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CAPA

ocupando as escalas do vazio


reimaginando o espaço coletivo da área central
universidade federal de santa catarina
departamento de arquitetura e urbanismo | trabalho de conclusão de curso
aluna_ laura maria firta foes | orientador_carlos eduardo verzola vaz
2
universidade federal de santa catarina
departamento de arquitetura e urbanismo
trabalho de conclusão de curso
2019.1
aluna LAURA MARIA FIRȚA FOES
orientador CARLOS EDUARDO VERZOLA VAZ

3
área central | florianópolis | google earth

“De todos os princípios e métodos disponíveis


para reforçar a vida nas cidades, o mais simples
e o mais eficaz é convidar as pessoas a passar
mais tempo no espaço público”
(GEHL, 2013, p.231)
ocupando as escalas do vazio
reimaginando o espaço coletivo da área central

De modo a promover uma maior qualidade de vida


para os usuários da região central da cidade de Florianópo-
lis, itentifica-se necessário a promoção de estratégias co-
ordenadas de intervenção sobre o espaço coletivo existen-
te no território hoje. A qualidade de vida urbana promovida
pelas interações que o espaço da cidade propicia entre os
usuários está diretamente ligada a percepção que os mes-
mos têm do ambiente físico em que se encontram.

A situação observada hoje na região do triangulo


central da cidade de Florianópolis, localizada em torno do
antigo núcleo fundacional da cidade, no quesito de quali-
dade de vida urbana encontra-se em decadência. Apesar
da extrema diversidade de usos e invariavelmente intenso
fluxo de pedestres, predomina o caráter de passagem e de
trânsito peadonal limitado a realização de atividades, sendo
extremamente pontual a realização de atividades de perma-
nência no espaço coletivo. Fatores como a baixíssima oferta
de bancos, áreas sombreadas e a espaços destinados reali-
zação de atividades de lazer são os principais responsáveis
pela perpetuação de tal caráter transitório. Sendo o local
mais socialmente diverso e acessível da cidade, a poten-
cialidade para o uso mais intensivo do espaço público como
espaço de sociabilidade já existe, estando apenas a espera
da infraestrutura necessária.

Buscando reverter o atual padrão de intervenções


urbanas encontradas na cidade - pontuais e isoladas entre
si, perpetuando o padrão de espaços de convivência pouco
conectados com o seu entorno e com capacidade de atração
limitada - sugere-se pensar numa rede de espaços coletivos
contínua, interligada através de elementos visuais padroni-
zados e de mobiliário urbano característico, de modo a con-
ferir um caráter de permanência na região central da cidade
como um todo. Para tal fim, desenvolve-se neste livreto um
levantamento pontual de situações urbanas que oferecem
pouca ou nenhuma possibilidade de relação a nivel do pe-
destre, contribuindo para reforçar o caráter de passagem
pelo qual a região é conhecida.
Entende-se por espaço público, todo local de uso comum, livre de
barreiras ou restrição de acesso, onde ocorrem de modo mais intenso e es-
pontâneo as relações de trocas e interações sociais entre os indivíduos. São
locais de reunião e realização de atividades coletiva, são locais de descanso
e contemplação, são locais inclusivos, convidativos e seguros. Apesar de o
conceito de espaço público ser geralmente relacionado a figura de praças e
parques, a figura da rua é a modalidade mais presente no território da cidade. http://g
Representando a maior parcela dos espaços coletivos, as ruas são costumei-
ramente ignoradas enquanto destinação e locais de realização de atividades
de lazer pelo caráter de passagem que lhes foi atrelado, consequencia de
anos de descaso para com a escala humana no planejamento urbano, promo-
vendo melhorias prioritáriamente na escala do automóvel.

Grande parte das cidades brasileiras sofre hoje com a realidade de


espaços públicos pouco frequentados e degradados, acabando por refletir na
qualidade de vida dos seus usuários e na percepção de seu entorno. Espaços
considerados ruins tendem a repelir atividades de permanência, dispersar e
reduzir o número de indivíduos, estimular o confinamento das atividades ao
interior das edificações e enfraquecer eventuais vínculos criados com o lugar,
reforçando atmosferas de insegurança e de degradação para a área onde se
situam. Um espaço coletivo plenamente apropriado é o melhor indicador de
satisfação do usuário, sendo sinal definitivo do sucesso ou falha de um novo
projeto.

A esfera coletiva da cidade é o ambiente mais importante para trocas


sociais, sendo um bom espaço capaz de atrair as mais diversas classes so-
ciais, religiões, faixas etárias e etnias num mesmo local, estimulando relações
de troca extremamente ricas. Além de espaços de sociabilidade, um espaço
coletivo é capaz de estimular novos hábitos em seus usuários, incentivando a
prática de novas atividades físicas através da disponibilização de infraestru-
tura adequada para tal. As ramificações positivas de um tratamento diferen-
ciado do espaço coletivo são numerosas, estando ainda questões como se-
gurança, qualidade ambiental, renovação econômica local, criação de novas
centralidades e a criação de novas identidades atreladas a uma intervenção
urbana de sucesso.

“O que atrai as pes-


soas, mais do que
qualquer outra coisa,
são pessoas.”
(WHYTE, 1980, p. 19)

trafalgar square, londres.


foto: mark hillary.

6
https://urbanidades.arq.br/2007/06/espacos-publicos/
g1.globo.com/sc/santa-catarina/fotos/2015/03/fotos-florianopolis-comemora-289-anos.ht-

área central | florianópolis | david sadowski

De modo análogo a maior parte das cidades, em Florianópolis nota-se a


ausência de estudos e levantamentos tanto qualitativos quanto quantitativos em
relação a qualidade das áreas públicas oferecidas à população. Enquanto muito
se fala em levantamentos referentes a assuntos de mobilidade e do mercado imo-
biliário, pouco se fala em índices ou metas referentes a calçadas ou ao número
de usuários frequentando as praças e parques da cidade. Os espaços verdes
constituem soluções isoladas entre si e com pouca representatividade para a
demanda por espaços coletivos existente na cidade, sendo os principais espaços
de lazer da cidade as praias (utilizadas apenas em uma parte do ano) e as vias
de caminhada, como o Parque de Coqueiros e a Avenida Beiramar Norte. A exis-
tência pontual desse tipo de espaço não é capaz de atender a demanda existente
por espaços públicos na cidade. A distribuíção de parques e praças através da
cidade ocorre esparsamente, deixando a desejar tanto em qualidade quanto em
área de abrangência, se tratando quase sempre de praças locais e de atrativida-
de limitada a poucas quadras em seu entorno.

7
rótula com tratamento de praça, esquina da avenida prefeito osmar
cunha com a rua jerônimo coelho, florianópolis.
fonte: acervo pessoal.

