Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Introdução.....................................................................................................................01
3.3.1 Romantismo.....................................................................................................12
3.3.2 Realismo.........................................................................................................12
3.3.3 Impressionismo................................................................................................14
Síntese...........................................................................................................................19
Referências Bibliográficas.................................................................................................20
03
Capítulo 3
Que histórias a arte conta?
Introdução
Sabemos que a arte pode nos dizer muito sobre os valores estéticos característicos de um determi-
nado contexto, pois ela está diretamente relacionada aos parâmetros de julgamento de beleza e
de gostos que estão em constante transformação, em conformidade com a cultura de uma época.
Sabemos também que a humanidade evoluiu ao longo da história e, portanto, sua cultura e,
consequentemente, sua arte também passaram por grandes mudanças. Mas você saberia dizer
quando a humanidade começou a produzir arte? E como teria surgido essa necessidade humana
de se expressar pela arte? Teria existido algum povo, de alguma época, que não produzisse sua
própria arte? Essas questões nortearão as discussões propostas nesse capítulo.
Apesar de desconhecermos a data exata do “nascimento” da arte, temos indícios de que desde o
período pré-histórico já existiam expressões consideradas artísticas, como as pinturas rupestres.
Mas, como as pinturas rupestres se desenvolveram até as pinturas modernas? Então, como e
porque ocorreram essas distinções? E, ainda, o que essas diferenças podem nos dizer sobre a
evolução da humanidade? Em outras palavras, retomaremos o título desse capítulo: quais histó-
rias a arte nos conta?
Nesse capítulo conheceremos as principais características dos movimentos, desde as expressões pré-
-históricas à Arte Moderna, estabelecendo algumas conexões com os períodos a que elas se referem.
A arquitetura pode exemplificar essa diferença, pois apesar de existir claramente uma utilidade em
cada edifício erigido, alguns deles podem ser considerados verdadeiras obras de arte, devido à apre-
ensão de sua forma. Portanto, uma atividade também pode promover a experiência estética, pois
julgam-se as edificações pelos padrões de utilidade, mas também o gosto pelo traçado, pelas propor-
ções, além dos esforços do arquiteto em erigi-las de maneira prática e “certa” (GOMBRICH, 1997).
47
Estética e História da Arte
É dessa maneira que analisaremos as produções consideradas artísticas do período que conhe-
cemos como pré-histórico, dividido em três fases: Paleolítico Inferior (cerca de 500.000 a.C.),
Paleolítico Superior (cerca de 30.000 a.C.) e Neolítico (cerca de 10.000 a.C.). As primeiras ex-
pressões artísticas das quais se tem notícias datam do período Paleolítico Superior, e se caracte-
rizam pela simplicidade dos temas, dos traços e dos materiais utilizados. Em geral, a plataforma
utilizada era a parede das cavernas e o material era extraído de ossos carbonizados, vegetais e
sangue dos animais. Originalmente, os temas pouco variavam: traços simples e mão em negati-
vo. Somente a partir da dominação dessa última técnica, que os artistas pré-históricos passaram
a representar animais. Veja um exemplo na Figura 1:
VOCÊ SABIA?
Mãos em negativo é uma técnica bastante simples e muito utilizada entre os povos pré-
-históricos. Consiste na aplicação de material colorante sobre a mão repousada em
uma plataforma, no caso, nas paredes das cavernas. Assim, o desenho da mão era
impresso como em um filme negativo.
Devido a recorrência dos temas, a arte produzida durante o período Paleolítico Superior é consi-
derada naturalista. O artista dessa fase pinta apenas aquilo que consegue ver. Entretanto, existem
inúmeras explicações para as motivações dessas representações e a mais aceita é de que essas
pinturas fariam parte de um ritual mágico, em que caçadores pintavam a caça que pretendiam
abater. A partir da representação da caça, o caçador-artista acreditava deter o poder sobre ela,
pois a imagem não era concebida como uma mera representação, mas como o próprio objeto.
