele. Tal é
a vida interna do átomo, seu aspecto auto-centralizado. Registramos, também, que o átomo
está sendo estudado, agora, segundo uma linha mais nova, a da radioatividade e está-se
tornando aparente, em muitos casos, que há uma radiação em atividade. Até onde esta
descoberta nos levará é impossível prever, porque o estudo das substâncias radioativas ainda
está na sua infância e realmente muito pouco se sabe. Muita coisa do anterior ensino da Física
foi revolucionado pela descoberta do rádio e quanto mais os cientistas descobrem, mais claro
se torna (como eles próprios reconhecem) que estamos no limiar de descobertas muito
importantes e na véspera de revelações profundas.

A medida que o ser humano evolui e se desenvolve, estas duas etapas também podem ser vistas
nele. Há a era primitiva, ou atómica, na qual todo o centro de interesse do homem está dentro
dele mesmo, dentro de sua própria esfera, onde o egocentrismo é a lei de seu ser, uma etapa
necessária e protetora da evolução. Ele é puramente egoísta e se preocupa, antes de tudo, com
seus próprios problemas. A esta etapa se sucede uma outra, posterior, na qual sua consciência
começa a se expandir, seus interesses começam a se deslocar para fora de sua própria esfera
particular e chega a época em que ele se preocupa com o grupo a que pertence. Esta etapa pode
ser considerada como correspondendo à da radioatividade. Agora ele não é só uma vida egoísta,
mas também começa a exercer um efeito definido sobre seu meio. Ele afasta sua atenção de
sua vida pessoal egoísta, procura seu centro maior. Deixa de ser simplesmente um átomo para
se tornar, por sua vez, um elétron e sofrer a influência da grande Vida central que o prende
dentro de sua esfera de influência.

Se for assim, teremos etapas análogas transpirando dentro da vida da Divindade planetária e
talvez isto explicasse várias vicissitudes e acontecimentos do planeta. Frequentemente
consideramos os problemas do mundo devidos à atividade humana. A guerra mundial, por
exemplo, é frequentemente considerada o resultado dos erros e fraquezas humanas. Talvez seja
assim, porque indubitavelmente as condições económicas e ambições humanas podem tê-la
provocado; mas talvez também pode ter ocorrido devido à concretização do propósito da
grande Vida central, Cuja consciência ainda não é a nossa, Que tem Seus próprios planos,
propósitos e ideias e Que, talvez, também faça Suas experiências com a vida. Em Sua escala mais
ampla e em Seu próprio nível mais alto, este Espírito planetário está aprendendo a viver, a entrar
em contato e está, do mesmo modo, expandindo Sua consciência. Ele próprio está na escola, do
mesmo modo que cada um de nós. O mesmo pode, pois acontecer com o sistema solar e, assim,
com acontecimentos de tal ordem de grandeza que escapam totalmente à nossa percepção.
Talvez haja ocorrências, no sistema solar, que sejam devidas à elaboração dos planos da
Divindade ou Logos, aquela Vida Central Que é a origem da energia de tudo que existe dentro
do sistema solar. Não sei, mas é uma linha de pensamento interessante para nós, e não faz mal
especular, se o efeito nos der uma visão mais ampla, uma tolerância maior e um otimismo mais
amplo e sensato.

58
BAILEY, A. A consciência do átomo. Disponível em: http://espacoviverzen.com.br/wp-
content/uploads/2017/06/Alice-Bailey-A-Consci%C3%AAncia-do-%C3%81tomo-1.pdf

144
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Tendo visto que as duas etapas, da atividade atómica e da radioatividade, caracterizam a


evolução e todos os átomos no sistema solar, vejamos agora quais são os diferentes
desenvolvimentos que podem ser esperados à medida que a consciência dentro do átomo
humano evolui. Gostaria de centralizar nossa atenção neste tipo humano de consciência, posto
que ela é a evolução central no sistema solar. Quando os três aspectos da vida divina são
reunidos — a vida habitante, ou espírito, a forma material, ou veículo substancial e o fator da
atividade inteligente — acontecerão certos resultados específicos. Temos o gradual
desenvolvimento de consciência de uma espécie particular; o desenvolvimento da qualidade
psíquica; o efeito da vida subjetiva sobre a forma material, a utilização da forma para certos fins
específicos, e a conquista de certas qualidades pela entidade que nela habita. A verdadeira
natureza da vida central, seja ela Deus ou homem, se manifestará no ciclo vital, seja ele solar ou
humano. Isto é verdadeiro para nós, é provavelmente verdadeiro para o Logos planetário e, se
verdadeiro para ele, também, portanto, para o Logos Solar. Tentemos, se pudermos, seguir
alguns dos diferentes desenvolvimentos relacionados com nossos quatro tipos de átomos — o
átomo da substância, o átomo humano, o átomo planetário e o átomo cósmico. Um dos
primeiros e mais importantes desenvolvimentos será a resposta consciente a cada vibração e
contato — isto é, a habilidade de responder ao não--ser, em cada plano. Deixeme ilustrar. Eu
poderia ir a certos salões desta cidade e reunir uma audiência composta de trabalhadores
analfabetos e não especializados, poderia falar-lhes e repetir o que disse esta noite e não obter
nenhuma reação. Contudo, eu poderia fazer uma palestra que pronunciei dez anos atrás,
estritamente na linha do Evangelho, e obter uma reação imediata. Aqui a questão do certo ou
errado não conta, mas simplesmente a diferença na capacidade de diferentes tipos de homens,
em diferentes etapas de evolução, para reagir ao contato e vibração. Isto simplesmente significa
que certas pessoas estão num estágio onde podem ser atingidas por um apelo emocional e
podemos nos ocupar delas na linha de sua salvação pessoal, porque ainda estão na etapa
atómica anterior. Há outro estágio que inclui aquele, mas que capacita as pessoas a responder
também a um apelo mais intelectual, o qual lhes dá um certo interesse e satisfação no tipo de
discussões que temos desenvolvido e que significa investigação dos assuntos que dizem respeito
ao grupo, por exemplo. Mas ambos os estágios são igualmente corretos.

