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Escola Secundária/Agrupamento de Escolas de…

Português, 10.º Ano Ficha de Avaliação Sumativa

Nome: _______________________________________________________________________
Turma: _______ N.º: ______ _Data: ____/____/________ Classificação: _______________
Professor/a: _____________________ Encarregado de Educação: ______________________

GRUPO I
A

Leia o excerto do Canto X d’Os Lusíadas. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado.

145 Nô mais (1), Musa, nô mais, que a Lira tenho


Destemperada (2) e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida. (3)
O favor com que mais se acende o engenho (4)
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dũa austera, apagada e vil tristeza.

146 E não sei por que influxo de Destino


Não tem um ledo (5) orgulho e geral gosto,
Que os ânimos levanta de contino
A ter pera trabalhos ledo o rosto.
Por isso vós, ó Rei, que por divino
Conselho (6) estais no régio sólio (7) posto,
Olhai que sois (e vede as outras gentes)
Senhor só (8) de vassalos excelentes.

[...]

154 Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo, (9)


De vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
Que o louvor sai às vezes acabado.
Nem me falta na vida honesto estudo,
Com longa experiência misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 10.º ano • © Santillana


155 Pera servir-vos, braço às armas feito,
Pera cantar-vos, mente às Musas dada; (10)
Só me falece (11) ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada. (12)
Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a pressaga mente vaticina (13)
Olhando a vossa inclinação divina,

156 Ou fazendo que, mais que a de Medusa, (14)


A vista vossa tema o monte Atlante, (15)
Ou rompendo nos campos de Ampelusa (16)
Os muros de Marrocos e Trudante, (17)
A minha já estimada e leda Musa
Fico (18) que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro (19) em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja. (20)

LUÍS DE CAMÕES, Os Lusíadas (ed. Álvaro J. da Costa Pimpão), Lisboa,


Ministério dos Negócios Estrangeiros, Instituto Camões, 2003.

GLOSSÁRIO
(1) Não mais, ou seja, basta, não continuarei a cantar. (2) Desafinada. (3) Indiferente, insensível. (4) O apoio
que inspira o génio do Poeta. (5) Alegre. (6) Providência (de Deus). (7) Trono. (8) Único. (9) Mas que
digo eu, homem humilde, plebeu e ignorante. (10) A minha imaginação está entregue às musas. (11) Só me
falta. (12) Que merece ter a vossa estima. (13) Como adivinha a minha mente, que antecipa o futuro
(«pressaga»). (14) Criatura monstruosa que tinha o poder de converter em pedra todos os que a olhassem. (15)
Monte Atlas, no Norte de África. (16) Cabo a oeste de Tânger (Marrocos). (17) Cidade importante de Marrocos.
(18) Tenho a certeza de. (19) Alexandre Magno. (20) Sem invejar a glória de Aquiles, herói grego que combateu
em Troia.

Responda, de forma clara e completa, às questões sobre o texto.

1. Caracterize o estado de espírito do Poeta a partir da estância 145 e explique o que está na origem deste
sentimento.

2. Identifique um recurso de estilo presente na estância 145 e comente a sua expressividade.

3. Nas estâncias 154 e 155, o Poeta procura justificar os conselhos que dirige ao rei. Refira os argumentos
que para tal apresenta.

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B

Leia o excerto da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, retirado do capítulo 148 («Das tribulações que
Lisboa padecia per míngua de mantimentos») que se refere à situação vivenciada pelo povo de Lisboa dentro
das muralhas da cidade durante o cerco castelhano. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado.

