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Sociedade e Cultura,
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Universidade Federal de Goiás
Brasil
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Proyecto académico sin fines de lucro, desarrollado bajo la iniciativa de acceso abierto
Uma experiência de etnografia crítica: raça, gênero
e sexualidade na periferia do Rio de Janeiro*
OSMUNDO DE ARAUJO PINHO**
corajosa de intelectuais e atores sociais diversos propomos uma pesquisa etnográfica em profun-
envolvidos nesse campo. didade em determinada comunidade popular na
Além dos avanços metodológicos e do Região Metropolitana do Rio de Janeiro, na qual
incremento à profissionalização das ciências investigaremos as articulações entre performan-
sociais no Brasil, o Projeto Unesco, assim como ces juvenis de sexualidade, gênero e raça, num
o trabalho de Costa Pinto, definiu alguns contexto de privação material relativa e “moder-
resultados que acabaram influenciando toda a nização seletiva”. É sobre esse quarto eixo que
sociologia das reações raciais subseqüente nos deteremos aqui para considerar, previamente
(Maio, 1999a; 1999b; Costa Pinto, 1998 [1953]; à realização da pesquisa, que está nos seus
Azevedo, 1996 [1955]; Bastide & Fernandes, momentos iniciais, os aspectos metodológicos e
1971; Peixoto, 2000; Ramos, 1995). Dentre políticos de sua realização, contra um pano de
esses resultados, elencamos aquele que é o eixo fundo marcado por duas balizas.
orientador da investigação: a relação entre Primeiro, a modernização seletiva, desigual
modernização e relações raciais, em três e combinada brasileira, uma “modernidade
aspectos básicos: i) a relação entre industria- realmente existente”, marcada pela reprodução
lização, modernização e cultura tradicional negra; da desigualdade e da violência, pela retórica
ii) o negro como agente da modernização em racial-sexual-colonial, pela articulação entre
um contexto de racismo e pobreza; iii) a traços “modernos” – individualismo, destradicio-
superação do racismo e desenvolvimento nacio- nalização, mercado etc. – e traços “não–
nal. Essas questões apresentadas por Costa modernos” – particularismos, clientelismos/
Pinto, com base em sólido debate intelectual e personalismos, prevalência de características
extensa pesquisa empírica, fortemente influen- adscritas contra aquelas atribuídas etc. Em
ciados pela Escola de Chicago e determinada segundo lugar, as tensões e crises presentes nas
leitura do marxismo, reclamam uma atualização políticas de representação sobre a alteridade, a
integrada e compreensiva para este nosso raça e o gênero, no âmbito das revisões críticas
momento histórico atual, marcado tanto por da prática etnográfica e das possibilidades autori-
transformações no campo das relações raciais, tárias ou emancipatórias embutidas na produção
assim como em outros aspectos da vida social, de interpretações “culturais” sobre contextos
o que talvez aponte para uma nova etapa da sociais modernos, urbanos e nacionais.
modernização no Brasil (e, em especial, na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro) e que Sexualidades, contextos, estruturas
represente, porventura, maior democratização
e alterações qualitativas nos padrões tradicionais É preciso considerar inicialmente o modo
de reprodução social, marcados por assimetrias como a sexualidade, como um campo de
e desigualdades (Souza, 2000; Câmara dos intercessões e coagulações discursivas e prá-
Deputados, 2000; Costa, 2002; Domingues, ticas, pode ser representado de um ponto de vista
1999; Guimarães, 2002; Hasenbalg & Silva, conceitual, na medida em que essa represen-
1999; Maggie & Rezende, 2002; Schwarcz, tação ética, ou de segunda ordem, é o único guia
1999). seguro para que possamos produzir uma
A fim de preservamos o escopo e a densi- informação etnográfica consistente diante da
dade da pesquisa pioneira de Costa Pinto, experiência pessoalmente engajada de pesquisa,
adaptando-os à situação e à agenda acadêmica na qual o etnógrafo confronta seus conceitos,
presente, dimensionamos nossa pesquisa em aquilo que aprendeu nos livros, com a “reali-
quatro eixos fundamentais, que procurarão dade”, torrente polissêmica e aberta de
recompor de modo descritivo e analítico a significados, experiências, discursos, práticas,
situação contemporânea das relações raciais na representações e performances, com as quais
Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no ele se depara e nas quais muitas vezes é
alvorecer do século XXI. Consideraremos aqui envolvido, consciente ou inconscientemente.
