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Análise da Obra: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis

28.05.2019 Raquel Figueiredo Cardoso

1. O CONTEXTO LITERÁRIO : REALISMO

 Contexto Histórico: Abolição da escravatura (1888); Proclamação da República (1889);


Desenvolvimento científico: materialismo e racionalismo; Burguesia X Proletariado.
 Correntes Filosóficas:
o Positivismo de Auguste Comte: os meios de se atingir o conhecimento são a observação, a
experimentação e a comparação;
o Determinismo histórico e geográfico de Taine: o comportamento humano é determinado pela
hereditariedade, pelo meio e pela circunstância;
o Evolucionismo de Darwin: o homem descende de animais irracionais e luta por sua
existência em um processo de seleção natural que elimina os mais fracos;
o Socialismo utópico de Proudhon;
o Socialismo científico de Marx e Engels – críticas à burguesia: análise socioeconômica sobre as
relações de classe visando à transformação social.
 Europa: Emile Zola e Gustave Flaubert;
 Brasil: Machado de Assis, Adolfo Caminha, Aluísio Azevedo, Raul Pompeia.
Oposição ao Romantismo – Racionalidade, objetividade, impassibilidade, retrato fiel da vida
contemporânea (sociedade burguesa e seus valores e instituições) para desnudá-la;
Naturalismo: estudo do homem natural; anilmalização/zoomorfzação do homem, leis físico-químicas
e influencia do meio no comportamento humano; instintos; Experimental, observação, cientifico,
experiência, engajado: denuncia, aspectos torpes e degradantes.
Questão Coimbrã: Romantismo (Antonio Feliciano de Castilho) x Realismo (Antero de Quental e
Teofilo Braga). Bom senso e bom gosto / Realismo sai vitorioso;
POESIA REALISTA: Reforma da mentalidade portuguesa. Antero de Quental e Teófilo Braga;
PROSA DO REALISMO E NATURALISMO: Literatura: Espelho, que deveria refletir as contradições
sociais, retratando-as pela analise critica de suas principais instituições: religião, casamento, família,
etc.XIX.

2. O AUTOR: MACHADO DE ASSIS (RIO DE JANEIRO, 1839 - 1908)


Maior escritor brasileiro em prosa;
Realismo psicológico, sutil;
Densidade de penetração nos recônditos mais profundos da alma humana;
Ascendência humilde, mulato, tímido, gago e epiléptico.
Poesia, romance, contos e teatro.
- FASE ROMANTICA: A mão e a luva, Helena;
- FASE REALISTA: Memorias póstumas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Ejaú
e Jacó.
Recursos estilísticos de Machado de Assis:
o narrador não confiável, que ilude, provoca, desconcerta o leitor;
o reticencias, omissões, lacunas, digressões;
o reflexões metalinguísticas; análise psicológica;
o quebra de linearidade;
o linguagem ambígua;
o essência x aparência.

3: A OBRA. MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS” (1881), DE MACHADO DE A SSIS


o Verossimilhança entre ficção e realidade;
o Maior densidade psicológica das personagens;
o Excesso de descrições;
o Materialização do amor;
o Denúncia das injustiças sociais;
o Determinismo associado à causalidade (causa + efeito);
o Linguagem próxima da realidade;
o Focalização na burguesia.
(Unifesp 2018) Talvez o aspecto mais evidente da novidade retórica e formal na composição dessa obra
seja justamente a metalinguagem ou a autorreflexividade da narrativa, quer dizer, o narrador “explica”
constantemente para o leitor o andamento e o modo pelo qual vai contando suas histórias. Essa
autorreflexividade tem um importante efeito de quebra da ilusão realista, pois lembra sempre o leitor de
que ele está lendo um livro e que este, embora narre a respeito da vida de personagens, é apenas um livro,
ou seja, um artifício, um artefato inventado.
Pode-se dizer também que a reflexão do narrador, além de revelar a poética que preside a composição de
sua narrativa, revela também a exigência dessa poética de contar com um novo tipo de leitor: o narrador
como que pretende um leitor participante, ativo e não passivo. (Valentim Facioli. Um defunto estrambótico,
2008. Adaptado.)

