Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/311858423
CITATIONS READS
0 143
4 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Marcos Vinicius Porto Souza-Leão on 23 December 2016.
RESUMO
As abelhas Euglossini (Hymenoptera: Apidae), conhecidas popularmente como abelhas das orquídeas,
ocorrem exclusivamente na região Neotropical, são distribuídas em diferentes biomas, mas é mais
diversificado nas florestas quentes e úmidas. Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados
da utilização de abelhas Euglossini como prováveis bioindicadores da qualidade ambiental no
reassentamento rural Flor da Serra, área de influencia do Bioma Cerrado, localizado no município de
Porto Nacional, Estado do Tocantins, Brasil. Os estudos foram realizados em quatro sítios de coletas, em
diferentes ambientes existentes no reassentamento, Mata Ciliar, Área de Pastagem, Área de Cultivo
Agrícola e Reserva Legal, utilizando-se da metodologia de coleta passiva no qual foi realizada com
armadilhas de garrafas “pet” e iscas-odores, e a metodologia de coleta ativa com redes entomológicas
tipo puçás. Foram amostrados 75 espécimes, pertencentes a 10 espécies, distribuídas em 3 gêneros,
coletados no período de 07 a 08, e de 28 de fevereiro a 01 de março de 2015. O sítio que apresentou a
maior diversidade foi o Mata Ciliar seguido da Reserva Legal, Área de Pastagem e Área de Cultivo.
Palavras-chave: Abelhas das orquídeas, polinizadores, Cerrado.
INTRODUÇÃO
1
levantamentos faunísticos, abrindo caminho para os mais diversos estudos (REBÊLO, 2001;
OLIVEIRA-JUNIOR et al. 2012).
A tribo Euglossini é composta de cinco gêneros: Aglae, Eufriesea, Euglossa, Eulaema e
Exaerete, dos quais, três são formados por abelhas de vida livre e dois, Aglae e Exaerete, as
fêmeas são cleptoparasitas dos ninhos de Eufriesea e Eulaema (DRESSLER, 1982; MORATO,
2001; SILVEIRA et al. 2002; CAMERON, 2004; ROUBIK & HANSON, 2004; ANJOS-SILVA, 2006;
ANJOS-SILVA et al. 2007).
A grande diversificação ecológica, a abundância e a importância destas abelhas para
muitos ecossistemas, associados à atração e captura em iscas odoríferas, tornam as Euglossini
possíveis bioindicadoras da qualidade ambiental de áreas naturais ou conservadas (LOPES,
1963; BROWN JR. 1991).
Por isso, essas abelhas são consideradas adequadas para estudos dos efeitos diretos e
indiretos da fragmentação florestal na estrutura e dinâmica das comunidades de fragmentos
florestais, isto é, bioindicadores do estado de conservação de áreas (BECKER et al. 1991;
MORATO, 1994). Assim esse estudo explora a diferença na diversidade entre ambientes
antropizados e naturais, sendo estes últimos uma possível referência ao pool de espécies dos
Euglossini na região.
MATERIAL E MÉTODOS
2
horas por ponto amostral, sendo que as armadilhas eram instaladas no horário das 07:00h e
recolhidas as 17:00h do dia seguinte.
As abelhas coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos, contendo como
identificação a data, o horário, o local da coleta e a fragrância visitada, e foram postos em
bolsa térmica contendo gelo, a fim de serem sacrificados e conservados. Os espécimes foram
montados em alfinetes entomológicos, etiquetados, dissecados em estufa, acondicionados em
caixas entomológicas.
A maioria das abelhas coletadas foram identificadas com o auxílio de chaves
dicotômicas, sendo posteriormente depositadas como material testemunho na coleção
entomológica do Unitas Agroecológica do Centro Universitário Luterano de Palmas -
CEULP/ULBRA. Alguns exemplares foram identificados através da comparação direta aos
espécimes enviados para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, com a
finalidade de serem posteriormente depositados na Coleção de Invertebrados daquela
instituição.
A partir dos dados de riqueza e abundância por sítio amostrado, foram calculados os
índices de diversidade de Shannon (H’) e Simpson (D) (MORRIS et al. 2014). Estes foram
utilizados como parâmetro para comparação da diversidade de Euglossini entre as áreas.
Dessa forma, espera-se que as áreas com maior preservação, Reserva Legal e Mata Ciliar,
apresentem maior diversidade que as demais.
RESULTADOS
O gênero Eulaema (Lepeletier, 1841), foi o mais rico e abundante, com 69 indivíduos,
distribuídos em 5 espécies (Figuras 2 e 3), dentre estas El. nigrita, que dominou em abundância
todos os sítios coletados. O gênero Euglossa (Latreille, 1802), apresentou 3 indivíduos, um por
espécie (Figura 1). O gênero Exaerete (Hoffmannsegg, 1817), foi representado por 2
indivíduos, um por espécie (Figura 4). A riqueza e a abundância dos quatros pontos amostrais
do reassentamento rural Flor da Serra se deu conforme Tabela 2 e Figura 5.
