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E nossa 1ª esposa é a nossa ALMA... Muitas vezes deixada CONHECE-TE A TI MESMO


de lado por perseguirmos, durante a vida toda, a riqueza, o poder e os
prazeres do nosso ego...
A concepção cristã do ser humano admite homem como
Apesar de tudo, nossa Alma é a única coisa que sempre irá tendo saído da divindade e perdido a sua condição de imortalidade.
conosco, não importa onde formos. Tendo perdido a imortalidade e a sua condição, o homem perdeu a
capacidade de compreender o pensamento divino, de conceber
QUESTIONÁRIO questões que ultrapassem a sua capacidade humana/decaída, baseada
na sua reduzida “realidade”. Essa “realidade” que embasa o
pensamento humano é o campo da Razão, da lógica, da “verdade”
ATENÇÃO:
que pode ser abarcada pelo conhecimento humano instrumentado
ð as respostas devem ser redigidas segundo a sua própria
pela Ciência.
concepção; Dessa forma, se a Razão não pode abarcar o imponderável, o
ð você deve fundamentar suas respostas, mas não precisa se alongar subjetivo, apresenta-se ao pensamento humano um grande problema:
em demasia;
Como, sendo seres decaídos e pervertidos, podemos conhecer
ð ao final da folha de respostas deve constar a data e sua assinatura.
a verdade?
Se a Verdade é Absoluta e imponderável, está fora do alcance
para a compreensão das mentes humanas que apenas são capazes de
1- Na sua opinião, Qual o caminho a ser seguido pelo homem abarcar e conceituar (compreender) o ponderável e particularizado.
para poder conhecer os PRINCÍPIOS DO MUNDO DIVINO?
Se a mente humana, material e finita, perdeu a capacidade de
2- Faça uma explanação sobre a sua concepção de DEVER. captar os princípios contidos na infinitude divina, como o finito
3- Na sua concepção, é possível o homem conseguir manter (humano) pode conhecer a verdade (infinita e divina)?
uma conduta equilibrada entre o exercício de sua LIBERDADE e as Como o finito humano poderá descobrir o sentido em que
premências da NECESSIDADE? Como? deverá obrar para readquirir a propriedade da imortalidade divina
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- perdida? No que ele poderá basear os seus esforços? Como ele
poderá saber o que é certo e o que é errado, em termos de princípios
1. Qual o assunto, no tema abordado, que lhe suscitou imortais?
maiores dúvidas? Por quê?
Eis por que, desde que o homem começou a se interrogar
2. Qual o assunto, no tema abordado, que mais lhe sobre a sua condição e seu papel neste mundo, a FÉ tornou-se central
impressionou? Por quê? para os estudos que enfocavam a condição humana, principalmente a
3. Se lhe fosse facultado fazer alguma pergunta, sobre o tema, Filosofia, pois era por meio dela que essas perguntas eram
o que gostaria de perguntar? respondidas.
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Em sua Misericórdia, Deus prometeu aos homens a redenção - Não !!! - respondeu a 3ª esposa. - A vida é boa demais!!!
e para isso enviou seu Filho para salvá-los. Crer no Filho é ter a Quando você morrer, eu vou é... casar de novo...
suprema virtude, a fé, que ilumina nosso intelecto e guia nossa O coração do rei sangrou e gelou de tanta dor...
vontade, permitindo à nossa razão o conhecimento do que está ao
seu alcance, ao mesmo tempo que nossa alma aceita as verdades Ele perguntou, então, à 2ª esposa:
superiores, reveladas por Deus e contidas nas Escrituras Sagradas. - Eu sempre recorri a você quando precisei de ajuda e você
As verdades que dependem de revelação divina são aquelas sempre esteve ao meu lado. Quando eu morrer você será capaz de
que nossa razão finita e imperfeita não só não pode alcançar sozinha, morrer comigo, para me fazer companhia?
como são aquelas que, a priori, só podemos aceitar sem compreender - Sinto muito, mas desta vez eu não posso fazer o que você
(como é o caso, por exemplo, da Encarnação do Filho de Deus, ou a me pede! - respondeu a 2ª esposa. - O máximo que eu posso fazer é
Santíssima Trindade, ou a Eucaristia). Em outras palavras, as enterrar você.
verdades da fé para a mente humana, são mistérios.