um desses eixos, o subprojeto Gênero, Sexuali- A sexualidade é o nosso conceito-chave ou
dade e Relações Raciais na Periferia. Neste, problemático aqui, na medida em que ele serviria
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prática hermenêutica (Apter, 1991) ativa, supermercado. É evidente, por outro lado, que
colabora para erigir os sistemas de gênero. Ou a familiaridade com os códigos lingüísticos e as
seja, ao invés de partirmos das diferenças de representações correntes assumidas como
gênero, sustentadas na estrutura social tácitas podem ajudar, e muito, ainda que uma
(tradição, representações estereotipadas, divisão familiaridade excessiva com o ambiente pode
social do trabalho etc.), começaríamos pelas conduzir a um relaxamento da atenção etnográ-
práticas sexuais e de diferenciação ativa dos fica (Bharat, 2003).
gêneros nos contextos concretos materiais e Outro aspecto bastante evidente na pes-
simbolicamente ordenados. Contextos estrutu- quisa sobre sexualidade é que, na maioria dos
rados pela superposição de níveis de deter- contextos, a sexualidade é vivida duplamente
minação distintos – relações sociais primárias, como um tabu e um assunto de grande interesse.
correntes simbólicas globalizantes, o mercado, Daí decorre que é muito mais fácil falar-se da
estruturas econômicas de largo alcance, o sexualidade alheia do que da própria. É fácil
Estado etc. –, organizados de modo a produzir também demonizar o comportamento sexual
as condições locais de experiência social e os como forma de demarcação de fronteiras entre
ambientes dinâmicos para performances de “nós” e os “outros” no interior de comunidades,
raça e gênero. notadamente daquelas “tradicionais”, que
enxergam no exercício da sexualidade uma
conjugação essencial entre a reprodução
Método e política na etnografia biológica e a reprodução social. De modo que o
sexo é um assunto privado, das famílias, que
Ora, é diante desse objeto, precariamente deve ser mantido em segredo, mas ao mesmo
definido – as sexualidades realizadas em seus tempo vigiado e regulado. Em vista disso, convém
contextos materiais, em articulação determinante considerar com atenção a relação dos pesqui-
com os sistemas de gênero, mas também com sadores com as lideranças locais, usualmente
outros modos de estruturação da experiência, aqueles que “facultam” o acesso ao campo,
tais como a raça e a classe –, que devemos gatekeepers. Uma proximidade demasiada
propor procedimentos metodológicos e consi- dessa liderança, usualmente “guardiões morais”,
derar as dimensões políticas do ato da pesquisa. pode redundar em uma associação do pesquisa-
Pensamos em dois níveis, na prática da pesquisa dor com a figura da sanção moral e com olhar
imediata e na produção de interpretações disciplinador daqueles com posição de autori-
mediadas. dade. Por outro lado, é muito árdua uma abor-
Ora, uma dessas mediações pode ser dagem do campo sem a mediação desses
encaminhada pela seleção de insiders como personagens estratégicos. Nesse caso, como em
pesquisadores de campo ou assistentes de outros, o etnógrafo precisa balancear sua
pesquisa. O termo insider, nesse caso, refere- relação com os gatekeepers de modo a conquis-
se a sujeitos sociais participantes das esferas tar sua confiança sem colar sua imagem à deles.
culturais ou das redes de sociabilidade existentes É importante ainda considerar os aspectos
na localização a ser investigada. No caso de contextuais do exercício da sexualidade que
pesquisa sobre sexualidade, nem sempre esse destacamos acima. Essa contextualidade implica
recurso parece conveniente. Se, por um lado, que o significado e os modos vernáculos de
mulheres, eventualmente, sentir-se-iam mais à exercício da sexualidade realizam-se em relação,
vontade para expor suas concepções sobre contraditória ou harmônica, com as estruturas
sexualidade para outras mulheres – além do que sociais, a tradição etc. Nesse sentido, o pesqui-
pesquisadores homens, nesse caso, podem sador precisa, como sempre em etnografia, estar
defrontar-se com o ciúme de maridos intole- atento para as normas culturais, a etiqueta, os
rantes –, por outro lado, essas mesmas mulheres valores em jogo, não apenas para não pôr em
provavelmente não se sentiriam confortáveis em risco a investigação, mas para não melindrar os
falar de sua vida sexual conjugal a uma vizinha sujeitos e, eventualmente, provocar mal-
ou a alguém que elas encontrassem no entendidos que podem ter conseqüências graves,
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“contrapartida” que oferecemos à escola, que mente aberto ao debate, realizado entre os
é a base de acesso ao campo. Essa contrapartida, “pares”, a equipe da pesquisa e demais colegas,
sugerida pela direção da escola, está se assim como entre os sujeitos da pesquisa, ainda
efetivando com a realização de palestras e que, é óbvio, as linguagens, os termos e o foco
oficinas para os professores da escola e para dos debates nem sempre coincidam.
