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ssçÀo 3 FÁRMACOS QUE AFETAM (DS GRANDES SISTEMAS DE ÓRGÃOS

Fármacos anti-inflamatóriose
imunossupressores
edema em artropatia crônica, como ocorre na osteoartrite e
consnncmçóss GERAIS na artrite reumatoide, assim como em afecções irltlamatórias
mais agudas, como fraturas, entorses, traumas esportivos e
Este capitulo trata dos fármacosusados no tratamento outras lesões de partes moles. Eles são também úteis no
de distúrbios inflamatóriose imunolágicos. Ainda que tratamento de dores pós-operatórias,Odontológicas e mens-
geralmente associada a doenças como a artrite reuma- truais, e para o alívio de oefaleias e enxaqueca- Vários AlNEs
toide, tornou-se claro que a inflamaçãoforma um com- estão à disposição para venda livre e são amplamente usados
ponente significativo de muitas, se não a maioria, das para outros tipos de dores menores. Há muitas formulaçõü
diferentes disponiveis de AINEs, incluindo comprimidos,
doenças encontradas na clínica e, consequentemente,
os anti-inflamatórios sáo extensamente empregados
injeções e géis. Praticamentetodos esses fármacos, em espe-
cial os AlNEs "clássicos", podem causar efeitos indesejáveis
em virtualmente todos os ramos da medicina.
Os principais fám1aoos usados para tratar a infla-
significativos, especialmente em idosos. Agentes mais mod-
ernos tem menos ações adversas.
mação podem (de maneira um pouco arbitrária] ser Ainda que haja diferenças entre AlNEs individuais, sua
divididos em três grupos principais: ação farmacológicaprimária está relacionadacom sua habili-
o Fármacos que inibem a enzima ciclo-oxigenase dade compartilhada de
- os anti-inflamatóriosnáo esteroidais (AINEs) e
os coxibes.
o Fármacos antirreumáticos - os antirreumáticos
modificadores dadoença [ARMDsL incluindo
alguns imunossupressores.
c Os novos fármacos anticitocinas e outros agentes
biológicos.
Descrevemos primeiramente os efeitos
terapêuticos,
mecanismos de ação e efeitos indesejáveis comuns a
todos os AINEs e estudamos, com um pouco mais de
detalhe, a aspirina, o paracetamol e os fármacossele-
tivos para a cicIo-oxigenase (COX)-2. Os fármacos
antirreumáticos compreendem um grupo heterogêneo,
muitos cuio mecanismo de ação é desconhecido. Estes
incluem fánnacos imunossupressores que também são
utilizados para prevenir a reieiçáo de transplantes de
órgãos. Os glicocorticoides são descritos no Capitulo
32, mas sáo discutidos brevemente neste capitulo.
Fazemos considerações sobre os agentes biológicos de
última geração que estão revolucionandoo tratamento
em muitos casos de doença grave. Por fim, considera-
mos os fármacos que não se encaixam facilmente
nessas categorias: aqueles usados no tratamento da
gota e os antagonistas dos receptores H¡ da hista mina,
usados em afecções alérgicas agudas.

INIBIDORES DA CICLO-OXIGENASE
Este grupo compreende os AINEs' "tradicionais" (no sentido
histórico), assim como os novos coxibes que são mais seleti-
vos para a COX-Z (ver adiante). Estes fármacos algumas
vezes chamados_fiímmtvs semelhantes à aspirina, ou analgésicos
aniipiréticos, estão entre os mais largamente usados de todos
os agentes. Atualmente há mais de 50 AINEs diferentes no
mercado mundial; alguns exemplos atuais estão relaciona-
dos na Tabela26.1 e algumas estruturas estão na Figura 26.1.
Esses fármacos proporcionam alívio sintomático de dor e

lñqui, utilizamos o termo AlNEs para incluir os coxibcs, porém


318 isso não é uma convenção sempre segunda na literatura_
FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E IMUNOSSUPRESSORES 26

Fármaco Tipo Indicações seletividade pra a


lsoforrna de 00)(

Aoeclofenaoo Fenilaoetato AR, OA, EA


Aoemetacína Ester indólioo DR, OA, ME, PO Ester da indometacina
Acido mefenámioo Fenamato AR, OA, P0, D Atividade moderada
Addo liaprolênioo Prppionato AR. OA. ME
Fenamato CBE
Aspirina Salicileto Fracamenteseletiva para COX-l Prircipal uso isoladamente é
cardiovascular
Componente de mLitas preparações SPM
Azapropazona DR, EA, G Usada quando outros fánnaoos falharam
Efeitos geslrinteslinais @aves
Celecoxíbe Coxire AR, OA, EA, C&E Moderadamente seletivo para COX-2 Menos efeitos gaslrintesiinais
Cetoprofeno Propionain AR, OA, G, ME, P0 Adequado para doença leve
Cetorolaoo Pirrolizina P0 Altamente seletivo pela COX-1
Dexibuprofem Prppionato OA, ME, D, C&E Enaniiômero ativo do ibmrofeno
Dexoetopmfeno Propionato PO, D, C&E Isômero do oetoprofeno
Didofenooo Fenilaoeiato AR, OA, G, ME, PO Fraoemente seletivo para COX-2 Potencia moderada
Etodolaoo Piranotrarboxiaio AR, OA Possivelmente menos eleitos
gastrintestinais
Etoriooxibe Coxihe AR, OA, G Altamente seletivo para COX-Z
Fernbufeno Prppionaio AR, OA, ME
Fenoprofeno Propionaio AR, OA, ME, PO Não seletivo Pró-fármaco ativado no ligado
Flurbiprofeno Propionato AR, OA, ME, PO, D, C&E Altamente seletivo para COX-1
lbuprofeno Propionato AR. OA, ME, PO, D, C&E Fracamenteseletivo para COX-1 Adequado para crianças
lndometaoina Indoi AR. OA. G, ME, P0, D Fracamenteseletiva para COX-1 Adequada para doença moderada a
intensa
Meloxim Oxicena AR. OAEA Possivelmente menos efeitos
gastrintestinais
Naburnetona Haftilalnona AR, OA Pró-fármaco ativado no fígado
Naproxeno Propionaio AR, OA, G, ME, P0, D Fracamenteseletivo para COX-i
Pereooxibe Coxibe PO Pró-fánnaoo ativado no ligado
Pioxioem Oxicena AR, OA, G, ME, P0 Fraoemente seletivo para COX-Z
Suindaoo lndeno AR, OA, G, ME Fraoamente seletivo para COX-Z Pró-fánnaoo
Tenoxim Oxicona AR, OA, ME

AR, artrite raumaloido; CME, oofalaia a enxaqueca; D, dismanorrria; DR, doença raumálirar; EA, sspondiaanquiosarto; G, gola aguda; ME lesões musurioosquslálicas
a dor, CIA, osiaoarlrito; PO, dor pós-oprimido; SPM, sem presunção maria
(Dados do Brilidi Medical Formula); and lhhmar T D, linha" .I A 2004 FASE .l 1B: 790-604.)

podem vir a ocorrer. Também existe uma preocupação sobre


os efeitos cardiovasculares de todos os AINEs quando esses
são utilizados por longos períodos (Ver adiante). Algumas
observações sobre a seletividade relatitra de alguns AINEs
atualmente disponíveis e coxibes são dadas na Tabela 26.1.
Y Conquanto de modo geral as ações farmacológicas dos
AlNEs sejam similares (embora haja diferenças acentuadas de
toxicidade e de grau de tolerância do paciente),há exceções. A
aspirina tem outras ações farmacolúgicas qualitativamente
diferentes (Ver adiante), e o paracetamol é
uma interessante
exceção ao "estereótipo" geral dos AINEs. Apesar de excelente
analgésico e antipirético, sua atividade anti-inflamatóriaé dis-
Creta e parece estar restrita a alguns casos especiais
26 seção 3 o FÁRMACOS QUE AFETAM os GRANDES SISTEMAS DE ÓRGÃOS

C02H G02H

o OH
Hac CH3
XC CH 3
CH3
oz;
_

Aspirina Ácido sallcíllco lbuprofeno


(Ácidoacetilsalicilico)
COZH


O CH2CO2H
H3 C/
CH 3
CHQ
N
I x NH
CHCOQH C = 0
c¡ / c¡
CH30 \
I

Naproxeno lndometaclna Dlclofenaco

/ SOZN H2
NHCOCHS |
NK" R”

N
G02H H
CH 3
F30 /
CHS f

OH CH3
PBFBOBÍBMO¡ Ácido mefenâmico Celecoxlbe

Fly. 26.1 Características estruturais significativas de alguns anti-inflamatóriosnão estercidais (AlNEs) e coxibes. A
aspirina contém um grupamento aoelil que é responsável pela inativação da enzima 00X. O ácido salicllioo é o produto ñnal quando a aspirina é
desaoetilada. Eslranhamente apresenta atividade anti-inflamatória própria_ O paraoetamol é um agente analgésico de uso comum, também de estrutura
simples. Os AlNEs mais 'dássicos' são ácidos rboxilioos. Os ooxibes (o exemplo aqui mostrado é o oeleooxibe),entretanto, geralmente contêm
grupamentios sulfonarnida ou sulfona, que são importantes na seletividade da molécula, pois impedem o acesso ao canal hidrofóbioo da enzima COX-1
_'
(Fig. 25.2).

Esses fármacos tem três efeitos terapêuticos principais,


fundamentados na supressão da síntese de presta-
noides em células inflamatóriaspor inibição da isofonna
ciclo-oxigenase (COX)-2 da COX do ácido araquidônioo.
São os seguintes:
o Efeito

320
FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E IMUNOSSUPRESSORES

l l l l ül il
COX-t COX-2

lllll ambrana intraoalutar


llllllll
O
26 seção 3 o FÁRMACOS QUE AFETAM os GRANDES SISTEMAS DE ÓRGÃOS

Em primeiro lugar, na periferia, os AINEs reduzem a


produção de prostaglandinasque sensibilizamos nocicep-
torespara mediadores da inflamação como a bradicinina
(Caps. 17 e 41), e são, portanto, eficazes em artrite, bursite,
dores de origem muscular e vascular, odontalg-ia, dismenor-
reia, a dor do pos-parto e a dor por metástases ósseas. Todas
as afecções estão associadas a aumento da sintae local de
prostaglandinascomo resultado de indução da COX-Z. Iso-
ladamente ou em combinação com opioides, diminuem a
dor do pós-operatório e, em alguns casos, podem reduzir a
necessidade de opioides em até um terço. Sua capacidade
de aliviar a cefaleia pode estar relacionada à redução do
efeito vasodilatador das prostaglandinas sobre a vascula-
tura cerebral.
Além desses efeitos periféricos, há uma segunda ação
central, possivelmente na medula espinal, menos hein carac-
terizada.As lesões inflamatóriasaumentama atividadeCOX-Z
e a liberação de prostaglandinasna medula, causando facili-
tação da transmissão nas fibras de dor aferentes para inter-
neurônios no corno posterior.

