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Abelhas Euglossini (Hymenoptera Apidae)


utilizadas como prováveis bioindicadores da
qualidade ambiental no...

Article · December 2016

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4 authors:

Marcos Vinicius Porto Souza-Leão Pedro Henrique Campêlo


Centro Universitário Luterano de Palmas Universidade Federal de Tocantins
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Selene Leite Vital Conceição Aparecida Previero


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ABELHAS EUGLOSSINI (HYMENOPTERA: APIDAE) UTILIZADAS COMO PROVÁVEIS
BIOINDICADORES DA QUALIDADE AMBIENTAL NO REASSENTAMENTO RURAL FLOR
DA SERRA, PORTO NACIONAL, TOCANTINS, BRASIL
1 2,5 3,5 4
Marcos V. P. Souza-Leão , Pedro H. Campelo , Selene L. Vital , Conceição A. Previero
1
Biólogo; Pós-Graduado (Lato sensu) em Estudos do Ambiente; pesquisador do Unitas Agroecológica do CEULP/ULBRA;
E-mail: marcos.leao@ceulp.edu.br
2
Biólogo; Mestrando em Ecologia de Ecótonos; pesquisador do Unitas Agroecológica do CEULP/ULBRA
3
Gestora Ambiental; acadêmica do curso de Biologia; pesquisadora do Unitas Agroecológica do CEULP/ULBRA
4
Bióloga; Doutora em Pós-Colheita de Produtos Agrícolas; Coordenadora de pesquisa do CEULP/ULBRA
5
Bolsista CNPq

RESUMO
As abelhas Euglossini (Hymenoptera: Apidae), conhecidas popularmente como abelhas das orquídeas,
ocorrem exclusivamente na região Neotropical, são distribuídas em diferentes biomas, mas é mais
diversificado nas florestas quentes e úmidas. Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados
da utilização de abelhas Euglossini como prováveis bioindicadores da qualidade ambiental no
reassentamento rural Flor da Serra, área de influencia do Bioma Cerrado, localizado no município de
Porto Nacional, Estado do Tocantins, Brasil. Os estudos foram realizados em quatro sítios de coletas, em
diferentes ambientes existentes no reassentamento, Mata Ciliar, Área de Pastagem, Área de Cultivo
Agrícola e Reserva Legal, utilizando-se da metodologia de coleta passiva no qual foi realizada com
armadilhas de garrafas “pet” e iscas-odores, e a metodologia de coleta ativa com redes entomológicas
tipo puçás. Foram amostrados 75 espécimes, pertencentes a 10 espécies, distribuídas em 3 gêneros,
coletados no período de 07 a 08, e de 28 de fevereiro a 01 de março de 2015. O sítio que apresentou a
maior diversidade foi o Mata Ciliar seguido da Reserva Legal, Área de Pastagem e Área de Cultivo.
Palavras-chave: Abelhas das orquídeas, polinizadores, Cerrado.

INTRODUÇÃO

A Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães e o seu reservatório, possuem uma


extensão de 170 km e abrange uma área total de 630 km², atingindo os municípios de
Miracema, Lajeado, Palmas, Porto Nacional, Brejinhos de Nazaré e Ipueiras (PARENTE &
MIRANDA, 2014). Com a implantação dessa usina e o remanejamento dos ribeirinhos,
moradores das áreas afetadas pelo reservatório, deu-se origem a 14 reassentamentos rurais
distribuídos em seis municípios do Estado do Tocantins (OLIVEIRA et. al. 2012). Dentre eles,
encontra-se o reassentamento rural Flor da Serra localizada no município de Porto Nacional,
área de influencia do Bioma Cerrado, local de atuação do presente estudo.
As abelhas da tribo Euglossini (Hymenoptera: Apidae), conhecidas como abelhas das
orquídeas, acontecem exclusivamente na região Neotropical e ocorrem em diferentes biomas,
é mais diversificada em florestas quentes e úmidas, e são representadas tanto no cerrado
quanto em áreas de matas e região de montanhas (DRESSLER, 1982; CAMPOS et al. 1989).
Possuem a característica de os machos coletarem fragrâncias florais em centenas de espécies
de plantas, especialmente em Orchidaceae, e nelas recolherem substâncias aromáticas de
grande importância para sua biologia reprodutiva (VOGEL, 1966; DODSON et al. 1969; KIMSEY
1980; DRESSLER, 1982; ELTZ et al. 1999; BEMBE, 2004; ELTZ & LUNAU, 2005), são capazes de
voar longas distâncias em florestas tropicais contínuas, aproximadamente 23 km (JANZEN,
1971); acredita-se que essas substâncias são utilizadas para síntese de feromônios sexuais
(WILLIAMS & WHINTTEN, 1983). Devido a esta característica, estes indivíduos são facilmente
atraídos por substâncias aromáticas sintéticas, similar àqueles presentes na composição das
fragrâncias das flores por eles visitadas. Esse comportamento de atração possibilitou um maior
avanço para o conhecimento mais detalhado dessas abelhas. A utilização dessas substâncias
puras como iscas tornou-se uma técnica amplamente difundida, permitindo a realização de