os alunos, sobre raça, gênero e sexualidade. Ou
seja, ao mesmo tempo em que estivermos Emancipação e interpretação
investigando as concepções e práticas dos
agentes sobre esse tema, ofereceremos nossa Gostaríamos de destacar alguns estudos e
própria visão sobre esses temas, discutindo com ações que podem nos fornecer inspiração sobre
os sujeitos as nossas próprias percepções, base como conduzir nossa pesquisa nessa dupla
para pesquisa, de modo que o empreendimento vinculação: emancipação e inscrição de signi-
etnográfico configura-se plenamente como uma ficados (interpretações).
via de mão dupla. Quais os riscos de que nossa Pesquisas sobre comportamento sexual e
visão ganhe foros de legitimidade, verdade ou saúde reprodutiva – e também sobre violência
de superioridade em relação às representações – entre adolescentes têm uma tradição forte
vigentes? Alguma chance, mas não todas. nessa direção (Guajardo, 2002; Heilborn, 2002;
Talvez nós é que tenhamos mais chances de Minayo et all., 1999; Monteiro, 1999, 2002 e
alterar nossas perspectivas e idéias sobre outros). Usualmente, elas estão balizadas por
sexualidade, o gênero e a raça em contexto de acordos internacionais, convenções e documen-
pobreza. Aliás esse é o nosso objetivo, desafiar tos aprovados em encontros internacionais.
as noções estáveis e não problemáticas para Destes últimos, aquele que parece fornecer o
esses constructos. parâmetro fundamental é A plataforma de ação
De um ponto de vista teórico, diríamos que de Beijing, de 1995, e o Informe da Confe-
a politização das formas de produção de rência Internacional sobre a População e o
conhecimento é incorporada como um princípio Desenvolvimento (Cairo), de 1994. O ponto de
ativo da pesquisa. E o inverso é igualmente partida é a necessidade de oferecer acesso à
verdade, ou seja, investimos na densificação do informação e a serviços de saúde reprodutiva
para adolescentes como uma determinação
saber, orientando as práticas políticas, as nossas
política da assembléia de Beijing. Esse acesso
e a dos sujeitos envolvidos. Em vista disso, a
deve ser conduzido dentro de uma perspectiva
pesquisa apresenta um caráter dialógico e aberto,
de gênero, uma vez que meninas e rapazes
não apenas alegoricamente representado em
apresentam vulnerabilidades diferenciadas. É
formas de inscrição, ainda que estas também
importante considerar que as pesquisas sobre
sejam consideradas, mas na confecção mesma
sexualidade adolescente precisam mover-se
dos procedimentos de investigação.
nessa esfera do político, dialogando com
documentos internacionais. Isso implica também
Um saber só pode se tornar político através de
um processo agnóstico: dissensos, alteridade resguardar certas prerrogativas na pesquisa com
e outridade são as condições discursivas para adolescentes, que estariam organizadas em torno
a circulação e o reconhecimento de um sujeito dos eixos da confidencialidade, da privacidade
politizado e uma “verdade” pública. (Bhabha, e da necessidade de um consentimento
2000, p. 15) informado (as bases culturais particulares para
esse consentimento são tema de outro debate)
Ora, são as características plenamente (Gogna, 2001; Ribeiro, 1995; Roland, 1995).