EFEITOS ADVERSOS
De maneira geral, a carga de efeitos colaterais indesejáveis e
alta, provavelmente pelo fato de os AlNEs serem usados
exhensamente na população idosa, mais vulnerável, e fre-
quentemente por períodos de tempo prolongados. Quando
são usados em doenças articulares (que geralmente neces-
sitam de doses razoavelmente elevadas e uso contínuo e
prolongado), há alta incidência de efeitos colaterais par--

ticularmente no trato gastrintestinal, mas também no fígado,


rim, baço, sangue e medula óssea.
Como as prostaglandinasestão envolvidas em citopro-
teção gástrica, agregação plaquetária, autorregulação vas-
cular renal e indução de trabalho de parto, entre outros
efeitos, pode-se esperar que todos os AlÍNEs compartilhem
um perfil semelhante de efeitos colaterais dependentes de
seus mecanismos de ação. Contudo, pode haver outros efeitos
indesejáveis adicionais, próprios de membros individuais
do grupo. Os fármacos seletivos para COX-Z apresentam
menor (porem não desprezível) toxicidade gastrintesünal
(ver adiante).
Distúrbios gastrintestinois
Eventos gastrintestinais adversos são os efeitos indesejáveis
mais comuns dos AlNEs, e admite-se que resultem princi-
palmente da inibição da COX-íl gástrica, que e responsável
pela síntese das prostaglandinasque normalmente inibema
secreção de ácido e protegem a mucosa (Fig. 29.2).
Tais eventos, via de regra, compreendem desconforto
gástrico, dispepsia, diarreia (mas algumas vezes constipa-
ção), náuseas e võnútos e, em alguns casos, hemorragia e
ulceração gástricas. Estima-se que 34%-46% dos usuários de
AlNEs venham a ser acometidos de algum comprometi-
mento gastrintestinal que, mesmo eventualmente assin-
temático, representa um risco de hemorragia grave e/ ou
perfuração (Fries, 1983). Relata-se que os efeitos gastrintes-
tinais graves (perfurações, úlcerasou sangramento) resultam
em mais de 100.000 hospitalizações por ano nos Estados
Unidos. Cerca de 15% desses pacientmmorrem dessa doença
iatrogênica (Fries, 1998). Ocorre lesão quer os fármacossejam
dados por via oral ou sistêmica. No entanto, em alguns casos
(sendo a aspirina um bom exemplo), a agressão local da
mucosa gástrica causada diretamente pelo próprio fármaco
pode piorar a lesão. A Figura 26.3 apresenta os riscos relati-
vos de lesão gastrintestinal com alguns AlNEs comuns. A
administração oral de análogos de prostaglandina, como o
misoprostol (Cap. 29), pode

322
FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E IMUNOSSUPRESSORES

fluxo sanguíneo renal, especificamente na vasodilatação


compensatória mediada por PGE¡ que ocorre em resposta à
ação da norepinefrina(noradrenalina) ou da angiotensina lI
(Cap. 23). O risco e maior em recem-nascidos e idosos, assim
como em pacientü com doenças cardíacas, hepáticas ou
renais ou com redução do volume de sangue circulante.
O consumo crônico de AlNEs, especialmente o "abuso"
de AINÉs, pode causar nefropatin analgésico, caracterizada
por nefrite crônica e necrose papilar renal (Cap. 28). A frena-
cetina, já retirada do mercado, foi o principal vilão; o parace-
tamol, um de seus principais metabólitos, é muito menos
tóxico. O uso regular de doses prescritas de AlNÉs e menos
prejudicial para o rim do que o consumo intenso e prolon-
gado de analgésicos de venda livre no contexto social.
Efeitos adversos cardiovasculares
Mesmo tendo sido aceito que os AINEs poderiam contra-
por-se aos efeitos de alguns fármacos anti-hipertensivos,
uma nova preocupação atualmente refere-se ao potencial
desses fármacos, quando administrados isoladamente, para
causar elevação da pressão arterial e, portanto, predispor a
eventos cardiovasculares adversos como AVC e infarto do
miocárdio.
Y As primeiras observações
26 seção 3 o FÁRMACOS QUE AFETAM os GRANDES SISTEMAS DE ÓRGÃOS

Os AINEs são amplamente utilizados, porém usam graves


O
efeitos adversos importantes (especialmente gastrintestinais,
renais, pulmonares e vasculares relacionados com suas
principais ações farrnacológicas,assim como efeitos idiossin-
crátioos). De especial I'isco são os pacientes idosos e aque-
les com distúrbios preexistentes. Os principais usos são:
- Antitmmbóobo: p. ex., aspirina (Cap. 24) para pacientes

com alto risco de trombose arterial (p. ex., após infarto do


miocárdio). (Outros AINEs, que causam inibição menos
profunda da síntese de tromboxano plaquetário do que a
aspirina, aumentam o risco de trombose e se possivel
devem ser evitados em individuos de alto risco).
- Aanalgesia (p. ex., oefaleia, disrnenorreia, lombalgia.
metástases ósseas, dor pós-operatória):
- uso por curto prazo: aspirina, paracetamol ou ibuprofeno
- dor cronica: fánnaoos mais potentes e com duração de
ação mais prolongada (p. ex., naproxeno, piroxioam),
geralmente combinadoscom um opioide de baixa
potencia (p. ex., codeina, Cap. 41)
-
para reduzir a necessidade de narooanalgésicos(p.
ex.. oetorolaco no pós-operatório).
o Anti-inflamatório:p. er., ibuprofeno, napmxeno para alivio
sintomático na artrite reumatoide, gota e distúrbios de
partes rrtoles.
- Antipirático: paracetamol.

dias). Iá que uma proporção das plaquetas é substituída diaria-


mente da medula óssea, sua inibição gradualmente diminui,
mas uma pequena dose diária (p. ex., 75 mg) é tudo o que é
necessário para suprimir a função plaquetária em níveis bené-
ficos para o paciente de risco para infarto do miocárdio ou
outros problemas cardiovasculares (Cap. 24). A visão de que
até mesmo os pacientes sem risco se beneficiariamna utilização
profilática do fármaco (uma prevenção primária) foi recém-
desafiada por metanálises (Baigent et ai., 2039) sugerindo que o
risco de sangramento gastrintestinal população normal
na

supera a ação protetora_ Se isso é ou não verdade, o uso da


aspirina para prevenir recorrencias (prevenção secundária)
parece indiscutível.
A aspirina está também sob investigação para utilização em
outras condições. Estas incluem:
câncer colorretxzl: a aspirina (e inibidores de COX-Z) pode
reduzir alguns tipos de câncer colorretal
doença de Alzheimer: a proposição da utilidade da
aspirina foi sugerida com base em evidências
epidemiológicas, porém até o momento os ensaios
clínicos foram desapontadores (Cap. 39)
diarreia induzida por radiação.
Aspectos farmucocinéticos
Como ácido fraco,a aspirinafica pmtonadano ambienteácido
do estômago, facilitando assim sua passagem pela mucosa.
Contudo, a maior parte da absorção ocorre no íleo, em razão
da extensa área de superfície das rrticrovilosidades.
7A aspirina é rapidamente hidrolisada (provavelmente em 30

324
FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E IMUNOSSUPRESSORES

pensada por mecanismos renais envolvendo aumento da elimi-


nação de bicarbonato_ Doses maiores podem causar depressão
do centro respiratório, o que culmina em retenção de dióxido
de carbono e, dessa forma, em aumento do dióxido de carbono
no plasma. Como isto é superposto a uma redução do bicarbo-
nato plasmático, ocorrerá acidose respiratória não compensada_
O quadro pode ser complicado por uma acidose metabólica,
que resulta do acúmulo de metabólitos dos ácidos pirúvico,
lático e acetoacético(consequênciaindireta da interferência com
o metabolismo dos carboidratos)- Também é provável a ocor-
rência de hiperpirexia provocada pelo aumento da taxa meta-
bólica, podendo sobrevir desidratação após vómitos repetidos.
No SNC, a estimulação
szçño 3 o FÁRMACOS QUE AFETAM às GRANDES SISTEMAS DE ÓRGÃOS

mento de úlceras preeadstmtes, de modo que a inibição empregado por via parenteral, intravenosa ou intramuscular
retardaria a recuperação de lesões mais antigas. e é rapidamente quase todo convertido (mais de 95%) em
valdecoxibe ativo por hidrólise enzimática no fígado. Os
Celecoxibe e eloricoxibe níveis sanguíneos máximos são atingidos em aproximada-
O celecoxibe e o etoricoxibe tem autorização para venda no mente 30-60 minutos, dependendo da via de administração.
Reino Unido para alívio sintomático no tratamento de osteo- A ligação a proteínas plasmáticasé alta. O metabólito ativo,
artrite e artrite reumatoide e algumas outras condições. o valdecoxibe, é convertido no fígado em vários metabólitos
Ambos são administrados por via oral e têm perfis farmaco- inativos e tem uma meia-vida no plasma de aproximada-
cinetioos semelhantes, sendo bem absorvidos com concen- mente 8 horas.
trações plasmáticas máximas atingidas em 1-3 horas. São Têm sido relatadas reações cutâneas, algumas das quais
extensamente (mais de 99%) metabolízados no fígado, e a graves., com o metabólito ativo valdecoxibe, e os pacientes
ligação a protemas plasmáticas é alta (mais de 90%). devem ser monitorados cuidadosamente. O fármacotambém
Os efeitos adversos comuns podem incluir cefaleia, ton- deve ser usado com cautela em pacientes com comprometi-
turas, rashes cutâneos e edema periférico causado por reten- mento da função renal, tendo sido relatada insuficiência
ção hídrica. Deve~se pensar na possibilidade de eve-ntos renal ligada a este fármaco. Tambem pode ocorrer anemia
cardiovascularesadversos antes da administração. Em razão pós-operatória.
do papel potencial da COX-Z no fechamento de úlceras,
pacientes com doença preexistente devem evitar os fárma-
cos, se possível. FÁRMACOS ANTIIIREUMÁTICOS
Po recoxibe A doença artrítica é uma das afecções mflamatóriascrônicas
O parecoxibeé um pró-fármaco do valdecoxibe.Este último mais comuns nos países desenvolvidos, e a artrite reuma-
foi retirado do mercado, mas o parecoxibe foi liberado para toide é uma causa comum de incapacidade.Um em cada três
o uso no tratamento de curto prazo de dor pós-operatória. É pacientes com artrite reumatoide tem a probabilidade de

Imunossuprassores; Gllcooortlcoldes

a quimiocinas
inflamatórias

2/
lnfluxode células
inflamatórias

Fig. 26.4 Diagrama esquemático


das células e mediadores emtolvidos
na patogênese da lesão articular
raumatoide, indicando os sitios de
ação dos fármacosantirreumátioos. ARMDS: Mecanismo da
ARMD, antirreumálioomodiñcador da doença. Sulfassalauna,panlcllamlna, ação: não está
Para detalhes sobre agentes anti-receptores de compostos de ouro, cloroqulna esclarecido
TNF, IL-1 e lL-2, ver Tabela 26.3.
326
cular apropriado (p. ex., vecurônio; Cap. 13), um agente
antiemético (p. ex., ondansetrona; Cap. 29) e um antago-
nista muscarínico para prevenir ou tratar bradicardia ou
para reduzir as secreções brônquicas e salivares (p. ex., atm-
Apenas no caso de procedimentos cirúrgicos simples seria pína ou glicopirrolato;Cap. 13) e, próximo ao final do pro-
utilizadosomente um agente anestésico sozinho. Em cirur- cedimento, um agente anticolinesterásico (p. ex., neostig-
gias complexas, urna gama de fármacos será administrada, mina; Cap. 13), para reverter o bloqueio neuromuscular, e
em diferentes tempos, no decorrer do procedimento. Esses analgésicos para o alívio da dor pós-operatória (p. ex., um
podem incluir a pré-medicação sedativa ou ansiolitica (p. opioide, como a mofina e/ ou um fármacoanti-inilarnatório
ex., benzodiazepírúco;Cap. 43), um anestésico intravenoso não esteroidal, como o diclofenaco;Cap. 41). Tais combina-
para indução rápida (p. ex., propofol), um opioide analgé- ções de fármacosresultam em indução e recuperação muito
sico perioperatório (p. ex., remifentanila;Cap. 41), um anes- mais rápidas, evitando longos (e potencialmenteperigosos)
tésico inalatório para a manutenção da anestesia durante a períodos de semiconsciência, e também permitem que a
cirurgia (p. ex., óxido nitroso e isoflurano),um agente blo- cirurgia seja realizada sem depressão cardiorrespiratória
queador neuromuscular para produzir o relaxamento mus- indesejada.

Aitkmhead, AR., Smith, GB., Rowbotham, DJ., 2006. Textbook of


anaestltesia, fifthed. (Churchill livingstone, London. (O título diz
tudo!)
Bayliss, DA., Barrett, PQ., 2008. Emerging rules for Mo-pore-do-
main

502
Fármacos analgésicos

CONSIDERAÇÕES GERAIS
A dor é uma acompanhante incapacitante de muitas
afecções em medicina, e o controle da dor é uma das
mais importantes prioridades terapêuticas.
Neste capítulo, discutimos os mecanismos neurais
responsáveispor diferentes tipos de clor e os vários
fármacosusados para reduzi-la. Os analgésicos "clás-
sicos", notavelmente opioides e anti-inflamatórios
não esteroidais [AlNEs, descritos no Cap. 26), têm suas
origens em produtos naturais que vêm sendo usados
há séculos. Os compostos originais, exemplificados
pela morfina e aspirina, ainda estão em uso genera-
lizado, mas foram desenvolvidos muitos compostos
sintéticos que atuam pelos mesmos mecanismos. Os
analgésicos opioicles serão descritos neste capitulo. A
seguir, consideraremos várias outras classes de fár-
macos, tais como os antidepressivos e antiepilélicos,
que a experiência clínica tem mostrado serem eficazes
em certos tipos de dor. Finalmente, olhando para o
futuro, veremos que muitos alvos potenciais para
novos fármacos emergiram mais ou menos na última
década, a medida que avançaram nossos conheci-
mentos dos mecanismos neurais subiacentes a dor.
Descrevemos de maneira breve alguns desses novos
enfoques no final do capítulo.

