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A relação entre filosofia e


cristianismo para Justino, o
Mártir - Brasil Escola
7-10 minutos

Padres apologistas

A filosofia encontra-se com o cristianismo quando os


cristãos tomam posição em relação a ela. Nos séculos
XII e XIII, a oposição entre os termos “philosophi” e
“sancti” representa duas visões de mundo consideradas
antagônicas: a visão de mundo pagã e aquela
proclamada segundo a fé cristã.

Os chamados Padres Apologistas foram aqueles cristãos


que, a partir do século II d.C. escreveram, em diálogo
com a Filosofia, defesas da sua fé a fim de obter o
reconhecimento legal para ela diante do Império.

A obra de Justino, Mártir, foi inserida nesse período.


São duas Apologias e um Diálogo com Trifão. A
primeira Apologia, escrita por volta do ano de 150 d.C.,
foi escrita para o imperador Adriano. A segunda, para o
imperador Marco Aurélio. É em seu “Diálogo” que ele
nos relata sua trajetória, da filosofia com motivação
religiosa à religião com perspectiva filosófica: nascido
em Flávia Neápolis, seus pais eram pagãos. A busca pela
verdade o conduziu ao estudo da filosofia e sua
conversão ao cristianismo ocorreu provavelmente antes
de 132.

Primeiro, Justino se aproximou dos estoicos, mas os


recusou por terem lhe dito que não era importante
conhecer a Deus. Depois de se encontrar com um
“filósofo profissional”, um mestre que cobrava por seus
ensinamentos, Justino procurou um mestre pitagórico,
mas se afastou dele por não querer dispor seu tempo
para o estudo da música, da geometria e da astronomia.
Encontrou afinidade com discípulos de Platão, que
atendiam sua necessidade de pensar sobre as coisas
corpóreas, mas também além delas, as ideias.

O encontro com o cristianismo se deu por meio de um


ancião que conheceu durante um retiro. Ao ser
questionado por ele a respeito de Deus, Justino tentou
se valer das teorias de Platão. O ancião, então, esboçou
uma refutação que, apesar de parecer simples,
demonstrou a separação entre platonismo e
cristianismo: a alma, segundo o cristianismo, é imortal
porque Deus quer que ela seja.

Justino então leu o Antigo e o Novo Testamento. Ele nos


diz: “Refletindo eu mesmo sobre todas aquelas palavras,
descobri que essa filosofia era a única proveitosa”.
Percebemos que Justino considerava o cristianismo
como uma filosofia, mesmo sendo uma doutrina
baseada na fé em uma revelação.

Essa revelação é anterior ao Cristo – é a tese que Justino


defende em sua Primeira Apologia, baseado no conceito
de “Verbo divino” do evangelho de João, e em sua
Segunda Apologia, baseado no termo “razão seminal” do
estoicismo: as pessoas que nasceram antes do Cristo
participavam do Verbo antes dele se fazer carne; todos
os humanos receberam dele uma parcela e, por isso,
independente da fé que professavam, se viveram em
conformidade com o ensinamento do Cristo, poderiam
ser referidos como cristãos, mesmo que Cristo ainda não
tivesse nascido. Em vez de ser o marco de “início” da
revelação divina, Cristo seria seu ápice.

Desse modo, Justino resolveu dois problemas teóricos:


1) Se Deus revelou sua verdade apenas por Cristo, como
seriam julgados aqueles que viveram antes dele? 2)
Como conciliar a filosofia antes de Cristo, e, portanto,
ignorante da verdade revelada, e o cristianismo?

Como, segundo defende Justino, os homens podiam agir


de forma “cristã” antes do nascimento de Cristo, agiam
em conformidade com o Verbo. Se agiam em
conformidade com o Verbo, aquilo que disseram e
pensaram podia ser apropriado pelo pensamento dos
cristãos. É a esse respeito que Justino diz em sua
Segunda Apologia (cap. XIII): “Tudo o que foi dito de
verdadeiro é nosso”.

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Se o pensamento de Heráclito, por exemplo, é


considerado oposto ao pensamento cristão, o
pensamento de Sócrates é considerado “parcialmente
cristão”: ao agir em conformidade com a razão (Logos),
esta é uma participação do Verbo; Sócrates (e também
os demais filósofos que pensaram “o verdadeiro”)
praticou uma filosofia que era o germe da revelação
cristã.

O Logos

De Fílon de Alexandria, Justino apropriou-se do


conceito de “Logos” para estabelecer uma relação entre
o “Logos-Filho” e o “Deus-Pai”. Vejamos o que ele diz:

“Como princípio, antes de todas as criaturas, Deus


gerou de si mesmo certa potência racional (Loghiké),
que o Espirito Santo chama ora 'Glória do Senhor', ora
'Sabedoria', ora 'Anjo', 'Deus', 'Senhor' e Logos (=
Verbo, Palavra) (...) e porta todos os nomes, porque
cumpre a vontade do Pai e nasceu da vontade do Pai*”.
Ou seja, entendemos aqui que Justino diz que o Cristo é
a palavra proferida de Deus e pode ser denominado de
diversas formas porque ele “porta todos os nomes”. A
seguir, Justino faz uma comparação entre o Logos, no
sentido acima, correspondente a verbo, e a fala humana
para defender a possibilidade da coexistência de Deus-
Pai e Logos-Filho:

“E, assim, vemos que algumas coisas acontecem entre


nós: proferindo uma palavra (= logos, verbum), nós
geramos uma palavra (logos), mas, no entanto, não
ocorre uma divisão e uma diminuição do logos (=
palavra, pensamento) que está dentro de nós*”.

O que Justino diz aqui é que, da mesma forma que


quando nós dissemos uma palavra, o ato de falar não
esgota nossa possibilidade de falar no futuro, ou diminui
o número de palavras existentes, da mesma forma Deus-
Pai ao pronunciar o “Verbo”, ou seja, com o nascimento
de Cristo, isso em nada esgota ou diminuiu a sua
divindade e onipotência. Outro exemplo que Justino nos
oferece é o do Fogo:

“E assim vemos também que, de um fogo, acende-se


outro fogo sem que o fogo que acende seja diminuído:
este permanece igual e o novo fogo que se acendeu
subsiste sem diminuir aquele do qua1 se acendeu*”.

A importância de Justino

Embora não tenha deixado uma filosofia sistemática,


nem uma teologia cristã, temos ecos da obra de Justino
em muitos pensadores cristãos posteriores. Sua obra
não faz exposições gerais a respeito de teorias, nem as
discute profundamente, nem pretende desenvolver
concepções filosóficas. Justino, ao contrário disso, passa
por pontos importantes da fé cristã que considera
passíveis de justificativa.
Sua importância se dá pela novidade de interpretar a
revelação cristã como o ápice de uma revelação que
existe desde a origem do gênero humano. Assim como
sua obra, sua morte foi também afinada com a sua fé: foi
decapitado em 165, condenado pelo prefeito de Roma
por se declarar cristão.

____________________________________
As citações de Justino foram retiradas do Diálogo com
Trifão p. 61-62. Retirado de: Padres apostólicos y
apologistas griegos, Daniel Ruiz Bueno (BAC 116), Pág.
409-412.
Padres apostólicos y apologistas griegos (S. II).
Organização: Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de Autores
Cristianos, 1ª edição, 2002.

Por Wigvan Pereira


Graduado em Filosofia

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