8
“A cada dia, o espaço é reduzido em
prol do tráfego e dos estacionamen-
tos e todo tipo de atividade ao ar
livre, no espaço urbano, recebe um
impacto negativo em função do ruí-
do, da poluição e da insegurança.”
(GEHL, 2013, p. 231)

Os espaços de permanência oferecidos


pela área central se apresentam ao longo da
malha urbana de modo extremamente pontual e,
na maior parte das vezes, oferecendo pouca e
limitada infraestrutura enquanto espaço público
e área de lazer, limitando o tipo de relação do
usuário com o lugar. Estando frequentemente
situados em meio a ruas de grande movimen-
tação e disputando o espaço com o automóvel,
tais locais enfatizam o descaso que as áreas de
lazer são tratadas na área central, parecendo
ficar sempre em segundo plano. É uma surpre-
sa perceber que, mesmo confinados em meio a
outros tipos de fluxo, tais locais são utilizados
na maior parte do dia, “do jeitinho que dá”, por
pedestres procurando sombra e locais para sen-
tar. Tal comportamento suporta 2 suposições
sobre o padrão de ocupação no espaço coletivo
da região:
- a evidente falta de locais agra-
dáveis para permanência, fazendo
com que o usuário utilize espaços
que nem sempre foram concebidos
para tal, mas apresentam elemen-
tos como sombreamento e bancos;

- a demanda existente por tais lo-


cais: o maior indicador da necessi-
dade de novos espaços qualifica-
dos de permanência fica evidente
quando observamos o número de
pedestres que procura descanso
nos peitoris e escadas de acesso
de lojas e edifícios residenciais.

9
escadaria utilizada como local de permanência, rua trajano, florianópolis.
fonte: acervo pessoal.

peitoril protegido do tempo utilizado como local de permanência, avenida tenen-


te silveira, florianópolis.
fonte: acervo pessoal.

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Como reverter o atual padrão de espaços públicos esparsamente distri-
buídos no território e qualificar a oferta de locais de descanso na área central?
Nos últimos anos é crescente o número de reinvindicações por uma maior quali-
dade de vida nos centros urbanos, com as demandas variando desde melhorias
na mobilidade até a requalificação de espaços públicos. Esse comportamento
evidencia a atual insatisfação com o modo de administras as cidades adotado até
então pelas gestões administrativas passadas, e traz à tona um usuário cada vez
mais crítico e consciente das problemáticas urbanas. Apesar do maior número
de políticas públicas voltadas à qualificação de calçadas e espaços para a ca-
minhabilidade ao pedestre, as cidades ainda deixam a desejar pelo alcance das
transformações implementadas, que acontecem de maneira pontual e em pontos
isolados.

O resgate da rua como local de permanência, além de distribuir a apro-


priação do espaço por parte do usuário pelo território de modo mais eficiente,
acaba por estimular novas dinâmicas urbanas, tanto entre indivíduos, como entre
as edificações e esses espaços. Ruas convidativas e repletas de pessoas estimu-
lam novas maneiras de relacionar as edificações com o espaço público. Fachadas
cegas e muros gradativamente dão lugar a novas tipologias e usos, que buscam
se relacionar cada vez mais com a rua. Um uso mais intenso do espaço coletivo
é capaz de estimular a economia local e diversificar as atividades realizadas no
mesmo, reforçando ainda mais o potencial do planejamento urbano na escala do
pedestre como agente requalificador de determinada área da cidade.

antes e de-
pois, pearl
street trian-
gle, brooklyn,
nova iorque.
fonte: dum-
bonyc.com

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LOCAL DE ESTUDO

Tem-se como objeto de estudo para a presente análise, a região cen-


tral da cidade de Florianópolis, mais especificamente os quarteirões a Oeste da
Praça XV de Novembro, onde serão realizados os estudos de aproximação con-
dizentes a escala do pedestre, de modo a obter resultados condizentes a escala
de intervenção pretendida posteriormente. A região foi escolhida por sua ótima
oferta de infraestrutura e os padrões de intenso fluxo de pedestres apresentados
atualmente, onde se torna possível estudar as formas de apropriação existen-
tes hoje do espaço público, e compreender de quais formas é possível catalisar
novos pontos de vitalidade no território, buscando adequar as soluções propos-
tas de modo que possam ser replicadas no restante da área central de modo a
configurar um sistema de espaços públicos de qualidade, conferindo uma nova
identidade ao local.

RUA SETE DE SETEMBRO

ÁREA DE ESTUDO
12
ESC. 1:1000
N

indicação da área de estudo.


elaborado pela autora.

RUA ÁLVARO DE CARVALHO

RUA JERÔNIMO COELHO

RUA DEODORO

RUA TRAJANO

Propõe-se aqui parar e


analisar as tipologias de interação
estimuladas através da atual confi-
guração das edificações, calçadas
e calçadões existentes no espaço
público de Florianópolis, buscando
compreender de que for ma cada
tipo de situação impacta na vivên-
cia da cidade a nível do pedestre.

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RUPTURAS URBANAS
Reconhecendo a importância do espaço coletivo dentro da área de estu-
do, foram levantadas todas as situações onde o meio edificado e o modo com que
sua conformação se relaciona com a rua representam quebras na dinâmica do es-
paço público, sendo ela de forma extremamente direta (através da conformação
de barreiras físicas) ou indireta (ambiências hostis). As influências observadas
foram agrupadas numa mesma análise por apresentarem algum grau de subutili-
zação em sua configuração, sendo portanto classificadas segundo a tipologia de
ociosidade apresentada.
N

D
B B
A G F
D
B C
H
D B B
A H
G C
G D
C A C

LEGENDA

ÁREA DE ESTUDO espaços residuais A


SEM ESCALA
estacionamentos B

edificações sem uso C

marquises D

edificação tombada sem uso E

espaço residual do sistema viário F

lote ocioso G

escadarias H

fachadas não ativas


14
A Espaços residuais_ não oferecem oportunidade de interação.

B Estacionamentos_ ocupados por carros vazios na maior parte do dia.

15
C Edificações sem uso_ fechadas, isoladas do espaço coletivo;
_ não oferecem oportunidade de interação.

D Marquises_ espaços residuais nos térreos, dinâmica positiva;


_ ambientes protegidos de intempéries;
_ locais que oferecem interações.

16
E Edificações tombadas sem uso_ edificações degradadas;
_ não oferecem oportunidade de interação.

F Espaço residual do sistema viário_ disputa pedestre vs automóvel;


_ não recebem tratamento de espaço públi-
co gerando espaços pouco qualificados.

espaços cercados por vias rápidas. vias para pedestre sem sinalização alguma.

17
G Lotes ociosos_ não oferecem oportunidade de interação.

H Escadarias_ espaços residuais em desnível;


_ degraus configuram locais de permanência;
_ locais que oferecem interações.

18
Fachadas não ativas_ barreiras monótonas com o espaço coletivo;
_nenhuma experiência de dentro da edificação
para ser vista;
_não oferecem oportunidades de interação.

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REIMAGINANDO O CENTRO

Com base nas situações pontualmente identificadas no mapa anterior,


propõe-se reimaginar as relações oferecidas a nível do pedestre, buscando sem-
pre estimular a realização de novas atividades e catalizar as relações já existen-
tes de apropriação. Serão em um primeiro momento expostas as influências que
cada tipo de ociosidade identificada nas situações tem sobre o indivíduo passante,
expondo os elementos tipológicos responsáveis pelos efeitos negativos sobre o
espaço coletivo urbano. Propõe-se, de modo extremamente genérico, o exercício
de reimaginar a configuração de tais espaços, incorporando elementos considera-
dos essenciais para a ambiencia de espaços coletivos de qualidade e estipulando
diretrizes para cada situação elencada, de modo que ao fim da análise de todas as
situações, tenha-se como produto um sistema de espaços livres de qualidade a ní-
vel do pedestre, explorando as potencialidades específicas de todas as situações
de ociosidade observadas no contexto urbano central.

