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Tribunal de

Justiça
RIO GRANDE DO
NORTE

FL.______________

Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte

Apelação Criminal n° 2015.014351-9


Origem: Vara Criminal da Comarca de Areia Branca/RN.
Apelado: Elione Alves Barbosa do Vale.
Advogado: José Galdino da Costa. (OAB/RN 278A)
Apelados: Elione Alves Barbosa do Vale, Arlindo Maciel de Oliveira, Joanilson de
Souza Braga e Ivanildo Alves Barbosa
Relatora: Desembargadora MARIA ZENEIDE BEZERRA

EMENTA: TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO


DUPLAMENTE QUALIFICADO (ART. 121, § 2º, III E
IV, TODOS DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA. RECURSO MINISTERIAL.
ALEGAÇÃO DE DECISÃO MANIFESTAMENTE
CONTRÁRIA ÀS PROVAS DOS AUTOS. (ART. 593, III,
"D", DO CPP). SEM RAZÃO. VEREDICTO
ABSOLUTÓRIO QUE ENCONTRA RESPALDO NO
CONTEXTO PROBATÓRIO. NULIDADE DA DECISÃO
QUE NÃO SE IMPÕE. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

Acordam os Desembargadores que integram a Câmara


Criminal deste Egrégio Tribunal de Justiça, à unanimidade de votos, em consonância
com o parecer do Dr. Luiz Eduardo Marinho Costa, 79º Promotor de Justiça, em
substituição legal à 13ª Procuradoria de Justiça, conhecer, mas negar provimento ao
recurso interposto pelo Ministério Público de primeiro grau, nos termos do voto da
Relatora.

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RELATÓRIO

ELIONE ALVES BARBOSA DO VALE, ARLINDO


MACIEL DE OLIVEIRA, JOANILSON DE SOUZA BRAGA E IVANILDO ALVES
BARBOSA foram denunciados (fls. 317/320, vol. II), a primeira, no art. 121, § 2º,
incisos III e IV, c/c art. 129, § 1º, incisos I e II, c/c art. 163, parágrafo único, incisos I,
II e III, c/c art. 286, todos do CP; o segundo, pelo cometimento dos crimes capitulados
no art. 121, § 2º, incisos III e IV, c/c129, § 1º incisos I e II, c/c art. 163, parágrafo
único, incisos I, II e III, c/c art. 29, todos do CP; os demais, pelos delitos previstos no
art. 121, § 2º, incisos III e IV, c/c art. 129, § 1º, incisos I e II, c/c art. 163, parágrafo
único, incisos I, II e III, ambos do Código Penal, eis acusados de terem, no dia
28/02/1993, apedrejado a Delegacia de Policia da cidade de Areia Branca/RN, "para
logo em seguida invadi-la, arrombando portas, janelas e quebrando tudo que
encontravam pela frente, até chegarem à cela onde estavam presos os acusados do
estupro e assassinato da menor Franciny Karla, retirando-os de lá e passando a
espancá-los com paus e pedras, deixando Eduardo Pereira Gonçalves, no chão, quase
morto, para perseguirem Ubiratan Celestino dos Santos, que correu desesperado
juntamente com Paulo Sérgio da Costa em direção à rua (...). Infelizmente, foram
alcançados pela multidão que passou a espancá-los até a morte de Ubiratan (...). O
menor Paulo Sérgio, que foi colocado em cima de uma caminhonete. Este último
ainda foi levado com vida para o Hospital em Mossoró, bem como Eduardo Pereira
Gonçalves, este tendo falecido em virtude dos ferimentos (...). As pessoas que não
conseguiram entrar na Delegacia começaram a virar as viaturas policiais e atear fogo
nestas (...)".
Concluída a instrução, restaram pronunciados: "A) ELIONE
ALVES BARBOSA DO VALE, pela participação (art. 29, do CP), nos homicídios de
Eduardo Pereira Gonçalves e Ubiratan Celestino dos Santos, qualificados pelo
emprego de meio cruel e de recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa das
vítimas (art. 121, § 2º, III e IV, do CP); B) (...) ARLINDO MACIEL DE OLIVEIRA,
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JOANILSON DE SOUZA BRAGA, IVANILDO ALVES BARBOSA (...), como