Podemos considerar este assunto por um outro ângulo: é bem possível que encontremos
grandes pessoas, homens e mulheres maravilhosos, e que não fiquemos impressionados por
eles; poderíamos passar por eies sem reconhecê-los e assim perder o que eles têm para nos dar.
Isto aconteceu na Palestina em relação ao Cristo, dois mil anos atrás. Por que? Porque nós
próprios ainda não somos grandes o bastante para reagir a eles. Algo ainda falta em nós, que
nos impede de compreender ou sentir sua especial vibração. Ouvi dizerem, e acho que é
verdade, que se Cristo voltasse à terra e caminhasse entre os homens como fez antes, poderia
viver entre nós dia após dia e nada notaríamos de diferente, Nele, das outras pessoas boas e
desprendidas que conhecemos. Ainda não cultivamos em nós a capaciade de responder ao
divino em nosso irmão. Normalmente só vemos o que é mau e grosseiro e tomamos ciência,
principalmente, das falhas de nosso irmão. Ainda somos insensíveis às melhores pessoas. Outro
desenvolvimento será que, agora, poderemos funcionar conscientemente em todos os planos
da existência. Agora funcionamos conscientemente no plano físico e há algumas pessoas que
são capazes de funcionar com igual consciência no plano mais sutil seguinte, o chamado plano
astral (palavra que me desgosta porque não transmite um significado real às nossas mentes), ou
plano da natureza emocional, no qual um homem está ativo quando fora do corpo físico, nas
horas de sono ou logo após a morte. Muito poucos seres humanos podem funcionar no plano
mental com a consciência totalmente desperta e menos ainda funcionam no plano espritual. O

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objetivo da evolução é que deveríamos funcionar conscientemente, com plena continuidade de


percepção nos planos físico, emocional e mental. Esta é a grande realização que um dia será
nossa. Saberemos então o que fazemos cada hora do dia e não somente durante cerca de qua-
torze horas em cada vinte e quatro. Atualmente não temos noção de onde fica a verdadeira
entidade pensante durante as horas de sono. Não sabemos quais são suas atividades, nem a
condição de seu meio ambiente. Algum dia utilizaremos cada minuto das horas do dia.

O outro objetivo da evolução é tríplice, isto é, que tenhamos vontade, amor e energia
coordenados, o que por enquanto não acontece. Dispomos agora, continuamente, de muita
energia inteligente, mas é verdadeiramente muito raro encontrar uma pessoa cuja vida seja
animada por um objetivo central constantemente seguido e que seja animada e instigada pelo
amor atuando através da atividade inteligente. Todavia, está chegando o tempo em que
teremos expandido nossa consciência a tal ponto que seremos tão ativos interiormente que nos
tornaremos radioativos. Veremos, então, um objetivo definido, que será a consequência do
amor, e alcançaremos nosso objetivo pela inteligência. Isto é tudo o que Deus faz, não é? Em
nossa etapa de desenvolvimento atual, certamente somos inteligentes, mas ainda há muito
pouco amor. Podemos amar um pouco as pessoas que encontramos ou com quem mantemos
contato, e alimentar um amor maior por nossa família e amigos próximos, mas não sabemos
quase nada do amor grupal. Quando o amor grupal nos for proclamado pêlos grandes idealistas
da raça, será indubitavelmente verdade que teremos alcançado a etapa onde poderemos reagir
a ele de algum modo e sentiremos que ele é algo que gostaríamos de ver realizado. É bom
lembrar que quanto mais pensarmos em linhas definitivamente altrufsticas, melhor
construiremos algo de valor muito grande e desenvolveremos vagarosa e laboriosamente os
rudimentos de uma real consciência grupal, a qual ainda está muito distante da maioria de nós.

Há vários outros desenvolvimentos com os quais nos poderíamos ocupar durante nosso
processo evolutivo mas que se acham tão à nossa frente que são praticamente inconcebíveis, a
não ser que tivéssemos um tipo especial de mente capaz de algum modo de pensar abstrato. Há
a etapa na qual poderemos transcender ao tempo e ao espaço, quando a consciência do grupo
em todas as partes do planeta, por exemplo, for nossa consciência, e quando nos for tão fácil
entrar em contato com a consciência de um amigo na índia, África ou qualquer outro lugar, como
se ele estivesse 38 aqui; a separação e a distância não serão barreiras para o relacionamento.
Pode-se ver sintomas disto na habilidade com que algumas pessoas se comunicam
telepaticamente ou praticam a psicometria. é interessante gastar algum tempo visualizando
este objetivo distante e imaginando a realização do Logos bilhões de anos à frente, porém o que
é de vital interesse é obter alguma ideia da próxima etapa; e compreender o que podemos
esperar que aconteça, relacionado ao processo evolutivo durante os próximos milhares de anos.
Consideremos esta ideia. Há, como sabemos, três linhas gerais de pensamento no mundo: a
científica, a religiosa e a filosófica. O que temos nelas? Na linha de pensamento científico,
englobamos tudo o que diz respeito à matéria, ao aspecto substância da manifestação; ela lida
com a objetividade e com o que é material, tangível e visto; literalmente, com o que pode ser
provado. No pensamento religioso, temos o que diz respeito à vida dentro da forma, ao que lida
com a volta do espírito à sua origem, mais tudo o que se tem adquirido pelo uso da forma; ele
se refere ao lado sub-jetivo da natureza. No pensamento filosófico temos o que eu poderia
chamar a utilização da inteligência pela vida que habita, a fim de que a forma possa ser adaptada
adequadamente à sua necessidade. Estudemos, nesta ligação, certos desenvolvimentos que
poderemos procurar no futuro próximo, lembrando que tudo que eu disser tem a intenção de
ser sugestivo e que eu falo sem qualquer espírito dogmático.