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21
A - ESPAÇOS RESIDUAIS

Os espaços residuais são a tradução espacial da legislação vigente,


especialmente no que se refere aos recuos e afastamentos mínimos entre a
via e a edificação. Acaba-se conformando espaços onde não se pode construir
e que são fundamentalmente espaços transitórios sem uso definido, deixando
a cargo do proprietário a sua finalidade. Mantendo em foco os espaços direta-
mente resultantes da aplicação dos afastamentos frontais, os ambientes gera-
dos são habitualmente utilizados para vagas de estacionamento de automóveis,
principalmente na área central da cidade. Tal tipologia acaba por criar uma
barreira física e psicológica entre o pedestre e a edificação, reforçando a pre-
sença do veículo sem oferecer qualquer oportunidade de apropriação por parte
do usuário passante.

afasta a rua/pedestre da edificação

desestimula a passagem do pedes-


tre naquele local

confina o pedestre entre a rua e o


estacionamento de automóveis

espaço desenhado para o automó-


vel

não oferece nenhuma oportunidade


de interação

estimula o transporte individual

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pela letra “A”.

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A reprodução de tais padrões espaciais é percebida como um problema
no que tange a percepção espacial a nível do pedestre, não gerando qualquer
tipo de interação com o mesmo, incentivando uma passagem mais rápida e
desinteressada pela área onde está implantado. A qualidade de ser essencial-
mente um espaço de transição entre o ambiente coletivo urbano e o ambiente
edificado privado destes espaços deveria ser tratada de modo mais sensível,
uma vez que oferece a possibilidade de, caso repensado, tornar-se um novo
destino no percurso pela cidade.
A reformulação de tais espaços tem o potencial de gerar novas dinâmi-
cas de ocupação do ponto específico de intervenção, criando novos habitos no
pedestre, que adapta seus hábitos, seus trajetos para e a partir do trabalho, seu
destino nas horas vagas, uma vez que são oferecidos novos lugares de pausa
qualificados.

rua tenente silveira, florianópolis.


fonte: acervo pessoal.

rua tenente silveira, florianópolis. rua santos dumont, florianópolis.


fonte: acervo pessoal. fonte: acervo pessoal.

O espaço ocupado pelo automóvel no meio urbano é redundante, no


sentido de que ele é ocupado por longos períodos, por um objeto que deixa
de seu utilizado assim que chega em seu destino e só tem seu uso retomado
quando se termina a atividade a ser realizada no local por parte do usuário, que
libera o espaço para o subsequente veículo, recomeçando desse modo o ciclo
de utilização promovido pela tipologia de espaços residuais em questão. São
espaços que não dizem respeito ao pedestre, que conformam barreiras e que
estimulam a noção de que o espaço urbano das nossas cidades não tem quali-
dade.
Existem, no entanto, milhares de soluções projetuais simples capazes
de instaurar uma animação em tais espaços. De modo a transformá-los em es-
paços de convivência edescanso, a oferta de mobiliários urbanos de qualidade
e confortáveis seria talvez o ponto chave da solução. A disposição dos bancos
deve ocorrer de modo a atuar como um facilitador das interações sociais entre
os usuários, evitando isolá-los uns dos outros, estimulando trocas e encontros.
É essencial também atentar para o posicionamento dos mesmos em relação
aos passeios, de modo a não configurar novos obstáculos aos pedestres, como
é muito visto nas ruas centrais hoje. Elementos de sombreamento são fatores
atrativos em um espaço público, permitindo abrigo do sol e da chuva e ofe-

23
recendo ótimos lugares para permanência nos mais variados horários do dia.
Adicionalmente, a iluminação deve ser projetada corretamente para estender a
sensação de segurança do espaço aos horários noturnos.

PO
TE
NC
I

A
L
-M
INI
PRA
ÇA

criação de área social

lixeiras e postes de iluminação

área de permanência convidativa


mobiliário bem distribuído e sombreameno

24
- implantação de mobiliário urbano de per manência (ban-
DIRETRIZES cos);
CONDICIONANTES: - posicionamento do mobiliário de modo a não interferir
nos fluxos das calçadas;
- iluminação pública adequada;
- arborização e sombreamento sempre que possível;
- implementação de lixeiras;
- estímulo a configuração de tér reos ativos e atividades
comerciais com áreas exter nas.

alternativa de uso comercial


com relação positiva com a rua
atividades na escala do pedestre

mobiliário atrativo para permanência

CIAL - REFEIÇ
N Õ
TE
ES
PO

ÁR
EA EXTERN
A

25
B - ESTACIONAMENTOS

O expressivo número de lotes utilizados como áreas para estaciona-


mento de automóveis na região central é fruto da falta de interesse e de apli-
cação de instrumentos de planejamento concebidos justamente para garantir
um uso qualitativo do território da cidade (índices de uso e ocupação, IPTU
progressivo no tempo). Na atualidade, o grande número de estacionamentos
não reflete apenas o exarcebido uso do automóvel individual como meio de
transporte, mas também o interesse, por parte dos proprietários de terra, na
valorização de seus lotes. A retenção especulativa, como em outras grandes
cidades do Brasil, estimula também em Florianópolis a ocorrência de usos eco-
nômicos de baixo investimento por parte dos proprietários (estacionamentos),
que aguardam novos empreendimentos e melhorias em infraestrutura urbana no
entorno de seus lotes para a consequente valorização dos mesmos.

configura barreira física

desestimula a passagem do pedes-


tre naquele local

espaço desenhado para o automó-


vel

estimula o transporte individual

não oferece nenhuma oportunidade


de interação

conflito de fluxos entre pedestre


vs carro no espaço da calçada

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pela letra “B”.

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De modo semelhante aos efeitos dos espaços residuais sobre o espaço
coletivo, os lotes de estacionamentos também reforçam o constante conflito
entre automóvel e pedestre na cidade. Quando um lote é utilizado como área
para estacionamento de veículos, novamente são estimuladas tipologias que
configuram barreiras na escala da rua, sendo comum o tratamento de fachada
de tais lotes se traduzir em grandes muros, para uma maior segurança dos au-
tomóveis estacionados. Esse tipo de relação com a rua novamente aprisiona o
pedestre a calçada, confinando o mesmo entre faixas de estacionamento nas
ruas e grandes extensões muradas, conferindo uma ambiência extremamente
ruim aos passeios.
rua álvaro de carvalho.
fonte: acervo pessoal.

rua visconde de ouro preto. rua jerônimo coelho.


fonte: acervo pessoal. fonte: acervo pessoal.
rua anita garibaldi, florianópolis.
fonte: acervo pessoal.

Conforme estipulado no Plano Diretor de Urbanismo do município de


Florianópolis, lei complementar no. 482, entende-se que

Art. 254 Do Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios


§2° Consideram-se subutilizados os terrenos onde, embora edificados,
a cobertura vegetal e as características ambientais não são passíveis de
preservação, e a soma das áreas construídas seja consideravelmente inferior ao
permitido pelo mínimo da respectiva área.