políticas da produção do conhecimento – no que A pandemia mundial de HIV/Aids deter-
estas têm de conflitivas – que gostaríamos de minou fortemente as pautas de pesquisa e
assumir, com suas perdas e danos, no momento intervenção, inclusive mediante o fluxo de
mesmo do processo de condução da pesquisa. recursos mobilizados do norte para o sul do globo
Isso implica, entre outras coisas, considerar a com vistas a combatê-la. Para a prevenção entre
pesquisa como um processo público, continua- homens, e entre homens jovens, cuidados
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“objeto doença”. Sem tempo suficiente para aspectos poderíamos falar sem exagero na
falar de si como um todo, porque o profissional batalha de Durban” (Carneiro, 2002, p. 211).
de saúde tem um número grande de atendi- Ora, são batalhas políticas tais quais essas,
mentos a cumprir, a pessoa do paciente passa
ou outras em diversas escalas, que produzem e
a ser um número do prontuário, destituído de
sustentam antigos e novos direitos e fazem
sua história e reduzido a uma série de sintomas.
A tradição religiosa afro-brasileira nos aponta emergir novos sujeitos sociais e novas perspec-
uma outra direção. Se identifica, reterritorializa, tivas culturais muitas vezes já existentes, mas
integra, contém em seu continente-suporte retidas nas frestas do edifício cultural hegemô-
atitudes de sustentação que facilitam a reorga- nico, mantidas submersas pelos constrangi-
nização interna e equilíbrio psicossomático. mentos materiais, pela violência e por modos
(Guimarães, 2003, p. 48) estereotipados de representar/produzir a reali-
dade.
Por fim, um último caso para um rápido, As ciências sociais, de um modo em geral,
porém muito importante, exemplo. Nos últimos mais tradicionalmente a antropologia, têm tido,
anos, graças, principalmente, ao movimento de no Brasil, papel relevante na visibilização de
mulheres negras, temos assistido à constituição novos sujeitos e na aplacação de estereótipos
de um campo nomeado como o de “saúde da com relação às formas minoritárias, ou não
população negra”. A despeito das polêmicas que hegemônicas, de vida social e experiência
o circundam, não resta dúvida que, tanto do lado subjetiva.
do acesso a serviços de qualidade, como do lado A formação de sujeitos sociais, como
da reivindicação de políticas públicas específicas, sujeitos de direitos e como protagonistas das
uma esfera clara de intervenção e conhecimento interpretações legítimas, que constituem também
constituiu-se. Essa esfera aponta algumas os recursos através dos quais sua própria
enfermidades como típicas da população negra condição e localização social são entendidas e
e para as quais se espera ação do Estado. Aponta reproduzidas, implica reorganizações políticas,
também para o alarmante aumento da violência no campo das representações, e reorganizações
atingindo homens negros e jovens das regiões simbólicas, no campo das linguagens políticas,
metropolitanas brasileiras, com a fúria de uma
assim como novos enquadramentos epistemo-
guerra declarada, que não é vista como uma
lógicos.
questão emergencial de saúde pública e para a
qual não se propõem políticas públicas efetivas O conceito de direitos reprodutivos nasce
de largo alcance. Reivindica-se, nesse caso, justamente da ação das mulheres como sujeitos
além disso, a consideração do viés da raça na políticos e do conhecimento, refletindo sobre
aplicação, no entendimento e na formulação de as condições que a sociedade tem dado para o
direitos universais, como os direitos sexuais e exercício da vida sexual e reprodutiva. (Ávila
reprodutivos. O ambiente politizado frenetica- & Gouveia, 1996, p. 164)
mente nesse campo obriga a uma revisão da
postura normativa e distanciada com que em A antropologia brasileira tem, no entanto,
geral tratamos os fatos da ciência (Oliveira, se mostrado pouco permeável à emergência de
2004; Sansone, 2004). E também está amparada novos sujeitos, quando estes surgem embara-
em um número importante de tratados e lhando as distinções corriqueiras entre gêneros
convenções internacionais, relativos à saúde das discursivos e campos de ação/intervenção/
mulheres e à eliminação do racismo em níveis legitimação, produzindo interpretações concor-
globais. Notadamente os resultados da III rentes ou alternativas as suas próprias. Um
Conferência Mundial contra o Racismo, Discri- preconceito positivista parece interditar a
minação Racial, Xenofobia e Intolerâncias compreensão de que engajamento político não
Correlatas, realizada em Durban, na África Sul é menos ou mais “poluente”, para a produção
(Heringer, 2000,2001). Com relação à alta de resultados acadêmicos válidos, derivados de
voltagem política envolvida na elaboração desses procedimentos públicos e expostos à crítica, do
resultados, Suely Carneiro comenta: “Sob muitos que um distanciamento objetivista.
