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A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR FECHADA NO BRASIL,
DA DÉCADA DE 70 AOS DIAS ATUAIS:
BELO HORIZONTE
2011
JOSÉ CLÁUDIO RODARTE
A EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR FECHADA NO BRASIL,
DA DÉCADA DE 70 AOS DIAS ATUAIS:
BELO HORIZONTE
2011
Dedico este trabalho de monografia a meu
irmão, João Roberto Rodarte, que foi o grande
incentivador para eu iniciar, permanecer e
concluir o curso de Ciências Atuariais, à
minha mãe, D. Jony e minha tia Dulcinha que
muito sentiram a minha falta durante todo o
período em que tive de me dedicar ao curso.
AGRADECIMENTOS
This work aims to present the main changes in the Brazilian Closed Pension
Funds system, from the 70's until today, indicating its expectations, trends and
challenges. It will be addressed matters such as the evolution of this system and the
corresponding legislation, transformations in the design of benefit plans, the evolution of
the employment relation between the employee and the company. Furthermore, the
impact of demographics on this system, the most recent trends and its implications, along
with the impacts experienced by the pension schemes, will also be addressed.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 75
8
1. INTRODUÇÃO
A previdência complementar em nosso país está estruturada em dois pilares, que são
as entidades abertas, com fins lucrativos, que operam planos individuais e coletivos, e as
entidades fechadas, sem fins lucrativos, que operam somente planos coletivos decorrentes de
vínculo empregatício – chamados patrocinados – ou associativo – chamados instituídos. Esses
dois tipos de previdência complementar proporcionam ao trabalhador um seguro
previdenciário adicional, de acordo com sua vontade e necessidade.
1
Os conceitos dos planos BD, CD e CV serão abordados oportunamente neste trabalho de monografia.
2
Revista Universo Contábil de 12.02.2010.
3
Revista Fundos de Pensão da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar -
Abrapp, de fevereiro/2010. Em novembro/2010, pelo Consolidado Estatístico da Abrapp, cujos dados se referem
a suas 272 afiliadas que administram mais de 95% dos recursos garantidores das provisões técnicas, fundos e
reservas, havia 659.631 assistidos (aposentados e pensionistas) recebendo benefícios de fundos de pensão, além
de 2.077.122 participantes ativos (contribuintes) e 3.510.576 dependentes. Comparando com os dados de 2009
válidos para todas as entidades e não apenas para as afiliadas à Abrapp, pode-se constatar a coerência dos
números.
4
http://www.mpas.gov.br/arquivos/office/4_110408-152746-030.pdf. Acesso em 09.05.2011.
5
www.ibge.gov.br. Acesso em 09.05.2011.
9
Cabe observar que no site da Abrapp6 consta uma poupança de 534 bilhões de reais
em 2010, pois os dados se referem somente a suas afiliadas (272 de um total de 368 Entidades
Fechadas de Previdência Complementar – EFPC).
6
http://www.abrapp.org.br. Acesso em 09.05.2011.
10
do PIB de R$ 3,675 trilhões em 2010)7, esse percentual seria em torno de 17,1%, que
converge para o valor apontado pela Towers.
Cabe ainda observar que a arrecadação do PGBL8 em 2010 foi de R$ 6,1 bilhões e a
de outros planos da previdência aberta foi de 9,1 bilhões de reais, ou seja, aproximadamente
1/6 do patrimônio de R$ 90,5 bilhões mencionado foi constituído em apenas 1 ano, o que dá
uma ideia da velocidade do crescimento da previdência aberta. O VGBL, só em 2010,
arrecadou R$36,7 bilhões e, embora não possa ser formalmente considerado como
previdência aberta, na prática é, pois se trata de uma poupança com fins previdenciários.
Esses dados foram obtidos no sítio internet da Susep (ver nota de rodapé nesta página).
7
www.susep.gov.br >> Boletins estatísticos >> dez/2010. Acesso em 09.05.2011.
8
PGBL significa Plano Gerador de Benefício Livre e VGBL quer dizer Vida Gerador de Benefício Livre. São
planos previdenciários que permitem acumular recursos por um prazo contratado, durante o qual o dinheiro
depositado vai sendo investido e rentabilizado pela seguradora escolhida.
9
Incluem também contribuições contratadas e sua remuneração, migrações entre planos, portabilidades e outras
adições.
10
Institutos em planos de EFPC: benefício proporcional diferido, portabilidade, resgate e autopatrocínio.
11
Os dados deste parágrafo foram obtidos em http://www.previdenciasocial.gov.br/sppc.php?id_spc=234,
Previdência Complementar Estatística Mensal dez/2010, Tabela 1.2.6 – Gestão Previdencial das EFPC, com
detalhamento das adições e deduções, segundo patrocínio predominante. Acesso em 23.05.2011.
12
Revista Petros de março de 2010 e Diário dos Fundos de Pensão Abrapp/Sindapp de 03.03.2010.
11
2. REVISÃO LITERATURA
A previdência social deveria ter por objetivo cobrir quase a totalidade da renda dos
menos favorecidos, que não têm condição de formar uma poupança durante a fase laboral, e
apenas parcialmente a renda dos mais favorecidos.
Os sistemas de previdência complementar, por sua vez, segundo Schwarz, 2006, foram
criados com o objetivo de garantir uma renda suficiente à manutenção do trabalhador, quando
ele se tornasse incapaz de gerar a própria renda, por motivos diversos como morte, no caso
daqueles com dependentes, idade avançada, desemprego ou doença. São intrínsecas a esse
objetivo a função de reduzir a pobreza dos idosos e a de evitar que haja grande queda do
padrão de consumo na velhice em relação ao da idade produtiva. A questão fundamental num
contexto de envelhecimento populacional seria como manter esses sistemas atrativos,
atuarialmente justos e financeiramente viáveis a trabalhadores e aposentados.
12
Regimes de Previdência
Vieira & Brito, 2009, comentam na “História dos 35 Anos da Celos” que a previdência
complementar no Brasil é relativamente nova. A Assembleia de Acionistas da Petrobras
aprovou projeto para a criação da Petros, a primeira Entidade, em abril de 1969, e menos de
40 anos depois, no final de 2008, o sistema de Entidades Fechadas de Previdência
Complementar do país já era considerado o oitavo do mundo.
13
http://www.abrapp.org.br/apoio/encontros/leste/telas/1.SPPC%20-%20Abrapp%20-%20fomento%20-
%20Jos%C3%A9%20Edson.pdf. Acessos em 25.05.2011 e 22.06.2011 (usando palavras-chave pelo Google).
13
EFPC no Brasil 1996 ... 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Do setor Privado15 240 ... 279 283 288 290 291 288 287 284
TOTAL EFPC 354 ... 363 366 370 369 372 371 369 368
Fontes: No. de EFPC de 1996 a 2004: PINHEIRO, 2007, com base em SPC/MPS e SUSEP/MF; no. de EFPC de
2005 a 2010 e no. de planos, obtidos pelo autor com base nos Informes Estatísticos SPC e Estatísticas Mensais
Previc.
