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1 INTRODUÇÃO 1
2 CASO CLÍNICO 2
3 AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 3
4 PROTOCOLOS DE QUALIDADE DE VIDA 10
5 PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO 11
6 CONCLUSÃO 13
AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO DE UM PACIENTE COM
NÓDULOS VOCAIS
Resumo: Este estudo tem como objetivo explicar um caso clínico de uma paciente
diagnosticada com disfonia organofuncional, atendida no Ambulatório de Voz do
Hospital São Geraldo, anexo do Hospital das Clínicas da UFMG. O Protocolo de
Avaliação Fonoaudiológica da Voz (versão 2°/2014) adotado no ambulatório foi
utilizado para avaliação fonoaudiológica da voz da paciente. De acordo com os
dados obtidos, um planejamento terapêutico foi proposto para o tratamento da
paciente apresentada.
1 INTRODUÇÃO
Para Behlau (2001), o comportamento vocal inadequado por mau uso e abuso vocal
é o principal motivo que pode acarretar na formação de nódulos. Essas lesões
representam o resultado de uma longa e rica história de alterações no
comportamento vocal e fonotrauma. Algumas profissões são consideradas de risco
para o desenvolvimento de nódulos, particularmente as que envolvem atividades
letivas para grupo de alunos.
2 CASO CLÍNICO
Tem como queixa principal “voz rouca e cansaço quando fala” e relata que antes a
voz ficava ruim e melhorava quando descansava no final de semana e nas férias. A
paciente percebeu que nos últimos 02 anos a voz está ficando constantemente
rouca e que tem dificuldade para dar aula quinta e sexta, pois a voz falha muito e
sente muito esforço para falar. Já havia sido encaminhada para fonoaudiologia em
2011, mas não teve tempo para realizar o tratamento.
Segundo Behlau (2001) "nos estágios iniciais, os nódulos podem ser vistos como
edema localizado. A literatura aponta que tais lesões localizam-se na junção do terço
anterior com o terço médio da prega vocal, mas na verdade, as lesões se encontram
mais localizadas na porção vibrante da prega vocal, onde as forças de impacto
durante a vibração são maiores", ressalta também que "a fenda glótica geralmente é
triangular médio-posterior ou uma fenda dupla. Elas antecedem a formação do
nódulo e são aumentadas pela sua presença, reduzindo com a absorção das lesões
e com as mudanças das relações musculares intrínsecas e extrínsecas da laringe",
estando então essas alterações de acordo com o presente caso.
3 AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
O hábito de ingerir café frequentemente pode ser prejudicial para a saúde vocal,
visto que é constituído pela cafeína, uma substância neuroestimulante que pode
causar ressecamento da mucosa do trato vocal, refluxo gastroesofágico, irritações
laríngeas e alterações na qualidade vocal, além de tremor associado a tiques vocais
e velocidade de fala acelerada, dificultando a compreensão (Penteando et al. 2008).
O fato de a paciente trabalhar em um ambiente com acústica ruim faz com que, de
forma reflexa, ela eleve a voz em um esforço para se comunicar, tentando vencer o
ruído de fundo. Chamamos isso de competição sonora. Segundo Amato (2010),
essa situação gera um estresse nas pregas vocais e em toda a estrutura da laringe,
tornando a voz rouca, ou seja, passam a ter dificuldades em sua vibração.
Segundo Behlau (2001) “as propriedades mecânicas de cobertura das pregas vocais
determina as características vibratórias das mesmas e a voz resultante”, estando
essas propriedades alteradas na presença de qualquer lesão de massa. Dessa
forma, rouquidão e soprosidade são aspectos observados na avaliação
perceptivo-auditiva na presença de nódulos vocais. Além disso, observa-se também
que indivíduos com nódulos vocais podem se queixar de fadiga vocal, perda de
potência da voz com seu uso, dor na laringe ou no pescoço, dificuldades em produzir
notas agudas, conforme aborda Behlau (2001) e é relatado pela paciente.
A paciente queixa-se de gosto ácido ou amargo na boca. Pode-se inferir que, pelo
uso de medicamento para o tratamento de lesões gastrointestinais, a paciente tenha
possibilidade de apresentar um refluxo do líquido estomacal, de pH ácido, o que
pode provocar esse sintoma relatado.