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É preciso perguntar quando a diversidade estudos sobre o negro, não é exagero dizer que
sociológica, entre os quadros acadêmicos o sistema de referências da raça no Brasil seria
brasileiros, vai permitir a emergência de uma outro, não houvesse a participação de antro-
diversidade de perspectivas teóricas, possibi- pólogos “intrometendo-se” na esfera das
litando assim que a reflexão informada sobre o definições culturais, dos candomblés, da auto-
Brasil, realizada nas universidades, espelhe a imagen dos negros etc. Do mesmo modo, como
diversidade e a riqueza cultural do país. Parece, vimos rapidamente, os estudos sobre gênero e
dessa forma, que um grave erro repousa sob as sexualidade conformaram-se, em certa medida,
asas da objetividade e do descompromisso como um espaço de negociação entre a
político concreto entre a antropologia e as popu- intervenção e a investigação, com influência
lações estudadas. Esse erro parece assentado determinante da crítica feminista.
sobre bases teóricas ou epistemológicas, Mas não apenas de um ponto de vista
herdadas da tradição colonial e funcionalista da parcial, ou fragmentado, a antropologia tratou
antropologia, mas, inversamente, está mais de representar o Brasil e sua diversidade.
fundamente apoiado na estrutura social e no Também como um empreendimento totalizante
modo como esta se reflete na sociologia do que pretendeu demonstrar o que faz do Brasil
campo acadêmico e na epistemologia das Brasil, a antropologia tem tido um papel
ciências sociais, baseadas na cisão esquizo- determinante na definição de um suposto caráter
frênica – entre uma elite autoconsciente que nacional. Essa tradição totalizante fundiu-se ao
produz uma interpretação e uma massa de esforço de produzir uma imagem de Brasil que
“outros” que é interpretada –, que tem conde- é um ideal de Brasil, adequado aos pressupostos
nado a reflexão acadêmica, feita pelos atores sociológicos embutidos na prática da inves-
dominantes, a um permanente mal-estar ou tigação antropológica. Esses pressupostos
inadequação (Schwarz, 1981;1995; Pinho & parecem metamorfosear-se na recondução da
Figueiredo, 2002). diferença cultural, objeto da antropologia, na
nossa singularidade cultural nacional, objeto do
O compromisso da etnografia crítica processo de nation-building, que justamente
produz um outro como uma diferença e um
A antropologia brasileira tem uma tradição objeto. Esse outro é o “povo brasileiro”, entidade
sólida e respeitável, consolidada em numerosos mística, invocada como fins políticos no curso
programas de pós-graduação. A etnologia de nossa história. Não obstante, questionaríamos
indígena, por sua vez, tem feito avanços teóricos em que medida a antropologia social enxerga,
notáveis. A antropologia ligada aos estudos afro- naquele momento definidor de sua identidade
brasileiros tem uma história de um século, que profissional, o trabalho de campo, a emergência
se confunde com a formação do campo das da diversidade como um fator político proble-
ciências sociais. No campo dos estudos de matizador das relações entre poder–saber–
gênero e sexualidade, do mesmo modo, ainda verdade (Peirano, 1999).