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É óbvio, para a maioria dos pensadores, que a ciência, tendo começado o estudo da
radioatividade, está no limite da descoberta de qual é a natureza da força que existe dentro do
próprio átomo; é bastante provável que, muito em breve, venhamos a aproveitar a energia da
matéria atómica para qualquer propósito imaginável, para aquecimento, iluminação e para tudo
o que se faz no mundo. Aquela força, como alguns de nós já sabem, quase foi descoberta nos
Estados Unidos cinquenta anos atrás, por um homem chamado Keely, mas não lhe foi permitido
participar isso ao mundo por causa do perigo que a descoberta envolvia. Os homens ainda são
egoístas demais para que lhes seja confiada a distribuição da energia atómica. Aquela
descoberta provavelmente será paralela ao desenvolvimento da consciência grupal. Só quando
o homem se tornar radioativo e puder trabalhar e pensar em termos de grupo, será sensato e
seguro para ele utilizar a força latente no átomo. Tudo na natureza é muito bem coordenado e
nada pode ser descoberto ou utilizado antes da hora oerta. Só quando o homem tornar-se
desprendido é que esta força tremenda poderá passar às suas mãos. Todavia, admito que a
ciência fará tremendo progresso na compreensão da energia atómica. Então, paralelamente à
evolução do ser humano, podemos antecipar que o homem dominará o ar. Há uma grande
esfera ou plano vibratório no sistema solar, chamado de plano intuitivo em alguns livros de
ocultismo; na literatura oriental é chamado de plano Búdico, e seu símbolo é o ar. Do mesmo
modo que o homem está começando a encontrar seu caminho através do desenvolvimento da
intuição para aquele plano, agora a ciência está começando a descobrir como dominar o ar, e à
medida que sua intuição se desenvolver e crescer, o seu controle do ar se desenvolverá e
crescerá. Outra coisa que podemos esperar (e está sendo reconhecida de algum modo) é o
desenvolvimento da habilidade de ver na matéria mais sutil. Em todos os lugares há crianças
nascendo que vêem mais do que cada um de nós. Refiro-me a algo que se baseia exclusivamente
em bases materiais e diz respeito ao olho físico. Refiro-me à visão etérica que vê na matéria mais
fina do plano físico ou no que é chamado éter. Estudantes e cientistas na Califórnia têm feito
um trabalho muito interessante neste assunto. O Dr. Frederick Finch Strong tem trabalhado
nesta linha de maneira valiosa, ensinando que o olho físico é capaz de ver etericamente e que a
visão etérica é a função normal do olho. O que significará o desenvolvimento desta faculdade?
Significará que a ciência terá que reajustar definitivamente seu ponto de vista relativamente aos
planos mais sutis. Se certos aspectos e formas de vida que até agora têm sido considerados
como imaginários chegarem ao alcance da visão do homem ou da mulher normais nos próximos
cem anos, teremos interrompido de uma vez por todas aquele materialismo rançoso que nos
têm caracterizado há tanto tempo e se o que agora é invisível for reconhecido ao longo de
qualquer unha especial, quem dirá até onde seremos capazes de ir à medida que o tempo passa?
Toda a tendência da evolução é para a síntese. À medida que penetramos na matéria, que
tendemos à materialização, temos a heterogeneidade; à medida que trabalharmos de volta para
o espírito, tenderemos à unidade, de modo que podemos esperar o aparecimento da unidade
no mundo religioso. Mesmo agora, há um espírito de tolerância muito maior, no exterior, do
que cinquenta anos atrás; mas a época da grande unidade fundamental que subjaz a todas as
religiões está se aproximando rapidamente e o fato que cada fé é uma parte essencial de um
grande todo será reconhecido pêlos homens em toda parte e por este reconhecimento teremos
a simplificação da religião. Os grandes fatos centrais serão enfatizados e usados e as pequenas
e mesquinhas diferenças de organização e de explicação não serão levadas a sério.

Podemos também esperar um acontecimento muito interessante, em relação à família humana


porque, quando a consciência grupal tornar-se, em escala maior, a consciência objetiva do
homem, o que ocorrerá? Teremos o homem pisando aquilo que no mundo religioso é chamada
de "O Caminho". Nós o veremos responsabilizar-se por si mesmo, empenhando-se para viver a

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vida do espírito, recusando viver uma vida atómica egoísta; nós o veremos procurar seu lugar
dentro do todo maior, encontrando-o pelo empenho definido e espontaneamente unindo-se
àquele grupo.

Este é o significado real do ensinamento dado sobre o Caminho nas igrejas católica, protestante
e budista. Todas elas ensinam como trilhar este Caminho, chamando-o por nomes diferentes
tais como o Caminho, o nobre Caminho "Octuplo", o Caminho da Iluminação ou o Caminho da
Santidade. Contudo é o único Caminho, aquele que brilha cada vez mais, até o dia perfeito.

