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PROF.: DAVI
"Qualquer trabalho pode dar remição, mesmo faxineiro, sem remuneração ou previdência social" (TJSP, Ag.
112.124.3, Poá, rel. Sinésio de Souza, 30.03.1992, v u.: Ag. 161.534.3, Bauru, rel. Denser de Sá, 18.08.1994).
"O condenado, que está cumprindo pena privativa de liberdade, perde, ex vi art. 127 da LEP, o direito à
remição do período de trabalho ao cometer falta grave" (STJ, RHC 8.353/SP, 5ª T., rel. Felix Fischer, 13.04.1999, v.
u., DJ 31.05.1999 p. 157).
O STF por diversas vezes decidiu que a remição não constitui direito adquirido
do condenado e que a perda dos dias remidos pela prática de falta grave não ofenderia
e nem afrontaria a coisa julgada.
JURISPRUDÊNCIA
(STF - HC: 110317 MS, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 07/02/2012,
Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-073 DIVULG 13-04-2012 PUBLIC 16-04-2012)
Foram várias as decisões nesse sentido, até que o STJ viesse a pacificar o tema
com a edição da Súmula 341, com a seguinte redação:
SÚMULA N. 341 A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução
de pena sob regime fechado ou semiaberto.
Assim, o tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3
(um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o
cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de
educação.
JURISPRUDÊNCIA
V - estimular, no âmbito das unidades prisionais estaduais e federais, como forma de atividade
complementar, a remição pela leitura, notadamente para apenados aos quais não sejam assegurados os direitos
ao trabalho, educação e qualificação profissional, nos termos da Lei n. 7.210/84 (LEP - arts. 17, 28, 31, 36 e 41,
incisos II, VI e VII), observando-se os seguintes aspectos:
JURISPRUDÊNCIA
7. HABEAS CORPUS Nº 317.678 - SP (2015/0043501-3) RELATOR : MINISTRO NEWTON
TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC) IMPETRANTE : DEFENSORIA
PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADVOGADO : CAMILA GALVÃO TOURINHO -
DEFENSORA PÚBLICA IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DE SÃO
PAULO PACIENTE : GILMAR DA CRUZ FURLAN JUNIOR (PRESO) DECISÃO I - RELATÓRIO:
GILMAR DA CRUZ FURLAN JUNIOR cumpre pena privativa de liberdade no Presídio da
Polícia Militar Romão Gomes. O Juízo de Direito da Vara de Execuções Criminais da
Justiça Militar do Estado de São Paulo declarou remidos 04 (quatro) dias de pena "pela
leitura", nos termos da Recomendação n. 44/20013 do Conselho Nacional de Justiça
(fls. 30/43). Pelas razões sintetizadas na ementa do acórdão, a seguir reproduzida, o
Tribunal de Justiça Militar daquela unidade federativa deu provimento ao agravo em
execução interposto pelo Ministério Público: POLÍCIAL MILITAR. Agravo em Execução
Penal. Recurso interposto pelo Ministério Público contra decisão de Primeiro grau que
concedeu remição da pena por leitura ao sentenciado. Recomendação do Conselho
Nacional de Justiça. Ausência de previsão legal. Interpretação extensiva da Lei nº
7.210/84 inaplicável ao caso. Leitura do livro 'A Cabana'. Simples resumo, que
facilmente pode ser conseguido na rede mundial de computadores. Hábito da leitura
deve ser incentivado sempre, não com o intuito de diminuir a pena, mas pelo prazer de
ler e de aprender. Agravo ministerial provido. Não se conformando com o acórdão, a
Defensoria Pública daquela unidade federativa impetrou, nesta Corte, o habeas corpus
em análise, sustentando, em síntese, que: a) "o art. 126 da Lei de Execucoes Penais
prevê que o condenado que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto possa
remir parte de sua pena pelo estudo"; b) "não há que se falar em ofensa ao princípio
da legalidade na aplicação da remição pela leitura, já que a leitura é trabalho
intelectual que, para os fins do art. 126 da Lei de Execucoes Penais, equipara-se ao
estudo" (fls. 01/07). Ao final, requereu a concessão da ordem, liminarmente, para que
seja reconhecida "a legalidade da remição pela leitura, declarando a remição de 4
(quatro) dias da pena do paciente, nos termos do art. 126 da LEP e Resolução 44/2013
do Conselho Nacional de Justiça" (fl. 07). II DECISÃO: 01. Na ementa do acórdão
relativo ao Habeas Corpus n. 300.638/MS, julgado em 24/02/2015, assentei:
"Prescreve a Constituição da República que 'conceder-se-á habeas-corpus sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder' (art. 5º, inc. LXVIII). O Código de
Processo Penal impõe aos juízes e aos tribunais que expeçam, 'de ofício, ordem de
habeas corpus, quando, no curso de processo, verificarem que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal' (art. 654, § 2º). Desses preceptivos constitucional e
legal se infere que no habeas corpus devem ser conhecidas quaisquer questões de fato
e de direito relacionadas a constrangimento ou ameaça de constrangimento à
liberdade individual de locomoção. Por isso, impõe-se seja processado para aferição da
existência de 'ilegalidade ou abuso de poder' no ato judicial impugnado, ainda que
substitutivo do recurso expressamente previsto para o caso (STF, HC 121.537, Rel.