MECANISMOS NEUIIAIS DE DOR


A dor é experiencia subjetiva, difícilde definir exatamente,
embora todos saibam o que significa. Tipicamente, é a res-
posta dineta a um evento indesejável associado a lesão teci-
dual, como trauma, inflamação ou câncer, mas a dor mtensa
pode originar-se independentemente de qualquer causa pre-
disponente óbvia (p. ex., neuralgia do trigêmeo) ou persistir
por muito tempo depois que a lesão pnecipitante esteja resol-
vida
f'
A substância P e o CGRP liberados dos neurônios aferentes
primários (Fig. 41.1) também atuam na periferia,promovendo
_.- . inflamaçãopor seus efeitos sobre os vasos sanguíneos e células
do sistema imune (Cap. 17). Este mecanismo, conhecido como
a

EHTÍIIULO ÚNICO
inflamaçãoneurogênica, amplifica e sustenta a reação inflama-
tória e a ativação de fibras aferentes nociceptivas que a
acompanha-
A facilitaçãocentral é um componente importante da hiperal-
Anrsgontsta do receptor NMDA gesia patológica (p. ex., aquela associada a respostas inflama-
tórias). Os mediadores responsáveis pela facilitação central
incluem a substância P, CGRP, fator de crescimento neural
(NGF, do inglês, nervo growth factor), fator neurotróflco deri-
vado do cérebro (BDNF, do inglês, brafn-dcrizred ncurotrupfríc
jizctor) e NO, bem como muitos outros (Ji et al., 2003). Por
exemplo, NGF, um mediador semelhante às citocinas produ-
zido pelos tecidos periféricos, particularmente na inflamação,
atua no receptor associado às quinases (conhecido como TrkA)
sobre os neurônios aferentes nociceptivos, aumentando sua
excitabilidadeeletrica, a quimiossertsibilidadee o conteúdo de
peptídeos e também promovendo a formação de contatos
sinápticos. O aumento da produção de NGF pode ser impor-
tante mecanismo pelo qual a transmissão nocioeptiva torna-se
facilitada na lesão tecidual, levando à hiperalgesia (Pezet ã:
McMahon, 2006). Aumento da expressão genética nos neurô-
nios sensitivos é induzido por NGF e outros mediadores infla-
matórios; genes suprarregulados incluem os gates para
neuropeptídeos e neuromoduladores (p. ex., CGRP, substância
P e BDNF), assim como para os receptores
esnuuução nepennwx

controle Anragonlsta do receptor NMDA

Flg. 41.3 Efeito do glutnmato e de antagonistas da


substância P sobre a transmissão nocioeptiva na
medula espinal de rato. A pata de rato é infiamada por
irradiação ultravioleta dois dias antes do experiment), procedimento
este que induz hiperalgesia e facilitação na medula espinal. A
resposta sináptica foi registrada a partir da raiz anterior em resposta
à estimulação de fibras C na raiz posterior com estímulos únicos (A)
ou estímulos repetitivos (B). São mostrados os efeitos do antagonista
do receptor NMDA D-AP-õ (Cap. 37) e do antagonista da substância
P RP 57580 (seletivo para receptores de neurocinina tipo 2, NKg).
O componente lento da resposta siráptica é reduzido pelos
antagonistas (A), assim como a expansão temporal (winrfatrp) da
resposta à estimulação repetitiva (B). Estes efeitos são muito
menos pronunciadas no animal normal. Deste modo, o glutamato,
atuando sobre receptores NMDA, e a substância F, atuando
sobre os receptores NK, envolvem-se na transmissão nociceptiva, e
sua contribuição aumenta err¡ decorrência da hiperalgesia
inflamatória. (Registros gentilmente fomecidos por L Urban e S W
Thompson.)
o As vias descendentes provenientes do mesenoefalc e do
6
tronco encefálicoexercem forte efeito inibitóric sobre a
transmissão no como posterior. A estimulação elétrica da
área cinzenta periaquedutal causa analgesia suaves
deste menismo.
o A inibição descendente e mediada principalmente pelas
encefalinas, S-hidroxitriptamina,norepinefrlna
(noradrenalina) e adenosina. Os opíoides promovem
analgesia, em parte por alivarem essas vias
Mesencéfalo descendentes, em pane por 'nibirem a transmissão
no como dorsal, e em parte por hibirem a excitação das
tenninações nervosas sensitivas na periferia.
0 A atividade repetitiva das libras C facilita a transmissão
através do como posterior (actuaçãotemporal wind-up)
-

por menismos que envolvem a ativação de receptores


de NMDA e de substância P.

A CPA projeta-se primeiramente para o bulbo rostroven-


tral (RVM, do inglês, rastroventral medulia) e, daí, através do
funículo posterolateral da medula espmal, para o corno pos-
terior. Dois transmissores importantes nesta via são a 5-l1idro-

Fig. 41.4 Sistema de controle descendente da dor e


sitios de ação dos opíoides para alivio da dor. Os
opíoides induzem analgesia quando microinjetados no córtex insular
(CI), amldala (A), hipotálamo(H), região periaquedutal cinza (PAG) e
medula rostrovenlral (Ri/M), assim como dentro do como dorsal da
medula espinal. A PAG recebe o estímulo dos centros superiores e é
o principal centro de débito do sistem llmbico. Ela se projeta para a
medula rcstrovenlral (WM). De RVM, as ñbras inibitóiias
descendentes_ algumas das quais contém ã-hidmxitriptamina, se
projetam para o como dorsal da medula espinal. As áreas
scmbreadasindim as regiões que expressam os receptores
opíoides p. As vias ilustradas nesse diagrama encontram-se muito
simpliñcadas- [Adaptado de l-'Ields 2001 Prog Brain Res 122: 245-253.
Para um relato completo da descrição das vias descendentes
moduladoras da dor, ver Fields, 2004.)

(CPA) do mesencéfalo, pequena área de substancia cinzenta


que envolve o canal central Em 1969, Reynolds verificou que
a estimulação elétrica desta área cerebral no rato causava
analgesia suficientemente intensa para que pudesse ser rea-
lizada cirurgia abdominal sem anestesia e sem desencadear
qualquer resposta acentuada. A sensibilidadenão dolorosa
não era afetada. A CPA recebe impulsos de muitas outras
regiões cerebrais, inclusive do hipotálamo, amídala e córtex,
sendo a principal vía atraves da qual impulsos corticais e
outros atuam sobre o controle da "comporta" (gate) no corno
506 posterior'.
.L üL
Receptor B, Receptor
11po do nal TRPM TRPMB TRPV4 TFIPVS TRPV1

Temperattra de ativação FC) < 17 8-28 >27 >33 ›42


Atiradores químicos lcili1a Mental Icilina atczFDD Cantora Capsaioina
Óleo de Wintergeen Eucalipto Mental Prútons
(da planta Gaultheria Gerànio ELrgenoI Anandamida
procumberts) Cânfora
Óleo mostarda Resiiiferatoarina
Eugenol
IMPDO, 12,13-cidaoanuattt da 4-dfa-folbol; IEP-THE, AÍIEIIE-hiclntxtahili.

Os agonistas, como a capsaicina, abrem o canal, que é permea-


vel a NaÊ Ca” e outros cátions, causando despolañzação e
início de potenciais de ação. O grande influxo de Ca¡*nas ter-
minações nervosas periféricas também resulta em liberação de
peptideos (principalmente substância P e CGRP), causando 3
,o
WW somv[ WW
Z
intensas res ostas vasculares e outras respostas fisiológicas. O
influxo de P'
pode ser o suficiente para causar degeneração E
.e 20
das terminações nervosas, que leva dias ou semanas para se ã
recuperar. Tentativas de usar capsaicina aplicada topicamente É
para aliviar afecções dolorosas da pele
têm tido algum sucesso,
mas o acentuado efeito irritante irudal é uma grande desvanta-
O
t t
gem. A capsaicina aplicada à bexiga causa degeneração das Brad. PGE2 Brad. . .

terminações aferentes primárias e tem sido usada para tratar 28 pg 30 pg 26 pg 5 mln


incontinênciaassociada à hiper-reatividade vesical no AVC ou
em pacientes com trauma medular. Afaentescom fibras C na
Flg. 41.6 Resposta de um neurõnio aferente
be›dga servem a uma função reflexa local, que promove esva- nociceptivo à bracicinina(Brad.) e prostaglandina. Os
ziamento quando a bexi a é distendida, tornando-se exagerado
o reflexo quando se pe e o controle central- registros foram feitos de uma ñbra aferente nocioeptiva que inerva um
O 'PRPV1 responde não somente aos agonistas semelhantes à músculo, e foram injetados fármacos na irrigação arterial. Registros
capsaicina, mas também a outr estímulos (Tabela 41.1), superiores: registros de ñbra única, mostrando descarga causada
incluindo temperaturas superiores a 42°C (o limiar para dor) e exclusivamente por bradicinina (à esquerda] e por bradicinina após
concentrações de prótons na faixa micromolar (pH 5,5 e infe- injeção de prostaglandina(à direita). Traçadoinferior". medidorde
rior), o que também causa dor. Portanto, o receptor apresenta frequência registrando descarga em fibra única, mostrando realce de
características "polimodais" incomuns, que são parecidas com
as observadas nos neurônios nociceptivos, e acredita-se que longa duração de resposta à bradicinina depois de uma injeção de
desempenhempapel central na nocioepção. Assim como muitos prostaglandina E¡ (PGEQ. Aprópria prostaglancina não provocou
outros receptores ionotnópícos, o 'TRPVI é modulado pela fos- desrga. [De Mense S 1981 Braii Res 225295.)
forilação, e várias substâncias causadoras de dor que atuam
_

através dos receptores acoplados à proteína G (p. ex., bradici-


nina) agem sensibilizandoo TRPVI.Uma pesquisa por ligantes
endúgenos para TRPVI revelou, surpreendentemente, que a teína precursora contida no plasma. A bradicinina é uma
anandamirm (mediador lipídico, previamente identificado
substânciapotente na geração da dor, atuando, em parte, por
como agonista dos receptores canabinoides; Cap. 18) também é
agonista de TRPVl, embora menos potente que a capsaícina. liberação de prostaglandirtas, que aumentam fortemente a
Confirmando o papel do TRPVlna nocicepção, foi descoberto ação direta da bradicinina sobre as terminações nervosas
que os camundongos nocaute para TRPVI apresentam redução (Fig. 41.6). A bradicinina atua sobre os receptores B¡ (Cap.
da responsividade ao calor nocivo e também falharam em 17) nos neurônios nocicepüvos. Os receptores B, são acopla-
mostrar hiperalgesia térmica em resposta à inflamação. Esta dos a ativação de uma isoforma específica de proteína
última observação é interessante, pois sabe-se que a expressão
de TRPVI aumenta na inflamação e que este pode ser o meca- quinase C (PKCE), que fosforilaTRPVI e facilita a abertura
nismo-cltatre através do qual a hiperalgesia ocorre. Atualmente, do canal TRPVI.
algumas companhias farmacêuticasestão desenvolvendo anta- T A bradicinina é convertida, nos tecidos, por remoção de um

gonistas de TRPVI como a ntes analgésicos.


