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Janaina Ramos Marcos

Jocimara Rodrigues de Sousa

Estética e História da Arte


Sumário
CAPÍTULO 3 – Que histórias a arte conta?........................................................................01

Introdução.....................................................................................................................01

3.1 Arte na Pré-História, Antiguidade e na Idade Média......................................................01

3.1.1 Arte Pré-Histórica.............................................................................................01

3.1.2 Arte no Egito, na Grécia e em Roma..................................................................04

3.1.3 Arte Românica e Arte Gótica.............................................................................06

3.2 Arte do Renascimento................................................................................................09

3.2.1 Arte no Renascimento.......................................................................................09

3.2.2 Arte Pós-Renascimento ...................................................................................11

3.3 Arte Moderna...........................................................................................................12

3.3.1 Romantismo.....................................................................................................12

3.3.2 Realismo.........................................................................................................12

3.3.3 Impressionismo................................................................................................14

3.4 Movimentos Artísticos do Século XX.............................................................................15

3.4.1 Movimentos e Tendências Artísticas do Século XX.................................................15

Síntese...........................................................................................................................19

Referências Bibliográficas.................................................................................................20

03
Capítulo 3
Que histórias a arte conta?

Introdução
Sabemos que a arte pode nos dizer muito sobre os valores estéticos característicos de um determi-
nado contexto, pois ela está diretamente relacionada aos parâmetros de julgamento de beleza e
de gostos que estão em constante transformação, em conformidade com a cultura de uma época.

Sabemos também que a humanidade evoluiu ao longo da história e, portanto, sua cultura e,
consequentemente, sua arte também passaram por grandes mudanças. Mas você saberia dizer
quando a humanidade começou a produzir arte? E como teria surgido essa necessidade humana
de se expressar pela arte? Teria existido algum povo, de alguma época, que não produzisse sua
própria arte? Essas questões nortearão as discussões propostas nesse capítulo.

Apesar de desconhecermos a data exata do “nascimento” da arte, temos indícios de que desde o
período pré-histórico já existiam expressões consideradas artísticas, como as pinturas rupestres.
Mas, como as pinturas rupestres se desenvolveram até as pinturas modernas? Então, como e
porque ocorreram essas distinções? E, ainda, o que essas diferenças podem nos dizer sobre a
evolução da humanidade? Em outras palavras, retomaremos o título desse capítulo: quais histó-
rias a arte nos conta?

Nesse capítulo conheceremos as principais características dos movimentos, desde as expressões pré-
-históricas à Arte Moderna, estabelecendo algumas conexões com os períodos a que elas se referem.

3.1 Arte na Pré-História,


Antiguidade e na Idade Média
Nesse tópico vamos conhecer um pouco sobre as expressões artísticas que se desenvolveram em
três períodos históricos distintos: na chamada Pré-História, na Antiguidade e na Idade Média.
A arte revela informações preciosas sobre seu tempo e seu espaço, devemos considerar que
estamos tratando da arte característica do mundo ocidental, especificamente, europeia, que
influenciou significativamente os movimentos artísticos posteriores e de outras culturas. Assim,
conheceremos um pouco do processo evolutivo da arte, desde as pinturas rupestres, passando
pela arte das antigas civilizações, como a egípcia, grega e romana, e finalmente chegando aos
estilos romântico e gótico medievais.

3.1.1 Arte Pré-Histórica


Para pensar em produção artística, antes de mais nada, devemos pensar na natureza da arte. Se-
gundo Gombrich (1997), a arte pode ser compreendida de duas maneiras distintas: a primeira se
refere à arte em função de atividades, como por exemplo, edificações de templos e casas, pinturas,
esculturas e etc. Já a segunda perspectiva se refere à apreensão do belo, da experiência estética.

A arquitetura pode exemplificar essa diferença, pois apesar de existir claramente uma utilidade em
cada edifício erigido, alguns deles podem ser considerados verdadeiras obras de arte, devido à apre-
ensão de sua forma. Portanto, uma atividade também pode promover a experiência estética, pois
julgam-se as edificações pelos padrões de utilidade, mas também o gosto pelo traçado, pelas propor-
ções, além dos esforços do arquiteto em erigi-las de maneira prática e “certa” (GOMBRICH, 1997).
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Estética e História da Arte

É dessa maneira que analisaremos as produções consideradas artísticas do período que conhe-
cemos como pré-histórico, dividido em três fases: Paleolítico Inferior (cerca de 500.000 a.C.),
Paleolítico Superior (cerca de 30.000 a.C.) e Neolítico (cerca de 10.000 a.C.). As primeiras ex-
pressões artísticas das quais se tem notícias datam do período Paleolítico Superior, e se caracte-
rizam pela simplicidade dos temas, dos traços e dos materiais utilizados. Em geral, a plataforma
utilizada era a parede das cavernas e o material era extraído de ossos carbonizados, vegetais e
sangue dos animais. Originalmente, os temas pouco variavam: traços simples e mão em negati-
vo. Somente a partir da dominação dessa última técnica, que os artistas pré-históricos passaram
a representar animais. Veja um exemplo na Figura 1:

Figura 1 – Cavalo pintado em parede de caverna de Altamira, Espanha.


Fonte: Schutterstock, 2015.

VOCÊ SABIA?
Mãos em negativo é uma técnica bastante simples e muito utilizada entre os povos pré-
-históricos. Consiste na aplicação de material colorante sobre a mão repousada em
uma plataforma, no caso, nas paredes das cavernas. Assim, o desenho da mão era
impresso como em um filme negativo.

Devido a recorrência dos temas, a arte produzida durante o período Paleolítico Superior é consi-
derada naturalista. O artista dessa fase pinta apenas aquilo que consegue ver. Entretanto, existem
inúmeras explicações para as motivações dessas representações e a mais aceita é de que essas
pinturas fariam parte de um ritual mágico, em que caçadores pintavam a caça que pretendiam
abater. A partir da representação da caça, o caçador-artista acreditava deter o poder sobre ela,
pois a imagem não era concebida como uma mera representação, mas como o próprio objeto.