Podemos também esperar pelo desenvolvimento do poder de pensar em termos abstratos, e


pelo despertar da intuição. À medida que as grandes raças se sucederam no planeta, houve um
desenvolvimento ordenado, dirigido, dos poderes da alma e uma sequência definitivamente
planejada. Na terceira Raça Raiz, a Lemuriana, o aspecto físico do homem alcançou um alto
estágio de perfeição. Mais tarde, na grande raça que precedeu a nossa, a atlante, e que pereceu
no dilúvio, desenvolveu-se a natureza emocional do homem. A seguir, na raça à qual
pertencemos, a ariana, ou quinta raça, o objetivo é o desenvolvimento da mente concreta ou
inferior e isto estamos desenvolvendo a cada década. Alguns estão também começando a
desenvolver o poder de pensar em termos abstratos.

Quando for este o caso, veremos mais daquela interessante, especial capacidade que algumas
pessoas demonstram e evidenciam, a que chamamos de capacidade de ser inspirado. Não estou
falando aqui de mediunidade nem quero dizer capacidade mediúnica. Não há nada mais
perigoso do que o usualmente compreendido pelo termo "médium". O médium comum é um
homem de natureza negativa ou receptiva e normalmente é coordenado tão imprecisamente
em sua natureza tríplice que uma força ou entidade exterior pode usar seu cérebro, mão ou
corpo. É um fenómeno bastante comum. A escrita automática, as pranchetas de quija e as
sessões espíritas de baixa categoria são muito comuns hoje em dia e estão levando milhares à
loucura ou a distúrbios nervosos. Mas há algo do qual a mediunidade é simplesmente uma
distorção, e isto é a inspiração. Poder ser inspirado significa que uma mente humana alcançou
uma etapa, em sua evolução, na qual ela está consciente e positivamente sob o controle do seu
eu superior, o Deus interno. Este regente interno, o eu real, pode, pelo contato definido,
controlar seu cérebro físico e tornar o homem capaz de tomar decisões e de compreender a
verdade, completamente separada da faculdade de raciocinar; este Deus interno pode habilitar
o homem a falar, escrever e chegar a verdade sem usar a mente inferior. A verdade está dentro
de nós. Quando pudermos entrar em contato com nosso Deus interno toda a verdade nos será
revelada. Seremos Conhecedores. Isto porém, é uma coisa positiva e não negativa, e significa a
colocação de alguém em alinhamento direto, consciente, com o próprio Ego ou eu superior e
não abrir a personalidade para qualquer entidade ou fantasma.

Pode-se ver esta ocorrência agora, ocasionalmente, mas não é com frequência que o homem
comum entra em contato com seu eu superior. Só em nossos momentos de maior empenho, só
nas grandes crises de nossas vidas e só como resultado de longa disciplina e meditação árdua,
isto pode ocorrer.

Algum dia, porém governaremos toda nossa vida não do ponto de vista pessoal, egoísta, mas do
ponto de vista do Deus interno, Que é uma revelação direta do Espírito no plano superior. O
ponto final que desejo expor esta noite é que o objetivo para cada um de nós é o
desenvolvimento dos poderes da alma ou da psique. Isto significa que você e eu vamos ser
psíquicos. Mas não estou usando esta palavra "psíquico" como é normalmente compreendida
em sua conotação diária. A psique é, literalmente, a alma interior, ou o eu superior, que emerge

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do ser inferior tríplice, do mesmo modo que a borboleta sai da crisálida; é aquela bela realidade
que vamos produzir como resultado de nossa vida ou vidas aqui em baixo. Os verdadeiros
poderes psíquicos são aqueles que nos põem em contato com o grupo. Os poderes do corpo
físico, que usamos cada dia, nos põem em coníato com os indivíduos, mas quando tivermos
desenvolvido os poderes da alma e desenvolvido suas potencialidades, seremos verdadeiros
psíquicos. Quais são estes poderes? Tudo que posso fazer esta noite é enumerar alguns entre
muitos.

Um é o controle consciente da matéria. A maioria de nós controla nossos corpos físicos


conscientemente, fazendo-os levar avante nossos comandos no plano físico. Alguns controlam
as emoções conscientemente, mas poucos entre nós podem controlar a mente. A maioria é
controlada por nossos desejos e por nossos pensamentos. Mas está chegando a época em que
controlaremos conscientemente nossa natureza tríplice inferior. Então, o tempo não existirá de
modo algum para nós. Teremos aquela continuidade de consciência nos três planos de
existência, físico, emocional e mental — os quais nos habilitarão a viver, como o Logos, naquela
abstração metafísica, o Eterno Agora.

Outro poder da alma é a psicometria. Que é psicometria? Poderia ser definida como a habilidade
de tomar de uma coisa tangível, talvez pertencente a um indivíduo e, por intermédio daquilo,
pôr-se en rapport com aquele indivíduo ou com um grupo de indivíduos. A psicometria é a lei
de associação de ideias aplicada à qualidade vibratória e força com o propósito de obter
informação.

Além disso, a raça se tornará clariaudiente e clarividente, o que significa a capacidade de ouvir
e ver tão claramente e agudamente nos planos mais sutis, como o fazemos no físico. Isto
envolverá a capacidade de ouvir e ver tudo que diga respeito ao grupo — isto é, ouvir e ver nas
quarta e quinta dimensões. Não sou matemática o bastante para tentar explicar estas
dimensões e sou capaz de ficar confusa ao considerá-las, mas uma ilustração que me foi dada
pode tornar a coisa toda um pouco mais clara:

Um jovem pensador sueco explicou-me assim: "A quarta dimensão é a habilidade de ver através
e em torno de uma coisa. A quinta dimensão é a capacidade, por exemplo, de tomar um olho e,
por meio desse olho, colocar-se en rapport com todos os outros olhos no sistema solar. Ver na
sexta dimensão pode ser definido como o poder de tomar de um grão de areia da praia e, por
meio dele, pôr-se em sintonia com todo o planeta. Então, na quinta dimensão, onde tomaram o
olho, vocês estariam limitados a uma linha particular de manifestação, mas no caso da sexta
dimensão, onde usaram o grão de areia, vocês entrariam em contato com todo o planeta". Isto
é algo que está muito à nossa frente mas é interessante falar sobre isto, e contém uma promessa
para todos.