1
levantamentos faunísticos, abrindo caminho para os mais diversos estudos (REBÊLO, 2001;
OLIVEIRA-JUNIOR et al. 2012).
A tribo Euglossini é composta de cinco gêneros: Aglae, Eufriesea, Euglossa, Eulaema e
Exaerete, dos quais, três são formados por abelhas de vida livre e dois, Aglae e Exaerete, as
fêmeas são cleptoparasitas dos ninhos de Eufriesea e Eulaema (DRESSLER, 1982; MORATO,
2001; SILVEIRA et al. 2002; CAMERON, 2004; ROUBIK & HANSON, 2004; ANJOS-SILVA, 2006;
ANJOS-SILVA et al. 2007).
A grande diversificação ecológica, a abundância e a importância destas abelhas para
muitos ecossistemas, associados à atração e captura em iscas odoríferas, tornam as Euglossini
possíveis bioindicadoras da qualidade ambiental de áreas naturais ou conservadas (LOPES,
1963; BROWN JR. 1991).
Por isso, essas abelhas são consideradas adequadas para estudos dos efeitos diretos e
indiretos da fragmentação florestal na estrutura e dinâmica das comunidades de fragmentos
florestais, isto é, bioindicadores do estado de conservação de áreas (BECKER et al. 1991;
MORATO, 1994). Assim esse estudo explora a diferença na diversidade entre ambientes
antropizados e naturais, sendo estes últimos uma possível referência ao pool de espécies dos
Euglossini na região.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no reassentamento Flor da Serra, área de influencia do Bioma


Cerrado, localizado na zona rural do município de Porto Nacional, distante cerca de 20 km de
sua sede e a 90 km da sede do município de Palmas, capital do Estado do Tocantins (SILVA-
JUNIOR, 2005).
Os pontos amostrais foram em quatro sítios de coletas, desenvolvidos em diferentes
ambientes existentes no reassentamento rural. O primeiro foi o sítio denominado de Mata
Ciliar, uma floresta típica do Bioma Cerrado, situado nas coordenadas geográficas de latitude:
10°52’34”S e longitude: 48°16’70”W com elevação média de 233 metros acima do nível do
mar. O segundo foi denominado de Área de Pastagem, um campo abandonado localizado nas
coordenadas, de latitude: 10°52’28”S e longitude: 48°16’77”W com elevação média de 238
metros. Seguido do sítio Área de Cultivo agrícola, área de plantação de amendoim Arachis
hypogaea L. (Fabaceae), monocultura para fins comerciais, com localização nas coordenadas
10°52’35”S e 48°18’01”W e elevação média de 248 metros. E o sítio de coletas Reserva Legal,
nas coordenadas 10°52’19”S e 48°17’32”W, com elevação de 252 metros, uma mata de
Cerradão em estagio de regeneração.
Foi utilizada uma metodologia padronizada para os quatros sítios de coletas, com dois
métodos distintos para as amostragens dos machos Euglossini. A metodologia de coleta
passiva, que consiste no uso de armadilhas de garrafas “pet” com iscas-odores (ACKERMAN,
1983; CAMPOS et al. 1989), seis essências foram utilizadas para esse fim, o acetato de benzila,
cinamato de metila, eucaliptol, eugenol, salicilato de metila e vanilina, embebidos em
chumaços de algodão, e a metodologia de coleta ativa, que foi realizada com redes
entomológicas tipo puçás, apenas para auxilio da coleta passivas, para que com isso, a
amostragem dos Euglossini possa ser mais detalhada (OLIVEIRA-JUNIOR et al. 2015).
As armadilhas foram presas à vegetação local, a uma altura de 1,50 m do solo e
distantes entre si, cerca de 5 m uma da outra, sempre à sombra (CAMPOS et al. 1989; REBELO
& GARÓFALO, 1991; NEVES & VIANA, 1999; SANTOS & SOFIA, 2002). As armadilhas contendo
os odores eram instaladas em campo pela manha e reabastecidas ao longo do dia, para repor
as perdas por evaporação de cada essência. O recolhimento das abelhas capturadas foi
realizado duas vezes por período, manhã e tarde.
A amostragem foi realizada em uma única época do ano, no período chuvoso, de 07 a
08, e de 28 de fevereiro a 01 de março de 2015. O tempo de amostragem foi em média de 40