3
Foto: Marcos V. P. Souza-Leão
Souza Foto: Marcos V. P. Souza-Leão
Souza
Tabela 2. Gêneros e espécies de abelhas Euglossini amostradas nos quatro sítios de coletas.
ESPÉCIE Mata Ciliar Pastagem Cultivo Reserva Legal TOTAL
Euglossa (Latreille, 1802)
Eg. ignita 1 - - - 1
Eg. modestior - 1 - - 1
Eg. securigera 1 - - - 1
Eulaema (Lepeletier, 1841)
El. bombiformis - - 1 - 1
El. cingulata 1 4 3 1 9
El. meriana 5 - - 3 5
El. nigrita 6 9 13 5 28
El. pseudocingulata 3 3 12 - 26
Exaerete (Hoffmannsegg, 1817)
Ex. dentata 1 - - - 1
Ex. smaragdina 1 - - 1 2
Total de indivíduos 19 17 29 10 75
Total (%) 25,34 22,67 38,66 13,33 100
Riqueza 8 4 4 4 10
4
espécie para o gênero Exaerete. Seguido pelo sítio Área de Pastagem, que apresentou a
terceira maior abundancia, 17 indivíduos, e com S=4. Para o gênero Euglossa, com 1 espécie, e
o gênero Eulaema com 3 espécies, nenhuma espécie foi coletada para gênero Exaerete.
35
Reserva Legal
30
Cultivo
Pastagem
Mata Ciliar
25
Abundância
20
15
10
5
0
Eg ign Eg mod Eg sec El bom El cin El mer El nig El pse Ex den Ex sma
Espécies
Figura 5. Riqueza e abundância de Euglossini nos sítios de coletas do reassentamento rural Flor da Serra.
A menor abundancia foi registrada para o sítio Reserva Legal com 10 espécimes
coletados e também com S=4. Para o gênero Euglossa, nenhuma espécie coleta, 3 espécies
para o gênero Eulaema e para o gênero Exaerete, 1 espécie.
O sítio com maior riqueza foi Mata Ciliar, com 8 espécies, seguido dos demais sítios,
todos com 4 espécies cada. O mesmo sítio também foi o mais diverso em ambos os índices
(Tabela 3).
Tabela 3. Riqueza e diversidade de Shannon (H’) e Simpson (D’) nos quatro sítios amostrados no
Reassentamento Rural Flor da Serra, Porto Nacional/TO.
SÍTIO RIQUEZA H’ D’
5
DISCUSSÃO
6
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANJOS-SILVA, E. J.; ENGEL, M. S.; ANDENA, S. R. 2007. Phylogeny of the cleptoparasitic bee
genus Exaerete (Hymenoptera: Apidae). Apidologie, 38 (5):419-425.
BATISTA, A. C.; KNOLL, F. R. N.; CARMO, D. V.; IZIDRO, S.; GOBATTO, A. L.2011. Monitoramento
de abelhas euglossíneas (Hymenoptera: Apidae) como bioindicadoras em um fragmento de
cerrado. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, X, 2011. Anais ... São Lourenço - MG.
BECKER, P.; MOURE, J. S.; PERALTA, F. J. A. 1991. More about euglossine bees in Amazonian
forest fragments. Biotropica, 23(4b):586-591.
BEMBÉ, B. 2004. Functional morphology in male orchid bees and their ability to spray
fragrances (Hymenoptera, Apidae, Euglossini). Apidologie, 35 (3):283-291.
7
BROSI, B. J. 2009. The effects of forest fragmentation on euglossine bee communities
(Hymenoptera: Apidae: Euglossini). Biological Conservation, 142:414-423.
CAMERON, S. A. 2004. Phylogeny and biology of neotropical orchid bees (Euglossini). Annual
Review of Entomology, 49:377-404.
CAMPOS, L. A. O.; SILVEIRA, F. A.; OLIVEIRA, M. L.; ABRANTES, C. V. M.; MORATO, E. F.; MELO,
G. A. R. 1989. Utilização de armadilhas para a captura de machos de Euglossini (Hymenoptera,
Apoidea). Revista Brasileira de Zoologia, 6 (4):621-626.
CARVALHO, A. M. C. & BEGO, L. R. 1996. Studies on Apoidea fauna of Cerrado vegetation at the
Panga Ecological Reserve, Uberlândia, MG. Rev. Bras. Entomol. 40 (2):147-156, 1996.
DODSON, C. H.; DRESSLER, R. L.; HILLS, G. H.; ADAMS, R. M.; WILLIAMS, N. H. 1969. Biologically
active compounds in orchid fragrances. Science, 164 (1):1243-1249, Washington.
DRESSLER, R. L. 1982. Biology of the orchid bee (Euglossini). Annual Review of Ecology and
Systematics, 13:373-394.
ELTZ, T.; WHITTEN, W. M.; ROUBIK, D. W.; LINSENMAIR, K. E. 1999. Fragrance collection,
storage, and accumulation by individual male orchid bees. Journal of Chemical Ecology, 25
(2):157–176, Heidelberg .