Os temas mais recorrentes no período Paleolítico Superior são os animais e as figuras femininas.
Apesar da simplicidade das formas e da pouca variabilidade dos temas, os artistas desse período
escolhem elementos que revelam muito dos objetos retratados. Por exemplo, os traços que revelam
força e movimento nas representações de animais como bisonte e outros animais ferozes, ou
ainda, os traços leves e suaves das representações de cavalos e renas. Esses aspectos indicam o
início do processo de elaboração artística, motivada possivelmente pela tentativa de reproduzir
o mais fidedignamente possível o objeto. Desse período, destacam as pinturas rupestres encon-
tradas nas cavernas de Niaux, Font-de-Gaume e Lascaux, na França, e de Altamira, na Espanha.
Essa nova forma de organização do espaço, do tempo e das atividades exerceu um forte impacto
nas habilidades humanas, que deixando o nomadismo e a consequente dependência da caça
para adotar o estilo sedentário e agrícola, passaram de se basear estritamente na observação
para adotar também a racionalização e a abstração. Nas artes essa mudança foi determinante
para a gradativa substituição das representações naturalistas pelos estilos mais simples e geo-
métricos. Se antes, no período Paleolítico Superior, as figuras buscavam representar fielmente os
objetos, no período Neolítico a representação passa a dar lugar à sugestão, pelo uso de figuras
e de sinais relativamente genéricos, como é possível verificar nas figuras encontradas em Tassili
n’Ajjer, Argélia (Figura 2). Essa pode ser considerada a primeira grande ruptura de estilos no
campo das artes, do naturalismo para um abstrato rudimentar, como ressalta Proença:
O homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os sentidos apurados do
caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi substituído pela abstração e pela
racionalização. (...) Em lugar de representações que imitam fielmente a natureza, vamos
encontrar sinais e figuras que mais sugerem do que reproduzem os seres. Esta é a primeira
grande transformação na história da arte (PROENÇA, 1994, p.13).
Figura 2 – Pinturas rupestres de Tassili n’Ajjer, Argélia, região do Sahara, elaboradas há cerca de 4.500 a.C.
Fonte: Schutterstock, 2015.
Outra mudança significativa na arte produzida no período Neolítico é a variação de temas, que
deixaram de se concentrar exclusivamente na reprodução de objetos passando a representar
também as atividades coletivas da humanidade. Também, nesse período, houve uma mudança
de plataforma e de dimensão por meio do desenvolvimento de esculturas cerâmicas. Os mate-
riais também foram diversificados com a introdução do metal fundido.
49
Estética e História da Arte
Além da arquitetura, a civilização egípcia desenvolveu outras técnicas aplicáveis às artes, como
a lei da frontalidade, em que o tronco das pessoas deveria ser representado sempre de frente,
enquanto cabeça, pernas e pés eram dispostos em perfil. Essas características de representação
humana revelam a intenção da arte egípcia de não se limitar à reprodução da realidade, mas de
criar uma interpretação própria do objeto.
Ao contrário da civilização egípcia, a arte grega inaugura um estilo mais livre, revelando a im-
portância dada às ações humanas e ao racionalismo. As artes do período arcaico (séculos VII a
V a.C.) foram marcadas pelas conhecidas esculturas em mármore, que demonstram a busca pelo
belo e pela perfeição. Os artistas gregos arcaicos desenvolveram um estilo de escultura, chama-
da kouros, que consistia no reforço da simetria do corpo humano pela postura frontal e ereta de
uma figura masculina, cujo peso estava distribuído sobre as duas pernas.