2
horas por ponto amostral, sendo que as armadilhas eram instaladas no horário das 07:00h e
recolhidas as 17:00h do dia seguinte.
As abelhas coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos, contendo como
identificação a data, o horário, o local da coleta e a fragrância visitada, e foram postos em
bolsa térmica contendo gelo, a fim de serem sacrificados e conservados. Os espécimes foram
montados em alfinetes entomológicos, etiquetados, dissecados em estufa, acondicionados em
caixas entomológicas.
A maioria das abelhas coletadas foram identificadas com o auxílio de chaves
dicotômicas, sendo posteriormente depositadas como material testemunho na coleção
entomológica do Unitas Agroecológica do Centro Universitário Luterano de Palmas -
CEULP/ULBRA. Alguns exemplares foram identificados através da comparação direta aos
espécimes enviados para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, com a
finalidade de serem posteriormente depositados na Coleção de Invertebrados daquela
instituição.
A partir dos dados de riqueza e abundância por sítio amostrado, foram calculados os
índices de diversidade de Shannon (H’) e Simpson (D) (MORRIS et al. 2014). Estes foram
utilizados como parâmetro para comparação da diversidade de Euglossini entre as áreas.
Dessa forma, espera-se que as áreas com maior preservação, Reserva Legal e Mata Ciliar,
apresentem maior diversidade que as demais.

RESULTADOS

Foram amostrados 75 espécimes, pertencentes a 10 espécies, distribuídas em 3


gêneros (Tabela 1), coletados no período de 07 a 08, e de 28 de fevereiro a 01 de março de
2015.

Tabela 1. Espécies e quantidades de Euglossini levantadas no reassentamento rural Flor da Serra.


Espécie Quantidade
Euglossa ignita Smith, 1874 1
Euglossa modestior Dressler, 1982 1
Euglossa securigera Dressler, 1982 1
Eulaema bombiformis (Packard, 1869) 1
Eulaema cingulata (Fabricius, 1804) 9
Eulaema meriana (Olivier, 1789) 5
Eulaema nigrita Lepeletier, 1841 28
Eulaema pseudocingulata Oliveira, 2006 26
Exaerete dentata (Linnaeus, 1758) 1
Exaerete smaragdina (Guérin-Méneville, 1844) 2
Total 75

O gênero Eulaema (Lepeletier, 1841), foi o mais rico e abundante, com 69 indivíduos,
distribuídos em 5 espécies (Figuras 2 e 3), dentre estas El. nigrita, que dominou em abundância
todos os sítios coletados. O gênero Euglossa (Latreille, 1802), apresentou 3 indivíduos, um por
espécie (Figura 1). O gênero Exaerete (Hoffmannsegg, 1817), foi representado por 2
indivíduos, um por espécie (Figura 4). A riqueza e a abundância dos quatros pontos amostrais
do reassentamento rural Flor da Serra se deu conforme Tabela 2 e Figura 5.