Em complemento, o Art. 7 estabelece também o conceito de função


social da propriedade urbana, definindo como referência da avaliação de seu
cumprimento ou não, vinculando o mesmo com o valor de referência do Co-
eficiente de Aproveitamento mínimo estipulado para cada zona. A figura do
estacionamento, além de perpetuar a redundância do espaço urbano destinado
ao automóvel, deixa de cumprir sua função social a partir do momento em que
tem-se a tipologia de lote completamente impermeabilizado, sem a existência
derea edificada, ignorando completamente os índices mínimos a serem respei-
tados. Se todas as outras modalidades de uso do solo urbano ocorrem de modo

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a respeitar a legislação urbana vigente, por que os estacionamentos recebem
tratamento diferenciado?

Propõe-se aqui o ensaio para uma eventual reversão dos efeitos negati-
vos que esses espaços produzem sobre a esfera coletiva, cobrando um retorno
por parte dos proprietários para a cidade. Como contrapartida ao uso irregular
de lotes não edificados como estacionamentos particulares, os proprietários
deveriam ceder uma porcentages da área de seus lotes, referentes a taxa de
impermeabilização máxima estipulada pela tabela de limites de ocupação do
Plano Diretor, estando tais espaços situados nas testadas dos lotes, de modo
a criar espaços de permanência que deverão receber o devido tratamento de
modo a constituir uma nova rede de espaços coletivos de qualidade.

novas áreas de per manên-


cia nas testadas dos lotes

mobiliário urbano posicionado de


modo a não interferir nas calçadas

separação física do
acesso de automóveis e
área de per manência

elementos de separação
física da rua (proteção)

28
- contrapar tida de doação de áreas iguais as estipuladas
DIRETRIZES pela tabela de usos como área mínima de per meabili-
CONDICIONANTES: dade;
- áreas cedidas deverão obrigatóriamente se situar nas
testadas dos lotes;
- implantação de mobiliário urbano de per manência (ban-
cos);
- posicionamento do mobiliário de modo a não interferir
nos fluxos das calçadas;
- iluminação pública adequada;
- arborização e sombreamento sempre que possível;
- implementação de lixeiras;
- tratamento adequado aos acessos de veículos de modo
a não interferir nas áreas de estar confor madas.

arborização e som-
breamento (confor to
e proteção)

espaços de sociabi-
lidade

iluminação adequada

áreas de convívio convidativas

29
C - EDIFICAÇÕES SEM USO

Um dos principais sintomas da decadência das áreas centrais é o sur-


gimento de edificações abandonadas no território. É importante diferenciá-las
das edificações ociosas, que são geralmente percebidas entre um uso e outro,
quando estão para alugar. As estruturas abandonadas comumente se traduzem
em edificações degradadas pelo tempo ou pela ação humana. A existência de
tais situações na região central, local mais bem servido de infraestrutura urba-
na e com uma atratibilidade diária de indivíduos tão grande é questionável, uma
vez que tais ocorrências simbolizam a negligência de estruturas perfeitamente
funcionais e capazes de abrigar novos usos, atraindo pessoas e estimulando a
continuidade das dinâmicas de trocas urbanas ao longo do território. Ao invés
disso, configuram uma ruptura.

não oferece nenhuma oportunidade


de interação

desestimula a passagem do pedes-


tre naquele local

interrompe a dinâmica de usos da


região

falta de uso estimula a degradação

desvaloriza o entorno

potencial para novos usos sem ne-


cessidade de erguer uma edifica-
ção do zero

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pela letra “C”.

30
As edificações abandonadas representam o disperdício e o descaso
com gastos de infraestrutura e de construção já feitos, tanto por parte do poder
público como do proprietário, em algum momento. O abandono de espaços no
contexto urbano acaba estimulando a degradação dos mesmos, seja através de
arrombamentos, depredações da sua estrutura ou invasões, comportamentos
que repelem a presença ou o interesse dos pedestres, causando impactos nega-
tivos a imagem do local onde estão inseridas essas tipologias de abandono. Sua
existência está ligada a falha de aplicação de certos instrumentos urbanísticos,
previstos por legislação no Plano Diretor do município, que fundalmentalmente
estipula os usos e limites de ocupação considerados ideais para cada zona da
cidade, deixando bem claro também quais os usos mínimos admitidos em cada
localidade, de modo a não perpetuar espaços vazios e sem uso em meio a
uma cidade tão intensamente ocupada. Faz-se aqui a crítica em relação a falta
de aplicação desses instrumentos, em relação ao não cumprimento da função
social da propriedade urbana. Semelhante a situação dos estacionamentos, o
edificação em estado de abandono é passível de ações por parte da gestão mu-
nicipal cobrando a utilização compulsória e a aplicação do Imposto Territorial
e Predial Urbano progressivo no tempo, cobrando um posicionamento por parte
do proprietário, em relação a um bem extremamente valioso para a vitalidade
urbana. A falta de interesse na aplicação de tais instrumentos se traduz na
ocorrência dessas tipologias pela cidade, que caso ocupadas teriam o potencial
de gerar novas dinâmicas urbanas positivas à área central, independente da sia
modalidade de uso.
rua conselheiro mafra.
De modo a reinvindi-
largo do fagundes. car a destinação de tais lo-
fonte: acervo pessoal. cais subutilizados para novos
usos de caráter mais inclusi-
vo e coletivo, propõe-se uma
efetiva aplicação dos instru-
calçadão joão pinto.
mentos urbanísticos previs-
tos pelo Plano Diretor, acar-
retando numa desapropriação
caso não haja resposta por
parte do proprietário. Uma
vez sob o controle do municí-
pio, considera-se importante
o estímulo de novos usos de
natureza cultural e de ativida-
des voltadas a escala do pe-
destre, resgatando uma inte-
ração a nível da calçada com
as edificações. Se tratando
rua trajano. aos usos qualitativos com co-
fonte: acervo pessoal. municação com a rua, ressal-

31
ta-se também a importância de um tratamento adequado das áreas térreas,
tanto se tratando especificamente das relações que as aberturas com a rua
possibilitarão no espaço edificado, como também a sensibilidade em ampliar
as áreas de calçada, de modo a não criar barreiras físicas nos passeios e ce-
dendo um espaço maior ao pedestre, transformando a área antes degradada e
com ambiência de insegurança em um local qualificado e convidatido a novas
dinâmicas urbanas.

uso efetivo dos diversos


pavimentos

estímulo a atividades que se


comunicam com a rua

acessos convidativos

32
- aplicação de instrumentos legais previstos no PD de
DIRETRIZES modo a garantir o uso das áreas edificadas inseridas
CONDICIONANTES: na cidade;
- recuperação das edificações degradadas;
- venda/aluguel dos novos espaços;
- estímulo a novos usos;
- obrigatoriedade de fachadas ativas e maior comunica-
ção com o espaço da rua;
- implementação de marquises e elementos de sombrea-
mento sobre os passeios;
- ampliação e refor ma das calçadas de modo a não con-
for mar bar reiras nos passeios;
- tratamento adequado aos acessos de veículos de modo
a não interferir nas áreas de estar confor madas.

estímulo ao uso intensivo da edifi-


cação

refor ma e recuperação das facha-


das degradadas

implantação de elementos de som-


breamento para os passeios

33
D - MARQUISES

A tipologia das marquises são produtos diretos da aplicação de ideais


modernistas, descolando as edificações do térreo e utilizando-se de pilotis. Em
Florianópolis, apesar de não se manifestar de modo recorrente no território da
região central, os espaços caracterizados pela presença de marquises cons-
tumam estimular uma maior apropriação das suas calçadas. Se configurando
como locais públicos sombreados e protegidos do tempo, foi notada uma maior
concentração de dinâmicas sociais nesses espaços, que mesmo sem receber
tratamento qualificado para a permanência acabam concentrando pessoas des-
cansando apoiadas nas suas paredes e peitoris, sentadas onde encontram
espaço, pequenos vendedores ambulantes e até abrigo para quem espera o
transporte público.

proteção contra intempéries e


incidência solar

cria espaços de passagem mais


generosos com a ampliação da
calçada

espaço sem uso definido

já apresenta certo grau de


apropriação

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pela letra “D”.