Essa resposta veio como um trovão na cabeça do rei e ele
Há, portanto, duas maneiras de conhecer: pela atividade da ficou arrasado...
razão ou luz natural, ou pela aceitação da revelação ou luz
sobrenatural. Daí, uma voz se fez ouvir:
Visto que a verdade, tanto de razão como de fé, tem sua - Eu partirei com você e o seguirei por onde você for...
origem na sabedoria e inteligência de Deus (pois é o Criador de todas O rei levantou os olhos e lá estava a sua 1ª esposa, tão
as coisas), a verdade, dividida para nós, é indivisa e una em si magrinha, tão mal nutrida, tão sofrida... Com o coração partido, o rei
mesma. Isso significa, em primeiro lugar, que não pode haver falou:
contradição entre verdades da fé e da razão, pois a verdade não pode
contradizer a verdade, e, em segundo, se houver alguma contradição, Eu deveria ter cuidado muito melhor de você, enquanto eu
as verdades de razão devem ser abandonadas em proveito das ainda podia...
verdades da fé, uma vez que a razão humana está sujeita ao erro e ao Na verdade, nós todos temos 4 esposas nas nossas vidas.
falso. O conhecimento racional, mesmo que não dependa da fé,
Nossa 4ª esposa é o nosso CORPO. Apesar de todos os
subordina-se a ela. esforços que fazemos para mantê-lo saudável e bonito, ele nos
Além da distinção das verdades, o cristianismo trouxe a idéia deixará, quando morrermos.
de que a causa da verdade é a inteligência divina enquanto a causa
Nossa 3ª esposa são as nossas POSSES, as nossas
do erro e do falso é a vontade humana, cuja liberdade perversa polui
propriedades, as nossas riquezas. Quando morremos, tudo isso vai
nossa inteligência ou razão.
para os outros.
Essa idéia cristã foi fundamentada particularmente com Santo Nossa 2ª esposa são nossa FAMÍLIA e nossos AMIGOS.
Agostinho na idéia de pessoa, vinda do Direito Romano, que define a
Apesar de nos amarem muito e estarem sempre nos apoiando, o
pessoa como um sujeito de direitos e de deveres. Se somos pessoas,
máximo que eles podem fazer é nos enterrar.
dizem os cristãos, somos responsáveis por nossos atos e
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Ele também amava muito sua 3ª esposa e gostava de exibi-la pensamentos. Nossa pessoa é nossa consciência, que é nossa alma
aos reinados vizinhos. Contudo, ele tinha medo que um dia ela o dotada de vontade, imaginação, memória e inteligência.
deixasse por outro rei... A vontade é livre e, estar no erro ou na verdade
Ele também amava sua 2ª esposa. Ela era sua confidente e dependerá, portanto, de nós mesmos, de nossa consciência, e por
estava sempre pronta para ele, com amabilidade e paciência. Sempre isso precisamos saber se podemos ou não conhecer a verdade e em
que o rei tinha que enfrentar um problema, ele confiava nela, para que condições tal conhecimento é possível. Os primeiros filósofos
atravessar esses tempos de dificuldade... cristãos e os medievais afirmaram que podemos conhecer a verdade,
desde que a razão não contradiga a fé e se submeta a ela no tocante às
A 1ª esposa era uma parceira muito leal e fazia tudo que
verdades últimas e principais.
estava ao seu alcance para manter o rei muito rico e poderoso, ele e o
reino.
Necessidade e liberdade
Mas... ele não amava a 1ª esposa, e apesar dela o amar A natureza é o reino da necessidade , isto é, de
profundamente, ele mal tomava conhecimento dela. acontecimentos regidos por seqüências necessárias de causa e efeito -
Um dia, o rei caiu doente e percebeu que seu fim estava é o reino conhecido pelas ciências exatas e naturais (física,
próximo. Ele pensou em toda a luxúria da sua vida e ponderou: astronomia, química, biologia).