3
Foto: Marcos V. P. Souza-Leão
Souza Foto: Marcos V. P. Souza-Leão
Souza

Figura 1. Euglossa securigera Figura 2. El. bombiformis e El. meriana

Foto: Marcos V. P. Souza-Leão


Souza Foto: Marcos V. P. Souza-Leão
Souza

Figura 3. Eulaema cingulata Figura 4. Exaerete smaragdina

Tabela 2. Gêneros e espécies de abelhas Euglossini amostradas nos quatro sítios de coletas.
ESPÉCIE Mata Ciliar Pastagem Cultivo Reserva Legal TOTAL
Euglossa (Latreille, 1802)
Eg. ignita 1 - - - 1
Eg. modestior - 1 - - 1
Eg. securigera 1 - - - 1
Eulaema (Lepeletier, 1841)
El. bombiformis - - 1 - 1
El. cingulata 1 4 3 1 9
El. meriana 5 - - 3 5
El. nigrita 6 9 13 5 28
El. pseudocingulata 3 3 12 - 26
Exaerete (Hoffmannsegg, 1817)
Ex. dentata 1 - - - 1
Ex. smaragdina 1 - - 1 2
Total de indivíduos 19 17 29 10 75
Total (%) 25,34 22,67 38,66 13,33 100
Riqueza 8 4 4 4 10

O sítio Área de Cultivo apresentou 29 indivíduos, contendo a maior abundancia e


empatou com os demais sítios, no item riqueza (S) com S=4 espécies. Para o gênero Euglossa
nenhuma espécie foi coletada. O gênero Eulaema, com 4 espécies coletadas, e nenhuma

4
espécie para o gênero Exaerete. Seguido pelo sítio Área de Pastagem, que apresentou a
terceira maior abundancia, 17 indivíduos, e com S=4. Para o gênero Euglossa, com 1 espécie, e
o gênero Eulaema com 3 espécies, nenhuma espécie foi coletada para gênero Exaerete.
35

Reserva Legal
30

Cultivo
Pastagem
Mata Ciliar
25
Abundância
20
15
10
5
0

Eg ign Eg mod Eg sec El bom El cin El mer El nig El pse Ex den Ex sma
Espécies

Figura 5. Riqueza e abundância de Euglossini nos sítios de coletas do reassentamento rural Flor da Serra.

A menor abundancia foi registrada para o sítio Reserva Legal com 10 espécimes
coletados e também com S=4. Para o gênero Euglossa, nenhuma espécie coleta, 3 espécies
para o gênero Eulaema e para o gênero Exaerete, 1 espécie.
O sítio com maior riqueza foi Mata Ciliar, com 8 espécies, seguido dos demais sítios,
todos com 4 espécies cada. O mesmo sítio também foi o mais diverso em ambos os índices
(Tabela 3).

Tabela 3. Riqueza e diversidade de Shannon (H’) e Simpson (D’) nos quatro sítios amostrados no
Reassentamento Rural Flor da Serra, Porto Nacional/TO.

SÍTIO RIQUEZA H’ D’