TRPINíS e TRPAlrespo em ao frio, ao invés do calor [Tabela
resíduo

41.1). O TRPMB é importante na hipersensibilidadeao frio na


neuropatia- Ele pode também ser capaz de originar um novo
controle inibitório analgésico sobre impulsos nociceptivos nos
estados de dor crônica (Fleetwood-Walkeret al., 2007]. OTRPAI
e ativado em algumas análises experimentais por temperaturas
baixas nocivas, cálcio, substância causadoras de dor e media-
dores inflamatóri (Patapoutian ct of., 2009); portanto, pode
também ser considerado um sensor polimoclal-

Cininus
As substâncias mais ativas causadores de dor são a bradici-
nina e a colidiu:: (Cap. 17), dois peptídeos estreitamente rela-
cionados, produzidos sob condições de lesão tecidual pela
508 clivagem proteolítica das cirúnas ativas a partir de uma pro-
como a 5-hidroxitriptamina ou a bradicinina (Fig. 41.6). As
prostaglandinasdas séries E e F são liberadasna inflamação
(Cap. 17) e também durante isquemia tecidual. Os antago-
nistas dos receptores EP1 reduzem a hiperalgesia inflamatrf»
ria em modelos animais (Hall et ai., 2007). As prostaglandi- o A nocicepçãc é o mecanismo pelo quai estímulos
nas sensibilizamas tenninações nervosas a outros agentes,
em parte por inibiçãodos canais de potássio, e, em parte, por periféricos nocivos são transmitidos ao sistema nervoso
facilitação através de reações de fosforilação do segundo
-
central. Dor é uma experiência subjetiva, nem sempre
mensageiro (Cap. 3) dos canais de cátions abertos por
-
associada à nocicepção.
agentes nociceptivos. É de interesse o fato de que a própria Ncciceptcres polimodais (NPMs) são c principal tipo de
bradicinina causa liberação de prostaglandinas e, deste
modo, tem poderoso efeito de "autossensibilização"sobre os neurbnio sensitive periférico que responde a estímulos
aferentes nociceptivos. Outros eicosanoides, incluindo a nocivos. A maioria é de fibras C não mielinizadas cujas
prostaciclina, os leucotrimos e os instáveis derivados do tenninações respondem a estímulos técnicos. mecânicos
ácido hidroxieicosatetraenoico (HETE) (Cap. 17), também
podem ser importantes (Semad et ral., 2002). Os efeitos anal-
e químicos.
Os estímulos químicos que atuam sobre os NPMs para
gésicos dos AlNEs (Cap. 26) decorrem da inibição da síntese
de prostaglandinas. causar dor incluem bradicinina, prótons, ATP e vaniloides
(p. ex., capsaicina). Os NPMs são sensibiizados pelas
Outros mediadores periféricos prostaglandinas, o que explica c efeito analgésico de
Vários metabólitos e substâncias são liberados de células fánnaccssemelhantes à aspirina, pertiarlarrnente na
ligadas ou isquêmicas, ou de tecidos inflamados, incluindo presença de inflamação.
ATP, prótons (produzidos por ácido lãtico),B-hidmxitripta- O receptor vaniioide TRPV1 (receptor 1 vaniloide com
mina, histamina e K', muitos dos quais afetam as termina-
ções nervosas nociceptivas. potencial para receptor transitório) responde ao calor
O ATP excita as terminações nervosas nociceptivas por nocivo, bem como a agonistas semelhantes à
atuação sobre os receptores P2X3 homomericos, ou sobre os capsalcina. O mediador lipldico anandamida e um
receptores heteromericos PEXJPZX.; (Cap. 16), canais agcnista nos receptores vaniloides. bem como agonista
iônicos operados por ligantes, que são seletivamente expres-
sos por estes neurônios. A infrarregulação dos receptores
dos receptores canabincides endógenos.
Pzxa, por tecnologia DNA antissenso, reduz a dor inflama- As fibras nociceptivas terminam nas camadas superliciais
tória* .antagonistas deste receptor mostraram-se analgési- do como posterior, fonrrando conexões sinapticas com
cos em modelos animais (Janis, 2MB) e podem ser desen-
neurônios de transmissão que se dirigem ao tálamo.
volvidos para uso clínico. Outros receptores PZX (PZX, e
Os neurônios NPMs liberam glutarnatc(transmissor
P2X;) são expressos na micróglia da coluna espinal; sua
ativação resulta na liberação de citocinas e quimiocinas que, rápido) e vários pepiídeos (especialmente a substancia
por sua vez, atuam nos neurônios adia-senta para promoção P) que atuam como transmissores lentos. Também são
de hipersenssibilidade. ATP e outros mediadores do tipo liberados pepiídeos periíericamente que contribuem para
purina, como a adenosina, também desempenham papel no inflamaçãoneurogânica.
corno posterior, e outros tipos de purinorreceptores também
poderão ser acionadospor analgésicos no futuro (Sawynok, A dor nerropática, associada à lesão dos neuronios da via
2007). ncciceptiva, e não a estímulo periférico excessivo. é
O pH baixo excita os
neurônios aferentes nociceptivos, frequentemente componente de estados dolorosas
em parte, por abertura de canais de cátions ativados por
crônicos e podem responder mal aos analgésicos
prótons (canais iõnicos sensíveis a ácidos), e, em parte, por
facilitação de TRPV1 (Ver anteriormente). opioides.
A S-hidroxitriptaminacausa excitação, mas estudos com
antagonistas sugerem que desempenha, no máximo, um
papel menor. A histamina também é ativa, mas causa
prurido, e não dor real. Ambas as substâncias são liberadas TRANSMISSORES E MODULADORES DA VIA
localmente na inflamação (Cap. 17). NOCICEPTIVA
Em raumo, as terminações para dor podem ser ativadas
ou sensibilizadaspor ampla variedade de mediadores endó- A família dos peptídeos opioides endógenos (Cap. 19)
genos cujos receptores costumam estar suprarregulados ou desempenha papel fundamental na modulação da trans»
ínfrarregtrlados sob condições fisiopatológicas. A neuroplas- missão nociceptiva. Os analgésicos opioida atuam nos
ticidade desempenha importante papel nos testados de dor diferentes receptores desses peptídeos.
persistente, independentemente de sua causa primária; não Aeredita~se que inúmeros neuropeptídeos desempe-
é de surpreender que as vias de sinalizaçãotenham muito em nhern papeis fundamentais na transmissão da informação
comum com as vias envolvidas em outras patologias dos nociceptiva no corno dorsal damedula espinal. Eles incluem
SNC discutidas em capítulos posteriores, e sejam, pelo menos, a substância P, o CGRP e a galanina, cada um deles sendo
tão complexas quanto elas. As estratégias para desenvolver expresso pelos neurônios nociceptivos aferentes, e deve-se
a próxima onda de analgésicos, portanto, seguem linhas notar que eles podem ser liberados quer nos terminais ner-
semelhantes? vosos periféricos, quer nos centrais. Na periferia, a substân-
cia P e o CGRP produzem algumas das características da
inflamação neurogenica, enquanto a galanina é anti-infla-
matória. Os antagonistas de CGRP apresentam potencial
'Camundongos nocaute para PIX, diferentemente, são para o tratamento da enxaqueca (Cap. 15), mas não como
razoavelmente normais a este respeito, prrsumivelmente porque analgesia em outros estados de dor. No corno dorsal, a
existem outros mecanismos. substância P pode estar envolvida no efeito de somação
50s céticos podem argumentar que enfrentam obstáculos temporal e sensibilizaçãocentral. Em modelos animais, os
semelhantes em relação a mpeciñcidade e efeitos adversos. antagonistas da substância P nos receptores NK¡ mostra- 509
ram-se fármacos analgésicos eficazes, porém nos testes clini- para a atividade opioide são os grupamentos hidroxilalivres
cos não mostraram o mesmo potencial em humanos, por- no anel benzenico que está ligado ao átomo de nitrogênio
tanto as esperanças de desenvolvimentode um novo tipo de através de dois átomos de carbono. Têm sido produzidas
fármaco analgésico para uso clinico mostraram-se infrutife- variantes da molécula da morfina por substituição em um
ras até o momento (HillS: Oliver, 2007). O motivo para essa ou ambos os grupamentos hidroxila (p. ex., diamorñna” 3,6-
falha ainda não esta claro, porém pode implicar que a subs- diacetilmorfina, codeína 3-metoximortina e oxicodona). A
tância P seja menos importante como mediador da dor em substituição de um substituinte volumoso no átomo de
humanos do que em ratos. nitrogênio introduz a atividade antagonista na molécula (p.
Outros mediadores incluem os seguintes: ex., naloxona).
o O glutamato (Cap. 37) é liberado de neurônios aferentes
Derivados sintéticos
primários e, atuando sobre os receptores ALÍPA, é Série da fenilpiperidina. A petidina (conhecida como
responsável pela transmissão sináptica rápida na meperidina nos Estados Unidos), o primeiro fármaco seme-
primeira sinapse no corno posterior. Também ha uma lhante ã morfina inteiramente sintético (Fig. 41.7), foi desco-
resposta mais lenta mediada pelo receptor NMDA, que berta acidentalmente quando estavam sendo procurados
é importante em relação ao fenômeno de somação
novos fármacos semelhantes ã atropina_ É quimicamente
temporal (wind-up) (Fig. 41.3). diferente da morfina, embora suas ações farmacológicas
o O GABA (Cap. 37) é liberado por interneurõnios da
medula espinal e inibe a liberação de transmissor por sejam muito semelhantes. A fentanila e a alfentanila, assim
como a sufentanila (não é usada no Reino Unido), são deri-
terminações aferentes primárias no corno posterior. vados mais potentes e com ação mais curta. A remifentanila
o O ATP é mediador de um componente da transmissão foi desenhada como um potente análogo da fentanila, é rapi-
sináplica rápida na primeira sinapse no corno dorsal, damente degrada pelas esterases, tanto no sangue quanto
bem como atua nas fibras primárias aferentes para nos tecidos, resultando em eliminação rápida.
excita-las (xrer anteriormente). Série da metadona. A metadona, embora não tenha
o A S-hidroiduipmminaé o transmissor dos neurônios relação química óbvia, em sua fórmula estrutural, com a da
inibitórios que se dirigem da RVM para o corno morñna, assume conformação semelhante em solução, e foi
posterior. elaborada por referàicia a características estruturais tridi-
mensionais comuns com a morñna e a petidina (Fig. 41.7).
o A norepinefrina é o transmissor da via inibitóriado LC Série do benzomoifano. Terapeuticamente, o membro
ao corno posterior e, possivelmente, nas outras vias
mais importante dessa classe é a pentazocina (Fig. 41.7). Os
antinocioeptivas. benzomorfanosdiferem da morfina no seu perfil de ligação
o A adenosina desempenha duplo papel na regulação da ao receptor (ver adiante), e também apresentam algumas
transmissão nociceptiva, com a ativação de receptores ações e efeitos adversos diferentes. A ciclazocina foi uma
A1 causando analgesia, por atuar tanto nas terminações
nervosas periféricas quanto sobre os neurônios do
corno posterior, enquanto a ativação dos receptores A¡
na periferia promove o oposto (Liu S: Saltar, 2005). I-Iã
evidências de vias purinérgicas inibitóriasdescendentes
atuando sobre a transmissão de dor através dos
receptores A1. o Tennlnologle:
6
-
opioide: qualquer substancia, endógena ou sintética,
que produz efeitos semelhantes aos da morlina e que
são bloqueados por antagonistas como a naloxona
FÁRMACOS OPIOIDES opiáceos: compostos como a morllna e a codelne,
que são encontrados na papoula
Ú ópio é um extrato do suco da papoula Papaversomnütrum,
analgésicos :temáticos: lenno antigo para opioides; o
que contém morñna e outros alcaloides relacionados. Vem temo narcótioo refere-se à pacidade de induzir o
sendo usado com finalidades sociais e medicinais há rrúlha-
res de anos como agente promotor de euforia, analgesia e sono. Infelizmente, esse tenno foi subsequentemente
para evitar a diarreia. Foi introduzido na Grã-Bretanha no sequeslrado e inadequadamente utilido por alguns
final do século XVII; geralmente, é administrado por via oral para se referir aos fármacos oom potencial abusivo
como “tintura de láudano", cuja dependenciaadquiriu certo
selo social durante os 200 anos seguintes. A situação mudou (Cap. 48).
o Os agonislas semelhantes à morñna mais importantes
quando foram inventadas a seringa hipodérmica e a agulha incluem a diamorlina, a oxioodona e a oodeína.
em meados do século XIX, e a dependência de opioides
começou a assumir signiñcado mais sinistro (Cap. 48). o Os principais gmpos de análogos sintéticos são as
0 campo dos opioides é completamente revisto por piperidinas (p. ex., petldlna e fentanlla), os fármacos
Corbett et al. (2006). semelhantes à metadona, os benzomorfanos
(p. ex., pentazoclna) e os derivados da tebalna (p. ex.,
ASPECTOS QUÍMICOS buprenorñna).
A estrutura da morfina (Fig. 41.7) foi determinada em 1902, 0 Os analgésicos opioides podem ser administrados por via
e, desde então, muitos compostos opioides semissintéticos oral, parenteral ou intrateral, para produzir analgesia.
(produzidos por modificação quimica da morfina) e inteira-
mente sintéticos foram estudados.