co-autores dos homicídios de Eduardo Pereira gonçalves e Ubiratan Celestino dos
Santos, qualificados pelo emprego de meio cruel e de recurso que dificultou ou
impossibilitou a defesa das vítimas (art. 121, § 2º, III e IV, do CP)" (fls. 379/391, vol.
II).
Posteriormente, foram sentenciados (fls. 568/-570, vol. II),
sendo-lhes imposta a absolvição.
Inconformado, o Parquet interpôs recurso de apelação
(fls.571/584, vol. II), aduzindo em suas razões que o julgamento fora manifestamente
contrário à prova dos autos, requerendo, ao final, a anulação do Júri.
Em contrarrazões, os recorridos pugnaram pelo
desprovimento do apelo (fls. 598/604, vol. II).
Instado a se manifestar, o Dr. Luiz Eduardo Marinho Costa,
79º Promotor de Justiça, em substituição legal à 13ª Procuradoria de Justiça, opinou
pelo conhecimento e desprovimento do recurso (fls. 607/612).
É o relatório.

VOTO

Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço da


presente apelação.

Da decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos (artigo 593,
inciso III, alínea d, do CPP)1.

De início, importa frisar que, em respeito ao princípio

1
"Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos."

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constitucional da soberania dos veredictos (art. 5º, XXXVIII, c, da Constituição


Federal)2, a anulação do julgamento proferido pelo Júri Popular é medida excepcional,
somente devendo ocorrer quando for totalmente dissociado do cotejo probatório; ou
seja, quando o resultado da apreciação dos fatos representar manifesta distorção em
relação às provas existentes no processo, conforme ensinamentos de Fernando Capez e
Guilherme de Souza Nucci:

“...Contrária à prova dos autos é a decisão que não


encontra amparo em nenhum elemento de convicção
colhido sob o crivo do contraditório". (Curso de Processo
Penal. 16.ª Edição, Editora Saraiva. São Paulo:2009.
P.706)."
“a cautela, na anulação das decisões do júri, deve ser
redobrada, para não transformar o tribunal togado na real
instância de julgamento dos crimes dolosos contra a vida”
(in Código de Processo Penal comentado, Revista dos
Tribunais, 2008, p. 959).

E, sabe-se que, havendo harmonia com uma das teses


levantadas nos autos, deve sim ser preservada a soberania dos veredictos proferidos
pelo Tribunal do Júri, posto que, a única providência passível de ser adotada pelo
Tribunal ad quem, caso se constate que a decisão dos jurados foi manifestamente
contrária à prova nos autos, é a anulação do primeiro julgamento, com a determinação

2
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
c) a soberania dos veredictos;"

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de que o acusado seja submetido a um outro, conforme previsto no art. 593, § 3º 3, do


Código de Processo Penal, formando-se, para tanto, um novo Conselho de Sentença, e
não, obviamente, a prolação de um decreto absolutório, conforme pretendido pelo
recorrente.
Cabe, pois, ao órgão recursal apenas, a realização de um
juízo de constatação sobre a existência de suporte probatório que embase a decisão
tomada pelo soberano Conselho de Sentença, admitindo-se, no caso, tão somente, a
cassação do veredicto. Caso contrário, ainda que existam duas versões amparadas
pelos elementos probatórios produzidos nos autos, deve ser preservado o juízo feito
pelos jurados que, no exercício da sua função constitucional, são dotados de absoluta
soberania, realidade, refiro, existente neste feito, na forma seguinte:
I) a materialidade delitiva restou consubstanciada através
a) das fotos do local dos crimes (fls. 59/75, vol. I); b) laudo de exame necroscópico
(fls. 56/57V, vol. I), onde consta "que a morte se deu devido a traumatismo
crânioencefálico, devido à ação contundente".
No tocante a autoria, destaco os depoimentos produzidos
no caderno processual:
(Depoimento de ELIONE ALVES BARBOSA DO VALE
– acusada): "(...) a acusação não é verdadeira, pois
quando foram presos em frente a delegacia, já existia por
volta de duas mil pessoas, sendo que a mesma veio para
Arei Branca, para pegar sua mãe que vinha de Natal/RN,
que estava doente, (...) que ao chegar na delegacia já se
encontravam aproximadamente 200 pessoas. (...) quando
soube do que tinha acontecido com sua filha não passou

3
"Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão
dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo
julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação."
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por sua cabeça em vingar a morte de sua filha. Que não


presenciou o linchamento dos suspeitos, somente viu o
movimento em frente a delegacia. Que soube do
envolvimento das vítimas pelo rádio. (...) que após o
linchamento a acusada recebeu ameaças; Que foi para
Natal/RN e fez tratamento psicológico (...). Que não
instigou as pessoas a cometerem tal ato e vingança". (fl.
558, vol. II). Destaquei.