que mais tardiamente, podemos identificar Para o caso da antropologia urbana, são
diversos núcleos de produção acadêmica com comuns descrições sobre como o antropólogo
uma atividade de pesquisa dinâmica e sensível de classe média desloca-se de seu próprio
às transformações sociais. “mundo”, distante muitas vezes apenas uma
Para ficarmos apenas nesses três campos hora de carro do sítio da pesquisa (na verdade,
de interesse, vemos que o processo de produção muito mais distanciado econômica, política e
de uma interpretação sobre diferentes facetas simbolicamente), em direção a periferias ou
da “realidade brasileira” tem sido levado a efeito morros, realizando, nesse deslocamento espacial,
com vigor pelo trabalho acadêmico de pesquisa. um deslocamento semiótico implicado em
Esse trabalho é obviamente político, ainda que identificar, atribuir identidade àquele conjunto
dissimule vez ou outra essa vinculação. No cultural formado pelos agentes, as práticas, os
campo indigenista, a ação política de antropó- discursos e o ambiente sociocultural, dispostos
logos é evidente e determinante. No caso dos como representações de uma distância etnográ-
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fica, que é uma distância social realmente uma problemática política e epistemológica da
existente e inscrita na estrutura social brasileira. configuração relacional das identidades brancas,
Ora, essa estrutura, que constitui os lugares têm adquirido algum volume e importância. A
recíprocos do antropólogo e de seus “nativos”, definição dessas identidades brancas é obvia-
não se ausenta da pesquisa e na verdade a mente dinâmica e especificamente contextua-
possibilita ou favorece. lizada. De tal modo que não existem brancos de
A analogia, representada por antropólogos um modo em geral, mas configurações especí-
brancos de classe média em suas aventuras ficas e particulares de branquidade, produzidas
pelos arrabaldes, com a aventura antropológica pela história, por sistemas discursivos e
clássica é tão evidentemente denunciadora da sustentadas em instituições e práticas. Alguns
necessidade de distância, arbitrariamente parâmetros gerais, entretanto, dada a natureza
reconfigurada na etnografia, que dispensa interconexa dos processos sociais no Ocidente
maiores considerações sobre a necessidade, moderno, notadamente nestes tempos de
para a antropologia brasileira, de uma diferença aceleração globalizante, poderiam ser apontados.
de classe, raça ou gênero, inscrita no coração Um destes se refere à invisibilidade da bran-
da prática etnográfica como uma diferença quidade ou à ausência de reconhecimento por
meramente cultural e que é, na verdade, parte dos brancos de seus próprios privilégios,
condição de possibilidade para a aplicação da que parecem parte da estrutura social dada ou
teoria antropológica “metropolitana” no Brasil. da ordem natural das coisas, quando, na verdade,
Se o compromisso político com os índios, em as marcas da branquidade são impressivas e
defesa de sua autodeterminação e com as fazem-se presentes de modo determinante
comunidades de candomblé, em defesa da (Rasmussen, Klinenberg & Nexica, 2001).
tradição, parece fácil e aceitável, o compromisso
político com sujeitos sociais urbanos, pobres, In fact, whiteness is in a continual state of
letrados e negros (fora dos espaços negros being dressed and undressed, of marking and
tradicionais) não parece tão assimilável. Mais cloaking. It has been so since the time when
ainda, se parece razoável o etnógrafo considerar the term was first used racially, partway
a sua condição de classe média – o lhe que through half a millennium of European
imperializing travel trough, settlement in, and
acrescenta até certo charme romântico – como
expropriation from the Americas, Africa, parts
medida para seu estranhamento no campo, of Asia, Australia, and the Pacific region.
localizado nos estratos “inferiores” da sociedade, (Frankenberg, 2001)
parece altamente aberrante uma problema-
tização do etnógrafo se ele é negro, pobre ou Do ponto de vista da investigação etnográ-
homossexual, ou seja, se pertence por associa- fica, como não considerar as marcas da bran-
ção, identidade subjetiva ou escolha política ao quidade na interação no campo, constitutiva da
campo dos “outros” urbanos tradicionalmente antropologia social? Apesar de a figura do
inquiridos pela antropologia. Por quê? Por que etnógrafo ter sido construída como um ser
a antropologia fixa a alteridade para além dos neutro, sem raça/cor, gênero ou sexualidade,
muros consagrados da academia e a interdita essas características adscritas estão presentes
no interior da comunidade acadêmica? A única no empreendimento etnográfico de dois modos,
antropologia legítima é aquela feita por brancos pelo menos: como a prerrogativa epistemológica
de classe média, com um interesse distanciado referida e como uma marca da construção do
de seus objetos? Na verdade, o que parece distanciamento imediato entre o observador e o
ocorrer é uma incorporação dos privilégios observado, com todas as implicações de poder
raciais e de classe como um privilégio episte- aí presentes.
mológico.