Anúlogos da morfina
A morfina é um derivado fenantrênico com dois anéis pla-
nares e duas estruturas alifálzicas em anel, que ocupam um
plano aproximadamente em ângulo reto com o restante da "Enquanto "diamorfina" é o Nome InternacionalNão Próprio
510 molécula (Fig. 41.7). As partes mais importantes da molécula recomendado, esse fármaco é mais bem conhecido como heroína.
cu,
CH3
Í
CH 2 CH _

:
C/
l \

OH

cHa

O
::H3
"3°° o H0

Oadoodona Pemnzoclna

?Hg-CHg ?Hg-CHZJ'
Receptor (terminologia clássica)
Receptor (nova laenninologia recomendada)
Analgesia
Supraespinal
Espinat
Periférico
Depressão respiratória
constrição da pupila
Redição da mobilidadegaslrintestind
Euforia
Disforia e eliminam
Sedaçáo
Catatonia
Dependência fisica

'Inicialmente acreditava-se que os agonistas de ORL. produzam¡ nocicepçáo ou hipemlgesia, porém, mais tarde, foi mostrado que eles revestem os efeitos
maigésioos supraespinais dos agonistas endógenos ou exógenos do receptor opioide p.

somente com o desenvolvimento de moléculas com ativi- ::idosmletivamentecomo endozfbtas, todas com um resíduo de
dade antagonista (primeiro a nalorñna, e depois a naloxona) tirosina no N-ternúnal. A estrutura química da tirosina inclui
que a noção de um receptor específico foi aceita. Martin e um grupamento amina separado do anel fenólico por dois
colaboradores forneceram, então, a evidência para múltiplos átomos de carbono. Essa mesma estrutura (fenol-2 átomos de
tipos de receptores opioides. Eles propuseram três tipos de carbono-amina) também é encontrada na estrutura da morfina
receptor, denominados u, K e 5,7 para os quais os agonístas (Fig. 41.7). Provavelmente, é somente uma coincidência que a
prototípicos são a morfina, a cetociclazocinae a N-alilnorme- papoula sintetiza uma molécula de alcaloides semirrígida, a
tazocina (SKF 10047), respectivamente. Posteriormente, no morfina, cuja parte da estrutura se assemelha ao resíduo de
início da década de 1970, três grupos de pesquisadores lide- tirosina dos peptídeos opioides endógenos.
rados por Simon, Snyder e Terenius, simultaneamente, des- Após a descoberta das encefalinas,outro receptor, o õ, foi
creveram a utilização da ligação de radioligantes para descoberto utilizandoseuma combinação do manuseio far-
demonstrar a presença dos receptores p. no cérebro. macológico clássico e de radioligantes. Mais tarde, outro
Por que existem receptores específicos no cérebro para receptor opioide (01214) que apresenta acentuado grau de
mor-fina, um fármaco que está praente na papoula? Hughes e homologia na sequência ("e 60%) com os receptores opioides
Kosterlitz pensaram que deve haver uma substânciaendó ena p, õ e tc, foi identificado, utilizando-setécnicas de clonagem,
ou substâncias no cerebro que ativam maes receptores. Em embora o antagonista naloxona não se ligue a esse novo
1975, eles descreveram o isolamento e a caracterização dos receptor opioide. A terminologia utilizadapara os receptores
primeiros ligantes endógenos, as euceyízlírras. Atualmente, opioides passou por diversas revisões ao longo dos últimos
sabemos que as encefalinas são somente dois dos membros de anos; neste capítulo, utilizaremosa terminologia clássica. Os
uma grande família de peptídeos opioides endógenos conhe- quatro receptores opioides, p., ô, tc e ORL, são receptores
acoplados à proteína G (Cap. 3).” Os principais efeitos com-
portamentais resultantes de suas ativagões encontram~se
resumidos na Tabela 41.2. A interação de diferentes peptí-
?O “receptor” o não é mais considerado um receptor opíoide. Isso deos opioides endógertos com os diferentes tipos de recep-
foi postulado para dar conta dos efeitos disfóricos (ansiedade, tores encontra-se na Tabela 41.3. Alguns agentes que são
alucinacõts, pesadelos etc-) produzidos por alguns opioides. usados como ferramentas experimentais para
Atualmente, é aceito que esses efeitos são resultantes de um
bloqueio do poro do canal do receptor NNIDA induzido pelo
fármaco, um efeito que também é causado por outros fármacos
como a (Jetamina (Cap. 40)_ Assim, o termo receptor a também
tc-m sido utilizado para descrever outros sítios de receptores não
NTVIDA, e foi reposta uma subdivisão em a¡ E G2 ÚÍBSÍTÍIITOÍD C*
Ishiwata, 2006 Essas proteínas podem ser novos alvos para
.

fármacos para alterações psiquiátricas.

"Atualmente, pode ser óbvio que, m existe um receptor,


provavelmente tambemexiste um ligantc endógeno para esse
receptor, mas foi a busca e a subsequente descoberta das
encefalinas que deram :Ji-dito a essa ideia Entretanto, existem
exceções a essa regra. Por exemplo, embora muitos ligantes
endógenos para o "receptor" de benzodiazepínicos ou o sítio de
ligação no receptor GABAA tenham sido sugeridos, até o momento
512 nenhum atingiu completa aceitação (Cap. 43).
Peptídeos endógenos
B-endorflra
Leuencefalina
Melsncefalina
Dinorñna
Orfanina Fwnoniceptina'

Ferramentas de pesquisa
Agonistas
DAMGU'
DPDPE”
Enadolina
Ro64-619B

Antagonistas
CT0P”
Ndlrindol
Nor-bineltorñmira
SB 612111

Nota: + representa atividade agonista; entre parãnteses são agonkhs parciais; -

américa de atividade ou atividade fraca.


'Gigante errdógeno pamo raceplorüRl.. àdasrzrilom Iiteralura, tanto como
criaria, quanto como
desenvolver novos fármacos que se tornem analgésicos com
vantagens significativas sobre a morfina. Ainda assim, a
morfina descrita por Osler como "o próprio medicamento
-

de Deus" - continua a ser o padrão contra o qual os novos


analgésicos são ensaiadas.
Ações celulares
Todos os quatro tipos de receptores opioides pertencem a
família de receptores acoplados à proteína GJG, Portanto,
os opioides exercem efeitos poderosos sobre os canais iônicos
presentes na membrana neuronal, através do acoplamento
direto com proteína G ao canal- Os opioida promovem a
abertura de um tipo específico de canal de potássio (canal de
potássio retificador interno) e inibema abertura de canais de
cálciocontrolados por voltagem (principalmente o tipo N de
canal de cálcio). Estes efeitos de membrana reduzem a exci-
tabilidadeneuronal (porque o aumento da condutãncia de
K* causa hiperpolarização da membrana, fazendo com que
seja menos provável que a célula dispare potenciais de ação)
e reduzem a liberação de transmissores (pela inibição da
entrada de Ca1*). O efeito global, portanto, é inibitorio ao
nível celular. Não obstante, os opioides aumentam a ativi-
dade em algumas vias neuronais (ver adiante). Eles fazem
isso através de um processo de desiníbição, em que causam
excitação dos neurônios de projeção por supressão das des-
cargas de interneurôrtios inibitórios,o que tonicamente inibe
os neurônios de projeção (Cap. 36, Fig. 36.2).
Ao nível bioquímico,todos os quatro tipos de receptores
inibem a adenililciclase e levam ã ativação da MAP quinase
(HRK,- Cap. 3). Essas respostas celulares provavelmente são
importantes na mediação das alter-ações adaptativas de
longo prazo que ocorrem em resposta ã ativação prolongada
do receptor e que, para os receptores u, podem ser respon-
sãveis pelo fertômeno de dependência física (Cap. 4B).
Ao nivel celular, contudo, todos os quatro tipos de recep-
tores opioides medeiam efeitos muito semelhantes. É a sua
distribuição anatomicamente heterogàrea pelo SNC que dá
origem ãs diferentes respostas que ocorrem com os agonistas
seletivos para cada tipo de receptor.

Sítios de ação dos opioides para produção de


anolgesio
Os receptores de opioides distribuem-se amplamente no
cérebro e na medula espinal. Os opioides são eficazes como
analgésicos se injetados em doses mínimas dentro de um
número de núcleos cerebrais especificos (como o córtex
insular, arnidala, hipotálamo, região PAG e RIVIV), assim
como dentro do corno posterior da medula espinal (Fig. 41.4
e, para uma descrição mais completa, Fields, 2004). Existem
evidências que sugerem que a analgesia supraespinal dos
opioides envolve a liberação de pepttdeos opioides endóge-
nos, tanto dos locais supraespinais, quanto dos espinais, e
que, ao nivel espinal, existe também um componente da
analgesia que e resultado da liberação de serotonina (S-HT)
das fibras inibitóriasdescendentes. A interrupção cirúrgica
da via descendente, a partir da RMV até a medula espinal,
reduz a analgesia induzida pela morfina que foi adminis-
trada sistemicamente ou microinjetada dentro dos sítios
supraespinais, implicando que, em humanos, a combinação
dos efeitos dos sítios supraespinais e espinais contribui para
a resposta analgésica.
Ao nível espinal, a morfina inibe a transmissão de impul-
sos nociceptivos através do corno posterior e suprime os
reflexos espinais nociceptivos, mesmo nos pacientes com
transecção da medula espinal. Pode atuar de forma pré-si-
naptica, para

514
Depressão respiratório
A depressão respiratória, resultando em aumento da PCC);
arterial, ocorre com uma dose normal analgésica de morfina
ou compostos relacionados, embora em pacientes com dor
grave o grau de depressão respiratóriaproduzido possa ser
menor do que o antecipado. A depressão respiratória é
mediada por receptores u. O efeito depressor está associado
ã diminuição da sensibilidadedo centro respiratório ã PCC):
arterial e ã inibição da geração do ritmo respiratório. As
alterações na Pao¡ são detectadas por neurônios quimiossen-
síveis no tronco cerebral e no núcleo medular. O aumento
do CO¡ arterial (hipercapnia), portanto, normalmente resulta
em aumento compensatório na taxa de ventilação (VE) por
minuto. Em algumas das regiões qIJiIIIÍOBSEIISÍVEÍS, os opio-
ides exercem efeito depressivo na resposta hipercãpnica,
fazendo com que o aumento da V¡ não seja suficiente para
contrabalançar o aumento de G0,_ Os movimentos respira-
tórios são originados da atividade de um gerador de ritmo
(complexopré-Bõtzinger),dentro da coluna respiratória ventral
da medula. Os receptores p. dos opioides estão localizados
nessa região, e a injeção local de agonistas de opioides reduz
a frequência respiratória.
A depressão respiratória pelos opioides não é acompa-
nhada por depressão dos centros bulbares que controlam a
função cardiovascular (diferentemente da ação dos anestési-
cos e outros depressores gerais). Isto significa que a depres-
são respiratória produzida pelos opioides é muito mais tole-
rada que um grau semelhante de depressão causado por,
digamos, um barbitúrico.Não obstante, a depressão respira-
tória é o efeito adverso mais problemático desses fármacos
e, diferentemente daquele causado por depressores gerais do
SNC, ocorre em doses terapêuticas. É a causa mais comum
de óbito na intoxicação aguda por opioides.