Com relação à distribuição regional, há uma forte concentração das EFPC nas regiões
Sudeste e Sul do Brasil, apenas quatro na região Norte e nenhuma no Acre, Amapá, Roraima
e Tocantins.17
14
http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_110106-132700-929.pdf consulta em 12.05.11
15
Engloba instituidores
16
O número de planos administrados engloba os planos instituídos e patrocinados
17
Dados obtidos em http://www.previdenciasocial.gov.br/sppc.php?id_spc=234, Previdência Complementar
Estatística Mensal dez/2010, Tabela 1.1.1. Acesso em 25.05.2011.
14
O GRAF. 2 mostra que nos últimos quinze anos houve uma tendência de retração das
entidades do setor público, em função da política de privatizações ocorrida no período e a
expansão das entidades do setor privado.
350
300
250
200
Do setor Público
150
Do setor Privado[1]
100
Ref. Dez/10.
Fonte: PREVIC/BO/Universo Contábil – Data da Extração: 07.04.2011.
Filtros: Balancete Consolidado (Somatório de Balancete por Plano de Benefícios e
Operações Administrativas) e Número Conta 1.0.0.0.00.00.00.
Cabe observar que as empresas do setor público, embora representem apenas 23% das
368 entidades existentes, detêm 65% do ativo total das EFPC (ver TAB. 2 e GRAF. 3).
18
De acordo com o tipo de patrocínio predominante: a EFPC pode estar sujeita aos ditames da Lei
Complementar no. 108, de 29 de maio de 2001, ou somente à Lei Complementar n o. 109, de 29 de maio de 2001.
15
0%
35% Instituidor
Privado
65%
Público
O GRAF. 4, a seguir, apresenta a evolução do ativo total19 das EFPC, de 2002 a 2010,
bem como a evolução de seus recursos garantidores20.
600
500
Valores em R$ bilhões nominais
400
300
200
100
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
19
Novo Plano de Conta Resolução SPC no. 28/2009, com alterações da Instrução SPC no. 34/2009.
20
Recursos Garantidores: Até 31.12.2009 são ativos do programa de investimentos, adicionadas as
disponibilidades e deduzidos os valores a pagar, classificados no exigível operacional do referido programa.
A partir de 01.01.2010 são ativos disponíveis de investimentos, deduzidos de suas correspondentes
exigibilidades, não computados os valores referentes a dívidas contratadas com os patrocinadores.
Vale registrar, conforme informações obtidas do especialista em previdência complementar, João Rodarte,
que a Previc não diferencia dívidas contratadas com garantia real de dívidas meramente escriturais (cita-se,
por exemplo, as dívidas da Petrobras com a Petros que estão lastreadas em NTNB dadas em garantia real).
16
Ref.: Dez/10.
Fonte: PREVIC/BO/Universo Cadastro – Data da Extração: 07.04.2011, adaptado pelo autor.
É também importante para o fundo de pensão saber como serão repartidos os custos de
um determinado plano de benefícios entre o Estado (benefícios fiscais e tributários), o
patrocinador (contribuições e garantias), o participante (parcelas do salário) e o administrador
do fundo (garantias e responsabilidade fiduciária21).
21
Responsabilidade fiduciária é um conceito mais amplo que o de prudência financeira, que seria a obrigação
moral para com o investidor de maximizar o retorno e minimizar o risco.
(http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bello/cap4.html apud Zero Emissions Research Initiative – Zeri, lançado pela
UNU (United Nations University) em 1994). Acesso em 04.06.2011.
18
Conforme divulgado pelo INSS, “para se ter direito à aposentadoria por tempo de
contribuição integral” (sic), o trabalhador deve comprovar pelo menos 35 anos de
contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher. O INSS considera a aposentadoria integral
como aquela em que o valor de referência do benefício corresponde a 100% do Salário de
Benefício – SB.
Até 1988 para se definir o valor da aposentadoria do INSS era considerada a média
dos 36 últimos salários, sendo corrigidos os 24 mais distantes e não corrigidos os últimos 12.
De 1988 a 1999 passou-se a considerar a média dos 36 últimos salários, todos corrigidos.
Somente a partir de 1999, o valor da aposentadoria passou a ser o resultado da média dos 80%
maiores salários de contribuição desde julho de 1994, multiplicada pelo chamado “fator
previdenciário”, definido mais a frente neste trabalho de monografia.
22
Esse comparativo foi apresentado no 8º. CONANCEP - Congresso Nacional da ANCEP, em setembro de
2010, pelo especialista em previdência complementar João Rodarte, quando abordou o tema “Previdência
Complementar para todo o Trabalhador”.
19
4000
Evolução de Salários
3500
3000
SB = 3.163,99
2500
2000
1500
1000
500
1200
Evolução de Salários
1000
800
SB = 779,12
600
400
200
Além da metodologia de cálculo do SB, outro fator que impacta negativamente o valor
do benefício do INSS é o fator previdenciário, que poderá reduzir significativamente o valor
do benefício. Atualmente, o teto do INSS é de R$ 3.689,66, e não será atingido nem mesmo
por um trabalhador que contribua nesse patamar durante toda a vida laboral e cumpra todas as
carências de idade e tempo de contribuição mínimo exigido para esse tipo de benefício.
Idade
23
Tempo de Contribuição 50 55 60 65
30 0,512 0,613 0,742 0,915
35 0,603 0,722 0,874 1,078
40 0,834 1,008 1,243
23
Para as mulheres, acrescer um bônus de 5 anos.
21
Conjugando-se o efeito do fator previdenciário com a média dos 80% maiores salários
de contribuição, verifica-se que o benefício do INSS é significativamente inferior ao último
salário.
Já foi dito aqui que a Previdência Social deveria ter por principal pressuposto a
manutenção integral da renda dos menos favorecidos (aqueles que ganham até o teto) e
parcial da renda dos mais favorecidos. Diante dos fatos apresentados, verifica-se que, no
estágio atual, o INSS mantém parcialmente a renda de todos, à exceção daqueles que
percebem vencimentos equivalentes ao salário mínimo.
A opção dos trabalhadores que desejam manter sua renda mensal, mesmo para aqueles
com níveis de renda mais baixos, é ter assegurado o acesso a um plano de previdência
complementar como forma de garantir o complemento necessário para usufruir de uma
aposentadoria mais confortável. Esse assunto voltará a ser abordado em item específico sobre
a ampliação da previdência complementar pelo vínculo associativo para o trabalhador de
baixa renda.
24
O teto em 2010 era R$3.467,40; atualmente é R$3.689,66.
25
O salário mínimo em 2010 era R$510,00; atualmente é R$545,00.
22
Apesar de ainda ter uma população relativamente jovem, que está começando a
envelhecer, gasta-se muito com previdência no Brasil. A benevolência da legislação e de
nossa Constituição permite a ocorrência de aposentadorias que não existiriam em outros
países. A superindexação dos benefícios de um salário mínimo, que vem tendo aumentos reais
significativos há mais de uma década, também incrementa os gastos com previdência.
8
7
6
5
Percentual
4
% PIB
3
2
1
0
26
www.mpas.gov.br. Acesso em 30.05.2011.
27
www.mpas.gov.br .Acesso em 30.05.2011.
23
Cabe observar uma reversão da tendência de crescimento, desde 2006, pela relação
despesa previdenciária x PIB ter se estabilizado em torno de 7%, apesar dos fortes ganhos
reais repassados ao piso mínimo. Tal estabilidade é fruto dos efeitos do fator previdenciário,
da mudança constante da tábua de sobrevivência do IBGE onde se observa o aumento
contínuo da expectativa de vida do brasileiro, da média dos 80% maiores salários desde 1994,
do crescimento da economia e do forte incremento do número de contribuintes.