(Depoimento de ARLINDO MACIEL DE OLIVEIRA –


acusado): "Que a acusação não é verdade. Que veio
vender gado e criação em Areia Branca; Que viu as
pessoas caminhando e foi seguindo, mais não sabia par
onde iam; (...) Conhecia a filha de dona Elione de vista
por ser da cidade; Que tomou conhecimento que dona
Elione ficou arrasada com a morte de sua filha, mais não
tinha contato com ela nem deu os pêsames. (...) Que ao
chegar a polícia estava atirando e o mesmo ficou um
pouco afastado do local; Que viu muitas pessoas correndo
mais não correu atrás dessas pessoas; Que não conhecia
as vítimas, pois elas não eram de Grossos/RN; Que não
pegou paus e pedras e que ficou só olhando, que não viu
pessoas tentando conter o linchamento". (fl. 561, vol. II).

(Depoimento de JOANILSON DE SOUZA BRAGA –


acusado): "(...). Que a acusação da morte de Eduardo e

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Ubiratam não é verdadeira. Que veio para Areia


Branca/RN como curioso e que acompanhou as pessoas
que vieram de Grossos para o linchamento. (...). Que as
pessoas que estavam em frente a delegacia, estavam na
qualidade de curiosos; Que viu o corpo de Ubiratam no
chão e que não viu ninguém batendo nas vítimas. (...) Que
não viu quando uma das vítimas foi arrancada das mãos
do policial; Que ficou cerca de dois a três metros do corpo
de Ubiratam e sua cabeça estava esmagada e quando
chegou o mesmo já estava morto. Que as pessoas que
vieram de Grossos, vieram para curiar; (...) Que não
jogou duas pedras em Ubiratam; Que não tinha
conhecimento que dona Elione estava incentivando a
população para o linchamento; Que foi ao local somente
como curioso (...)".(fl. 562, vol. II).

(Depoimento de ANTÔNIO FERNANDES DA SILVA –


Policial Militar - testemunha de acusação): "Que não se
recorda de nada; Que se recorda que estava de plantão na
Delegacia; Que não se recorda como a multidão chegou;
Que estava no interior da Delegacia. Que não se recorda
de que tipo de grito a multidão chegou; O fogo foi no
veículo da Delegacia, que atearam gasolina e fogo no
veículo; Que quando saiu na Delegacia estavam mais de
trinta pessoas em frente a Delegacia; Que estavam presos
Eduardo, Ubiratam e Paulino. (...) Que viu a dona Elione
em frente a Delegacia, que não lembra com quem ela
estava acompanhada. Que dona Elione estava no meio
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das pessoas que estavam com paus e pedras; Que não se


recorda que Elione tinha um cunhado em areia
Branca/RN, que estava incentivando a população a fazer
vingança (...). Que não se recorda que dona Elione estava
com cassetete no meio da multidão. Que não lembra qual
policial teve uma das vítima arrancada de suas mãos (...).
Que não lembra se a população já havia invadido a
Delegacia (...)".(fl. 563, vol. II). Destaquei.

(Depoimento de EBDEMIGO ALEXANDRE DE SOUZA


– testemunha de acusação): "Que estava trabalhando no
do domingo, no dia do linchamento. Que tinha ido pegar o
almoço e quando voltou tinha um pessoal se aproximando
e já tinha pessoa em frente a delegacia. Que quando
chegou tinha perto de cem pessoas e que ainda estava
calmo. Que dona Elione estava no meio das pessoas. Que
tinham pessoas de Grossos e Areia Branca. Que não atirou
para cima e não conversou com os manifestantes. Que
avisaram ao comandante do ocorrido e quando ele chegou,
foi conversar com as pessoas. Que no começo da tarde
houve a invasão da delegacia e que não conheceu
ninguém. Que os suspeitos foram retirados das celas com
a intenção de salva-los. Que na hora do linchamento
estava do outro lado para tentar evitar que as pessoas
invadissem a delegacia. Que na hora, não sabe dizer se as
vítimas já haviam sido linchadas. (...) Que dona Elione
estava no meio da multidão, e que estava dizendo que
queria justiça. Que dona Elione estava com uma ripa na
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mão. Que muitas pessoas estavam dizendo para invadir.