Gradativamente, essa estrutura foi dando lugar para criações mais livres, porém, o mármore, pla-
taforma predominante até então, não permitia grandes inovações devido ao seu peso e fragilida-
de. Assim, os gregos passaram a adotar o bronze em suas esculturas. A pintura constituía um dos
elementos da arquitetura e também da cerâmica. Entretanto, é no campo da arquitetura que os
gregos deram as suas maiores contribuições. Perceba que os templos se destacam pela estrutura
e divisão espacial, com ênfase nas ordens dórica e jônica que determinavam a disposição entre
colunas e entablamento nas construções. Os templos eram cobertos por telhados inclinados para
as laterais, que formavam um espaço triangular, chamado frontão. O frontão se localizava sob o
pórtico de entrada e dos fundos e costumava ser adornado com esculturas. Veja Figura 6:
A arte grega influenciou diversos movimentos ao longo da história. Algumas de suas contri-
buições inspiraram a arte romana. A civilização romana (XII a VI a.C.) sofreu fortes influências
também dos etruscos, de quem herdaram o uso de arco e de abóboda nas construções, o que
permitiu aos romanos a criação de amplos espaços internos graças à eliminação do excesso de
colunas típico dos templos gregos. As construções dedicadas às moradias (domus) eram pla-
nejadas a partir da concepção retangular, cuja divisão seguia algumas regras pouco flexíveis:
a entrada conduzia ao átrio, um espaço no centro da planta com uma abertura retangular no
telhado (Figura 7). Essa abertura permitia a entrada de ar, luz e a coleta da água da chuva pe-
los implúvios. O contato com os gregos durante o período helenístico influenciou a concepção
arquitetônica romana, que passaram a adotar os peristilo (pátio ajardinado rodeado de colunas)
nos fundos da residência.
51
Estética e História da Arte
Na pintura, Roma desenvolveu quatro estilos próprios: o primeiro não consistia exatamente em
uma técnica de pintura, mas em uma espécie de marmorização feita com a aplicação de uma
fina camada de gesso, que posteriormente foi substituído pela tinta. O segundo estilo se refere
à ilusão de blocos salientes por meio da pintura, sugerindo profundidade, como representações
de janelas e paisagens. O terceiro estilo se voltava aos pequenos detalhes, e o quarto estilo
originou-se da combinação do segundo e do terceiro.
Outra característica da mudança do poderio da civilização clássica para a civilização bárbara foi
o enfraquecimento das cidades e o fortalecimento do meio rural. Com isso, não existem registros
de construção de monumentos e edifícios, ou do desenvolvimento de novas técnicas artísticas
e a evolução das artes nesse período foi praticamente nula (PROENÇA, 1994, p. 55). Dessa
maneira, a Igreja Católica interveio na tentativa de preservar a cultura e as artes das civilizações
clássicas e passou a monopolizar o conhecimento de maneira geral e a produção artística, o que
lhe rendeu grande poder na sociedade e no Estado.
Posteriormente, com a coroação de Carlos Magno em 800, dá-se início uma intensa revolução
cultural em torno da vida na corte, com a criação de uma academia literária e oficinas de ar-
tes, que foram responsáveis pela evolução das artes do período. No campo da arquitetura, isso
O estilo românico se disseminou por toda a Europa, mas ganhou contornos distintos em algumas
regiões. O estilo arquitetônico de Cluny (Borgonha, França), apresenta formas pesadas, duras
e rústicas. Exemplo do estilo românico cluniacense é o mosteiro de Saint-Pierre, em Moissac,
no caminho para Santiago de Compostela (Figura 8). Outro estilo românico desenvolveu-se na
Itália e assemelhava-se, em certa medida, às formas arquitetônicas clássicas (greco-romana) e
apresentava elementos que dava a sensação de leveza e delicadeza e usavam frontões e colunas.
Um dos exemplos mais conhecidos da arte românica da escola italiana é o conjunto arquitetôni-
co de Pisa, composta, inclusive, pela famosa torre que leva o mesmo nome.
53
Estética e História da Arte
A partir do século XII, com o novo deslocamento da vida social do campo para a cidade, há a
ascensão de uma nova classe social, chamada de burguesia. Nesse período começa a substitui-
ção gradativa da arte românica para a chamada arte gótica, caracterizada essencialmente pelos
grandes edifícios e pela abóbada de nervuras, que se difere da abóbada românica pela visibili-
dade proposital dos arcos que formam sua estrutura (PROENÇA, 1994).