As reformas, que causaram tanta discussão nos governos Fernando Henrique Cardoso
(FHC) e Lula, na verdade afetaram um contingente da população brasileira proporcionalmente
modesto.
Pela TAB. 6, um homem que se aposente aos 54 anos com 36 anos de contribuição
terá um fator de 0,72. Nesse caso, o valor médio dos 80% maiores salários deverá ser
multiplicado por 0,72, o que corresponde a uma redução de 28% em relação ao valor médio
das contribuições. Se a combinação de anos de contribuição e idade for elevada, o fator pode
ter um valor superior à unidade, gerando uma aposentadoria maior do que a média dos 80%
maiores salários de contribuição, o que pode ser observado na TAB. 6 acima, desde que o
resultado final fique inferior ao teto, cujo valor em 2011 é de R$3.689,66.
Cabe ressaltar que o fator previdenciário para um segurado do sexo masculino apenas
será maior ou igual a 1 quando a adição do tempo de contribuição à idade de início do
benefício for maior ou igual a 100, o que pode ser observado nas cinco células sombreadas da
TAB. 6 apresentada anteriormente.
A reforma do governo Lula, ocorrida em 2003, foi marcada pela forte elevação do teto
de contribuição para a previdência social, que teve um aumento real de 27%, passando na
ocasião de R$1.890 para R$2.400.
25
Cabe aqui observar que se deve tomar cuidado com esse tipo de afirmativa, pois no
caso brasileiro existe o fator previdenciário, o qual só ficará próximo à unidade, tendo assim
um efeito praticamente neutro, se a soma do tempo de contribuição com a idade de início do
benefício for maior ou igual a 100, conforme já mencionado anteriormente.
Fonte: GIAMBIAGI & TAFNER, p. 21, (2010) com base em Cechin (2007) e em OECD (2003).
a
Regra prevista para 2033.
b
Regra prevista para 2027.
c
Regra válida para os homens. Para as mulheres, o limite valerá em 2020.
No resto do mundo são raros os casos em que a saída da vida ativa ocorre antes dos 60
anos, não podendo o indivíduo se aposentar antes dessa idade, exceto por doença ou invalidez.
Também nos outros países, nos casos em que é concedida aposentadoria antecipada, há perdas
significativas associadas. Enquanto no Brasil um homem que tenha começado a contribuir
com 20 anos faria em 201028 jus a um fator de 1,01 após 40 anos de contribuição, o que
significa que não teria qualquer perda (sic), em outro país um homem nessa mesma idade
28
Cabe observar que a tabela do fator previdenciário é alterada todos os anos, em função da revisão anual da
tabela de expectativa de vida dos brasileiros, divulgada pelo IBGE.
26
Cabe ressaltar que o autor omitiu a questão das perdas decorrentes do critério de
apuração do valor do benefício pela média dos 80% maiores salários de contribuição
corrigidos, de toda a sua vida laboral desde julho de 1994, comentado anteriormente neste
mesmo item do presente trabalho, que gera perda significativa em relação à regra anterior de
média dos 36 últimos salários de contribuição corrigidos.
Em 2008 ocorreu a maior crise econômica mundial desde a famosa crise de 1929, mas
felizmente, para o Brasil, foi passageira e já se atenuou. A revisão das projeções demográficas
do IBGE de 2008 evidenciou a importância de o país mudar o enfoque sobre o tema do
envelhecimento da população, pois além de ter de lidar com uma população que vive cada vez
mais, o Brasil terá de lidar com o fato de que haverá cada vez menos jovens no país, numa
escala muito mais intensa do que se imaginava no passado. O “bônus demográfico” com o
qual se esperava contar devido à transformação desses jovens em adultos que iriam compor a
População Economicamente Ativa (PEA) será consequentemente menor.
Para Giambiagi & Tafner, “o Brasil é um país ainda relativamente jovem que gasta
com previdência uma fração do PIB comparável às de economias com uma proporção de
idosos correspondente ao dobro ou ao triplo da observada no país”.
27
Cabe aqui observar que o fato de as despesas com os benefícios assistenciais (Social
Welfare) estarem incluídas no orçamento da Previdência Social distorce significativamente a
análise comparativa com outros países que têm orçamentos apartados.
Em 2050 estima-se que haverá 36 idosos com 65 anos ou mais para cada 100 membros
da população de 15 a 64 anos. A proporção da projeção de 2008 é 20% superior à que tinha
sido revelada pelo IBGE na revisão de 2004. Haverá muitos idosos a sustentar, sendo que o
número de pessoas a sustentar esses idosos tende à estagnação e, em seguida, à queda. A
sociedade brasileira está deixando um ônus muito pesado para a geração de seus filhos.
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Brasília, 03.05.2011 Eduardo Pereira Nunes Presidente do IBGE Resultados Preliminares do Universo.
29
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000408.pdf
28
Fonte: GIAMBIAGI & TAFNER (2010) com base em IBGE (projeções demográficas 2008).
88
Homens Mulheres 86
86
84
84 83
Idade Esperada de Vida
82 82
82 81
80 80
80 79
78 77
76
74
72
1991 2000 2010 2020 2030
GRÁFICO 8 – Brasil: Idade esperada a ser atingida após completar 60 anos de idade
Fonte: GIAMBIAGI & TAFNER, 2010 p. 32 com base em IBGE, 2006.
Giambiagi & Tafner enfatizam que nos 15 anos transcorridos entre o reajuste que
houve no começo do Plano Real e o verificado em 2010, as aposentadorias acima de um
salário mínimo tiveram um aumento real acumulado de 25,2%.
29
Cabe aqui observar que serão abordadas em itens específicos deste trabalho a criação
da Superintendência Nacional de Previdência Complementar – Previc, em 23.12.2009, e a
nova estrutura do Ministério da Previdência Social a partir de então.
Os anos 90 foram marcados pelas privatizações das empresas estatais, que contaram
com a participação decisiva dos recursos financeiros dos fundos de pensão. Na segunda
metade, começou a ocorrer a migração de planos de benefício definido para os planos de
contribuição definida, cujos conceitos constam em item específico deste trabalho de
monografia, e foi aprovada em 15.12.1998 a Emenda Constitucional no. 20, com o objetivo de
30
A Lei Complementar no. 109/01, prevista pela Emenda Constitucional nº. 20/98,
revogou a Lei no. 6.435/77 e definiu as regras gerais da previdência complementar aberta ou
fechada no país, buscando inserir nas entidades de previdência complementar uma nova
estrutura normativa, refletindo a contínua evolução do setor ao longo de sua existência.
A Lei Complementar no. 108/01, também prevista pela EC nº. 20/98, trata da relação
dos patrocinadores de empresas públicas, sociedades de economia mista e o ente federado,
com seus respectivos fundos de pensão.
Foi viabilizada também, pela nova legislação, a formação de planos de benefícios por
pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, conhecidos como Instituidores,
passando as EFPC a ser acessíveis aos associados dessas entidades. Esse assunto será tratado
em item específico mais a frente, quando forem abordadas as expectativas, tendências e
desafios da previdência complementar fechada. Será também tratada em item específico deste
trabalho a questão da previdência complementar do servidor público.
acumulação dos fundos de previdência e introduziu uma taxação regressiva segundo o prazo
de acumulação dos recursos nos planos de benefícios previdenciários.