4: RESUMO DO ENREDO .
Na abertura do livro, uma dedicatória escrita sob a forma de um epitáfio anuncia o narrador desse
romance inusitado:
Brás Cubas, um defunto-autor que começa contando detalhes do seu funeral. Depois de algumas
digressões, ele retoma a ordem cronológica dos acontecimentos:
relatando a infância e a primeira paixão da adolescência, aos 17 anos, pela cortesã Marcela. Presenteia
tanto a amada que o pai, irritado com o gasto excessivo, manda-o estudar Direito em Coimbra, Portugal.
Assim como foi, também volta a chamado do pai porque a mãe está à morte. Namora então Eugênia, a
filha de uma amiga pobre da família, enquanto o pai procura arranjar um casamento de interesse com
Virgília, a filha de um político, o Conselheiro Dutra. Ela, no entanto, casa-se com um político, Lobo Neves,
e posteriormente se torna amante de Brás, mantendo com ele encontros na casa habitada por dona
Plácida. Antes de o caso começar, morre o pai de Brás. Começa então um litígio entre ele e a irmã Sabina
pela herança.
Em meio a tudo isso, o protagonista Brás reencontra Quincas Borba, amigo dos tempos de escola, que
lhe apresenta uma doutrina filosófica que criara, o Humanitismo. Virgília parte para o Norte,
acompanhando o marido, nomeado presidente de província. Brás namora então a sobrinha do cunhado
Cotrim, mas a garota morre aos 19 anos.
Ele, que já se tornara deputado, fracassa na tentativa de virar ministro de Estado. Frustrado, funda um
jornal de oposição. Percebe, então, que Quincas Borba está enlouquecendo progressivamente.
Procurado por Virgília, já idosa, Brás ampara dona Plácida, que morre pouco depois.
É um período cheio de perdas e decepções: morrem Marcela, o louco Quincas Borba, Lobo Neves e
Eugênia aparece em um cortiço
Ao tentar inventar um emplasto que lhe daria a fama tão desejada, Brás Cubas adoece e recebe a visita
da ex-amante Virgília e do filho dela.
Morre depois de um delírio, aos 64 anos.
Decide, então, contar sua vida em detalhes, mas, pouco sistemático que é, e ainda excitado pela
experiência da morte, sua narrativa segue a lógica do pensamento.
O caráter inovador de Memórias Póstumas de Brás Cubas não está na história propriamente dita ou na
seqüência cronológica dos fatos.
A melhor chave para compreender a obra são as reflexões do personagem, como elas se encadeiam e se
misturam aos eventos que ele vive.

5: PERSONAGENS
Os personagens criados por Machado de Assis entram e saem de cena conforme os pensamentos de
Brás Cubas.
BRÁS CUBAS – filho abastado da família Cubas, é o narrador
do livro; conta suas memórias, escritas após a morte, e nessa
condição é o responsável pela caracterização de todos os demais
personagens.
VIRGÍLIA – grande amor de Brás Cubas, sobrinha de ministro, e a quem o pai do
protagonista via como grande possibilidade de acesso, para o filho, ao mundo da política
nacional.
MARCELA – amor da adolescência de Brás.

EUGÊNIA – a “flor da moita”, nas palavras de Brás, já que era filha de um casal que ele
havia flagrado, quando criança, namorando atrás de uma moita; o protagonista se interessa
por ela, mas não se dispõe a levar adiante um romance, porque a garota era coxa.
NHÃ LO LÓ – última possibilidade de casamento para Brás Cubas, moça simples, que morre de febre
amarela aos 19 anos.
LOBO NEVES – casa-se com Virgília e tem carreira política sólida, mas sofre o adultério da esposa
com o protagonista.
QUINCAS BORBA – teórico do humanitismo, doutrina à qual Brás Cubas adere, morre demente.
DONA PLÁCIDA – representante da classe média, tem uma vida de muito trabalho e sofrimento.
PRUDÊNCIO – escravo da infância de Brás Cubas, ganha depois sua alforria.
Personagens complementares:
Entre eles, quem merece maior destaque é Quincas Borba, que, mais tarde, será o personagem-título
de outro romance do autor.
Ele influencia profundamente o narrador com a sua teoria do Humanitismo.
Os dois conheceram-se no colégio e reencontram-se muitos anos depois. Quincas é
um mendigo que vai enlouquecendo progressivamente.
Ao morrer, está completamente fora de si. Seu Humanitismo prega que tudo o
que acontece na vida faz parte de um quadro maior de preservação da essência
humana.
A ironia é uma das marcas da obra de Machado de Assis. Nesta obra isso fica
claro quando o autor faz com que uma doutrina de valorização da vida seja
defendida justamente por um mendigo que morre completamente louco.