Os temas mais recorrentes no período Paleolítico Superior são os animais e as figuras femininas.
Apesar da simplicidade das formas e da pouca variabilidade dos temas, os artistas desse período
escolhem elementos que revelam muito dos objetos retratados. Por exemplo, os traços que revelam
força e movimento nas representações de animais como bisonte e outros animais ferozes, ou
ainda, os traços leves e suaves das representações de cavalos e renas. Esses aspectos indicam o
início do processo de elaboração artística, motivada possivelmente pela tentativa de reproduzir
o mais fidedignamente possível o objeto. Desse período, destacam as pinturas rupestres encon-
tradas nas cavernas de Niaux, Font-de-Gaume e Lascaux, na França, e de Altamira, na Espanha.

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O período histórico seguinte, conhecido como Neolítico é marcado pelas radicais transformações
ocorridas nas formas de vida humana, o advento da agricultura e da criação de animais passa-
ram de nômades para sedentários. Por meio do aprendizado gradativo de manejo dos recursos
naturais (agricultura, por exemplo) tornou-se possível a fixação humana em grupos, como clãs
familiares. Veja que além da convivência, a fixação também favoreceu o desenvolvimento de no-
vas atividades como a construção de moradias, cunhagem de utensílios cerâmicos e a tecelagem.

Essa nova forma de organização do espaço, do tempo e das atividades exerceu um forte impacto
nas habilidades humanas, que deixando o nomadismo e a consequente dependência da caça
para adotar o estilo sedentário e agrícola, passaram de se basear estritamente na observação
para adotar também a racionalização e a abstração. Nas artes essa mudança foi determinante
para a gradativa substituição das representações naturalistas pelos estilos mais simples e geo-
métricos. Se antes, no período Paleolítico Superior, as figuras buscavam representar fielmente os
objetos, no período Neolítico a representação passa a dar lugar à sugestão, pelo uso de figuras
e de sinais relativamente genéricos, como é possível verificar nas figuras encontradas em Tassili
n’Ajjer, Argélia (Figura 2). Essa pode ser considerada a primeira grande ruptura de estilos no
campo das artes, do naturalismo para um abstrato rudimentar, como ressalta Proença:

O homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os sentidos apurados do
caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi substituído pela abstração e pela
racionalização. (...) Em lugar de representações que imitam fielmente a natureza, vamos
encontrar sinais e figuras que mais sugerem do que reproduzem os seres. Esta é a primeira
grande transformação na história da arte (PROENÇA, 1994, p.13).

Figura 2 – Pinturas rupestres de Tassili n’Ajjer, Argélia, região do Sahara, elaboradas há cerca de 4.500 a.C.
Fonte: Schutterstock, 2015.

Outra mudança significativa na arte produzida no período Neolítico é a variação de temas, que
deixaram de se concentrar exclusivamente na reprodução de objetos passando a representar
também as atividades coletivas da humanidade. Também, nesse período, houve uma mudança
de plataforma e de dimensão por meio do desenvolvimento de esculturas cerâmicas. Os mate-
riais também foram diversificados com a introdução do metal fundido.

Entretanto, a substituição das moradias improvisadas em cavernas pela construção de edifícios


sinaliza uma importante evolução das atividades humanas. Destacam-se as nuragues (ou nura-
gos), edificações em forma de cones truncados, construídas apenas com pedras (Figura 3). Outra
forma de edificação desse período são os dolmens (Figura 4), construídos a partir da disposição
vertical e paralela de duas pedras, sobrepostas por uma outra pedra horizontalmente.

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Estética e História da Arte

Figura 3 – Nurago de Sardenha, Itália. Figura 4 – Dolmen de Poulnabrone, Irlanda.


Fonte: Schutterstock, 2015. Fonte: Schutterstock, 2015.

3.1.2 Arte no Egito, na Grécia e em Roma


Graças ao desenvolvimento da escrita, pode-se conhecer mais sobre a civilização egípcia do que
de suas antecessoras. Esse período é bastante conhecido pela complexidade das relações, ativida-
des e cultura, destacando a importância dos rituais religiosos na sua organização social. Por isso,
a arquitetura egípcia se desenvolveu consideravelmente a partir das construções mortuárias e dos
templos, como as tumbas dos faraós e as mastabas, que deram origem às conhecidas pirâmides.

As pirâmides (Figura 5) revelam o avançado conhecimento que os egípcios possuíam sobre as


técnicas de construção, baseadas na utilização de grandes blocos de pedras, sem a utilização de
nenhum tipo de argamassa. Formando o monumental conjunto arquitetônico egípcio, destacam-
-se as esfinges, como a esfinge que representa o faraó Quéfren, que possui mais de 20 metros
de altura e 74 metros de comprimento.

Figura 5 – Pirâmides do Egito.


Fonte: Schutterstock, 2015.

Além da arquitetura, a civilização egípcia desenvolveu outras técnicas aplicáveis às artes, como
a lei da frontalidade, em que o tronco das pessoas deveria ser representado sempre de frente,
enquanto cabeça, pernas e pés eram dispostos em perfil. Essas características de representação
humana revelam a intenção da arte egípcia de não se limitar à reprodução da realidade, mas de
criar uma interpretação própria do objeto.

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Em contrapartida à predominância do anonimato, as esculturas também ganharam notoriedade,
principalmente pela inovação na representação do particular, como traços étnicos e sociais e
fisionomia. Já no período do Novo Império (de 1580 a 1085 a.C.) o Egito viveu o seu ápice cul-
tural, com a construção de novos edifícios, como o templo de Carnac e de Luxor. As novas estru-
turas de colunas desses templos inauguram um novo estilo, inspirado nos elementos da natureza.

Ao contrário da civilização egípcia, a arte grega inaugura um estilo mais livre, revelando a im-
portância dada às ações humanas e ao racionalismo. As artes do período arcaico (séculos VII a
V a.C.) foram marcadas pelas conhecidas esculturas em mármore, que demonstram a busca pelo
belo e pela perfeição. Os artistas gregos arcaicos desenvolveram um estilo de escultura, chama-
da kouros, que consistia no reforço da simetria do corpo humano pela postura frontal e ereta de
uma figura masculina, cujo peso estava distribuído sobre as duas pernas.