Até o final de 2009, as funções de órgão regulador das EFPC eram exercidas pelo
Ministério da Previdência Social, por meio do Conselho de Gestão da Previdência
Complementar - CGPC, e as de órgão fiscalizador pela Secretaria da Previdência
Complementar – SPC (PINHEIRO, 2007). Mais à frente, conforme já mencionado, serão
abordadas em itens específicos a criação da Previc e a nova estrutura do Ministério da
Previdência Social.
A Resolução CGPC n°. 16/2005, publicada pela SPC, disciplina o parágrafo único do
artigo 7° da Lei Complementar n°. 109/01, classificando os planos, quanto a seus benefícios
programados, em planos de Benefício Definido, de Contribuição Definida e de Contribuição
Variável. A Resolução define as características das modalidades dos planos de benefícios de
33
caráter previdenciário que as EFPC devem observar na identificação de cada um deles. Tais
definições divergem das anteriores usualmente praticadas no mercado, principalmente no que
se refere aos denominados planos mistos.
Nos planos CD, o benefício final depende da capitalização das contribuições definidas
a priori. Baseado no valor do saldo de conta acumulado em nome do participante, o benefício
só é definido à época da concessão. Assim, permite os seguintes tipos de renda: renda mensal
por prazo indeterminado e renda mensal por prazo determinado.
100% 96,8%
Total de Planos de Benefícios em percentual
87,4% 84,6%
80%
60%
37,7%
40%
26,6%
20%
0%
Benefício Pensão por Morte Benefício por Pecúlio por Auxílio Doença
Programado Invalidez Morte
O mercado habitualmente define como plano misto, aquele que adota características
do modelo CD ou CV para os benefícios programados (aposentadoria por tempo de
contribuição, idade ou especial) e do modelo BD para os de risco (auxílio-doença, invalidez
ou pensão por morte). A título de exemplo, uma renda inicial de complementação de
aposentadoria por invalidez pode corresponder ao valor apurado pela conversão, por
equivalência atuarial, do saldo da conta individual do participante, constituído até a data do
fato gerador, acrescido de aporte advindo de um fundo coletivo de risco ou de uma
35
seguradora, na data de concessão de benefício, calculado com base nas regras de um benefício
definido.
Ainda sobre os planos mistos, vale a pena fazer menção ao artigo publicado no Portal
dos Fundos de Pensão da Abrapp30, transcrito a seguir:
Nos EUA em 1980 mais de 80% dos planos eram de benefício definido e em 2001
eram menos de 40%. Nessas duas décadas, 97% das novas companhias deram preferência por
constituir para seus empregados planos de contribuição definida.
Cabe observar que o autor omitiu o fenômeno da terceirização de mão de obra, que
passou a comprometer as premissas de geração futura, rotatividade e rejuvenescimento da
massa.
30
http://www.abrapp.org.br/ppub/pef.dll?pagina=servscript&QUALS=revista/revista_interna.html&revistaId=86&
idMenu=74 Acesso em 11.05.2011.
36
Para Ross & Wills, 2002, uma explicação para essa mudança na preferência baseia-se
em uma teoria, segundo a qual os trabalhadores de hoje em dia têm mais mobilidade no
trabalho e, como consequência, é pouco provável que se aposentem na mesma empresa em
que começaram a trabalhar. A empresa não mais enxerga seus empregados como
trabalhadores vitalícios e vice-versa. Devido a mudanças na cultura, tecnologia e educação, os
trabalhadores foram levados a ser mais independentes e a romper vínculos empregatícios. Os
trabalhadores precisam, então, redirecionar suas contas de aposentadoria para planos de
benefícios que ofereçam a portabilidade dos recursos acumulados. Os planos de contribuição
definida são mais flexíveis e se adaptam melhor à necessidade dos trabalhadores, em termos
de portabilidade e de alocação de recursos financeiros.
Para Pinheiro, 2007, a chamada risk-averse theory seria outra justificativa para a
migração dos planos de benefício definido para os de contribuição definida. Segundo essa
teoria o aumento da volatilidade do mercado financeiro tem elevado o custo e a incerteza na
predição do volume financeiro a ser constituído num fundo de pensão para pagar os
benefícios de aposentadoria, o que faz com que os empregadores procurem distribuir os riscos
envolvidos nos planos de benefícios com os empregados, por meio da adoção de planos de
contribuição definida. Do ponto de vista das empresas, essa mudança pode significar uma
redução no custo dos planos de aposentadoria e pensões, uma vez que se obtêm retornos mais
elevados no mercado de capitais, a partir da opção de investimentos dos empregados.
Cabe aqui observar que o enfoque dado pelo autor é a redução do risco inerente ao
modelo BD, pois é óbvio que o custo de um plano estruturado no modelo individual será
sempre superior ao de um plano coletivo.
37
Ippolito, 1997, levanta algumas hipóteses que envolvem o crescimento dos planos de
contribuição definida. Duas delas seriam os crescentes custos de regulação fiscal e o aumento
dos custos administrativos dos planos de benefícios definidos, outra a ampliação das
atividades no setor de serviço que possuem baixa taxa de sindicalização entre os empregados,
o que favorece a adoção desses planos para as pequenas empresas.
Pinheiro, 2007, reporta que em março de 2006, dos 953 planos de benefícios
oferecidos pelas EFPC no Brasil, 27% eram de contribuição definida, 37% de benefício
definido e 36% de planos “mistos” (sic)31. No GRAF. 12 a seguir, são mostrados dados mais
recentes da Estatística Mensal da Previdência Social de Dez/2010. Comparando com o
GRAF. 9, pode-se constatar o crescimento percentual em 2010 do número de planos CV e o
decréscimo dos planos BD e CD em relação aos de 2009 (ver também o GRAF. 13).
31
O autor denomina de plano misto o que a regulamentação classifica como plano de contribuição variável.
38
32,8% 32,5%
Contribuição Variável
Contribuição Definida
Benefício Definido
34,7%
Os contratos de trabalho estão cada vez mais baseados numa menor duração do
vínculo empregatício e não faz sentido expor a empresa a fatores de risco inerentes ao modelo
de benefício definido, tais como aumento da longevidade, retorno dos investimentos e
vinculação da fórmula de apuração do benefício complementar ao valor do benefício da
previdência social. Assim, as modalidades de planos de contribuição definida e planos mistos
(sic) podem se adequar melhor à política de remuneração e de recursos humanos das empresas
patrocinadoras. Como afirma Pinheiro (2007, p. 102),
32
O autor denomina de plano misto o que a regulamentação classifica como plano de contribuição variável.
39
O GRAF. 13, obtido no sítio internet da Previdência Social33, mostra a evolução dos
planos BD, CD e CV no Brasil.
33
http://www.mpas.gov.br/arquivos/office/3_100506-192845-123.pdf
40
Os planos de instituidores são, em sua maioria, criados por órgãos de classe, como a
Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, o Instituto Brasileiro de Atuária - IBA e o Conselho
Regional de Administração - CRA, e ainda podem crescer bastante, por exemplo, entre os
sindicatos e cooperativas, que são mais de 23 mil instituições no país, com um número de
associados superior a 26 milhões de pessoas. Schulz conclui dizendo que, desde que os órgãos
associativos reconheçam o poder que têm nas mãos e coloquem essa ideia em prática, o plano
de instituidor é a atual forma de acesso da maioria dos trabalhadores do Brasil à previdência
complementar fechada.