Esse novo modelo de abóbada é decorrente da nova estrutura ogival dos arcos, que também
permitiu a construção de igrejas cada vez mais altas. Outro recurso arquitetônico típico do estilo
gótico são os suportes de apoio que eliminaram a necessidade de paredes espessas. Um exem-
plo notório de edifício gótico é a catedral de Notre-Dame de Chartres, cujo portal principal,
chamado de Portal Régio, é considerado pelos historiadores da arte como o um dos mais belos
conjuntos escultóricos do mundo (Figura 10).
Assim como o românico, o estilo gótico também se diversificou em diferentes regiões. O gótico
francês da segunda metade do século XIII, por exemplo, ficou conhecido como estilo rayonnant
(radiante) e se difere, substancialmente do gótico alemão. Já as últimas expressões da arquitetura
gótica dos séculos XIV e XV se distinguem em forma e plataforma, pois passam a influenciar as
edificações voltadas para as moradias.
Além da arquitetura, o estilo gótico foi marcado pelo desenvolvimento de novas expressões
artísticas, como os manuscritos ilustrados. Já no campo da pintura, entre os séculos XIII e XV,
desenvolveram-se técnicas de pintura realistas, que precederam o Renascimento. O pintor icô-
nico do estilo gótico, Giovani Gualteri, também conhecido como Cimabue, se dedica ao tema
religioso, representando santos e anjos, sempre se preocupando com o movimento. Os afrescos
de Giotto também são representativos da pintura gótica. Além dos murais destaca-se na pintura
gótica os quadros de proporções menores.
Os elementos mais trabalhados pelos artistas do Renascimento, como o espaço, linhas, cores e
volume, revelavam os principais valores dessa época, como a racionalidade e a dignidade do ser
humano. Ou seja, uma evolução também da vida em sociedade.
55
Estética e História da Arte
VOCÊ O CONHECE?
Leon Battista Alberti (1404- 1472) é considerado um dos maiores teóricos da Renas-
cença devido à sua relevante atuação e teorização nos campos das artes e da arqui-
tetura. Escreveu diversos tratados, destacando o De Re Aedificatoria (Sobre a Arte de
Construir). Trata-se de um importante tratado arquitetônico que inaugura a teoria do
projeto, em que Alberti enfatiza a importância do desenho.
Não podemos esquecer de outra característica da arte renascentista: a ascensão dos estilos pes-
soais dos artistas, inexistentes até a Idade Média, quando a produção artística era majoritaria-
mente anônima. Portanto, a partir do Renascimento, o artista ganha maior destaque na produção
de uma época, ou como anunciado por Gombrich (1997, p.15): “não existe, realmente, a Arte.
O que existe são somente os artistas”. Dessa maneira, inaugura-se uma nova percepção sobre os
estilos pessoais que compõem e se tornam referências de uma fase/movimento/escola artística,
como aconteceu com a pintura renascentista de Botticelli, ou os conhecidos estudos científicos
desenvolvidos e aplicados na arte de Leonardo Da Vinci.
Fortemente influenciado pela Reforma Protestante, o Barroco consiste, em certa medida, como uma
arte a serviço da retomada do poderio da Igreja Católica, por isso, os temas doutrinários católicos
são onipresentes nessa arte. Um bom exemplo dessa época você encontra nos traços dramáticos
expressos pela intensidade expressiva e pelo vigor das figuras na obra Juízo Final, na Capela Sistina,
que fazem de Michelangelo o precursor do estilo. Dessa forma, a arte barroca rompe com o equilí-
brio entre sentimento e razão, ou melhor dizendo, entre arte e ciência, estabelecido pelos renascen-
tistas. Ao contrário, a arte barroca reforça e valoriza as emoções em detrimento do racionalismo.