Gradativamente, essa estrutura foi dando lugar para criações mais livres, porém, o mármore, pla-
taforma predominante até então, não permitia grandes inovações devido ao seu peso e fragilida-
de. Assim, os gregos passaram a adotar o bronze em suas esculturas. A pintura constituía um dos
elementos da arquitetura e também da cerâmica. Entretanto, é no campo da arquitetura que os
gregos deram as suas maiores contribuições. Perceba que os templos se destacam pela estrutura
e divisão espacial, com ênfase nas ordens dórica e jônica que determinavam a disposição entre
colunas e entablamento nas construções. Os templos eram cobertos por telhados inclinados para
as laterais, que formavam um espaço triangular, chamado frontão. O frontão se localizava sob o
pórtico de entrada e dos fundos e costumava ser adornado com esculturas. Veja Figura 6:

Figura 6 – Exemplo de frontão em templo grego ornamentado com representações divinas.


Fonte: Schutterstock, 2015.

A arte grega influenciou diversos movimentos ao longo da história. Algumas de suas contri-
buições inspiraram a arte romana. A civilização romana (XII a VI a.C.) sofreu fortes influências
também dos etruscos, de quem herdaram o uso de arco e de abóboda nas construções, o que
permitiu aos romanos a criação de amplos espaços internos graças à eliminação do excesso de
colunas típico dos templos gregos. As construções dedicadas às moradias (domus) eram pla-
nejadas a partir da concepção retangular, cuja divisão seguia algumas regras pouco flexíveis:
a entrada conduzia ao átrio, um espaço no centro da planta com uma abertura retangular no
telhado (Figura 7). Essa abertura permitia a entrada de ar, luz e a coleta da água da chuva pe-
los implúvios. O contato com os gregos durante o período helenístico influenciou a concepção
arquitetônica romana, que passaram a adotar os peristilo (pátio ajardinado rodeado de colunas)
nos fundos da residência.

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Figura 7 – Domus Augustina, residência da Imperatriz na Roma Antiga.


Fonte: Shutterstock, 2015.

Na pintura, Roma desenvolveu quatro estilos próprios: o primeiro não consistia exatamente em
uma técnica de pintura, mas em uma espécie de marmorização feita com a aplicação de uma
fina camada de gesso, que posteriormente foi substituído pela tinta. O segundo estilo se refere
à ilusão de blocos salientes por meio da pintura, sugerindo profundidade, como representações
de janelas e paisagens. O terceiro estilo se voltava aos pequenos detalhes, e o quarto estilo
originou-se da combinação do segundo e do terceiro.

Já as esculturas romanas se configuravam, na maioria, em representações fiéis de pessoas em vez


das representações idealizadas dos gregos. Entretanto, o uso de relevos como ornamento de co-
lunas, muito comum na Grécia antiga, também estava presente na arquitetura de Roma, com uma
diferença: os temas gregos se referiam à mitologia, enquanto os temas romanos representavam
acontecimentos e pessoas, revelando o caráter realista da composição romana. Outra caracte-
rística da arte romana é o senso prático, que foi determinante nas atividades dessa civilização.

3.1.3 Arte Românica e Arte Gótica


Dando um salto cronológico para o ano de 476, quando Roma foi tomada pelos povos bárbaros,
tem-se início ao período histórico conhecido como Idade Média, que perdurou até meados do
século IX. Nesse período, a cultura greco-romana (ou clássica) praticamente desaparece, dan-
do início ao predomínio das artes bárbaras, cujas características principais são a ausência da
representação de figuras humanas e o predomínio da ourivesaria. O período é conhecido pela
diminuição significativa da produção artística e pela valorização da concentração de riquezas,
especialmente, terras agricultáveis.

Outra característica da mudança do poderio da civilização clássica para a civilização bárbara foi
o enfraquecimento das cidades e o fortalecimento do meio rural. Com isso, não existem registros
de construção de monumentos e edifícios, ou do desenvolvimento de novas técnicas artísticas
e a evolução das artes nesse período foi praticamente nula (PROENÇA, 1994, p. 55). Dessa
maneira, a Igreja Católica interveio na tentativa de preservar a cultura e as artes das civilizações
clássicas e passou a monopolizar o conhecimento de maneira geral e a produção artística, o que
lhe rendeu grande poder na sociedade e no Estado.

Posteriormente, com a coroação de Carlos Magno em 800, dá-se início uma intensa revolução
cultural em torno da vida na corte, com a criação de uma academia literária e oficinas de ar-
tes, que foram responsáveis pela evolução das artes do período. No campo da arquitetura, isso

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representou a retomada do estilo romano pelos bárbaros, resultando no que conhecemos como
arte românica, predominante entre os séculos XI e XII na Europa.

Na arquitetura o estilo românico se caracteriza, especialmente pela utilização da abóbada (de


berço e de arestas), pilares maciços de sustentação, paredes espessas com abertura estreitas
para janelas. As principais construções românicas eram as imensas igrejas erguidas no campo
e em vilarejos. Trata-se, essencialmente, de um estilo artístico clerical, desenvolvido a partir do
enfraquecimento do reino e da vida urbana na Europa pós invasões bárbaras.

O estilo românico se disseminou por toda a Europa, mas ganhou contornos distintos em algumas
regiões. O estilo arquitetônico de Cluny (Borgonha, França), apresenta formas pesadas, duras
e rústicas. Exemplo do estilo românico cluniacense é o mosteiro de Saint-Pierre, em Moissac,
no caminho para Santiago de Compostela (Figura 8). Outro estilo românico desenvolveu-se na
Itália e assemelhava-se, em certa medida, às formas arquitetônicas clássicas (greco-romana) e
apresentava elementos que dava a sensação de leveza e delicadeza e usavam frontões e colunas.
Um dos exemplos mais conhecidos da arte românica da escola italiana é o conjunto arquitetôni-
co de Pisa, composta, inclusive, pela famosa torre que leva o mesmo nome.

Figura 8 – Mosteiro de Saint-Pierre em Mossaic, França.


Fonte: Shutterstock, 2015.