34
É interessante ressaltar que, apesar das situações de marquise em Flo-
rianópolis não oferecerem especificamente tratamento adequado para a perma-
nência e serem caracterizadas pela presença de fachadas cegas, são os locais
que mais concentram pessoas na região central. Fica evidente a necessidade
de abrigo das condições climáticas no espaço urbano coletivo, especialmente
tendo-se em conta o clima da cidade, extremamente úmido e marcado por mu-
danças repentinas de temperatura e condições climáticas. Por ter as estações
do ano muito bem demarcadas e não possuir estação seca, a atratividade de
elementos como as marquiases reside na proteção contra as chuvas, que ocor-
rem com frequencia o ano todo, e a incidência solar, principalmente no verão.

A pre-existência de trocas sociais e apropriações já existentes nesses


espaços são os maiores indicadores da sua potencialidade. O seu reconheci-
mento enquanto espaço público da cidade acarretaria em mudanças muito mais
sutis que as propostas para as demais tipologias identificadas, uma vez que as
marquises já são identificadas como locais sociais pela população, mesmo que
informalmente.

rua sete de setembro.


fonte: acervo pessoal.

marquise na rua tenente silveira.


fonte: acervo pessoal.
marquise na rua trajano
fonte: acervo pessoal.

Nota-se que essa tipologia de uso do solo oferece um notável alarga-


mento das calçadas, conferindo uma ambiência agradável e disponibilizando
espaço o suficiente para que os indivíduos se apropriem do espaço de forma
espontânea, mesmo com a ausência de bancos. A interação espontânea se tra-
duz no maior indicador de potencialidade desses espaços como locais de trocas
socias, deixando claro que a demanda por locais de permanência já existe,
bastando apenas tímidas oportunidades espaciais como esta. Ao contrário das
outras situações, onde são necessárias ações de mudanças físicas entre a cal-
çada e a edificação, na tipologia das marquises o espaço apropriável já existe,
sendo necessário talvez apenas a adição de bancos, de modo a reforçar tais
locais como espaços públicos formais.

35
disposição de mobiliário urbano de
per manência

local de encontros

mobiliário distribuído de modo a não interfe-


rir nos passeios

36
- potencialização da apropriação já existente, for mal-
DIRETRIZES mente reconhecendo tais tipologias como espaços pú-
CONDICIONANTES: blicos;
- implementação de mobiliário urbano de per manência;
- posicionamento do mobiliário de modo a não interferir
nos fluxos das calçadas;
- iluminação pública adequada;
- implementação de lixeiras;
- incor poração de pontos de transpor te coletivos pró-
ximos, de modo a oferecer um local protegido do clima
para aguardar.

pontos de espera do trans-


por te público qualificados e
protegidos do clima

reconhecimento for mal do


local como espaço público

37
E - EDIFICAÇÕES TOMBADAS SEM USO

‘ De modo semelhante às edificações sem uso, abandonadas, as edifica-


ções tombadas no contexto urbano têm a tendência de serem gradativamente
abandonadas, devido ao custo elevado de manutenção e do crescente número
de legislações e processos burocráticos envolvendo o seu restauro. Outro fator
relacionado a reprodução desse fenômeno, principalmente em áreas centrais, é
o valor da terra onde o imóvel tombado está situado. O valor de venda do terre-
no onde as edificações estão situadas costuma ser mais alto se desvinculado a
existência do bem tombado. Uma edificação tombada reduz significativamente
o valor do terreno, uma vez que limite as possibilidades de ocupação.

edificações degradadas repelem


a passagem do pedestre no local

comumente modificadas para


serem usadas como estacionamentos

enfraquecem a memória afetiva


da área

potencial para usos diversificados


na escala do pedestre

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pela letra “E”.

38
A ausência de uma legislação específica em relação a manutenção de
edificações históricamente significativas à cidade, bem como a impossibilidade
de obrigar todo e qualquer proprietário a arcar com o custoso processo de res-
tauro, acaba abrindo brechas para o abandono de tais imóveis. Imovéis esses
que são a memória viva da cidade, fazem alusão a uma maneira de construir
mais sensível a escala da cidade, com traços arquitetônicos característicos e
que não podem ser recriados - são o que mantém a memória afetiva da cidade
viva até os dias atuais, considerando que as áreas em que estão inseridos já
foram completamente descaracterizadas por incontáveis intervenções e novas
construções. É de extrema importância a valorização de tais edificações, que
representam valores e modos de habitar únicos da nossa história.

edificação histórica sem uso, rua


sete de setembro.
fonte: acervo pessoal.

envoltória histórica utilizada como edificação em ruínas, rua anita


estacionamento, rua dr frederico rola. garibaldi.
fonte: acervo pessoal. fonte: acervo pessoal.

Considerando o testemunho histórico que as edificações tombadas re-


presentam e a memória atribuída as mesmas, é importante ressaltar a impor-
tância da sua contínua manutenção como modo de manter a memória coletiva
da cidade viva. Para tal fim, estimula-se ao redor do mundo a recuperação de
edificações históricas, independente do seu futuro uso. O único modo de garan-
tir uma contínua manutenção de sua estrutura é através do uso contínuo, que
só deve atentar para evitar a descaracterização arquitetônica da edificação,
independente de sua função. Atividades diversificadas também devem ser esti-
muladas, adaptando sempre de modo sensível as edificações antigas às novas
necessidades da cidade moderna.

Sendo os maiores entraves para uma efetiva manutenção dos bens tom-
bados os altos custos de restauro e os empecilhos burocráticos para qualquer
alteração nas edificações, considera-se necessária uma revisão do processo
burocrático, num primeiro momento, flexibilizando os processos mais simples
de intervenções de pequeno porte. Em um segundo momento, seria necessária
a participação das administrações municipais, com a elaboração de programas
incentivadores das iniciativas de restauro, concedendo benefícios ou até ofere-

39
cendo apoio financeiro no custeio das obras de restauro, tendo em vista o in-
substituível valor afetivo que essas edificações carregam, na tentativa de man-
ter viva a memória coletiva da cidade.

escala compatível com o pedestre

interações constantes com a rua

detalhes or namentais que prendem a atenção, criando


ambiências urbanas únicas

possibilidade de novos usos e atividades comerciais, culturais e de lazer

edificações históricas bem preser vadas alimentam a curiosidade e esti-


mulam o entendimento do processo histórico da cidade

conjuntos históricos preser vados e plenamente utilizados contribuem para o for talecimento da ide