Ó quantas vezes encomendavom nas missas e pregações que rogassem a Deos devotamente
por o estado da cidade! E ficados os geolhos (1), beijando a terra, braadavom a Deos que lhes
acorresse, e suas prezes (2) nom eram compridas! Uũs choravom antre si, mal-dizendo seus dias,
queixando-se por que tanto viviam, como se dissessem com o Profeta: «Ora veese a morte ante do
tempo, e a terra cobrisse nossas faces, pera nom veermos tantos males!» Assi que rogavom a morte
5 que os levasse, dizendo que melhor lhe fora morrer, que lhe serem cada dia renovados desvairados
(3) padecimentos. Outros se querelavom (4) a seus amigos, dizendo que forom desaventuirada
gente, que se ante nom derom a el-Rei de Castela (5) que cada dia padecer novas mizquiindades (6),
firmando-se de todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar. Sabia porem isto o Meestre
e os de seu Conselho, e eram-lhe doorosas d’ouvir taes novas; e veendo estes males a que acorrer
10 nom podiam, çarravom suas orelhas do rumor do poboo.
Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer alguũs homẽes e molheres,
que tanta diferença há d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom (7), como há da vida
aa morte? Os padres e madres viiam estalar de fame os filhos que muito amavom, rompiam as faces
e peitos sobr’eles, nom tendo com que lhe acorrer, senom planto e espargimento de lagrimas; e
15 sobre todo isto, medo grande da cruel vingança que entendiam que el-Rei de Castela deles havia de
tomar; assi que eles padeciam duas grandes guerras, ũa dos emigos que os cercados tinham, e outra
dos mantimentos que lhes minguavom, de guisa que eram postos em cuidado de se defender da
morte per duas guisas (8).
Pera que é dizer mais de taes falecimentos? Foi tamanho o gasto das cousas que mester haviam
20 que soou uũ dia pela cidade que o Meestre mandava deitar fora todolos que nom tevessem pam
que comer, e que somente os que o tevessem ficassem em ela; mas quem poderia ouvir sem
gemidos e sem choro tal ordenança de mandado aaqueles que o nom tinham? Porem sabendo que
nom era assi, foi-lhe já quanto de conforto. Onde sabee que esta fame e falecimento que as gentes
assi padeciam, nom era por seer o cerco perlongado (9), ca nom havia tanto tempo que Lixboa era
25 cercada; mas era per aazo das muitas gentes que se a ela colherom de todo o termo; e isso mesmo
da frota do Porto quando veo, e os mantimentos serem muito poucos.
Ora esguardae (10) como se fossees presente, ũa tal cidade assi desconfortada e sem neũa certa
feúza (11) de seu livramento, como veviriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de taes
aflições? Ó geeraçom que depois veo, poboo bem aventuirado, que nom soube parte de tantos
30 males, nem foi quinhoeiro (12) de taes padecimentos! Os quaes a Deos por Sua mercee prougue (13)
de cedo abreviar doutra guisa, como acerca ouvires.
Crónica de D. João I de Fernão Lopes (ed. de Teresa Amado), Lisboa, Editorial Comunicação, 1992.

GLOSSÁRIO
(1) geolhos: joelhos. (2) prezes: preces, orações. (3) desvairados: diversos. (4) querelavom: queixavam-se.
(5) por não se terem entregado ao rei de Castela em vez de. (6) mizquindades: desgraças. (7) entre ouvir estas
coisas e passá-las. (8) guisas: maneiras. (9) perlongado: de longa duração. (10) esguardae: observai, olhai.
(11) feúza: confiança, segurança. (12) quinhoeiro: participante. (13) prougue: agradou.

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Responda, de forma clara e completa, às questões sobre o texto.

1. Releia o primeiro parágrafo do excerto.


1.1 Explicite duas atitudes dos habitantes perante as dificuldades que se lhes deparam.

2. Relacione as referências ao Mestre com a intenção de fornecer desta personalidade uma imagem de
humanidade.

GRUPO II

Leia o texto seguinte. Depois, para cada item, selecione a opção correta.

360˚ — Ciência Descoberta, uma exposição sobre a História da Ciência


Manuscritos e artefactos revelam a Ciência por detrás dos Descobrimentos

A 2 de março é inaugurada a exposição 360˚ — Ciência Descoberta, uma iniciativa coordenada