Porém, os artistas barrocos herdaram a concepção de estilo pessoal do artista e deram continui-
dade à composição autoral. Você pode encontrar exemplos dos diferentes estilos desenvolvidos
dentro de um mesmo movimento observando o uso intenso de cor e de luz por Tintoretto (1515-
1549), os recursos de iluminação das telas de Caravaggio (1573-1610) ou a verticalidade da
pintura de El Greco (1541-1614).
Figura 12 – Narciso, de Caravaggio. Óleo sobre tela (entre 1594-1596). Obra localizada
na Galeria Nacional de Arte Antiga, Roma, Itália.
Fonte: Wikimedia Commons, 2015.
57
Estética e História da Arte
Agora que você já conhece como o Barroco surgiu, vamos acompanhar como ele se transfor-
mou. A evolução e a intensificação do Barroco desempenharam um importante papel na emer-
gência de um novo movimento estético desenvolvido na Europa, especialmente na França pelos
idos do século XVIII, conhecido como Rococó. O termo Rococó nada mais é do que a junção
dos vocábulos franceses rocaille, que significa rocha e coquille, que significa concha. As princi-
pais características do Rococó são o uso de cores claras, tons pastéis e dourados, linhas leves e
delicadas e os temas mais recorrentes na arte rococó se referem à vida profana da aristocracia.
Portanto, o Rococó, de maneira geral, pode ser compreendido como um movimento artístico
que se preocupou, essencialmente, em expressar sentimentos e sensações agradáveis, dedicado
à decoração e ornamentação, cujo domínio e execução das técnicas são fatores de extrema
importância. Importante salientar que essas características foram bastante utilizadas no campo
da arquitetura, em que o estilo manifestou-se, principalmente, na decoração de interiores.
Veja que, ao contrário dos períodos anteriores, bastante homogêneos e cujas distinções entre
estilos se davam por características pessoais entre artistas ou pela distinção geográfica ou crono-
lógica, a Arte Moderna compreende diversos movimentos, muitas vezes simultâneos e conterrâ-
neos, como é o caso do Romantismo, do Realismo, do Impressionismo e do Pós-Impressionismo.
3.3.1 Romantismo
Mas o que é o Romantismo? Foi um movimento artístico desenvolvido entre os anos de 1820
e 1850. Uma das principais características dos artistas românticos é a recusa dos parâmetros
do Neoclassicismo, movimento anterior que propunha a imitação das estéticas greco-romanas
e renascentistas. A intenção dos artistas românticos era romper com as convenções acadêmicas
que predominava o campo artístico até então, na busca de uma linguagem que valorizasse os
sentimentos e a imaginação como princípios de criação artística. Os temas mais recorrentes entre
os românticos eram o nacionalismo, a valorização da natureza e o sentimento de presente.
3.3.2 Realismo
E o Realismo? Você sabe como ele se desenvolveu? O Realismo se desenvolveu na Europa, es-
pecialmente na França, entre os anos de 1850 e 1900. A proposta desses artistas era retomar os
estudos científicos aplicáveis às artes, de maneira que as representações se tornassem cada vez
mais fidedignas, deixando de lado as interferências subjetivas, como os sentimentos e emoções.
Na arquitetura, essa concepção influenciou nas obras cada vez mais adequadas e adaptadas ao
novo contexto social da industrialização. Isso significou, naquele período, uma diminuição de
construções voltadas para os templos e palácios e no aumento substancial de edifícios voltados
para as atividades típicas no novo modelo urbano que se delineava com a Revolução Industrial,
como fábricas, escolas, hospitais e moradias.
Já a pintura realista do século XIX caracteriza-se também pela tentativa do artista em reprodu-
zir a realidade da mesma maneira com que um cientista descreve um fenômeno. Entretanto,
lembremos que o contexto da industrialização acentua as diferenças sociais entre burguesia e
trabalhadores, e a precarização das condições de vida e de trabalho se tornam cada vez mais
explícitas. Desse conturbado contexto combinado à retomada da representação do real emerge
uma preocupação com a politização das artes, impressa em diversas linguagens do movimento.