- E agora, eu tenho 4 esposas comigo, mas quando morrer, eu Diferentemente do reino da natureza, há o reino humano da
ficarei sozinho. praxis, no qual as ações são realizadas racionalmente não por
necessidade causal, mas tendo em vista fins ou por finalidade. Na
Então, ele perguntou à 4ª esposa:
medida em que os fins são estabelecidos pelos próprios seres
Eu te amei tanto, querida. Te cobri das mais finas roupas e humanos, são frutos de escolhas voluntárias e, portanto, a ação por
jóias. Mostrei o quanto eu te amava, cuidando bem de você. Agora finalidade é uma ação voluntária livre ou por liberdade.
que eu estou morrendo, você é capaz de morrer comigo, para não me
A razão prática é o exercício da liberdade como poder
deixar sozinho?
racional para instituir fins éticos (os valores morais), ou a lei moral,
- De jeito nenhum! - respondeu a 4ª esposa e saiu do quarto que é a mesma para todos os indivíduos, uma vez que a razão prática
sem sequer olhar para trás. é universal e encontra-se em todos os seres humanos. Para alcançar
A resposta que ela deu cortou o coração do rei como se fosse esses fins ou valores, os meios devem ser éticos também e por isso a
uma faca afiada. razão prática institui normas para a ação ética.

Tristemente o rei, então, perguntou a 3ª esposa: Ora, para quem a razão prática institui fins e normas? Para si
mesma. Para quê? Para a orientação de sua conduta conforme ao
- Eu também te amei tanto a vida inteira. Agora que eu estou bem. Na medida em que a razão prática tem o poder para criar
morrendo, você é capaz de morrer comigo, para não me deixar normas e fins morais para si mesma, ela é também o poder para
sozinho? impô-los a si mesma. Essa imposição de fins e normas que a razão
prática faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o dever.
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O dever, portanto, longe de ser uma imposição externa feita à Entretanto, só existirá a verdadeira liberdade quando
nossa vontade e à nossa consciência, é a expressão de nossa pudermos decidir de posse do conhecimento, quando está em nosso
liberdade, isto é, da presença da lei moral em nós, manifestação mais poder definir qual o caminho melhor e porque ele é o melhor. Para
alta da humanidade em nós. Obedecer ao dever é obedecer a si isso, temos também de ter o conhecimento do que é o caminho pior.
mesmo como ser racional que dá a si mesmo a lei moral. Por Portanto, o retorno da queda original também é uma decisão
liberdade da vontade, o sujeito moral, isto é, a razão prática universal, nossa. Esse caminho de retorno é ladeado por duas colunas: a razão
dá a si mesma os valores, os fins e as normas de nossa ação moral. direcionada pela fé e a Fé esclarecida pela razão. É a busca do
Por isso somos autônomos. conhecimento tão decantada por todos os sábios do mundo.
Resta, porém, uma questão: se somos racionais e livres, Mas cuidado! As forças instintivas (produtos da natureza) que
porque valores, fins e normas morais não são espontâneos em nós, regem o nosso corpo e obscurecem a nossa razão, são tiranos
mas precisam assumir a forma do dever e de uma lei moral? inflexíveis e pertinazes, sua arma é nos comandar nos fazendo
Porque não somos seres morais apenas. Também somos seres crer que a decisão foi tomada por nós, de livre vontade . A isto
naturais, submetidos à causalidade necessária da natureza. Nosso chamamos AUTO-ENGANO.
corpo e nossa psique são feitos de apetites, impulsos, desejos e Para escapar deste jugo e poder contemplar a verdadeira
paixões. Nossos sentimentos, nossas emoções e nossos LUZ, precisamos de um método seguro e eficaz e a ajuda dos mais
comportamentos são a parte da natureza em nós, EXERCENDO experientes.
DOMÍNIO SOBRE NÓS, submetendo-se à causalidade natural
inexorável. A essa ajuda chamamos TRADIÇÃO. A esse caminho
chamamos INICIAÇÃO.
QUEM SE SUBMETE A ELES NÃO PODE POSSUIR
A AUTONOMIA ÉTICA, NÃO POSSUI A LIBERDADE. Por Nos dizeres de Cristo: CONHECEI A VERDADE E ELA
quê? Porque impulsos, apetites, paixões são causados em nós por VOS LIBERTARÁ!
coisas e forças externas a nós sobre as quais não temos domínio e às Na parábola das “quatro esposas”, simbolicamente o poeta
quais nos submetemos. Aqui, nossa vontade não é livre, mas nos mostra o tamanho do poder que a natureza e as forças instintivas
constrangida por forças exteriores a ela. exercem sobre nós, o quanto desviamos os nossos olhos da luz da
A natureza nos impele a agir por interesse. O interesse é a verdade, acreditando estar fazendo o correto durante toda a vida.