Que dona Elione e outras pessoas estavam pedindo por
justiça. Que não tomou conhecimento que dona Elione
tinha entrado na delegacia. Que não viu o corpo de
Eduardo, que viu o corpo de Ubiratam no chão, que o
mesmo estava com sangue e a cabeça esmagada (...)".(fl.
565, vol. II). Destaquei.

II) os apelados, submetidos ao julgamento pelo Tribunal do


Júri, restaram absolvidos.
Pois bem. De acordo com a Ata de Sessão do Tribunal do
Júri (fls. 552/557, vol. II), a acusação sustentou a tese de homicídio doloso, com a
qualificadora do meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima, enquanto que a
defesa dos réus argumentou pela absolvição dos acusado, ocasião em que foram
formulados os seguintes quesitos e respostas:

"1º QUESITO: No dia 28 de fevereiro de 1993, em frente à


Delegacia de Areia Branca, neste município, as vítimas
Eduardo Pereira Gonçalves e Ubiratan Celestino dos
Santos foram atingidas por pauladas e pedradas, sofrendo
as lesões conforme demonstrado no laudo de exame
cadavérico de fls. 56/57V ? MAIORIA: SIM
2º QUESITO: A acusada Elione alves Barbosa concorreu
para o fato da morte, instigando os demais acusados a
desferirem os golpes de paus e pedras contra as vítimas?
MAIORIA: NÃO;
3º QUESITO: O acusado Almir Apolinário da Silva
concorreu para o fato da morte, desferindo golpes de
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pauladas e pedradas contra a vítima Eduardo Pereira


Gonçalves? MAIORIA: NÃO;
4º QUESITO: O acusado Almir Apolinário da Silva
concorreu para o fato da morte,desferindo golpes de
pauladas e pedradas contra a vítima Ubiratan Celestino
dos Santos? MAIORIA: NÃO;
5º QUESITO: O acusado Arlindo Maciel de Oliveira
concorreu para o fato da morte,desferindo golpes de
pauladas e pedradas contra a vítima Eduardo Pereira
Gonçalves? MAIORIA: NÃO;
6º QUESITO: O acusado Arlindo Maciel de Oliveira
concorreu para o fato da morte,desferindo golpes de
pauladas e pedradas contra a vítima Ubiratan Celestino
dos Santos? MAIORIA: NÃO;
7º QUESITO: O acusado Joanilson de Souza Braga
concorreu para o fato da morte, desferindo golpes de
pauladas e pedradas contra a vítima Eduardo Pereira
Gonçalves? MAIORIA: NÃO; 8º QUESITO: O acusado
Joanilson de Souza Braga concorreu para o fato da morte,
desferindo golpes de pauladas e pedradas contra a vítima
Ubiratan Celestino dos Santos? MAIORIA: NÃO;
9º QUESITO: O acusado Ivanildo Alves Barbosa
concorreu para o fato da morte, desferindo golpes de
pauladas e pedradas contra a vítima Eduardo Pereira
Gonçalves? MAIORIA: NÃO;
10º QUESITO: O acusado Ivanildo Alves Barbosa
concorreu para o fato da morte, desferindo golpes de
pauladas e pedradas contra a vítima Ubiratan Celestino
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dos Santos? MAIORIA: NÃO; (...)". (Destaquei).