Não há tempo para lidar com os outros poderes, nem eu posso enumerar quais serão eles. Curar
pela aposição da mão estará entre eles. A manipulação dos fluidos magnéticos e a criação
consciente por meio da cor e do som são outros. Tudo o que nos diz respeito realmente é que
agora deveríamos tomar a responsabilidade conscientemente, e procurar mais e mais ficar sob
o controle do regente interno, empenhar-nos para nos tornar radioativos e desenvolver a
consciência grupal.

EVOLUÇÃO CÓSMICA

Poderia parecer ridículo alguém comprometer-se a falar sobre a Evolução Cósmica, porque,
naturalmente, este é um assunto que nem eu, nem qualquer mortal, conhece e,

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consequentemente, somos totalmente incapazes de nos expressarmos sobre ele. Todavia,


existem certas deduções que podemos fazer sob a lei de analogia, que podem levar-nos a muitos
interessantes domínios do pensamento.

Nas últimas semanas estivemos considerando a evolução do átomo de etapa em etapa até que
incluímos todo o sistema solar sob o termo "átomo". Primeiro, estudamos o átomo da
substância em linhas gerais, a seguir, estudamos o átomo humano e, mais tarde, aplicamos o
que sabíamos a respeito de ambos à esfera ainda maior, ou átomo, um planeta ao qual
chamamos de átomo planetário; a seguir, estendemos ainda mais a ideia ao átomo do sistema
solar, considerando-o como possuidor de uma posição dentro de um todo ainda maior.

Estudamos três métodos de evolução, ou desenvolvimento, em relação a este assunto.


Consideramos os aspectos que evoluíram por intermédio destes átomos, suas qualidades, ou
natureza psíquica, e vimos como a única qualidade psíquica que se podia postular no átomo da
substância era a qualidade de inteligência. A seguir, passamos às formas atómicas, formas
subhumanas, e vimos como as formas nos dois reinos da natureza, o vegetal e o animal,
demonstravam outra qualidade da Divindade, a da sensação, do sentimento ou amor
embrionário, e emoção; também descobrimos que no reino animal começou a se mostrar uma
terceira qualidade, a da mente rudimentar, e que quando chegamos ao átomo humano tivemos
três aspectos se evidenciando — inteligência, amor e uma vontade central. Estendemos este
conceito ao planeta e ao sistema solar e descobrimos que, atuando através da forma do sistema
solar tínhamos uma grande Inteligência, ou Mente; que o objeto de Sua utilização da forma era
a demonstração de outra qualidade: amor ou sabedoria, o todo sendo energisado por uma
grande VONTADE central. Deduzimos daí que esta VONTADE central poderia ser a manifestação
de uma Entidade Que informa a todo o sistema, desde o átomo inferior da substância até aquela
grande Vida que energisa o esquema planetário.

Tendo exposto estes fundamentos, passamos a considerar a evolução da vida consciente dentro
da forma atómica, descobrindo que um tipo superior de consciência surge consistente-mente
de cada átomo; que a consciência humana se distingue de todas as outras formas inferiores
porque é auto-consciente; que o homem é uma vontade inteligente, desempenhando cada ação
conscientemente, tornando-se consciente de seu meio-ambiente e elaborando uma linha
definida de atividade com um objetivo específico em vista. A auto-consciência do homem leva
a algo mais amplo ainda, à consciência do grande Espírito planetário, que talvez pudesse ser
expresso melhor no termo "consciência grupal". À medida que a evolução progredir, o homem
passará da etapa da auto-consciência na qual você e eu estamos, à conscientização do que
significa consciência grupal, algo ainda praticamente desconhecido, a não ser como um belo
ideal e um sonho que se poderá materializar num futuro distante. A consciência grupal, por sua
vez, logicamente evoluirá até o que nós, por falta de um melhor termo, poderíamos chamar de
consciência de Deus, embora eu desaprove o uso da palavra Deus, devido aos muitos choques
que ele provoca, no mundo, entre os diferentes pensadores da família humana. Estas diferenças
se baseiam grandemente nas diferenças de fraseologia, nos termos usados para expressar ideias
fundamentais, e em métodos variados de organização.

Quando o cientista, por exemplo, fala de força ou energia e os cristãos falam de Deus e o hindu
usa termos análogos a "Eu sou o que eu sou", ou o Ego, estão todos falando da única e mesma
grande vida, mas perderam muito tempo procurando provar os erros, uns dos outros, e a
demonstrar a precisão de sua própria interpretação.