ELTZ, T.; LUNAU, K. 2005. Antennal response to fragrance compounds in male orchid
bees.Chemoecology, 15 (2):135-138, Berlin.
Grandolfo VA, Junior RCB, Neto CdMS, Neto JNM, Gonçalves BB. 2013. Riqueza e Abundância
de Abelhas Euglossini (Hymenoptera, Apidae) em Parques Urbanos de Goiânia, Goiás.
EntomoBrasilis, 6:126-131.
HEDSTROM, I.; DENZEL, A. & OWENS, G. 2006. Orchid bees as bio-indicators for organic coffee
farm in Costa Rica: Does farm size affect their abundance? Rev. Biol. Trop. 54 (3):965-969.
HEDSTROM, I.; HARRIS, J. & FERGUS, K. 2006. Euglossine bees as potential bio-indicators of
coffee farm: Does forest access, on a seasonal basis, affect abundance? Rev. Biol. Trop. 54
(4):1188-1195.
JANZEN, D. H. 1971. Euglossini bees as long-distance pollinators of tropcal plants. Science, 171:
203-204.
KIMSEY, L. S. 1980. The behaviour of male orchid bees (Apidae, Hymenoptera, Insecta) and the
question of leks. Animal Behaviour, 28 (5):996–1004, London.
LOPES, F. D. 1963. Two attractants for Eulaema tropica L. Journal of Economic Entomology, 56
(4):540.
8
MORATO, E. F.2001. Ocorrência de Aglae caerulea Lepeletier & Serville (Hymenoptera, Apidae,
Euglossina) no Estado do Acre, Brasil. Rev. Bras. Zool. 18 (3):1031-1034.
MORRIS, E. K.; CARUSO, T.; BUSCOT, F.; FISCHER, M.; HANCOCK, C.; MAIER, T. S.; MEINERS, T.;
MÜLLER, C.; OBERMAIER, E.; PRATI, D. 2014. Choosing and using diversity indices: insights for
ecological applications from the German Biodiversity Exploratories. Ecology and evolution,
4:3514-3524.
NEMÉSIO, A. & FARIA JR., L. R. R. 2004. First assessment of orchid bee fauna (Hymenoptera:
Apidae: Apini: Euglossina) at Parque Estadual do Rio Preto, a Cerrado area in southeastern
Brazil. Lundiana, 5 (2):113-117.
NEMÉSIO A, SILVEIRA FA. 2007. Diversity and distribution of orchid bees (Hymenoptera:
Apidae) with a revised checklist of species. Neotropical Entomology, 36:874-888.
OLIVEIRA, J. S.; LEITE, D. C.; CAVALCANTE, D. N.; COSTA, M. P.; SILVA, M. H.; DOURADO, T. M. F.
A. 2012. Processo de Compensação Social das Famílias Reassentadas pela Construção da UHE
Luis Eduardo Magalhães, Palmas, TO. In: CONGRESSO NORTE NORDESTE DE PESQUISA E
INOVAÇÃO, VII – CONNEPI, 2012. Anais ... Palmas, Tocantins.
OLIVEIRA-JUNIOR, J. M. B.; ALMEIDA, S. M.; RODRIGUES, L.; SILVÉRIO JÚNIOR, A. J.; ANJOS-
SILVA, E. J. 2015. Orchid bees (Apidae: Euglossini) in a forest fragment in the ecótono Cerrado-
Amazonian forest, Brazil. Acta biol. Colomb. 20 (3):67-78.
REBÊLO, J. M. M. 2001. História natural das Euglossineas, as abelhas das orquídeas. Lithograf
Editora. São Luís/MA.
ROUBIK, D. W. 1989. Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge University Press,
514 p. Cambridge, New York.
ROUBIK, D. W. & HANSON, P. E. 2004. Orchid bees of tropical America: Biology and Field
Guide. InstitutoNacional de Biodiversidade (INBio), 370 p. Heredia, Costa Rica.
9
SANTOS, A. M. & SOFIA, S. H. 2002. Horário de atividade de machos de Euglossinae
(Hymenoptera, Apidae) em um fragmento de floresta semidecidual no norte do Estado do
Paraná. Acta Scientiarum, 24:375-381.
SILVA, A. G. 2006. Relações entre plantas e polinizadores - uma abordagem para o cerrado em
comparação com outras formações vegetais. Natureza on line, 4 (1):14-24.
http://www.naturezaonline.com.br
TUNDISI, J. G. & TUNDISI, T. M. 2010. Impactos potenciais das alterações do Código Florestal
nos recursos hídricos/Potencial impacts of changes in the Forest Law in relation to water
resources. Biota Neotrópica, 10 (4):67-76.
VOGEL, S. 1966. Parfümsammelnde bienen als bestäuber von orchidaceen und Gloxina.
Österreichische Botanische Zeitschrift, 113 (3):302-361. Wien.
WILLIAMS, N. H. & WHITTEN, W. M. 1983. Orchid floral fragrances and male euglossine bees:
Methods and advances in last sesquidecade. Biology Bulletin, 164:355-395.
10