Ministro Marco Aurélio, Primeira Turma; HC 111.670, Rel. Ministro Cármen Lúcia,
Segunda Turma; STJ, HC 277.152, Rel. Ministro. Jorge Mussi, Quinta Turma; HC
275.352, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma)." O precedente se
aplica ao caso em exame. Não há como conhecer do habeas corpus, porque
substitutivo de recurso. Porém, deve ser processado "para aferição da existência de
'ilegalidade ou abuso de poder' no ato judicial impugnado". 02. O ordenamento
jurídico não dispõe, expressamente, sobre a concessão de liminar em habeas corpus.
Contudo, implicitamente está ela prevista no § 2º do art. 660 do Código de Processo
Penal: Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da
coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento. A
sua concessão é admitida pela doutrina (v. Eugênio Pacelli de Oliveira, Curso de
processo penal, Lumen Juris, 2009, 11ª ed., p. 807) e pelos tribunais. Porém, como
medida absolutamente excepcional, reservada para casos em que se evidencie, de
modo flagrante, coação ilegal ou derivada de abuso de poder, em detrimento do
direito de liberdade, exigindo demonstração inequívoca dos requisitos autorizadores: o
periculum in mora e o fumus boni iuris"(STF, HC n. 116.638, Rel. Ministro Teori
Zavascki; STJ, AgRgHC n. 22.059, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido). No caso sub
judice, não se encontram presentes as circunstâncias excepcionais que autorizam o
deferimento da tutela de urgência liminar reclamada. Nesta fase processual, para
rejeitá-la, valho-me de excertos dos fundamentos do acórdão impugnado:"Também
nos arts. 126 a 130 da LEP, nos quais está disciplinado o instituto da remição, não há
qualquer referência à hipótese de resgate da pena por meio da leitura, de modo que o
Judiciário não deve tomar tal atividade como causa de concessão do referido benefício,
sob pena de afronta ao princípio da legalidade. Infere-se claramente do texto legal que
o art. 2º acima mencionado consagra expressamente o princípio da legalidade na
execução penal. Ademais, conforme se observa no art. 126, alterado pela Lei
12.433/11, não há previsão da remição pela leitura na LEP. In verbis: Art. 126. O
condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. § 1º A contagem de
tempo referida no caput será feita à razão de: I- 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze)
horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive
profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificacão profissional - divididas, no
mínimo, em 3 (três) dias: II- 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. § 2º As
atividades de estudo a que se refere o § 1º deste artigo poderão ser desenvolvidas de
forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas
pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. § 3º Para fins
de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão
definidas de forma a se compatibilizarem. § 4º O preso impossibilitado, por acidente,
de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. §
5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no
caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento
da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação. § 6º O
condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui
liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de
educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova,
observado o disposto no inciso Ido §§ Iº deste artigo. § 7º O disposto neste artigo
aplica-se às hipóteses de prisão cautelar. § 8º A remição será declarada pelo juiz da
execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. (g.n.) Assim, assiste razão ao
membro do Ministério Público quando alega que a benesse concedida ao sentenciado
pelo N. Magistrado a quo vai contra a teleologia da execução penal, uma vez que a
nova redação do art. 126 da Lei de Execução Penal demonstra a preocupação do
legislador Com a capacitação profissional do interno, de modo que a mera leitura de
um livro, com a produção de resenha, não atende a esse objetivo. Nota-se que referida
alteração foi promovida para incentivar que os sentenciados melhor se preparem para
exercer uma atividade econômica quando do regresso à sociedade, haja vista que o
mercado de trabalho está cada vez mais exigente, não só em relação à experiência
profissional, mas também quanto à escolaridade dos trabalhadores. A Recomendação
nº 44/13 do CNJ, por sua vez, em seu art. 1º, inciso V, prevê tal remição nos seguintes
termos: V - estimular, no âmbito das unidades prisionais estaduais e federais, como
forma de atividade complementar, a remição pela leitura, notadamente para apenados