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A seguir vimos que, falando de modo geral, a evolução atômicapodia ser dividida em duas partes
ou etapas; uma, chamada a etapa atômica e a outra, denominada, por não haver um termo
melhor, de etapa radioativa. A etapa atômica é aquela na qual o átomo busca sua vida
egocêntrica, só se preocupa com sua própria evolução e com o efeito dos contatos que faz. A
medida que a evolução prossegue, torna-se claro que no seu devido tempo o átomo começa a
reagir em relação a uma vida maior fora de si mesmo e então, temos o período análogo ao da
construção da forma, no qual os átomos de substância são atraídos por uma carga maior de
energia, ou força elétrica positiva (se quiserem chamá-la assim) que os conduz, ou atrai para si,
e constrói uma forma à custa deles; estes átomos de substância, por sua vez, tornam-se então
elétrons. Descobrimos, assim, que o mesmo processo é usado, tanto no nosso caso quanto no
caso de cada unidade auto-consciente, e que temos uma vida central mantendo dentro de sua
esfera de influência os átomos que constituem os diferentes corpos, mental, emocional e físico;
que nos manifestamos, que nos movemos e vivemos nossa vida e elaboramos nossos objetivos,
atraindo para nós os átomos das substâncias adequados às nossas necessidades, pêlos quais
fazemos os contatos necessários. Estes átomos são, para nós, a vida central, o que os eléirons
são para a carga positiva central no átomo da substância. A seguir vimos que se isso for verdade,
isto é, que existe uma etapa egocêntrica, ou período puramente atômico, para o átomo, e para
o átomo humano, poderíamos logicamente predizer um estágio semelhante para o átomo do
planeta, habitado por sua vida central espiritual. Assim entramos no campo da especulação.
Consideramos, então, se tudo que transpira sobre nosso planeta não poderia ser devido à
condição egocêntrica da Entidade Que está elaborando seu objetivo por meio dele. Finalmente,
levamos adiante a mesma ideia relacionada com o próprio sistema solar.

Passamos então a considerar a segunda etapa, que o cientista tem estudado em relação ao
átomo do físico e do químico nos últimos vinte anos, a etapa radioativa; vimos como houve uma
condição análoga a esta, na evolução do átomo humano e que existe um período que o precede,
paralelo à etapa atómica, onde o homem é puramente egoísta, totalmente egocêntrico, e não
presta atenção ao bem estar do grupo a que pertence. Esta primeira etapa é bastante comum
no mundo de hoje. Uma grande percentagem da família humana está na etapa atômica mas
devemos lembrar-nos que é uma etapa protetora e necessária; ela é atravessada por toda
unidade da família humana na busca de seu lugar no grupo e habilita-a a desenvolver algo de
valor para dar ao grupo quando entrar na segunda etapa.

No mundo de hoje há também unidades da família humana que estão passando para a segunda
etapa, tornando-se radioativas e magnéticas, influenciando outras formas e se tornando
conscientes do grupo; estão saindo do "Eu sou" para a etapa da conscientização do "Eu sou o
que"; a vida e objetivo da grande Entidade de Cujo corpo fazem parte, está começando a ser
reconhecida por elas; estão-se tornando conscientes do propósito que existe por trás da vida do
Espírito planetário Que é o impulso subjetivo que existe por trás da manifestação objetiva na
terra. Estão começando a colaborar com Seus planos, a trabalhar pelo melhoramento de seu
grupo; e a diferença entre eles e os outros átomos da família humana é que eles são conscientes
do grupo, possuem um horizonte mais amplo, um reconhecimento grupal e um objetivo maior.
Ao mesmo tempo, eles não perdem a consciência de si mesmos, nem sua identidade individual,
sua própria vida esferoidal permanece, mas eles colocam toda a força e energia que flui deles,
não ao serviço de seus próprios planos, mas numa cooperação inteligente como Vida maior da
qual fazem parte. Tais homens são poucos e distantes entre si, mas quando forem mais
numerosos, então podemos esperar uma mudança nas condições mundiais, e pela chegada do
tempo que São Paulo menciona quando diz: "Não deveria haver divisão no corpo, mas os
membros deveriam cuidar-se mutuamente. Se um membro sofrer, todos sofrerão com ele, ou

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se um for homenageado, todos se alegrarão com ele... é o mesmo Deus que age tudo em todos.
Há diversidade de dons mas o mesmo espírito; há diferenças de ministérios (ou serviço) mas o
mesmo Senhor"! Quando todos tivermos consciência grupal, quando estivermos todos
conscientes do objetivo que existe por trás da manifestação no planeta, quando formos
conscientemente ativos e empregarmos toda nossa energia na elaboração dos planos grupais,
aí então teremos o que o cristão chama de "milênio".

Se na evolução do átomo da substância e do átomo humano temos estas duas etapas, se elas
são a base de todo desenvolvimento futuro, então dentro do átomo planetário teremos as
mesmas duas etapas, aquela na qual a Vida planetária está elaborando Seus próprios planos, e
uma posterior, na qual Ele adere aos planos maiores da Vida que anima o sistema solar. Não
estando ainda em posição de ter uma entrevista com o Espírito planetário, não sou capaz de
dizer-lhes se Ele já está colaborando com os objetivos do Logos Solar; mas poderíamos obter
alguma ideia dos objetivos gerais, pelo estudo da evolução da raça e do desenvolvimento dos
grandes planos internacionais no planeta. Também devemos ter em mente que, embora nós,
seres humanos, nos consideremos a maior e mais elevada manifestação do planeta, pode haver
outras evoluções através das quais a Vida central pode estar trabalhando e das quais ainda
sabemos pouquíssimo. Não deveríamos estudar só o homem, mas sim considerar também a
evolução angélica, ou a evolução dévica, como o hindu a denomina. Isto nos abre um campo
imenso de especulação e estudos.