As pinturas românicas desenvolveram-se, especialmente, nos grandes murais elaborados pela


técnica do afresco (Figura 9). Os artistas românicos eram grandes muralistas, em parte, devido
às grandes superfícies proporcionadas pela arquitetura baseada nas grandes abóbadas e espes-
sas paredes. Dessa forma, cria-se a plataforma ideal para a elaboração dos grandes murais,
que recorriam frequentemente aos modelos de ilustração dos manuscritos religiosos, com temas
como a criação do mundo, a arca de Noé e símbolos dos evangelistas. Percebe-se que, além
da recorrência dos temas religiosos, a pintura românica se caracteriza também pela deformação
(exagero de proporções) e colorismo (cores chapadas, ausência de jogos de luz e sombra).

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Estética e História da Arte

Figura 9 – Afresco do Palácio de Versalhes.


Fonte: Shutterstock, 2016.

A partir do século XII, com o novo deslocamento da vida social do campo para a cidade, há a
ascensão de uma nova classe social, chamada de burguesia. Nesse período começa a substitui-
ção gradativa da arte românica para a chamada arte gótica, caracterizada essencialmente pelos
grandes edifícios e pela abóbada de nervuras, que se difere da abóbada românica pela visibili-
dade proposital dos arcos que formam sua estrutura (PROENÇA, 1994).

Esse novo modelo de abóbada é decorrente da nova estrutura ogival dos arcos, que também
permitiu a construção de igrejas cada vez mais altas. Outro recurso arquitetônico típico do estilo
gótico são os suportes de apoio que eliminaram a necessidade de paredes espessas. Um exem-
plo notório de edifício gótico é a catedral de Notre-Dame de Chartres, cujo portal principal,
chamado de Portal Régio, é considerado pelos historiadores da arte como o um dos mais belos
conjuntos escultóricos do mundo (Figura 10).

Figura 10 – Portal Régio da Catedral de Notre-Dame de Chartres, França.


Fonte: Schutterstock, 2015.

Assim como o românico, o estilo gótico também se diversificou em diferentes regiões. O gótico
francês da segunda metade do século XIII, por exemplo, ficou conhecido como estilo rayonnant
(radiante) e se difere, substancialmente do gótico alemão. Já as últimas expressões da arquitetura
gótica dos séculos XIV e XV se distinguem em forma e plataforma, pois passam a influenciar as
edificações voltadas para as moradias.

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VOCÊ SABIA?
O termo “gótico” foi grafado pela primeira vez na obra “Le vite de’ più eccellenti pittori,
scultori e architettori” (Vidas dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos), em
1568, por Giorgio Vasari. A obra registra e contextualiza a biografia dos principais
artistas do Renascimento, além de apresentar um valioso tratado das técnicas empre-
gadas pelos artistas.

Além da arquitetura, o estilo gótico foi marcado pelo desenvolvimento de novas expressões
artísticas, como os manuscritos ilustrados. Já no campo da pintura, entre os séculos XIII e XV,
desenvolveram-se técnicas de pintura realistas, que precederam o Renascimento. O pintor icô-
nico do estilo gótico, Giovani Gualteri, também conhecido como Cimabue, se dedica ao tema
religioso, representando santos e anjos, sempre se preocupando com o movimento. Os afrescos
de Giotto também são representativos da pintura gótica. Além dos murais destaca-se na pintura
gótica os quadros de proporções menores.

3.2 Arte do Renascimento


Nesse tópico vamos conhecer um pouco sobre as artes durante o período do Renascimento, que
perdurou na Europa entre os anos de 1300 e 1650. Uma das principais características dessa fase
de produção artística é o reforço do interesse pelos parâmetros clássicos de beleza e de arte,
provenientes das civilizações greco-romanas.

Os elementos mais trabalhados pelos artistas do Renascimento, como o espaço, linhas, cores e
volume, revelavam os principais valores dessa época, como a racionalidade e a dignidade do ser
humano. Ou seja, uma evolução também da vida em sociedade.

3.2.1 Arte no Renascimento


Assim como nos períodos anteriores, a arquitetura do Renascimento também se desenvolveu
a partir da criação de templos. Retomando a linha evolutiva da arquitetura religiosa, temos o
seguinte: enquanto as basílicas cristãs eram constituídas de um salão retangular, assemelhando-
-se aos templos gregos, os templos românicos, mais espaçosos e organizados assemelhavam-se
às estruturas romanas. Entretanto, a arquitetura gótica buscou a verticalidade exagerada, cujos
limites não eram claramente visíveis. Em contrapartida, foi a arquitetura renascentista que teve
uma preocupação maior com a criação de espaços compreensíveis de todos os ângulos visuais,
resultantes de uma justa proporção entre todas as partes do edifício.

Portanto, a principal característica da arquitetura do Renascimento é a busca de uma ordem e de


uma disciplina que transcenda a sensação de infinitude, característica das edificações góticas. A
ocupação do espaço pelo edifício, na arquitetura renascentista, se baseia nas relações matemá-
ticas estabelecidas de maneira que o observador possa compreender a estrutura organizadora,
independentemente de seu ponto de referência. Isso revela a grande preocupação desses artistas
com a harmonia e a regularidade, princípios básicos da composição visual do estilo arquitetôni-
co renascentista, influenciados pelos avanços científicos da época.

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Estética e História da Arte

Figura 11 – Palácio Ducal de Urbino, edificação renascentista


Fonte: Schutterstock, 2015.

Na pintura, o Renascimento reforça o uso de elementos de composição como a perspectiva, uso de


claro-escuro e realismo, já presentes tanto na última fase da arte gótica quanto no período clássi-
co greco-romano. Portanto, a pintura renascentista está alinhada aos princípios de representação
realista, abandonada pelos pintores românicos e góticos da primeira fase. Aqui podemos perceber
que a retomada do realismo revela, entre outros, a interferência científica nas artes renascentistas,
que também desenvolvem importantes estudos matemáticos e geométricos aplicados à perspectiva.
Esse recurso conduziu à utilização dos jogos de contraste entre claro e escuro, que sugeriam o
volume dos corpos e a combinação desses dois recursos contribuíram para o realismo das obras.