(Fac. Albert Einstein - Medicin 2018) O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão
fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um
imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita? Tal era a pergunta que eu vinha
fazendo a mim mesmo ao voltar para casa, de noite, sem atinar com a solução do enigma. O melhor que
há, quando se não resolve um enigma, é sacudi-lo pela janela fora; foi o que eu fiz; lancei mão de uma
toalha e enxotei essa outra borboleta preta, que me adejava no cérebro.
O trecho acima integra o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Dele, e
compreendendo a obra como um todo, pode-se afirmar que alude à personagem
a) Virgília, com quem o narrador teve um caso amoroso e com quem acabou se unindo em
matrimônio.
b) Marcela, que foi o primeiro grande amor da vida de Brás Cubas, mas que terminou na miséria e
morreu abandonada no hospital da Ordem.
c) Eulália, também chamada de Nhã-loló, que nutriu grande amor por Brás Cubas, mas morreu aos
dezenove anos mereceu um epitáfio por parte do autor.
d) Eugênia, que também foi chamada de “A ¬flor da moita”, por ter sido fruto de um relacionamento
clandestino entre dona Eusébia e o Vilaça.

6: QUESTÕES
1. (Fuvest-SP) O romance Memórias póstumas de Brás Cubas publicou-se num momento significativo da
literatura brasileira, tanto para a carreira de Machado de Assis, como para o desenvolvimento da prosa no
Brasil. Tornou-se um divisor entre:
a) a prosa romântica e a realista-naturalista;
b) o romantismo e o cientificismo literário;
c) os remanescentes clássicos e a necessidade de modernização;
d) o espírito conservador e o espírito revolucionário;
e) a prosa finissecular e a imposição renovadora da época.

2. (PUC-SP) “Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao coração de Marcela...” “Marcela amou-me
durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.” As duas citações anteriores integram o
romance Memórias póstumas de Brás Cubas, escrito por Machado de Assis. Delas pode inferir-se que:
a) em ambas há igual manifestação da relação temporal e espacial.
b) apenas em uma há referência espacial geográfica e sentimental.
c) nenhuma apresenta discrepância semântica entre as relações espaciais.
d) ambas operam com a relação de tempo e de espaço.
e) nenhuma revela discrepância semântica entre as relações temporais.

3. (PUC-SP) “Este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param,
resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...”
Este trecho integra o capítulo “O senão do livro”, do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de
Machado de Assis. Dele e do livro como um todo, é possível depreender que:
a) se marca pela função metalinguística, já que o narrador-autor reflete sobre o próprio ato de escrever e
analisa criticamente seu estilo irregular e vagaroso.
b) afirma que o livro “cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica” porque foi escrito do além, é uma
obra de finado e trata apenas de fatos da eternidade.
c) é um capítulo desnecessário e o próprio narrador pensa em suprimi-lo por causa do despropósito que
contém em suas últimas linhas e porque viola a estrutura linear dessa narrativa.
d) foge do estilo geral do autor, uma vez que interrompe o fio da narrativa com inserções reflexivas.
e) julga o leitor, com quem excepcionalmente dialoga, o grande defeito do livro, já que o desconsidera ao
longo do romance.

4. (FGV-SP) Sobre o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é correto afirmar
que:
a) marca o início do Romantismo na literatura brasileira.
b) o nascimento do filho do protagonista com Virgília redime a tristeza de Brás Cubas.
c) o contato de Brás Cubas com a filosofia do Humanismo é-lhe facultado pelo amigo Quincas Borba.
d) Marcela era realmente apaixonada por Brás Cubas.
e) as personagens femininas do romance têm a ingenuidade das heroínas românticas.