Continuando, esperaremos encontrar etapas análogas no sistema solar. Provavelmente


descobriremos que a grande Vida que anima todo o sistema solar, a grande Entidade que o está
usando para a elaboração de um objetivo definido, lhe fornece energia por meio dos grandes
centros de força a que chamamos de átomos planetários; que estes centros, por sua vez,
trabalham por intermédio de centros ou grupos menores, comunicando sua energia, através de
grupos de átomos humanos, aos vários reinos da natureza e, assim, ao minúsculo átomo de
substância, o qual por sua vez, reflete todo o sistema solar. Se pensarmos a respeito da questão
da vida atómica, veremos que ela é muito interessante, e nos leva a muitas linhas de conjecturas.
Um dos principais pontos de interesse que ela abre é a íntima correlação e interação entre todas
as espécies de átomo e a unidade que tudo penetra que deverá ser, finalmente, reconhecida.
Se tivermos descoberto que virá uma etapa na evolução de todos os átomos, de todas as
espécies, na qual eles sentem e buscam seu lugar dentro do grupo, e de positivos transformam-
se em negativos em relação a uma vida maior, se for verdade que em todas estas manifestações
de consciência há uma etapa auto-consciente e uma etapa de consciência grupal, não será lógico
e possível que, talvez, afinal de contas, o nosso sistema solar nada mais seja do que um átomo
dentro de um todo maior? Não poderá haver, para o nosso sistema solar, e para nosso Logos
Solar, uma vida central maior, para a qual o Espírito dentro da esfera solar seja gradualmente
atraído e a Cuja consciência nossa Divindade aspire? Não haverá indicações de tal força ou
objetivo em toda parte? Haverá esferas maiores de vida solar fora do nosso sistema, que
exerçam efeito definido sobre ele? Isto pode não passar de especulação mas tem seus pontos
de interesse. Se estudarmos livros de astronomia e procurarmos nos certificar se os astrónomos
confirmam esta hipótese, deparar-nosemos com grande quantidade de opiniões contraditórias;
descobriremos que alguns astrónomos dizem que dentro das Plêiades há um ponto central em
volta do qual nosso sistema solar gira, outros dizem que o ponto magnético de atra-ção para o
nosso sistema solar está na constelação de Hércules. Por outro lado acharemos isto claramente
contraditório. Descobriremos que alguns astrônomos falam sobre o "impulso de estrela" e
dizem que o impulso, ou tendência, de certas estrelas, tem uma direção específica; outros dizem

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que as distâncias são tão grandes que é impossível determinar se certos sistemas seguem ou
não uma órbita definida.

Todavia, se formos a alguns dos livros antigos, os que chamamos de mitológicos (e um mito pode
ser definido como algo que contém em si uma grande verdade oculta até que estejamos
preparados para compreendê-la), e se estudarmos os livros antigos do Oriente, descobriremos
que em todos eles há duas ou três constelações consideradas como tendo relações
particularmente íntimas com nosso sistema solar. Os astrónomos modernos ainda mostram
uma atitude agnóstica em relação a este ponto de vista e da visão da ciência materialista, é
verdade. O que estou procurando enfatizar aqui é que um tópico que divide as opiniões dos
astrônomos e cientistas mas que, todavia, é um assunto de disputa, e sobre o qual os Livros
Orientais proclamam uma opinião definida, deve-se basear em um fato e que provavelmente
existe um aspecto de verdade na assertiva. Pessoalmente, eu sugeriria que aquele aspecto da
verdade será encontrado, não segundo ângulos físicos de interpretação, mas segundo ângulos
da consciência; que é a evolução psíquica que se processa dentro de todos os átomos (usando
psíquica no sentido de consciência subjetiva) que é sugerida nestes livros e a ênfase é posta
numa relação oculta que teríamos com os outros sistemas solares. Aqui talvez possamos
descobrir a verdade. A vida subjetiva pode ser uma; a energia que flue entre eles pode ser uma;
mas a diversidade está na forma física. Talvez na evolução da inteligência, na manifestação do
amor ou da consciência grupal e no desenvolvimento 44 da vontade ou propósito, esteja a
unidade, a unidade da vida subjetiva e no reconhecimento final de que, na forma, e somente na
forma, estão a separação e a diferenciação.

Os antigos livros do Oriente indicam, ao considerar este assunto, que as sete estrelas da Ursa
Maior, as sete estrelas das Plêiades, e o Sol Sirio, têm uma relação muito íntima com nosso
sistema solar e que eles mantêm uma íntima relação magnética com nosso Logos solar.

Vimos que o objetivo do átomo da substância é a auto-consciência, e que para a Entidade Que
está evoluindo por meio de um planeta, o objetivo pode ser a consciência de Deus. Agora,
quando consideramos o Logos solar, as palavras faltam, contudo deve haver um objetivo para
Ele. Podemos chamá-la de Consciência Absoluta, se quiserem. Exemplifiquemos novamente.
Foi-nos dito que nosso corpo é formado de uma multiplicidade de pequenas vidas, ou células,
ou átomos, tendo cada um sua própria consciência individual. A consciência do corpo físico, vista
como um todo, poderia, do ponto de vista do átomo, ser considerada como sua consciência
grupal. Temos, a seguir, a consciência do homem, o pensador. É ele quem dá energia ao corpo,
e o dirige à sua vontade — isto é, para o átomo em seu corpo, análoga ao que poderíamos
chamar de Consciência de Deus. A conscientização de nossa consciência está tão distante da do
átomo quanto a consciência do Logos solar está distante da nossa. Agora, para o átomo de nosso
corpo, não poderia aquela consciência do Logos Solar ser chamada de Consciência Absoluta?
Este pensamento poderia estender-se ao átomo humano, ao átomo planetário e
posteriormente poderemos declarar que o Logos solar alcança uma consciência além da Sua
própria, análoga àquela que se estende entre o átomo de seu corpo e Ele próprio. Temos então
uma visão maravilhosa se abrindo. Isto é, todavia, encorajador em si mesmo; porque se
estudarmos minuciosamente a célula em um corpo físico, e considerarmos a longa estrada que
foi percorrida entre a sua consciência e a que o homem agora sabe ser sua, temos a promessa e
a esperança de conquista futura, e o incentivo para persistir em nosso esforço.