34
Artigo “Planos Instituidores”, de 31.05.2008, em
http://www.ancep.org.br/Scripts/noticias/lerea.asp?ID=3459&pg=1. Acesso em 01.06.11.
35
Revista Fundos de Pensão da Abrapp Ano XXX Número 373 Março/Abril 2011.
41
2002 não havia nenhum instituidor e, conforme Relatório de Atividades Previc 201036, a
previdência associativa já contava com 30 entidades e 51 planos de benefícios, oferecidos por
469 associações de classe, sindicatos e cooperativas, que reuniam uma reserva de R$ 940
milhões, garantindo a cobertura previdenciária para 200 mil participantes e beneficiários.
Até a publicação da Resolução CGPC nº. 13, de 01.10.2004, a gestão das Entidades
era apenas uma extensão do RH das empresas. Atualmente elas são geridas por princípios de
boa governança corporativa, inclusive os “Quinze Princípios para a Regulação dos Sistemas
de Previdência da OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico”37 e os participantes passaram a ter representatividade efetiva nos órgãos
colegiados de administração (Conselho Deliberativo e Fiscal).
36
http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_110106-132700-929.pdf. Acesso em 13.05.11.
37
http://www.mpas.gov.br/arquivos/office/3_081014-111321-415.pdf Acesso em 05.06.2011.
42
Fonte: Elaborado pelo autor, conforme informações dos Decretos nos. 7.705, 7.078 e 7.123 de 2010.
38
Fonte: Brasil Econômico, de 13.04.2011, publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. obtidas no sítio
www.funcef.com.br. Acesso em 04.05.2011.
44
Para atender às necessidades de custeio da Previc, foi instituída (Art. 12 da Lei 12.154,
de 23.12.2009) a Taxa de Fiscalização e Controle da Previdência Complementar – Tafic. São
contribuintes da Tafic as EFPC constituídas na forma da legislação, e seus valores são
apurados em função do patrimônio de cada plano administrado.
SPPC tem competência para assistir ao Ministro de Estado na formulação das políticas e
diretrizes do regime de previdência complementar fechada.
39
Revista Petros de agosto/2010.
40
http://www.previdencia.gov.br/vejaNoticia.php?id=41601. Acesso em 18.05.2011.
47
Essas questões acabam por obrigar os gestores das entidades e seus patrocinadores a
repensar a maneira como estão administrando e fornecendo seus benefícios ao redor do
mundo. O atuário Lucas Pacheco Simião, representante da Rodarte Nogueira Consultoria no
evento, apresentou as características do mercado brasileiro de previdência complementar e
saúde suplementar, com ênfase em peculiaridades que demandam grande atenção por parte
das empresas e de potenciais investidores estrangeiros, em função do risco de criarem
obrigações pós-emprego. Práticas comuns entre as empresas brasileiras, como a dispensa dos
colaboradores quando esses atingem a idade de aposentadoria e a participação dos
funcionários no custeio de planos de saúde, podem gerar obrigações materiais – capazes
inclusive de influenciar os preços em um processo de aquisição - que devem ser devidamente
reconhecidas.
Segundo Giambiagi & Tafner, 2010, não é de hoje que o tema da reforma
previdenciária acompanha os debates sobre as grandes questões nacionais do Brasil, pois é
muito difícil fazer mudanças na legislação. O assunto afeta todos os grupos sociais e etários
da sociedade, mas até quem é contra a reforma é obrigado a parar para pensar no tema,
quando toma conhecimento de que no Brasil as mulheres se aposentam por tempo de
41
Ocorrido em Londres em 19 e 20.05.2011, promovido pela empresa britânica Lane Clark & Peacock.
42
O objetivo da norma internacional IAS 19 é o de prescrever o registro contábil e a evidenciação dos benefícios
aos empregados. Cabe aqui comentar sobre a intenção da Norma, que seria a de proporcionar maior
transparência em relação às obrigações pós-emprego assumidas pelas empresas e maior “comparabilidade” entre
demonstrações financeiras - DF. Em relação a este tema, em 02.06.2011, o IASB (International Accounting
Standards Board) publicou o near final draft (minuta quase final) da nova versão do IAS 19 a ser implementada
a partir de janeiro de 2013. Aparentemente esta nova versão possui menos subjetividade, contribuindo para um
nível ainda maior de transparência das DFs.
48
contribuição, em média, aos 51 anos de idade; que a proporção de idosos deve triplicar nos
próximos 40 anos; ou que o número de anos de usufruto da aposentadoria por tempo de
contribuição é aproximadamente 40% superior ao período durante o qual um aposentado de
outros países, inclusive da América Latina, recebe esse benefício.
Não importa que o governo não tenha detalhado propostas. O que não pode ser
perdida é a anunciada disposição de enfrentar o problema. A questão previdenciária
não é privilégio de país pobre ou emergente. Pelo contrário, tem provocado
discussões e até conflitos em praticamente todo o mundo. As nações mais bem-
sucedidas não deram mais do que pequenos passos. Mas o que não é responsável é
não dar passo algum. O Brasil não pode mais continuar como está: produz déficits
comprometedores de um lado e paga aposentadorias miseráveis de outro.
43
Jornal Estado de Minas de 20.05.11, p. 14.
49
O economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, é contra fixar uma idade
mínima de 65 anos para a aposentadoria. A seu ver, a mudança seria contrária à lógica de
atrelar o valor do benefício ao tempo de contribuição e acabaria punindo as parcelas mais
pobres da população, que em geral começam a trabalhar mais cedo e, assim, contribuiriam
mais em comparação às pessoas que, por situação familiar mais privilegiada, podem se
preparar melhor e ingressar no mercado com idade mais avançada. Velloso também não
concorda com a substituição do fator previdenciário pelo cálculo 85/95, entende que a fixação
de uma idade mínima serviria para compensar possíveis desembolsos maiores devido à
substituição do fator e considera uma péssima ideia acabar com o fator previdenciário, por ser
a única ferramenta existente que permite um cálculo de benefício com base na contribuição e
idade da pessoa.
João Rodarte exemplifica com um segurado do sexo masculino com 55 anos de idade
e 40 de contribuição, que hoje tem um fator previdenciário redutor de 0,83. Com a proposta, o
fator previdenciário não seria aplicado, o que corresponde a um acréscimo de 0,17 unidades
para cada 0,83 esperadas, representando um aumento de despesas de 20,5% para o Estado.
Para um segurado com 60 anos de idade e 35 anos de contribuição, o impacto sobre as
despesas é menor, pois nesse caso o fator previdenciário é de 0,87, representando um
acréscimo de 15% nas despesas.
44
http://www.ibge.com.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1767&id_pagina=1&titulo=
Em-2009,-esperanca-de-vida-ao-nascer-era-de-73,17-anos Acesso em 19.06.2011.
45
Demographic Observatory No.4: Mortality - CELADE, October 2007, http://www.eclac.org/cgi-
bin/getProd.asp?xml=/publicaciones/xml/9/33269/P33269.xml&xsl=/celade/tpl-i/p9f.xsl&base=/celade/tpl-i/top-
bottom.xslt Acesso em 19.06.2011.
