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USO DE ESCRITURA PÚBLICA DECLARATÓRIA EM SUBSTITUIÇÃO OITIVA

DE TESTEMUNHA.

A partir da vigencia do NCPC/15 a figura da ata notarial passou


a existir como meio típico de prova no processo, prevista no art. 384 do Codex.

Antes de qualquer coisa é essencial a compreensão do instituto.


A prestação de serviço notarial no Brasil está previsto na Lei nº 8.935/94, o art. 6º, III,
dispõe especificamente sobre ata notarial. Veja-se:

Art. 6º Aos notários compete:


III - autenticar fatos.
José Antonio Escartin define Ata Notarial da seguinte forma:

Instrumento público autorizado por notário competente, a requerimento


de uma pessoa com interesse legítimo e que, fundamentada nos princípios
da função imparcial e independente, pública e responsável, tem por objeto
constatar a realidade ou verdade de um fato que o notário vê, ouve ou
percebe por seus sentidos, cuja finalidade precípua é a de ser um instrumento
de prova em processo judicial, mas que pode ter outros fins na esfera privada,
administrativa, registral, e, inclusive, integradores de uma atuação jurídica não
negocial ou de um processo negocial complexo, para sua preparação,
constatação ou execução.1

Há que se observar que é da essencia da ata notarial a


imparcialidade do notário, e que ele constata fatos percebidos a partir dos próprios
sentidos.

O documento que temos não é uma ata notarial, mas sim, uma
Escritura Pública Declaratória. As naturezas jurídicas são distintas, o escrevente não
avaliou a existência de fatos e os transcreveu, ele apenas ouviu o declarante e reduziu a
termo o que foi dito.

Voltando para o espectro do Direito Processual Civil, o art. 384


estabelece que “a existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou
documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião”. O
parágrafo único do referido artigo menciona expressamente que “Dados representados

1
IPIENS, José Antonio Escartin. El acta notarial de presencia en el proceso. In: Revista del Notariado. nº
399, p. 176.
por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.

Assim, percebe-se que o caso a que se refere o art. 384 comporta


a utilização apenas de ata notarial, e não, escritura pública declaratória. E mais, o uso da
ata notarial não tem a função de substituir depoimento, mas sim, para atestar com fé
pública a ocorrência de determinados atos.

Em outro giro, o art. 405 do CPC, que trata da força probante dos
documentos, tem a seguinte redação:

Art. 405. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também
dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar
que ocorreram em sua presença.

No nosso caso, o Alanckardete narrou para o escrevente e este


reduziu a declaração a termo, embora o escrivão tenha atestado somente o que ouviu do
declarante, e nenhum fato propriamente dito, a constituição da declaração é tão legítima
quanto se tivesse sido colhida em juízo, não importando o conteúdo, que em tese seria o
mesmo declarado perante juíz.

Contudo, a jurisprudência não está a nosso favor e argumenta que


oitiva de testemunha tem que passar pelo crivo do contraditório, para que ambas as partes
possam formular questionamentos. Não há precedentes positivos de substituição de oitiva
de testemunha por escritura pública declaratória. Veja-se:

1) Superior Tribuanal de Justiça

PROCESSO CIVIL. PROVA TESTEMUNHAL. O depoimento de


testemunha para valer como prova no processo deve ser prestado perante
o juiz, com perguntas e reperguntas das partes; ainda que feito perante
tabelião e documentado por escritura pública, o testemunho de quem, como
preposto, se diz autor de assinatura aposta em contrato, não inibe a realização
de prova grafotécnica, se o preponente opõe dúvidas a respectiva
autenticidade. Recurso especial conhecido e provido.2

Documento público - Valor probante. I - Documento público faz prova dos


fatos que o funcionário declarar que ocorreram em sua presença. Assim,

2
REsp 472.174/MT, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/05/2006,
DJ 12/06/2006, p. 472
tratando-se de declarações de um particular, tem-se como certo, em princípio,
que foram efetivamente prestadas. Não, entretanto, que seu conteúdo
corresponda à verdade. II - Recurso não conhecido. 3

2) TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

REVISÃO CRIMINAL. LATROCÍNIO. ART. 157, § 3º DO CP.


PRETENSÃO ABSOLUTÓRIA. ESCRITURA PÚBLICA DE UMA DAS
VÍTIMAS DO DELITO, NA QUAL RETIFICA SEU
DEPOIMENTO.IMPOSSIBILIDADE. DOCUMENTO UNILATERAL.
NECESSIDADE DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.
DOCUMENTO QUE NÃO SE REVESTE DE FORÇA PROBANTE.
DEMAIS PROVAS DOS AUTOS QUE SÃO SUFICIENTES PARA A
CONDENAÇÃO.REVISÃO IMPROCEDENTE.4

Por fim, a atual interpretação dada ao art. 384 do CPC é para o


uso de ata notarial para se registrar a ocorrência de fatos que podem se exaurir, como uma
página de internet que faz uma publicação ofensiva e a retira do ar tempos depois.

O entendimento da jurisprudência no que se refere ao depoimento


pessoal repousa na necessidade de contraditório.

3
REsp 59.841/RS, Rel. Ministro WALDEMAR ZVEITER, TERCEIRA TURMA, julgado em
27/05/1996, R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (87): 195-255, novembro 1996.
4
TJPR - 4ª C.Criminal em Composição Integral - RCACI - 1257241-9 - Ponta Grossa - Rel.: Luiz Taro
Oyama - Unânime - J. 19.03.2015

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