O predomínio da racionalidade e do pensamento científico nas artes e na arquitetura desenvolvidas


no período renascentista se estabeleceram, especialmente, a partir dos tratados, cujo objetivo
principal era sistematizar o conhecimento adquirido, até então, sobre os estilos precedentes e
definir critérios de produção. Ou seja, inicia-se uma fase de organização da produção. Desta-
cam-se os tratados italianos do século XVI, que versavam sobre as artes, a literatura e arquitetura,
como os de Alberti (1404-1472), de Antonio do Pietro Averlino, o Filarete (1400-1469) e de
Andrea Palladio (1508-1580).

VOCÊ O CONHECE?
Leon Battista Alberti (1404- 1472) é considerado um dos maiores teóricos da Renas-
cença devido à sua relevante atuação e teorização nos campos das artes e da arqui-
tetura. Escreveu diversos tratados, destacando o De Re Aedificatoria (Sobre a Arte de
Construir). Trata-se de um importante tratado arquitetônico que inaugura a teoria do
projeto, em que Alberti enfatiza a importância do desenho.

Não podemos esquecer de outra característica da arte renascentista: a ascensão dos estilos pes-
soais dos artistas, inexistentes até a Idade Média, quando a produção artística era majoritaria-
mente anônima. Portanto, a partir do Renascimento, o artista ganha maior destaque na produção
de uma época, ou como anunciado por Gombrich (1997, p.15): “não existe, realmente, a Arte.
O que existe são somente os artistas”. Dessa maneira, inaugura-se uma nova percepção sobre os
estilos pessoais que compõem e se tornam referências de uma fase/movimento/escola artística,
como aconteceu com a pintura renascentista de Botticelli, ou os conhecidos estudos científicos
desenvolvidos e aplicados na arte de Leonardo Da Vinci.

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3.2.2 Arte Pós-Renascimento
Chegamos a um período bastante importante da arte, o Pós-Renascimento. Aqui você compre-
enderá que um pouco mais sobre o estilo denominado Barroco, disseminado durante os séculos
XVII e XVIII pela Europa. Desenvolvido originalmente na Itália, a arte barroca assume caracte-
rísticas regionais na Espanha e nos Países Baixos. O Barroco revela, especialmente, o apreço
dos artistas da época pelos temas religiosos e passionais. A arquitetura barroca se caracteriza,
especialmente, pela teatralidade das formas, dinamismo, urgência, conflito e passionalidade.
Para alcançar os efeitos dramáticos desejados, os artistas lançam mão de recursos como texturas,
jogos de luz e sombra, diagonais e curvas e demonstram o domínio sobre o espaço.

Fortemente influenciado pela Reforma Protestante, o Barroco consiste, em certa medida, como uma
arte a serviço da retomada do poderio da Igreja Católica, por isso, os temas doutrinários católicos
são onipresentes nessa arte. Um bom exemplo dessa época você encontra nos traços dramáticos
expressos pela intensidade expressiva e pelo vigor das figuras na obra Juízo Final, na Capela Sistina,
que fazem de Michelangelo o precursor do estilo. Dessa forma, a arte barroca rompe com o equilí-
brio entre sentimento e razão, ou melhor dizendo, entre arte e ciência, estabelecido pelos renascen-
tistas. Ao contrário, a arte barroca reforça e valoriza as emoções em detrimento do racionalismo.

VOCÊ QUER VER?


Você quer conhecer de perto os afrescos e a arquitetura da Capela Sistina sem sair
de casa? Visite o museu virtual do Vaticano no link <http://www.vatican.va/various/
cappelle/sistina_vr/index.html> e conheça de perto as obras artísticas e arquitetônicas
mais famosas da história.

Porém, os artistas barrocos herdaram a concepção de estilo pessoal do artista e deram continui-
dade à composição autoral. Você pode encontrar exemplos dos diferentes estilos desenvolvidos
dentro de um mesmo movimento observando o uso intenso de cor e de luz por Tintoretto (1515-
1549), os recursos de iluminação das telas de Caravaggio (1573-1610) ou a verticalidade da
pintura de El Greco (1541-1614).

Figura 12 – Narciso, de Caravaggio. Óleo sobre tela (entre 1594-1596). Obra localizada
na Galeria Nacional de Arte Antiga, Roma, Itália.
Fonte: Wikimedia Commons, 2015.

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Estética e História da Arte

Agora que você já conhece como o Barroco surgiu, vamos acompanhar como ele se transfor-
mou. A evolução e a intensificação do Barroco desempenharam um importante papel na emer-
gência de um novo movimento estético desenvolvido na Europa, especialmente na França pelos
idos do século XVIII, conhecido como Rococó. O termo Rococó nada mais é do que a junção
dos vocábulos franceses rocaille, que significa rocha e coquille, que significa concha. As princi-
pais características do Rococó são o uso de cores claras, tons pastéis e dourados, linhas leves e
delicadas e os temas mais recorrentes na arte rococó se referem à vida profana da aristocracia.

Portanto, o Rococó, de maneira geral, pode ser compreendido como um movimento artístico
que se preocupou, essencialmente, em expressar sentimentos e sensações agradáveis, dedicado
à decoração e ornamentação, cujo domínio e execução das técnicas são fatores de extrema
importância. Importante salientar que essas características foram bastante utilizadas no campo
da arquitetura, em que o estilo manifestou-se, principalmente, na decoração de interiores.

3.3 Arte Moderna


As profundas transformações ocorridas no século XIX na Europa influenciaram significativamente
na produção artística da época. O final do século XVIII, marcado pela Revolução Francesa, e
o início do século XIX, marcado pela Revolução Industrial, tornaram o contexto social bastante
complexo, característica que se manifestará nas artes do período.

Veja que, ao contrário dos períodos anteriores, bastante homogêneos e cujas distinções entre
estilos se davam por características pessoais entre artistas ou pela distinção geográfica ou crono-
lógica, a Arte Moderna compreende diversos movimentos, muitas vezes simultâneos e conterrâ-
neos, como é o caso do Romantismo, do Realismo, do Impressionismo e do Pós-Impressionismo.