Depressão do reflexo da tosse


A supressão da tosse, (efeito antitosse; Cap. 27), surpreen-
dentemente, não se correlaciona estreitamente com as ações
analgésicas e depressoras dos opioides, e seu mecanismo ao
nível dos receptores não está claro. Em geral, aumentar a
substituição no grupo hidroxilafenólicoda mor-fina aumenta
a atividade antitussígerm em relação a atividade analgésica.
A codeina e a folcodina suprimem a tosse em doses suba-
nalgésicas, porém causam constipação como efeito adverso.
T O dextromelaorfarm, o isômero dextro do opioide analgésico
levorfarml, não apresenta afinidade pelos receptores opioides
e sua atividade na supressão da tosse não é antagonizadapela
naloxona. É um agonista não competitivo do receptor NhIDA,
com ações putativas nos receptores o, e acredita-se que fLm-
cione em diferentes sítios no cérebro e na medula para
0 Os principais efeitos famtaoológicos são:
6 Tolerância
Em experimentos em animais, a tolerância pode ser detec-
tada mesmo com uma única dose de morfina. A tolerância
estende-se ã maioria dos efeitos farmacolõgicosda morfirta,
incluindo analgesia, émese, euforia e depressão respiratória,
analgesia mas afeta muito menos as ações constipantes e constritora
euforia e sedação da pupila. Portanto, os dependentes podem tomar dose 50
depressão respiratória e supressão da tosse vezes acima da dose analgésica normal de morfina, com
náuseas e vômitos depressão respiratória relativamente pequena, mas acentua-
das constipação e constrição pupilar.
constrição pupilar(miosa) Os mecanismos celulares responsaveis pela tolerância são
redução da motilidade gástrica, levando à constipação discutidos no Capítulo 2. A tolerância é resultado, em parte,
liberação de histamina, usando constrição da dessensibilização dos receptores de opioides p. (ou seja,
brõnquica e hipotensão. ao nível do alvo do fármaco) e, em parte, devido as altera-
o Os efeitos adversos mais problemáticos são a constipação ções adaptativas em nível celular, sinãptico e de rede (Chris-
tie, 2008). A tolerância é fenômeno geral dos ligantes de
e depressão respiratória.
o A superdosagem aguda com a morñna produz coma e
receptores de opioides, independentemente do tipo de
receptor sobre o qual atuem. Ocorre tolerância cruzada entre
depressão respiratória. fármacosque atuam no mesmo receptor, mas não entre opio-
o O metabóliloda morlina, morina-ô-glicuronideo, é mais ides que atuam sobre diferentes receptores. Em ambientes
clínicos, a dose de opioide necessária para alívio efetivo da
potente como analgésico. dor pode aumentar em decorrência do desenvolvimento de
o A diamorlina é inativa em receptores opioides, porém é
tolerância, mas não constitui grande problema.
rapidamente clivada a B-acetilmorñnae rnorñna.
o A oodelna também é convertida a mrtina. Dependência física
A dependência física caracteriza-se por sindrome de absti-
néncia nítida. Em animais de experimentação (como os
ratos), a retirada abrupta de morñna depois da administra-
ção repetitiva por alguns dias, ou a administração de um
uterinos, da bexiga e dos ureteres. A reação da cauda de Straub, antagonista como a naloxona, causa aumento da irritabili-
um fenômeno improvável e adorado pelos farmacologistas dade, perda de peso, diarreia e vários padrões anómalos de
estudiosos dos opioides, consiste no levantamento e enrije-
címento da cauda dos ratos ou camundongos,quando adrni- comportamento, como estremecimentos do corpo (fibrila-
ções musculares), contorções, saltos e sinais de agressivi-
nistrados fármacos opioides, e isso ocorre devido a espasmos dade. Estas reações diminuem depois de alguns dias, mas a
musculares na base da cauda. Foi devido a essa ação que a irritabilidade anõmala e a agressividade persistem por
petidina foi descoberta. muitas semanas. Os sinais de depmdêrtcia física são muito
Os opioides exercem efeitos imunossupressores comple- menos intensos se a retirada do opioide for gradual. O
xos, que podem ser importantes, como ligação entre o homem costuma experimentar a sindrome de abstinência
sistema nervoso e a função imunológica (Vallejo et ai., 2004). durante dias ou semanas, com sintomas de agitação, coriza,
0 significado farmacológicodisso ainda não está claro, mas diarreia, tremores e piloereçãoPA intensidade da sindrome
ha evidências, no homem, de que o sistema imunológico é de abstinência varia grandemente, e a dependência rara-
deprimido por abuso dos opioides por longo tempo, levando mente evolui para o habito, no qual a depender-ncia psicoló-
a aumento da suscetibilidadea infecções.
gica (i. e., o desejo compulsivo pelo fármaco) é a caracterís-
tica predominante.
TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA Têm sido descritas muitas alterações fisiológicas em
A tolerância ãs muitas ações dos opioides (i. e., aumento da relação à síndrome de abstinàtcia. Por exemplo, ocorre hipe-
dose necessária para produzir dado efeito farmacológico) rexcitabilidadereflexa espinal em animais dependentes de
desenvolve-se em alguns dias, com administrações repetiti- morfina e pode ser produzida pela administração intratecal
vas. Existe controvérsia em relação a quando se desenvolve ou sistêmica crônica de morfina. As vias noradrenérgicas

a tolerância significativa para os efeitos analgésicos da que saem do DC (Cap. 38) também podem desempenhar
mor-tina, especialmente em casos de pacientes em cuidados papel importante na causa da sindrome de abstinência
paliativos, com dor grave causada por câncer (McQuay, (Ivanov & Aston-Jones, 2001), e o agonista dos receptores
1999; Ballantyne &.- Mao, 2003). A rotatividade de fármaco uyadrenérgicos clonidina (Cap. 14) pode ser usado para
(mudança de um opioide para o outro) é frequentemente ameniza-la.A taxa de disparo dos neurônios LC é reduzida
utilizada na clinica para superar a perda da eficácia. Na pelos opioides e aumentadadurante a sindromeda abstinên-
medida em que a tolerância provavelmente depende do cia. Em modelos animais e também no homem, a síndrome
nivel de ocupação do receptor, o grau de tolerância obser- de abstinência reduz-se quando são dados antagonistas dos
vado pode refletir o acesso ã resposta, a eficacia intrínseca receptores NMDA (p. ex, cetantina).
do fármaco e a dose que está sendo administrada.
A dependência faia¡ refere-se a determinado estado em
que a retirada do fármacocausa efeitos fisiológicos adversos,
ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS
ou seja, a síndrome de abstinência. A Tabela41.4 resume as propriedades farmacocinétícasdos
Os diferentes mecanismos adaptativos celulares são res- principais analgésicos opioides. A absorção de congêneres
ponsáveis pela tolerância e dependência (Williams et ai., da morfina por via oral é variável. A própria morfina é
2001; Caps. 2 e 48). Estes fertômenos ocorrem, em certo grau, absorvida lenta e erraticamettte, sendo comumente adminis-
sempre que os opioides são administrados por mais que trada por via intravenosa ou intramuscular para tratar dor
alguns dias. Não podem ser confundidos com vicio (Cap. aguda intensa; a morfina por via oral, contudo, costuma ser
48), no qual a dependência fisica é muito mais pronunciada,
e a dependência psicológica (ou "desejo compulsivo") é a
força principal. A dependência é rara em pacientes que “Causando pele arrepiado. Est-a é a origem da expressão "peru
516 recebem opioides para controlar a dor. com frio” usada para descrever o efeito da retirada da marfim.
0 A tolerância desenvolve-se rapidamente.
6
o O mecanismo de tolerância envolve a dessensibilizaçãodo
receptor. Não á de origem fannacocinéti.
o A dependência compreende dois componentes:
-
dependencia fisi, associada à sindrome de abstinên-
cia e perdurando por alguns dias
-
dependencia psicológica, ciada ao desejo e poden-
do pemranecer por meses ou até anos. A dependência
psicológica raramente ocorre em pacientes que estão
utindo os opioides como analgésicos.
o A dependencia fisica, caracterizada pela sindrome da
abstinência na interrupção de administração do fánnaco,
ocorre com os agonistas dos receptores p.
0 A sindrome de abstinência é precipitada pelos antagonistas
dos receptores p.
0 Os agonistas do receptor p de ação longa, como a
metadona e a buprenomna, podem ser utilizados para
aliviar os sintomas da sindrome de abstinência.
o Alguns analgésicos opioides, como a codeína,
pentazoclna, buprenorflna e tramadol, tem muito menos
probabilidadede causar dependência fisica ou psicológica.

usada para tratar a dor crônica, e existem preparações de


liberação lenta para aumentar sua duração de ação. Atual-
mente, a oxicodona ertcontra-se amplamente disponível em
preparação oral de liberaçãolenta. Infelizmente,ela se tornou
popular entre os viciados em opioides para moer e
Mais) de Principais efeitos Observações
administração adversos

Oral, incluindo a Meia-vida de 3-4 h Sedagño Tolerância e siitomas de


fonna de Iiberagao convertida em Depressão respiratória absthencia não são
sustentada rnetabólito ativo Constpação comuns quando usada
Injeção' (morñna Náuseas e vômitos para analgesia
Intratecai Bgiiwronideo) Prurido (Iberagao de
histamina)
Tolerância e dependencia
Euforia
Diarnorñna (heroína) Dor aguda e crônica Atua mais rapida- Como a morfm Não disponivel em todos
mente que a morlina, os paises
em razão da @ida Metabolizada em morñna e
penetração cerebral em outros rnetabólitos
ativos
Hidromorfona Dor aguda e crônica Oral Meia-vida de 2-4 h Corno a morfna, porém 0 Ievorfanol é semelhante,
Injetavei Não tem metahóibs alega-se que seja menos com maior duração de
ativos sedativa ação
Dor aguda e crônica Oral, incluindo a Tempo meia-vida Corno morñna Queixas por menor diuso
fon11a de liberação 34.5 h potencial não são
sustentada registradas
injetàvei
Dor crónica Oral Meia-vida longa Como a morfna. porém Recuperação lenta resulta
Manutenção de lnjetável (› 24 h) pouco efeito eufórioo em sindrome de
inicio de ação lento Pode ocorrer aaimulo abstiiertcia atenuada em
consequência da meia-vida
longa
Meia-vida de 2-4 h Como a morfna Conhecida como
Metabólito ativo Efeitos anticolinérgioos meperidina r1os Estados
(norpetidiia) pode ser Risco de excitação e Unidos
responsável pelos convulsões interage com inibidores da
efeitos estimulantes monoarriro-oxidase
(Can 46)
Dor aguda e crônica Sublingml Meia-vida de Como a morfna, porém Útil na dor crônica com
Manutenção de injeção intratecal aproximadamente menos pronunciadas sistemas de hjeção
dependentes 12 h Depressão respiratória não controlados pelo paciente
Inicio lento revertida pela naloxona
oralmente inativa por (portanto, não adequada
usa do metaboismo para uso)
de primera passagem Pode precipitar a retirada
do opioide (agonista
parcial)
Principalmente dor Oral Meia-vida de 2-4 h Efeitos psiootomineticos Nalbuñna é semelhante
aguda Injetavei (disforia)
irritação no local da injeção
Pode predpitar sindrome
de abstinência da morfna
(efeito antagonista p)
Meia-vida de 1-2 h Corno a morfna Ala potência permite
adrrinistração trmsdémri
Sufentania é semelhante

Depressão respiratória

518
Mais) de Aspectos Principais efeitos Observações
administração farmacoclnétloos adversos
Oral Atua como Principalmenteconstipação Eiiz somente em dor
pró-fánnacc Não é possivel de moderada
Meiaboizada em dependencia Também usada para
morñna e outros suprimir a tosse
opioides ativos Di-hidrocodelna é
semelhante
Meia-vida de 4 h
~
Depressão respiratória Semelhante à wdelna
Metabóilo ativo Pode causar convulsões Não é mais
(norpropoxifeno) corn (possivelmente por ação do recomendado
mia-vida de -24 h norpropoxiieno)
Dor aguda Oral Bem absorvido Tontura Mecanismo de ação
(principalnente intravenosa Meia-vida de 4-6 h Pode causar mnwlsües incerto
pós-operatório) e Sem depressão respirató- Agonia fraco nos
oünioa ria) receptores de opinioes
Também 'nibe a captura
de norepinefrina

'itjaçõas podem ser feitas pour": intravenosa, intramusuiar ou subouthaa pin a maioria dos fármacos.