aos quais não sejam assegurados os direitos ao trabalho, educação e qualificação
profissional, nos termos da Lei n. 7.210/84 (LEP - arts. 17, 28, 31, 36 e 41, incisos II, VI e
VII), observando-se os seguintes aspectos: a) necessidade de constituição, por parte da
autoridade penitenciária estadual ou federal, de projeto específico visando à remição
pela leitura, atendendo a pressupostos de ordem objetiva e outros de ordem subjetiva;
b) assegurar que a participação do preso se dê de forma voluntária, disponibilizando-se
ao participante 1 (um) exemplar de obra literária, clássica, científica ou filosófica,
dentre outras, de acordo com o acervo disponível na unidade, adquiridas pelo Poder
Judiciário, pelo DEPEN, Secretarias Estaduais/Superintendências de Administração
Penitenciária dos Estados ou outros órgãos de execução penal e doadas aos
respectivos estabelecimentos prisionais; c) assegurar, o quanto possível, a participação
no projeto de presos nacionais e estrangeiros submetidos à prisão cautelar; d) para
que haja a efetivação dos projetos, garantir que nos acervos das bibliotecas existam, no
mínimo, 20 (vinte) exemplares de cada obra a ser trabalhada no desenvolvimento de
atividades; e) procurar estabelecer, como critério objetivo, que o preso terá o prazo de
21 (vinte e um) a 30 (trinta) dias para a leitura da obra, apresentando ao final do
período resenha a respeito do assunto, possibilitando, segundo critério legal de
avaliação, a remição de 4 (quatro) dias de sua pena e ao final de até 12 (doze) obras
efetivamente lidas e avaliadas, a possibilidade de remir 48 (quarenta e oito) dias, no
prazo de 12 (doze) meses, de acordo com a capacidade gerencial da unidade prisional;
f) assegurar que a comissão organizadora do projeto analise, em prazo razoável, os
trabalhos produzidos, observando aspectos relacionados à compreensão e
compatibilidade do texto com o livro trabalhado. O resultado da avaliação deverá ser
enviado, por ofício, ao Juiz de Execução Penal competente, a fim de que este decida
sobre o aproveitamento da leitura realizada, contabilizando-se 4 (quatro) dias de
remição de pena para os que alcançarem os objetivos propostos; g) cientificar, sempre
que necessário, os integrantes da comissão referida na alínea anterior, nos termos do
art. 130 da Lei n. 7.210/84, acerca da possibilidade de constituir crime a conduta de
atestar falsamente pedido de remição de pena; h) a remição deverá ser aferida e
declarada pelo juízo da execução penal competente, ouvidos o Ministério Público e a
defesa; i) fazer com que o diretor do estabelecimento penal, estadual ou federal,
encaminhe mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os presos
participantes do projeto, com informações sobre o item de leitura de cada um deles,
conforme indicado acima; j) fornecer ao apenado a relação dos dias remidos por meio
da leitura. (g.n) Nessa conformidade, é possível concluir que a Recomendação do CNJ
viola o princípio da legalidade, posto que a Lei de Execução Penal, após a mencionada
alteração, além da remição pelo trabalho, possibilitou a remição pela 'frequência
escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou
superior, ou ainda de requalificação profissional', mas nada mencionou a respeito do
resgate da pena pela leitura de livro. Portanto, ainda que a intenção da remição pela
leitura seja elogiável, impossível compatibilizá-la com a ordem constitucional e
legal."(fls. 47/50) Anoto que, em decisões unipessoais, os Ministros integrantes da
Terceira Seção desta Corte têm afirmado que, quando a"motivação que dá suporte à
pretensão liminar confunde-se com o mérito do writ", deve"o caso concreto ser
analisado mais detalhadamente quando da apreciação e do seu julgamento definitivo"
(HC 306.389/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, DJe de 14.10.2014; HC 306.666/SP, Rel.
Ministro Sebastião Reis Júnior, DJe de 13.01.2014; HC 303.408/RJ, Rel. Ministro Rogerio
Schietti Cruz, DJe de 15.09.2014; HC 296.843/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis
Moura, DJe de 24.06.2014). 03. À vista do exposto, indefiro a liminar postulada.
Solicitem-se informações à autoridade coatora. Posteriormente, remetam-se os autos
ao Ministério Público Federal. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 18 de março de 2015.
Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC) Relator
10. Agravo em execução. Remição de penas. Tempo de desconto abatido do total da pena,
e não considerado como pena efetivamente cumprida. Nova redação do art. 128 da Lei
de Execucoes Penais. Obrigatoriedade de computação do tempo remido como pena
cumprida, para todos os efeitos. Recurso provido.