Então, a decisão do Conselho de Sentença não se mostra


em manifesta contrariedade à prova produzida, pois dão plausibilidade à versão que
sustentou a absolvição dos apelados ELIONE ALVES BARBOSA DO VALE,
ARLINDO MACIEL DE OLIVEIRA, JOANILSON DE SOUZA BRAGA E
IVANILDO ALVES BARBOSA, devendo prevalecer a soberania do Tribunal do Júri
prevista na alínea "c", do inciso XXXVIII, do art. 5º da Constituição Federal.
Assim, em face deste entendimento constitucional,
evidencio precedentes do Superior Tribunal de Justiça e desta Câmara Criminal:

"EMENTA: HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO


ORIGINÁRIA. SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ESPECIAL
CABÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA
RECURSAL PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO
CONHECIMENTO. (...) 2. Existindo duas versões
amparadas pelo conjunto probatório produzido nos autos,
deve ser preservado o juízo feito pelos jurados que, no
exercício da sua função constitucional, acolhem uma
delas. Precedentes. 3. No caso dos autos, a Corte
Estadual, ao dar parcial provimento à apelação interposta
pelo paciente apenas para reduzir a pena que lhe foi
imposta, acentuou que a decisão proferida pelo Tribunal
do Júri somente poderia ser anulada se estivesse em total
dissonância com o conjunto probatório produzido durante
a instrução criminal, o que não se verificaria na espécie,
pois os jurados julgaram com base nas provas colhidas
sob o crivo do contraditório, aptas a atestar a ocorrência
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da qualificadora do recurso que impossibilitou a defesa


da vítima. 4. Ademais, não se verifica, na espécie, violação
ao princípio da correlação entre a denúncia e a sentença,
uma vez que na inicial se consignou que o acusado utilizou
de recurso que dificultou a defesa da ofendida, consistente
na surpresa, chamado-a para conversar, demonstrando
falsamente intenções amistosas, quando então a atacou
abruptamente, tendo os jurados, soberanos no exame dos
fatos e provas, entendido que a mencionada qualificadora
estaria configurada, o que foi mantido pelo Tribunal a quo,
por encontrar suporte nos elementos de convicção contidos
nos autos. 5. O julgador não está obrigado a refutar
expressamente todas as teses aventadas pela defesa, desde
que pela motivação apresentada seja possível aferir as
razões pelas quais acolheu ou rejeitou as pretensões da
parte, exatamente como se deu na hipótese em análise.
Precedentes. 6. Habeas corpus não conhecido". (STJ, HC
204.231/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 23/04/2013, DJe 08/05/2013)"
(Transcrição parcial. Destaquei)

"EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. JÚRI.


CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO NA FORMA
CONSUMADA (ART. 121, § 2º, INCISOS I e IV, DO CP) E
OCULTAÇÃO DE CADÁVER (ART. 211, CP).
ABSOLVIÇÃO DO ACUSADO. PRETENSÃO DE
NULIDADE DA DECISÃO DO TRIBUNAL POPULAR,
POR SER SUPOSTAMENTE CONTRÁRIA ÀS
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PROVAS DOS AUTOS. NOVO JULGAMENTO (ART.


593, III, "d" DO CPP). IMPOSSIBILIDADE.
PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA SOBERANIA
DOS VEREDICTOS. NEGATIVA DE AUTORIA
SUSTENTADA PELA DEFESA EM AMBOS OS
DELITOS. OPÇÃO DOS JURADOS POR VERSÃO
VEROSSÍMIL. ROBUSTA PROVA TESTEMUNHAL.
PRECEDENTES. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
I. Não se caracteriza manifestamente contrária à prova
dos autos a decisão do Júri que acolhe uma das versões
apresentadas pelas partes, desde que esta não esteja
dissociada das demais provas coligidas. II. Somente é
admitida a anulação do julgamento realizado pelo
Conselho de Sentença quando a decisão é alheia à
qualquer evidência probatória disposta nos autos,
consoante art. 593, inciso III, do CPP. II. Recurso
conhecido e desprovido." (Apelação Criminal n°
2012.014238-1, Relator: Desembargador Glauber Rêgo,
Julgamento: 17/12/2013, Órgao Julgador: Câmara
Criminal)." Destaquei.

Ante o exposto, em consonância com o parecer ministerial,


conheço e nego provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público de primeiro
grau.
É como voto.

Natal, 24 de maio de 2016.

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Desembargadora MARIA ZENEIDE BEZERRA


Presidente/Relatora

Doutor LUIZ EDUARDO MARINHO COSTA


79º Promotor de Justiça em substituição ao 1º Procurador de Justiça

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