3.3.1 Romantismo
Mas o que é o Romantismo? Foi um movimento artístico desenvolvido entre os anos de 1820
e 1850. Uma das principais características dos artistas românticos é a recusa dos parâmetros
do Neoclassicismo, movimento anterior que propunha a imitação das estéticas greco-romanas
e renascentistas. A intenção dos artistas românticos era romper com as convenções acadêmicas
que predominava o campo artístico até então, na busca de uma linguagem que valorizasse os
sentimentos e a imaginação como princípios de criação artística. Os temas mais recorrentes entre
os românticos eram o nacionalismo, a valorização da natureza e o sentimento de presente.

A partir da negação da estética neoclássica e da valorização dos sentimentos em detrimento do


racionalismo, a pintura romântica se aproxima das formas barrocas. Dessa maneira, os artistas
românticos recuperam o uso de elementos como cores e contrastes de claro-escuro, transmitindo
a sensação de dramaticidade. Outro elemento bastante presente nas composições românticas é
a composição em diagonal, que sugere dinamismo e instabilidade. Desse movimento artístico, é
importante destacar as obras de Goya (1746-1828), Delacroix (1799 – 1863) e Turner (1775-1851).

3.3.2 Realismo
E o Realismo? Você sabe como ele se desenvolveu? O Realismo se desenvolveu na Europa, es-
pecialmente na França, entre os anos de 1850 e 1900. A proposta desses artistas era retomar os
estudos científicos aplicáveis às artes, de maneira que as representações se tornassem cada vez
mais fidedignas, deixando de lado as interferências subjetivas, como os sentimentos e emoções.
Na arquitetura, essa concepção influenciou nas obras cada vez mais adequadas e adaptadas ao
novo contexto social da industrialização. Isso significou, naquele período, uma diminuição de
construções voltadas para os templos e palácios e no aumento substancial de edifícios voltados
para as atividades típicas no novo modelo urbano que se delineava com a Revolução Industrial,
como fábricas, escolas, hospitais e moradias.

58 Laureate- International Universities


Exemplo emblemático desse estilo são as obras de Auguste Rodin (1840-1917), considerado um
dos maiores escultores da história da arte. O estilo de Rodin foi fortemente influenciado pela arte
clássica, devido à sua estadia na Itália, em 1875, quando conheceu as obras de Michelangelo
Buonarroti e “ficou determinado a atualizá-la em seu próprio trabalho. As representações que
criou do corpo humano se tornaram tão exatas que, quando sua obra começou a ser mostrada,
Rodin foi acusado de trapacear por usar molde de uma pessoa de verdade, sem esculpir o mo-
delo” (FARTHING, 2009, p.241).

Figura 13 – O Beijo, de Rodin. Escultura em mármore (1888-1889).


Fonte: Shutterstock, 2015.

Já a pintura realista do século XIX caracteriza-se também pela tentativa do artista em reprodu-
zir a realidade da mesma maneira com que um cientista descreve um fenômeno. Entretanto,
lembremos que o contexto da industrialização acentua as diferenças sociais entre burguesia e
trabalhadores, e a precarização das condições de vida e de trabalho se tornam cada vez mais
explícitas. Desse conturbado contexto combinado à retomada da representação do real emerge
uma preocupação com a politização das artes, impressa em diversas linguagens do movimento.
Nesse ambiente, então, surge a chamada pintura social, que tem em Courbet (1819-1877) e em
Manet (1832 – 1883) seus maiores representantes.

Figura 14 – Cortadores de Pedras, de Courbet.


Fonte: Wikimedia Commons, 2015.

59
Estética e História da Arte

3.3.3 Impressionismo
Passamos pelo Romantismo, pelo Realismo e agora adentramos no Impressionismo, importante
movimento artístico que revolucionou a pintura e influenciou significativamente as produções
posteriores. A primeira vez que o público teve contato com a obra dos impressionistas foi durante
uma exposição coletiva em Paris, em 1874, porém, o estilo se desenvolveu entre as décadas de
1860 e 1880.

A exposição contava com nomes como Renoir (1841-1919), Degas (1834-1917), Pisarro (1831-
1903), Cézanne (1839-1906) e Monet (1840-1926), desafiando a administração do Salon.
Tratava-se não de um Salon des Refuseés (Salão dos Recusados), mas de uma iniciativa que
competia com a mostra oficial (GANDRA, 2011, p.21). Porém, boa parte do público e da crítica
especializada hostilizaram as propostas inovadoras do movimento. A rejeição perdurou por cerca
de uma década quando passou a ser aceito, gradativamente.

As características mais básicas do Impressionismo são ausência de contornos e de jogos de


contraste claro-escuro, o predomínio de pinceladas justapostas e fragmentadas, valorização da
luminosidade e do uso de cores. Portanto, é na técnica que os artistas impressionistas inovaram
significativamente o campo das artes, pois inauguram o predomínio da mistura ótica, que consis-
te na formação de cores na retina do observador em vez da mistura de pigmentos.

Figura 15 – Impressão, Nascer do Sol (1872) de Monet.


Fonte: Wikimedia Commons, 2015.

A última exposição coletiva de artistas impressionistas ocorreu em 1886, contando com obras de
Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935). Seurat e Signac são considerados os
responsáveis pela evolução do Impressionismo, pois substituíram as pinceladas por um sistema
de pontos uniformes para compor uma cena. Essa técnica, denominada Pontilhismo ou Divisio-
nismo, devido à representação em minúsculos fragmentos, cabendo ao apreciador percebe-las
como um todo plenamente organizado.

Os ecos do Impressionismo transcenderam o Pontilhismo e alcançaram outros artistas de diferen-


tes tendências, como Gauguin, Cézanne e Van Gogh. Esses dois primeiros pertenceram ao Im-
pressionismo, porém, seus estilos passaram a adotar elementos que os afastaram do movimento,
como campos de cor bem definidos e delimitados por contornos visíveis, ausência de sombras e
formas planas. Cézanne vai além e passa a adotar formas geométricas para representar elemen-
tos naturais, rompendo com o Impressionismo. As obras desses artistas, portanto, são categori-
zadas como pós-impressionistas.