40
- auxílio financeiro para o custeio de obras de restauro;
DIRETRIZES - flexibilização dos processos burocráticos relacionados
CONDICIONANTES: a recuperação dos edifícios;
- implementação de descontos nas taxas de ar recadação
prediais municipais;
- incentivo e flexibilização para usos diversificados nas
edificações restauradas (culturais, educacioanis, de la-
zer);
- campanhas de conscientização acerca da impor tância
de tais edificações, buscando maior apoio da comunida-
de nos processos de revitalização e renovação de usos.

entidade local

41
F - ESPAÇO RESIDUAL DO SISTEMA VIÁRIO

O protagonismo do automóvel no planejamento urbano das cidades fica


claro nas diversas situações aqui elencadas como prejudiciais para a vitalidade
(não) observada nas ruas, sendo talvez o espaço residual do sistema viário o
local onde esse favoritismo fica mais óbvio. Essa tipologia consiste nas áreas
reservadas ao sistema viário mas que, ao receberem o traçado das rodovias,
sobram, não tem uso definido. Foram observadas duas possibilidades, se tra-
duzindo ou em áreas pequenasdemais para serem parceladas e efetivamente
ocupadas, recebendo a nominação de “praça”, ou vias que se tornaram redun-
dantes e não são mais utilizadas, e apesar de receberem barreira física para
impedir o acesso de veículos, mantém a diferenciação entre pista de rolamento
e calçada, tornando ambígua a leitura de quem efetivamente tem o direito de
utilizá-la.

a via configura barreira física

grande conflito de fluxos entre pedes-


tre vs carro

desestimula a passagem do pedes-


tre naquele local

espaço desenhado para o automó-


vel

reforça o planejamento urbano


voltado a figura do automóvel

não configura espaços qualificados


para permanência

ambiência perigosa ao pedestre

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pela letra “F”.

42
Nas duas modalidades observadas, a principal problemática ainda re-
side no conflito entre o fluxo de carros e pedestres. Na cidade, a presença
do automóvel é tão marcante que o pedestre se limita a ocupar os (poucos)
espaços que lhes são destinados, sendo que estes devem ser devidamente pro-
tegidos fisicamente de modo a consolidar a “posse” do homem. O descaso no
tratamento dos espaços exclusivamente destinados aos pedestres gera situa-
ções ambíguas, onde nenhum dos dois se identifica como protagonista da área,
promovendo o gradativo desuso por ambas as partes, perpetuando os espaços
ociosos na cidade.

rua francisco tolentino, florianópolis. rua jerônimo coelho, florianópolis.


fonte: acervo pessoal. fonte: acervo pessoal.

As áreas residuais são na maior parte das vezes pequenas demais para
serem parceladas e efetivamente ocupadas, sendo a solução costumeiramente
adotada dar tratamento de rótula ou de “praça” para a área, colocando o pedes-
tre na situação de enfrentar o carro para acessar tais locais. O conflito de flu-
xos presente nas rótulas e praças cercadas por elementos viários se torna uma
barreira física e psicológica para o usuário de tal espaço, contribuindo para a
percepção de local perigoso e desagradável para permanência. A presença de
elementos físicos que promovam uma certa proteção da figura do automóvel
para o usuário é essencial em tais espaços, caso contrário a sensação de in-
segurança desestimula o seu uso enquanto local de descanso e permanência.
A segunda crítica a ser feita é a nominação de tais locais como praças, consti-
tuindo soluções improvisadas e ineficientes para suprir a carência de espaços
públicos na cidade, uma vez que os locais não recebem efetivamente nenhum
tipo de tratamento ou qualificação de espaço público, se restringindo ao título
de tal apenas.

Não é necessária uma área muito significativa para oferecer um espaço


coletivo de qualidade, como é exemplificado pela criação de diversos parklets
(reversão de vagas de estacionamento, que recebem tratamento adequado e
mobiliário urbano de modo a configurar um espaço devolvido ao pedestre) ao
redor do mundo, mas deve-se atentar a um tratamento sensível que busque
configurar um local com ambiência segura para o efetivo uso por parte do pe-
destre. Sugere-se aqui a criação de ligações mais eficientes dos passeios com

43
tais espaços residuais ilhados, de modo a
reforçar o direito do pedestre a tais áreas,
seja pela remoção de vias ou por um trata-
mento diferenciado da mesma, evidencian-
do um local de diminuição de velocidade e
respeito a escala humana. Juntamente, de-
vem ser estimulados novos usos para tais
áreas, seja através de uma maior conexão
dos térreos, ou pela implementação de mo-
biliários urbanos reforçando a qualidade de
espaço de permanência. A configuração de
novos locais seguros de trocas sociais e
encontros na conversão destas áreas para
o uso qualificado do pestre carrega um po-
tencial de conscientização gigantesco para
a população acerca da inversão de priori-
dades na cidade, sendo um exemplo de in-
tervenção contendo modificações extrema-
mente simples no sistema viário, mas que
são capazes de gerar retornos enormes se
aplicados por todo o território da área cen-
tral.

DIRETRIZES
CONDICIONANTES:

- alterações no sistema viário, reforçando a impor tância da ligação fisica das


áreas residuais ao sistema de passeios da cidade;
- implementação de proteções físicas da rua (balizadores e canteiros);
- tratamento de área de estar através da implantação de mobiliário urbano
de per manênica;
- adição de elementos de sombreamento e proteção ao clima;
- iluminação pública adequada e lixeiras;
- estímulo a novas atividades no local para consolidar a qualidade de espaço
coletivo (feiras, realização de encontros para atividades físicas, exposições qualificaç
de rua).

44
incentivo a fachadas ativas

remoção de pista de rolamento


conexão física com o sistema de calçadas da cidade

elementos de proteção física


da rua

adição de faixas de pedes-


tres posicionadas recuadas
da esquina

novos usos incentivando a


per manência

ção enquanto espaço público

45
G - LOTES OCIOSOS

Sua ocorrência está ligada a especulação imobiliária, com o proprie-


tário mantendo seu lote sem uso até que seja oportuno implantar um novo
empreendimento no local. Mesmo em regiões centrais consolidadas não é raro
observar lotes ociosos sem algum tipo de uso, que se traduzem na escala do
pedestre na configuração de grandes extensões de terrenos murados sem ne-
nhuma possibilidade de apropriação. Este tipo de relação com a rua novamente
contribuí para confinar o pedestre no espaço da calçada, não estabelece nenhu-
ma relação visual interessante e reforça o caráter de passagem da área.

não oferece nenhuma oportunidade


de interação

desestimula a passagem do pedes-


tre naquele local

falta de uso estimula a degradação

interrompe a dinâmica de usos da


região

desvaloriza o entorno

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pela letra “G”.

46
Considerando o lote urbano um bem único, de dimensões e localização
geográfica irreplicável, o valor de mercado da terra na área central costuma ser
elevado em relação as demais áreas da cidade, considerando o privilégio de ser
bem servido de infraestrutura urbana e fácil acesso tanto através do transporte
coletivo quanto do individual. De modo semelhante a ocorrência de edificações
ociosas ou protegidas enquanto patrimônio, os lotes ociosos também são frutos
da retenção especulativa, onde o proprietário aguarda transformações qualita-
tivas e que valorizam o seu imóvel no contexto urbano para então decidir qual
o uso mais rentável pode dar a sua propriedade. No meio tempo, a falta de uso
do lote estimula a degradação visual do mesmo e uma desvalorização de seu
entorno, uma vez que gera uma ambiência negativa e deixa de estimular trocas
a nível do pedestre.