forma natural do egoísmo, que nos leva a usar coisas e pessoas como Abaixo transcrevemos esta magnífica alegoria.
meios e instrumentos para o que desejamos. Além disso, o interesse
nos faz viver na ilusão de que somos livres e racionais por AS QUATRO ESPOSAS
realizarmos ações que julgamos terem sido decididas livremente por Era Uma Vez Um Rei Que Tinha 4 Esposas.
nós, quando, na verdade trata-se de um impulso cego determinado
pela causalidade natural. Agir por interesse é agir determinado por Ele amava a 4ª esposa demais e vivia dando-lhe lindos
motivações físicas, psíquicas, vitais, à maneira dos animais. presentes, jóias e roupas caras. Ele dava-lhe de tudo e sempre do
melhor...
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Diz Aristóteles que é livre aquele que tem em si mesmo o Visto que apetites, impulsos, desejos, tendências e
princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de comportamentos naturais costumam ser muito mais fortes do que a
sua ação ou da decisão de não agir. A liberdade é concebida como o razão, a razão prática e a verdadeira liberdade precisam sobrepujar
poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesma, nossa parte natural e nos impor nosso ser moral. Elas o fazem
isto é, para autodeterminar-se. É pensada, também, como ausência de obrigando-nos a passar das motivações do interesse para o dever.
constrangimentos externos e internos, isto é, como uma capacidade Para sermos livres, precisamos ser obrigados pelo dever de
que não encontra obstáculos para se realizar nem é forçada por coisa sermos livres.
alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente, que dá A violência está em não compreendermos nossa destinação
a si mesmo os motivos e os fins de sua ação sem ser constrangido ou racional e em confundirmos nossa liberdade com a satisfação
forçado por nada e por ninguém. irracional de todos os nossos apetites e impulsos. O dever não nos é
Sem dúvida, poder-se-ia dizer que a vontade livre é imposto e sim proposto pela razão à nossa vontade livre. Quando o
determinada pela razão ou pela inteligência e, nesse caso, seria querer e o dever coincidem, somos seres morais, pois a virtude é a
preciso admitir que não é causa de si ou incondicionada, mas que é força da vontade para cumprir o dever.
causada pelo raciocínio ou pelo pensamento. O dever, não se apresenta através de um conjunto de
No entanto, como disseram os filósofos posteriores à conteúdos fixos, que definiriam a essência de cada virtude e diriam
Aristóteles, a inteligência inclina a vontade para uma certa direção, que atos deveriam ser praticados e evitados em cada circunstância de
mas não a obriga nem a constrange, tanto assim que podemos agir na nossa vida. O dever não é um catálogo de virtudes nem uma lista de
direção contrária à indicada pela inteligência ou razão. É por ser livre "faça isto" e "não faça aquilo". O dever é uma forma que deve valer
e incondicionada que a vontade pode seguir ou não os conselhos da para toda e qualquer ação moral, O DEVER É UMA NORMA
consciência. A liberdade será ética quando o exercício da vontade INTRÍNSICA DE PRINCÍPIOS. Princípios estes, evidentemente, do
estiver em harmonia com a direção apontada pela razão. mundo imortal e divino, que é o mundo da Verdade.
Conformar-se ou resignar-se é uma decisão livre, tanto Essa forma não é indicativa, mas imperativa. Um imperativo
quanto não se resignar nem se conformar, lutando contra as é o que não admite hipóteses ("se... então") nem condições que o
circunstâncias. Quando dizemos que não podemos fazer alguma fariam valer em certas situações e não valer em outras, mas vale
coisa porque estamos fatigados, a fadiga é uma decisão nossa, tanto incondicionalmente e sem exceções para todas as circunstâncias de
assim que uma outra pessoa, nas mesmas circunstâncias, poderia todas as ações morais. Por isso, o dever é um imperativo categórico.
decidir não se sentir cansada e agir. Da mesma maneira, quando Ordena incondicionalmente. Não é uma motivação psicológica,
dizemos estar enfraquecidos e por isso não temos força para fazer mas a lei moral interior. É o primado da alma imortal sobre o corpo
alguma coisa, a fraqueza é uma decisão nossa, pois um outro poderia, mortal.
nas mesmas circunstâncias, não se cons iderar fraco e agir. Assim O motivo moral da vontade boa é agir por dever. O móvel
também quando dizemos que numa dada situação não há o que fazer, moral da vontade boa é o respeito pelo dever, produzido em nós pela
esse abandono da ação é uma decisão nossa. Ceder tanto quanto não razão. Obediência à lei moral, respeito pelo dever e pelos outros
ceder é uma decisão nossa. constituem a bondade da vontade ética.