46
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tabuadevida/2009/ambossexos.pdf Acesso em 19.06.2011.
52
Para uma segurada com 56 anos de idade e apenas 30 anos de contribuição, o fator
previdenciário é 0,75. A sua não aplicação impacta num acréscimo de despesas de 33%.
47
Brasil Econômico, de 13.04.2011, publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. obtidas no sítio
www.funcef.com.br Acesso em 04.05.2011.
48
http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_110106-132700-929.pdf. Acesso em 18.05.2011.
53
envolvidos nesse projeto os quatros órgãos integrantes do Coremec (Banco Central, CVM,
Previc e Susep), o Ministério da Previdência Social, o Ministério da Fazenda, o Ministério da
Educação e o Ministério da Justiça.
Com relação à educação financeira nas escolas, já foi implementado nas escolas do
ensino médio um projeto piloto desenvolvido pelo grupo de trabalho da Enef e pelo Grupo de
Apoio Pedagógico – GAP, formado pelo Ministério da Educação, instituições de ensino,
entidades representativas dos sistemas de ensino e com o apoio de instituições financeiras e
privadas.
Desde agosto de 2010, 450 escolas públicas dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Ceará, Tocantins e do Distrito Federal recebem aulas do projeto-piloto de
educação financeira, que atinge 15 mil estudantes. Outras 450 escolas estão envolvidas no
projeto e participam da metodologia de avaliação da educação financeira nas escolas, com o
apoio do Banco Mundial.
49
Como forma de incentivo ao crescimento do número de participantes do regime de previdência complementar,
a Previc elaborou um vídeo institucional que incentiva as pessoas a planejar seu futuro de forma independente e
segura, por meio da adesão a planos de benefícios de EFPC. O vídeo pode ser acessado na página internet inicial
da Previc ou por intermédio do link http://www.mpas.gov.br/previc.php.
54
A postura responsável dos fundos de pensão ao investir ganhou uma nova dimensão
aos olhos dos dirigentes e profissionais de associadas e da própria opinião pública brasileira.
Saber mais sobre essa temática e discuti-la mais profundamente é importante não apenas para
o conjunto do sistema, mas também para cada associada, uma vez que a pressão da sociedade
em favor de uma gestão que respeite as pessoas - como trabalhadores, consumidores ou
reunidas em comunidades - e o meio ambiente, não permite a ninguém ficar de fora. A
imagem de uma gestão responsável rende frutos às organizações, que passam a beneficiar-se
da simpatia conquistada junto ao público externo e seus próprios colaboradores.
Cabe observar que os Princípios para Investimento Responsável da ONU (UN PRI)
foram lançados em abril de 2006 na Bolsa de Valores de Nova Iorque pelo Secretário-Geral
das Nações Unidas. Os Princípios são, em essência, um conjunto das melhores práticas
50
http://www.abrapp.org.br/diario/DescricaoNoticia.aspx?id=20593. Acesso em 25.05.2011.
55
51
Boletim de Resultados e Perspectivas - Petros , p. 11, maio/2011.
52
Consulta aos Informativos Previ/AssPreviSite em maio/2011 e aos sítios internet:
http://www.abrapp.org.br/diario/DescricaoNoticia.aspx?id=20625 e http://aboutus.ft.com/2011/05/17/shortlist-
announced-for-ftifc-2011-sustainable-finance-awards/. Acessos em 15.05.2011.
56
53
http://www.camara.gov.br/sileg/integras/501938.pdf Acesso em 05.06.2011.
54
http://www.previdencia.gov.br/vejaNoticia.php?id=41601 Acesso em 18.05.2011.
57
Cabe observar que, na visão sindical, defendida por ela e diversos especialistas, o
modelo de contribuição definida não atende na plenitude os verdadeiros anseios
previdenciários do trabalhador, uma vez que o benefício não é atrelado ao salário final de
carreira e não assegura renda vitalícia.
Os benefícios, segundo ele, são: maior transparência para o servidor de qual será seu
benefício; estancar no médio prazo o déficit previdenciário brasileiro, com a utilização desse
recurso para outros fins; incrementar a poupança interna; e sinalizar para a sociedade que o
governo acredita no veículo Previdência Complementar Fechada.
55
http://www.abrapp.org.br/apoio/encontros/leste/telas/1.SPPC%20-%20Abrapp%20-%20fomento%20-
%20Jos%C3%A9%20Edson.pdf Acessos em 25.05.2011 e 22.06.2011 (usando palavras-chave pelo Google).
58
Dando continuidade aos exemplos apresentados nas TAB. 4 e 5 do item 2.2, a TAB.
11 a seguir exemplifica a necessidade da previdência complementar para um trabalhador de
baixa renda de 55 anos de idade e que requer o benefício com 35 anos de contribuição.
56
Artigo “Planos Instituidores”, de 31.05.2008, em
http://www.ancep.org.br/Scripts/noticias/lerea.asp?ID=3459&pg=1. Acesso em 01.06.2011.
59
Essa pessoa que vivia com R$1.020,00, no caso do exemplo acima, certamente vai
sofrer sérias restrições ao ter de passar a viver, a partir da aposentadoria, com R$563,05.
57
Segundo dados de pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, só no ano passado 19 milhões de brasileiros
passaram a integrar a classe C, com vencimentos mensais de 2 a 10 salários mínimos. A classe C responde hoje
por 52% da população do Brasil, abrangendo mais de 100 milhões de pessoas (Jornal Estado de Minas de
05.06.2011).
58
http://www.previ.com.br/portal/page?_pageid=57,1598182&_dad=portal&_schema=PORTAL. Acesso em
28.05.2011.
60
em consideração sua idade, seu tempo de contribuição, seu tempo restante para a
aposentadoria e seu “gosto” pelo risco.
O benefício que uma pessoa vai receber na aposentadoria dependerá do saldo de conta
acumulado durante o tempo de trabalho, o qual vai depender das contribuições e da
rentabilidade da aplicação desses recursos. Os programas de perfis de investimento59
permitem aos participantes escolher o grau de risco dos seus investimentos nos fundos de
pensão, uma tendência mundial para os planos de contribuição definida e variável que
formam reservas individuais de poupança. Segundo a Abrapp, a opção por perfis de
investimento é oferecida em todos os fundos de pensão com planos de contribuição definida
americanos, canadenses e europeus. A oferta de perfis de investimento só ganhou destaque na
agenda dos principais fundos de pensão do Brasil a partir de 2007.
Em qualquer dos perfis oferecidos, há um tipo de risco envolvido 60. O grau desse risco
depende do segmento – renda fixa ou renda variável – em que será aplicado percentual maior
do saldo de conta do participante. Na PREVI, uma boa gestão dos ativos, ferramentas
adequadas, experiência e responsabilidade com os recursos dos participantes tendem a fazer o
equilíbrio necessário entre riscos e recompensas. Esses fatos, aliados a um bom conjunto de
informações e à possibilidade de contar com o longo prazo para balancear riscos, são atributos
que ajudam a dar mais tranquilidade ao participante que quiser optar.
59
http://www.previ.com.br/portal/page?_pageid=57,1608650&_dad=portal&_schema=PORTAL. Acesso em
28.05.2011.
60
http://www.previ.com.br/noticias/boletins/revista_200907_142/capa.htm. Acesso em 28.05.2011.