De modo a reverter essa tendência de retenção, faz-se a crítica em


relação a falta de aplicação dos instrumentos já previstos no Plano Diretor
do município, de modo semelhante às edificações não utilizadas, o lote sem
uso é passível de ações por parte da gestão municipal cobrando a utilização
compulsória do mesmo e a aplicação do Imposto Territorial e Predial Urbano
progressivo no tempo, cobrando um posicionamento por parte do proprietário.
A falta de interesse na aplicação de tais instrumentos se traduz na ocorrência
dessas tipologias pela cidade, que caso ocupadas teriam o potencial de gerar
novas dinâmicas urbanas através das diferentes possibilidades de uso que um
terreno vago oferece.
rua jerônimo coelho rua vidal ramos

rua jerônimo coelho

Considera-se essencial uma mudança de comportamento e a cobrança


efetiva do comprimento da função social da propriedade, de modo a não estimu-
lar lotes alheios às dinâmicas urbanas. No caso da não ocupação pelo proprie-
tário após a notificação e a aplicação do IPTU progressivo, respeitando o prazo
estipulado para que o proprietário tome as devidas providências. A legislação
permite que o município, caso seja constatado o contínuo não cumprimento da
função social da propriedade em questão dentro de um prazo de cinco anos, a
desapropriação da mesma, de modo que se transfere ao município então a res-
ponsabilidade do adequado aproveitamento do imóvel. Esse tipo de instrumento
foi concebido de modo a desestimular a ociosidade no contexto urbano, que se
beneficia de novas atividades, e ressalta-se o potencial que o mesmo teria caso
fosse devidamente utilizado e as áreas resultantes de tais processos de desa-
propriação fossem convertidas em equipamentos públicos e em áreas de lazer
qualificadas, de modo contínuo pelo território central.

47
Uma vez desaprorpiados tais locais oferecem o potencial de se torna-
rem novas centralidades urbanas, com a oferta de espaços coletivos de reunião
e realização de atividades ao ar livre, atualmente escassos no contexto da área
central de Florianópolis, promovendo um local qualificado para que acontecam
as trocas sociais e uma consequente valorização do seu entorno, uma vez que
mais pessoas passariam a frequentar o local.

elementos de
proteção física
da rua

criação de áreas de per manência

estimulo a atividades
diversificadas

48
DIRETRIZES - aplicação de instrumentos relacionados
CONDICIONANTES: ao parcelamento, edificação ou utilização
compulsórias;
- descumprimento das situações indica-
das acar reta na desapor priação do lote;
- usos de lazer e valorização do espaço
público a serem implementados pelas mu-
nicipalidades;
- implementação de proteções físicas da
rua (balizadores e canteiros);
- implementação de mobiliário urbano;
- adição de elementos de sombreamento e
proteção ao clima;
- iluminação pública adequada e lixeiras;
- realização de novas atividades de lazer
(exibição de filmes, feiras, exposições).

mobiliário urbano disposto


de for ma a não interferir no
espaço do passeio

arborização e sombrea-
mento (proteção climática)

mobiliário urbano estimulan-


do novos ambientes de troca

49
H - ESCADARIAS

Semelhante às marquises, as escadarias encontradas na área central


de Florianópolis oferecem uma já existente dinâmica tímida de ocupação do seu
espaço. Se desenvolvem em pontos de acentuado desnível, conectando ruas
a nível do pedestre, configurando um dos poucos pontos de uso exclusivo dos
mesmos, afastado da figura do carro pelas calçadas em suas extremidades.
Costumeiramente apresentam dimensões generosas de circulação. Tal fator,
somado a ausência da presença do automóvel, por si só já configura um espaço
seguro e atrativo a permanência, uma vez que o homem não precisa disputar
espaço com ninguém. Quando é observada a conformação de escadas largas
o suficiente, observa-se também o uso enquanto local de descanso e contem-
plação, conferindo a esta tipologia a qualidade de espaço público informal e
espontâneo.

oferece proteção e isolamento da


figura do automóvel

vistas privilegiadas da área central

oferece a possibilidade de descan-


so em seus degraus

espaço sem uso definido

geralmente utilizado por pe-


quenos grupos

potencialidade como local para


eventos e atividades de pequena
escala

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pela letra “H”.

50
As escadarias são locais únicos no ambiente urbano, que se desenvol-
vem sobre declives acentuados demais para o automóvel, e acabam oferecendo
vistas privilegiadas aos pedestres passantes sobre pontos históricos e de gran-
de valor afetivo para a cidade, como o mercado público e o largo da alfânde-
ga. É importante ressaltar que apesar de não receberem mobiliário urbano ou
qualquer outra indicação enquanto espaço público qualificado de lazer, as es-
cadarias apresentam um uso intenso nos mais diversos horários do dia, não só
por atividades dinâmicas como a passagem mas também sendo possível avistar
sempre pessoas descansando em seus degraus, mesmo que brevemente. Tal
comportamento evidencia a escassez de locais qualificados como áreas de des-
canso na no centro,região concentradora de comércios e serviços, onde tem-se
um grande número de usuários que necessitam passar o tempo, mas que en-
contram oportunidades de descanso apenas em locais informais como peitoris,
apoiando-se em fachadas cegas e nos degraus das já mencionadas escadarias.
escadaria do rosário, rua trajano. Esse tipo de dinâmica
fonte: acervo pessoal.
poderia ser facilmente potencia-
lizada através de intervenções
simples e de fácil execução,
com a implementação de mobi-
liário urbano e iluminação ade-
quada, garantindo condições de
uso nos diversos horários do
dia. Novamente de modo seme-
lhante às marquises, a simples
colocação de mobiliário já se-
ria o suficiente para legitimar e
identificar efetivamente as es-
cadarias como locais públicos
de lazer e permanência, estimu-
lando de maneira qualificada a
permanência e o descobrimento
das visuais sobre a cidade que
escadaria do rosário, rua trajano. estes locais oferecem.
fonte: acervo pessoal.
É interessante ressaltar
também a possibilidade de tais
locais receberem eventos de
pequeno porte, como apresenta-
ções espontâneas de música e
a organização de pequenas ex-
posições e feiras de comércio,
uma vez que a realização de
tais atividades nesses pontos
não teria impacto algum sobre o
escadaria entre rua deodo-
ro e pres. nereu ramos trânsito da cidade, não sendo-
fonte: acervo pessoal.