Em pacientes com nódulo, de acordo com Behlau (2001), espera-se que haja
ataques vocais predominantemente bruscos de grau moderado a severo a fim de
vencer a fenda glótica e garantir a vibração adequada das pregas vocais. Podem
ocorrer também ataques soprosos, mas não são facilmente percebidos. Apesar de
essas características serem esperadas para este tipo de disfonia, a paciente
apresenta ataque vocal isocrônico.
Na avaliação emissão dos sons da fala, o tempo máximo de fonação foi obtido
através das medidas das vogais “a, i, u”, sendo encontrados os seguintes valores:
vogal /a/ 9 segundos, vogal /i/ 11 segundos, vogal /u/ 13 segundos. Apesar dos
valores estarem abaixo do esperado, ainda não são ditos não-normais e de alta
significância, sendo essencial trabalhar o TMF na fonoterapia, mas de forma mais
indireta.
De acordo com Behlau (2001), ao se emitir a fricativa surda /s/, estamos avaliando o
suporte aéreo pulmonar, e principalmente a habilidade de controlá-lo, portanto esta
medida nos fornece a avaliação da fonte friccional do som. Quando emitimos a
fricativa sonora /z/, acoplamos a fonte friccional a fonte glótica, e observamos o
comportamento vocal resultante. Além disso, a sustentação das fricativas mediais
surdas e sonoras /s/ e /z/ possuem uma proporção entre elas chamada de relação
s/z. Segundo Colton, Casper e Leonard (2010), a relação s/z é uma expansão na
medida do tempo máximo de fonação e sugere que indivíduos normais devem ser
capazes de sustentar a vocalização do /z/ pelo mesmo tempo que sustenta a
corrente aérea expiratória sustentada sem vocalização do /s/.
Assim, Behlau (2001) afirma que a análise da relação entre estes dois valores de
tempo de sustentação fornecem dados interessantes sobre a dinâmica da fonação,
sendo consideradas medidas fidedignas para avaliação da eficiência glótica. Para
indivíduos normais, espera-se uma emissão entre 15 e 25 segundos, para as duas
fricativas, sendo que valores abaixo de 15 segundos sugerem um comprometimento
do suporte respiratório. Além disso, a emissão do /z/ pode ser até 3 segundos maior
que a de /s/ e caso esse tempo seja maior constata-se uma hipercontração das
pregas vocais à fonação. Para a proporção s/z, o valor ideal é igual a 1, sendo um
valor maior ou igual a 1,2 indicativo de falta de coaptação correta das pregas vocais
durante a fonação.
A avaliação acústica da voz quantifica o sinal sonoro produzido pela vibração das
pregas vocais, através da obtenção de medidas, por softwares especializados, como
a frequência fundamental (F0), jitter, shimmer, APQ, NHR e PPQ. É um método de
avaliação complementar à análise perceptivo auditiva, o que permite uma
investigação mais precisa sobre as alterações presentes no caso.
Segundo Finger (2009) os valores de normalidade para shimmer e APQ devem estar
compreendidos entre 1,4% a 4,9%. O valor encontrado na paciente foi igual a 5,12.
Behlau (2001) considera que, valores de shimmer e APQ aumentados, se devem ao
fato da presença de lesões de massa nas pregas vocais e fendas glóticas, o que
reduz a resistência vocal do indivíduo.
Analisando os resultados obtidos pelo QVV, nota-se que o maior impacto da voz
está relacionamento ao funcionamento físico. O escore sócio emocional pode ser
considerado bom pela análise desse protocolo, uma vez que o valor obtido foi de 96
pontos e o melhor esperado para a análise é de 100 pontos. Desse modo, tem-se
escore total de 72,5 pontos, observando que a paciente possui um valor mediano, o
qual evidencia que sua voz tem algum impacto em sua qualidade de vida.
5 PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO
A paciente DFNS foi diagnosticada com fenda glótica em duplo fuso, maior
constrição em 1/3 anteromedial, edema importante de aritenóides, movimento
mucoondulatório assimétrico, irregularidade de borda livre e 1/3 médios das pregas
vocais (sugestivo de nódulo).
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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