receptor |.L Mutações em diferentes enzimas citocromo P450 turas para tosse (Cap. 27). A di-hidrocodeína é farmacologi-
(CYP) influenciamo metabolismoda codeírta, oxicodona,meta- camente muito semelhante, não tendo vantagens ou desvan-
dona, tramadol e dextmmetorfano. tagens substanciais sobre a codeína. Cerca de 10% da popu-
A genoiipagem poderia sm' usada, em princípio, para identifi- lação é resistente ao efeito analgésico da codeína, porque não
car indivíduos resistentes aos opioides, mas, primeiramente, a possui a enzima desmetilante que a converte em morfina.
contribuição da genotipageui, para o resultado clínico, deve ser A oxicodona é utilizada para o tratamento de dor aguda
confirmada na população em geral.
e crónica. A sugestão de que atua em um subtipo do receptor
opioide rc não é aceita por toda a comunidade cientifica. A
OUTROS ANALGÉSICOS OPIOIDES afirmação de ue apresenta menor efeito eufórico e menor
A diamorñna (heroína) é a 3,6-diacetilmorfina;pode ser con- potencial de a uso é infundada. O desvio para a comercia-
siderada um pró-fármaco, já que sua grande potência anal- lização clandestina fez com que a oxicodona se transfor-
masse no principal fármaco de abuso (Cap. 48), algumas
gésica é atribuída ã sua rápida metabolização a õ-monoace- vezes denominada de "heroína caipira".
tilmorfina e morfina (Casy S: Parfitt, 1986). Seus efeitos são
indistinguíveis dos causados pela morfina após a adminis- Fentanila,alfentanila,sufentanilae remifentanilasão deri-
vados fenilpiridínicosaltamente potentes, com açõa semelhan-
tração oral. No entanto, em razão de sua maior lipossolubi- tes às da mor-fina, porem com início mais rápido e menos dura-
lidade, atravessa a barreira hematoencefálica mais rapida- douro, particularmente a
mente que a morfina e dá "onda" (sensação da "droga")
maior quando injetada por vía intravenosa. Diz-se que é
menos emética que a morfina, mas são discretas as evidên-
cias disso. Ainda é encontrada na (Era-Bretanha para uso
como analgésico, embora tenha sido vetada em muitos
países. Sua única vantagem sobre a morfina é a maior solu-
bilídade,que permite que menores volumes sejam adminis-
trados por via oral, por via subcutãnea ou por via intratecal.
Exerce o mesmo efeito depressor respiratório que a mor-fina
e, se aplicada por via intravenosa, tem mais probabilidade
de causar dependência.
A codeína (3-metoximorfina) apresenta absorção mais
confiável por via oral que a morñna, mas tem apenas 20%
ou menos da potência analgésica. Além disso, seu efeito
analgésico não aumenta apreciavelmente em níveis posoló-
gicos mais elevados. É usada, portanto, principalmentecomo
analgésico oral para tipos leves de dor (cefaléia, lombalgia
etc). Diferentemente da mor-fina, causa pouca ou nenhuma
euforia. Costuma ser combinada ao paracetamol em prepa-
rações analgésicas patenteadas (ver adiante a seção sobre
uso combinado dos opioides e AJNE-s). Em relação a seu
efeito analgésico, a codeína produz o mesmo grau de depres-
são respiratória que a morñna, mas sua resposta limitada até
em doses elevadas significa que quase nunca é problema na
prática. No entanto, causa constipação. A codeína tem acen-
tuada atividade antitussígena e costuma ser usada em mis-
do SNC, incluindo o bloqueio dos canais de potássio, recep- O tramadol é amplamente usado como analgésico para
tores NMDA e 5-HT, o que pode explicar seu perfil de efeitos dor pós-operatória_ É agonista fraco nos receptores de opioi-
adversos no SNC. Também existe variação interindividual des p e também inibidorfraco da captura de norepinefrina.
na resposta ã metadona, provavelmente devido ã variabili- É eficaz como analgésico e parece ter melhor perfil de efeitos
dade genética entre os indivíduos em relação ao seu meta- adversos que a maioria dos opioides, embora tenham sido
bolismo. relatadas reações psiquiátrícas. É administrado por via oral,
A petidína (meperidina) é muito semelhante ã morfina intramuscular ou intravenosa para dor moderada a intensa
em seus efeitos farmacológicos, exceto que tende a causar A pentazocina é mista de agonista-antagonista, com pro-
agitação, e não sedação, e tem ação antimuscarínica adicio- priedades analgésicassemelhantes aquelas da mor-fina. Entre-
nal que pode causar boca seca e embaçammto visual, como tanto, causa disforia profunda, com pesadelos e alucinações,
efeitos adversos. Produz efeito eufórico muito semelhante e em vez da euforia, e atualmente é utilizada raramente.
é igualmente passível de causar dependência Sua duração A loperanúda e um opioide que não penetra no cérebro
de ação é a mesmaou um pouco mais curta que a da morfina, e, portanto, não possui atividade analgesica. Ele inibe o
mas a via de degradação metabólica é diferente. A petidina peristaltismo e é utilizado para o controle de diarreia (Cap.
é parcialmente N-dametiladano fígado, tornando-se norpe- 29).
tidina, e possui efeitos alucinogênico e convulsivantes. Estes
se tornam significativos com doses orais expressivas de peli- ANTAGONISTAS DOS OPIOIDES
dina, produzindo a síndrome de superdosagem um pouco A naloxona foi o primeiro antagonista puro de opioides,
diferente daquela da moriina. A petidina é preferida ã tendo afinidade por todos os três receptores de opioides
morñna para analgesia durante o trabalho de parto, porque clássicos (p > ic 2 ô). Bloqueia as ações dos peptídeos opioides
não reduz a força de contração uterina. A petidina é elimi-
nada apenas lentamente no recém-nascido, e pode ser neces-
endógenos, bem como as dos fármacos semelhantes ã
morfina, e tem sido amplamente usada como instrumento
sário o uso de naloxona para reverter a depressão respirató- experimental para determinar o papel fisiológico destes pep-
ria no bebê. (A morfina é ainda mais problemática a este tídeos, particularmente na transmissão da dor.
respeito, porque as reações de conjugação das quais depende lsoladamente, a naloxona produz muito pouco efeito em
a eliminação da morfina, mas não a da peiidina, são deficien- indivíduos normais, mas produz reversão rapida dos efeitos
tes nos recent-nascidos.) Têm sido relatadas várias reações, da morfina e de outros opioides. Tem pouco efeito sobre o
consistindo em agitação, hipertermia e convulsões, quando limiar doloroso sob condições normais, mas causa hiperal-
a petidina é administrada em pacientes que estão recebendo gesia sob condições de estresse ou inflamação, quando são
inibidores da monoamino-oxidase. Isto parece ser causado produzidos opioides endógenos. Isto ocorre, por exemplo,
pela inibição de uma via metabólica alternativa, levando a em pacientes submetidos ã cirurgia dental ou em animais
aumento da formação de norpetidina, mas não se conhecem submetidos a estresse físico. A naloxona também inibe a
os detalhes_ analgesia pela acupuntura, o que se sabe estar associado ã
A etorñna é umanãlogo da morfina com potência notável, liberação de peptídeos opioides endógenos. Também é
mais de 1.000 vezes a da morfina, mas, de outra forma, muito impedida a analgesia produzida por estimulação da área
semelhante em suas ações. Sua potência não confere vanta- CPA.
gem clínica em humanos em particular, mas é usada na Os principais usos clínicos da naloxona são para tratar a
prática veterinária, especialmente no caso de animais depressão respiratória causada por superdosagem de opioi-
grandes. Pode ser utilizada em conjunto com agentes seda- des e, ocasionalmente, reverter o efeito dos analgésicos
tivos (neuroleptanalgesia)para imobilizaranimais selvagens opioides usados durante o trabalho de parto sobre o recém-
nascido. Geralmente, é administrada por via intravenosa, e
para aprisioná-losí”
seus efeitos são produzidos imediatamente. É rapidamente
Abuprenorñna é um agonista parcial nos receptores p metabolizadapelo fígado, e seu efeito dura apenas 2-4 horas,
que produz uma forte analgesia, porém existe limite de uso
devido ao seu forte efeito depressivo respiratório. Em razão o que é consideravelmente menor que para a maioria dos