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VOCÊ QUER VER?
O filme Vincent & Theo, um filme biográfico, trata da relação conflituosa entre os
irmãos Van Gogh. Além do conflito familiar, o filme mostra também a situação de
vulnerabilidade social e psicológica em que Vincent Van Gogh crias suas obras. Dis-
ponível em <https://www.youtube.com/watch?v=zDGz8xQV2hQ>. Veja também o
documentário O Escândalo Impressionist, para conhecer mais sobre o impacto que
o Impressionismo causou na sociedade. Disponível em <https://www.youtube.com/
watch?v=cgTLafxxnrc>.

3.4 Movimentos Artísticos do Século XX


A partir das transformações ocorridas no século XX decorrentes do progresso industrial, da Primei-
ra Guerra Mundial, da Revolução Russa e o surgimento de sistemas políticos autoritários como o
nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália, delineia-se uma nova forma de organização social.

Desse momento histórico conflituoso e complexo, novas expressões artísticas se desenvolveram


como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o Futurismo, o Abstracionismo, o Dadaísmo, o
Surrealismo, a Pintura Metafísica, o Art Nouveau, a Op-Art e a Pop-Art, que buscam expressar,
cada qual à sua maneira, a perplexidade da humanidade diante das rápidas e intensas mudanças.

Nesse tópico vamos conhecer um pouco cada uma dessas expressões e dos seus artistas em-
blemáticos.

3.4.1 Movimentos e Tendências Artísticas do Século XX


O Expressionismo teve origem na Alemanha, entre 1904 e 1905 com um grupo chamado Die
Brücke, que significa A Ponte. Ao contrário do Impressionismo, o Expressionismo se preocupou
em expressar os sentimentos humanos e com a problemática moderna, bem como as angústias
características do século XX. As características das composições desse movimento eram o uso da
cor e da deformação proposital da realidade. Os artistas emblemáticos desse período são Van
Gogh (1853-1890) e Edvard Munch (1863 – 1944).

Figura 16 - O Grito (1893), por Munch.


Fonte: Wikimedia Commons, 2015.
61
Estética e História da Arte

Cubismo certamente é um dos movimentos artísticos de maior destaque das artes contemporâ-
neas. Originalmente, o Cubismo se desenvolveu a partir das obras de Cézanne, pois reduziam
as formas naturais às representações geométricas, como cones, cilindros e esferas. Entretanto,
o Cubismo transcendeu a redução proposta por Cézanne e adotou a representação de todas as
partes de um objeto no mesmo plano. Essa decomposição demonstrava o abandono da busca da
ilusão da perspectiva ou das três dimensões dos seres, característicos dos artistas renascentistas.

Ao longo do tempo, o Cubismo evoluiu em duas grandes tendências: o Cubismo analítico, de-
senvolvido por Picasso e Braque, entre 1908 e 1911 e consistia no uso de poucas cores e na
extrema fragmentação. Picasso é “capaz de interpretar e sintetizar com desinibição juvenil os
modelos do realismo europeu tardio, do impressionismo, das inquietações do simbolismo à fran-
cesa, dos férteis modernistas espanhóis, do expressionismo do norte das Europa personificado
em Munch” (GANDRA, 2011, p.2). Em contrapartida à fragmentação excessiva, temos a ascen-
são do Cubismo sintético, que apesar de buscar tornar a figura relativamente identificável para
o apreciador, ele ainda não possui compromisso com o tratamento realista do tema. Braque é o
principal artista dessa vertente.

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A Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras é uma obra de referência
virtual que reúne informações sobre artes visuais, arte e tecnologia, literatura, teatro,
cinema, dança e música. No site você terá acesso a textos, imagens, áudios e vídeos
sobre diversos assuntos relacionados ao tema. Visite o site pelo link <http://enciclope-
dia.itaucultural.org.br/>.

O Abstracionismo é considerado um movimento artístico que se desenvolveu a partir das obras de


Wasily Kandinsky (1866-1944). A principal característica desse movimento é a ausência de rela-
ção imediata entre suas formas e cores e as formas e as cores de um ser. Portanto, a arte abstrata
é o oposto da arte figurativa, pois não possui nenhum compromisso com representações realistas.

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Você quer conhecer mais sobre a obra de Kandinsky? Visite o museu virtual <http://
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O Futurismo se originou como a necessidade de representar a velocidade produzida pela meca-


nização do mundo decorrente da industrialização. Os artistas mais representativos do movimento
futurista são Umberto Boccioni e Giacomo Balla. Segundo Fabris (1994), o Futurismo representa
um importante marco na arte moderna, pois a

(...) questão da arte moderna não é apenas um fato estético, mas um fenômeno sociológico.
É por isso que os modernistas, embora com recuos e hesitações, constroem sua ideia de
modernidade em volta de alguns núcleos essenciais do futurismo – a consciência de uma vida
transformada pela técnica e a consequente necessidade de encontrar uma expressão adequada
aos desafios do novo tempo. (FABRIS, 1994, p. 88).

A pintura metafísica surgiu sob influência da psicanálise de Freud, que ganhava espaço no mun-
do acadêmico. Dessa maneira, a pintura metafísica aborda temas como a paisagem urbana,
transmitindo a sensação de vazio, melancolia e inquietante. O principal artista desse movimento

62 Laureate- International Universities


é Giorgio de Chirico (1888-1978). Também sob influência da psicanálise e no contexto da Pri-
meira Guerra Mundial emerge no cenário artístico o movimento Dadaísta. Derivado do movi-
mento literário denominado Dadá. Os dadaístas propunham que a criação artística se libertasse
das amarras do pensamento racionalista e sugeria que ela fosse resultante do automatismo
psíquico, selecionando e combinando elementos ao acaso.

A concepção de arte elaborada pelo Dadaísmo favoreceu o surgimento do Surrealismo, na Fran-


ça em 1924. O manifesto surrealista, escrito pelo poeta André Breton (1896-1966) associando
a criação artística ao automatismo psíquico puro. A partir dessa concepção, para os artistas
surrealistas a obra de arte não é resultado de manifestações lógicas e racionais do consciente,
mas são expressões do subconsciente, absurdas e ilógicas, como os sonhos e alucinações. A
pintura surrealista se bifurcou nas vertentes figurativa e abstrata. Dos artistas surrealistas o mais
conhecido, certamente, é Salvador Dali (1904-1989).