5. (UFMG) Considerando-se o narrador de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é


INCORRETO afirmar que ele:
a) aborda, de forma humorística, os temas trágicos da morte e da loucura.
b) apresenta, por intermédio de Quincas Borba, o sistema filosófico denominado Humanitismo.
c) convoca frequentemente o leitor a envolver-se na narrativa.
d) relata suas memórias, tendo como ponto de partida fatos decisivos de sua infância.

6. (UFMG) Todas as alternativas sobre o narrador de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de
Assis, estão corretas, EXCETO:
a) Analisa o ser humano, focalizando o seu lado negativo, seus defeitos morais.
b) Conta a história de forma regular e fluente, preocupando-se com a compreensão do leitor.
c) Informa que a causa de sua morte foi uma ideia fixa, a obsessão com o emplastro Brás Cubas.
d) Não hesita em apontar seus próprios erros e imperfeições, pois está a salvo dos juízos alheios.
e) Não vê com bons olhos a figura do crítico, chegando mesmo a ridicularizá-lo.

7. (UFMG) Todos os trechos extraídos de Memórias póstumas de Brás Cubas expressam a ideia de que o
ser humano sempre se mira num espelho social, o olhar do público, EXCETO:
a) “Então, — e vejam até que ponto pode ir a imaginação de um homem, com sono, — então, pareceu-me
ouvir de um morcego encarapitado no tejadilho: Sr. Brás Cubas, a rejuvenescência estava na sala, nos
cristais, nas luzes, nas sedas, — enfim, nos outros.”
b) “Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cérebro e muito coração, assaz crédula, sinceramente
piedosa, — caseira, apesar de bonita, e modesta, apesar de abastada; temente às trovoadas e ao marido. O
marido era na Terra o seu deus. Da colaboração dessas duas criaturas nasceu a minha educação (...)”
c) “Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os
trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à
consciência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si
mesmo...”
d) “O alienista notou então que ele escancarava as janelas todas desde longo tempo, que alçara as
cortinas, que devassara o mais possível a sala, ricamente alfaiada, para que a vissem de fora, e concluiu:
— Este seu criado tem a mania do ateniense: crê que todos os navios são dele; uma hora de ilusão que lhe
dá a maior felicidade da terra.”
e) “Pareceu-me então (e peço perdão à crítica, se este meu juízo for temerário!) pareceu-me que ele tinha
medo — não de mim, nem de si, nem do código, nem da consciência; tinha medo da opinião. Supus que
esse tribunal anônimo e invisível, em que cada membro acusa e julga, era o limite posto à vontade do Lobo
Neves.”

08. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2016) Trecho A


Todavia, importa dizer que este livro é escrito com pachorra, com a pachorra de um homem já
desafrontado da brevidade do século, obra supinamente filosófica, de uma filosofia desigual, agora
austera, logo brincalhona, coisa que não edifica nem destrói, não inflama nem regela, e é todavia mais do
que passatempo e menos do que apostolado.

Trecho B
Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular
e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param,
resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem.

Os trechos acima, do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, apresentam,
ambos, dominantemente linguagem de idêntica função, ou seja,
a) Metalinguística, por explicitar os conteúdos do livro e explicar a forma de produção de seu estilo.
b) Conativa, por incidir persuasivamente sobre o leitor e convencê-lo da verdade da obra.
c) Poética, por usar significativo processo de seleção e de combinação das palavras, caracterizando a
montagem estética do texto.
d) Referencial, por informar dominantemente sobre a filosofia do livro e os movimentos pachorrentos do
autor.

09. (Enem 2013) Capítulo LIV — A pêndula


Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que
nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me
muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante
menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a
contá-las assim:
— Outra de menos…
— Outra de menos…
— Outra de menos…
— Outra de menos…
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater
nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou
acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao
despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.
Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias
tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para
ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília,
casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos,
porque
a) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.
b) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.
c) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.
d) o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas.
e) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.