Mata Ciliar 8 1.781619 0.792244

Reserva Legal 4 1.168282 0.64

Pastagem 4 1.149917 0.629758

Cultivo 4 1.075604 0.615933

5
DISCUSSÃO

Apesar de alguns sítios apresentarem maior abundância (Cultivo e Pastagem), os


mesmos não mostraram equitabilidade entre as espécies. Esse evento é observado na
presença de espécies dominantes, sendo nesse caso representadas por El. nigrita e El.
pseudocingulata. Essas duas espécies em particular são conhecidas por serem abundantes em
ambientes antropizados. El. nigrita é frequentemente favorecida por esses locais, podendo ser
indicador de áreas perturbadas (ZUCCHI et al. 1969). A dominância dessa espécie também foi
registrada em áreas verdes em Goiânia/GO e em áreas urbanas na Mata Atlântica
(GRANDOLFO et al. 2013; NEMÉSIO & SILVEIRA, 2007). Tratando-se de ambientes antropizados
rurais, VITAL et al (2016) coletando em sítios com a mesma classificação (Mata Ciliar, Reserva
Legal, Pastagem e Cultivo) encontraram o mesmo padrão para a espécie, com dominância
absoluta nos ambientes de Mata Ciliar e Pastagem, contudo inexistindo nos demais locais. O
padrão inverso se observa quando levamos em consideração as espécies raras na amostragem,
com apenas um táxon tanto para o cultivo quanto para a pastagem, apontando a baixa
equidade entre os sítios.
Tendo em vista a capacidade de voo dos Euglossini e a proximidade entre os sítios de
coleta esperar-se-ia maior equivalência entre os pontos amostrados. Contudo os dados
mostram que independente da distância, outros elementos são essenciais na dispersão e
colonização desses organismos, tais como a cobertura do solo, promovendo uma matriz não
explorável entre as manchas de vegetação nativa (BROSI, 2009). As práticas na agricultura
brasileira envolvem em sua maioria a remoção total da vegetação natural, correção do solo,
cultivos com baixa (ou nenhuma) diversidade vegetal e uso de agrodefensivos químicos. Dessa
forma a fragmentação e o uso de insumos químicos podem provocar altas taxas de extinção
local, diminuindo a diversidade, em especial as Euglossini, que são dependentes de faixas de
cobertura florestal e sensíveis a variações bioquímicas no ar atmosférico.
Tanto para o ecossistema natural quanto para o antrópico, a biodiversidade é um fator
fundamental em comum. Pode-se observar isso claramente quando levamos em conta a
diversidade funcional, onde os serviços ecossistêmicos são produtos das interações ecológicas.
No caso das Euglossini, o maior serviço ecossistêmico é a polinização, o que contribui para a
formação dos frutos, nativos ou cultivares, aumentando a diversidade genética vegetal e a
produtividade (SILVA, 2006). A realização desses serviços não é garantida apenas pela
abundância de uma ou de mais espécies, pois para muitas flores pode existir um grau de
especificidade com o polinizador de modo que nenhum outro organismo pode fazê-lo,
exigindo certo grau de diversidade (SILVA, 2006). Assim, a baixa diversidade promovida por
ecossistemas antrópicos que não fazem uso de práticas sustentáveis pode ser prejudicial tanto
ao ambiente natural quanto a produção agrícola.
Vale salientar também a importância dos ambientes naturais em propriedades rurais,
pois estes apresentaram maior diversidade, sendo Mata Ciliar a mais diversa, seguida da
Reserva Legal. Além de proteger os mananciais, essas áreas, em particular as matas ciliares,
funcionam como corredores ecológicos. A vegetação ripária, associada aos corpos hídricos das
sub-bacias do rio Tocantins, é responsável pela dispersão de plantas, animais vertebrados e
invertebrados de origem Amazônica até o centro do Cerrado. Essa observação serve de alerta
para novos estudos focando a vegetação ripária, que foi drasticamente reduzida pela lei
12.651, do Novo Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 2010). Este reduz a área para um buffer
insuficiente para a manutenção dos serviços ecossistêmicos (TUNDISI & TUNDISI, 2010).
Dentre as 10 espécies coletadas, 5 foram registradas com apenas um indivíduo. Essa
observação, associada ao fato de que as coletas aconteceram em apenas duas campanhas e na
mesma estação do ano, espera-se que um estudo com maior esforço amostral possa aumentar
significativamente a riqueza de Euglossini para a região.

6
CONCLUSÃO

O reassentamento rural Flor da Serra encontra-se situado numa região plana, e os


chacareiros reassentados praticam em sua maioria a agricultura convencional, suas terras
encontram-se circundadas por fazendas de plantação da monocultura de soja, dos quais fazem
o uso dos aviões de pulverização de pesticidas.
Os resultados apresentados reafirmam o potencial das abelhas Euglossini como
bioindicadoras da qualidade ambiental. De um modo geral, a área do Reassentamento Rural
Flor da Serra parece-nos apresentar alto contraste entre os sítios naturais e antrópicos, com
presença de espécies dominantes nestes últimos. Uma forma de promover o aumento da
biodiversidade em áreas de produção agrícola é o uso de técnicas de produção sustentáveis.
Técnicas como Sistemas Agroflorestais e Sistema Silvipastoril, fazem o consórcio entre diversos
cultivares comerciais exóticos, com espécies vegetais da flora local. O aumento da quantidade
de espécies arbóreas pode tornar o microhabitat mais favorável a espécies sensíveis a
temperatura, umidade e luminosidade, tais como as Euglossini.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Dr. Marcio Oliveira do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia -


INPA, pela identificação do material enviado (abelhas Euglossini) e por toda a colaboração
prestada; aos chacareiros do reassentamento rural Flor da Serra, pelo apoio a nossa equipe e a
participação nas coletas; ao CNPq pelas bolsas de estudo concedidas.

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