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Luiz Delgado
Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte- URBEL – Belo Horizonte, Brasil
RESUMO: O objetivo deste trabalho é avaliar como pequenas intervenções contribuíram para a
minimização do risco geológico em vilas e favelas da cidade de Belo Horizonte, bem como
apresentar tipologias destas intervenções e como elas são viabilizadas e priorizadas. A definição
dos tipos de intervenções e prioridade é definida através do plano de obras, parte integrante do
Programa Estrutural em Áreas de Risco-PEAR, que é um programa de assistência técnica e social
às famílias moradoras de áreas de risco geológico na cidade de Belo Horizonte. Tem caráter
contínuo e visa diagnosticar, prevenir, controlar e minimizar a situação de risco geológico. A
metodologia proposta é buscar no acervo técnico da URBEL, órgão que gerencia este programa, as
tipologias das intervenções e as formas de execução para minimizar os processos de instabilização
além da definição das prioridades e do número de intervenções já ocorridas desde a criação do
PEAR (1994) e comparar estes dados com a redução das edificações em risco geológico, obtidos
através do diagnóstico realizado no município em 2009. Como análise dos dados coletados,
conclui-se que as obras de pequeno porte contribuem significativamente para a diminuição do risco
geológico na cidade de Belo Horizonte, e fortalecem o programa de redução de risco, que tem como
objetivo principal a convivência com o risco geológico e sua eliminação progressiva, possibilitando
manter as famílias nos próprios locais de origem.
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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
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escala de prioridade de implantação, permitindo Para a realização destes três tipos de obras
adequar o programa de obras às possibilidades adotou-se os procedimentos seguintes:
orçamentárias da administração (URBEL 1996). Obras de retorno: A URBEL fornece o
Os dados levantados a partir do diagnóstico material necessário para a obra, garantindo o
1993, feito em 158 vilas e favelas de Belo acompanhamento e assistência técnica, e por
Horizonte indicam uma rápida deterioração das outro lado o morador executa os serviços
áreas em questão, gerada pela ação antrópica ou seguindo rigorosamente a orientação e
pela simples ocupação das áreas com potencial especificações determinadas pelo engenheiro
de risco. Quando esta ocupação se dá em áreas responsável, conforme foto 01.
de encosta, são maiores as possibilidades de
intervenções, visto que necessitam de obras
pontuais que independem de condições externas
ao setor de risco.
Diante deste quadro, foram indicados no
diagnóstico realizado em 1994, um elenco das
ações capazes de evitar o acidente, em caráter
temporário ou definitivo que são utilizados até
hoje como parte integrante do Plano de Obras
do PEAR.
- Obras de retorno: são executadas após Foto 01: Obra executada com mão de obra do
acidentes provocados por escorregamentos ou morador em regime de mutirão
inundações. Só são executadas quando não há
mais risco de novos acidentes. Caso não haja a possibilidade de se formar
Constituem de construções de casas atingidas esta parceria estes serviços poderão ser
total ou parciais objetivando manter a executados por equipe contratada e
população nestas mesmas moradias sem que administrada pela URBEL (foto 02).
seja preciso a sua retirada definitiva do local. Só Obras preventivas: Além de serem
serão executadas caso não haja mais risco de executadas pelos moradores, também poderão
novos acidentes. Caso contrário, um novo local ser executadas por empresas contratadas pela
caracterizado como isento ao risco deverá ser URBEL.
indicado, a fim de se executar sobre o mesmo a Obras definitivas: estas obras estarão a cargo
construção da moradia anteriormente de empresas contratadas pela URBEL, as quais
danificada. sugere-se contratação segundo planilha de
-Obras preventivas: Visam diminuir a preços unitários, dinamizando sua atuação sem
susceptibilidade a acidentes, eliminando ou amarração com locais, visto que a situação de
diminuindo temporariamente os efeitos dos risco, no período chuvoso, tem um caráter
principais agentes de instabilização. As mais dinâmico. Quando possível, estas obras poderão
comuns são contenções em rip-rap, cobertura de ser feitas com a mão de obra dos moradores.
superfícies com lonas plásticas, limpeza de
canais e bocas de lobo, dragagem de córregos,
remoções de massas instáveis e
redirecionamento de cursos d’água ou drenagem
superficial.
-Obras definitivas: Visam extinguir o risco
para as moradias, sendo as mais indicadas os
muro padrão em bloco cheio ou em concreto,
com altura menor que 3 metros e extensão
máxima de 10 metros , contenções em gabião,
redes de drenagem em diâmetros diversos,
escadarias, impermeabilização de taludes etc.
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mão de obra especializada, referentes aos anos possibilitando muitas vezes a execução de obras
de 2004 a 2009, totalizando, 2413 obras para eliminar o risco, após o periodo chuvoso.
realizadas ao longo dos 15 anos de atuação do Lonas - obras preventivas
PEAR. 350
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mostra a figura 01.
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2005-2006 2006-2007 2007-2008 2008-2009
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7 CONCLUSÕES
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Os diagnósticos de risco geológico
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 realizados no município de Belo Horizonte ao
número de obras realizadas de 1994-2009
longo dos 15 anos de atuação do PEAR,
Figura 01: Número de obras realizadas por ano
através do PEAR.
confirmou que os agentes deflagradores do risco
geológico ocorreram em função de intervenções
Ao longo dos anos de atuação do Programa antrópicas, através de cortes inadequados nos
Estrutural em Áreas de Risco, o número de taludes, inexistência e precariedade do sistema
edificações em risco de escorregamentos e de drenagem e de esgotamento sanitário,
processos correlatos, foi de 12.264 (1994) para lançamento de lixo e entulhos em encostas e
3.182 (2009), representando uma redução de cursos d’água, ocupação de áreas inundaveis,
aproximadamente 74% (representado então, além da fragilidade construtivas das moradias.
uma redução de 9.082 edificações em risco) Muitos destes problemas são minimizados por
Conforme os critérios de execução das obras obras de pequeno porte, realizadas pelos
pelo PEAR, o número de edificações e próprios moradores, que além de receber os
consequentemente o número de famílias materiais de construção da prefeitura recebem a
beneficiadas tem que ser o maior possível, orientação técnica. Ressalta-se que o número de
sendo então considerado para esta análise que obras que no período avaliado foi de 2413 pode
cada obra beneficiou pelo menos duas considerar que o número de famílias
edificações, correspondendo então a 4.826 beneficadas dobrou chegando a mais de 4800
edificações onde o risco foi eliminado ou famílias visto que as obras geralmente
minimizado pelas obras de pequeno porte, beneficiam em média duas famílias,
representando então uma redução de 53% do representando uma redução de 53% das
risco de escorregamento na cidade de Belo edificações em risco geológico ao longo dos 15
Horizonte. anos de atuação do PEAR.
Como intervenções preventivas, tem-se ainda As obras preventivas, como a distribuição
a colocação de lona plástica nos taludes no de lonas, limpezas de córregos, encostas e
periodo chuvoso. No periodo de chuvas sistemas de drenagem, contribuem de maneira
2005/2006 até o periodo de chuva atual indireta na redução do risco, pois durante o
2009/2010, foram distribuídos cerca de 4683 periodo chuvoso, estas obras evitam que os
(figura 02) cortes de lonas, estas obras processos geológicos evoluam possibilitando a
paliativas, não interferem na diminuição do execução de obras de pequeno porte após o
risco geológico diretamente mais influencia no periodo chuvoso.
sentido de paralizar o processo geológico, Considerando o grande número de
remoções e intervenções estruturantes,
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REFERÊNCIAS
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