10. (Fac. Albert Einstein - Medicin 2016) Um dos capítulos do romance Memórias Póstumas de Brás
Cubas, de Machado de Assis, denomina-se O Humanitismo. Partilha da grande sátira que constitui a obra
e se torna um “nonsense” das memórias nela apresentadas. - Assim, a respeito do Humanitismo, de
acordo com o romance, é INCORRETO afirmar que
a) é uma teoria que, criada por Brás Cubas e difundida por Quincas Borba, apoia-se no princípio de
humanitas que, segundo seu autor, rege as condicionantes da vida e da morte, não obstante revigorar o
sintoma da hipocondria e exaltar a existência da dor.
b) é uma teoria, espécie de mescla bufa de pensamentos filosóficos que vão da tradição grega até o século
XIX, utilizada por Machado de Assis para fazer caricatura do Positivismo e do Evolucionismo, teorias
científicas e filosóficas em voga na época.
c) é uma doutrina de valorização da vida, defendida por um mendigo que acaba seus dias em plena
loucura, caracterizando, essa situação, forte ironia como marca estruturante desta obra machadiana.
d) é uma teoria que convém a Brás Cubas para justificar a vacuidade de sua existência e dar a ele uma
ilusão da descoberta de um sentido para sua vida e pela qual ele acaba se orientando.

11. (Fuvest 2018) Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não
fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a
boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de dona Plácida,
nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que
não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao
chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste
capítulo de negativas: – Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

Não sei por que até hoje todo o mundo diz que tinha pena dos escravos. Eu não penso assim. Acho que se
fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz. Ser obrigada a ficar à toa é que seria castigo para
mim. Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa; a minha esperteza é que a amofina.
Eu então respondo: “Se eu fosse preguiçosa não sei o que seria da senhora, meu pai e meus irmãos, sem
uma empregada em casa”.
Helena Morley, Minha vida de menina.
São características dos narradores Brás Cubas e Helena, respectivamente,
a) malícia e ingenuidade.
b) solidariedade e egoísmo.
c) apatia e determinação.
d) rebeldia e conformismo.
e) otimismo e pessimismo.

12. (Unicamp 2016) (...) pediu-me desculpa da alegria, dizendo que era alegria de pobre que não via,
desde muitos anos, uma nota de cinco mil réis.
– Pois está em suas mãos ver outras muitas, disse eu.
– Sim? acudiu ele, dando um bote pra mim.
– Trabalhando, concluí eu. Fez um gesto de desdém; calou-se alguns instantes, depois disse-me
positivamente que não queria trabalhar. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p.158.)
O trecho citado diz respeito ao encontro entre Brás Cubas e Quincas Borba, no capítulo 49, e, mais
precisamente, apanha o momento em que Brás dá uma esmola ao amigo.
Considerando o conjunto do romance, é correto afirmar que essa passagem
a) explicita a desigualdade das classes sociais na primeira metade do século XIX e propõe a categoria de
trabalho como fator fundamental para a emancipação do pobre.
b) indica o ponto de vista da personagem Brás Cubas e propõe a meritocracia como dispositivo pedagógico
e moral para a promoção do ser humano no século XIX.
c) elabora, por meio do narrador, o preconceito da classe social a que pertence Brás Cubas em relação à
classe média do século XIX, na qual se insere Quincas Borba.
d) sugere as posições de classe social das personagens machadianas, mediante um narrador que valoriza o
trabalho, embora ele mesmo, sendo rico, não trabalhe.

13. (Pucsp 2017) O Almocreve


Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais
três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, com tal desastre, que o pé esquerdo me ficou preso no
estribo; tento agarrar-me ao ventre do animal, mas já então, espantado, disparou pela estrada fora. Digo
mal: tentou disparar, e efetivamente deu dois saltos, mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de
lhe pegar na rêdea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e
pus-me de pé.
– Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve.
(...) Resolvi dar-lhe (...) uma recompensa digna da dedicação com que ele me salvou.
Este trecho é retirado do capítulo que exemplifica bem a personalidade e o caráter do narrador. Assim,
considerando o episódio como um todo, no ato final da recompensa, Brás Cubas
a) foi extremamente generoso e deu ao almocreve três moedas de ouro das cinco que trazia consigo.
b) ofertou-lhe apenas um cruzado em prata e considerou que havia pagado bem o gesto de seu salvador.
c) reduziu a recompensa para apenas uma moeda de ouro, pois afinal o almocreve era um pobre diabo.
d) deu-lhe umas moedas de cobre e considerou-se pródigo, pois entendeu que não houve mérito algum no
gesto do almocreve e que ele fora apenas um instrumento da Providência.

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