Nesse ambiente, então, surge a chamada pintura social, que tem em Courbet (1819-1877) e em
Manet (1832 – 1883) seus maiores representantes.
59
Estética e História da Arte
3.3.3 Impressionismo
Passamos pelo Romantismo, pelo Realismo e agora adentramos no Impressionismo, importante
movimento artístico que revolucionou a pintura e influenciou significativamente as produções
posteriores. A primeira vez que o público teve contato com a obra dos impressionistas foi durante
uma exposição coletiva em Paris, em 1874, porém, o estilo se desenvolveu entre as décadas de
1860 e 1880.
A exposição contava com nomes como Renoir (1841-1919), Degas (1834-1917), Pisarro (1831-
1903), Cézanne (1839-1906) e Monet (1840-1926), desafiando a administração do Salon.
Tratava-se não de um Salon des Refuseés (Salão dos Recusados), mas de uma iniciativa que
competia com a mostra oficial (GANDRA, 2011, p.21). Porém, boa parte do público e da crítica
especializada hostilizaram as propostas inovadoras do movimento. A rejeição perdurou por cerca
de uma década quando passou a ser aceito, gradativamente.
A última exposição coletiva de artistas impressionistas ocorreu em 1886, contando com obras de
Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935). Seurat e Signac são considerados os
responsáveis pela evolução do Impressionismo, pois substituíram as pinceladas por um sistema
de pontos uniformes para compor uma cena. Essa técnica, denominada Pontilhismo ou Divisio-
nismo, devido à representação em minúsculos fragmentos, cabendo ao apreciador percebe-las
como um todo plenamente organizado.
Nesse tópico vamos conhecer um pouco cada uma dessas expressões e dos seus artistas em-
blemáticos.
Cubismo certamente é um dos movimentos artísticos de maior destaque das artes contemporâ-
neas. Originalmente, o Cubismo se desenvolveu a partir das obras de Cézanne, pois reduziam
as formas naturais às representações geométricas, como cones, cilindros e esferas. Entretanto,
o Cubismo transcendeu a redução proposta por Cézanne e adotou a representação de todas as
partes de um objeto no mesmo plano. Essa decomposição demonstrava o abandono da busca da
ilusão da perspectiva ou das três dimensões dos seres, característicos dos artistas renascentistas.
Ao longo do tempo, o Cubismo evoluiu em duas grandes tendências: o Cubismo analítico, de-
senvolvido por Picasso e Braque, entre 1908 e 1911 e consistia no uso de poucas cores e na
extrema fragmentação. Picasso é “capaz de interpretar e sintetizar com desinibição juvenil os
modelos do realismo europeu tardio, do impressionismo, das inquietações do simbolismo à fran-
cesa, dos férteis modernistas espanhóis, do expressionismo do norte das Europa personificado
em Munch” (GANDRA, 2011, p.2). Em contrapartida à fragmentação excessiva, temos a ascen-
são do Cubismo sintético, que apesar de buscar tornar a figura relativamente identificável para
o apreciador, ele ainda não possui compromisso com o tratamento realista do tema. Braque é o
principal artista dessa vertente.
(...) questão da arte moderna não é apenas um fato estético, mas um fenômeno sociológico.
É por isso que os modernistas, embora com recuos e hesitações, constroem sua ideia de
modernidade em volta de alguns núcleos essenciais do futurismo – a consciência de uma vida
transformada pela técnica e a consequente necessidade de encontrar uma expressão adequada
aos desafios do novo tempo. (FABRIS, 1994, p. 88).