pelo investigador Henrique Leitão, do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da
Tecnologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Até junho, na Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa, será possível ver mapas, animais embalsamados, manuscritos e artefactos
5 que contam a história da Ciência na Península Ibérica.
A exposição «mostra a importância da ciência portuguesa e espanhola no período dos
descobrimentos, a sua importância para a formação da ciência moderna no século XVII», explica
Henrique Leitão, curador da exposição. Nesta viagem aos desenvolvimentos científicos e técnicos
associados às grandes viagens oceânicas de portugueses e espanhóis nos séculos XV e XVI, procuram
10 mostrar-se os diversos fatores que modelaram as ideias e as práticas dos ibéricos nesse período.
Foi com as descobertas ibéricas, por exemplo, que a matemática se disseminou por camadas da
sociedade mais baixas. Até então estava restrita a classes sociais privilegiadas. «Para navegar no
oceano é preciso utilizar técnicas astronómicas, isto é uma novidade completa, porque ninguém
navegava com técnicas astronómicas. Navegava-se em mares pequenos e junto das costas e isso não
15 era preciso. Os primeiros a utilizar técnicas de astronomia para navegar foram os portugueses, e isto
é uma revolução porque não só permitiu navegações de longa distância nos oceanos como também
obrigou a introduzir instrumentos nos barcos astronómicos. Assim, obrigou a que gente muito
simples começasse a fazer observações de astros e a fazer cálculos. De repente deu-se um fenómeno
espantoso de disseminação da matemática por níveis baixos da sociedade», explica o curador da
20 exposição 360˚ — Ciência Descoberta.
A exposição é acompanhada por um ciclo de conferências que trazem a Portugal especialistas
nestes assuntos: «Há muita gente no mundo que defende esta importância dos portugueses e
espanhóis.» As conferências decorrem igualmente na Fundação Gulbenkian, uma por mês, até 15 de
Maio. «Natural History as a Meeting Point: Portuguese-Dutch Global Encounters ande the Study of
25 Nature 1500-1650» (dia 13 de fevereiro), «Secretos y Longitudes» (15 de março) e «La Materia
Medicinal: Invenciones Ibéricas en torno a la flora e la fauna exóticas» (17 de abril) são algumas das
conferências a realizar.
Henrique Leitão comenta que «fomos inovadores naquele tempo. Todos os países aprenderam
com os nossos conhecimentos. Livros portugueses e espanhóis foram traduzidos». O especialista em
30 História da Ciência sublinha por isso que «há uma ideia por detrás da cabeça das pessoas que diz mais
ou menos isto: a ciência não é para nós, outros que façam. Nós fazemos outras coisas, cantamos
bem, somos bons no futebol. Esta visão é errada mas explicada com uma componente histórica
porque se diz que nunca se fez nada em ciência.»

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O curador da exposição sublinha que por isso é importante contar a história científica
35 portuguesa por que «se aceitarmos que nunca fizemos nada em ciência durante sete ou oito séculos
é difícil acreditar que agora se esteja a fazer. Enquanto o problema histórico não for solucionado,
enquanto não soubermos olhar para o nosso passado científico com serenidade, é muito difícil
implantar uma cultura científica hoje».
SARA PELICANO, Ciência Hoje, http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=56930&op=all, 07.02.2013,
consultado em 15 de novembro de 2014 (com adaptações).

1. Para responder a cada item, de 1.1 a 1.8, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o
número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.
1.1 O texto apresenta a exposição «360˚ — Ciência Descoberta», que confirma a importância
(A) da carreira da Índia para o desenvolvimento científico no século XVI.
(B) das ciências ibéricas no período das Descobertas.
(C) da influência de Portugal na formação de uma nova geração de cientistas.
(D) das ciências ibéricas durante o século XVII.
1.2 A referência aos 360˚ no título desta exposição remete para
(A) a ideia de circum-navegação.
(B) a noção de mapa-mundo.
(C) o conceito de circunferência.
(D) a descoberta da curvatura do planeta Terra.
1.3 O primeiro parágrafo do artigo fornece-nos informações básicas sobre a exposição, tais como
(A) data, instituições patrocinadoras, duração, local, artigos expostos.
(B) data, instituições patrocinadoras, duração, instituição financiadora, cidade.
(C) data, instituições promotoras, duração, local, artigos expostos.
(D) data, instituições financiadoras, duração, artigos expostos, cidade.
1.4 O investigador Henrique Leitão é
(A) o responsável pela conservação dos artigos expostos.
(B) o curador da exposição.
(C) um especialista em História dos Descobrimentos.
(D) um especialista em História da Astronomia.
1.5 A integração do discurso de Henrique leitão no corpo do artigo tem o objetivo de
(A) evitar ambiguidades no que diz respeito aos artefactos presentes na exposição.
(B) lançar novas hipóteses sobre a importância das Descobertas ibéricas.
(C) confirmar a veracidade das informações transmitidas.
(D) facilitar a identificação do responsável pela exposição.
1.6 O pronome relativo «que» (linha 10) tem como antecedente
(A) «os diversos fatores».
(B) «fatores».
(C) «grandes viagens oceânicas».
(D) «portugueses e espanhóis».