51
necessário nenhum tipo de restrição que tais atividades aconteçam. A quali-
ficação do uso para permanência tem a tendência de atrair um número cada
vez maior de indivíduos procurando passar o tempo, que por consequencia irá
gradativamente atrair novos usos das edificações imediatamente nas bordas
das escadarias, estimulando usos que se relacionam com o espaço da rua nos
térreos das edificações.

estímulo a atividades e
fachadas ativas

manutenção de eixo livre de


obstáculos de modo a não in-
terferir na passagem

52
DIRETRIZES - legitimação enquanto espaço público, de modo a
CONDICIONANTES: estimular o potencial de apopriação já existente;
- estímulo a apreciação das visuais privilegiadas;
- implementação de mobiliário urbano de per ma-
nência;
- iluminação pública adequada;
- adição de elementos de sombreamento quando
possível;
- realização de atividades culturais e exposições;
- incentivo às edificações com tér reos ativos.

infor mativos acerca


das vistas

disposição do mobiliário
de modo a criar áreas de
convívio

implantação de mobiliá-
rio urbano estimlando a
per manêncoa

patamares como locais


de realização de ativida-
des e eventos

53
---- - FACHADAS NÃO ATIVAS

A tipologia arquitetônica sendo produzida e replicada por todo o ter-


ritório urbano nas últimas décadas aplica tendências e conceitos que acabam
por produzir edificações independentes do seu contexto de inserção urbana, no
sentido em que cada vez mais, as vias urbanas fazem fronteira com edificações
que tendem a se fechar em seus lotes, cercadas de grandes muros e que negam
qualquer tipo de relacionamento com a rua e com a figura do pedestre. Não se
tem nenhum tipo de interação com essa arquitetura, repelindo não apenas a
preseneça do pedestre e incentivando a atividade de passagem, mas também
inibindo encontros casuais, trocas e relações humanas nas imediações das fa-
chadas não amigáveis.

não oferece nenhuma oportunidade


de interação
ca
lc ad
ão
desestimula a permanência do pe-
destre naquele local

ambiência de passagem rápida e


local desinteresse

confina o pedestre entre a rua e o


estacionamento de automóveis

interrompe a dinâmica de usos da


região

a ocorrência desses espaços no tecido urbano da área de estudo está indicada no mapa da página 14, pelas linhas
contínuas vermelhas.

54
A experiência urbana acontece a medida que nos deslocamos no es-
paço da cidade, na figura do pedestre, e percebemos as informações das edi-
ficações e das atividades exercidas em seus interiores através das aberturas
térreas. Quando os vislumbres são interessantes e variados, o ambiente urbano
é percebido como convidativo e enriquecedor, estimulando o pedestre a perce-
ber o seu entorno. Fachadas ativas tendem a estimular um caminhar em ritmo
mais lento, de modo a interpretar as informações, um número maior de pessoas
para ao seu redor, acontecem mais atividades e trocas sociais. Já quando o
contrário acontece, com térreos fechados, sem detalhes e com poucas abertu-
ras, a experiência do pedestre é pobre e impessoal, desestimulando o mesmo a
permanecer naquele local.

rua deodoro
fonte: acervo pessoal.

rua trajano rua trajano


fonte: acervo pessoal. fonte: acervo pessoal.

Outro ponto negativo asociado a existência de grandes extensões de


fachadas não ativas na cidade é a insegurança que essas áreas passam. Como
já mencionado anteriormente, lugares com maior número de estímulos de con-
tatos visuais e auditivos são mais propícios para encontros e permanência de
pessoas afinal, a presença de pessoas atrái mais pessoas. Locais desinte-
ressantes não estimulam a presença de pedestres, tornando-os inseguros e
vazios. Um modo simples para a reversão da reprodução da tipologia de facha-
das que não promovem comunicação com o exterior seria a implementação de
políticas urbanas que garantam áreas térreas ativas e visualmente convidativas
nos novos empreendimentos. Tal mudança poderia ser estimulada através da
determinação de porcentagens da testada das edificações a seren abertas e
visualmente atrativas a nível do térreo.

Considerando que a maior parte da área central se traduz em áreas


com ocupação já consolidada, mas que reproduzem a tipologia de fachadas
não ativas, torna-se ineficaz apenas estimular um tratamento diferenciado dos
térreos em novas edificações. Propõe-se então estudar a implantação de mo-
biliários urbanos de permanência, estratégicamente posicionados exatamente
nos locais onde identificam-se fachadas não ativas. A implantação de mobiliário
urbano nestes locais seria estratégica, uma vez que não configuraria nenhum
tipo de barreira ou invasão de privacidade à edificação em questão, que já não
se comunica com o meio urbano. Associado ao mobiliário urbano, tendo como
objetivo final qualificar a permanência no espaço público da cidade, estimula-se

55
a execução de elementos de sombreamento através da implantação de tendas
ou marquises, oferecendo então não apenas locais de descanso, mas também
espaços protegidos do clima. Tais locais oferecem as condições perfeitas para
resgatar a vitalidade repelida pelas fachadas cegas, estabelecendo novos lo-
cais de trocas e encontros ao longo do território da área central. De modo se-
melhante as modificações propostas na modalidade das edificações sem uso,
como se fala da criação de mobiliário em área externa a edificação, ao lote, tal
medida deve estar acompanhada de uma ampliação do espaço físico da calça-
da, caso essa situação não ocorrra dentro das áreas de calçadão.

implantação de elementos de som-


breamento e proteção ao clima

criação de pequenos espaços


sociáveis

implementação de mobiliário
urbano de per manência

disposição do mobiliário de modo


a não configurar obstáculos

locais mais atrativos com


maior vitalidade no entor no

56
DIRETRIZES - contrapar tida de criação de áreas de descanso nas
CONDICIONANTES: situações de fachadas cegas de frente para a rua;
- quando não houver a situação de calçadão, prever a
ampliação dos passeios de modo a não criar espaços
de per manência em meio ao fluxo de pedestres;
- implementação de mobiliário urbano de per manên-
cia;
- adição de elementos de sombreamento quando pos-
sível;
- obrigatoriedade de uma porcentagem da área tér-
rea se traduzir em fachada ativa e convidativa para o
caso de novas edificações.

identificação de facha-
das não ativas

57
CONSIDERAÇÕES FINAIS

As análises e ensaios projetuais elaborados para as


situações de subutilização levantadas neste livreto foram ela-
boradas de modo a explorar as potencialidades específicas de
cada tipologia. Seus efeitos psicológicos e suas conformações
formais como barreira foram os elementos norteadores da ela-
boração de soluções, uma vez que entende-se a necessidade de
incorporação desses espaços na tentativa de oferecer um nú-
mero maior de espaços de caráter coletivo na região central,
que encontra-se já extremamente consolidada. A inexistência de
grandes extensões territoriais livres de uso inviabiliza soluções
como a implantação de um grande parque, para sanar a escas-
sez de locais de uso coletivo na região, sendo a solução mais
viável a gradual implementação de espaços de convivência numa
escala menor, porém distribuídos mais consistentemente através
do território da cidade. Tais mudanças podem, em um primeiro
momento e a nível de experimento se restringirem a uma área da
cidade específica, sendo então avaliados os resultados e, caso
observado o sucesso dos novos espaços públicos, replicadas em
outros setores da cidade.

As recomendações feitas aqui consistem em interven-


ções singelas e de baixo custo, que podem ser implementadas
gradualmente e de modo coordenado com as gestões municipais.
Idealmente, poderiam ser concedidos descontos ou acréscimos
nos índices construtivos aos proprietários de edificações ou lo-
tes que teriam impacto negativo sobre o espaço urbano existente
que se dispusessem a promover as mudanças recomendadas em
suas propriedades. Desse modo, promove-se ao longo dos anos
uma mudança gradual da área como um todo, criando um sistema
de pequenas áreas de estar e de realização de atividades coleti-
vas, conferindo um caráter mais convidativo e acessível a região
central de Florianópolis.

58

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