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O imperativo categórico não nos diz para sermos honestos, Como passar da paixão à ação? Abandonando os
oferecendo-nos a essência da honestidade; nem para sermos justos, sentimentos, os afetos, as emoções? De maneira nenhuma. Somos
verazes, generosos ou corajosos com base na definição da essência da seres naturalmente afetivos e deixar de experimentar afetos ou
justiça, da verdade, da generosidade ou da coragem. Não nos diz para sentimentos é simplesmente deixar de ser humano.
praticarmos esta ou aquela ação determinada, mas nos diz para O ponto principal, não é deixar de ter paixões, afetos e
sermos éticos cumprindo o dever (as três máximas morais). É este emoções, é não deixar que estes afetos e paixões dominem as nossas
que determina por que uma ação moral deverá ser sempre honesta, decisões e subjuguem as nossas ações.
justa, veraz, generosa ou corajosa. Ao agir, devemos indagar se nossa
ação está em conformidade com os fins morais, isto é, com as A passagem se dá no interior das paixões e graças a elas. De
máximas do dever. fato, quando nos submetemos às paixões e aos desejos, eles nos
enfraquecem e nos tornam cada vez mais passivos.
A servidão passional e a liberdade afetiva Quando nossa razão se torna capaz de ser vivida por nós
Que é o vício? . É a fraqueza para existir, agir e pensar. É afetivamente, isto é, quando experimentamos que conhecer é mais
deixar-se levar apenas por afetos passivos ou paixões, forte do que ignorar e que o conhecimento é a força própria de
submetendo-se a eles, pois com isso nos deixamos governar pelas nossa alma, nossa atividade racional se torna alegria.
causas externas (coisas e outros humanos), que passam a ter poder Quando nós colocamos a luz do conhecimento sobre as
sobre nós. Como sucumbimos ao poderio de forças externas? trevas desconhecidas de nossas paixões e desejos, nós entendemos o
Deixando-nos dominar pelas paixões e pelos desejos nascidos das jogo de forças que a natureza exerce sobre o nosso corpo,
causas externas. Por isso, em vez de vício, os filósofos e os mestres aprisionando a nossa alma em uma servidão aos instintos.
da sabedoria falam em servidão humana.
É dessa forma, que nossa razão, de posse do conhecimento
De fato, somos servos quando nossas paixões determinam das armas dos tiranos, pode escolher o caminho a seguir: se sucumbe
nossa vida e, portanto, quando não somos livres, mas vivemos sob o ao instinto ou domina-o e faz servi-lo a uma causa mais nobre. A
poder externo das coisas e de outros, que nos arrastam para onde atividade racional não depende de causas externas, mas
querem. Ora, quanto mais fracos somos, mais passivos somos e tanto exclusivamente da força interna de nossa razão.
mais fracos quanto mais paixões e desejos externos nos dominem.
As teorias éticas procuraram sempre enfrentar o duplo
Que é a virtude? Não é cumprir deveres e obrigações, mas problema da necessidade e da contingência, definindo o campo da
ser a causa interna de nossos sentimentos, atos e pensamentos. Ou liberdade possível.
seja, ser livre é ter força interior para passar da passividade afetiva
(submissão a causas externas) à atividade afetiva (ser causa interna A primeira grande teoria filosófica da liberdade é exposta por
dos afetos, dos pensamentos e das condutas). Aristóteles em sua obra Ética a Nicômaco e, com variantes,
permanece através dos séculos chegando até o século XX, quando foi
Se a servidão é paixão, a virtude é ação. Ser virtuoso ou ser retomada por Sartre. Nessa concepção, a liberdade se opõe ao que é
livre é, pois, passar da paixão à ação, tornar-se causa ativa interna de condicionado externamente (necessidade) e ao que acontece sem
nossos afetos e pensamentos. escolha deliberada (contingência).

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