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1.7 Segundo o texto, a expressão «isto é uma revolução» (linhas 16-17) indica que os Portugueses foram
os primeiros a
(A) utilizar técnicas de astronomia na navegação.
(B) navegar a longa distância.
(C) fazer observações de astros.
(D) disseminar o ensino da matemática.
1.8 Tendo em conta o texto, o pronome pessoal «nós» (linha 31) refere-se
(A) aos marinheiros portugueses.
(B) aos cientistas portugueses.
(C) aos portugueses e aos espanhóis.
(D) aos cientistas espanhóis.

2. Responda aos itens apresentados.


2.1 Classifique a que oração «que trazem a Portugal especialistas nestes assuntos» (ll. 21-22).
2.2 Identifique a função sintática do constituinte «bons no futebol» (l. 32).

GRUPO III

Elabore uma exposição com duzentas a trezentas palavras sobre o tema da Expansão marítima
portuguesa, dando conta dos objetivos da empresa e dos territórios descobertos. Planifique a composição
antes de iniciar a escrita e, no fim, reveja o texto.

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RESPOSTAS

GRUPO I
A
1. O Poeta sente desalento porque os seus contemporâneos são indiferentes aos feitos heroicos dos
antepassados (canta para «gente surda e endurecida») e por ver o estado de decadência do povo português, que
perdeu o brilho, o orgulho dos antepassados (em «austera, apagada e vil tristeza»), bem como os valores
coletivos («No gosto da cobiça e na rudeza»).
2. No verso 1 desta estância, encontramos a repetição «Nô mais, [...] nô mais». A repetição representa o cansaço
e o desânimo do Poeta pelo facto de os portugueses seus contemporâneos serem indiferentes aos feitos heroicos
dos antepassados.
3. O Poeta, apesar de ser «humilde, baxo e rudo» e um simples desconhecido («De vós não conhecido nem
sonhado»), tem valor e merece ser ouvido, pois possui saber, longa experiência e talento («Nem me falta na vida
honesto estudo, / Com longa experiência misturado, / Nem engenho») — qualidades que, «juntas [,] se acham
raramente» (estância 154). Tem ainda experiência na guerra e inspiração épica, sendo, portanto, capaz de cantar
novos feitos dos Portugueses: «Pera servir-vos, braço às armas feito, / Pera cantar-vos, mente às Musas dada;»
(estância 155).
B
1. 1.1 As duas atitudes que os habitantes tomam, perante as dificuldades que se lhes deparam, são as seguintes:
uma postura introvertida, em que as pessoas choravam sozinhas e se lamentavam dizendo que preferiam a
morte às desgraças que viviam; uma postura diferente da anterior, dirigida para o exterior, pois havia habitantes
que se queixavam aos amigos, concluindo que sofriam por não se terem rendido ao exército castelhano.
2. Notam-se duas referências ao Mestre de Avis: na primeira, ele comove-se com o sofrimento da população
(mostrando a sua fragilidade e sensibilidade); na segunda referência, relata-se um rumor que circulava pela
cidade, que quereria expulsar de Lisboa quem já não tivesse pão, sendo que este rumor não se confirmou,
mostrando que o Mestre de Avis seria um bom estratega e se preocupava, de facto, com a população.

GRUPO II
1. 1.1 (B); 1.2 (A); 1.3 (C); 1.4 (B); 1.5 (C); 1.6 (A); 1.7 (A); 1.8 (C).
2. 2.1 Oração subordinada relativa adjetiva restritiva.
2.2 Predicativo do sujeito.

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