Os antigos livros do Oriente mantiveram em segredo, por muitas eras, a verdade sobre muito
que só agora começa a penetrar a consciência do Ocidental. Eles ensinaram a radioatividade da

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matéria há milhares de anos e talvez haja, afinal de contas, uma parcela igual de verdade em
seu ensinamento sobre as constelações. Talvez, nas estrelas que podemos ver nos céus distantes
e na vida que nelas evolui, tenhamos o objetivo de nosso Logos solar, e as influências que fluem
em sua dire-ção, atraindo-o para elas, tornando-o, em seu devido tempo, radioativo. Os livros
Orientais dizem que no sol Sirio está a origem da sabedoria e que a influência ou energia do
amor emana de lá. A seguir, dizem que existe uma constelação que está mais intimamente ligada
ao nosso Logos Solar, sendo a razão que Ele ainda não está suficientemente evoluído para poder
responder completamente a Sirius, mas Ele pode reagir à influência das sete irmãs das Plêiades.
Este grupo é bastante interessante. Se no dicionário procurarmos a palavra "eletricidade"
encontraremos a sugestão que pode ter origem na estrela "Electra", uma das sete irmãs, que
alguns supõem seja a pequena Plêiade perdida. Os mestres Orientais, dizem que no mistério da
eletricidade está oculto todo o conhecimento, e que quando tivermos penetrado nele
saberemos tudo que existe para ser conhecido. Qual passa ser a relação das Plêiades com nosso
sistema solar não nos é possível dizer, mas até a nossa Bíblia Cristã a reconhece e Jó fala das
'doces influências das Plêiades', enquanto algumas das Escrituras Orientais afirmam que a
relação está no som ou vibração. Talvez as Plêiades sejam a origem da vida atômica do nosso
Logos, o aspecto inteligente ativo, aquele que foi primeiro desenvolvido e que poderíamos
chamar de matéria elétrica.

A seguir há a Ursa Maior. Há muita coisa interessante dita nos escritos Orientais sobre a relação
entre a Ursa Maior e as Plêiades. Diz-se que as sete irmãs são as sete esposas das sete estrelas
da Ursa Maior. Qual será, afinal, a verdade por trás da lenda? Se as Plêiades são a origem da
manifestação elétrica, o aspecto inteligente ativo do sistema solar, e sua energia a que anima
toda a matéria, talvez elas representem o aspecto negativo cujo pólo oposto, ou aspecto
positivo, são seus sete maridos, as sete estrelas da Ursa Maior. Talvez a união destas duas seja
o que produz nosso sistema solar. Talvez estes dois tipos de energia, um das Plêiades e o outro
da Ursa Maior, se encontrem e sua conjunção produza aquela incandescência nos céus que
chamamos de nosso sistema solar.

A relação destas duas constelações, ou talvez sua relação subjetiva, deve realmente ter alguma
base, de fato, ou não a teríamos vislumbrado nas diferentes mitologias. Deve haver algo que as
una, dentre as miríades de constelações, com o nosso sistema solar. Mas quando tentamos
darlhe uma interpretação puramente física, nos perdemos. Se a trabalharmos segundo linhas da
vida subjetiva e a ligarmos como energia, qualidade, ou força, poderemos tropeçar sobre a
verdade e descobrir um pouco da realidade que pode subjazer ao que à primeira vista parece
ser uma fábula sem sentido. Qualquer coisa que amplie nosso horizonte, que nos habilite a uma
versão maior e mais clara do que acontece no processo evolutivo, nos é valioso, não porque a
acumulação de fatos verificados seja valiosa, mas devido ao que ela nos capacita a fazer dentro
de nós mesmos; nossa habilidade de pensar em termos mais amplos e maiores aumenta;
habilitamo-nos a ver além do nosso ponto de vista egocêntrico, e a incluir em nossa consciência
aspectos diferentes do nosso. Ao fazer isto, estaremos desenvolvendo a consciência grupal, e
finalmente compreenderemos que os fatos aparentemente maravilhosos enfatizados como
sendo a verdade total, e pêlos quais morremos e lutamos através dos tempos, não passaram,
afinal de contas, de fragmentos de um plano e porções infinitesimais de uma soma total
gigantesca. Talvez, então, quando voltarmos à terra e pudermos olhar as coisas que nos
interessam agora e que consideramos tão importantes, descobriremos como os fatos estavam
errados, como então os compreendíamos. Os fatos, em última análise, não são importantes; os
fatos do século passado não são mais fatos agora, e no próximo século os cientistas talvez riam
das nossas afirmações dogmáticas e se admirem de como pudemos considerar a matéria da

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maneira que o fizemos. é o desenvolvimento da vida e a relação da vida com tudo que a rodeia,
o que realmente importa; e, acima de tudo, a influência que exercemos sobre as pessoas com
quem mantemos contato e o trabalho que fazemos, que afeta, para o bem ou para o mal, o
grupo onde nos encontramos.

Ao terminar está série de palestras, o melhor seria repetir São Paulo, onde ele diz:

"Considero que os sofrimentos da época atual não são dignos de serem comparados à glória que
nos será revelada...porque somos salvos pela esperança... porque estou convencido que nem a
morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem os poderes, nem as coisas atuais ou
as que virão, nem a altura nem a profundidade, nem qualquer outra criatura, poderá nos separar
do amor de Deus".

i
PEIXOTO, Norberto, Elucidações de Umbanda: a Umbanda sob um novo olhar universalista. Ditada
pelos espíritos de Ramatís e Vovó Maria Conta. Porto Alegre, Legião Publicações, 2018.

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