de sua ação antagonista, pode produzir sintomas leves de fánnacos semelhantes ã morfina, e portanto pode precisar
ser administrada repetidamente.
abstinência em pacientes com dependencia em outros opio-
A naloxona não apresenta efeitos adversos importantes
ides. Sua ação tem longa duração e pode ser difícilde rever-
ter com a naloxona. Apresenta a possibilidade de levar ao por si própria, mas precipita os sintomas de abstinência nos
abuso, porém, assim como a metadona, também e utilizada dependentes. Pode ser usada para detectar dependência a
no tratamento do vício heroína. Quando a heroína é
em
opioides.
A nallrexona e muito semelhante ã naloxona, mas tem a
injetada "sobre" a buprenorfina, obtém-se menos euforia, vantagem de apresentar duração de ação muito mais longa
pois a buprenorfina é agonista parcial que se liga quase de (meia-vida de cerca de 10 h). Pode ser útil no caso de vicia-
forma irreversível aos receptores. dos que foram "desintoxicados", pois anula o efeito de uma
O meptazinol é um opioide com estrutura química dose de opioides, caso o paciente tenha recaída. Por esse
incomum. Pode ser administrado por via oral ou parenteral,
e tem duração de ação mais curta que a da morfina. Parece
motivo, encontra-se disponível como formulação para
relativamente livre de efeitos adversos semelhantes aos da
implante subcutãneo de liberação lenta. Também e eficaz
para a redução do consumo de alcool em alcoólatras; o
morfina, não causando disforia nem euforia, tampouco motivo para isso é que parte do efeito do alcool é devido ã
depressão respiratória grave. Produz, contudo, náuseas, liberação de peptídeos opioides endógenos. Pode também
sedação e tontura, e tem ações semelhantes às da atropine. apresentar efeitos benéficos no choque séptico. É eficaz no
Em razão da curta duração da sua ação e da ausência da tratamento de coceira crônica (prurido) que ocorre no caso
depressão respiratória, pode ter vantagens para a analgesia de doença hepática crônica. Novamente, pode indicar o
obstetrica. envolvimento de peptídeos opioides endógenos na fisiopa-
tologia dessas condições de prurido.
O bmmeto de metilnaltrexonae o alvimopan são anta-
gonistas dos receptores opioides p que não atravessam a
“A dose necessária de ctorñna, mesmo para um elefante, é barreira hematoencefálica.Podem ser utilizados em combi-
520 pequena o bastante para scr incorporada a um dardo ou um pcllef. nação com agonistas de opioides para bloquear efeitos
o
9
Os antagonistas puros incluem naloxona (ação curta) e
USO COMBINADO DOS OPIOIDES E AINEs
O motivo por tás da coadminisuação de dois fármacos que
produzem analgesia através de diferentes mecanismos e
efeitos forem aditivos, podem-se administrar
que, se os
naltrexona (ação longa). Bloqueiam os receptores p, õ e quantidades menores de ambos os fármacos e, ainda assim,
x. Os antagonistas seletivos estao disponíveis como produzir o mesmo grau de analgesia. Isso possui o efeito de
instrumentos experimentais. reduzir a intensidade dos efeitos adversos produzidos por
O alvlmopan é um antagonista do receptor p que não cada fármaco. No caso dos opioides (p. ex., codeína) em
atravessa a barreira hematoencefálica.Bloqueia a náusea, combinação com o paracetamol ou aspirina, a combinação
parece produzir sinergia em vez de simples efeito aditivo. A
o võntito e a constipação induzidos pelos opioides. combinação do dextropropoicifeno com o paracehamol foi
Outros fánnacos, como a pentazoclna, produzem mistura retirada do Reino Unido devido a preocupações com
de efeitos ¡c-agonistas e p-antagonistas. superdosagem.
o A naloxona normalmente não afeta o limiar da dor, mas
bloqueia a analgesia induzida pelo estresse e pode TRATAMENTO DA DOR NEUROPÁTICA
exacerbar a dor cllni. A dor neuropática é a dor grave e debilitanteque ocorre em
o A naloxona reverte rapidamente a analgesia induzida por certas condições, como neuralgia do trigêmeo, neuropatia
opioides e a depressão respiratória, sendo usada diabética, neuralgia pós-terapêutica e dor do membro fan-
tasma, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo.
principalmente para tratar superdosagem de opioides Geralmente, assume-se que a dor neuropática é resistente
ou para melhorar a respiração em bebes aos opioides. Entretanto, estudos clínicos recentes mostra-
recém-nascidos afetados por opioides que foram ram que os opioides como morfina, oxicodona, levorfanol e
adninistrados à mãe. tramadol são eficazes no tratamento da dor neuropática,
0 A naloxona preclpita os sintomas de abstinência em fornecendo-se a dose adequada que produz analgesia sem
efeitos adversos excessivos.
pacientes ou animais dependentes da morlina. Inúmeros fármacos não opioides, que também são utili-
A pentazocina também pode fazer isto. zados clinicamente para efeitos outros que não analgésicos,
foram descritos como clinicamente eficazes sobre a dor neu-
ropática [Dworkin et al., 2007), em grande parte como resul-
tado de observações casuais, em vez de um programa racio-
nal de descoberta de fármacos.
adversos, mais acentuadamente na redução da motilidade Os antidepressivos tricíclicos, particularmente a amifrip-
intestinal, náusea e êmese. tilína, a nortriptilina e a desipramina (Cap. 46), são ampla-
Agonistas específicos dos receptores u, õ e t( estão dispo- mente utilizados. Estes fármacos atuam centralmente, ini-
níveis para uso experimental (Tabela 41.3), porém não são bindo a captura de norepinefrina, e são altamente eficazes
utilizadosclinicamente. para aliviar a dor neuropática, em alguns casos, mas não em
todos. Sua ação é independente de seus efeitos antidepressi-
PARACHAMOL vos, e os inibidores seletivos da captura da serotonina não
mostram efeito. Fármacos como a venlafaxina, que inibem
Os fármacos anti-inflamatórios não esteroidais (AlNEs, a captura de 5-HT e norepinefrina, também são eficazes e
cobertos em detalhes no Cap. 26) são amplamente usados apresentam diferentes perfis de efeitos adversos, porém os
para tratar afecções inflamatóriasdolorosas e para reduzir inibidoresseletivos da captura de serotonina mostram bene-
quadros febris. O paracetamol (conhecido como acetamino- fício menor ou ausente.
feno nos Estados Unidos) merece menção especial. Foi sin- A gabapentina e seu congênere, pregabalirta, são fárma-
tetizado pela primeira vez há mais de um século e, desde a cos antiepilépticos (Cap. 44) que também são eficazes no
década de 1950, tem (juntamente com a aspirina) sido o tratamento da dor neuropálica.Eles se ligam ãs subunidades
medicamento de venda livre mais usado para dores de 0.281 e (1.282 dos canais de cálcio ativados por voltagem (Cap.
pequena intensidade. O paracetamol difere dos outros 4) e reduzem a liberaçãode neurotransmissores. Temhavido
AINEs por produzir efeitos analgésicos e antipiréticos, debate considerável sobre como exatamente esses fármacos
inibem o funcionamento dos canais de cálcio: pode ser
enquanto lhe faltam os efeitos anti-inflamatórios.Também através da inibição da abertura do canal ou através da inter-
não possui a tendência de outros AINEs para causar ulcera-
ferência com o tráfego dos canais de cálcio para a membrana
ção gástrica e sangramento. Não está clara a razão para a
diferença entre o paracetamol e os outros AINEs. Exames plasmática. As subunidades (7.25 são suprarreguladas nos
neurônios sensoriais danificados, explicando, portanto, o
bioquímicosmostraram que é o único inibidorfracoda ciclo- porquê de esses agentes serem mais eficazes em certa gama
oxigenase (COX), com certa seletividade para a COX cere- de estados de dor associados com lesão neurológica, que em
bral. Ainda permanence sob controvérsia se o Paracetamol
outras formas de dor.
alivia a dor centralmente através da inibição de COX-3 (não
A carbamazepina, ouuo tipo de fármaco antiepileptico,
um produto gênico separado, mas sim uma variante proces-
é eficaz na neuralgia do trigêmeo, porém não existem evi-
sada da COX-l) ou através da inibição de COX-2 em baixas dências da sua eficácia sobre outros tipos de dor neuropática
taxas de atividade enzimática (Davies et al., 2004; Graham 8: A carbamazepina bloqueia os canais de sódio controlados
Scott, 2005). por voltagem (Cap. 4), sendo levemente mais potente no
O paracetamol é bem absorvido por via oral, e sua
meia-vida plasmáticaé de cerca de 3 horas. É metabolizado
bloqueio dos canais Na,1.8 do que Na, 1.7 e Na., 1.3; acredi-
ta-se que todos esses subtipos de canais sejam estejam
por hidroxilação, conjugado principalmente como glicuro- suprarregulados na lesão neurológica e contribuam para a
nídeo eliminado na urina. Em doses terapêuticas, tem
e
sensação de dor. Em concentrações elevadas, inibe os canais
poucos efeitos adversos. No entanto, a superdosagem de de cálcio ativados por voltagem.
paracetamol causa grave lesão hepática, comumente fatal Outros agentes antiepilépticos, como ácido valpnoico,
(Caps. 26 e 57), e o fármaco costuma ser usado em tentati- lamouigina, oxcarbazepina e topiramato, podem ser efica-
vas de suicídio. zes em alguns estados de dor neuropática. 521
o
9
0 paraoetamol assentelha-se aos anti-inflamatóriosnão
esteroidais e e eficaz como analgésico, mas não possui
atividade anti-inflamatória.Pode atuar inibindo a cido-
oxigenase (BOJO-S, urna variante processada da COX-1,
mas provavelmente tem também outros efeitos. Em
superdosagem, causa hepatotoxicidade.
o Vários antidepressivos (p. ex., amltrlptlllrta), bem como

antiepiléptioos(p. ex.. carbamazeplna, gabapentlna), são


usados pdnciaalmente para tratar dor neuropática.
o Outros fánnacosocasionalmente usados incluem o
antagonista dos receptores NMDA cetamlna e o anesté-
sioo local Iignocaina (lidocaina).

o Em doses elevadas. os opioides podem ser eficazes, so


os efeitos adversos possam ser tolerados.
o Diferentes antidepressivos (p. ex., amltdptldina) que
bloqueiam a ptura de norepinefrha também oferecem
beneficiosterapêuticos.
o A gahapentlna e a pregabaltna são utildas atualmente
mais para alívio da dor neuropática do que oomo agentes
antiepiláptioos.
o A carbamazeplna, assim como outros agentes

antiepiláptioos que bloqueiam os canais de sódio. pode ser


eñcaz no tratamento da neuraigia do trigémeo.
o A lldocatna pode oferecer alivio quando aplicada

topicamente ou administrada por via intravenosa.

A lidocaína (lignocaína), um anestésico local(Cap. 42)


com meia-vida plasmática curta, administrada tanto topica-
mente, por meio de adesivos, quanto intravenosamente,
pode promover alívio prolongado em estados de dor neuro-
pática. Provavelmente, atua bloqueando descargas espontâ-
neas de terminações nervosas sensitivas lesadas, mas não
está clara a razão para seu efeito analgésico persistente.
Alguns fármacos antiarrítmicos (p. ex., mexiletina, tocai-
nída, flecainida; Cap. 21) são eficazes por via oral (Challe-
palli et ol., 2005).
TRATAMENTO DA FIBROMIALGIA
A fibromialgia é uma alteração crônica caracterizada por
dor musculoesquelética generalizada,fadiga e insônia. Sua
causa é desconhecida, e não apresenta nenhuma caracterís-
tica patológica óbvia aparente. Está associada com alodinia
(sensação dolorosa em resposta a estímulo que normal-
mente seria inócuo). Assim como com a dor neuropática,
os analgésicos clássicos

522
0 Os analgésicos são usados para tratar e
O
prevenir dor, por o Os anti-inliamatórios não esteroidais incluindo o
exemplo: paracetamol, são úteis para dor musculoesquelética,
no prá e no pós-operatório odontológica e dismenorreia. Reduzem as necessidades de
em afecções dolorosas comuns, incluindo oefaleia, dis- opioides na dor aguda (p. ex., pós-operatória) e crônica
menorreia. trabalho de parto, trauma, queimaduras (p. ex., metástase óssea).
em muitas emergências clinicas e cinirgi (p. ex., Os opioides fracos (p. ex., codeina) combinados com o
infarto do miocárdio e oóli renal) paracetamol são úteis para dor moderadamente intensa se
os não opioides não forem suficientes. O tramadol (opioide
- em doença terminal (especialmente câncer metastátioo)
Os analgésicos opioides são usados em algumas afecções fraco que tem ação adicional sobre a captura de 5-hidroxi-
não dolorosas, por exemplo, insuficiência triptamina e norepinefrina; p. 606) é uma alternativa.
Os opioides fortes (p. ex., morlina) são usados para dor
rdla aguda (em razão de seus efeitos hemodinãmioos)
intensa, particulamiente de origem visceral.
e insuficiência rdiaca trôni tenninal (para aliviar a Observe que:
angústia). a via intravenosa proporciona alivio rápido da dor e da
A escolha e a via de administração dos analgésicos angústia
dependem da natureza e da duração da dor. a dose intravenosa e muito mais bahia que a oral, em
Costuma ser usado direcionamento progressivo, inician- razão do metabolismo pré-sistêmico
do-se com anti-inflamatóriosnão esteroidais (AINEs), a morlina é administrada por via oral, como solução ou
suplementados primeiramente por analgésicos opioides como comprimidos de “liberação imediata" a cada 4
fracos e depois por opioides fones. horas
Em geral, a dor aguda intensa é tratada com opioides fortes a dose e titII|ada; quando a necessidade diária e
(p. ex., morflna, fentanlla) administrados por via parente- aparente, a preparação é mudada para uma
ral. Dor inflamatórialeve (p. ex., entorses, ariralgia leve) é fonnulação deliberação modificada, permitindo posolo-
tratada com AINEs (p. ex., Ibuprofeno) ou por paraceta- gia uma ou duas vezes ao dia
mol suplementado por opioides fracos (p. ex., oodelna). a oxloodona é administrada oralmente como
Dor intensa (p. ex.. dor do câncer) é tratada com opioide comprimido de liberação lenta
forte administrado por via oral, intratecal, epidural ou a administração lransdénnica (p. ex., adesivos de
subartãnea. Os sistemas de infusão controlados pelo fentanlla) é uma alternativa rápida para alivio da dor
os efeitos adversos (náuseas, constipação) são
paciente são úteis no pós-operatório.
0 A dor neuropáiica crôn é menos responsiva aos opioides antecipados e tratados preventivamente
a dependência não é uma questão na situação de
e pode ser tratada com antidepressivos triclclicos (p. ex.,
cuidados tenninais
amltrfptlllna) ou anticonvirlsivantes (p. ex., carhamaze- 0 Doses subanestásis de óiddo nltroeo (Cap. 40) são
plna, gabapentlna). analgésicas, e a autoadministração de mistura de óxido
nitroso com oxigênio é amplamente usada durante trabalho
de parto, para trocas de curativo dolorosas etc.

° A retigabina,11m oprador (abre) do canal KCNQ (KJ, lvl-asso-


ciado), inibe as respostas nociceplixras mediadas pelas fibras sugerindo que podem ter efeitos semelhantes quando usados
C e A8 nos neurônios do corno dorsal, tanto em ratos con- sistemicamente para tratar alterações endócrinas.
trole quanto em neuropátic- 0 Os mrtagonistas do glutamina que atuam sobre receptores
0 Os agonistas dos receptores rzicotínicos de acetilcolina,baseados NNIDA ou AlvIPA mostram atividade analgésica em modelos
na epibatidina (um alacoídeda pele do sapo, que é potente animais, mas ainda não é possível obter este efeito no homem
agonista nicotínico] mostrou inesperadamente poten-
- - sem efeitos adversos. Para contornar isso, estão sendo feitas
tes efeitos analgésicos em modelos animais. Atualmente, tentativas para desenvolver antagonistas seletivos para os
encontram-se em invatigaçãoalguns derivados com menos canais compostos por diferentes subunidades (Cap. 37), ou
efeitos adversos- antagonistas no sítio da
* Diferentes neuropeptideos, como a somatostatina (Cap.
32) e
a calcitonina (Cap. 35), produzem analgesia poderosa
quando aplicados por via intratecal, e há relatos clínicos

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