Implicações da “branquidade” para a When ethnographic texts and fieldwork
pesquisa acadêmica, por exemplo, têm sido accounts describe how the researcher pene-
debatidas em outros contextos nacionais, nos trates the other space, either physically or
quais os estudos críticos da whiteness, como intellectually, to become the creator of
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differences between self and others, they Como agente reflexivo, o lugar do negro na
automatically place that researcher in a academia brasileira é quase o da absoluta
heterosexual-masculine subject position, ausência e negação. [...] Minha voz subalterna
regardless of the gender text-image. (Killick, fala então não apenas de uma opressão
1995) econômica e racial, mas também de um passado
histórico de inacessibilidade a campos de saber
As metáforas de penetração, aquisição, e poder legitimados, da contenção de símbolos
conquista, abertura do campo, dentre outras, e valores negro-africanos, da restrição à
revelam a disposição teórica como uma palavra e da dificuldade do uso de categorias e
conceitos que traduzam a minha experiência
disposição de poder que representa o lugar do
como um intelectual negro na academia
sujeito como o lugar do masculino, do branco e brasileira. (Lima, 2001)
do heterossexual e produz, cria uma diferença
com os “nativos”, objetificados como outros O acesso à consciência da diferença,
perfeitos para a identidade, oculta, mas operante, fraturando o lugar outrora pacificado da
do etnógrafo. prerrogativa enunciativa, significa a complexi-
Desse modo, acreditamos que haveria um ficação dos espaços e políticas de representação
ganho, ou mesmo uma explosão de possibilidades sobre a diferença, que incide diretamente sobre
políticas, teóricas e interpretativas, no posicio- o distanciamento objetivista, pedra angular de
namento do etnógrafo como um sujeito posicio- um sistema de representações sobre o outro que,
nado. Notadamente no caso brasileiro, no qual ao mesmo tempo em que o produz, o silencia.
antropólogos e antropólogas estão num diálogo De outro modo, do ponto de vista metodológico,
com seus concidadãos, reduzidos a “nativos” por a posição do etnógrafo como uma posição de
meio da engenharia epistemológica de poder- sujeito, de raça, gênero ou classe implica uma
saber. Graças, dentre outras coisas, à crítica nova transparência para a pesquisa de campo.
feminista, podemos considerar com isenção e O compromisso da etnografia, e de nossa
serenidade as estruturas de transformação que pesquisa também, é, sem dúvida alguma, com a
conduzem, de um campo para outro, traços fidelidade aos fatos, com o escrutínio aberto da
dessas estratégias de poder-saber constituindo crítica dos pares, com procedimentos padroni-
sujeitos e objetos (Wilson, 1995). zados de coleta de dados, enfim com a adequa-
Pouco a pouco no Brasil, e certamente em ção metodológica, garantia da produção de dados
virtude de transformações extensas e profundas consistentes. Mas o compromisso da etnografia
promovidas em diferentes instâncias da vida crítica, de nosso ponto de vista, é um compro-
social e associadas à modernização seletiva e à misso político com a implosão das hierarquias
politização das identidades sociais, temos visto de poder-saber, um compromisso contra a
que o campo acadêmico das ciências sociais tem presunção genérica de uma prerrogativa obscura
ensaiado uma complexificação que rompe com e insistentemente atribuída ao etnógrafo neutro,
a imagem autocomplacente e despolitizada que que é na verdade uma figura coincidente com a
tem prevalecido. Mais uma vez, os estudos posição de sujeito hegemônica: branca, de classe
feministas e de gênero têm uma dianteira média, masculina, heterossexual.
considerável nesse desafio ao pacto do silêncio O compromisso político da etnografia crítica
sobre as fundações políticas excludentes, é um compromisso, por fim, com a emancipação
monocórdicas e elitistas da pesquisa acadêmica e com a ampliação da consciência crítica tanto
brasileira. Situações-limite, como dramas sociais, dos observadores, quanto dos observados, ambos
trazem para dentro dos espaços normalizados enredados na teia mística das ideologias e
da pesquisa acadêmica o desconforto, a insatis- subsumidos, no caso brasileiro, sob o peso de
fação, a resistência ao domínio e à anulação. nossa modernização seletiva, combinada e
Como já expôs um jovem antropólogo negro e desigual. O projeto teórico da antropologia
homossexual, protagonista de um conflito sobre brasileira deveria ser também o projeto de
racismo e mérito acadêmico desenrolado na desalienação de antropólogos e “nativos”, e de
Universidade Brasília (UnB): “antropólogos-nativos”, engajados em processos
PINHO, OSMUNDO DE ARAUJO. Uma experiência de etnografia crítica: raça, gênero...
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