A inclusão social e escolar é resultado de lutas sócio históricas advindas
do movimento direcionado pela sociedade, porém, atualmente, a maneira como a educação é atendida, no que tange à adoção de políticas que visem garantia a inclusão de todos na escola regular é uma realidade recente. Sobre este assunto, os estudos e pesquisas de Ribeiro (1979), Cecim (1997),Beyer (2005), Áries (1981) evidenciam que historicamente a escola recebia a uma população bastante restringida, remetendo-se mais nomeadamente às famílias de poder aquisitivo mais elevado, os investimentos de verbas públicas em educação, sempre foram escassos; o número de escolas e a consequente oferta de vagas não atendiam a toda a população em idade escolar. Assim sendo, a escola se limitava aqueles que apresentavam condições financeiras, cognitivas, sociais, culturais, afetivas, entre outras, de ingressarem nela e ali permanecerem, porque atendiam seus pré-requisitos ou pressupostos. A educação historicamente sempre foi designada a poucos e, em se tratando dos indivíduos com necessidades educacionais especiais, ou seja, as crianças e jovens cujas necessidades derivam de sua capacidade, dificuldade de aprendizagem ou deficiência, a exclusão foi o preceito no transcorrer dos tempos e não a exceção, pois as pessoas com deficiência eram consideradas “anormais”, não atendiam aos conceitos já formados sobre normalidade, sendo afastados de qualquer convívio social, pois a deficiência era tida como maldição. Segundo Mazzotta (2005, p.16), “Havia [...] uma completa omissão da sociedade em relação à organização de serviços para atender as necessidades individuais específicas dessa população”. Contudo, a despeito do conceito de exclusão subjacente à história das pessoas com deficiência, a própria evolução histórica instituiu mecanismos de ruptura com os modelos tradicionais e fez brotar novos padrões que vêm responder às demandas e necessidades da sociedade atual. Assim, há aproximadamente duas décadas, passou a existir um movimento mundial em prol da inclusão das pessoas com deficiência, uma vez que esses indivíduos não poderiam ser mais relegados e abandonados a sua própria sorte, especificamente no que diz respeito ao direito à educação de qualidade, preferencialmente no contexto regular de ensino. O Brasil optou estabelecer um sistema educacional inclusivo ao concordar com a Declaração Mundial de Educação para todos, firmada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, e ao demonstrar concordância com os postulados determinados na Conferência Mundial sobre necessidades educacionais especiais: acesso e qualidade, realizada em Salamanca, na Espanha, em 1994. Por educação de qualidade no contexto regular de ensino compreende-se um sistema educacional capaz de responder aos anseios dos educandos, como ressalta a política do Ministério da Educação: Tal política abrange: o âmbito social, do reconhecimento das crianças, jovens e adultos especiais como cidadãos e de seu direito de estarem integrados na sociedade o mais plenamente possível; e no âmbito educacional, tanto os aspectos administrativos (adequação do espaço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos), quanto na qualificação dos professores e demais profissionais envolvidos. Propõe-se uma escola inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que a participação da comunidade é fator essencial. (BRASIL, 2004, p. 20) É importante salientar que os pareceres legais de garantia à inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular é uma realidade, portanto, é necessário que a escola consiga exercer e aplicar os reais objetivos da inclusão. Para que de fato seja efetivo é preciso que a escola passe por reestruturações em nível de organização e planejamento, sendo que a especialidade essencial a ser adquirida é a flexibilidade, de maneira a adaptar o contexto educacional onde se manifestam as dificuldades. Nesse contexto, Ferreira e Ferreira (2007) ressaltam que, de acordo com pesquisas educacionais de autores como Caetano (2002), Dechichi (2001), Lacerda e Góes (2002) e Lopes (1999), os alunos incluídos nas escolas regulares, em sua maioria, dependem de suas famílias para alcançar condições de apoio no processo de desenvolvimento escolar, sendo comum que os alunos com necessidades educacionais especiais estejam inseridos em salas de aula em condições de aprendizagem escassas ou problemáticas.