61
Segundo entrevista feita pelo autor deste trabalho de monografia com o diretor-
presidente da OABPrev-MG, Roberto Perecini, em maio/2011, algumas entidades de
previdência complementar, como a por ele presidida, estão ofertando uma nova modalidade
de benefício destinado aos dependentes dos participantes de seus planos, além da usual
pensão por morte. Trata-se de um benefício que tem por essência subsidiar o custeio dos
estudos dos dependentes na Universidade, sejam de graduação ou pós-graduação, e pelo
período máximo de duração do curso. O interessado faz um investimento na forma de
poupança previdenciária para auxiliar no custeio do curso de seus filhos em nível superior.
montante existente no fundo específico ser incorporado àquele que dará suporte ao pagamento
de sua aposentadoria.
Segundo o artigo “VGBL Saúde - Solução real para a saúde na aposentadoria ...”61, de
Eder C. da Costa e Silva publicado no sítio internet da Rede Nacional de Advogados
Especializados na Área de Saúde, em 16.02.2011, representantes das seguradoras que
comercializam planos de previdência privada e planos de saúde suplementar, representados
institucionalmente pela FenaPrevi e FenaSaúde, estão fazendo ingerências junto aos órgãos do
governo para a aprovação do chamado “VGBL Saúde”.
Se o novo produto vier a ser aprovado dessa maneira, estará focando apenas uma parte
do problema de saúde dos aposentados (a parte financeira) e não resolverá o problema da
cobertura de saúde na terceira idade, pois da forma como está sendo concebido, todo o
61
http://www.advsaude.com.br/noticias.php?local=1&nid=6084. Acesso em 27.05.2011.
63
dinheiro acumulado pelo cidadão nesse tipo de plano de previdência seria gasto na primeira
grande cirurgia ou internação a que ele vier a se submeter.
Cabe observar que uma alternativa que resolveria esse problema seria adequar a
legislação para que os planos de previdência complementar pudessem fazer transferências
contínuas para operadoras de planos de saúde, destinadas a cobrir parcialmente ou totalmente
a mensalidade do plano do beneficiário, contratado em pré-pagamento, independentemente de
quantas vezes o beneficiário utilizar o plano. Poderia ainda ser criado um ambiente de
convencimento do Fisco, para se demonstrar as vantagens de se conceder isenção fiscal para
essas transferências específicas.
Nos EUA, os produtos “FSA – Flexible Spending Accounts” e “HSA – Health Savings
Accounts” (respectivamente “Contas para Gastos Flexíveis” e “Contas de Poupança para a
Saúde”, em tradução livre), são necessariamente atrelados a um plano de saúde específico.
Os HSA só podem ser adquiridos por pessoas físicas que estejam obrigatoriamente
participando de um plano de saúde individual voltado para cobertura de grandes riscos, do
tipo “HDHP - High Deductibles Health Plan” (“Plano de Saúde com Franquias Elevadas”).
Suas principais características são: as contribuições que não forem gastas anualmente com
saúde são acumuladas em contas individuais; os resgates não destinados ao pagamento de
despesas com saúde, feitos antes da aposentadoria, são fortemente penalizados
64
tributariamente; os resgates não destinados ao pagamento de despesas com saúde, feitos após
a aposentadoria, possuem vantagens fiscais, mas são tributados; o participante deve estar
vinculado a um plano de saúde do tipo “high deductible”, caracterizado por prêmios inferiores
aos dos planos de saúde tradicionais.
Uma vez que envolve renúncia fiscal, a regulamentação do “VGBL Saúde” ainda
precisará passar pelo crivo da ANS e do Ministério da Fazenda, bem como ser aprovada pelo
Congresso Nacional.
Rabelo & Conde, 2004, ressaltam o fato de as taxas de juros e as tábuas biométricas
serem as variáveis mais significativas no cálculo das reservas matemáticas de planos de
benefícios.
Um documento muito interessante que foi consultado para a elaboração deste trabalho
de monografia foi a “Coletânea de Artigos sobre Tábuas de Mortalidade, Taxas de Juros e
Métodos de Financiamento” da Comissão Nacional de Atuária – CNA62. Segundo Ricardo
Pena Pinheiro, ex-diretor-superintendente da Previc e à época presidente da comissão, essa
coletânea tem como objetivo a apresentação de trabalhos que possibilitem uma reflexão sobre
o passivo atuarial dos planos de benefícios administrados pelos fundos de pensão,
considerando o aumento da longevidade que vem ocorrendo na população brasileira e a
perspectiva de queda na taxa de juros de longo prazo.
No artigo “Impacto da Taxa de Juros nos Fundos de Pensão” de Luiz Gonzaga Pinto
Júnior, que consta nessa coletânea, são mencionados, entre os vários motivos que levaram o
62
A CNA foi criada pela Portaria MPS/SPC no 2862, de 28.04.2009.
65
Por um lado não mais haverá a alta rentabilidade aliada ao baixo risco de crédito dos
títulos de renda fixa emitidos pelo Governo, mas por outro, as obrigações atuariais de uma
população que vive com mais qualidade e maior expectativa de vida desafiam os fundos de
pensão a manter a saúde financeira, a partir da mudança estrutural na relação ativo versus
passivo, que era muito bem comportada até recentemente.
A meta atuarial fixada era facilmente atingida por meio de ativos emitidos pelo
Governo que pagavam altas taxas de juros e no curto prazo. Tão logo se vislumbrou uma
queda de taxa de juros no Brasil, acendeu-se um alerta sobre a necessidade de se buscar títulos
federais que ainda pagam taxas acima da meta atuarial, com vencimentos que se aliam mais
ao perfil de longo prazo dos fundos e indexados a um índice de inflação. Essa carteira de
títulos marcados até o vencimento, que as Fundações não têm necessidade e nem intenção de
alienar, pode ser considerada de certa forma um portfólio protegido ou LHP (Liability Hedge
Portfolio), porém essa fonte está secando.
66
Pinto Júnior observa, ainda, que a elaboração e utilização da modelagem ALM são
condições fundamentais para se avaliar os impactos da redução da taxa de juros nos balanços
dos fundos de pensão, bem como qualquer mudança nas premissas atuariais, regras dos planos
e cenários macroeconômicos. Um modelo padrão ALM não pode visar atender a todos os
fundos de pensão, pois cada investidor institucional apresenta uma especificidade própria.
Alguns têm a sua massa de participantes fechada e madura, enquanto outros estão em plena
ascensão e são abertos a novos participantes de um patrocinador. Por outro lado, há planos
cujos ativos estão concentrados em títulos de renda fixa e outros que são mais agressivos na
renda variável. Assim, impactos de uma mudança na taxa de juros bem como a sua velocidade
podem produzir resultados diversos nas diferentes instituições, e devem ser avaliados e
monitorados por uma modelagem própria de gerenciamento de ativo e passivo.
67
Segundo estudo divulgado pelo Banco Mundial - Bird, diferentemente das nações
adiantadas que primeiro ficaram ricas e, depois, velhas, o Brasil está ficando velho antes de
ficar rico. Enquanto a França levou mais de um século para ter um aumento de 7% para 14%
da população acima de 65 anos ou mais, o Brasil passará pelo mesmo processo em 20 anos, de
2011 a 2031.