A pintura metafísica surgiu sob influência da psicanálise de Freud, que ganhava espaço no mun-
do acadêmico. Dessa maneira, a pintura metafísica aborda temas como a paisagem urbana,
transmitindo a sensação de vazio, melancolia e inquietante. O principal artista desse movimento
No início da segunda metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, origina-se a Op-
-art, movimento que buscava expressar as mudanças constantes pelas quais a sociedade estava
submetida. Mas o que significa “op-art”? A expressão é derivada do termo optical art, que signi-
fica arte óptica. O criador desse movimento, Victor Vasarely (1908-1997) utilizava em suas obras
diferentes figuras geométricas, em preto e branco ou coloridas, combinadas de maneira que a
composição transmitisse a sensação de movimento.
Os movimentos artísticos seguintes surgem como um marco na história da arte, pois transitam
entre uma arte que existia isolada de questões sociais, políticas e comerciais para uma arte
aparentemente obcecada por esses temas (LUCIE-SMITH, 2006, p. 2). Já a Pop-art surgiu nos
Estados Unidos na década de 1960 e buscava romper as barreiras entre a arte e o cotidiano.
Os recursos expressivos da arte pop são semelhantes aos dos meios de comunicação de mas-
sa, como o cinema e a publicidade. Dessa maneira, os temas mais recorrentes nas obras desse
movimento são símbolos e produtos característicos da indústria. A obra mais expressiva desse
movimento é a tela Marilyn Monroe, de Andy Warhol (1930 – 1987).
CASO
Você saberia dizer o que esses movimentos têm em comum com a arquitetura? Como eles po-
dem ser identificados nas edificações? Os movimentos artísticos modernos e contemporâneos, a
exemplo dos outros movimentos que surgiram ao longo da história, possuem estreita relação com
os estilos e tendências arquitetônicas mais recentes. O advento de novas tecnologias e de novos
materiais produzidos pelas indústrias, como ferro, cimento, alumínio e o vidro, possibilitaram
novas formas de fazer artístico e arquitetônico. A arquitetura moderna nasce partir da segunda
metade do século XIX, com as primeiras construções de estrutura metálica, como a Torre Eiffel,
localizada em Paris, na França, por exemplo.
63
Estética e História da Arte
O Art Nouveau influenciou especialmente a arquitetura, cuja busca por integração entre as artes
aplicadas e a arquitetura promoveu o desenvolvimento de novas formas, como o floralismo de-
corativo (veja Figura 17) do arquiteto francês Hector Guimard (1867-1942) ou o funcionalismo-
-orgânico do norte-americano Louis Sullivan (1850-1924), cuja máxima “a forma segue a fun-
ção” determinou o estilo de seu trabalho (Figura 15).
O Art Nouveau predominou na arquitetura até meados do século XIX, quando a tendência ra-
cionalista surgiu, com destaque para os projetos de Adolf Loos (1870-1933). Mais tarde, a
Bauhaus, a arquitetura orgânica e a planta livre de Le Corbusier deram novos rumos à arquite-
tura moderna.
Figura 17 – Edifício do século XVI, da Rua Agar, Figura 18 - Wainwright building st louis USA,
em Paris, França, de Guimard. de Louis Sullivan.
Fonte: Ibiblio, 2015. Fonte: Shutterstock, 2015.
Dessa maneira, podemos perceber como os movimentos artísticos estão em constante diálogo
como outros campos sociais, especialmente, a arquitetura. As tendências criativas influenciam e
são influenciadas pelo contexto das quais emergem.
• compreender as escolhas feitas pelos artistas que retratam e refletem o seu contexto;
65
Referências Bibliográficas
GANDRA, José Ruy (trad.). Picasso / Abril Coleções. São Paulo: Abril, 2011.
GOMBRICH, E. H. História del Arte. Tradução Rafael Santos Torroella. Madrid, Espanha:
Editorial Debate, 1997.
FARTHING, Stephen (ed.). 501 Grandes Artistas. Tradução de Marcelo Mendes e Paulo Polzo-
noff Jr. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.
VASARI, G. Vida dos Artistas. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fon-
tes, 2011.