No início da segunda metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, origina-se a Op-
-art, movimento que buscava expressar as mudanças constantes pelas quais a sociedade estava
submetida. Mas o que significa “op-art”? A expressão é derivada do termo optical art, que signi-
fica arte óptica. O criador desse movimento, Victor Vasarely (1908-1997) utilizava em suas obras
diferentes figuras geométricas, em preto e branco ou coloridas, combinadas de maneira que a
composição transmitisse a sensação de movimento.

Os movimentos artísticos seguintes surgem como um marco na história da arte, pois transitam
entre uma arte que existia isolada de questões sociais, políticas e comerciais para uma arte
aparentemente obcecada por esses temas (LUCIE-SMITH, 2006, p. 2). Já a Pop-art surgiu nos
Estados Unidos na década de 1960 e buscava romper as barreiras entre a arte e o cotidiano.
Os recursos expressivos da arte pop são semelhantes aos dos meios de comunicação de mas-
sa, como o cinema e a publicidade. Dessa maneira, os temas mais recorrentes nas obras desse
movimento são símbolos e produtos característicos da indústria. A obra mais expressiva desse
movimento é a tela Marilyn Monroe, de Andy Warhol (1930 – 1987).

CASO

A preocupação da Pop-art em associar arte e indústria se reflete também, em certa medida, na


chamada escola de Bauhaus, criada em 1919, na Alemanha, por Walter Gropius (1883-1969).
A proposta da escola de Bauhaus era romper com a concepção separada entre “belas artes” e
“artes decorativas” e defendia uma arte que representasse o seu tempo, no caso do século XX,
caracterizado pela utilidade social. Dessa maneira, a escola Bauhaus se revela um caso emble-
mático de comunhão estética, reunindo diferentes linguagens como pintura, escultura, arquite-
tura e desenho industrial, intencionando a reconciliação entre as artes e os ofícios, ou melhor
dizendo, as artes e a técnica.

Você saberia dizer o que esses movimentos têm em comum com a arquitetura? Como eles po-
dem ser identificados nas edificações? Os movimentos artísticos modernos e contemporâneos, a
exemplo dos outros movimentos que surgiram ao longo da história, possuem estreita relação com
os estilos e tendências arquitetônicas mais recentes. O advento de novas tecnologias e de novos
materiais produzidos pelas indústrias, como ferro, cimento, alumínio e o vidro, possibilitaram
novas formas de fazer artístico e arquitetônico. A arquitetura moderna nasce partir da segunda
metade do século XIX, com as primeiras construções de estrutura metálica, como a Torre Eiffel,
localizada em Paris, na França, por exemplo.

63
Estética e História da Arte

O Art Nouveau influenciou especialmente a arquitetura, cuja busca por integração entre as artes
aplicadas e a arquitetura promoveu o desenvolvimento de novas formas, como o floralismo de-
corativo (veja Figura 17) do arquiteto francês Hector Guimard (1867-1942) ou o funcionalismo-
-orgânico do norte-americano Louis Sullivan (1850-1924), cuja máxima “a forma segue a fun-
ção” determinou o estilo de seu trabalho (Figura 15).

O Art Nouveau predominou na arquitetura até meados do século XIX, quando a tendência ra-
cionalista surgiu, com destaque para os projetos de Adolf Loos (1870-1933). Mais tarde, a
Bauhaus, a arquitetura orgânica e a planta livre de Le Corbusier deram novos rumos à arquite-
tura moderna.

Figura 17 – Edifício do século XVI, da Rua Agar, Figura 18 - Wainwright building st louis USA,
em Paris, França, de Guimard. de Louis Sullivan.
Fonte: Ibiblio, 2015. Fonte: Shutterstock, 2015.

Dessa maneira, podemos perceber como os movimentos artísticos estão em constante diálogo
como outros campos sociais, especialmente, a arquitetura. As tendências criativas influenciam e
são influenciadas pelo contexto das quais emergem.

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Síntese Síntese
Finalizamos o terceiro capítulo da disciplina Estética e História da Arte, em que tratamos dos prin-
cipais movimentos artísticos no decorrer da história. Nesse capítulo você teve a oportunidade de:

• conhecer as primeiras manifestações artísticas elaboradas no período Pré-Histórico;

• verificar o desenvolvimento das artes no mundo ocidental, especialmente da arquitetura;

• conhecer um pouco das relações entre contexto histórico e produção artística;

• conhecer as principais características dos movimentos artísticos mais expressivos ao longo


da história;

• compreender as escolhas feitas pelos artistas que retratam e refletem o seu contexto;

• Verificar os principais movimentos de criação, retomada e rupturas de propostas estéticas


ao longo da história da arte;

• conhecer os principais artistas identificando de que movimento faz parte.

65
Referências Bibliográficas
GANDRA, José Ruy (trad.). Picasso / Abril Coleções. São Paulo: Abril, 2011.

______________________. Cézanne / Abril Coleções. São Paulo: Abril, 2011.

GOMBRICH, E. H. História del Arte. Tradução Rafael Santos Torroella. Madrid, Espanha:
Editorial Debate, 1997.

ITAÚ CULTURAL: Enciclopédia de arte e cultura brasileiras. Disponível em: <http://enciclope-


dia.itaucultural.org.br/>. Acesso em: 6 jan 2016.

KANDINSKY. Museu Virtual. Disponível em: <http://www.virtualkandinsky.com/>. Acesso em: 6


jan 2016.

FARTHING, Stephen (ed.). 501 Grandes Artistas. Tradução de Marcelo Mendes e Paulo Polzo-
noff Jr. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.

LUCIE-SMITH, Edward. Os Movimentos Artísticos a Partir de 1945. Tradução de Cassia Maria


Nasser. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

FABRIS, Annateresa. O Futurismo Paulista: Hipóteses para os estuda da chegada da vanguarda


ao Brasil. São Paulo: Perspectiva: Edusp. 1994.

PROENÇA, M. G. História da Arte. São Paulo: Ática, 1994.

VASARI, G. Vida dos Artistas. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fon-
tes, 2011.

VATICAN. Capela Sistina. Disponível em: <http://www.vatican.va/various/cappelle/sistina_vr/


index.html>. Acesso em: 6 jan 2016.

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