Nos próximos 40 anos, a população brasileira deve crescer a uma média de apenas
0,3% ao ano, enquanto os idosos poderão crescer a uma taxa de 3,2%. Dessa forma, os idosos,
que representavam 4,9% da população em 1950 e demoraram 60 anos para dobrar essa
proporção e chegar a 10,2% em 2010, devem triplicar para 29,7% até 2050. Esse percentual é
muito próximo dos 30% de idosos do Japão, o país mais velho do mundo atualmente, e é
maior do que todos os países europeus, cuja média é de 24%. Em números absolutos, eram
2,6 milhões de idosos brasileiros em 1950, 19,6 milhões em 2010 e estimados 64 milhões em
2050.
63
Jornal do Comércio, Porto Alegre, 04.05.2011 Editorial e http://veja.abril.com.br/noticia/economia/brasil-se-
tornara-um-pais-velho-antes-de-ficar-rico. Acesso em 04.05.2011.
68
A matéria aborda também o fato de que a expectativa de vida no Brasil aumentou para
todas as faixas de renda, já tendo alcançado níveis de primeiro mundo nas classes A e B e
que, decorrente disso, o Brasil já tem uma nova tabela biométrica, lançada em 18.03.2010,
para nortear as empresas que oferecem planos de previdência privada e seguros de vida -
Circular SUSEP no. 402, de 18 de março de 2010, e seu anexo que registra as novas tábuas da
SUSEP (BR-EMS - sigla que significa “Experiência do Mercado Segurador Brasileiro”).
64
http://www.sindsegsc.org.br/sala-de-imprensa/noticias/7052-mercado-segurador-ganha-1o-tabua-atuarial-
genuinamente-brasileira. Acesso em 18.05.2011.
69
As empresas que tomam essa iniciativa possuem quadros de pessoal mais jovem e
mais produtivo, porque seus trabalhadores não hesitam em exercer o direito à aposentadoria
65
Criado em julho de 2007, trata-se do plano de previdência complementar dos petroleiros que ingressaram na
Petrobras após 2002, data de fechamento do plano Petros do Sistema Petrobras, e dos que saldaram o benefício
no plano Petros BD.
70
tão logo este se constitui. Empregados de empresas que não oferecem planos de previdência
complementar hesitam em requerer a aposentadoria, receosos de perderem qualidade de vida,
fato que envelhece o quadro de pessoal e bloqueia os canais de acesso funcional na empresa.
Para ele, resta ainda fortalecer a credibilidade do sistema, ampliar a cultura dos
controles internos e o monitoramento de riscos, privilegiar a segurança, a credibilidade e a
sustentabilidade e ter por meta a ampliação da cobertura da previdência complementar
fechada. Tal meta deve ser atingida com inovação, modernização do Regime de Previdência
Complementar, com criatividade e ousadia, buscando a evolução técnica e a diversificação do
portfólio com produtos mais flexíveis. Para tanto, é fundamental o diálogo, que permita
discutir temas relevantes com todos os atores do Regime de Previdência Complementar,
procurando a racionalização, rompendo com posições preconcebidas e a busca do
crescimento.
66
http://www.abrapp.org.br/apoio/encontros/leste/telas/1.SPPC%20-%20Abrapp%20-%20fomento%20-
%20Jos%C3%A9%20Edson.pdf. Acessos em 25.05.2011 e 22.06.2011 (usando palavras-chave pelo Google).
67
Fonte: Brasil Econômico, de 13.04.2011, publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. obtida em
http://www.funcef.org.br/ccom/PageSvr.aspx/Get?id_doc=4146. Acesso em 04.05.2011.
72
Para Rabelo, o sistema pode e precisa crescer. Para isso é necessário um ambiente de
equilíbrio no trato das diversas partes de forma a incentivar o ingresso de novos participantes,
criação de novos planos e a entrada de novos patrocinadores e instituidores. Aliado a isso, a
disseminação dos conceitos de educação previdenciária também deve ajudar. Além disso, a
previdência associativa permitiu o ingresso de importantes segmentos na previdência
complementar fechada, evidenciando o potencial que ainda há no setor. Para se ter uma ideia,
em 2002 não havia nenhum instituidor.
68
http://www.abrapp.org.br/ppub/pef.dll?pagina=servscript&QUALS=revista/revista_interna.html&revistaId=366
&idMenu=74. Acesso em 18.05.2011.
73
Giambiagi & Tafner explicam que o título do seu livro sobre Demografia inclui a
expressão “A Ameaça Invisível”, por entenderem que a questão previdenciária guarde
semelhanças com os desafios da preservação ambiental. Nos dois casos, tomar decisões e
fazer as mudanças necessárias envolvem custos imediatos e ônus bem definidos. Nos dois
casos, seus benefícios somente serão percebidos pelos indivíduos no longo prazo.
Analogamente à questão ambiental, a alternativa de se manter o status quo e nada fazer pode
ser politicamente atraente, uma vez que os custos da ausência de ação só serão percebidos no
futuro. As decisões que forem tomadas ou deixadas de tomar hoje e nos próximos anos serão
responsáveis pelo que vier a ocorrer no Brasil de 2050.
69
http://www.conac.org.br/imprensa/servidor/geral/172-beneficios/8849-fundo-de-pensao-dos-servidores-pode-
ser-maior-do-que-a-previ. Acesso em 19.05.2011.
74
Foi feita menção neste trabalho (ver TAB. 8) aos resultados preliminares do Censo de
2010. Para citá-los mais uma vez, cabe mencionar nestas considerações finais o editorial da
Revista Petros de maio de 201170, segundo o qual, em termos dos cenários para os fundos de
pensão, os dados do Censo de 2010 revelam que o país melhorou, os brasileiros estão vivendo
mais e, com a economia em crescimento, houve avanço na renda dos trabalhadores e
expansão dos empregos formais. Essas são conquistas importantes que impõem oportunidades
e desafios às entidades de previdência complementar. O aumento do emprego e renda podem
incrementar o número de adesões ao sistema, mas as fundações devem se preparar para a
maior expectativa de vida dos participantes, adotando estratégias para acumular recursos
suficientes para pagar benefícios por mais tempo, como por exemplo, a diversificação dos
investimentos e a busca permanente por redução das despesas administrativas. A composição
da família também está mudando e algumas entidades começam a adequar seus regulamentos
para atender, por exemplo, as uniões civis estáveis entre pessoas do mesmo sexo, inclusive
com a adoção de filhos.
Registra-se, por fim, que mesmo com o avanço visto nos últimos anos, o sistema de
previdência complementar fechado apresenta enorme potencial de crescimento. Para tanto,
deve-se acelerar os trâmites da regulamentação da previdência complementar do servidor
público no âmbito federal, de forma a se tornar uma referência para estados e municípios
agirem na mesma direção, estabelecer ações de incentivo para o empregador passar a
contribuir junto com o trabalhador para a previdência associativa e, buscar ações inovadoras
com flexibilidade e ousadia.
70
Revista Petros ano VIII no. 85 maio 2011.
75
REFERÊNCIAS
IBGE www.ibge.gov.br.
RABELLO, Flávio Marcílio & CONDE, Newton Cezar. Análise dos Parâmetros
Atuariais dos Planos Fechados de Previdência Complementar, 2004.
REVISTA PETROS, Ano VII, no. 73, março/2010 e no. 74, abril/2010.
VIEIRA, Luiz Césare & BRITO, Paulo Sá. Entre o Passado e o Futuro – História dos
35 anos da Celos, 2009.